Atividades Sobre Lendas

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Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE ENSINO FUNDAMENTAL Prezado professor(a) segue algumas sugestões de Lendas para auxiliá-lo nas atividades da sala de aula. Acompanhe com atenção a leitura do texto que seu professor fará. O dono da luz No princípio, todo mundo vivia nas trevas. Os waraos procuravam o que comer na escuridão, e a única luz que conheciam provinha do fogo que obtinham da madeira. Não existiam então nem o dia nem à noite. Um dia, um homem que possuía duas filhas ficou sabendo que existia um jovem que era dono da luz. Então, chamou a filha mais velha e disse-lhe: - Vá até onde se encontra o jovem dono da luz e traga-o para mim. Ele fez sua trouxa e partiu. Mas encontrou pela frente muitos caminhos e acabou se distraindo a brincar com ele. Em seguida, voltou à casa do pai, porém sem trazer a luz. Então o pai decidiu enviar a filha mais nova. - Vá até onde se encontra o jovem dono da luz e traga-o para mim. A jovem tomou o caminho certo e, depois de muito andar, chegou à casa do dono da luz e disse-lhe: - Vim para conhecê-lo ficar um pouco com você e obter a luz para meu pai. O dono da luz lhe respondeu: - Eu já esperava por você. Agora que chegou, viverá comigo. Então o jovem pegou um baú de junco que tinha a seu lado e, com muito cuidado, abriu-o. A luz iluminou imediatamente seus braços e seus dentes brancos. Iluminou também os cabelos e os olhos negros da jovem. Foi assim que ela descobriu a luz. O jovem, depois de mostrar a luz à moça, voltou a guardá-la. Todos os dias, o dono da luz a tirava do baú para que se fizesse a claridade e ele pudesse se distrair com a jovem. E assim foi passando o tempo. Até que a moça se lembrou de que tinha de voltar para casa e levar ao pai a luz que viera buscar. O dono da luz, que já tinha ficado amigo da moça, deu a ela, de presente, a luz.

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Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu ESTADO DO PARANÁ

SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE ENSINO FUNDAMENTAL

Prezado professor(a) segue algumas sugestões de Lendas para auxiliá-lo nas

atividades da sala de aula.

Acompanhe com atenção a leitura do texto que seu professor fará.

O dono da luz

No princípio, todo mundo vivia nas trevas. Os waraos procuravam o que comer na

escuridão, e a única luz que conheciam provinha do fogo que obtinham da madeira. Não

existiam então nem o dia nem à noite.

Um dia, um homem que possuía duas filhas ficou sabendo que existia um jovem que era

dono da luz. Então, chamou a filha mais velha e disse-lhe:

- Vá até onde se encontra o jovem dono da luz e traga-o para mim.

Ele fez sua trouxa e partiu. Mas encontrou pela frente muitos caminhos e acabou se

distraindo a brincar com ele.

Em seguida, voltou à casa do pai, porém sem trazer a luz.

Então o pai decidiu enviar a filha mais nova.

- Vá até onde se encontra o jovem dono da luz e traga-o para mim.

A jovem tomou o caminho certo e, depois de muito andar, chegou à casa do dono da luz e

disse-lhe:

- Vim para conhecê-lo ficar um pouco com você e obter a luz para meu pai.

O dono da luz lhe respondeu:

- Eu já esperava por você. Agora que chegou, viverá comigo.

Então o jovem pegou um baú de junco que tinha a seu lado e, com muito cuidado, abriu-o.

A luz iluminou imediatamente seus braços e seus dentes brancos. Iluminou também os cabelos

e os olhos negros da jovem.

Foi assim que ela descobriu a luz. O jovem, depois de mostrar a luz à moça, voltou a

guardá-la.

Todos os dias, o dono da luz a tirava do baú para que se fizesse a claridade e ele

pudesse se distrair com a jovem. E assim foi passando o tempo. Até que a moça se lembrou de

que tinha de voltar para casa e levar ao pai a luz que viera buscar.

O dono da luz, que já tinha ficado amigo da moça, deu a ela, de presente, a luz.

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- Tome a luz, leve-a para você. Assim poderá ver tudo.

A jovem regressou à casa do pai e entregou-lhe a luz fechada no baú de junco. O pai

pegou o baú, abriu-lhe e pendurou-o num dos paus que sustentavam a palafita em moravam.

De imediato, os raios de luz iluminaram a água do rio, as folhas dos mangues e os frutos do

cajueiro.

Quando, nos vários povoados do delta do rio Orinoco, espalhou-se a notícia de que

existia uma família que possuía a luz, os waraos começaram a vir conhecê-la. Chegaram a

suas ubás do rio Araguabisi, do rio Mánamo e do rio Amacuro. Eram ubás e mais ubás, cheias

de gente e mais gente.

Até que chegou um momento em que a palafita já não podia aguentar o peso de tanta

gente maravilhada com a luz. E ninguém ia embora, pois ninguém queria continuar vivendo na

escuridão, já que com a vida era muito mais agradável.

Por fim, o pai das moças não pôde mais suportar tanta gente dentro e fora de sua casa.

- Vou pôr um fim nisto – disse. – Todos querem a luz? Pois lá vai ela!

E com um soco quebrou o baú e atirou a luz ao céu. O corpo da luz voou para o leste, e o

baú, para o oeste. Do corpo da luz fez-se o sol, e do baú em que ela estava guardada surgiu a

lua, cada um de um lado.

Mas, como eles ainda estavam sob o impulso da força do braço que as lançara longe, sol

e lua andavam muito rápido. O dia e a noite eram, assim, muito curtos, e a cada instante

amanhecia e anoitecia.

Então o pai disse à filha mais nova:

- Traga-me uma tartaruga.

Quando a tartaruga chegou às suas mãos, esperou que o sol estivesse sobre sua cabeça

e lançou-a a ele, dizendo-lhe:

-Tome esta tartaruga. É sua, é um presente que lhe dou. Espere por ela.

A partir desse momento, o sol ficou esperando a tartaruguinha. E, no dia seguinte, ao

amanhecer, viu-se que o sol caminhava lentamente, como a tartaruga, exatamente com anda

hoje em dia, iluminando até que a noite chegue.

Agora, converse com seus colegas:

Vocês já conheciam essa história ou outra parecida com essa?

Qual é o tema dessa história?

Qual é o tema dessa história?

Como ela explica o surgimento do dia e da noite?

Essa é uma explicação científica ou fantástica?

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Quem são os personagens que a compõem?

Onde se passa toda a trama?

Por que você acha que os venezuelanos contavam essa história uns aos outros?

Você já ouviu falar na palavra LENDA? Sabe o que significa?

Beowulf e o Dragão

Havia um rei dinamarquês que era valente na guerra e sábio nos tempos de paz. Vivia

num castelo esplêndido. Recebia muitos convites e dava festas maravilhosas. Mas tudo isso

era bom demais para durar eternamente.

Um dia, no final de uma festa, todos ouviram um ruído estranho. Erao dragão Grandel,

que saíra do lago e entrara no castelo. Engoliu o primeiro homem que encontrou e gostou tanto

do sangue humano que atacou muitos outros.

Deixou um rastro vermelho como marca de sua passagem.

Desse dia em diante, a vida no castelo mudou completamente. O terrível Grandel

aparecia todas as noites, matava os homens, bebendo seu sangue, e carregava o corpo para o

lago.

Nem mesmo os guerreiros mais fortes conseguiam vencê-lo, e o castelo acabou sendo

abandonado.

Depois de doze anos, esta história chegou aos ouvidos de Beowulf, um cavaleiro jovem e

corajoso, capaz de vencer trinta homens ao mesmo tempo, quando soube da desgraça que

tinha homens ao mesmo tempo.

Quando soube da desgraça que tinha abatido sobre os súditos do rei dinamarquês, ficou

comovido e não pensou duas vezes. Escolheu catorze combatentes e partiu para a Dinamarca.

- Quem é você? – perguntou-lhe o rei.

- Sou Beowulf, viemos libertá-lo do terrível Grandel.

O rei sentiu o coração encher-se de esperança. Deus uma grande festa.

Enquanto todos celebravam, um estranho assobio atravessou o castelo. As portas de

ferro caíram por terra e o terrível Grandel entrou pela sala.

Os olhos brilhavam, a boca cuspia fogo e as garras eram espadas que rasgavam o chão.

Mas antes que ele conseguisse engolir um guerreiro, sentiu uma dor insuportável.

Beowulf havia se lançado na direção do dragão e apertava sua garganta com uma força

igual a de trinta homens. Grandel se retorceu, urrou, mas não conseguiu se soltar. Foi

empurrado por Beowulf até o lago e morreu.

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O rei agradeceu ao herói e a vida voltou para o castelo. Mas no fundo do lago, uma velha

feiticeira, a mãe de Grandel, resolveu vingar a morte de seu filho.

Penetrou na grande sala do castelo e aprisionou o conselheiro do rei.

- Caro Beowulf - disse o rei-, preciso novamente se dua ajuda.

Nesse mesmo dia, Beowulf e o rei montaram a cavalo e foram até o lago.

Boiando sobre as águas, estava a cabeça ensanguentada do conselheiro.

Beowulf mergulhou imediatamente, até que chegou no antro dos monstros.

Viu uma mulher horrorosa sentada em cima de ossadas humanas.

Era a mãe de Grandel. A bruxa se atirou sobre ele. Beowulf foi mais rápido.

Sua espada cortou a garganta da velha. Mas ela continuou a atacá-lo.

Nisso, o cavaleiro avistou uma espada gigantesca. Agarrou-a e arrancou a cabeça da

velha. Foi só então que ele viu, ao lado o corpo monstruoso de Grandel. Beowulf também lhe

cortou a cabeça e carregou-a até a superfície.

Mas depois que Beowulf libertou a Dinamarca desse monstro sinistro, sentiu muitas

saudades de seu próprio país. Seu tio havia acabado de morrer. E como ele era o único

herdeiro, foi coroado rei. Governou durante cinquenta anos com sabedoria e justiça.

Foi quando novamente recebeu notícias de que um dragão incendiava a Dinamarca. Não

perdeu tempo. Convocou sua tropa e viajou para enfrentar o monstro.

O animal o esperava. De sua garganta saíram chamas envenenadas e uma fumaça

verde. Os cavaleiros de Beowulf apavoraram-se e fugiram: Beowulf viu-se só diante do

monstro. Mas havia alguém a seu lado: Wiglaf, o mais jovem dos homens de sua tropa.

Esquecendo-se da espada, Beowulf atacou o dragão com tanta força que nem parecia

que havia envelhecido. O monstro grunhiu e o sangue escorreu do ferimento de sua garganta.

Mesmo assim Beowulf foi atingi-lo com o golpe mortal e percebeu que sua espada havia se

partido ao meio.

Estava condenado. Então ouviu uma voz:

- Estou a seu lado, meu rei.

Era Wiglaf, que imediatamente atacou o dragão, ferindo-o mortalmente.

O dragão estendeu a pata e atingiu o rei com suas garras venenosas. Beowulf sentiu o

veneno penetrar nas profundezas de seu corpo. Antes que a vida o deixasse, disse:

- Eu te nomeio rei, fiel Wiglaf. E como prova disso, aqui está o meu anel.

Estas foram às últimas palavras do célebre matador de dragões, Beowulf.

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Ele morreu tranquilo, porque sabia que seu sucessor era o mais corajoso de todos os

homens, o melhor de todos os guerreiros, e que reinaria com justiça, trazendo felicidade a seu

povo.

Converse com seu professor e demais colegas sobre as seguintes questões:

Essa lenda é mais parecida com as que você já conhecia? Em quê? Explique.

Em que essa lenda se parece com a que foi lida antes?

De que época você acha que é essa lenda?

De onde vem essa lenda? De que povo?

Qual você acha que é a finalidade dessa lenda?

Agora, acompanhe a leitura da “Lenda da vitória-régia”.

Comente com seus colegas e professor: Você já conhece essa lenda? De que ela trata?

A lenda da vitória-régia

A enorme folha boiava nas águas do rio. Era tão grande que, se quisesse, o curumim que

a contemplava poderia fazer dela um barco.

Ele era miudinho, nascera numa noite de grande temporal. A primeira luz que seus

pequeninos olhos contemplaram foi o clarão azul de um forte raio, aquele que derrubara a

grande seringueira, cujo tronco dilacerado até hoje ainda lá estava.

“Se alguém deve cortá-la, então será meu filho, que nasceu hoje”, falou o cacique ao vê-la

tombada depois da procela. “Ele será forte e veloz como o raio e, como este, ele deverá cortá-

la para fazer o ubá com que lutará e vencerá a torrente dos grandes rios...”

Talvez, por isso, aquele curumim tão pequenino já se sentisse tão corajoso e capaz de

enfrentar, sozinho, os perigos da selva amazônica. Ele caminhava horas, ao léu, cortando

cipós, caçando pequenos mamíferos e aves: porém, até hoje, nos seus sete anos, ainda não

enfrentara a torrente do grande rio, que agora contemplava.

Observando bem aquelas grandes folhas, imaginou navegar sobre uma delas, e não

perdeu tempo. Pisou com muito cuidado- os índios são sempre muito cautelosos – e, sentindo

que ela suportava o seu peso, sentou-se devagar, e com as mãozinhas improvisou um remo.

Desceu rio abaixo.

É verdade que a correnteza favorecia, mas, contudo, por duas vezes quase caiu.

Nem por isso se intimidou. Navegou no seu barco vegetal até chegar a uma pequena

enseada onde avistou a mãe e outras índias que, ao sol, acariciavam os curumins quase

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recém-nascidos embalando-os com suas canções, que falam da lua, da mãe-d’água do sol e

de certas forças naturais que muito temem.

Saltando em terra, correu para junto da mãe, muito feliz com a façanha que praticara:

“Mãe, tenho o barco. Já posso pescar no grande rio?”

“Um barco? Mas aquilo é apenas uapê; é uma formosa índia que Tupã transformou em

planta.”

“Como, mãe? Então não é o meu barco? Você sempre me disse que eu um dia haveria de

ter um ubá...”

“Meu filho, o teu barco, tu o farás; este é apenas uma folha. É Naia, que se apaixonou

pela lua...”

“Quem é Naia”? Perguntou curioso o indiozinho.

“Vou contar-te”... Um dia, uma formosa índia, chamada Naia, apaixonou-se pela lua.

Sentia-se atraída por ela e, como quisesse alcançá-la, correu, correu, por vales e montanhas

atrás dela. Porém, quanto mais corriam, mais longe e alta ela ficava. Desistiu de alcançá-la e

voltou para a taba.

“A lua aparecia e fugia sempre, e Naia cada vez mais a desejava”.

“Uma noite, andando pelas matas ao clarão do luar, Naia se aproximou de um lago viu

nele refletida, a imagem da lua”.

“Sentiu-se feliz; julgo poder agora alcançá-la e, atirando-se nas águas calmas do lago,

afundou”.

“Nunca mais ninguém a viu, mas Tupã, com pena dela, transformou-a nesta linda planta,

que floresce em todas as luas”. Entretanto uapê só abre suas pétalas à noite, para poder

abraçar a lua, que se vem refletir na sua aveludada corola.

“Vês”? Não queiras, pois, tomá-la para teu barco. Nela irás, por certo, para o fundo das

águas.

“Meu filho, se se sentes bastante forte, toma o machado e vai cortar aquele tronco que foi

vencido pelo raio”. Ele é teu desde que nasceste.

“Dele farás o teu ubá; então, navegarás sem perigo”.

“Deixa em paz a grande flor das águas...”

Eis aí, como nasceu da imaginação fértil e criadora de nossos índios, a história da vitória-

régia, ou uapê, ou iapunaque-uapê, a maior flor do mundo.

Agora, converse com seu professor e demais colegas sobre as seguintes questões:

Page 7: Atividades Sobre Lendas

E essa lenda, é mais parecida com alguma das que você já conhecia? Em quê? Explique.

Com a ajuda de seus colegas e também do professor, preencha o quadro a seguir.

Para realizar esta atividade, você lerá novamente, com seu professor, as lendas da aula

anterior.

Depois, reúna-se com seu colega e procure descobrir o que as três histórias têm em

comum e quais são as diferenças entre elas. A seguir, converse com ele e organizem, na

tabela abaixo as informações levantadas.

Santo Tomás e o

Boi

que voava

Beowulf e

o dragão

A lenda da

vitória-régia

Época a qual

se refere

Origem

Propósito

Quadro comparativo das três lendas

O O que as lendas têm em comum? O O que as lendas têm de diferente?

Page 8: Atividades Sobre Lendas

Vocês lerão “A lenda do papagaio Crá-Crá”. Trata-se de uma lenda de origem indígena –

tupi – e, à medida que foi sendo contada, acabou incorporada e transformada pelo povo,

circulando, depois, pelo Brasil todo. Esse modo de contar, a linguagem presente nessa versão

da lenda, é mais típico das regiões Sul e Sudeste do país.

A lenda do papagaio Crá-Crá

Conta à lenda que, antigamente, morava em um vilarejo um menino muito guloso. Tudo

que via, queria comer, e a gula era tanta, a pressa de comer era tamanha, que ele tinha

costume de engolir a comida sem mastigá-la.

Uma vez sua mãe encontrou frutos de batoí e assou-os na cinza.

O filho, sem querer esperar, comeu todos os frutos, tirando-os diretamente do fogo e,

como sempre, engoliu-os sem pestanejar.

Os frutos do batoí são frutos cuja polpa viscosa se mantém quentíssima por muito tempo.

Comendo-os tão quentes, sapecaram-lhe a garganta, de forma que doía muito e queimavam-

lhe o estômago.

O menino, tentando vomitar os frutos comidos, começou a fazer força para expulsá-los.

Arranhava a garganta grunhindo crá-crá-crá! Mas os frutos não saíam... e entalaram na

garganta, sufocando-o.

No mesmo momento, cresceram-lhe as asas e as penas e ele tornou-se um papagaio.

Voou pra longe. Até hoje se pode ouvi-lo vagando pelas matas do lugar, voando e gritando

“crá-crá-crá”!

Retome o quadro com as características das lendas analisadas e comente com seu

professor e colegas: essa lenda contém as características comuns às demais lendas até o

momento? Para explicar, procure responder às questões no quadro da página seguinte.

Page 9: Atividades Sobre Lendas

Analisando “A lenda do papagaio Crá-Crá”

Aspectos Informações observadas

O que essa lenda procura explicar?

Esta lenda revela um

aspecto da cultura do povo brasileiro.

Qual é ele?

Quem são os protagonistas?

São pessoas comuns?

Os fatos narrados são tratados como

episódios comuns da vida das

pessoas?Explique.

Há outros aspectos

importantes a ser considerados?

Com seus colegas e com a ajuda de seu professor, releia “A lenda do papagaio Crá-Crá”

observando as expressões que foram utilizadas para contar a história. Anote-as em seu

caderno.

Agora, sente-se com sua dupla de trabalho e procurem, em seu livro, as lendas que foram

lidas. Escolha duas delas para fazer a mesma análise, anotando, cada um em seu caderno, as

expressões interessantes que encontrarem.

Depois, compartilhe o trabalho com os demais colegas da turma.

Agora você irá participar de uma roda de leitura. Você já sabe que, nesses momentos,

deve comentar o que leu, recomendando – ou não – para seus colegas.

Neste momento, estamos estudando lenda, e a sua tarefa foi selecionar uma obra na sala

de leitura ou biblioteca pública e comentá-la, de maneira que essa obra possa, por um lado,

Page 10: Atividades Sobre Lendas

compor nosso inventário de lendas e, por outro, ser indicada para compor a coletânea que a

classe organizará.

Segue abaixo um roteiro de indicação de leitura para que você se oriente para executar

essa atividade.

Roteiro para indicação de leitura

Apresente a obra que você leu, informando:

a. Título:______________________________________________________________

b. Autor:______________________________________________________________

c. Editora:____________________________________________________________

d. Como a obra se organiza (só lendas brasileiras, só apresenta uma lenda etc.).

Nesse momento você pode até dar uma lida rápida no índice, se achar interessante para

os colegas; não se esqueça de mostrar-lhes o livro também;

Comente a lenda que você leu, informado:

a. Título;

b. Origem da lenda (se houver informação sobre isso no livro);

c. Em que região costuma circular;

d. Tema, ensinamento ou fenômeno que explica;

e. Personagens;

f. Se constam ilustrações da lenda;

g. Se há relações que se possa estabelecer com alguma lenda do inventário da classe ou

outra que você mesmo conheça.

Page 11: Atividades Sobre Lendas

Apresente um pequeno resumo da lenda, comentando:

a. Se gostou ou não e por quê;

b. Se recomendaria – ou não – para compor a coletânea da classe, explicando o motivo

de sua afirmação ou negação;

c. Se quiser, pode ler um trecho da lenda também ou, pelo menos, aquele que você

considerou mais interessante ou bonito. Ao final da apresentação, não esqueça de registrar a

lenda lida no inventário da classe, caso ela tenha sido recomendada para compor a coletânea.

Leia, silenciosamente, a lenda sobre um conhecido personagem da mitologia grega

chamado Narciso.

Narciso

Há muito tempo, na floresta, passeava Narciso, o filho do sagrado rio Kiphissos. Era lindo,

porém tinha um modo frio e egoísta de ser. Era muito convencido de sua beleza e sabia que

não havia no mundo ninguém mais bonito que ele.

Vaidoso, a todos dizia que seu coração jamais seria ferido pelas flechas de Eros, filho de

Afrodite, pois não se apaixonava por ninguém.

As coisas foram assim até o dia em que a ninfa Eco o viu e imediatamente se apaixonou

por ele.

Ela era linda, mas não falava; o máximo que conseguia era repetir as últimas sílabas das

palavras que ouvia.

Narciso, fingindo-se de desentendido, perguntou:

- Quem está se escondendo aqui perto de mim?

-...de mim - repetiu a ninfa assustada.

- Vamos, apareça! – ordenou. – Quero ver você!

-... ver você! – repetiu a mesma voz em tom alegre.

Assim, Eco aproximou-se do rapaz. Mas nem a beleza e nem o misterioso brilho nos

olhos da ninfa conseguiram amolecer o coração de Narciso.

- Dê o fora! – gritou, de repente. – Por acaso pensa que eu nasci para ser da sua

espécie? Sua tola!

- Tola! – repetiu Eco, fugindo de vergonha.

A deusa do amor não poderia deixar Narciso impune depois de fazer uma coisa daquelas.

Resolveu, pois, que ele deveria ser castigado pelo mal que havia feito.

Page 12: Atividades Sobre Lendas

Um dia, quando estava passeando pela floresta, Narciso sentiu sede e quis tomar água.

Ao debruçar-se num lago, viu seu próprio rosto refletido na água. Foi naquele momento

que Eros atirou uma flecha direto em seu coração.

Sem saber que o reflexo era de seu próprio rosto, Narciso imediatamente se apaixonou

pela imagem.

Quando se abaixou para beijá-la, seus lábios se encostaram na água e a imagem se

desfez. A cada nova tentativa, Narciso ia ficando cada vez mais desapontado e recusando-se a

sair de perto da lagoa. Passou dias e dias sem comer nem beber, ficando cada vez mais fraco.

Assim, acabou morrendo ali mesmo, com o rosto pálido voltado para as águas serenas do

lago.

Esse foi o castigo do belo Narciso, cujo destino foi amar a si próprio.

Eco ficou chorando ao lado do corpo dele, até que a noite a envolveu. Ao despertar, Eco

viu que Narciso não estava mais ali, mas em seu lugar havia uma bela flor perfumada. Hoje, ela

é conhecida pelo nome de “narciso”, a flor da noite.

Agora, comente essa lenda com seus colegas, observando:

De que trata a lenda?

Quem são os personagens?

Onde se passa a história?

O que a lenda procura explicar?

Que outros comentários poderiam ser feitos a respeito dessa lenda?

Agora acompanhe, com atenção, a leitura que seu professor fará dessa lenda.

A seguir, prepare-se para recontá-la a colegas de outras turmas.

Acompanhe a leitura que seu professor fará de “A lenda da Lagoa das Guaraíras”.

Trata-se de uma história da época da colonização brasileira, do tempo em que os

portugueses aqui chegaram. Com eles vieram os padres jesuítas, que começaram a catequizar

os índios. Você sabe o que é “catequizar”?

Catequização: instrução que os jesuítas – padres portugueses que vieram para o Brasil

assim que foi descoberto – davam aos índios, para ensinar-lhes a religião cristã. Essa instrução

era dada oralmente, por meio de histórias bíblicas.

No processo de catequização, os portugueses pretendiam que os índios abandonassem

traços de sua cultura e assumissem os costumes portugueses. Essa lenda fala um pouco

disso: da ameaça que representava para os portugueses a antropofagia, que era o costume de

Page 13: Atividades Sobre Lendas

os índios comerem carne humana, e de como consideravam importante que esse traço cultural

fosse eliminado.

A lenda da lagoa das Guaraíras

Certo índio da aldeia de Guaraíra, em momento de retorno sentimental à vida selvagem,

esquecido das lições que recebia, matou uma criança. Matou e comeu.

O povo e os parentes da pequena vítima reagiram veementemente. Não preocupavam,

àquela altura, se prejudicariam o trabalho paciente, mas superficial, dos padres da Companhia

Jesuítica. A família queria que fossem tomadas providências para terminar com a tradição

cultural da antropofagia, que recomeçara sem que se esperasse, ameaçando a cultura branca

europeia.

O superior da Missão não pôde se omitir na circunstância, mas não podia usar de

violência, segundo a norma invariavelmente adotada nos métodos da catequese dos discípulos

de Santo Inácio. Tinha, porém, que impor o castigo exigido. E mandou que o índio, farto das

carnes da criança, ficasse dentro d’água até que fosse chamado.

Assim, o índio ficou lá, mas quando procurado não foi encontrado. Foi quando começou a

aparecer nas águas da lagoa um peixe-boi indo e vindo de um lado para o outro. Alta noite, o

que se ouvia subindo das águas salgadas da lagoa, era o gemido pavoroso de tremer,

horripilante, dolorido, inesquecível.

O castigo devia pendurar por muitos anos, segundo sentença do missionário. Os

pescadores iam pescar e voltavam; a rede, enxuta, sem peixe nenhum.

Antes mesmo de eles lançarem a rede, o peixe-boi aparecia varejando a canoa com toda

a velocidades possível.

De lá de baixo subia o gemido cortante, agoniado e rouco, como se alguém estivesse

afogando. Era o índio que devorara a criança. Os gemidos eram mais feios, mais lancinantes,

pungentes, mais magoados nas noites de luar.

E quando a mareta se erguia, via-se ao reflexo da lua o dorso do peixe-boi que subia à

superfície.

O pior era a incerteza. O peixe-boi aparecia em toda a parte. Uma noite estava lá no

canto do Borquei. Outra, no córrego das Capivaras. Na Barra do Tibau, em especial, vinham

aos ouvidos os urros tremendamente feios, medonhos, apavorantes!!! Singular destino dessa

lagoa. Quando menos se espera, o mar a devolve. Depois retoma. Tudo é um precioso

mistério. Em Tibau do Sul, Rio Grande do Norte, na Lagoa das Guaraíras.

Page 14: Atividades Sobre Lendas

Pense e converse com seus colegas: Esta lenda contém as características comuns às

demais lendas lidas até o momento? Por que isso acontece?

Agora, sente-se com sua dupla de trabalho e, juntos, façam a descrição do peixe-boi.

Vocês podem consultar as imagens para realizar a tarefa.

O PEIXE-BOI

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Seu professor lerá para você agora uma lenda intitulada “O Negrinho do Pastoreio”.

Trata-se de uma lenda meio africana, meio cristã, muito contada no final do século XIX

pelo brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É muito popular no Sul do Brasil, em

especial no Rio Grande do Sul.

O Negrinho do Pastoreio

No tempo dos escravos, havia um estancieiro muito ruim, que levava tudo por diante, a

grito e a relho. Naqueles fins de mundo, fazia o que bem entendia, sem dar satisfação a

ninguém.

Entre os escravos da estância havia um negrinho, encarregado do pastoreio de alguns

animais, coisa muito comum nos tempos em que os campos de estância não conheciam cerca

de arame; quando muito, havia apenas alguma cerca de pedra erguida pelos próprios

escravos, que não podiam ficar parados, para não pensar bobagem... No mais, os limites dos

campos eram aqueles colocados por Deus nosso Senhor: rios, cerros, lagoas.

Page 15: Atividades Sobre Lendas

Pois de uma feita, o pobre negrinho, que já vivia as maiores judiarias nas mãos do patrão,

perdeu um animal no pastoreio. Pra quê! Apanhou uma barbaridade atado a um palanque e,

depois, cai-caindo, ainda foi mandado procurar o animal extraviado. Como a noite vinha

chegado, ele agarrou um toquinho de vela e uns avios de fogo, com fumo e tudo, e saiu

campeando. Mas nada! O toquinho acabou o dia veio chegando e ele teve que voltar para a

estância.

Então, foi outra vez atado ao palanque e dessa vez apanhou tanto que morreu, ou

pareceu morrer. Vai daí, o patrão mandou abrir a “panela” de um formigueiro e atirar lá dentro,

de qualquer jeito, o pequeno corpo do negrinho, todo marcado de laço e banhando em sangue.

No outro dia, o patrão foi com a peonada e os escravos ver o formigueiro.

Qual não é a sua surpresa ao ver o Negrinho do Pastoreio: ele estava lá, mais de pé, com

a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e

mais adiante o baio e os outros cavalos.

O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu.

Apenas beijou a mão da santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha.

Desde aí, o Negrinho do Pastoreio ficou sendo o achador das coisas extraviadas. E não

cobra muito: basta acender um toquinho de vela, ou atirar num canto qualquer naco de fumo.

Converse com o seu professor e colegas:

Qual é o tema dessa história?

Como ela explica o surgimento desse ícone religioso?

Essa é uma explicação científica, fantástica ou de fé?

Eles conhecem alguma outra lenda similar?

Quem são os personagens que a compõem?

Onde se passa a trama?

Agora você lerá outra versão dessa mesma história. Fique atento e observe semelhanças

e diferenças entre elas considerando que podem ser de conteúdo ou na linguagem, isto é, as

histórias podem trazer informações divergentes ou dizer o mesmo de outro modo.

Depois, você resgistrará suas descobertas no caderno.

Negrinho do Pastoreio

Era o tempo da escravidão, e um menino negrinho, pretinho que nem carvão, humilde e

raquítico era escravo de um fazendeiro muito rico, mas por demais avarento. Se alguém

Page 16: Atividades Sobre Lendas

necessitasse de um favor, não podia contar com este homem. Não dava um níquel a ninguém

e seu coração era a morada de uma pedra, não nutria qualquer sentimento por ninguém, a não

ser seu filho, um menino tão malvado quanto seu pai, pois, afinal, a fruta nunca cai muito longe

da árvore. Estes dois eram extremamente perversos e maltratavam o menino-escravo desde o

raiar do dia, sem lhe dar trégua. Este jovenzinho não tinha nome, porque ninguém se deu

sequer o trabalho de pensar algum para ele; assim, respondia pelo apelido de “Negrinho”.

Seus afazeres não eram condizentes com seu porte físico, não parava o dia inteiro. O sol

nascia e lá estava ele ocupado com seus afazeres e mesmo ao se pôr, ainda se encontrava o

Negrinho trabalhando. Sua principal ocupação era pastorear. Depois de encerrar seu laborioso

dia, juntava os trapos que lhe serviam de cama e recebia um mísero prato de comida, que não

era suficiente para repor as energias perdidas pelo sacrificado trabalho.

Mesmo sendo tão útil considerado mestre do laço e o melhor peão-cavaleiro de toda a

região, o menino era inúmeras vezes castigado sem piedade.

Certa vez, o estancieiro atou uma carreira com um vizinho que se gabava de possuir um

cavalo mais veloz que seu baio. Foi marcada a data da corrida, e o Negrinho ficou encarregado

de treinar e montar o famoso baio, pois sabia seu patrão não haver ninguém mais capaz que

ele para tal tarefa.

Chegando o grande dia, todos os habitantes da cidade, vestindo suas roupas

domingueiras, se alojaram na cancha da carreira. Palpites discutidos, apostas feitas, inicia-se a

corrida.

Os dois cavalos saem emparelhados. Negrinho começa a suar frio, pois sabe o que lhe

espera se não ganhar. Mas, aos poucos, toma à dianteira e quase não há dúvida de que seria

vencedor. Mas eis que o inesperado acontece: algo assusta o cavalo, que para, empina e

quase derruba Negrinho. Foi tempo suficiente para que seu adversário o ultrapassasse e

ganhasse a corrida.

E agora? O outro cavalo venceu. Negrinho tremia feita “vara verde” ao ver a expressão de

ódio nos olhos de seu patrão. Mas o fazendeiro, sem saída, deve cobrir as apostas e põe a

mão no lugar que lhe é mais caro: o bolso.

Ao retornarem à fazenda, o Negrinho tem pressa para chegar à estrebaria.

- Aonde pensa que vai? – pergunta-lhe o patrão.

- Guarda o cavalo, sinhô! – balbuciou bem baixinho.

- Nada feito! Você deverá passar trinta dias e trinta noites com ele no pasto e cuidará

também de mais trinta cavalos. Será seu castigo pelo meu prejuízo. Mas ainda tem mais.

Passe aqui que vou lhe aplicar o devido corretivo.

Page 17: Atividades Sobre Lendas

O homem apanhou seu chicote e foi em direção ao menino:

- Trinta quadras tinham a cancha da corrida, trinta chibatadas vais levar no lombo e

depois trate de pastorear a minha tropilha.

Lá vai o pequeno escravo, doído até a alma levando o baio e os outros cavalos a caminho

do pastoreio. Passou dia, passou noite, choveu, ventou e o sol torrou-lhe as feridas do corpo e

do coração. Nem tinha mais lágrima para chorar e então resolveu rezar para a Nossa Senhora,

pois como não lhe foi dado nome, dizia-se afilhado da Virgem. E foi a “santa solução”, pois

Negrinho aquietou-se e então, cansado de carregar sua cruz tão pesada, adormeceu.

As estrelas subiram aos céus e a lua já tinha andado metade de seu caminho quando

algumas corujas curiosas resolveram chegar mais perto, pairando no ar para observar o

menino. O farfalhar de suas asas assustou o baio, que se soltou e fugiu, sendo acompanhado

pelos outros cavalos. Negrinho acordou assustado, mas não podia fazer mais nada, pois ainda

era noite e a cerração, como um lençol branco, cobria tudo. E, assim, o negrinho-escravo

sentou-se e chorou...

O filho do fazendeiro, que andava pelas bandas, presenciou tudo e apressou-se em

contar a novidade ao seu pai. O homem mandou dois escravos buscá-lo.

O menino até tentou explicar o acontecimento para seu senhor, mas de nada adiantou.

Foi amarrado no tronco e novamente açoitado pelo patrão, que depois ordenou que ele fosse

buscar os cavalos. Ai dele que não os encontrasse!

Assim, Negrinho teve que retornar ao local do pastoreio e para ficar mais fácil sua

procura, acendeu um toco de vela. A cada pingo dela, deitado sobre o chão, uma luz brilhante

nascia em seu lugar, até que todo lugar ficou tão claro quanto o dia e lhe foi permitido, desta

forma, achar a tropilha. Amarrou o baio e, gemendo de dor, jogou-se ao solo desfalecido.

Danado como ele só e não satisfeito com o que já fizera ao escravo, o filho do fazendeiro

aproveitou a oportunidade de praticar mais uma maldade: dispensar os cavalos. Feito isso,

correu novamente até seu pai e contou-lhe que Negrinho havia encontrado os cavalos e os

deixara fugir de propósito. A história se repete, e dois escravos vão buscá-lo, só que dessa vez

seu patrão está decidido em dar cabo dele. Amarrou-o pelos pulsos e surrou-o como nunca. O

chicote subia e descia, dilacerando a carne e picoteando-a como guisado. Negrinho não

aguentou tanta dor e desmaiou. Achando que o havia matado, seu senhor não sabia que

destino dar ao corpo. Enterrá-lo lhe daria muito trabalho e, avistando um enorme formigueiro,

jogou-o lá. As formigas acabariam com ele em pouco tempo, pensou.

No dia seguinte, o cruel fazendeiro, curioso para ver de que jeito estaria o corpo do

menino, dirigiu-se até o formigueiro. Qual sua surpresa quando o viu em pé, sorrindo e rodeado

Page 18: Atividades Sobre Lendas

pelos cavalos e o baio perdido. O Negrinho montou-o e partiu a galope, acompanhado pelos

trinta cavalos.

O milagre tomou o rumo dos ventos e alcançou o povoado, que se alegrou com a notícia.

Desde aquele dia, muitos foram os relatos de quem viu o Negrinho passeando pelos pampas,

montado em seu baio e sumindo em seguida por entre nuvens douradas. Ele anda sempre à

procura das coisas perdidas, e quem necessitar de seu ajutório, é só acender uma vela entre

as ramas de uma árvore e dizer:

Foi aqui que eu perdi

Mas Negrinho vai me ajudar

Se ele não achar Ninguém mais conseguirá!

Retome as lendas lidas até o momento e analise o modo com as narrativas começaram,

assim como o tema central que cada uma aborda. Para organizar melhor as informações,

preencha o quadro a seguir.

Título da lenda Como inicia Tema central

O dono da luz

Santo Tomás e o boi

que voava

Beowulf e o dragão

A lenda da

vitória-régia

A lenda do papagaio

Crá-Crá

A lenda de Narciso

A lenda da Lagoa das

Guaraíras

O Negrinho do pastoreio

Apresente as observações do grupo para os demais colegas e o professor, discutindo-as.

A seguir, elaborem, coletivamente, um registro que sintetize as observações gerais sobre as

lendas e as dicas para serem utilizadas na posterior reescrita das lendas.

Page 19: Atividades Sobre Lendas

Acompanhe, com atenção, a leitura que seu professor fará de lenda “Maria Pamonha”.

Depois, faça o que se pede.

Maria Pamonha

Certo dia apareceu na porta da casa-grande da fazenda uma menina suja e faminta.

Nesse dia, deram-lhe de comer e de beber. E no dia seguinte também. E no outro, e no outro, e

assim sucessivamente.

Sem que as pessoas da casa se dessem conta, a menina dói ficando, ficando, sempre

calada e de canto em canto.

Uma tarde, os garotos da fazenda perguntaram-lhe como se chamava e ela respondeu

com um fiozinho de voz:

- Maria.

E os garotos, às gargalhadas, fecharam-na numa roda e começaram a debochar dela:

- Maria, Maria Pamonha, Maria, Maria Pamonha...

Uma noite de lua cheia, o filho da patroa estava se arrumando para ir a um baile, quando

Maria Pamonha apareceu no seu quarto:

- Me leva no baile? – pediu-lhe.

O jovem ficou duro de espanto.

- Quem você pensa que é para ir dançar comigo? – gritou. – “Ponha-se no seu lugar” Ou

quer levar uma cintada?

Quando o rapaz saiu do baile, Maria Pamonha foi até o poço que havia no mato, banhou-

se e perfumou-se com capim-cheiroso e alfazema, Voltou para casa, pôs um lindo vestido da

filha da patroa e prendeu os cabelos.

Quando a jovem apareceu no baile, todos ficaram deslumbrados com a beleza da

desconhecida. Os homens brigavam para dançar com ela, e o filho da patroa não tirava os

olhos de cima da moça.

- De onde é você? – perguntou-lhe, por fim.

- Ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da Cidade de Cintada – respondeu a garota.

Mas o rapaz a olhava tão embasbacado que não percebeu nada.

Quando voltou para casa, o jovem não parava de falar para a mãe da beleza daquela

garota desconhecida que ele vira no baile. Nos dias que se seguiram, procurou-a por toda a

fazenda e pelos vizinhos, mas não conseguiu encontrá-la. E ficou muito triste.

Uma noite sem lua, dez dias depois, o jovem foi convidado para outro baile. Como da

primeira vez, Maria Pamonha apareceu no seu quarto e disse-lhe com sua vozinha:

- Me leva no baile?

Page 20: Atividades Sobre Lendas

E o jovem voltou a gritar-lhe:

- Quem você pensa que é para ir dançar comigo? Ponha-se no seu lugar! Ou quer levar

um espetada?

Logo que o jovem saiu, Maria Pamonha correu para o poço, banhou-se, perfumou-se, pôs

outro vestido da filha da patroa e prendeu os cabelos.

De novo, no baile, todos se deslumbraram com a beleza da jovem desconhecida. O filho

da patroa aproximou-se dela, suspirando, e perguntou-lhe:

- Diga-me uma coisa, de onde você é?

- Ah, ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da Cidade de Espetada – respondeu a

jovem. Mas ele nem se deu conta do que ela estava querendo lhe dizer, de tão apaixonado que

estava. Ao voltar para casa, não se cansava de elogiar a desconhecida do baile.

Nos dias que se seguiram, procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, mas

não conseguiu encontrá-la. E ficou mais triste ainda.

Uma noite de lua crescente, dez dias depois, o rapaz foi convidado para outro baile. Pela

terceira vez, Maria Pamonha apareceu em seu quarto e disse-lhe com aquele fiozinho de voz:

- Me leva no baile?

E pela terceira vez gritou:

- Quem você pensa que é para ir dançar comigo? Ponha-se no seu lugar! Ou quer levar

uma sapatada?

Outra vez, Maria Pamonha vestiu-se maravilhosamente e apareceu no baile. E outra vez

todos ficaram deslumbrados com sua beleza.

O jovem dançou com ela, murmurando-lhe palavras de amor, e deu-lhe de presente um

anel. Pela terceira vez, ele lhe perguntou:

- Diga-me uma coisa, de onde você é?

- Ah, ah, ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da Cidade de Sapatada.

Mas como o rapaz estava quase louco de paixão, nem se deu conta do que queriam dizer

aquelas palavras.

Ao voltar para casa, ele acordou todo mundo para contar como era bela a jovem

desconhecida. No dia seguinte, procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, sem

conseguir encontrá-la.

Tão triste ele ficou que caiu doente. Não havia remédio que o curasse, nem reza que o

fizesse recobrar as forças. Triste, triste, já estava a ponto de morrer.

Então Maria Pamonha pediu à patroa que a deixasse fazer um mingau para o doente. A

patroa ficou furiosa.

Page 21: Atividades Sobre Lendas

- Então você acha que meu filho vai querer que você faça o mingau, menina?

Ele só gosta do mingau feito por sua mãe.

Mas Maria Pamonha preparou o mingau e, sem que ninguém visse, colocou o anel dentro

dele.

Enquanto tomava o mingau, o jovem suspirava:

- Que delícia de mingau, mãe!

De repente, ao encontrar o anel, perguntou surpreso:

- Mãe quem foi que fez este mingau?

- Foi Maria Pamonha. Mas por que você está me perguntando isso?

E antes mesmo que o jovem pudesse responder, Maria Pamonha apareceu no quarto,

com um lindo vestido, limpa, perfumada e com os cabelos presos.

E o rapaz sarou na hora. E casou-se com ela. E foram muito felizes.

Em seu caderno, copie os trechos sublinhados transformando o discurso direto em

indireto e vice-versa. Lembre-se de usar dois-pontos, parágrafo e travessão quando

necessário!

Ao terminar, compartilhe com seu professor e colegas o modo como foi construído os

diálogos entre os personagens.

Junto a sua dupla de trabalho, releia silenciosamente “A lenda do papagaio Crá-Crá”.

A lenda do papagaio Crá-Crá

Conta à lenda que, antigamente, morava em um vilarejo um menino muito guloso. Tudo

que via, queria comer, e a gula era tanta, a pressa de comer era tamanha, que ele tinha

costume de engolir a comida sem mastigá-la.

Uma vez sua mãe encontrou frutos de batoí e assou-os na cinza.

O filho, sem querer esperar, comeu todos os frutos, tirando-os diretamente do fogo e,

como sempre, engoliu-os sem pestanejar.

Os frutos do batoí são frutos cuja polpa viscosa se mantém quentíssima por muito tempo.

Comendo-os tão quentes, sapecaram-lhe a garganta, de forma que doía muito e queimavam-

lhe o estômago.

O menino, tentando vomitar os frutos comidos, começou a fazer força para expulsá-los.

Arranhava a garganta grunhindo crá-crá-crá! Mas os frutos não saíam... e entalaram na

garganta, sufocando-o.

Page 22: Atividades Sobre Lendas

No mesmo momento, cresceram-lhe as asas e as penas e ele tornou-se um papagaio.

Voou pra longe. Até hoje se pode ouvi-lo vagando pelas matas do lugar, voando e gritando

“crá-crá-crá”!

Observem que o início dessa lenda está em negrito. Esse trecho deverá ser reescrito por

vocês de dois modos diferentes. Para isso, utilizem a folha pautada entregue por seu professor.

Fiquem atentos às possibilidades de escrita que já foram abordadas em aula, lembrando-

se de que as lendas começam remetendo-se ao passado, mas sem definir um tempo

específico. Vocês poderão optar pelo discurso direto ou indireto quando acharem mais

apropriados, e podem enriquecer a lenda com descrições de personagens e ambientes.

Quando terminarem, façam uma boa revisão do texto, observando se faltam informações

ou se há erra de gramática ou ortografia.

Finalmente, escolham a versão que lhes pareceu mais interessante para ler para os

colegas.

Nesta atividade você realizará quatro tarefas: selecionará lendas que comporão a

coletânea do projeto; escolherá a lenda que você irá reescrever; planejará a reescrita da lenda;

reescreverá a lenda. Fique atento para as orientações de seu professor.

Alguns lembretes para você, quando for planejar e reescrever a lenda escolhida:

Considere que você reescreverá um das lendas de que a classe mais gostou para alunos da

1ª à 4ª série, compondo um livro-coletânea para construir o acervo da sala de leitura.

Considere que seu texto deve estar adequado a essas características o máximo possível,

pois isso garantirá que o leitor o compreenda.

Considere os aspectos abaixo, estudados ao longo das atividades, como orientadores do

planejamento e reescrita:

- Iniciar a lenda diretamente, sem definir precisamente tempo e lugar e sem muitas

descrições.

- Utilizar expressões como: “Conta à lenda que...”; “Contam... que...”; “Havia um...”; “Um

certo...em...” ou outra com sentido similar.

- Não apresentar explicitamente os ensinamentos ou explicações que o texto pretende

passar; ao contrário, estes devem vir diluídos ao longo do texto.

- As lendas que contêm explicações de fenômenos naturais apresentam menos fala de

personagem, organizando-se pelo discurso narrativo, sem referência às falas propriamente

ditas. Considere isso na reescrita. As demais lendas utilizam discurso direto, marcado de

diferentes maneiras: por dois-pontos, parágrafos e travessão; ou por dois-pontos, parágrafo,

aspas.

Page 23: Atividades Sobre Lendas

- É possível utilizar expressões de variedades regionais e escrever mais à vontade se a

situação de produção possibilitar, isto é, se considerar que os leitores pensados

compreenderão o texto.

- Elaborar uma relação dos aspectos que precisarão constar na lenda, na ordem em que

devem ser apresentados.

- Lembre-se que, enquanto redige a história propriamente dita, deve ser apresentados.

- Lembre-se que, enquanto redige a história propriamente dita, deve considerar o leitor e

as características das lendas, bem como ir lendo enquanto escreve para conferir a intenção

comunicativa e também se não está esquecendo informações importantes. Fique atento

também para corrigir possíveis erros ortográficos e gramaticais.

- Antes de entregar seu texto para o professor, lembre-se de dar uma conferida para ver

se não está faltando nada do que foi planejado.