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ATUAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DIANTE A INCLUSÃO: AVALIAÇÃO NAS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE MEDIANEIRA/PR. ACTIVITY OF PHYSICAL EDUCATION TEACHERS THROUGH INCLUSION: EVALUATION AT SCHOOLS OF THE PUBLIC NETWORK OF THE MUNICIPALITY OF MEDIANEIRA / PR. FERNANDA DE MOURA 1 ANDRESSA MENON 2 PAULA CRISTINA TREVISAN 3 ROBERTO SPARENBER 4 RESUMO O presente trabalho teve como objetivo principal saber como está o processo de inclusão nas Escolas Municipais de Medianeira-PR e verificar o preparo dos professores de Educação Física ao receber alunos Inclusos. Este estudo foi de natureza descritiva do tipo pesquisa de campo. Foi feita uma entrevista com 12 professores de educação física, sendo utilizado um questionário para a obtenção de resultados. A educação física vem refletindo sobre esse tema, com o intuito de diminuir os problemas relacionados a ela e assegurar que seja feita de fato a inclusão. No momento em que a orientação inclusiva vem tratar de um ensino adequado às diferenças e às necessidades individuais, a implantação da educação inclusiva tem se deparado a limites e dificuldades, em decorrência da falta de formação dos professores para atender às necessidades educacionais dos alunos, além da precariedade da infraestrutura e de condições materiais para o trabalho pedagógico junto a crianças com deficiência. Os resultados obtidos mostram que mesmo os professores dizendo que se sentem preparados na teoria para receber alunos inclusos, na prática eles ainda não estão totalmente prontos e as dificuldades encontradas estão relacionadas desde ao espaço físico, os materiais a serem utilizados, a elaboração das aulas até a falta de auto estima dos alunos, a vergonha e a resistência. A ausência de formação dos educadores para trabalhar com a inclusão se torna um sério problema na implantação de políticas. Diante disso, torna- se importante que os professores sejam instrumentalizados a fim de atender às peculiaridades apresentadas pelos alunos. 1 Graduada em Educação Física no curso de licenciatura pela FAESI/UNIGUAÇU Email [email protected] 2 Graduada em Educação Física no curso de licenciatura pela FAESI/UNIGUAÇU Email [email protected] 3 Graduada em Educação Física no curso de licenciatura pela FAESI/UNIGUAÇU Email [email protected] 4 Professor da Faculdade de Ensino Superior do Iguaçu FAESI/UNIGUAÇU Email [email protected]

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ATUAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA

DIANTE A INCLUSÃO: AVALIAÇÃO NAS ESCOLAS DA

REDE PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE MEDIANEIRA/PR.

ACTIVITY OF PHYSICAL EDUCATION TEACHERS THROUGH

INCLUSION: EVALUATION AT SCHOOLS OF THE PUBLIC NETWORK

OF THE MUNICIPALITY OF MEDIANEIRA / PR.

FERNANDA DE MOURA1

ANDRESSA MENON 2

PAULA CRISTINA TREVISAN3

ROBERTO SPARENBER4

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo principal saber como está o processo de inclusão nas Escolas Municipais de Medianeira-PR e verificar o preparo dos professores de Educação Física ao receber alunos Inclusos. Este estudo foi de natureza descritiva do tipo pesquisa de campo. Foi feita uma entrevista com 12 professores de educação física, sendo utilizado um questionário para a obtenção de resultados. A educação física vem refletindo sobre esse tema, com o intuito de diminuir os problemas relacionados a ela e assegurar que seja feita de fato a inclusão. No momento em que a orientação inclusiva vem tratar de um ensino adequado às diferenças e às necessidades individuais, a implantação da educação inclusiva tem se deparado a limites e dificuldades, em decorrência da falta de formação dos professores para atender às necessidades educacionais dos alunos, além da precariedade da infraestrutura e de condições materiais para o trabalho pedagógico junto a crianças com deficiência. Os resultados obtidos mostram que mesmo os professores dizendo que se sentem preparados na teoria para receber alunos inclusos, na prática eles ainda não estão totalmente prontos e as dificuldades encontradas estão relacionadas desde ao espaço físico, os materiais a serem utilizados, a elaboração das aulas até a falta de auto estima dos alunos, a vergonha e a resistência. A ausência de formação dos educadores para trabalhar com a inclusão se torna um sério problema na implantação de políticas. Diante disso, torna-se importante que os professores sejam instrumentalizados a fim de atender às peculiaridades apresentadas pelos alunos.

1 Graduada em Educação Física no curso de licenciatura pela

FAESI/UNIGUAÇU Email – [email protected]

2 Graduada em Educação Física no curso de licenciatura pela

FAESI/UNIGUAÇU Email – [email protected]

3 Graduada em Educação Física no curso de licenciatura pela

FAESI/UNIGUAÇU Email – [email protected]

4 Professor da Faculdade de Ensino Superior do Iguaçu FAESI/UNIGUAÇU

Email – [email protected]

Palavras – chave: Inclusão Escolar. Formação de professores. Educação Física. Abstract The present study had as main objective to know how is the process of inclusion in the Municipal Schools of Medianeira-PR and verify the preparation of Physical Education teachers when receiving students included. This study was descriptive in nature of the field research type. An interview was made with 12 physical education teachers, and a questionnaire was used to obtain results. Physical education has been reflecting on this theme, in order to reduce the problems related to it and to ensure that inclusion is actually done. At a time when inclusive orientation is about teaching appropriate to differences and individual needs, the implementation of inclusive education has been limited and difficult due to the lack of training of teachers to meet the educational needs of the students. the precariousness of the infrastructure and the material conditions for the pedagogical work with children with disabilities. The results show that even teachers saying that they feel prepared in theory to receive included students, in practice they are not yet fully ready and the difficulties are related from the physical space, the materials to be used, the preparation of the classes until the students' lack of self-esteem, shame and resistance. The lack of training of educators to work with inclusion becomes a serious problem in the implementation of policies. Faced with this, it is important that teachers are instrumented in order to meet the peculiarities presented by the students.

Key - words: School Inclusion. Teacher training. Physical Education.

Introdução

O princípio de educação para todos, pode ser visto nos sistemas educacionais

em que se especializam em todos os alunos, não apenas em uma pequena parte.

Na inclusão faz-se necessário que as escolas tenham uma nova visão, isso é um

meio para que o ensino evolua e os professores aperfeiçoem as suas práticas. É

uma inovação que implica num esforço de atualização e reestruturação das

condições atuais da maioria de nossas escolas de nível básico.

Com a Declaração de Salamanca, a educação inclusiva pôde se aproximar de

crianças e jovens que possuem algum tipo de necessidade especial, quando

defendeu que essas pessoas com necessidades especiais devem ter o acesso nas

escolas de ensino regulares e estas devem adequar a sua pedagogia pensando na

criança e encontrando quais são as necessidades.

Fazer parte de um processo inclusivo é estar disposto a respeitar todas as

diferenças e as necessidades individuais, criando possibilidades de aprender entre si

mesmo, compreender o outro em situações de diferentes ideias, crenças,

sentimentos e ações. A educação inclusiva é uma prática inovadora que desafia as

escolas e a sociedade em geral. São barreiras a serem enfrentadas por todos, desde

o governo, sociedade, profissionais da educação e até os próprios alunos.

A inclusão é importantíssima para a socialização e desenvolvimento dos

alunos e vem tentando possibilitar realmente a inclusão para todos, e a Educação

Física, como disciplina curricular, não seria diferente e vem adotando essa prática,

abrange a todos que de certa forma são excluídos no meio em que vivem, desde os

portadores de necessidades especiais aos considerados menos habilidosos.

A educação física vem refletindo sobre esse tema, com o objetivo de diminuir

os problemas relacionados a ela e assegurar que seja feita de fato a inclusão. Neste

estudo não será abordado especificamente uma deficiência, mas de forma geral,

todas as que são a realidade das escolas. É necessário que haja uma nova reflexão

visando construir um novo conceito, uma nova perspectiva sobre a prática da

atividade física na educação especial, na qual ainda hoje se trabalha muito

tradicionalmente.

A preparação de professores ganha destaque quando o tema é inclusão. As

dificuldades encontradas por eles não deve ser uma justificativa ao fracasso, mas

uma motivação para a construção de experiências bem-sucedidas e ao

aperfeiçoamento de seus estudos. É preciso atualizar as formas de trabalhar,

adequando de acordo com cada indivíduo e suas limitações, compreendendo e

avaliando as dificuldades que cada um engloba.

Na Lei de Diretrizes de Bases (LDB) de 1996, no Artigo III, refere-se à

formação dos docentes: “ Professores com especialização adequada em nível médio

ou superior, para atendimento especializado, bem como professores de ensino

regular, capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns”.

Um professor bem preparado vai saber como elaborar e conduzir suas aulas,

quais as atividades que seu aluno irá realizar com sucesso, auxiliando-o no seu

desenvolvimento psíquico, motor, intelectual e social. Já o professor não preparado

ao invés de ajudar o aluno, poderá causar uma lesão, prejudicar e retardar o

desenvolvimento motor e intelectual da criança.

Diante desse contexto o objetivo do presente estudo, foi compreender o

processo de Inclusão na Educação Física Escolar com professores das escolas na

rede Municipal de Medianeira, no Ensino fundamental I.

Materiais e Métodos

A pesquisa é de natureza descritiva, do tipo pesquisa de campo, de caráter

exploratório. Foi realizada com 12 professores de Educação Física, que estão

vinculados a algum tipo de inclusão da rede municipal de Medianeira/PR,

considerando um estudo com alunos de faixa etária dos alunos vai de 4 até 11 anos.

Foram coletados dados por meio de questionários realizados com 12

professores de Educação Física da rede municipal de Medianeira – PR nos dias 19,

20 e 21 de outubro de 2016. Além de pesquisas descritivas em livros, sites, artigos,

reportagens a respeito da inclusão de alunos em suas aulas.

Para análise dos dados quantitativos, utilizou-se da ferramenta Microsoft Excel,

para desenvolvimento dos gráficos.

Resultados e Discussão

Os dados referentes ao perfil dos profissionais entrevistados estão

apresentados no Quadro 1. Pode-se perceber que dos 12 professores

entrevistados, 9 são mulheres, o que equivale a 75% e apenas 3 são homens, o

equivalente a 25%.

Quadro 1 - Perfil dos professores entrevistados

SEXO IDADE FORMAÇÃO TEMPO NA ESCOLA TURMAS

F 30 Educação Física 1 ano Ensino Fundamental I

F - Educação Física 2 anos Ensino Fundamental I

F 35 Educação Física 4 anos Ensino Fundamental I

F 31 Educação Física 2 anos Ensino Fundamental I

F 28 Educação Física 4 anos Ensino Fundamental I

M 41 Educação Física 9 meses Ensino Fundamental I

F - Ed. Física e Magistério 2 anos Ensino Fundamental I

F 38 Ed. Física e Magistério 12 anos Ensino Fundamental I

M 43 Geografia 9 anos Ensino Fundamental I

M 42 Geografia e História 12 anos Ensino Fundamental I

F 35 Pedagogia e Magistério 8 anos Ensino Fundamental I

F 48 Outras 2 anos Ensino Fundamental I

Fonte: Dados da Pesquisa

Como é possível verificar na Figura 1, é grande o número de brasileiros que

possuem algum tipo de deficiência. E nas escolas não seria diferente, é crescente a

presença de inclusos que estão sendo inseridos no ensino regular, independente da

sua deficiência.

Figura 1 – Relação de alunos em situação de inclusão escolar.

Na escola onde você trabalha possui alunos inclusos? Se a resposta for afirmativa, citá-las (Síndromes,deficiências ou

dificuldades de aprendizagem)

Não 8%

Sim 92%

Dificuldades de aprendizagem 16% Síndrome de Down 13%

Transtornos 10%

Deficiência Intelectual 10%

Paralisia Cerebral 10%

Dificuldades motoras 6%

T.G.D 6%

Dislexia 6%

Deficiencia Física 6%

Autista 6%

Síndrome de Moebius 3%

Transtornos funcionais específicos 3%

Deficiência Visual 3%

0 1 2 3 4 5 6

Fonte: Dados da pesquisa.

Das inclusões presentes nas escolas, a que mais aparece é a dificuldade

de aprendizagem, com 16%, seguida de síndrome de Down com 13%, transtornos

(hiperatividade, déficit de atenção), deficiência intelectual, paralisia cerebral 10%,

dificuldades motoras, TGD (Transtorno Global do Desenvolvimento), dislexia,

deficiência física e autista 6% e as que estão menos presentes nas escolas são:

Síndrome de Moebius, TFE (Transtornos Funcionais Específicos) e deficiência

visual, com 3%.

Segundo Portal Brasil (2012, p.1):

No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 45.606.048 brasileiros, 23,9% da população total, têm algum tipo de deficiência – visual, auditiva, motora e mental ou intelectual. A prevalência da deficiência variou de acordo com a natureza delas. A deficiência visual apresentou a maior ocorrência, afetando 18,6% da população brasileira. Em segundo lugar está a deficiência motora, ocorrendo em 7% da população, seguida da deficiência auditiva, em 5,10% e da deficiência mental ou intelectual, em 1,40%.

Na Figura 2, pode-se observar quanto as disciplinas de inclusão dos

professores durante a formação acadêmica. Percebe-se que a maioria teve durante

sua formação alguma disciplina que inserisse a inclusão escolar, com 92% dos

professores entrevistados e 8% disseram não ter tido nenhuma disciplina. São quase

unânimes os professores que tiveram alguma matéria que trabalhasse a inclusão

escolar.

Figura 2 - Disciplina de inclusão escolar durante a formação

Dentro da sua formação acadêmica, você teve alguma disciplina onde foi trabalhada a questão da inclusão escolar?

12

100% 92%

10

90%

80%

8 70%

60%

6

50%

40%

4

30%

2 20% 8%

10%

0

0%

Tiveram alguma disciplina Não tiveram nenhuma disciplina

Fonte: Dados da Pesquisa.

Segundo a Revista Online JusBrasil: Portaria MEC 1793/94: Recomenda a

inclusão da disciplina Aspectos Ético - Político - Educacionais na normalização e

integração da pessoa portadora de necessidades especiais, prioritariamente, nos

cursos de Pedagogia, Psicologia e em todas as Licenciaturas.

Na Figura 3, pode-se verificar que 33% dos entrevistados não possuem

nenhuma especialização sobre educação especial ou inclusão escolar, 17%

possuem especialização em Educação Especial e Inclusiva, 8% em Educação

Especial: Atendimento as necessidades especiais, 8% possuem pós-graduação em

Educação Física com alunos inclusos e 8% possuem Adicional em Deficiência

Mental.

Figura 3 - Especialização na área de Educação Especial ou Inclusão Escolar.

Fonte: Dados da Pesquisa

A grande maioria afirma que, durante seu trabalho com alunos inclusos,

não buscaram ou tiveram nenhuma especialização que os qualificassem e

habilitassem para a promoção da Inclusão Escolar.

Segundo Jesus (2008, p. 75), essa especialização profissional docente, se

constitui numa forma de fortalecimento da qualidade do atendimento aos alunos no

seu conjunto e da crença desse profissional de que pode construir novas alternativas

e desenvolver um trabalho diversificado.

Com a Figura 4, pode-se entender a preparação dos professores de

educação física ao receber alunos inclusos. É possível verificar que 58% deles não

se consideram preparados para trabalhar com alunos inclusos e 42% relataram que

estão preparados.

Figura 4 - Se consideram preparados ou não para trabalhar com alunos inclusos.

Você se considera preparado (a) para trabalhar com alunos

de inclusão?

60%

50%

40%

30%

20% 58% 42% 10%

0% Não está preparado

Se sente preparado

Fonte: Dados da Pesquisa.

As justificativas foram as seguintes:

Quadro 2 - Quanto as justificativas dadas pelos entrevistados

Acredito que sempre é necessária mais

Professor 1: informação, cursos, aprender atividades e formas de melhorar minhas aulas para

incluí-los.

Por ler artigos sobre o assunto, mas, na

Professor 2: prática sempre acontece imprevistos e aprendemos mais com as situações nas

aulas.

Nunca estamos 100% preparados, porém, estamos sempre tentando colocar em prática a teoria que

Professor 3: aprendemos e buscando diariamente novas formas de trabalhar com esses alunos com o retorno que cada um nos dá.

Professor 4: Pela prática, experiência, disponibilidade de querer aprender sempre mais.

Tivemos boa formação para atuar,

Professor 5: porém cada aluno incluso precisa de um atendimento específico e as atividades

precisam ser adaptadas para cada um.

Professor 6: Mesmo com limitações em algumas áreas, estes alunos possuem potencialidades em outras.

Professor 7: Algumas situações sim.

Porque falta preparação práticas,

Professor 8: sempre temos formação teórica sobre esses assuntos e não prática.

É difícil dizer que estamos ou não

Professor 9: preparados, mas o que posso dizer é que devemos sempre tentar estar

preparados o máximo possível e só poderemos estar corrermos atrás de cursos e especializar.

Professor 10: Pois cada deficiência é necessária buscar conhecimento.

Professor 11: Não justificou sua resposta.

Professor: 12: Não justificou sua resposta

Alguns dos professores entrevistados relatam que estão preparados para

trabalhar com alunos inclusos, porém, ainda teriam que buscar informações, ter

novos conhecimentos e se especializar. Outros estão preparados apenas

teoricamente, mas ainda não se sentem preparados na prática.

Ao se deparar, com os (as) docentes que estão atuando nas escolas

municipais, em especial, quando estes (as) estão tendo em suas salas de aula

alunos inclusos, é recorrente o discurso de que não estão preparados (as) para

trabalharem com esses (as) no ensino regular.

“A maior parte dos professores, infelizmente, não estão prontos para a

inclusão. Temos normas e diretrizes para promover a educação inclusiva,

adequadas e avançadas, mas esse ainda é um desafio a superar” (CALLEGARI,

2010, pg. 01).

Quando questionados sobre as dificuldades enfrentadas em ministrar aulas

de educação física com alunos inclusos, obtivemos as seguintes respostas:

Quadro 3 - Quanto as dificuldades enfrentadas

Professor 1: Falta de recursos, materiais específicos para a realização das atividades.

Professor 2: Montar as aulas para os alunos inclusos.

Professor 3: Acessibilidade, materiais adaptados, alunos que se recusam a realizar atividades.

Professor 4: Adaptar as aulas para cada aluno, adaptar os materiais, lidar com a falta de limites que a maioria apresenta.

Professor 5: Baixa estima deles, muitas vezes faixa etária muito acima da média da turma, vergonha.

Lembrar e saber respeitar o limite de

Professor 6: cada, tentar meios e formas melhores possíveis para obter o máximo de cada

um.

Professor 7: As necessidades específicas de cada aluno incluso com a quantidade de alunos na turma.

Professor 8: Materiais para usar com estes alunos.

Os espaços físicos das escolas,

Professor 9: adaptações de materiais ou de

atividades que eles não sejam só meros

participantes, mas para que se sintam realmente incluídos.

Professor 10: Espaço físico.

Professor 11: Não tem dificuldades.

Professor: 12: Não respondeu à questão.

São várias as dificuldades citadas pelos professores e estão relacionadas desde

ao espaço físico, os materiais a serem utilizados, a elaboração das aulas até a falta de

auto estima dos alunos, a vergonha e a resistência.

Possui um método próprio para a aprendizagem dos alunos com dificuldades,

usa uma metodologia da escola, conforme o projeto pedagógico?

Quadro 4 - Respostas quanto aos métodos

Sim, procuro realizar atividades que eles

Professor 1: possam realizar pelo menos uma com os demais alunos e faço algumas que a

professora de apoio realiza com os alunos.

Professor 2: Método próprio não, mas, adaptações nas aulas com os alunos.

Professor 3: Adaptar conforme a necessidade do aluno

Professor 4: Primeiro conheço os alunos, suas dificuldades e então preparo atividades de acordo com suas necessidades.

Professor 5: Busco respeitar a limitação de cada um, enfatizando suas capacidades.

Professor 6: Tentamos encorajá-los para que eles tentem fazer as atividades, que eles consigam entender seus limites.

Professor 7: Tentamos seguir recomendações médicas e psicopedagógicos, também realizarmos adaptações necessárias.

Professor 8: Não, cada deficiência é necessária uma metodologia específica.

Professor 9: Uso o currículo básico

Sempre se baseando no PPP e

Professor 10: adaptando as atividades conforme a dificuldade dos alunos.

Cada professor tem sua forma de trabalhar conforme vai conhecendo sua turma e seus alunos, eu procuro sempre estar adaptando as atividades e

Professor 11: conteúdo que estão dentro do PPP de forma que seja possível dos meus

alunos com alguma dificuldade de aprendizagem ou deficiência praticarem dentro de suas potencialidades, para que assim realmente se sintam incluídos.

Professor: 12: Não respondeu à questão.

Conforme as respostas, pode-se perceber que os professores buscam fazer

as adaptações conforme as dificuldades dos alunos, respeitam seus limites, os

incentivam e como apoio para a elaboração de suas aulas utilizam o PPP e seguem

recomendações médica de acordo com o laudo dos alunos.

Como pode-se observar nos dados abordados acima, a maioria dos

entrevistados eram do sexo feminino e poucos do sexo masculino. Apenas uma

parte dos mesmos, possuem formação para ministrar as aulas de Educação Física.

Quanto as principais inclusões citadas destacam-se a síndrome de down,

dificuldade de aprendizagem, transtornos (hiperatividade, déficit de atenção),

deficiência intelectual, paralisia cerebral, Transtorno Global do Desenvolvimento,

dislexia, deficiência física e autista e as que estão menos presentes nas escolas são:

Síndrome de Moebius, TFE (Transtornos Funcionais Específicos) e deficiência visual.

E quase todos mencionaram que possuem algum tipo de dificuldade que

impossibilita ter uma melhor eficiência de suas aulas, como por exemplo: espaço

físico, acessibilidade, materiais adequados, falta de recursos e até mesmo a própria

vergonha e falta de autoestima dos alunos.

CONCLUSÃO

O objetivo do estudo foi avaliar, sob o ponto de vista dos professores de

Educação Física do Ensino Fundamental I, o processo de Inclusão na Educação

Física Escolar na rede Municipal de Medianeira-PR.

Considera-se que mesmo os professores dizendo que se sentem preparados

para receber alunos inclusos, eles ainda não estão totalmente preparados, pois terão

que ler, buscar novas informações, conhecimentos e especializações e isso é

realmente necessário, pois cada deficiência, cada aluno tem seu modo de trabalhar,

atividades que podem ou não dar certo. Na teoria sim, alguns estão preparados, mas

na prática não.

A prática pedagógica adequada em diante o processo de inclusão é de

fundamental importância, sendo necessário que o professor se perceba como um

agente facilitador dos processos de aprendizagem.

Diante da problemática: quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos

professores de educação física quanto a inclusão escolar? Segundo os entrevistados,

existe várias dificuldades, que vai desde a elaboração das aulas, materiais

adaptados, acessibilidade, espaço físico até a própria autoestima dos alunos e

vergonha por alguns estarem fora da faixa etária da sala, fazendo que não se sintam

à vontade e acabam não querendo participar da aula.

Com essa pesquisa, conseguiu-se obter os resultados desejados quanto a

preparação dos professores para receber alunos inclusos, se estão ou não aptos a

ministrar aulas para atender esse público e as dificuldades enfrentadas.

É necessário que todos os professores estejam preparados para que seja feita de

fato a inclusão, para assim, eles conseguirem aceitar e relacionar-se com seus

diferentes alunos, e consequentemente, com suas diferenças individuais.

Espera-se que os educadores possam refletir sobre este estudo, gerado pela

necessidade de os profissionais de educação física estar preparado teoricamente e

na prática para receber alunos inclusos, para só assim a inclusão ocorrer de fato e

oferecer as crianças a oportunidade para desenvolver suas capacidades e

conquistarem autonomia social e intelectual.

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