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Revista da aRquidiocese de vitóRia - es vitória vitória ATUALIDADE Segurança Pública: reSPonSabilidade de todoS PÁg. 14 Ano XII Nº 150 Fevereiro de 2018

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Revista da aRquidiocese de vitóRia - esvitóriavitória

AtuAlidAde Segurança Pública: reSPonSabilidade de todoS • PÁg. 14

Ano XII • Nº 150 • Fevereiro de 2018

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editorial

Maria da Luz Fernandeseditora

Quem pensa faz melhor

Férias, carnaval, início da Quaresma e ‘o ano está começando’. Ritmo, com baterias ou sem elas, é o que precisamos, porque o enredo do novo ano já começou. Para os católicos da Igreja Particular de Vitória

este é um ano de celebrações pelos 60 anos de criação da Arquidiocese, mas é também para todos, o ano eleitoral e o ano da copa. Um ano de desafios e decisões nas quais precisamos nos concentrar. Esta edição traz textos leves e provocações sobre os desafios diários; sugestões de eventos comemorativos e motivações para participar; lembranças e projetos para um futuro melhor; iniciativas do bem e respostas de especialistas para dúvidas comuns. Tudo para ajudar a entrar no ritmo do bloco de quem pensa faz melhor. Boa leitura! n

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Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispo auxiliar: Dom Rubens Sevilha • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Andressa Mian / 0987-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Warllem Soares e Vander Silva • Colaboradores: Pe. Andherson Franklin, Arlindo Vilaschi, Dauri Batisti, Giovanna Valfré, Fr. José Moacyr Cadenassi • Lara Roberts • Revisão: de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 Ilustrador: Richelmy Lorencini • Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica e Editora GSA - (27) 3232-1266

vitóriavitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano XII – Edição 150 – Fevereiro/2018Publicação da Arquidiocese de Vitória

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43

44

EditorialQuem pensa faz melhor

Economia políticaLegitimidade

EspiritualidadECombater o bom combate

diálogosDatas Memoráveis

caminhos da bíblia“Não fecheis o coração, Mas ouvi hoje a voz deDeus” (Sl 94)

aspas“Sonhamos com um mundo no qual possamos confiar e acreditar”.

12 fazEr bEm

23 pEnsar

27 mundo litúrgico

36 vivEr bEm

42 arquivo E mEmória

20 46

especialAlegria

cristã no carnaval

reportagemCriando e

construindo laços para a

vida

aconteceAbertura da

Campanha daFraternidade

2018

05 30

identidades

Praia de Ubu, um recanto para as

famílias

atualidadeSegurança Pública: responsabilidade de todos!

sugestõesVitória vista do mar

14

34

EntrEvistaViver a música ecantar a poesia

liçõEs dE franciscoUm caminho para seguir

pErguntE a quEm sabEComo o católico deve se comportar no Carnaval?

ideiasContra o medo é possível se levantar

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reportagemAndressa Mian

Criando e construindo

laços para a vida

Beijos, abraços, apertos de mão, brincadeiras, admi-ração e respeito. É assim

que o pe. José Carlos Fernandez é recebido pelas crianças e jovens atendidos nas duas unidades do Centro Social São José de Cala-zans, um projeto social da Paró-quia que tem o Santo Calazans como padreiro.

Ao receber 10 comunidades, distribuídas nos bairros Feu Rosa e Vila Nova de Colares, na Serra, o padre adotou como modalidade de administração paroquial a Comunidade de Comunidades, ou seja, uma paróquia onde os ser-viços religiosos são distribuídos de forma equitativa entre elas.

Sem a existência de uma matriz que concentre mais ati-vidades, a vida paroquial acon-tece com a atuação de conselhos, equipes e pastorais das comuni-dades, direcionados pelo Conse-lho Pastoral Paroquial.

“Este conselho é o órgão mais importante e tem a repre-sentação de todas as comunida-des, de todas as pastorais e de todas as equipes. Ele se reúne

os conselhos vão assumindo”, explicou o pe. José Carlos.

Atualmente esta modalida-de foi amparada e confirmada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com o conceito de “Paróquia Comuni-dade de Comunidades”. O desafio diário, segundo o padre, é criar o sentimento de paróquia e fortale-cê-la como tal, ao mesmo tempo que se incentiva o crescimento da vida da comunidade.

Para isto, o pe. José Carlos criou metas e mecanismos que estimulam a cooperação e a aju-da mútua entre elas. Um destes mecanismos é o Fundo Solidário

Sem a existência de uma matriz que concentre

mais atividades, a vida paroquial

acontece com a atuação de

conselhos, equipes e

pastorais das comunidades,

direcionados pelo Conselho Pastoral

Paroquial

todo mês para que sejam toma-das as posturas, direcionamentos e as decisões. O que é decidido passa para os conselhos comu-nitários que são acompanhados pelos padres. Os braços técnicos desta dinâmica são as pastorais e as equipes que executam o que

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reportagem

Paroquial, que consiste em de-positar 10% do valor do dízimo que fica na paróquia, durante os 12 meses do ano, em um fundo de reserva.

“No final do ano, a paróquia completa a quantia com o dobro do que foi depositado, e este valor total vai para a comunidade que mais necessita, escolhida pelo Conselho Paroquial”, explicou.

Outro mecanismo é o Pro-grama de Incentivo ao Cresci-mento (PIC) que coloca a cada ano algumas metas para as comu-nidades. Para 2018 são: o cresci-mento do número de catequistas, do dízimo, de membros partici-pantes de Círculos Bíblicos e do número de jovens na Pastoral da Juventude (PJ).

safio é não ver a paróquia como uma entidade puramente orga-nizacional, mas também poder sentir a paróquia como um ser vivo, pulsante, pastoral, em cres-cimento, o Corpo de Cristo que é a Igreja, neste caso a paróquia e as comunidades”, afirmou.

A escolha do padroeiro foi uma sugestão do próprio padre José Carlos para que não houves-se desgastes entre as comunida-des, já que cada uma queria que seu padroeiro fosse o escolhido para dar nome à paróquia.

“Sugeri então o novo santo que estava chegando, pois enten-do que o Arcebispo Dom Luiz não nos trouxe aqui para sermos sim-plesmente padres, isto ele já tem. Ele nos chamou porque temos o carisma religioso de Calazans. Esse carisma é a criança, o ado-lescente, o jovem sendo transfor-mados a partir da educação. As comunidades se encantaram com esta proposta”, afirmou.

O encanto foi tanto que o Centro Social São José de Cala-zans virou a “menina-dos-olhos” da paróquia. Os projetos sociais desenvolvidos lá traduzem a es-perança de melhores perspec-tivas de vida para mais de 300 crianças e jovens inseridos em um contexto de risco social.

Cada um deles é conhecido por seu nome e por sua histó-ria e recebem tanto do pe. José Carlos como dos voluntários e educadores do centro social, o

Os projetos sociais desenvolvidos lá traduzem a esperança de melhores

perspectivas de vida para mais

de 300 crianças e jovens

As comunidades que atin-gem estas metas recebem um bônus para usar com materiais que precisam. No último ano, a comunidade que bateu a meta de maior crescimento de jovens na PJ ganhou para o grupo, uma ida ao cinema com o padre.

“A condição foi escolher uma sessão no meio da semana e, que quem tivesse, levasse a carteiri-nha de estudante para ficar mais barato”, brincou pe. José Carlos.

Outra forma de estimular a vida paroquial é promovendo a relação entre o padroeiro e as comunidades.

“Nós falamos que São José de Calazans, não tem casa. A estátua dele vai circulando por todas as comunidades para criar uma relação entre São José de Calazans e os padroeiros de cada comunidade. Nosso grande de-

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carinho, a atenção, o afeto e o amor que muitas vezes não re-cebem em casa.

O objetivo do projeto é aten-der as crianças e jovens dos seis aos 18 anos, pois São José de Calazans defendia que, quando uma criança é acompanhada e educada desde os seis anos até sua juventude, ela pode ser con-siderada salva.

A maior parte das crianças e jovens que chegam às unidades I e II do centro social, localizadas em Vila Nova de Colares, são encami-nhadas pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras) da Serra, por se encontrarem em situações que representem vulne-rabilidade, desintegração familiar, alto risco de abandono, desampa-ro, evasão escolar ou baixa renda familiar. Existem também as que chegam por demanda espontâ-nea, e as que são detectadas na

rua por algum educador ou pelo próprio padre.

Elas são atendidas por mais de 50 voluntários, 21 educadores contratados, e por jovens intercambistas vindos de outros países.

“O trabalho é uma oportu-nidade de fazer algo bom pelas crianças, colaborando para uma sociedade melhor”, afirma a ar-gentina Milagros Suter, que há duas semanas atua na unidade

II do centro social.A paróquia é a grande respon-

sável pelo projeto, mas parcerias com a Prefeitura da Serra, Justiça Federal e com empresas de dentro e fora do estado garantem que os meninos e meninas tenham aces-so a computadores, livros, salas equipadas e alimentação.

Para eles são oferecidos cur-sos de computação, reforço esco-lar, balé, dança de rua, artesanato, musicalização, capoeira e disci-plina de valores humanos, mas o que realmente faz a diferença é a criação do “Projeto Pastoral do Centro Social”, considerado pelo pe. José Carlos a locomotiva do projeto.

“O Evangelho é o nosso dife-rencial, senão seríamos mais uma entidade boa que faz um serviço social muito bom. De forma co-munitária, interativa, envolvemos todos os nossos educadores para elaborar um projeto pastoral que tem várias dimensões; as crian-ças, as famílias, os educadores e a sociedade”, explicou.

Dentro desta ótica, as crian-ças e suas famílias participam das missas e celebrações e os edu-cadores, além do ensino, estão transmitindo Jesus na referência constante, na oração inicial, na forma de tratar as crianças, na forma de lidar com os problemas que vão surgindo.

“As crianças não são fáceis. Muitas são problemáticas. En-tão, esse lado pastoral é o que

Eu creio que o vínculo é o tema

fundamental. Ele é o laço profundo

que nos une com aquilo que

descobrimos, que amamos, que nos

identificamos. Então, aqui as crianças criam

vínculos afetivos, emocionais,

sentimentais e religiosos, e isto é o que sustenta o

projeto

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nos guia”, afirmou o padre que contou também que a recepção das crianças ao tema religioso é impressionante.

Para ele, o sucesso do pro-jeto, com as transformações possibilitadas pela educação e pelo tema religioso, só é possí-vel porque existe um diferencial chamado vínculo.

“Eu creio que o vínculo é o tema fundamental. Ele é o laço profundo que nos une com aquilo que descobrimos, que amamos, que nos identificamos. Então, aqui as crianças criam vínculos afetivos, emocionais, sentimen-tais e religiosos, e isto é o que sustenta o projeto”, defende.

Para ele também é o vínculo que possibilita que muitos que terminam o projeto, retornem querendo participar como volun-tários para ajudar outras crian-ças. “É o que nos diz o Evangelho: De graça recebestes, de graça dai (Mateus 10:8)”, comentou.

Atuante na comunidade Nos-

mês que vem sigo para a fase de experiência”, contou.

A educadora social Dalgiza Frossad, também atesta que é motivada pelo vínculo criado com as crianças e jovens. Coordenando a oficina “Um dia da Beleza”, ela afirmou que se sente feliz ao mos-trar a beleza que cada um possui.

“Eles são muito importantes e quero que saibam o quanto são belos. Incentivando o cuidado com a aparência deles, contribuo para que eles despertem sua au-toestima”, afirmou.

A meta do padre José Carlos é criar uma terceira unidade do Centro Social para atender as crianças e jovens de Ourimar, bairro vizinho de Vila Nova de Colares, também carente de uma ação social para crianças e ado-lescentes.

Mas, enquanto a ideia é amadurecida, outra ação social importante está sendo realizada na paróquia; a criação da Pas-toral do Alimento que garante a alimentação de mais de 370 pessoas todas as quartas-feiras. As marmitas são distribuídas na Comunidade Nossa Senhora Apa-recida a pessoas cadastradas com necessidades comprovadas.

“Como dizia o sociólogo Betinho “Quem tem fome, tem pressa”. Enquanto amadurecemos a ideia de uma terceira unidade do Centro Social, trabalhamos para atender um problema social ainda mais urgente; a fome”, afirmou. n

reportagem

São José de Calazans

defendia que, quando uma

criança é acompanhada e educada desde os seis anos até sua juventude,

ela pode ser considerada salva

sa Senhora Aparecida, o jovem Washington Biondi Pinto, de 20 anos, ficou um tempo observando o ‘ir e vir’ das crianças e resol-veu se aproximar, pois já tinha intenção de trabalhar com elas. Ele conta que se sentiu motiva-do a ajudar quando viu crianças uniformizadas com camisetas do

projeto passando em frente a sua casa.

“Inicialmente eu achei que era um projeto como outro qualquer, mas

quando conheci a pro-posta, quando comecei

a lidar com as crianças, me apaixonei. O envolvimento foi tanto que vi despertar

em mim o lado vocacional. No

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economia política

Legal é tudo aquilo que está amparado, embasado e conforme a lei; legitimi-

dade refere-se a aquilo que re-flete as regras de uma sociedade, produzidas conforme consenso social e torna-se uma qualidade do poder. Poder exercido por in-divíduos, empresas, organizações sociais e governantes. O mandato de cargo público exercido por quem o conquistou através das urnas é legal. A le-gitimidade de seu exercício, en-tretanto, depende da forma e do conteúdo de como seu ocupante se colocou na disputa eleitoral e de como suas ações no poder refletem suas promessas de campanha. Candidatos eleitos com base em promessas de priorizar saúde e educação e que no exercício do mandato votam pelo congela-mento de investimentos nesses setores por vinte anos, são ilegí-timos. Ilegitimidade ampliada na medida em que alternativas para o necessário equilíbrio fiscal - como a cobrança de impostos sobre grandes fortunas, sobre a circulação financeira, dentre ou-tros - sequer foram considerados. Candidatos eleitos e que em momento algum de suas campa-nhas mencionaram que apoia-riam uma reforma trabalhista que desequilibra as relações ca-

pital-trabalho em favor daquele, exercem seus cargos de maneira ilegítima. Ilegitimidade sem jus-tificativa diante do argumento simplista de que a reforma se fazia necessária porque a legis-lação era antiga. Ilegitimidade ampliada na medida em que a reforma precisou de um ‘puxa-dinho’ via medida provisória no dia seguinte à entrada em vigor da lei que a estabeleceu. Ilegítimos serão deputados e senadores que votarem a favor do projeto de reforma da previdên-cia em tramitação no Congresso

Nacional. Ilegítimos porque a proposta de reforma desconsi-dera evidências colocadas no relatório sobre os trabalhos da CPI da Previdência, aprovado por unanimidade em 25/10/2017 (https://www12.senado.leg.br/noticias/videos/2017/11/gover-no-mente-para-aprovar-refor-ma-perversa-diz-relator-da-cpi-da-previdencia). Relatório que sugeriu projetos de lei e emendas à Constituição para aperfeiçoar a legislação e que também solicita providências do Governo Federal. Ilegitimidade que se amplia com a propaganda enganosa feita pelo Governo de que a reforma proposta retira privilégios. Que privilégios são retirados, vale in-dagar. Propaganda enganosa que cria notícias falsas sobre a vincu-lação do crescimento econômico à aprovação da reforma. Onde o sacrifício dos mais humildes e dos que trabalham em situa-ções mais adversas foi a base de sustentação do progresso? Que a democracia desva-lorizada pelo golpe de 2016 e por tudo o que ele se propõe - entreguismo, reacionarismo e corrupção - tome outros rumos em 2018. Que este seja ano de valorização do debate aberto construído com informações sem notícias falsas e pós verdades. n

arlindo VillaschiProfessor de [email protected]

legitimidade

candidatos eleitos com base em promessas de priorizar saúde

e educação e que no exercício

do mandato votam pelo

congelamento de investimentos

nesses setores por vinte anos, são ilegítimos

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fazer bem

Empresa alfabetiza auxiliares de limpeza

Pesquisa revela que odores da natureza podem evitar doenças

Após descobrir que alguns funcionários terceirizados que presta-vam serviços para a empresa paulista na qual atuava como gerente eram analfabetos, Nátaly Bonato resolveu alfabetizá-los ao invés de demiti-los. Os funcionários eram auxiliares de limpeza e não conseguiam sequer preencher o cronograma de seu dia de trabalho com eficiência. A solução foi procurar uma escola conveniada para que os funcionários começassem a ter aulas. Elas foram agendadas às terças e quintas-feiras, no horário do almoço deles. Após a conclusão do curso, Nátaly organizou uma forma-tura surpresa para o grupo com direito a beca. Vitória deles e da empresa.

Sentir o cheiro da natureza pode diminuir a pres-são do corpo, aliviar o estresse e ainda pode estimular moléculas do corpo a combater diversas doenças, como por exemplo, o câncer. Foi o que comprovou uma pesquisa realizada por cientistas da escola de medicina Nippon, em Tóquio, no Japão. Os estudos mostraram que os níveis de estresse e irritação di-minuem imediatamente após os odores da floresta adentrarem o organismo, revelando também que quem está habituado a ter mais contato com a natureza, com exposições mais prolongadas e intensas ao cheiro do verde, tem a pressão arterial mais controlada e possui uma imunidade mais forte. Os pesquisadores visam aplicar a aromaterapia baseada no odor das florestas como tratamento alternativo.

Com o obje-tivo de arrecadar fundos para o Spirit Horse NL, programa que realiza equote-rapia em pessoas que sofrem com problemas de saúde mental, um grupo de amigos barbu-

dos das provín-cias de Terra Nova e Labrador, no Canadá, se uniu para estrelar um ensaio fotográfico que deu muito o que falar. As fotos ilustram um calendário e as imagens viralizaram nas redes sociais, ajudando a impulsionar as vendas do anuário, que já conta com pedidos de 19 países, entre eles, Alemanha, Suíça, Itália e até o Japão.

Nas fotos, que ilustram cada mês do ano, os amigos barbudos aparecem caracterizados de sereia em poses divertidas, tudo para ajudar a quem precisa do tratamento.

Barbudos se vestem de sereia por uma boa causa

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Prefeito reduz o próprio salário, dos secretários e dos comissionados

Brasil terá caminho inspirado no de Santiago de Compostela

Brasileira inova ao criar sistema de dessalinização de água com grafeno

Com os reflexos da crise na arrecadação, para não aumentar ainda mais os valores de impostos, o prefeito Toninho Fenelon (PSC), de São José dos Pinhais, Curitiba/PR, sancionou uma lei que reduz em 10% os salários dele, do seu vice, de 21 secretários e de cerca de mil servidores públicos, entre comis-sionados e concursados. A medida, que começou a valer para os vencimentos de janeiro, deve gerar economia anual de R$ 4 milhões, cerca de 0,5% da receita do município estimada para este ano.

Goiás terá o Caminho de Cora Coralina, inspirado no Caminho de Santiago da Compostela, na Espanha. A trilha de 282 km foi traçada com base em relatos de viagens realizadas desde o século 18 e passa por regiões com morros verdes, paisagens deslumbran-tes e um céu livre da poluição das grandes cidades. O título Cora Coralina foi dado em homenagem a um dos principais nomes da literatura goiana, a poetisa que ficou famosa por retratar a simplicidade do cotidiano dela e publicar seu primeiro livro aos 75 anos. O lançamento oficial do Caminho de Cora Coralina está previsto para 23 de março e poderá ser visitado por aventureiros interessados em conhecer as belezas naturais e a cultura do estado que abraça o Distrito Federal.

Um sistema de dessalinização e filtra-gem de água usando o grafeno foi criado pela carioca Nadia Ayad, formada em Enge-nharia de Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) do Rio de Janeiro. Com o dispositivo seria possível garantir o acesso à água potável para milhões de pessoas, além de reduzir os gastos com energia e a pressão sobre as fontes hídricas. Tido como uma matéria-prima revolucionária, o grafeno é um derivado do carbono, extremamente fino, flexível, transparente e resistente.

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atualidade

Atemática segurança pública está presente no cotidiano do país. Diariamente inúmeros periódicos, impressos ou eletrônicos, destacam o tema. A violência física, em particular a letal, é

a que mais choca, comove, fertiliza e rega sentimentos de ódio já enraizados em corações e mentes indignadas, bem como alimenta e faz crescer o medo e a sensação de impotência de milhões de pes-soas dominadas pelas pesadas mãos da insegurança, que ao mesmo tempo em que aterroriza, aliena e permite a aceitação de discursos que apregoam saídas fáceis para uma problemática tão complexa.

Segurança Pública: responsabilidade de todos!

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também revidou aos disparos em sua direção. Segundo infor-mações de autoridades, o ato foi uma forma de demonstração de luto pela morte de dois jovens em um acidente de carro no bairro Jaburu. Os fatos acima narrados que contribuem para a manutenção do medo e da insegurança da po-pulação, não podem ser tratados isolados do contexto em pauta. Se há intenção de discutir o tema com responsabilidade, outros fatores devem ser trazidos para o debate e considerados com a mesma importância. Causas e efeitos não podem ser separadas, ausências e omissões de indiví-duos e organizações públicas e privadas precisam ser conside-radas. A mesma sociedade que se indigna e protesta, em especial nas redes sociais, cobrando res-postas das autoridades, entoando um mantra de responsabilização do poder público por todas as mazelas oriundas das ações de violência, os mesmos indivíduos que gritam pagarem impostos,

O movimento reivindicató-rio por melhores condições de trabalho e salários para os po-liciais militares, promovido por seus familiares no Espírito Santo em fevereiro de 2017, explicitou para a população capixaba que segurança pública está longe de ser um assunto apenas de polícia, como geralmente é percebido pelo senso comum. Não bastasse o aumento assustador no nú-mero de homicídios durante o episódio, as cenas grotescas de cidadãos e cidadãs comuns, que sem a presença ostensiva das forças de segurança nas ruas, abandonaram as regras de civi-lidade e se mostraram prontos para o exercício da criminalidade ao primeiro sinal de ausência de vigilância, servem para subsidiar o debate sobre a necessidade do envolvimento de toda a popula-ção na formulação de alternativas para o enfrentamento da violên-cia, em especial a constatação de que a cultura da violência está impregnada nos valores da so-ciedade contemporânea. A Avenida Leitão da Silva

cidadãos e cidadãs

comuns, que sem a presença

ostensiva das forças

de segurança nas ruas,

abandonaram as regras de

civilidade e se mostraram

prontos para o exercício da

criminalidade ao primeiro sinal de ausência de

vigilância

também foi palco de mais um episódio de violência explicita na cidade de Vitória em outubro de 2017. Na ocasião, os comercian-tes foram forçados a fechar os comércios, pois sofreram graves ameaças de pessoas com armas de fogo, que paralisaram a aveni-da, impedindo o tráfico de carros e até de pedestres, inclusive com a ocorrência de uma tentativa de homicídio a um policial militar que passava pelo local na hora da ação do grupo armado, que

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são os que se calam e não temem outras condicionantes que deve-riam causar pânico social e ser-virem como fatores de mobiliza-ção na busca de alternativas que cessem, ou ao menos amenizem, condicionantes cientificamente comprovadas que contribuem para ocorrência de episódios de violência. Os mesmos indignados com a falta de segurança, não se indignam com a existência, em pleno século XXI, de residências na capital do estado do ES sem estruturas de banheiros, com existências de aglomerados ur-banos sem condições mínimas de mobilidade para seus mora-dores, com o crescente aumento da população em situação de rua, com o aumento de crianças e ado-lescentes exercendo o comércio informal nas ruas e ônibus da ca-pital, com as condições de saúde mental e física dos profissionais de segurança e com o crescente abismo econômico que separa indivíduos na cidade. Os moradores de Vitória não podem desconsiderar que habi-tam um estado que ocupa lugares privilegiados no triste ranking nacional de violência letal contra jovens e mulheres, em particular a jovens e mulheres negras, nem tampouco a existência de uma indignação seletiva em relação a origem social, cor da pele e

atualidade

espaço territorial de residência das vítimas de homicídio. Fazer de conta que as con-dições de carências materiais, vivenciadas por um contingente considerável da população da capital, não estão relacionadas com a discussão, é negar pos-sibilidades de fazer um debate que realmente objetive a busca de soluções duradouras e não apenas paliativas. Acreditar tam-bém, que as soluções necessárias estão contidas no arcabouço legal vigente ou poderão ser confeccio-

claudio Mendonça da SilvaSociólogo especialista em Segurança Pública

nadas a partir da simples elabo-ração de novas leis, é desperdício de esforços. A aplicação das leis e suas alterações são necessárias nas ações de enfrentamento à violên-cia, mas devem vir acompanha-das de mobilizações sociais que considerem a solidariedade, a compaixão, o investimento cons-tante na mudança da cultura de violência por uma cultura de paz, na valorização pessoal e material dos agentes públicos envolvidos, em ações que apliquem puni-ções aos infratores, mas em um ambiente capaz de ressocializar aqueles indivíduos que estejam dispostos a cumprir as regras impostos pela sociedade, entre outros. A violência é uma condição humana, que deve ser enfrenta-da com racionalidade, presença forte do estado e participação de todos os indivíduos. Não é um problema que pode ser obser-vado e avaliado de um pedestal ou da sacada de uma varanda, visto que ninguém está livre de se tornar mais um número nesta triste estatística. Mas o primeiro passo e reconhecer que a respon-sabilidade é de todos. n

a violência

é uma condição humana,

que deve ser enfrentada

com racionalidade,

presença forte do estado

e participação de todos os indivíduos

vitória Fevereiro/201816

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ideias

Contra o medo é

possível se levantar

Somos intensidades, forças, ardores, magnitudes, veemências. Somos fontes e fluxos de riquezas. Não por acaso a vida se tornou o alvo do investimento mais lucrativo. O poder (das

riquezas concentradas) precisa ser constantemente alimentado de vida. Usam-nos, sequestram nossas vitalidades e, ainda, fazem-nos acreditar que o mundo é mesmo assim, por “natureza”, e que assim deve continuar. Fazem-nos crer que o que é engendrado por homens poderosos é pela mão magnânima de Deus que se fez, ou pela natureza, pelo destino, e assim tem que ser mantido. Estruturam um poder SOBRE a vida (com sua política) para destituir a todos do próprio poder DA vida.

vitória Fevereiro/201818

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perverso, ela tem que ser domi-nada e assujeitada a despeito da mortificação que daí decorre. A produção de riquezas não visa o florescimento da vida, a sua pro-moção, o seu empoderamento. Se fosse assim a vida não seria apenas a fonte de riquezas, mas o destino das mesmas. Não por acaso o planeta passa por sofri-mentos tão grandes, com tantas espécies ameaçadas, e com tan-tos seres humanos que apenas sobrevivem e que morrem bem antes do que seria de se esperar. A política que se exerce para este fim tem obtido sucesso. E esta política vem se “especia-lizando” ao longo dos últimos tempos para que o poder possa ser exercido a partir de dentro das próprias pessoas. E essa é a razão do seu sucesso. É custo-so convencer as pessoas, então melhor é constituir as pessoas para que elas mesmas pensem favoravelmente à produção de riquezas do jeito em que ela se dá. É preciso constituir subjeti-vidades que tenham medo das experiências, que não se lancem naquilo em que a vida é ótima, ou seja, na produção de diferenças,

de caminhos inusitados e impen-sados, no cultivo de impossíveis (como fez Jesus). Dentro da lógica do poder que se sustenta de vidas é preciso produzir subjetividades que se encaixem nesse modelo e dele se sintam ardorosas guar-diãs (os chamados “pobres de direita” que defendem o liberalis-mo selvagem em que o desfrute da vida se reserva a alguns). Para tal, as subjetividades precisam ser serializadas, pa-dronizadas, com identidades massificadas, com vontades similares, gostos iguais e pen-samentos únicos. Obvio, então, que todo movimento que vai na direção das diferenciações, das pluralidades, da quebra desses paradigmas e da sondagem de outros desejos (sonhos, projetos) será combatido ferozmente. E esse poder SOBRE a vida, no entanto - como apontam Espi-nosa, Negri - é superstição, pois se dá pela organização do medo. E sendo superstição é possível se contrapor a ele. Contra o medo é possível se levantar? n

Decerto, é obvio ululante, que essa política se articula cap-turando-nos pelo medo. Eles fa-bricam inimigos a quem devemos temer e odiar, criam monstros para nos alarmar e nos controlam pela administração desse medo. Que medo? O medo da mudança, do diferente, de novos mundos. Medo do comunismo, do boliva-rianismo, dos muçulmanos, da China, etc. Do jeito que as coisas vão, logo surgirá o medo do rei-no de Jesus Cristo até, pois que esse reino estruturará o mundo e a vida em outras bases bem diferentes. Talvez já por isso se-jamos ágeis em proferir “venha a nós o vosso reino”, mas lentos em nos propor o trabalho real de sua construção. Mais fácil é a liturgia de sua visão, do que a celebração de sua construção. Continuando: há um poder (com sua respectiva política) sendo exercido impiedosamente sobre a vida de todos. E não há outro investimento mais rentável do que aquele que se dá sobre a vida. Ela se tornou o principal alvo dos mecanismos de produ-ção de riquezas, e para isso, é claro, infelizmente, num caminho

Dauri BatistiPadre, psicólogo e mestre em Psicologia institucional

vitóriaFevereiro/2018 19

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Alegria cristã no carnaval

A alegria é o primeiro dos frutos do Espírito Santo a ser mencionado

pelo apóstolo Paulo na carta aos Gálatas (5,22). E a alegria pode ser definida pelas emo-ções internas, porém de uma inigualável satisfação espiritual que o Espírito Santo infunde em todo o nosso ser. Destarte conseguimos vis-lumbrar pelo que foi supracita-do que a temática é relevante para nós católicos, diante da mais popular festa da cultura brasileira, que de certo modo pode ser mal compreendida por quem desconhece a origem da festa do carnaval. É muito salutar buscarmos sempre a etimologia das pala-vras para entendermos seu sig-nificado. E é o que faremos com a palavra carnaval. Ela remete à expressão “carne levale”, que

especial

em tradução livre pode ser en-tendida como “festa do adeus à carne”. Assim, os três dias que antecedem a quarta-feira de cinzas seriam dias festivos, nos quais as pessoas começariam a ter privações devido à quaresma. Agora conseguimos enten-der que os dias que antecediam o começo da quaresma eram considerados os últimos em que se podia comer carne, daí a origem do nome carnaval. A este ponto da nossa re-flexão, conseguimos enxergar claramente através da perspec-tiva cristã, que é perfeitamente possível se alegrar com esta festa extremamente popular em nosso país. Entretanto, o aviltamento do ser humano na sociedade ho-dierna pode muito bem explicar a repulsa que temos em relação

Pe. eduardo de Oliveira Rodriguespároco da Paróquia nossa Senhora da glória

ao carnaval. O dilaceramento do nosso tempo não está no fato do crescimento e da exaltação da sexualidade ou mesmo da violência, mas, ao contrário, na sua decadência decorrente do fato de as pessoas se haverem alienado do verdadeiro amor que Cristo nos ensinou a viver mutuamente. Por fim, se encararmos o carnaval como uma festa popu-lar onde o intuito é se alegrar saudavelmente e com respon-sabilidade, não temos motivos para deixarmos de aproveitar essa dimensão tão importante para o ser humano, num mundo cada vez mais marcado pelas relações superficiais entres as pessoas. Assim acredito que é possível viver a alegria no carnaval. n

vitória Fevereiro/201820

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Alegria cristã no carnaval

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D om Geraldo Lyrio Ro-cha, Arcebispo de Ma-riana, no seu jubileu

áureo de Ordenação Presbite-ral testemunhou em sua terra natal o seguinte: Depois de 50 anos de vida sacerdotal posso afirmar que eu nasci para ser padre! A nossa vida poderia ter sido outra coisa, mas não foi, e desse modo constatamos que a vida é realmente um mistério. E o mistério a Deus pertence. Nunca sabemos exatamente porque nossa vida correu so-bre esses trilhos e não outros.

para refazê-la. A vida não volta, ela sempre corre para o mar. Mesmo aqueles poucos felizardos que chegam à ma-turidade com a graça de reco-nhecerem que nasceram para ser aquilo que são, sentem que a vida não foi perfeita. Nada nesse mundo se encaixa como uma luva, em tudo sempre há uma ponta de inadequação. Sempre falta algo e esse algo tem nome: chama-se Deus! O problema de fundo é sempre o orgulho, e a solução é a humildade. Hoje as pessoas não querem negar a si mesmas, pelo contrário, há uma busca neurótica de autoafirmação. Para ser feliz é preciso “negar a si mesmo” (Lc 9,23). Eu creio que a vida é uma espécie de rascunho ou prepa-ração para a vida verdadeira e definitiva: a Vida Eterna. Só a perspectiva e expectativa da eternidade me dá sentido para essa vida e me dá motivação para viver com entusiasmo o bom combate, com suas ale-grias e dores, olhando e espe-rando o desfecho final: o eterno abraço e beijo do Pai. Amém. n

espiritualidade

Dom Rubens Sevilha, ocdBispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória

combater o bom combateObviamente as nossas decisões (certas e erradas) têm grande peso no resultado final da nos-sa existência, porém, muitos outros ingredientes novos e imprevistos alteram a rota e a coloração final da nossa vida. Os resultados são múlti-plos: alguns morrem no começo ou meio do caminho; são as mortes prematuras de crianças (inclusive abortadas) e jovens (inclusive negros e pobres). Alguns são tão desligados e alienados, sobretudo os que vivem e morrem na pobreza extrema, que passam a vida sem ter noção de quem eles são. Outros, por mil razões, são verdadeiras metamorfoses am-bulantes, várias personagens alternando-se e procurando-se ao longo da vida. Muitos chegam ao final da vida com a sensação de final infeliz. A vida que viveram não foi a que eles gostariam de ter vivido e já não há mais tempo

vitória Fevereiro/201822

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pensar

Foto

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diálogoS Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. • Arcebispo de Vitória ES

A Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo está em festa. Praticamente o ano todo de

2018 é para esta Igreja Particular um ano festivo. São vários os motivos para co-locar em destaque algumas datas históricas da vida de fé desta Igreja: No dia 22 de fevereiro, Solenidade da Cátedra de São Pedro Apóstolo, fare-mos a abertura das celebrações do

Jubileu de 60 anos da Arquidiocese de Vitória, com a memória cele-

brativa deste fato que marcou a história religiosa deste Estado,

saindo em procissão da Praça Pio XII e caminhando até à

Catedral onde celebrare-mos a Eucaristia.

Em 1958, o Papa Pio XII ao criar

as Dioceses de São Mateus e

Cachoeiro de Itapemirim, elevou a en-tão Diocese do Espírito Santo, por

Datas Memoráveis

vitória Fevereiro/201824

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sobre as propostas que surgiram, mas comprometida com os no-

vos rumos da Igreja naquele momento, reflexos que nos alimentam até aos dias de hoje. É essa história que quere-mos e vamos celebrar. Estes 60 anos serão bem celebra-

dos, cujo ápice será a realiza-ção do II Congresso Eucarístico

Arquidiocesano na última semana que antecede a Solenidade da Pa-droeira desta Igreja, Nossa Senhora da Vitória, dia 08 de setembro. O primeiro Congresso Eucarístico rea-lizado em Vitória do Espírito Santo se deu em 1946, sob o governo do saudoso e querido Bispo diocesano Dom Luiz Scortegagna. Este ano nos convida, ainda, a celebrar os 120 anos da decla-ração oficial de Nossa Senhora Pe-nha como Padroeira do Estado do Espírito Santo, como também, os 460 anos da chegada do Frei Pedro Palácios e com ele a devoção a Nossa Senhora da Penha, a Senhora das Alegrias, que se caracterizou como a primeira festa popular mariana de grande expressão. Celebramos ainda os 450 anos da chegada da imagem de Nossa Senhora da Penha a esta bela e abençoada terra do Estado do Espírito Santo, ao Município de Vila

Velha. Datas memoráveis que iremos celebrar com muitas iniciativas, mui-ta fé e muito respeito pela história e pelos personagens que permitiram a evangelização e o crescimento da devoção popular nestas terras. Entre as iniciativas, que serão também um momento forte de evangelização, te-remos a peregrinação da imagem de Nossa Senhora da Vitória por todas as paróquias da Arquidiocese, uma via-sacra pelas igrejas do Centro de Vitória, uma romaria ao Santuário de Aparecida e uma exposição contando nossa história desde a chegada dos primeiros missionários. A Igreja de Vitória do Espírito Santo está de joelhos pedindo per-dão pelas falhas cometidas nestes 60 anos. A Igreja de Vitória está de bra-ços erguidos para o céu louvando, agradecendo e bendizendo ao Se-nhor por tantas maravilhas em sua história de fé, de amor e de espe-rança! Convido-os a fazer parte destas celebrações com entusiasmo e muita fé, sem jamais perder a esperança, pois, nosso coração está em Deus, sob o manto protetor da Mãe de Deus, a Senhora da Vitória e das Alegrias. Sim, datas memoráveis! Boas Festas! n

meio da bula Cum territorium, à ca-tegoria de Arquidiocese, passando a designar-se Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo. Mais tarde, em 1990, com a criação da Diocese de Colatina, a Arquidiocese de Vitória passou a ser composta pelos muni-cípios de Anchieta, Afonso Claudio, Alfredo Chaves, Brejetuba, Cariacica, Domingos Martins, Fundão, Guara-pari, Marechal Floriano, Santa Maria de Jetibá, Santa Leopoldina, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória. Quatro anos depois iniciou-se o Concílio Vaticano II que influenciou fortemente os inícios da nova Arqui-diocese. Dom João Batista da Mota e Albuquerque, primeiro arcebispo, participou do Concílio e manteve a Arquidiocese não só informada

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Rua Barão de Itapemirim, 216 – 29010-060 – Vitória-ES Tel./Fax: (27) 3223-1318 | [email protected] | www.paulinas.com.br

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2018 Tema: Fraternidade e superação da violência

Lema: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8)

A CF 2018 aborda a superação da violência como um todo. Conheça alguns títulos da Paulinas que abordam o tema e participe da

Campanha da Fraternidade de 2018 espalhando a cultura da paz.C

ód. 5

1373

3

PobrezaSuperar o descaso para

resgatar a dignidade Nayive Reverón

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. 511

676

Jovens violentosQuem são, o que pensam,

como ajudá-los?Filippo Muratori

de R$ 31,80 por R$ 25 ,44

Cód

. 515

221

Violência familiarA paz começa dentro de casa Nayive Reverón

R$ 5,00

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. 515

507

Preç

os v

álid

os a

té 2

8/2/

2018

.

Meninos e meninas de rua

Um apelo ao amor Nayive Reverón

R$ 5,00

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. 526

037

Bullying em debateCléo Fante e Neemias

Moretti Prudente (Orgs.)Esta obra busca esclarecer o que é realmente o bullying,

discutindo seus tipos, persona-gens, causas e consequências e apresentando estratégias para lidar com ele, para que ações contra esse tipo de violência possam ser empreendidas na escola e em outros ambientes.

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Fr. José Moacyr cadenassi, OFMcap

O aprofundamento pes-soal e comunitário so-bre o Ano Litúrgico e os

Tempos que o compõem, assim como o conhecimento das dimen-sões da liturgia, mais as formas de celebração, são de suma im-portância para o desenvolvimen-to e maturação da vida eclesial. A liturgia, expressão por excelência do mistério, é a referência pri-meira para a evangelização, as-sim como para a organização da vida pastoral das comunidades e igrejas particulares. Através do conhecimento, como contínuo e progressivo aprofundamento, abre-se a possibilidade de uma maior e eficaz participação de todos, a qual não deve ser reduzida a um mero ato de piedade ou a um preceito a ser cumprido. A liturgia é a fonte da vida mística e profética de cada batizado, na sempre atual parceria da Aliança com Deus, segundo o Mistério Pascal de Cristo. Hoje, muitas práticas estão equivocadas sobre o real senti-do do mistério celebrado, e sem noção e propriedade quanto à dimensão ritual oficial da Igreja. Faltam conhecimentos, do básico ao profundo, sobre o sentido da liturgia. Isso é notável através dos inúmeros registros e comparti-

lhamentos nas redes sociais e transmissões em televisão, como também através de uma análise que se pode fazer a partir da vi-vência pessoal numa assembleia. O culto, para muita gente, de ministros ordenados a leigos, tor-nou-se um lugar de apresentação e entretenimento, de espetáculos e homenagens, de performances surpreendentes, transformando o espaço celebrativo em um palco e a assembleia em um público que se arrepia e rodopia dian-te de precários efeitos visuais e sonoros. E os efeitos tornam-se contrários àquilo que a liturgia tem na sua originalidade: con-centração, oração, contemplação e comunhão. As assembleias litúrgicas sofrem mais e mais com as tendências que não passam de condicionamentos, ideologias e até interesses de muitos que não compreenderam e até não querem compreender o senti-do autêntico da fé e da tradição da própria Igreja. O assunto é delicado, sensível e requer mui-tas outras dimensões de análise histórica e teológica. Redescobrir a liturgia, co-nhecer os vários ritos, propiciar uma devida preparação de cada celebração pelas equipes junto aos ministros ordenados, in-

mundo litúrgico

cluindo possíveis vivências para aprofundar o sentido dos ritos, são meios para um trabalho pas-toral progressivo e eficaz, no objetivo de promover com qua-lidade a participação de todos. O caminho é promissor, mas exige abertura, foco, renovação da fé, trabalho pessoal e comunitário no campo afetivo e emocional, responsabilidade, parceria e, essencialmente, diálogo com maturidade. É necessário que a pastoral litúrgica (será que todas as co-munidades, paróquias e dioceses têm esse serviço?) seja o contí-nuo e incansável instrumento de formação, diálogo e aprofunda-mento para o bem celebrar, com direcionamento para atitudes concretas em prol da qualidade das celebrações. Caro(a) leitor(a), que tal, ainda neste princípio de ano, você inteirar-se para participar das formações litúrgicas de sua comunidade, paróquia ou dio-cese? E também divulgar tais eventos, motivando outros a participarem? Eis o primeiro e decisivo passo de transformação, diante dos presentes desafios da vida litúrgica! n

liturgia e aprofundamento

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O Salmo 94 celebra a rea-leza do Senhor, num convite constante, di-

rigido a todo o povo, de celebrar os louvores ao Deus Altíssimo, Senhor do céu e da terra. O ce-nário no qual o Salmo é entoado é o do Templo de Jerusalém, a morada do Deus Único e Verda-deiro, no qual, todo o povo reu-nido é convidado a reconhecer a presença daquele que liberta e salva e, diante Dele, entoar os seus louvores e hinos. Nessa atmosfera de louvação e júbilo, o salmista convida aos filhos e filhas de Israel a recordarem as grandes maravilhas que o Se-

Mas ouvi hoje a voz de Deus” (Sl 94)

“Não fecheis o coração,

caminhos da bíblia

nhor operou, são convidados a fazer uma memória agradecida dos gestos de bondade e amor que Ele realizou em favor do seu povo eleito. O Senhor é o mesmo ontem e hoje, nesse sentido, o salmista recorda a presença constante de Deus junto aos seus e o modo como os conduziu e protegeu em todos os seus caminhos. No refrão do Salmo se canta: “Não fecheis o coração, ouvi hoje a voz de Deus”, um apelo que sobe junto com a fumaça do incenso no Templo e chega aos corações do filhos e filhas de Israel, acolhidos na presença

do Senhor. Esse refrão é como um convite à escuta atenta da voz do Senhor, que é o mesmo sempre e que tem guiado o povo nos seus caminhos e em sua história. Sendo assim, esse sal-mo, tantas e de muitos modos entoado na Liturgia da Igreja, é uma palavra a ser acolhida e vivida no cotidiano. Algo que se confirma, pois, o salmista ao utilizar a palavra “hoje”, não se refere somente a um dia es-pecífico, mas ao arco de toda a vida, isto é a vida inteira. Sendo assim, torna-se um convite, di-rigido a todos, à escuta perene e constante da voz do Senhor,

vitória Fevereiro/201828

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Pastor e Guia de Israel. Aquele que ouve a voz do Senhor, busca a Sua Palavra é capaz de compreender e dis-cernir o caminho justo, aquele que conduz à uma vida segundo os valores do Evangelho. O Sal-mo 94 traz em si esse grande apelo para o tempo presente, marcado por tantas vozes e tan-to barulho, que não somente perturbam, mas, muitas vezes roubam a atenção para as coisas essenciais. De fato, por vezes, as pessoas se perdem em seus caminhos e são levadas por vozes que procuram chamar a atenção para propostas, objeti-vos e projetos completamente vazios de sentido. O cristão, chamado a seguir Jesus Cristo e ter em si as marcas do Evan-gelho, é convidado a ouvir a voz do Senhor, deixar-se guiar por ela e moldar-se pela sua força transformadora. Somente nesse contato íntimo com o Senhor, por meio da escuta atenta e constante de Sua Palavra é que

Pe. andherson FranklinProfessor de Sagrada escritura no iftAV e doutor em Sagrada escritura

“Não fecheis o coração,

são formados os verdadeiros discípulos missionários. Ho-mens e mulheres chamados a dar razões da sua Fé em todos os espaços da sociedade, ainda marcada por tanta exclusão, miséria, violência, que são sinais contrários ao Reino de Deus. Por isso, a escuta atenta da voz do Senhor, a que convida o salmista, é o caminho seguro para todos os que desejam dar passos firmes no seguimento de Cristo. De modo que, formados pela Palavra que vem de Deus, agraciados e libertos pela auto-ridade e pela força da Palavra, podem ser enviados a levá-la a todos que ainda a esperam e por ela anseiam. n

vitóriaFevereiro/2018 29

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ubu é local de lazer e descanso, bom para quem quer sair da rotina pesada

das grandes cidades e desfrutar de belezas naturais e encantadoras

vitória Fevereiro/201830

identidades

Nacionalmente conhecida por ter sido local de mo-radia de São José de An-

chieta, a cidade que leva o nome do santo e tem um belo litoral de praias formosas, originalmen-te era conhecida como Aldeia de Iriritiba (em Tupi significa Muitas Ostras), região em que o Padre Anchieta fixou a sua última residência. Uma das praias que se destaca é a de Ubu, um bairro pequeno que atrai turistas de vá-

Alessandro Gomes

praia de ubu, um recanto para as famílias

rias partes do Brasil, em especial das cidades mineiras. No local existem poucos co-mércios, apenas uma padaria, que vende alguns outros pro-dutos de primeira necessidade, um açougue – que vende até re-médios para dor de cabeça e de estômago – e um bar. Os demais comércios são uma lanchonete, um famoso restaurante – Moque-ca do Garcia - duas sorveterias e uma lanchonete, além dos quios-

ques à beira da praia. Quem precisa de supermer-cado ou farmácia tem se deslocar até a Sede de Anchieta, que fica a sete quilômetros de Ubu. Essa particularidade faz com que o local seja essencialmente residencial. Barcos de pesca, pequenos e grandes, desancoram diaria-mente da praia rumo às redes de pesca espalhadas pela enseada. Por vezes alguns desses barcos chegam à margem cheios de pei-

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antes do despertar do

Sol oS PÁSSaroS fazem revoadas

e cantam para receber o novo

dia, fato que encanta aqueles que escolheram

o local para descansar

vitóriaFevereiro/2018 31

outras praias próximas, sendo elas Parati e Castelhanos. Avista-se também a cidade de Anchieta. Carla Souza, mãe da peque-na Lia, de apenas dez meses, destaca as sombras feitas pelas grandes castanheiras, fato que possibilita que as famílias que tem crianças pequenas fiquem mais tempo na praia e que os pequenos possam aproveitar mais o momento de lazer. À noite o barulho do quebrar das ondas e da brisa leve tornam o sono mais agradável. Já antes do despertar do sol os pássaros fazem revoadas e cantam para receber o novo dia, fato que en-canta aqueles que escolheram o local para descansar. Ubu é local de lazer e descan-so, bom para quem quer sair da rotina pesada das grandes cidades e desfrutar de belezas naturais e encantadoras, porém no carnaval o local recebe muita gente que aluga casas para passar tempo-rada. Aí o agito é geral... Mas isso é durante o dia, pois à noite volta a calmaria peculiar de Ubu. Tudo isso faz da região um recanto para as famílias. n

xes frescos para serem vendidos para turistas e moradores. Segundo o tímido pescador Murilo, nativo de Ubu, a pesca é uma paixão e responsável por movimentar parte da economia local da cidade de Anchieta. Já para o turista carioca, José das Neves, Ubu é um “paraíso à parte, pois proporciona ares de local pouco habitado e ao mes-mo tempo próximo das cidades, inclusive do aeroporto de Vitória”. Com pouco mais de uma hora de viagem, pela ES 010 Sul, a famosa Rodovia do Sol, chega-se ao bairro. Pela manhã mães brincam com as suas crianças na areia, no início da tarde a juventude começa a chegar para pegar sol e no início da noite todos se jun-tam para caminhar na orla, jogar futevôlei ou conversar olhando o pôr do sol. A rua da praia é sem saída, terminando num dos locais mais bonitos e de águas calmas. No entanto, a região já foi muito prejudicada pela poluição da mineradora Samarco, uma vez que essa encontra-se instalada muito próxima. Nos últimos anos,

como a paralização da empresa, “a praia está mais limpa”, destaca o pescador Murilo Batista. A Moqueca do Garcia é tra-dicional na região e recebe, além dos turistas que frequentam a praia no verão e no carnaval, moradores de várias partes do estado, em especial da Grande Vitória que vão almoçar no local nos finais de semana. Devido a sua formação em curva, da praia de Ubu avista-se

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UM SUBSÍDIO ESPECIAL PARA A ATUAÇÃO DOS CRISTÃOS LEIGOS NA IGREJA E NA SOCIEDADE.“Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo.” (Mt 5,13-14)

LEIGOS E LEIGAS NA IGREJASujeitos na Igreja “em saída”José Carlos PereiraElaborado especialmente para o Ano do Laicato, este subsídio dedica-se à formação e atuação dos leigos na Igreja e no mundo, apontando caminhos para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna, à luz da Palavra de Deus.

Adquira na PAULUS Livraria de Vitória/ESRua Duque de Caxias, 121 — Centro – CEP: 29010-120Tel.: (27) 3323.0116 / WhatsApp: (27) 98120.0007 / [email protected] @editorapaulus

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Zygmunt Bauman

aspas

edebrande cavalieridoutor em ciências da Religião

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“Sonhamos com um mundo no qual possamos confiar e acreditar”.

Ao findar o Século XX, especialmente na passagem do ano 2000, era grande a expectativa das pessoas pelo novo

milênio. Um sonho era acalentado em cada pessoa. Parecia que todos estavam cansados de um século marcado por tantas desgraças como as duas guerras mundiais, os regimes totalitários, as crises econômicas e sociais, o esfacelamento das instituições. Como foram marcantes as celebrações e ações “rumo ao novo milênio”! O que temos 18 anos depois? Entramos no século XXI e as coisas fi-caram ainda mais estranhas. Já atingimos o tempo da pós-verdade. Ou seja, aquele referencial seguro que tínhamos como ver-dade deu lugar a ideias massificadas para a população, fazendo crer que isso seria a verdade; são crenças e até inverdades. Uma eleição não mais se decide com a propaganda eleitoral sobre fatos, mas sobre ideias, crenças, distribuídas ao léu nas redes sociais dando a impressão de termos alcançado o solo do verdadeiro. Criou-se uma coisa chamada algoritmo que numa determinada rede só conecta pessoas que pensam como você e têm o mesmo estilo de vida, dando a impressão que o mundo caminha desta forma. A rede virou dissimulação, enganação, ilusão pós-moderna. E assim o homem atual sofre cada vez mais de uma ânsia, um desejo de pisar em solo firme. Mas o que lhe acompanha é o medo, a insegurança, a incerteza. A falta de

esperança em nosso meio é desesperadora. Morre-se por inanição de utopia. Se tudo virou líquido, só nos resta nadar. Mas para qual direção? Os instrumentos da sociedade que apontavam o norte não funcionam mais. As próprias Igrejas vivem reféns desta angústia. Daí muitos se lançam na direção da autorre-ferência, da imagem, do status. A Igreja não está isenta deste mundo e nem livre do risco de naufrágio. Por isso fortalecer a esperança das pessoas, os sonhos de um novo céu e uma nova terra precisam ser alimentados. As pessoas hoje estão fugindo da res-ponsabilidade de pensar a própria situação infeliz. Não nos suportamos mais. E será neste contexto que teremos que encontrar um espaço para ocupar as pessoas, para tor-nar a incerteza menos pesada e a felicidade mais próxima. É preciso não deixar morrer a esperança. É preciso instituir novas utopias que alimentarão nossos desejos e nossas vidas. Calvino dizia que só há duas maneiras de superar o inferno: acomodar-se a sua exis-tência de modo a dar a impressão que não existe algo diferente deste lugar, ou buscar em seu meio coisas que não são o inferno e fazê-las durar. Talvez seja esta a grande tarefa prática dos sonhadores. Talvez seja esta a grande profecia nestes tempos líquidos. n

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sugestões

Vitória vista do mar

Lara Roberts

Já pensou em conhecer alguns pontos de Vitória de uma perspectiva diferente? Vista do mar para o continente, as paisagens da Ilha do Mel confirmam o que já sabemos;

Vitória é um lugar de uma privilegiada beleza natural, e seus edifícios, que misturam a arquitetura moderna e antiga, a

tornam ainda mais bela e charmosa.É possível conhecer a Ilha de Vitória e alguns pontos

do município de Vila Velha neste ângulo diferente, rea-lizando um passeio de escuna oferecido diariamente em dois horários, de manhã e de tarde, com saída do primeiro píer de Camburi.

A primeira bela vista que se tem no início de passeio é a orla da Praia de Camburi e a Ilha do Socó, onde reside uma família que vive da venda de peixes e mariscos.

Mais adiante são avistadas a Ilha Rasa, Ilha do Boi, Ilha do Frade e a Ilha do Papagaio (onde está instalado o Projeto Tamar). O passeio continua com as agradáveis paisagens da Enseada do Suá, seguindo em direção à Terceira Ponte. Do lado de Vila Velha são avistados o Morro do Moreno, Farol de Santa Luzia, Convento da Penha e a Prainha do Convento, onde ficam atracados os barcos de pesca.

Voltando o olhar para Vitória, um pouco mais à frente aparecem a Ilha da Fumaça, Ilha das Cobras, Ilha das Pombas, o Morro

do Moreno, o Penedo, e o Porto de Vitória. Muitas curiosidades sobre esses

locais são contadas pelo comandan-te da escuna, Ricardo Capiche,

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como por exemplo, a informa-ção de que o bairro Ilha do Boi recebeu este nome porque anti-gamente existia uma fazenda de gados muito conhecida no local. Com o aterro da Enseada do Suá, realizado na década de 70, o lo-cal deixou de ser uma ilha, mas o nome do bairro permaneceu.

Outra ilha cheia de curiosi-dades é a Ilha do Frade, que têm esse nome desde que pertencia a Companhia de Jesus. Embora tenha tido vários outros nomes, em virtude dos proprietários que teve, o nome mais forte e mais conhecido permanece até hoje.

A passagem da escuna por debaixo da Terceira Ponte, cujo nome oficial é Darcy Castello de Mendonça, dá a dimensão da grandiosidade desta construção, considerada a quinta maior pon-

te do Brasil, com uma extensão de 3.300 km e chegando a 70 metros de altura em seu vão principal.

A Praça do Papa, a Catedral de Vitória, o Palácio Anchieta e outras tantas obras arquitetôni-cas belíssimas também podem ser apreciadas enquanto algumas informações sobre elas são pas-sadas pelo comandante.

A vida marinha do entrono da Ilha de Vitória é riquíssima, pois o litoral da cidade é caminho para algumas espécies que se deslocam para outros estados, como a Bahia. Por isso, em al-gumas épocas do ano, golfinhos podem ser vistos durante o pas-seio. Os peixes, entretanto, estão

sempre ao redor da escuna.A única parada do passeio

acontece no píer do Museu Fer-roviário da Vale, onde é possível desembarcar para conhecer o local e apreciar um lanche no Café do Museu.

No retorno, o percurso é o mesmo, mas é mais uma opor-tunidade de conferir novamente todas as belezas dos municípios de Vitória e Vila Velha e de ver bem perto as embarcações gigan-tes que entram no porto.

O passeio é oferecido pela escuna Cores do Mar em dois horários: às 10 e 15 horas. As reservas podem ser feitas pelo telefone (27) 99944.4497. n

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Vander Silva viver bem

Carpe Diem

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“Carpe Diem” é uma expressão contra a vida procrastinada que nos provoca ansiedade. É traduzida popularmente

como “aproveite o dia”. Você em algum momento da sua vida já desejou que o dia tivesse mais do que 24 horas, ou que a semana tivesse mais do que sete dias para ter tempo de cumprir todos os compromissos? Se sua resposta for “várias vezes” este é um forte indício que estamos indo para um caminho muito ruim.

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O tal mundo moderno de que tanto falam tem provocado este tipo de ansiedade em muita gente. Parece que o mundo gira mais rápido hoje e o tempo corre cada vez mais depressa, sobrando cada vez menos tempo para desempenhar aquele monte de tarefas que temos que cumprir em nosso dia a dia. Há vários anos, quando falavam dos benefícios que a tecnologia poderia trazer às nossas vidas, umas das principais promessas era realizar tudo com mais velocidade. Aí ingenuamente eu pensei que iria sobrar mais tempo, mas ledo engano. Com o tempo que sobra, graças a agilidade tecnológica, surgem novas tarefas que consomem cada vez mais tempo nos forçando a seguir tudo em um ritmo muito intenso. É aí que a vida vai passando... Sobra tempo para estar com a família? Acompa-nhar os filhos crescendo? Ter um hobby? Encontrar amigos? Ficar de “papo pro ar”? Temos assim um tipo de procrastinação que nos faz adiar cada vez mais o que é bom para nós e ano após ano vamos empurrando para frente nossos sonhos e desejos na espera que um dia a gente poderá desacelerar e aproveitar mais a vida.

O problema é que adiamos tanto que aos poucos vamos esquecendo qual vida é esta que queremos aproveitar. Vou propor agora uma mudança de compor-tamento. Faça uma lista de prioridades para você. Mais tempo com a família? Hobbies comuns com pes-soas importantes para você? Ter mais tempo para simplesmente não fazer nada? Insira os elementos desta lista nas suas atividades cotidianas. Para combater a ansiedade devemos organi-zar a nossa vida e para organizarmos nossa vida é fundamental que organizemos o nosso tempo. Mas, isto não pode virar uma obsessão. Organizar o seu tempo, não é controlar o tempo. O importante é que possamos nos organizar de tal maneira que possamos cumprir nossas obrigações sem nos des-cuidarmos do que nos é importante. Conseguindo fazer isto, aos poucos vamos transformando o ato de saber viver com qualidade de vida em um hábito que vai fazer bem a você e as pessoas que lhe são queridas. Uma coisa você pode ter certeza: a sua presença é importante para muita gente. Então aproveite o dia, aproveite a vida! n

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as mensagens que a música e a poesia são capazes de transmitir e o sentimento que elas podem despertar nas pessoas que as ouvem são considerados pelo cantor, compositor e poeta José Vicente seus dois grandes legados. a fé e a esperança são presenças marcantes em seu trabalho autoral e tornaram-se para ele instrumentos de mudança de consciência e de atitudes para um futuro no qual exista amor, justiça e alegria pela vida.

Viver a música e cantar a poesia

Andressa mianentrevista

vitória - José Vicente, sua trajetória é longa cantando música mensagem. Quais os desafios de viver da música?zé vicente - Esse ano são 36 anos com a música. Antes da música, cerca de cinco anos an-tes, eu comecei com a poesia de cordel, que para nós no Ceará, no Nordeste, no “sertãozão”, é algo musical. É um estilo de poesia muito íntima de violeiros, im-provisadores, repentistas. En-tão, contando tudo, é uma boa caminhada. Desde o começo fui

gerado com essas influências; do cordel, do sertão, da Paraíba, do Ceará. Meu pai é da Paraíba, mi-nha mãe do Ceará, e eles batiam nas bacias de lavar roupa, aque-las bacias de ágata, improvisando uma música. Então, essa escola me ajudou a entender e viver essa mensagem, que é ao mesmo tempo é religiosa, popular, mas que ao mesmo tempo é cultural, do dia a dia, do cotidiano. Penso que ter isso como meta foi cla-reando, clareando e era como se fosse algo a me dizer que eu

podia cantar a men-sagem que é cris-tã, que é aberta,

que é cultural, que é social. Sobreviver

disso é assim: até 1988 eu fui agricultor,

professor, organizador de assistência comunitária e tive várias outras profissões.

Em 1988, eu descobri uma

coisa simples, se a música estava me chamando, eu iria apostar nisso. Cheguei com a carteira de trabalho e disse: pode dar baixa. Nunca mais ela foi assinada. Se a música me chamou, ela ia me dar comida.

vitória - Você também é poeta. As letras das músicas são todas suas ou também são feitas em parcerias?zé vicente - Bem, as duas moda-lidades. Eu sempre fui um cantor autoral, principalmente na músi-ca mais religiosa, celebrativa, que celebra uma fé transformadora, comprometida que nos impulsio-na para uma missão de abertura do grande lastro social, cultural, da natureza, do meio ambiente. Somos porta-vozes dessa história e cada vez que mergulho, acabo sendo mais exigente comigo tam-bém. Com relação às parcerias, desde o começo, essa história me

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entrevista

pareceu muito interessante. Para mim a parceria acontece quando estou junto, na presença da outra pessoa. Tenho parceiros como o José Martins, um grande amigo, e temos essa coisa de compor juntos, e com toda a liberdade ele chega e abre para mim um poema que nasceu dele. Com o padre Zé An-tônio, que é compositor das letras das Campanhas da Fraternidade, também funciona assim, com essa coisa de estar junto. É uma amizade na qual tenho toda liberdade de propor uma mudança para que a música fique melhor e vice-versa. Eu já compus muitas músicas de poemas de outras pessoas. Nesse trabalho mais recente, “Zé Vicente da Esperança”, aconteceu isso. É interessante quando o poema me puxa a música, isso é um processo muito interessante. Eu leio um poe-ma que alguém criou e se na primei-ra leitura me vem a música, acho que foi o poema que pediu e veio uma música que não me pertence. Acho que isso é uma boa receita de parceria. Com a irmã Rosana Pulga, que atualmente mora aqui em Vitória também é assim. Minha admiração por ela vem com a paixão que ela tem pela palavra. Acho que aquela paixão, aquele amor, aquela simplicidade popu-lar dela com a palavra, dá liberda-de dela me deixar um bilhetinho dizendo: Zé, olha ai! Eu olho e na

primeira leitura sobre a palavra e sobre o Mestre, me vem a música.

vitória - Qual é a principal mensagem que quer transmitir com suas músicas?zé vicente - Eu penso que a per-gunta é: O que as pessoas sentem quando escutam uma canção que eu compus, um poema que eu fiz? Acho que me considero um ser humano teimoso de esperança, encanta-do com a grandeza e com a beleza da vida, e não só da vida que se expressa pela religião, mas para além disso. Eu quero que minha música seja um instrumento de encantamento das pessoas não um doutrinamento.

vitória - Sua música tem influência de rit-mos nordestinos, é uma música alegre e que traz mensagens de esperança. Diante da atual situação que vivemos hoje no Brasil, de desesperança na política, na economia, ainda existe empolgação para compor

e cantar?zé vicente - Eu tenho esperança de alcançar aquilo que a gente não vê. O que estamos vivendo hoje no Brasil é quase como se fosse para não enxergarmos muitos caminhos de saída. É um grande teste. Se can-tei tanto, insisti tanto na esperança, eu vou continuar teimando que essa esperança que eu cantei e vou con-tinuar cantando e repetindo tantas vezes, essa utopia que eu consagrei minha caminhada a ela, não vai me decepcionar. Eu quero ver para além dessa sujeira, dessa falta de ética, dessa corrupção toda, dessa justiça que parece de encomenda nas mãos dos poderosos e deixando as multidões ao léu. Eu quero dizer que eu prefiro que essa música que eu fiz, seja sim trilha sonora da his-tória que nós não vamos abrir mão de construir. De direito, de justiça, de alegria, de vida. Quando eu vejo essa juventude sendo morta a cada

dia, nas periferias de todas as cidades do Brasil. Essas

crianças, esses idosos abandonados, essa multidão, sem saber

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Acho que me considero

um ser humano teimoso de esperança,

encantado com a grandeza e com a

beleza da vida, e não só da vida que

se expressa pela religião, mas para

além disso

para onde ir e muitas vezes sendo usada, inclusive em nome de Deus por falsos pastores, pregadores, em nome da fé, eu preciso afirmar que a profecia precisa se valer também, interna dentro das igrejas, mas para além disso. Interna dentro dos nos-sos movimentos sociais, mas para além deles. Interna desses que acre-ditaram que é possível construir um país a partir dos espaços políticos, mas é possível construir uma his-tória diferente apesar de tudo isso. Eu quero que a música, a poesia que eu acreditei de fazer, que eu optei por fazer, seja um pouquinho dessa trilha sonora que ajuda a gente a caminhar, sonhar, se encantar.

vitória - Alguma música em especial marcou sua trajetória?zé vicente - Com certeza Utopia. Há muito tempo eu dizia, mas a Utopia, ela é música: Quando o dia da paz renascer quando o sol da esperança brilhar, eu vou cantar... É sempre dizendo “eu vou cantar”, mas eu quero dizer que eu já quero cantar coisas que a gente provou. Nós provamos, nós somos testemu-

nhas de um tempo vivido muito cur-to, de que foi possível dizer assim: Poxa vida, é possível que os negros tenham espaço nas universidades, que as crianças tenham arte nas escolas, que as prisões precisam se abrir para outros caminhos, porque prisão não corrige, que a gente pos-sa ter cada vez mais a dignidade da mulher respeitada e ela protagonis-ta, chegando a ser presidente deste país, sendo respeitada e ajudada. Então, quem provou isso não pode nunca mais abrir mão de pensar que é possível.

vitória - Tem um tema do qual você tem preferência em falar

nas suas músicas?zé vicente - Tenho uma preferên-cia sim. O que eu não falei ainda, o mistério. Nós que vivemos nesta história, nunca achar que já dis-semos tudo o que tínhamos para dizer. As vezes eu tenho essa ten-tação, e quando eu gravei o último trabalho eu senti um pouco isso.Mas na medida que me aparece um ou outro parceiro me fazendo pronunciar palavras novas, coisas novas, penso que é tempo de si-lenciar um pouco, esperar essas novidades que vem. E vejo que tem várias coisas que ainda tenho que cantar. É como se fosse uma inquietação, como se eu tivesse esperando, aberto. Eu abro a janela e percebo que tem muitas coisas novas que ainda vão passar nesta rua, que estão nas esquinas. Enquanto eu tiver essa lucidez de viver, eu fiz 63 anos este ano, eu quero ter essa inquietação de crian-ça. Hoje meus melhores professores são meus sobrinhos netos e os meus vizinhos lá do sertão onde moro. Essas crianças com 2 e três anos estão me ensinando a dizes: olha existe a infância, existe a inocên-cia, existe a ousadia e ser criança, existe um poder profundo, divino que pulsa em nós. Então, eu penso que o melhor é deixar que o meu menino interno, que vive dentro de mim e nunca se deixou contaminar pelos medos que têm os adultos, que esse menino volte de novo a dialogar e possa se pronunciar. n

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giovanna Valfrécoordenação do cedoc

arquivo e memória

Abertura da Campanha da Fraternidade de 1997 no Ginásio Álvares Cabral

O Tema: A fraternidade e os encarceradosO Lema: Cristo liberta de todas as prisões

O público lotou o Ginásio

Dom Silvestre Scandian (de pé), Dom JoãoBraz de Aviz (na época Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória), padres e autoridades na cerimônia de abertura da CF 1997

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Lições de Francisco

Inspirações para

a Igreja

Iniciamos neste número da revista, nova editoria que procura tomar men-

salmente algum fato, fala ou ação do Papa Francisco e re-percutir em nosso meio. Já são cinco anos de seu pontificado e a cada dia que se passa o seu pastoreio penetra ainda mais nos diversos meios, especial-mente na vida cristã católica. Sua liderança e profetismo ul-trapassam as paredes do Va-ticano. Em diversos números da Revista Vitória publicamos artigos sobre temas pinçados de suas falas e viagens. E agora queremos continuar seus pas-sos em cada número.

A primeira motivação nasce bem antes de sua elei-ção como Papa e situa-se na realização da V Conferência de Aparecida. Ali ficou claaro, como ainda hoje, que o Concílio Vaticano II é o grande desafio para ser posto em prática. É triste vermos padres e semina-ristas nos dias atuais afirmando que este Concílio está supera-do! Como? Nem se concluiu sua

implementação pastoral. Talvez o desafio de tornar o Povo de Deus em “discípulo missioná-rio” esteja sendo suplantado pelas palavras fáceis e pelas imagens sedutoras que enchem as Igrejas e dão a impressão de caminho pastoral evangélico. Jesus não era de palavras fáceis ou de imagem sedutora. Era duro com hipócritas e fariseus. O Papa Francisco situa o cami-nho evangélico de ensinar a ver Cristo nos pobres e excluídos, nas periferias existenciais.

Naquela Conferência já se vislumbrava, sem ser conscien-te, o que haveria de acontecer à Igreja. Numa homilia proferida no dia 16 de maio, ao terminar, foi aplaudido por toda a assembleia. Não era discurso de candidato a nada. Não era discurso sedutor de palavras fáceis. Era como se todos reconhecessem em suas palavras a sua experiência pas-toral em Buenos Aires e era o que cada um gostaria de dizer. Elas tocaram o coração de cada um. Dizia o cardeal Bergólio que não se deve querer ser uma Igreja au-

torreferencial, mas missionária, adoradora e orante, em que cada um, junto com o Papa e os Pas-tores desta mesma Igreja, possa dialogar segundo o Espírito; na medida em que cada fiel se coloca como instrumento do Espírito é que se pode construir a Igreja.

“Caminhar e edificar” é o lema que leva o Papa a propor e se propor como exemplo cons-truindo a Igreja, saindo para as periferias e dialogando com todos. Sim, com todos. Sem pré-julgamentos. Sem sede de apli-cação das leis. Muitos acham que fazer pastoral é aplicar a legislação canônica e seguir o rito. Daí nascem os julgamen-tos e as excomunhões de todo tipo. Esta editoria quer ser na Revista Vitória um espaço deste caminhar e edificar, destacan-do as estradas percorridas, os becos, as pontes, as pinguelas, os viadutos, que a figura do su-cessor de Pedro mostra para toda a Igreja e para o mundo. n

edebrande cavalieridoutor em ciências da Religião

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pergunte a quem sabe

Tem dúvidas? Então pergunte para quem sabe. Envie sua pergunta para [email protected]

religião

como o católico deve se comportar no carnaval? Comemorar, festejar e celebrar, é próprio do ser humano. Relembrar os

fatos significativos fortalece a identidade do indivíduo, confirma a pertença

a um grupo e a um povo. É a forma de manter viva a sua história.

Cada cultura tem suas tradições, seus costumes e seus valores, que se

perpetuam na medida que são festejados ou celebrados. A MEMÓRIA aju-

da a re-LER e a re-SIGNIFICAR a HISTÓRIA. Daí a importância de celebrar

fatos próprios das fases da vida de cada indivíduo e fatos comuns a todos,

de festejar as datas cívicas, e a importância de celebrar o que se refere a fé

de um povo. É saudável quando se congrega a família, comunidade, amigos

ou mesmo um povo.

Reunir para festejar ou celebrar é parte da nossa cultura. É importante,

é necessário.

O PROBLEMA surge quando o encontro dos indivíduos é trabalhado para

que o COMEMORAR seja COMER e BEBER, e dar vazão a toda forma de

exploração do outro como objeto. Acentua-se assim a fantasia e o prazer; o

compromisso com a VIDA fica de lado.

O carnaval que começou com sentido religioso adquiriu uma conotação

bem diferente.

Quem tem a compreensão de que é IMAGEM e SEMELHANÇA da divindade

sabe em qualquer circunstância agir com prudência e equilíbrio. Age com

sabedoria.

São Paulo adverte e exorta: Tudo me é permitido, mas nem tudo me

convêm. O que fizerem por palavras ou ações façam em nome de Cristo.

Celebrando a caminhada com Cristo celebra a VIDA.

Frei José Diniz dos Reis pároco na Paróquia Epifana do Senhor aos Reis Magos,

Nova Almeida

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educação

saúde

a ansiedade pode ser tratada sem o uso de medicação? Sim. A ansiedade pode ser tratada sem o uso de medicação, dependendo

do seu grau de comprometimento da vida social, biológica e comportamental

de uma pessoa. O primeiro passo ao perceber sintomas clássicos de ansiedade

como; pensamento acelerado e/ou recorrente, taquicardia, sono não reparador,

cansaço crônico, dificuldade de concentração e irritabilidade, é procurar um

psicólogo para uma avaliação e acompanhamento psicoterápico. No processo

psicoterápico, faz-se uma análise dos fatores comportamentais e ambientais

causadores de angústias e estresses que levam ao processo ansioso adoecedor

dentro do cotidiano da pessoa. Mas, quando a pessoa passa a ter sintomas de

ansiedade por um período prolongado, de maneira que suas atividades diárias

estejam comprometidas e dificultadas, se torna necessário uma avaliação psi-

quiátrica para uma possível intervenção medicamentosa.

e possível um ensino de qualidade à distância? Por ser um país com dimensões continentais, existem desafios significativos

para levar conhecimento e formação acadêmica a todas as partes do Brasil. A

Educação à distância surgiu nesse contexto como uma alternativa que pode ser

eficaz. Com a melhoria das comunicações no Brasil, possibilitando que a internet

seja mais estável e veloz, a educação à distância pode atender a um público que

tem dificuldade de deslocamento, preocupa-se com custos de transporte e busca

qualificação profissional. Entretanto, as dificuldades de organização e disciplina

dos alunos, bem como a falta de objetivos claros e maturidade resultam em taxas

de evasão altíssimas, muito acima do ensino presencial tradicional. Por que isso

vem acontecendo? Primeiro, que no intuito de melhorar as taxas de acesso ao

ensino superior, o governo brasileiro permite que sejam criados pólos de ensino

100% à distância em grandes centros, o que é um grande erro, uma vez que, o

aluno formado nesta modalidade terá que concorrer no mercado de trabalho com

alunos que tiveram acesso ao ensino presencial, o que sem dúvida, é muito mais

eficiente na capacitação. Segundo, o comportamento do estudante brasileiro ainda

não se alinha a essa forma de estudo. É possível uma formação com a educação

à distância? Sim, porém intercalando com a modalidade presencial na mesma

formação, com carga horária significativa.

Katiuscia Felix BertuaniPsicóloga

Marcelo Loyola FragaEconomista e Coordenador

Geral de Cursos da Faculdade PIO XII

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acontece

Abertura da Campanha da Fraternidade 2018

Jubileu de 60 anos da Arquidiocese de Vitória

O mundo muda, você evoluie a gente acompanha.

INSCRICOES ABERTAS

4009-4200marista.edu.br/inscricoes

preparado

A Campanha da Fraternidade de 2018 nos faz um convite à superação da violência por meio do reconheci-mento de que todos somos irmãos. Na Arquidiocese de Vitória, a Missa de Abertura da Campanha será celebrada pelo Arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela às 9 horas do dia18 de fevereiro no Campinho do Convento da Penha.

No trajeto da subida do Convento, os fiéis en-contrarão representações das formas de violência que acontecem em nossa sociedade, propondo a todos uma reflexão sobre o assunto. A todos que comparecerem à missa de abertura, é pedido que vistam camisetas brancas, simbolizando a paz que tanto necessitamos.

A abertura do Jubileu de 60 anos da Arquidio-cese de Vitória acontece às 19 horas do dia 22 de fevereiro na Praça Pio XII, local onde está localizada a estátua deste Papa que foi responsável por elevar à Diocese de Espírito Santo à categoria de Arquidio-cese Metropolitana. Em seguida, os fiéis seguem em caminhada até a Catedral Metropolitana de Vitória, onde Dom Luiz Mancilha Vilela presidirá a Celebração Eucarística em comemoração ao jubileu. Durante a missa acontecerá o envio da imagem peregrina de Nossa Senhora da Vitória, que percorrerá todas as áreas pastorais.

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