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    ATUALIDADE DO PENSAMENTO GRAMSCIANO: A ESCOLA E AS POSSIBILIDADES

    PARA A CONSTRUO DE UMA NOVA ORDEM SOCIAL

    Thiago Augusto Divardim de Oliveira1

    ResumoMarx percebia que a escola colaborava para a continuidade do capitalismo, a partir da

    manuteno do status quo da burguesia, sendo assim o autor no percebeu a escola como elemento

    favorvel a superao da sociedade dividida em classes, e sim como algo que mudaria com a

    revoluo do proletariado. O presente texto busca discutir e revisar a bibliografia de Gramsci sobre

    a escola, uma vez que este autor percebeu a escola como um dos elementos da superestrutura que

    possuem a possibilidade de preparar para a superao do capitalismo. Assim o texto aponta

    proximidades do pensamento gramsciano com a discusso de Marx a partir da ideia da escolaunitria, com as caractersticas atuais da educao, e finaliza com uma discusso a respeito das

    possibilidades atuais no ensino de histria que possibilitam uma aproximao com as ideias de

    Gramsci, principalmente sobre o ensino de forma menos deturpada e mais prxima da produo do

    conhecimento de acordo com a Cincia e com o humanismo filosfico.

    Palavras-chave: Gramsciescola unitriaeducaoconscincia histricadidtica da histria

    A escola unitria: o pensamento dos revolucionrios aplicado a educao

    As reflexes do autor sobre a escola e a educao encontram-se nos chamados Cadernos do

    Crcere. A escrita dos cadernos foi realizada a a partir de 1930 quando recebeu permisso para

    estudar. Escreveu comentrios, reflexes, a maior parte dos textos no so elaboraes

    sistematizadas, devido as condies da escrita na priso, em cotidiano de sobrevivncia, com sries

    de espancamento ao longo da vida carcerria entre outros detalhes indescritveis.

    O caderno que trs mais contribuies sobre o tema da Escola o caderno 4 (notas amplas e

    sistemticas sobre a escola e sobre o 'princpio educativo' relacionado a relao entre trabalho

    intelectual e manual como formao humana). Entre suas maiores contribuies destaca-se a srie

    sobre os intelectuais e o problema escolar.

    Entre as primeiras notas, Gramsci faz consideraes sobre a importncia do marxismo e

    sobre duas formas diferenciadas de sua utilizao. Critica o que chama de m utilizao do

    marxismo, marxismo positivista que encara o mundo real como um caminho evolutivo ao

    comunismo e que no percebe fatores importantes na sociedade que interferem no processo, a

    1 Graduado em Bacharelado e Licenciatura em Histria pela Universidade Estadual de Ponta Grossa , Mestrando emEducao pela Universidade Federal do Paran e bolsista REUNI.

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    cultura principalmente. Tal utilizao se percebe como uma cultura superior capaz de iluminar as

    massas.

    Em seguida Gramsci critica as filosofias de sua poca que segundo suas anlises no eram

    capazes de explicar as contradies do mundo e formar um programa de estudos coerente. Quando

    utilizam o marxismo o fazem de forma combinada com outras percepes do real, como osidealistas. De um lado o materialismo exacerbado e de outro o idealismo sem ao. Gramsci indica

    que quando se trata de cultura, ou desenvolvimentos culturais preciso levar em considerao a

    organizao da cultura e as pessoas que expressam. Apenas quando se cria um Estado necessrio

    criar uma cultura, ento deve-se comportar como crtico e romntico, de acordo com o que prope

    com a concepo histrico-crtica do mundo.

    Gramsci realizou a leitura das obras de Marx de maneira adequada ao mundo de seu tempo,

    a partir da viso estrutural da sociedade percebia a realidade dividida em: Estrutura ( maneira de seproduzir, cosmoviso produto, nas mos de quem esto os meios de produo, terras e indstrias) e

    Superestrutura (cosmoviso instrumento, paradigmas, filosofias, ideologia, direito, ESCOLA.

    Conjunto de explicaes criadas para justificar a realidade histrica).

    Ento afirmou que a cincia uma Superestrutura, e possui suas razes ideolgicas no trato

    com determinados assuntos, por isso no era o maior entusiasta da Cincia, a no ser que o

    capitalismo fosse superado e as condies de produo de conhecimento fossem alteradas com

    vistas a igualdade social. Mas considerava que a classe trabalhadora pode apropriar-se do

    conhecimento sem submeter-se as questes da ideologia, utilizando a cincia a seu prprio favor.

    Gramsci no acreditava em uma natureza humana fixa e imutvel, e sim na histria da

    natureza humana, assim como a racionalidade fruto de um processo histrico complexo, a

    natureza humana tambm. O marxismo trouxe esta percepo, a natureza humana no imanente.

    Gramsci reconhece o valor de perseguir melhorias, o valor filosfico e poltico da utopia, mas

    percebe os acontecimentos a partir de questes ideolgico-culturais..

    Esta convico o leva ao pensamento sobre a escola, acredita na construo histrica da

    racionalidade, da poltica, da ideia de natureza humana. O conhecimento s pode surgir a partir das

    relaes concretas, o desenvolvimento do homem se deu pelo trabalho em uma relao de interao

    dialtica com a natureza. Defendeu portanto uma escola que pudesse colocar os seres humanos em

    contato com o que tornou possvel a atualidade, atravs do que chamou Escola Unitria queria que

    o trabalho intelectual e manual fossem complementares na formao humana, desde a escola e que

    assim continuasse pela vida adulta.

    A base do pensamento da escola unitria est principalmente em Lnin, Marx, e nos

    filsofos iluministas. Um comentrio de Lnin sobre o assunto citado em seus cadernos. No

    trecho que trata da escola unitria do projeto bolchevique que est pautado em alguns autores

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    iluministas, entre eles Lavoisier.

    Para entender o pensamento de Gramsci no se deve deixar de lado qual era seu horizonte de

    expectativa em relao a sociedade e a funo da escola em relao a esta expectativa. Entre suas

    fontes de estudo sobre a escola faziam parte materiais do partido comunista sovitico a respeito da

    organizao e funo da escola, mais especificamente a partir da reviso do programa de 1903 quefoi realizada por Lnin, j no poder, e por Krupskaia, sua esposa, redigido em 1917. O documento

    tambm defende uma escola nica.

    A crena de Gramsci na Escola Unitria, basicamente gratuita e obrigatria at os

    dezesseis anos, que coloque os indivduos em contato com a politecnia e oferea condies aos

    indivduos entrarem em contato com o trabalho socialmente produtivo.

    Krupskaia considerava em suas reflexes as contribuies de filsofos iluministas (agentes

    da revoluo francesa, como Condorcet), reflexes de Rosseau e um elemento sempre presente, aimportncia do trabalho na formao humana. Estudou o vnculo instruo-trabalho nos filsofos e

    em contribuies relacionadas a pensadores do processo revolucionrio na Rssia. Gramsci leu e

    defendeu as contribuies de Krupskaia e Lnin, no sentido da Escola unitria que daria as bases

    para a construo de uma nova ordem cultural, social e econmica, o socialismo.

    De acordo com as condies em que Gramsci realizou seus estudos no podia esclarecer

    suas referncias a todo momento, pois a censura j consumira parte de seus estudos. Porm, a partir

    das referncias identificadas, alguns estudiosos de seus textos como Mario Manacorda na Espanha

    ou Carlos Nelson Coutinho no Brasil, foram as suas referncias sobre a URSS e sobre a Revoluo

    Francesa, e foi possvel esclarecer certos questionamentos.

    Os intelectuais formam uma classe a parte?

    Uma das mximas do pensamento Gramsciano a afirmao de que Todos os homens so

    intelectuais, em qualquer forma de trabalho, por mais simples e repetitiva, h sempre alguma

    atividade intelectual naquela forma de trabalho. Mas h diferenas em relao aos intelectuais nas

    sociedades. Seriam os intelectuais uma classe a parte? No. Cada classe constri seus intelectuais, o

    autor os divide em duas categorias: tradicionais e orgnicos, podem atuar na trama privada ou no

    estado, os primeiros nascem em funo de determinada classe, o clero por exemplo, historicamente

    exerce suas foras de dominao e manuteno de seu status quo.

    No entanto s pode haver trabalho intelectual se houver uma condio social para manter

    alguns indivduos afastados a maior parte do tempo do trabalho manual produtivo. A atividade

    intelectual s pode existir de acordo com o trabalho de outros, e mesmo o trabalho proletarizado,

    mesmo que minimamente, possui atividade intelectual criadora. O que importa na viso

    gramsciana onde a atividade est inserida no mbito das relaes sociais. Pois todos os trabalhos

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    contm esforo, atividade intelectual e importncia no seio da sociedade.

    O Estado por sua vez trabalha para unir os diferentes intelectuais em um nico objetivo,

    manter sua hegemonia cultural. Este um dos mbitos da relao entre Estado e Sociedade Civil. O

    conceito sociedade civil em Gramsci significa apenas um momento da superestrutura, momento da

    hegemonia. Se a fora e o domnio est no consenso, todo Estado precisa de vrias instituies ,jornais, escola, editoras, institutos culturais, para transmitir os valores dominantes. Para Gramsci,

    aproximar os intelectuais e transform-los em intelectuais polticos uma das questes

    fundamentais, (pois no se deve perder o horizonte revolucionrio do autor), mas este texto, a partir

    da sistematizao das obras j citadas, se dedica ao pensamento gramsciano sobre a educao, e o

    Estado cuida das relaes educativas da escola.

    As vrias escolas da sociedade e a proposta de escola em GramsciTratando da organizao da escola e cultura, o autor apresenta a percepo de que as

    relaes que caracterizam a organizao social criaram uma separao entre teoria e prtica. As

    pessoas que dominam os processos de produo do conhecimento ocupam lugares sociais diferentes

    das pessoas que utilizam tais conhecimentos de maneira bizarra para a manuteno da existncia.

    Assim a sociedade cria escolas tcnicas a medida que precisa formar quadros para trabalharem em

    novas tecnologias. Ao invs de formar os cidado de maneira completa, forma um nmero reduzido

    de profissionais que dominam o conhecimento e que ensinam partes para que outros possam

    produzir a partir do conhecimento fragmentado. Um dos grandes problemas gerados a partir disso

    que se tem criado escolas, crculos especializados, mas no h homogeneidade de seus quadros,

    gerando crise na escola e na ao dos intelectuais.

    Teoria e prtica vem se confundido no seio da sociedade, mas no do ponto de vista indicado

    por Gramsci, a formao completa do ser humano, mas tornando o acesso a formao humana uma

    coisa bizarra, fragmentria, um sistema catico que prejudica a cultura e o ensino. A prtica se h

    feito terica e a teoria se h feito prtica. Isso significa que o processo de construo da tecnologia,

    a produo do conhecimento reduzida na formao, e a prtica tm utilizados materiais

    complexos em sua produo intelectual. No h domnio do conhecimento entre as pessoas que

    esto prximas, no processo produtivo, do que fruto do conhecimento.

    As mudanas na sociedade no momento em que Gramsci escreveu o levaram a perceber a

    existncia de duas escolas diferenciadas, escolas de cultura e escolas profissionais, uma clssica e

    outra manual. A escola clssica tradicional de cultura ligada a classes mais privilegiadas, e por

    outro lado a escola mais nova, profissional preocupada com produo, destinada a classe

    trabalhadora. Mas a questo da oligarquia na escola tradicional no est ligada ao que se ensina, e

    sim ao fato de que cada classe possui suas escolas.

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    A escola defendida por Gramsci alm de nica em relao a todas as classes, valoriza o

    profissional para negar a cultura e nega o profissional manual para valorizar a cultura. Props abolir

    as escolas tcnicas desprovidas de cultura, e defendeu a mudana das escolas para que

    proporcionem formao cultural e tcnica. a escola de formao humana completa. Queria

    romper com a velha racionalidade para a criao de uma nova, atravs da sua crena no novohomem e nova sociedade, sem classes. Parte disso seria proporcionado por uma escola intelectual e

    manual, com capacidades manuais e intelectuais, para que as pessoas se formam para pensar e

    trabalhar, ou melhor, para trabalhar manual e intelectualmente.

    No h duvida que Gramsci ao falar sobre o trabalho industrial produtivo como parte

    importante na formao humana, mostra suas influncias relacionadas a Marx e as incorporaes de

    Marx no pensamento de Lnin. O autor indicou o caminho de uma mudana pensada a luz da

    tradio revolucionria e concreta, porm repensada atravs de anlise fina da realidade escolaritaliana. Mesmo com posicionamento que vislumbra a construo do socialismo o autor estabeleceu

    uma crtica ao que chamou de dogmatismo conservador que ocorria no momento na URSS,

    indicava a necessidade de encerrar o dogmatismo da escola staliniana.

    Da escola unitria prope que se passe as escolas especializadas profissionais, em sentido

    amplo. Gramsci havia criticado o fato de que cada escola na sociedade de classes cria crculos

    prprios de cultura o que acaba reforando a separao entre os que dominam o conhecimento e os

    que executam a partir dos conhecimentos produzidos por anteriores. Ento prope um novo modelo

    cultural, os intelectuais devem formar crculos de cultura e divulgar o conhecimento, pela imprensa

    e assim criar uma nova cultura, um novo caminho, outro caminho cultural.

    A imprensa material da ideologia, os crculos culturais que o autor prope poderiam

    discutir trabalhos da imprensa at chegar a textos finais, que dem conta da informao, pensada no

    sentido de formar de acordo com o humanismo. Os crculos de cultura tambm poderiam redigir

    indicaes metodolgicas, para colocar todos ao nvel de conhecimento dos que participam das

    escolas especializadas profissionais, colaborando para a formao de uma nova sociedade

    democrtica. Todos os cidado deveriam participar de algum crculo de cultura e se aproximar de

    uma das pessoas dedicadas mais ao trabalho intelectual e que esta ajudasse os trabalhadores, pela

    maiutica, a criar ritmo de estudos, mesmo um estudo 'taylorizado'. Se a imprensa material da

    ideologia que se quer superar, necessrio alterar seu funcionamento, assim como a escola. No se

    deve apenas esperar a revoluo acontecer para que depois sejam mudados. Imprensa e Escola tem

    seu papel fundamental na base que prepara a revoluo socialista.

    A prpria imprensa poderia desenvolver um ritmo extremamente organizado para conferir as

    produes. Apesar da formao completa das pessoas em relao a escola unitria, os especialistas

    em determinados assuntos precisariam escrever e enviar seus textos de formao para outros

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    especialistas avaliarem. Os demais mandariam comentrios e notas sucintas que seriam levadas em

    conta, cada um poderia fazer isso com o texto dos outros. As discusses, notas e comentrios

    seriam arquivados, e como registros poderiam ser utilizados de vrias formas. Tal forma de conduta

    na imprensa geraria organicidade e aprendizado, atravs dessa organizao que Gramsci percebeu

    como certa taylorizao do conhecimento. Cada crculo deve seguir atentamente as regras comomolcula de uma grande estrutura.

    No quer dizer com isso a reduo a uma funo repetitiva, mas a disciplina e a repetio

    em busca de formao, pois vislumbra uma nova sociedade que prepara para o trabalho manual e

    intelectual no como mbitos separados, mas parte do mesmo processo. A escola educaria

    intelectual e industrialmente as novas geraes, a formao destas seria pensada como formao de

    novos seres humanos que devem levar a sociedade a novas estruturas, formar os cidados dirigentes

    (cidados como novos prncipes, em relao ao Prncipe de Nicolo Machiavelli).A Escola unitria deve aproximar teoria e prtica, prtica e teoria, uma vez que na sociedade

    de classes tais questes foram seccionadas. J que este posicionamento foi colocado mais de uma

    vez ao longo de suas reflexes do caderno 4, Gramsci tambm indica como deveria ocorrer as

    divises escolares e at mesmo que estrutura fsica deveria ser utilizada.

    Os graus de ensino devem ser estabelecidos a partir de questes subjetivas e psicolgicas,

    mas tambm deve ter objetivos a alcanar, deve-se introduzir autonomia intelectual na escola.

    Gramsci fez reflexes a partir de sua estadia na URSS, mas no citou devido a censura, esta sua

    referncia boa parte do tempo.

    A importncia do Estado na participao financeira da escola grande, pois para que haja

    eficcia o nmero de alunos no pode ser exagerado em relao ao nmero de professores. As

    escolas precisam ter dormitrios, refeitrios, bibliotecas especializadas, salas adaptadas ao trabalho

    em forma de seminrio entre outras necessidades. Indicava que de incio nem todos tivessem acesso

    a determinados graus de ensino, pois h necessidade de construo de escolas neste nvel, enquanto

    isso jovens selecionados poderiam estudar e formar-se para depois trabalhar na formao voltada a

    populao.

    Gramsci discutiu a existncia de um mbito social de decises e disputa por hegemonia, que

    em um emprstimo de Hegel chamou de sociedade civil, mas enquanto para este a sociedade civil

    era complexo de relaes ideolgicas, e para Marx das relaes materiais, Gramsci trs a

    contribuio da percepo do real como complexo das relaes ideolgico-culturais. A escola

    pensada um nexo entre o que ocorria na URSS e o que sugere que ocorra com a nova sociedade

    na Itlia. Em determinados momentos Gramsci utiliza verbos no presente e remete ao que ocorre na

    URSS, e em alguns momentos utiliza verbos no futuro pensando o que dever acontecer na Itlia.

    Diante de sua compreenso da formao humana atravs do contato com o conhecimento e

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    com a funo que a escola cumpre enquanto instituio social, deveria ser dogmtica no incio da

    formao para educar nos princpios do socialismo. O ensino elementar seria baseado nos

    princpios do marxismo, instruo de base, durante trs ou quatro anos. Quatro anos de ginsio,

    dois de liceu, um total de nove ou dez anos. A criana que entrasse na escola com seis anos poderia

    completar a escola unitria com 15 ou 16 anos. Neste momento do quarto caderno quando trataespecificamente da escola unitria seus tempos verbais se confundem, verbos no presente lembram

    a URSS, e verbos no futuro dizem respeito aos seus planos para a Itlia.

    Escola e sociedade

    A relao entre a escola e a sociedade em seu pensamento bastante explcita. A escola

    colocaria os indivduos em um processo de aprendizado que desde o incio pensado em relao a

    sociedade socialista, formar o novo homem. Disciplina e vida coletiva e ensino recproco,momentos de convivncia, desde os anos que precedem a escola unitria, portanto antes dos seis

    anos. E se a escola deveria ser dogmtica no incio, porque o liceu deve ser uma escola criadora e

    aqui a autodisciplina intelectual fundamental para se atingir possibilidades ilimitadas em relao ao

    desenvolvimento para a sociedade.

    O Estado deve arcar com as despesas relacionadas a educao, s assim pode-se garantir a

    igualdade independente de classes ou castas. A escola deve ocupar o cargo de, depois de

    amadurecer o indivduo, inser-lo na sociedade atravs de uma atividade, amadurecer significa

    tornar-lo capaz de agir socialmente.

    Na crtica da educao e do ensino, Marx e Engels apresentam algumas convices que

    esto presentes no pensamento de Gramsci. A diviso do trabalho considerada assassinato de um

    povo, Gramsci estende tal compreenso para a diviso do trabalho na sua relao com o

    conhecimento. Marx e Engels tambm sugeriam que o desenvolvimento natural dos humanos

    ocorreu a partir da relao do homem com a natureza pelo trabalho, e se foi necessrio trabalhar

    para comer, defendem que toda criana com nove anos deve aprender tambm com um trabalho

    produtivo. A escola unitria defendida pelos autores do Capital foi incorporada com atualizaes no

    pensamento gramsciano.

    Mas Gramsci tambm levou em considerao as contribuies da psicologia cientfica em

    seus pensamentos sobre a escola. Para ele a escola como estava organizada na Itlia naquele

    momento fazia com que se saltasse de um dogmatismo a uma autonomia inorgnica. Ao contrrio

    ele props que os estudos do liceu fossem acompanhados com muito cuidado por se tratar de uma

    fase transitria, a educao depois da puberdade importantssima para o desenvolvimento de

    valores humanos fundamentais. Humanismo no sentido de uma nova sociedade.

    Marx e Engels fizeram relaes entre a educao que os proletrios no tiveram, e que por

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    seus filhos crescerem nas fbricas, trabalhando, mas sem receber educao moral, valores e

    instruo, a sociedade encontra problemas no futuro. A escola deveria ser o espao de relao com

    o conhecimento e com o trabalho, entendido como relao do homem com o meio e portanto

    produtor de cultura, conhecimento, forma de humanizao.

    Gramsci acrescentou que no se deve deixar apenas para a universidade o estudo dosmtodos de produo do conhecimento, isso deve iniciar na escola. Desde o liceu deve haver estudo

    do mtodo cientfico, estudos criativos e no apenas de recepo. Toda escola deve ser uma escola

    ativa para ser criadora. Rechaa o espontanesmo, mesmo sem desconsiderar os conhecimentos

    prvios dos alunos sobre os assuntos da escola. A escola criadora no de invenes, mas de

    formao, no para inventores e descobridores, mas um lugar onde o esforo e a aprendizagem

    vem do aluno, e o professor exerce a funo de mestre amigvel. Coloca os indivduos em relao

    ao conhecimento, precisa ter atividades fora da sala de aula como seminrios, bibliotecas, e osgabinetes experimentais para orientao profissional.

    Depois do liceu vem a preparao para universidade. Gramsci sa do tema nico da escola e

    esclarece um pouco sobre suas formas de perceber as relaes entre instruo e profisso, e entre

    escola e a vida em sociedade, entre cultura e profisso. A nova escola, a escola unitria no pode ser

    pensada fora do vnculo cultura-profisso. O trabalho um figura central para a compreenso da

    sociedade e para a formao humana, uma educao elementar e mdia que eduque bem para

    atividade manual e intelectual, que eduque sobre a importncia disso no coletivo.

    Mesmo sobre a universidade, entre as notas esparsas sobre a educao, Gramsci desvelou

    crticas ferrenhas a universidade, boa parte delas ainda atuais. Principalmente sobre a falta da

    pesquisa como parte da formao, o contato esparso entre os professores e os alunos, e alm de

    indicar condies que universidades poderiam proporcionar a sociedade e muitas vezes isso no

    ocorre. Atas so comparadas a cemitrios de pesquisas que nunca chegam as pessoas.

    As contribuies do autor sobre a escola podem parecer confusas, com vrias digresses ao

    longo do texto. Mas isso em alguns momentos se deve a lgica em que as reflexes foram

    compostas, mas o conjunto de seu pensamento conciso, coerente e vlido.

    Trotski e o Americanismo

    O corolrio do pensamento de Gramsci que h atividade intelectual em todas as formas de

    trabalho e necessrio desenvolver e equilibrar esta relao. Marx no viveu para perceber uma

    relao que Gramsci descreve: o princpio educativo presente no trabalho atravs de duas

    experincias diferentes em relao ao fim, mas parecidas na prtica, o fordismo americano e os

    exrcitos profissionais implantados por Trotski na URSS.

    Para gerar um acumulao que tornasse possvel elevar a condio de vida da populao

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    sovitica de forma igualitria foi preciso implantar o trabalho na sociedade de forma bastante rgida

    o que Gramsci chamou de fordismo sovitico. Concordou com Trotski sobre a importncia da

    ao, mas no com a fora coercitiva com que ocorreu, pois passou do limite que poderia gerar uma

    educao que influenciasse na cultura da populao, foi uma regra que veio de cima e com fora

    demasiada, pouco racional no sentido do humanismo, ainda que se compreensvel em relao aomomento histrico.

    Gramsci considerou importante estudar a relao entre o fordismo e o trabalho sistemtico

    da URSS como elementos formadores de cultura, como elementos que geram uma educao social,

    o esforo coletivo que para o autor colabora para a formao do novo homem. A ideia a existncia

    e formao de uma 'conscincia do fim', lgicamente no considera que o caminho do fordismo e

    taylorismo sejam os melhores, reconhece a educao que isso gera, mas reconhece como algo sujo,

    pois critica a explorao do trabalho. Considerava brutal no se preocupar com o trabalhador, comsua espiritualidade, com seu acesso e condies de acesso a cultura, as humanidades.

    O trabalho artesanal estaria para ele mais prximo do humanismo, raciocnio bastante

    semelhante ao de Marx, em sua crtica ao desenvolvimento da sociedade capitalista, que alterou as

    relaes sociais: rasgou o vu que existia nas relaes familiares transformando-as e relaes

    monetrias (Marx, 1848). Acabou com o domnio do trabalhador sobre o processo de produo de

    seu artesanato, as mquinas e a diviso do trabalho sequestraram o conhecimento e a liberdade do

    trabalhador.

    Continuidade e descontinuidade

    Antes da chegada do fascismo italiano ao poder, Gramsci enquanto jovem acreditava que o

    Estado deveria relegar aos socialistas o cuidado com a educao para que o proletariado recebesse

    educao voltada ao socialismo. Mas reconhece que a universidade no estava submetida as

    mesmas regras dos outros nveis de educao. A igreja que dominava a maior parte do ensino

    superior, e mesmo assim boa parte de seus elementos no atingiam tal grau de ensino. Enquanto

    outras pessoas, jovens talentosos eram formados com qualidade pela igreja, mesmo sem pertencer

    as classes dominantes. Porm Gramsci sempre defendeu uma universidade que garanta formao

    unitria e homognea, voltada aos conhecimento para melhorar a sociedade.

    A questo que impede a diviso de classes. At nos seminrios jovens inteligentes no

    podiam estudar ao mximo do potencial porque uma srie de privaes ao longo da vida limitavam

    tais pessoas. O Professor marxista Ivo Tonet da Universidade Federal da Paraba, de acordo com

    uma palestra proferida na Universidade Estadual de Ponta Grossa, disse que estudou em seminrios

    e que no incomum encontrar nos mesmos a existncia de irmos leigos, pessoas que

    encontram vagas, mas no para estudar, e sim realizar tarefas manuais necessrias. A reflexo de

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    Gramsci permite indagar o que diferencia tais possibilidades, e a resposta est nas condies

    objetivas da vida em uma sociedade desigual.

    Os crculos de cultura devem se expandir com carter de educao unitria em toda a

    sociedade, pois a educao no deveria sofrer digresses. A prpria Academia pode ser criticada

    como simplificao da universidade, ou seja, surge de uma separao entre os homens e oconhecimento. Na nova ordem social proposta por Gramsci as academias seriam centros de

    integrao entre todos e o conhecimento, teria funo social orgnica para atender as necessidades

    da sociedade. Dever apresentar mecanismos para selecionar e desenvolver capacidades individuais

    das massas que de acordo com as estruturas que analisava eram sacrificadas. Enfim o impulso de

    cultura do Estado deve ser maior que o da Igreja e da rede privada.

    E se o trabalho educa socialmente e participa da formao cultural dos sujeitos, preciso

    que o mesmo seja pensado para tambm humanizar neste processo educativo. por isso queGramsci defendeu um trabalho sem explorao, criticou a URSS e os exageros cometidos nos

    exrcitos profissionais, e percebeu algumas relaes de educao no trabalho da sociedade

    capitalista, parecidas com o ocorrido elaborado por Trotski, mas com uma conscincia de um fim

    mais interiorizada socialmente.

    Princpio educativo na escola elementar e mdia

    No momento em que Gramsci escreve a Itlia passa por uma reforma educacional elaborada

    por Giovane Gentille, membro do governo fascista. Gramsci considera que muitas reformas

    deveriam ser efetivadas, mas no nos termos em que se colocou. O autor defendia que o ensino

    laico deveria lutar contra as questes que so impregnadas nas cabeas das pessoas, explicaes

    folclricas, bruxaria, sedimentaes tradicionais. Sua preferncia era atravs das leis naturais e das

    leis civis, ao invs das crenas sobrenaturais. As leis civis e estatais organizam a vida humana de

    acordo com aquilo que historicamente mais adequado na relao do homem com a natureza.

    O princpio educativo elementar o trabalho, atravs dele o homem historicamente interage

    com a natureza, as possibilidades de expanso humanas s podem ocorrer neste sentido. Um estudo

    que una o desenvolvimento manual e intelectual como elementos intrnsecos historicamente, e que

    leve o ser humano por um processo de contato com o conhecimento e com a sociedade a que est

    inserido, indicado em Gramsci.

    Existem fraturas ao longo do processo de escolarizao, desnveis no ensino. A educao

    estatal deve lutar contra as magias e folclores (no como cultura popular, mas como formas bizarras

    de conhecimento) e ensinar de forma que coloque os indivduos em contato com o conhecimento

    dando um impulso de desenvolvimento ulterior baseado em uma concepo histrica de

    movimento, concepo dialtica do mundo.

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    Isso porque desde seu tempo as escolas profissionais ligadas a formao de trabalhadores

    manuais vinham prevalecendo sobre as escolas de cultura desinteressada. As escolas tradicionais de

    cultura clssica estavam reservadas a pequenos e reduzidos grupos das classes mais privilegiadas,

    enquanto isso nas escolas de conhecimento deturpado, cortado, reduzido, se formam os filhos da

    classe trabalhadora.Defende ento que as escolas deveriam funcionar para formar governantes, indivduos

    capazes de governar, de pensar, estudar, produzir conhecimento sobre a realidade, de dirigir ou de

    controlar quem dirige. No significa que todos devem ser governantes, mas que a educao

    aproxima governantes e governados. Alm disso criticou o abandono do ensino laico e domnio dos

    religiosos na educao. Incorporava contribuies de novas pedagogias, mas no abriu mo do

    dogmatismo do incio da escola unitria. Pois para a construo do socialismo no considerava

    possvel amolecer, e o autor vivia em tempos difceis. Assim como o conhecimento, defendeu anecessidade de os indivduos participarem do conhecimentos extenso e difcil, pois as

    simplificaes tornam o conhecimento torpe e desfigurado.

    O novo intelectualismo e o itinerrio

    Desde Marx, Lnin, tambm em Gramsci e assim como fez Mao Ts tung e Che Guevara,

    caracterstico que haja reflexes sobre as condies de uma nova ordem e consequente novas

    caractersticas da racionalidade e assim do homem. O autor comps notas dispersas sobre o novo

    homem, novo e mais completo, o intelectual que est revestido de grande dignidade social,

    construtor e organizador, hbil na tcnica-cincia ao invs do tcnica-trabalho. O que est colocado

    uma negao radical de como nos formamos na sociedade capitalista, mesmo valorizando a

    histria como experincia.

    Quando confirma que no trabalho mais primitivo, no movimento mais simples h atividade

    intelectual contida na ao como relao do homem com a natureza, refora a integrao entre

    trabalho-tcnica-cincia como situaes inter-relacionadas. Com o domnio do que envolve esta

    relao tanto no aspecto manual quanto intelectual, em uma sociedade que priorize pelas condies

    humanas possvel formar (a escola cumpre esta funo, e o trabalho d continuidade) o novo

    homem, um especialista e dirigente, o novo prncipe. Especialista e poltico, que domina uma

    cultura geral tcnica e uma concepo humanstica e histrica da sociedade. A nova escola feita

    pelos novos homens que vo se formando prepara para o que Gramsci chamava de nova ordem, que

    sabemos que significa socialismo.

    O novo humanismo proposto por Gramsci como uma conscincia da histria da humanidade

    enquanto domnio progressivo do homem sobre a natureza, em uma relao de conhecimento amplo

    e generalizado na sociedade, com possibilidades iguais de tcnica, trabalho, cincia e histria. Com

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    o supra sumo das humanidades voltados para a prpria humanidade.

    A atualidade do pensamento de Gramsci sobre a universidade

    comum nos dias atuais, na lgica do neoliberalismo e de acordo com as indicaes do

    consenso de Washington, ouvir os representantes polticos dos pases ao falarem sobre melhorias ouampliao da educao, prometerem o aumento das escolas tcnicas. Exemplo disso ocorreu na

    disputa pela residncia do Brasil, em que no segundo turno os candidatos opositores faziam o

    mesmo discurso, aumentar as escolas tcnicas, pois estas do instruo a populao e colocam os

    indivduos no mercado de trabalho. A partir de Gramsci necessrio reforar que tais propostas so

    proferidas como tentativa de democratizao, mas apenas reforam a desigualdade.

    Entre as indicaes do consenso de Washington citadas acima, faz parte a diminuio dos

    investimentos no ensino superior e o aumento nas escolas tcnicas. Lgicamente, so os pasesricos que do tais indicaes aos pases pobres ou aos chamados emergentes, as multinacionais que

    saem dos pases ricos para explorar matria-prima e mo de obra nos pases pobres elas no

    precisam de proletrios bem formados, e assim podem pagar menos. Toda a configurao do mundo

    capitalista e a diviso internacional do trabalho j comentada por Marx e Engels no Manifesto do

    Partido Comunista de 1848 continuam atuais, mais complexas, mas atuais. O que Gramsci

    contribuiu enormemente foi a percepo de tais relaes na educao, seja escolar ou universitria.

    Com a diminuio do ensino superior, ou dos investimentos no ensino superior se percebe

    diariamente o chamado desmonte das universidades universidades pblicas. Pelo contrrio,

    Gramsci defendeu que o conhecimento deve ser levado a sociedade, aos trabalhadores, atravs dos

    crculos de cultura, e se o trip da universidade pblica deve ser o ensino pesquisa extenso,

    gerando um nexo entre as necessidades da sociedade, a produo do conhecimento nas

    universidades e a aplicao e socializao do conhecimento com a sociedade que mantm a

    universidades, no entanto, hoje se percebe a diminuio da extenso, e a pesquisa se aliando aos

    interesses do capital privado, e por fim o ensino tornando-se bizarro.

    Em seus texto sobre Os intelectuais e a organizao da cultura, Gramsci comenta sobre as

    caractersticas das universidades de seu tempo, e aponta uma srie de problemas ainda presentes:

    Um dos motivos deve ser buscado no seguinte: nas universidades, o

    contato entre professores e estudantes no organizado. O professor ensina,

    de sua ctedra, massa dos ouvintes, isto , d a sua lio e vai embora.

    To-somente na poca da apresentao da tese que o estudante se

    aproxima do professor, pede-lhe um tema e conselhos especficos sobre o

    mtodo da pesquisa cientifica. Para a massa dos estudantes, os cursos no

    so mais do que uma srie de conferncias, ouvidas com maior ou menor

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    ateno, todas ou apenas uma parte: o estudante confia nas apostilas, na

    obra que o prprio professor escreveu sobre a matria ou na bibliografia que

    indicou. Existe um maior contato entre os professores individuais e

    estudantes individuais que pretendem se especializar numa determinada

    disciplina:este contato se estabelece, no mais das vezes, casualmente, epossui uma imensa importncia para a continuidade acadmica e para o

    destino das vrias disciplinas. Ele se estabelece, por exemplo, graas a

    causas religiosas, polticas,de amizade familiar. Um estudante toma-se

    assduo de um professor, que o encontra na biblioteca, convida-opara casa,

    aconselha-lhe livros para ler e pesquisas a tentar. Cada professor tende a

    formar uma "escola" prpria, tem seus pontos de vista determinados

    (chamados de "teorias")s obre determinadas partes de sua cincia, quegostaria dever defendidos por"seus seguidores ou discpulos". (GRAMSCI,

    1986. pg. 146)

    Com algumas adaptaes necessrias, e sem generalizaes que compliquem a percepo da

    universidade atual, possvel perceber semelhanas bem prximas da atualidade. No se deve

    generalizar por vrios motivos, primeiro pela maior complexidade das relaes na sociedade

    moderna atual, segundo pelos inmeros casos que se pode apontar para contrariar tais afirmaes.

    No entanto, a partir de Gramsci podemos traar algumas anlises da sociedade que continuam

    atuais e definem boa parte das relaes que se estabelecem ainda hoje, a primeira percepo que

    vem das contribuies de Marx, mas so mantidas em Gramsci a diviso da sociedade em classes,

    e que tais divises configuram as relaes de trabalho e a relao com o conhecimento. A partir

    disso, mesmo algumas iniciativas interessantes que ainda se fazem presentes nas universidades

    esto limitadas pelas relaes que as divises de classe geram, caractersticas das sociedades

    capitalistas.

    Uma caracterstica das contribuies de Gramsci que falta aos intelectuais de hoje o

    dilogo com os pares. Gramsci defendeu a politizao dos intelectuais e que o intelectual o

    indivduo de ao politica na sociedade, seja para a mudana ou para a manuteno da mesma.

    atravs do debate que novos conhecimentos podem surgir, se o ndice onomstico das obras de

    Gramsci for observado, o nmero de intelectuais citados pelo autor, muitos ainda de seu tempo,

    maior que o dialogo que alguns autores estabelecem hoje, ao longo de uma vida acadmica. Assim

    como boa parte da produo do conhecimento est fechada nas universidades, isso ocorre porque

    muitos pesquisadores no dialogam com seus pares, e no exercem a funo social do intelectual.

    Dilogos possveis: a proposta no ensino de histria

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    Gramsci preocupado com a formao completa do ser humano, para que os indivduos

    possam exercer suas possibilidades completas para si e para a sociedade, estava preocupado com o

    ensino, tanto na escola quanto na universidade, pois a escola prepara a construo da nova ordem,

    do socialismo, e ao mesmo tempo parte importante na formao que indicava. Entre as suas

    preocupaes estava os seguintes questionamentos: Deve-se estudar, ou estudar para saberestudar? Fazer a pesquisa ou estudar para saber pesquisar?.

    Na discusso da didtica especfica da histria, um campo de pesquisa que vem se

    delimitando com cada vez mais fora, h propostas que defendem que o ensino de histria deve ser

    penado com vistas a formar o aluno como indivduo que age na sociedade, portanto deve agiar para

    a construo de realidades mais adequadas para si e para os demais. Isso possvel se sua

    atribuio de sentido a passagem do tempo ocorrer de forma em que o presente seja interpretado a

    partir da experincia do passado e das expectativas de futuro. Para isso necessrio que em suaformao com o ensino de histria, os alunos estejam prximos do conhecimento e da produo do

    conhecimento de acordo com a didtica da histria.

    Um dos principais autores que referenciam essa discusso, o historiador e filsofo da

    histria Jrn Rsen, que defende uma formao histrica que possibilite a humanizao filosfica

    dos indivduos, para que na ao social priorizem as formas mais adequadas de convivncia. Rsen

    apresenta uma noo de aprendizagem histrica, ou aprendizado histrico que influencia na

    formao das capacidades de interpretao e gerao de sentido a experincia no tempo, a

    conscincia histrica das pessoas.

    Os recursos lingsticos das sentenas histricas so chamados Conceitos histricos, de

    acordo com Rsen (2007. pg. 91 100). Atravs da linguagem o historiador, atravs de uma aula

    ou expressando-se em um livro didtico, torna possvel realizar o pensamento histrico cientfico.

    Dependendo da maneira como o historiador utilize tais recursos a interpretao da construo do

    pensamento pode ocorrer de formas variadas.

    O autor diferencia em dois tipos os conceitos histricos de acordo com o significado

    cognitivo na cincia da histria, so os Nomes Prprios e as Categorias Histricas. Estas significam

    os materiais de apreenso terica do todo da histria. Antes de explicar cada um mais

    detalhadamente Rsen diferencia os conceitos histricos dos no histricos.

    Os conceitos so histricos quando determinam uma relao entre passado, presente e futuro

    de maneira que o passado referenciado a partir do presente, e tal ao efetivada a partir de

    carncias de orientao relacionadas ao futuro, mas do tempo presente. So conceitos que remetam

    um estado de coisas do passado.

    J os conceitos no histricos tambm so utilizados pelos historiadores, mas nem sempre

    esto diretamente relacionados ao passado. Economia um conceito utilizado na cincia da

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    histria, mas para ser considerado um conceito histrico precisa estar relacionado a outro estado de

    coisas e a partir desta relao formamos uma sentena histrica, um conceito histrico, por

    exemplo, Economia da Antiguidade Tardia. Rsen chama Max Weber para apontar que o mesmo

    chamou tais junes de Tipos Ideais, quando dois estados de coisas diferentes se juntam e remetem

    ao passado a partir de determinada lgica presente de orientao temporal, processo que compe aqualidade histrica.

    Os Nomes Prprios significam estados de coisas em carter singular, sem uma relao

    delimitada com a histria. Dom Pedro I, Repblica, Palcio, palavras que se referem diretamente

    aquilo que se est referindo, sem preciso histrica.

    O que o autor chama de Categorias Histricas e exemplifica, (continuidade, progresso,

    desenvolvimento, revoluo, evoluo, poca), esto relacionados a contextos temporais gerais de

    estados de coisas, que relacionados a estes aparecem como histricos. No esto diretamenteligados a nenhum nome prprio, mas a qualidade de mudana histrica. Esta qualidade no

    adicionada pelas fontes, na maior parte dos casos, mas pelo trabalho do historiador, em relao a

    cognio histrica. Esta atividade esta relacionada a tradio como condio das formas aceitas e

    pertinentes para aes interpretativas da histria, ou seja, qualidades adicionadas a partir do

    presente e com as condies possveis no momento. Ou seja, fazem parte do quadro de orientao

    na vida prtica dos historiadores que efetivam tal atividade.

    Para Rsen os Conceitos Histricos como Monarquia Absolutista, cidade medieval, polis

    grega, designam nos estados de coisas referidos por nomes prprios, as qualidades histricas pr-

    esboadas pelas categorias histricas (Rsen, 2007 pg. 94). Conceitos histricos so o recurso

    lingstico que colocam a interpretao histrica a fatos concretos que esto no passado e

    demonstram sua especificidade temporal. Eles estabelecem uma relao entre os nomes prprios e

    as categorias histricas de forma que o passado ganha sentido em um determinado contexto situado

    no tempo. Exercem uma funo generalizante em relao aos nomes prprios e particularizam as

    categorias histricas.

    Colonizao do Brasil , por exemplo, o nome prprio Brasil generalizado na categoria

    colonizao que poderia se relacionar com momentos histricos diferentes, ao mesmo tempo em

    que o nome prprio Brasil particulariza a categoria histrica Colonizao definindo a questo

    temporal e um estado de coisas do passado que compreendem relaes prprias ao conceito

    histrico que se forma, Brasil colnia.

    Tais funes realizadas em conjunto exercem o que o autor chama de concretizao histrica,

    funo dos conceitos histricos. Isso significa que h um estado de coisas do passado e h uma

    significao da experincia humana no tempo em tenso, esta resolvida quando 'linguisticamente'

    se organiza e expressa a atividade cognitiva histrica, o resultado um conceito histrico que ao

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    demonstrar-se como elemento histrico expressa contedos da conscincia histrica.

    H uma discusso sobre este percurso efetivado pelos historiadores, trata-se de tentar a partir

    da pesquisa reconstruir o passado a que se dedica da forma que ocorreu, uma das formas seria

    buscar a construo de um conceito histrico que defina exatamente o passado, falar a linguagem

    das fontes seria um caminho para isso, porm Rsen discorda. A histria, segundo o autor, no opassado e nem conseguiria express-lo por completo. A histria reconstruo do passado a partir

    de expectativas relacionadas ao presente e ao futuro. O livro utilizado como referncia at o

    momento recebeu o ttulo Reconstruo do passado, uma vez que defende a ideia de que o

    historiador trabalha nesta tarefa, mas no retoma o passado como ele de fato aconteceu, mas atravs

    das possibilidades de sua cincia produz histria.

    O trabalho do historiador vai alm das fontes. Mesmo assim orientado pela tentativa de

    recuperar mais precisamente possvel a qualidade histrica que as fontes mantm no presente sobreo passado. Uma vez que esta busca ocorre a partir de carncias de orientao em relao ao futuro,

    mas que se encontram no presente do historiador, ou seja, os motivos pelos quais o historiador

    busca construir esta ponte com o passado, no apenas pela linguagem das fontes que o historiador

    cumpre sua funo, mas a partir do quadro de orientao da vida prtica em sua relao profunda

    com o passado que se torna possvel, segundo Rsen, determinar conceitos histricos vlidos.

    A partir das reflexes de Rsen torna-se possvel afirmar que o importante na aprendizagem

    histrica no aprender contedos histricos, mas compreender como dos feitos surge a histria. A

    construo da histria assim como o ensino est diretamente relacionada a formao dos indivduos

    e necessita formar um nexo significativo entre presente, passado e futuro. No se deve esquecer que

    os estudos de Rsen esto ligados a produo cientfica da histria, ao trabalho do historiador.

    Apresentar mesmo de forma sistemtica as contribuies de Rsen para pensar o ensino de

    histria de forma que se aproxime da superao do conhecimento bizarro que Gramsci criticava no

    uma tarefa para apenas um texto, mas a partir deste pode-se apontar este raciocnio. A relao aqui

    indicada que possvel a partir das condies objetivas da realidade escolar buscar superar as

    condies colocadas pela diviso de classe, mesmo que seja inicialmente aproximando a formao

    escolar das formas produo do conhecimento nas cincias de referncia das disciplinas que fazem

    parte do cotidiano escolar. Pois uma das principais contribuies do autor que a escola parte

    importante para a superao do capitalismo, mesmo antes da revoluo, como formao da base

    necessria ao processo revolucionrio.

    Concluses

    Este texto foi pensado para a concluso da disciplina Tpicos Especiais Marxismo eEducao do Programa de Ps-graduao em Educao da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

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    A ideia central foi de sistematizar no mbito da educao, algumas discusses que ocorreram na

    disciplina ao longo do semestre, e ampliar a discusso em dois sentidos: primeiro buscar uma

    leitura atual do pensamento marxista, o que na relao com a escola torna-se mais interessante

    quando se adiciona a discusso de Gramsci. E em segundo lugar um esforo para aproximar os

    referenciais discutidos na disciplina ao projeto de mestrado que desenvolvo, o que foi possvel apartir de um dos principais autores que referenciam a discusso do meu projeto no mestrado.

    Rsen apresenta em sua teoria da Conscincia Histrica formas diferentes de atribuio de

    sentido que no geram graus de hierarquizao pejorativa, pois assim como Marx e Gramsci, o

    autor atento as questes culturais, mas possibilitam de acordo com o horizonte revolucionrio da

    escola defendida por Gramsci, a interpretao de que h, para a humanidade, formas mais

    adequadas de sobrevivncia do que o Capitalismo. E defende que o ensino de histria deve fazer

    parte de um processo de humanizao filosfica, e que a mesma deve influenciar a ao individuale coletiva em busca destas formas mais adequadas.

    O projeto de dissertao que est em desenvolvimento no mestrado busca discutir as

    caractersticas de bons professores de histria do ponto de vista da didtica da histria e pretende

    explorar as possibilidades de discusso sobre o papel do professor entre Rsen, Paulo Freire, e

    Gramsci, que assim como o autor do presente texto possui influncias significativas de Marx.

    Partindo da convico de que a diviso de classes o assassinato de um povo, assim como a

    diviso e deturpao do conhecimento tambm, at a convico mais profunda da necessidade da

    superao do capitalismo, em busca de uma sociedade mais justa e igual, quando os homens

    possam desfrutar da produo social, e que sem a diviso de classes que hoje possibilita a

    explorao e poucos sobre o trabalho de muitos, haja tempo enfim para que os homens tenham

    contato com o conhecimento humano em suas formas mais amplas.

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