Atualização de uma Base de Dados de Eixos de Via e Análise ...

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MESTRADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO Atualização de uma Base de Dados de Eixos de Via e Análise Espacial do Potencial de Mobilidade Pedonal João Ferreira M 2018

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MESTRADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Atualização de uma Base de Dados de Eixos de Via e Análise Espacial do Potencial de Mobilidade Pedonal João Ferreira

M 2018

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João Miguel das Neves Ferreira

Atualização de uma Base de Dados de Eixos de Via e Análise

Espacial do Potencial de Mobilidade Pedonal

Relatório de Estágio realizado no âmbito do Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica

e Ordenamento do Território, orientado pelo Professor Doutor José Augusto Alves Teixeira e

coorientado pela Professora Doutora Teresa Sá Marques

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

30 setembro de 2018

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Atualização de uma Base de Dados de Eixos de Via e Análise

Espacial do Potencial de Mobilidade Pedonal

João Miguel das Neves Ferreira

Relatório de Estágio realizado no âmbito do Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica

e Ordenamento do Território, orientado pelo Professor Doutor José Augusto Alves Teixeira e

coorientado pela Professora Doutora Teresa Sá Marques

Membros do Júri

Professor Doutor António Alberto Teixeira Gomes

Faculdade de Letras - Universidade do Porto

Professora Doutora Patrícia Catarina dos Reis Macedo Abrantes

Instituto de Geografia e Ordenamento do Território – Universidade de Lisboa

Professor Doutor José Augusto Alves Teixeira

Faculdade de Letras - Universidade do Porto

Classificação obtida: 18 valores

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“No pain No gain”

(Arnold Schwarzenegger)

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Conteúdo Declaração de honra ................................................................................................................. 8

Agradecimentos ............................................................................................................................. 9

Resumo ........................................................................................................................................ 10

Abstract ....................................................................................................................................... 11

Índice de ilustrações .................................................................................................................... 12

Índice de Quadros ....................................................................................................................... 14

Índice de tabelas .......................................................................................................................... 15

Lista de abreviaturas e siglas ....................................................................................................... 16

Introdução ................................................................................................................................... 17

Capítulo 1 – Enquadramento da Instituição de Estágio .............................................................. 19

Capítulo 2. – Enquadramento Teórico ........................................................................................ 21

2.1. O que é um SIG? .............................................................................................................. 21

2.2. A Evolução dos SIG.......................................................................................................... 22

2.2.1. Antes da Computação ................................................................................................ 23

2.2.2. Após a Computação .................................................................................................. 24

2.3. Os Assistentes de Navegação Pessoal (PNA) ................................................................... 29

Capítulo 3. - Metodologias .......................................................................................................... 32

3.1. Software ............................................................................................................................ 32

3.2. A Base de Dados .............................................................................................................. 33

3.2.1. Eixos de Via: Atributos e Regras .............................................................................. 34

..................................................................................................................................................... 38

3.2.2. Manobras: Atributos e Regras ................................................................................... 40

3.2.3. Condições de Circulação ........................................................................................... 44

3.2.4. Layers Complementares ............................................................................................ 50

3.3. Métodos de Atualização da Base de Dados ..................................................................... 53

3.4. Fluxo de Trabalho e Principais Desafios......................................................................... 58

4.1. Mobilidade Sustentável .................................................................................................... 73

4.1.1 Modos Suaves ............................................................................................................ 79

4.1.2 Mobilidade Pedonal .................................................................................................... 82

4.2. Área de Estudo ................................................................................................................. 84

4.2.1 Algumas estatísticas sobre a mobilidade da Maia ...................................................... 86

4.3. Metodologia ..................................................................................................................... 90

4.3.1 Mapa de Potencial Pedonal ........................................................................................ 90

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4.3.2 Tratamento de dados (1º Fase) ................................................................................... 91

4.3.3 Tratamento de Dados (2ªfase) .................................................................................. 102

Considerações finais .................................................................................................................. 116

Referências bibliográficas ......................................................................................................... 118

Anexos....................................................................................................................................... 120

Anexo 1 - Estrutura da tabela dos Eixos de Via.................................................................... 121

Anexo 2 - Sinalização das diversas proibições ..................................................................... 123

Anexo 3 - Lista com as velocidades de deslocação pedonal por grupo etário ..................... 125

Anexo 4 - Mapa com as linhas de autocarro que servem o concelho da Maia ..................... 126

Anexo 5 - Autocorreção espacial da variável nº de movimentos pendulares realizados a pé à

freguesia (2011) .................................................................................................................... 127

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Declaração de honra

Declaro que o presente relatório de estágio é de minha autoria e não foi utilizado

previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As

referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam

escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto

e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho

consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Porto, 30 de setembro de 2018

João Miguel das Neves Ferreira

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Agradecimentos

Antes de mais, aproveito esta oportunidade para agradecer à minha família e

namorada por me terem acompanhado e ajudado neste percurso académico ao longo de

seis anos.

Gostava também de deixar o meu agradecimento ao corpo docente do Departamento

de Geografia, mais precisamente, aos docentes do Mestrado em Sistemas de Informação

Geográfica e Ordenamento do Território.

Uma palavra especial tem que ser reservada aos docentes que mais ativamente

contribuíram para que este relatório fosse possível. Um particular agradecimento ao

Professor Doutor José Augusto Alves Teixeira e à Professora Doutora Patrícia Abrantes

pelos conselhos partilhados no âmbito da análise espacial.

Um obrigado à InfoPortugal e à sua equipa, em especial à dr. Patrícia Teixeira pela

orientação e transmissão de conhecimentos, mas também ao Eng. Edgar Pereira e Eng.

Cátia Esteve por contribuírem para a minha integração.

Por fim, um obrigado a todos aqueles que me ajudaram, direta ou indiretamente, na

realização deste relatório.

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Resumo

Este relatório é fruto de um estágio curricular realizado no âmbito da atualização de

uma base de dados de eixos de vias e pontos de interesse na empresa InfoPortugal

Sistemas de Informação e Conteúdos, S.A. Com a experiência profissional adquirida ao

longo do estágio, pretende-se dar a conhecer a estrutura dessa mesma base de dados e as

metodologias empregues na sua atualização.

Inicialmente, o estágio passou por um processo de formação onde foi dado a

conhecer as principais regras a ser respeitados na base de dados e pela escolha de um

tema para a realização de um caso de estudo.

O relatório encontra-se dividido por quatro capítulos: Enquadramento da

instituição de estágio, Enquadramento bibliográfico, A base de dados e Caso de estudo.

O primeiro capítulo prende-se pelo enquadramento da instituição de estágio, onde

são as áreas de atuação e um pouco da sua história.

No segundo capítulo é dado a conhecer um pouco do debate sobre a definição do

que é um Sistema de Informação Geográfica e a sua evolução.

O terceiro capítulo dá a conhecer a estrutura da base de dados bem como o

software e extensões necessárias para a atualização da mesma. Para além disso, mostra

de que forma se deve preencher as tabelas mais importantes.

O Caso de estudo ocupa o quarto capítulo, que mostra os passos necessários para

a criação de um Mapa de Potencial Pedonal.

Por fim, no final do relatório são dadas as considerações finais, aas referências

bibliográficas e a lista de anexos.

Palavras-chave: Sistemas de Informação Geográfica, Routing, Base de Dados,

Mobilidade

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Abstract

This report is the result of a curricular internship in the updating of a data base of

routes and points of interest in InfoPortugal Sistemas de Informação e Conteúdos, SA

With the professional experience acquired during the internship, it is intended to give to

know the structure of this same database and the methodologies used in its updating.

Initially, the stage underwent a training process where the main rules to be respected

in the database and the choice of a topic for the accomplishment of a case study were

revealed.

The report is divided into four chapters: Framework of the internship institution,

Bibliographic framework, The database and Case study.

The first chapter deals with the framework of the internship institution, where the

areas of activity and a little of its history.

In the second chapter we get to know a little of the debate about the definition of

what is a Geographic Information System and its evolution.

The third chapter gives you the structure of the database as well as the software and

extensions needed to update it. In addition, it shows you how to fill in the most important

tables.

The Case Study occupies the fourth chapter, which shows the steps required to

create a Pedestrian Potential Map. Finally, at the end of the report are given the final

considerations, the bibliographic references and the list of annexes.

Keywords: Geographic Information Systems, Routing, Database, Mobility

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Índice de ilustrações

Figura 1 – Cronograma do fluxo de trabalho durante este último ano de mestrado ................. 20 Figura 2 - Mapa temático do estudo do Dr.John Snow ............................................................... 24 Figura 3 – Estrutura da Base de dados e principais layers trabalhados ...................................... 33 Figura 4 - Exemplificação prática da importância do campo ‘POF’ no produto final.................. 38 Figura 5 - Exemplo prático do procedimento a ser usado para os números de polícia quando se usa o plug in “Swap Line Diretion” .............................................................................................. 39 Figura 6 - Exemplo de um campo de preenchimento manual. ................................................... 40 Figura 7 - Exemplo de um campo com preenchimento através de Combox. ............................. 40 Figura 8- Exemplo de um campo com preenchimento através de CheckBox. ............................ 40 Figura 9 - Exemplo de uma Rotunda e respetivas restrições ...................................................... 42 Figura 10 - Exemplo de um cruzamento ..................................................................................... 43 Figura 11 - Exemplo de um acesso .............................................................................................. 44 Figura 12 - Exemplo de uma proibição por data ......................................................................... 49 Figura 13 - Exemplos de combinações de restrições numa só ocorrência ................................. 50 Figura 14 - Exemplo prático da utilidade da hidrografia no processo edição ............................. 51 Figura 15 - Interface de manipulação do servidor das probes .................................................... 54 Figura 16 - Exemplo da resolução de uma probe no servidor Probeanalyzer ............................ 55 Figura 17 - Exemplo de um alerta valido para ser revisto ........................................................... 56 Figura 18 - Exemplo de uma probe provocado por um falso alerta ........................................... 57 Figura 19 - Exemplo de uma estrada em falta reportada pelos técnicos fotogramétricos ........ 58 Figura 20 – Fluxograma do desenvolvido do trabalho ................................................................ 58 Figura 21 - Exemplo de uma estação de serviço em falta ........................................................... 60 Figura 22 - Esboço e respetivo preenchimento de características de novas vias ....................... 61 Figura 23 - Resultado final da edição de uma estação de serviço .............................................. 62 Figura 24 - Utilização do layer pré-processamento para o campo ‘POF’ .................................... 63 Figura 25 - Utilização do layer pré-processamento para o campo “Fow”(Acessos) ................... 63 Figura 26 - Preparação e limpeza dos dados para a edição da rotunda ..................................... 64 Figura 27 - Utilização do plugin ‘Rectangles Ovals Digitizing’ ..................................................... 64 Figura 28 - A ferramenta ‘Merge feuture atributes’ ................................................................... 65 Figura 29 - Resultado final da edição de uma rotunda ............................................................... 66 Figura 30 - Utilização do layer Pré-processamento numa rotunda ............................................ 66 Figura 31 - Ponto inicial para a edição de um novo cruzamento ................................................ 67 Figura 32 - Desenho da geometria de um cruzamento ............................................................... 68 Figura 33 - Exemplo do preenchimento de estrições num cruzamento ..................................... 69 Figura 34 - Exemplo da indicação de sentido de trânsito para os veículos pesados .................. 70 Figura 35 - Exemplo de uma proibição imposta por peso ........................................................... 71 Figura 36 - Exemplo prático da edição do layer ‘LAND_AREAS’ ................................................. 72 Figura 37 - Comparativo de gasto energético entre carros convencionais e elétricos ............... 78 Figura 38 - A sustentabilidade aplicada ao sistema de transportes ........................................... 80 Figura 39 - Modos de deslocação utilizados na UE-27 ................................................................ 81 Figura 40 - Cartaz de divulgação da semana europeia da mobilidade na Cidade da Maia ......... 82 Figura 41 - Mapa enquadramento do concelho da Maia ............................................................ 85 Figura 42 - Percentagem do número de viagens e distância percorrida por meio de transporte. ..................................................................................................................................................... 86

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Figura 43 – Fluxograma da Metodologia .................................................................................... 91 Figura 44 - Lista das categorias de Pois disponíveis na base de dados da InfoPortugal ............. 93 Figura 45 - Densidade populacional do concelho da Maia (2011), elaboração própria ............. 95 Figura 46- Rede viária do concelho da Maia, elaboração própria .............................................. 96 Figura 47 – Atributo especial na análise de redes ...................................................................... 97 Figura 48 – Áreas de influência para a categoria dos serviços públicos, elaboração própria .... 98 Figura 49 - Variável polos geradores, elaboração própria ........................................................ 100 Figura 50 - Normalização dos polos geradores através do método de amplitude ................... 101 Figura 51 – Cálculo do Potencial Pedonal ................................................................................. 102 Figura 52 - Estações de comboio e paragens de metro no concelho da Maia, elaboração própria ................................................................................................................................................... 103 Figura 53 – Recolha de campo através da aplicação “SW Maps’ .............................................. 104 Figura 54 – Polos Geradores da categoria Transportes Públicos após a Recolha de campo, elaboração própria .................................................................................................................... 105 Figura 55 - Áreas de influência da categoria transportes (após a adaptação), elaboração própria ................................................................................................................................................... 107 Figura 56 - Relatório para o medelo explicativo do Nº de Movimentos pendulares realizados a pé (2011) ................................................................................................................................... 109 Figura 57 –Mapa de Potencial Pedonal elaboração própria, adaptada de Morais (2013) ....... 112 Figura 58 - Mapa de potencial pedonal, Ferreira (2018) .......................................................... 113 Figura 59 – Mapa de Ganhos e Perdas de Potencial Pedonal ................................................... 115

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Índice de Quadros

Quadro 1 – Definições de um SIG segundo diversos autores ..................................................... 22 Quadro 2 - Critério de classificação de eixos de via .................................................................... 34 Quadro 3 - Atributos do campo ‘ONEWAY’................................................................................. 35 Quadro 4 - Tipos de classificação do campo ‘FOW’ .................................................................... 37 Quadro 5 - Tipos de classificação ‘POF’ ....................................................................................... 37 Quadro 6 - Tipos de classificação do campo ‘COND_TYPE’ ........................................................ 41 Quadro 7 - Códigos e sinais de proibição de transito no campo ‘COND_SG’ ............................. 45 Quadro 8 - Restrições no âmbito da dimensão dos veículos ...................................................... 46 Quadro 9 - Tipos de datas possíveis no campo ‘M_TYPE’ ........................................................... 48 Quadro 10 - Elementos possíveis do Layer do uso do solo ......................................................... 52 Quadro 11- Divisão utilizada como exemplo para os polos geradores (adaptado de Morais,

2013). .......................................................................................................................................... 92 Quadro 12 - Organização dos polos geradores em categorias ................................................... 93 Quadro 13 - Correlação entre a densidade populacional e o número de movimentos pendulares realizados a pé.......................................................................................................... 94 Quadro 14 – Pesos atribuídos para cada categoria, adaptado de Morais, 2013 ........................ 99 Quadro 15 – Adaptação das áreas de influência da categoria transporte público ................... 106 Quadro 16 - Atribuição de pesos as categorias da variável ‘polos geradores’ (rank reciprocal) ................................................................................................................................................... 110 Quadro 17 - Potencial pedonal por percentagem (Metodologia de Lisboa) ............................ 114 Quadro 18 - Potencial pedonal por percentagem (Metodologia Adaptada) ............................ 114

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Índice de tabelas

Tabela 1 - Utilização dos diversos modos de transporte por motivo de deslocação .................. 87 Tabela 2 - Utilização dos modos de transporte por freguesia em função do número de viagens ..................................................................................................................................................... 88 Tabela 3 - Utilização dos modos de transporte por freguesia em função do número de viagens ..................................................................................................................................................... 89 Tabela 4 - Utilização dos modos de transporte por freguesia em função da distância percorrida ..................................................................................................................................................... 90 Tabela 5 – Pontuação para as diferentes áreas de influência ..................................................... 98

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Lista de abreviaturas e siglas

APA – Agência Portuguesa do Ambiente

AMP – Área Metropolitana do Porto

ESRI – Environmental Systems Research Institute

GNSS – Global Navigation Satellite System

GPS – Global Position System

INE – Instituto Nacional de Estatística

OLS – Ordinary Least Squares

ONU – Organização das Nações Unidas

POIS – Points of Interest

PNA – Personal Navigation Assistant

QGIS – Quantum GIS

SIG – Sistemas de Informação Geográfica

WCED – The World Commission on Environment and Development

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Introdução

O presente relatório de estágio foi realizado no âmbito do 2º ano do Mestrado de Sistemas

de Informação Geográfica e Ordenamento do território. A escolha da opção de Relatório

de Estágio para obtenção de grau Mestre sempre foi a minha vontade, pois é uma ótima

ferramenta para a nossa introdução no mercado de trabalho.

O estágio curricular realizou-se entre 13 de novembro de 2017 e 22 de maio de

2018, ao longo de 600 horas. Como instituição de estágio foi escolhida a empresa

InfoPortugal - Sistemas de Informação e Conteúdos, S.A. Este relatório foi realizado sob

a orientação do Professor Doutor José Teixeira por parte da instituição de ensino e com a

supervisão da Dr. Patrícia Teixeira pela instituição de estágio.

Durante todo o estágio curricular, o trabalho foi realizado em parceria com o

departamento de SIG, no qual o objetivo foi contribuição para atualização da base dados

de eixos de via e pontos de interesse da empresa. Os dados produzidos neste âmbito têm

por objetivo principal a assistência na navegação automóvel, portanto a experiência ficou

marcada pela aprendizagem de novas metodologias. Deste modo, este relatório procura

sintetizar todas as regras indispensáveis para a manutenção de uma rede, em que a

qualidade e atualização dos mapas inseridos nos aparelhos que realizam routing (processo

que se baseia na escolha de um caminho numa determinada rede ou entre redes) é

responsável pelo sucesso da empresa, neste mercado cheio de soluções e de

competitividade.

Para além de dar a conhecer a minha experiência profissional ao longo de

seis meses, achou-se por bem dar um contributo na área dos SIG e Ordenamento do

Território. É neste contexto em que se baseia o estágio curricular apresentado neste

relatório. O objetivo do estágio foi precisamente contribuir para a uma base de dados

usada nos assistentes à navegação, em que foram compridas elevadas normas de exigência

para que os utilizadores pudessem usufruir do seu serviço com o mínimo de erro possível.

A informação foi trabalhada de maneira a ser apresentada de modo mais simples possível

no produto final e também de forma a otimizar o poder de processamento dos softwares

desses mesmo aparelhos.

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Por isso, foi realizada uma abordagem à temática da mobilidade populacional, um tema

atual na discussão pública e que permitiu a simbiose entre o meio empresarial de produção

de dados e o académico. Portanto, a elaboração de um Mapa de Potencial Pedonal foi o

objetivo do caso de estudo deste relatório de estágio, sendo assim foi adaptada a

metodologia apresentada na dissertação “Os Sig no processo de Criação de Instrumentos

de Apoio à decisão, O Mapa de Potencial Pedonal de Lisboa” de Pedro Morais (2013),

procurando adapta-la ao concelho da Maia. Este tema encaixou perfeitamente nos dados

que foram trabalhados e também no meu gosto pessoal.

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Capítulo 1 – Enquadramento da Instituição de Estágio

A InfoPortugal Sistemas de Informação e Conteúdos, S.A, é uma empresa

especialista em Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e Soluções de Turismo e Lazer.

Foi fundada em 2001 e apresenta-se atualmente como uma empresa líder na área dos

Sistemas de informação geográfica, tendo em 2005 criado e desenvolvido marca Ndrive.

Outro marco importante da empresa foi em 2007 passar a ser parte integrante do grupo

Impresa.

Como principais áreas de mercado a InfoPortugal tem os Sistemas de informação

geográfica, a Cartografia e a Fotografia Aérea Digital. Neste âmbito apresenta variadas

soluções e produtos, pois possui meios próprios de aquisição de dados, como um avião

de recolha de Fotografia Aérea e um veículo para a produção vídeo terrestre

georreferenciado, que permitem o levantamento e produção de dados georreferenciados,

como ortofotomapas, cartografia e cadastro. Nesta mesma área a empresa conta com a

maior base dados geográficos em Portugal, que se encontra em constante atualização por

uma equipa qualificada. Esta base de dados conta com cerca de 130 mil pontos de

interesse, 170.500 km de eixos de via, 6559 km2 de áreas protegidas, 11.639 monumentos

georreferenciados. Como especialistas SIG desenvolvem ainda soluções WebSIG e de

geolocalização à medida das necessidades dos clientes. Estas mesmas procuram oferecer

uma fácil gestão de informação georeferenciável, respostas rápidas à tomada de decisão,

o aumento da eficiência e redução de custos, entre outros.

Como a sua base de dados de Pontos de interesse e eixos de via se encontra

preparada para realizar navegação automóvel, essa informação é vendida com esse

propósito, mas também são criadas internamente soluções de navegação automóvel,

portais web e aplicações mobile, como ‘allaboutportugal’ e ‘Alto Minho’. Dentro da

empresa, este enorme conjunto de informação de base cartográfica e de SIG é ainda

capitalizado em ofertas na área do Turismo.

De modo a compreender como o trabalho foi evoluindo ao longo do ano, foi

elaborado um cronograma dividindo as diferentes tarefas e em que momento foram

realizadas.

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Figura 1 – Cronograma do fluxo de trabalho durante este último ano de mestrado

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Capítulo 2. – Enquadramento Teórico

2.1. O que é um SIG?

Apesar de ser uma tecnologia emergente e cada vez mais usada, nos mais diversos

níveis do saber, pouco consenso existe sobre a sua definição, contudo o autor (Maguire

et al, 1991) entre outros autores procuram clarificar-nos sobre a problemática.

Os SIG’s são vistos como um caso especial dos sistemas de informação,

distinguindo-se por acrescentar a localização geográfica aos dados, mas partilham o

mesmo fundamento, ou seja, um sistema de informação que compreende um conjunto de

processos que passam pela recolha, codificação, análise, armazenamento e representação

de resultados. A informação representa um dos processos de desenvolvimento da nossa

sociedade moderna, por isso é um recurso de elevada importância que pode ser adquirido

e vendido por elevadas quantias. O valor da informação pode depender do contexto onde

é utilizada, da sua pertinência, do seu custo de recolha, do custo de armazenamento bem

como da manipulação e representação.

Falando agora dos SIG’s em específico, estes incluem tanto os sistemas de

informação manuais como os de base computacional, o que causa também alguma divisão

de opiniões quanto à sua origem. Contudo, hoje em dia usa-se praticamente apenas os de

base computacional. O que poderá causar a falta de consenso em relação à sua definição

e à diversidade de áreas e temáticas em que estão envolvidas, pois tal como (Coppock &

Rhind, 1991 p.22). No quadro 1 estão apresentadas algumas das definições de um SIG

segundo diversos autores.

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Quadro 1 – Definições de um SIG segundo diversos autores

2.2. A Evolução dos SIG

É consensual que a história dos SIG se pode dividir em dois momentos: antes da

informática e num segundo momento com o surgimento da computação. Se pensarmos

nos SIG como um sistema de organização da informação geográfica e cartográfica,

podemos encontrar vestígios desde os tempos da invenção da escrita. A nível da

cartografia, esta remonta até ao tempo da pré-história por volta de 2000 a.C e 1500 a.C

como o mapa de Bedolina.

DoE (1987: 132)“A system for capturing, storing, checking, manipulating, analysing and

displaying data which are spatially referecenced to the Earth.”

Carter (1989: 3)

“An institutional entity, reflecting an organizational structure that

integrates technology with a database, expertise and continuing

financial support over time.”

Rocha (2000)

“Um sistema com capacidade para aquisição, armazenamento,

tratamento, integração, processamento, recuperação, transformação,

manipulação, modelação, atualização, análise e exibição de

informações digitais georreferenciadas, topologicamente

estruturadas, associadas ou não a um banco de dados alfanúméricos"

Burrough & McDonnell

(2004)

"A powerful set of tools for collecting, storing, retrieving, transforming

and viewing real-world data for a specific purpose"

Fitz (2008)

“Um sistema constituído por um conjunto de programas

computacionais, o qual integra dados, equipamentos e pessoas com

objetivo de coletar, armazenar, recuperar, manipular, visualizar e

analisar dados espacialmente referenciados num sistema de

coordenadas conhecido.”

Esri Portugal (consultado a

18/09/2018)

“Um Sistema de Informação Geográfica (SIG) permite-nos visualizar,

questionar, analisar e interpretar dados para compreender relações,

padrões e tendências.”

University of Wisconsin-

Madison (consultado a

18/09/2018)

“A geographic information system (GIS) is a system designed to

capture, store, manipulate, analyze, manage, and present all types of

geographical data.”

Geospatial World

(consultado a 18/09/2018)

“GIS is as the web or mobile app that can help you bring in your data

and integrate with maps that can be used to visualize and analyze the

data to find out patterns and derive trends.”

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2.2.1. Antes da Computação

No entanto um dos aspetos mais importante dos SIG, a Análise Espacial, só é

potencializada com o surgimento das técnicas de sobreposição de camadas. Portanto os

SIG estão estreitamente ligados à evolução da cartografia temática (Parent & Church,

1987, citado por Grancho, 2005)

Um dos estudos pioneiros neste âmbito foram do médico John Snow (figura 2),

que conseguiu em Londres, durante uma epidemia de cólera no século XIX, através da

georreferenciação dos casos da doença e dos poços de abastecimento de água, estabelecer

uma relação que lhe permitiu descobrir a origem da contaminação (Caeiro, 2013). Este é

um dos exemplos clássicos da utilização de um SIG.

Com as preocupações sociais e ambientais trazidas pela Revolução Industrial e a

concentração de pessoas nos grandes centros urbanos, a procura por novas infraestruturas,

facto que potenciou em muito as primeiras sobreposições de mapas baseadas em relações

espaciais, que sustentaram os primeiros estudos para a localização de redes ferroviárias.

Como primeiro estudo a enquadrar todos estes fatores, destaca-se o The Atlas to

Accompany the Second Report of the Irish Railway Commissioners de 1838, que já

contava com a relação de proximidade entre os transportes e o que viriam a ser os SIG.

Portanto antes da introdução da informática no processamento da informação geográfica,

este documento já possuía uma metodologia com os fundamentos essenciais dos SIG

modernos (Sousa, 2010).

Atualmente, estes exemplos podem estar longe de ser vistos como um SIG, mas

partilham das mesmas preocupações que os sistemas mais modernos que possuímos. Já

no século XIX preocupavam-se com a existência da organização de uma base cartográfica

adequada, para permitir operações de sobreposição de camada de informação e análises

espaciais subsequentes (Grancho, 2005). Só a partir do século XVIII é a que a ciência

cartográfica teve condições e rigor para executar a exigência pedida por exemplos

anteriores, sendo que só a partir dessa altura é que se encontram as características dos

SIG como o conhecemos, ou seja “…sistemas manuais de organização, armazenamento

e análise de informação geográfica georeferenciada” (Grancho, 2005).

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24

Figura 2 - Mapa temático do estudo do Dr.John Snow

Fonte: Grancho, 2005

2.2.2. Após a Computação

A criação de Roger Tomlinson, o Sistema de Informação Geográfico Canadiano,

foi responsável por estabelecer este termo a nível mundial pela primeira vez. (Coppock e

Rhind, 1991 p.28; Foresman, 1998; Longley et al, 2001, citados por Sousa, 2010),

segundo o mesmo, o projeto surgiu pela necessidade de criar para o Ministério da

Agricultura do Canadá uma forma mais rápida, precisa e barata de inventariar as aptidões

do solo do todo o território nacional. Portanto, o nascimento dos SIG surge a partir da

necessidade de mais informação geográfica e de uma forma mais eficiente de a gerir,

sendo os mesmos foram potenciados pelas novas tecnologias dos anos cinquenta e

sessenta. Então o verdadeiro impacto deste projeto supera mais do que a criação do

acrónimo SIG, ele impactou até aos dias de hoje a disciplina da Geografia bem como

outras ciências (Wright et al, 1997:346, citado por Sousa, 2010).

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25

Segundo Longley et al (citado em Caeiro,2013), discute-se que a evolução dos

SIG modernos dá-se em três fases: a fase da inovação (1940-70); a fase da

comercialização (1980-90) e a fase da exploração (início do século XXI). Este processo

desenvolveu-se por duas regiões principais: América do Norte e a Europa.

Na década de 40 do século passado, terão surgido as bases teóricas que lançaram

os fundamentos dos SIG. Estes desenvolvimentos surgem no âmbito da “Geografia

quantitativa” e na sua necessidade do desenvolver modelos matemáticos para a análise

espacial. Na década seguinte com o desenvolvimento das formas de representação da

superfície terrestre e o advento dos computadores de terceira geração, começou a investir-

se na representação temática de bases cartográficas e na tentativa de automatizar o

processamento de dados espaciais.

Os anos 60, potenciados pelo rápido desenvolvimento dos computadores assistem

à procura, por parte dos grupos académicos, de programas baseados no conceito de Matriz

Geográfica, permitindo assim, associar atributos cartográficos a determinadas variáveis.

Processo extremamente importante no âmbito da análise espacial e operações de

modelação de mapas (Bolfe et.al, 2011). É nesta década, como já foi referido, que surge

o primeiro SIG moderno e mostra um interesse crescente pela cartografia computorizada

e ligações de bases de dados a localizações georreferenciadas. Essa necessidade levou a

que o U.S. Bureau of the Census procurasse uma automatização ao nível da gestão de

moradas, o que levou a que estas ideias fossem aplicadas no “New Haven Census Use

Stufy “de 1967 (USBC 1969-73, citado por Coppock e Rhind, 1991) e foram denominadas

por “geocoding”.

Nos anos 70, em Harvard terão sido também dados importantes avanços, muito

pela mão de Howard Fisher, que reuniu os especialistas necessários e assim, fundaram,

na Univerdidade de Harvad, o Laboratory for Computer Graphics, onde foi criado o

sistema SYMAP capaz de mapear pesquisas realizadas no âmbito da geoestatística

(Coppock e Rhind, 1991). Este primeiro projeto lançou os alicerces para uma série de

melhoramentos, com base na primeira versão do SYMAP. Através dele, uma parceria

entre o Harvard Lab e um gabinete de Arquitetura Paisagista criou o primeiro sistema

capaz de sobrepor várias camadas de informação, usando como estruturação do modelo

a célula ou grelha (Sousa, 2010). Estes projetos foram os primeiros no âmbito dos SIG a

Page 26: Atualização de uma Base de Dados de Eixos de Via e Análise ...

26

disseminarem-se mundialmente, tendo sido influenciados e utilizados pela arquitetura

paisagista, que desde cedo, percebeu a importância da sobreposição de camadas, muito

devido ao trabalho Ian McHarg, que no seu livro “Design with Nature” de 1969, lança os

dados sobre a importância do uso de layers sobrepostos para análise espacial, que são a

base para a criação de softwares como ArcGIS, QGIS, AutoCad. Com este impulso e a

conjugação de outros fatores, estariam assim, reunidas as condições para a criação do

Software GRID (graphic display of rectangular grid information) se desenvolver

(Chrisman, 1998, citado por Grancho,2005). A necessidade dos utilizadores fez com que

estes produtos evoluíssem cada vez mais, o que levou à evolução deste software,

tornando-o mais interativo e amigável para o utilizador. Este produto vocacionado para o

uso do formato raster, serviu de base aos primeiros softwares de sucesso comercial como

o IDRISI, o ARC/GRID e também o ODYSSEY (Chrisman, 1998, citado por Sousa 2010).

Os anos 80 marcam o início do mercado dos softwares SIG. Depois do sucesso

alcançado pela equipa do Harvard Lab, ao lançar mais um software, o ODYSSEY, que

incluía a integração de estruturas topológicas e bases de dados vetoriais (Chrisman, 1998,

citado por Grancho 2005), a equipa separa-se. Alguns dos membros que haviam saído do

Harvard Lab juntam-se à Environmental Systems Research Institute (ESRI), fundada por

Jack Dangermond. Através de todo o conhecimento obtido no pelos membros no Harvard

Lab, em 1982, a ESRI lança o Arc/Info 1.0, programa que tem a sua base conceptual no

ODYSSEY. Este programa revoluciona o mercado, pois pode correr em todo tipo de

plataformas desde os computadores pessoais, até os mainframes1. Pode dizer-se que a

ESRI representa a herança do que foram os primórdios do SIG e dos responsáveis que os

potenciaram. Hoje em dia, é uma empresa global com lucros de milhões.

Na Europa, o SIG terá surgido a par com os avanços do continente americano,

contudo, estes avanços dividiram-se por alguns países, em especial na Inglaterra e no

norte da Europa. Muitos desses avanços deram-se com pouca cooperação entre os

investigadores europeus. Para além deste fator, o fato dos países europeus praticamente

1mainframe é um computador de grande porte dedicado normalmente ao processamento de um volume enorme de informações. 2Um plotter ou Lutther é uma impressora destinada a imprimir desenhos em grandes dimensões, com elevada qualidade e rigor, como por exemplo mapas cartográficos, projetos de engenharia e grafismo.

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27

não possuírem terrenos do estado, limitou em muito o desenvolvimento dos SIG. Ao

contrário da Europa, os EUA possuíam vastas áreas de terrenos públicos, fazendo com

que houvesse uma grande aposta por parte do estado no desenvolvimento dos SIG para a

gestão dos mesmos. Segundo (Rhind, 1998, citado por Grancho 2005), o

desenvolvimento dos SIG no panorama europeu dividiu-se em três períodos:1950 – 1974,

1975 – 1985 e 1986 – 1995.

Os primeiros exemplos europeus (1950 – 1974) de cartografia computorizada

terão sido cartas meteorológicas produzidas pelo Instituto de Meteorologia de Estocolmo

a partir de 1950. Ainda na Suécia surgem os primeiros estudos na área da

georreferenciação através do Departamento de Geografia da Lund University. O National

Swedish Council for Building Research foi responsável por criar um projeto de

investigação, que culminou com a criação do primeiro plotter2 raster de grande formato.

Neste país surgiu também o primeiro trabalho envolvendo georreferenciação no cadastro

predial, esta medida foi introduzida, em 1964 e 1966, por o Land Register Committee.

(Grancho, 2005). Um outro país com um papel central no desenvolvimento dos SIG à

escala Europeia, foi a Inglaterra. Em 1950, Coppock usando um computador da London

University, analisou meio milhão de registos e atribui-lhes uma classificação para que

estes pudessem ser cartografados à mão (Grancho, 2005). Contudo o que realmente marca

o contributo inglês neste período foi a criação da Experimental Cartography Unit (ECU),

que a partir de 1967, desenvolveu um conjunto de softwares revolucionários que

permitiam a conversão de coordenadas, alteração de projeções, edição de entidades de

desenho, estatística de bases de dados, compressão de dados, reconhecimento automático

de linhas, entre outras funcionalidades encontradas por exemplo no ARCMAP atual. Nos

anos 60, para além da Experimental Cartography Unit (ECU) também contribuíram para

o desenvolvimento dos SIG, algumas instituições públicas como Ministry of Local

Housing and Govern ment com o seu software LINMAP de 1968 e alguns investigadores

como T. C. Waugh desenvolveu um software de cartografia baseado em tecnologia de

impressão line printer o Geographic Information Mapping and Manipulation System

(Rhind, 1998 citado por Grancho 2005).

Page 28: Atualização de uma Base de Dados de Eixos de Via e Análise ...

28

O segundo período (1975 – 1985) ficou marcado pela difusão do conhecimento

dos SIG pela Europa, ao contrário da fase referida anteriormente que ficou restringia a

um pequeno conjunto de países.

A Holanda segundo Rhind, 1998 deu iniciou neste período a um forte

desenvolvimento nesta área, influenciando a administração pública e potencializando a

sua capacidade empresarial nesta área. Pelo contrário, o outrora pioneiro Reino Unido

diminui o incentivo financeiro aos sistemas geográficos nesta década. A Holanda

procurou atrair investigadores estrangeiros, dos quais se destacam Peter Burrough e Stein

Bie de Oxford. Eles contribuíram para desenvolvimento do SIG holandês, trabalhando

com universidades e organismos públicos (Rhind, 1998, citado por Gancho 2005).

O terceiro período (1986 - 1995) passa pela consolidação desta tecnologia.

Portanto é nesta altura que se assiste a uma divulgação generalizada dos SIG por toda a

Europa. Nesta fase assiste-se à introdução de softwares comercias. O primeiro programa

inteiramente comercial a ser usado na Europa foi o ARC/INFOv2 da ESRI em 1983

instalado num computador do BirBeck College, em Londres. Estes programas usufruíram

da evolução dos computadores pessoais, possibilitando que estes pudessem ser usados

por um maior número de pessoas. Deste modo, assistiu-se ao aumento do mercado dos

softwares SIG (Rhind, 1998, citado por Gancho 2005). Portanto, é possível afirmar que o

panorama americano e europeu nos anos 90 já se encontrava praticamente igual.

O que se pode destacar nesta fase, foi o aparecimento dos grandes projetos

europeus, financiados pela Comissão Europeia, possibilitados pela crescente

consolidação das relações entre países. Estes projetos marcaram uma revolução sem

precedentes na forma como podemos aceder aos dados, na uniformização dos mesmos e

na cooperação científica. É possível afirmar que a criação da Agência Europeia do

Ambiente (EEA) terá sido de extrema importância e que projetos como: GISDATA,

GINIE, INSPIRE, CommonGIS e a CORINE Land Cover terão produzido mais

informação sobre ciência de informação geográfica.

No início do século, é inegável que o aparecimento da gigante tecnológica Google

no mercado dos SIG, causa uma revolução sem precedentes, através das suas plataformas

Google Maps e Google Earth, pode-se afirmar que a capacidade de gerir e ter acesso a

informação geográfica como imagens de satélite, arruamentos, modelos 3D e GPS, foi

Page 29: Atualização de uma Base de Dados de Eixos de Via e Análise ...

29

disponibilizada para a população em geral. Neste período assiste-se também à difusão da

utilização de métodos de análise espacial provenientes da geografia quantitativa, como a

lógica difusa (fuzzy logic) e redes neuronais, bem como, a disseminação da modelação

espacial, que permitem simular a dinâmica espaciais sobre variados temas, devido à

crescente capacidade de processamento dos computadores (Bolfe et al, 2011). Ainda

neste período assistimos à introdução de Softwares SIG livres e OpenSource, que

permitem à comunidade desenvolver as suas próprias soluções, e também aos SIG na

palma da mão, devido a cada vez maior capacidade de processamento dos dispositivos

moveis.

2.3. Os Assistentes de Navegação Pessoal (PNA)

Como os dados trabalhados durante o estágio tem em grande parte o objetivo de

serem usados em sistemas de navegação, torna-se necessário fazer uma pequena

abordagem ao tema. Hoje em dia praticamente todos os carros saem da fábrica com um

sistema de navegação baseado no sistema de localização GPS. Em 2007, só na Europa

Ocidental foram vendidos 14.4 milhões de sistemas navegação orientados por satélite

(Skog & Handel, 2009).

O desenvolvimento dos sistemas de navegação pessoal, dá-se através da evolução

tecnológica potenciada pela conexão sem fios, como é natural esta tecnologia foi aos

poucos também introduzida na indústria automóvel. O que levou a que surgissem novos

tipos de serviços de recolha de dados para apoiar a condução e a também a transmissão

desses mesmos dados para uma outra localização de forma a serem analisados. (Broy et

al. citado por Piedade, 2015). Estes serviços de transmissão de informação sem fios e a

sua devida análise, são denominados de telemática (Ackermann et al. citado por Piedade,

2015).

O primeiro sistema de telemática a ser comercializado foi o OnStar, lançado pela

General Motors em 1996, o sistema nele incluído tinha por objetivo localizar um veículo

em caso de perda ou roubo (Yoo, citado por Piedade, 2015). Este é um marco importante

para indústria automóvel, pois apesar de já existirem sistemas de navegação nos carros,

estes eram bastante primitivos e só com uso crescente da telemática na indústria

Page 30: Atualização de uma Base de Dados de Eixos de Via e Análise ...

30

automóvel é que eles ganharam a precisão e praticidade que conhecemos hoje. As

primeiras aplicações desta tecnologia na indústria automóvel terão estado relacionadas

com questões de segurança e aconselhamento de rotas. Posteriormente, e com os

desenvolvimentos tecnológicos, estes sistemas foram começando a ser aplicados a gestão

de frotas e a aplicações moveis associadas à utilização da internet, como o GOOGLE

MAPS e WAZE. Segundo Henfridsson, os serviços de telemática automóvel podem

dividir-se da seguinte forma:

Na navegação e acessibilidade que consistem tipicamente em prover os

condutores de serviços de gestão de rotas e posicionamento dos seus

automóveis;

Nos serviços desenvolvidos para segurança que utilizam sensores com a

capacidade de detetar eventos relativos a acidentes;

Nas tecnologias de telemática que podem ser utilizadas para o aumento da

produtividade e eficiência nas empresas com serviços de frotas;

Nos serviços de telemática para manutenção remota de veículos que

diferem dos de entretenimento na medida em que estão orientados ao

veículo e não aos passageiros.

Para o efeito deste relatório apenas tem interesse referir em maior detalhe o que

toca a navegação e acessibilidade, que consiste em oferecer serviços ao condutor como a

posição do condutor e o caminho mais indicado através de assistentes de navegação

pessoal. Os Assistentes de navegação pessoal, são dispositivos vulgarmente conhecidos

como os “GPS´s dos carrros” e tem por objetivo fornecer ao utilizador um mapa, a sua

posição atual e indicar direções. Eles podem calcular a localização de um utilizador de

três formas distintas: de uma forma offline através de dispositivos como os acelerómetros,

interagindo com outros dispositivos na área e a partir de um sistema de posicionamento

como o GPS, Galileo ou Glonass (White et al. citado por Freitas, 2009). No entanto

praticamente todos estes dispositivos usam tecnologia GPS. Inicialmente apenas

conseguiam dar o cálculo da rota mais curta, mas com a evolução foram capazes de cobrir

outras necessidades como escolher uma rota baseada na distância e tempo, e também

introduzir informação de trânsito, acidentes ou obras (A. Karimi et al. Citado por

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31

Piedade,2005). Permitindo assim aos utilizadores cada vez mais flexibilidade na busca do

seu trajeto ideal.

Apesar do referido, na área da telemática automóvel existem ainda alguns

problemas. De modo a que os assistentes de navegação pessoal possam dar respostas mais

precisas aos seus utilizadores, os sistemas de navegação e os mapas em que eles se

baseiam tem que ser melhorados, para que por exemplo as indicações de mudança de

faixa sejam o mais corretas possível (Skog & Handel 2009). Para conseguir a localização

através do sistema de posicionamento GPS, os assistentes de navegação pessoal usam

algoritmos que conseguem fazer um snap à via correta do mapa em que o utilizador se

encontra. Portanto a navegação está diretamente dependente da qualidade do recetor

GNSS e também da qualidade do mapa, para que haja um serviço de qualidade a

atualização dos mesmo nunca pode parar (Freitas, 2009).

Page 32: Atualização de uma Base de Dados de Eixos de Via e Análise ...

32

Capítulo 3. - Metodologias

O projeto proposto pela empresa para o desenvolvimento do estágio curricular foi a

atualização de uma base de dados de eixos de via com base em tracking (processo de

determinação de locais em tempo real ou não de um determinado veículo) de viaturas e

informação disponibilizada por câmaras municipais.

Este processo caracterizou-se inicialmente por uma formação com o objetivo de dar

a conhecer o método de inserção e atualização dos dados relativos aos eixos de via. A

informação necessária para atualização dos dados surge, maioritariamente, de uma

aplicação que produz alertas de ruas em falta através da análise dos caminhos produzidos

pelo sistema “GNSS” de uma empresa de gestão de frotas. Outra fonte, desta vez interna,

é o departamento de fotografia área que quando deteta desatualização nos dados em

comparação com os ortofotomapas assinala as situações, e ainda, algumas câmaras

municipais podem fornecer informação de toponímia e números de polícia atualizados.

Por fim todos estes alertas são analisados e tratados num software SIG pelos editores.

Para que a rede possa ser disponibilizada em dispositivos de navegação ou usada em

produtos internos (mapas, geocoding, routing etc), após a edição esta precisa de ser

processada e sofrer um conjunto de análises e operações por forma a garantir a sua

navegabilidade, a não existência de erros topológicos e coerência da restante informação.

3.1. Software

O software utilizado foi o Qgis, este é um software de Sistemas de Informação

Geográfica desenvolvido pela “Open Source Geospatial Foundation” e que pode ser

utilizado em variadíssimas plataformas como Linux, Unix, Mac OSX, Windows e Android.

É um software capaz de gerir informação georreferenciada com uma enorme facilidade,

e que tem como principal concorrente o Arcgis sendo que apresenta uma grande vantagem

em relação a este, é gratuito e Open Source. Inicialmente a versão do software usada foi

a Quantum Gis 1.8.0-Lisboa, uma versão um pouco antiga, mas que permitia uma correta

utilização de uma ferramenta muito importante para o trabalho, o Merge Atribbutes of

Selected Feutures que permite a junção dos atributos dos itens selecionados. Em versões

posteriores esta ferramenta apresentava um Bug, o Merge era incorretamente efetuado em

Page 33: Atualização de uma Base de Dados de Eixos de Via e Análise ...

33

atributos que estavam configurados como não editáveis, causando graves alterações nos

dados. No entanto após uma fase de experimentação por parte da empresa chegou-se à

conclusão que na versão 2.18 este problema já se encontrava resolvido pelo que tomaram

a decisão de migrar para esta versão mais recente. Este processo decorreu de uma forma

faseada, uma vez que os editores tiveram de se ambientar com as alterações, que se

registam principalmente: no merge attributes, que na versão 2.18 permite realizar o merge

apenas nos campos desejado; a adição da ferramenta reshape que permite continuar uma

linha a partir de uma pré-existente e diversas alterações ao nível de simbologia e de

configuração de labels que permitiu melhorar o desempenho dos operadores na edição .

Para o trabalho de edição dos eixos de via é fundamental equipar o Qgis 1.8 com

dois plugins o “Rectangles Ovals Digitizing” e o “Switch the direction of a polyline”

ambos pertencentes ao repositório oficial do QGis, o primeiro permite-nos desenhar

polígonos em formas ovais como círculos e elipses, de forma a auxiliar o desenho das

rotundas, o segundo tem o objetivo de trocar o sentido de digitalização das linhas.

3.2. A Base de Dados

A base de dados da InfoPortugal é constituída por diversas tabelas que se

encontram organizadas em subgrupos denominados por esquemas e classifica-se como

sendo do tipo relacional. O esquema onde se encontram os layers passíveis de ser

alterados de forma a proceder a atualização da rede é o ‘PRODUCAO’. Portanto as

alterações que realizei na base dados focaram-se nas assinaladas na figura 3:

Figura 3 – Estrutura da Base de dados e principais layers trabalhados

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34

3.2.1. Eixos de Via: Atributos e Regras

De todas estas tabelas a que é alvo de maior manipulação é a que corresponde ao

layer dos eixos de via onde se regista toda a informação referente à toponímia, números

de polícia, sentidos de trânsito, número de faixas, classificação de via entre outros (anexo

1).

Um dos atributos com edição obrigatória é o 'CLASSIF' que corresponde à

importância do eixo de via, podendo variar entre os valores de 1 a 8, sendo que 1 é mais

importante e 8 o menos importante. É com base neste atributo que é possível obter as

colorações apresentadas no quadro 2. Esta classificação rege-se pela seguinte regra,

sempre que hierarquia inferior seja retirada, as restantes devem continuar interligadas

entre si, portanto, um nível de eixo de via só pode fazer ligação consigo mesmo ou com

um eixo de via com um nível superior, sendo que na classificação máxima, nas

autoestradas, apenas se podem ligar entre si. Todos os exemplos apresentados neste

relatório apresentarão a coloração a atribuída no quadro 2.

Quadro 2 - Critério de classificação de eixos de via

O ‘ONEWAY’ é outro atributo essencial sendo responsável pelo sentido de

trânsito para os veículos comuns. Existem outros campos da tabela que permitem inserir

sentidos de trânsito para veículos específicos como táxis, ambulâncias, veículos de

recolha do lixo, entre outros. O sentido de trânsito pode variar em quatro valores

diferentes (quadro 2), sendo que por defeito é preenchido como duplo. Apesar de ser

possível colocar um sentido de trânsito diferente da digitalização, ‘TF’, isto deve ser

evitado visto que pode causar problemas com outras tabelas dependentes desta

1 – Auto-estradas

2 – IPs, ICs e Variantes

3 – Estradas Nacionais Principais (ligação entre IPs e ICs)

4 – Estradas Nacionais Secundárias e Avenidas Principais

5 – Estradas Locais e Ruas Principais

6 – Ruas Secundárias

7 – Rede capilar das cidades

8 – Acessos Privados e Ruas interiores

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35

caraterística. É nestas situações que a ferramenta que referi anteriormente, o “Swap Line

Diretion” tem bastante utilidade pois permite-nos trocar o sentido de digitalização sem

ser necessário desenhar novamente o segmento, contudo a utilização desta ferramenta

implica alguns cuidados pois existem atributos que são preenchidos consoante o lado da

via. Um destes casos são os números de polícia em que a alteração do sentido de

digitalização representa consequentemente a alteração dos valores de início, fim e lado

da respetiva sequência de números.

Quadro 3 - Atributos do campo ‘ONEWAY’

FT Aplica-se para os casos de vias com

sentido único onde o trânsito corresponde

ao sentido de digitalização

TF Aplica-se para casos de sentido único

onde o trânsito difere do sentido de

digitalização

NULL Aplica-se quando a via permite trânsito

em ambos os sentidos

N Aplica-se quando a via não permite

trânsito automóvel

O último campo obrigatório, é o 'LANES' que corresponde à informação sobre o

número de faixas contidas num eixo de via, é independente do sentido de trânsito e não

deve contabilizar as faixas de BUS. As vias com menos de 3 metros de largura devem ser

classificadas como tendo zero faixas e por isso, recebem o valor de sentido de trânsito

“N” (não transitável) e ‘CLASSIF’ 7 ou 8, por forma a não ser consideradas como opções

para a circulação automóvel e consequentemente serem de menor importância.

Explicados os campos que são estritamente necessários para finalizar um eixo de

via existem ainda outros que apesar da sua não obrigatoriedade na validação o editor

deve-lhes prestar atenção porque também são editados com alguma frequência. Como o

'NAME', 'FOW', 'POF' e todos os campos correspondentes ao preenchimento de números

de polícia.

O campo do 'NAME' corresponde ao nome de rua e deve ser preenchido sempre

que possível. O preenchimento deste atributo segue um conjunto de regras específico,

visto que ao contrário dos outros o seu conteúdo não se encontra previamente

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36

estabelecido, portanto não devem ser usadas abreviaturas, mesmo que estas constem nas

placas toponímicas, com a exceção de não ser possível identificar o significado da

abreviatura (Exemplo: “Dr.” deve estar como “Doutor”). As autoestradas, estradas

nacionais e municipais devem ser preenchidas com a respetiva sigla (A, EN, EM, CM)

seguido do número identificativo da estrada como por exemplo EN125. Todos os

segmentos que fazem parte da mesma rua têm que ter o mesmo nome, assim é necessário

ter atenção a casos que não se encontra homogeneizado, como por exemplo “Rua de 5 de

Outubro ou “Rua 5 de Outubro” e “Rua da Alegria” ou “Rua da Alegria (EN125)”, a ideia

é a manter a coerência dos nomes em todos os segmentos que fazem parte da mesma rua.

Um outro campo que é preenchido frequentemente e de extrema importância para

a navegação é o ‘FOW’. Este campo corresponde a observações fixas na rede viária que

implicam uma sinalização específica na base de dados, de modo a que a navegação

introduza instruções de voz nesses casos especiais. Este campo permite-nos identificar na

rede sete observações distintas, como podemos observar na tabela 3, sendo as mais

comuns as de rotunda e acesso.

Na situação de rotunda o sistema de navegação informa o utilizador que vai entrar

numa rotunda e sair numa determinada saída, para que esta instrução seja corretamente

gerada todos os segmentos que a constituem devem estar sinalizados no ‘FOW’ e numa

mesma junção não poderão convergir dois segmentos para que a contagem das

saídas/entradas seja efetuada corretamente.

Em relação à sinalização de segmentos como acesso, esta tem como objetivo

permitir a instrução de voz de “Siga pela direita/esquerda” em vez de “Vire à

direita/esquerda”. São sinalizadas maioritariamente em segmentos de acesso a vias

rápidas, estando associadas às chamadas vias de abrandamento e de aceleração do código

da estrada.

“Via de abrandamento: via de trânsito resultante do alargamento da faixa de rodagem e

destinada a permitir que os veículos que vão sair de uma via pública diminuam a velocidade já fora da

corrente de trânsito principal;” “Via de aceleração: via de trânsito resultante do alargamento da faixa

de rodagem e destinada a permitir que os veículos que entram numa via pública adquiram a velocidade

conveniente para se incorporarem na corrente de trânsito principal;”

(Código da Estrada)

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37

As restantes tipologias do ‘FOW’ apesar de ocorrem com menor frequência não

deixam de ter a sua importância, como a indicação de “Ferry-boat” que implica custos

adicionais de circulação, ou a sinalização de “Escadas” que dificulta ou impede a

circulação de bicicletas.

Quadro 4 - Tipos de classificação do campo ‘FOW’

1 Rotunda

2 Acesso

3 Área/Estação de Serviço

4 Rua Privada

5 Parque de Estacionamento

6 Escadas

7 Ferry-boat

O campo POF tem o propósito de identificar ‘Obras de Arte’ na via pública sendo

maioritariamente utilizado para alterar a representação gráfica de vias no mapa (ver tipos

possíveis no quadro 5). Sempre que um segmento é sinalizado como “Túnel”, este poderá

apresentar um padrão e coloração diferente das restantes vias, se for antes uma ‘Passagem

superior’ deverá estar representado no mapa “por cima” dos elementos com que cruza

(figura 3).

Quadro 5 - Tipos de classificação ‘POF’

1 Passagem superior

2 Passagem Inferior

3 Túnel

4 Ponte

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38

Figura 4 - Exemplificação prática da importância do campo ‘POF’ no produto final

Os números de polícia tal como os nomes das ruas também são importantes na

navegação para moradas específicas. São seis campos que podem ser preenchidos em

relação a este atributo e denominam-se: L_A_FROM, R_AFROM, L_A_TO, R_A_TO,

L_IRREG e R_IRREG. Estes campos indicam o início e fim de uma sequência de

números de polícia e o lado da rua em que a mesma se encontra, portanto, os dois

primeiros campos correspondem ao primeiro número de ambos lados e os dois campos

seguintes identificam o último número de polícia também de ambos lados, é de salientar

que o preenchimento do início ou fim de uma sequência bem como o seu lado são

dependentes do sentido digitalização em que uma via foi desenhada. Quando os números

seguem uma sequência dita normal, ou seja, números pares de um lado e ímpares do outro,

com uma sequência totalmente crescente ou decrescente, apenas se coloca o número de

início e fim nos campos respetivos e os sistemas de navegação irão assim interpolar os

valores intermédios não sendo necessário o preenchimento manual dos campos L_IRREG

e R_IRREG. Estes dois últimos são preenchidos apenas quando a sequência segue um

padrão irregular ou misto, ou seja, apresenta números pares e ímpares ou sequência

crescente e decrescente do mesmo lado, nestes casos indica-se na mesma o início e fim

da sequência e depois preenchem-se os números que se encontram entre eles. Uma nota

importante vai para quando se usa o plug in “Swap Line Diretion” em vias com números

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39

de polícia previamente preenchidos, pois este ao alterar o sentido digitalização “leva”

também os números consigo, o exemplo da figura 4 mostra um exemplo prático desta

situação.

Figura 5 - Exemplo prático do procedimento a ser usado para os números de polícia quando se usa

o plug in “Swap Line Diretion”

Em suma, na tabela dos ‘Eixos de via’ estes foram os campos que mais foram

editados no decorrer do estágio daí ter escolhido estes para serem alvos de uma explicação

mais detalhada. Contudo isto não significa que sejam estes os únicos campos que se deve

ter em atenção nesta tabela, existem alguns que apesar de sofrerem um preenchimento

mais esporádico têm muita importância nos dados finais como o ‘TOLL_RD,

MAX_SD/REAL_SD’ e os diversos campos com prefixo ‘DT’ (que indicam os sentidos

de trânsito quando existe segmentação de veículos, de acordo com o anexo2), pois estes

contêm informação de se a via é paga, o valor real de velocidade máxima e sentidos de

trânsito para alguns tipo de veículos.

A base de dados encontra-se configurada de forma a minimizar ao máximo o erro

humano. Assim existem alguns campos configurados com a opção ComBox em que o seu

preenchimento é feito através da escolha de uma lista de valores previamente definidos

ou com CheckBox em que se apenas ativa ou desativa uma opção (caso de campos

booleanos). Ainda assim existem alguns com possibilidade de preenchimento livre como

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40

é o caso dos campos ‘CLASSIF, LANES e NAME’. Nas imagens 5,6 e 7 estão ilustrados

exemplos práticos das formas de preenchimento referidas anteriormente.

Figura 6 - Exemplo de um campo de preenchimento manual.

Figura 7 - Exemplo de um campo com preenchimento através de Combox.

Figura 8- Exemplo de um campo com preenchimento através de CheckBox.

3.2.2. Manobras: Atributos e Regras

Este layer serve para dotar a rede de informação relativa as manobras de

condução. A informação relativa a esta tabela permite navegação segmentada por tipo de

veículo e respetiva duração temporal. Assim sendo é garantido que a navegação

automóvel é realizada conforme as regras do código da estrada, havendo por este motivo

a necessidade de atualização destes dados na mesma ordem de importância da tabela dos

‘Eixos de Via’, para que por exemplo não ocorram casos de um dispositivo de navegação

indicar uma inversão de marcha ou calcular uma rota erradamente devido as restrições de

viragem se encontrarem desatualizadas.

O layer ‘Manobras’ possui campos com preenchimento pré-definido para o caso

das proibições de viragem durante 24h para todos os veículos (situações mais comuns).

Dentro desta tabela o campo que representa mais importância é o “COND_TYPE” que

corresponde ao tipo de condicionante que se pretende representar, como se pode observar

na tabela 5 existem 2 condicionantes possíveis. A restrição corresponde ao valor que é

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41

preenchido por defeito e o seu objetivo consiste em introduzir na rede navegável a

informação dos locais onde não é permitido seguir uma determinada direção, são vários

os motivos que podem dar origem a sinalização de uma restrição, as restrições podem ser

de dois tipos simples ou múltiplas, consoante o número de vértices que sejam precisos

para a assinalar. Sempre que houver ligações entre eixos duplicados (vias com separador

central) e eixos não duplicados pode ser necessário assinalar a impossibilidade de

inversão marcha, como acontece por exemplo em algumas rotundas com acessos de

sentido o único (Figura 8) em que é necessário impossibilitar a inversão na origem da via

duplicada.

Quadro 6 - Tipos de classificação do campo ‘COND_TYPE’

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42

Figura 9 - Exemplo de uma Rotunda e respetivas restrições

É também necessário na edição das restrições que seja tomada especial atenção a

casos onde haja presença de linhas contínuas, sinalização de obrigação e proibição. Os

casos mais comuns deste tipo situações são os cruzamentos onde se torna essencial

garantir que os dispositivos de navegação não iram indicar uma manobra proibida e

possivelmente causar distrações á condução, mas como podemos ver na figura 9 existem

alguns cruzamentos complexos onde em simultâneo temos que lidar com sinalização

vertical de obrigação e também linhas continuas, por este motivo está tarefa tem que se

realizada com especial atenção. Ainda nos cruzamentos deve-se simplificar a

representação de geometria de modo a evitar ao máximo a utilização excessiva de

restrições para que o routing seja o mais rápido possível.

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43

Figura 10 - Exemplo de um cruzamento

A bifurcação corresponde ao segundo atributo possível de ser preenchido no

campo “COND_TYPE”, este é preenchido com menor frequência que o atributo referido

anteriormente e implica situações em que existe uma obrigatória mudança de destino com

base na faixa de rodagem em que o utilizador se encontra.

Por este motivo, como observado no quadro 6, podem visualizar dois exemplos

de bifurcações. Em ambas as situações existem uma perda de faixas nos eixos de via

seguintes, pelo que se torna essencial a indicação da faixa em que o utilizador se deve

encontrar por forma a seguir o destino definido pelo sistema de navegação. Assim as

bifurcações são uteis para permitir ao condutor, através de comando de voz,

antecipadamente se posicionar mais à direita ou esquerda mediante o seu trajeto.

Na figura 10 é visível uma outra situação em que não existe perda de faixas,

estando representado apenas uma saída desnivelada, neste caso é apenas sinalizado no

FOW como “Acesso” para a instrução de saída em vez de indicar instruções de bifurcação

“siga pela direita” ou “siga pela esquerda”.

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Figura 11 - Exemplo de um acesso

Para além destas opções para indicação de realização de manobras, como já referi

anteriormente, é possível ainda diferenciar a quem se aplica a sinalética vertical que

proíbe uma certa manobra. A sinalética vertical de proibição pode ser acompanhada por

painéis adicionais que indicam a quem é aplicada a condicionante. Esta sinalética deve

ser interpretada segundo o anexo 2. Nos layers que usem a segmentação por veículos o

procedimento é o mesmo. Para além disto as manobras podem ser também segmentadas

por datas ou horas, mas como estes casos são muito raros, não foram trabalhados durante

o estágio.

3.2.3. Condições de Circulação

O Layer Condições de circulação tem por objetivo introduzir restrições de

circulação na rede de informação. Este layer permite indicar as proibições de circulação

que possam existir numa determinada via, sendo possível segmentar estas proibições

temporalmente, quando estas são inferiores a 24 horas ou em datas especificas. Além das

restrições referidas anteriormente, é também possível segmentar por sentido de trânsito,

tipo de veículo, dimensões e peso dos veículos.

Como noutras tabelas da base de dados, esta tem campos de preenchimento pré-

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45

definido para as situações mais comuns, como por exemplo as proibições estão por defeito

aplicadas a todos os veículos, de modo a agilizar o processo de edição, por este motivo

irei focar-me, especialmente, nos campos específicos desta tabela.

Para começar uma restrição á circulação deve ter em conta inicialmente o sentido

de trânsito que ela proíbe. O campo ‘COND_VAL’ é o que permite especificar o sentido

trânsito das diferentes restrições possíveis, e o seu funcionamento é o igual ao do

‘ONEWAY’. Por exemplo, quando alguma restrição proíbe o sentido de trânsito deve ser

dada a indicação neste campo dessa condição, para depois se proceder a indicação nos

restantes campos das características que devem condicionar essa proibição.

Quadro 7 - Códigos e sinais de proibição de transito no campo ‘COND_SG’

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Explicada a finalidade deste layer, passarei a explicar os campos mais importantes

que a caracterizam. Como é obvio não são contempladas todas as restrições presentes no

código da estrada, pois apenas são tomadas em conta aquelas que condicionam a

circulação e que causam segmentação de veículos em determinadas situações.

Como foi referido anteriormente, são tidas em conta restrições que condicionem

a circulação, quer temporalmente, quer por dimensão e peso. Mas como se pode observar

no quadro 7, existe um campo neste layer reservado a certas condições mais “especiais”

denominado de ‘COND_SG’. Estas restrições têm por objetivo indicar na rede de

informação seis restrições distintas, que consistem em proibições relacionadas com

trânsito proibido a veículos com reboque, a veículos que transportem cargas de risco e

veículos que ultrapassem uma certa tonelagem por eixo.

Quadro 8 - Restrições no âmbito da dimensão dos veículos

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Para manter a qualidade da informação e conseguir segmentar os mais variados

tipos de veículos torna-se fundamental ter em conta as restrições relacionadas com a

dimensão dos mesmos. Por este motivo a informação relativa a este tipo de restrições, a

par de outras, deve estar o mais atualizada possível para que os condutores não sejam

induzidos em erro. Como se pode observar, no quadro 8 Layer “Condições de Circulação”

tem quatro campos que permitem indicar o peso, comprimento, largura e altura máximos.

Na tabela é também possível visualizar exemplos para as diferentes situações. Estes

campos são de preenchimento livre, como já foi explicado.

Como já foi mencionado, para além das restrições físicas que certas vias podem aplicar

aos veículos, podem haver restrições a nível de data e horários que esta base de dados

também comporta. O preenchimento na base de dados relativamente a informação sobre

restrições à circulação baseadas em datas torna-se um pouco mais complexo do que os

exemplos ilustrados anteriormente, pois as datas podem assumir variados formatos.

Portanto o campo M_TYPE é o que permite identificar os diversos tipos de datas

observados no quadro 9. Os tipos de datas podem variar entre 9 tipos de data diferentes.

Este campo serve apenas para dizer à base de dados que tipo de data que se pretende

indicar. Posteriormente, a ser indicada esta a informação o valor com as datas é

efetivamente preenchido em dois campos denominados de’ START_DATE’ e

‘END_DATE’, que como o nome indica servem para indicar a data de início e fim de uma

dada proibição. Todas as situações que envolvam a indicação de datas são editadas

seguindo estas regras.

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Quadro 9 - Tipos de datas possíveis no campo ‘M_TYPE’

Tipo de data Descrição Exemplos Explicação

YYYY é o ano

MM é o mês

DD é o dia

Cada X é um Booleano (Y – Sim, N – Não) com

começo ao Domingo

Domingo - Não, Segunda - Sim, etc…

DD DD é um valor entre 01-31

2

Este formato data compreende um dia

especifico do mês, ex:2 Janeiro, 2 Fevereiro,…,

2 Dezembro

DDWWDD é um valor entre 01-07, onde 01 é

Domingo, 02 é Segunda, etc…

104 WW é um valor entre 01-05

Ex: 4º Domingo de cada Mês

WWDD é um valor 01-07, onde 01 é Domingo, 02 é

Segunda, etc…

5 WW é um valor entre 01-52

Ex: Domingo da 4º semana do ano

WW WW é um valor entre 01-05

5 Ex: 5º semana de cada mês

WW WW é um valor entre 01-52

5 Ex: 5º semana do ano

MM MM é um valor entre 01-12

7 Ex: Mês de Julho

DDMM DD é um valor entre 01-31

102 MM é um valor entre 01-12

Este formato compreende um dia específico

num determinado mês ex: 1 de Fevereiro

DMYDia fixo num mês

em específico

WMSemana fixa num

mês

WY Semana fixa no ano

MY Mês fixo num ano

DMDia fixo - Todos os

Meses

DWM

Dia fixo de uma

Semana - Todos os

Meses

DWYDia fixo de uma

semana - Num ano

FD Data CompletaYYYYMMDD

20110101

MK Mascara XXXXXXX NYYYYYN

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49

Figura 12 - Exemplo de uma proibição por data

Como forma de ilustrar o funcionamento destes campos, na figura 11 temos

presente um exemplo prático onde seria necessário aplicar uma restrição à circulação por

data. No painel adicional ao sentido de proibição é possível ler “EM DIAS DE FEIRA

EXECPTO FEIRANTES”. Então para ser preenchida corretamente esta informação na

base de dados teríamos primeiro que indicar que a via é apenas de um sentido em dias de

feira, para de seguida, ser utilizado o campo ‘M_TYPE’ de modo a selecionar o tipo de

data mais indicado. Como esta feira se repete todas as Sextas-Feiras, o tipo de data a

utilizar é a do Tipo Máscara, porque esta é a única que permite introduzir uma data que

ser repita continuamente, pois as restantes opções são destinadas a datas que tenham de

ser cumpridas em determinados dias, semanas ou meses do ano. Após conseguirmos

encontrar o tipo de data correto, recorremos ao campo ‘START_DATE’ para podermos

indicar que efetivamente a proibição se impõe todos as sextas-feiras, como esta proibição

é contínua não possui uma data final, portanto o campo ‘END_DATE’ neste caso não é

preenchido.

Para além de proibições temporais impostas por datas, existem ainda outras

impostas por horas, denominadas de ‘START_TIME’ e ‘END_TIME’. Estes dois campos

não precisam de grande explicação pois o seu preenchimento é simples, quando é

necessário introduzir uma restrição horária numa determinada via preenche-se

efetivamente a hora que a restrição é imposta num formato de 00h a 23e59h.

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50

Figura 13 - Exemplos de combinações de restrições numa só ocorrência

Todavia as restrições anteriormente apresentadas podem não aparecer

isoladamente, ou seja, em alguns casos acontece a imposição de várias restrições numa

só via simultaneamente. A base de dados compreende essas situações e é possível, tal

como acontece na via pública, que a restrição inserida neste layer possa resultar na

combinação de várias outras restrições. A figura 12 tem intenção de ilustrar e elucidar o

que foi referido anteriormente. Na figura é possível observar duas situações distintas em

que numa vemos uma combinação de uma restrição imposta por um peso máximo e

horário e em outra uma combinação de uma restrição por data e horário. Estes são apenas

dois exemplos, pois é possível combinar uma proibição com todas a restrições já referidas

anteriormente.

3.2.4. Layers Complementares

Como é óbvio não foi manipulada, durante o estágio, toda informação disponível na base

dados da InfoPortugal, pois esta cobre um vasto leque de situações e algumas não

necessitam de uma atualização frequente, como por exemplo, a informação sobre as

portagens. Para além disso, o tempo do estágio era limitado e por isso era necessário

aprender os processos mais importantes na edição da base de dados. Posto isto, para além

dos layers relacionados com a rede viária que já foram referidos anteriormente, ouve

necessidade de aprender a manipular um conjunto de outros dados que servem de

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51

complemento à navegação e elaboração de mapas. Os mais relevantes desse grupo são os

que representam a hidrografia, espaços verdes e ocupação do solo.

Estes layers têm um processo de edição menos complexo como objetivo servir de

suporte à navegação, a par com o nome das ruas e números de porta, e de se apresentarem

como um enquadramento geográfico e estético nos produtos noutros empresa, como

serviços de websig, webmapping, mapas turísticos em papel e entre outros.

O layer hidrografia, tal como o nome indica serve para representar os vários tipos de

cursos de água. Este tipo de informação não sofre muitas alterações, sendo que o principal

motivo para realizar alterações é proveniente de dados em falta e construção de novas

barragens que mudam o perfil dos rios. A estrutura deste layer está organizada em duas

tabelas: uma para os cursos de água de maior dimensão, como rios importantes, que tem

a sua representação feita através de áreas; e outra tabela dedicada a cursos de água de

menor dimensão, como ribeiras, que tem a sua representação feita através de linhas.

Concluindo, na edição, a hidrografia tem de estar sempre visível, pois é essencial como

suporte ao campo’ POF’ para identificação de pontes. A imagem 13 representa

exatamente esse exemplo, onde se verificou que existia uma linha de água a cruzar com

uma estrada e não havia a indicação de existência de ponte. Para retificar esta situação foi

necessário isolar o segmento da via que correspondia ao comprimento da ponte, para se

poder indicar essa informação na base de dados.

Figura 14 - Exemplo prático da utilidade da hidrografia no processo edição

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O layer espaços verdes é bastante simples, tem por objetivo identificar as zonas

verdes de utilização pública e ou privada e deve ser tido em atenção especialmente nas

cidades. Ele comporta a identificação de parques, jardins, miradouros e zonas ajardinadas

em rotundas, separadores centrais etc.

No que toca à edição dos três layers mencionados, o ‘LAND_AREAS’, que

representa a ocupação do solo, foi o mais trabalhado. A ocupação do solo que é

representada neste layer não tem por objetivo identificar o tipo de ocupação de uma

determinada área, mas sim infraestruturas relevantes ao longo do território conforme o

indicado no quadro 10. É uma informação importante de se manter atualizada, porque

estas áreas de interesse comum podem também servir como pesquisa para a realização de

routing.

Quadro 10 - Elementos possíveis do Layer do uso do solo

Código Tipo de elemento

3000 Outros

3001 Aeroportos

3002 Hospitais

3003 Shopping

3004 Parques industriais

3005 Parques Empresariais

3006 Universidades/Colégios

3007 Estádios/Pavilhões

3008 Cemitérios

3009 Campos de Golf

3010 Militar

Concluindo, foi nesta informação que o estágio teve a sua ênfase. É de salientar

que a empresa possui ainda um vasto leque de informação que não foi mencionada neste

capítulo, o que demonstra a seu grande potencial para abranger várias áreas de negócio,

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53

tornando-a como já foi referenciado, uma das empresas líderes de mercado no contexto

dos SIG.

3.3. Métodos de Atualização da Base de Dados

Passando agora para um discurso um pouco diferente do anterior, mas mantendo

o assunto relativo a base de dados, vamos passar a conhecer as formas que são usadas

para esta se manter atualizada. A empresa procura ter uma variedade considerável de

fontes para conseguir recolher o máximo de informação. As fontes que se encontram

atualmente em uso são quatro, as probes, o feedback obtido através das fotografias aéreas,

câmaras municipais e por avisos dos clientes da empresa.

A cada três meses é processada a informação para que as alterações feitas pelos

editores sejam refletidas no produto final mais recente da empresa e das quatro fontes

indicadas anteriormente, duas delas são essenciais para manter esta taxa de atualização:

Probes e alertas do departamento de Fotogrametria.

As probes resultam de uma parceria da InfoPortugal com uma empresa de gestão de frotas

de veículos. Esta informação é gerada através dos dispositivos de localização instalados

em veículos, que reportam os seus percursos e velocidades em tempo real, estes percursos

são comparados com a informação dos eixos de via da InfoPortugal e se ocorrerem

incongruências são gerados alertas de possíveis desatualizações. Para além de ser gerada

informação sobre os percursos, é ainda recolhida a informação sobre a velocidade desses

mesmos veículos em tempo real que permite à empresa ter um serviço de informação de

trânsito automatizado. Para ser possível receber e interpretar esta informação existe um

servidor próprio denominado de Probeanalayzer (figura 14), onde cada editor necessita

de se conectar e classificar o estado de cada probe.

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54

Figura 15 - Interface de manipulação do servidor das probes

Na figura 14 é ainda possível observar vários detalhes sobre esta interface, na parte

superior é possível verificar informação sobre as fontes de dados. De seguida, na barra

denominada por ‘State of Alertes’ é fornecido um resumo sobre o estado geral dos alertas,

ou seja, é apresentado o número de alertas por classificar: os que foram indicados como

válidos para serem revistos por editores, os corrigidos, os repetidos, as indicações de

propriedade privada e os falsos alertas. Por último, é possível selecionar os alertas que

pretendemos visualizar por cada estado.

Começamos por selecionar o estado ‘Unchecked’ que corresponde aos alertas por

classificar, tal como está apresentado na imagem 14, e seguidamente é apresentada uma

lista de resultados ordenada de forma decrescente pelo número de vezes que foi reportado

um alerta.

Na figura 15 está ilustrado um exemplo de classificação de uma probe como

“Private Street”, após confrontação da fotografia área com os mapas da empresa. Neste

caso existe uma estrada que é reportada corretamente como estando em falta, mas a

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55

mesma serve de acesso a uma exploração agrícola, ou seja, uma propriedade privada, que

não tem interesse inserir nos dados.

Figura 16 - Exemplo da resolução de uma probe no servidor Probeanalyzer

O exemplo anterior é um dos mais comuns de ser reportado, pois muitas vezes as

frotas de veículos têm de entrar em propriedades privadas como indústrias e zonas

agrícolas o que gera um alerta. Para além dos casos das ‘Private Streets’, existem mais

duas classificações que são usadas com regularidade: a ‘In Review’ e o ‘False Alert’. O

estado ‘In Review’ serve para dar a indicação que o alerta é válido para ser inserido como

atualização na rede de eixos de via.

Na figura 16 é apresentado um exemplo de um alerta que foi considerado como

válido para revisão do editor. O caso específico reflete a falta de uma estrada dentro de

um hotel que poderia ser considerado como um caso de uma estrada privada, mas como

o hotel é de grandes dimensões e tem interesse turístico deverá ser classificado como ‘In

Review’ para que posteriormente seja resolvido no QGIS, onde o editor deverá desenhar

a geometria e classifica-la como oito na hierarquia dos eixos de via.

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Figura 17 - Exemplo de um alerta valido para ser revisto

Outra situação bastante frequente é a questão dos falsos alertas, que podem ser

originados por percursos que envolvam sair do país ou por o dispositivo de tracking ter

uma perda de sinal fazendo que com que o alerta gerado seja inválido. Na figura 17

podemos ver um exemplo de um falso alerta causado por um veículo ter ultrapassado a

fronteira.

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Figura 18 - Exemplo de uma probe provocado por um falso alerta

A segunda fonte informação mais utilizada são os alertas enviados pela equipa do

departamento de fotogrametria, que comparam os eixos de via existentes em zonas de

novas recolhas de fotografia área sinalizando as incongruências detetadas. As situações

são assinaladas num layer que é adicionado ao QGIS para que os editores possam analisar

as situações reportadas. Como podemos ver na figura 18 a ideia é idêntica à das probes,

mas em vez de os alertas serem representados pelo um percurso de um dado veículo, são

representados por um polígono. Os alertas podem por vezes conter observações para

ajudar no processo de edição.

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Figura 19 - Exemplo de uma estrada em falta reportada pelos técnicos fotogramétricos

3.4. Fluxo de Trabalho e Principais Desafios

Figura 20 – Fluxograma do desenvolvido do trabalho

Este subcapítulo tem o objetivo de demonstrar as situações mais comuns e

dificuldades do dia-a-dia na edição da base de dados de eixos de via da InfoPortugal,

através de exemplos práticos do trabalho realizado durante estágio. As principais edições

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realizadas foram a correção de geometria e introdução de novos eixos de via, edição de

cruzamentos e rotundas e inserção de informação sobre os atributos das vias existentes

como números de polícia, limites específicos de velocidade, informação de passagens

inferiores e superiores, entre outros.

As alterações realizadas durante a edição implicam na maioria das vezes a utilização

de vários layers em conjunto, por isso os exemplos não demonstram individualmente a

utilização de cada layer mas sim a sua utilização como um todo. Na edição alguns

cuidados devem ser tidos em conta, ao usar a ferramenta de corte do QGIS (Split

Features) não devemos aplica-la em cima de vértices, pois há uma grande probabilidade

de criarmos vértices duplicados e causar erros na rede. Em relação ao preenchimento de

campos na tabela é de evitar ao máximo erros de preenchimento, tais como: troca nos

campos, deixar campos de preenchimento obrigatório em branco e erros ortográficos no

preenchimento do nome das ruas. Ao nível da integridade dos dados é de evitar, erros no

campo ‘CLASSIF’ e de snaping entre vias.

Na seguinte sequência de figuras podemos observar um exemplo em que se verifica

a falta de eixos de via. Na figura 19 está representada a situação que dá origem a este

segundo exemplo. Neste caso trata-se da existência de uma estação de serviço que deve

ter sido construída após a última vez que algum editor trabalhou nesta área. Após serem

encontrados os pontos iniciais e finais dos novos segmentos, verifica-se com uma análise

mais detalhada que a edição está a ser realizada numa Estrada Nacional e que temos a

presença de linhas contínuas e sentidos únicos no que diz respeito aos acessos a estação

de serviço.

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Figura 21 - Exemplo de uma estação de serviço em falta

Identificadas as situações que precisavam de ser tidas em conta, foi possível

proceder ao desenho das geometrias necessárias para representar a estação de serviço e

os seus acessos. Através da vista área da figura 20 é possível observar a rosa o esboço das

vias em falta. É também possível observar segmentos a preto que representam as

restrições do layer manobras, ou seja, a direção por qual os condutores não podem seguir

consoante a sua posição na via. Ainda nesta figura é possível visualizar de que forma a

tabela das vias deveria ser preenchida, visto que as estações de serviço devem ter sempre

‘CLASSIF” de 7 (classificação da malha geral da rede) e ‘FT’ no campo ‘ONEWAY’

que representa que o sentido de trânsito é igual ao da digitalização. A tabela das manobras

não necessitou neste caso de manipulação pois os atributos preenchidos por defeito

satisfaziam as necessidades (duração e veículos que afeta).

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Figura 22 - Esboço e respetivo preenchimento de características de novas vias

O resultado final desta alteração é apresentado na figura 21 (lado esquerdo) onde é

possível confirmar visualmente que o sentido de trânsito das vias ficou corretamente

atribuído. As outras duas imagens da figura x representam o método de controlo de

qualidade por forma a minimizar as falhas, ou seja, quando são executadas edições que

alteram campos sobre os quais existem auxílios de controlo de qualidade, como a

indicação de rotundas, pontes, viadutos, separadores centrais e entre outros. Ao ativar os

layers de auxílio no layer group pré-processamento, neste caso percebe-se que não foi

esquecida a indicação que a via da estação de serviço refletia esse mesmo atributo no

campo ‘FOW’.

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Figura 23 - Resultado final da edição de uma estação de serviço

No mesmo contexto é possível através das imagens da figura 22 ver que após

darmos informação à base de dados da existência de uma passagem superior e inferior,

no campo ‘POF’, que a essa informação foi atribuída e sua hierarquia respeitada, isto é, a

passagem superior encontra-se por cima da inferior.

Outro atributo do campo ‘FOW’ cujo controlo de qualidade é possível visualmente

é a indicação de “Acesso” em cruzamentos desnivelados, indicação esta essencial para

comandos de voz de “Siga pela direita”/“Siga pela esquerda” em vez de indicar “Virar à

direita”/”Virar à esquerda” como é o caso nos cruzamentos ao mesmo nível (figura 23).

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Figura 24 - Utilização do layer pré-processamento para o campo ‘POF’

Figura 25 - Utilização do layer pré-processamento para o campo “Fow”(Acessos)

Explicados os passos mais essenciais na edição de vias, vamos passar a analisar

duas situações que foram bastante recorrentes durante o estágio, a edição de novas

rotundas e cruzamentos.

Começando pelas rotundas, a situação está assinalada pelo polígono a roxo e irá

necessitar, para além da edição de uma nova geometria que represente a rotunda, alterar

a geometria das vias adjacentes (figura 24).

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Figura 26 - Preparação e limpeza dos dados para a edição da rotunda

Para procedermos ao desenho da rotunda em si, utiliza-se o plugin ‘Rectangles

Ovals Digitizing’ como auxílio ao desenho desta com uma geometria arredondada (figura

25). Este desenho auxiliar é feito num layer destinado para o efeito, no qual é possível

fazer snapping com o das vias.

Figura 27 - Utilização do plugin ‘Rectangles Ovals Digitizing’

Na figura anterior ficamos com uma imagem do esboço da rotunda, mas sem os

atributos devidamente preenchidos. No QGIS existe uma ferramenta que nos permite

realizar um Merge de atributos que iremos analisar através da figura 26. Esta denomina-

se de ‘Merge feature atributes’ e permite preencher os atributos de vários segmentos ao

mesmo tempo com base nos valores existes num outro segmento e alterar os elementos

que forem diferentes. Na situação em causa vamos querer manter os mesmos valores da

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via principal nos segmentos da rotunda, como a classificação, o nome da rua, etc mas vai

ser necessário que o campo ‘FOW’ tenha a indicação de que são segmentos de rotunda

pelo que inserimos nesse campo o valor 1. Deste modo teríamos a rotunda editada,

faltando apenas realizar este processo para os acessos secundários, neste eles ficariam

com a mesma hierarquia que essas mesmas vias e também era necessário verificar os

sentidos de digitalização pois os acessos são de sentido único.

Figura 28 - A ferramenta ‘Merge feuture atributes’

A construção desta rotunda trouxe uma nova dinâmica a esta secção da rede de

estradas. Ao compararmos as imagens das figuras 24 e 27 verificamos que as duas vias a

azul, isto é, com uma hierarquia de nível 3 ficaram, após a construção da rotunda, com

uma ligação mais direta e rápida. Assim sendo quando existem estas situações é

necessária uma análise mais “humana” por parte do editor, pois não existe um manual

que indique a forma de perceber se uma via ganhou importância ou não, restando apenas

a interpretação de cada um. Deste modo podemos observar que a via foi promovida de

nível sete para seis, apresentando-se deste modo como opção mais viável de ligação entre

as duas estradas de maior importância.

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66

Figura 29 - Resultado final da edição de uma rotunda

Também no caso das rotundas como operação final, devemos recorrer ao layer de

pré-processamento para confirmar que tudo estava em conformidade. Na figura 28

podemos confirmar que realmente a edição foi realizada sem falhas. Através das imagens

conseguimos perceber que foi dada indicação de rotunda à base de dados e a existência

de separador central nas vias principais através do campo ‘divider’.

Figura 30 - Utilização do layer Pré-processamento numa rotunda

De seguida será exemplificado o processo de edição de um cruzamento, que seguirá

a mesma sequência lógica que o exemplo anterior. No exemplo da figura 29 verificamos

que existe um cruzamento em faltam. O primeiro passo neste caso foi afastar as vias

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67

existentes para os extremos do cruzamento.

Figura 31 - Ponto inicial para a edição de um novo cruzamento

Após termos preparado a área de trabalho para a edição, começamos o processo de

desenho da geometria dos novos segmentos do cruzamento tal como o ilustrado na figura

30. Um facto a destacar quando se trabalha neste tipo de cruzamentos é tentar evitar nós

desnecessários, pois se não o fizermos estamos a aumentar a quantidade de informação a

ser processada pelos GPS, diminuindo assim o desempenho dos dados. Na mesma figura

é possível perceber que na área assinalada por um quadro vermelho, que este princípio

foi respeitado, as vias que permitem fazer o cruzamento da faixa de rodagem não foram

conectadas com a da faixa da esquerda pois essa manobra não é legalmente permitida.

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68

Figura 32 - Desenho da geometria de um cruzamento

Com a geometria editada o passo seguinte foi preencher os atributos dos

segmentos desenhados. Na figura x, já podemos observar as vias com os atributos

devidamente preenchidos, e também observar onde foram colocadas as restrições e

porquê. A edição das restrições é realizada após a análise da sinalização horizontal, vista

a partir da fotografia área. Para além disso, sempre que haja duplicação de vias numa

estrada é sempre preenchida uma restrição de inversão de marcha nos seus limites. Na

imagem da figura x, as restrições que não se encontram no interior do quadrado vermelho

demonstram a situação descrita anteriormente, nestes casos, normalmente, verifica-se a

existência de uma linha continua. As restrições que se encontram no interior do quadrado

são originadas através das regras de trânsito presentes no local.

Tomando como exemplo um veículo que siga pela faixa da direita, de acordo com a

sinalização horizontal, não pode cruzar de faixas na segunda interceção originado assim

a sinalização de uma restrição, as restantes no interior do quadrado têm o mesmo motivo,

mas com direções diferentes. No caso do sentido contrário, ao dado no exemplo anterior,

não foi necessário a indicação de uma restrição pois a via que liga as duas faixas tem um

sentido de trânsito contrário. Quando uma manobra já se encontra impedida pelos

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69

sentidos de transito não existe a necessidade de indicação de restrições.

Figura 33 - Exemplo do preenchimento de estrições num cruzamento

Para além destas edições, mais correntes durante o estágio, foram editados ainda

outros atributos da base dados. Por exemplo quando uma via tem algum tipo de proibição

a um determinado grupo de veículos; a uma determinada característica; e informação

complementar da rede viária.

Começando pelas proibições de circulação atribuídas a um determinado grupo de

veículos, se estas se verificarem permanentemente são atribuídas no mesmo layer das

vias. Uma das situações mais comuns nestes casos é com os veículos pesados. A figura

32 dá-nos um exemplo de uma situação deste tipo. Pelas imagens, podemos perceber que

existe uma proibição no sentido para o qual o sinal aponta, mas que a mesma não se

atribui ao grupo dos pesados. Portanto, o processo de edição desta via foi “normal”, mas

após essa edição na tabela dos eixos de via, era necessário no grupo de campos ‘DT’

(responsáveis por dar indicação de sentidos de trânsito para grupo de veículos específicos)

preencher a informação relativa ao sinal presente na via. Como a indicação deste, era que

os pesados podiam circular no sentido de trânsito contrário ao do tráfego normal, no

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70

campo do ‘DT_Trucks’ (pesados) foi indicado que o sentido de tráfego era contrário ao

indicado no ‘ONEWAY’. Também é possível verificar que nos campos ‘DT_Bus’ e

‘DT_EMERYH’ ouve um preenchimento igual, isto porque os veículos de transporte

público são considerados também como pesados. Além disso, os veículos de emergência

podem também transitar sempre que seja possível a circulação automóvel.

Figura 34 - Exemplo da indicação de sentido de trânsito para os veículos pesados

As proibições à circulação impostas por horários ou datas e por características dos

veículos, são introduzidas num layer à parte denominado de condições de circulação. O

preenchimento deste layer consiste em inserir uma entidade pontual sobre o/os

segmento/os de via afetado/os por uma determinada proibição, e seguidamente preencher

a respetiva tabela com as características da mesma. No exemplo da figura 33 está presente

uma proibição de limite de peso a uma via que, corresponde a uma pequena ponte. O

procedimento a seguir seria editar o layer das condições de circulação de modo a fazer

com que um ponto ficasse sobre a via em questão. De seguida na tabela preenchíamos os

campos responsáveis por refletir esta proibição, como podemos observar na imagem

baixo assinalado a vermelho. O campo ‘COND_VAL’ foi preenchido com a letra ‘N’,

porque este campo reflete a indicação do tipo de trânsito possível, sendo neste caso de

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71

não transitável. O outro campo a preencher foi o ‘MAX_WEIGHT’, e como nome indica

serve para indicar o peso máximo da condição.

Figura 35 - Exemplo de uma proibição imposta por peso

Por fim, será exemplificado como funcionam na generalidade a edição dos layers

complementares da rede viária. Como demonstração será usado o layer

‘LAND_AREAS’, através da sequência de imagens apresentada na figura x podemos

perceber como se deve proceder à edição deste tipo de áreas. Normalmente este processo

acaba por ser assessório ao da edição das vias, na medida em que se vão encontrando

locais por atualizar ao longo da rede viária. Em primeiro lugar, depois de ser identificada

a área a atualizar, realiza-se o desenho de um polígono correspondente, neste caso, a um

estádio de futebol. Após a geometria estar finalizada devemos preencher as informações

sobre a área de interesse, como demonstrado pela tabela da figura 34. Posteriormente é

selecionada a categoria da infraestrutura e de seguida o seu preenchido o seu nome. Pode

concluir-se que este é um processo bem mais simples do que o necessário para a edição

das estradas.

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72

Figura 36 - Exemplo prático da edição do layer ‘LAND_AREAS’

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73

Capítulo 4. – Proposta de Potencial de Mobilidade Pedonal no

Concelho da Maia

Este capítulo tem por objetivo explanar outras potencialidades dos dados

desenvolvidos durante o estágio curricular, e permitiu conjugar o lado mais prático da

produção de dado e análise dos mesmos num ambiente mais académico.

Esta pesquisa debruça-se sobre o tema da mobilidade sustentável, pois existe

atualmente um ciclo de urbanização baseado na dispersão urbana e desterritorialização

das atividades económicas, que por sua vez causam uma maior ineficiência nos sistemas

de transportes públicos e por consequência o aumento do transporte individual (Silva,

2004). Em particular o estudo tem por objetivo calcular de modo mais eficiente possível

o potencial de mobilidade pedonal, por se integrar no conjunto dos modos suaves de

deslocação, que se apresentam como alternativa ao modo individual principalmente nos

centros urbanos. A área de estudo escolhida foi o concelho de Maia por ser o meu

município de residência e por possuir dinâmicas interessantes com freguesias com altas

densidades populacionais e outras tipicamente rurais.

4.1. Mobilidade Sustentável

Pode-se afirmar que o conceito de desenvolvimento sustentável surge pela

primeira vez no fim dos anos 80, no relatório da Comissão Mundial para o Ambiente e

Desenvolvimento denominado de “Our Common Future” (WCED, 1987). Conceito este

que veio abrir novas perspetivas sobre a forma como o Homem se relaciona com a

Natureza. Através de novo conteúdos teóricos, da promoção da solidariedade entre os

diferentes grupos de pessoas e os ecossistemas. Mas também pela introdução de um

modelo de desenvolvimento que assenta não só nas condições de partida, mas também no

equilíbrio ambiental, económico e social. A partir deste momento, foi possível que a

consciência inicial que temos dos problemas pudesse resultar em mudanças quer

quantitativas quer qualitativas refletidas no modo de vida em comunidade (APA, 2010).

Este novo paradigma revela-se extremamente importante na medida em que

permite planear o futuro com mais otimismo. Toma como ponto de partida e como

condicionantes as restrições ambientais, o que apesar de positivo é ao mesmo tempo um

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74

desafio, pois o equilíbrio com a vertente económica e social pode não ser o mais

harmonioso. Muito devido ao grande crescimento da população urbana as cidades são

lugares onde o conflito entre os três pilares do desenvolvimento sustentável é maior.

Segundo a ONU (consultado em 2018) hoje em dia vivem nas cidades 54% da população

número que aumentará para 66% em 2050.

Portanto, esta corrente de pensamento com naturalidade chegou também à

problemática da mobilidade. A mobilidade é uma parte essencial do desenvolvimento

humano e nos nossos dias mais do que nunca constitui um elemento dominante de uma

sociedade moderna. Por este motivo houve a necessidade de juntar ao termo mobilidade

urbana o termo sustentável, que pretende não reduzir a mobilidade em si, mas mudar a

forma que é exercida. É importante ter em conta que que o incremento da mobilidade

urbana acarreta desafios que transcendem para além da relação dos transportes com o

ambiente. A mobilidade representa um direito inerente a todas as pessoas que acarreta

custos tanto socias como económicos. “O aumento continuado das emissões de gases

com efeito de estufa associado ao sector dos transportes, os crescentes

congestionamentos de tráfego – no tempo e no espaço – e a destruição ou desvalorização

dos espaços públicos, com a consequente deterioração da qualidade do ambiente urbano,

tornam cada vez mais evidente a insustentabilidade do modo como essa mobilidade se

exerce na atualidade e apontam para a imperiosa necessidade de se encontrarem

soluções que, sem porem em causa esse direito, o condicionem às suas consequências

ambientais e económicas.” (APA, 2010). Em suma, o conceito de mobilidade sustentável

apresenta-se ainda como um desafio aos decisores e à tecnologia pois ainda não foram

encontradas respostas satisfatórias tendo em conta as tendências globais observadas.

Como este tema está cada vez mais em voga no vocabulário dos nossos dias,

tornou-se necessário defini-lo de forma mais objetiva. Genericamente, depreende-se por

mobilidade sustentável, uma que se baseie num sistema de transportes que consiga servir

de forma satisfatória as necessidades das pessoas e que se oriente no sentido de diminuir

o mais possível o seu impacto ambiental e que promova o seu funcionamento de uma

forma sustentável. Segundo Silva (2004), um sistema de transportes inserido numa

dinâmica de mobilidade sustentável assenta em quatro grandes eixos:

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75

O tecnológico – que abarca as questões relacionadas quer com a tecnologia dos

veículos e dos seus motores, quer com a própria infra-estrutura e a gestão de

tráfego (Richards, 2001);

O económico – que envolve toda a gama de instrumentos que procuram tornar

mais percetível o custo do transporte para os eu utilizador, nomeadamente através

da introdução de portagens, da tarificação do estacionamento, da internalização

dos custos externos;

O comportamental – que de algum modo está relacionado com anterior, e onde se

procura influenciar a procura de transportes no sentido de ter um comportamento

mais adequado às preocupações ambientais e a uma utilização mais racional do

sistema como um todo;

O do planeamento – tanto no que se refere aos transportes como sistema e em

relação a cada rede per si, como ao próprio planeamento do uso do solo, enquanto

fator gerador e atractor de tráfego.

Diferentes entidades competentes têm proposto definições para explicarem de forma

sucinta o que já foi referido anteriormente.

O World Business Council for Sustainable Development define mobilidade

sustentável como “a capacidade de dar resposta às necessidades da sociedade em

deslocar -se livremente aceder comunicar transacionar e se livremente, aceder,

comunicar, transacionar e estabelecer relações, sem sacrificar outros valores

humanos e ecológicos hoje e no futuro.” citado em Mobilidade Sustentável

Introdução à temática da Eco-Condução, IMTT

O Conselho Europeu dos Ministros de Transportes (2006) defini um sistema de

transporte sustentável, como um sistema que:

permite responder às necessidades básicas de acesso e desenvolvimento

de indivíduos, empresas e sociedades, com segurança e de forma

compatível com a saúde humana e o meio ambiente, fomentando ainda a

igualdade dentro de cada geração e entre gerações sucessivas;

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76

Resulta exequível, opera equitativamente e com eficácia, oferece uma

escolha de modos de transporte e apoia uma economia competitiva, assim

como um desenvolvimento regional equilibrado;

limita as emissões e os resíduos ao nível da capacidade de absorção do

planeta, usa energias renováveis ao ritmo da sua geração e utiliza energias

não renováveis às taxas de desenvolvimento dos seus substitutos por

energias renováveis, ao mesmo tempo que minimiza o impacte sobre o uso

do solo e a poluição sonora.

Já no panorama nacional a Resolução da Assembleia da República n.º 3/2009, de

5 de fevereiro assenta o princípio da mobilidade sustentável, numa que se basei

em “meios de deslocação e transporte de velocidade reduzida, ocupando pouco

espaço e com pouco impacte na via pública e sem emissões de gases para a

atmosfera como a simples pedonalidade ou a deslocação com recurso a bicicletas,

patins, skates, trotinetas ou quaisquer outros similares, encarados como uma mais-

valia económica, social e ambiental, e alternativa real ao automóvel.”

Uma das grandes questões que se coloca no seio desta temática, é saber o que pode

ser considerado como um sistema de transportes sustentáveis. Mais uma vez fazendo

referência a Silva (2004) em que no seu artigo “Políticas urbanas para uma mobilidade

sustentável: do diagnostico as propostas” afirma que dos quatro eixos essenciais de um

sistema de transportes sustentável o mais desenvolvido até agora tem sido o tecnológico,

ou seja, o setor maioritariamente ligado ao desenvolvimento de veículos e motores. Todo

este desenvolvimento tem por causa algumas políticas da União Europeia que obrigaram

à introdução de catalisadores nos veículos e proibição do chumbo na gasolina. Desde

então, tem se observado uma tentativa da indústria automóvel de fazer carros cada vez

mais eficientes e movidos a diferentes fontes de energia alternativas ao petróleo, visto

que o preço do mesmo tem aumentado de uma forma quase contínua.

A par disto no âmbito dos outros eixos tem se observado algumas iniciativas que

visam a sustentabilidade, como utilização de matérias recicláveis na construção de

infraestruturas rodoviárias, sistemas de gestão do tráfego mais inteligentes, a criação de

protocolos internacionais como o de ‘Quioto’ em que um grande número de países se

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77

compromete a atingir certas metas na redução dos níveis de poluição, uma tentativa de

maior conscientização de população para que utilize modos mais suaves de deslocação,

aumentar a intermodalidade dos transportes públicos e entre outros.

A apesar de todos estes avanços referidos anteriormente, continua a haver grande

debate sobre estas questões, porque o problema principal continua a ser negligenciado no

seu aspeto mais importante, no urbanismo e ordenamento do território. Portanto, a forma

como se a planeia as cidades é fundamental no âmbito da mobilidade sustentável. Antes

da aplicação de todas as tecnologias que permitem diminuir o impacto ambiental, a cidade

tem que ser ordenada na ótica da proximidade, mistura de uso dos solos e funções urbanas

de modo a evitar a dependência do transporte individual. É aí é que reside o principal

paradoxo, nos últimos anos temos visto um grande desenvolvimento de carros amigos do

ambiente, principalmente dos carros elétricos e em carros que combinam motores

elétricos e convencionais(híbridos). Teoricamente parece ser um facto bastante positivo,

mas numa análise com mais cautela percebemos que em pouco contribui para o problema

da dependência do transporte individual e por consequência para a diminuição da

dispersão urbana, além disso, outra questão se levanta: “-Serão estes carros realmente

mais “verdes” que os convencionais?”.

Segundo uma notícia publicada no jornal “The Guardian” baseada nos estudos da

União Europeia e em estatísticas do Banco Mundial, esta questão é um pouco complexa

e depende muito do país em que os mesmos são utilizados, comparados diretamente em

termos de consumo de energia é possível observar na figura 35 que o carro com um motor

convencional em média é menos eficiente que o elétrico, usando os dois a mesma fonte

para gerar energia, o petróleo. Na verdade, o carro elétrico usa menos dois-terços de

energia para a mesma distância percorrida que o convencional.

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78

Figura 37 - Comparativo de gasto energético entre carros convencionais e elétricos

Fonte: adaptado da notícia “How green are electric cars?” do jornal “The Guaurdian”

Ao nível das emissões de CO2, se continuarmos a comparar os dois tipos de carros

com a mesma fonte para obter energia, verificamos que um carro convencional por km

emite em media 125g de CO 2 e o elétrico 91.Este valor do carro elétrico pode baixar para

57g se forem usadas outras fontes de energia, como a típica usada na maioria dos países

europeus o EU-mix (que é uma mistura de produção de energia proveniente das

renováveis e fosseis) e pode mesmo haver 0 emissões se o carro for alimentado por

energia proveniente de parques eólicos ou de uma central hidroelétrica, para além disto

as emissões dos carros elétricos podem variar consoante os vários tipos híbridos

existentes no mercado.

Portanto em questão de eficiência podemos concluir que os carros elétricos são

um pouco mais eficientes e menos poluentes, mas apenas tem um potencial realmente

relevante quando um pais tem a sua energia maioritariamente produzida por fonte limpas,

como o caso da Noruega, caso contrário num país que ainda dependa bastante de produção

de energia através de fontes fosseis as diferenças podem não assim tão significativas.

A questão dos carros convencionais vs os elétricos têm uma outra face para alem

da sua eficiência e quantidade de emissões inerentes ao seu funcionamento. Que é a

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produção dos mesmos, um carro elétrico pode necessitar de mais do dobro da energia a

ser contruído em relação a um normal e emitir mais 3 toneladas de CO2. Este facto deve-

se essencialmente a produção das baterias ser energeticamente exigente e precisar de

bastantes matérias obtidos através de mineração com alguns minerais raros, quanto as

consequências ambientais relacionadas com as baterias, existe ainda o problema

relacionado com o fim de vida destas mesmas baterias, pois possuem químicos perigosos

que representam um perigo ambiental.

Em suma, os carros que prometem substituir os com motores a combustível neste

apresentam-se apenas como solução um pouco melhor, na realidade segundo a mesma

notícia do jornal “The Guardian” um carro elétrico mesmo assim durante o seu ciclo de

vida produzirá o equivalente a 80% das emissões das do seu concorrente convencional.

Não quer dizer que seja mau o surgimento de novas tecnologias que permitam uma

diminuição do impacto dos transportes na qualidade do ambiente, principalmente nas

cidades, mas o que temos assistido é que o desenvolvimento tem servido para sustentar

na mesma os atuais padrões de mobilidade realizada em transporte individual, onde os

governos subsidiam a compra de carros elétricos. Deveríamos estar a assistir a um balanço

destes avanços tecnológicos, a par de um sistema de transportes mais acessível a todos e

a políticas urbanas que favorecessem os modos suaves de deslocação e os transportes

coletivos. Pois mesmo no casos de sucesso onde estes novos veículos parecem estar a

contribuir para futuro melhor as coisas podem não ser tão lineares, na Noruega segundo

o portal de noticias “Deutsche Welle” a par da subida da venda de carros elétricos tem se

verificado uma descida número de deslocações feitas para o trabalho de transporte

público, algo que entre um conflito com certos princípios da mobilidade sustentável como

por exemplo a diminuição do tráfego automóvel e os problemas de estacionamento.

4.1.1 Modos Suaves

Com o panorama da mobilidade sustentável já introduzido, podemos realmente

tocar no assunto que é foco deste caso de estudo. A mobilidade pedonal, que se insere

no conjunto dos modos suaves de deslocação. A Resolução da Assembleia da

República nº 3/2009, de 5 de fevereiro, defini-os como “meios de deslocação e

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80

transporte de velocidade reduzida, ocupando pouco espaço e com pouco impacte na

via pública e sem emissões de gases para a atmosfera como a simples pedonalidade

ou a deslocação com recurso a bicicletas, patins, skates, trotinetas ou quaisquer

outros similares, encarados como uma mais-valia económica, social e ambiental, e

alternativa real ao automóvel”. Existem outras definições para o tema, mas é

consensual que se tratam de modos não motorizados, “verdes”, saudáveis e movidos

a propulsão humana (APA,2010). Embora diversa, a utilização do termo modos

suaves está normalmente associado as deslocações a pé e de bicicleta, sendo que pode

incluir a perspetiva da intermodalidade, quando o modo suave é utilizado em

articulação com o sistema de transportes públicos (APA,2010).

Os modos suaves articulados com um sistema de transportes públicos eficiente

são um pilar da mobilidade sustentável. A figura 36 representa as esferas e o equilíbrio

necessário dessa mesma sustentabilidade, ao analisarmos a figura percebemos a forma

como a mobilidade tem que se articular para ir de encontro a esse objetivo. Os modos

suaves apresentam-se como uma ótima alternativa nas deslocações de curta e média

distância, e eles estão associados a benefícios ambientais, económicos e sociais

(Ribeiro & Mendes, 2010).

Figura 38 - A sustentabilidade aplicada ao sistema de transportes

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81

Fonte: Hall & Sussman, 2006, adaptado de PLANEAMENTO DE ITINERÁRIOS PARA MODOS

SUAVES DE TRANSPORTE – ROTAS SAUDÁVEIS

Através da figura 37 podemos observar a posição de Portugal em relação ao resto da

Europa no que toca a utilização de modos suaves de deslocação. Portanto verifica-se que

a utilização dos modos suaves de transporte se localiza abaixo da média europeia e muito

a abaixo quando comparada com os países do norte da Europa. No entanto pode-se tirar

um fato positivo desta análise, o modo pedonal acompanha a média europeia, portanto

talvez os esforços em Portugal se devessem concentrar numa aposta mais focalizada no

modo de deslocação pedonal.

Figura 39 - Modos de deslocação utilizados na UE-27

Fonte: EU/CE 2007, adaptado de PLANEAMENTO DE ITINERÁRIOS PARA MODOS SUAVES

DE TRANSPORTE – ROTAS SAUDÁVEIS

Segundo (Flores, 2003), aptando as diretrizes da “Declaração de Viena sobre

transportes e ambiente” a realidade nacional, os grandes objetivos de Portugal nesta

temática são:

A progressiva substituição do automóvel nos pequenos percursos (3-4km)

pelo transporte público e articulação com os modos suaves para os

percursos intra-urbanos;

Integrar as mobilidades suaves numa estratégia global de transportes às

escalas regional, local e urbana;

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Adaptar os percursos existentes nas cidades, de modo a oferecerem boas

condições de circulação.

Apesar de um pouco atrasado neste tema, Portugal tem tomado algumas para a promoção

deste tipo de mobilidade. Podemos tomar como exemplo a Cidade da Maia que realiza

algumas ações de promoção de mobilidade sustentável, como promoção da Semana

Europeia da Mobilidade (figura 38).

Figura 40 - Cartaz de divulgação da semana europeia da mobilidade na Cidade da Maia

Fonte: http://www.visitmaia.pt/frontoffice/pages/150?geo_article_id=2817 (consultado a

14/09/2018)

4.1.2 Mobilidade Pedonal

O modo de deslocação pedonal é realmente o grande foco deste caso de estudo,

isto porque, como já foi referido, em Portugal o modo pedonal apresenta-se como o mais

viável dentro do conjunto dos modos suaves e por este representar o modo mais básico

de deslocação, servindo como ligação entre todos outros existentes. Portanto o modo

pedonal encontra-se na cadeia de mobilidade e atividades diárias, mesmo quando são

utilizados modos de transporte motorizados (APA, 2010).

Sendo a base de toda a mobilidade, a melhoria da qualidade das deslocações

através da construção, qualificação e reabilitação de infraestruturas tem um impacte

significativo na qualidade de via das pessoas, pois muitas vezes a melhor maneira de

melhorar uma rede de transportes é melhorar a pedonalidade (Litman (2010) citado por

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Morais, 2013). As cidades devem por isso ser acessíveis a todos, o que coloca desafios

ao planeamento da mobilidade suave, devido ao crescente envelhecimento populacional

e no caso Português devido a uma topografia pouco favorável a deslocação (Flores, 2003).

Na maioria das cidades existem por isso, obstáculos e entraves que dificultam as

deslocações a pé, e certos casos podem mesmo impossibilitar no caso de peões com

necessidades. Segundo a (APA, 2010) existem vários tipos de barreiras:

Barreiras físicas:

Ausência de infraestruturas adequadas para a circulação segura de peões (pavimento

degradado, largura reduzida, ausência de mobiliário para peões, ausência de travessias

para peões devidamente sinalizadas, entre outras);

Existência de barreiras arquitetónicas e outras como seja a presença de escadas no espaço

público de circulação que dificultam ou impedem a acessibilidade de peões com

necessidades especiais;

Ausência de uma rede de percursos qualificada e devidamente integrada no sistema de

transportes.

Outras barreiras:

Excessiva utilização do transporte individual em deslocações de curta distância no centro urbano,

contribuindo para níveis de ruído de tráfego e poluição do ar excessivos;

Parqueamento ilegal sobre os passeios que impede ou dificulta a circulação de peões;

Planeamento de transportes em vários Municípios centrado na “mobilidade em automóvel”;

Planeamento urbanístico não integrado com o planeamento de transportes, o que contribui para a

dispersão do povoamento e dependência relativamente ao uso do automóvel.

Para um planeamento inteligente das cidades neste sentido, é necessário que se

conheçam as características de um peão. As suas características podem variar na idade,

profissão, aptidão física, mobilidade condicionada ou não. Estes atributos traduzem-se

num padrão específico de deslocações, caracterizados por uma velocidade de circulação

(anexo 3), participação nas atividades diárias e utilização dos modos de transporte,

distribuição espacial das deslocações origem-destino. Para além destes fatores é

necessário também ter em conta quando os peões se deslocam em grupo, este fenómeno

denomina-se de “platooing”, e ocorrem muitas vezes como resposta as características

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dos sistemas de transportes (saída / entrada em estações de metro, travessia de ruas

semaforizadas, entre outros) (APA, 2010).

4.2. Área de Estudo

O concelho da Maia surge do que eram as Terras da Maia, território que no século

XIII se estendia desde a cidade do Porto até a margem esquerda do Rio Ave. A sua

importância ficou gravada na História de Portugal. A Maia foi o berço da família Mendes

da Maia que a par com o primeiro Rei de Portugal ajudaram a fundar essa nação. Em 1519

as Terras da Maia recebem do rei D.Manuel I o foral elevando-o a categoria de concelho,

mas no século XIX através da reforma administrativa executada por Mouzinho da

Silveira, o concelho viu perder para os concelhos do Porto, Matosinhos, Vila do Conde,

Santo Tirso, Valongo e Gondomar grandes áreas do seu território. Nos nossos dias a vila

da Maia (composta pelas freguesias da Maia, Vermoim e Gueifães), viu-se elevada a

categoria da cidade e desde então a sua importância nas dinâmicas da área do Grande de

Porto não tem parado de crescer (Visit Maia, consultado a 04-09-2018).

A Maia possui uma área de 82,99km2, tem cerca de 135 mil habitantes e uma

densidade populacional, segundo o INE, de 1649 hab/km2. Localiza-se no distrito do

Porto e está integrada na Área Metropolitana do Porto. É constituído por 17 freguesias:

Águas Santas, Barca, Folgosa, Gemunde, Gondim, Gueifães, Maia, Milheirós, Moreira,

Nogueira, Pedrouços, Santa Maria de Avioso, São Pedro de Avioso, São Pedro Fins, Silva

Escura, Vermoim e Vila Nova da Telha (esta foi a divisão administrativa utilizada no caso

de estudo), que após a reforma administrativa de 2013 se tornaram em 10: Águas Santas,

Castêlo da Maia, Cidade da Maia, Folgosa, Milheirós, Moreira, Nogueira e Silva Escura,

Pedrouços, São Pedro Fins e Vila Nova da Telha. Faz fronteira nos seus limites

administrativos a Noroeste com Vila do Conde, a Norte com a Trofa, a Nordeste com

Santo Tirso, a este com Valongo, a sudoeste com Gondomar, a Sul com Porto e a Sudoeste

com Matosinhos.

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Figura 41 - Mapa enquadramento do concelho da Maia

Fonte: CAOP 2011 e InfoPortugal

A Maia tem um papel de destaque a nível económico na AMP, muito deste

destaque vai para a sua zona industrial e o seu parque tecnológico, o Tecmaia. Segundo

o “Jornal de Negócios” a Maia em 2013/2014 registou uma variação de volume de

negócios de 3% face aos 2,2% registados a nível nacional e uma a variação das

exportações de 13,7% face aos 2,9% registados no resto do país. Para além da sua Zona

Industrial, ainda na Maia existem indústrias importantes como Porto Editora, a Unicer,

Tintas 2000 e Siderurgia Nacional. No setor de prestação de serviços destacam-se o centro

operacional da Sonae, a Efacec e o centro de operações norte dos CTT.

Como locais de destaque no concelho, podemos enumerar: o Aeroporto Sá

Carneiro, a Quinta da Gruta, a Torre Lidador e o Jardim Zoológico. A Maia possui

modernas unidades hoteleiras que oferecem todos as condições para uma estadia de lazer

ou relacionada com negócios, para além disto no seu espaço rural existem casas de

elevado interesse arquitetónico oferecendo uma variada oferta no que toca ao Turismo

Rural. Atualmente estão disponíveis um total de 805 camas no concelho, 688 em hotéis e

117 em alojamentos Locais (Visit Maia, consultado em 04-09-2018).

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4.2.1 Algumas estatísticas sobre a mobilidade da Maia

Como forma de enquadrar a situação do concelho relativamente á mobilidade,

serão apresentadas algumas estatísticas simples. A figura 40 dá-nos uma perspetiva como

globalmente se distribuem as viagens por meio de transporte em relação ao número de

viagens e distâncias percorridas. A grande análise a retirar é que em ambos os casos a

utilização do modo individual (o automóvel) têm o maior peso. Mas que nas distâncias

percorridas a percentagem de utilização do automóvel é maior que no número de viagens,

representando que o modo individual é utilizado preferencialmente para distâncias mais

longas. Os transportes públicos partilham deste mesma dinâmica, mas com uma

percentagem de utilização mais baixa. Outro aspeto a salientar desta análise é que o modo

pedonal é a segunda preferência dos Maiatos no volume total das suas deslocações, mas

que em relação a distância percorrida a contribuição deste modo é insignificante,

representando que as viagens realizadas a pé realizadas apenas para curtas distâncias.

Figura 42 - Percentagem do número de viagens e distância percorrida por meio de transporte.

Fonte: Adaptado de Plano de Mobilidade Sustentável do Concelho da Maia, “Relatório de

Caraterização e Diagnóstico, 2013”.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

A pé automóvel comopassageiro

Transportepúblico

Automóvel comocondutor

Outros (mota,biclicleta, taxi..)

Repartição Modal

Por nº de viagens Por distâncias percorridas

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87

Na análise a mais um conjunto de dados apresentado pela tabela 1, é possível

concluir que a deslocação a pé, apesar de um número significativo de viagens, tem um

significado maior nas deslocações motivadas por lazer e compras. O que significa que

este modo de deslocação é mais empregado para deslocações “secundárias” junto das suas

casas, locais de trabalho ou estudo. Com já seria de esperar a utilização do automóvel é

elevada nas deslocações para o local de trabalho, e dos transportes públicos é mais elevada

nas deslocações para a escola.

Tabela 1 - Utilização dos diversos modos de transporte por motivo de deslocação

Fonte: Plano de Mobilidade Sustentável do Concelho da Maia, “Relatório de Caraterização e

Diagnóstico, 2013”

Nas tabelas 1 e 2 é possível observar as deslocações á freguesia por modo em função do

número de viagens e distância percorrida.

Em relação ao número de viagens, vemos que estas se realizam em todas as

freguesias maioritariamente por modos motorizados individuais. De modo a conseguir

retirar outras conclusões foram comparadas com as percentagens de utilização os valores

do rendimento médio e da densidade do edificado (através do método estatístico da

Page 88: Atualização de uma Base de Dados de Eixos de Via e Análise ...

88

correlação). Ainda nos dados referentes a tabela 1, é possível observar que a utilização

do modo de transporte individual se correlaciona negativamente com o edificado, ou seja,

as freguesias com menor densidade de edificado registam uma utilização maior dos

transportes individuais, essas freguesias correspondem sobretudo a áreas mais rurais. Pelo

contrário o transporte público tem uma correlação positiva com a densidade, isto deve-se

as freguesias mais urbanas terem melhores ofertas ao nível do transporte público. A

comparação dos dados com o rendimento médio não apresentou nenhuma correlação

significativa.

Tabela 2 - Utilização dos modos de transporte por freguesia em função do número de viagens

Fonte: Plano de Mobilidade Sustentável do Concelho da Maia, “Relatório de Caraterização e

Diagnóstico, 2013”

Ao analisarmos a tabela referente as distâncias percorridas (tabela 2) verifica-se,

sem surpresas, que o valor respeitante aos modos suaves tem uma diminuição

significativa. E que os valores da utilização dos modos individuais aumentaram em

praticamente em todas as freguesias. Neste caso não existe qualquer correlação

significativa ente os dados da mobilidade e os dos remimentos e o edificado, mas

encontram-se alguns padrões fora da normalidade. Ao contrário das restantes, as

freguesias de Barca e Gueifães tem como modo responsável pela maior parte da distância

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89

percorrida os transportes públicos e as de Silva Escura e Vila Nova da Telha tem uma

parte significativa das suas distâncias percorridas por “outros” modos de transporte, o que

pode significar dinâmicas que tem motivos para além da densidade do edificado e os

rendimentos médios.

Tabela 3 - Utilização dos modos de transporte por freguesia em função do número de viagens

Fonte: Plano de Mobilidade Sustentável do Concelho da Maia, “Relatório de Caraterização e

Diagnóstico, 2013”

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90

Tabela 4 - Utilização dos modos de transporte por freguesia em função da distância percorrida

Fonte: Plano de Mobilidade Sustentável do Concelho da Maia, “Relatório de Caraterização e

Diagnóstico, 2013”

4.3. Metodologia

4.3.1 Mapa de Potencial Pedonal

O processo metodológico da construção do mapa de potencial pedonal passa por

dois momentos, o esquema apresentado na figura 41 pretende representar o fluxo dos

diferentes processos utilizados até á criação do produto final. Num primeiro momento o

processo metodológico passa por analisar a metodologia proposta por Morais (2013) e

verificar se estariam disponíveis os dados para a execução da mesma, para que de seguida

ela pudesse ser reproduzida na área de estudo em questão neste relatório. A metodologia

proposta baseia-se primeiramente na organização da informação georreferenciada de cada

variável numa base dados, depois pela realização de métodos de analise espacial e por

fim na criação do modelo. O segundo momento passa por adaptar e melhor essa

metodologia o melhor possível para o concelho da Maia, visto que este tem diferenças

bastante significativas em relação a Lisboa.

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91

Figura 43 – Fluxograma da Metodologia

4.3.2 Tratamento de dados (1º Fase)

O software utilizado no caso de estudo foi o ArcMap 10.5, todos os dados usados

nesta metodologia foram referenciados no sistema de coordenadas PT-TM06/ETRS89 -

European Terrestrial Reference System 1989 e foram organizados numa Personal

Geodatabase.

Os dados necessários para o cálculo do potencial pedonal dividem-se por três

variáveis: os polos geradores de potenciais fluxos pedonais, a densidade populacional e a

rede viária.

Polos Geradores

Os polos geradores representam os serviços que permitem modelar os fluxos

pedonais. As pessoas têm necessidade de se deslocar pelos mais diversos motivos, as

deslocações realizam-se em grande parte motivadas pela presença de um determinado

serviço numa determinada área. A presença destes serviços é o que ditará em grande parte

a distribuição do potencial pedonal pelo território.

Os pontos georreferenciados, que representando os mais diversos serviços, foram

cedidos pela instituição de estágio, através da sua base de dados de pontos de interesse.

Esses pontos foram divididos por categorias segundo a divisão proposta por Morais

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92

(2013) na sua metodologia, no quadro 11 é possível observar a divisão proposta por ele.

Quadro 11- Divisão utilizada como exemplo para os polos geradores (adaptado de

Morais, 2013).

Portanto, foi necessário adaptar os dados relativos aos pontos de interesse numa

divisão que fosse semelhante à apresentada. Na figura 42 podemos visualizar as

categorias de polos geradores cedidos pela empresa, e como podemos verificar nem todos

seriam pertinentes de ser utilizados para o tema em questão, como é o caso da categoria

bombas de gasolina.

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93

Figura 44 - Lista das categorias de Pois disponíveis na base de dados da InfoPortugal

No quadro 12 estão representadas as categorias de Pois escolhidas e de que forma

foram agrupadas. Os 589 Pois utilizados estão agrupados em oito categorias para facilitar

os processos até ao cálculo final e tornar mais fácil a organização. Esta organização de

Pólos geradores teve como base o quadro 11, da metodologia utilizada por Morais,2013.

Esta organização serviu apenas para o primeiro momento do processo metodológico, pois

a mesma sofreu algumas alterações aquando do segundo momento para que ficasse mais

adaptada a área de estudo.

Quadro 12 - Organização dos polos geradores em categorias

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94

Densidade Populacional

Para modelar o fenómeno precisamos de uma variável que representasse a população,

mas que tivesse também relação com os fluxos pedonais. Após uma pesquisa no INE

ponderou-se utilizar a variável movimentos pedonais realizados a pé de 2011, mas a

mesma só estava disponível à freguesia, este pormenor não satisfazia as necessidades do

mapa pedonal visto que o cálculo é realizado tendo em conta as ruas. Na necessidade de

outra variável que representasse a população utilizou-se a mais obvia, a densidade

populacional à subsecção, deste modo, já era possível garantir o pormenor desejado. De

forma a confirmar que a densidade populacional servia o nosso propósito, realizou-se uma

correlação entro os dados da densidade populacional e os dos movimentos pendulares à

freguesia. No quadro 13 temos presentes os resultados desta correlação, o resultado

registado demonstra uma correlação de 0,81 o que revela uma relação significativa entre

as duas variáveis.

Quadro 13 - Correlação entre a densidade populacional e o número de movimentos pendulares realizados a

A densidade populacional representa uma relação entre a população residente e a área

de cada subsecção. O seu cálculo resulta da divisão da população residente com a área,

para tal foi utilizada a BGRI (2011) disponibilizada pelo INE, que para além de outras

informações possui a população residente referenciada geograficamente à subsecção. Na

figura 43 podemos observar a distribuição da especial da densidade populacional pelo

concelho da Maia.

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95

Figura 45 - Densidade populacional do concelho da Maia (2011), elaboração

própria

Fonte: INE (BGRI, 2011), CAOP (2011)

Rede viária

A rede viária representa a infraestrutura por onde circulam os fluxos pedonais, esta

informação foi cedida também pela instituição de estágio. Como já foi explicado no

capítulo anterior a InfoPortugal tem objetivo que a sua base de dados de eixos de via seja

o mais completa possível para a navegação automóvel, por isso foram necessários

descartar alguns atributos. Da informação fornecida não foi tido em conta a informação

relativa as proibições de manobras e as condições de circulação, pois as mesmas não se

aplicam aos peões, e foi necessário apagar as vias que correspondiam a autoestradas e

vias similares, mas também as vias que pertenciam a algumas propriedades particulares

(Classif 8). Deste modo na figura 44 podemos observar a base para os movimentos

pedonais no concelho da Maia.

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96

Figura 46- Rede viária do concelho da Maia, elaboração própria

Fonte: InfoPortugal, CAOP

Criação de uma rede e determinação de áreas de influência

Com os dados já organizados, deu-se início à replicação da metodologia citada,

recorrendo ao módulo de redes do ArcMap e à utilização de técnicas de analise espacial.

Para que se pudesse utilizar os polos geradores como potenciadores de movimentos

pedonais, era necessário realizar uma análise de proximidade de informação espacial.

Para tal, recorreu-se à criação de uma rede para que pudessem ser definidas áreas de

influência a partir dos polos geradores. Recorreu-se à criação de áreas de influência ao

invés de buffers, pois nas áreas de influência é modelada ao longo das ruas.

A rede viária neste momento já se encontrava preparada para ser utilizada na

análise de redes, pois as vias em que a circulação pedonal não é possível já tinham sido

eliminadas. Posto isto, deu-se início ao processo da criação da rede. Através do

ArcCatalog acedeu-se à base dados criada para a organização da informação e na Feature

Dataset destinada a rede viária criou-se uma Network Dataset (ferramenta do ArcGis

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97

destinada para a criação de redes). Depois de ser atribuído o nome à rede, foi necessário

tomar um conjunto de opções.

Primeiramente, tomou-se a opção de utilizar o modelo de mudanças de direção.

Este modelo permite ter em conta a transição entre arcos (na teoria dos grafos um arco

representa uma aresta que liga dois pontos) e o tempo gasto associado a cada mudança de

direção e se for necessário impor restrições de viragem na rede.

De seguida, assumiu-se por defeito que a conetividade da rede se daria apenas nos

endpoints de cada segmento. Como atributo especial para análise da rede, foi necessário

criar um que permitisse à rede saber a extensão de cada arco em metros (figura 45). Para

tal assume-se o campo Shape_Length da shapefile original.

Figura 47 – Atributo especial na análise de redes

Com a rede já construída, procedemos à análise da mesma, neste caso o objetivo

era a criação de áreas de influência a partir dos polos geradores. Utilizando a ferramenta

Network Analyst procedeu-se à criação de áreas de influência para todas as categorias de

polos geradores. As áreas de influência foram criadas a 100, 250 e a 500 metros, na figura

45 podemos observar a determinação das áreas de influência para a categoria dos serviços

públicos, segundo a metodologia de Morais, 2013.

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98

Figura 48 – Áreas de influência para a categoria dos serviços públicos, elaboração própria

Fonte:InfoPortugal, CAOP

A criação do modelo para o mapa de potencial pedonal baseia-se na álgebra de

mapas, que utiliza o formato de dados raster. Como tal, a informação precisava de ser

convertida do formato vetorial para raster. Como as áreas de influência estavam

distribuídas através de intervalos de distância o que não favorece esta conversão, foi

sugerido adotar uma metodologia que pudesse representar os intervalos de distância

através de uma pontuação (figura 46), deste modo ao realizar na conversão, a cada pixel

foi atribuído um valor exato. Este método foi utilizado para as restantes categorias de

polos geradores, a conversão para foi realiza também para a densidade populacional e

rede viária.

Tabela 5 – Pontuação para as diferentes áreas de influência

Análise Multicritério

Esta fase do processo caracteriza-se por atribuição de diferentes importâncias para os

diversos fatores, na normalização das variáveis (visto que elas não homogenias) e na

Distância (m) Pontuação (0-100)

0-100 80

100-250 60

250-500 40

500+ 1

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99

combinação linear ponderada. Primeiramente para a variável dos polos geradores foi

necessário distinguir a importância de cada categoria de Pois, de seguida normalizar esse

mesmo critério e o da densidade populacional. Para a rede viária apenas teve que se

atribuir uma classificação booleana aos dados, ou seja, 0 para onde não existem ruas e 1

para onde existem para que a modelação seja feita apenas através da rede viária. Por fim

realizou-se a combinação linear ponderada, que origina o mapa de potencial penal.

Distribuição de pesos para categoria de polos geradores

A atribuição de pesos foi realizada apenas para esta variável, por ser a única das três

a ser constituída por subcritérios. Os pesos atribuídos a cada categoria foram adaptados

da metodologia de (Morais, 2013), os pesos foram determinados através de um inquérito

realizado na cidade de Lisboa a 98 pessoas. No quadro 14 podemos ver os pesos

atribuídos a cada categoria.

Quadro 14 – Pesos atribuídos para cada categoria, adaptado de Morais, 2013

Para que esta variável pudesse ser utlizada na combinação linear ponderada, as

áreas de influência de cada categoria precisavam de se unir para que toda a informação

ficasse refletida em apenas um raster. Para tal realiza-se nas diferentes categorias o

somatório da multiplicação de cada peso, ao qual foi dividido o número de critérios. De

forma mais prática, foi aplicada na ferramenta raster calculator do Arcgis a seguinte

formula:

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100

Em que, w, é o peso de cada categoria, i, corresponde as áreas de influência e o n ao

número de categorias. O resultado deste cálculo é apresentado na figura 47.

Figura 49 - Variável polos geradores, elaboração própria

Fonte: InfoPortugal, CAOP

Normalização de critérios

Como os dados não se encontravam na mesma ordem de grandeza, houve a

necessidade de coloca-los na mesma escala. Seguindo a metodologia já referida

anteriormente, foi utilizado o método de normalização por amplitude, que recorre aos

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101

valores mínimos e máximos para calcular uma variação linear que varia, por exemplo

entre 0 e 1 (figura 48). Este método foi aplicado as variáveis dos polos geradores e

densidade populacional, para que elas pudessem ser combinadas.

Figura 50 - Normalização dos polos geradores através do método de amplitude

Combinação linear ponderada

Todo este processo culmina com o cálculo da combinação linear ponderada, que

conjuga todos os dados tratados até este ponto. Como valor de ponderação foi utilizado

0.65 para os polos geradores e 0.35 para densidade populacional, como máscara foi

utilizada a variável das ruas reclassificada em 0 e 1. Através, mais uma vez, do raster

calculator foi possível foi possível introduzir a fórmula que deu finalmente origem ao

mapa de potencial pedonal.

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102

Figura 51 – Cálculo do Potencial Pedonal

Deste modo foi conseguido um mapa de potencial pedonal para a Maia, usando a

metodologia tomada como exemplo. Assim este processo serviu para aprofundar

conhecimentos sobre a temática e obter um ponto de partida para uma análise

personalizada para o concelho da Maia.

4.3.3 Tratamento de Dados (2ªfase)

No Segundo momento do processo metodológico, foram analisadas diferentes

alternativas à metodologia descrita anteriormente. Procurou-se otimizar o processo de

forma, a que o cálculo do potencial pedonal da Maia fosse mais preciso. Assim sendo,

nesta passagem do relatório serão apenas descritas as alterações realizadas à metodologia

proposta, não se descrevendo todo o processo novamente. Nesta fase o relatório da

Elaboração do Plano de Mobilidade Sustentável do Concelho da Maia, fase 1 (2013) foi

uma importante base bibliográfica, a par da experiência adquirida nas aulas de Análise

Espacial e Análise Espacial Avançada do primeiro ano de mestrado.

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103

Densificação de Polos Geradores

A estrutura dos dados utilizados foi semelhante. Portanto, os dados mantiveram-

se divididos em três variáveis: polos geradores, densidade populacional e rede viária.

Na metodologia em que este caso de estudo se baseia apenas são tomadas em conta

na categoria dos transportes públicos, os meios de transporte ferroviário e fluvial, não

tendo sido incluídos os referentes à mobilidade terrestre (autocarros). Se em Lisboa este

facto talvez não afete muito o cálculo do potencial pedonal, na Maia a situação não pode

ser vista desta maneira. Se analisarmos o mapa da figura 50 constata-se que se forem

apenas utilizadas as estações de metro e comboio como polos geradores da categoria dos

transportes públicos para a Maia, só contamos com 16 polos geradores, número que se

revela claramente insuficiente para a importância que os transportes públicos detém como

influenciadores de tráfego pedonal.

Figura 52 - Estações de comboio e paragens de metro no concelho da Maia,

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104

elaboração própria

Fonte: InfoPortugal, CAOP

Nos dados fornecidos pela instituição de estágio não existiam as paragens de

autocarro georreferenciadas, por isso tornou-se necessário realizar esse trabalho de

campo, para termos um melhor base de polos geradores. Para tal, foi usado um mapa

(anexo 4) retirado do relatório para Elaboração do Plano de Mobilidade Sustentável do

Concelho da Maia, fase 1( 2013), que continham todas as linhas de autocarro que serviam

a área de estudo. Com o conhecimento dos percursos de cada linha de autocarro tornou-

se mais fácil realizar o processo de levantamento desta informação. Através da aplicação

para android “SW Maps” realizou-se a recolha das paragens de autocarro, no

levantamento para além da posição de cada paragem foi recolhido o número de linhas que

servia a mesma (figura 51).

Figura 53 – Recolha de campo através da aplicação “SW Maps’

Com a recolha das paragens de autocarro foram adicionados a categoria dos

Transportes públicos 560 polos geradores (figura 52), permitindo assim que a nossa

análise tivesse mais abrangência especial e que representasse o fenómeno de forma mais

próxima a realidade.

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105

Figura 54 – Polos Geradores da categoria Transportes Públicos após a Recolha de campo,

elaboração própria

Determinação de novas áreas de influência

A rede que já tinha sido construída não sofreu alterações e foi a mesma utilizada

nesta segunda fase do processo. As alterações deram-se, por sua vez, na determinação de

áreas de influência. Ao analisar melhor o concelho percebeu-se que talvez utilizar as

distâncias referidas no primeiro exemplo para todas as categorias de polos geradores,

fosse demasiado generalista.

Mais uma vez foi utilizado como fonte o relatório para Elaboração do Plano de

Mobilidade Sustentável do Concelho da Maia, fase 1 (2013), que possui as distâncias

consideradas razoáveis a pé para a utilização de cada meio de transporte. Em relação à

paragem de autocarro considera-se razoável percorrer uma distância até 400 metros, para

utilizar este serviço. As paragens de metro no geral, atraem mais passageiros que as de

autocarro, por isso foi considerado que era razoável percorrer até 500 metros para

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106

alcançar uma. Para as estações de comboio, devido à sua maior importância, considerou-

se que percorrer uma distância de um quilometro era razoável, nesta análise foi

adicionado o Aeroporto Francisco Sá Carneiro aos polos geradores e considerou-se que

este atrai fluxos pedonais a uma distância de até um quilometro e meio. No quadro 15

podemos observar de que forma foram adaptadas as áreas de influência da categoria de

transportes, a pontuação atribuída foi mantida original e todas as restantes categorias não

sofreram alterações.

Quadro 15 – Adaptação das áreas de influência da categoria transporte público

Através do mapa da figura 53, pode-se observar a distribuição da influência nos

movimentos pedonais causada pelos transportes e que esta se divide em três grandes

núcleos, junto da fronteira com Gondomar, na área respeitante a sede de concelho e na

área do Aeroporto.

Tipo de Transporte Distância (m) Pontuação

0-100 80

100-200 60

200-400 40

0-100 80

100-250 60

250-500 40

0-250 80

250-500 60

500-1000 40

0-500 80

500-1000 60

1000-1500 40

Bus

Metro

Comboio

Aeroporto

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107

Figura 55 - Áreas de influência da categoria transportes (após a adaptação),

elaboração própria

Fonte: InfoPortugal, CAOP

Analise multicritério

Nesta fase do processo também foram realizadas alterações. As mesmas

prenderam-se com o método de achar os pesos para os subcritérios da variável ‘polos

geradores’. Nesta análise não foram utilizados os dados provenientes do inquérito

realizado em Lisboa pois o inquérito era referente a Lisboa e não à Maia, além de que o

número de pessoas inquiridas talvez fosse insuficiente para constituir uma boa amostra.

Como este relatório foi desenvolvido a par com o trabalho realizado na instituição de

estágio, a disponibilidade para realização de um inquérito sobre as deslocações realizadas

a pé não foi a maior, por isso partiu-se para uma forma de encontrar os pesos mais

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108

científica. Uma outra alteração nesta parte do processo foi no método utilizado para a

normalização das variáveis.

Portanto para se poder encontrar uma nova forma de atribuição de pesos os vários

subcritérios, utilizou-se a experiência adquirida nas aulas de Análise Espacial e Análise

Espacial Avançada. Primeiramente recorreu-se à regressão linear (OLS), através desta

análise de distribuição espacial iremos ter uma perceção de quais são as categorias de

polos geradores que influenciam mais o nosso fenómeno e se algumas não contribuem

para o mesmo. Nesta análise são precisos dois conjuntos de dados, as variáveis

independentes, que explicam o fenómeno a modelar e as dependentes que representam o

fenómeno a modelar. As variáveis independentes já possuíamos, eram os nossos polos

geradores, mas uma variável que representasse o fenómeno dos movimentos pedonais

ainda não tínhamos. Após uma pesquisa de dados estatísticos no INE, decidiu-se usar

como variável dependente o Número de Movimentos Pendulares à Freguesia (2011).

Antes de se passar à realização da regressão em si, realizou-se uma autocorrelação

à variável dos movimentos pendulares para garantir que os dados não apresentavam

nenhum padrão de distribuição espacial, pois caso se verificasse a regressão linear já não

seria viável. A autocorrelação mostrou que os nossos dados não revelavam nenhum

padrão (anexo 5), por isso passou-se para aplicação da regressão linear aos dados. Na

figura 54 temos a combinação de dados que gerou o melhor modelo explicativo dos

movimentos pendulares, este modelo revelou muito boa performance em testes

estatísticos como:

Probabilidade robusta – em que todas as variáveis registaram um p-value (p <

0,01), demonstrando a sua significância estatística;

Variância (VIF) – mostrando que as variáveis não são redundantes;

R – Quadro (Adjusted R-Squared) – que significa proporção da variável

dependente que é explica pelas dependentes.

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109

Figura 56 - Relatório para o medelo explicativo do Nº de Movimentos pendulares

realizados a pé (2011)

Este modelo sugere como melhores categorias de polos geradores a usar no cálculo

final do mapa de potencial pedonal: a da Saúde, Educação, Transportes e Turismo,

Restauração e Hotelaria. Olhando para os coeficientes (a) podemos observar a influência

que cada variável no modelo, os subcritérios que apresentam uma maior influência são os

relacionados com os dos Serviços Públicos, devido as freguesias que apresentam um

maior número de deslocações pendulares realizadas a pé também serem as que

apresentam uma maior concentração dessas categorias de ‘polos geradores’. Algo que se

destaca é a contribuição para o modelo da categoria Turismo, Restauração e Hotelaria,

que se apresenta negativa, ou seja, observando os valores percebe-se que a adição de um

elemento novo a esta categoria significará numa diminuição de cerca de quinze

movimentos realizados a pé. Isto pode significar que esta variável se concentra nas

freguesias mais periféricas onde o uso do automóvel é mais intensivo, mas também por a

variável usada como dependente refletir apenas dados para a população residente e não

para outros grupos, como turistas. Por último como a amostra de dados para a categoria

do Turismo, Restauração e Hotelaria se baseia praticamente restaurantes, pode também

afetar negativamente a contribuição desta variável para o modelo.

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110

Com a importância já determinada das várias variáveis, foi necessário atribuir os

pesos a cada categoria de ‘polos geradores’. De forma diminuir a subjetividade desta

análise e tentar objetivar ao máximo a atribuição de pesos, recorreu-se a classificação de

variáveis baseados no ordenamento de critérios, mais precisamente o rank reciprocal que

utiliza inverso da ordem (quadro 16).

Quadro 16 - Atribuição de pesos as categorias da variável ‘polos geradores’ (rank

reciprocal)

Em relação à reclassificação de variáveis, optou-se nesta segunda fase por

descartar o método por amplitude e adotar a análise difusa (fuzzy logic). Este tipo de

análise permite que a reclassificação de dados se proceda de uma forma mais gradual em

vez de partir os valores por classes abruptamente, como acontece na reclassificação

booleana.

Nova combinação linear ponderada

A segunda combinação linear realizada utilizou na mesma as ponderações

propostas, 0.65 para os polos geradores e 0.35 para a densidade populacional. A única

diferença é que os dados de entrada já contavam com as alterações descritas.

Page 111: Atualização de uma Base de Dados de Eixos de Via e Análise ...

111

Análise de resultados

Passando agora a analisar os resultados obtidos, observamos na figura 55 a

distribuição espacial do potencial pedonal obtido a partir da metodologia adaptada de

Morais (2013). As áreas de grande potencial do concelho, como já seria de esperar,

localizam-se na freguesia correspondente à sede de concelho e nas adjacentes, ao longo

da Avenida Visconde Barreiros, Praça Doutor José Vieira de Carvalho, Avenida António

Santos Leite e Avenida Dom Manuel II. Para além desta área com grande potencialidade

de movimentos pedonais, verificam-se ainda três outras áreas com um potencial razoável,

ao longo da EN14 no Castêlo da Maia, na área envolvente do aeroporto e na fronteira

com os concelhos do Porto e de Gondomar. As restantes as áreas do concelho apresentam-

se na sua grande maioria com potenciais médios ou baixos.

Na figura 56 observamos o potencial pedonal calculado a partir da metodologia

adaptada para Maia, à primeira vista não se destaca nenhuma diferença significativa. As

áreas com maior potencial, apesar de algumas diferenças, mantêm se as mesmas. É nas

áreas periféricas que se vem surgir alguns focos de elevado potencial, algo que não

aconteceu com a primeira metodologia.

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112

Figura 57 –Mapa de Potencial Pedonal elaboração própria, adaptada de Morais (2013)

Fonte: InfoPortugal, CAOP, INE

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113

Figura 58 - Mapa de potencial pedonal, Ferreira (2018)

Fonte: InfoPortugal, CAOP, INE

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114

Passando agora a análise do mapa com alterações sugeridas, à primeira vista não se

destaca nenhuma diferença significativa. As áreas com maior potencial, apesar de

algumas diferenças, mantêm se as mesmas. É nas áreas periféricas que se vem surgir

alguns focos de elevado potencial, algo que não aconteceu com a primeira metodologia.

De forma a confirmar estas diferenças, dividiu-se o nível de potencial pedonal em

quatro categorias: baixo, médio, elevado e muito elevado (quadro 17 e 18). Se as

diferenças graficamente entre um mapa e outro podem não ser muito percetivas, ao

analisarmos as estatísticas torna-se inequívoco que com a metodologia adaptada

conseguiu-se que algumas áreas mal classificadas como baixo potencial, devido a falta de

informação ou a um tratamento menos adequado, fossem redistribuídas pelas restantes

classes, tornando assim, o nosso modelo um pouco mais preciso.

Quadro 17 - Potencial pedonal por percentagem (Metodologia de Lisboa)

Quadro 18 - Potencial pedonal por percentagem (Metodologia Adaptada)

Como última forma de comparação foi analisado rua a rua se ouve uma perda ou

ganho de potencial (figura 57). Para tal recorreu-se a ferramenta Cut Fill que calcula a

diferença entre dois rasters, as verdes estão representadas as ruas que ganharam potencial

do primeiro processo metodológico para o segundo e a vermelho exatamente o contrário.

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Figura 59 – Mapa de Ganhos e Perdas de Potencial Pedonal

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Considerações finais

Avalio a experiência do estágio curricular de forma muito positiva, foi a decisão

mais acertada para a conclusão deste ciclo de estudos. Procurei honrar sempre com os

meus compromissos e encarar o estágio da forma mais profissional possível, é também

com grande satisfação que afirmo que fui completamente integrado no ambiente da

empresa. A realização deste estágio foi muito importante para minha formação

profissional, visto que a InfoPortugal ocupa um lugar de destaque no panorama dos SIG

em Portugal.

Este relatório teve por objetivo mostrar o dia-a-dia da edição de eixos de via, os

desafios e as dificuldades. Também procura ilustrar o rigor e a necessidade de atualização

deste tipo de dados, pois o nosso trabalho irá afetar o quotidiano das pessoas nas suas

deslocações.

O exemplo do caso de estudo ilustra uma outra utilização para os dados produzidos,

para além da navegação. A importância da mobilidade sustentável, como podemos

observar, apresenta-se como um dos pilares fundamentais da economia atual. Neste

contexto, possuir uma ferramenta que nos permita interpretar o potencial pedonal rua-a-

rua é uma mais valia, o cálculo de potencial pedonal apresenta-se assim como uma

ferramenta polivalente.

Como a análise é realizada rua-a-rua, podem extrair-se conclusões acerca do

potencial pedonal de cada rua, o que pode ser fundamental para a decisão de onde

construir um certo equipamento ou por exemplo, ajudar um comerciante a escolher a

melhor localização para o seu estabelecimento.

Mais importante que isto, pode ser a sua influência entre os decisores políticos,

visto que este modelo pode ajudar a priorizar a relação de uma área com outra no que toca

a gestão de conflitos entre os modos suaves e motorizados ou na requalificação ou

ampliação de passeios.

A nível da performance do modelo, como é claro está longe de ser perfeito, mas

representa um bom ponto de partida. Numa perspetiva futura se fossem disponibilizados

dados mais relacionados com a temática, como o número de utilizadores diários de cada

polo gerador, o número de movimentos pendulares realizados a pé à subsecção, com

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117

certeza que se conseguiria uma muito melhor calibração do modelo. Uma boa hipótese

seria também ter em conta o número de linhas de estação/paragem de transporte público

para poder diferenciar a sua importância.

Em suma, os objetivos traçados no letivo foram compridos com sucesso tanto para

o estágio, como para a pequena investigação realizada neste relatório.

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118

Referências bibliográficas

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Boas Práticas para uma Mobilidade Sustentável, Volume II Amadora

Bolfe, Édson & Vicente, LE & Andrade, Ricardo & VICTORIA, DC & Batistella,

Mateus. (2011). A evolução histórica dos Sistemas de Informações Geográficas.

Documentos - Série Embrapa. 19.

Caeiro, Sandra - Sistemas de informação geográfica [Em linha]: principais conceitos.

Lisboa : Ed. Autor, 2013. 41 p.

DHV, S.A. (2013) Elaboração do Plano de Mobilidade Sustentável do Concelho da Maia,

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Flores, Joaquim Moura. Mobilidade Pedonal e Mobilidade Velocipédica, In Manual do

Curso de Especialização de Gestão Ambiental Urbana, 61-77, Lisboa: URBE / CCDRN,

2003

Freitas, T.R.M. (2009) Geospatial Data Processingfor GPS NavigationSystems

(Mestrado em Engenharia Informática e Computação, FEUP, Universidade do Porto)

Grancho, N.J.R (2005) Origem e Evolução Recente dos sistemas de Informação

Geográfica em Portugal (Mestrado em Ciência e Sistemas de Informação Geográfica,

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IMT (2018). Instituto da Mobilidade e dos Transportes. Disponível em

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https://ine.pt/xportal/xmain?xpgid=ine_main&xpid=INE

Skog, I., Handel, P. (2009) n-Car Positioning and Navigation Technologies—A Survey,

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Paul A.L., Michael F.G., David J.M, David W.R, (1991) Geographic Information

Systems, First Edition, volume I. Pergamon, p 8-20

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119

Morais, P.M.B. (2013) Os Sig no processo de criação de instrumentos de apoio à decisão

(Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica e Modelação Territorial Aplicados ao

Ordenamento, IGOT, Universidade de Lisboa)

Mendas, J.F.G. (mês 11 e 12 de 2010) Planeamento de Itinerários para Modos Suaves DE

Transporte – Rotas saudáveis. Apresentado no Congresso de Pesquisa e Ensino em

Transportes

Piedade, G. (2015) GPS Telematics (Mestrado Integrado em Engenharia de Redes e

Sistemas Informáticos, FCUP, Universidade do Porto)

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diagnóstico às propostas, Revista Geoinova, nº 10, Revista do Departamento de geografia

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electric-cars

Deutsche Welle (2018). Disponível em https://www.dw.com/en/how-eco-friendly-are-

electric-cars/a-19441437

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Anexos

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Anexo 1 - Estrutura da tabela dos Eixos de Via

FIELD NAME FIELD DESCRIPTION FIELD

TYPE FIELD

LENGTH

ID Identificador único da via (calculado automaticamente pelo sistema) TEXT 15

MUNIC Concelho (calculado automaticamente pelo sistema, nas zonas de fronteira poderá não inserir sendo necessário manualmente, atribuir o concelho mais próximo) TEXT 30

CLASSIF Ordem de importância do eixo de via em termos de tipo de rua ( 1 = maior… 8 = menor); (VER ANEXO A) TEXT 5

ONEWAY Sentido de trânsito para Veículos Comuns (“FT” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito igual a sentido de digitalização; “TF” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito diferente a sentido de digitalização; “N” = se o eixo de via não permite o trânsito automóvel; “NULL= se permitido trânsito em ambos os sentidos); (VER 1.3).

TEXT 5

LANES Número de faixas de circulação, sem contabilizar as faixas de BUS; Este campo é independente do sentido de trânsito, devendo ser preenchido com o valor 0 apenas se a largura da via for inferior a 3 metros’; (VER 1.3).

TEXT 5

NAME Nome da rua; ex: Rua das Carmelitas (Estrada das Beiras) (EN250); (VER ANEXO A). TEXT 254

L_A_FROM 1º Número de porta do lado esquerdo do segmento;(VER 1.3)(VER ANEXO A). TEXT 16

L_A_TO Último número de porta do lado esquerdo do segmento;(VER 1.3)(VER ANEXO A). TEXT 16

L_IRREG Sequência de números de porta nos casos irregulares e mistos do lado esquerdo (Separados por virgula ","); (VER 1.3)(VER ANEXO A). TEXT 200

L_STRUC Estrutura dos números de porta à esquerda (“E” pares; ”O” impares; ”M” mistos; ”I”

irregulares). TEXT 1

R_A_FROM 1º Número de porta do lado direito do segmento; (VER 1.3)(VER ANEXO A). TEXT 16

R_A_TO Último número de porta do lado direito do segmento; (VER 1.3)(VER ANEXO A). TEXT 16

R_IRREG Sequência de números de porta nos casos irregulares e mistos do lado direito (Separados por virgula ","); (VER 1.3)(VER ANEXO A). TEXT 200

R_STRUC Estrutura dos números de porta à direita (“E” pares; ”O” impares; ”M” mistos; ”I” irregulares). TEXT 1

FOW Observações fixas (0 = Não aplicável, 1 = Rotunda, 2 = Acesso, 3 = Área/Estação de serviço, 4 = Rua Privada, 5 = Parque de Estacionamento, 6 = Escadas 7 = Ferry-boat) ; (VER 1.3)(VER ANEXO A).

TEXT 5

POF Obras de Arte (0 = Não aplicável, 1 = Passagem superior, 2 = Passagem inferior, 3 = Túnel, 4 = Ponte); (VER ANEXO A). TEXT 5

PAVED Tipo de pavimento (1= Asfalto e paralelo, 2 = Terra batida e Caminho de terra, 3 = Calçada portuguesa, 4 = Calçada Romana); (VER 1.3). TEXT 5

STATUS_PV Estado do pavimento (1 = Bom, 0 = Mau). TEXT 5

NET2CLASS Ordem de importância do eixo de via em termos de “routing” (0 = maior … 7 = menor, 8 = Sem atribuição); (VER ANEXO A). TEXT 2

TOLL_RD Indicação se existe custos de utilização da via (1 = Paga, 0 = Sem custos). TEXT 5

DIVIDER Indicação de via duplicada (1 = Sim, 0 = Não). TEXT 5

AVG_SD Indicação da velocidade média de circulação (Em parte estimado, noutra através de informação das probs, no processamento). TEXT 5

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MAX_SD/ REAL_SD

Indicação da velocidade máxima de circulação / Indicação de velocidade máxima real (t = Sim, f = Não); (VER 1.3).

TEXT/ TEXT

5/ 1

BUS_LANE Posição da Faixa de BUS segundo o sentido de digitalização (1= Não tem, 2 = Esquerda, 3 = Direita, 4 = Ambos, 5 = Central, 6 = Não existe informação). TEXT 5

PRK_AVLBT Posição do estacionamento segundo o sentido de digitalização (1= Não permitido, 2 = Esquerda, 3 = Direita, 4 = Ambos, 5 = Central, 6 = Não existe informação). TEXT 5

OBS Campo de observações relevantes; Deve-se homogeneizar ao máximo as descrições neste campo; Se houver mais que uma observação separar por ponto vírgulas “;” (sem espaço) mas ordenar por nível de importância; ex: “2 Faixas no sentido -1; Em obras”

TEXT 254

DT_TRUCKS

Sentido de trânsito para Pesados (“=” para casos de sentido igual ao ONEWAY; “FT” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito igual a sentido de digitalização; “TF” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito diferente a sentido de digitalização; “N” = se o eixo de via não permite o trânsito automóvel; “NULL= se permitido trânsito em ambos os sentidos).

TEXT 5

DT_BUS

Sentido de trânsito para BUS (“=” para casos de sentido igual ao ONEWAY; “FT” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito igual a sentido de digitalização; “TF” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito diferente a sentido de digitalização; “N” = se o eixo de via não permite o trânsito automóvel; “NULL= se permitido trânsito em ambos os sentidos).

TEXT 5

DT_TAXIS

Sentido de trânsito para Táxis (“=” para casos de sentido igual ao ONEWAY; “FT” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito igual a sentido de digitalização; “TF” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito diferente a sentido de digitalização; “N” = se o eixo de via não permite o trânsito automóvel; “NULL= se permitido trânsito em ambos os sentidos).

TEXT 5

DT_BIKE

Sentido de trânsito para Bicicletas (“=” para casos de sentido igual ao ONEWAY; “FT” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito igual a sentido de digitalização; “TF” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito diferente a sentido de digitalização; “N” = se o eixo de via não permite o trânsito automóvel; “NULL= se permitido trânsito em ambos os sentidos).

TEXT 5

DT_PEDSTRN Sentido de trânsito para Pedestres (“NULL= se permitido trânsito em ambos os sentidos; “FT” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito igual a sentido de digitalização; “TF” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito diferente a sentido de digitalização; “N” = se o eixo de via não permite o trânsito automóvel).

TEXT 5

DT_RESIDT

Sentido de trânsito para Moradores (“=” para casos de sentido igual ao ONEWAY; “FT” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito igual a sentido de digitalização; “TF” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito diferente a sentido de digitalização; “N” = se o eixo de via não permite o trânsito automóvel; “NULL= se permitido trânsito em ambos os sentidos).

TEXT 5

DT_DELIVER

Sentido de trânsito para Cargas e Descargas (“=” para casos de sentido igual ao ONEWAY; “FT” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito igual a sentido de digitalização; “TF” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito diferente a sentido de digitalização; “N” = se o eixo de via não permite o trânsito automóvel; “NULL= se permitido trânsito em ambos os sentidos).

TEXT 5

DT_EMERVEH

Sentido de trânsito para Veículos de Emergência (“=” para casos de sentido igual ao ONEWAY; “FT” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito igual a sentido de digitalização; “TF” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito diferente a sentido de digitalização; “N” = se o eixo de via não permite o trânsito automóvel; “NULL= se permitido trânsito em ambos os sentidos).

TEXT 5

DT_RSU

Sentido de trânsito para Veículos de Resíduos Sólidos Urbanos (“=” para casos de sentido igual ao ONEWAY; “FT” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito igual a sentido de digitalização; “TF” = para casos de sentido único onde sentido de trânsito diferente a sentido de digitalização; “N” = se o eixo de via não permite o trânsito automóvel; “NULL= se permitido trânsito em ambos os sentidos).

TEXT 5

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123

Anexo 2 - Sinalização das diversas proibições

AUTO Veículos comuns

TRUCKS

Automóveis de

mercadorias;

Automóveis

pesados

BUS

Automóveis

pesados;

Transporte

público

TAXIS Transporte público

BIKE Velocípedes

PEDESTRN Peões

RESIDT

DELIVER

Só cargas e

descargas ou

exceto cargas e descargas

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EMERVEH Transporte

público

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Anexo 3 - Lista com as velocidades de deslocação pedonal por grupo etário

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Anexo 4 - Mapa com as linhas de autocarro que servem o concelho da Maia

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Anexo 5 - Autocorreção espacial da variável nº de movimentos pendulares

realizados a pé à freguesia (2011)