Aula 10-PROBLEMATIZAÇÃO E METODOLOGIAS APLICADAS ÀS PESQUISAS EM SAÚDE 13p

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Problematização e metodologias aplicadas às pesquisas em saúde 1-INTRODUÇÃO A metodologia científica literalmente refere-se ao estudo dos métodos empregados na pesquisa científica e dos passos comuns a todos estes métodos, ou seja, do método da ciência em sua forma geral, que se supõe universal. Embora procedimentos variem de uma área da ciência para outra, diferenciadas por seus distintos objetos de estudo, consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o método científico de outros métodos encontrados em áreas não científicas. Um método pode ser definido como uma serie de regras para tentar resolver um problema. No entanto métodos não são infalíveis e não suprem o apelo à imaginação e à intuição do cientista. Uma das características básicas do método científico é a tentativa de resolver problemas por meio de suposições, isto é, de hipóteses, que possam ser testadas através de observações ou experiências. Assim, quando alguém arrisca um palpite para explicar um fato ou resolver um problema e, depois, realiza observações ou experiências para testar o palpite, estará utilizando um método cientifico. A problematização é a base da pesquisa cientifica, toda pesquisa se inicia com algum tipo de problema, o qual utilizará

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Problematização e metodologias

aplicadas às pesquisas em saúde

1-INTRODUÇÃO

A metodologia científica literalmente refere-se ao estudo dos métodos empregados na

pesquisa científica e dos passos comuns a todos estes métodos, ou seja, do método da ciência em

sua forma geral, que se supõe universal. Embora procedimentos variem de uma área da ciência

para outra, diferenciadas por seus distintos objetos de estudo, consegue-se determinar certos

elementos que diferenciam o método científico de outros métodos encontrados em áreas não

científicas.

Um método pode ser definido como uma serie de regras para tentar resolver um

problema. No entanto métodos não são infalíveis e não suprem o apelo à imaginação e à intuição

do cientista. Uma das características básicas do método científico é a tentativa de resolver

problemas por meio de suposições, isto é, de hipóteses, que possam ser testadas através de

observações ou experiências. Assim, quando alguém arrisca um palpite para explicar um fato ou

resolver um problema e, depois, realiza observações ou experiências para testar o palpite, estará

utilizando um método cientifico.

A problematização é a base da pesquisa cientifica, toda pesquisa se inicia com algum tipo

de problema, o qual utilizará de métodos científicos para testar hipóteses para solução do dito

problema.

A problematização e a metodologia científica são ferramentas chaves para a elaboração

de pesquisas cientificas, e conseqüente, contribuição para o conhecimento humano. Pesquisas

científicas são realizadas em varias áreas da ciência, e são responsáveis pela evolução da

humanidade.

Visto isto, o presente texto tem o objetivo de discutir as premissas básicas sobre

problematização e metodologia cientifica.

2-DESENVOLVIMENTO

2.1 – Conceitos em metodologia científica

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Antes de iniciar uma pesquisa cientifica é necessário conhecer alguns conceitos que

foram elaborados ao longo da historia, e que tornam a metodologia cientifica uma ferramenta de

geração de conhecimento.

2.1.1- Tipos de conhecimento

Ao se falar em conhecimento cientifico o primeiro passo é diferenciá-lo dos outros

conhecimentos existentes.

Da antiguidade, ate os dias atuais, um camponês, mesmo desprovido de conhecimento,

sabe o momento da semeadura, a época da colheita, as providencias a serem tomadas para

proteger sua plantação de pragas. No inicio do século XVIII, acorreu a revolução agrícola, que

não deve-se somente ao aparecimento de maquinas agrícolas e sim, mas também a descoberta

que plantios intermediários as plantações eram revitalizava o solo. Hoje a agricultura utiliza

sementes selecionadas, adultos, químicos, controle biológico.

Mescla neste exemplo, dois tipos de conhecimento: o primeiro o popular, geralmente

típico do camponês, transmitido de geração para geração, e baseado na experiência pessoal,

portanto empírico e desprovido de conhecimento sobre a constituição do solo, da natureza das

pragas, do ciclo de vida dos insetos. O segundo conhecimento é transmitido por intermédio de

treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo racional, conduzido por

procedimentos científicos. Visa explicar porque e como os fenômenos ocorrem, sendo

denominado conhecimento cientifico.

A literatura relata ainda os conhecimentos filosóficos e teológicos. O conhecimento

filosófico é fruto do raciocínio e da reflexão humana, e o teológico é revelado pela fé divina ou

crença religiosa.

2.1.2- Conceito de ciências

Variados autores apresentam o que entendem por ciência através de conceitos que são

permanentemente ampliados, uma vez que suas idéias não são definitivas.

O conceito apresentado por Ander-Egg, define a ciência como um conjunto de

conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e

verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza.

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Para Trujillo, ciência é uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de

proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se

deseja estudar. Já para Rubem Alves a ciência é uma especialização, um refinamento de

potenciais comuns a todos.

A complexidade do universo e a quantidade e variedade de fenômenos agregadas à

necessidade do ser humano de compreendê-los, pode explicar o surgimento de diferentes ramos

de estudo divididos em Ciências Formais, Ciências Naturais, Ciências Factuais, Ciências Sociais,

e a Ciências Militares (oficialmente reconhecida em 200, pela portaria 517 do Comandante do

Exercito)

2.1.3- Métodos científicos

O método científico é um conjunto de regras básicas de como se deve proceder a fim de

produzir conhecimento dito científico. Na maioria das disciplinas científicas consiste em juntar

evidências empíricas verificáveis baseadas na observação sistemática e controlada, geralmente

resultantes de experiências ou pesquisa de campo e analisá-las com o uso da lógica. Para muitos

autores o método científico nada mais é do que a lógica aplicada à ciência.

O método, em um sentido geral, é a ordem que se deve impor aos diferentes processos

necessários, para atingir certo fim ou um resultado desejado. Nas ciências entende-se por método

o conjunto de processos empregados na investigação. O método é um conjunto ordenado de

procedimentos que se mostram eficiente, ao longo da historia, na busca do saber.

O método científico é a teoria das investigações, e alcança seus objetivos, de forma

cientifica quando cumpre as seguintes etapas.

1. Observação de fenômenos e elementos da natureza;

2. Identificação de um problema (formulação de uma questão de estudo);

3. Elaboração de uma hipótese (suposição que tenta responder o problema identificado);

4. Teste da hipótese (geralmente por experimentação);

5. Registro e análise dos dados experimentais;

6. Formulação de conclusões a partir dos dados experimentais.

Métodos científicos tratam-se daqueles que são caracterizados dos três métodos básicos:

indutivo, dedutivo e hipotético-dedutivo ou de verificação de hipóteses .

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Existem três tipos básicos e os restantes são tipos compostos dos anteriores que tentam

definir uma estrutura complexa e que, portanto, se encontram numa escala macroscópica em

relação aos primeiros.

Método I ndução

Indução é o princípio segundo o qual deve-se partir das partes para o todo. Ou seja, ao

fazer uma pesquisa, deve-se ir coletando casos particulares e, depois de certo número de casos,

pode-se generalizar, dizendo que sempre que a situação se repetir o resultado será o mesmo.

O método indutivo realiza-se em três etapas:

– Observação dos fenômenos: Nesta etapa os fatos e fenômenos são observados e

analisados, com a finalidade de descobrir as causas de sua manifestação

– Descoberta da relação entre eles: Nesta segunda etapa, procuramos por intermédio da

comparação, aproximar os fatos ou fenômenos, com a finalidade de descobrir a relação constante

entre eles.

– Generalização da relação: Na terceira etapa, generalizamos a relação encontrada ente

fenômenos e fatos

Exemplo:

Os corpos A,B,C,D atraem ferro.

Ora, os corpos A,B,C,D são todos imãs

Logo, os imãs atraem ferro.

A intuição existe pela expectativa de acreditar que exista certa regularidade nas coisas, e

por isto o futuro será igual ao passado.

A indução pode ser:

Completa ou formal: Não induz de um caso, mas de todos, sendo que cada um dos

elementos inferiores são comprovados pela experiência.

Incompleta ou cientifica: Parte das observações constatadas em alguns casos, mas não

em todos. Não deriva de seus elementos inferiores, enumerados ou provados pela experiência,

mas permite induzir de alguns casos adequadamente observados.

Método Dedução

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A dedução é uma forma de raciocínio científico segundo o qual devemos partir do geral

para o particular.

É importante frisar que a dedução não oferece conhecimento novo, uma vez que sempre

conduz à particularidade de uma lei geral previamente conhecida.

Assim, devemos primeiro criar uma lei geral e depois observar casos particulares e

verificar se essa lei não é falseada.

Exemplo:

Todo mamífero tem coração

Ora, todos os cães são mamíferos

Logo, todos os cães têm coração.

Dentre os diferentes métodos dedutivos, podemos citar o afirmação do antecedente, e o

negação da conseqüência.

Na afirmação do antecedente a primeira premissa é um enunciado condicional, sendo que

a segunda coloca o antecedente deste mesmo condicional. Exemplo:

Se José tira nota inferior a 5, será reprovado

Jose tirou nota inferior a 5

José foi reprovado.

A negação da conseqüência deriva do fato que a premissa é condicional, sendo a segunda

uma negação conseqüente deste mesmo condicional. Exemplo

Se a agua ferve, então ela alcançou a temperatura de 100 °C.

A temperatura não alcançou 100 °C.

Então a água não ferve.

Modelo Dedutivo-Nomológico

O Modelo Dedutivo-Nomológico é uma das colunas de sua teoria. Pela importância e

validade oferece orientação genérica sobre as condições para que a justificação científica seja

aceita.

Neste modelo, fenômenos são aceitos como explicados ao serem reduzidos à dados ou

fatos, em uma relação de causalidade. O que se quer explicar é derivado do explicado ou

conhecido.

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Isto é representado, estruturalmente, através de relações dedutivas entre declarações, no

modelo Dedutivo-Nomológico (DN), desenvolvido por C. G. Hempel (1977) e Paul Oppenheim.

Trata-se de argumentação lógica que partindo de leis científicas reconhecidas e de fatos

observados leva à conclusão (Explanandum). Um Explanandum (E) questionado segue

logicamente de um antecedente (C1….Cn), sob leis determinadas (L1….Ln):

1) C1, C2…..Cn  Explanans (condições)

2) L1, L1….Ln     Explanans (leis)

---------------------------------------------------------------------

3)  E           Explanandum (conclusão)

O Explanans é a variável com força e função explicativa. É formado por lei científica e

acontecimentos anteriores ao fenômeno a ser explicado e verificado empiricamente. Por sua vez,

as leis são consideradas explicadas quando deduzidas logicamente de leis universais e corretas.

Leis científicas são divididas por Hempel em duas classes: Fundamentais e deduzidas. As

primeiras são corretas, universais, irrestritas, sem dependência temporal-espacial. Apresentam

forma condicional. Por exemplo: Todos os metais são condutores de eletricidade. A lei deduzida

é derivada da lei fundamental. Falta-lhe o caráter diretor e independente.

O Explanandum é a variável dependente das anteriores, o fato ou acontecimento

observado, para o qual falta uma explicação. Caso falte o Explanans (C1), a abdução é aplicada

para determiná-lo.

Método hipotético-dedutivo

Consiste na construção de hipóteses que devem ser submetidas a testes, os mais diversos

possíveis, à crítica intersubjetiva, ao controle mútuo pela discussão crítica, à publicidade

(sujeitando o assunto a novas críticas) e ao confronto com os fatos, para verificar quais são as

hipóteses que persistem como válidas resistindo as tentativas de falseamento, sem o que seriam

refutadas. É um método de tentativas e eliminação de erros, que não leva à certeza, pois o

conhecimento absolutamente certo e demonstrável não é alcançado.

2.1.4- Desenvolvimento histórico dos métodos

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Somente no século XVI é que se iniciou uma linha de pensamento que propunha

encontrar um conhecimento embasado em maiores garantias. Não se buscam mais as causa

absolutas ou a natureza íntima das coisas; ao contrario, procuram-se compreender as relações

entre elas, assim como a explicação dos acontecimentos, através da observação científica aliada

ao raciocínio.

No Método de Galileu, descreve o método de indução experimental. Isaac Newton,

utiliza, ao lado de procedimentos dedutivos, o indutivismo proposto por Galileu. Portanto, a

partir da observação de fatos particulares chegasse, por indução, ao estabelecimento de uma lei

geral

Contemporâneo de Galileu, Francis Bacon critica por considerar que o processo de

abstração e o silogismo não propiciam um conhecimento complexo do universo. Sendo o

conhecimento cientifico o único caminho seguro para a verdade dos fatos.

As regras que Bacon sugeriu que experimentação pode ser sintetizada, em alargar

experiência, variar experiência, inverter experiências, e recorrer aos casos de experiências.

O tipo de experimentação proposto por Bacon é denominado coincidência constantes.

Com a finalidade de anotar corretamente as fases da experimentação, bacon sugere manter três

tábuas:

• Tábua de presença – nesta, anotam-se todas as circunstâncias em que se produz o fenômeno

cuja causa se procura;

• Tábua de ausência – em que se anotam todos os casos em que o fenômeno não se produz.

• Tábua dos graus – na qual se anotam todos os casos em que o fenômeno varia de intensidade.

Ao lado de Galileu e Bacon, no mesmo século, surge Descartes. Com sua obra, “Discurso

sobre o Método”, que afasta-se dos processos indutivos, originando o método de dedutivo.

2.1.5-Teorias e Fatos e Hipóteses

Teoria e fatos são elementos inter-relacionados a procura da verdade, sendo objeto de

interesse dos cientistas, uma vez que a ciência depende desta inter-relação.

Os fatos são referidos como uma observação empiricamente verificada. Já a teoria é

relação entre fatos, consistindo em conceitos, classificações, generalizações, princípios, regras.

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A teoria é um conjunto de princípios fundamentais que constitui instrumento científico na

procura e explicação de fatos. Não existe teoria que não foi baseada em fatos, por sua vez, a

compilação de fatos ao acaso, sem principio teórico não constitui ciência.

A teoria é usada como orientação para restringir os fatos a serem estudados, para resumir

o que já se sabe sobre o objeto em estudo, para explicar os fatos e relações que ainda não estão

satisfatoriamente explicados, abrindo lacunas no conhecimento, sendo este o princípio de

problematização em pesquisa científica.

Por outro lado, um novo fato, uma descoberta, pode gerar o inicio de uma teoria,

provocar rejeição ou reformulação de uma teoria já existente, clarificar conceitos contidos em

teoria.

A observação dos fatos pode abrir lacunas na teoria, identificando fenômenos que não

podem ser explicados satisfatoriamente. Desta forma surge um problema, que precisa ser

resolvido por meio de métodos científicos, porém para isto é elaborado hipóteses que podem ser

uma possível solução do problema.

A hipótese é a proposição testável que pode vir a ser a solução do problema. Elas podem

surgir de varias fontes como a observação de fatos do dia a dia, resultado de pesquisas anteriores,

teoria da ciência, palpites ou intuições. Mas precisam ser claras e especificar o que de fato se

pretende verificar. Não devem envolver julgamentos de valor. Palavras como bom, mau, não

conduzem à verificação empírica e devem ser evitadas na construção de hipóteses. É necessário

que haja técnicas adequadas para verificação da hipótese. As hipóteses devem estar relacionadas

com a teoria.

Primeiramente os pesquisadores definem proposições lógicas ou suposições, as hipóteses,

para explicar certos fenômenos e observações, e então desenvolvem experiências ou observações

a serem feitas em que testam essas hipóteses. Se confirmadas, as hipóteses podem gerar leis, e

juntamente com as evidências associadas, geram as teorias científicas.

As hipóteses sejam geralmente formuladas em cima de um subconjunto de fatos de

particular interesse ou relevância

Integrando-se o conjunto de fatos e as hipóteses de diversas áreas em uma única e

coerente estrutura de conhecimento formam-se teorias cada vez mais amplas e abrangentes, e ao

fim o que se denomina por ciência.

2.2 - Elaboração da Pesquisa

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Para elaborar uma pesquisa científica algumas etapas são importantes, independente da

área escolhida.

2.2.1- Escolha do Tema e formulação do problema

Toda pesquisa se inicia com algum tipo de problema, ou indagação. Nesta etapa

você deverá responder à pergunta: “O que pretendo abordar?”.

O tema é um aspecto ou uma área de interesse de um assunto que se

deseja provar ou desenvolver. A definição do tema pode surgir com base na

sua observação do cotidiano, na vida profissional, em programas de

pesquisa, em contato e relacionamento com especialistas, no feedback de

pesquisas já realizadas e em estudo da literatura especializada. A escolha do

tema de uma pesquisa, em um Curso de graduação ou pós-Graduação, está

relacionada à linha de pesquisa à qual você está vinculado ou à linha de seu

orientador. Você deverá levar em conta, para a escolha do tema, sua

atualidade e relevância, seu conhecimento a respeito, sua preferência e sua

aptidão pessoal para lidar com o tema escolhido. Definido isso, você irá

levantar e analisar a literatura já publicada sobre o tema.

A experiência acumulada dos pesquisadores possibilita ainda o desenvolvimento de

certas regras práticas para a formulação de problemas científicos, tais como: (a) o problema deve

ser formulado como pergunta; (b) o problema deve ser claro e preciso; (c) o problema deve ser

empírico; (d) o problema deve ser suscetível de solução; e (e) o problema deve ser delimitado a

uma dimensão viável.

2.2.2- Definindo as hipóteses

A pesquisa científica se inicia sempre com a colocação de um problema solucionável. O

passo seguinte consiste em oferecer uma solução possível, ou seja uma hipótese, que pode ser

verdadeira ou falsa. Assim, a hipótese é a proposição testável que pode vir a ser a solução do

problema.

As hipóteses podem surgir de varias fontes como a observação de fatos do dia a dia,

resultado de pesquisas anteriores, teoria da ciência, palpites ou intuições. Mas precisam ser claras

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e especificar o que de fato se pretende verificar. Não devem envolver julgamentos de valor.

Palavras como bom, mau, não conduzem à verificação empírica e devem ser evitadas na

construção de hipóteses. É necessário que haja técnicas adequadas para verificação da hipótese.

As hipóteses devem estar relacionada com a teoria.

2.2.3- Identificando o caráter da pesquisa

É possível classificar as pesquisas em três grandes grupos: exploratórias, descritivas e

explicativas.

Pesquisas Exploratórias

Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema,

com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. As pesquisas exploratórias visam

proporcionar uma visão geral de um determinado fato .Na maioria dos casos, essas pesquisas

envolvem: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências

práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a compreensão.

Embora o planejamento da pesquisa exploratória seja bastante flexível, na maioria dos casos

assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso.

Pesquisas Descritivas

As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de

determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis.

Uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de

coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.

Entre as pesquisas descritivas, salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as

características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade,

estado de saúde física e mental etc. Estas pesquisas também são usadas para levantar as opiniões,

atitudes e crenças de uma população.

Pesquisas Explicativas

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Essas pesquisas têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou

que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Esse é o tipo de pesquisa que mais aprofunda

o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas.

As pesquisas explicativas nas ciências naturais valem-se quase exclusivamente do

método experimental. Nas ciências sociais, a aplicação deste método reveste-se de muitas

dificuldades, razão pela qual se recorre também a outros métodos.

2.2.4 - Identificando a metodologia de coleta de dados

Classificar as pesquisas em exploratórias, descritivas e explicativas estabelece uma

aproximação conceitual sobre o tema da pesquisa. Porém para confrontar a visão teórica com os

dados da realidade precisamos traçar um modelo operativo da pesquisa, ou seja, como ela será

feita, desenvolvida. Ao traçarmos tal modelo operativo estamos delineando a pesquisa. O

elemento mais importante para a identificação de um delineamento é o procedimento adotado

para a coleta de dados

Pesquisa Bibliográfica

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído

principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido

algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de

fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas

bibliográficas.

Pesquisa Documental

A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica, entretanto a

pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, como

cartas pessoais, diários, jornais, fotografias, ofícios, documentos cartoriais, epitáfios, relatórios

de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas

Pesquisa de levantamento

As pesquisas deste tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo

comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um

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grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise

obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados.

Pesquisa Experimental

Essencialmente, a pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo,

selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de

observação dos efeitos que a variável produz no objeto. A variável independente é manipulada

para julgar seu efeito sobre uma variável dependente.

Pesquisa ex post facto

O propósito básico desta pesquisa é o mesmo da pesquisa experimental, porém na

pesquisa ex-postfacto o pesquisador não dispõe de controle sobre a variável independente, que

constitui o fator presumível do fenômeno. O que o pesquisador procura fazer neste tipo de

pesquisa é identificar situações que se desenvolveram naturalmente e trabalhar sobre elas como

se estivessem submetidas a controles. Na pesquisa ex-post-facto os fatos são expontanêos e não

provocados pelo pesquisador

Estudo de Campo

A pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como

ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e interpretação

desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando compreender e

explicar o problema pesquisado. Basicamente, a pesquisa é desenvolvida por meio da observação

direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar suas

explicações e interpretações do que ocorre no grupo. Esses procedimentos são geralmente

conjugados com muitos outros, tais como a análise de documentos, filmagem e fotografias.

2.3- Considerações finaisDiversas outras coisas devem ser levadas em contas na elaboração de pesquisa cientifica.

Em algumas pesquisas, geralmente as explicativas, que utilizam de experimentos científicos, é

necessário realizar o delineamento estatístico antes da realização da pratica experimental, uma

vez que este é essencial para a análise estatística dos dados. O aspecto fundamental no

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planejamento e delineamento de um experimento é possibilitar a aplicação dos princípios da

experimentação, principalmente três deles: repetição, casualização e controle local.

A escrita da pesquisa é uma etapa fundamental, e deve seguir uma serie de normas, e

regras referentes a estruturação e citação bibliográficas. As principais regras para escrita de uma

pesquisa científica e normatizada pela ABNT.

3- CONCLUSÃO

A metodologia cientifica se desenvolveu ao longo dos tempos, desenvolvendo uma serie

de métodos, teorias, conceitos e denominações, todos com objetivo final em comum que é tornar

a pesquisa mais científica, fundada nos princípios da lógica e da experimentação, e desta forma

gerar conhecimento por meio de resolução de problemas.