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    Teorias e Abordagens Pedaggicas

    Aula 05

    Fundamentos do Construvismo

    Objevos Especcos

    Disnguir os fundamentos do Construvismo.

    Temas

    Introduo

    1 Os fundamentos do Construvismo

    2 Bases do Construvismo

    3 Ramicaes construvistas: o Sociointeracionismo de Vygotsky4 Contextualizao na construo e gesto de recursos e estratgias didcas

    com o uso de tecnologias

    Consideraes nais

    Referncias

    Janine SchultzAtualizao

    Vani KenskiAutora

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    Introduo

    Nesta aula trabalharemos os principais conceitos ligados ao Construvismo, buscando

    idencar os fundamentos dessa abordagem e reer sobre os usos e conexes entre essas

    teorias e a construo e gesto de recursos e estratgias didcas empregados em cursos

    online.

    1 Os fundamentos do Construtivismo

    So vrios os caminhos apresentados pelos estudiosos para denir as origens do

    Construvismo. Os autores divergem em relao aos criadores dessa abordagem terica,

    mas, em Educao, predominam os que consideram a importncia dos estudos de Jean Piaget

    na denio dos seus pressupostos tericos. Foram justamente os estudos de Piaget sobre a

    base genca da construo do conhecimento pelas pessoas (Epistemologia Genca) que

    inspiraram os criadores dessa nova maneira de se pensar educao.

    Para os nossos objevos de aprendizagem, o importante a idencao do

    Construvismo como a abordagem em que o aprendiz constri sua prpria realidade, ou

    ao menos a interpreta de acordo com a percepo derivada de sua prpria experincia, de

    tal forma que o conhecimento da pessoa dimensionado pelas suas experincias prvias,

    estruturas mentais e as crenas que uliza para interpretar objetos e eventos (JONASSEN,

    1991 apud MERGEL, 1998, p. 7).

    Ao contrrio do Behaviorismo e do Cognivismo, o Construvismo, em seus fundamentos,

    considera a aprendizagem como uma construo mental e personalizada do sujeito que

    aprende. Dessa forma, a mesma informao pode ser aprendida de formas disntas, de acordo

    com os conhecimentos e vivncias anteriores de cada aprendiz. O aluno torna-se, portanto,

    o sujeito parcipante e avo no processo de aprendizagem. Segundo Campos e Rocha (1998,

    p. 3), na proposta construvista os alunos fazem interpretaes das experincias, elaboram

    e testam estas interpretaes[,] alm de armazenarem as informaes dadas. Essas mesmas

    autoras dizem que:

    A caractersca mais disnta do construvismo, em relao prca pedaggica

    [CUNN92], a nfase na argumentao, discusso e debate. Na escola construvista

    reservado ao estudante o papel de sujeito no processo de aprendizagem. O aprendiz

    constri uma representao interna do conhecimento, uma interpretao pessoal da

    experincia. Esta representao est sempre aberta para mudanas, e suas estruturas

    e associaes formam a base para que novas estruturas de conhecimento sejam

    incorporadas (p. 3).

    Para diversos autores, as bases dessa nova abordagem, em relao construo/aquisio

    de conhecimentos de Piaget, resultam de um momento parcular da histria da Filosoa e

    da Cincia, no incio do sculo XX. Inuenciado pelo conceito de Dialca denido nas

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    ideias de Hegel e Marx e pelo avano dos conhecimentos em reas como a Fsica Qunca

    e a Teoria da Relavidade, Piaget dene as bases de uma nova rea do conhecimento, a que

    chamou de Epistemologia Genca.

    Para Fernando Becker,

    Piaget vai mostrar como o homem, logo que nasce, apesar de trazer uma fascinante

    bagagem hereditria que remonta a milhes de anos de evoluo, no consegue

    emir a mais simples operao de pensamento ou o mais elementar ato simblico. Vai

    mostrar ainda que o meio social, por mais que sinteze milhares de anos de civilizao,

    no consegue ensinara esse recm-nascido o mais elementar conhecimento objevo.

    Isto , o sujeito humano um projeto a ser construdo; o objeto , tambm, um

    projeto a ser construdo. Sujeito e objeto no tm existncia prvia, a priori: eles se

    constuem mutuamente, na interao. Eles seconstroem(1992, p. 8, grifos do autor).

    Como movimento que avana e se diferencia das abordagens cognivas e, principalmente,

    behavioristas presentes na educao, o Construvismo teve grande crescimento no pensamento

    e prcas escolares a parr dos anos 60. Novas e diferenciadas abordagens surgiram a parr

    do Construvismo e, para alguns autores, as ideias originais do Construvismo, baseadas no

    pensamento piageano, so denominadas de Construvismo Radical.

    Segundo Arendt, o princpio bsico do construvismo radical que qualquerpo

    de conhecimento depende da estrutura do conhecedor (2003, p. 10, grifo do autor).

    Diz Arendt que:

    a radicalidade vem na negao de qualquer conhecimento objevo, estratgia que se

    revela no tratamento dado percepo. Ao contrrio da frmula empiricista clssica,

    que sustenta que a ao guiada pela percepo, autores construvistas como

    Maturana e Varela invertero a referida frmula e diro que na enao(do espanhol

    en accin) a percepo ser guiada pela ao do indivduo no contexto (2003, p. 10,

    grifos do autor).

    A base oferecida pelo Construvismo foi o ponto de parda para novas percepes

    e posicionamentos tericos nas mais diferenciadas reas do conhecimento.

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    Em termos de teorias da aprendizagem e abordagens pedaggicas, os maisconhecidos desdobramentos so: o Socioconstruvismo, em que enfazadaa interao social entre os parcipantes do processo de aprendizagem; oConstrucionismo, teoria desenvolvida por Seymour Papert que ressalta aimportncia das construes colevas; e muitas outras, que veremos em outromomento.

    2 Bases do ConstrutivismoAs bases do Construvismo englobam aspectos que denem as formas como o

    conhecimento deve ser apresentado para produzir conexes com as informaes j

    disponveis aos aprendizes. Ao contrrio do Cognivismo, no entanto, a preocupao no

    Construvismo a de oferecer oportunidades para que os alunos parcipem avamente

    do processo de aprendizagem e descubram por suas prprias iniciavas os caminhos para

    aprender, de acordo com os seus estgios de desenvolvimento mental e o contexto social em

    que atuam. Os quatro principais aspectos que denem as bases dessa abordagem terica so

    apresentadas a seguir.

    2.1 Construo ava a parr dos conhecimentos preexistentes

    Os alunos precisam construir os conhecimentos por eles mesmos, avamente, integrando-

    os com as noes j aprendidas. No h aprendizagem por modelagem, transferncia ou por

    experimentao que possa ser manda como conhecimento adquirido, se no for construda

    avamente pelo prprio aluno. Ou seja, a construo do conhecimento um processo

    interno de maturao mental que precisa ser acionado por meio de aes e interaes entre

    o aprendiz e o objeto a ser aprendido.

    2.2 Adaptao

    Todo o conhecimento apropriado de forma personalizada pelo aprendiz altera a

    totalidade da estrutura mental j existente. A construo um movimento permanente que

    engloba pelo menos dois movimentos (assimilao e acomodao), produzindo um processo

    de equilbrio connuo (equilibrao). O indivduo modica o meio e tambm modicado

    por ele. A adaptao intelectual constui-se ento em um equilbrio progressivo entre um

    mecanismo assimilador e uma acomodao complementar (PIAGET, 1982, p. 18).

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    2.3 Viabilidade

    Conhecimentos e ideias que precisam ser aprendidos devem ser percebidos como viveis.

    Ou seja, os aprendizes precisam conhecer a ulidade e nalidade dessas aprendizagens para

    que possam parcipar avamente do processo e aprender. Conhecimentos que escapam da

    esfera da compreenso dos aprendizes podem at ser incorporados mecanicamente durante

    um perodo curto, mas no so aprendidos de forma signicava e permanente.

    2.4 Construo social

    Embora cada pessoa construa o conhecimento de forma individual e personalizada, o

    processo de construo denido pelos componentes socialmente envolvidos. A construo

    dos conhecimentos diretamente inuenciada pelo ambiente de aprendizagem, que segundoJonassen (apud MERGEL, 1998) necessita:

    Proporcionar mlplas representaes da realidade;

    Realizar avidades contextualizadas, reais e autncas;

    Oferecer desaos baseados no mundo real, casos e situaes-problemas que sejam

    reconhecidas e compreendidas pelos aprendizes;

    Esmular e reforar a prca da reexo para o encontro de solues e respostas;

    Facilitar a construo coleva dos conhecimentos por meio de avidades em equipe

    e outras formas de interao que esmulem a troca entre todos os parcipantes.

    3 Ramificaes construtivistas: o Sociointeracionismo de

    Vygotsky

    So muitas as aproximaes entre a pesquisa scio-histrica de Lev Vygotsky e as basespiageanas do Construvismo. Da mesma forma, muitas so as discrepncias entre as duas

    abordagens, o que nos leva a destacar algumas de suas caracterscas mais especcas. Para

    efeito didco, incorporamos e destacamos as caracterscas dessa abordagem (chamada

    por alguns autores de sociointeracionismo) como um desdobramento do pensamento

    Construvista.

    Para Vygotsky, o meio exerce inuncia sobre a construo das aprendizagens humanas.

    Segundo Vygotsky, a construo do conhecimento se d em determinado contexto scio-

    histrico e cultural em que ocorre a aprendizagem. Para ele:

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    O homem no nasce inteligente, mas tambm no passivo sob a inuncia do

    meio, isto , ele responde aos esmulos externos agindo sobre eles para construir e

    organizar o seu prprio conhecimento, de forma cada vez mais elaborada. [...] Assim,

    o sujeito do conhecimento est o tempo todo modelando suas aes e operaes

    conceituais com base nas suas experincias. (Wikipdia).

    Segundo os estudos feitos por Vygotsky e Luria, no incio de sua vida a criana tem apenas

    sensaes orgnicas: tenso, dor e calor. Na evoluo, a criana passa a perceber a realidade,

    arculando essas sensaes orgnicas iniciais com as experincias sociais e culturais que

    vivencia. A criana passa a ver o mundo pela sua ca parcular, relacionando-se com a

    realidade de acordo com suas percepes. Nessa perspecva, parte das funes psicolgicas

    elementares transformada, com o aprendizado cultural, em funes psicolgicas superiores,

    como a conscincia, o planejamento e os valores.

    Essas funes psicolgicas superiores so permanentemente reconstrudas ao longo da

    histria social do homem, em sua relao com o mundo e com as pessoas com quem interage,

    e constuem a individualidade de cada pessoa. Elas abrangem todos os processos voluntrios,

    aes conscientes, mecanismos intencionais e dependem de processos de aprendizagem.

    As informaes, segundo Cludia Davis (1994), nunca so absorvidas diretamente do meio.

    Elas so sempre intermediadas, de forma explcita ou implcita, pelas pessoas que rodeiam a

    criana, estando carregadas de signicados sociais e histricos.

    3.1. Conceitos bsicos no Construvismo de Vygotsky

    (Sociointeracionismo)

    Os conceitos bsicos do posicionamento de Vygotsky podem ser sintezados em seis

    pontos, como veremos a seguir.

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    3.1.1 Mediao

    Complementando os princpios do Construvismo, para Vygotsky o ponto fundamental

    na construo de conhecimentos a interao do aprendiz com o meio. Segundo essa

    abordagem, o conhecimento sempre mediado. Conforme diz Lopes (1996, p. 34),

    pela APRENDIZAGEM nas relaes com os outros que construmos os conhecimentos que

    permitem nosso desenvolvimento mental. Nesse contexto, a linguagem ou melhor, a fala

    fundamental. Por meio de trocas e interaes entre as pessoas, as ideias so explicitadas,

    as informaes so compreendidas e a aprendizagem construda, beneciando todos os

    envolvidos no processo.

    3.1.2 Internalizao

    As interaes permitem a assimilao de informaes que sero organizadas

    internamente, de maneira personalizada. A aprendizagem se d, portanto, na arculao entre

    dois momentos disntos: o primeiro, no plano social, pela interao com o meio; o segundo,

    no plano individual, por processos mentais de organizao interna dos conhecimentos.

    3.1.3 Nveis de desenvolvimento

    Vygotsky idenca dois nveis de desenvolvimento intelectual no processo deaprendizagem. So eles:

    Desenvolvimento real: o que a pessoa consegue fazer sozinha, porque j possui

    conhecimentos consolidados para a sua realizao sem a necessidade de novas aprendizagens;

    Desenvolvimento potencial: o aprendiz realiza tarefas mais complexas, aps a ajuda e

    orientao de um professor ou por meio de trocas com outros aprendizes.

    3.1.4 Zona de desenvolvimento proximal

    A distncia entre o desenvolvimento real e o desenvolvimento potencial chamada

    por Vygotsky de zona de desenvolvimento proximal. Ela se caracteriza pelas interaes do

    aprendiz com os demais parcipantes do processo de aprendizagem.

    3.1.5 Tomada de conscincia

    medida que aprende, o homem vai tomando conscincia sobre seus atos e relaes.

    Seus comportamentos tornam-se culturalmente idencados com um grupo social e so

    historicamente datados. Suas relaes com o meio passam a ser mais abstratas e conscientes

    e suas reaes so cada vez mais controladas e voluntrias, e menos espontneas.

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    3.1.6 Relao entre desenvolvimento e aprendizagem

    Vygotsky e seus seguidores (Luria e Leonev) consideram que h uma relao

    inseparvel e hierarquicamente arculada entre aprendizagem e desenvolvimento. Para eles,

    o desenvolvimento vem sempre aps a aprendizagem. A aprendizagem construda a parr

    de processos de internalizao de novas informaes, de acordo com as interaes do sujeito

    com o meio. J o desenvolvimento uma relao dialca e caca que ocorre internamente

    nas innitas inter-relaes entre os conhecimentos, em permanente construo.

    Em sntese, essas abordagens se complementam e contribuem para a incorporao

    de novas metodologias e estratgias no processo educacional. Elas redenem as prcas

    pedaggicas tradicionais, baseadas na memorizao e no desencadeamento de aes

    externas para a aquisio de conhecimentos pelos sujeitos.

    4 Contextualizao na construo e gesto de recursos e

    estratgias didticas com o uso de tecnologias

    4.1 Diferenas entre os recursos e estratgias didcas tradicionais e

    os construvistas

    Winn (apud Villiers, 2002) idenca trs diferenas bsicas entre os recursos e estratgias

    didcas que empregam tecnologias digitais tradicionais e os baseados no Construvismo.

    Elas so apresentadas a seguir.

    4.1.1 nfase na aprendizagem, em vez de no desempenho ou na resposta

    Os recursos e estratgias didcas behavioristas denem tcas que possam trazer

    mudanas previsveis nos conhecimentos e habilidades dos estudantes, demonstradas em

    desempenhos e comportamentos observveis, em campos especcos do conhecimento.

    A maioria do que pode ser aprendido, no entanto, ocorre em reas complexas do

    conhecimento, com comportamentos que no podem ser previsveis e observveis. Segundo

    o Construvismo, os estudantes selecionam e desenvolvem suas prprias estratgias de

    aprendizagem e, frequentemente, seus prprios objevos e metas. Segundo essa abordagem,

    os recursos e estratgias didcas que empregam tecnologias digitais no devem prescrever

    estratgias instrucionais, mas guiar ou orientar os alunos, sem impor um caminho nico para

    a aprendizagem. Os prossionais responsveis pela construo e gesto desses recursos

    e estratgias didcas, nessa abordagem, devem ter conhecimentos de como as pessoaspensam e aprendem, em vez de saber apenas aplicar modelos de Design predenidos.

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    4.1.2 Papel diferente para a tecnologia

    Em vez de usar a tecnologia para ensinar contedos, os recursos e estratgias didcas

    construvistas devem empreg-la para promover aprendizagens. Em vez de recorrer a

    tecnologias com os mais diferenciados esmulos para transferir contedos aos estudantes, tais

    recursos e estratgias didcas devem uliz-las para permir aos estudantes diferenciadas

    formas de explorao e construo.

    4.1.3 Proposta diferente para os recursos e estratgias didcas que

    empregam tecnologias

    Em princpio, o modelo construvista no nega totalmente a necessidade de um momentoinicial em que os conhecimentos devam surgir de domnios bem estruturados e respostas

    previsveis. Os aprendizes precisam ter um ponto de parda a parr do qual eles possam

    realizar suas construes pessoais. Os prossionais que atuam na construo e gesto desses

    recursos e estratgias didcas tambm precisam organizar pontos de sustentao em que

    os estudantes possam ser apoiados no processo de construo desses novos signicados. Isso

    signica que a maioria das estratgias devem ser selecionadas no momento da aprendizagem,

    em vez de serem predenidas, como ocorre nos modelos tradicionais de Design instrucional.

    Pelo deslocamento das decises de Design para o momento de entrega, o modelo de Design

    Instrucional reintegrado implementao do curso.

    4.2 Bases dos recursos e estratgias didcas construvistas que

    empregam tecnologias

    A maioria dos autores considera que as abordagens construvistas so mais adequadas

    para os estudantes que j possuem informaes bsicas sobre os contedos a serem

    aprendidos. Certo conhecimento prvio do assunto pode ser desenvolvido pelos meios

    tradicionais de ensino, ulizando-se estratgias behavioristas ou cognivistas. Outrocuidado requerido o de no deixar o estudante excessivamente solto, mas orient-lo nos

    diferenciados caminhos possveis para a aprendizagem. Bednar et al (apud Villiers, 2002)

    apresentam algumas consideraes para o desenvolvimento de um modelo de Design

    Instrucional baseado nos princpios construvistas. Elas so apresentadas as seguir.

    4.2.1 Anlise do contedo

    O contedo no deve ser totalmente preespecicado, pois os aprendizes precisam

    construir suas prprias compreenses. Um corpo de informaes bsicas pode ser oferecido,

    mas o estudante deve se encorajado a pesquisar e aprofundar seus conhecimentos e

    posicionamentos em relao aos contedos. Os construvistas acreditam que a aprendizagem

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    no pode ser denida independentemente da relao contedo/contexto. Isso signica que os

    recursos e estratgias didcas que empregam tecnologias digitais no devem ser ulizados

    como estratgias de simples memorizao de contedos descontextualizados e isolados. O

    conhecimento deve ser aplicado em contextos reais, ajudando os estudantes a reer como

    especialistas para resolver problemas e superar desaos. Por exemplo, em Geograa, oobjevo no pode ser ensinar fatos ou princpios, mas criar condies que desaem os alunos

    a ulizar os conhecimentos geogrcos como faz um navegador ou cartgrafo, embora isso

    no seja vivel desde o incio do ensino na rea. preciso analisar o contedo para vericar

    as chances de que ele possa ser explorado pelos aprendizes.

    4.2.2 Anlise dos estudantes

    Os estudantes, no pensamento construvista, possuem perspecvas individuais enicas de aprendizagem. O foco deve estar em suas capacidades mentais de acomodao

    e assimilao de informaes por meio de avidades avas e contextualizadas. Esmulos

    reexo, tomada de decises, manifestao de opinies e interaes com os demais

    parcipantes so estratgias a serem perseguidas pelos prossionais responsveis pela

    construo e gesto de recursos e estratgias didcas que empregam tecnologias digitais

    nesse contexto.

    4.2.3 Especicao dos objevos

    Na perspecva construvista, ao se pensar nas taxionomias de objevos educacionais, a

    funo de anlise o principal objevo de aprendizagem em cada domnio. As estratgias de

    Design Instrucional devem orientar os estudantes a reer e saber analisar o que est sendo

    proposto, como objevos de aprendizagem.

    4.2.4 Design

    O Design instrucional deve se preocupar com a contruo de ambientes em que os

    aprendizes explorem as mais diferenciadas possibilidades de manipulao das informaes

    e que possam facilitar a construo de signicados em mlplas perspecvas. O uso de

    estratgias com muitas interaes entre os parcipantes e avidades em equipes para a

    resoluo de questes contextualizadas e signicavas para a aprendizagem de todos os

    parcipantes so princpios que denem o Design construvista.

    4.2.5 Avaliao

    Aprendizes interpretam diferentemente os mesmos contedos, portanto, a avaliao da

    aprendizagem deve ser exvel, nada rgida, para acomodar essas diferenas de percepo. A

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    avaliao deve tambm incluir a autoavaliao feita pelos alunos.

    Para Mergel (1998), os avanos das tecnologias digitais permitem aos prossionais

    responsveis pela construo e gesto de recursos e estratgias didcas atuarem cada

    vez mais segundo as perspecvas construvistas. Destaca que as ferramentas mais teisaos recursos e estratgias didcas construvistas so o hipertexto e as hipermdias, pois

    permitem designs ramicados e alternavas de caminhos para a aprendizagem.

    Consideraes finais

    Como vimos, de acordo com a abordagem construvista, a aprendizagem se d na interao

    entre o aluno e o conhecimento. De acordo com essa perspecva, recursos e estratgias

    didcas que empregam tecnologias digitais devem favorecer que os alunos tenham acesso

    a formas diferenciadas de construo do conhecimento. Ou seja, tais recursos e estratgias

    devem ser vistos como ferramenta pedaggica para a criao de um ambiente interavo que,

    atravs de determinada situao-problema, permita ao aprendiz explorar, invesgar, analisar,

    levantar hipteses e test-las, de modo a construir seu prprio conhecimento.

    Referncias

    ARENDT, R. J. J. Construvismo ou Construcionismo? Contribuies deste debate para a

    Psicologia Social. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 8, n. 1, p. 5-13, 2003. Disponvel em:. Acesso em: maio/2013.

    BECKER, F. 0 que construvismo? Revista de Educao AEC, Braslia, DF, v. 21, n. 83, p. 7-15,1992.

    CAMPOS, F. C. A.; ROCHA, A. R. C. Design Instrucional e Construvismo: em busca de modelospara o desenvolvimento de soware. In: CONGRESSO RIBIE, 4., 1998, Braslia. Disponvel em:. Acesso em: maio/2013.

    DAVIS, C. Psicologia na Educao. So Paulo: Cortez, 1994. (Coleo Magistrio. 2 Grau. SrieFormao do Professor.)

    MERGEL, B. Instruconal Design & Learning Theory. Educaonal Communicaons andTechnology, University of Saskatchewan, Saskatchewan, 1998. Disponvel em: . Acesso em: maio/2013.

    ______. Diseo Instruccional y Teora del Aprendizaje.Universidad de Saskatchewan, 1998.Disponvel em: .Acesso em: maio/2013.

    PIAGET, J. O nascimento da inteligncia na criana.4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

    LOPES, J. Vygotsky: o terico social da inteligncia. Revista Nova Escola, v. 11, n. 99, dez./1996.

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    VILLIERS, M. R. The Dynamics of Theory and Pracce in Instruconal Design. Tese deDoutorado. Department of Teaching and Training Studies of the Faculty of Educaon, Universityof Pretoria, South Africa, 2002. Disponvel em: . Acesso em: maio/2013.