Auto da Barca do Inferno - Cena do onzeneiro

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Cena do Onzeneiro Rita Galrito

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Cena do

OnzeneiroRita Galrito

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PERCURSO CÉNICO

Cais

Onzeneiro

Barca do Anjo

Barca do Inferno

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A bolsa de dinheiro (bolsão) é o símbolo

cénico que o Onzeneiro traz consigo e que

representa a sua ganância pelo mesmo, usura, e

a sua profissão.

Símbolo cénico

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Cómico• Cómico de situação

Esta presente o cómico de situação quando o Onzeneiro

jura que levava a bolsa sem dinheiro.

“ Anjo Porque esse bolsão tomará todo o navio,

Onz. Juro a Deos que vai vazio!

Anjo Não já no teu coração.

Onz. Lá me fica de rodão

minha fazenda e alheia.

Anjo Ó onzena como és fea

e filha de maldição!”

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O onzeneiro foi rico em vida. Depois de morto

apresenta-se tão pobre que nem sequer dispõe

de uma moeda para pagar ao barqueiro. Ele

queria voltar à vida apenas para recuperar o seu

dinheiro.

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PecadosO onzeneiro era um usuário que enriqueceu à custa dos

altos juros de dinheiro, que emprestava aos necessitados –

um antepassado dos nossos modernos penhoristas, a quem

o diabo chama de seu “parente”. O onzeneiro é ambicioso,

interesseiro, avarento, ganancioso, usuário, ignorante,

obsessivo pelo dinheiro.

Emprestar dinheiro a juros altos foi a actividade o

condenou ao inferno.

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Defesa ou alegação

•Acusações que lhe são feitas:

O onzeneiro é acusado de praticar a usura, de

ser ganancioso, de viver obcecado pelo dinheiro e

de usar a maldade para explorar os mais pobres.

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• Argumentos de autodefesa do onzeneiro

- Quando o onzeneiro diz ao anjo que o bolsão que traz com ele vem vazio .

“Onz Juro a Deos que vai vazio!”

- Perante o diabo, manifesta o desejo de ir ao mundo buscar dinheiro para

comprar a salvação.

“ Quero lá tornar ao mundo

e trarei o meu dinheiro.

Aqueloutro marinheiro,

por que me vê vir sem nada,

dá-me tanta borregada

como arrais lá do Barreiro.”

Page 9: Auto da Barca do Inferno - Cena do onzeneiro

Momento de reconhecimento e consequência do ser

“ Diabo Entra, entra! Remarás

Nom percamos mais

maré!

Onz Todavia ….

Diabo Per forç’é!

Que te pês, cá entrarás!

Irás servir Satanás

porque sempre te ajudou.

Onz Ó triste, quem me

cegou?

Diabo Cal’a-te, que cá chorarás.

Entrando o Onzeneiro no batel, que

achou o Fidalgo embarcando diz,

tirando o barrete:

Onz Santa Joana de Valdês!

Cá é vossa senhoria? “

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Intenção do autor Cada personagem representa um grupo social, as suas

características e os seus principais defeitos e pecados. No fundo Gil

Vicente queria demonstrar á sociedade de que é feita e de uma maneira

relativamente cómica. Na cena do onzeneiro o autor pretende

criticar a prática de usura, denunciando o enriquecimento fácil e

rápido á custa de juros elevados pelos empréstimos de dinheiro

a pessoas necessitadas. Simultaneamente, visa atingir os

corruptos e os que se deixam dominar pela ambição desmedida.