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0 UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Iracema Corrêa do Amaral Ribeiro AVALIAÇÃO DA COMPREENSÃO LEITORA POR ACADÊMICOS DO PRIMEIRO AO ÚLTIMO ANO DE UM CURSO DE ODONTOLOGIA E SUA RELAÇÃO COM OS HÁBITOS FAMILIARES DE LEITURA Taubaté - SP 2010

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Iracema Corrêa do Amaral Ribeiro

AVALIAÇÃO DA COMPREENSÃO LEITORA POR ACADÊMICOS DO PRIMEIRO AO ÚLTIMO ANO DE UM CURSO DE ODONTOLOGIA E SUA RELAÇÃO

COM OS HÁBITOS FAMILIARES DE LEITURA

Taubaté - SP 2010

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Iracema Corrêa do Amaral Ribeiro

AVALIAÇÃO DA COMPREENSÃO LEITORA POR

ACADÊMICOS DO PRIMEIRO AO ÚLTIMO ANO DE UM CURSO DE ODONTOLOGIA E SUA RELAÇÃO COM OS

HÁBITOS FAMILIARES DE LEITURA

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Odontologia do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. Área de Concentração: Prótese Dentária Orientadora: Profa. Dra. Ana Christina Claro Neves

Taubaté - SP 2010

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IRACEMA CORRÊA DO AMARAL RIBEIRO

Data: ________________________________________

Resultado: ____________________________________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr._________________________________________Universidade de Taubaté

Assinatura ______________________________________

Prof. Dr._________________________________________Universidade de Taubaté

Assinatura ______________________________________

Prof. Dr._________________________________________Universidade de Taubaté

Assinatura ______________________________________

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A Deus:

Pela vida, pelos dons, pela oportunidade da conclusão

desta etapa. Força e coragem sempre, em todos os

momentos, principalmente os de incertezas, dificuldades e

limitações.

Aos meus pais:

José e Nezolina, ausentes apenas fisicamente, pelo amor,

pelos exemplos de honradez, dignidade e perseverança.

Aos meus dez irmãos:

Por estarmos sempre juntos, pelo compartilhar, pelo amor

fraternal, e pelo aprendizado de sempre fazer o bem.

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Ao meu esposo Campanati:

Amor de juventude, de plenitude, eternidade, amigo,

irmão, namorado, confidente e acima de tudo

amor.....sempre.

Aos meus filhos Carolina, Geruza e Thiago:

Frutos desse amor, razão de todas as minhas aspirações,

de toda a minha vontade de lutar sempre.

Deus me presenteou com a existência de vocês em

meu viver!

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AGRADECIMENTOS

À Faculdade São Lucas pelo apoio e permissão para a

realização deste estudo, me oportunizando crescimento.

À Universidade de Taubaté por ofertar as condições para

a realização do curso.

À minha orientadora Dra. Ana Christina Claro Neves,

pelo carinho, pelo entendimento, pelo apoio, pelo estar junto.

Pela simplicidade, retidão e clareza na condução desta

orientação, pela grande capacidade e competência ao dirigir

este trabalho, mostrando-me qual caminho seguir, sem rodeios,

sem percalços, sem obstáculos. “Assim, a escuridão se faz luz, a

dificuldade se torna determinação; a incerteza, confiança; e o

sonho se torna realidade”. Meu carinho, respeito, admiração e

reconhecimento. Obrigada...imensamente!

À Eloá Gazola, vice-diretora geral da Faculdade São

Lucas, por me permitir estar neste momento de minha vida,

concluindo este mestrado. Por acreditar antes de mim, que eu

podia chegar até aqui, e hoje ao ter esta certeza, posso lhe

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dizer muito obrigada. Que Deus te envolva todos os dias, lhe

permitindo estar sempre sob sua proteção.

A todos os professores do Programa de Pós-graduação em

Odontologia da UNITAU, pela transmissão de seus

conhecimentos, com carinho, competência e dedicação.

Aos professores presentes na banca de qualificação deste

estudo, Profa. Dra. Edna Chamom, Profa. Dra. Laís Regiane

da Silva Consilho, Prof. Dr. Sigmar de Melo Rode, pelas

considerações e orientações dadas para o engrandecimento deste

estudo.

À Dra Elza Maria Tavares da Silva, da UMC, grande

estudiosa do tema, pelo incentivo neste estudo.

Aos acadêmicos e queridos alunos do curso de Odontologia

da Faculdade São Lucas que possibilitaram a realização deste

estudo.

Aos amigos do mestrado que fizeram nossos dias mais

alegres, mais leves, em especial Regina Serpa e Luiz Carlos

Bianco pelo apoio, ajuda efetiva na realização deste e pelo

companheirismo e companhia nas viagens.

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À amiga Regina Serpa obrigada pela amizade, dedicação

a minha pessoa, nas horas de alegria, mas também, presente

nos meus inúmeros momentos de dificuldades. Obrigada por ter

estado junto de mim...estes momentos jamais serão esquecidos!

Às minhas secretárias Maria de Fátima Ferreira

(Faculdade São Lucas) e Andreceliane da Silva (Justiça

Federal) pelo apoio, dedicação, e contribuição efetiva na

confecção deste trabalho.

À Geruza Ribeiro e Gabriel Mendonça, acadêmicos de

Medicina e Odontologia, respectivamente, da Faculdade São

Lucas, parceiros nos questionários e apoio na parte prática do

estudo.

A todos que contribuíram direta e indiretamente para a

realização deste estudo.

Agradecer é uma forma de reconhecimento!

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”A leitura do mundo precede a leitura da palavra, e a

leitura desta implica a continuidade da leitura daquele.”

Paulo Freire

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Ribeiro ICA. Avaliação da compreensão leitora por acadêmicos do primeiro ao último

ano de um curso de odontologia e sua relação com os hábitos familiares de leitura. [Dissertação de mestrado]. Taubaté: Universidade de Taubaté, Departamento de Odontologia, 2010. 78 p.

RESUMO

A leitura e compreensão do texto são meios necessários à aprendizagem na universidade, visto que a aquisição do conhecimento se dá pela interação entre o

autor e o leitor. Objetivo: Foi proposta deste estudo avaliar a competência leitora de acadêmicos do primeiro ao último ano do curso de odontologia e relacioná-la com os hábitos familiares de leitura. Método: Participaram do estudo 172 universitários, de

ambos os gêneros, com idade entre 16 e quarenta anos, matriculados em um curso de graduação em odontologia de uma faculdade particular localizada no município de Porto Velho/RO. O teste de cloze convencional, com total possível de 46 acertos,

foi aplicado a todos os participantes como instrumento para a avaliação da competência leitora. Adicionalmente, foram coletados dados relacionados com os hábitos de leitura dos universitários e de seus pais. Resultados: O número máximo

de acertos foi de quarenta para os acadêmicos do segundo ano, 38 para os do terceiro ano e 37 para os do primeiro e quarto anos, sem diferença estatística significativa entre eles. Com relação aos níveis de compreensão leitora, a maior

parte dos alunos do primeiro ano (36,6%) foi enquadrada no nível “frustação” e, do segundo (53,2%), terceiro (75%) e quarto anos (55,8%), no nível “independente”. O número de respostas corretas no teste de cloze foi superior no grupo de acadêmicos

cujos pais tinham o hábito da leitura, no grupo que recebeu estímulo dos pais para ler, no grupo em que os pais liam para os filhos e, finalmente, no grupo de acadêmicos que afirmou gostar de ler. Conclusões: Não foi evidenciada diferença

significativa da compreensão leitora entre os discentes dos quatro grupos estudados, entretanto os alunos ingressantes necessitam de uma intervenção pedagógica institucional cuidadosa, pois foram diagnosticados no nível “frustação”

de habilidade leitora. Os hábitos familiares de leitura influenciaram a compreensão leitora dos graduandos de odontologia. Palavras-Chave: Universitários; Compreensão leitora; Teste de cloze.

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Ribeiro ICA. Reading comprehension assessment of first one to last year of

Odontology course academics and its relation with familiar reading habits. [Dissertação de mestrado] Taubaté: Universidade de Taubaté, Departamento de Odontologia, 2010. 78 p.

ABSTRACT

Text reading and comprehension are necessary abilities to the learning process at university, since acquiring knowledge depends on author and reader interaction.

Objective: This study’s purpose was to evaluate the reading ability of first one to last year dentistry course academics and to relate it with familiar reading habits. Method: 172 university students, from both gender, with age among 16 and forty years old, all

registered on dentistry graduation course at a private university in the city of Porto Velho-RO, had participated of this study. The conventional cloze test (success total

possible = 46) was used as an instrument for the reading comprehension

assessment. Additionally, were collected data related to the reading habits of college students and their parents. Results: The maximum number of success among the participant group was forty in the second year university students, 38 (thirty-eight) for

the ones in third year, and 37 (thirty-seven) for those in first and fourth year. Referring to the reading comprehension levels, first year university students majority (36,6%) were included in the level named “frustration”, while second (53,2%), third

(75%) and forty (55,8%) years students were placed in “independent” level. The number of correct answers in Cloze test were higher in the academic group whose parents have reading habit, in academic group encouraged by their parents to read,

in group which parents had read for their children and, finally, in academic group that affirmed they like to read. Conclusions: It was not evidenced a significant statistic difference on reading comprehension among the four studied academic groups,

however the entering students demand a carefully institutional psychologist intervention, ever since they were placed in “frustration” reading ability level. The familiar reading habits had influenced on reading comprehension of dentistry

graduating students. Keywords: University students; Reading comprehension; Cloze test.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12

2 REVISÃO DA LITERATURA 15

2.1 TESTE DE CLOZE 15

2.2 LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTOS 18

2.3 HABILIDADE DE LEITURA E UNIVERSIDADE 20

2.4 PESQUISAS RELACIONADAS COM O TESTE DE

CLOZE

22

3 PROPOSIÇÁO 29

4 MÉTODO 30

4.1 ASPECTOS ÉTICOS 30

4.2 SELEÇÃO DA AMOSTRA 30

4.3 SELEÇÃO E PREPARO DO TEXTO 31

4.4 APLICAÇÃO DO TESTE DE CLOZE 31

4.5 OBTENÇAO DOS ESCORES 32

4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA 33

5 RESULTADOS 34

6 DISCUSSÃO 47

7 CONCLUSÃO 55

REFERÊNCIAS 56

ANEXOS 65

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Introdução_______________________________________________________________12

1 INTRODUÇÃO

A universidade é uma instituição pluridisciplinar, responsável pela formação

dos quadros profissionais de nível superior de ensino, pesquisa e extensão

(Frauches & Fagundes, 2003). Desta forma, deve preocupar-se com a formação

social e intelectual dos alunos, sistematizando o conhecimento e o saber que

deverão ser adquiridos ao longo da vida acadêmica.

A leitura é fundamental para o desenvolvimento adequado da qualificação

cognitiva na formação social, histórica e cultural dos universitários. É fonte de

informação, formação, lazer e realização pessoal, possibilitando a inserção social do

indivíduo (Silva, 2004). Sendo assim, a universidade tem o dever de oferecer aos

alunos uma formação que proporcione o desenvolvimento eficaz da leitura,

principalmente relacionada à área técnica-científica, primordial ao futuro

desempenho profissional dos mesmos (Witter, 1997).

Para que possa produzir ciência o acadêmico deve ter acesso a leitura e

realizá-la de forma crítica, recuperando a informação acumulada historicamente

para, posteriormente, utilizá-la na prática profissional de maneira eficaz (Robinson et

al., 1990).

Pesquisas nacionais e internacionais têm apontado o baixo nível de

compreensão leitora nas escolas e universidades (Abrahan & Chapelle, 1992; Carelli

& Santos, 1998; Carpenter et al., 1995; Oliveira, 1993; Pellegrini, 1996; Storey,

1997), e pesquisadores do mundo todo vêm investigando a relação entre a

habilidade leitora e o rendimento acadêmico.

Cada indivíduo possui um padrão de cognição e formas distintas de processar as

informações recebidas, apresentando, portanto, níveis diferentes de compreensão leitora.

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Introdução_______________________________________________________________13

Adicionalmente, as universidades vêm abrindo-se progressivamente para camadas

sociais heterogêneas, passando a um ensino mais democrático, mas com

disfuncionamento dos que a frequentam (Almeida & Soares, 2004).

Como a habilidade da leitura é essencial para o sucesso do estudante

universitário, torna-se importante o diagnóstico apropriado de cada aluno,

possibilitando que as dificuldades evidenciadas sejam superadas com suporte

docente (Santos et al, 2000). Nesse sentido, torna-se interessante o uso de meios

eficazes de diagnóstico no início do curso superior e o oferecimento, ao longo do

mesmo, de atividades que possibilitem não só o desenvolvimento cognitivo, mas

também o desenvolvimento pessoal dos alunos.

Um dos procedimentos para avaliação da habilidade leitora foi relatado por

Taylor (1953) e é denominado “Técnica ou Teste de cloze”. Consiste na seleção de

um texto de aproximadamente duzentas palavras, no qual, na proposta original do

autor, são criadas lacunas a partir da supressão de determinados vocábulos. Os

examinandos devem preencher cada lacuna com a palavra que julgarem ser a que

melhor para dar sentido do texto, constituindo uma mensagem coerente e com

significado. Os escores são obtidos pela soma do número de lacunas preenchidas

corretamente. Essa técnica tem se mostrado eficaz, não somente pela facilidade de

elaboração, aplicação e correção, mas também em função dos altos índices de

correlação positiva de seus resultados com o desempenho acadêmico, ou seja,

quase sempre, os alunos que obtém os escores mais altos no teste, apresentam os

melhores resultados acadêmicos (Santos, 1990).

Sabendo que contemporaneamente, à aquisição do conhecimento está

vinculada à aquisição da leitura e da escrita, julgamos oportuno avaliar a

compreensão de textos por universitários do primeiro ao último ano do curso de

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Introdução_______________________________________________________________14

de Odontologia e relacioná-la com os hábitos familiares de leitura.

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Revisão da Literatura_______________________________________________________15

2 REVISÃO DA LITERATURA

“...ler é abrir janelas, destramelar portas, enxergar com outros

olhares, estabelecer novas conexões, construir pontes que ligam o

que somos com o que outros, tantos outros, imaginaram, pensaram,

escreveram. Ler é fazer-nos expandidos” (Gil, s.d.).

A busca pela literatura relacionada à habilidade de leitura possibilitou o

mapeamento de diversos estudos que se preocuparam em estabelecer o nível de

compreensão leitora de universitários. A dificuldade de compreensão de textos,

apresentada por estudantes de diferentes níveis de escolaridade, vem sendo alvo de

pesquisa e tem evidenciado, de forma geral, relação com diversos fatores, como por

exemplo, o baixo desempenho acadêmico (Bensoussan, 1990; Storey, 1997;

Vicentelli, 1999; Gunthrie et al., 2004; Gilabert et al., 2005).

2.1 TESTE DE CLOZE

O teste de cloze, criado por Wilson Taylor em 1953, tem como finalidade a

avaliação da legibilidade linguística e conceitual de textos e o diagnóstico da

compreensão leitora de estudantes. Além de ser apropriado para estes fins, o teste

associa praticidade, economia de tempo e recursos (Santos, 2005).

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De acordo com Adelberg & Razek (1984), o teste de cloze é uma técnica

psicolinguística fundamentada na teoria da informação e na noção da amostra

aleatória, que objetiva mensurar a compreensibilidade de textos lidos.

A elaboração do teste de cloze se faz omitindo palavras de um determinado

texto. As palavras omitidas são substituídas por espaços em branco de igual

tamanho, objetivando não facilitar ou direcionar as respostas. Desta forma, um

indivíduo submetido ao teste cloze é convidado a reconstituir o texto com uma

palavra que julgue conveniente para dar sentido ao mesmo. Quando o espaço em

branco é preenchido com a mesma palavra que foi retirada do texto ou,

alternativamente, com uma palavra sinônima ou semanticamente semelhante, é

considerado um acerto. Caso a lacuna não seja preenchida, ou seja preenchida de

forma incorreta, revela que não ocorreu integração do leitor com o texto (Andrade,

2004).

Segundo Santos et al. (2009), o termo cloze é originado do conceito de

“closure”`(fechamento) no sentido de haver complementação, ou ainda como em

uma figura em que falta um pedaço que necessita ser preenchido para manter sua

integridade.

A facilidade da construção, aplicação e correção do teste de cloze têm

favorecido seu uso, além da fidedignidade dos resultados ter sido confirmada em

muitas pesquisas (Hayes, 1991).

Abraham & Chapelle (1992) consideraram o teste de cloze mais que um

instrumento de avaliação de compreensão leitora, já que possibilita o acesso ao

processo de pensamento relacionado tanto à leitura quanto à escrita.

De acordo Hannon & Daneman (2001), embora pesquisadores nacionais e

internacionais venham utilizando diferentes testes para avaliar a habilidade de

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leitura, o teste de cloze tem sido o mais utilizado, mostrando-se eficaz, de fácil

elaboração, aplicação e correção.

Bormuth (1968) estabeleceu três níveis de desempenho para o teste de cloze.

No primeiro nível, também denominado de nível de frustração, o número de acertos

fica abaixo de 44% e, segundo o autor, os leitores que se enquadram neste nível

não são capazes de absorver de forma satisfatória a informação lida. O segundo

nível, também denominado de nível instrucional, se refere a compreensão do texto

lido, e o percentual de acertos varia de 44,1% a 57%. Finalmente, o terceiro nível ou

nível independente expressa a compreensão criativa e autônoma do texto e o

percentual de acerto no teste é superior a 57%.

Segundo Bitar (1989), o teste de cloze permite duas formas de correção: a

literal ou a sinônima. Na correção literal são consideradas corretas as lacunas

preenchidas com a mesma palavra que foi suprimida, respeitando inclusive grafia e

acentuação gráfica. Na correção sinônima, são consideradas corretas as lacunas

preenchidas com a palavra que foi excluída ou com um sinônimo da mesma. Para

fazer uso da correção sinônima, torna-se necessário o estabelecimento de um

critério, como por exemplo, a utilização de palavras sinônimas encontradas em um

dicionário conceituado de língua portuguesa.

De acordo com Santos (2004), desde que o teste de cloze foi introduzido

como método de avaliação da compreensão leitora, tem sido utilizado em diversas

pesquisas. Sua legibilidade e características linguísticas tem sido objeto de estudo

de diferentes autores.

Segundo Martins et al. (2005), a compreensão do texto faz com que a leitura

não se limite apenas a uma atividade mecânica de decodificação de palavras já que

muitos fatores estão relacionados a ela. Os autores relataram que a habilidade

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leitora avaliada pela técnica de cloze envolve, entre outras variáveis, a capacidade

de estabelecer relação entre os elementos do texto e de desenvolver associações

apropriadas entre o conhecimento prévio e a informação impressa.

2.2 LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTOS

Ler, em um primeiro momento, é um ato solitário, um trabalho intelectual

exigente, que apresenta diferentes níveis de dificuldade de acordo com o tipo de

texto com o qual o leitor está envolvido. Lendo constante e sistematicamente, o texto

escrito contribui para ampliar as habilidades cognitivas do indivíduo, promovendo

maior agilidade do intelecto para a compreensão do conteúdo (Costa, 2006).

A compreensão de um texto requer conexão mental entre as várias partes do

texto lido e tem como objetivo a compreensão do conteúdo. Quanto mais aprimorada

a competência leitora, mais capaz será o estudante de ler criticamente as

informações que lhe são oferecidas (Carpenter et al.,1995).

Para que ocorra interação entre o leitor e o texto, e seja possível a

compreensão e atribuição de significado ao mesmo, é de fundamental importância o

conhecimento interpessoal (visão de mundo e do homem), linguístico (semântico e

sintático), textual (narração, descrição e argumentação) e do mundo (cultural, social

e individual), além dos esquemas que determinam as expectativas sobre a ordem

natural das coisas (Kleiman, 2007).

Segundo Vieira (2008), a leitura é entendida como uma atividade de captação

das idéias ou de reconhecimento das intenções do autor, sem levar em conta as

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experiências e conhecimentos do mesmo. É uma atividade que exige foco no texto,

reconhecimento da sua estrutura e do sentido das palavras.

A leitura é uma habilidade complexa, não sendo de competência única, mas

resultante de vários componentes diferentes e complementares. Necessita tanto de

habilidades particulares, quanto de competência cognitiva geral como atenção,

memorização e aptidão intelectual (Braibant, 1997).

Ainda segundo Solé (1998), a compreensão leitora não depende apenas do

texto que o leitor tem à sua frente, mas também de outros fatores, destacando-se o

conhecimento prévio, os objetivos e a motivação para a leitura do mesmo.

De acordo com Oliveira et al. (2003), a leitura é uma habilidade necessária

para o aprendizado contínuo e ler é um processo de interação entre o leitor e o

texto, não devendo ocorrer dicotomia deste binômio. Os autores relataram que ler

vai além de interpretar as letras, já que é necessário atribuir significado ao texto e

relacionar seu conteúdo com os conhecimentos prévios que permitiram a

compreensão do mesmo.

Silva (2005) relatou que a leitura e a compreensão de um texto são

determinadas pelas possibilidades de quem o lê, destacando-se a necessidade da

dinâmica entre os dois elementos. Segundo o autor, leitor e texto reagem entre si

num processo de interação, formando um terceiro elemento ou fator denominado

compreensão que faz com que a leitura não se limite apenas a uma atividade

mecânica de decodificações de palavras.

A leitura, além de possibilitar ao sujeito sua inserção social, é fonte de

informação, formação, lazer e realização. De acordo com o Silva (2004), a

dificuldade de definir leitura e compreensão se deve ao fato de fatores cognitivos

individuais e fatores externos estarem relacionados, envolvendo o autor, o texto e o

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leitor.

De acordo com Santos et al. (2006) a leitura ocupa papel importante na vida

das pessoas, favorecendo a inclusão cultural e social. De acordo com os autores,

constitui importante ferramenta para a aprendizagem, possibilitando melhoria da

competência formal.

Santos et al. (2009) relataram que a competência leitora possibilita a

participação do indivíduo numa sociedade plena, democrática e moderna além de

permitir o exercício pleno da cidadania.

O editorial “Uma avaliação dura” publicado no Jornal Folha de São Paulo

(2007) relatou que entre 57 nações (trinta pertencentes a Organização para a

Cooperação e o Desenvolvimento Econômico e 27 voluntárias), o Brasil obteve a 48ª

posição em leitura, ficando a frente somente de países como o Quirguistão, Qatar,

Azerbaijão, Montenegro e Indonésia.

Joly (2005) destacou que a leitura tem sido considerada um importante

instrumento de desenvolvimento pessoal e social para os indivíduos e que aquele

que aprende ler e escrever tem melhores condições para exercer plenamente seus

papéis na sociedade.

Kleiman (2004) descreveu que tornar-se letrado, é mais do que o

desenvolvimento da habilidade de ler e escrever. É eixo para novas aprendizagens e

que quando o indivíduo se apropria da leitura e da escrita, ambas são utilizadas para

fins sociais e individuais.

2.3 HABILIDADE DE LEITURA E UNIVERSIDADE

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Sendo Cardoso & Theodoro Filho (2009), o ensino superior é abertura para

novos aprendizados, conhecimentos e troca de informações. Prepara os estudantes

para que visualizem de forma concreta e realista os problemas atuais, busquem

métodos e maneiras de resolve-los, compreendam o passado, moldem o presente e

planejem e participem da construção do futuro.

O sucesso de um curso universitário está relacionado com a maturidade de

leitura que o acadêmico adquire durante o curso, incluindo habilidades como

compreensão, ritmo, concentração, flexibilidade, criticidade e criatividade (Santos,

1997).

Serpa & Santos (2001) relataram que a deficiência de linguagem, a

inadequação das condições de estudo, a falta de habilidades lógicas e a dificuldade

de compreensão e produção de textos comprometem o desempenho acadêmico do

universitário, já que dele se espera a capacidade de integrar as informações e

conhecimentos que recebe na universidade ao seu universo pessoal.

Masetto (2003) enfatizou que a leitura na universidade é um caminho que

permite ao aluno o acesso à produção científica. Ressaltou a importância da leitura

crítica, de modo a recuperar a informação acumulada historicamente, utilizando-a

para uma prática profissional eficiente.

Na universidade, aspira-se que o aluno seja capaz de ler segundo um

propósito, criando suas próprias estratégias de compreensão, adequando-se as

características do texto, sintetizando as informações a partir da sua experiência

pessoal, assumindo atitude avaliativa frente à informação e aplicando o

conhecimento na resolução de problemas (Vicentelli,1999).

Segundo Luckesi (2005), o leitor-objeto é apenas um armazenador da

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informação. É, no máximo, um arquivo de má qualidade, considerando que a

memória tem percalços de esquecimento pela vivência emocional e pelo

obscurecimento decorrente do desgaste do tempo. Já o leitor-sujeito dedica-se a

criar novas interpretações da realidade, dar-lhe novos sentidos. Segundo o autor,

para que a universidade desenvolva sua missão de consciência crítica da realidade,

é preciso que cada elemento componente de sua realidade, ou seja, professor e

aluno, assuma postura de leitor-sujeito, de leitor-autor. Só assim a universidade

poderá levar a sociedade à elucidação do que ocorre nos múltiplos aspectos da

realidade econômica, social, cultural.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (Ministério da Educação, 1998)

preconizaram que para a formação de um leitor competente é necessária a presença

de um professor preparado para contribuir com a formação do mesmo. Desta forma,

de acordo com Witter (1997) é imprescindível que além do discente, o professor

universitário também receba atenção no desenvolvimento da compreensão leitora, já

que a mesma é importante não só para seu trabalho, mas também para seu

desenvolvimento pessoal.

Severino (1998) afirmou que a universidade é o local de construção do

conhecimento científico, filosófico e artístico de forma reflexiva, crítica e criativa.

Considerou que a universidade deve proporcionar formação adequada ao

acadêmico e condições para que o mesmo desenvolva a habilidade de leitura e

escrita de modo eficaz; sendo primordial a leitura técnico-cientifica.

2.4 PESQUISAS RELACIONADAS COM O TESTE DE CLOZE

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Revisão da Literatura_______________________________________________________23

Segundo Cunha (2009), grande parcela de estudantes, ao chegar à

universidade, não está preparada para atender a demanda de trabalho intelectual

exigido neste nível de escolaridade. Esse despreparo está relacionado,

principalmente, a falhas no desenvolvimento de compreensão leitora e produção de

textos, visto que a maior parte das tarefas acadêmicas envolve estas atividades. O

autor avaliou a aplicação de um texto desenvolvido com a técnica de cloze e a

interpretação de textos, utilizando questões objetivas e dissertativas, com a

finalidade de avaliar possível relação entre os resultados e comprovar a eficiência

da técnica. Participaram 202 alunos, sessenta homens e 142 mulheres, dos cursos

de graduação em Educação Física, Odontologia, Pedagogia e Química Industrial de

uma universidade particular localizada no interior do estado de São Paulo. Os

resultados evidenciaram correlação significativa entre as médias obtidas no teste de

Cloze e na interpretação de textos.

Sampaio & Santos (2002) avaliaram a aplicação de um programa de

intervenção em leitura e redação, desenvolvido com 42 alunos ingressantes em dois

cursos da área de Negócios de uma universidade particular. Embora os resultados

não tenham evidenciado diferença estatística significativa entre o pré e o pós-teste,

foram percebidas mudanças qualitativas nas atitudes dos alunos em relação aos

temas. O estudo enfatizou a necessidade de incorporação de disciplinas especificas

ou atividades de longa duração aos currículos dos cursos de graduação, objetivando

oferecer aos alunos a oportunidade de superarem deficiências da escolarização

anterior.

Triches & Fontana (2004) compararam a competência leitora de alunos

iniciantes e avançados de um curso de Letras. O teste de cloze, que consistiu de um

texto argumentativo, de curta extensão, com frases iniciais contextualizadoras e

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Revisão da Literatura_______________________________________________________24

lacunas a cada sete palavras (total de trinta lacunas), foi aplicado a quatro turmas de

Língua Portuguesa Instrumental e duas de Estudo e Produção de Texto I. Após

emparelhamento, os dados foram analisados qualitativamente com auxílio da escala

adaptada de Clarke e Burdell que abrange respostas aceitáveis tanto sintática

quanto semanticamente. Foram considerados três níveis de habilidade leitora:

independente (média de acertos acima de 75%), instrução (entre 50% - 74%) e

frustração (abaixo de 50%). Nenhum participante conseguiu atingir o nível

independente. Tanto os alunos iniciantes quanto os avançados situaram-se no nível

de instrução, pois apresentaram média de acerto de 63% e 64,5%, respectivamente.

Segundo os autores, o teste cloze pode ser um indicador tanto da competência

leitora quanto linguística dos aprendizes, embora existam algumas restrições quanto

aos seus resultados, pois ele pode exigir mais habilidades do que as necessárias

para uma leitura fluente.

Andrade & Martins (2003) investigaram, utilizando a técnica de cloze, a

compreensibilidade dos dois livros de contabilidade mais adotados pelos professores

dos cursos de Contabilidade Introdutória das Universidades Públicas Brasileiras.

Participaram do estudo 213 estudantes do curso de Ciências Contábeis do

Departamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia, Administração

e Contabilidade da Universidade de São Paulo. Com relação aos textos examinados,

a maior parte dos estudantes teve desempenho satisfatório e foi observada

uniformidade na distribuição dos escores. Desta forma, os autores concluíram que

os livros examinados eram adequados aos períodos em que eram adotados.

Santos (2004) avaliou a eficácia da técnica de cloze como instrumento de

diagnóstico e de desenvolvimento da compreensão em leitura. Participaram 24

alunos da quinta série de uma escola pública do interior de São Paulo, sendo 11 do

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Revisão da Literatura_______________________________________________________25

gênero masculino (45,8%) e 13 do feminino (54,2%). A média de idade foi de 11,8.

A coleta de dados ocorreu em sala de aula e envolveu a aplicação do teste de cloze

antes e após a aplicação de um programa de intervenção. A comparação dos

resultados pré e pós-programa apontou diferença significativa. O autor sugeriu que

estudos similares sejam desenvolvidos em outras séries e outros tipos de escola

para que novas evidências contribuam para a generalização dos resultados.

Silva & Santos (2004), utilizando o teste de cloze, avaliaram a compreensão

de textos por universitários ingressantes em um curso superior, evidenciando baixa

habilidade de leitura e desempenho acadêmico. Os autores consideraram que cada

indivíduo apresenta estilo cognitivo próprio e formas intrínsecas de processar as

informações recebidas, o que pode afetar a habilidade de compreensão de textos.

Segundo Costa et al. (2005), na universidade, a leitura está intimamente

relacionada com a produção científica e a formação de cidadãos críticos. O teste de

cloze mensura o grau de compreensibilidade de determinado texto por parte do

leitor. Os autores avaliaram a relação entre o desempenho obtido pelos alunos na

disciplina de Contabilidade de Custos I e os resultados do teste cloze. Participaram

da pesquisa 31 alunos, e para aplicação do teste cloze foi selecionado um trecho do

livro de Contabilidade de Custos adotado na disciplina. Os dados foram

estatisticamente analisados com auxílio do coeficiente de correlação de Pearson. Os

resultados indicaram que a obtenção de um maior número de acertos no teste cloze

não indica que o aluno irá obter um bom desempenho na disciplina. No entanto, para

o aluno que não consegue alcançar autonomia na leitura e compreensão do livro

texto, o desempenho apresentado na disciplina, quase sempre, é ruim.

Boruchovitch et al. (2007) avaliaram a compreensão leitora de 574

universitários de três universidades privadas dos estados de São Paulo e Minas

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Revisão da Literatura_______________________________________________________26

Gerais. A compreensão leitora foi medida por meio da aplicação de um texto

elaborado dentro dos padrões da técnica de cloze. Foram utilizados dois critérios de

correção das respostas. O primeiro avaliou o acerto e o erro, sem considerar a

dificuldade do item; o segundo levou em consideração a dificuldade do item de

acordo com o contexto em que estava inserido. Os resultados indicaram diferença

entre os dois critérios de pontuação e foi evidenciada diferença significante na

habilidade leitora entre os cursos avaliados.

Damásio (2008), à partir de um relatório bimestral, abordou estratégias

utilizadas no projeto de pesquisa: “A compreensão da leitura como fator

determinante para o rendimento escolar: aplicação da técnica de cloze em

estudantes na Educação Básica”, desenvolvido por alunas voluntárias do curso de

Pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú com os alunos da terceira e

quarta séries do Ensino Fundamental. Segundo o autor, o ato de ler ativa uma série

de ações na mente do leitor, por meio da qual ele extrai informações. Essas ações

são denominadas “estratégias de leitura” e, na sua maioria, passam despercebidas

pela consciência. Elas ocorrem simultaneamente, podendo ser mantidas,

modificadas ou desenvolvidas durante a apropriação do conteúdo.

Silva & Witter (2008) relacionaram a compreensão leitora com uma disciplina

específica e uma geral. Participaram do estudo 18 universitárias do quinto período

de Psicologia de uma escola privada. O teste de cloze convencional (total possível

de acertos=40) foi aplicado no início (pré) e no final do período letivo (pós). Foram

coletadas avaliações da disciplina Leitura e Escrita e de uma prova diagnóstica. No

pré-teste, a compreensão variou de 13 a 23 acertos e no pós-teste de 12 a 22. Em

Leitura e Escrita a variação foi de seis a 9,5. Na diagnóstica, as notas foram de 5,5 a

nove. Foi evidenciada correlação significativa (p<0,05) entre compreensão de texto

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Revisão da Literatura_______________________________________________________27

pré e pós. Entre a avaliação acadêmica na disciplina específica e na diagnóstica não

foi observada diferença significativa. Entre avaliação diagnóstica e pré-teste a

correlação foi de 0,42, e entre avaliação diagnóstica e pós-teste foi 0,38. Os autores

concluíram que não houve melhora na leitura e o nível de habilidade em leitura não

foi satisfatório.

Castro (2008) avaliou a compreensão leitora de alunos dos ensinos

fundamental e médio de uma escola pública, bem como sua capacidade para utilizar

as estratégias de inferenciação e de checagem, tomando como instrumento a

técnica de cloze. Para tanto, foi aplicado aos alunos um texto lacunado, contendo 31

espaços a serem preenchidos. Os resultados obtidos, a despeito de variáveis como

desinteresse dos sujeitos e falta de prática com a atividade, acusaram índices

bastante baixos de proficiência, alertando para a possibilidade dos docentes não

estarem trabalhando a leitura sob a perspectiva do desenvolvimento de estratégias.

Segundo o autor, devido à limitação da amostragem, os resultados obtidos não

podem ser avaliados de forma conclusiva, mas, apesar disso, foi possível observar

maior consciência dos alunos concluintes do ensino médio em relação às próprias

dificuldades. Desta forma, o autor concluiu que a escola não pode se furtar a munir o

aluno de estratégias de abordagem textual que o habilitem a ler de forma proficiente

não apenas os textos escolares, mas também e, principalmente, os que circulam na

sociedade.

Silva et al. (2009) avaliaram o nível de compreensão leitora em universitários,

comparando alunos iniciantes a alunos concluintes de um curso de Letras (n=80). O

teste de cloze foi aplicado aos universitários e os resultados obtidos indicaram que

42% dos sujeitos tinham sérias dificuldades, não havendo diferença significante

entre a turma do primeiro e oitavo períodos. Segundo os autores, o leitor passivo

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Revisão da Literatura_______________________________________________________28

(objeto da leitura) não apresenta capacidade de criar uma nova mensagem e de

nem de transmiti-la a outras pessoas. Talvez, somente reproduza-a, por estar

gravada em seus esquemas mnemônicos. Já o leitor ativo (sujeito da leitura), pelos

seus processos de compreensão, avaliação e questionamento do material lido, fica

capacitado a criar, transmitir novas mensagens e apresentar novas compreensões

da realidade, garantindo o processo de multiplicação e ampliação da cultura. Os

autores sugeriram a realização de outros estudos que explorem a compreensão em

leitura, especialmente entre acadêmicos de cursos que não oferecem disciplinas

relacionadas com a compreensão de textos, como é o caso, na maioria das vezes,

dos cursos da área de saúde. Ainda segundo os autores, o tamanho e a forma da

lacuna no teste de cloze tem sido objetos de estudo. Recomendaram o uso de

espaço padrão para as lacunas, entendendo que desta forma, o leitor não poderia

utilizar pistas proporcionadas pelo tamanho da lacuna, situação que poderia ser

eficaz em determinadas modalidades de treino. Relataram o uso de dois padrões de

espaços de lacuna – um correspondente a 15 espaços de máquina e outro

tracejado, correspondente ao número de letras do vocábulo omitido. De acordo com

os autores, o espaço tracejado apresenta melhores resultados, podendo ser utilizado

eficientemente como medida de compreensão. .

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29

3 PROPOSIÇÃO

Este estudo teve por objetivo avaliar a compreensão leitora de universitários

do primeiro, segundo, terceiro e quarto anos do curso de graduação em Odontologia

da Faculdade São Lucas, Porto Velho, RO, e relacioná-la com os hábitos familiares

de leitura.

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30

4 MÉTODO

4.1 ASPECTOS ÉTICOS

Este estudo teve sua condução baseada nos preceitos determinados pela

resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde publicada

em 10 de outubro de 1996 (Brasil, 1996). O protocolo da pesquisa foi submetido ao

Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade São Lucas, sendo aprovado com

número 429/09 (Anexo A). Os voluntários foram informados sobre os procedimentos

da pesquisa e somente aqueles que concordaram em participar da mesma e

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foram incluídos no

estudo.

4.2 SELEÇÃO DA AMOSTRA

Participaram deste estudo 171 universitários do curso de Odontologia da

Faculdade São Lucas, localizada em Porto Velho, RO. A amostra foi constituída por

41 universitários do primeiro ano (Grupo 1), 47 do segundo (Grupo 2), quarenta do

terceiro (Grupo 3), e 43 do quarto (Grupo 4) (Figura 1).

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Método__________________________________________________________________31

Grupo Ano do curso de odontologia Número da amostra

Grupo I Primeiro 42

Grupo II Segundo 47

Grupo III Terceiro 40

Grupo IV Quarto 43

Figura 1 - Grupos amostrais

4.3 SELEÇÃO E PREPARO DO TEXTO

Para o teste de cloze foi utilizado um texto intitulado "Desentendimento", de

autoria de Luís Fernando Veríssimo (Veríssimo, 1995) (Anexo B). Desse texto foram

omitidas todas as quintas palavras, criando 46 lacunas Como estabelece a

metodologia do teste de cloze, o primeiro e o último parágrafo do texto não fizeram

parte do processo de lacunamento. Todas as lacunas foram preenchidas por 15

espaços tipográficos, padrão Word, objetivando impedir que os sujeitos do estudo

utilizassem pistas proporcionadas pelo tamanho da lacuna (Anexo C). O texto foi

digitado em papel A4, utilizando fonte arial 12 e espaçamento duplo.

4.4 APLICAÇÃO DO TESTE DE CLOZE

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Método__________________________________________________________________32

O texto lacunado foi aplicado pelo pesquisador na segunda quinzena do mês

de junho de 2010, em sala de aula e todos os participantes de um mesmo grupo

realizaram o teste de cloze no mesmo momento. A aplicação do teste contou com a

colaboração dos professores que cederam uma hora de suas aulas.

Os alunos foram orientados quanto aos propósitos, relevância e importância

de sua colaboração para o sucesso da investigação. Foram instruídos a ler todo o

texto antes de preencher as lacunas e sobre o fato de que as mesmas deveriam ser

completadas por palavras que fizessem sentido no contexto. Também foram

informados de que teriam uma hora disponível para realizar o teste. Nenhum dos

participantes tinha conhecimento prévio do texto.

Anteriormente a aplicação do teste, os participantes responderam,

individualmente, um protocolo de informações em forma de questionário (Anexo D),

contendo dados relacionados ao hábito de leitura pessoal e familiar.

Os textos e o protocolo de informações foram recolhidos e os testes de cloze

individualmente corrigidos e tabulados em planilhas, listando as respostas em certo

ou errado.

4.5 OBTENÇÃO DOS ESCORES

Para obtenção dos escores individuais foi considerado um ponto para cada

lacuna preenchida corretamente, ou seja, preenchida com a mesma palavra contida

no texto original ou com uma palavra com sentido aproximado e aceitável no

contexto (Pereira, 2008). Um glossário de “sinônimos aceitáveis” foi elaborado

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Método__________________________________________________________________33

previamente por um professor de português (Anexo E). Desta forma, o escore podia

variar de zero a 46 pontos.

A partir do escore obtido, cada sujeito foi classificado em um dos níveis

propostos por Bormuth (1971): nível de frustração, com menos de 44% de respostas

corretas; nível instrucional, entre 45% e 56% de respostas corretas e nível de leitura

independente, com rendimento superior a 57%.

Os testes que não haviam sido preenchidos da forma recomendada e os

questionários que continham dados incompletos foram excluídos do estudo.

4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Tendo verificado que os dados apresentavam distribuição normal, foi

empregada ANOVA e o teste de Tuckey, com auxílio do software Minitab 13.0,

considerando-se p<0,05, objetivando comparar o desempenho entre os grupos.

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34

5 RESULTADOS

Os alunos, após receberem as instruções para o preenchimento do protocolo

de informações e para a realização do teste de cloze, levaram em média 30min para

realizarem os dois procedimentos.

Para facilitar o entendimento dos resultados obtidos, nas figuras 2, 3, 4, 5, 6,

7, 8, 9 e 10 pode ser observada a caracterização da amostra.

Grupo Número

GÊNERO

IDADE

Masculino

Feminino 16/21 22/30

>30

F

%

F

%

F

%

F

%

F

%

I

41

17 41,5 24 58,5 35 85,4 3 7,3 3 7,3

II

47

14 29,8 33 70,2 30 63,8 14 29,8 3 6,4

III

40

20 50,0 20 50,0 22 55,0 14 35,0 4 10,0

IV

43

17 39,5 26 60,5 19 44,2 21 48,8 3 7,0

Figura 2 - Caracterização da amostra (Frequência, F; Porcentagem, %), de acordo com o gênero e a idade

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Resultados_______________________________________________________________35

Grupo Número

“ESCOLA QUE CURSOU NO SEGUNDO GRAU”

Pública

Privada Ambas

F

%

F

%

F

%

I 41 17 41,5 16 39,0 8

19,5

II 47 17 36,2 22 46,8 8

17,0

III 40 24 60,0 16 40,0 -

-

IV 43 12 27,9 26 60,5 5

11,6

Figura 3 - Caracterização da amostra (Frequência, F; Porcentagem, %), de acordo com “escola que cursou no segundo grau”

Grupo Número

“HÁBITO DE LEITURA DOS PAIS”

Sim

Não As Vezes

F

%

F

%

F

%

I 41 32 78,0 4 9,8 5

12,2

II 47 26 55,3 4 8,5 17

36,3

III 40 28 70,0 8 20,0 4

10,0

IV 43 30 69,8 2 4,7 11

25,5

Figura 4 - Caracterização da amostra (Frequência, F; Porcentagem, %), de acordo com o “hábito de leitura dos pais”

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Resultados_______________________________________________________________36

Grupo Número

“SEUS PAIS TE ESTIMULAVAM A LER”

Sim

Não As Vezes

F

%

F

%

F

%

I 41 31 75,6 1 2,4 9

22,0

II 47 25 53,2 5 10,7 17

36,1

III 40 30 75,0 4 10,0 6

15,0

IV 43 34 79,0 1 2,4 8

18,6

Figura 5 - Caracterização da amostra (Frequência, F; Porcentagem, %), de acordo com “seus pais te estimulavam a ler?”

Grupo Número

“SEUS PAIS LIAM PARA VOCÊ?”

Sim

Não As Vezes

F

%

F

%

F

%

I 41 9 22,0 16 39,0 16

39,0

II 47 9 19,4 19 40,3 19

40,3

III 40 12 30,0 12 30,0 16

40,0

IV 43 10 23,3 10 23,3 23

53,4

Figura 6 - Caracterização da amostra (Frequência, F; Porcentagem, %), de acordo com “seus pais liam para você?”

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Resultados_______________________________________________________________37

Grupo Número

“VOCÊ GOSTA DE LER?”

Sim

Não

F

%

F

%

I 41 32 78,0

9

22,0

II 47 33 70,2 14

29,8

III 40 26 65,0 14

35,0

IV 43 37 86,0 6

14,0

Figura 7 - Caracterização da amostra (Fequência, F; Porcentagem, %), de acordo com “você gosta de ler?”

Grupo Número

“FAZ USO REGULAR DA INTERNET?”

Sim

Não As vezes

F

%

F

%

F

%

I 41 41 100 - - - -

II 47 46 97,9 1 2,1 - -

III 40 36 90 4 10 - -

IV 43 43 100 - - - -

Figura 8 - Caracterização da amostra (Frequência, F; Porcentagem, %), de acordo com “faz uso regular da internet?”

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Resultados_______________________________________________________________38

Grupo Número

“FREQUENCIA DE LEITURA”

Todos os dias

1vez por semana

A cada 15 dias

1 vez por mês

nunca

F

%

F

%

F

%

F

%

F

%

I 41 20 48,8 17 41,5 04 9,7 - - - -

II 47 14 29,8 26 55,3 04 8,5 02 4,2 01 2,2

III 40 08 20 16 40 06 15 08 20 02 5

IV 43 18 41,9 16 37,2 08 18,6 01 2,3 - -

Figura 9 - Caracterização da amostra (Frequência, F; Porcentagem, %), de acordo com “frequência de leitura”

Grupo Número

“TIPO DE LEITURA FAZ”

Jornal

Revista informativa

Livro didático

Livro geral

Artigo científico

F

%

F

%

F

%

F

%

F

%

I 41 03 15 24 11 06

II 47 12 24 32 13 06

III 40 10 16 30 08 14

IV 43 14 23 28 13 27

Figura 10 - Caracterização da amostra (Frequência, F; Porcentagem, %), de acordo com “tipo de leitura que faz”

As respostas apresentadas pelos sujeitos no teste de cloze foram tabuladas e

as frequências computadas.

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Resultados_______________________________________________________________39

Alegando o não entendimento do texto, dois dos quarenta universitários do

Grupo III e um dos 43 alunos do Grupo IV não preencheram as lacunas do teste de

cloze. Estes testes foram excluídos dos resultados do estudo.

Na tabela 1 podem ser observados o número mínimo e máximo de acertos, a

média e o desvio-padrão de cada grupo.

Tabela 1 - Número mínimo e máximo de acertos (lacunas preenchidas corretamente no teste de cloze), média e desvio-padrão

Grupo Total de

participantes

do estudo

Total de

sujeitos

que

realizaram o

teste de

cloze

Mínimo

de

acertos

Máximo

de

acertos

Média

Desvio-

padrão

I

41

41

6

37

20,56

7,40

II

47

47

6

40

24,68

8,66

III

40

38

6

38

24,83

8,39

IV

43

42

07

37

22,93

6,89

A partir da porcentagem de respostas corretas, cada sujeito foi classificado em um

dos níveis de habilidade leitora propostos por Bormuth (1971): nível de frustração -

menos de 44% de respostas corretas; nível instrucional - entre 45% e 56% de

respostas corretas e nível de leitura independente - mais que 57% de

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Resultados_______________________________________________________________40

respostas corretas. Somente no grupo I, o nível de frustração foi superior ao

nível independente. Os dados obtidos podem ser observados na tabela 2.

Tabela 2 - Nível de habilidade leitora dos grupos estudados

Grupo

NÍVEIS DE HABILIDADE LEITORA

Frustação

Instrucional Independente

N

%

N

%

N

%

I

41 15 36,6 12 29,3 14

34,1

II

47 09 19,1 13 27,7 25

53,2

III

40 06 15,0 04 10,0 30

75,0

IV

43 08 18,6 11 25,6 24

55,8

Para avaliar se havia diferença significativa entre as médias de acerto nos

quatro grupos, foi realizada ANOVA (Tabela 3). O valor de p (0,053) obtido forneceu

evidência de que não havia diferença significativa entre os grupos.

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Resultados_______________________________________________________________41

Tabela 3 - ANOVA: grupo I; grupo II; grupo III; grupo IV

FONTE DF SS MS F P

FATOR 3 487,3 162,4 2,61 0,053

ERRO 162 10068,1 62,1

TOTAL 165 10555,4

S = 7,883 R-Sq = 4,62% R-Sq(adj) = 2,85%

Na tabela individual de intervalos de confiança (95%), obtida utilizando o teste

de Tuckey, pode ser observado que os intervalos se sobrepõem (Figura 11), o que

embasa a teoria de que as médias são estatisticamente semelhantes.

-------+---------+---------+---------+--

(--------*---------)

(--------*--------)

(---------*----------)

(---------*--------)

-------+---------+---------+---------+--

20,0 22,5 25,0 27,5

Figura 11 - Intervalos de confiança (teste de Tuckey)

Outro dado observado e que consideramos importante destacar é que 52,4%

dos alunos que fizeram menos de 23 acertos no teste de cloze eram egressos de

escola privada e apenas 30,1% de escola pública (Tabela 4).

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Resultados_______________________________________________________________42

Tabela 4 -Tipo de escola que cursou o segundo grau x número de acertos no teste de cloze

Número de

acertos

Tipo de escola que cursou no segundo grau

Pública

Privada Ambas

Total

N

%

N

%

N

%

N

%

> 23 51 47,2 46 42,5 11 10,3

108

100

≤ 23 19 30,1 33 52,4 11 17,5

63

100

Na tabela 5 podemos observar que o número de respostas corretas no teste

de cloze foi superior no grupo de acadêmicos cujos pais tinham o hábito de ler.

Tabela 5 - Hábito de leitura dos pais x número de acertos no teste de cloze

Número de

acertos

Hábito de leitura do pai/mãe

Sim

Não Às vezes

Total

N

%

N

%

N

%

N

%

> 23 79 73,1 05 4,7 24 22,2

108

100

≤ 23 30 47,6 06 9,5 27 42,8

63

100

Da mesma forma que na tabela 5, nas tabelas 6 e 7, pode-se observar que o

número de respostas corretas no teste de cloze foi superior no grupo de acadêmicos

que foi estimulado a ler pelos pais, no grupo em que o pais liam para os filhos e no

grupo que afirmou gostar de ler. .

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Resultados_______________________________________________________________43

Tabela 6 - Estímulo dos pais para ler x número de acertos no teste de cloze

Número de

acertos

Você foi estimulado a ler pelos seus pais?

Sim

Não Às vezes

Total

N

%

N

%

N

%

N

%

> 23 76 70,3 07 6,5 25 23,2

108 100

≤ 23 38 60,3 02 3,2 23 36,5 63 100

Tabela 7 - Seus pais liam para você x número de acertos no teste de cloze

Número de

acertos

Seus pais liam para você?

Sim

Não Às vezes

Total

N

%

N

%

N

%

N

%

> 23 29 26,8 26 24,1 53 49,1

108 100

≤ 23 10 15,9 20 31,7 33 52,4 63 100

Com relação à questão “você gosta de ler”, é possível observar na tabela 8 que o

grupo que relatou não gostar de ler foi o que realizou o maior número de acertos no

teste de cloze (69,8%).

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Resultados_______________________________________________________________44

Tabela 8 - Você gosta de ler x número de acertos no teste de cloze

Número de

acertos

Você gosta de ler?

Sim

Não

Total

N

%

N

%

N

%

> 23 70 64,8 38 35,2

108 100

≤ 23 44 69,8 19 30,2 63 100

Na tabela 9, é possível verificar que dos 63 alunos que realizaram menos que

23 acertos no teste de cloze, 98,4% relataram utilizar a internet de forma regular.

Tabela 9 - Faz uso regular da internet x número de acertos no teste de cloze

Número de

acertos

Uso regular da internet

Sim

Não As vezes Total

N

%

N

%

N

%

N

%

> 23 85 78,7 23 21,3 - - 108 100

≤ 23 62 98,4 01 1,6 - - 63 100

Com relação à frequência de leitura, pode-se observar na tabela 10 que dos

discentes que fizeram mais de 23 acertos no teste de cloze, 36,1% liam todos os

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Resultados_______________________________________________________________45

dias e a mesma porcentagem lia uma vez por semana. Três acadêmicos que

responderam que nunca liam também preencheram corretamente mais que 23

lacunas do teste. O maior número de discentes que fizeram menos que 23 acertos

no teste de cloze também relataram leitura uma vez por semana.

Tabela 10 - Frequência de leitura x número de acertos no teste de cloze

Número de acertos

Frequência de leitura

Todos os dias

Uma vez por semana

A cada 15 dias

Uma vez por mês

Nunca

N

%

N

%

N

%

N

%

N

%

> 23 39 36,1 39 36,1 17 15,8 10 9,2 3 2,7

≤ 23 22 35 37 58,7 3 4,8 1 1,5 - -

Na tabela 11, os valores se sobrepõem já que os alunos podiam marcar

quantas alternativas desejassem. Entretanto, uma simples observação da referida

tabela permite ao leitor perceber que os livros didáticos foram o tipo de leitura mais

frequentemente citado.

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Resultados_______________________________________________________________46

Tabela 11 - Tipo de leitura que faz x número de acertos no teste de cloze

Número de

acertos

Tipo de leitura que faz?

Jornal Revista

informativa Livro

didático Livro geral

Artigo científico

N

%

N

%

N

%

N

%

N

%

> 23 20 18,5 43 39,8 59 54,6 24 22,2 42 38,8

≤ 23 18 28,6 27 42,8 56 88,8 17 27 21 33,3

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47

6 DISCUSSÃO

A leitura é uma habilidade importante e fundamental que deve ser

desenvolvida pelo ser humano. A partir dela o indivíduo pode compreender e

entender a realidade em que está inserido e chegar a importantes conclusões sobre

o mundo em que vive e os aspectos que o compõem. A competência leitora deve ser

incentivada desde a infância, inclusive no âmbito familiar, oportunizando ambientes

favoráveis de aprendizagem.

Na universidade, a habilidade leitora configura-se como uma competência

fundamental para o sucesso acadêmico e, consequentemente, profissional. Um

cirurgião-dentista capaz de compreender e interpretar o que lê, estará apto a

entender as informações pertinentes à sua atuação; adquirindo o conhecimento

necessário para pautar suas decisões e, por meio deste processo, estabelecer o

perfil de um bom profissional.

Devido à escassez de estudos sobre competência leitora nas Instituições de

Ensino Superior (IES) da região norte do país, este estudo objetivou fornecer

instrumento diagnóstico, permitindo que as mesmas possam desenvolver, quando

necessário, estratégias metacognitivas de leitura.

Por um período médio de quatro anos, o curso de graduação em odontologia

deveria proporcionar oportunidades para que o acadêmico aprimorasse sua leitura.

Desta forma, partindo do pressuposto de que os alunos concluintes deveriam

apresentar competência leitora superior a dos ingressantes, se estabeleceu o

objetivo deste estudo: “avaliar a compreensão leitora de universitários do primeiro,

segundo, terceiro e quarto anos do curso de graduação em odontologia da

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Discussão_______________________________________________________________48

Faculdade São Lucas, Porto Velho, RO”.

A Faculdade São Lucas, uma instituição privada e localizada em Porto Velho-

RO, foi credenciada em Dezembro de 1999 e, atualmente, oferece 11 cursos

superiores. A região geográfica de influência da faculdade encontra-se constituída

por todos os municípios dos estados de Rondônia e Acre, norte do estado do Mato

Grosso, sul do estado do Amazonas e pelas cidades fronteiriças com a Bolívia, país

vizinho.

O curso de Odontologia na Faculdade São Lucas (FSL) teve seu início em

2003 e já formou 145 profissionais. Funciona de forma integralizadora, com

disciplinas que se aglutinam por meio da interdisciplinaridade. Tem como missão a

formação de um profissional generalista, humanista, crítico e reflexivo, capaz de

atuar no processo de saúde-doença, sempre pautado em princípio ético.

A análise dos dados obtidos neste estudo evidenciou que 62,20% dos

participantes tinham entre 16 e 21 anos de idade, configurando um grupo muito

jovem de alunos e confirmando o relato de Cardoso & Theodoro Filho (2009) de que

ao concluir o ensino médio, os jovens já começam a se preocupar com o futuro e

com a carreira, ingressando cada vez mais cedo no ensino superior. Devido à

imaturidade decorrente do ingresso precoce no curso superior, os acadêmicos não

chegam à universidade como leitores em pleno desenvolvimento de suas

habilidades (Santos, 2004).

Oliveira & Santos (2006) não verificaram diferença significativa da

competência leitora relacionada ao gênero e faixa etária de 270 universitários dos

cursos de Direito, Administração e Psicologia, de uma universidade privada do

Estado de São Paulo. Entretanto, o que chamou a atenção dos autores foi o fato dos

estudantes das faixas etárias menores (até 21 anos) e maiores (acima de 26 anos

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Discussão_______________________________________________________________49

apresentarem resultado superior aos da faixa etária intermediária (de 22 a 25 anos).

Segundo os autores, o desempenho superior dos estudantes mais jovens talvez se

deva ao curso pré-vestibular recém realizado, e o dos acadêmicos mais velhos ao

fato dos mesmos estarem mais amadurecidos ou já terem concluído outro curso

superior.

Com relação ao nível de compreensão leitora dos grupos avaliados nesse

estudo, dos 41 participantes do grupo I, 15 (36,6%) foram classificados no nível

“frustração” segundo proposta de Bormuth (1971), com menos de 44% de acertos no

teste de cloze. Acreditamos que este achado se deva a imaturidade dos alunos

ingressantes.

Um dado interessante e que deve ser destacado está relacionado com o tipo

de escola em que o aluno cursou o segundo grau. Dos alunos que pontuaram

menos de 23 acertos no teste de cloze, aproximadamente 53% eram egressos de

escolas privadas e apenas 30,1% de escolas públicas. Acreditamos que estes dados

podem ser decorrentes do acesso que os alunos das escolas públicas tiveram à

universidade com o advento do Programa Universidade para Todos (PROUNI), além

dos financiamentos das bolsas rotativas e do Financiamento Estudantil (FIES).

Estes dados estão presentes na pesquisa de Matos et al. (2007), cujos

resultados mostraram que na Universidade Estadual de Londrina ocorreu aumento

de 11,03% de alunos provenientes da escola pública após três anos da instalação

do “Sistema de cotas para negros e alunos oriundos de escola pública”. Em cursos

mais concorridos como no caso da Medicina, Direito e Odontologia, o aumento girou

em torno de 100%.

Os dados referentes ao melhor desempenho dos alunos provenientes da

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Discussão_______________________________________________________________50

escolas públicas também estão confirmados nas informações do INEP/MEC (Brasil,

2007) de que os alunos de universidades federais oriundos de escolas públicas tem

desempenho superior ao dos colegas egressos do ensino médio particular na

maioria das áreas avaliadas pelo ENADE (Exame Nacional de Desempenho de

Estudantes).

Outra observação positiva e importante do presente estudo esta relacionada

aos hábitos de leitura da família. Foi evidenciado que 66,6% dos participantes foram

estimulados a ler por seus pais (Tabela 6). Deste total, também 66,6% preencheram

corretamente mais de 23 lacunas do teste de cloze. O relato abaixo evidencia a

participação da família como incentivadora do hábito da leitura.

“ Meus pais sempre sentavam comigo e meus irmãos e nos incentivavam a ler livros e nos

ajudavam nas lições de casa” (relato de um participante da pesquisa).

Segundo Joly (1999) o estímulo dado pelos pais na fase inicial de

alfabetização oportuniza excelentes condições de aprendizagem, antes mesmo do

início das atividades escolares.

Embora 66,6% dos participantes tenham relatado receber estímulo dos pais

para ler, apenas 22,8% responderam que os pais liam para eles (Tabela 7).

Possivelmente isso se deva a realidade socioeconômica de vários participantes da

pesquisa oriundos do Programa Universidade para Todos (PROUNI) e ao fato de

alguns acadêmicos terem sido educados no interior do estado de Rondônia, quase

sempre no meio rural, região com difícil acesso a leitura. Entretanto, dos 39 alunos

que responderam afirmativamente a questão, 74,3% fizeram mais que 23 pontos no

teste de cloze, demonstrando a importância da participação dos pais na aquisição da

competência leitora de seus filhos. Nossos dados corroboram os resultado

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Discussão_______________________________________________________________51

relatados por Oliveira (1993), Witter (1997) e Costa (2006) que afirmaram que as

contingências familiares são variáveis e têm muita importância na relação dos

sujeitos com o processo da leitura.

Apesar de 57 acadêmicos (33,3%) terem afirmado que não gostavam de ler

(Tabela 8), deste total, 38 (66,6%) fizeram mais que 23 pontos no teste de cloze.

Este fato possivelmente encontre explicação nas informações que os alunos obtêm

utilizando a internet, o que fazem com elevada frequência.

Vários pesquisadores têm relatado deficiência da habilidade leitora em todos

os níveis de escolarização. Tessaro (2004) relatou que a leitura na universidade não

constitui atividade crítica e criativa, pois na maioria das vezes é realizada apenas

como uma atividade fim. Pimenta (2005) relatou que as práticas de leitura em sala

de aula são realizadas somente pela leitura de algum artigo ou de alguma

informação direcionada para um questionamento levantado. Este relato embasa a

afirmativa dos participantes deste estudo de que lêem apenas o solicitado em sala

de aula, e que a leitura realizada atualmente é composta, principalmente, pelos

livros didáticos indicados pelos professores. Desta forma, fica evidente, que a leitura

é encarada como obrigação e não como fonte de lazer e opção pessoal. Resultados

semelhantes aos descritos neste estudo foram apresentados por Marini (1980),

Santos (1990), Di Nucci (2002), Santos et al. (2004) e Marini (2006).

Neste estudo foi observada baixa frequência de leitura pelos universitários.

Este achado também foi apontado por Silva (1983), Matos (2001) e Zucoloto (2001)

que afirmaram que as políticas públicas educacionais brasileiras deveriam favorecer

o desenvolvimento da leitura pelos estudantes.

Sessenta alunos de diferentes séries do curso de Biologia participaram do

estudo de Chaguri et al. (1997). Os autores não verificaram relação entre a série

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Discussão_______________________________________________________________52

cursada e a competência leitora. Neste estudo também não foi observada diferença

estatística significativa do número de acertos no teste de cloze entre os diferentes

grupos pesquisados. Estes achados contrariam o que, a princípio, constituía a

hipótese inicial do estudo, ou seja, que os alunos concluintes apresentassem

desempenho significativamente melhor que o dos ingressantes.

Rangel (2006) observou que a maioria dos universitários não costuma ler os

textos solicitados pelos docentes, deixando esta atividade para a véspera da prova,

preocupados somente com a nota e com a aprovação. Dos setenta participantes do

estudo, 70% relataram preferir usar a Internet para buscar informações sobre temas

tratados em sala de aula do que ler os textos impressos. Essa preferência também

apareceu em nosso estudo, pois a totalidade dos acadêmicos relatou o uso regular

da internet.

Alegando o não entendimento do texto, dois dos quarenta universitários do

Grupo III e um dos 43 acadêmicos do Grupo IV não preencheram as lacunas do

teste de cloze, como já apresentado no capítulo “resultados”. Tradicionalmente, o

significado dos escores obtidos no teste cloze é conferido segundo três níveis de

habilidade leitora (Adelberg, 1979; Smith & Taffler, 1992; Santos et al., 2006). Um

percentual de até 44% de acerto indica que o leitor conseguiu retirar poucas

informações da leitura e, consequentemente, obteve pouco êxito na compreensão.

Um percentual de acertos entre 44% a 57% mostra que embora tenha havido

compreensão do texto, ainda é necessário auxílio adicional externo. Por fim, um

percentual de acertos superior a 57% equivale a autonomia na compreensão texto.

Adicionalmente, Bormuth (1971) denominou os níveis de competência leitora como:

nível de frustração - menos de 44% de respostas corretas; nível instrucional - entre

45% e 56% de respostas corretas e nível de leitura independente - mais de que 57

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Discussão_______________________________________________________________53

de respostas corretas.

Neste estudo foi evidenciada melhor habilidade leitora pelos acadêmicos dos

períodos mais avançados do curso de Odontologia quando comparada com a dos

ingressantes, porém sem diferença significativa. Nos grupos II, III e IV, a maior parte

dos participantes se enquadrou no nível independente, respectivamente 53,2%,

75,0%, 55,8% de acertos. Entretanto no grupo I, 34,1% dos participantes se

enquadraram no nível de frustração. Neste sentido, Silva & Santos (2004), em

estudo realizado com 782 universitários ingressantes, revelaram que muitas das

dificuldades apresentadas se refletem no desempenho do aluno que ingressa na

universidade e se mostram aparentes logo no início do curso.

Muitos estudos têm utilizado a técnica cloze para avaliar a competência leitora

e o desempenho acadêmico de universitários. Assim como em nosso estudo, essas

pesquisas têm apontado um nível de compreensão leitora aquém do esperado nesta

etapa de escolaridade (Silva & Santos, 2004; Santos, 2004; Triches & Fontana,

2004; Costa et al., 2005; Cunha, 2009; Silva et al., 2009). Possivelmente, o aluno

que não consegue obter um nível de autonomia na leitura, apresentará desempenho

indesejado nas atividades acadêmicas propostas.

Sendo a Universidade um ambiente de construção de conhecimento, ela tem

o dever de criar mecanismos que possibilitem o desenvolvimento das habilidades e

competências de seus alunos. Acreditamos que os resultados deste estudo

possibilitarão aos docentes do curso de odontologia da Faculdade São Lucas a

elaboração e aplicação de estratégias que melhorem a habilidade leitora dos alunos,

já que é competência do docente estimular os discentes a incorporarem a leitura às

suas práticas diárias. Embora muitos fatores estejam relacionados ao bom

desempenho e aproveitamento escolar, priorizar a compreensão leitura dos aluno

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Discussão_______________________________________________________________54

pode reduzir as dificuldades enfrentadas na vida acadêmica.

Em 2010, importantes estudos foram realizados no âmbito do ensino da

Odontologia, e diversas pesquisas estão descritas no livro do Projeto Latino-

Americano de Convergência em Educação Odontológica (PLACEO) (Alonso &

Antoniazzi, 2010). Os relatos propõem um projeto pedagógico e instrumentos de

avaliação para o processo ensino-aprendizagem, cuja proposta curricular prevê: “os

planos de estudo devem definir e fundamentar uma organização curricular que seja

integral, racionalmente organizada, de complexidade crescente de conteúdos, assim

como prever atividades curriculares que se articulem vertical e horizontalmente para

o adequado alcance de competências”. Este desafio se faz necessário para tornar a

universidade cada dia maior e mais apta a desenvolver sua função principal que é

educar.

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7 CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos no presente estudo foi possível concluir

que:

a) não foi observada diferença estatística significativa na compreensão leitora

entre os discentes dos quatro grupos estudados, entretanto os alunos

ingressantes evidenciaram a necessidade de uma intervenção pedagógica

institucional cuidadosa, pois foram diagnosticados no nível “frustação” de

habilidade leitora;

b) o hábito de leitura dos pais, assim como o fato de lerem para os filhos ou

de estimularem os filhos a ler evidenciou relação direta com a habilidade

leitora dos acadêmicos.

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65

ANEXOS

ANEXO A - Protocolo de Aprovação do Projeto de Pesquisa pelo Comitê de Ética e

Pesquisa

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Anexos______________________________________________________________66

ANEXO B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

I - Dados de Identificação do Sujeito da Pesquisa ou Responsável Legal

NOME DO PACIENTE .:.....................................................................................................

DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ........................................ SEXO :....M F

DATA NASCIMENTO: ......../......../......

ENDEREÇO ...............................................................................Nº...................................

BAIRRO:........................................................................ CIDADE......................................

CEP:......................................... TELEFONE: DDD (...................................)

RESPONSÁVEL LEGAL ...................................................................................................

NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.) .......................................................

DOCUMENTO DE IDENTIDADE :.................................... SEXO :....M F

DATA NASCIMENTO.: ....../......./......

ENDEREÇO ...............................................................................Nº...................................

BAIRRO:........................................................................ CIDADE......................................

CEP:......................................... TELEFONE: DDD (...................................)

II - Consentimento Pós-Esclarecido

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li

ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo "Avaliação da compreensão

leitora por acadêmicos do primeiro ao último ano do curso de odontologia ".

Eu discuti com a Dra. ( Iracema Corrêa do Amaral Ribeiro ) (endereço Rua: Jose de

Alencar, 3520, Olaria, telefone 3222-3179) sobre a minha decisão em participar

nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os

procedimentos, verificação da compreensão da leitura através de texto e

questionário de hábito em leitura a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as

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Anexos______________________________________________________________67

garantias de confidencialidade e de esclarecimento permanente. Ficou claro

também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do

acesso a tratamento hospitalar quando necessário.

Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu

consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades

ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu

atendimento neste serviço.

Porto Velho, de de 20 .

_____________________________________________________

assinatura por extenso do sujeito da pesquisa ou responsável legal

assinatura do pesquisador e carimbo

III Dados Sobre a Pesquisa Científica

1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: Avaliação da compreensão leitora por

acadêmicos do primeiro ao último ano do curso de odontologia.

PESQUISADOR: Iracema Corrêa do Amaral Ribeiro

2. CARGO/FUNÇÃO: Coordenadora de Curso

INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL: 290 RO

3. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:

SEM RISCO (X) RISCO MÍNIMO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR

4.DURAÇÃO DA PESQUISA: 12 MESES

IV - Registro das Explicações do Pesquisador ao Paciente ou seu Representante

Legal Sobre a Pesquisa, Consignando: (Responder as questões abaixo utilizando

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Anexos______________________________________________________________68

um número máximo de 4 a 5 linhas, numa linguagem simples e acessível ao

sujeito da pesquisa)

1. Justificativa e os objetivos da pesquisa.

O ingresso na universidade é um importante momento na vida do estudante. Essa

pesquisa visa verificar a importância da compreensão de leitura por acadêmicos do

curso de odontologia da Faculdade São Lucas, verificar o entendimento dos textos

lidos e com isso verificar a habilidade da compreensão dos mesmos ao longo do curso

2. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos

procedimentos que são experimentais.

Será aplicado um texto para verificação da compreensão da leitura ,utilizando a técnica

de cloze, questionário para verificar os hábitos de leitura dos mesmos.

3. Desconfortos e riscos esperados.

Não existem riscos esperados

4. Benefícios que poderão ser obtidos.

Em caso de deficiência significativa os acadêmicos serão convidados a participar dos

programas de nivelamento institucional nas disciplinas de Português e Produção de

Textos. E os acadêmicos que fornecerem dados espontaneamente pós-esclarecimento

terão suas identidades preservadas mesmo após o final deste estudo, como seu nível

de incidência, e também a estes será oferecido o mesmo programa de nivelamento

institucional, em suas possíveis deficiências de compreensão para que melhorem seu

desempenho acadêmico durante a graduação, melhorando o processo ensino

aprendizagem dos mesmos.

Contribuição para o processo ensino/aprendizagem

5. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo. (preencher

se houver)

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Anexos______________________________________________________________69

Em caso de dificuldade de compreensão da leitura como resultado, poderá haver

V - Esclarecimentos Dados Pelo Pesquisador Sobre Garantias do Sujeito da

Pesquisa:

1. acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos, riscos e benefícios

relacionados à pesquisa, inclusive para dirimir eventuais dúvidas.

2. liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar

do estudo, sem que isto traga prejuízo à continuidade da assistência.

3. salvaguarda da confidencialidade, sigilo e privacidade.

4. disponibilidade de assistência , por eventuais danos à saúde, decorrentes da

pesquisa.

5. viabilidade de indenização por eventuais danos à saúde decorrentes da pesquisa.

VI. Informações de Nomes, Endereços e Telefones dos Responsáveis pelo

Acompanhamento da Pesquisa, para Contato em Caso de Intercorrências

Clínicas e Reações Adversas.

Iracema Corrêa do Amaral Ribeiro, Rua: José de Alencar, 3520, Olaria, Telefone:

32223179

Porto Velho - Rondônia.

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Anexos______________________________________________________________70

ANEXO C - Texto completo (original) utilizado para aplicação do teste de Cloze

Texto de Luís Fernando Veríssimo

Ícaro - Revista de bordo da Varig

n. 136. 1995. Ano XII.

Costumo tomar leite frio de manhã. Em Tóquio, na primeira vez em que nos

aventuramos a tomar café fora do hotel, fui munido da palavra japonesa para leite.

Miruku, ou coisa parecida. Experimentei-a no garçom, que me devolveu um olhar

cheio de perplexidade. Tentei de novo, em várias flexões. Finalmente acertei: era

preciso dizer a palavra rapidamente. Veio o leite. Quente. Não sei que mímica usei

para dizer que o queria frio - duvido que tenha me abraçado e simulado uma

tremedeira, o que só faria o garçom sair atrás de alguma corrente de ar perdida

dentro do restaurante, mas ele entendeu, levou o copo e o trouxe de volta. Com

pedras de gelo dentro do leite. Um japonês que observava nosso desentendimento

de uma mesa ao lado se ofereceu para ajudar. Traduziu meu pedido para o garçom.

Tudo esclarecido. Agradeci a intermediação enquanto o garçom voltava para a

cozinha com o copo e pouco depois o trazia de volta. Afastada a ameaça à paz

mundial e à amizade entre os povos, levantei o copo em direção do tradutor num

brinde agradecido. O leite estava morno. Não adianta reclamar se for a um

restaurante de Tóquio e pedir um prato muito sofisticado. Há que se contentar com

o hambúrguer e apenas uma sacolinha de batata frita. Em Budapeste entramos

num restaurante em que o menu era em húngaro e alemão, mas o húngaro é tão

difícil que entendemos em alemão. Não tive dificuldade em me fazer entender pelo

garçom. Apontei com o dedo para a única palavra em alemão que qualquer pessoa

precisa saber, além de bite e danke: forelle. Quer dizer truta. Eu poderia andar pela

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Anexos______________________________________________________________71

Alemanha comendo trutas em todas as refeições - salvo no café da manhã, claro.

São as melhores do mundo, e não havia razão para as trutas húngaras não serem

parecidas. Não fiquei sabendo. Não havia forelle em qualquer língua no restaurante.

Acabei apontando com o dedo para a palavra com menos consoantes que vi, e que

acabou sendo o nome de uma almôndega do tamanho aproximado de uma granada.

Sobrevivi.”

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Anexos______________________________________________________________72

ANEXO D - Texto lacunado utilizado para aplicação do teste de Cloze

Texto de Luís Fernando Veríssimo (adaptado)

Ícaro - Revista de bordo da Varig

n. 136. 1995. Ano XII.

Costumo tomar leite frio, de manhã. Em Tóquio, na primeira...............em que nos

aventuramos...............tomar café fora do..............., fui munido da palavra...............

para leite. Miruku, ou ............... parecida. Experimentei-a no ..............., que me

devolveu um ............... cheio de perplexidade. Tentei ............... novo, em várias

flexões. ............... acertei: era preciso dizer ............... palavra rapidamente. Veio o

................. Quente. Não sei que ............... usei para dizer que ............... queria frio –

duvido que ............... me abraçado e simulado ............... tremedeira, o que só

............... o garçom sair atrás ............... alguma corrente de ar ............... dentro do

restaurante, mas ............... entendeu, levou o copo ............... o trouxe de volta.

............... pedras de gelo dentro ............... leite. Um japonês que ............... nosso

desentendimento de uma ............... ao lado se ofereceu ............... ajudar. Traduziu

meu pedido ............... o garçom. Tudo esclarecido. ..............a intermediação

enquanto o ............... voltava para a cozinha ............... o copo e pouco ............... o

trazia de volta. ............... a ameaça à paz ............... e à amizade entre ...............

povos, levantei o copo ............... direção do tradutor num ............... agradecido. O

leite estava ............... Não adianta reclamar se ............... a um restaurante de

............... e pedir um prato ............... sofisticado. Há que se ............... com o

hambúrguer e ............... uma sacolinha de batata ................ Em Budapeste

entramos num ............... em que o menu ............... em húngaro e alemão, ...............

o húngaro é tão ............... que entendemos em alemão. Não tive dificuldade em me

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Anexos______________________________________________________________73

fazer entender pelo garçom. Apontei com o dedo para a única palavra em alemão

que qualquer pessoa precisa saber, além de bite e danke: forelle. Quer dizer truta.

Eu poderia andar pela Alemanha comendo trutas em todas as refeições – salvo no

café da manhã, claro. São as melhores do mundo, e não havia razão para as trutas

húngaras não serem parecidas. Não fiquei sabendo. Não havia forelle em qualquer

língua no restaurante. Acabei apontando com o dedo para a palavra com menos

consoantes que vi, e que acabou sendo o nome de uma almôndega do tamanho

aproximado de uma granada. Sobrevivi.

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Anexos______________________________________________________________74

ANEXO E - Questionário aplicado aos participantes da pesquisa para coleta de dado

QUESTÃO ALTERNATIVAS PERÍODO

Curso/Período Odontologia

Gênero Masculino

Feminino

Idade

16-21

22-30

>30

Onde cursou2º grau

Pública

Privada

ambas

Hábito de leitura mãe/pai

sim

não

às vezes

Vc foi estimulado pelos pais a ler ?

sim

não

pouco

Pais liam para o aluno ?

sim

não

às vezes

Tipo de leitura atual

jornais

Revistas Informat.

livros didáticos

livros gerais / lazer

outros

Artigos científ.

Frequência da leitura

todos os dias

1 vez por semana

de 15 em 15 dias

Uma vez por mês

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Anexos______________________________________________________________75

Frequência da leitura

todos os dias

1 vez por semana

de 15 em 15 dias

Uma vez por mês

Nunca

Uso regular da internet

Sim

não

às vezes

Gosta de ler ? Sim

não

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Anexos______________________________________________________________76

ANEXO F - Glossário de palavras para o texto aplicado no teste de cloze

PALAVRA ORIGINAL GLOSSÁRIO

vez ---

a em

hotel albergue

japonesa ---

coisa ----

garçom ----

olhar ---

de ---

finalmente enfim

a ---

leite ---

mímica gesto

o eu

tenha ---

uma alguma

faziam ---

de ---

perdida ---

ele ---

e ---

com ---

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Anexos______________________________________________________________77

do ---

observava olhava, apreciava

mesa cadeira

para ao

para ---

agradeci ---

garçom ---

com ---

depois após

afastada encerrada

mundial ---

os ---

em na

brinde gesto

morno tépido

for ---

Tóquio ---

muito bastante

contentar satisfazer

apenas somente

frita ---

restaurante bar

era ---

mas entretanto

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Anexos______________________________________________________________78

difícil complicado

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou

parcial desta obra, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de

estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Iracema Corrêa do Amaral Ribeiro

Taubaté, setembro de 2010