Avaliação Da Contaminação Microbiana Em Fitoterápicos

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549 Artigo Original/Original Article Rev Inst Adolfo Lutz. 2012; 71(3):549-56 Avaliação da contaminação microbiana em fitoterápicos Evaluation of the microbiological contamination in herbal medicines Sarah de Miranda FARIA, Hilda do Nascimento NÓBREGA, Joana Angélica Barbosa FERREIRA, Victor Augustus MARIN* *Endereço para correspondência: Escola de Nutrição, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Rua Dr. Xavier Sigaud, 290, prédio II – 3º andar – Urca, CEP: 22290-180. Rio de Janeiro, RJ. Tel: (21) 2542-7276. E-mail: [email protected] Recebido: 15.01.2012 – Aceito para publicação: 17.07.2012 RIALA6/1502 RESUMO No presente estudo, foi investigada a qualidade microbiológica de 30 amostras de fitoterápicos derivados de 10 espécies vegetais vendidos em farmácias do Rio de Janeiro. Foram efetuadas as contagens totais de bactérias aeróbias, de bolores e leveduras, de outras enterobactérias e a identificação dos micro-organismos. Foram identificadas 17 espécies de bactérias e duas de fungos. A maioria dos micro-organismos era de agentes oportunistas, indicando que 80% das amostras avaliadas estavam insatisfatórias de acordo com os limites estabelecidos pela Farmacopeia Brasileira. Comparando-se os resultados deste trabalho com os relatados nos estudos anteriores, conclui-se que a contaminação em fitoterápicos é um problema que tem persistido ao longo do tempo, e o seu monitoramento microbiológico fornece base para ações de Vigilância Sanitária. Nesse contexto, o monitoramento desses medicamentos é relevante ferramenta para garantir a qualidade, a segurança e a eficácia desses produtos. Palavras-chaves. fitoterápicos, controle de qualidade, avaliação microbiológica ABSTRACT is study investigated the microbiological quality of 30 samples of herbal medicines derived from 10 plant species and sold in pharmacies of Rio de Janeiro. e microbiological analyses were consisted of total counts of aerobic bacteria, molds, yeasts and other enterobacteria, and microorganisms identification. Seventeen bacteria and two fungi species were identified, and the majority of them were opportunistic pathogens, demonstrating that 80% of the analyzed samples were noncompliant with the limits established by the Brazilian Pharmacopoeia. By comparing these results with those previously reported, it was evidenced that the microbiological contamination in herbal medicines has been a persisting problem over time. us, the microbiological monitoring is a rationale for health surveillance actions. In this context, it is crucial to monitor the herbal medicines for assuring the quality, the safety and the efficacy of these products. Keywords. herbal medicines, quality control, microbiological evaluation. 1502.indd 549 08/05/13 15:54

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Avaliado a contaminação microbiana de determinados fitoterápicos em farmácias de manipulação.

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    Artigo Original/Original Article

    Rev Inst Adolfo Lutz. 2012; 71(3):549-56

    Avaliao da contaminao microbiana em fitoterpicos

    Evaluation of the microbiological contamination in herbal medicines

    Sarah de Miranda FARIA, Hilda do Nascimento NBREGA, Joana Anglica Barbosa FERREIRA, Victor Augustus MARIN*

    *Endereo para correspondncia: Escola de Nutrio, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Rua Dr. Xavier Sigaud, 290, prdio II 3 andar Urca, CEP: 22290-180. Rio de Janeiro, RJ. Tel: (21) 2542-7276. E-mail: [email protected]: 15.01.2012 Aceito para publicao: 17.07.2012

    RIALA6/1502

    RESUMONo presente estudo, foi investigada a qualidade microbiolgica de 30 amostras de fitoterpicos derivados de 10 espcies vegetais vendidos em farmcias do Rio de Janeiro. Foram efetuadas as contagens totais de bactrias aerbias, de bolores e leveduras, de outras enterobactrias e a identificao dos micro-organismos. Foram identificadas 17 espcies de bactrias e duas de fungos. A maioria dos micro-organismos era de agentes oportunistas, indicando que 80% das amostras avaliadas estavam insatisfatrias de acordo com os limites estabelecidos pela Farmacopeia Brasileira. Comparando-se os resultados deste trabalho com os relatados nos estudos anteriores, conclui-se que a contaminao em fitoterpicos um problema que tem persistido ao longo do tempo, e o seu monitoramento microbiolgico fornece base para aes de Vigilncia Sanitria. Nesse contexto, o monitoramento desses medicamentos relevante ferramenta para garantir a qualidade, a segurana e a eficcia desses produtos.Palavras-chaves. fitoterpicos, controle de qualidade, avaliao microbiolgica

    ABSTRACT This study investigated the microbiological quality of 30 samples of herbal medicines derived from 10 plant species and sold in pharmacies of Rio de Janeiro. The microbiological analyses were consisted of total counts of aerobic bacteria, molds, yeasts and other enterobacteria, and microorganisms identification. Seventeen bacteria and two fungi species were identified, and the majority of them were opportunistic pathogens, demonstrating that 80% of the analyzed samples were noncompliant with the limits established by the Brazilian Pharmacopoeia. By comparing these results with those previously reported, it was evidenced that the microbiological contamination in herbal medicines has been a persisting problem over time. Thus, the microbiological monitoring is a rationale for health surveillance actions. In this context, it is crucial to monitor the herbal medicines for assuring the quality, the safety and the efficacy of these products.Keywords. herbal medicines, quality control, microbiological evaluation.

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    INTRODUO

    Os fitoterpicos tm sido utilizados desde a antiguidade para o tratamento de uma gama de enfermidades. Referncias histricas descrevem o uso de plantas medicinais em praticamente todas as antigas civilizaes, sendo a primeira encontrada na obra chinesa Pen Tsao (A grande fitoterapia), de Shen Nung, que remonta a 2800 a.C.1. seguro dizer que entre 25% e 50% dos medicamentos atualmente comercializados tem origem nos produtos naturais2.

    Por definio, denominam-se plantas medicinais aquelas que so tradicionalmente utilizadas pela populao para prevenir, aliviar ou curar enfermidades. Aps passarem por processamento do origem a um tipo especial de medicamento, os fitoterpicos3. De acordo com a legislao sanitria, fitoterpicos so medicamentos produzidos utilizando exclusivamente matrias-primas ativas vegetais (extrato, tintura, leo, cera, exsudato, suco e outros) e caracterizados pelo conhecimento da eficcia e dos riscos de seu uso. Como todos os medicamentos, devem oferecer garantia de qualidade, ter efeitos teraputicos comprovados, composio padronizada e segurana de uso para a populao. Dessa classe de medicamentos excluem-se os que, em sua composio, contenham substncias ativas isoladas, de qualquer origem e as associaes destas com extratos vegetais4.

    O Brasil possui a maior biodiversidade do mundo, compreendendo mais de 50 mil espcies de plantas superiores (20-22% do total existente no planeta), mais de 500 espcies de mamferos, cerca de 3 mil espcies de peixes, mais de 1.500 espcies de pssaros, mais de 500 espcies de anfbios e milhes de espcies de insetos e micro-organismos. Em funo disso, e sobretudo pela grande tradio do uso das plantas na medicina popular no Brasil, o interesse pelos estudos das propriedades medicinais das plantas vem sendo explorado extensivamente pelos pesquisadores brasileiros e, mais recentemente, pela indstria farmacutica, interessada em desenvolver novos medicamentos5.

    Anualmente, no mundo, essa modalidade teraputica movimenta cerca de 22 bilhes de dlares6. No Brasil, no perodo de novembro de 2003 a outubro de 2006, o mercado de fitoterpicos faturou R$ 1.840.228.655,00 com a venda de 122.696.549 unidades farmacuticas. Essas cifras refletem o grande volume de vendas devido ao custo reduzido, ausncia de patente e

    preferncia dos consumidores por tratamentos naturais. Contudo, ao contrrio da crena popular, que atribui s preparaes fitoterpicas a iseno a efeitos colaterais, seu consumo pode conduzir a efeitos adversos sade, tais como: reaes alrgicas, txicas, efeitos mutagnicos e interaes medicamentosas7-10.

    Em virtude da expressividade desse comrcio, em junho de 2006, o Presidente brasileiro sancionou a Poltica Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterpicos, que tem por objetivo garantir populao brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterpicos, promovendo o uso sustentvel da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indstria nacional11. No ano de 2009, o Ministrio da Sade incluiu 71 plantas medicinais lista de espcies que podero ser utilizadas como medicamentos fitoterpicos pelo Sistema nico de Sade, o SUS12.

    Porm, a segurana e eficcia dos produtos fitoterpicos sofrem influncia de vrios fatores que incluem: matria-prima, controle do processamento, forma farmacutica, bula, embalagem e propaganda. O aumento da demanda, associado falta de fiscalizao no processo produtivo resulta, muitas vezes, em medicamentos sem condies adequadas de uso, sem garantia da qualidade, segurana e eficincia fundamentais para a recuperao ou preservao da sade do consumidor7,8,13. Sobre a anlise microbiolgica, foi relatado que vrios produtos apresentaram nveis de contaminao elevados, tornando seu consumo um problema de sade pblica13-16.

    Nesse contexto, a vigilncia sanitria por ser o segmento da sade responsvel por eliminar, diminuir ou prevenir os riscos sade e intervir nos problemas sanitrios decorrentes do meio ambiente, da produo, circulao de bens e prestao de servios de interesse da sade encontra entre suas competncias o controle de qualidade de produtos com finalidades teraputicas17. A qualidade microbiolgica de fitoterpicos definida por padres microbianos descritos em compndios oficiais e normas regulamentadoras da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa), que estabelecem limites mximos da carga microbiana no produto e a ausncia de determinados patgenos18.

    Assim, este estudo destinou-se a contribuir para a ampliao do conhecimento sobre a qualidade dos fitoterpicos comercializados no Brasil, com relevncia para o Sistema nico de Sade, avaliando microbiologicamente os fitoterpicos na forma medicamentosa, utilizando-se como parmetros a contagem total de bactrias aerbias, contagem de

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    bolores e leveduras, contagem total de enterobactrias e a identificao dos micro-organismos isolados.

    MATERIAL E MTODOS

    A amostragem foi realizada a partir de fitoterpicos comercializados em farmcias e drogarias localizadas no estado do Rio de Janeiro. Trinta amostras de fitoterpicos foram selecionadas com base na Relao de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS)12, sendo que as espcies vegetais foram escolhidas com base nos critrios de maior nmero de unidades farmacuticas comercializadas no ano de 200619 e nmero de registros na Anvisa no ano de 20083: Cynara scolymus (alcachofra), Uncaria tomentosa (unha-de-gato), Glycine max (soja), Maytenus spp. (espinheira-santa), Mikania spp. (guaco), Passiflora spp. (maracuj), Harpagophytum procumben (garra-do-diabo), Rhamnus purshiana (cscara sagrada), Salix alba (salgueiro-branco) e Mentha spp. (hortel). Para cada espcie vegetal, foram coletadas amostras nas formas farmacuticas de cpsulas, comprimidos, solues e suspenses, de acordo com a disponibilidade no mercado.

    A metodologia foi utilizada em concordncia com a Farmacopeia Brasileira20,21. Para a contagem bacteriana, foram feitas diluies at 10-5. Alquotas de 1 mL de cada diluio da amostra foram transferidas para placas de Petri, em duplicata e adicionados 15-20 mL de gar de casena-soja previamente resfriado a 45-50 C. Aps homogeneizao por movimentos rotatrios e solidificao do gar, as placas foram invertidas e incubadas a 30-35 C por 48 horas. Nos casos em que o crescimento no foi observado, a incubao foi prolongada por mais 48 horas.

    Para a contagem de fungos, alquotas de 1 mL de cada diluio foram transferidas para placas de Petri em duplicata e adicionados 15-20 mL de gar Sabourauddextrose ou gar batata-dextrose a 45-50 C. Aps homogeneizar e solidificar o meio, as placas foram invertidas e incubadas a temperatura de 20-25 C por 5 a 7 dias.

    Para a identificao de micro-organismos, foram inoculados 10 mL ou 10 g da amostra em caldo casena-soja e em caldo lactosado, que foram incubados a 35 2 C durante um perodo de 24 a 48 horas. A partir do caldo lactosado, realizou-se: a) esgotamento em gar MacConkey para a pesquisa de Escherichia coli e outras enterobactrias, sendo as placas incubadas a 35 2 C por 24 a 48 horas; e b) alquotas de 1 mL foram transferidas para caldo selenito cistina e para caldo Tetrationato suplementado com 0,1 mL

    de verde brilhante e 0,2 mL de iodeto de potssio, para a deteco Salmonella spp. Esses caldos foram incubados 35 2 C por 24 a 48 horas. Quando verificado crescimento, as colnias foram isoladas em placas de gar xilose-lisina desoxicolato (XLD), gar verde brilhante-vermelho de fenol lactose-sacarose (BPLS) e gar bismuto-sulfito (ASB). O caldo lactosado tambm foi utilizado para pesquisa de outras enterobactrias, com transferncia de 1 mL para caldo mossel e, em seguida, foram feitas diluies at 1:1000, sendo que as diluies foram plaqueadas imediatamente em gar cristal vermelho violeta neutro bile glicose (VRBG). Quando verificado algum crescimento nas diluies 1:10 e 1:100, as amostras eram reprovadas, pois indicava que possuam contagens de enterobactrias superiores ao limite mximo estabelecido (100 UFC por 1 grama de produto).

    A partir do caldo casena-soja, foram realizados o plaqueamento em gar cetrimida (especfico para Pseudomonas aeruginosa), gar Vogel-Johnson (especfico para Staphylococcus aureus) e gar casena-soja (para pesquisa de outros micro-organismos). As placas foram incubadas 35 2 C durante um perodo de 24 horas.

    Os testes bioqumicos realizados seguiram a metodologia descrita na Farmacopeia Brasileira20. Para bastonetes Gram negativos (fermentadores), foi realizada a triagem por meio da fermentao da glicose, verificao da motilidade e oxidase. Seguiram-se as provas de utilizao do citrato; descarboxilao da arginina, ornitina e lisina; produo de acetona (prova de VP-Voges Proskauer); produo de H2S; gs na glicose com tubo de Durhan; oxidao da xilose, manitol, arabinose, trealose, sacarose, inositol, raminose, sorbitol, salicina; reduo do nitrato; indol; e hidrlise da ureia.

    Para bastonetes Gram negativos (no fermentadores), a triagem foi realizada pela no fermentao da glicose e produo da enzima oxidase. Provas bioqumicas realizadas foram: utilizao do citrato; liquefao da gelatina; no fermentao dos acares (glicose, sacarose, manitol, frutose, rhamnose, trehalose, xilose, galactose, manose e lactose); hidrlise da ureia; hidrlise da esculina, crescimento em 6% e 6,5% de NaCl; descarboxilao da arginina, ornitina e lisina; e reduo do nitrato.

    Cocos Gram positivos foram selecionados da triagem por meio da glicose e catalase. As provas efetuadas foram: fermentao da frutose, manitol, rafinose, manose, sacarose, xilose, teralose, maltose; hidrlise da ureia; descarboxilao da arginina; produo

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    de acetna (VP) e VM (vermelho de metila); produo da enzima coagulase; e reduo do nitrato a nitrito.

    Os bastonetes Gram positivos foram selecionados pela triagem efetuada por meio da catalase. As provas efetuadas foram: utilizao do citrato; utilizao do D- manitol, D- xilose, D- glicose, D- arabinose; produo de acetona em pH menor que 6 e pH maior que 7 (prova de VP-Voges Proskauer); observao da fermentao da glicose com produo de gs por meio do tubo de Durhan; crescimento em caldo nutriente com 2%, 5%, 7% e 10% de NaCl; crescimento na presena de lisozima, lecitinase (egg-yolk); tirosina; decomposio da casena (milk-agar); hidrlise do amido; motilidade; reduo do nitrato; indol; desaminao da fenilalanina; e liquefao da gelatina.

    A pesquisa de Candida albicans abrangeu a verificao das caractersticas morfolgicas das culturas, pela observao microscpica em corante azul de algodo lactofenol, seguida de identificao das culturas que apresentarem clulas redondas, ovaladas e com brotamento, por provas bioqumicas complementares.

    A identificao de Aspergillus parasiticus foi realizada a partir das placas de gar Sabouraud-dextrose ou gar batata-dextrose, utilizadas na contagem de fungos. O desenvolvimento de colnias grandes com crescimento radial, miclio areo de colorao inicialmente branca, tornando verde-oliva foram submetidas a observaes macro e micromorfolgicas que identificam os fungos filamentosos e pesquisa de patgenos em produtos no estreis e matrias-primas de uso em sua fabricao20.

    Tabela 1. Contagem dos micro-organismos detectada em amostras de fitoterpicosClassificao das amostras Fitoterpico

    Forma farmacutica

    Bactrias aerbias totais (UFC/g ou mL)

    Bolores e leveduras(UFC/g ou mL)

    Enterobactrias(UFC/g ou mL)

    1 Cynara scolymus cpsulas 1,0 104 3,5 103

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    RESULTADOS

    Das 30 amostras analisadas, 22 possuam contaminao por bactrias aerbias totais, com valores que variavam entre 104 UFC/g ou mL a 109 UFC/g ou mL, enquanto nove amostras encontravam-se acima dos padres preconizados para fungos e leveduras, com contaminao variando entre 102 UFC/g ou mL a 103 UFC/g ou mL. Em relao contagem total de outras enterobactrias, 19 amostras apresentaram contaminao acima de 103 UFC/g ou mL. Esses resultados encontram-se descritos na Tabela 1.

    A identificao bioqumica de bactrias aerbias, fungos e leveduras detectaram 19 espcies diferentes de micro-organismos, sendo que 17 eram bactrias e duas eram fungos (Tabela 2).

    As espcies vegetais Harpagophytum procumbens, Glycine Max e Rhamnus purshiana no estavam disponveis no mercado na forma de soluo ou suspenso. As amostras analisadas foram negativas para Salmonella spp. e para Pseudomonas aeruginosa. A pesquisa de Escherichia coli foi positiva nas amostras 2, 6, 8, 9, 10, 11, 17, 19, 22, 23, 24, 25, 26, 28, 20 e 30, enquanto

    Tabela 2. Identificao dos micro-organismos isolados em amostras de fitoterpicos

    Amostras Fitoterpico Forma Farmacutica Micro-organismos1 Cynara scolymus cpsulas Candida albicans, Bacillus coagulans2 Cynara scolymus comprimidos Escherichia coli, Enterobacter cloacae3 Cynara scolymus soluo ausncia4 Harpagophytum procumbens cpsulas ausncia5 Harpagophytum procumbens comprimidos ausncia

    6 Harpagophytum procumbens cpsulas Escherichia coli, Bacillus cereus, Bacillus subtilis, Enterobacter aerogenes, Raoultella planticola7 Glycine max cpsulas ausncia8 Glycine max comprimidos Escherichia coli, Serratia marcescens, Cedecea davisae

    9 Glycine max cpsulas Escherichia coli, Cedecea davisae, Enterobacter gergoviae, Bacillus cereus, Bacillus subtilis, Candida albicans

    10 Maytenus spp. cpsulas Citrobacter freundii, Cronobacter sacazakii, Enterobacter cloacae, Escherichia coli, Bacillus circulans, Bacillus sutibtilis

    11 Maytenus spp. comprimidos Citrobacter freundii, Enterobacter cloacae, Escherichia coli, Bacillus coagulans12 Maytenus spp. soluo Aspergillus parasiticus13 Mentha spp. cpsulas Aspergillus parasiticus, Enterobacter cloacae, Bacillus circulans

    14 Mentha spp. comprimidos Aspergillus parasiticus, Enterobacter cloacae, Cronobacter saazakii, Bacillus circulans15 Mentha spp. soluo Aspergillus parasiticus, Cronobacter saazakii16 Mikania spp. cpsulas ausncia17 Mikania spp. comprimidos Escherichia coli18 Mikania spp. soluo ausncia19 Passiflora spp. cpsulas Escherichia coli, Enterobacter cloacae, Bacillus cereus, Bacillus subtilis20 Passiflora spp. comprimidos Staphylococus aureus, Staphylococus epidermidis, Bacillus cereus21 Passiflora spp. soluo Staphylococus aureus, Bacillus subtilis22 Uncaria tomentosa cpsulas Escherichia coli, Bacillus cereus, Bacillus subtilis, Candida albicans23 Uncaria tomentosa comprimidos Escherichia coli, Bacillus cereus, Bacillus subtilis, Candida albicans24 Uncaria tomentosa soluo Escherichia coli, Bacillus cereus, Bacillus subtilis, Candida albicans25 Rhamnus purshiana cpsulas Escherichia coli, Cronobacter sakazakii, Bacillus cereus, Bacillus subtilis

    26 Rhamnus purshiana comprimidos Escherichia coli, Klebsiella oxytoca,Hafnia alvei, Bacillus cereus, Bacillus subtilis27 Rhamnus purshiana cpsula ausncia28 Salix alba cpsulas Citrobacter freundii, Enterobacter cloacae, Escherichia coli29 Salix alba comprimidos Enterobacter cloacae, Escherichia coli, Bacillus coagulans

    30 Salix alba soluo Enterobacter cloacae, Escherichia coli, Cedecea davisae, Enterobacter aerogenes

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    que Staphylococcus aureus esteve presente nas amostras 20 e 21. A avaliao de outras enterobactrias mostrou-se insatisfatria para 63,3% das amostras analisadas.

    DISCUSSO

    Ao compararmos os resultados obtidos neste estudo com outros semelhantes efetuados no Brasil, os percentuais de contaminao foram similares aos encontrados por Fischer14 em 1992, que detectou uma contaminao bacteriana de 70% e fngica de 34% em fitoterpicos na forma slida (cpsulas, comprimidos e p). Estudo realizado em 200422, na cidade de Piracicaba (SP), que analisou fitoterpicos na forma de cpsulas, obteve contaminao por bactrias um pouco menor, 58%, enquanto a contaminao por bolores e leveduras foi novamente em valores percentuais prximos a 34%. Em relao s contagens, temos resultados semelhantes em relao aos fungos. O estudo referenciado encontrou uma variao de 101 UFC/g a 4,2 103 UFC/g, enquanto o presente estudo tem uma variao entre 1,5 102 UFC/g e 3,5 103 UFC/g. Porm, as contagens de bactrias aerbias totais foram significativamente maiores no presente estudo, variando entre 2,5 104 UFC/g e 9,8 109 UFC/g, enquanto os produtos pesquisados em 2004 tiveram a contagem variando entre 101 UFC/g a 3,4 105 UFC/g22.

    A comparao desses trs estudos brasileiros indica um percentual alto de contaminao dos medicamentos fitoterpicos, sendo verificada a presena de fungos em cerca de 30% das amostras. As cargas de bactrias aerbias totais tiveram uma maior variao, porm, em todos os estudos, a contaminao das amostras foi superior a 50%, demonstrando uma tendncia temporal de elevados ndices de contaminao nessa classe de medicamentos.

    Ao comparar os resultados das contagens com os limites estabelecidos na Farmacopeia Brasileira20,21, constatou-se que 76,6% das amostras estavam fora dos padres estabelecidos: mximo de 10.000 UFC/g ou mL para contagens de bactrias aerbias totais, mximo de 100 UFC/g ou mL para bolores e leveduras e mximo de 100 UFC/g ou mL para enterobactrias.

    Os limites estabelecidos por outras farmacopeias como a Americana, a Europeia e a Britnica possuem os mesmos limites que a Farmacopeia Brasileira, logo, utilizando tais parmetros, esses produtos possuiriam o mesmo percentual de insatisfatoridade ao determinado pela presente anlise20,23-25.

    Quanto identificao de micro-organismos, Fisher identificou Salmonella spp. e Escherichia coli. Porm, necessrio ressaltar que a proposta de trabalho atendia a padres internacionais da poca, que se restringia somente pesquisa desses micro-organismos14. A avaliao microbiolgica de fitoterpicos realizada na cidade de Piracicaba pesquisou a presena de Salmonella spp., Escherichia coli, Shigella spp. e clostrdios sulfito-redutores, sendo verificada a presena somente de Escherichia coli22. A presena desse micro-organismo nos trs estudos denota sua relevncia, por ser um patgeno amplamente pesquisado, e demonstra que os medicamentos estudados tiveram contaminao de origem fecal.

    Em estudos realizados em outros pases (na Nigria, em 2007), a identificao das bactrias Escherichia coli e Staphylococcus foram comuns em amostras de fitoterpicos. Porm, o que divergiu dos resultados encontrados foi a presena de Salmonella spp.26. Na Arbia Saudita, em 2008, foram identificados Enterobacter spp., Shigella spp., Enterobacter agglomerans, Klebsiella rhnoscleomati e, em comum com os identificados no presente estudo, Enterobacter cloacae, Escherichia coli e Bacillus cereus, sendo que a presena deste ltimo foi extremamente significativa, atingindo um percentual de 45% das amostras. Em estudo realizado no Ir, foi identificado somente Salmonella spp27,28.

    A pesquisa de fungos revelou a presena de duas espcies: Candida albicans e Aspergillus parasiticus, sendo que uma reviso da literatura indicou a ocorrncia de aflatoxinas em fitoterpicos nos estudos realizados na Malsia e Tailndia29,30.

    De acordo com a Farmacopeia Brasileira, em produtos farmacuticos no estreis e em matrias-primas de uso para sua fabricao, devem ser ausentes os seguintes micro-organismos: Salmonella spp, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus22. A 4 edio da Farmacopeia Brasileira tambm determina que, considerando a via de administrao do produto, indesejvel a presena de outros micro-organismos, sendo para via oral (slidos e lquidos) Bacillus cereus, Enterobacter spp., Candida albicans, Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus. Considerando que todos os medicamentos estudados destinavam-se administrao oral, foram tambm identificados Bacillus cereus, Enterobacter spp., Candida albicans e Aspergillus parasiticus. Porm, necessrio ressaltar que a nova edio da Farmarcopeia Brasileira aboliu a exigncia

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    de ausncia de micro-organismos segundo a via de administrao do medicamento20,21.

    A contaminao de medicamentos extremamente indesejvel porque pode promover a deteriorao do produto, visto que reside nestes uma versatilidade de caminhos bioqumicos possibilitando aos micro-organismos a sntese de enzimas degradativas. Dentre os micro-organismos identificados neste trabalho, Bacillus spp. tm capacidade de produzir alfa-amilases, que degradam acares; Aspergillus so fontes comuns de proteinases e peptidases, que degradam compostos como gelatinas; e a produo de lipase comum entre os fungos18.

    Deve-se considerar que a eficcia e a segurana do medicamento esto relacionadas com o controle de qualidade31. Alm disso, o consumo de produtos contaminados pode ter um impacto negativo sade humana. A experincia tem mostrado que produtos contaminados podem no ter alteraes perceptveis, porm, podem ocasionar infeco em pacientes com sistema imunolgico comprometido, idosos e crianas18. No caso dos micro-organismos identificados na atual pesquisa, essa questo deve ser considerada, pois a maioria dos micro-organismos oportunista.

    Os estudos que abordam o controle de qualidade de fitoterpicos sugere necessidade de uma regulao mais rgida e especfica dessa espcie de produto, alm da adoo de boas prticas no manejo agrcola, monitoramento das boas prticas na indstria e controle microbiolgico rotineiro pelos rgos de vigilncia sanitria27,28,31,32.

    CONCLUSO

    Foram pesquisadas trinta amostras de fitoterpicos, das quais 80% foram consideradas insatisfatrias em relao aos limites estabelecidos pela Farmacopeia Brasileira. Todas as espcies vegetais apresentaram contaminao. Foram identificadas 19 espcies diferentes de micro-organismos, sendo 17 espcies de bactrias e duas de fungos.

    Quanto aos micro-organismos isolados neste estudo, maioria das bactrias e fungos identificados era patgenos oportunistas, podendo representar risco sade dos consumidores com sistema imunolgico comprometido, idosos, crianas e gestantes. Foram identificados: Escherichia coli, Enterobacter cloacae, Enterobacter aerogenes, Enterobacter planticola, Cedecea

    davisae, Enterobacter gergoviae, Serratia marcescens, Cronobacter sakazakii, Klebsiella oxytoca, Hafnia alvei, Citrobacter freundii, Staphylococus aureus, Staphylococus epidermidis, Bacillus cereus, Bacillus circulans, Bacillus subtilis, Bacillus coagulans, Candida albicans e Aspergillus parasiticus, sendo que alguns destes microrganismos deveriam estar ausentes, de acordo com critrio de estabelecido na 4 edio da Farmacopeia Brasileira, porm extinto na 5 edio.

    Em virtude do aumento do mercado consumidor desses produtos, so necessrios mais estudos sobre esse tema, que abrange aspectos microbiolgicos, qumicos e toxicolgicos. Alm disso, a instituio de um programa de monitoramento microbiolgico serviria de base para aes de vigilncia sanitria, sendo uma ferramenta til para a melhora da qualidade e garantia da segurana desses produtos.

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