AVALIAÇÃO DA CONTRIBUIIÇÃO DE FONTES POLUIDORAS · centro de desenvolvimento da tecnologia...

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USO DE LIQUENS COMO BIOMONITORES NA AVALIAÇÃO DA CONTRIBUIIÇÃO DE FONTES POLUIDORAS Camila de Oliveira Viana Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais 2010

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USO DE LIQUENS COMO BIOMONITORES NA

AVALIAÇÃO DA CONTRIBUIIÇÃO DE FONTES

POLUIDORAS

Camila de Oliveira Viana

Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais

2010

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COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR - CNEN

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NUCLEAR – CDTN

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DAS

RADIAÇÕES, MINERAIS E MATERIAIS

USO DE LIQUENS COMO BIOMONITORES NA AVALIAÇÃO DA

CONTRIBUIIÇÃO DE FONTES POLUIDORAS

Camila de Oliveira Viana

Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais Área de concentração: Meio Ambiente Orientadora: Maria Ângela de Barros Correia Menezes

Belo Horizonte

2010

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Ao meu mais que tudo

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais e irmãs, pelo suporte, incentivo e amor.

Ao meu Amor, por tudo!

À minha orientadora, Maria Ângela Menezes, pelos ensinamentos, incentivo e carinho.

À Elene Maia, por ter acreditado na proposta, me incentivado e orientado no início do

trabalho.

Ao Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN /CNEN) pela oportunidade.

Ao Serviço de Reator e Técnicas Analíticas do CDTN e toda sua equipe pelas diversas

análises realizadas.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão

da bolsa.

À Divisão de Educação Ambiental e Manejo do Parque Municipal e do Parque das

Mangabeiras, e à Fundação de Parques Municipais, pela permissão e apoio que

possibilitaram a condução do trabalho.

Ao Professor Marcelo Marcelli do Instituto de Botânica de São Paulo, pela receptividade,

ensinamentos e identificações.

À Cláudia Sabino pela importante ajuda, também pelos ensinamentos, conselhos e gentileza.

À Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) pela atenção e disponibilidade de dados.

Ao Departamento de Biologia do Coltec pela gentileza no empréstimo do microscópio

estereoscópico.

Ao Jésus, funcionário do Parque das Mangabeiras, pelo auxílio durante as coletas.

Ao Dovenir pela ajuda indispensável nas coletas e andanças pelos parques.

Ao George Uemura, pelos conselhos, contatos e conversas.

Ao Alberto Avelar pela ajuda e interesse despendidos a este trabalho.

Aos colegas do reator, especialmente ao Wagner e à Cida pela ajuda, paciência e boa

companhia. Também ao senhor Zé Augusto, pela agradável recepção junto à portaria do

reator.

À Raquel Mingote e ao Renato Furtado por me permitirem utilizar parte do laboratório para

as pesagens e lavagens das amostras, pela gentileza.

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Aos colegas da turma de 2008, foi um prazer conhecê-los! À Camila Boff, especialmente, pelo

companheirismo e pelos cartões, origamis, papos e feiras que virão!

À todo corpo docente da Pós-graduação pelos ensinamentos e empenho à este Programa.

À Cerisa, Roseli e Fulgêncio pelo excelente trabalho junto à Secretaria.

À Nívia e Virgínia, pelo auxílio com as referências e presteza.

Aos meus amigos pela presença nos diversos momentos da minha vida. À Carol,

especialmente, pelas conversas, desabafos e almoços no CDTN.

À Marli e ao Ricardo pelo apoio e carinho.

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“Porque a ciência não é somente a procura pela verdade, não é

somente um jogo desafiador, ou uma profissão. Ela é uma vida levada

por diversas pessoas, coletivamente, como uma escola onde se

aprende a viver em sociedade, da forma mais coletiva possível, onde

somos membros uns dos outros.” (Sandy Ogston)

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USO DE LIQUENS COMO BIOMONITORES NA AVALIAÇÃO DA

CONTRIBUIIÇÃO DE FONTES POLUIDORAS

RESUMO

Os níveis de poluição atmosférica, em geral, são avaliados pela medida direta dos principais

poluentes através, por exemplo, da coleta de aerossóis e particulados em filtros de ar.

Entretanto, essa metodologia apresenta dificuldades devido ao custo elevado de aquisição dos

equipamentos coletores de ar, custos de manutenção e de coleta e também devido ao grande

número de pontos de amostragens necessários para o monitoramento. Uma alternativa é

aplicar o biomonitoramento, que é o acompanhamento de reações demonstradas por

determinados seres vivos na presença de poluentes atmosféricos. Essa metodologia tem sido

útil, pois fornece informações rápidas e seguras quanto aos efeitos antropogênicos no meio

ambiente. A biomonitoração por liquens tem sido considerada uma ferramenta adequada de

medidas diretas de contaminantes do ar, em comparação aos métodos convencionais.

Este trabalho foi o primeiro em Belo Horizonte que, utilizando liquens epifíticos como

biomonitores, indicou o nível de poluição atmosférica em termos de elementos químicos no

centro da cidade, informação importante, já que Belo Horizonte é a 5ª maior cidade brasileira

em população, apresentando um fluxo intenso de veículos leves e pesados. O foco do trabalho

foi o Parque Municipal Américo René Giannetti, localizado no hipercentro da capital, onde

duas coletas foram realizadas amostrando liquens e solo. O Parque das Mangabeiras, unidade

de conservação e localizado no limite leste da cidade, também teve essas matrizes analisadas.

A concentração elementar foi determinada pela técnica de análise por ativação neutrônica,

utilizando o reator nuclear de pesquisa TRIGA MARK I IPR-R1 do CDTN/CNEN. Os

resultados foram avaliados pelo cálculo de fatores de enriquecimento, análises estatísticas e

confecção de mapas de distribuição de elementos e indicaram que Al, Br, Cs, Cl, Fe, K, Mg,

Mn, Na, Rb e Zn contribuem significantemente na composição da atmosfera local e que,

como principais fontes poluidoras, destacam-se as emissões veiculares e re-suspensão do solo.

A contribuição do solo está possivelmente relacionada aos empreendimentos minerários

próximos à cidade. Ainda, há evidências de variação na disposição dos elementos químicos ao

longo do talo liquênico, não relacionada ao tempo de exposição, mas possivelmente, ao tipo

de elemento ou necessidade metabólica do líquen.

Palavras-chave: Biomonitoramento, Liquens, Poluição Atmosférica, Análise por Ativação

Neutrônica

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USE OF LICHENS AS BIOMONITORS FOR THE ASSESSMENT

OF POLLUTION SOURCES

ABSTRACT

Atmospheric pollutant levels are generally analyzed by direct measure, using air collectors.

There is, thus, an ever increasing interest in using indirect monitoring methods, such as

analysis of bioacumulators organisms that can lead to different and additional diagnosis of the

subject. Biomonitoring allows assessing environmental conditions using organisms that

respond to levels of environmental pollutants to physiological or behavioral changes. Since

the late 1860s, lichens have been increasingly used in air pollutant studies because of some of

their biological characteristics, which make them very sensitive to alterations on the air

composition. The use of lichens in biomonitoring of the atmospheric pollution levels is

nowadays considered a rather adequate tool when compared to the conventional methods of

direct measure of air contaminators. Belo Horizonte, the capital of the state of Minas Gerais,

is located in the southeastern region of Brazil, having 2 million inhabitants and an intense flux

of vehicles. Its surrounding areas are an important industrial center, concentrating many

industries in several areas, such as mineral extractive industry, metallurgy, car plant and

petrochemical industries. The air quality is usually evaluated analyzing the concentration of

inhalable particulate matter (PM10), however, there are very few data about the city’s level of

atmospheric pollution concerning chemical elements. This work was the first in Belo

Horizonte using lichens as biomonitors to indicate the level of atmospheric pollution in terms

of chemical elements. The focus of the work was the Parque Municipal, a municipal park

located downtown. Two samplings were done and samples of lichens and soil were taken

from the Parque Municipal, and some from an ecological park located in the limits of the city

(named Parque das Mangabeiras). The determination of the elementary concentration was set

applying the analytical nuclear technique neutron activation analysis, k0-standardization

method, using the research nuclear reactor TRIGA MARK I IPR-R1, located in Belo

Horizonte.

The results were evaluated applying the enrichment factors calculation, statistic analysis and

production of distribution maps. Observing the results it was possible to conclude that the

elements Al, Br, Cl, Fe, K, Mg, Mn, Na e Zn are expressive in the local atmospheric

composition pointing out vehicular emissions and soil re-suspension as the main pollutant

sources, the latter possibly related to the surrounding mining areas. The results also showed

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evidences of variation in the arrangement of chemical elements along the lichen thallus. This

fact seems to be related to the type of elements or their metabolic needs.

Keywords: Biomonitoring, Lichens, Atmospheric pollution, Neutron Activation Analysis

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - Parque Municipal Américo René Giannetti localizado na região central de Belo

Horizonte .................................................................................................................................. 19

FIGURA 2 - Filamentos do micobionte (Parmotrema tinctorum) envolvendo células do

fotobionte (Trebouxia sp), visto ao microscópio (SPIELMANN, 2006) ................................. 21

FIGURA 3 - Vista da Avenida Afonso Pena em 1911, na qual aparece o prédio dos Correios,

a Delegacia Fiscal, a Agência de Bondes Viação Elétrica e a área do Parque Municipal (área

verde à esquerda) (BH Nostalgia, 2010). ................................................................................. 26

FIGURA 4 - Esquema da seqüência de eventos para uma reação (n, γ) típica (figura adaptada

da referência IAEA, 1990)........................................................................................................ 33

FIGURA 5 - Primeira Coleta: regiões de amostragem no Parque Municipal .......................... 37

FIGURA 6 – Primeira Coleta: regiões de amostragem no Parque das Mangabeiras ............... 37

FIGURA 7 - Equipamento e materiais utilizados para a limpeza das amostras de liquens ..... 39

FIGURA 8 - Espécie de fungo liqueinizado epifítico: Canoparmelia texana ......................... 41

FIGURA 9 - Pontos de amostragem da Segunda Coleta .......................................................... 43

FIGURA 10 - Desenho esquemático ilustrando as três áreas em que o talo liquênico das

amostras da Segunda Coleta foi seccionado ............................................................................. 44

FIGURA 11 - Ferramenta utilizada para a retirada do solo ..................................................... 45

FIGURA 12 - Reator Nuclear TRIGA MARK I IPR-R1 localizado no CDTN/CNEN........... 46

FIGURA 13 - Posicionamento das amostras para o esquema ii (longa) à esquerda, e para o

esquema i (curta), à direita ....................................................................................................... 47

FIGURA 14 - Modelo Digital de Elevação da região, destacando a cidade de Belo Horizonte e

o PMARG ................................................................................................................................. 49

FIGURA 15 - Rosa dos Ventos cedida pela FEAM ilustrando a direção preferencial dos

ventos na região do PMARG .................................................................................................... 50

FIGURA 16 - Rosa dos ventos obtida com dados referentes ao período de março de 2004 a

março de 2009, na Estação Meteorológica do CDTN .............................................................. 51

FIGURA 17 - Valores de FE para os elementos comuns às amostras do Parque Municipal e do

Parque das Mangabeiras na Primeira Coleta ............................................................................ 65

FIGURA 18 - Dendograma das regiões amostradas na Primeira Coleta ................................. 69

FIGURA 19 – Concentração de V, U, Th, Sb, La, Cr, Co, Br e As por região amostrada na

Primeira Coleta no Parque Municipal ...................................................................................... 70

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FIGURA 20 - Dendograma obtido por meio da análise de cluster para das amostras da

Segunda Coleta considerando as áreas 1, 2 e 3 dos liquens ..................................................... 71

FIGURA 21 - Dendograma obtido por meio da análise de cluster para as amostras da área 1 71

FIGURA 22 - Dendograma obtido por meio da análise de cluster para as amostras da área 2 71

FIGURA 23 - Dendograma obtido por meio da análise de cluster para as amostras da área 3 71

FIGURA 24 - ANOVA aplicada à variável Al em relação aos pontos de coleta ..................... 79

FIGURA 25 - ANOVA aplicada à variável Zn em relação aos pontos de coleta .................... 80

FIGURA 26 - Distribuição do elemento Br nos pontos de coleta do PMARG ........................ 82

FIGURA 27 - Distribuição do elemento Zn nos pontos de coleta do PMARG ....................... 82

FIGURA 28 - Distribuição do elemento Al nos pontos de coleta do PMARG ........................ 83

FIGURA 29 - Distribuição do elemento Mg nos pontos de coleta do PMARG ...................... 84

FIGURA 30 - Distribuição do elemento Rb nos pontos de coleta do PMARG ....................... 84

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1- Relação entre poluentes atmosféricos e seus efeitos na saúde humana............... 16

TABELA 2 - Concentração elementar, em mg kg-1, dos materiais de referência analisados . 53

TABELA 3 - Concentração elementar em mg kg-1 das amostras de liquens da Primeira Coleta

.................................................................................................................................................. 54

TABELA 4 - Concentração elementar em mg kg-1 das amostras de liquens da Segunda Coleta

(borda do líquen, área 1) ........................................................................................................... 55

TABELA 5 - Concentração elementar em mg kg-1 das amostras de liquens da Segunda Coleta

(meio do líquen, área 2) ............................................................................................................ 57

TABELA 6 - Concentração elementar em mg kg-1 das amostras de liquens da Segunda Coleta

(centro do líquen, área 3) .......................................................................................................... 59

TABELA 7 - Intervalo das concentrações elementares, em mg kg-1, obtidas em liquens

epifíticos coletados na Região Metropolitana de São Paulo e no Parque Municipal na Primeira

Coleta ........................................................................................................................................ 61

TABELA 8 - Fatores de Enriquecimento das amostras de liquens da Primeira Coleta ........... 65

TABELA 9 - Fatores de Enriquecimento das amostras da Segunda Coleta ............................ 66

TABELA 10 - Origens prováveis dos elementos que apresentaram os maiores valores de FE

.................................................................................................................................................. 67

TABELA 11 - Matriz de correlação de Pearson....................................................................... 74

TABELA 12 - Resultados positivos dos testes de suposição de normalidade aplicados ......... 75

TABELA 13 - Valores p para ANOVA aplicada ao fator "área liquênica" nas variáveis com

distribuição normal ................................................................................................................... 77

TABELA 14 - Valores p para Kruskal-Wallis aplicado ao grupo de variáveis “área liquênica”

.................................................................................................................................................. 78

TABELA 15 - Valores p para Kruskal-Wallis aplicado ao grupo de variáveis "ponto de

coleta" ....................................................................................................................................... 80

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 15

1.1 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ............................................................................................... 15

1.2 MONITORAMENTO E LOCAL DE ESTUDO .......................................................................... 17

1.3 BIOMONITORAMENTO ..................................................................................................... 20

1.4 FUNGOS LIQUEINIZADOS ................................................................................................. 21

1.4.1 NUTRIÇÃO E ACUMULAÇÃO DE ELEMENTOS ................................................................. 23

1.4.2 OS LIQUENS E A POLUIÇÃO DO AR ................................................................................ 23

2. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 25

3. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................................. 26

3.1 BELO HORIZONTE E O PARQUE MUNICIPAL .................................................................... 26

3.2 A UTILIZAÇÃO DE LIQUENS NO BIOMONITORAMENTO DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ........ 28

3.3 DETERMINAÇÃO MULTI-ELEMENTAR: ANÁLISE POR ATIVAÇÃO NEUTRÔNICA ................. 32

4. PARTE EXPERIMENTAL ....................................................................................................... 36

4.1 PRIMEIRA COLETA .......................................................................................................... 36

4.1.1 ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM DE LIQUENS ................................................................. 36

4.1.2 PREPARO DAS AMOSTRAS DE LIQUENS PARA ANÁLISE QUÍMICA ................................... 38

4.2 SEGUNDA COLETA .......................................................................................................... 40

4.2.1 LIQUENS ....................................................................................................................... 40

4.2.1.1 ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM DE LIQUENS .............................................................. 40

4.2.1.2 PREPARO DAS AMOSTRAS DE LIQUENS PARA ANÁLISE QUÍMICA ................................ 43

4.2.2 SOLO ............................................................................................................................ 44

4.2.2.1 ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM DE SOLO ................................................................... 44

4.3 APLICAÇÃO DA ANÁLISE POR ATIVAÇÃO NEUTRÔNICA .................................................. 45

4.4 CONTROLE DE QUALIDADE DAS ANÁLISES....................................................................... 47

4.5 INFRA-ESTRUTURA ......................................................................................................... 47

5. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DA REGIÃO DE ESTUDO NO QUE CONCERNE À DISPERSÃO DE

POLUENTES ATMOSFÉRICOS .................................................................................................. 48

6. RESULTADOS ..................................................................................................................... 52

7. ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 62

7.1 FATOR DE ENRIQUECIMENTO .......................................................................................... 64

7.2 MÉTODOS DE ESTATÍSTICA MULTIVARIADA E OUTROS .................................................. 68

7.2.1 ANÁLISE DE CLUSTER .................................................................................................. 68

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7.2.2 ANÁLISE DE CORRELAÇÃO ........................................................................................... 72

7.2.3 ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DOS DADOS ....................................................................... 75

7.2.4 ANÁLISES DE VARIÂNCIA ............................................................................................. 77

7.3 MAPAS DE DISTRIBUIÇÃO ................................................................................................ 81

8. CONCLUSÕES E SUGESTÕES ............................................................................................... 85

8.1 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 85

8.2 SUGESTÕES ..................................................................................................................... 87

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 89

ANEXO A – AUTORIZAÇÃO DE COLETA ................................................................................. 97

ANEXO B – TESTES DE NORMALIDADE .................................................................................. 98

ANEXO C – CONCENTRAÇÕES (MG KG -1) DAS AMOSTRAS DE SOLO..................................... 104

ANEXO D – TRABALHOS EM CONGRESSOS INTERNACIONAIS .............................................. 106

APRESENTADOS .................................................................................................................. 106

ACEITO PARA APRESENTAÇÃO ............................................................................................ 109

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1. INTRODUÇÃO

1.1 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

A degradação ambiental decorrente da emissão de poluentes atmosféricos tem

aumentado de forma significativa nos últimos anos devido à expansão populacional e

industrial atingindo, principalmente, os centros urbanos e/ou industriais (MILLER and

MILLER, 1989; PNUMA, 2002). Nesses locais, a qualidade do ar tem se apresentado de

forma inadequada, devido ao aumento na concentração de poluentes na atmosfera. Tendo

como foco o território brasileiro, nos períodos de estiagem e o inverno da região sudeste do

País esse acréscimo de poluentes pode ter efeito maximizado, lembrando que as condições

meteorológicas influenciam diretamente no grau de dispersão de poluentes (GODISH, 1997).

Na prática, considera-se como poluente atmosférico qualquer substância presente no ar

que, em decorrência da sua concentração, possa torná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à

saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos materiais, à fauna e à flora ou

prejudicial à segurança e às atividades normais da comunidade (BRASIL, 1990). Os poluentes

atmosféricos podem, ainda, ser classificados em função de seu estado físico (material

particulado, gases e vapores); classe química (orgânicos e inorgânicos) e, finalmente, de

acordo com sua origem, sendo: poluentes primários, emitidos por fontes identificáveis, ou

poluentes secundários, formados pela reação entre poluentes (GODISH, 1991).

A origem dos poluentes primários na atmosfera está diretamente relacionada a

processos, naturais ou antropogênicos, de formação/emissão de tais substâncias ou partículas.

Erupções vulcânicas, decomposição de animais e vegetais, formação de partículas radioativas,

re-suspensão de poeira de solo pelos ventos, formação de gás metano em pântanos e incêndios

naturais em florestas constituem exemplos de fontes naturais de emissão de poluentes

(JAENICKE and HOBBS, 1993). Já as fontes antropogênicas podem ser provenientes de

diversos processos e operações industriais, tais como: incineração de lixo, queima de

combustíveis, mineração, queimadas na agricultura, poeiras fugitivas, entre outros (GODSHI,

1991; BOTKIN and KELLER, 1995).

Estima-se que a poluição atmosférica ao ar livre e de lugares fechados seja responsável

por aproximadamente 5% da carga mundial de doenças, afirma publicação do Programa das

Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) (2002). Na Europa, diversos efeitos

adversos à saúde têm sido relacionados à exposição à poluição atmosférica, conforme

demonstrado na TAB. 1, incluindo aumento no risco de doenças cardiopulmonares e redução

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da expectativa de vida dos cidadãos europeus. Alguns destes efeitos podendo ocorrer a baixas

concentrações, antes consideradas seguras (WHO, 2004).

TABELA 1- Relação entre poluentes atmosféricos e seus efeitos na saúde humana

Poluente Efeitos relacionados a um período

de curta exposição

Efeitos relacionados a um período de longa

exposição

Material particulado - Reações inflamatórias no pulmão

- Sintomas respiratórios

- Efeitos adversos ao sistema

cardiovascular

- Aumento no uso de

medicamentos

- Aumento nas admissões

hospitalares

- Aumento na mortalidade

- Aumento em sintomas respiratórios

- Redução da função pulmonar em crianças

- Aumento de doenças crônicas de obstrução

pulmonar

- Redução da expectativa de vida, devido

principalmente à mortalidade cardiopulmonar e

provavelmente à câncer de pulmão

Ozônio - Efeitos adversos à função

pulmonar

- Reações inflamatórias no pulmão

-Efeitos adversos aos sintomas

respiratórios

- Aumento no uso de

medicamentos

- Aumento nas admissões

hospitalares

- Aumento na mortalidade

- Redução do desenvolvimento da função

pulmonar

Dióxido de

nitrogênioa

- Efeitos na função pulmonar,

particularmente em asmáticos

- Aumento das reações alérgicas

inflamatórias

- Aumento das admissões

hospitalares

- Aumento da mortalidade

- Redução da função pulmonar

- Aumento na probabilidade de sintomas

respiratórios

a

No ar ambiente, o dióxido de nitrogênio serve como indicador para uma complexa mistura de poluentes

relacionados, principalmente, ao tráfego de veículos.

Fonte: adaptado de WHO, 2004

Apesar de na maior parte das cidades européias e da América do Norte, as

concentrações de material particulado (PM), ozônio (O3), dióxido de nitrogênio, monóxido de

carbono, dióxido de enxofre (SO2) e chumbo (Pb) terem diminuído de forma substancial nos

últimos anos (US EPA, 2008), em muitos países em desenvolvimento, a urbanização

acelerada resultou em uma maior poluição do ar em muitas cidades (PNUMA, 2002). A

poluição atmosférica tem contribuído para um aumento no número de casos de doenças

respiratórias, principalmente, nestes países, onde o controle das emissões atmosféricas ainda é

feito de forma precária (PNUMA, 2002).

Assim, nos grandes centros urbanos, a poluição atmosférica é vista como um caso de

saúde pública: estudos epidemiológicos mostram uma relação entre esse tipo de poluição e o

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aumento de doenças respiratórias, câncer de pulmão, mortalidade infantil e de idosos (WHO,

2004; PERERA et al, 2006). Os poluentes podem potencialmente provocar efeitos

genotóxicos, ou seja, induzir alterações no material genético de organismos a eles expostos,

tais como quebras e aberrações cromossômicas e mutações (Knudsen et al, 1999;

GEORGIADIS et al, 1999).

Além da saúde humana, as substâncias nocivas emitidas na atmosfera afetam

claramente os ecossistemas. Por exemplo, a chuva ácida, um dos motivos de preocupação

ambiental mais importante nas últimas décadas, leva à acidificação do solo e da água, o que

resulta em redução da biodiversidade, degradação de florestas e solos. Ainda, o excesso de

nitrogênio (na forma de nitrato e/ ou amônio) promove a eutrofização, principalmente nas

áreas costeiras. A chuva ácida também pode causar a corrosão de monumentos e edifícios

históricos, além de reduzir os rendimentos agrícolas (PNUMA, 2002).

1.2 MONITORAMENTO E LOCAL DE ESTUDO

Em geral, os níveis de poluição atmosférica são avaliados pela medida direta dos

principais poluentes através, por exemplo, da coleta de aerossóis e particulados em filtros de

ar. Entretanto, esta metodologia muitas vezes apresenta dificuldades devido ao custo elevado

de aquisição dos equipamentos coletores de ar, custos de manutenção e de coleta e também

devido ao grande número de pontos de amostragens necessários para o monitoramento

(SAIKI, 2005). Além disso, medidas físico-químicas podem ser utilizadas para fornecer dados

sobre a qualidade do ar, porém não são suficientes para prever os riscos aos quais os seres

vivos estão sujeitos.

O monitoramento da qualidade do ar é realizado para determinar o nível de

concentração de um grupo de poluentes universalmente consagrados como indicadores,

selecionados devido à sua maior freqüência de ocorrência na atmosfera e aos efeitos adversos

que causam ao meio ambiente. São eles: material particulado (poeira), dióxido de enxofre

(SO2), monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx), hidrocarbonetos (HC) e

ozônio (O3). Para cada uma dessas substâncias foram definidos padrões de qualidade do ar, ou

seja, limites máximos de concentração que, quando ultrapassados, podem afetar a saúde, a

segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos ao meio ambiente em geral

(FEAM, 2010). No Brasil, os padrões de qualidade do ar foram fixados pelo Conselho

Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), por meio da Resolução CONAMA 03/90

(BRASIL, 1990).

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Apesar de não pertencerem aos parâmetros brasileiros de monitoramento da qualidade

do ar, que contemplam apenas os poluentes universalmente consagrados (citados acima)

(BRASIL, 1990), a presença de elementos traço na atmosfera tem sido estudada há décadas

(BOWEN, 1979; HE et al, 2005). Elementos traço são elementos presentes em baixas

concentrações (mg kg-1 ou menos) no ecossistema. Naturalmente presentes no solo, elementos

como zinco (Zn), cobre (Cu) e manganês (Mn) são essenciais para o crescimento das plantas,

no entanto, são metais tóxicos a estas em altas concentrações. Outros elementos traço -

cádmio (Cd), chumbo (Pb), cromo (Cr), níquel (Ni), mercúrio (Hg), e arsênio (As) – têm

efeitos tóxicos em diversos organismos vivos, sendo, freqüentemente, considerados

contaminantes (HE et al, 2005). Neste sentido, a alteração das concentrações de tais

elementos, e ainda, a translocação destes elementos nos diversos compartimentos ambientais

(ar, solo, água) devido a diversas atividades, pode ser discutida em termos relacionados tanto

à saúde humana quanto ambiental.

O Programa de Monitoramento da Qualidade do Ar da Região Metropolitana de Belo

Horizonte vem sendo feito levando-se em conta a concentração média das partículas em

suspensão e inaláveis (FEAM, 2010), não considerando a composição das espécies químicas

presentes no material particulado coletado. No entanto, recentemente (BOUÇAS, 2009),

estudo realizado tendo como foco a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH)

identificou diversas fontes cujas emissões podem levar à degradação da qualidade do ar nesta

região. A origem do material particulado presente na atmosfera e sua composição elementar

foi analisada, e, observou-se que, de maneira geral, os elementos com maiores concentrações

são típicos traçadores de re-suspensão de poeira de solo e de emissão veiculares, indicando

que o trânsito é um dos fatores que mais interfere na qualidade do ar da RMBH.

Belo Horizonte é a 5ª maior cidade brasileira em população - cerca de 2,5 milhões de

habitantes - perfazendo 5 milhões se for considerada a Região Metropolitana. Apresenta um

fluxo intenso de veículos leves e pesados, correspondendo a uma frota de, aproximadamente 1

milhão de veículos, além de sofrer influência das emissões das indústrias da RMBH

(BOUÇAS, 2009).

Neste cenário, este trabalho foi o primeiro em Belo Horizonte utilizando liquens como

biomonitores a indicar o nível de poluição atmosférica em termos de elementos químicos no

centro da cidade. O local escolhido para coleta dos liquens foi o Parque Municipal Américo

René Giannetti (PMARG), que está localizado no hipercentro de Belo Horizonte (FIG. 1),

estando cercado por vias de tráfego intenso. Ao mesmo tempo, por ser um local bastante

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arborizado e apresentando liquens nas árvores, o Parque Municipal apresenta as condições

adequadas para fornecer os bioindicadores da poluição ambiental no centro da cidade.

FIGURA 1 - Parque Municipal Américo René Giannetti localizado na região central de Belo Horizonte

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1.3 BIOMONITORAMENTO

O acompanhamento de reações demonstradas por determinados seres vivos na

presença de poluentes atmosféricos, metodologia denominada biomonitoramento, tem sido

ferramenta útil, pois fornece informações rápidas e seguras quanto aos efeitos antropogênicos

no meio ambiente e, ainda, prevê riscos de danos aos ecossistemas naturais e à saúde dos

seres vivos expostos aos poluentes (SZCZEPANIAK et al, 2003).

Assim, uma alternativa no estudo de avaliação da qualidade do ar é o uso de

organismos vivos como biomonitores ou bioindicadores que tem sido largamente aplicado em

muitos países (BLASCO et al, 2008; FREITAS et al, 2000; FUGA, 2007; SMODIS et al,

2007; SZCZEPANIAK et al, 2003). No Brasil, o biomonitoramento ainda é uma técnica

pouco aplicada, em grande parte restrita ao meio acadêmico. No entanto, alguns estudos

realizados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), com vistas ao

aprimoramento dos diagnósticos ambientais do estado, demonstram a possibilidade de

aplicação desta ferramenta em órgãos ambientais. Os exemplos abrangem o

biomonitoramento da poluição aquática (com ensaios ecotoxicológicos realizados desde 1992)

e atmosférica. Este último compreende estudo inédito no País, realizado em 2002 e 2003,

onde se objetivou mapear a incidência de ozônio na cidade de Sorocaba utilizando como

biomonitor a espécie de tabaco Nicotiana tabacum (CETESB, 2009).

Biomonitores, de forma geral, são organismos que respondem a certos níveis de

poluição por uma mudança natural no seu comportamento ou por acumulação de partículas

poluentes em seus tecidos (BLASCO et al, 2008). No entanto, uma definição menos

abrangente é dada por Conti e Cecchetti (2001), que consideram que: bioindicadores são

organismos usados para a identificação e determinação qualitativa de fatores ambientais,

enquanto biomonitores são organismos usados para a determinação quantitativa de

contaminantes sendo classificados como sensíveis ou acumuladores.

Uma das principais vantagens do uso dos biomonitores está relacionada intimamente

com a permanência e ocorrência comum do organismo no local de interesse, significando

facilidade de amostragem e baixo custo (SZCZEPANIAK et al, 2003). Tais organismos

podem fornecer informações básicas sobre os índices de poluição em termos de elementos

químicos, por exemplo, e permitir o monitoramento em longo prazo. Desta forma, o

biomonitoramento tem sido usado como forma de inferir sobre a concentração de elementos

traço em aerossóis e deposição. Isso implica que o organismo de interesse deve concentrar o

elemento de interesse e refletir quantitativamente as condições de seu habitat.

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Entre os diversos biomonitores, o líquen, ou fungo liqueinizado, tem sido considerado

um dos mais eficientes em estudos de poluição do ar (SMODIS et al, 2007). A utilização de

liquens na biomonitoração de níveis de poluentes atmosféricos é hoje considerada uma

ferramenta bastante adequada quando comparada aos métodos convencionais de medidas

diretas de contaminantes do ar. Eles têm sido utilizados como indicadores de níveis de

poluição em países da Europa responsáveis por emissão de elementos traços na atmosfera,

como a Itália e a Inglaterra (GIORDANO et al, 2004; HAWSKWORTH and ROSE, 1970).

1.4 FUNGOS L IQUEINIZADOS

O líquen é, por definição (NASH III, 2008), uma associação simbiótica entre um

fungo e um microrganismo fotossintetizante (FIG. 2). Nessa associação, a alga é a parte

responsável pela formação de nutrientes, enquanto o fungo supre a alga com água e minerais.

O componente fúngico de um líquen (o micobionte) é em geral do filo Ascomycotina, mas

existem alguns poucos pertencentes ao filo Basidiomycota. O componente fotossintetizante

(fotobionte, também chamado de ficobionte em alusão às algas) é na maioria dos casos uma

Chlorophyta ou uma cianobactéria, podendo muito raramente ser uma bactéria autotrófica.

FIGURA 2 - Filamentos do micobionte (Parmotrema tinctorum) envolvendo células do fotobionte (Trebouxia sp), visto ao microscópio (SPIELMANN, 2006)

O micobionte do líquen não ocorre fora dele, quer dizer, não é capaz de viver

individualmente, sendo totalmente dependente da simbiose. Já o fotobionte muitas vezes é

capaz de ter vida livre, e essa é uma das razões para que a taxonomia dos liquens seja feita

com base nos componentes fúngicos.

Embora a natureza dual da maior parte dos liquens seja mais conhecida, sabe-se da

ocorrência de simbiose com três ou mais organismos, algumas vezes pertencentes a três reinos

diferentes. O caráter simbiótico da associação entre tais organismos continua sendo bastante

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discutido e investigado pelos especialistas, tendo em vista, a possível complexidade da

interação entre micobionte e fotobionte (NASH III, 2008). A estrutura resultante da

associação entre o micobionte e fotobionte é conhecida como talo. O talo liquênico apresenta

morfologia e química características da espécie, de modo que a identificação dos liquens é

feita com base neste (SPIELMANN, 2006). Há especificidade e seletividade na relação

simbiótica e a forma do talo, a fisiologia e os requerimentos nutricionais são definidos e

estáveis (MIAO et al, 2001).

O tipo de substrato em que um fungo liqueinizado cresce pode ser importante na

identificação, já que existe seletividade em algumas espécies (SPIELMANN, 2006). É

possível encontrar os liquens se desenvolvendo sobre solos, rochas, telhados, muros,

entretanto, comumente as espécies têm hábito epifítico, ou seja, vivem sobre outras plantas.

Também já foram reportadas algumas espécies liquênicas de hábito aquático, como a

Peltigera hydrothyria (NASH III, 2008).

Os liquens, por não constituírem um ser único e sim uma combinação de diferentes

seres, podem se reproduzir de várias maneiras. Uma delas é “em separado” (reprodução

indireta), isto é, o micobionte e o fotobionte têm sua própria reprodução e posteriormente se

liquenizam. Outro modo de reprodução dos liquens é “em conjunto” (reprodução direta),

quando micobionte e fotobionte formam órgãos especializados de reprodução. Tais estruturas

de reprodução são importantes na determinação das espécies de liquens (SPIELMANN,

2006).

Fungos liqueinizados são encontrados em todas as regiões do mundo, inclusive em

áreas submetidas a condições climáticas severas. Estima-se que o número de espécies varie de

13.500 a aproximadamente 17.000, sendo o último mais razoável por existirem muitas regiões

ainda não exploradas. A maioria das espécies são perenes algumas sobrevivendo por 1000

anos, podendo ser usadas para a datação de superfície de rochas. O crescimento do líquen

normalmente é lento, tendo as espécies de regiões tropicais um crescimento radial anual de

alguns milímetros a poucos centímetros por ano (HONEGGER, 2008).

Por se adaptarem a diversos ambientes, os fungos liqueinizados produzem um arsenal

de mais de 500 metabólitos únicos, de importância industrial em cosmética, perfumaria e

aplicações terapêuticas. Na Europa, centenas de toneladas de liquens são usadas por ano para

obtenção de fixadores de perfumes, dentre outros produtos (PEREIRA, 2005). Em várias

partes do mundo seus produtos têm sido utilizados na medicina tradicional por séculos

(MIAO et al, 2001). Entretanto, mesmo produzindo moléculas de baixo peso que apresentam

atividades biológicas importantes, o potencial terapêutico dos liquens ainda é pouco

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explorado pela indústria farmacêutica moderna. Há duas razões prováveis para tal lacuna na

pesquisa liquenológica: possuem crescimento lento na natureza e são de difícil propagação em

cultura (MIAO et al,2001).

1.4.1 NUTRIÇÃO E ACUMULAÇÃO DE ELEMENTOS

Como conseqüência de algumas características morfológicas específicas, como

ausência de cutícula e de estômatos, a absorção de elementos nos liquens ocorre por toda sua

superfície. Os nutrientes absorvidos pelos liquens, de forma geral, podem ter sua origem no

substrato de crescimento da espécie ou de fontes atmosféricas (NASH III, 2008).

Muitos liquens ocorrem em solos ou rochas, possuindo um íntimo contato com seu

substrato, assim, nutrientes solúveis podem ser incorporados, resultando em altas

concentrações de elementos de origem lítica. No entanto, apesar da solubilização destas

partículas ser uma fonte potencial de nutrientes este processo é muito lento, e a maioria dos

elementos destas partículas permanecem indisponíveis para o processo. No caso das espécies

epifíticas, nutrientes lixiviados das folhas podem ser absorvidos.

Os nutrientes dispersos na atmosfera podem ser absorvidos na forma gasosa ou devido

à precipitação (CONTI e CECCHETTI, 2001). A precipitação inclui não apenas a chuva, mas

também orvalho e névoa. Inclusive, estes últimos têm grande importância porque a

concentração de nutrientes e contaminantes nestes podem estar bem maiores, por ter havido

menos diluição quando comparada à chuva (NASH III, 2008).

Como em qualquer organismo, os processos de acumulação e processamento de

macronutrientes e micronutrientes essenciais são fatores críticos no crescimento e

desenvolvimento dos liquens. Além disso, mecanismos de concentração de nutrientes são

decisivos para a sobrevivência do líquen, já que as fontes de nutrição atmosféricas – principal

fonte de nutrição do líquen - são relativamente inferiores comparadas com o pool de

nutrientes presentes no solo, por exemplo. Recentemente, o interesse por tais mecanismos de

concentração de elementos tem levado o uso de liquens para estudos de deposição atmosférica

de metais e outros contaminantes atmosféricos (NASH III, 2008).

1.4.2 OS LIQUENS E A POLUIÇÃO DO AR

Fungos liqueinizados são muito sensíveis a gases fitotóxicos, principalmente NOx e

SOx, matéria particulada e outros poluentes secundários. De acordo com Nash III (2008),

Szczepaniak (2003), Conti e Ceccheti (2001) e outros, a alta sensibilidade dos liquens à

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poluição atmosférica está relacionada à sua biologia. As seguintes características citadas

elucidam este fato:

- a maioria das espécies vive por décadas ou centenas de anos, e, como organismos perenes,

estão sujeitos ao efeito cumulativo dos poluentes;

- liquens não possuem sistema vascular para a condução de água ou nutrientes; como

conseqüência, eles desenvolveram mecanismos eficientes para a captura de água e nutrientes

de fontes atmosféricas;

- névoa e orvalho, maiores fontes de água dos liquens, freqüentemente têm concentrações de

poluentes maiores do que as de precipitação, e os mecanismos de concentração de nutrientes

também concentram poluentes;

- diferentes de muitas plantas vasculares, os liquens não possuem partes decíduas, não

podendo evitar a concentração de poluentes desfazendo-se de tais partes;

- a ausência de estômatos e de cutícula significa que os aerossóis podem ser absorvidos em

toda superfície do talo liquênico;

- embora a desidratação permita ao líquen sobreviver nos períodos secos, isso também

concentra as soluções a ponto de concentrações tóxicas ocorrerem.

Vale lembrar que as características acima são uma generalização no que diz respeito à

sensibilidade dos liquens aos poluentes, já que esta pode variar entre espécies, ou grupos de

liquens. O trabalho foca espécies epifíticas e urbanas, mais tolerantes à poluição, que possam

refletir a composição e concentração de alguns elementos químicos presentes na atmosfera em

longo prazo.

As vantagens de serem utilizados liquens sobre os métodos convencionais como a

utilização de filtros de ar, é que os liquens são perenes, podem ser encontrados na maioria dos

ambientes terrestres, são facilmente coletados, de baixo custo operacional e podem monitorar

áreas extensas. A elevada capacidade de acúmulo de elementos traço permite a determinação

de vários elementos com precisão e exatidão.

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2. OBJETIVOS

O objetivo principal desta pesquisa foi avaliar a contribuição das potenciais fontes

poluidoras do Parque Municipal Américo René Giannetti, localizado na região central de Belo

Horizonte, por meio da dosagem de elementos químicos em liquens.

Os objetivos específicos foram:

- verificar se havia variação de indicação de poluição entre as amostras de liquens

coletadas nas árvores nas áreas mais próximas das vias de trafico intenso e na região central

do Parque Municipal,

- verificar a contribuição de fontes antropogênicas na composição elementar das

amostras de liquens,

- inferir sobre a qualidade do ar da área central de Belo Horizonte.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 BELO HORIZONTE E O PARQUE MUNICIPAL

Belo Horizonte, anteriormente conhecida como “cidade jardim”, possui 27 milhões de

metros quadrados de área verde e mais de 200.000 árvores em suas ruas, parques e praças.

Atualmente, o município possui 56 parques, 700 praças e jardins e 260 espaços livres de uso

público, provenientes de parcelamento do solo, destinados ao poder público na categoria de

área verde pública (SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE MEIO AMBIENTE, 2006).

Primeira cidade planejada do País, Belo Horizonte foi construída com ambições de

símbolo urbanístico nacional. Em coerência com tal proposta, o Parque Municipal, primeira

área de lazer e contemplação de Belo Horizonte, foi inaugurado em 26 de setembro de 1897,

três meses antes da fundação da nova Capital do Estado de Minas Gerais. A equipe

responsável pela construção de Belo Horizonte, sob coordenação do engenheiro Aarão Reis e

com o objetivo de construir uma área de lazer para a população da futura Capital, transformou

a antiga Chácara do Sapo, situada no coração da cidade, no Parque Municipal (FIG. 3)

(COMPANHIA VALE DO RIO DOCE, 1992).

FIGURA 3 - Vista da Avenida Afonso Pena em 1911, na qual aparece o prédio dos Correios, a Delegacia

Fiscal, a Agência de Bondes Viação Elétrica e a área do Parque Municipal (área verde à esquerda) (BH

Nostalgia, 2010).

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O projeto inicial foi elaborado pelo arquiteto e paisagista francês Paul Villon e incluía

cassino, restaurante, observatório meteorológico, ponte artística e um majestoso portão de

entrada, além das alamedas, gramados, bosques e lagos. O projeto sofreu modificações e,

atualmente, o Parque abriga em seu espaço o teatro Francisco Nunes, o Mercado das Flores, o

Palácio das Artes, o Colégio IMACO e um orquidário (PREFEITURA DE BELO

HORIZONTE, 2010).

Localizado no centro da cidade, o Parque ocupava, originalmente, 600.000 m², destes,

restam atualmente em torno de 182 mil m² devido às construções realizadas no local:

Faculdade de Medicina da UFMG, os hospitais da Alameda Ezequiel Dias e Avenida Alfredo

Balena, o América Futebol Clube (atual Extra Hipermercado), o abrigo dos bondes de Santa

Tereza, o Teatro Francisco Nunes e o Colégio IMACO (PREFEITURA DE BELO

HORIZONTE, 2010).

Em 1955, recebeu o nome oficial de Parque Municipal Américo Renê Giannetti

(PMARG), nome do Prefeito que governou Belo Horizonte no período de 1951 a 1954 e

realizou a primeira grande reforma do Parque. O Parque compõe o Patrimônio Cultural da

cidade e foi tombado pelo decreto 17086 em 1975, pelo Instituto Estadual do Patrimônio

Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), reforçando o caráter de lazer desse espaço e

garantindo a integralidade de sua área com a proibição de novas construções em seu território

(COMPANHIA VALE DO RIO DOCE, 1992).

Em seu interior, frondosas e diversas espécies de árvores de diferentes regiões do

Brasil e partes do mundo, compõem a paisagem do espaço. De acordo com o levantamento

arbóreo realizado em 2001, são cerca de 270 espécies, num total aproximado de três mil e

oitocentas árvores, sendo os fícus (Ficus sp) as mais antigas, plantadas ainda quando a área

era uma chácara. Destacam-se entre as espécies, pau-brasil (Caesalpinia echinata), pau-ferro

(Caesalpinia ferrea), quaresmeiras (Tibouchina granulosa) (árvore símbolo da cidade),

paineiras (Chorisia speciosa), sapucaias (Lecythis pisonis), dentre outras espécies raras; estas

servem de abrigo a aves e outros animais, como: tucano-toco (Ramphastos toco), sabiás-poca

(Turdus amaurochalinus), saí-andorinha (Tersina viridis), mico-estrela (Callithrix penicillata)

e tantos outros animais que utilizam o Parque como refúgio natural (NEVES, 2006).

Em meio à paisagem ecológica, a paisagem histórica da cidade, que teve seu

crescimento e desenvolvimento paralelo ao do Parque, é desenhada através de monumentos,

estátuas e bustos, identificados com placas descritivas.

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Com seus 112 anos de existência, o Parque Municipal é testemunha espacial do

processo de desenvolvimento da Capital mineira, em especial da área central da cidade, onde

está localizado, o que lhe atribui enorme importância histórica. Nele, através de seus usuários,

no decorrer do tempo e da atenção dispensada pelo poder público a esse espaço, podemos

perceber as etapas do desenvolvimento, em diversos sentidos, de Belo Horizonte.

3.2 A UTILIZAÇÃO DE LIQUENS NO BIOMONITORAMENTO DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

Durante as últimas décadas, o uso de organismos cosmopolitas para avaliar a poluição

tem se ampliado notavelmente. Dentre estes organismos, os liquens são um dos mais

estudados como bioindicadores/biomonitores da qualidade do ar (FERRY et al, 1973;

WOLTERBEEK, 2002).

O primeiro estudo usando liquens epifíticos como bioindicadores foi publicado em

meados do século XIX por Willian Nylander (citado por CONTI and CECCHETTI, 1866).

Nylander observou que os liquens eram organismos raros em locais de alta poluição

atmosférica. Entretanto, foi a publicação do trabalho de Hawksworth e Rose, em 1970 - que

relacionava a concentração de SO2 com a presença ou ausência de liquens - que impulsionou

o desenvolvimento de diversos estudos na área. Desde então, muitos autores tem demonstrado

a possibilidade de uso dos liquens como biomonitores da qualidade do ar, em vista de sua

sensibilidade a vários fatores ambientais que podem ocasionar mudanças em alguns de seus

componentes ou em parâmetros específicos, como por exemplo, parâmetros fisiológicos

(CONTI and CECCHETTI, 2001). Por tudo isso, eles têm sido definidos como “sistemas de

controle permanente” da poluição atmosférica (NIMIS et al, 1989).

De acordo com Nimis e Tretiach (1995), diferentes espécies liquênicas reagem a

diferentes poluentes de diversas formas. Assim, é possível inferir sobre a qualidade do ar a

partir do uso de fungos liqueinizados através de duas metodologias:

i) pelo mapeamento da biodiversidade liquênica, e/ou pela determinação de

presença/ausência de espécies bioindicadoras;

ii) através da dosagem de poluentes acumulados no talo liquênico de espécies

biomonitoras, e/ou pelo transplante de liquens de áreas não contaminadas para

áreas contaminadas a fim de avaliar mudanças em parâmetros fisiológicos e

morfológicos, ou para realização de medidas de bioacumulação de poluentes

(CONTI and CECCHETTI, 2001).

O primeiro método consiste em mapear a distribuição de espécies epifíticas em

diferentes distâncias da fonte poluidora. Tal metodologia tem sido bastante usada

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(GIORDANI et al, 2002; LOPPI and CORSINI, 2003; SZCZEPNIAK and BIZIUK, 2003)

com o objetivo de detectar mudanças na qualidade do ar com base na sensibilidade de

determinadas espécies a poluentes gasosos. Isso porque a poluição pode ser danosa a algumas

espécies - a ponto de eliminá-las ou modificar a freqüência de ocorrência destas - alterando,

assim, a biodiversidade liquênica da área em questão. Matematicamente, é possível

representar esta análise a partir do cálculo do índice de pureza atmosférica (“Index of

Atmospheric Purity”, IAP). A determinação do IAP resulta num valor referente ao nível de

poluição atmosférica de determinada área, e é baseado no número, freqüência, e tolerância

dos liquens presentes nesta área (BLASCO et al, 2008).

Em regiões onde os fungos liqueinizados não são eliminados pelos contaminantes é

possível realizar estudos de biomonitoramento através da análise direta dos poluentes

presentes no talo. Assim, com o segundo método, também chamado de biomonitoramento

passivo (HERZIG et al, 1989), é possível determinar a concentração de poluentes no talo a

fim de inferir sobre as condições atmosféricas do local de estudo. Pesquisas têm sido

realizadas em diversos países dosando-se metais, compostos sulfurosos e nítricos, ozônio,

hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs), radionuclídeos e outros poluentes

atmosféricos (HERZIG et al ,1989; DOBBEN et al, 2001;WOLTERBEEK, 2002; JERAN et

al, 2007).

Trabalhos como os de Andersen et al (1978), Herzig et al (1989), Wolterbeek (2002) e

Jeran et al (2003) afirmam, também, que liquens são excelentes bioacumuladores de

elementos traço. Neste sentido, diversos países têm analisado os níveis de metais em liquens

presentes áreas industriais ou em locais com alta emissão veicular e, em áreas limpas, ou seja,

livres deste tipo de emissão (BLASCO et al, 2008; DOBBEN et al, 2001; FREITAS et al,

2000; GIORDANO et al, 2004; JERAN et al, 2007; LOPPI and CORSINI, 2003).

Tais estudos são conduzidos utilizando diversas técnicas, dentre essas, técnicas

analíticas nucleares - com a finalidade de determinação multielementar, como a Análise por

Ativação Neutrônica (AAN) (SAIKI et al, 1997; FREITAS et al, 2000; RIZZIO et al, 2001;

JERAN et al, 2003; PIGNATA et al, 2007) - e outras, tais como: Emissão de Raios-X (PIXE),

Espectrometria por Fluorescência de Raios-X (XRF), Espectrometria de Absorção Atômica

(AAS), Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS)

(CALLIARI et al, 1995; ADAMO et al, 2007; BLASCO et al, 2008; CARRERAS et al,

2009b). Vale ressaltar que, apesar de comumente consideradas técnicas nucleares, PIXE e

XRF não são realizadas a partir de características nucleares, e sim atômicas (WOLTERBEEK,

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2001), por este motivo não foram citadas como técnicas nucleares; contudo, permitem

também análises multielementares, como a AAN.

Wolterbeek (2001) considera a possibilidade de análise de um grande número de

elementos importante por permitir o reconhecimento de fontes de emissão desconhecidos,

além de diminuir possíveis interpretações equivocadas. Isso porque a presença simultânea de

alguns elementos acrescenta de forma positiva, adicionando informações importantes ao

entendimento dos dados.

A coleta dos liquens epifíticos, normalmente é realizada a uma altura de 1,5m a 2,0m

do solo, sendo a espécie arbórea, em alguns casos, considerada (BERGAMASCHI et al, 2004;

RIZZIO et al, 2001). Alguns estudos (DE BRUIN and HACKENITZ, 1986; SLOOF and

WOLTERBEEK, 1993; SAIKI et al, 2003) demonstraram a possibilidade de influência do

substrato na composição elementar dos liquens, contudo, nenhum resultado conclusivo foi

obtido até então. Saiki et al (2003) conclui, em estudo realizado na cidade de São Paulo, que

para a espécie liquênica Canoparmelia texana, a absorção de elementos do tronco da árvore

varia de acordo com o substrato (ou seja, espécie arbórea) e o elemento em questão. Completa

ainda dizendo que, para a espécie estudada, caso a absorção de elementos do substrato ocorra,

sua quantidade é muito inferior à absorção de elementos originados de deposição e/ou

precipitação.

Em trabalhos recentes, como os de Brunialti e Frati (2007) e Bergamaschi et al (2004),

as análises para estudos de biomonitoramento são realizadas apenas em parte do talo

liquênico, em sua região mais periférica (aproximadamente 3mm da borda). Fisher et al

(1978), Loppi et al (1997) e outros, demonstraram que esta região da borda liquênica é

fisiologicamente mais ativa, apresentando a idade de aproximadamente 1 ano dependendo da

espécie.

O procedimento de lavagem das amostras apresenta variações dentre os pesquisadores.

Existem evidências (CALLIARI et al, 1995) de que o procedimento de lavagem tenha

influência em amostras urbanas de liquens, no sentido de haverem perdas significativas de

elementos presentes na superfície do talo. Assim, em grande parte dos estudos (BRUNIALTI

and FRATI, 2007; BERGAMASCHI et al, 2004; e outros) a lavagem não é realizada, ou

realiza-se apenas uma breve imersão em água destilada (JERAN et al, 2007; FUGA et al,

2007; dentre outros).

Considerando ainda, que os elementos dosados nos liquens basicamente são

originados de fontes naturais ou antropogênicas, de acordo com Jeran et al (2003) existem

pelo menos duas maneiras de identificar a fonte destes elementos: calculando-se o fator de

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enriquecimento (“Enrichment Factor”, “EF”) (RIZZIO et al, 2001; JERAN et al, 2003;

REIMANN E CARITAT, 2005) para cada elemento, ou aplicando técnicas de análise

estatística multivariada de dados (WOLTERBEEK, 2001; JERAN et al, 2007).

O fator de enriquecimento tem sido usado por mais de 30 anos a fim de estimar a

contribuição antropogênica na concentração total de metais presentes numa amostra

(REIMANN E CARITAT, 2005), e, pode ser obtido pela seguinte equação:

FE = Cx/Cn (amostra) : Cx/Cn (ambiente)

onde, Cx é a concentração do elemento X, o qual o fator será determinado, e Cn é a

concentração do elemento N, normalizador, aquele que é, assumidamente, característico do

ambiente.

Em estudos de poluição atmosférica, a análise de fatores ou fatorial (“factor analysis”,

FA), uma técnicas da estatística multivariada de dados, tem sido usada para reduzir a

quantidade de dados em fatores, estes, gerados a partir da composição elementar de aerosóis

ou organismos biomonitores. Tais fatores são agrupados por apresentarem semelhanças entre

si, sendo a fonte de emissão dos poluentes analisados, uma das possibilidades de

agrupamento. Desta forma, é possível identificar fontes de emissão, remover fatores

desinteressantes a determinado estudo, dentre outras possibilidades (WOLTERBEEK, 2001).

Conforme relatado, atualmente, trabalhos têm sido publicados utilizando liquens a fim

de monitorar diversos poluentes, utilizando diversas técnicas analíticas e de análise de dados.

Neste contexto, o biomonitoramento em larga escala surge, permitindo monitorar extensas

áreas, a partir da união de esforços entre diversos centros de pesquisa. Em muitos países, tais

esforços têm permitido a identificação de fontes de emissão não observadas, o cruzamento de

dados de biomonitoramento com dados epidemiológicos, a formação de banco de dados

(WOLTERBEEK, 2001, 2002; JERAN, 2007; CARRERAS et al, 2009a, 2009b; SAIKI et al,

2009; SARMENTO et al, 2009;), resultando em um amplo diagnóstico ambiental.

No Brasil, apesar da existência de um grande número de espécies de liquens, havendo

mais de 2800 espécies já listadas (MARCELLI, 1998), trabalhos sobre o uso sistemático de

liquens como biomonitores da poluição ambiental ainda são escassos. Em 2007, pesquisas

realizadas no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN-SP) indicaram a

distribuição espacial de poluentes na Região Metropolitana de São Paulo, através da dosagem

de elementos traço. Os resultados demonstraram que os liquens coletados em regiões

consideradas limpas apresentaram concentrações menores dos elementos As, Co, Fe, La, Mo,

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Na, Sb, Sc, U e Zn em relação àqueles coletados na Região Metropolitana de São Paulo. O

mapa de distribuição dos elementos apresentou altas concentrações nas áreas do complexo

petroquímico, indústria metalúrgica e áreas urbanas afetadas pela emissão veicular (FUGA et

al, 2007).

3.3 DETERMINAÇÃO MULTI -ELEMENTAR : ANÁLISE POR ATIVAÇÃO NEUTRÔNICA

Neste trabalho a técnica analítica aplicada para a determinação multi-elementar dos

elementos químicos em amostras de liquens e de solo foi a Análise por Ativação Neutrônica.

A técnica de Análise por Ativação Neutrônica (AAN) é amplamente conhecida por sua

sensibilidade para detecção e determinação de um grande número de elementos químicos,

apresentando precisão e exatidão nos resultados (DE SOETE et al, 1972; FRIEDLANDER at

al, 1981). As limitações da técnica estão relacionadas com a necessidade de se dispor de um

irradiador de nêutrons, envolvendo custo e mão de obra especializada e de instalação. No

CDTN/CNEN, a técnica é aplicada utilizando o reator nuclear de pesquisa TRIGA MARK I

IPR-R1 que opera a uma potência de 100 kW.

Essa técnica teve seu início em 1936 quando Hevesy e Levi verificaram que certos

elementos tornavam-se radioativos após sua exposição a uma fonte de nêutrons (HEVESY

and LEVY, 1936, FRIEDLANDER et al, 1981). Assim foram percebidas as potencialidades

das reações nucleares para a identificação qualitativa e quantitativa de elementos químicos

por meio da radioatividade induzida por uma fonte de nêutrons ou partículas carregadas.

Portanto, a AAN é, puramente, uma técnica analítica elementar, por ser baseada nas

propriedades do núcleo do átomo e não no comportamento dos elétrons (ADLOFF and

GUILLAUMONT, 1993; IAEA, 1990). Isso significa que a técnica determina elementos, sem

considerar a composição química.

De maneira geral, a técnica consiste em expor a amostra a uma fonte de nêutrons, o

que resulta, nos elementos com características nucleares apropriadas, na formação de um

radionuclídeo. A radioatividade induzida é medida por espectometria gama, gerando dados

qualitativos e quantitativos, que concernem à concentração e identificação dos elementos

químicos presentes na amostra.

No caso de determinação de emissores gama, método k0, nesta pesquisa foi utilizado o

método k0 que tem como característica utilizar um monitor de fluxo de nêutrons para cálculo

da atividade específica ao invés de padrões do elemento de interesse, parâmetros do reator e

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calibração absoluta do sistema de detecção gama (DE CORTE, 1987, SABINO et al, 1995,

MENEZES, 2003, 2006). É um método semi-absoluto que utiliza a convenção de Högdahl.

Em um reator, fonte de nêutrons usualmente utilizada, os nêutrons são originados a

partir da fissão dos núcleos atômicos do combustível. A seqüência de eventos que ocorre após

a emissão do nêutron pelo reator, ou seja, durante as reações envolvidas na Análise por

Ativação Neutrônica é denominada captura radioativa de nêutrons (FIG. 4). A reação nuclear

que ocorre é do tipo (n, γ), na qual o nuclídeo captura um nêutron, emitindo radiação gama. A

probabilidade de ocorrência dessa reação nuclear depende de características do nuclídeo alvo,

tais como: secção de choque, abundância isotópica e meia vida do radionuclídeo produzido.

FIGURA 4 - Esquema da seqüência de eventos para uma reação (n, γγγγ) típica (figura adaptada da referência IAEA, 1990)

Quando um nêutron interage com o núcleo alvo por meio de uma colisão inelástica ou

captura, há formação de um núcleo composto em um estado excitado. O núcleo composto é

levado para um estado energético mais estável, quase instantaneamente, devido à emissão de

um ou mais raios gama, denominados raios gama prontos (emitidos em um período de tempo

da ordem de 10-12 até 10-16 segundos (ADLOFF and GUILLAUMONT, 1993; GLASCOK,

2008). Na maioria dos casos, essa nova configuração do núcleo composto é ainda instável e

liberará energia (ou decair) emitindo uma ou mais partículas e raios gama secundários (raios

gama de decaimento). Esse processo ou fenômeno, comumente denominado radioatividade ou

decaimento radioativo, é característico de cada elemento e pode levar desde frações de

segundos a vários anos, e o isótopo instável, emissor dos raios gama secundários, denomina-

se núcleo radioativo (ou radioisótopo).

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O cálculo de determinação da fração do elemento na amostra pode ser realizado por

métodos de padronização, tais como: padronização relativa (GIRARDI et al,1965),

padronização absoluta (GIRARDI et al,1965) e padronização k0 (DE CORTE E SIMONITS,

2003), aplicado neste estudo. Nos dois primeiros métodos de Ativação Neutrônica, as

concentrações dos elementos de interesse são determinadas por meio da comparação entre

amostras e padrões, que são analisados simultaneamente, caracterizando-se como um método

comparativo. Já no método de padronização k0, as concentrações elementares são calculadas

utilizando-se constantes como o k0, parâmetros do reator e equações específicas (DE CORTE,

1987).

No método k0 padronizado, a equação fundamental do método (DE CORTE, 1987), é

aplicada para se calcular a massa do elemento “a” presente na amostra. De forma

simplificada, tem-se a seguinte equação considerando os índices a, quando se refere à amostra, e p

ao padrão/monitor de fluxo de nêutrons:

mF

Fa

p n a p p p a a a

n p a a a p p p

m C S C D H

k C S C D H= ,

,

εε

0

Onde: m é a massa do elemento analisado, Cn é a área líquida sob o pico gama do

radionuclídeo de interesse, ε é a eficiência do detector para o gama considerado, F é igual a [f

+ Q0(α)] , onde f é a razão entre os fluxos de nêutrons térmico e o epitérmico, o qual é

definido a partir de uma determinada energia e Q0(α) é a razão entre o I0(α), integral de

ressonância, e σo , secção de choque a nêutrons térmicos, S é o fator de saturação de irradiação

em função do tempo de irradiação, C é o fator de correção de decaimento do radionuclídeo

durante a contagem, D é o fator de correção de decaimento do radionuclídeo entre o final de

irradiação e o início da contagem; H é o tempo morto do detector durante a contagem.

Para a aplicação do método, o procedimento usual para a irradiação consiste em

inicialmente acondicionar as amostras em seus respectivos tubos de polietileno com

capacidade para 0,300 g de amostra. Estes tubos, por sua vez, são acondicionados em tubos

maiores de polietileno e, então, inseridos em outros denominados “coelhos”, que são

adequados para a inserção dos tubos de polietileno na Mesa Giratória do reator. Neste local, a

uma potência de 100 kW, o fluxo de nêutrons térmicos é de 6,6 x 1011 nêutrons.cm-2.s-1. A

cada irradiação, as amostras são acompanhadas por monitores de fluxo de nêutrons e

materiais de referência certificados (MENEZES et al, 2003, 2006).

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Após a irradiação, é esperado um tempo adequado para que decaiam os radionuclídeos

de meias-vidas mais curtas que possam interferir na espectrometria gama. No sistema de

detecção gama, é levantado o espectro gama de cada amostra através do programa

computacional por um tempo necessário para que se alcance uma boa estatística de contagem.

A geometria de contagem é mantida constante para cada esquema de irradiação. A avaliação

dos espectros gama e os cálculos de concentração são executados através de programas

específicos.

As limitações da técnica estão relacionadas com a necessidade de se dispor de um

irradiador de nêutrons, envolvendo custo e mão de obra especializada. Na realidade, estas

limitações podem ser vistas como vantagens para os laboratórios que já dispõem de um reator

nuclear e de especialistas na área, privilégio de poucos institutos, no caso o CDTN/CNEN.

A ativação neutrônica tem características que quase a tornam uma técnica analítica ideal -

sensibilidade, capacidade multielementar, seletividade, versatilidade, abrangência de

aplicações – principalmente quando aplicada de forma instrumental, ou seja, sem envolver

tratamento químico prévio da amostra.

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4. PARTE EXPERIMENTAL

Todos os procedimentos laboratoriais da Parte Experimental foram desenvolvidos nas

dependências do CDTN, com exceção da etapa de limpeza manual dos liquens. Esta etapa foi

executada no Departamento de Biologia do Colégio Técnico da UFMG (COLTEC).

4.1 PRIMEIRA COLETA

A Primeira Coleta foi, na realidade, uma coleta preliminar, que teve como objetivo

refinar os procedimentos de coleta, avaliar a massa de líquen suficiente para a detecção dos

elementos químicos, e comparar os resultados do biomonitoramento do Parque Municipal,

localizado no centro da cidade, com outro possivelmente menos poluído, no caso, o Parque

das Mangabeiras. O Parque das Mangabeiras é uma unidade de conservação e está localizado

na base da Serra do Curral, a cinco quilômetros do centro da cidade. Essa coleta foi realizada

na estação seca.

4.1.1 ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM DE LIQUENS

Liquens epifíticos, isto é, presentes nos troncos de árvores, foram selecionados dentre

os diversos tipos de liquens, por serem encontrados com facilidade na área do Parque

Municipal. Além disso, os liquens epifíticos são considerados mais adequados por

apresentarem menor influência do acúmulo de elementos de solo (AGUIAR et al, 2007).

A estratégia de amostragem consistiu na escolha da espécie arbórea adequada para a

retirada dos liquens, seleção dos liquens, altura deles em relação ao solo, diâmetro do

espécime, forma de coleta e acondicionamento.

Para que fosse possível realizar a coleta, uma autorização foi requerida junto à

Fundação de Parques Municipais da Prefeitura. Uma cópia da autorização concedida está

disponível no ANEXO A. As coletas em ambos os parques foram realizadas com auxílio de

um técnico do CDTN. Para as coletas no Parque das Mangabeiras, devido à extensão da área,

obteve-se, também, o auxílio de um funcionário do referido parque.

Escolha da espécie arbórea

Considerando a distribuição na área, principalmente do Parque Municipal, observou-se

a espécie arbórea mais adequada para a retirada das amostras. Exemplares de ipês - Tabebuia

serratifolia (Vahl) Nicholson e Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC) Standley - foram,

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assim, escolhidos, como espécie arbórea mais adequada para retirada dos liquens em ambos

os parques, devido à sua presença em diversas regiões destes.

Assim, os ipês selecionados localizavam-se na região mais central e também na região

mais periférica do Parque Municipal, somando 8 regiões no total (FIG. 5). No Parque das

Mangabeiras, foram retirados, no mesmo período, liquens de ipês localizados em 3 áreas do

Parque, todos de localização mais central (FIG. 6).

FIGURA 6 - Primeira Coleta: regiões de amostragem no Parque das Mangabeiras

FIGURA 5 – Primeira Coleta: regiões de amostragem no Parque Municipal

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Seleção dos liquens

A seleção dos liquens foi feita de forma visual baseada em semelhanças morfológicas -

como coloração e tipo de talo - entre algumas espécies urbanas.

Vale ressaltar que a Primeira Coleta foi conduzida como um estudo preliminar. Neste

sentido, objetivou-se coletar espécies urbanas de liquens e não uma espécie em particular. No

entanto, visando identificar algumas particularidades destas espécies urbanas, e identificar

parte das espécies coletadas, realizou-se uma visita à Seção de Liquenologia e Micologia do

Instituto de Botânica de São Paulo. Foram identificadas amostras dos gêneros Pyxine spp,

Canoparmelia spp, Parmotrema spp, dentre outros. Tal estudo também possibilitou refinar os

procedimentos da coleta seguinte.

Altura do líquen na árvore

De acordo com o procedimento adotado no IPEN/CNEN-SP (AGUIAR et al, 2007;

COCCARO et al, 1999; SAIKI et al, 1997) as amostras de liquens selecionadas localizavam-

se a uma altura de 1,5m do solo.

Diâmetro do líquen

Foram selecionados liquens com tamanhos similares (diâmetros de 0,3 a 0,9 cm). O

diâmetro foi definido priorizando organismos jovens, relacionados, portanto, a um menor

período de exposição aos poluentes.

Coleta

Para a retirada das amostras foi utilizada uma faca de aço inoxidável (SAIKI et al,

1997; COCCARO et al, 1999). Como o líquen é uma estrutura frágil foi necessário que uma

camada fina da casca da árvore sob o líquen também fosse retirada. Após a coleta, as amostras

foram, individualmente, acondicionadas em envelopes de papel para evitar a formação de

bolores. Cada envelope foi, cuidadosamente, guardado a temperatura ambiente até a etapa de

preparo para a análise química.

4.1.2 PREPARO DAS AMOSTRAS DE LIQUENS PARA ANÁLISE QUÍMICA

A metodologia adotada para o preparo das amostras de liquens para a análise química

consistiu em três etapas: limpeza, lavagem e liofilização.

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Limpeza manual

A limpeza foi realizada com auxílio de pinça (de aço inoxidável, pertencente a kit

médico), lupa de 10 e 20x de aumento e microscópio estereoscópico da marca Olympus (FIG.

7), a fim de separar pedaços da casca da árvore carreados durante a coleta. Esta etapa foi

realizada no COLTEC.

FIGURA 7 – Microscópio estereoscópico e pinças utilizados para a limpeza das amostras de liquens

Após esta etapa, a fim de ter uma massa suficiente para a análise (em torno de 100mg),

as amostras foram agrupadas, de acordo com a região coletada (ver FIG. 5 e 6). Cada amostra

analisada foi composta por 2 a 6 amostras da mesma região.

Lavagem

Conforme comentado no item 3.2, existem divergências na literatura quanto ao

procedimento e se deve realizar a etapa de lavagem dos liquens, não existindo uma

padronização. Neste trabalho decidiu-se por realizar a lavagem, a fim de se ter mais segurança

de que os elementos químicos detectados eram provenientes do líquen, e não de alguma

poeira de deposição.

As amostras desta Primeira Coleta foram colocadas em um funil de haste com papel

filtro de filtração rápida e lavadas, cuidadosamente, com 250 mL de água deionizada para

remover as partículas solúveis. Em seguida, esperou-se a secagem à temperatura ambiente

para facilitar a remoção dos pedaços de liquens do papel filtro. Com auxílio de pinça, retirou-

se pedaço por pedaço do líquen, ficando as partículas sólidas aderidas ao papel de filtro. As

amostras foram, então, pesadas em balança analítica e acondicionadas em tubos de polietileno

já adequados para a irradiação. Cada tubo foi fechado com parafilme sendo acondicionados

em um freezer (-18ºC) visando preparo para a liofilização.

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Esta etapa foi realizada no Laboratório de Medidas Ambientais do CDTN, onde a

pressão ambiente é positiva.

Liofilização

O objetivo dessa etapa foi desidratar as amostras de modo que a concentração

elementar fosse referente ao peso seco da amostra. Optou-se pela liofilização para evitar que a

secagem por aquecimento levasse à perda de elementos voláteis. A liofilização foi realizada

por 24 horas no liofilizador LabConco.Em seguida as amostras foram pesadas e para os

cálculos foi utilizado o peso seco.

4.2 SEGUNDA COLETA

A partir dos resultados das amostras da Primeira Coleta e maior aprofundamento

teórico, alguns parâmetros não observados para a realização da coleta anterior, foram

alterados e/ou acrescentados para a concretização dessa etapa.

Com base nos resultados obtidos na Primeira Coleta e pela dificuldade em encontrar

espécies com características semelhantes às encontradas no Parque Municiapl, optou-se em

restringir a amostragem de liquens na Segunda Coleta ao Parque Municipal, e em coletar solo

dos parques Municipal e Mangabeiras. Esta coleta foi realizada no início da estação seca.

4.2.1 L IQUENS

4.2.1.1 ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM DE LIQUENS

A estratégia de amostragem da Segunda Coleta contemplou todos os parâmetros

observados na Primeira Coleta, além da observação do padrão de direção dos ventos,

conforme relatado a seguir:

Seleção dos liquens

Diferente da Primeira Coleta priorizou-se maior restrição das espécies liquênicas. Para

isto, foram observadas algumas características - por exemplo, relacionadas à morfologia do

talo e da estrutura reprodutiva – referentes à espécie Canoparmelia texana (FIG. 8), por ser

uma das espécies liquênicas mais utilizadas em estudos de biomonitoramento no país (FUGA,

2006; SAIKI et al, 2003).

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FIGURA 8 - Espécie de fungo liqueinizado epifítico: Canoparmelia texana

A percepção de tais características foi possível devido a informações obtidas na visita

à Seção de Liquenologia e Micologia do Instituto de Botânica de São Paulo e, permitiu a

seleção do menor número de espécies possível. Infelizmente, apesar de ser o procedimento

ideal, a identificação das espécies em campo não foi possível, já que não foram encontrados

especialistas no Estado de Minas Gerais que pudessem realizar-lá no momento da coleta. Por

isso, após a coleta realizada com base nas características citadas, cerca de 30% das amostras

foram enviadas à Seção de Liquenologia e Micologia do Instituto de Botânica de São Paulo

para posterior identificação pelo Prof. Dr. Marcelo Pinto Marcelli. Assim, assumiu-se que as

amostras analisadas pertenciam ao grupo abaixo ou a espécies similares. As seguintes

espécies foram identificadas:

- Heterodermia albicans (Pers.) Swinscow & Krog (referente a 50% das amostras enviadas),

- Heterodermia lepidota Swinscow & Krog,

- Canoparmelia crozalsiana (B. de Lesd.) Elix & Hale,

- Canoparmelia texana (Nyl.) Elix & Hale,

- Physcia cf. tribacoides Nyl.,

- Physcia cf. undulata Moberg,

- Parmotrema lichexanthonicum Eliasaro & Adler e,

- Parmotrema delicatulum (Vainio) Hale.

Escolha da espécie arbórea

Devido à maior restrição das espécies liquênicas, não foi possível manter a

uniformização do substrato, ou seja, as amostras dessa coleta pertenciam a diferentes espécies

arbóreas.

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Altura do líquen na árvore

Da mesma forma que na Primeira Coleta, as amostras foram retiradas a 1,5m do solo.

Diâmetro do líquen

As amostras de liquens desta coleta tinham de 4 a 7 cm de diâmetros. Optou-se em

coletar amostras maiores a fim de aumentar a massa para a análise química.

Direção dos ventos

Para esta coleta observou-se, ainda, a localização das amostras na árvore com relação

ao padrão de direção dos ventos da cidade (ventos preferenciais vindos de leste). Para tanto,

foi obtida informação junto à base local do Instituto Nacional de Meteorologia e realizado um

breve estudo sobre a dispersão dos poluentes no local da coleta (ver Capítulo 5).

Coleta

A coleta foi efetuada utilizando uma faca de aço inoxidável e uma lupa de 10/20x de

aumento e um aparelho de GPS para marcar as coordenadas dos pontos. Seguindo o

procedimento anterior, da Primeira Coleta, as amostras foram acondicionadas em envelopes

de papel.

Um total de 34 amostras de fungos liqueinizados foi retirado do Parque Municipal. A

FIG. 9 abaixo ilustra os pontos de coleta das amostras que foram analisadas, somando um

total de 20 pontos, lembrando que parte das amostras coletadas foi enviada para a

identificação. É importante comentar que, o número restrito de amostras deve-se aos

parâmetros observados para a coleta, acima descritos, como altura e localização da amostra no

tronco, tamanho e tipo de espécie, e à extensão da área do Parque. Então, dentro destas

condições este foi o número máximo de amostras possíveis.

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FIGURA 9 - Pontos de amostragem da Segunda Coleta

4.2.1.2 PREPARO DAS AMOSTRAS DE LIQUENS PARA ANÁLISE QUÍMICA

As amostras da Segunda Coleta foram preparadas da seguinte forma:

Limpeza manual

Etapa executada de acordo com o mesmo procedimento da Primeira Coleta. Mas,

durante o procedimento desta coleta, as amostras foram seccionadas em 3 áreas: área 1

referente à borda (0-3mm), área 2 ao meio (3-5mm seguintes) e área 3 ao centro (o restante do

talo), sendo analisadas separadamente, as amostras foram assim triplicadas, resultando no

final do preparo em 60 amostras. O objetivo destes recortes foi verificar a variação na

absorção dos elementos com o tempo de exposição⁄crescimento do líquen, desta forma

verificando a possibilidade de utilizar as partes numa análise conjunta.

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A FIG. 10 ilustra este procedimento:

Lavagem

Este procedimento foi alterado após leitura mais criteriosa da literatura, optando-se em

adotar a lavagem por imersão (JERAN et al, 2007; FUGA et al, 2007). As amostras de liquens

da Segunda Coleta foram colocadas no papel filtro e imersas por 1 minuto em água

deionizada.

Liofilização

Esta etapa foi realizada da mesma forma que para as amostras da Primeira Coleta

(item 4.1.2).

4.2.2 SOLO

Um total de 5 amostras de solo foram extraídas do Parque Municipal, e 4 do Parque

das Mangabeiras. A coleta de solo foi necessária para a determinação do Fator de

enriquecimento (item 7.1).

4.2.2.1 ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM DE SOLO

A estratégia consistiu em selecionar os locais de coleta e na adoção do procedimento

apropriado para a amostragem.

Seleção do local de coleta

Para a coleta do solo, em ambos os parques, foram selecionadas áreas próximas às

áreas em que foram coletados os liquens.

a1

a2

a3

FIGURA 10 - Desenho esquemático ilustrando as três áreas em que o talo liquênico das amostras da Segunda Coleta foi seccionado

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Coleta

A amostragem do solo foi executada com auxílio de um trado (FIG. 11). Os 3 cm

superficiais da área selecionada para a coleta foram descartados, uma vez que estão mais

expostos à ação do vento, presença de folhas e deposição de poeira. Os 20 cm seguintes (em

profundidade) foram coletados.

FIGURA 11 - Trado utilizado para a retirada do solo

Desta forma, aproximadamente, 2 kg de solo foram removidos de cada região

amostrada. O material foi seco à sombra e à temperatura ambiente, evitando-se a perda de

elementos voláteis caso a secagem fosse realizada por calor. Em seguida, o solo foi

desaglutinado e peneirado selecionando partículas de tamanho inferior a 0,062mm,

granulometria recomendada para a análise de metais (ALLOWAY, 1995). Parte do material,

por volta de 5g, foi então depositado em um frasco plástico novo e limpo, próprio para o

acondicionamento de amostras.

Para a determinação dos elementos químicos, as amostras foram pesadas e transferidas

para tubos de polietileno adequados ao procedimento de análise por ativação neutrônica.

4.3 APLICAÇÃO DA ANÁLISE POR ATIVAÇÃO NEUTRÔNICA

A análise por Ativação Neutrônica foi aplicada através do método k0-padronizado,

utilizando o reator nuclear de pesquisa TRIGA MARK I IPR-R1 localizado no CDTN/CNEN,

Belo Horizonte (FIG. 12). O reator opera a uma potência de 100 kW, com o fluxo médio de

nêutrons térmicos de 6,6x1011 nêutrons.cm-2.s-1 na Mesa Giratória, sendo os parâmetros

médios f e alfa, 21,67 e 0,0026 respectivamente.

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FIGURA 12 - Reator Nuclear TRIGA MARK I IPR-R1 loca lizado no CDTN/CNEN

Foram aplicados dois esquemas para a irradiação:

i) para a determinação de elementos cujos radionuclídeos são de meias-vidas curtas – Al,

Mn, Mg, V – onde as amostras são irradiadas uma a uma por 5 minutos. Após tempo de

espera de cerca de 1 minuto, é levantado o espectro gama por tempo suficiente para se

alcançar uma boa estatística de contagem;

ii) para os radionuclídeos de meias-vidas médias e longas, o tempo de irradiação é de 8 horas.

O tempo de decaimento é de 2 dias a 1 semana, para a determinação de elementos cujos

radionuclídeos são de meias-vidas médias (entre 12 e 72 horas) como o Na, K, As e Br;

será de 20 dias, para a determinação de radionuclídeos de meias-vidas longas, como o Cr,

Hg, Sb, Sc, Zn, etc.

Nos dois esquemas de irradiação, as amostras foram acompanhadas por monitores

fluxo de nêutrons – liga Al-Au (0,1%), IRMM-530R (INSTITUTE FOR REFERENCE

MATERIALS and MEASUREMENTS, 2002) e por padrões de referência certificados de

liquen (INTERNATIONAL ATOMIC ENERGY AGENCY, 1999) e de solo

[INTERNATIONAL ATOMIC ENERGY AGENCY, 1984], para verificar a exatidão do

método. O posicionamento das amostras em ambos esquemas de radiação, está demonstrado

na FIG. 13 , abaixo:

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FIGURA 13 - Posicionamento das amostras para o esquema ii (longa) à esquerda, e para o esquema i

(curta), à direita

A espectrometria gama foi realizada em detector HPGe (High Pure Germanium) com

50% de eficiência nominal utilizando o programa Genie 2k, CANBERRA. A avaliação dos

espectros gama é realizada através do programa HyperlabPC (HYPERLAB-PC, 2002) e o

cálculo de concentração foi feito através do programa KayWin (Kayzero for Windows, 2006),

específico para o método k0.

4.4 CONTROLE DE QUALIDADE DAS ANÁLISES

Para a avaliação da precisão, as amostras foram analisadas em triplicata. Para a

exatidão, foram analisadas em quintuplicata amostras de referência certificadas: IAEA Lichen

336 e IAEA/Soil 7.

4.5 INFRA-ESTRUTURA

Os equipamentos e instalações disponíveis para a realização da pesquisa foram:

- Reator nuclear de pesquisa TRIGA MARK I IPR-R1, com potência de 100 kW, com 40

posições para a irradiação simultânea de 40 amostras na análise de ativação neutrônica;

- Laboratório de Ativação Neutrônica do Serviço de Reator e Irradiações para realização de

análises pela técnica de ativação neutrônica com detectores HPGe de 15, 25 e 50% de

eficiência nominal e eletrônica associada para a espectrometria gama;

- Programas para aquisição de espectros Genie 2K, para análise de espectros HyperlabPC e de

cálculo de concentração método-k0, KayWin (Kayzero for Windows, 2006);

- Liofilizador Labconco, “freezer” Sellex So-Low (modelo U85-13) a -18ºC e balança

analítica Mettler Toledo (modelo AG285);

- Serviços de Tratamento de Rejeito e de Proteção Radiológica

- Biblioteca e demais infra-estruturas necessárias.

Monitor 3

Monitor 2

Monitor 1

Amostras 5,6,7

Amostras 1,2,3,4

Amostra Monitor 1

Monitor 2

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5. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DA REGIÃO DE ESTUDO NO QUE CONCERNE À

DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS

O processo de transporte de poluentes na atmosfera é influenciado por alguns fatores,

entre eles, destacam-se o relevo da região, o tipo de ocupação do terreno e as condições

meteorológicas locais. Estes fatores são representados por variáveis do tipo topografia

(relevo), altura de construções (ocupação do terreno) e velocidade, direção e flutuação dos

ventos. Paralelamente, a caracterização das fontes emissoras é também fundamental para a

caracterização das condições iniciais da pluma – nuvem de poluentes (EAGLEAN, 1991).

Desta forma, tais fatores foram observados a fim de auxiliar na identificação de prováveis

fontes emissoras de poluentes existentes na região em circunvizinha da área de estudo.

Belo Horizonte está localizada em meio às montanhas centrais do Estado de Minas

Gerais. O relevo desta região é caracterizado como apresentando condições complexas devido

à grande variedade de altitudes (673 < h < 1508 m – média de 921). Especificamente o

PMARG está localizado na área limitada pelas coordenadas, a noroeste X= 611290 m e Y =

7796790 m e a sudeste X= 611830 m e Y= 7796225 m, próximo ao rio Arrudas, portanto

numa região de vale (842 < h < 869 m – média de 854). O Modelo Digital de Elevação

(MDE) desta área (FIG. 14), elaborado por pesquisadores do LabGEO⁄CDTN, permite a

visualização de tais informações, sendo possível, ainda, observar a região em que está inserida

a cidade de Belo Horizonte (limites marcados em vermelho). A Serra do Curral também se

destaca na figura por acompanhar o limite sudeste da cidade e por possuir as maiores altitudes

da região apresentada. A área em torno de Belo Horizonte, parte mostrada na FIG. 14, é

caracterizada por pólos industriais, com destaque para: indústria extrativista mineral

(concentradas no setor leste e sudeste), automobilística e petroquímica (maioria dispostas a

sudoeste), indústrias de cimento (a norte da capital), dentre outras.

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FIGURA 14 - Modelo Digital de Elevação da região, destacando a cidade de Belo Horizonte e o PMARG

A Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) disponibilizou dados referentes à

direção e velocidade dos ventos para o período de março de 2004 a março de 2009, coletados

na Estação Automática de Monitoramento da Qualidade do Ar da Praça Rui Barbosa,

localizada à cerca de 920 m do centro geométrico do PMARG. O resultado representado na

rosa dos ventos (FIG. 15) demonstra que o sentido predominante neste período foi de ventos

oriundos do quadrante leste, ou seja, aproximadamente 18% do setor nordeste (NE), 20% do

setor leste (E) e 25% do setor sudeste (SE).

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FIGURA 15 - Rosa dos Ventos cedida pela FEAM ilustrando o sentido preferencial dos ventos na região

do PMARG

A Estação da Praça Rui Barbosa faz investigações de vento por meio de um sensor

localizado à 10m do nível do solo, onde a altitude local é de 838 m. A posição desta Estação

em relação à sua vizinhança não é favorável para medição de ventos predominantes da região,

pois os dados sofrem a influência do vale e das construções vizinhas que apresentam grandes

alturas.

Desta forma também foram obtidas dados meteorológicos coletados na Estação

Meteorológica do CDTN, instalada no topo de uma região cuja elevação é de 857m, em uma

região com baixa ocupação urbana. Esta Estação foi projetada com fins de geração de dados

para estudos de dispersão de poluentes atmosféricos. O período utilizado foi de março de

2004 a março de 2009. Os resultados estão representados na rosa de ventos contida na FIG.

16. Estes dados confirmam o sentido preferencial dos ventos como oriundos do quadrante

leste. Nesta figura foi representado um vetor resultante que leva em consideração todos os

dados observados.

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Resultant Vector

83 deg - 60%

NORTH

SOUTH

WEST EAST

6%

12%

18%

24%

30%

WIND SPEED (m/s)

>= 11.1

8.8 - 11.1

5.7 - 8.8

3.6 - 5.7

2.1 - 3.6

0.5 - 2.1

Calms: 8.30%

FIGURA 16 - Rosa dos ventos obtida com dados referentes ao período de março de 2004 a março de 2009,

na Estação Meteorológica do CDTN

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6. RESULTADOS

A análise por ativação neutrônica permitiu quantificar os elementos químicos

presentes nas amostras de fungos liqueinizados na ordem de mg kg-1 a percentagem. Por

exemplo, Au, Co, Cs, Sb, Sc e Sm mostraram concentração a níveis de traço nos liquens

analisados enquanto que Al, Fe, K, Mg e Na apresentaram valores a nível de percentagem.

A TAB. 2 traz os resultados das análises dos materiais certificados das amostras de

liquens (IAEA⁄ Lichen-336) e de solo (IAEA⁄ Soil-7), mostrando a exatidão do método k0

utilizado para a determinação elementar das amostras.

Os resultados das análises das amostras da Primeira Coleta são apresentados na TAB.

3, os das amostras de liquens coletados da Segunda Coleta nas TAB. 4, 5 e 6 e os das

amostras de solo estão disponíveis no ANEXO C. Todos os elementos dispostos na tabela

foram detectados em pelo menos uma amostra. Naquelas em que não foi detectado o elemento

atribuiu-se o limite de detecção desse elemento. O valor do limite de detecção é determinado

para cada amostra pelo programa KayWin junto com a determinação da concentração da

amostra; ou seja, para todas as amostras é obtido um valor específico. Assumiu-se o limite de

detecção da amostra onde se obteve a menor concentração detectada no grupo. Os grupos de

amostras considerados foram os seguintes:

- liquens do Parque Municipal da Primeira Coleta,

- liquens do Parque das Mangabeiras da Primeira Coleta,

- borda do líquen (área 1) da Segunda Coleta,

- meio do líquen (área 2) da Segunda Coleta,

- centro do líquen (área 3) da Segunda Coleta,

- solo dos parques Municipal e Mangabeiras da Segunda Coleta.

Desta forma, o limite de detecção para um determinado elemento pode ser diferente

dependendo do grupo de amostras. Quando dentro do grupo a concentração de um elemento

não foi detectada em nenhuma amostra, foi assumido o menor limite de detecção das amostras

do grupo. Para a análise dos dados e confecção das planilhas estatísticas, apenas os elementos

detectados em mais de 50% das amostras de liquens foram utilizados. Desta forma, Al, As,

Au, Br, Ca, Cl, Co, Cr, Fe, Hf, K, La, Mg, Mn, Na, Sb, Sm, Th, U, W, V e Zn foram

utilizados nas análises da Primeira Coleta, e, Al, As, Au, Br, Cl, Co, Cr, Cs, Fe, K, La, Mg,

Mn, Na, Rb, Sb, Sc, Sm, V e Zn foram os elementos empregados no estudo da Segunda

Coleta.

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TABELA 2 - Concentração elementar, em mg kg-1, dos materiais de referência analisados

Elemento

IAEA⁄ Lichen - 336 IAEA ⁄ Soil - 7

Valor Certificado

(Intervalo de confiança

95%)

Valor

Experimental

X ± sx

a

Valor Certificado

(Intervalo de confiança

95%)

Valor

Experimental

X ± sx

a

Al 680 (570 - 790)* 932 ± 34 47000

(44000 – 51000)* 59050 ± 2044

As 0,63 (0,55 - 0,71) 0,7 ± 0,01 13,4 (12,5 – 14,2) 13,1 ± 1

Au NR 0,004 ± 0,0003 NR < 0,01

Ba 6,4 (5,3 - 7,5) 6 ± 1 159 (131 – 196)* 169 ± 21

Br 12,9 (11,2 – 14,6) 13 ± 1 7 (3 -10)* 6,5 ± 0,3

Ca NR 2914 ± 165 163000

(157000 – 174000)* < 100000

Ce 1,28 (1,11 – 1,45) 1,2 ± 0,1 61 (50 -63) 56 ± 2

Cl 1900 (1600 – 2200)* 1835 ± 53 NR NA

Co 0,29 (0,24 – 0,34) 0,3 ± 0,01 8,9 (8,4 – 10,1) 9,1 ± 0,3

Cr 1,06 (0,89 – 1,23) * 2,8 ± 0,2 60 (49 – 74) 72 ± 3

Cs 0,11 (0,097 – 0,123) 0,12 ± 0,01 5,4 (4,9 – 6,4) 5,4 ± 2

Eu 0,023

(0,019 – 0,027)* <0,04 1 (0,9 – 1,3) 1,1 ± 0,1

Fe 430 (380 – 480) 471 ± 18 25700

(25200 – 26300)* 26680 ± 938

Hf NR 0,064 ± 0,004 5,1 (4,8 – 5,5) 5,5 ± 0,2

K 1840 ± 200 1950 ± 75 12100

(11300 – 12700)* 10370 ± 421

La 0,66 (0,56 – 0,76) 0,64 ± 0,04 28 (27 – 29) 28 ± 1

Mn 63 (56 – 70) 64 ± 2 631 (604 – 650) 650 ± 42

Na 320 (280 – 360) 390 ± 10 2400 (2300 – 2500)* 2026 ± 121

Nd 0,60 (0,42 – 0,78)* < 3 30 (22 – 34) 33 ± 2

Rb 1,76 (1,54 – 1,98)* 1,9 ± 0,2 51 (47 – 56) 51 ± 3

Sb 0,073

(0,063 – 0,083) 0,077 ± 0,004 1,7 (1,4 – 1,8) 1,7 ± 0,1

Sc 0,17 (0,15 – 0,19)* 0,19 ± 0,01 8,3 (6,9 – 9,0) 9,1 ± 0,3

Sm 0,106

(0,092 – 0,120) 0,098 ± 0,004 5,1 (4,8 – 5,5) 4,1 ± 0,2

Ta NR 0,025 ± 0,002 0,8 (0,6 – 1,0) 0,69 ± 0,04

Th 0,14 (0,12 – 0,16) 0,15 ± 0,01 8,2 (6,5 – 8,7) 8,1 ± 0,3

U NR 2,6 ± 0,2 2,6 (2,2 – 3,3) 2,4 ± 0,1

V 1,47 (1,25 – 1,69)* 1,3 ± 0,1 66 (59 – 73) < 90

W NR < 0,1 NR < 1

Yb 0,037

(0,025 – 0,049)* 0,045 ± 0,002 2,4 (1,9 – 2,6) 2,4 ± 0,1

Zn 30,4 (27,0 – 33,8) 35 ± 1 104 (101 – 113) 104 ± 8

a

Média aritmética das concentrações e desvio padrão da média; * Valor informativo; NR, não reportado; NA,

não analisado

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TABELA 3 - Concentração elementar em mg kg-1 das amostras de liquens da Primeira Coleta

Elemento Parque Municipal Américo René Giannetti Parque das Mangabeiras

Região 1 Região 2 Região3 Região 4 Região 5 Região 6 Região 7 Região 8 Região 1 Região 2 Região 3

As 1,3 ± 0,1 3,2 ± 0,1 1,4 ± 0,1 1,6 ± 0,1 0,9 ± 0,1 1,8 ± 0,1 0,61 ± 0,04 1,4 ± 0,1 4,8 ± 0,2 6,9 ± 0,2 3,4 ± 0,1

Au 0,024±0,002 0,13 ± 0,01 0,51 ± 0,02 0,2 ± 0,01 0,015±0,001 0,030±0,002 0,010±0,001 0,026±0,001 0,016±0,001 0,028±0,001 0,014±0,001

Ba < 120 125 ± 19 < 120 < 120 < 120 < 120 < 120 < 120 64 ± 10 68 ± 4 50 ± 4

Br 8,6 ± 0,3 10,6 ± 0,4 20 ± 1 4,8 ± 0,2 3,8 ± 0,1 5,3 ± 0,2 6,3 ± 0,2 8,1 ± 0,3 7,8 ± 0,3 9,7 ± 0,3 10,6 ± 0,4

Ca < 6500 16610±2264 14290±2550 < 6500 < 6500 < 6500 < 6500 < 6500 < 2280 29750±1398 14870 ± 848

Ce < 5 12 ± 1 < 5 < 5 < 5 < 5 < 5 < 5 5,9 ± 0,4 7,9 ± 0,4 4,4 ± 0,3

Co < 1 2,3 ± 0,2 1,9 ± 0,3 2,2 ± 0,3 < 1 1,5 ± 0,3 < 1 1,8 ± 0,2 1,6 ± 0,1 2,3 ± 0,1 1,2 ± 0,1

Cr < 8 22 ± 2 < 8 9,1 ± 1,5 < 8 10 ± 2 < 8 < 8 19 ± 1 25 ± 1 14 ± 1

Cs < 0,4 < 0,4 < 0,4 < 0,4 < 0,4 < 0,4 < 0,4 < 0,4 < 0,4 0,5 ± 0,1 0,4 ± 0,1

Eu < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 0,01 0,11 ± 0,01 < 0,01

Fe 4325 ± 368 10770 ± 476 5208 ± 267 4537 ± 52 2205 ± 113 4793 ± 271 1849 ± 87 4220 ± 216 30550±1082 34130±1202 16470±590

Hf < 0,4 < 0,4 < 0,4 < 0,4 < 0,4 < 0,4 < 0,4 < 0,4 0,46 ± 0,04 0,65 ± 0,05 0,4 ± 0,1

K 415 ± 104 1220 ± 46 647 ± 29 750 ± 33 345 ± 17 936 ± 41 353 ± 15 612 ± 58 1212 ± 44 1412 ± 55 908 ± 34

La 2,1 ± 0,1 3,6 ± 0,1 1,6 ± 0,1 2,4 ± 0,1 0,80 ± 0,03 1,6 ± 0,1 0,65 ± 0,03 1,25 ± 0,05 2,7 ± 0,1 < 1 2,0 ± 0,1

Na 103 ± 4 94 ± 3 109 ± 4 116 ± 4 49 ± 2 133 ± 5 41 ± 1 107 ± 4 43 ± 2 37 ± 1 27 ± 1

Nd < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 558 ± 25 < 3

Sb 0,61 ± 0,03 1,28 ± 0,05 0,6 ± 0,1 0,49 ±0,03 0,37 ± 0,02 0,56 ± 0,03 0,21 ± 0,02 0,41 ± 0,02 0,57 ± 0,03 0,74 ± 0,03 0,34 ± 0,02

Sc 0,47 ± 0,03 1,01 ± 0,05 0,44 ± 0,03 0,50±0,03 0,24 ± 0,02 0,56 ± 0,04 0,21 ± 0,01 0,44 ± 0,02 1,12 ± 0,04 1,52 ± 0,05 0,75 ± 0,03

Sm 0,19 ± 0,01 0,44 ± 0,02 <0,03 0,19 ± 0,01 0,10 ± 0,01 0,19 ± 0,01 0,09±0,01 0,14 ± 0,01 0,39 ± 0,01 0,46 ± 0,02 0,25 ± 0,01

Ta < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 0,16 ± 0,02 < 0,1

Th 0,75 ± 0,01 1,3 ± 0,1 < 0,5 0,6 ± 0,1 0,7 ± 0,1 0,6 ± 0,1 < 0,5 0,7 ± 0,1 0,9 ± 0,1 1,4 ± 0,1 0,73 ± 0,05

U < 0,2 0,56 ± 0,04 < 0,2 < 0,2 0,3 ± 0,1 < 0,2 < 0,2 0,24 ± 0,04 0,38 ± 0,02 0,49 ± 0,02 0,25 ± 0,01

W < 0,5 0,9 ± 0,1 0,8 ± 0,1 < 0,5 0,56 ± 0,04 < 0,5 < 0,5 < 0,5 0,66 ± 0,03 0,71 ± 0,03 1,11 ± 0,05

Yb < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 0,22 ± 0,02 < 0,1 3 ± 1

Zn 99 ± 12 230 ± 18 142 ± 12 57 ± 10 54 ± 5 84 ± 12 52 ± 6 67 ± 8 58 ± 4 74 ±4 43 ± 3

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TABELA 4 - Concentração elementar em mg kg-1 das amostras de liquens da Segunda Coleta (borda do líquen, área 1)

Elemento CA12 CA13 CA14 CA15 CA16 CA17 CA18 CA19 CA20 CA21

Al 2413 ± 86 1804 ± 66 2645 ± 96 4588 ± 165 1973 ± 71 3111 ± 113 3679 ± 132 3520 ± 127 4738 ± 171 5215 ± 188

As 0,8 ± 0,1 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5

Au 0,008±0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 0,005±0,001 0,01 ±0,002 < 0,001 0,017±0,002 0,070±0,004 0,015±0,002

Br 1,5 ± 0,1 1,4 ± 0,1 1,7 ± 0,2 3,0 ± 0,3 0,9 ± 0,1 < 0,2 3,6 ± 0,2 1,7 ± 0,2 2,8 ± 0,2 3,1 ±0,2

Ce < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3

Cl < 53 1451 ± 102 1918 ± 151 2429 ± 194 1744 ± 112 1842 ± 142 1934 ± 149 1563 ± 128 2653 ± 196 2387 ± 194

Co 0,35 ± 0,03 0,3 ± 0,1 < 0,05 0,6 ± 0,1 < 0,05 < 0,05 0,4 ± 0,1 0,4 ± 0,1 0,5 ± 0,1 < 0,05

Cr 21 ± 1 30 ± 1 47 ± 2 54 ± 3 22 ± 1 39 ± 2 40 ± 2 41 ± 2 49 ± 2 57 ± 3

Cs < 0,05 0,23 ± 0,03 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,54 ± 0,05 < 0,05

Eu < 0,04 < 0,04 < 0,04 < 0,04 < 0,04 < 0,04 < 0,04 < 0,04 < 0,04 < 0,04

Fe 1417 ± 64 540 ± 72 424 ± 75 1913 ± 105 689 ± 50 567 ± 59 533 ± 55 1655 ± 141 1908 ± 103 1431 ± 111

Ga < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06

Hf < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08

K 5040 ± 189 4246 ± 161 4591 ± 228 5566 ± 276 3771 ± 144 2671 ± 116 4325 ± 206 4062 ± 166 4007 ± 166 4325 ± 182

La 0,58 ± 0,04 < 0,04 < 0,04 0,9 ± 0,1 < 0,04 < 0,04 < 0,04 0,6 ± 0,1 0,6 ± 0,1 < 0,04

Mg 1513 ± 121 1275 ± 130 < 700 < 700 874 ± 108 < 700 < 700 < 700 < 700 < 700

Mn < 1 15 ± 1 13 ± 1 30 ± 3 < 1 9 ± 1 29 ± 2 50 ± 3 30 ± 2 26 ± 2

Na 789 ± 28 998 ± 35 1453 ± 51 1763 ± 62 820 ± 29 1405 ± 49 1388 ± 49 1282 ± 45 1766 ± 62 1857 ± 65

Rb 17 ± 2 < 9 < 9 < 9 < 9 < 9 25 ± 4 < 9 < 9 < 9

Sb 0,36 ± 0,04 < 0,07 < 0,07 0,6 ± 0,1 < 0,07 < 0,07 < 0,07 < 0,07 0,5 ± 0,1 < 0,07

Sc 0,17 ± 0,01 0,07 ± 0,02 0,07 ± 0,01 0,22 ± 0,03 0,07 ± 0,01 0,07 ± 0,02 0,10 ± 0,01 0,18 ± 0,02 0,2 ± 0,01 0,14 ± 0,02

Sm 0,04 ± 0,01 < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 0,02 0,05 ± 0,01 < 0,02

Th 0,21 ± 0,04 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2

U < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06

V < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3

W < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2

Zn 66 ± 3 41 ± 2 45 ± 4 113 ± 6 42 ± 3 46 ± 4 69 ± 4 83 ± 5 87 ± 6 66 ± 5

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Continuação TAB. 4, Concentração elementar em mg kg-1 das amostras de liquens da Segunda Coleta (borda do líquen, área 1)

Elemento CA22 CA23 CA24 CA25 CA26 CA27 CA28 CA29 CA30 CA31

Al 3244 ± 117 2134 ± 77 4324 ± 155 566 ± 20 7367 ± 263 3303 ± 119 2582 ± 93 2637 ± 95 3176 ± 113 5464 ± 199

As < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 0,5 ± 0,1 < 0,5 < 0,5 < 0,5

Au < 0,001 < 0,001 0,030 ± 0,003 0,0020 ± 0,0004 0,06 ± 0,01 < 0,001 < 0,001 0,010 ± 0,001 < 0,001 < 0,001

Br 3,3 ± 0,2 2,3 ± 0,1 4,1 ± 0,3 0,33 ± 0,03 5,2 ± 0,3 1,8 ± 0,2 4,8 ± 0,2 2,9 ± 0,1 6,2 ± 0,2 2,3 ± 0,2

Ce < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3

Cl 2698 ± 196 1505 ± 101 3063 ± 263 333 ± 26 3359 ± 273 2567 ± 189 1784 ± 127 1655 ± 116 1865 ± 147 2560 ± 205

Co < 0,05 0,24 ± 0,05 < 0,05 < 0,05 0,8 ± 0,1 < 0,05 0,43 ± 0,05 0,3 ± 0,1 0,4 ± 0,1 0,6 ±0,1

Cr 53 ± 2 26 ± 1 67 ± 3 6,7 ± 0,3 81 ± 4 57 ± 3 33 ± 2 36 ± 2 43 ± 2 63 ± 5

Cs < 0,05 0,24 ± 0,02 < 0,05 < 0,05 0,6 ± 0,1 0,42 ± 0,05 < 0,05 0,34 ± 0,03 0,3 ± 0,04 < 0,05

Eu < 0,04 < 0,04 < 0,04 < 0,04 < 0,04 < 0,04 < 0,04 < 0,04 < 0,04 < 0,04

Fe 729 ± 52 502 ± 35 1668 ± 120 < 320 2893 ± 161 < 320 477 ± 41 713 ± 51 1414 ± 81 < 320

Ga < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06

Hf < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08

K 5707 ± 227 5193 ± 195 3503 ± 167 457 ± 21 3944 ± 187 2578 ± 105 3185 ± 135 8621 ± 323 5838 ± 321 4372 ± 196

La < 0,04 0,24 ± 0,04 1,0 ± 0,1 0,05 ± 0,01 0,5 ± 0,1 < 0,04 < 0,04 < 0,04 0,5 ± 0,1 < 0,04

Mg < 700 < 700 < 700 < 700 < 700 1745 ± 219 1350 ± 150 1821 ± 162 < 700 < 700

Mn < 1 11 ± 1 47 ± 3 3,8 ± 0,2 55 ±3 8 ± 1 19 ± 1 16 ± 1 24 ± 1 < 1

Na 1714 ± 61 968 ± 34 2378 ± 85 261 ± 9 2487 ± 88 1702 ± 60 1237 ± 44 1150 ± 40 1556 ± 55 1989 ± 71

Rb 36 ± 5 24 ± 2 < 9 < 9 < 9 <9 < 9 34 ± 4 26 ±4 < 9

Sb < 0,07 < 0,07 < 0,07 < 0,07 < 0,07 < 0,07 < 0,07 < 0,07 0,4± 0,1 < 0,07

Sc 0,08 ± 0,01 0,06 ± 0,01 0,20 ± 0,04 < 0,01 0,35 ± 0,03 0,07 ± 0,01 0,07 ± 0,01 0,09 ± 0,01 0,17 ± 0,02 0,10 ± 0,01

Sm < 0,02 < 0,02 0,10 ± 0,01 < 0,02 0,11 ± 0,01 < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 0,02

Th < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2

U < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06 < 0,06

V < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3

W < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2

Zn 59 ± 3 60 ± 3 114 ± 7 10 ± 1 99 ± 7 38 ± 4 47 ± 6 68 ± 4 73 ± 5 56 ± 8

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TABELA 5 - Concentração elementar em mg kg-1 das amostras de liquens da Segunda Coleta (meio do líquen, área 2)

Elemento CA12 CA13 CA14 CA15 CA16 CA17 CA18 CA19 CA20

Al 2406 ± 87 2910 ± 105 3159 ± 114 4385 ± 157 1950 ± 70 2776 ± 100 4826 ± 173 2980 ± 106 5287 ± 189

As 13 ± 1 5 ± 1 < 2 12 ± 3 5,7 ± 0,4 < 2 7 ± 1 9 ± 1 8 ± 1

Au 0,077 ± 0,004 0,015 ± 0,003 0,05 ± 0,01 0,04 ± 0,005 0,02 ± 0,002 0,04 ± 0,01 < 0,01 0,13 ± 0,01 0,14 ± 0,01

Br 10,7 ± 0,4 11 ± 1 6,7 ± 0,5 10 ± 1 5,7 ± 0,3 6 ± 1 32 ± 1 12 ± 1 17 ± 1

Ce < 5 < 5 < 5 < 5 < 5 < 5 < 5 < 5 < 5

Cl 924 ± 74 1473 ± 116 1860 ± 160 2279 ± 195 1346 ± 85 2002 ± 165 2207 ± 201 1292 ± 111 2727 ± 222

Co 0,59 ± 0,05 0,4 ± 0,1 < 0,1 0,9 ± 0,1 < 0,1 0,4 ± 0,1 < 0,1 0,51 ± 0,05 0,8 ± 0,1

Cr 23 ± 1 35 ± 2 60 ± 3 75 ± 3 19 ± 1 54 ± 3 60 ± 2 31 ± 2 65 ± 3

Cs 0,29 ± 0,03 0,32 ± 0,03 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 0,7 ± 0,1

Eu < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08

Fe 3675 ± 145 1304 ± 83 687 ± 123 2926 ± 168 1305 ± 66 1012 ± 79 1344 ± 112 3721 ± 173 3934 ± 196

Ga < 14 < 14 < 14 < 14 < 14 < 14 < 14 < 14 < 14

Hf < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5

K 380600±15300 298500±11860 249600±10790 296800±12830 274900±10490 125800± 6753 278200±12960 296100±11970 296800±13820

La 4,7 ± 0,2 2,2 ± 0,2 < 0,4 4,7 ± 0,4 1,3 ± 0,1 < 0,4 3,1 ± 0,4 2,9 ± 0,3 4,3 ± 0,3

Mg 1239 ± 115 1524 ± 162 < 600 < 600 875 ± 89 < 600 < 600 1101 ± 142 < 600

Mn 46 ± 2 20 ± 2 14 ± 1 33 ± 2 13 ± 1 13 ± 1 59 ± 3 66 ± 3 40 ± 3

Na 23416 ± 86 32525± 137 42749 ± 188 50912 ± 224 18605 ± 82 42883 ± 198 62204 ± 288 30279 ± 145 61778 ± 290

Rb 22 ± 2 22 ± 4 < 15 < 15 < 15 < 15 < 15 24 ± 3 < 15

Sb 0,65 ± 0,05 0,35 ± 0,05 < 0,2 1,0 ± 0,1 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 0,7 ± 0,1

Sc 0,36 ± 0,01 0,17 ± 0,01 0,12 ± 0,02 0,33 ± 0,02 0,12 ± 0,01 0,12 ± 0,02 0,23 ± 0,02 0,35 ± 0,02 0,39 ± 0,02

Sm 0,38 ± 0,02 0,17 ± 0,02 < 0,05 0,27 ± 0,03 0,1 ± 0,01 < 0,05 0,22 ± 0,03 0,2 ± 0,1 0,38 ± 0,03

Th 0,35 ± 0,05 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2

U < 1 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1

V < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3 1,5 ± 0,2 < 0,3 < 0,3 2,1 ± 0,3 < 0,3

W < 9 < 9 < 9 < 9 < 9 < 9 < 9 < 9 < 9

Zn 68 ± 4 36 ± 3 41 ± 4 118 ± 7 46 ± 3 37 ± 3 84 ± 6 77 ± 7 102 ± 7

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Continuação: TAB. 5, Concentração elementar em mg kg-1 das amostras de liquens da Segunda Coleta (meio do líquen, área 2) CA21 CA22 CA23 CA24 CA25 CA26 CA27 CA28 CA29 CA30 CA31

Al 5280 ± 189 2608 ± 94 1648 ± 60 3829 ± 278 6375 ± 231 5267 ± 188 3822 ± 139 1547 ± 55 1298 ± 46 3127 ± 113 5055 ± 183

As 9 ± 1 6 ± 1 5,3 ± 0,5 12 ± 1 10 ± 1 17 ± 1 < 2 4,0 ± 0,4 4,0 ± 0,4 6 ± 1 < 2

Au 0,07 ± 0,01 0,08 ± 0,01 0,020 ± 0,003 0,021 ± 0,004 0,07 ± 0,01 0,07 ± 0,01 0,08 ± 0,01 < 0,01 0,015 ± 0,002 < 0,01 0,033 ± 0,005

Br 19 ± 1 22 ± 1 6,9 ± 0,4 22 ± 1 26 ± 1 23 ± 1 14 ± 1 18 ± 1 11,5 ± 0,5 18 ± 1 16 ± 1

Ce < 5 < 5 < 5 < 5 < 5 < 5 <5 < 5 < 5 < 5 < 5

Cl 2646 ± 237 2010 ± 159 1239 ± 79 2482 ± 338 4508 ± 327 2900 ± 215 3224 ± 256 1254 ± 83 884 ± 59 1982 ± 153 3117 ± 241

Co 0,9 ± 0,1 < 0,1 0,23 ± 0,03 0,8 ± 0,1 < 0,1 1,9 ± 0,1 1,9 ± 0,1 0,36 ± 0,04 0,24 ± 0,03 < 0,1 1,7 ± 0,1

Cr 86 ± 5 61 ± 3 20 ± 1 37 ± 2 117 ± 7 67 ± 5 80 ± 6 18 ± 1 18 ± 1 56 ± 3 74 ± 3

Cs < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 0, ± 0,1 0,9 ± 0,1 0,27 ± 0,02 0,29 ± 0,02 < 0,1 < 0,1

Eu < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08

Fe 2699 ± 153 1332 ± 123 975 ± 51 3104 ± 139 1642 ± 174 5949 ± 261 6886 ± 316 1328 ± 86 1547 ± 64 1882 ± 106 1919 ± 123

Ga < 14 < 14 < 14 < 14 < 14 < 14 < 14 < 14 < 14 < 14 < 14

Hf < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5

K 322500±15280 338000±14290 289300±11330 < 10020 324800±17600 278100±13330 128600±9127 253500±10340 391700±14590 276900±12720 324500±28820

La 3 ± 1 < 0,4 1,4 ± 0,1 5,8 ± 0,3 < 0,4 6,6 ± 0,4 < 0,4 < 0,4 1,7 ± 0,1 1,9 ± 0,3 < 0,4

Mg <600 <600 900 ± 105 1098 ± 280 <600 <600 <600 1105 ± 99 1359 ± 92 <600 <600

Mn 36 ± 2 16 ± 1 14 ± 1 60 ± 9 42 ± 3 86 ± 6 12 ± 1 25 ± 1 21 ± 1 25 ± 1 24 ± 2

Na 65724±329 40655 ± 203 25212 ± 108 34988 ±174 85214 ± 460 53120 ± 286 73506 ± 353 23501 ± 115 18208 ± 78 45351 ± 231 63916 ± 473

Rb < 15 39 ± 5 27 ± 3 < 15 < 15 < 15 < 15 < 15 28 ± 2 < 15 < 15

Sb < 0,2 < 0,2 0,22 ± 0,03 1,1 ± 0,1 1,1 ± 0,2 1,5 ± 0,1 1,1 ± 0,3 0,39 ± 0,05 0,40 ± 0,03 < 0,2 < 0,2

Sc 0,30 ± 0,02 0,14 ± 0,01 0,10 ± 0,01 0,40 ± 0,02 0,20 ± 0,03 0,70 ± 0,04 0,80 ± 0,05 0,13 ± 0,01 0,20 ± 0,01 0,20 ± 0,02 0,20 ± 0,02

Sm 0,25 ± 0,03 0,16 ± 0,02 0,12 ± 0,01 0,40 ± 0,02 < 0,05 0,61 ± 0,03 < 0,05 0,10 ± 0,01 0,10 ± 0,01 0,20 ± 0,02 < 0,05

Th < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 0,8 ± 0,1 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2

U < 1 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1

V < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3 < 0,3 5 ± 0,5 < 0,3 1,3 ± 0,2 1,1 ± 0,1 < 0,3 < 0,3

W < 9 < 9 < 9 < 9 < 9 < 9 < 9 < 9 < 9 < 9 < 9

Zn 71 ± 6 53 ± 4 63 ± 3 100 ± 5 111 ± 10 124 ± 7 130 ± 8 42 ± 2 50 ± 2 65 ± 4 72 ± 5

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TABELA 6 - Concentração elementar em mg kg-1 das amostras de liquens da Segunda Coleta (centro do líquen, área 3)

Elemento CA12 CA13 CA14 CA15 CA16 CA17 CA18 CA19 CA20 CA21

Al 3193 ± 115 2066 ± 74 2617 ± 94 4324 ± 154 1511 ± 54 1454 ± 52 2205 ± 79 4958 ± 177 4363 ± 155 2606 ± 93

As 3,0 ± 0,1 0,9 ± 0,1 0,7 ± 0,1 1,8 ± 0,1 1,30 ± 0,05 1,03 ± 0,05 1,2 ± 0,1 2,9 ± 0,1 1,9 ± 01 1,4 ± 0,1

Au 0,012 ± 0,001 0,007 ± 0,001 0,020 ± 0,001 0,020 ± 0,001 0,040 ± 0,002 0,011 ± 0,001 0,010 ± 0,001 0,070 ± 0,003 0,060 ± 0,003 0,030 ± 0,001

Br 3 ± 0,1 2,6 ± 0,1 1,6 ± 0,1 3,0 ± 0,1 2,0 ± 0,1 1,3 ± 0,1 5,0 ± 0,2 5,0 ± 0,2 3,5 ± 0,1 3,5 ± 0,1

Ce < 4 < 4 < 4 < 4 < 4 < 4 < 4 < 4 < 4 < 4

Cl 710 ± 48 855 ± 61 1412 ± 108 1248 ± 111 1048 ± 56 1241 ± 76 978 ± 77 811 ± 99 1518 ± 156 1019 ± 120

Co 0,60 ± 0,04 0,50 ± 0,05 < 1 0,50 ± 0,05 0,30 ± 0,02 0,20 ± 0,03 0,30 ± 0,03 4,9 ± 0,2 1,2 ± 0,1 0,40 ± 0,03

Cr 19 ± 1 17 ± 1 29 ± 2 40 ± 2 14 ± 1 21 ± 1 18 ± 1 27 ± 2 28 ± 1 21 ± 2

Cs 0,40 ± 0,02 0,40 ± 0,02 < 0,06 0,30 ± 0,06 0,10 ± 0,01 < 0,06 0,50 ± 0,04 0,30 ± 0,02 0,6 ± 0,1 0,30 ± 0,02

Eu 0,040 ± ,004 0,03 ± 0,01 < 0,01 < 0,01 0,020 ± 0,002 < 0,01 < 0,01 0,040 ±0,003 0,04 ± 0,01 < 0,01

Fe 5278 ± 191 2336 ± 92 1148 ± 70 3869 ± 163 2745 ± 103 1411 ± 64 1461 ± 69 7591 ± 278 5242 ± 199 3245 ± 127

Ga 0,7 ± 0,1 < 0,6 < 0,6 < 0,6 < 0,6 < 0,6 < 0,6 1,0 ± 0,1 0,9 ± 0,1 < 0,6

Hf 0,30 ± 0,02 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 0,40 ± 0,04 < 0,2 < 0,2

K 8360 ± 296 6702 ± 250 4023 ± 147 2438 ± 102 5488 ± 197 2585 ± 94 6293 ± 226 6119 ± 221 5960 ± 213 5133 ± 196

La 2,0 ± 0,1 1,05 ± 0,05 0,60 ± 0,03 < 0,07 0,90 ± 0,03 0,50 ± 0,02 0,70 ± 0,04 1,9 ± 0,1 1,30 ± 0,05 1,00 ± 0,04

Mg 1276 ± 92 1193 ± 95 920 ± 128 < 350 706 ± 65 < 350 1260 ± 114 1117 ± 169 1767 ± 201 < 350

Mn 80 ± 3 32 ± 1 15 ± 1 47 ± 3 19 ± 1 14 ± 1 55 ± 2 < 10 53 ± 2 48 ± 2

Na 471 ± 16 700 ± 24 902 ± 32 1082 ± 38 355 ± 12 528 ± 19 851 ± 29 657 ± 24 791 ± 28 690 ± 24

Rb 22 ± 1 25 ± 3 < 6 < 6 14 ± 1 < 6 29 ± 3 28 ± 3 26 ± 3 17 ± 3

Sb 0,70 ± 0,04 0,40 ± 0,03 0,28 ± 0,05 0,50 ± 0,05 0,20 ± 0,02 0,20 ± 0,03 0,20 ± 0,02 0,80 ± 0,04 0,50 ± 0,03 0,30 ± 0,02

Sc 0,50 ± 0,02 0,30 ± 0,01 0,10 ± 0,02 0,40 ± 0,02 0,20 ± 0,01 0,20 ± 0,01 0,20 ± 0,01 0,70 ± 0,03 0,50 ± 0,02 0,30 ± 0,01

Sm < 0,02 0,01 ± 0,01 < 0,02 0,12 ± 0,01 0,080 ± 0,003 0,050 ± ,003 0,070 ± ,004 0,21 ± 0,01 0,10 ± 0,01 0,08 ± 0,01

Th 0,70 ± 0,04 0,20 ± 0,04 < 0,2 0,6 ± 0,1 0,30 ± 0,03 < 0,2 < 0,2 0,8 ± 0,1 0,60 ± 0,05 0,30 ± 0,05

U < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 0,2 ± 0,02 < 0,1 < 0,

V 4,8 ± 0,3 2,4 ± 0,2 < 0,2 4,6 ± 0,4 2,1 ± 0,2 2,2 ± 0,2 1,6 ± 0,2 5,1 ± 0,5 5,9 ± 0,5 < 0,2

W < 0,6 < 0,6 < 0,6 < 0,6 < 0,6 < 0,6 < 0,6 0,70 ± 0,05 < 0,6 < 0,6

Zn 82 ± 4 43 ± 2 32 ± 2 111 ± 5 42 ± 2 28 ± 2 64 ± 3 96 ± 4 67 ± 3 57 ± 3

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Continuação: TAB. 6, Concentração elementar em mg kg-1 das amostras de liquens da Segunda Coleta (centro do líquen, área 3

CA22 CA23 CA24 CA25 CA26 CA27 CA28 CA29 CA30 CA31

Al 1950 ± 70 2154 ± 77 2267 ± 81 4016 ± 146 9127 ± 327 2044 ± 73 811 ± 29 2507 ± 90 2692 ± 96 1330 ± 48

As 1,1 ± 0,1 1,9 ± 0,1 2,50 ± 0,01 7 ± 2 5,0 ± 0,2 0,5 ± 0,1 0,80 ± 0,05 1,00 ± 0,05 1,00 ± 0,05 0,60 ± 0,04

Au 0,020 ± 0,001 0,060 ± 0,003 0,060 ± 0,002 0,100 ± 0,003 0,20 ± 0,01 0,006 ± 0,001 0,010 ± 0,001 0,009 ± 0,001 0,010 ± 0,001 0,010 ± 0,001

Br 6,0 ± 0,2 2,0 ± 0,1 5,0 ± 0,2 15 ± 2 8,0 ± 0,3 4,0 ± 0,1 4,0 ± 0,1 4,0 ± 0,1 3,0 ± 0,1 2,0 ± 0,1

Ce < 4 < 4 < 4 < 4 6 ± 1 < 4 < 4 < 4 < 4 < 4

Cl 1153 ± 71 1096 ± 93 1622 ± 115 2310 ± 165 1793 ± 209 1587 ± 90 968 ± 58 876 ± 61 607 ± 52 1171 ± 57

Co 0,40 ± 0,03 0,40 ± 0,02 0,40 ± 0,03 0,6 ± 0,1 1,2 ± 0,1 0,30 ± 0,03 0,60 ± 0,03 0,40 ± 0,02 0,50 ± 0,02 0,20 ± 0,02

Cr 19 ± 1 15 ± 1 20 ± 1 40 ± 2 49 ± 2 29 ± 1 15 ± 1 17 ± 1 19 ± 1 21 ± 1

Cs 0,40 ± 0,04 0,20 ± 0,01 < 0,06 < 0,06 1,00 ± 0,05 0,20 ± 0,01 0,40 ± 0,02 < 0,06 0,30 ± 0,02 0,20 ± 0,02

Eu < 0,01 0,020 ± 0,004 0,040 ± ,004 0,10± 0,02 0,07 ± 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,020±0,003 < 0,01

Fe 2601 ± 123 2116 ± 84 4298 ± 160 3563 ± 171 10370 ± 289 645 ± 45 1749 ± 75 2660 ± 100 2839 ± 108 1337 ± 77

Ga < 0,5 < 0,5 0,7 ± 0,1 < 0,5 2,0 ± 0,2 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5

Hf < 0,2 < 0,2 0,25 ± 0,03 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2 < 0,2

K 6952 ± 264 4318 ± 156 5279 ± 192 19450 ± 732 5469 ± 198 1743 ± 75 5055 ± 191 6177 ± 233 5696 ± 228 7443 ± 269

La 0,90 ± 0,04 0,80 ± 0,03 1,8 ± 0,1 3 ± 1 3,2 ± 0,1 < 0,1 0,60 ± 0,03 0,80 ± 0,03 0,90 ± 0,03 0,50 ± 0,02

Mg 740 ± 79 < 350 < 350 < 350 < 350 1054 ± 161 924 ± 114 1356 ± 99 976 ± 92 1256 ± 71

Mn 21 ± 1 22 ± 1 48 ± 2 68 ± 4 145 ± 6 16 ± 1 27 ± 2 33 ± 1 34 ± 1 16 ± 1

Na 565 ± 20 800 ± 28 559 ± 20 2054 ± 84 1458 ± 51 1335 ± 48 770 ± 28 619 ± 22 645 ± 22 629 ± 22

Rb 40 ± 3 20 ± 2 < 6 < 6 < 6 < 6 < 6 28 ± 2 24 ± 2 33 ± 3

Sb 0,40 ± 0,03 0,30 ± 0,02 0,70 ± 0,05 < 0,1 < 0,1 < 0,1 0,20 ± 0,01 < 0,1 0,30 ± 0,02 < 0,1

Sc 0,20 ± 0,01 0,30 ± 0,01 0,40 ± 0,01 0,40 ± 0,02 1,00 ± 0,04 0,10 ± 0,01 0,20 ± 0,01 0,30 ± 0,01 0,30 ± 0,01 0,10 ± 0,01

Sm 0,070 ±0,004 0,08 ± 0,01 0,20 ± 0,01 0,70 ± 0,01 0,34 ± 0,02 < 0,02 0,060 ±0,003 0,080 ±0,004 0,090 ±0,003 0,050 ± 0,003

Th < 0,2 0,30 ± 0,03 0,51 ± 0,04 < 0,2 1,1 ± 0,1 < 0,2 < 0,2 < 0,2 0,30 ± 0,04 < 0,2

U < 0,1 < 0,1 0,20 ± 0,03 < 0,1 0,5 ± 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1

V 2,9 ± 0,2 2,7 ± 0,3 3,0 ± 0,3 3,6 ± 0,5 13 ± 1 < 0,2 < 0,2 2,9 ± 0,2 2,4 ± 0,2 1,1 ± 0,1

W < 0,6 < 0,6 < 0,6 < 0,6 0,72 ± 0,01 < 0,6 < 0,6 < 0,6 < 0,6 < 0,6

Zn 43 ± 2 74 ± 3 114 ± 4 151 ± 31 147 ± 9 32 ± 2 35 ± 2 48 ± 2 52 ± 3 37 ± 2

60

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Com a finalidade de comparar os resultados obtidos neste estudo com trabalhos

anteriores, foi construída a TAB. 7. Esta dispõe a faixa de concentração (o menor e o maior

valor) obtida por elemento nas análises de liquens epifíticos coletados em 8 pontos da Região

Metropolitana de São Paulo (resultados da publicação SAIKI et al, 2007) e, o intervalo que

compreende os resultados do presente trabalho para os liquens coletados nas 8 regiões do

PMARG durante a Primeira Coleta, em Belo Horizonte. O estudo realizado em São Paulo

executou o mesmo procedimento de coleta e aplicou o mesmo método de análise. Observa-se,

que, de forma geral, as concentrações obtidas neste trabalho são da mesma ordem de grandeza

daquelas obtidas no artigo publicado. As diferenças encontradas possivelmente são devidas,

entre outros fatores, ao tipo e idade dos liquens epifíticos analisados.

TABELA 7 - Intervalo das concentrações elementares, em mg kg-1, obtidas em liquens epifíticos coletados

na Região Metropolitana de São Paulo e no Parque Municipal, na Primeira Coleta

Região Metropolitana de São Paulo* Parque Municipal Américo René Giannetti (Primeira Coleta)

As 0,92 – 1,95 0,61 – 3,20 Au NR 0,01 – 0,51 Ba 20 – 92 <120 – 125 Br 4,1 – 17,2 5,3 – 20,0 Ca 26900 – 61200 <6500 – 16610 Ce NR <5 – 12 Cd 1,05 – 9,00 NA Cl 339 – 629 NA Co 0,61 – 1,82 <1,0 – 2,3 Cr 5,85 – 41,70 <8 – 22 Cs 0,24 – 0,68 <0,4 Fe 2237 – 6027 1849 – 10770 K 2399 – 6096 345 – 1220 La 3,2 – 9,6 0,65 – 3,60 Mn 39,6 – 102,0 NA Na 173 – 725 41 – 116 Rb 9,3 – 20,0 NA Sb 0,7 – 2,2 0,21 – 1,28 Sc 0,59 – 1,19 0,21 – 1,01 Se 0,15 – 0,47 NA Zn 115,3 – 235,0 52 – 230

* Adaptado do artigo SAIKI et al, 2007; NR, não reportado; NA, não analisado

61

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7. ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO

A avaliação dos dados obtidos nas análises dos liquens e dos solos foi efetivada por

meio de três procedimentos:

i) Cálculo de Fatores de Enriquecimento (FE): que visou quantificar a contribuição

antropogênica presente nas amostras, considerando, em linhas gerais que, quanto maior a

contribuição antropogênica, maior a poluição atmosférica do local estudado.

O fator de enriquecimento (FEs) foi introduzido na década de 70 (ZOLLER et al,1974;

DUCE et al, 1975) desde então, tem sido amplamente utilizado em pesquisas ambientais a fim

de estudar a origem dos elementos presentes na atmosfera de determinada região. Em outras

palavras, o cálculo de tais fatores pretende identificar e quantificar a interferência humana nos

ciclos globais de elementos (ADAMO et al, 2008; BERGAMASCHI et al, 2004; RIZZIO et

al, 2001; JERAN et al, 2003; REIMANN and CARITAT, 2000, 2005). Após o cálculo do

fator, os resultados devem ser interpretados visando a comparação dos valores de FE de uma

área específica, e não através da determinação de um valor de corte, já que diversos processos

biogeoquímicos podem influenciar a transferência de elementos nos ciclos naturais,

influenciando o cálculo (REIMANN and CARITAT, 2005).

Conforme comentado em capítulo anterior, o cálculo do FE de um elemento específico

‘x’ é obtido dividindo-se a concentração obtida de tal elemento, Cx, pela concentração do

elemento de referência (ou elemento normalizador, ‘n’), Cn, em seguida divide-se esse

resultado pela constante Cx/Cn, que se refere às concentrações de ‘x’ e ‘n’ presentes no

ambiente, ou seja, na crosta terrestre. O resultado é a seguinte equação:

FE(x) = Cx/Cn (amostra) : Cx/Cn (ambiente)

De acordo com Reimann e Caritat (2000, 2005), assume-se que a razão Cx/Cn é

constante e/ou similar para ‘amostra’ e ‘ambiente’, durante processos naturais, mas sofre

alterações se a concentração de um elemento é aumentada (ou enriquecida) por via

antropogênica. Utilizando-se a equação, esta alteração é constatada quando o resultado da

razão Cx/Cn para a amostra tem valores superiores à razão Cx/Cn do ambiente, resultando

num valor final maior que 1. Desta forma, independente dos valores de concentração

medidos, este cálculo pode ser usado para diferenciar fontes geogênicas ou antropogênicas,

sendo que, quanto mais distantes os valores de FE forem de 1, maior a indicação do elemento

ter origem antropogênica.

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ii) Métodos de Estatística Multivariada e outros: que visou identificar prováveis fontes de

emissão, verificar se há variação de indicação de poluição dentro da área do Parque

Municipal, se há influências das áreas do líquen na alocação de elementos no talo, e outras

possíveis correlações entre os dados. Para as análises estatísticas fez-se uso do programa

PASW Statistics 18.

A análise de dados através de métodos de estatística multivariada têm sido aplicada em

diversas áreas com o intuito de estudar dados complexos, onde várias variáveis são medidas

simultaneamente. Na área ambiental, devido à alta variabilidade dos dados de poluição -

originada por influências geogênicas, hidrológicas, sazononais e antrópicas – métodos de

estatística multivariada são utilizados na interpretação destes dados, a fim de conservar tais

informações (JERAN et al, 2007; KNUPP, 2007).

A estatística multivariada foi introduzida devido à limitação da univariada para o

tratamento estatístico de dados que apresentam diversas variáveis, muitas vezes

correlacionadas entre si, tornando a análise bastante complexa (JOHNSON, 1998). No

entanto, a aplicação da estatística multivariada somente foi possível devido ao avanço da

tecnologia computacional, e, atualmente, seus métodos são utilizados com diversos

propósitos, entre eles:

- simplificar ou facilitar a interpretação de fenômenos através da construção de índices ou

variáveis alternativas que sintetizem a informação original dos dados;

- construir grupos de elementos amostrais que apresentem similaridade entre si, possibilitando

a segmentação do conjunto de dados original;

- investigar as relações de dependência entre as variáveis, muitas vezes, com objetivos de

predição;

- comparar populações ou validar suposições através de testes de hipóteses (MINGOTI,

2005).

Com vistas à sintetização da estrutura de variabilidade dos dados obtidos, algumas

técnicas exploratórias da estatística multivariada, tais como análise de agrupamento (‘cluster’)

e análise de correlação foram utilizadas no presente trabalho. Métodos de inferência

estatística, tais como verificação de normalidade e análises de variância (ANOVA e Kruskal-

Wallis) foram também aplicados com o intuito de estudar os dados obtidos.

iii) Mapas de distribuição de elementos: a fim de observar as regiões do PMARG com

maior indicação de poluição, considerando alguns elementos químicos.

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7.1 FATOR DE ENRIQUECIMENTO

No presente estudo, a fórmula anteriormente descrita foi aplicada considerando em

‘amostra’ as concentrações obtidas na análise dos fungos liqueinizados, e, em ‘ambiente’, as

concentrações das amostras de solo coletadas (disponíveis no ANEXO C). Portanto, foi

possível distinguir os elementos que possivelmente foram originados do solo local, de outras

fontes.

O elemento normalizador, dentre os elementos usualmente utilizados, Al, Sc, Ti e Zr

(BERGAMASCHI et al, 2004; RIZZIO et al, 2001), foi selecionado considerando aqueles

comuns às amostras de solo e líquen, no caso, Al e Sc. Sabendo que o elemento normalizador

deve apresentar baixa variabilidade, o coeficiente de variação (CV) (LOSKA et al ,1997;

REIMANN and CARITAT, 2005) destes dois elementos foi calculado. O Sc foi então

selecionado como elemento normalizador por apresentar o menor valor de CV.

Desta forma, para calcular, por exemplo, o FE do elemento cloro na Primeira Coleta

primeiro calculou-se a média aritmética das concentrações de Cl e Sc nas amostras de liquens

desta coleta e, também as médias de Cl e Sc nas amostras de solo do PMARG. Em seguida,

dividiu-se a média da concentração de Cl dos liquens pela média da concentração de Sc dos

liquens. O valor obtido foi, então, dividido pela razão entre a média da concentração de Cl e

de Sc do solo local. A equação representa o que foi feito:

FE(Cl) = CCl/CSc (liquens) : CCl/CSc (solo local)

De acordo com a ocorrência de elementos comuns às amostras de líquen e solo - o que

vem a possibilitar o cálculo do FE - foram escolhidos os elementos a serem analisados. Para a

aplicação da fórmula de cálculo dos fatores de enriquecimentos foi calculada a média

aritmética dos elementos de interesse em cada amostra.

Inicialmente, foram calculados os fatores a partir dos dados da Primeira Coleta (TAB.

8). No Parque Municipal foi possível estimar os valores para Al, As, Br, Co, Fe, K, La, Mn,

Na, Sb, Sc, V e Zn. Já com os dados do Parque das Mangabeiras, 19 elementos foram comuns

às amostras de solo: Al, As, Br, Ce, Co, Cr, Fe, Hf, K, La, Mn, Na, Sb, Sc, Sm, Th, U, W e V.

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TABELA 8 - Fatores de Enriquecimento das amostras de liquens da Primeira Coleta

FE's

Municipal

FE's

Mangabeiras

Al 0,8 1

As 0,5 0,3

Br 6 3

Ce - 2

Co 5 1

Cr - 2

Fe 1 0,4

Hf - 1

K 0,1 0,05

La 0,8 0,3

Mn 7 0,5

Na 0,1 0,02

Sb 3 0,9

Sc 1 1

Sm - 0,4

Th - 1

U - 0,4

W - 0,5

V 0,7 0,8

Zn 12 -

Observa-se, de forma geral, que das amostras do Parque das Mangabeiras, 15

elementos apresentam valores de FE iguais ou menores que 1, quando comparado aos valores

obtidos para o Parque Municipal. A FIG. 17 ilustra tal diferença:

FIGURA 17 - Valores de FE para os elementos comuns às amostras do Parque Municipal e do Parque das

Mangabeiras na Primeira Coleta

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Os baixos valores dos fatores de enriquecimento iguais ou menores que 1, a presença

de terras-raras (Ce e Sm), e o número maior de elementos comuns às amostras de líquen e

solo, indicam maior contribuição do solo nas concentrações dos elementos amostras de

liquens do Parque das Mangabeiras do que nas amostras do Parque Municipal. Por outro

lado, os FE’s do Parque Municipal destacam-se com os valores mais elevados. Br, Co, Mn, Sb

e Zn são os elementos com os maiores valores de FE, sendo possível, desta forma, relacioná-

los à fontes antropogênicas. Considerando que quanto mais distantes os valores de FE forem

de 1, maior a indicação do elemento ter origem antropogênica. Assim, o elemento Zn destaca-

se por apresentar o maior fator de enriquecimento dentre todas as amostras (ver TAB. 8), o

que confirma seu caráter de traçador de poluição veicular (FUGA et al, 2007; CARRERAS et

al, 2009b).

Para a Segunda Coleta, os cálculos foram realizados considerando as áreas em que as

amostras de liquens foram seccionadas, da área mais jovem (área 1) à mais antiga (área 3). Da

mesma forma que para a Primeira Coleta, foram selecionados os elementos comuns às

amostras de liquens e solo. Além disso, dentre estes elementos comuns, os que apresentaram

mais de 50% dos valores iguais aos limites de detecção foram descartados. Para a área 1 os

fatores foram calculados para 9 elementos, para área 2, 12 elementos e para a área 3 um total

de 15 elementos. A TAB. 9 mostra os fatores de enriquecimento das amostras da Segunda

Coleta.

TABELA 9 - Fatores de Enriquecimento das amostras da Segunda Coleta

FE's da Segunda Coleta

Área 1 Área 2 Área 3

Al 2 1 0,9

As - 3 0,8

Br 8 21 4

Co 4 3 3

Cs - - 49

Fe 1 1 1

K 2 101 1

La - 1 0.7

Mn 3 2 2

Na 7 98 1

Rb - - 16

Sb - 5 2

Sc 1 1 1

V - - 1

Zn 30 16 11

- , valores não calculados (elementos detectados em menos de 50% das amostras)

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67

Na tabela acima, Br, Cs, K, Na, Rb e Zn apresentam os maiores valores de FE, assim,

os resultados sugerem que houve influência antrópica na concentração dos elementos. Alguns

elementos não tiveram o FE calculado em todas as áreas, isso deve-se à presença de poucos

valores acima do limite de detecção. Para os elementos com fatores calculados nas três áreas,

é possível observar alguns com diferenças notáveis. Neste sentido, a área 2 destaca-se,

comparativamente, com altos valores de FE . Elementos como Na e K apresentam FE’s até

100 vezes maiores do que nas áreas 1 e 3. Este fato reflete a diferença nas concentrações

destes elementos entre as áreas, o que possível verificar nas TAB. 4, 5, 6, e sugere que esta

fração do talo apresenta intensa atividade metabólica, uma vez que estes elementos são

essenciais e reportados como responsáveis por processos de trocas iônicas (FUGA, 2006;

NASH III, 2008).

A partir do cálculo dos fatores de enriquecimento, observa-se que Br, Cs, K, Na, Rb e

Zn foram identificados em ambas coletas, como elementos enriquecidos, que denotam

interferência humana na concentração dos elementos nos fungos liqueinizados amostrados. A

provável via destes elementos para o meio ambiente foi pesquisada, o que resultou no

seguinte quadro:

TABELA 10 - Origens prováveis dos elementos que apresentaram os maiores valores de FE

Elemento Origens prováveis Referências

Br Emissões veicular e industrial; partículas de

minérios Carreras et al, 2009b; Dias da Cunha et al,

2004; Fuga et al, 2007 Cs Poeira de solo; erosão de rochas Fuga et al, 2007

K Partículas orgânicas transportadas pelo ar;

fertilizantes; poeira do solo Dias da Cunha et al, 2004; Fuga et al, 2007;

Yenisoy-Karakas & Tuncel, 2004

Na Fertilizantes; poeira do solo Fuga et al, 2007; Yenisoy-Karakas & Tuncel,

2004 Rb Poeira de solo; erosão de minerais Fuga et al, 2007

Zn Emissões industriais; desgaste e queima de pneus;

detritos de esgoto; poeira do solo Carreras et al, 2009b ; Dias da Cunha et al,

2004; Fuga et al, 2007

De acordo com a TAB. 10, além do efeito do tráfego de veículos (Br e Zn), a poeira do

solo surge como via provável para todos elementos. É importante lembrar que o cálculo foi

realizado com os valores de solo da região em estudo, Parque das Mangabeiras ou Parque

Municipal, assim, caso estes elementos tivessem sua origem no solo local, provavelmente

seus fatores de enriquecimento denotariam maior influência geogênica. Em outras palavras, o

enriquecimento das amostras com elementos de origem no solo pode estar relacionado a

processos de dispersão de poluentes, considerando principalmente fatores como incidência de

ventos e localização de prováveis fontes emissoras destes elementos. Isso porque, conforme

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68

analisado no Capítulo 5, o Parque Municipal recebe, preferencialmente, ventos da direção

leste. Considerando uma macrorregião, é na região leste de Belo Horizonte que estão

localizados diversos empreendimentos minerários. Por exemplo, a cava de mineração mais

próxima do Parque das Mangabeiras (localizado no limite da cidade) está distante apenas

1 km. Assim, sabendo que:

- mecanismos de transporte de poluentes a longas distâncias podem ser eventualmente

responsáveis por transportar elementos aos pontos de coleta (BERGAMASCHI et al, 2004),

- que, em locais onde o solo é exposto à erosão pelo vento a poeira do solo pode representar

uma importante fonte de elementos para liquens (BARGAGLI, 1995; LOPPI et al, 1999) e,

- a localização da mineração em relação à direção preferencial dos ventos da região,

pode-se concluir que o material particulado emitido na forma de poeira pelas atividades

minerárias pode ter contribuído como fonte antrópica desses elementos.

7.2 MÉTODOS DE ESTATÍSTICA MULTIVARIADA E OUTROS

7.2.1 ANÁLISE DE CLUSTER

A análise de cluster é um método de agregação, também conhecido como análise de

agrupamento, que permite, a partir da representação em dendogramas, observar similaridades

entre os dados. Tem um propósito explanatório, sendo que o mesmo grupo de dados pode ser

estudado de diversas maneiras. No dendograma, o eixo y exibe os índices dos objetos

agrupados, enquanto o x representa a correspondente distância de ligação, uma medida da

similaridade entre os objetos analisados (JOHNSON, 1998).

Tendo como base de dados a Primeira Coleta, onde amostras foram retiradas do

PMARG e do Parque das Mangabeiras, tal análise foi empregada a fim de agrupar as

diferentes regiões e locais de coleta segundo similaridades no que se refere às concentrações

dos elementos químicos determinados (FIG. 18).

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69

Observando a seqüência em que os locais de coleta foram dispostos, a FIG. 18 mostra

que, de forma geral, as amostras do Parque Municipal se diferenciam das amostras do Parque

das Mangabeiras. Este fato indica que as concentrações dos elementos nos liquens do parque

da região central da cidade (PMARG) são diferentes das concentrações obtidas no outro

parque, considerado não-poluído (Pq Man.).

No entanto, as amostras da região 3 do Parque das Mangabeiras apresentam maior

similaridade com as das regiões 2 e 3 do Municipal. Isso pode ser explicado devido à sua

localização: próxima à praça do Parque (conhecida como Praça das Águas) onde encontra-se

o estacionamento e o centro administrativo deste, local de grande movimento de veículos

internos e próxima ao tráfego dos veículos externos. O agrupamento das regiões 2 e 3 do

Parque Municipal também é fato interessante, já que estas regiões estão localizadas nos

limites deste com a Avenida do Andradas. Nestas regiões, muitos dos ipês em que os liquens

foram coletados estão a poucos metros ou no exato limite do Parque, são regiões bastante

expostas e diferentes da região 1, que apesar de localizar-se próxima à borda, não apresenta

ipês tão próximos à via de tráfego (ver FIG. 4). Ainda, analisando as concentrações dos

elementos das amostras desta coleta (TAB. 3) é possível notar que a região 2 apresenta 87,5%

dos elementos com os maiores valores. Para exemplificar esta tendência, a FIG. 19 compara a

contribuição da concentração elementar dos liquens retirados na Primeira Coleta por região do

0 1000 2000 3000 4000 5000Distâncias

Região1/PMARG

Região 2/PMARG

Região 3/PMARG.

Região 4/PMARG.

Região 5/PMARG.

Região 6/PMARG.

Região 7/PMARG.

Região 8/PMARG.

Região 1/Pq Man.

Região 2/Pq Man.

Região 3/Pq Man.

FIGURA 18 - Dendograma das regiões amostradas na Primeira Coleta

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70

PMARG. As regiões 2 e 3 apresentam os maiores valores. Estes resultados parecem refletir a

localização e condições das regiões amostradas.

FIGURA 19 – Concentração de V, U, Th, Sb, La, Cr, Co, Br e As por região amostrada na Primeira

Coleta no Parque Municipal

A partir dos dados da Segunda Coleta a análise de cluster objetivou observar o

agrupamento das amostras quanto a similaridades entre as áreas 1, 2 e 3 em que as amostras

foram seccionadas no que concerne às concentrações dos elementos químicos determinados.

A FIG. 20 demonstra que o dendograma não agrupou as partes do mesmo talo liquênico: a1

(borda), a2 (meio) e a3 (centro), conforme destaca, como exemplo, a amostra CA 12 marcada

em vermelho. No entanto é possível observar similaridade entre as áreas 1 e 3, distinguindo da

área 2, isso devido à proximidade entre as amostras da a2 em oposição as amostras referentes

à a1 e a3. Concluindo, com relação à concentração de elementos, as áreas do talo de diferentes

espécimes apresentam maior similaridade entre si do que entre as áreas de cada espécime.

Ainda, diferenciação da área 2 reforça a constatação anterior, supondo ser esta fração do talo

metabolicamente mais ativa que as outras.

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71

0

100000 200000 300000 400000 500000 600000 700000

Distâncias

CA 12 (a1)

CA 12 (a2)

CA 12 (a3)

CA 13 (a1)

CA 13 (a2)

CA 13 (a3)

CA 14 (a1)

CA 14 (a2)

CA 14 (a3)

CA 15 (a1)

CA 14 (a2)

CA 15 (a3)

CA 16 (a1)

CA 14 (a2)

CA 16 (a3)

CA 17 (a1)

CA17 (a2)

CA 17 (a3)

CA 18 (a1)

CA 18 (a2)

CA 18 (a3)

CA 19 (a1)

CA 19 (a2)

CA 19 (a1)

CA 20 (a1)

CA 20 (a2)

CA 20 (a3)

CA 21 (a1)

CA 21 (a2)

CA 21 (a3)

CA 22 (a1)

CA 22 (a2)

CA 22 (a3)

CA 23 (a1)

CA 23 (a2)

CA 23 (a3)

CA 24 (a1)

CA 24 (a2)

CA 24 (a3)

CA 25 (a1)

CA 25 (a2)

CA 25 (a3)

CA 26 (a1)

CA 26 (a2)

CA 26 (a3)

CA 27 (a1)

CA 27 (a2)

CA 27 (a3)

CA 28 (a1)

CA 28 (a2)

CA 28 (a3)

CA 29 (a1)

CA 29 (a2)

CA 29 (a3)

CA 30 (a1)

CA 30 (a2)

CA 30 (a3)

CA 31 (a1)

CA 31 (a2)

CA 31 (a3)

FIGURA 20 - Dendograma obtido por meio da análise de cluster para das amostras da Segunda Coleta considerando as áreas 1, 2 e 3 dos liquens

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72

7.2.2 ANÁLISE DE CORRELAÇÃO

Dados são ditos correlacionados quando as variáveis estão relacionadas através de uma

equação linear. O cálculo do coeficiente de correlação de Pearson foi utilizado para a

avaliação da relação entre as variáveis contínuas (elementos químicos determinados). Nesta

análise, os coeficientes de correlação apresentam valores que variam de 1 a -1; onde, o valor 0

indica que as duas variáveis não dependem linearmente uma da outras, 1 significa uma

correlação perfeitamente linear e na mesma direção e, o valor -1 indica, também, uma

correlação perfeita, mas com inclinação negativa (direções opostas) (MINGOTI, 2005).

Para a aplicação da análise de correlação de Pearson foram utilizados os dados de

concentrações obtidas nas amostras da área 2 dos liquens da Segunda Coleta. Isso porque,

conforme comentado anteriormente, a área 2 destaca-se com altas concentrações de elementos

essenciais. Desta forma, a correlação entre os elementos químicos identificados nesta área

pode refletir reações metabólicas importantes para o funcionamento do líquen.

A matriz de correlação de Pearson (TAB.10) possibilita verificar que existe forte

correlação entre os seguintes elementos: Al-Na (0,897), Al-Cr (0,872), Al-Cl (0,881), As-Sm

(0,847), As-Mn (0,807), As-La (0,850), Cr-Cl (0,919), Cs-Fe (0,801), Mn-Sm (0,804), Na-Cr

(0,955), Na-Cl (0,927), Sb-Zn (0,839), Sc-Zn (0,819) Sc-Fe (0,979), Sm-La (0,955).

Essas correlações sugerem a origem dos elementos, uma vez que todos os elementos

com coeficientes de correlação próximos a 1 podem estar associados a fontes geogênicas ou

relacionados às emissões industriais e/ou veiculares (BERGAMASCHI et al, 2004;

BOUÇAS, 2009; DIAS DA CUNHA et al, 2004; FUGA et al, 2007; YENISOY-KARAKAS

& TUNCEL, 2004). Isso porque, de acordo com os autores, elementos como Al, As, Cs, Fe,

La, Mn, Na, Sc e Sm denotam contribuição geogênica, ou seja, são elementos de solo. Por

exemplo, o maior coeficiente de correlação de Pearson obtido (0,979) demonstra que Fe e Sc

estão fortemente relacionados. O Sc é utilizado como elemento de referência recorrente em

cálculos de fatores de enriquecimento, inclusive neste trabalho, e apresenta baixa significância

metabólica para liquens (BERGAMASCHI et al, 2004). Isso significa que o Fe está

fortemente relacionado ao material particulado de origem geogênica. Lembrando ainda, a

localização de Belo Horizonte nos limites do Quadrilátero Ferrífero - onde a extração mineral

é atividade econômica marcante e elementos como Fe e As são característicos (MENEZES et

al, 2006b;) – ainda, a composição natural do solo brasileiro, rico em terras raras, como o Sm

(FRANÇA et al, 2002), a alta representatividade de elementos de solo de tais correlações

demonstram coerência.

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73

Já as correlações entre Cl, Cr, Sb e Zn apontam para outra fonte provável de

contribuição para a composição elementar dos liquens do centro da cidade, que são as

emissões industriais e/ou automotivas (BERGAMASCHI et al, 2004; BOUÇAS, 2009; DIAS

DA CUNHA et al, 2004; FREITAS et al, 2000; FUGA, 2006). Devido à localização do

Parque Municipal, supõe-se que as emissões veiculares sejam mais representativas que as

industriais. No entanto, apesar de não existirem indústrias no local de estudo, a Região

Metropolitana de Belo Horizonte, através de mecanismos de transporte de poluentes, pode

estar contribuindo com possíveis emissões industriais relacionadas a estes elementos.

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TABELA 11 - Matriz de correlação de Pearson

Zn V Sm Sc Sb Rb Na Mn Mg La K Fe Cs Cr Co Cl Br Au As Al

Al 0,688 0,033 0,294 0,433 0,472 -0,507 0,897 0,484 -0,597 0,293 0,234 0,362 0,215 0,872 0,453 0,881 0,593 0,366 0,389 1

As 0,561 0,467 0,847 0,430 0,594 -0,083 0,071 0,807 0,024 0,850 -0,260 0,445 0,085 0,134 0,215 0,170 0,355 0,254 1

Au 0,397 0,138 0,272 0,472 0,251 0,127 0,325 0,303 -0,230 0,197 -0,074 0,547 0,429 0,327 0,290 0,272 0,018 1

Br 0,445 0,094 0,326 0,240 0,291 -0,119 0,544 0,559 -0,292 0,219 0,023 0,160 0,075 0,465 0,101 0,545 1

Cl 0,678 -0,046 0,022 0,432 0,558 -0,454 0,927 0,215 -0,651 -0,016 0,224 0,336 0,273 0,919 0,451 1

Co 0,630 0,355 0,365 0,785 0,575 -0,336 0,424 0,300 -0,252 0,335 0,395 0,791 0,638 0,345 1

Cr 0,578 -0,143 -0,052 0,345 0,398 -0,369 0,955 0,124 -0,742 -0,075 0,179 0,250 0,168 1

Cs 0,539 0,316 0,310 0,808 0,611 -0,170 0,301 0,141 -0,097 0,230 -0,142 0,801 1

Fe 0,772 0,422 0,543 0,979 0,725 -0,212 0,336 0,476 -0,139 0,507 -0,102 1

K -0,047 -0,088 -0,229 -0,139 -0,213 -0,073 0,215 -0,107 -0,148 -0,231 1

La 0,504 0,409 0,955 0,473 0,505 -0,163 -0,058 0,779 0,134 1

Mg -0,408 0,053 0,077 -0,199 -0,122 0,366 -0,717 0,006 1

Mn 0,541 0,589 0,804 0,475 0,457 -0,191 0,171 1

Na 0,639 -0,162 -0,038 0,435 0,403 -0,446 1

Rb -0,342 -0,046 -0,084 -0,261 -0,307 1

Sb 0,839 0,331 0,502 0,782 1

Sc 0,819 0,402 0,502 1

Sm 0,469 0,508 1

V 0,219 1

Zn 1

Número de observações: 20

74

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75

7.2.3 ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DOS DADOS

O estudo da distribuição dos dados foi realizado a partir da análise de histogramas, de

gráficos de probabilidade normal (“normal probability plots”) e de testes de suposição de

normalidade.

De forma geral, histogramas demonstram a freqüência de distribuição dos dados, se

estes seguem uma distribuição normal o histograma apresenta-se no formato de um sino

simétrico. No caso de um gráfico de probabilidade normal, os dados que seguem a

distribuição normal estarão dispostos linearmente. Já o teste de normalidade Kolmogorov-

Smirnov (K-S) foi escolhido por ser amplamente aplicado e considerado conservativo

(ZHANG et al, 2005) sendo baseado na maior diferença absoluta entre a freqüência

acumulada observada e a estimada pela distribuição normal (PONTES, 2005). A suposição de

normalidade para K-S deve ser aceita quando p > 0,05.

Apenas os resultados obtidos nas análises da Segunda Coleta foram verificados por

apresentarem maior número de amostras. Além disso, as amostras da Primeira Coleta não

foram analisadas em conjunto devido às diferenças nos parâmetros que guiaram o

procedimento desta coleta, já descrito anteriormente. Assim, a distribuição normal foi testada

utilizando os valores de concentração das amostras da Segunda Coleta. As seguintes

variáveis: Al, Cl, Cr, Mn, Sc e Zn apresentaram distribuição normal de acordo com os testes

efetuados, conforme demonstrado na TAB. 11. Os resultados do restante dos elementos

analisados podem ser verificados no ANEXO B.

TABELA 12 - Resultados positivos dos testes de suposição de normalidade aplicados

Variável

Kolmogorov-

Smirnov

‘One Sample

Test’

Histograma Gráfico de Probabilidade Normal

Valor p

Al 0,355

01000

20003000

40005000

60007000

80009000

10000

AL

0

5

10

15

20

25

Co

unt

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

Pro

portio

n p

er B

ar

01000

20003000

40005000

60007000

80009000

10000

AL

-3

-2

-1

0

1

2

3

Exp

ecte

d V

alu

e fo

r N

orm

al D

istr

ibut

ion

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76

Cl 0,801

0 1000 2000 3000 4000 5000CL

0

5

10

15

20

Count

0.0

0.1

0.2

0.3

Pro

portio

n p

er B

ar

0 1000 2000 3000 4000 5000CL

-3

-2

-1

0

1

2

3

Exp

ecte

d V

alu

e fo

r N

orm

al D

istr

ibut

ion

Cr 0,286

0 50 100 150CR

0

10

20

30

Co

u nt

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Prop

ortion per B

ar

0 50 100 150CR

-3

-2

-1

0

1

2

3

Exp

ecte

d V

alu

e f o

r N

orm

al D

istr

ibut

ion

Mn 0,220

0 50 100 150MN

0

10

20

30

Co

unt

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Prop

ortion per B

ar

0 50 100 150MN

-3

-2

-1

0

1

2

3

Exp

ecte

d V

alu

e fo

r N

orm

a l D

istr

ibu

tion

Sc 0,060

0.0 0.5 1.0 1.5SC

0

10

20

30

Co

un

t

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Pro

po

rtion

pe

r Ba

r

0.0 0.5 1.0 1.5SC

-3

-2

-1

0

1

2

3

Exp

ecte

d V

alu

e f o

r N

orm

al D

istr

ibut

ion

Zn 0,376

0 50 100 150 200ZN

0

5

10

15

20

25

Co

unt

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

Pro

portio

n p

er Ba

r

0 50 100 150 200ZN

-3

-2

-1

0

1

2

3

Exp

ecte

d V

alu

e fo

r N

orm

al D

istr

ibut

ion

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77

7.2.4 ANÁLISES DE VARIÂNCIA

Sabendo que a suposição de normalidade, imprescindível nos testes de hipóteses

paramétricos, pode em muitos casos não ser apropriada (PONTES, 2000), dois tipos de

análises foram aplicadas com o objetivo de estudar o grau de variabilidade das amostras: um

teste paramétrico (ANOVA) e um não paramétrico (Kruskal-Wallis). De acordo com Pontes

(2000), concentrações de drogas, substâncias químicas ou substâncias tóxicas - variáveis não

negativas que freqüentemente têm distribuições assimétricas - são fontes de dados apropriados

para a utilização de métodos não paramétricos.

A Análise de Variância (ANOVA) visa fundamentalmente verificar se existe uma

diferença significativa entre as médias e se os fatores exercem influência em alguma variável

dependente. Nesta análise é realizado um teste hipótese sob normalidade, onde a hipótese nula

considera médias iguais para todas as amostras testadas. Através do valor de probabilidade ou

valor p avalia-se a probabilidade desta hipótese estar correta (JOHNSON, 1998). Já o teste de

Kruskal-Wallis é baseado na aleatorização, os dados são transformados em postos, ou seja,

são ordenados em substituição aos dados obtidos no experimento. Em outras palavras, são

atribuídos postos ao conjunto completo de observações e, as diferenças nos postos médios

indicam a diferença no grupo de dados analisado. O teste de hipótese desta análise assume

como hipótese nula que todos os grupos vêm de uma mesma população (PONTES, 2000).

Neste trabalho foi utilizado um nível de significância de 0,05 para os testes; assim,

valores de p iguais ou menores que 0,05 rejeitam a probabilidade de igualdade entre as

amostras. Inicialmente, analisou-se o fator “área liquênica”, a fim de verificar se existe

diferença significativa entre as amostras considerando a alocação de elementos no talo do

líquen. Os valores p obtidos para ANOVA estão dispostos na TAB. 12.

TABELA 13 - Valores p para ANOVA aplicada ao fator "área liquênica" nas variáveis com

distribuição normal

Variável Valor p

Al 0,502

Cl 0

Cr 0

Mn 0,029

Sc 0,001

Zn 0,575

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É importante comentar a existência de diferença de precisão entre as análises das 3

áreas, uma vez que existem diferenças entre a massa das amostras, sendo 1, 2 e 3 a ordem

crescente das amostras considerando a massa. Desta forma, estatisticamente, os resultados

apresentam maior precisão para as amostras da área 3. Os valores p maiores que 0,05 aprovam

a probabilidade de igualdade entre as amostras, portanto, Cl, Cr, Mn e Sc apresentaram

diferenças significativas relacionadas à localização no talo liquênico, enquanto, Al e Zn

aprovam a probabilidade de igualdade entre as amostras ao analisar o fator “área liquênica”.

Também de acordo com o teste de Kruskal-Wallis, algumas variáveis são iguais

considerando como grupo a “área liquenica”, e outras não, a saber na TAB. 13:

TABELA 14 - Valores p para Kruskal-Wallis aplicado ao grupo de variáveis “área liquênica”

Variável Valor p

Al 0,174

As 0

Au 0

Br 0

Cl 0

Co 0,039

Cr 0

Cs 0,007

Fe 0

K 0

La 0

Mg 0,295

Mn 0,019

Na 0

Rb 0,150

Sb 0

Sc 0

Sm 0

V 0

Zn 0,498

A TAB. 13 demonstra que Al, Mg, Rb e Zn apresentaram valores p maiores que 0,05

aprovando a probabilidade de igualdade das amostras no que se refere ao grupo “área

liquênica”. A partir da confirmação de igualdade das amostras quanto aos cortes realizados no

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talo foi possível analisar este mesmo grupo de amostras no que concerne à localização destas

no Parque Municipal. Ou seja, observou-se o grau de variabilidade das amostras quando se

refere ao fator (ou grupo de variáveis) “ponto de coleta”, lembrando que originalmente são 20

amostras, o que corresponde a 20 pontos de coleta. Deste modo, os elementos Al, Mg, Rb e

Zn foram analisados a fim de verificar se há variação de indicação de poluição dentro da área

do Parque Municipal.

Desta forma, a análise por ANOVA demonstra que há diferenças em relação aos

parâmetros que compõem os elementos Al (p=0) e Zn (p=0), ou seja, em relação às

concentrações e à localização desses no Parque, FIG. 24 e 25.

FIGURA 24 - ANOVA aplicada à variável Al em relação aos pontos de coleta

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FIGURA 25 - ANOVA aplicada à variável Zn em relação aos pontos de coleta

O teste de Kruskal-Wallis confirma a dependência da localização das amostras para

Al, Mg, Rb e Zn, uma vez que os valores p são menores que 0,05, conforme demonstra a

tabela abaixo:

TABELA 15 - Valores p para Kruskal-Wallis aplicado ao grupo de variáveis "ponto de coleta"

Variável Valor p

Al 0,021

Mg 0,023

Rb 0,008

Zn 0,003

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7.3 MAPAS DE DISTRIBUIÇÃO

Uma vez concluídas as análises de Fatores de Enriquecimento e Estatísticas, o estudo

dos mapas de distribuição pretende ilustrar os resultados obtidos nestas análises.

Em síntese, conforme discutido nas seções 7.1 e 7.2, as emissões veiculares e a poeira

de re-suspensão do solo (provavelmente resultante do material particulado emitido pelas

minerações) parecem contribuir como fontes de elementos para os liquens coletados. É

interessante comentar a concordância deste resultado com o trabalho de Bouças (2009), onde

a concentração elementar de filtros de ar amostrados em região muito próxima ao Parque

Municipal (na Praça Rui Barbosa) indicou grande participação de típicos traçadores de re-

suspensão do solo (ex.: Al, K). Ainda neste trabalho as concentrações de Fe da ordem de

percentagem, principalmente na moda grossa do material particulado, foram relacionadas à

emissão de poeiras fugitivas provenientes das diversas mineradoras existentes nas

circunvizinhanças da cidade de Belo Horizonte; e os elementos Cl, Mn e Zn foram

relacionados à emissões automotivas ou industriais.

Assim, a fim de ilustrar a variação na indicação de poluição na área do PMARG já

constatada (ver 7.2.4), elementos que caracterizam as fontes de emissão foram selecionados.

Para a confecção dos mapas os valores de concentração obtidos na Segunda Coleta (área 2 do

líquen) foram utilizados devido às características específicas já mencionadas. A distribuição

de Br e Zn - elementos com altos fatores de enriquecimento, e que, de acordo com as

características locais, podem ser vistos como indicadores de poluição veicular - e de Al, Mg e

Rb, tidos como elementos vindos do solo, está representada nas FIG. 26, 27, 28, 29 e 30,

abaixo. Nos mapas os pontos mais escuros indicam locais onde os liquens absorveram as

maiores quantidades destes poluentes. Aqui, assume-se os elementos Al, Mg e Rb como

poluentes considerando a provável contribuição dos empreendimentos minerários próximos à

cidade no aumento de elementos de solo na atmosfera.

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FIGURA 26 - Distribuição do elemento Br nos pontos de coleta do PMARG

FIGURA 27 - Distribuição do elemento Zn nos pontos de coleta do PMARG

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Apesar de ser uma área pequena, é possível observar nos mapas das FIG. 26 e 27, de

forma geral, que os pontos mais externos e próximos às vias de tráfego apresentam as maiores

concentrações. Já comparando as FIG. 28, 29 e 30, as distribuições não demonstram nenhum

tipo de concordância aparente. No entanto, o Al (FIG. 28) apresenta maior variação (“mapa

mais colorido”) e o Rb a menor variação (“mapa menos colorido”) dentre os três elementos.

Ou seja, o Rb e o Mg se distribuem mais uniformemente na área do parque, as concentrações

não variam tanto de ponto para ponto.

FIGURA 28 - Distribuição do elemento Al nos pontos de coleta do PMARG

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FIGURA 29 - Distribuição do elemento Mg nos pontos de coleta do PMARG

FIGURA 30 - Distribuição do elemento Rb nos pontos de coleta do PMARG

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8. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

O presente capítulo apresenta as principais conclusões extraídas deste trabalho,

que focou avaliar a contribuição das potenciais fontes poluidoras do Parque Municipal,

localizado na região central de Belo Horizonte, através da dosagem de elementos químicos

em liquens. Para tanto, foram realizadas duas coletas distintas: a primeira, conduzida como

um estudo exploratório, preliminar, que visou comparar a condição atmosférica do Parque das

Mangabeiras (considerado menos poluído) com o Parque Municipal; e a segunda, que

compreendeu além da coleta de liquens no Parque Municipal, a coleta de solo, para

possibilitar o uso de fatores de enriquecimento como método de avaliação. Ainda, para

identificar as prováveis fontes de emissão dos elementos dosados e verificar a variação de

indicação de poluição dentro da área do Parque foram utilizados métodos estatísticos e

confeccionados mapas de distribuição de alguns elementos químicos dosados.

Além disso, este capítulo apresenta algumas sugestões para trabalhos futuros, que são

baseadas na experiência adquirida durante a realização deste estudo.

8.1 CONCLUSÕES

A avaliação da composição elementar da atmosfera utilizando fungos liqueinizados

permitiu identificar diversos elementos. Observando a freqüente ocorrência nas amostras, as

concentrações e⁄ou os resultados das análises dos dados, os seguintes elementos químicos: Al,

Br, Cs, Cl, Fe, K, Mg, Mn, Na, Rb e Zn surgem com expressividade na composição do ar do

Parque Municipal Américo René Giannetti.

Apesar de não contemplar uma comparação com valores de base, já que a legislação

brasileira não dispõe sobre níveis elementares aceitáveis, o estudo possibilitou avaliar a

contribuição das potenciais fontes poluidoras e inferir sobre a qualidade do ar através do

cálculo de fatores de enriquecimento, onde o nível de contribuição antropogênica para alguns

elementos foi estimado. Desta forma, quanto maior a contribuição antropogênica maiores os

níveis de poluentes na atmosfera. A interferência humana no ciclo dos elementos químicos foi

constatada observando os fatores de enriquecimento de Br, Cs, K, Na, Rb e Zn. Estes

elementos apresentaram concentração aumentada, ou enriquecida, por processos não naturais,

podendo ser considerados poluentes atmosféricos da área em estudo. A origem destes

elementos foi estudada e as emissões veiculares e a re-suspensão do solo surgiram como

fontes prováveis. Vale ressaltar que, mesmo sendo um local de intenso tráfego veicular,

inesperadamente, elementos típicos de solo apresentaram expressividade durante todas as

análises. A presença de mineradoras nos limites da cidade auxilia a compreensão deste fato.

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Já que, o processo de mineração, tem como claro impacto ambiental negativo a dispersão de

material particulado (especificamente do tipo poeira) em diversas atividades, como lavra,

transporte e tratamento do minério. Assim, os elementos de solo se enquadram como poluente

por estarem presentes na atmosfera em maiores concentrações do que estariam caso fosse

possível descartar tal atividade humana de grande expressividade na região.

Dentro dos limites do Parque Municipal verificou-se certa variação de indicação de

poluição entre as amostras de liquens coletadas nas árvores das áreas mais próximas às vias de

trafego intenso. Os dados da Primeira Coleta indicaram a região da Avenida dos Andradas

como mais poluída. Para a Segunda Coleta, as análises estatísticas mostraram que alguns

elementos apresentam esta variação. Coerentemente, para os típicos traçadores de poluição

veicular Br e Zn, por exemplo, as maiores concentrações encontram-se nas regiões limítrofes

do PMARG.

Devido ao restrito e reduzido número de amostras, para a Segunda Coleta, recortes

foram realizados nos liquens a fim de triplicar as amostras. Assim, paralelamente à análise da

poluição atmosférica proposta, avaliou-se o efeito deste procedimento e a possibilidade de

utilizar as frações do talo liquênico em conjunto. Para tanto, considerar-se-ia, basicamente, as

óbvias diferenças na idade (ou tempo de exposição) destas partes, lembrando que o

biomonitor em questão apresenta crescimento radial. Tal procedimento conduziu a uma breve

análise da dinâmica de acumulação de elementos em fungos liqueinizados possibilitando

pontuar que:

- as áreas do talo de diferentes espécimes apresentam maior similaridade entre si do

que entre as áreas de cada espécime;

- a borda (área 1) e o centro (área 3) apresentaram maior similaridade considerando as

três áreas;

- o meio (área 2) apresentou concentrações mais elevadas de Na e K do que as outras,

sugerindo ser metabolicamente mais ativo;

- as diferenças entre as frações do talo dependem do elemento químico em questão, já

que, estatisticamente, para alguns elementos, as três áreas não apresentam diferenças.

Tais observações permitem dizer que há evidências de variação na disposição dos

elementos químicos ao longo do talo liquênico, não relacionada ao tempo de exposição, mas

possivelmente, ao tipo de elemento ou necessidade metabólica deste. O possível uso das

partes do talo para um estudo conjunto é, portanto, relativo, já que alguns elementos, no caso

Al, Mg, Rb e Zn, de acordo com resultados estatísticos, parecem distribuir-se uniformemente

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pelo talo. Logo, para uma avaliação mais completa, a análise de um maior número de

amostras parece ideal.

Concluindo, este trabalho comprova que a qualidade do ar no Parque Municipal

Américo René Giannetti é impactada pelo trânsito local e por fatores regionais, como

indústrias da região metropolitana e, principalmente, mineradoras. Convém salientar, também,

que o presente estudo apresenta relevância, não por ser o primeiro utilizando fungos

liqueinizados como biomonitores nesta região, contudo por permitir inferir sobre a qualidade

do ar durante um período de tempo – da ordem de anos - diferentemente da análise

momentânea oficial realizada através de estações automáticas de monitoramento. Assim, os

resultados proporcionarão aos órgãos ambientais responsáveis uma visão diferente, dando

suporte em ações futuras possibilitando, por exemplo, observar o histórico da poluição

atmosférica em cidades onde não existem dados anteriores ao monitorameto realizado.

Diante de tudo isso, e sabendo da facilidade de veiculação do material particulado em

suspensão decorrente de atividades minerárias, da proximidade de tais empreendimentos às

cidades, da dificuldade de redução das emissões, do crescente aumento de veículos nas

cidades, dos efeitos do material particulado como poluente atmosférico no sistema

respiratório, e da importância em se conhecer a composição elementar desse material, faz-se

essencial a discussão de alternativas complementares ao monitoramento do ar. Neste sentido,

o biomonitoramento com liquens configura uma opção atraente pela facilidade de

amostragem, baixo custo e conhecimento prévio da eficiência de tal organismo em estudos de

poluição atmosférica.

Espera-se, portanto, contribuir para a garantia de um meio ambiente saudável para

todos, tendo em vista, ainda, o valor da extrapolação dos padrões de instruções normativas e

deliberações, muitas vezes já ultrapassados e que não alcançam resultados condizentes aos

impactos observados.

8.2 SUGESTÕES

Para trabalhos futuros utilizando liquens no biomonitoramento da condição

atmosférica recomenda-se, principalmente, o aumento do número de pontos de amostragem, o

que possibilitaria refinar as análises estatísticas proporcionando estudo mais abrangente dos

resultados. Ainda, considera-se como metodologia ideal a seleção de apenas uma espécie de

líquen a ser utilizada como biomonitor a fim de assegurar, por exemplo, quanto à

possibilidade de variações na absorção de elementos de uma espécie para outra.

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Destaca-se, também, a necessidade de incentivos na realização de pesquisas no País na

área de liquenologia geral e de sua aplicação em estudos de biomonitoramento; lembrando das

vantagens ambientais e econômicas destes estudos e do potencial brasileiro frente à sua

famosa biodiversidade.

Sugere-se ainda a revisão dos padrões e instruções normativas que versam sobre a

qualidade do ar no Brasil, tendo em vista a ausência de limites legais no que concerne às

concentrações de elementos químicos na atmosfera e os riscos potencias de diversos

elementos à saúde humana e ambiental.

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ANEXO A – AUTORIZAÇÃO DE COLETA

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ANEXO B – TESTES DE NORMALIDADE

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal (3246.70,1663.13) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

AL 60.000 0.120 0.355

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(3.18,3.79) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

AS 60.000 0.246 0.001

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(0.03,0.04) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

AU 60.000 0.241 0.002

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(7.47,7.31) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

BR 60.000 0.231 0.003

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(1763.39,832.96) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

CL 60.000 0.084 0.796

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(0.53,0.71) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

CO 60.000 0.254 0.001

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(40.10,22.75) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

CR 60.000 0.127 0.287

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(0.24,0.22) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

CS 60.000 0.199 0.018

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(2268.27,1947.50) distribution

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Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

FE 60.000 0.188 0.029

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(142632.00,428548.00) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

K 60.000 0.370 0.000

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(1.24,1.51) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

LA 60.000 0.233 0.003

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal (867.13,374.81) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

MG 60.000 0.221 0.006

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(30.89,25.10) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

MN 60.000 0.136 0.220

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(15669.50,23466.50) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

NA 60.000 0.380 0.000

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(16.80,9.29) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

RB 60.000 0.203 0.014

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(0.33,0.33) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

SB 60.000 0.199 0.017

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(0.25,0.20) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

SC 60.000 0.170 0.061

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100

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(0.12,0.14) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

SM 60.000 0.236 0.003

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(1.36,2.14) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

V 60.000 0.345 0.000

Kolmogorov-Smirnov One Sample Test using Normal(68.83,31.48) distribution

Variable N-of-Cases MaxDif Probability (2-tail)

ZN 60.000 0.118 0.376

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0 1000 2000 3000 4000 5000CL

0

5

10

15

20

Co

unt

0.0

0.1

0.2

0.3

Pro

portio

n p

er Ba

r

0 1 2 3 4 5CO

0

10

20

30

40

50

60

Co

u nt

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Pro

portio

n p

er Ba

r

0 50 100 150CR

0

10

20

30

Co

unt

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Prop

ortion

per B

ar

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2CS

0

5

10

15

20

25

Co

unt

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

Prop

ortion

per B

ar

01000

20003000

40005000

60007000

80009000

10000

AL

0

5

10

15

20

25

Co

unt

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

Pro

portio

n p

er Ba

r

0 5 10 15 20AS

0

10

20

30

40

50

Co

unt

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

Pro

portio

n p

er Ba

r

0.0 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25AU

0

10

20

30

40

50

Co

un

t

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

Pro

po

rtion p

er B

ar

0 10 20 30 40BR

0

10

20

30

Co

un

t

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Pro

po

rtion p

er B

ar

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102

0 50 100 150MN

0

10

20

30

Co

unt

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Prop

ortion p

er Bar

010000

2000030000

4000050000

6000070000

8000090000

NA

0

10

20

30

40

50

60

Co

unt

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0P

roportio

n per B

ar

0 10 20 30 40 50RB

0

10

20

30

Co

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0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

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er Bar

0.0 0.5 1.0 1.5SB

0

10

20

30

Co

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0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Prop

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ar

02000

40006000

800010000

12000

FE

0

10

20

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0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

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Pro

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n p

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r

0 1000000 2000000 3000000 4000000K

0

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30

40

50

60

70

80

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0.0

0.2

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0.6

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1.0

1.2

Pro

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n p

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0 1 2 3 4 5 6 7LA

0

10

20

30

40

50

Co

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0.2

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0.5

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pe

r Ba

r

0 500 1000 1500 2000MG

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5

10

15

20

25

Co

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0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

Prop

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pe

r Ba

r

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0.0 0.5 1.0 1.5SC

0

10

20

30

Cou

nt

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Pro

portio

n p

er Ba

r

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8SM

0

10

20

30

40

50

Cou

nt

0.0

0.1

0.2

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0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

Pro

portio

n p

er Ba

r

0 5 10 15V

0

10

20

30

40

50

60

Co

unt

0.0

0.1

0.2

0.3

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0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Prop

ortion

pe

r Ba

r

0 50 100 150 200ZN

0

5

10

15

20

25

Co

unt

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

Prop

ortion

pe

r Ba

r

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104

ANEXO C – CONCENTRAÇÕES (mg kg -1) DAS AMOSTRAS DE SOLO Elemento Parque Municipal Parque das Mangabeiras

CA72 CA73 CA74 CA75 CA76 CA77 CA78 CA79 CA80

Al 111400±3949 158300±5601 173800±6155 188900±6684 177100±6261 12140±435 26990±965 9446±342 19470±744

As 94 ± 4 251 ± 9 < 3 95 ± 3 171 ± 6 168 ± 6 41 ± 3 80 ± 3 127 ± 4

Au < 0,01 < 0,01 0,19 ± 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01

Ba 311 ± 24 459±25 < 153 266 ± 54 < 153 < 153 471 ± 39 < 153 < 153

Br 43 ± 2 48 ± 2 35 ± 1 62 ± 2 42 ± 1 17 ± 1 12 ± 1 23 ± 1 26 ± 1

Cd < 6 < 6 < 6 < 6 < 6 < 6 < 6 22 ± 6 22 ± 4

Ce 78 ± 3 < 4 < 4 < 4 < 4 22 ± 1 < 4 11 ± 1 16 ± 1

Co 12,1±0,5 10,7±0,4 11,7 ±0,4 7,5 ± 0,3 8,1 ± 0,3 2,8 ± 0,1 5,9 ± 0,2 5,5 ± 0,2 11,7±0,4

Cr 128 ± 5 < 9 < 9 < 9 < 9 42 ± 2 91 ± 3 40 ± 2 36 ± 1

Cs 4,8 ± 0,2 6,3±0,2 2,9 ± 0,2 6,5 ± 0,2 5,9 ± 0,2 < 0,6 0,9 ± 0,1 < 0,6 < 0,6

Eu 1,1 ± 0,1 0,58±0,04 < 0,1 0,8 ± 0,1 2,1 ± 0,2 < 0,1 0,9 ± 0,1 < 0,1 1,1 ± 0,1

Fe 149400 ± 5410 80490 ± 2826 66730 ± 2404 82940 ± 2908 169600 ± 5944 511300 ±

17960

187000 ± 6565 478200 ± 16790 312300 ± 10970

Ga < 11 < 11 1413±53 1326±50 1307±72 < 11 < 11 < 11 < 11

Hf 12 ± 1 < 0,6 < 0,6 < 0,6 < 0,6 0,9 ±0,1 7,4 ± 0,3 1,3 ± 0,1 1,7 ±0,1

K < 9230 < 9230 560300 20260 485900±17630 261700 ± 9812 13830 ± 1034 404600 14490 27310 ± 10780 38470 ± 1863

La 94 ± 4 75 ± 3 91 ± 3 93 ± 3 50 ± 2 50 ± 2 64 ± 2 20 ± 1 53 ± 2

Mn 1778±7 554 ± 20 510 ±18 525 ± 19 781 ±28 1575±56 1353±48 1617±57 7316±79

Na 25036±486 28870±1013 48368±126 26597±85 16570±600 3090±115 6140±217 3977±141 7532±266

Nd 42 ± 3 < 12 < 12 20 ± 3 < 12 < 12 17 ± 3 < 12 20 ± 2

Rb < 26 64 ± 4 69 ± 4 74 ± 4 44 ± 4 < 26 53 ± 5 < 26 < 26

Sb 3,5 ±0,5 12,5±0,5 5 ± 1 3± 1 5 ± 1 7 ± 1 2,1 ± 0,3 2,7 ± 0,5 2,4 ± 0,3

Sc 16 ± 1 16,± 1 17 ± 1 20 ± 1 20 ± 1 4,6 ± 0,1 10,1±0,3 4,6 ± 0,2 5,6 ± 0,2

Sm 12 ± 1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 7,6 ± 0,3 < 0,1 3,1 ± 0,1 10,4±0,4

Ta 1,4 ±0,1 1,7 ± 0,1 1,5 ± 0,1 1,7 ± 0,1 1,6 ±0,1 < 0,1 0,78±0,04 < 0,1 0,32±0,04

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CONTINUAÇÃO : CONCENTRAÇÕES (mg kg -1) DAS AMOSTRAS DE SOLO

Elemento Parque Municipal Parque das Mangabeiras

CA72 CA73 CA74 CA75 CA76 CA77 CA78 CA79 CA80

Tb < 0,2 0,48 ± 0,03 < 0,2 0,58±0,03 0,49±0,04 0,4 ± 0,1 0,81±0,03 < 0,2 0,58±0,03

Th 0,67±0,03 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 2,1 ± 0,1 12 ± 1 2,4 ± 0,1 3,3 ± 0,1

Ti 4144±329 6273±390 5507±359 8716±465 6054±381 1058±1356 2020±173 <919 <919

U 16 ± 1 < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 5,3 ± 0,2 < 0,5 5,1 ± 0,2 9,1 ± 0,4

V 85 ± 4 119 ± 6 118 ± 6 165 ± 7 140 ± 6 70 ± 3 68 ± 3 30 ± 1 51 ± 4

W 17 ± 1 31 ± 1 24 ± 1 14 ± 1 19 ± 1 8,8 ± 0,5 9,1 ± 0,5 9,5 ± 0,4 7,1 ± 0,4

Yb 4,7 ±0,3 < 1 < 1 < 1 < 1 1,9 ± 0,3 < 1 < 1 3,3 ± 0,2

Zn 133 ± 7 816±29 319 ± 13 149 ± 7 81 ± 4 < 6 26 ± 2 < 6 53 ± 3

Zr 631± 5 < 443 < 443 799 ± 99 633 ±65 < 443 < 443 < 443 < 443

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ANEXO D – TRABALHOS EM CONGRESSOS INTERNACIONAIS

APRESENTADOS

5th International Workshop on Biomonitoring of Air Polluition, BIOMAP, Buenos Aires,

2009. (poster)

VIANA, C. O., MENEZES, M. A. B. C., MAIA, E. C. P. Epiphytic lichens on air biomonitoring in Belo

Horizonte city, Brazil: a preliminary assessment

OBS.: O trabalho completo já foi revisado e deverá ser publicado no periódico International Journal of

Environment and Health

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International Nuclear Atlantic Conference, INAC, Rio de Janeiro, 2009. (poster)

VIANA, C. O., MENEZES, M. A. B. C., MAIA, E. C. P. Assessment of air quality in Mangabeiras’ Park,

Belo Horizonte, Brazil, using epiphytic lichens as biomonitor

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International k0-users Workshop, Belo Horizonte, 2009. (poster)

VIANA, C. O., MENEZES, M. A. B. C., MAIA, E. C. P. A preliminary study about the air quality in

Mangabeiras’ Park, Belo Horizonte, Brazil, using epiphytic lichens as biomonitor

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ACEITO PARA APRESENTAÇÃO

16th Radiochemical Conference, Marianske Lazne, April 2010(poster)

VIANA, C. O., MENEZES, M. A. B. C., MAIA, E. C. P. A preliminary assessment about the air quality in

Mangabeiras’ Park, Belo Horizonte, Brazil, using epiphytic lichens as biomonitor