Avaliação da germinação de Seringueira

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AVALIAÇÃO DA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Hevea brasiliensis

THE RATE OF GERMINATION THE Hevea brasiliensis

Lucila Stoianov, Daniela de Lourdes Sábino, Paula Nepomuceno Costa; Valdemir Antonio

RodriguesCampus de Botucatu – Faculdade de Ciências Agronômicas – [email protected]

Palavras chaves: ambiente, propagação,tubetes.

Keywords: ambient, propagation,tube.

1. INTRODUÇÃO

O gênero Hevea pertence à família Euphorbiaceae, que inclui outros importantes gêneros de culturas tropicais, tais como Ricinus (mamona), Mani-hot (mandioca) e Aleurites (oticica). O gênero apresenta grande variabilidade morfológica, variando de árvores de florestas altas até arbustos, e inclui onze espécies, porém apenas três produzem látex comercialmente aceitáveis (Gonçalves, 1986), sendo a Hevea brasiliensis (Willd. ex Adr. de Juss.) Muell.-Arg. a espécie mais importante do gênero (Gonçalves et al., 2002) e a única plantada comercialmente (Gonçalves et al., 1989).

Botanicamente a seringueira é uma dicotiledônea monóica, ou seja, possui flores masculinas e femininas no mesmo indivíduo. Tem como área de ocorrência e dispersão natural a Amazônia brasileira e países próximos, como Bolívia, Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Suriname e Guiana (Wycherley, 1977).

No período de 1839 a 1842, com o advento do processo de vulcanização foi descoberta a borracha ensejando a fabricação de pneumáticos, em plena época em que se iniciava a indústria automobilística. A partir daí, a borracha ganhou grande importância econômica, atingindo elevados índices de demanda e de preço no mercado internacional (Pereira, 1992).

Segundo o Internatinal Rubber Study Group (2007) o Brasil responde por aproximadamente 1% da produção mundial de borracha natural, porém apesar dessa pequena contribuição, o setor tem grande importância no país, o que pode ser confirmado pela presença de inúmeras indústrias de transformação, especialmente a pneumática, e por um consumo que ainda está longe de ser atendido pela produção nacional.

Atualmente, o déficit de borracha natural chega a quase 179 mil toneladas, o que justifica a necessidade de expansão da heveicultura nacional (IRSG, 2007), e a grande maioria das pesquisas envolvendo seringueira destina-se a produção do látex, sendo dada pouca atenção às outras fases do processo (Benome, 2006), inclusive a produção das mudas.

A propagação de plantas pode se dar por dois processos: germinativo ou sexuado e vegetativo ou assexuado e, em ambos os casos, torna-se necessário o uso da semente. A via preferencial de propagação é por via assexuada, através da enxertia de clones de comprovada resistência e produtividade, sobre porta–enxertos ilegítimos “seedlings” obtidos a partir de sementes(Pereira,1987).

Com a finalidade de estudar alguns aspectos da germinação das sementes de seringueira este trabalho teve os seguintes objetivos: analisar a germinação em diferentes condições ambientais como casa de vegetação e a pleno sol para plantas semeadas em tubetes, bem como avaliar os parâmetros de índice de velocidade de emergência e taxa de germinação.

2. MATERIAL E MÉTODOS

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O experimento foi implantado na área experimental do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas (UNESP/FCA), Campus de Botucatu. O clima em Botucatu de acordo com a classificação Koeppen é definido como Csa ou temperado chuvoso, úmido e com verões quentes, precipitação média anual de 1517mm e a temperatura média anual de 20,6ºC. Latitude 22º52'47" S, longitude 48º25'12" W e altitude média de 810m.

As sementes de Hevea brasiliensis foram coletadas em árvores matrizes ocorrentes na região de São José do Rio Preto. Após coletadas de forma manual já localizada no chão logo após sua queda espontânea. Um quilograma de sementes contém aproximadamente 260 unidades dependendo do clone e tamanho de semente, cuja viabilidade em armazenamento não ultrapassa 90 dias.

As sementes foram armazenadas em saco plástico de 5 a 8 kg, colocando apenas 3 a 5 kg de semente em cada saco, fazendo-se 6 a 8 furos no saco, para permitir uma pequena troca gasosa. As sementes foram conservadas em local fresco e arejado. As sementes foram semeadas em tubetãocom capacidade para 280 cm3, preenchido com 50% de composto de casca de Pinus, 30% de vermiculita expandida; 10% de carvão granulado; 10% de Turfa. Os tubetes foram mantidos em casa de vegetação e a pleno sol (Figura 1).

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com dois tratamentos (germinação em pleno sol e em casa de vegetação), 3 repetições de 18 sementes por parcela.

Figura 1 – Tubetes mantidos em pleno sol (a) e em casa de vegetação (b).

Foram calculadas as seguintes variáveis: porcentagem (%E), tempo médio (TME), índice de velocidade de emergência (IVE), freqüência relativa (f) e índice de sincronização da emergência (U).

As equações utilizadas foram:U= -•k

i=1 fi log2fiTME= •(GiTi)/ •GiIVG= TME/1

Onde: Ni = número de plântulas que emergiram no tempo TiTi= número de dias após a semeadurak= último tempo de emergência das plântulasGi= porcentagens diárias de emergência

Os resultados foram submetidos à análise de variância para verificar diferenças entre os tratamentos. Utilizou-se teste de Tukey a 5% de probabilidade para comparação das médias

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

a b

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Na Tabela 1 encontram-se os valores de porcentagem média, tempo médio, índice de velocidade e índice de sincronização de emergência de plântulas de seringueira em diferentes ambientes.

Tabela 1 – Porcentagem média (%E), tempo médio (TME), índice de velocidade (IVE) e índice de sincronização de emergência (U) de plântulas de seringueira em diferentes ambientes.

Ambientes %E TME IVE UPleno Sol 66,67 a 16,23 a 0,84 a 212,17 aCasa de Vegetação 53,70 a 16,47 a 0,67 a 149,07 aCV% 24,72 8,91 23,91 28,43Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

Observa-se na Tabela 1 que não houve diferença significativa nos parâmetros avaliados em relação ao ambiente no qual as sementes foram mantidas.

Em relação a porcentagem média de emergência observa-se valor abaixo do encontrado na literatura entre 71 a 75% de emergência/germinação Cícero(1986). Pereira (1992) cita que aseringueira é susceptível a temperaturas baixas, principalmente na fase jovem e Roberts (1973) cita ainda que a sementes de seringueira, caracteristicamente recalcitrantes, apresentam grande sensibilidade a desidratação e baixa temperatura, o que pode explicar a baixa porcentagem de emergência de plântulas obtida neste estudo, visto que a temperatura média anual do local onde o experimento foi instalado é de 20,6°C. Segundo Zong Dão & Xueqin (1983), citado por Pereira et al. (1987), a temperatura ambiente tem grande importância no crescimento da seringueira, sendo que os limites térmicos são de 27 a 30ºC,

Na Figura 2 encontram-se os gráficos de freqüência da emergência de plântulas de seringueira.

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0 10 20 30 40

Tempo (dias)

Freq

(%)

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Tempo (dias)

Freq

(%)

Figura 2 – Freqüência relativa de emergência de plântulas de seringueira mantidas em diferentes ambientes (pleno sol e casa de vegetação).

Outra forma de análise do processo germinativo, ou da emergência de plântulas, é através dos polígonos de freqüência relativa, a partir dos quais se verifica a proporção de plântulas emergidas diariamente ao longo do período do experimento.

Observa-se na Figura 2 que os gráficos da freqüência relativa da emergência das plântulas apresentam tendência de distribuição polimodal, com variação nos diferentes ambientes, onde nos tubetes foram mantidos em pleno sol, as plântulas apresentaram emergência antecipada (início da emergência no 5° dia após semeadura) quando comparado com os tubetes mantidos em casa de vegetação (início da emergência no 7° dia após semeadura).

Nota-se ainda maiores picos na freqüência da emergência das plântulas nos tubetes mantidos em pleno sol (Figura 2), podendo indicar maior uniformidade quando comparado com a emergência

Pleno SolTME=16,23%E=66,67

Casa de VegetaçãoTME=16,47%E=53,70

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em casa de vegetação, o que pode ser confirmado pelo maior índice de sincronização observado na Tabela 1, mesmo não apresentando diferença significativa.

Sendo assim, com o estudo da freqüência relativa, foi possível mostrar o comportamento da emergência das plântulas de seringueira nas diferentes condições de ambiente.

4. CONCLUSÃO

Não há diferença significativa na emergência das plântulas de seringueira nos diferentes ambientes.

5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CÍCERO,S.M.Produão,coleta,transporte e armazenamento de sementes de seringueira.In:Simpósio sobre a cultura da seringueira no estado de São Paulo.Piracicaba,1986.Anais...Campinas,Fundação Cargil,1986.

GONÇALVES, P.S. Melhoramento genético da seringueira (Hevea spp.). Em: Simpósio sobre a Cultura da Seringueira no Estado de São Paulo. ESALQ-USP. Piracicaba, Fundação Gargill, pp.95-123, 1986.

GONÇALVES, P.S.; CARDOSO, M.; BOAVENTURA, M.A.M.; MARTINS, A.L.M.; LAVORENTI, C. Biologia, citogenética e ploidia de espécies do gênero Hevea. O Agronômico, Campinas, v.41, n.1, p.40-64, 1989.

GONÇALVES, P.S.; MARTINS, A.L.M.; FURTADO, E.L.; SAMBURGO, R.; OTTATI, E.L.; ORTOLANI.; JÚNIOR, G.G. Desempenho de clones de seringueira da série IAC300 na região do planalto de São Paulo, Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.37, n.2, p.131-138, fev. 2002.

INTERNATIONAL RUBBER STUDY GROUP. Rubber Statistical Bulletin. Wembley: IRSG, v.61. 61p., 2007.

PEREIRA, J. da P.; BUENO, N.; HAAG, H. P. Alguns problemas relacionados com a formação de mudas de seringueira (Hevea spp). Anais do 2ºSimpósio da Cultura da Seringueira, 27 a 30 de julho de 1987- Picaricaba, SP.

ROBERTS, E.H. Predicting the storage life of seeds. Seed Science & Technology. v.1, n.2, p.499-514, 1973.

WYCHERLEY,P.R. The genus Hevea. In: Workshop on international collaboration Hevea breeding and the collection and establishment of materiais from the Neotropic. 12p. Kuala Lumpur. Malaysia, 1977.

BONOME, L.T. da S. Alterações fisiológicas, bioquímicas e moleculares em sementes de seringueira [Hevea brasiliensis (Willd. Ax Adr. De Juss) Müell.-Arg.] durante o armazenamento. 2006. 124 p. Tese (Doutorado em Fisiologia Vegetal) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.