AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE, DA ... -...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO DE AGRONOMIA
AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE, DA INCIDÊNCIA DE DOENÇAS E CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE OITO ACESSOS CLONAIS DE Theobroma cacao L. NO
MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PA
Paulo André da Silva Borges
Altamira-PA 2012
Paulo André da Silva Borges
AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE, DA INCIDÊNCIA DE DOENÇAS E CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE OITO
ACESSOS CLONAIS DE Theobroma cacao L. NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira, como requisito parcial para a obtenção do Título de Engenheiro Agrônomo.
Orientador: Prof. Dr. Sebastião Geraldo Augusto
Altamira-PA
2012
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
UFPA – Campus de Altamira - Biblioteca
Borges, Paulo André da Silva Avaliação da produtividade da incidência de doenças e caracterização morfológica de oito acessos clonais de Theobroma Cacao L. no município de Altamira-PA/ Paulo André da Silva Borges; orientador, Profº Drº. Sebastião Geraldo Augusto.— 2012.
Monografia (Graduação) Universidade Federal do Pará, Faculdade de Engenharia Agronômica, 2012.
1. Cacau – melhoramento genético. 2. Cacau- doenças. 3. Fitossanidade.I.Título.
CDD. 633.74
Paulo André da Silva Borges
AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE, DA INCIDÊNCIA DE DOENÇAS E CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE OITO ACESSOS CLONAIS DE Theobroma cacao L. NO
MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PA
Trabalho de Conclusão de Curso submetido à aprovação como requisito parcial para a obtenção do Título de Engenheiro Agrônomo.
Orientador: Prof. Dr. Sebastião Geraldo Augusto Faculdade de Engenharia Agronômica, UFPA
__________________________________________________________
Banca Examinadora: Prof. Dr. Miguel Alves Junior Faculdade de Engenharia Agronômica, UFPA
__________________________________________________________
Prof. Dr. Francisco Plácido Magalhães de Oliveira Faculdade de Ciências Biológicas, UFPA
__________________________________________________________
Altamira, 15 de Fevereiro de 2012
i
“Árdua é a missão de defender e desenvolver
a Amazônia, porém muito mais difícil foi a de
nossos antepassados em conquistá-la e
mantê-la.”
Gen. Ex. Rodrigo Otávio
ii
Dedico à minha mãe (Dona Do Carmo) pelo apoio incondicional a todos os meus projetos e por muitas vezes ter acreditado e incentivado, algumas vezes, quando eu mesmo já havia desistido.
Aos meus irmãos Elilde, Jaiane e Johndson por cada palavra de força e apoio proferidos muitas vezes em circunstâncias cruciais e que contribuíram bastante para esta conquista.
À família que em Altamira me acolheu tornando-me um de seus membros, fornecendo-me todo o suporte físico e emocional necessários para que pudesse chegar a este fim (Carlos, Keila, Júlia e Marcelle).
iii
AGRADECIMENTOS
Glorifico o nome do Senhor Jesus pela minha vida, pela saúde e por esta grande
vitória que deu em minhas mãos.
Agradeço a toda a minha família pela participação de cada membro em minha
educação, formação do caráter e por ter me ensinado a escolher caminhos que nem sempre
foram os mais fáceis, mas com certeza foram justos e corretos.
À Universidade Federal do Pará por ter desenvolvido este curso de Engenharia
Agronômica que procura formar profissionais preparados para trabalhar com pequenos e
médios agricultores (familiares), sendo este um diferencial muito importante para toda a
região amazônica.
Ao meu Orientador Prof. Dr. Sebastião Geraldo Augusto pelo companheirismo
durante todo o curso, pelo convite para a realização deste trabalho e pelo exemplo de
profissionalismo que tem servido de modelo para vários acadêmicos de Agronomia.
Aos amigos da turma de Engenharia Agronômica 2006 em Altamira que tão bem
me receberam.
Aos amigos que estiveram diretamente envolvidos na pesquisa de campo que
culminou com o desenvolvimento deste trabalho, sendo: Caroline Brito, Edna Souza, Ângela
Eugênio, Andréia Portugal, Elison Freitas (Francês), Mário Vitorino, Éder Felizardo, Paulo
Matheus, Fernanda Poan, Gleidiane Ferreira, Terezinha Perna, Nágila Ribeiro, Wilks Barreto,
Rogério Brito, Thiago Oliveira, Edilane Caetano, Érick Morais, Ricardo Lima, Danilo Dantas,
Eliézer Valente (Brito Júnior), Gustavo Silva, Felipe Martenexen, Edione Gouveia (Sumano)
e Josué Silva.
Aos Docentes da Faculdade de Engenharia Agronômica, Campus de Altamira,
pelo apoio e incentivos.
Enfim, agradeço a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a
realização deste sonho.
iv
SUMÁRIO
Página
1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 01
2 – REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 03
2.1 – CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA E CARACTERÍSTICAS FENOLÓGICAS DO
CACAUEIRO .................................................................................................................... 03
2.2 – EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS DO CACAUEIRO .................................... 05
2.3 – IMPORTÂNCIA ECONÔMICA ............................................................................. 06
2.4 – PRINCIPAIS DOENÇAS ........................................................................................ 08
2.4.1 – Vassoura-de-bruxa .............................................................................................. 08
2.4.2 – Podridão-parda .................................................................................................... 10
2.5 – MELHORAMENTO GENÉTICO DO CACAUEIRO ............................................ 12
2.5.1 – Histórico dos programas de conservação de recursos genéticos do cacaueiro
no Brasil ............................................................................................................................ 12
2.5.2 – Melhoramento genético do cacaueiro no Brasil ................................................ 13
2.6 – COMPATIBILIDADE GENÉTICA NO CACAUEIRO ......................................... 17
2.7 – CARACTERIZAÇÃO DE FRUTOS E SEMENTES .............................................. 18
3 – MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 21
3.1 – CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL ........... 21
3.2 – TRATOS CULTURAIS E CONTROLE FITOSSANITÁRIO ................................ 22
3.3 – CALAGEM E ADUBAÇÃO ................................................................................... 23
3.4 – DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E DISTRIBUIÇÃO DE CLONES ........... 23
3.5 – PRODUTIVIDADE DE AMÊNDOAS SECAS ...................................................... 24
3.6 – CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE FRUTOS E SEMENTES ............... 24
3.7 – PRODUÇÃO ANUAL DE FRUTOS E ÍNDICES DE VASSOURA-DE-
BRUXA E PODRIDÃO-PARDA EM FRUTOS .............................................................. 25
3.8 – ANÁLISE ESTATÍSTICA ....................................................................................... 25
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 27
4.1 – ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE DE AMÊNDOAS SECAS ............................. 27
4.2 – NÚMERO MÉDIO DE SEMENTES E PESO MÉDIO DE SEMENTES
ÚMIDAS POR FRUTO .................................................................................................... 33
4.3 – PESO MÉDIO DE AMÊNDOA SECA E PESO MÉDIO DE COTILÉDONE
SECO ................................................................................................................................. 36
4.4 – PESO MÉDIO DE FRUTOS E PESO MÉDIO DE CASCAS ................................ 41
v
4.5 – PRODUÇÃO ANUAL DE FRUTOS E ÍNDICES DE VASSOURA-DE-
BRUXA E PRODRIDÃO-PARDA EM FRUTOS ........................................................... 44
5 – CONCLUSÃO ........................................................................................................... 49
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 50
APÊNDICE ...................................................................................................................... 56
vi
LISTA DE FIGURAS Página
Figura 01. Variação média mensal da floração de cacaueiros em Medicilândia-PA
(1976-1991), Ouro Preto D’Oeste-RO (1977-1988), Manaus-AM (1980-1988) e Alta
Floresta-MT (1980-1988) .................................................................................................. 05
Figura 02. Localização da área experimental .................................................................... 21
Figura 03. Peso médio de amêndoas secas por planta por acesso em 2010 e 2011 ......... 28
Figura 04. Produtividade de amêndoas secas por clone (kg.ha-1) nos anos 2010 e
2011 ................................................................................................................................... 29
Figura 05. Detalhes das 10 plantas com melhor desempenho de produtividade de
amêndoas secas (kg.planta-1) no ano de 2010 ................................................................... 31
Figura 06. Detalhes das 10 plantas com melhor desempenho de produtividade de
amêndoas secas (kg.planta-1) no ano de 2011 ................................................................... 32
Figura 07. Valores médios de número de sementes e peso médio de sementes úmidas
por fruto ............................................................................................................................. 35
Figura 08. Valores médios de peso de amêndoa seca e peso de cotilédone seco por
clone .................................................................................................................................. 39
Figura 09. Valores médios de peso de frutos e peso de cascas ........................................ 42
Figura 10. Valores percentuais de frutos sadios, percentuais de frutos com vassoura-de-
bruxa e percentuais de frutos com podridão-parda em 2010 ............................................. 47
Figura 11. Valores percentuais de frutos sadios, percentuais de frutos com vassoura-de-
bruxa e percentuais de frutos com podridão-parda em 2011 ............................................. 48
Figura 01A. Distribuição mensal da produção de frutos em 2010 ................................... 58
Figura 02A. Distribuição mensal da produção de frutos em 2011 ................................... 59
vii
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Página
Quadro 01. Valores aproximados de algumas características físicas do fruto do
cacaueiro maduro e seus componentes .............................................................................. 20
Quadro 02. Propriedades físico-químicas em amêndoas de cacau, por região ................ 20
Tabela 01. Resultados das análises de solo em 2010 e 2011, profundidade de 0,0 a
20,0cm ............................................................................................................................... 23
Tabela 02. Dados da produtividade de amêndoas secas de cacau no ano 2010 ............... 27
Tabela 03. Dados de produtividade de amêndoas secas de cacau no ano 2011 ............... 28
Tabela 04. Número médio de sementes por fruto, desvio padrão e coeficiente de
variação ............................................................................................................................ 34
Tabela 05. Peso médio de sementes úmidas por fruto nos períodos chuvoso e seco,
média geral, desvio padrão e coeficiente de variação ....................................................... 36
Tabela 06. Peso médio de amêndoa seca nos períodos chuvoso e seco, média geral,
desvio padrão e coeficiente de variação ............................................................................ 38
Tabela 07. Peso médio de cotilédone seco nos períodos chuvoso e seco, média
geral, desvio padrão e coeficiente de variação .................................................................. 40
Tabela 08. Valores médios de peso de frutos (g), desvio padrão e coeficiente de
variação ............................................................................................................................ 42
Tabela 09. Valores médios de peso de cascas (g), desvio padrão e coeficiente de
variação ............................................................................................................................. 43
Tabela 10. Número médio de frutos colhidos (FC), de frutos sadios (FS), de frutos
com vassoura-de-bruxa (FVB) e de frutos com podridão-parda (FPP) por planta, por
acesso clonal e relação percentual no ano de 2010 ........................................................... 45
Tabela 11. Número médio de frutos colhidos (FC), de frutos sadios (FS), de frutos
com vassoura-de-bruxa (FVB) e de frutos com podridão-parda (FPP) por planta, por
acesso clonal e relação percentual no ano de 2011 ........................................................... 45
Tabela 01A. Dados de produção por planta dos oito clones em 2010 e 2011 .................. 56
Quadro 01A. Dados de precipitação pluviométrica em Altamira-PA de 2008 a 2011 .... 58
viii
RESUMO
AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE, DA INCIDÊNCIA DE DOENÇA S E CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE OITO ACESSOS CLONAIS DE
Theobroma cacao L. NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PA
A partir da década de 50 o Brasil, oficialmente, iniciou suas pesquisas relacionadas a melhoramento genético de Theobroma cacao L. por meio de expedições de prospecção de material genético na região amazônica, criação de bancos ativos de germoplasma, avaliação de características agronômicas de distintos genótipos e desenvolvimento de variedades híbridas melhoradas, entre outros. Em função da grande crise da lavoura cacaueira, ocorrida ao final dos anos 80, provocada pela epidemia da doença vassoura-de-bruxa no Sul da Bahia, a CEPLAC, órgão responsável por políticas relacionadas à lavoura cacaueira, redirecionou suas pesquisas em melhoramento genético para o desenvolvimento de variedades clonais altamente produtivas e resistentes à vassoura-de-bruxa, porém, direcionadas somente para aquele agrossistema. No entanto, na Amazônia, região que abriga o segundo maior pólo produtor do Brasil, onde a lavoura tem crescido tanto em área quanto em produção, essas pesquisas ainda são incipientes. Neste trabalho foram avaliadas a produtividade, a incidência de vassoura-de-bruxa e podridão-parda e realizada a caracterização morfológica de frutos e de sementes em oito acessos clonais de cacaueiros selecionados no município de Altamira-PA. As avaliações foram conduzidas em delineamento inteiramente casualizado com oito repetições para cada acesso clonal no quinto e sexto anos de vida. As análises estatísticas evidenciaram diferença significativa nos dois anos, sendo comprovado que os acessos clonais C5, C1 e C3 destacaram-se na produtividade de amêndoas secas, principalmente no segundo ano de pesquisa com valores superiores a 3.000 Kg.ha-1. Os índices de doenças em frutos foram considerados baixos, pois os maiores valores verificados foram de 6,0% para vassoura-de-bruxa e 14,3% para podridão-parda no primeiro ano de pesquisa e, no segundo de 2,0% e 7,4%, respectivamente. Apenas os acessos C6 e C8 tiveram média menor que 40 sementes por fruto. Os clones C5, C1 e C3 em conjunto, apresentaram as melhores médias de peso de sementes úmidas por fruto, de peso de amêndoa seca e peso de cotilédone seco. Em todos os acessos houve diferença altamente significativa em relação à época do ano para os descritores peso de amêndoa seca e peso de cotilédone seco, sendo que de C1 a C7 as médias foram maiores na época chuvosa e para C8 na época de estiagem. Palavras-chave: Cacaueiro, Clone, Melhoramento genético, Produtividade, Fitossanide.
1
1 – INTRODUÇÃO
Apesar de a Região Amazônica ter sido líder nacional na produção do cacau, e ser
o “berço” de sua origem, esta fruta conquistou o mundo como produto da Bahia, Estado que
chegou a ser responsável por 95% da produção nacional, com área total plantada superior a
600 mil hectares (MENDES, 2007).
A lavoura cacaueira foi introduzida no território da Transamazônica na década de
70, com incentivos do Governo Federal, por intermédio da Comissão Executiva do Plano da
Lavoura Cacaueira (CEPLAC), como alternativa de expansão da fronteira agrícola para esta
região, onde foi identificada uma grande mancha de Nitossolo Roxo (Terra Roxa
Estruturada), solo de alta fertilidade natural (MARTINS et al., 2001; FALESI, 1972).
No decorrer da colonização ao longo da Rodovia Transamazônica, especialmente
em Medicilândia e municípios vizinhos, diversos cultivos obtiveram incentivos
governamentais. Com a descontinuidade dos programas e ausência de políticas públicas
sequenciadas que assegurassem aos agricultores assistência técnica qualificada e
disponibilidade de recursos, no final da década de 90 e início dos anos 2000 o cacaueiro
passou a substituir lavouras decadentes de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.), café
conilon (Coffea canephora) e pimenta-do-reino (Piper nigrum L.), como única cultura que,
naquele momento, despertava a confiança dos agricultores como geradora de renda e
emprego, dado o histórico de sucesso na região (NOGUEIRA, 2009).
No ano de 2002 teve início uma grande evolução na lavoura cacaueira da região
no que diz respeito à área plantada, pois, a grande elevação do preço de amêndoas secas de
cacau, ocorrida naquele ano, quando houve alta de 375%, chegando a atingir picos de 1.000%
de aumento a partir do preço de pauta de R$ 1,20 para R$ 4,50, atingindo algumas vezes R$
12,00 por quilo de amêndoas secas, alavancou essa evolução (NOGUEIRA, 2009). A
valorização no mercado provocou um “boom” na área plantada do território da
Transamazônica que, de acordo com dados de IBGE (2011), passou de 24.429 hectares em
2002 para 46.349 hectares em 2009, sendo que o município de Medicilândia, neste mesmo
período, apresentou acréscimo de 100% na área plantada, o que posteriormente lhe rendeu o
título de maior produtor do país com 18.333 toneladas de amêndoas secas em 2009.
Após a crise da cacauicultura brasileira, provocada pela epidemia de vassoura-de-
bruxa nos cacauais do Sul da Bahia, principal região produtora do país, o programa brasileiro
de melhoramento genético do cacaueiro passou a buscar genótipos que apresentassem genes
2
de resistência à doença, com o objetivo de desenvolver variedades clonais resistentes e com
características agronômicas desejáveis para renovar a lavoura cacaueira no Brasil.
As pesquisas com variedades clonais de cacaueiros no país, de forma geral, vêm
apresentando bons resultados como ganho de produtividade e tolerância à doença, inclusive
com a recomendação de algumas variedades pela CEPLAC. Contudo, de acordo com Pereira
(2001), para as regiões produtoras da Amazônia brasileira as discussões sobre prós e contras
da utilização destas variedades clonais estão apenas começando, de modo que ainda não há
nenhuma variedade clonal indicada para a região. Desta forma, considerando-se o imenso
potencial da região e a grande demanda mundial por cacau, mais que uma necessidade, torna-
se um dever para o Estado brasileiro incentivar pesquisas que busquem o desenvolvimento de
variedades clonais resistentes a doenças e de alto padrão produtivo para a Amazônia
brasileira.
Este trabalho teve como objetivo avaliar oito clones de cacaueiros selecionados
em uma propriedade rural na comunidade Traíras, município de Altamira-PA, quanto ao
potencial de produção de amêndoas secas, incidência de vassoura-de-bruxa e podridão-parda
nos frutos colhidos no quinto e sexto anos de campo e caracterizar morfologicamente os
frutos e amêndoas desses acessos genéticos.
3
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 – CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA E CARACTERÍSTICAS FENOLÓGICAS DO
CACAUEIRO
O cacaueiro (Theobroma cacao L.), planta tropical da família Sterculiaceae, é
nativo do continente americano, podendo ser encontrado em plantações comerciais desde a
latitude 23º N até 25º S, sendo uma espécie altamente exigente em nutrientes e em água, por
isso, recomendado para solos de média a alta fertilidade natural e com boas características
físicas (ARCE, 2004; MARTINS, 2001; SILVA NETO, 2001).
Almeida et al. (1987) comentando Barriga et al. (1985), ressalta que há uma
grande variabilidade fenotípica de diversos caracteres entre e dentro de populações de
cacaueiros da Amazônia brasileira, dentre os quais elenca o tamanho de frutos, textura e
espessura de casca, tamanho de semente e coloração de cotilédone.
O cacaueiro tem características de perenidade, podendo viver de forma produtiva
por mais de cem anos. Quando de origem seminal mede entre cinco e oito metros de altura
podendo sofrer forte variação a depender do ambiente, com altura reduzida quando a pleno sol
ou mais de 20 metros quando em condições de floresta. O diâmetro de copa atinge de quatro a
seis metros. No cacaueiro, o sistema radicular caracteriza-se pela presença de uma raiz
pivotante que varia de comprimento em função das características físicas do solo, havendo
exemplares que atingiram dois metros de profundidade, em contrapartida, as raízes
secundárias concentram-se principalmente nos primeiros 30 centímetros do solo, formando
um raio de 2,5 a 3,0 metros (SILVA NETO, 2001).
O caule do cacaueiro é ereto e desenvolve-se até cerca de 1,00 m a 1,50 m de
altura, quando normalmente cessa a dominância do ramo de crescimento principal e abre-se o
fust, coroa composta por quatro ou cinco ramos plageotrópicos. Todavia, em ambientes
silvestres pode ocorrer entouceiramento da planta, observando-se vários troncos que se
desenvolvem de forma inclinada em relação ao solo (SILVA NETO, 2001; ALMEIDA,
2001).
A flor do cacaueiro é hermafrodita e se constitui de cinco sépalas, cinco pétalas,
cinco estaminóides, cinco estames, capazes de produzir cerca de 14.000 grãos de pólen, e, por
último, um pistilo com ovário subdividido em cinco lojas, as quais apresentam de 35 a 70
óvulos cada. Elas nascem a partir de almofadas florais que se originam nas axilas das folhas,
4
porém, somente se desenvolvem de um a três anos após a queda da folha, sendo distribuídas
pelo tronco e ramos lenhosos da planta (FIGUEIREDO, 1986; CARLETTO, 1946 apud
SCERNE et al., 1998).
O intervalo de tempo entre o lançamento dos botões florais e a abertura das flores
gira em torno de 39 dias em média, sendo que o processo de abertura da flor inicia-se por
volta das dezesseis horas e se estende até a manhã do dia seguinte, partindo da abertura das
sépalas, pétalas, estames e estaminóides, respectivamente, concluindo-se com a deiscência das
anteras próximo das cinco horas. Depois de polinizada a flor leva em torno de seis horas até
ser fertilizada, caso a fertilização não ocorra, a flor se desprenderá da planta em no máximo
24 horas, quando a flor não é polinizada seu desprendimento ocorre em até 48 horas após a
abertura (CARLETTO, 1946 apud SCERNE et al., 1998; SILVA NETO, 2001).
O cacaueiro produz até 125.000 flores.planta-1 ao ano, quando a pleno sol, e
acredita-se que esta grande produção de flores seja para assegurar a atração de polinizadores,
contudo, por meio de polinização natural apenas 5% delas serão fertilizadas e somente 0,1%
atingirão a forma de fruto maduro (ALMEIDA, 2001).
Na Amazônia brasileira há ocorrência de dois picos de floração, o principal ocorre
na época de transição período seco/período chuvoso, o menor ocorre no início do período seco
(SILVA NETO, 2001). Contudo, pesquisas têm mostrado que há consideráveis variações em
diferentes pontos da Amazônia: Medicilândia-PA teve picos de floração no mês de janeiro;
Ouro Preto D’Oeste-RO, em setembro; Manaus-AM, em outubro, e Alta Floresta-MT, no mês
de janeiro, conforme ilustrado na Figura 01 (SCERNE et al., 1998).
Aderido à planta por um pedúnculo lenhoso, o fruto é indeiscente, necessitando
ser colhido para dispersão. Possui pericarpo carnoso, apresenta coloração verde ou roxa
quando em desenvolvimento e amarela ou laranja quando maduro, sendo que o período entre
a polinização e a maturação transcorre em média em 167 dias. Na Amazônia brasileira há
relatos de cacaueiros com mais de 100 frutos em apenas uma colheita, e frutos com 67
sementes em perfeitas condições para germinação (FIGUEIREDO, 1986; SILVA NETO,
2001).
O advento da forte ocorrência de polinização cruzada em cacaueiro contribuiu
expressivamente para a redução de diferenças entre populações adjacentes através do grande
fluxo gênico entre si. As populações de cacaueiros da Amazônia brasileira apresentam como
características mais comuns frutos de tamanho pequeno a médio, forma elíptica, rugosidade
leve, constrição basal leve e forma do ápice obtusa. No entanto, há características que talvez
por motivo de isolamento geográfico de populações são pouco ou nunca observados em
5
571
496
1.049 1.072
343
845818
328
0
200
400
600
800
1.000
1.200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Nº
de F
lore
s ca
ídas
/m²
Medicilândia-PA Ouro Preto D'Oeste-RO Manaus-AM Alta Floresta-MT
plantações comerciais como a coloração azulada do “cacau azul” encontrado em populações
do rio Içá-AM ou a ocorrência de casca fina e quebradiça de frutos observados em populações
às margens do rio Javari e afluentes (ALMEIDA, 2001).
Figura 01. Variação média mensal da floração de cacaueiros em Medicilândia-PA (1976-1991), Ouro Preto D’Oeste-RO (1977-1988), Manaus-AM (1980-1988) e Alta Floresta-MT (1980-1988). Adaptado de Scerne et al. (1998).
2.2 – EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS DO CACAUEIRO
Assim como qualquer outro vegetal, o cacaueiro necessita de condições
ambientais favoráveis para que possa ter um bom desenvolvimento vegetativo e expressar
todo o seu potencial genético através de sua produção. Devido ser uma planta originária do
trópico úmido, recomenda-se que o cacaueiro seja cultivado comercialmente entre as latitudes
15º N e 15º S em relação à linha do Equador, porém, é possível encontrar plantações
comerciais desde a latitude 23º N até aproximadamente à latitude 25º S, onde se observa
clima do tipo subtropical (ARCE, 2004).
O cacaueiro é considerado uma planta extremamente exigente em água. Necessita
de precipitação anual de pelo menos 1.250 mm, com boa distribuição ao longo de todo o ano.
Contudo, de forma geral, na Amazônia brasileira adota-se como nível ótimo para a produção
6
comercial de cacau precipitações entre 1.800 mm e 2.500 mm anuais, com mínimas mensais
não inferiores a 100 mm (SCERNE, 2001).
Outro fator de relevante importância para a cultura diz respeito à faixa de
temperatura ideal, pois o cacaueiro requer temperaturas relativamente altas para seu bom
desenvolvimento e produção, as quais ficam em torno de 15ºC a 30ºC, sendo estabelecida a
temperatura de 10ºC como limite mínimo e a média anual de 25ºC (HARDY apud MORAIS
et al., 1981).
O cultivo do cacaueiro necessita de solos com profundidade em torno de 1,20 m
com boa drenagem e textura que permita o bom desenvolvimento do sistema radicular e
satisfatória retenção de água. Solos com média ou alta fertilidade natural são os mais
recomendados para a prática da cultura e o pH ótimo oscila entre 6,0 e 6,5 (BARBOSA,
2001).
Os solos mais recomendados para o cultivo do cacaueiro em Altamira e
municípios circunvizinhos são os Nitossolos (Terra Roxa Estruturada Eutrófica) que, de
acordo com Falesi (1972), são solos profundos, com altas taxas de saturação de bases (60% a
80%), pH variando de 5,2 a 5,9, o teor de alumínio (Al) é zero, o que descarta a necessidade
de calagem. Porém, de acordo com o autor, possuem baixos níveis de fósforo assimilável,
fazendo-se necessária a utilização de adubação fosfatada.
Os Nitossolos ocorrem às margens da rodovia BR-230, “Transamazônica”, em
pequenas manchas desde o km 45 no sentido Altamira-Marabá até o km 54 no sentido
Altamira-Itaituba. Porém, a partir do km 62 forma-se uma grande mancha contínua de “Terra
Roxa Estruturada, indo até o km 112, sendo considerada até a década de 1970, como a maior
extensão de solos de boa fertilidade que se tinha conhecimento existente na Amazônia
(FALESI, 1972).
2.3 – IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
A cacauicultura tem uma grande importância em mais de cinco milhões de
domicílios no mundo inteiro, onde ocupa uma área de cerca de sete milhões de hectares e
influencia social e economicamente a vida de aproximadamente 25 milhões de pessoas
(SOMARRIBA, 2006). Geograficamente a produção mundial de cacau tem como base três
regiões bastante distintas localizadas em três continentes diferentes. Tais regiões são
compreendidas por países da costa Oeste africana como Costa do Marfim, maior produtor
7
mundial, Nigéria, Gana e Camarões; Na América com ênfase para o Brasil; e no Sudeste
asiático, que surge como uma nova região produtora, com Malásia e Indonésia (DIAS, 2001
B).
A produção cacaueira no Brasil passou por um longo processo de evolução desde
a criação da CEPLAC, e assumiu um lugar de destaque no agronegócio brasileiro. A produção
na região sul da Bahia passou de 162.000 toneladas nas safras de 1956 a 1967 para mais de
448.000 toneladas em 1987. Na década de 70 a Bahia chegou a arrecadar para as finanças
nacionais cerca de um bilhão de dólares por ano com a produção de cacau, sendo que o
recorde de divisas oriundas da produção cacaueira foi o valor de 2,4 bilhões de dólares no
ciclo 1976/1977 (CEPLAC, 2009).
O cacau tornou-se tão importante para a Bahia que sua participação na formação
de receita por hectare e sua contribuição no Valor Bruto da Produção Agrícola em 2002
naquele Estado, foi responsável por 66% do valor gerado por todas as culturas perenes
daquele ano (CUENCA, 2004).
O agronegócio do cacau consolidou-se de tal forma no Brasil que temos
reconhecidamente o mais moderno complexo agroindustrial e o maior parque de
processamento de amêndoas de cacau dentre os países exportadores (MENEZES e CARMO
NETO, 1993).
O Governo Federal, a partir da década de 1970, através do Programa Nacional de
Expansão da Cacauicultura (PROCACAU) almejava implantar na Amazônia cerca de 160.000
hectares com a espécie, sendo que destes foram destinados 51.000 hectares ao Pará. A região
Transamazônica, que compreende o maior pólo cacaueiro da Amazônia, recebeu sozinha
30.000 hectares (MENDES, 2009).
Desde o ano de 1979, auge das exportações brasileiras de cacau, ocasião em que
foram exportados cerca de US$ 922 milhões, o país passou por uma drástica queda nas
exportações em virtude da diminuição da produção brasileira, em função da entrada de
Moniliophthora perniciosa na principal região produtora, ao final da década de 1980,
passando no ano 2000 a exportar apenas US$ 161 milhões, o que representou um decréscimo
de mais de 80%. Contudo, em 2004, após o início da recuperação de grandes áreas, o valor
exportado passou para aproximadamente US$ 317 milhões, configurando o princípio de uma
possível reação da cacauicultura brasileira (LIMA, 2007).
Em 2008, o Brasil produziu 216.749 toneladas de cacau representando um
aumento de 7,5% em relação ao ano anterior. Neste mesmo período o Pará apresentou a maior
taxa de aumento da produção no país, com 5,1%, seguido por Rondônia com 2,2% e Espírito
8
Santo com 0,7%, enquanto que a Bahia manteve-se sem aumentos. A produção brasileira teve
um incremento de 19.961 toneladas e o Pará aumentou sua produção em 34.301 toneladas no
mesmo período (MENDES e LIMA, 2009).
Mendes e Lima (2007), explanando dados de IBGE (2005), afirmam que no Pará
este crescimento tem-se mostrado muito positivo, tanto que no município de Medicilândia,
maior produtor nacional, o valor total bruto da produção de cacau representou cerca de 70%
de todas as receitas oriundas do setor agrícola do município, advertindo ainda, que mesmo
enfrentando diferenciais de preço de até 60% menos, o município consegue ser competitivo,
em virtude dos baixos custos de produção.
2.4 – PRINCIPAIS DOENÇAS
2.4.1 – Vassoura-de-bruxa
O fungo Moniliophthora perniciosa, que pertence à classe dos Basidiomicetos,
causador da doença vassoura-de-bruxa em cacaueiros, foi observado pela primeira vez em
1895 no Suriname e em 1918 no Equador, sendo constatado em seguida em outros países
como Venezuela, Guianas, Colômbia e nas ilhas do Caribe, podendo ser atualmente
encontrado em todos os países produtores de cacau da América, continental e insular
(COSTA, 1993).
Conforme Pegler (1978), citado por Silva (1997), o parasita foi descrito pela
primeira vez por Stahel, como Marasmius perniciosus, em 1915, porém, em 1942 Singer o
reclassificou denominando-o Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer. Todavia, Aime e Phillips-
Mora (2005) passaram a sugerir sua recolocação, agora como Moniliophithora perniciosa,
baseados em comparações de análises filogenéticas deste com outro fungo, o Moniliophithora
roreri.
Pegus (1972) desenvolveu uma teoria de que o ciclo vital do fungo é
hemibiotrófico, ou seja, possui duas fases completamente diferentes, uma parasítica
(biotrófica) e outra saprofítica (necrotrófica), sendo que ambas representam os micélios
primário e secundário do fungo, respectivamente. Os micélios apresentam diferenças tanto
morfológica quanto fisiologicamente, constituindo-se na fase parasítica por micélio
monocariótico, sem grampos de conexão e hifas grossas (5 a 20 mm) que se desenvolvem
intercelularmente nos tecidos verdes infectados, e na fase saprofítica por micélio dicariótico,
9
com grampos de conexão e hifas finas (1,5 a 3,0 mm) que ocorre intracelularmente nos
tecidos infectados e necrosados no hospedeiro (EVANS e BASTOS, 1979).
Almeida (2001) destaca que o fungo ataca os tecidos meristemáticos jovens da
planta e a sintomatologia pode variar de acordo com o tipo de infecção, além da natureza,
idade e estágio fisiológico do tecido atacado, sendo que a sintomatologia é caracterizada por
hipertrofias de ramos e intensa brotação de gemas laterais com aspecto que lembra uma
vassoura (vassoura vegetativa). Quando a infecção se dá nas almofadas florais há o
surgimento de flores hipertrofiadas com pedicelo longo e inchado, que produzirão os
chamados frutos “morango”. Segundo o mesmo autor, nas almofadas infectadas também
podem se desenvolver vassouras vegetativas, já as infecções de frutos podem produzir frutos
“cenoura” (quando infectados ainda jovens) ou podem apresentar uma mancha negra externa,
além de ter as amêndoas apodrecidas e aderidas entre si. Outros frutos poderão apresentar
apenas a mancha negra sem, contudo, ter sua parte interna afetada.
O fungo M. perniciosa é endêmico da região amazônica e parasita espécies dos
gêneros Theobroma e Herrania, além de algumas espécies da família Solanaceae pertencentes
aos gêneros Solanum e Capsicum (LUZ et al., 1997), tem o ar como principal meio de
dispersão, devendo-se considerar que a chuva também exerce importante papel neste sentido
(ANDEBHRAN, 1988). Portanto, conforme explicam Bastos e Albuquerque (2005)
referindo-se a Andebhran (1985), em condições ambientais favoráveis os basidiósporos
podem deslocar-se por alguns quilômetros a partir da fonte de inóculo, logo, sendo totalmente
possível a infecção de plantas nesta área.
A vassoura-de-bruxa é uma doença tão prejudicial ao cacaueiro que pode provocar
de 70% a 90% de perdas na produção (RUDGARD, et al., 1993), no entanto há casos de
perda total da produção (FALEIRO et al.,2001).
Silva (1997) comentando CEPLAC (1996) reitera que entre as safras 1989/90,
época em que foi verificada pela primeira vez sua presença na região cacaueira da Bahia, e
1994/95, ou seja, cinco anos após, houve um decréscimo de aproximadamente 30% na
produção de amêndoas secas de cacau naquele Estado. Almeida et al. (2002) cita outro
exemplo ocorrido em Itajuipe, BA em que a vassoura-de-bruxa provocou perdas de 41% da
produção, ocasionando prejuízos anuais de R$ 5,5 milhões.
10
2.4.2 – Podridão-parda
O nome Phytophthora tem suas origens na língua grega e quer dizer “destruidor
de plantas”. Este gênero pertence à classe dos Oomicetos, família Pythiaceae e foi descrito
por Anton de Bary em 1876 como Phytophthora infestans (Mont.) de Bary (LUZ e
MATSUOKA, 1996). Contudo, Bahia (2007) citando Butler (1925), lembra que em 1920
Butler fez uma nova descoberta denominando-a como Phytophthora palmivora (Butler)
Butler.
De acordo com Oliveira e Luz (2005) acreditava-se haver apenas uma espécie
dividida em quatro formas morfológicas distintas, porém, a partir de 1979, três destas quatro
formas morfológicas foram reclassificadas, tornando-se espécies distintas, sendo a forma
morfológica um (MF1), redefinida como P. palmivora ‘sensu Butler’ encontrando-se
mundialmente dispersa; a forma morfológica três (MF3), classificada como Phytophthora
megakarya Brasier e Griffin, que ocorre somente na África, e a forma morfológica quatro
(MF4), que foi descrita como Phytophthora capsici Leonian e pode ser encontrada nas
Américas Central e do Sul e em Camarões, na África.
Phytophthora palmivora é a espécie que possui o maior número de hospedeiros,
conseguindo infectar plantas de diversas famílias botânicas, cerca de 41, algumas inclusive de
grande importância econômica, podendo afetar várias partes da planta como raiz, caule, folhas
e frutos, tornando-se por estes motivos um dos mais perigosos fitopatógenos de regiões de
clima quente do mundo (WOOD e LASS, 1985 apud OLIVEIRA e LUZ, 2005).
De acordo com Blaha (1995) comentado por Bahia (2007), e Cilas et al. (2004), o
gênero Phytophthora apresenta em seu ciclo biológico duas fases distintas, uma assexuada e
outra sexuada. Na fase assexuada órgãos de multiplicação vegetativa, os esporócitos, são
formados de um talo ou da união de dois talos miceliais, que germinam e formam estruturas
denominadas clamidósporos. Na fase sexuada o contato de dois talos miceliais produzirá
estruturas masculinas (anterídeos) e outras femininas (oogônios) que originarão o zigoto.
Porém, há fatores conhecidos capazes de influenciar a formação de esporos em Phytophthora
spp., como interação com outros organismos, aeração, umidade, pH, temperatura, luz e
nutrientes (MEDEIROS, 1977 apud BAHIA, 2007).
A podridão-parda é uma doença que necessita de altas taxas de precipitação
pluviométrica ocorrendo picos de infecção quando se concilia com os meses mais frios do ano
(LUZ e SILVA, 2001).
11
Miranda e Cruz (1953), citados por Bahia (2007), informam que temperatura e
umidade relativa do ar ideais giram em torno de 20ºC e 85%, respectivamente, que somados
com as chuvas determinam maior ou menor grau de severidade da doença. Todavia, para que
haja condições propícias para o desenvolvimento da doença, além das condições ambientais
deve-se considerar a natureza genética do hospedeiro, a espécie e a linhagem do patógeno,
bem como sua disseminação e sobrevivência (CILAS et al., 2004).
Há várias fontes de inóculo capazes de disseminar a podridão-parda, tais como
almofadas florais, casqueiros, propágulos que ficam sobre o solo, além de fontes secundárias
como raízes, frutos mumificados, folhas, chupões e cancros (DAKWA, 1974; NEWHOOK e
JACKSON, 1977).
De acordo com Oliveira e Luz, (2005) a visualização dos sintomas da podridão-
parda torna-se possível a partir da trigésima hora após a infecção, apresentando como
característica o surgimento de pequenas manchas na superfície dos frutos, as quais nos
próximos 10 a 14 dias terão adquirido a cor castanha característica da doença e terão coberto
toda a superfície do fruto. A infecção, de acordo com esses autores, ocorre nos frutos em
qualquer fase de desenvolvimento e qualquer parte da superfície do fruto, podendo-se
observar, em situações de alta umidade, três a cinco dias após o aparecimento dos primeiros
sintomas, um crescimento pulverulento branco, sobre as lesões, formado pelo micélio e pelos
esporócitos do fungo.
Acreditava-se que na Bahia a espécie que atacava os cacauais era apenas P.
palmivora, no entanto, posteriormente se descobriu que naquela região a espécie responsável
pelas infecções que provocavam grandes perdas era P. capsici, sendo comum registrarem-se
perdas de até 80% da produção ao final da década de 1980 (LUZ et al., 1997). Além disso,
mais uma espécie foi encontrada atacando cacaueiros no Brasil, a Phytophthora citrophthora
Leonian, considerada a mais virulenta dentre as encontradas no país, apresenta tendência de
crescimento de sua população na região foco de podridão-parda na Bahia (LAWRENCE et
al., 1990; LUZ e SILVA, 2001).
Por outro lado, estudos comprovaram que na região amazônica o principal agente
causador da podridão-parda do cacaueiro é a espécie P. palmivora, provocando perdas que
variam de 30% a 40% nas regiões produtoras do Pará, como território da Transamazônica,
Belém e Tomé-Açú, até perdas consideradas insignificantes no Estado de Rondônia
(ALMEIDA, 2001).
12
2.5 – MELHORAMENTO GENÉTICO DO CACAUEIRO
2.5.1 – Histórico dos programas de conservação de recursos genéticos do cacaueiro no
Brasil
Para Almeida et al. (1987), o melhoramento genético tem sua base fundamental
na disponibilidade de recursos genéticos que possam ser utilizados nos programas de
melhoramento a fim de fazer a incorporação e fixação de genes que proporcionem ganhos em
produtividade, qualidade e resistência ou tolerância a pragas e doenças, entre outros. Para
tanto, fazem-se necessários a formação de coleções de germoplasma, bem como o
desenvolvimento de pesquisas para conhecimento do potencial genético destes recursos.
No Brasil, tomou-se consciência da necessidade de conservação dos recursos
genéticos do cacaueiro somente a partir da criação de instituições de pesquisa, como o
Instituto Agronômico do Norte (IAN), primeira instituição a formar uma coleção de
germoplasma de Theobroma na Amazônia brasileira, com acessos da própria região, além de
19 clones de elite oriundos de outros países como Trinidad, Costa Rica, Peru e Equador
(ALMEIDA et al., 1987). De acordo com Lopes (1985) apud Almeida et al. (1987), tais
recursos foram propagados por via seminal e originaram os clones CAS 1, 2, 3 e 4,
constituindo a primeira coleção organizada do Brasil, dando origem aos bancos de
germoplasma do Instituto Agronômico do Norte, Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e
Centro de Pesquisas de Cacau (CEPEC).
Há notícias de que o início do melhoramento genético do cacau no Brasil ocorreu
na década de 1950 com as primeiras prospecções de populações de Forasteiro do Baixo
Amazonas. No entanto, o programa de melhoramento genético propriamente dito iniciou-se
apenas depois da criação do CEPEC na Bahia, em 1963, que pretendia reunir maiores fontes
de variabilidade genética a partir da introdução de cultivares promissores estrangeiros e coleta
de cacau silvestre da Amazônia brasileira. Daí por diante organizaram-se e executaram-se
expedições de reconhecimento e coleta na Amazônia brasileira (VELLO e ROCHA, 1967
apud ALMEIDA et al., 1987; PEREIRA et al., 1999).
Com a criação do Departamento Especial da Amazônia (DEPEA), a CEPLAC
passou a implantar várias estações experimentais na região, entre as quais, deve-se dar
especial atenção ao Campo de Introdução de Cacau na Amazônia (CICAM), atual Estação de
Recursos Genéticos “José Haroldo” (ERJOH), baseada no município de Marituba-PA, que
passou a receber e fazer as primeiras implantações no campo, de genótipos não apenas
13
silvestres, mas também de lavouras comerciais, áreas experimentais formadas com sementes
melhoradas coletados por toda a Amazônia e de seleções da Bahia, Espírito Santo e de outros
países, constituindo assim, o maior acervo genético de cacau do mundo (ALMEIDA et al.,
1987).
Desde o início das expedições de prospecção de recursos genéticos de cacau os
propágulos de via assexuada apresentavam índices muito baixos de pegamento, havendo
ocasiões de perda total de enxertos de inúmeras matrizes, forçando as equipes a mudarem o
tipo de propágulo coletado, portanto, a partir da década de 1980 se passou a coletar borbulhas
e frutos, quando possível, minimizando perdas e elevando a representatividade amostral.
Talvez por isso, a facilidade de produção de sementes em relação a propágulos vegetativos, o
programa de melhoramento genético brasileiro do cacaueiro, tenha estabelecido grandes
lavouras de plantas híbridas, sendo o plantio clonal superado pelo seminal (ALMEIDA et al.,
1987; DIAS, 1993).
A hibridação foi, por vários anos, a base do programa de melhoramento genético
do cacaueiro no Brasil, por meio de cruzamentos entre variedades clonais de alta
produtividade e de cultivares nacionais para o estabelecimento da lavoura cacaueira. Porém,
com o advento da epidemia de vassoura-de-bruxa ocorrida na região produtora da Bahia a
partir de 1989, a CEPLAC passou a fazer um redirecionamento em seu programa de
melhoramento começando a desenvolver e recomendar a substituição das lavouras de híbridos
por variedades clonais de alta produtividade e resistentes ao fungo Moniliophthora
perniciosa, sendo que as primeiras variedades indicadas pela CEPLAC para este fim foram
‘Theobahia’ em 1994 e TSA, TSH, CEPEC e EET em 1995 (FALEIRO et al., 2001; LIMA,
2007).
2.5.2 – Melhoramento genético do cacaueiro no Brasil
A contribuição do melhoramento genético de plantas para o desenvolvimento da
agricultura, através da criação de inúmeras variedades de interesse agronômico, tem sido
realizada de forma promissora e eficiente que sua aplicabilidade se tornou inquestionável.
Embora já se tenha alcançado significativos resultados em termos de ganhos genéticos, a
expectativa de progresso genético e desenvolvimento de indivíduos ainda melhores é contínua
(SANTOS, 2007).
Desde a década de 1950 se utilizavam na América Central, em plantios comerciais
de cacau, genótipos resistentes à vassoura-de-bruxa, enquanto no Brasil, pela facilidade de
14
produção de sementes estabeleceram-se grandes lavouras de plantas híbridas, sendo o plantio
clonal amplamente superado pelo seminal (DIAS, 1993). No entanto há registros de busca por
materiais resistentes à vassoura-de-bruxa no vale amazônico desde 1938 através de coletas
seminais, e clonais em 1942. Destes materiais originaram-se os clones da série ‘Scavina’,
sendo que ‘Scavina 6’ e ‘Scavina 12’, após avaliação, foram considerados altamente
resistentes, enquanto que o genótipo ‘IMC 67’, pesquisado na mesma época, foi considerado
moderadamente resistente (POUND, 1938; BARTLEY, 1986).
Depois que a vassoura-de-bruxa chegou à Bahia, causando grandes danos à
cacauicultura brasileira, o Centro de Pesquisas de Cacau (CEPEC), órgão da CEPLAC,
procurou fazer novas interações em seu programa de melhoramento genético buscando
desenvolver cultivares que viessem agregar características agronômicas desejáveis como o
alto desempenho produtivo, além da acumulação de genes de resistência a pragas e doenças,
principalmente vassoura-de-bruxa. A resistência genética é apontada como o melhor método
de controle para a vassoura-de-bruxa, sendo o mais econômico, ecológico, eficiente e
promissor já desenvolvido, pois o material oriundo deste tipo de pesquisa pode ser
posteriormente clonado e disponibilizado aos produtores (PEREIRA, 2001; FALEIRO et al.,
2001).
Rios-Ruiz (2001) abordando Luz et al. (1996), reitera que as pesquisas específicas
em melhoramento genético do cacaueiro com objetivo de resistência a doenças passaram a ser
prioridade somente na década de 1980, quando houve grande intensificação nas pesquisas,
sendo que antes os programas davam ênfase a fatores de produção nos critérios de seleção de
matrizes.
A eficácia da resistência a doenças é dependente da variabilidade genética do
patógeno e das características do hospedeiro, conferindo desta forma uma relação dinâmica
entre patógeno e hospedeiro, o que torna o melhoramento para resistência bem mais complexo
que para características agronômicas, sendo, portanto, importante agregar a resistência a
doenças como característica agronômica desejável ao cacaueiro mesmo quando a resistência
alcançada for apenas parcial. Porém, para que a co-existência patógeno-hospedeiro seja
estável, ambientalmente equilibrada, e principalmente, viável do ponto de vista econômico
deverá haver um bom manejo em campo voltado à diminuição da reprodução do inóculo e da
severidade da patologia (Rios-Ruiz, 2001).
Faleiro et al. (2001) citando Monteiro et al. (1995), comentam que no Brasil a
primeira variedade clonal resistente à vassoura-de-bruxa recomendada foi a ‘Theobahia’ em
1994. Subsequentemente, segundo Lima (2007), o CEPEC, em 1995, passou a fazer
15
recomendações para utilização de clones selecionados de TSA, TSH, CEPEC e EET, oriundos
de cruzamentos entre os acessos ‘IMC 67’, ‘ICS 1’ e ‘Scavina 6’, após avaliação de suas
respectivas resistências. A produção de clones resistentes à vassoura-de-bruxa vem crescendo
nos últimos anos, este tipo de propagação foi responsável pela produção de cerca de 6,6
milhões de mudas de 1999 a 2004 no Estado da Bahia (MARROCOS e SODRÉ, 2004).
Deve-se observar que a maioria do material resistente à vassoura-de-bruxa
disponível até então é proveniente de uma única fonte, os clones ‘Scavina 6’ e ‘Scavina 12’,
por conseguinte, estudos comprovaram uma similaridade genética de até 93% entre ambos,
tornando-se, portanto, de suma importância a identificação de novas fontes de resistência para
que se possa ampliar a base genética de materiais resistentes à vassoura-de-bruxa e podridão-
parda (YAMADA et al., 2001; DANTAS NETO et al., 2005).
Conforme comenta Zadoks (1999) apud Faleiro et al. (2001), afirmando que para
ocorrer a diminuição da pressão de inóculo do patógeno e ganho de durabilidade da
resistência é essencial recomendar-se variedades com grande diversidade genética entre si e
que apresentem genes de resistência o mais distintos possível. Caso contrário pode ocorrer o
mesmo que houve no Equador com clones da série ‘Scavina’, que tiveram sua resistência a M.
perniciosa rapidamente quebrada, provavelmente pela grande variabilidade e o alto grau de
virulência do fungo naquele país (RIOS-RUIZ, 2001).
Há exemplo do ocorrido no Equador, já se observou a quebra de resistência em
condições de campo, na região Sul da Bahia, no período de 1995 a 2002, em híbridos da
variedade Theobahia e em alguns clones das séries EET, TSA e TSH, todos descendentes de
‘Scavina’ ou ‘IMC 67’ (ALBUQUERQUE et al., 2005 apud SANTOS, 2007).
No ciclo agrícola de 2006/2007 a produção brasileira foi de 160.000 toneladas,
suficiente para suprir apenas 70% da demanda da indústria brasileira, que é crescente e
aumenta em torno de 15.000 toneladas por ano. Desta forma faz-se necessária a adoção de
novas tecnologias para a produção em larga escala de mudas clonais de material
geneticamente resistente a doenças para que o Brasil possa atingir, brevemente, a auto-
suficiência na produção (SODRÉ, 2007).
As novas tecnologias juntamente com a utilização de um manejo integrado e a
criação de variedades clonais de alta produtividade e tolerantes a doenças, principalmente
vassoura-de-bruxa, poderão recuperar as lavouras e elevar a produtividade da cacauicultura
brasileira, podendo chegar à marca dos 1.500 kg/ha/ano de amêndoas secas (PINTO, 1999).
Para os programas de melhoramento de cacau em andamento em toda a América
do Sul, uma das prioridades é a descoberta imediata de novas fontes de resistência a M.
16
perniciosa. Para tanto, novos genótipos têm sido selecionados, tanto entre acessos já
conhecidos e utilizados, como entre acessos silvestres presentes em Bancos Ativos de
Germoplasma (BAG), os quais passarão por pesquisas a fim de que neles seja possível
identificar genes de resistência, além de características agronômicas desejáveis
(ANDEBRHAN et al.,1998; FONSECA e ALBUQUERQUE, 2000; RIOS-RUIZ, 2001;
SANTOS, 2007).
Para a cacauicultura brasileira o programa de melhoramento genético busca,
principalmente, dar uma resposta à crise provocada pela introdução do fitopatógeno causador
da vassoura-de-bruxa na Bahia por meio da criação de variedades clonais resistentes
(PEREIRA, 2001).
O programa de melhoramento genético do cacaueiro na Bahia através da
clonagem de plantas híbridas selecionadas trouxe grandes vantagens para as novas variedades
como: fixação de genótipos em quaisquer etapas do programa de melhoramento; redução do
período juvenil, resultando na precocidade da planta; aumento de produtividade; redução de
custos em função do porte (menor) e da resistência a doenças. Em razão destes resultados
tem-se estimulado debates a respeito dos prós e contras da implantação de lavouras clonais de
cacaueiros na Amazônia brasileira (PEREIRA, 2001).
Almeida et al. (2009 B), compararam as produtividades de variedades clonais no
quinto ano de campo na Bahia e variedades híbridas em Rondônia e no território da
Transamazônica, no Pará. Os autores observaram que na Bahia a produtividade atingia 1.500
kg.ha-1, enquanto que os híbridos produziam em torno de 1.200 kg.ha-1 ao ano em plantações
comerciais bem manejadas do Estado de Rondônia e ultrapassava a marca de 2.200 kg.ha-1 no
território da Rodovia Transamazônica, no Oeste do Estado do Pará, região detentora dos
maiores níveis de produtividade de híbridos no Brasil.
Com relação aos níveis de produtividade de amêndoas secas de cacau alcançados
no território da Rodovia Transamazônica, no Estado do Pará, Felizardo (2010) e Souza (2011)
observaram experimentalmente valores superiores a 3.000 kg.ha-1 ao ano em Latossolo
Amarelo Distrófico com textura franco arenosa.
17
2.6 – COMPATIBILIDADE GENÉTICA NO CACAUEIRO
Acredita-se que originalmente o cacaueiro tenha sido uma planta auto-
incompatível, haja vista que as populações naturais na região centro de sua origem
apresentam-se desta forma, contudo, a presença de populações naturais autocompatíveis nas
regiões marginais a este local leva os pesquisadores a crer que estas populações evoluíram
para esta condição em função de uma forte pressão da seleção natural exercida pela grande
escassez de agentes polinizadores e pela redução da população nestas áreas (KNIGHT e
ROGERS, 1955; DIAS, 2001 B).
Dias (2001 B) citando Nettancourt (1977) e Heiser (1988) corrobora outra
hipótese que dá conta de que se deve a ocorrência de populações autocompatíveis de
cacaueiros aos povos Asteca e Maia em virtude da seleção de frutos de amêndoas
despigmentadas que faziam, em cacau Crioulo, para produzir chocolate de melhor qualidade,
desta forma, estavam inconscientemente selecionando plantas autocompatíveis, posto que, a
autocompatibilidade é característica predominante nas populações de Crioulos da América
Central.
A auto-incompatibilidade define-se pela incapacidade de uma planta hermafrodita
em produzir zigotos por autopolinização, em consequência há a ampliação do fluxo gênico e
heterozigose na população, pois 50% a 100% das fecundações são oriundas de polinização
cruzada. Concomitantemente, este tipo de sistema reprodutivo pode constituir-se também em
fator de restrição de fluxo gênico e de rendimento caso polinizadores forneçam aos estigmas
de uma determinada planta, misturados aos grãos de pólen de plantas vizinhas, os seus
próprios, inviabilizando a fecundação (VELLO e NASCIMENTO, 1971; ALMEIDA, 2001;
DIAS e RESENDE, 2001).
A própria estrutura morfológica da flor aponta para a auto-incompatibilidade, pois
apesar de ser hermafrodita possui barreiras físicas que dificultam a autopolinização, tais como
a presença da cógula, que se constitui de um prolongamento da pétala formando uma
concavidade análoga a um capuz, revestindo as anteras, outra barreira encontrada na flor do
cacaueiro é o envolvimento do ovário por um círculo de estaminóides estéreis, além do mais,
em função de sua viscosidade os grãos de pólen do cacaueiro aderem-se entre si formando
massas, o que inviabiliza o transporte pelo vento (SORIA et al., 1975; DIAS e RESENDE,
2001).
Para o melhoramento genético a auto-incompatibilidade contribui principalmente
no desenvolvimento de variedades híbridas sem a necessidade de polinizações manuais,
18
entretanto, sua capacidade de produção dependerá dos genótipos utilizados e da eficiência da
polinização, mas ainda que estes dois fatores não interfiram as plantas autocompatíveis
tendem a produzir mais frutos e amêndoas secas que as auto-incompatíveis, de modo que as
sementes distribuídas para plantio são constituídas da combinação de cinco ou mais híbridos
para que se contorne o problema (MORERA et al., 1994).
Cope (1962) comentado por Almeida (2001), explica que o mecanismo de
incompatibilidade do cacaueiro é único, pois o fenótipo de incompatibilidade condiciona-se
por fatores gametofíticos e esporofíticos ainda na microsporogênese, e é conferido pela
influência dos locos gênicos ‘S’, ‘A’ e ‘B’, responsáveis pela regulagem da singamia nas
autopolinizações e polinizações cruzadas.
Complexo e ainda pouco entendido, o mecanismo de auto-incompatibilidade de T.
cacao L. ocorre necessariamente no saco embrionário. O loco ‘S’ é constituído de uma série
polialélica com interações de dominância e independência entre si (S1 > S2 = S3 > S4 > S5),
sendo que interincompatibilidade ocorrerá quando no cruzamento plantas auto-incompatíveis
possuírem alelos ‘S’ em comum, ou quando uma planta possuir alelos independentes e a outra
um alelo dominante. Cruzamentos do tipo ‘S1S2 x S1S3’ e autofecundações ‘S1S2’ resultam em
25% de aborto, autofecundação de ‘S2S3’ gera 50% de aborto e a autofecundação de ‘S2S2’ ou
cruzamento de homozigotos ‘S2S2 x S2S2’ provoca aborto em 100% das flores (DIAS e
RESENDE, 2001).
Os locos ‘A’ e ‘B’ complementares e independentes do loco ‘S’ e entre si, foram
propostos depois que o cruzamento entre clones autocompatíveis gerou híbridos auto-
incompatíveis. Acredita-se que estes locos atuem antes da meiose e que sejam eles os
responsáveis pela expressão de dominância e pela produção de um precursor inespecífico que
ativa determinados alelos ‘S’ depois da meiose (COPE, 1958; 1962 apud DIAS e RESENDE,
2001).
Porém, diferentes pesquisas utilizando marcadores isoenzimáticos observaram
taxas de autofecundação em clones auto-incompatíveis que variaram de 3% a 8% e de 0% a
89%, enfatizando que o mecanismo de reprodução do cacaueiro é bastante variável e que os
fatores ambientais contribuem diretamente para isso (LANAUD et al., 1987: YAMADA,
1991).
19
2.7 – CARACTERIZAÇÃO DE FRUTOS E SEMENTES
As expedições da CEPLAC à Amazônia brasileira a partir de 1965 evidenciaram
grande variabilidade fenotípica em populações de cacaueiros, a qual foi posteriormente
confirmada através de várias coletas feitas na região. Estudos de características agronômicas
de genótipos provenientes destas coletas têm levado pesquisadores a discutir sobre a
importância da utilização das descobertas de variabilidade no melhoramento da espécie
(ALMEIDA et al., 1987; ALMEIDA, 2001).
A variabilidade das populações brasileiras restringe-se ao grupo racial Forasteiro
Amazônico, com o agravante de as expedições de prospecção terem coberto apenas 20% da
Amazônia brasileira. Mesmo assim, de acordo com Almeida et al. (1987) e Almeida (2001),
há observação de considerável variabilidade para alguns caracteres como presença ou não de
pigmentos antociânicos em flores, frutos, sementes e folhas e demais características físico-
químicas de frutos e sementes.
Kobayashi et al. (2001) pesquisando diferentes materiais genéticos da Amazônia
brasileira encontraram acessos clonais com média geral de peso de 582 e 554 gramas/fruto no
Amazonas e Pará respectivamente, havendo exemplares que chegaram a ultrapassar 1,0 kg de
peso. Os acessos de origem paraense apresentaram média de peso de casca de 419g/fruto,
representando cerca de 76% do peso total do fruto.
A semente do cacau é o principal produto comercial e suas características estão
diretamente ligadas à qualidade, é muito sensível a mudanças de temperatura e morre
rapidamente ao desidratar-se. Possui formato elipsóide a ovóide, mede de 20 a 30 mm de
comprimento, é recoberta por uma polpa mucilaginosa levemente doce e ácida, possuindo o
embrião formado por dois cotilédones (SILVA NETO, 2001).
Kobayashi et al. (2001) observaram em média 44 sementes/fruto, que representam
os 24% restantes de peso do fruto, referentes ao peso úmido de sementes. Ainda analisando o
cacau paraense, os cotilédones secos pesaram em média 1,02 g cada, com 21,83 mm de
comprimento; 12,10 mm de largura e 7,61 mm de espessura/cotilédone, constituindo-se desta
forma, como os mais pesados, compridos e largos cotilédones de cacau da região amazônica
brasileira (KOBAYASHI et al., 2001).
Conforme descrito por SUFRAMA (2003), o cacau produzido na região
Transamazônica possui padrões físico-químicos desejáveis à indústria, conforme apresentado
nos Quadros 01 e 02, além de outros como teor de manteiga de 56% a 58%, menos de 1% de
ácidos graxos livres e somente cerca de 11% a 12% de teor de testa, conferindo-o, tais
20
atributos, superioridade em relação ao produzido na Bahia e na África Ocidental, sendo este
último atualmente utilizado como parâmetro internacional de classificação.
Quadro 01. Valores aproximados de algumas características físicas do fruto do cacaueiro maduro e seus componentes.
Fruto e Componentes Peso (kg) % em relação ao Peso de
Fruto
Densidade
(kg/m³)
Fruto 0,5000 100,0 500
Casca 0,4000 80,0 350
Semente 0,1000 20,0 900
Grão seco 0,0500 10,0 600
Amêndoa 0,0400 8,0 -
Testa 0,0075 1,5 -
Outros 0,0025 0,5 -
Fonte: Freire et al. (1990) apud Pina (2001).
Quadro 02. Propriedades físico-químicas em amêndoas de cacau, por região.
Parâmetros
Unidade
Padrão
(África Ocidental)
Bahia
Transamazônica
Peso médio da amêndoa g 1 1 1,06
Teor de gordura % 56 – 58 54,5 61,7
Rendimento % 47,8 44,5 45,2
Ponto de fusão ºC - 33,6 34,6
Fonte: (MENDES e LIMA, 2001 apud SUFRAMA, 2003).
21
3 – MATERIAL E MÉTODOS
3.1 – CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL
A pesquisa foi realizada em propriedade rural localizada na comunidade Traíras,
distante 12 quilômetros da sede do município de Altamira-PA, na estrada de acesso à
Agrovila Princesa do Xingu. A propriedade possui área total de 9,0 ha e pode ser localizada
através das coordenadas geográficas 52º 16' 42,19'' W e 3º 10' 0,82'' S, sendo sua atividade
principal a produção de cacau. A delimitação do experimento encontra-se indicada na Figura
02.
Figura 02. Localização da área experimental.
22
No período de 1990 a 2002 dados de precipitação pluviométrica indicam que a
média anual em Altamira estabeleceu-se em 2.123 mm, havendo uma concentração de 74%
deste total precipitado nos meses de janeiro a maio, constituindo-se o mês de março como o
mais chuvoso, com média de 379,2 mm, e o mês de agosto como o mais seco, com média de
apenas 22,5 mm. A média anual de temperatura no período foi de 27,5ºC, com respectivas
máxima e mínima de 32,4ºC e 22,1ºC (SILVA et al., 2009).
O Centro Nacional de Pesquisa de Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA) descreve o Latossolo Amarelo Distrófico, textura Franco arenosa,
tipo de solo em que está estabelecida a área experimental, como um tipo de solo mineral em
avançado estágio de intemperização, que geralmente possui alto grau de acidez, apresenta
baixa capacidade de troca de cátions e baixa saturação por bases (SOUZA, 2011).
A área experimental foi implantada em fevereiro de 2005, sendo constituída por
clones oriundos de oito matrizes selecionadas em lavoura safreira de agricultor vizinho. Os
clones foram produzidos a partir de um plantio de cacaueiros híbridos com mais de 20 anos, e
foram selecionados pelo próprio agricultor, por serem considerados produtivos e tolerantes a
vassoura-de-bruxa e podridão-parda.
Os clones foram produzidos por meio de enxertia de garfagem e borbulhia em
abril de 2004. Os clones de cada uma das oito matrizes foram plantados em filas individuais
contendo de 8 a 13 plantas, em função do estabelecimento das árvores do sombreamento
definitivo. As covas que os receberam foram feitas com dimensões de 60 x 60 x 30 cm
(comprimento, largura e profundidade, respectivamente), com o aprofundamento de mais 30
cm no centro de cada cova, com o objetivo de facilitar a penetração da raiz pivotante no solo.
Os dados apresentados neste trabalho referem-se aos ciclos agrícolas de janeiro a
dezembro dos anos de 2010 e de 2011, ou seja, quinto e sexto anos da lavoura,
respectivamente.
3.2 – TRATOS CULTURAIS E CONTROLE FITOSSANITÁRIO
O próprio agricultor foi o responsável pela realização de todos os tratos culturais e
controle fitossanitário na área sob pesquisa, conforme costumeiramente executado na
propriedade e de acordo com o recomendado por Silva Neto et al. (2001) para a lavoura
cacaueira na região amazônica brasileira. Não tendo havido, portanto, nenhuma interferência
da pesquisa em quaisquer práticas adotadas pelo agricultor.
23
3.3 – CALAGEM E ADUBAÇÃO
O agricultor faz uso de adubação na propriedade em função da demanda
nutricional do cacaueiro, no entanto, todas as plantas receberam as mesmas quantidades de
fertilizante. Na adubação de plantio foram utilizados 10 litros de esterco bovino e 200g de
fosfato natural por cova. Já as adubações de cobertura referentes aos anos de 2010 e 2011
foram feitas com base em análises químicas de fertilidade do solo, exibidas na Tabela 01. Foi
utilizada a formulação de NPK 10-28-20 nas quantidades de 480 e 450 g.planta-1 ao ano,
respectivamente. Ressalta-se que na área experimental não foi realizada a calagem.
Tabela 01. Resultados das análises de solo em 2010* e 2011**, profundidade de 0,0 a 20,0cm.
Anos pH Água P K Zn Fe Mn Cu Ca2+ Mg2+ Al 3+
H+Al
SB T V %
mg.dm-3 cmolc.dm-3
2010 4,8 20 16 0,3 126 22 0,9 0,5 0,1 0,6 3,4 0,6 4,0 15,9 2011 5,1 19 26 0,3 86 21 0,7 0,4 0,1 0,4 3,3 0,6 3,9 14,7
*Amostras coletadas em novembro de 2008; **Amostras coletadas em novembro de 2010.
3.4 – DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E DISTRIBUIÇÃO DE CLONES
Em virtude de os clones de cada uma das oito matrizes selecionadas terem sido
plantados em filas individuais contendo de 8 a 13 plantas, foram selecionadas, aleatoriamente,
oito plantas de cada matriz para a realização das avaliações objeto deste estudo, constituindo-
se assim o delineamento inteiramente casualizado com oito repetições. Vale ressaltar que
adjacente à área experimental existe plantios com híbridos e outros clones mais jovens de
cacaueiros não avaliados nessa pesquisa que serviram de bordadura.
Cada uma das oito plantas avaliadas por linha constituiu uma repetição o que, de
acordo com Mandarino e Sena Gomes (2009) caracteriza a pesquisa como uma análise
descritiva, por meio da qual se buscou fazer uma comparação dos volumes de produção, tanto
em frutos como em peso de amêndoas secas por clone, suas caracterizações morfológicas bem
como a análise da incidência de vassoura-de-bruxa e podridão-parda em frutos nos dois anos
de pesquisa.
24
3.5 – PRODUTIVIDADE DE AMÊNDOAS SECAS
A coleta de dados foi realizada anualmente, no período de janeiro a dezembro dos
anos de 2010 e 2011. As colheitas dos frutos foram executadas a cada 21 dias, de acordo com
recomendação feita por Dias (2001 A). Os dados de produção tomados para este quesito
foram os pesos de amêndoas úmidas por planta, tomados ainda na propriedade, os quais foram
convertidos para peso de amêndoas secas utilizando-se o fator de conversão de 0,4
recomendado por Pina (2001).
3.6 – CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE FRUTOS E SEMENTES
A caracterização morfológica foi realizada no ano de 2010 em duas situações
distintas, sendo a primeira sob a influência do período chuvoso (julho) e a segunda sob
influência do período seco (outubro). Compuseram o material de pesquisa da caracterização
morfológica quantitativa de frutos e sementes dos oito acessos clonais por matriz, sendo
estudados os seguintes caracteres: Peso médio de frutos, peso médio da casca dos frutos,
número médio de sementes por fruto, peso médio das sementes úmidas por fruto, peso médio
de amêndoa seca, peso médio de cotilédone seco.
A caracterização foi adaptada da metodologia utilizada por Kobayashi et al.
(2001), sendo utilizados quatro frutos sadios, obtidos aleatoriamente, das oito plantas de cada
acesso clonal, por época de avaliação (julho e outubro), o que totaliza oito frutos por acesso
clonal para a caracterização dos descritores peso médio de frutos, peso médio da casca dos
frutos, peso médio das sementes úmidas por fruto e número médio de sementes por fruto.
O peso médio de frutos foi obtido pela pesagem individual dos quatro frutos por
acesso clonal em cada época de avaliação, dividindo-se o somatório dos pesos dos frutos pelo
número de frutos pesados. Após a quebra desses frutos, da mesma forma foi obtido o peso
médio das sementes úmidas por fruto. Já o peso médio da casca dos frutos foi obtido pela
diferença entre o peso médio de frutos e o peso médio das sementes úmidas por fruto. Ao
final, o número médio de sementes por fruto foi obtido pela contagem das sementes de cada
fruto, sendo o somatório das sementes dividido pelo número de frutos avaliados.
Para a avaliação do peso médio de amêndoa seca e peso médio de cotilédone seco
foram utilizados os mesmos frutos sadios da etapa anterior (quatro frutos em julho e quatro
em outubro). De cada um dos quatro frutos colhidos por acesso clonal, por época de
25
avaliação, foram retiradas aleatoriamente 10 sementes úmidas, as quais foram submetidas à
secagem em estufa, entre 55ºC e 60ºC por 48 horas. Após a secagem, cada uma das 80
amêndoas foi pesada individualmente, constituindo 80 repetições para a obtenção do peso
médio por amêndoa seca. Finalmente, para a obtenção do peso médio por cotilédone seco, foi
retirada a “testa” de cada uma das 80 amêndoas, as quais foram pesadas individualmente,
constituindo, também, 80 repetições.
No processo de obtenção dos dados foram utilizados balança eletrônica comum,
balança analítica para carga até 250,0 gramas, com precisão de 0,0001 grama e estufa de
esterilização comum.
3.7 – PRODUÇÃO ANUAL DE FRUTOS E ÍNDICES DE VASSOURA-DE-BRUXA E DE
PODRIDÃO-PARDA EM FRUTOS
A produção de frutos e a avaliação da incidência de doenças nos frutos foi
realizada a partir da contagem do número total de frutos colhidos, número de frutos sadios,
número de frutos com vassoura-de-bruxa e número de frutos com podridão-parda por planta
para obtenção da média por planta por acesso clonal. O índice de incidência foi avaliado em
termos percentuais de frutos atacados em relação ao total de frutos colhidos.
3.8 – ANÁLISE ESTATÍSTICA
Foram feitas análises estatísticas por meio de análises de variância ao nível de 5%
de significância com o objetivo de verificar a existência de diferenças entre os acessos clonais
em relação à produtividade média de amêndoas secas. As médias anuais de produtividade
foram submetidas ao Teste de Skott-Knott a 5% de significância.
Foram analisadas as relações entre o número total de frutos colhidos, número de
frutos sadios, número de frutos contaminados pela vassoura-de-bruxa e por podridão-parda,
bem como a distribuição mensal da colheita de frutos. Para observar as médias de produção
de frutos, frutos sadios, frutos com vassoura-de-bruxa e frutos com podridão-parda por planta
em cada acesso foram realizadas as análises de variância e aplicado o Teste de Skott-Knott a
5% de significância.
26
Para a investigação das possibilidades de diferenças significativas nas amostras
dos caracteres peso de frutos, peso de cascas de frutos, peso de sementes úmidas por fruto,
número de sementes por fruto, peso de amêndoa seca e peso de cotilédone seco foram
executadas análises de variância e Teste de Skott-Knott ao nível de 5% de significância.
A influência da época do ano (períodos chuvoso e de estiagem) sobre os valores
médios dos descritores peso de sementes úmidas por fruto, peso de amêndoa seca e peso de
cotilédone seco foi analisada através da análise de variância e aplicação do Teste de Tukey a
5% de significância.
Para a realização das análises estatísticas foi utilizado o Software “Assistat”,
versão 7.6 beta (SILVA, 2011).
27
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 – PRODUTIVIDADE DE AMÊNDOAS SECAS
A produtividade de amêndoas secas variou entre os acessos e entre os anos
avaliados conforme os resultados da Tabela 02, ilustrados na Figura 03. Ao Submeterem-se os
dados ao Teste de Skott-Knott em nível de 5% de significância os resultados revelaram que
houve diferença altamente significativa entre as médias de peso de amêndoas secas (p < 0,01),
havendo a formação de dois grupos no ano de 2010, onde os clones C5, C3 e C1 se
destacaram no primeiro grupo com médias superiores a 2,00 kg.planta-1 ao ano, enquanto o
clone C6, o único a compor o segundo grupo, obteve média inferior a 0,30 kg.planta-1 ao ano.
Tabela 02. Dados da produtividade de amêndoas secas de cacau no ano 2010.
Clone Produtividade
Média (kg.ha-1)*
Peso Médio de Amêndoas Secas
(kg.planta-1)*
Melhor Resultado
(kg)
Pior Resultado
(kg)
C1 2.233 a 2,01 a 4,96 0,92
C2 2.166 a 1,95 a 4,42 0,62
C3 2.344 a 2,11 a 2,94 1,46
C4 1.733 a 1,56 a 2,49 0,76
C5 2.866 a 2,58 a 3,97 1,34
C6 322 b 0,29 b 0,74 0,02
C7 1.966 a 1,77 a 2,58 0,82
C8 1.955 a 1,76 a 2,62 0,51 *Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Skott-Knott a 5% de significância; CV=48%
No ano de 2011 a diferença entre as médias de produtividade dos clones também
foi altamente significativa. Os dados da Tabela 03 indicam que houve a formação de três
grupos distintos e os acessos C5, C1 e C3, assim como no ano anterior, destacaram-se dentre
os demais, porém, desta vez, compondo sozinhos o primeiro grupo, com médias de 3,05, 2,97
e 2,83 kg.planta-1 ao ano, respectivamente. Destacou-se negativamente pela segunda vez o
clone C6, o menos produtivo, com apenas 0,448 kg.planta-1 ao ano.
28
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
Acessos clonais
Pes
o de
Am
êndo
as S
ecas
(kg
)
2010 2011
Figura 03. Peso médio de amêndoas secas por planta por acesso em 2010 e 2011.
Tabela 03. Dados de produtividade de amêndoas secas de cacau no ano 2011.
Clone Produtividade
Média (kg.ha-1)*
Peso Médio de Amêndoas Secas
(kg.planta-1)*
Melhor Resultado
(kg)
Pior Resultado
(kg)
C1 3.300 a 2,97 a 5,16 0,85
C2 2.366 b 2,13 b 3,46 1,10
C3 3.144 a 2,83 a 4,92 1,62
C4 1.955 b 1,76 b 3,28 0,68
C5 3.377 a 3,04 a 5,84 1,46
C6 500 c 0,45 c 1,14 0,07
C7 1.911 b 1,72 b 2,80 0,74
C8 1.855 b 1,67 b 3,49 0,66 *Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Skott-Knott a 5% de significância; CV=51%.
Com exceção do clone C6, a produtividade média dos demais clones no quinto
ano de campo foram superiores ao observado na Bahia por Mandarino e Sena Gomes (2009)
em clones da mesma idade. Esses autores observaram produtividades que variaram de 0,439 a
29
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
Acessos Clonais
Pro
dutiv
idad
e (k
g/ha
)
2010 2011
1,377 kg.planta-1 ao ano. Considerando esses resultados e que no ano da avaliação os clones
encontravam-se na fase juvenil, período que segundo Dias et al. (2003) vai dos três aos cinco
anos de idade, os clones avaliados podem ser considerados promissores.
Dentre os oito acessos avaliados, seis obtiveram evolução positiva no peso médio
de amêndoas secas por planta de um ano para outro, porém os acessos C7 e C8 apresentaram
ligeira queda de suas médias em 2011, conforme ilustra a Figura 03.
Após a obtenção dos valores de produção média em peso de amêndoas secas por
planta, por acesso clonal, foi possível estimar as produtividades médias por hectare para os
dois anos, conforme disposto nas Tabelas 02 e 03 e ilustrado na Figura 04. No ano de 2010 os
clones C5, C3, C1 e C2 destacaram-se dentre os demais com respectivas produtividades de
2.866, 2.344, 2.233 e 2.166 Kg.ha-1, sendo que os quatro juntos foram responsáveis por 62%
do total produzido no ano. No ano seguinte, três destes quatro acessos clonais foram os mais
produtivos, havendo, porém, uma inversão de posição entre eles C5, C1 e C3, com
produtividades médias de 3.377, 3.300 e 3.144 Kg.ha-1, respectivamente. As produções desses
três acessos representaram aproximadamente 53% do produzido em toda a área experimental
no ano de 2011.
Figura 04. Produtividade de amêndoas secas por clone (kg.ha-1) nos anos 2010 e 2011.
30
Estes resultados tornam-se bastante interessantes quando comparados com
resultados obtidos por Souza (2011) em lavoura de híbridos na mesma propriedade rural. A
autora observou produtividades de 2.765 a 3.377 Kg.ha-1 ao ano em lavoura com nove anos de
idade submetida à prática de calagem e adubação com macro e micronutrientes desde os cinco
anos de idade. Logo, ao considerar que os acessos clonais pesquisados se encontram com
apenas seis anos de idade, torna-se possível levantar a hipótese de precocidade e alta
potencialidade produtiva dos mesmos, com exceção do clone C6.
Os altos coeficientes de variação, 48% e 51%, em 2010 e 2011, respectivamente,
são indicativos da grande variabilidade genética entre os oito acessos, o que pode explicar as
distintas respostas dos acessos na interação com o fator ambiente, pois apesar de seis dos oito
clones terem apresentado incremento de produtividade de um ano para outro, os valores foram
muito diferentes, oscilando de 9% a 55% de ganhos em produtividade de amêndoas secas. Já
os acessos C7 e C8 tiveram respectivas perdas de 3% e 5%.
Outro fator importante é a compatibilidade genética. Avaliando esse quesito
nestes mesmos oito acessos, Oliveira (2012) observou que todos eles são autoincompatíveis.
Porém, o autor notou que os clones C1 e C2, C1 e C3, C2 e C3, C3 e C4, C4 e C5, C5 e C6,
C7 e C8 são compatíveis entre si e apenas os clones C6 e C7 são interincompatíveis.
Apesar de a maior média de peso de amêndoas secas por planta ter sido de 3,05
Kg.planta-1, como consta na Tabela 03, muitas plantas apresentaram valores de produção
muito acima ou muito abaixo das médias dos acessos clonais de que fazem parte, podendo-se
verificar amplitudes de até 4,38 Kg entre plantas do mesmo acesso (Tabela 03). Esse é um
problema típico em clones autoincompatíveis, pois ficam dependentes das características
botânicas dos clones adjacentes, logo, mesmo sendo intercompatíveis, dependem, por
exemplo, de florescerem ao mesmo tempo para que ocorra a troca de pólen.
As produções de cada uma das oito plantas dos oito acessos clonais nos dois anos
de avaliação podem ser observadas na Tabela 01A (Apêndice). Os valores ilustrados nessa
tabela demonstram que plantas genotipicamente idênticas responderam de forma muito
diferente à influência dos fatores ambiente e compatibilidade genética no que diz respeito à
produção de amêndoas secas, demonstrando assim a instabilidade da produção quando se
usam plantas reproduzidas assexuadamente e que sejam autoincompatíveis, mesmo que as
adjacentes sejam intercompatíveis, pois tão logo sendo intercompatíveis, os clones dependem
de flores uns dos outros, ou seja, que os clones floresçam simultaneamente, o que nem sempre
ocorre em condições de campo.
31
2,582,602,622,812,94
3,173,41
3,97
4,42
4,96
0
15
30
45
60
75
90
105
120
135
150
C1P1 C2P1 C5P1 C5P2 C5P5 C3P6 C3P1 C8P8 C3P7 C7P3
Plantas
Fru
tos
Col
hido
s (U
nid.
)
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
Pes
o de
Am
êndo
as S
ecas
(kg
)
TFC* TFVB** TFPP*** PAS****
Nos trabalhos com clones de cacaueiros, é muito importante a questão da
compatibilidade sexual, pois, de acordo com Dias (2003), na espécie avaliada podem ocorrer
as quatro situações de compatibilidade, ou seja, plantas autocompatíveis, autoincompatíveis,
intercompatíveis e interincompatíveis.
Ao se constatar a grande heterogeneidade ocorrida nos resultados de produção de
amêndoas secas por planta tornou-se importante fazer menção àquelas plantas que deram
melhor resposta à influência ambiental e destacaram-se dentre as demais.
Nas Figuras 05 e 06 pode ser visualizado o comportamento das 10 plantas mais
produtivas dentre as 64 avaliadas nos dois anos. Nota-se que estas plantas têm conseguido
expressar o potencial produtivo dos acessos clonais, no entanto considerando-se que todas
elas foram submetidas às mesmas condições ambientais, novamente fica evidente o efeito da
compatibilidade sexual na produção de amêndoas em plantas de mesmo genótipo em
Theobroma cacao L.
*Total de Frutos Colhidos;**Total de Frutos Infectados por Vassoura-de-bruxa;***Total de Frutos Infectados por Podridão-parda;****Peso de Amêndoas Secas.
Figura 05. Detalhes das 10 plantas com melhor desempenho de produtividade de amêndoas secas (kg.planta-1) no ano de 2010.
32
3,363,463,493,503,74
4,294,66
4,92
5,16
5,84
0
20
40
60
80
100
120
140
160
C5P1 C1P1 C3P7 C1P5 C3P6 C3P8 C5P5 C8P4 C2P8 C1P6
Planta
Fru
tos
Col
hido
s (U
nid.
)
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
Pes
o de
Am
êndo
as S
ecas
(kg
)
TFC* TFVB** TFPP*** PAS****
*Total de Frutos Colhidos;**Total de Frutos Infectados por Vassoura-de-bruxa;***Total de Frutos Infectados por Podridão-parda;****Peso de Amêndoas Secas.
Figura 06. Detalhes das 10 plantas com melhor desempenho de produtividade de amêndoas secas (kg.planta-1) no ano de 2011.
Os resultados até então obtidos indicam que o planejamento de plantios com
clones de cacaueiros deve ser realizado respeitando-se o critério da compatibilidade sexual
com a devida observação da disposição dos clones no campo, colocando lado a lado clones
intercompatíveis de florescimento simultâneo, mesmo que sejam autoincompatíveis.
É possível, por exemplo, compor arranjos produtivos com os clones C5, C1 e C3,
os quais, apesar de serem autoincompatíveis, sendo, porém, intercompatíveis com seus
respectivos acessos adjacentes, alcançaram produtividades médias por planta de 2,58; 2,01 e
2,11 kg, com máximos de 3,97; 4,96 e 2,94 kg, respectivamente, aos cinco anos de campo, e
médias de 3,04; 2,97 e 2,83 kg, com máximos de 5,84; 5,16 e 4,92, respectivamente, no sexto
ano (Tabelas 02 e 03), o que habilita tais acessos a serem considerados como altamente
promissores, uma vez que as plantas encontravam-se ainda na fase juvenil (DIAS, 2003).
Considerando as 10 plantas mais produtivas no ano de 2010, observa-se na Figura
05 que elas produziram entre 55 e 126 frutos, e que plantas dos acessos clonais C5, C1 e C3,
principalmente, foram mais produtivas que acessos avaliados por Pires (2003), que
33
contabilizaram médias de 37 a 65 frutos, e Almeida et al. (2009 A) com 70 a 108 frutos na
mesma idade.
Com relação ao índice de doenças em frutos (vassoura-de-bruxa e podridão-parda)
das 10 plantas mais produtivas no ano de 2010 (Figura 05), verificou-se variação de 0% a
3,5% para vassoura-de-bruxa e de 0% a 7,7% para podridão-parda, índices considerados
baixos e interessantes para programas de melhoramento de acordo com Machado et al. (2004),
sendo que das dez plantas, seis não registraram sintomas de vassoura-de-bruxa em frutos.
Analisando os dados da Figura 06, comparativamente com os da Figura 05, se
observou que as plantas C5P1, C1P1, C3P7, C3P6 e C5P5 permaneceram entre as dez mais
produtivas no ano de 2011, com considerável incremento de produtividade, destacadamente as
plantas C5P1, C1P1 e C3P7 com mais de 4,9 kg de amêndoas secas por planta no sexto ano
de campo.
No ano de 2011 o índice de doença em frutos variou de 0% a 2,4% para vassoura-
de-bruxa e 0% a 11,6% para podridão-parda (Figura 06). Nesse ano cinco plantas não
apresentaram sintomas de vassoura-de-bruxa, das quais duas também não apresentaram
sintomas da doença em frutos no ano anterior (C5P1 e C5P5), e em uma planta, a C1P1, não
se verificou sintomas de nenhuma das duas enfermidades. Embora sejam preliminares, esses
resultados são promissores com relação à tolerância das plantas às duas mais importantes
enfermidades da lavoura cacaueira no Brasil, principalmente para os programas de
melhoramento genético. É importante que os acessos clonais sejam avaliados pelo menos até
o décimo ano de campo, quando as plantas são consideradas fisiologicamente adultas (DIAS,
2003).
4.2 – NÚMERO MÉDIO DE SEMENTES E PESO MÉDIO DE SEMENTES ÚMIDAS POR
FRUTO
Os valores para o descritor número médio de sementes por fruto apresentaram
diferença altamente significativa (p < 0,01) pelo Teste de Skott-Knott a 5% de significância,
havendo formação de dois grupos, conforme exposto na Tabela 04. A Figura 07 expõe os
valores médios do número de sementes e peso de sementes úmidas por fruto, por acesso
clonal. Os acessos C6 e C8 foram incluídos no mesmo grupo, com as menores médias de
sementes por fruto, 34 e 38, respectivamente, médias estas correspondentes às obtidas por
Kobayashi et al. (2001) em acessos de cacaueiros silvestres originários do Estado de
34
Rondônia (33 sementes.fruto-1), porém menores que as dos acessos originários do Estado do
Pará (44 sementes.fruto-1), a maior média dentre os acessos de origem amazônica. Os demais
acessos apresentaram médias estatisticamente iguais que variaram de 43 a 51 sementes por
fruto, sendo que os clones C1 e C5 obtiveram médias iguais à média encontrada por
Kobayashi et al. (2001) para clones de matrizes originárias do Estado do Pará e os clones C3 e
C4 médias superiores.
Tabela 04. Número médio de sementes por fruto, desvio padrão e coeficiente de variação.
Clone Média* Maior Valor
Menor Valor
Desvio Padrão
Coef. Var.(%)
C1 44 a 51 34 5,5918 12,67
C2 45 a 51 35 5,7306 12,63
C3 48 a 55 45 3,3139 6,89
C4 51 a 61 35 8,5524 16,61
C5 44 a 50 32 5,7009 12,88
C6 35 b 47 17 10,794 31,06
C7 43 a 50 31 6,1876 14,22
C8 38 b 49 21 8,6839 22,63 *Médias seguidas das mesmas letras não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Skott-Knott a 5% de significância.
35
120,87
111,12
120,00118,12
128,37
76,62
115,50107,12
0
10
20
30
40
50
60
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
Acessos Clonais
Sem
ente
s (U
nid.
)
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
Sem
ente
s Ú
mid
as (
g)
Número de Sementes por fruto peso de sementes úmidas por fruto
Figura 07. Valores médios de número de sementes e peso médio de sementes úmidas por fruto.
O coeficiente de variação médio foi de 16% para o quesito número médio de
sementes por fruto, valor que segundo Kobayashi et al. (2001) é considerado normal para este
caráter. A Tabela 04 exibe os coeficientes de variação individuais dos acessos, os quais foram
considerados satisfatórios (baixos), com exceção do acesso C6, que obteve coeficiente de
variação superior a 30%. O acesso clonal C6 foi autoincompatível como os demais, porém,
segundo Oliveira (2012) ele foi também interincompatível com um dos acessos clonais
adjacentes, o que pode ter influenciado no aumento da variabilidade desse quesito.
Na média geral, o Teste de Skott-Knott indicou que houve diferença significativa
entre os pesos médios de sementes úmidas por fruto (0,01 ≤ p < 0,05) com a formação de dois
grupos (Tabela 05). O pior desempenho foi o do acesso clonal C6 com média geral de 76,62
g.fruto-1. Os demais acessos tiveram médias consideradas estatisticamente iguais, porém se
faz importante observar que os acessos C5, C1 e C3 obtiveram valores médios iguais ou
superiores a 120 g.fruto-1, como pode ser observado na Figura 07. Vale ressaltar que somente
o acesso C6 não alcançou a média de peso de sementes úmidas (100 g.fruto-1) mencionada por
Pina (2001).
36
Tabela 05. Peso médio de sementes úmidas por fruto nos períodos chuvoso e seco, média geral, desvio padrão e coeficiente de variação.
Clone Peso Médio de Sementes Úmidas por Fruto (g)
Média 1*
Média 2**
Média Geral***
Maior Valor
Menor Valor
Desvio Padrão
Coef. Var.(%)
C1 125,00 A 116,75 A 120,87 a 154 101 15,1699 12,55 C2 129,50 A 92,75 B 111,12 a 153 88 22,7875 20,51 C3 133,50 A 106,50 B 120,00 a 138 95 17,6068 14,67 C4 142,75 A 93,50 A 118,12 a 243 87 52,3599 44,33 C5 132,75 A 124,00 A 128,37 a 171 97 23,1636 18,04 C6 92,50 A 60,75 A 76,62 b 118 40 26,624 34,75 C7 123,00 A 91,25 A 107,12 a 155 76 26,3571 24,6 C8 97,25 A 133,75 A 115,50 a 168 73 28,5056 24,68
*Médias do período chuvoso; **Médias do período seco e ***Médias gerais. Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas linhas e seguidas das mesmas letras minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente entre si pelos Testes de Tukey e de Skott-Knott a 5% de probabilidade, respectivamente.
O peso das amêndoas úmidas por fruto foi avaliado em duas épocas do ano (final
do período chuvoso e pleno período de estiagem) para verificar o efeito do clima sobre esse
quesito (Tabela 05). Os dados de cada acesso clonal foram submetidos ao Teste de Tukey a
5% de significância. Os resultados revelaram que apenas os acessos C2 e C3 apresentaram
médias estatisticamente diferentes, com considerável queda na quantidade de polpa no
período seco do ano.
4.3 – PESO MÉDIO DE AMÊNDOA SECA E PESO MÉDIO DE COTILÉDONE SECO
A amêndoa é o principal produto comercializável da lavoura cacaueira, sendo este
necessariamente, o produto que sai das fazendas de cacau rumo à indústria, e pelo qual o
agricultor é remunerado. Logo, dentre as características mais importantes a serem observadas
encontra-se o Peso Médio da Amêndoa Seca. Mendes e Lima (2001) comentados por
SUFRAMA (2003) evidenciaram a vantagem do cacau produzido no território da
Transamazônica sobre as demais regiões produtoras em peso médio de amêndoa seca, sendo o
padrão internacional (África Ocidental) de 1,00 g, na Bahia também de 1,00 g e no território
da Transamazônica 1,06 g por amêndoa seca.
37
O item peso de amêndoa seca foi avaliado também em duas épocas no ano de
2010 (julho e outubro), para verificar o efeito do clima sobre esse quesito. Em valores médios
gerais (das duas épocas) os resultados indicaram diferença altamente significativa (p < 0,01)
pelo Teste de Skott-Knott (Tabela 06). Houve formação de quatro grupos estatísticos
diferentes, com destaque para o acesso C5 que compôs sozinho o primeiro grupo, com média
de 1,07 g.amêndoa-1, valor este que se enquadra no padrão médio da Transamazônica
mencionado por Mendes e Lima (2001) apud SUFRAMA (2003). Esses resultados estão
ilustrados na Figura 08.
Pelos resultados da Tabela 06, exceto o acesso C5, nenhum atingiu a média
internacional de 1,00 grama por amêndoa seca, embora os acessos clonais C3, C6, C1 e C7
com 0,99; 0,99; 0,98 e 0,97 g.amêndoa-1, respectivamente, tenham se aproximado do valor
padrão internacional. A menor média de peso de amêndoa seca foi obtida pelo acesso C4, com
0,82 g.amendoa-1. Nas avaliações individuais, foram encontradas amêndoas secas com pesos
variando entre 0,36 e 1,44 g, representando uma amplitude de 1,08 g. O coeficiente de
variação médio geral foi de 17%, valor este considerado normal por Kobayashi et al. (2001)
para o caráter.
Tabela 06. Peso médio de amêndoa seca nos períodos chuvoso e seco, média geral, desvio padrão e coeficiente de variação.
Clone Peso Médio de Amêndoa Seca (g)
Média 1*
Média 2**
Média Geral***
Maior Valor
Menor Valor
Desvio Padrão
Coef. Var.(%)
C1 1,04 A 0,93 B 0,98 b 1,25 0,66 0,13467 13,68
C2 1,03 A 0,81 B 0,92 c 1,22 0,61 0,14738 15,94
C3 1,07 A 0,92 B 0,99 b 1,29 0,65 0,14594 14,68
C4 0,88 A 0,77 B 0,82 d 1,20 0,50 0,14905 18,13
C5 1,19 A 0,95 B 1,07 a 1,44 0,62 0,18412 17,17
C6 1,08 A 0,89 B 0,99 b 1,30 0,57 0,17041 17,28
C7 1,06 A 0,87 B 0,97 b 1,33 0,49 0,20032 20,67
C8 0,85 B 1,00 A 0,92 c 1,18 0,36 0,17407 18,89 *Médias do período chuvoso; **Médias do período seco e ***Médias gerais. Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas linhas e seguidas das mesmas letras minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente entre si pelos Testes de Tukey e de Skott-Knott a 5% de probabilidade, respectivamente.
38
Quando analisados de acordo com a época do ano (chuvosa e estiagem), todos os
oito acessos apresentam diferença altamente significativa (Tukey, p < 0,01), com maiores
médias na época de chuvas e menores na época de estiagem (Tabela 06). A única exceção foi
o acesso clonal C8, que apresentou peso médio maior no período de estiagem, atingindo
inclusive a média padrão internacional. As perdas de peso no período de estiagem variaram de
11% a 21% para os acessos C1 a C7. Contudo, no acesso C8, que houve a inversão desse
quadro, ocorreu ganho de 18% no peso da amêndoa seca. Esta característica pode indicar
adaptação ou maior tolerância deste acesso clonal a ambientes com menor disponibilidade de
água.
Com relação às médias obtidas na estação chuvosa, apenas os acessos C4 e C8
tiveram médias inferiores a 1,00 g (Tabela 06), enquanto na época de estiagem apenas o
acesso C8 atingiu a média de 1,00 g.
Segundo Scerne (2001) a quantidade de precipitação ideal para o cacaueiro na
região Oeste do Estado do Pará oscila entre 150 mm e 208 mm mensais. Conforme exibe o
Quadro 01A (Apêndice), precipitações pluviométricas mensais próximas às mencionadas por
Scerne (2001), em 2010 e 2011, somente ocorreram nos meses de janeiro a maio, portanto, as
médias obtidas neste período, caso haja disponibilidade de nutrientes no solo, podem ser
consideradas as médias normais destes acessos clonais. Uma vez constatada a influência
direta da quantidade de água disponível sobre o peso da amêndoa, estes resultados podem
servir de subsidio para discussões sobre a importância da irrigação na lavoura cacaueira,
principalmente para solos de textura média a arenosa, abundantes na Amazônia, como os
Latossolos.
39
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
Acessos Clonais
Pes
o (g
)
Peso de Amêndoa Seca Peso de Cotilédone Seco
Figura 08. Valores médios de peso de amêndoa seca e peso de cotilédone seco por clone.
O cotilédone seco e limpo ou nibs é a parte do cacau beneficiada pela indústria
chocolateira para a fabricação do chocolate e, de acordo com CEPLAC (2011), os cotilédones
representam somente 8% do peso do fruto, contudo, ainda assim com este baixo percentual de
aproveitamento a lavoura cacaueira mostra-se altamente viável, justificando o fruto do
cacaueiro ser chamado de “fruto de ouro”.
Segundo Kobayashi et al. (2001) os cotilédones de cacau devem atender aos
padrões de qualidade que a indústria exige e o tamanho da semente é uma das características
mais importantes, podendo influenciar diretamente no rendimento, pois quanto menor a
semente maior a proporção de casca (testa), fator que provoca menor aceitação comercial do
produto por diminuir o rendimento de um lote de cacau para a indústria.
Conforme demonstrado na Figura 08 e Tabela 07, para o descritor peso médio de
cotilédone seco, nenhum clone apresentou peso médio anual igual ou superior a 1,00 grama
por cotilédone. No entanto, pelo Teste de Skott-Knott (P < 0,01) o melhor desempenho foi
obtido pelo acesso clonal C5, com 0,95 g por cotilédone. Nas análises individuais dos
cotilédones desse acesso, foi observado que mais de 40% de seus cotilédones possuíram peso
superior a 1,00 g.
40
Tabela 07. Peso médio de cotilédone seco nos períodos chuvoso e seco, média geral, desvio padrão e coeficiente de variação.
Clone Peso Médio de Cotilédone Seco (g)
Média 1*
Média 2**
Média Geral***
Maior Valor
Menor Valor
Desvio Padrão
Coef. Var.(%)
C1 0,91 A 0,81 B 0,86 b 1,1 0,56 0,12163 14,11 C2 0,92 A 0,68 B 0,80 c 1,1 0,48 0,1487 18,55 C3 0,96 A 0,79 B 0,87 b 1,15 0,54 0,14051 16,04 C4 0,77 A 0,67 B 0,72 d 1,08 0,44 0,13384 18,51 C5 1,07 A 0,82 B 0,95 a 1,31 0,52 0,18304 19,31 C6 0,88 A 0,78 B 0,83 c 1,06 0,4 0,14008 16,86 C7 0,90 A 0,75 B 0,83 c 1,12 0,4 0,16672 20,13 C8 0,76 B 0,87 A 0,81 c 1,06 0,31 0,15884 19,54
*Médias do período chuvoso; **Médias do período seco e ***Médias gerais. Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas linhas e seguidas das mesmas letras minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente entre si pelos Testes de Tukey e de Skott-Knott a 5% de probabilidade, respectivamente.
Assim como em outras características morfológicas, na Tabela 07 também se
observa que os acessos C1 e C3, componentes do segundo grupo estatístico (Skott-Knott,
p<0,01) com médias de 0,86 e 0,87 g por cotilédone, respectivamente, estão sempre entre os
três melhores acessos, juntamente com o acesso C5. Destaca-se ainda na Tabela 07 que a
menor média de peso de cotilédone encontrada foi a do clone C4, com 0,72 g.
Os valores de coeficiente de variação por acesso variaram de 14,11% a 20,13%,
com média geral para esta característica de 18%. Os valores obtidos são bastante próximos e
normais para o descritor. As médias de desvio padrão também foram próximas, 0,12 (C1) a
0,18 (C5).
As diferenças nas médias de peso de cotilédone seco obtidas em função da época
do ano (Tabela 07) foram parecidas às apresentadas pelo descritor peso médio de amêndoa
seca. Todos os acessos tiveram diferença altamente significativa (Tukey, P<0,01) com médias
superiores no período de chuvas. A única exceção foi novamente o acesso C8, que produziu
cotilédone mais pesado no período de estiagem.
Observa-se ainda na Tabela 07 que novamente os acessos C5, C3 e C1
destacaram-se entre os demais, sendo que o C5 atingiu a média de 1,07 g por cotilédone no
período de chuvas, média esta superior a de acessos clonais oriundos de cacaueiros silvestres
originários do Pará, segundo Kobayashi et al. (2001), que foi de 1,02 g por cotilédone.
41
As médias de peso de cotilédone na época de estiagem reduziram de 11% a 26%
em relação às da estação chuvosa, porém, o acesso C8 no mesmo período apresentou
incremento de 13% no peso de cotilédone seco.
4.4 – PESO MÉDIO DE FRUTOS E PESO MÉDIO DE CASCAS
O fruto do cacaueiro divide-se basicamente em casca e sementes, que representam
respectivamente 80% e 20% do peso do fruto, conforme menciona Pina (2001). O estudo
desta relação tem demonstrado que nem sempre frutos com maior peso apresentam maior
percentual em peso de sementes, como demonstrado por Kobayashi et al. (2001) em
cacaueiros silvestres da Amazônia brasileira, dentre os quais, o acesso que apresentou frutos
mais pesados obteve rendimento de apenas 20,79% e o acesso de frutos menos pesados
rendeu em média 37,30% em peso de sementes.
Para a característica Peso de Fruto (Tabela 08), dentre todos os analisados nos oito
acessos o fruto mais pesado encontrado foi de 713 g e o mais leve foi de 205 g pertencentes
aos acessos C8 e C6, respectivamente, correspondendo a uma amplitude de 508 g, e variação
de 71%, valor considerado bastante alto comparativamente aos resultados obtidos por
Kobayashi et al. (2001), permitindo a observação de grande variabilidade entre os acessos
para esta característica.
Na avaliação das médias de peso de fruto (Tabela 08) houve a identificação de
diferença altamente significativa de acordo com o Teste de Skott-Knott (p < 0,01), com
formação de dois distintos grupos. Na Figura 09 está contida a representação dos valores
médios de peso de frutos por acesso, onde as menores médias foram encontradas nos acessos
C4 e C6, com 353 e 299 g.fruto-1. Todos os acessos obtiveram valores médios abaixo dos
observados por Kobayashi et al. (2001) para acessos do Estado do Pará (554 g.fruto-1).
42
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
Acessos Clonais
Pes
o (g
)
Peso Médio de Frutos Peso Médio de Cascas
Tabela 08. Valores médios de peso de frutos (g), desvio padrão e coeficiente de variação.
Clone Média* Maior Valor
Menor Valor
Desvio Padrão
Coef. Var.(%)
C1 503 a 630 364 85,11410 16,92
C2 453 a 640 300 127,71781 28,19
C3 482 a 661 333 93,72909 19,44
C4 353 b 448 272 60,42099 17,11
C5 429 a 643 309 104,17353 24,27
C6 299 b 445 205 88,52270 29,64
C7 414 a 681 280 135,14965 32,60
C8 449 a 713 320 134,17686 29,88 *Médias seguidas das mesmas letras não diferem entre si pelo Teste de Skott-Knott a 5% de significância.
Figura 09. Valores médios de peso de frutos e peso de cascas.
O descritor peso de frutos apresentou coeficiente de variação médio de 25%. Entre
os acessos os coeficientes de variação ocorreram entre 16,92% e 32,60%, sendo que Engels
(1981) comentado por Kobayashi et al. (2001) corrobora que valores de coeficiente de
variação acima de 20% considerados altos estatisticamente, possivelmente são característicos
43
deste caráter. Alguns valores de desvio padrão informados na Tabela 08, são considerados
altos e segundo Pimentel Gomes (1987) citado por Kobayashi et al. (2001) valores de desvio
padrão elevados indicam que os dados da pesquisa são heterogêneos e valores baixos
representam maior homogeneidade.
No descritor Peso de Casca, o Teste de Skott-Knott (p< 0,01) atestou que as
diferenças foram altamente significativas com dois grupos estatísticos distintos. A ordem de
posicionamento da maior à menor média foi a mesma apresentada para peso de frutos, sendo
que os acessos C1, C3 e C2 obtiveram as maiores médias conforme se pode notar na Figura
09. No entanto, de acordo com a observação feita por Kobayashi et al. (2001) em função de a
casca não ter valor comercial deverá se considerar como melhores aquelas médias que
apresentaram os menores valores, desta forma, os acessos C4 e C6, de acordo com o que se
observa na Tabela 09, encaixam-se neste perfil.
Tabela 09. Valores médios de peso de cascas (g), desvio padrão e coeficiente de variação.
Clone Média* Maior Valor
Menor Valor
Desvio Padrão
Coef. Var.(%)
C1 383 a 457 310 55,58744 14,53
C2 333 a 492 207 103,73017 31,15
C3 347 a 492 229 72,79501 20,97
C4 227 b 275 177 35,72114 15,73
C5 289 a 450 197 79,60700 27,57
C6 216 b 344 139 68,72179 31,79
C7 299 a 511 194 110,02144 36,85
C8 322 a 528 221 103,76700 32,19 *Médias seguidas das mesmas letras não diferem entre si pelo Teste de Skott-Knott a 5% de significância.
Este descritor teve coeficiente de variação igual a 27%. Foram verificadas grandes
diferenças entre os coeficientes de variação dos acessos, que variaram de 14,53% a 36,85%.
Os desvios padrão observados são muitos altos (35,72114 a 110,02144), o que representa
grande dispersão também para este item.
Na análise da relação entre peso de fruto e peso de casca observou-se que, para os
acessos avaliados, a casca representou C1 (76%), C2 (73%), C3 (72%), C4 (64%), C5 (67%),
C6 (72%), C7 (72%) e C8 (72%) do peso do fruto. A partir deste caráter, pode-se observar
44
que todos os acessos obtiveram rendimento em peso de sementes úmidas superiores ao
mencionado como padrão (20%) por Pina (2001). Porém, se devem notar os altos rendimentos
apresentados pelos acessos C4 e C5, 36% e 33% em peso de sementes úmidas,
respectivamente, o que se traduz em maior rendimento de polpa, que é um produto com valor
comercial estimável para as indústrias desse segmento.
Considerando o fator de conversão de peso de sementes úmidas em peso de
amêndoas secas (0,4) estabelecido por Pina (2001) e relacionando-o com os respectivos
rendimentos obtidos pelos oito acessos clonais, pode-se observar que serão necessárias
diferentes quantidades de frutos para obtenção de um quilo de amêndoas secas. Logo,
analisando as médias de peso de sementes úmidas de cada acesso em função do fator de
conversão (0,4), foi possível verificar que para obtenção de um quilo de amêndoas secas os
acessos clonais produziram em média as seguintes quantidades de frutos: C1 (20,7), C2
(22,5), C3 (20,8), C4 (21,2), C5 (19,5), C6 (32,6), C7 (23,3) e C8 (21,6).
4.5 – PRODUÇÃO ANUAL DE FRUTOS E ÍNDICES DE VASSOURA-DE-BRUXA E
PRODRIDÃO-PARDA EM FRUTOS
De acordo com CEPLAC (2011), um dos pré-requisitos necessários para a seleção
de plantas em campo para inclusão em programas de melhoramento é a produção média de 50
a 80 frutos anuais por planta.
Os dados de produção de frutos dos dois anos de pesquisa indicaram que houve
diferença altamente significativa nas médias dos acessos clonais (Skott-Knott, p< 0,01). Os
resultados das Tabelas 10 e 11 indicam que o acesso clonal C6 nos dois anos e o acesso C8 no
ano de 2011 se enquadraram no segundo grupo, com os piores desempenhos. Os demais
acessos foram estatisticamente iguais nesse quesito, com destaque para o acesso C3 no ano de
2010, que produziu mais de 60 frutos por planta no quinto ano de campo, e os acessos C3 e
C5 no ano de 2011, que produziram mais de 70 frutos por planta.
Excetuando-se o acesso clonal C6, as médias de produção de frutos de 2010 foram
semelhantes às médias obtidas por Pires (2003), 37,6 a 65,6 frutos em 50 genótipos na Bahia,
médias estas consideradas boas para a idade das plantas, segundo Almeida et al. (2009 A).
45
Tabela 10. Número médio de frutos colhidos (FC), de frutos sadios (FS), de frutos com vassoura-de-bruxa (FVB) e de frutos com podridão-parda (FPP) por planta, por acesso clonal e relação percentual no ano de 2010.
Clone 2010
FC* FS* FVB* FPP* C1 48,7 (100,0%) a 46,5 (95,4%) a 0,7 (1,5%) b 1,5 (3,1%) b C2 51,6 (100,0%) a 46,9 (90,7%) a 1,9 (3,7%) a 2,9 (5,6%) b C3 61,9 (100,0%) a 58,4 (93,9%) a 1,1 (2,2%) b 2,4 (3,9%) b C4 43,7 (100,0%) a 34,9 (79,7%) a 2,6 (6,0%) a 6,2 (14,3%) a C5 57,5 (100,0%) a 52,4 (91,1%) a 0,4 (0,6%) b 4,7 (8,3%) a C6 11,9 (100,0%) b 11,1 (93,7%) b 0,6 (5,3%) b 0,1 (1,0%) b C7 52,6 (100,0%) a 50,7 (96,4%) a 0,2 (0,5%) b 1,6 (3,1%) b C8 38,9 (100,0%) a 36,1 (93,0%) a 0,2 (0,5%) b 2,5 (6,4%) b
*Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Skott-Knott a 5% de significância.
Tabela 11. Número médio de frutos colhidos (FC), de frutos sadios (FS), de frutos com vassoura-de-bruxa (FVB) e de frutos com podridão-parda (FPP) por planta, por acesso clonal e relação percentual no ano de 2011.
Clone 2011
FC* FS* FVB* FPP* C1 69,4 (100,0%) a 66,1 (95,4%) a 0,2 (0,3%) b 3,0 (4,3%) a C2 52,0 (100,0%) a 47,7 (91,8%) a 1,1 (2,2%) b 3,1 (6,0%) a C3 74,9 (100,0%) a 72,0 (96,2%) a 0,7 (1,0%) b 2,1 (2,8%) b C4 55,5 (100,0%) a 48,2 (87,0%) a 3,1 (5,6%) a 4,1 (7,4%) a C5 72,2 (100,0%) a 67,5 (93,4%) a 0,6 (0,9%) b 4,1 (5,7%) a C6 19,5 (100,0%) b 18,5 (94,9%) b 0,0 (0,0%) b 1,0 (5,1%) b C7 56,4 (100,0%) a 55,0 (97,6%) a 0,2 (0,4%) b 1,1 (2,0%) b C8 38,9 (100,0%) b 37,7 (97,1%) b 0,0 (0,0%) b 1,1 (2,9%) b
*Média seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Skott-Knott a 5% de significância.
No ano de 2011, conforme se pode constatar na Tabela 11, os acessos clonais C3,
C5 e C1 obtiveram médias superiores a 60 frutos sadios por planta por ano, médias que
Fonseca (2009) considerou altas para cacaueiros jovens em pesquisa semelhante feita nas
condições ambientais da Estação Recursos Genéticos José Haroldo (ERJOH) em Marituba-
PA.
As médias de frutos infectados pelas principais doenças da lavoura tiveram
valores bastante moderados para todos os acessos (Tabelas 10 e 11). No caso da vassoura-de-
46
bruxa variou em média entre zero e três frutos infectados por planta em 2010 e 2011, com
destaque para os acessos C1, C5, C6, C7 e C8 que apresentaram médias inferiores a um fruto
infectado por planta nos dois anos. Para podridão-parda houve oscilação média de 0,1 a 6,2
frutos em 2010 e de 1,0 a 4,1 frutos infectados por planta, em 2011, com destaque novamente
para os acessos C6, C7 e C8.
Ao se relacionar as médias das doenças com as médias de produção de frutos
pode-se considerar que em 2010 e 2011 ocorreu um elevado nível de tolerância dos acessos a
vassoura-de-bruxa e podridão-parda, com exceção do clone C4, que necessita maiores
observações. Vale ressaltar que as plantas estão ainda na fase juvenil, o que indica a
necessidade de que as observações se estendam pelo menos até a maturação fisiológica das
plantas.
Ainda com relação às duas principais doenças, as Figuras 10 e 11 ilustram as
frequências da produção de frutos sadios, infectados por vassoura-de-bruxa e infectados por
podridão-parda. Como se pode notar apenas o clone C4 obteve menos de 90% dos frutos
sadios nos dois anos, porém de forma geral percebeu-se uma diminuição na frequência de
incidência destas doenças nos frutos.
Os índices percentuais de frutos sadios dos clones avaliados variaram de 79,7% a
96,4% e de 87,0% a 97,6% em 2010 e 2011, respectivamente, e foram equivalentes com os
observados por Almeida et al. (2009 A) e por Mandarino e Sena Gomes (2009) em clones
com quatro anos de idade (93%), quando afirmaram serem estes valores muito expressivos
para melhoramento de plantas. O acesso com maior índice de frutos sadios foi o C7 e o que
apresentou o menor foi C4.
A distribuição da produção de frutos ao longo dos anos está ilustrada nas Figuras
01A e 02A (Apêndice). Em 2010 observou-se um baixo desempenho nos cinco primeiros
meses com produções que variaram de zero a 21 frutos por acesso apenas, em seguida o
período de pico que ocorreu nos meses de junho a agosto, período que de acordo com Dias
(2001 A), corresponde à safra principal na região amazônica. Após o período de pico houve
brusca queda de produção no mês de setembro e posteriormente, pequena ascensão que seguiu
até o mês de dezembro.
No ano de 2011, com exceção do acesso C3, não foi observado pico definido de
produção, pois alguns meses, como janeiro, março, maio, junho, julho e dezembro
apresentaram índices de frutos relativamente parecidos, caracterizando uma melhor
distribuição da produção ao longo do ano.
47
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
PFS* PFVB** PFPP***
Fre
quên
cia
(%)
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
Figura 10. Valores percentuais de frutos sadios*, percentuais de frutos com vassoura-de-bruxa** e percentuais de frutos com podridão-parda*** em 2010.
Os índices de vassoura-de-bruxa oscilaram entre 0,5% (C7 e C8) e 6,0% (C4) em
2010 e de zero (C6 e C8) a 5,6% (C4) em 2011, podendo-se verificar uma sutil redução no
índice de frutos infectados (Tabelas 10 e 11), além de que segundo Machado et al. (2004)
estes índices indicam bom nível de tolerância a vassoura-de-bruxa. Os meses em que mais se
verificou infecção em frutos foram junho, julho, agosto e outubro somando 86% das 65
infecções de frutos observadas em todo o ano de 2010, já em 2011 observou-se 49 frutos
infectados com picos em maio, junho e julho que representaram 75% das infecções. Estes
resultados condizem com as afirmações de Oliveira e Luz (2005) sobre a maior pressão de
inóculo no período chuvoso, posto que, os frutos colhidos nestes meses iniciam seu
desenvolvimento do início ao meio do período de chuvas de acordo com Silva Neto (2001).
48
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
PFS* PFVB** PFPP***
Fre
quên
cia
(%)
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
Figura 11. Valores percentuais de frutos sadios*, percentuais de frutos com vassoura-de-bruxa** e percentuais de frutos com podridão-parda*** em 2011.
De maneira geral, como indicam as Figuras 10 e 11, em ambos os anos os clones
foram mais susceptíveis à podridão-parda que à vassoura-de-bruxa, no entanto, os índices de
podridão-parda, com exceção de C4 (14,3%) em 2010, podem ser considerados como
moderados e interessantes para melhoramento genético conforme Machado et al. (2004).
Esses índices para os demais acessos, no mesmo ano, variaram de 1,0% (C6) a 8,3% (C5). No
ano seguinte os índices ficaram entre 2,0% (C7) e 7,4% (C4). Como se pode notar houve uma
pequena diminuição no índice da doença em frutos, que se mostrou bastante significativa para
o clone C4, o qual apresentou cerca de 50% de redução do índice em relação ao ano anterior.
Os períodos de pico de podridão-parda em frutos estenderam-se de junho a agosto
em 2010 e de maio a julho em 2011, representando 77% e 69% dos frutos infectados nos
respectivos anos. Os altos índices de infecção nestes períodos podem ser relacionados à
coincidência com o período de maior produção de frutos, pois segundo Medeiros (1967)
comentado por Oliveira e Luz (2005), a incidência da doença é diretamente proporcional à
produção de frutos e à pluviosidade, e Miranda e Cruz (1953) citados por Oliveira e Luz
(2005) relacionam o aparecimento da podridão-parda a fatores meteorológicos favoráveis
como temperatura baixa e elevada umidade relativa do ar, que no território da
Transamazônica ocorrem principalmente nos meses de março e abril (SILVA et al. 2009).
49
5 – CONCLUSÃO
Os acessos clonais C5, C1 e C3 foram os mais promissores, com padrões de
produtividade muito superiores aos demais, principalmente no sexto ano de idade, sendo os
únicos a atingir médias de produtividade de amêndoas secas maiores que 3.000 Kg.ha-1.
O acesso clonal C6 foi o menos produtivo, único com média de amêndoas secas
por planta inferior a 1 Kg, foi o que obteve a maior evolução de incremento de um ano a
outro.
Com exceção dos clones C6 e C8, os demais obtiveram número médio de
sementes por fruto maior que 40.
Os acessos clonais C5, C1 e C3 têm as melhores médias nos principais descritores
da caracterização morfológica: peso de sementes úmidas por fruto, peso de amêndoas secas,
peso de cotilédones secos.
Os clones C4 e C5 detiveram os melhores rendimentos em peso de sementes
úmidas por fruto.
Os descritores peso de amêndoa seca e peso de cotilédone seco foram maiores no
período chuvoso, com exceção apenas do clone C8, para o qual foram maiores no período
seco do ano.
Com exceção do clone C4, os demais tiveram índices de frutos sadios superiores a
90% nos dois anos.
Os índices de incidência de doenças foram considerados baixos, principalmente
dos clones C1 e C7. Apenas o clone C5 não apresentou decréscimo no índice de vassoura-de-
bruxa e C1, C2 e C6 tiveram aumento nos índices de podridão-parda.
50
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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56
APÊNDICE Tabela 01A. Dados de produção por planta dos oito clones em 2010 e 2011.
Clone Planta 2010 2011
TFC1 TFVB2 TFPP3 PAS4(Kg) TFC1 TFVB2 TFPP3 PAS4(Kg)
C1
P1 125 1 2 4,96 136 0 0 5,16
P2 59 3 7 2,47 73 1 4 3,16
P3 29 0 1 1,31 19 0 1 0,85
P4 35 0 0 1,28 32 1 2 1,20
P5 60 0 1 2,46 113 0 2 4,66
P6 30 1 0 1,42 69 0 8 3,36
P7 28 0 1 1,24 65 0 5 3,09
P8 24 1 0 0,92 48 0 2 2,30
C2
P1 126 2 4 4,42 75 0 5 2,72
P2 41 3 3 1,45 36 2 0 1,22
P3 18 1 0 0,62 27 0 2 1,16
P4 38 2 3 1,44 27 0 5 1,10
P5 32 2 1 1,21 51 2 3 1,93
P6 53 0 1 2,35 67 4 2 3,06
P7 50 4 9 1,94 50 0 4 2,36
P8 55 1 2 2,14 83 1 4 3,46
C3
P1 86 3 1 2,81 46 0 0 1,66
P2 49 1 3 1,70 54 0 2 1,63
P3 54 1 3 1,72 44 0 1 1,62
P4 61 1 4 1,91 49 0 1 1,83
P5 49 2 3 1,72 82 1 3 2,96
P6 76 1 1 2,94 105 1 1 4,29
P7 71 0 3 2,60 124 3 6 4,92
P8 49 0 1 1,46 95 1 3 3,74
C4
P1 29 1 7 0,90 25 0 1 0,68
P2 25 0 13 0,76 18 2 1 0,70
P3 52 0 11 1,74 49 0 2 1,45
P4 49 6 5 1,72 46 1 13 1,23
P5 32 1 4 1,22 51 0 3 1,71
P6 66 4 6 2,49 94 6 5 3,28
P7 53 7 3 2,12 96 10 4 2,96
P8 44 2 1 1,52 65 6 4 2,06 1Total de frutos colhidos; 2Total de frutos com vassoura-de-bruxa; 3Total de frutos com podridão-parda; 4Peso de amêndoas secas. Continua...
57
...Continuação
Clone Planta 2010 2011
TFC1 TFVB2 TFPP3 PAS4(Kg) TFC1 TFVB2 TFPP3 PAS4(Kg)
C5
P1 93 0 6 3,97 150 0 3 5,84
P2 78 0 6 3,41 65 1 1 2,75
P3 50 1 2 2,38 49 0 3 1,93
P4 43 0 0 1,95 58 0 2 2,76
P5 67 0 5 3,17 74 0 7 3,50
P6 47 0 3 2,20 76 2 4 3,26
P7 31 1 8 1,34 32 1 2 1,46
P8 51 1 8 2,24 74 1 11 2,88
C6
P1 14 0 0 0,50 44 0 2 1,14
P2 1 0 0 0,05 12 0 1 0,26
P3 4 0 0 0,09 4 0 0 0,07
P4 12 0 0 0,26 10 0 1 0,29
P5 23 2 0 0,56 27 0 2 0,60
P6 6 1 0 0,09 32 0 1 0,71
P7 33 2 1 0,74 21 0 0 0,44
P8 2 0 0 0,02 6 0 1 0,08
C7
P1 45 0 1 1,16 51 0 2 1,50
P2 35 0 0 1,20 55 0 0 1,58
P3 66 0 2 2,58 64 0 2 2,04
P4 55 0 1 2,04 40 0 0 1,23
P5 73 0 2 2,42 98 0 0 2,80
P6 53 0 2 1,96 68 1 1 2,25
P7 29 1 5 0,82 28 0 3 0,74
P8 65 1 0 1,98 47 1 1 1,66
C8
P1 24 0 4 1,04 39 0 0 1,61
P2 12 0 0 0,51 17 0 0 0,66
P3 30 0 2 1,29 19 0 0 0,85
P4 52 2 3 2,50 72 0 3 3,49
P5 44 0 3 2,12 26 0 1 1,14
P6 56 0 2 2,48 51 0 3 1,87
P7 38 0 5 1,52 40 0 1 1,68
P8 55 0 1 2,62 47 0 1 2,03 1Total de frutos colhidos; 2Total de frutos com vassoura-de-bruxa; 3Total de frutos com podridão-parda; 4Peso de amêndoas secas.
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Mês
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s (U
nid.
)
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
Quadro 01A. Dados de precipitação pluviométrica em Altamira-PA de 2008 a 2011.
Ano
Precipitação Pluviométrica (mm)
Meses Total
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
2008 219 332 530 448 258 97 54 50 41 129 90 265 2.513
2009 278 306 401 561 429 246 56 5 7 27 38 160 2.511
2010 341 265 212 339 291 78 54 45 22 14 127 169 1.956
2011 412 324 272 403 223 78 41 39 3 33 90 9 1.927
Fonte: INMET – Estação Climatológica Principal de Altamira.
Figura 01A. Distribuição mensal da produção de frutos em 2010.
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JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Mês
Fru
tos
Col
hido
s(U
nid.
)
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
Figura 02A. Distribuição mensal da produção de frutos em 2011.