Avaliação das aprendizagens em contexto online

5
Mestrado em Pedagogia do e-Learning Unidade Curricular: Concepção e Avaliação em e-Learning Dezembro de 2010 DOCENTE: Doutora Lúcia Amante ALUNOS: Marco Freitas & Telma Jesus Perspectivas sobre avaliação pedagógica: a avaliação das aprendizagens em contexto online

Transcript of Avaliação das aprendizagens em contexto online

Page 1: Avaliação das aprendizagens em contexto online

Mestrado em Pedagogia do e-Learning

Unidade Curricular: Concepção e Avaliação em e-Learning

Dezembro de 2010

DOCENTE: Doutora Lúcia AmanteALUNOS: Marco Freitas & Telma Jesus

Perspectivas sobre avaliação pedagógica:a avaliação das aprendizagens em

contexto online

Page 2: Avaliação das aprendizagens em contexto online

Perspectivas sobre avaliação pedagógica: a avaliação das aprendizagens em contexto online

1

Avaliação das aprendizagens em contexto online

O objectivo da avaliação enquanto prática pedagógica sempre foi a verificação dosconhecimentos adquiridos pelos alunos e, quando a aprendizagem se faz em contexto online, deveser também ao nível da produção. O professor continua a definir os critérios de avaliação decorrendodum processo de monotorização constante (Gomes, 2009) - mas é necessário que aplique práticaspedagógicas inovadoras e adequadas a esta modalidade de ensino e que recorra a instrumentosespecíficos para recolher os dados que pretende avaliar. Os cursos e programas disponibilizadosonline devem ser alvo duma avaliação, com o intuito de assegurar a sua qualidade e as práticastransformadoras no contexto instrucional, impulsionadoras de interactividade, devem ser planeadas epreparadas previamente.

Os alunos têm de demonstrar, recorrendo aos instrumentos possíveis para esse efeito, osconhecimentos desenvolvidos e as pesquisas realizadas durante todo o processo (não apenas emmomentos de avaliação sumativa) e como utilizam as ferramentas online para partilhar trabalhosindividuais e de grupo (ex.: reflexões, artigos, resenhas críticas, etc.). Devem ainda colaborar comcolegas e possibilitar a intervenção dos pares, estando receptivos aos seus comentários sobre otrabalho feito. O projecto educacional será enriquecido se a interacção mútua (Primo, 2006)professor-alunos e entre alunos funcionar e uma avaliação contínua será mais completa quando seadequa “ao público-alvo e às especificidades do curso, ao nível de interacção preconizado, àrelevância dos conteúdos e das actividades a realizar, qualidade dos materiais de apoio, tipos efunções de avaliação previstas, estruturas e estratégias de suporte aos estudantes e perfil ecompetências dos professores” (Gomes, 2009).

O contexto de aprendizagem virtual tem de ser redesenhado, por forma a incluir critérios,juízos e decisões educativas que promovam uma aprendizagem progressiva mais sólida (Barberà,2006). O design instrucional do curso prevê que as actividades e tarefas educativas serão alvo deavaliação. As interacções devem ser planificadas para traduzir uma avaliação que esteja de acordocom as seguintes perspectivas: avaliação das aprendizagens, avaliação para a aprendizagem,avaliação como aprendizagem e avaliação desde a aprendizagem. Cabe à equipa pedagógica queestá associada ao desenvolvimento e criação dos cursos online, constituída por designersinstrucionais, planeadores, professores, tutores, pesquisadores e alunos, medir o resultado dasaprendizagens dos alunos. Só têm de definir quais são os instrumentos mais eficazes que podem serutilizados, desde quizzes, webquests, testes, construção de páginas online, blogues, wikis, e-portefólios, etc.

O Ensino a Distância (EaD), enquanto novo ambiente de aprendizagem, exige estratégiase práticas pedagógicas diferentes, por isso devem ser abandonados, segundo Primo (2006), ostradicionais modelos de ensino (exposição de matéria e “repetir o que foi dito”) e de avaliação. Aaplicação de testes para aferir a retenção de conteúdos e a aposta no estímulo-resposta de influênciabehaviorista não têm grande utilidade para trabalhos realizados sob o espírito colaborativo, em que ainteractividade, sobretudo entre os alunos, produz um conhecimento que deve ser visto como umaconstrução activa e problematizadora. A aprendizagem torna-se mais relevante se a educação forproblematizadora, em que os alunos procuram soluções para os problemas através das actividades.A educação problematizadora recorre a esta estratégia para criar situações de aprendizagem e, emsimultâneo, existe um acompanhamento contínuo da aprendizagem (Primo, 2006).

Page 3: Avaliação das aprendizagens em contexto online

Perspectivas sobre avaliação pedagógica: a avaliação das aprendizagens em contexto online

2

Embora as ferramentas de comunicação sejam utilizadas par a promover o diálogo, odebate e as interacções em ambiente online, é interessante perceber que todo o trabalho colaborativoé tido em conta: pesquisa de informação, reflexões, partilha de experiências, trabalho de autor eparticipação activa nos projectos do grupo. Pinto e Silva (2008) referem que a criação de umambiente cooperativo de construção de conhecimento é favorecido pela partilha de recursospesquisados online.

De acordo com Barberà, a avaliação das aprendizagens consiste num processomultidimensional que abarca quatro dimensões: avaliação da aprendizagem, avaliação para aaprendizagem e avaliação como aprendizagem e avaliação desde a aprendizagem.

Na primeira, o resultado da aprendizagem traduz-se na avaliação sumativa, podendo serqualitativo ou quantitativo. Na segunda, o diálogo entre aluno e professor deve ser uma constante e ofeedback contribui para a progressão contínua do aluno, traduzindo-se numa avaliação formativa. Naterceira, a aprendizagem decorre sob a orientação dos objectivos educacionais definidos e osinteresses dos alunos, recorrendo a uma reflexão posterior das práticas educativas. Na úlltima, éapurado o nível de conhecimentos, capacidades, aptidões e experiências dos alunos através de umaavaliação diagnóstica (início do curso), para que o professor proceda a um reajuste dos conteúdos aabordar.

A participação dos alunos em fóruns de discussão, a consulta de recursos, odesenvolvimento de e-portefólios e diários de bordo online permitem a construção dum perfil eidentidade do aluno, tendo em conta o seu envolvimento e desempenho. Mas como motivá-los paraque construam este percurso de aprendizagem?

A intervenção atempada e pormenorizada do professor pode ser um factor motivacional,comportamental e favorecedor de construções mentais (Gomes, Barberá e Anderson). Aliás, estefeedback deve constituir um direito do aluno e um dever do professor. A reflexão gerada a partir dofeedback virtual possibilita a melhoria dos trabalhos e produções realizadas pelos alunos, desde queseja dada essa possibilidade e esteja prevista no desenho do curso. Normalmente, o feedback éiniciado pelo professor que fornece a sua ajuda e conselhos para melhoramento das aprendizagensdo aluno. Este, por sua vez, em resposta ao feedback do professor relativamente ao apoio prestado,decide se completa este diálogo avaliativo, procedendo a modificações e alterações para demonstraro seu conhecimento e as suas aprendizagens. O aluno deve também enviar ao professor estefeedback.

Instrumentos tecnológicos utilizados para avaliar cursos online

A avaliação deve ser adaptada ao contexto virtual e as novas tecnologias não podem serutilizadas sem que os modelos pedagógicos orientadores do ensino geral sejam revistos (Barberà,2006; Primo, 2006). Transpor simplesmente práticas pedagógicas do regime presencial para amodalidade online podem pôr em risco a eficácia dos serviços e ferramentas disponibilizados, porexemplo, pela Internet. As diferenças podem inclusive relacionar-se com a configuração daaprendizagem, isto é, renuncia-se à aprendizagem reprodutiva e associativa para adoptar umaaprendizagem mais construtiva do conhecimento (Barberà, 2006). Esta colaboração entre

Page 4: Avaliação das aprendizagens em contexto online

Perspectivas sobre avaliação pedagógica: a avaliação das aprendizagens em contexto online

3

professores e alunos e entre os próprios alunos fomentaria uma avaliação contínua tendo como baseum processo formativo com a realização de actividades e tarefas ao longo do curso suportadas pelatecnologia (Barberà, 2006; Gomes, 2009; Primo, 2006).

Como as novas tecnologias não substituem o professor, é preciso então distinguir aspotencialidades educativas para perceber a sua real contribuição. Barberà (2006) enumera três tipos:i) base de dados que proporciona respostas e correcções imediatas aos alunos (avaliaçãoautomática); ii) repositório com conteúdos onde os alunos obtêm informação proveniente de fontesdiversas para elaborarem, por exemplo, trabalhos monográficos (avaliação enciclopédica); iii)plataforma digital que disponibiliza ferramentas de trabalho colaborativo (fóruns de discussão, chat,blogue, etc.), através dos quais os grupos realizam discussões, debates, troca de impressões epartilha de experiências (avaliação colaborativa).

Uma das grandes vantagens da contribuição tecnológica é que permite avaliar o próprioprocesso, além dos resultados de aprendizagem. Todavia, Barberà (2006) aponta alguns riscos que aavaliação suportada pela tecnologia pode correr, como a fraca interacção entre professor e alunos, oplágio ou a inexistência de indicadores das actividades colaborativas.

Os alunos estão já familiarizados com algumas ferramentas digitais disponíveis naInternet, como o chat, o blogue pessoal, os fóruns de discussão, o wiki. Embora estejam habituados ainteragirem online com o Outro, esses encontros podem não criar momentos de cooperação ou atomada de consciência sobre aquilo que vai sendo construído. Um curso a distância envolve arelação entre os vários componentes e, por isso, há dificuldades que têm de ser identificadas paraque, depois de corrigidas, os trabalhos dos alunos sejam reorientados e o andamento do curso nãoseja prejudicado (Gomes, 2009). A fim de adequar a tecnologia à especificidade do curso online, aavaliação deve ser constante ao longo do curso, uma vez que “avaliação é acompanhar o processode construção activa do conhecimento e incentivar a capacidade autoral e inventiva dos alunos,através de trabalhos individuais ou em grupo” (Primo, 2006).

Os alunos precisam de partilhar a informação que obtêm, por exemplo, na Internet econstruir um LMS do curso que contemple o uso educativo dos chats, dos diários de bordo, das listasde discussão e dos fóruns, é construir um ambiente que favorece as relações cooperativas.Diversificar os momentos, as fontes de informação e os instrumentos de avaliação são medidasimportantes no EaD (Gomes, 2009), mas as actividades e tarefas educativas mediadas porcomputador serão eficazes se a avaliação online valorizar esta selecção de informação e partilha emrede realizadas pelos alunos. O desafio motivante para os alunos é obterem informação, cruzá-laentre os pares e resolverem conjuntamente os problemas.

Quando o conhecimento se desenvolve de modo colaborativo (modelo construtivista), asaprendizagens são mais significativas. E os recursos tecnológicos podem corresponder nessafinalidade, devendo apenas serem adaptados ao contexto educacional online para contribuíremeficazmente na interacção recíproca entre o professor e alunos (Gomes, 2009; Primo, 2006). Graçasàs ferramentas de comunicação são criados diálogos (momentos síncronos), debates e negociaçãodas diferenças (instrumentos assíncronos), mediante a publicitação dos trabalhos online (blogue, wiki,e-portefólio, diário de bordo digital, redes sociais, LMS, etc.) em busca de comentários eparticipações.

Page 5: Avaliação das aprendizagens em contexto online

Perspectivas sobre avaliação pedagógica: a avaliação das aprendizagens em contexto online

4

Considerações finais

São muitas as características que configuram os actuais ambientes virtuais deaprendizagem e a sua configuração baseia-se nas oportunidades que as novas tecnologias deinformação e comunicação oferecem. A interacção entre os vários intervenientes do ensino onlinetem revelado uma diversidade que se relaciona com o desenvolvimento tecnológico. Por sua vez, seeste ambiente virtual se diferencia dos modelos clássicos da educação em geral, não deixa dereconhecer o valor que têm as várias modalidades avaliação, desde que se concentrem em produtose resultados suportados pela tecnologia.

Se é verdade que o ensino online aponta para um novo paradigma de aprendizagem,torna-se então necessário pensar em novos conceitos e práticas pedagógicas que respondam àsnovas necessidades de professores e alunos. E esse desafio é a avaliação da aprendizagem onlinemediada por computador, com recurso aos serviços disponibilizados pela Internet. Este tipo deavaliação apresenta vantagens e desvantagens, mas os seus instrumentos devem adequar-se aocontexto educativo em questão.

A cooperação revelou-se um instrumento indispensável numa aprendizagem em contextovirtual, porque não só permite que o saber seja construído colectivamente e se encontrem emconjunto, soluções para os problemas (o aluno reconhece a responsabilidade da sua aprendizagem eo papel que assume no progresso dos seus colegas), como também, é um caminho possível paraconhecer com maior profundidade o Outro.

Os alunos trabalham conjuntamente para resolver problemas concretos, mas o professorcontinua a ter o papel fundamental de mediador nas suas discussões. Por sua vez, o professor nãodeve ser o único a avaliar aquilo que vai sendo produzido, porque deixar que os alunos partilhem eavaliem dentro do grupo os trabalhos e que os discutam entre si, fomenta a interacção social e aconstrução de saberes baseados em conceitos e teorias.

Referências

BARBERÀ, E. (2006). “Aportaciones de la tecnología a la e-Evaluación”. RED. Revista de Educación a Distancia, Año V.Número monográfico VI. Disponível online em http://www.um.es/ead/red/M6/ [acedido em 2010-12-14].

BARREIRO-PINTO, I. A. e SILVA, M. (2008). “Avaliação da aprendizagem na educação online: relato de pesquisa”, RevistaEducação, Formação e Tecnologias, vol. 1(2), pp. 32-39. Disponível online emhttp://eft.educom.pt/index.php/eft/article/viewFile/59/40 [acedido em 2010-12-15].

GOMES, M. J. (2009). "Problemáticas da avaliação online", Actas da VI Conferência Internacional das TIC na Educação -Challenges 2009. Disponível online em http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/9420/1/Challenges-09-mjgomes.pdf [acedido em 2010-12-15].

PRIMO, A. (2006). "Avaliação em processos de educação problematizadora online". In: Marco Silva; Edméa Santos. (Org.).Avaliação da aprendizagem em educação online. São Paulo: Loyola, v. , pp. 38-49. Disponível online emhttp://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/EAD5.pdf [acedido em 2010-12-14].