Avaliacao de Empresas Bematech

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Universidade de Brasília Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade Departamento de Administração SHALUA SANT’ANNA PADILHA AVALIAÇÃO DE EMPRESAS: utilização do método FOM para precificar a Bematech Brasília DF 2011

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Transcript of Avaliacao de Empresas Bematech

  • Universidade de Braslia

    Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade

    Departamento de Administrao

    SHALUA SANTANNA PADILHA

    AVALIAO DE EMPRESAS: utilizao do mtodo FOM para precificar a Bematech

    Braslia DF

    2011

  • SHALUA SANTANNA PADILHA

    AVALIAO DE EMPRESAS: utilizao do mtodo FOM para precificar a Bematech S.A.

    Monografia apresentada ao Departamento de Administrao como requisito parcial obteno do ttulo de Bacharel em Administrao.

    Professor Orientador: Dro, Jos Carneiro

    da Cunha de Oliveira Neto

    Braslia DF

    2011

  • Padilha, Shalua SantAnna. Avaliao de empresas: utilizao do mtodo FOM para precificar a Bematech S.A. / Shalua SantAnna Padilha. Braslia, 2011.

    40 f.

    Monografia (bacharelado) Universidade de Braslia, Departamento de Administrao, 2011.

    Orientador: Prof. Dro. Jos Carneiro da Cunha de Oliveira da Cunha Neto, Departamento de Administrao.

    1. Inovao Tecnolgica. 2. Ativos Intangveis. 3. Modelos de Precificao de Aes. I. Ttulo.

  • 3

    SHALUA SANTANNA PADILHA

    AVALIAO DE EMPRESAS: utilizao do mtodo FOM para precificar a Bematech S.A.

    A Comisso Examinadora, abaixo identificada, aprova o Trabalho de Concluso do Curso de Administrao da Universidade de Braslia do

    (a) aluno (a)

    Shalua SantAnna Padilha

    Dro, Jos Carneiro da Cunha de Oliveira Neto Professor-Orientador

    Mestre Andre Luiz Marques Serrano Serrano,

    Professor-Examinador

    Braslia, 15 de julho de 2011.

  • 4

    Ao meu filho Joo Guilherme que minha fonte de inspirao, aos meus pais por tudo que fizeram para me ajudar a me formar, a minha irm pela amizade e ao Murilo por todo amor e companheirismo.

  • 5

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus pela sade, perseverana e f que precisei para concluso desse trabalho. Muito obrigada a minha famlia que de alguma forma pode me ajudar nos momentos difceis e comemorar nos momentos de alegria. Ao professor Jos Carneiro pela pacincia em me orientar e a pelo conhecimento que pude absorver com sua dedicao. Aos meus queridos amigos e amigas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e da Universidade de Braslia que fizeram a minha vida universitria ser inesquecvel e muito mais divertida. A todos os meus professores que ao longo desses anos me deram a luz do conhecimento.

  • 6

    RESUMO

    Num mundo de incertezas, onde a inovao faz com que uma empresa se torne mais competitiva, diversas teorias e modelos para se precificar essas inovaes tem se tornado um diferencial no momento de analisar projetos inovadores. Diversos modelos oferecem informaes necessrias para expandir, estender, contrair, abandonar ou adiar um projeto de investimento em resposta aos eventos ocorridos no mercado, aumentando ou diminuindo o valor do projeto ao longo do tempo. Com o objetivo de contribuir com a discusso a respeito do processo de inovao tecnolgica e os modelos de precificao relacionados a esses tipos de projetos, a dissertao se propem comparar dois mtodos afim de verificar qual o mtodo mais eficiente. Palavras-chave: Inovao tecnolgica. Ativo intangvel. Modelo de valorizao.

  • 7

    SUMRIO

    1 INTRODUO ..................................................................................................... 8

    1.1 Formulao do problema .............................................................................. 9 1.2 Objetivos ..................................................................................................... 10

    1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 11

    1.2.2 Objetivos Especficos ............................................................................ 11 1.3 Justificativa ................................................................................................. 11

    2 REFERENCIAL TERICO ................................................................................. 13

    2.1 Conceitos de Inovao ................................................................................ 13 2.2 Inovao na Era do Conhecimento ............................................................. 15 2.3 Empresas inovadoras e o setor produtivo ................................................... 16 2.4 O papel da Contabilidade e classificao dos ativos .................................. 17

    2.4.1 Conceito de ativo intangvel ................................................................... 18 2.5 Mtodos e modelos de avaliao e precificao ......................................... 21

    2.5.1 Modelo de Desconto de Dividendos (MDD) ........................................... 22

    2.5.2 Fluxo de Caixa descontado ................................................................... 23

    2.5.3 Modelo de precificao por Opes Reais ............................................ 24

    2.5.4 Modelo de Ohlson ..................................... Erro! Indicador no definido.

    2.5.5 Modelo FOM de precificao ................................................................. 26

    3 MTODOS E TCNICAS DE PESQUISA ......................................................... 28

    3.1 Tipo e descrio geral da pesquisa............................................................. 28 3.2 Caracterizao da organizao, setor ou rea ........................................... 29 3.3 Populao e amostra .................................................................................. 29 3.4 Caracterizao dos instrumentos de pesquisa ........................................... 30 3.5 Procedimentos de coleta e de anlise de dados ......................................... 30

    4 RESULTADOS E DISCUSSO ............................ Erro! Indicador no definido.

    5 CONCLUSES E RECOMENDAES ............................................................ 31

    REFERNCIAS ......................................................................................................... 32

    APNDICES .............................................................................................................. 34

    Apndice A Estrutura Societria da Bematec S.A .................................................. 34

    Apndice B Fluxograma do Processo Y ................................................................. 35

    ANEXOS ................................................................................................................... 36

    Anexo A Estatuto da Empresa Z ............................................................................ 36

    Anexo B Regimento Interno da Empresa Z ............................................................ 36

  • 8

    1 INTRODUO

    A inovao, seja ela de produto, processo ou servio, uma importante

    ferramenta para alavancar a produtividade nas organizaes, gerando uma

    vantagem competitiva, e impulsionar o desenvolvimento econmico de alguns

    pases e regies, com o crescimento da atividade econmica. Segundo Tigre (2006),

    tal desenvolvimento resultante da transformao da estrutura produtiva das

    organizaes que incorporam novos produtos e processos e agregam valor

    produo devido ao uso intensivo de informao e conhecimento. Para sociedade,

    esse desenvolvimento tem que gerar novas formas de organizaes que atendam as

    novas necessidades do mercado e principalmente, melhorem a forma de viver.

    Tigre (2006) tambm afirma que do ponto de vista empresarial, atualmente,

    as empresas mais rentveis da economia mundial so aquelas classificadas como

    inovadoras, que para superar os concorrentes em mercados saturados, criam seus

    prprios nichos. Entretanto, a gerao, a implementao e a gesto da inovao so

    um processo complexo para as organizaes, pois dependem do ambiente em que a

    empresa est inserida, dos relacionamentos institucionais com os fornecedores,

    clientes e o governo, dos recursos tcnico-financeiros detidos pela empresa e

    principalmente pelo fator conhecimento (capital intelectual).

    Na concepo de Terra (2000), a gesto do conhecimento crucial no

    processo de gerao de riqueza nas organizaes, e afirma, tambm, que os

    desafios e complexidades da economia so quantificar ou medir o recurso

    conhecimento que ao contrrio dos estoques fsicos, o valor de tal recurso no

    facilmente compreendido, classificado e medido.

    Assim, a gesto do conhecimento/inovao adquire um papel fundamental

    na sobrevivncia do mercado competitivo para as organizaes onde as idias, a

    expertise, o conhecimento, a criatividade e a competncia de solucionar os

    problemas passaram a ser expressos na forma de servios, bens, produo material

    e intelectual. Com isso, os sistemas e tecnologias da informao passaram a ser

    vistos como extensores da mente humana (GOMES, 2003).

    Com base nesse padro, caracterizado pela convergncia das tecnologias

    da informao, processamento e comunicao, pela velocidade das inovaes e a

    idia que os recursos intelectuais so fonte de riqueza e valor para as empresas,

  • 9

    surgem discusses no mundo empresarial e nas universidades sobre a competio

    das organizaes com base em seus ativos intangveis e como e de que forma

    esses ativos e as prprias inovaes vem sendo classificados e mensurados na

    contabilidade das entidades.

    Outro ponto discutido neste estudo sobre o ativo intangvel que confere a

    empresa aquele valor a mais pago sobre o valor contbil do patrimnio lquido,

    devido expectativa de lucros futuros alm dos custos de oportunidade.

    O presente estudo visa discutir sobre os mtodos utilizados para mensurar

    os ativos intangveis de uma empresa classificada como inovadora, Bematech, onde

    a base de gerao de fluxos de caixas futuros so o conhecimento adquirido com

    investimentos em pesquisa e desenvolvimento, o processo de educao e

    treinamentos do capital humano e a estrutura que a empresa possui incluindo o

    conjunto de hardware e software, marcas, patentes, bases de dados, sistemas e

    modelos administrativos.

    1.1 Formulao do problema

    De encontro com a concepo dada por Lev (2001, p.17-18):

    A competio intensificada em praticamente todos os setores de negcios,

    induzida pelos processos de globalizao, desregulamentao e mudana

    tecnolgica, tem levado as empresas a uma srie de mudanas

    fundamentais, com nfase para os processos de inovao,

    desverticalizao e uso intensivo da tecnologia da informao. (traduo

    livre)

    Alm dos elementos citados por Lev, Klein (1998) ressalta tambm a

    conscientizao das organizaes para o valor do conhecimento institudo nos

    processos e rotinas organizacionais, assim como o seu papel nas crescentes razes

    entre o valor de mercado das empresas e seu valor contbil nos setores produtivos,

    onde os bens e servios produzidos so intensificados em conhecimento e

    tecnologia, fazendo com que o capital intelectual seja um determinante de posio

    de mercado, o que garantiria, hoje e futuramente, uma vantagem competitiva. Tal

    afirmativa refora a importncia de estudos acerca da avaliao de empresas de alta

    tecnologia ou baseadas em conhecimento.

  • 10

    Porm, parte das inovaes geradas atualmente resultante da combinao

    de conhecimento e tecnologia o que torna a difcil a avaliao dos ativos da

    organizao j que esta composta basicamente de ativos intangveis.

    Dentro desse contexto, encontra-se o goodwill que possuem dois

    significados distintos. O primeiro, um pouco mais abrangente, inclui os recursos

    necessrios que a empresa dispe para desenvolver suas atividades, independente

    de serem ou no ativos no conceito contbil tais como estoques, imveis, marcas,

    clientela, localizao etc. O segundo, composto pelos fatores intangveis que

    permitem a organizao obter lucros, como por exemplo de reputao, marca,

    fidelidade da clientela, contratos de exclusividades, tecnologias de produo,

    localizao, venda, distribuio etc. Alguns dos ativos citados, classificados tambm

    como intangveis, tm sua forma de valorao e mensurao um pouco mais difcil

    devido s incertezas e riscos sobre a sua capacidade de gerao de benefcios

    econmicos futuros.

    Assim, pertinente uma pesquisa que permita responder a seguinte

    pergunta: O modelo FOM de avaliao de empresas mais eficiente para se valorar

    a Bematech S.A. que tem por base o conceito de capital intelectual como gerador de

    fluxo de caixa, comparado com o mtodo tradicional de avaliao (FCD)?

    1.2 Objetivos

    A ideia central do trabalho demonstrar a importncia de se utilizar mtodos

    de avaliao de empresas de forma adequada de acordo com especificao do setor

    e do modelo organizacional em que a instituio est inserida, focando a pesquisa

    nas empresas que possuem o fator gerador de fluxo de caixa futuro os investimentos

    realizados principalmente nos ativos intangveis com base tecnolgica.

  • 11

    1.2.1 Objetivo Geral

    Comparar o modelo FOM de avaliao de empresas em relao ao modelo

    tradicional (FCD) levando em considerao qual dos modelos analisados o mais

    eficiente.

    1.2.2 Objetivos Especficos

    a) Identificar o perfil da empresa pesquisa, explicitando o porque

    classificada como inovadora;

    b) Apresentar modelos de avaliaes de empresas mais viveis para

    mensurao de organizaes inovadoras de capital aberto;

    c) Comparar a avaliao da Bematech S.A. pelos modelos FOM e FCD.

    1.3 Justificativa

    No difcil perceber, no contexto atual de economia globalizada, que as

    mudanas ocorridas nos mercados, nas tecnologias e nas organizaes so feitas

    de forma acelerada e a capacidade de gerar e absorver inovaes vem so

    consideradas importantes para que uma instituio se torne competitiva. E para

    acompanhar os avanos do mercado, as organizaes precisam intensificar os

    investimentos em capacitao e treinamento de sua equipe e pesquisa e

    desenvolvimento para absorvam ou desenvolverem as inovaes rapidamente e em

    pesquisa e desenvolvimento.

    Economistas concordam que uma considervel proporo do crescimento

    econmico respondida pela inovao quando esta melhora a produtividade dos

    fatores de produo. Com isso, o que faz com que a empresa tenha vantagem

    competitiva em um mundo globalizado, onde a informao est disponvel para

    todos da mesma forma de que maneira ela recebe, absorve e decodifica essa

  • 12

    informao e transforma em conhecimento e como ela avalia seus ativos na

    formao do seu valor.

    Este estudo justifica-se partindo de dois questionamentos: por que mensurar

    e valorar ativos e/ou recursos intangveis e por que realizar tal pesquisa em

    empresas inovadoras onde sua maior gerao de valor futuro est relacionada a

    ativos intangveis.

  • 13

    2 REFERENCIAL TERICO

    Neste captulo, ser apresentada a pesquisa bibliogrfica da literatura

    utilizada como referncia terica para o entendimento adequado dos conceitos

    utilizados nesta temtica.

    Tal pesquisa inicia-se pelo conceito de inovao, disserta sobre o

    surgimento de uma sociedade baseada em conhecimento, quais so as

    caractersticas dessa economia e o impacto nas empresas, a importncia da gesto

    da inovao nesse contexto, quais so as dificuldades de se classificar os ativos que

    geram a inovao, qual o papel que a contabilidade exerce nas organizaes e os

    principais modelos de avaliao de tecnologia.

    So apresentadas a definio, as caractersticas e a classificao dos

    intangveis sob tica da teoria contbil e o seu tratamento de acordo com as normas

    internacionais e brasileiras de Contabilidade.

    2.1 Conceitos de Inovao

    O processo de acumulao de capital juntamente com as revolues

    burguesas europias a partir do sculo XVI, criaram condies bsicas para que a

    inovao tecnolgica fosse inicialmente observada, investigada e analisada como

    experimentao prtica (TIGRE, 2006).

    Na segunda metade do sculo XIX, surgiram duas correntes de

    pensamentos econmicos, embora tenham sido opostas, sobre a tecnologia e seu

    papel perante a sociedade. De um lado, a tradio clssica retomada por Karl Marx

    que estudou o processo de criao de valor e reconheceu que a tecnologia como

    alavanca para o processo de evoluo do capitalismo. Marx entendia que a inovao

    era uma forma de obter um monoplio, mesmo que temporrio, sobre uma tcnica

    ou um produto diferenciado do mercado existente. Do outro lado, a corrente

    neoclssica com uma viso diferente da corrente clssica, pois negava a teoria do

    valor-trabalho e baseava na formao de preos e a alocao de recursos escassos

  • 14

    como objetos centrais de estudo. A teoria neoclssica parte do pressuposto de que

    as atividades de produo so coordenadas automaticamente pelo mercado onde

    nenhuma empresa tem fora individualmente para influenci-lo de modo

    significativo.

    No incio do sculo XX, seguindo as idias de Marx, Schumpeter modela a

    sua teoria sobre inovao com base no conceito do monoplio temporrio, fazendo

    m destaque para competio oriunda de um novo mercado, novo produto, novas

    tecnologias, novas fontes de suprimentos e novos tipos de organizaes que

    permitem o aumento da escala produtiva.

    J no final do sculo XX, devido ao esgotamento do modelo Fordista-

    taylorista, novas trajetrias de inovao e organizao da produo surgiram do

    desenvolvimento e difuso de tecnologias de informao e da comunicao (TICs).

    A corrente evolucionista ou neo-schumpetirana endossa e aperfeioa os

    pensamentos de Marx e Schumpeter tratando a tecnologia como elemento

    endgeno da dinmica econmica do mercado presente nas relaes produtivas e

    na valorizao do capital, em oposio teoria neoclssica, que via tal mudana

    como elemento externo do sistema econmico. Nessa perspectiva terica, a

    discusso era feita se o progresso tcnico era impulsionado pelo lado da demanda

    atravs das necessidades indicadas pelo consumidor (demand-pull); ou pela oferta,

    atravs de inovaes determinadas pelo avano do conhecimento cientfico e pelas

    atividades industriais de pesquisa e desenvolvimento (tecnology-push). Para os

    neos-schumpeterianos, dado um fluxo de inovaes, a adoo depender do

    ambiente competitivo em que a organizao est inserida, tendo vista a taxa de

    lucro, as condies de investimento e financiamento e das condies de imitao da

    inovao. Consideram a existncia constante de um processo de feedback na

    atividade inovadora.

    Hoje podemos definir a inovao tecnolgica como um dos itens essenciais

    para aumentar a competitividade e a produtividade das empresas. Ajuda a

    impulsionar o crescimento e principalmente o desenvolvimento econmico de

    organizaes, regies e pases com o aumento das atividades econmicas e

    fundamentalmente por instituir um processo qualitativo de transformao da

    estrutura produtiva que incorpora novos produtos e novos processos e agrega valor

    produo por meio da intensificao do uso do conhecimento e da informao.

  • 15

    2.2 Inovao na Era do Conhecimento

    O conhecimento alavanca-se quando constitui o ingrediente primrio de

    negcios. Assim, empresas sinergizam-se a partir da interao com seus mercados

    (clientes e fornecedores), aprendendo e ensinando, em uma relao de mtua

    dependncia. As predisposies de clientes e fornecedores absoro de

    conhecimentos se tornam bem mais evidentes.

    O fato de a produo dos bens da informao ser dominada pelos custos da

    primeira cpia permite a criao de novas estratgias de formao de preos

    desenhadas para maximizar o retorno dos investimentos em P&D e ampliar a

    penetrao no mercado. As TIC habilitam novas prticas de discriminao de preos

    por meio do conhecimento da utilidade dos bens e servios para diferentes clientes.

    Ao contrrio do fordismo, em que o foco era obter economias de escala no

    processo produtivo, o novo paradigma caracterizado pela explorao dos efeitos

    de redes para obter economias de escala de demanda. Na produo de bens

    intangveis, o crescimento do nmero de usurios no altera os custos de produo,

    mas aumenta a receita total. medida que a rede cresce, ela tende a beneficiar

    tambm os usurios que passam a desfruntar com uma ampliao da capacitao

    coletiva e da rede de servio associados.

    Uma organizao ter maiores oportunidade no mercado se associando a

    padres tecnolgicos amplamente utilizados. Quanto mais usurios um padro tiver,

    mais pessoas estaro dispostas a comprar, manter e aperfeioar suas partes e

    subconjuntos. Assim, no existindo mais diferenas, melhor ligar-se a uma rede

    grande ou a um padro tecnolgico amplamente difundido. O uso de infra-estrutura

    ou base tcnica comum permite a explorao de economias de escopo.

    O custo de mudana que leva ao aprisionamento dos clientes um ponto

    importante a se discutir. A economia da informao, por depender de padres que

    assegurem a compatibilidade de diferentes subsistemas, caracterizada por

    estratgias de criao de monoplios no fornecimento de produtos complementares.

    Trancar clientes em padres tcnicos proprietrios o sonhos das empresas

    fornecedoras, mas pode constituir um pesadelo para os usurios. O entendimento

  • 16

    das implicaes das decises tcnicas quanto liberdade futura constitui em

    elemento essencial da gesto da inovao.

    2.3 Empresas inovadoras e o setor produtivo

    As organizaes esto imersas em contextos setoriais especficos que

    atuam como fortes condicionantes da atividade inovadora. Trs pontos importantes

    para esta discusso de inovao esto relacionados: 1) ao setor de atividade; 2) o

    tamanho da firma; e 3) a localizao geogrfica.

    O primeiro ponto diz que os diferentes ramos da atividade econmica

    apresentam dinmicas tecnolgicas prprias, determinadas por padres de

    competio distintos e condies heterogneas de acesso a recursos tcnicos. O

    segundo ponto aponta que o processo de concentrao industrial se apoiava nos

    ganhos crescentes que o processo de concentrao industrial se apoiava nos

    ganhos crescentes de escala proporcionados pelas inovaes em mquinas e

    equipamentos, segundo Marx. Para Schumpeter, a relao entre tamanho da firma e

    comportamento tecnolgico diretamente proporcional sendo quanto maior a

    empresa maior a sua disposio econmica para inovar. No entanto, o mundo

    contemporneo mostra que as micros e pequenas empresas tambm podem inovar,

    dependendo do arranjo produtivo, da fase do ciclo de vida do produto e das

    caractersticas da tecnologia.

    Por fim, o terceiro ponto mostra que o papel da dimenso regional como

    fator condicionante do processo de mudana tecnolgica. Com o avano da

    globalizao vem retirando grande parte do carter nacional que distingue as

    economias de diferentes pases. Diante de mercados mais abertos ao comrcio

    internacional, a dimenso regional e local passou a atrais maior ateno de

    empresrios, pesquisadores e governos. Os chamados arranjos produtivos locais,

    que renem clusters de empresas com forte sinergia entre si, so vistos hoje como

    importantes estmulos inovao e competitividade.

    Vale ressaltar que a simples introduo de uma nova tecnologia,

    desacompanhada de um esforo deliberado de adaptao, no suficiente para

    conferir competitividade a uma organizao. A inovao depende de externalidades

  • 17

    que condicionam o desempenho tecnolgico das empresas. A forma como a

    tecnologia se difunde e integrada ao sistema produtivo depende diretamente das

    caractersticas tcnicas e econmicas dos diferentes setores de atividade.

    2.4 O papel da Contabilidade e classificao dos ativos

    Nas entidades intensivas em conhecimento, o modelo tradicional de

    contabilidade financeira tem dificuldades para gerar informaes (relatrios

    financeiros) que ajudem a prever o desempenho futuro das empresas.

    Na concepo dos autores Kaplan & Norton (1997), o modelo ideal da

    contabilidade financeira deveria ser a convergncia do modelo tradicional, onde os

    relatrios demonstram os resultados passados, com itens importantes para essas

    entidades, tais como avaliao dos ativos intangveis e intelectuais; funcionrios

    competentes e habilitados; processos internos eficientes, consistentes e inovadores;

    investimentos em pesquisa e desenvolvimento; nveis de investimentos em

    automao; satisfao da clientela e a informatizao dos processos produtivos e

    gerenciais.

    Segundo Gomes (2003), na mesma linha de pensamento proposto por

    Kaplan & Norton (1997), importante que os relatrios reproduzam a eficcia das

    empresas no processo de criao de valor para o futuro, devendo estabelecer a

    ligao entre os relatrios de desempenho e a viso estratgica.

    A relevncia dos ativos intangveis afirmada por GU & Lev (apud GOMES,

    2003, p45):

    ...que os lucros gerados por estes elementos detm informaes mais

    relevantes dos que os fluxos de caixa e lucros informados nos relatrios

    contbeis, pois, enquanto os lucros totais ou fluxos de caixa refletem a

    performance de todos os ativos, alguns dos quais no contribuem para o

    crescimento, os ganhos direcionados por intangveis contribuem para esse

    crescimento.

    Com isso, os administradores preocupados em maximizar os seus ativos

    financeiros e fsicos nas organizaes orientadas para o conhecimento necessitam

  • 18

    conhec-los e valor-los melhor com a finalidade de obter retornos, principalmente

    de ordem financeira, no desempenho de suas atividades.

    2.4.1 Conceito de ativo intangvel

    Para estudiosos como Eliseu Martins (1972, p.30), ativo o conjunto de

    bens, valores, crditos, direitos e assemelhados que forma o patrimnio de uma

    pessoa fsica ou jurdica, em um determinado momento, avaliado pelos respectivos

    custos.

    Na viso de Schmidt & Santos (2002, p.12), ativos caracterizam-se como

    elementos controlados por uma entidade que geram benefcios presentes ou futuros.

    De acordo com Hendriksen & Van Breda (1999, p.286), ativos devem ser definidos

    como potenciais de fluxos de servios ou direitos a benefcios sob o controle de uma

    organizao.

    As caractersticas fundamentais dos ativos so: a) deteno da propriedade

    e/ou posse e controle; b) capacidade de gerar benefcios futuros; c) direito exclusivo.

    Podem ser classificados quanto a:

    a) Liquidez - circulante, onde sua liquidez de curto prazo (prazo de liquidez do

    bem dentro do perodo do exerccio contbil) ou de no-circulante onde sua

    liquidez de longo prazo (prazo de liquidez do bem superior ao perodo do

    exerccio contbil); e

    b) Tangibilidade tangveis so palpveis ou intangveis que so no

    monetrios identificveis sem substncia fsica.

    Os ativos intangveis surgiram em resposta a um crescente reconhecimento

    de que fatores extracontbeis podem ter uma importante participao no valor real

    de uma empresa. Dentre eles, alguns conferem aos seus proprietrios uma

    vantagem competitiva que exerce um impacto sobre o lucro da atividade, a exemplo

    de: patentes; marcas registradas; direitos autorais; e direitos exclusivos de

    comercializao.

  • 19

    Os ativos intangveis formam uma das classificaes mais complexas da

    contabilidade por causa da inexistncia fsica, cujo valor ilimitado pelos direitos e

    benefcios.

    De acordo com o Pronunciamento Tcnico CPC 04, emitida pela Comisso

    de Valores Mobilirios (CVM), o ativo intangvel todo ativo no monetrio

    identificvel sem substncia fsica, podendo ser identificado quando: (1) for

    separvel, isto , capaz de ser separado ou dividido da entidade, podendo ser

    vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado; (2) resultar de direitos

    contratuais ou de outros direitos legais; (3) for provvel que os benefcios

    econmicos futuros esperados atribuveis ao ativo sero gerados em favor da

    entidade; e (4) puder ser mensurado com segurana o custo do ativo.

    Vale destacar a importncia da fundamentao e divulgao clara desses

    ativos intangveis nas demonstraes financeiras. Estas devem conter,

    principalmente, as seguintes informaes: vida til, mtodos de amortizao, valor

    contbil, rubrica da demonstrao de resultados com a referida amortizao,

    proviso para perda desses ativos, etc.

    importante ressaltar que o ativo intangvel com vida til indefinida no

    deve ser amortizado. J aquele com vida til definida, deve ter esse processo feito

    de forma sistemtica ao longo da sua vida til estimada, a partir do momento em que

    estiver disponvel para uso. A amortizao dever considerar um mtodo que reflita

    o padro de consumo dos benefcios futuros econmicos pela entidade ou o mtodo

    linear. O perodo e a forma de amortizao devem ser revistos pelo menos no fim de

    cada exerccio social. Adicionalmente, a entidade deve observar se o ativo intangvel

    requer proviso para perdas por desvalorizao, em consonncia com o

    Pronunciamento Tcnico CPC 01 Reduo ao Valor Recupervel de Ativos.

    Dessa forma, fundamental a correta identificao, mensurao e o controle

    desses ativos, bem como a divulgao transparente de sua natureza e vida til.

    De acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade (IAS-38,

    pargrafo 7), ativos intangveis so definidos como ativos no monetrios, sem

    substncia fsica, que so identificveis e esto controlados pela empresa como

    resultado de eventos passados, e que contribuem para obteno de benefcios

    futuros.

  • 20

    Para Hendriksen & Van Breda (1999, p.390) o ativo intangvel possui uma

    complexa identificao, devido s caractersticas, tais como:

    a) inexistncia de usos alternativos no podem ter usos alternativos aos

    previamente definidos no valor das expectativas de gerao de lucros

    futuros;

    b) a falta de separabilidade somente possuem valor em combinao com

    os ativos tangveis, e assim so considerados benefcios residuais; e

    c) s incertezas quanto sua recuperao.

    Por se tratar de um assunto vasto e complexo, prudente concentrar-se,

    somente, na natureza do goodwill, em seu conceito e classificaes, e,

    posteriormente, na sua relao com o capital intelectual.

    amplamente reconhecido que o goodwill existe, e importante para uma

    avaliao mais realista do patrimnio de uma empresa. Contudo, identific-lo e

    mensur-lo infere tamanha subjetividade que, at o presente momento, as

    concluses a esse respeito se mostram insuficientes. Hendriksen e Van Breda

    (1999, p. 392), ao tratarem da mensurao do goodwill, consideram que o mais

    importante ativo intangvel na maioria das empresas.

    Em conseqncia, sua mensurao tem recebido ateno especial.

    Seguindo as informaes contidas no Boletim Temtica Contbil e Balanos,

    NMERO 36/2000, a avaliao do goodwill dado pelo valor presente dos

    benefcios futuros. (IOB, 2000, p.2).

    Para Monobe (apud GOMES, 2003, p.56), o valor do goodwill equivale a

    diferena entre o valor atual da empresa como um todo e o valor econmico dos

    seus ativos, considerando trs variveis que esto envolvidas nessa equao: a)

    estimativa dos lucros futuros da empresa; b) identificao e mensurao do valor

    econmico dos seus ativos; e c) taxa de desconto ideal a utilizar para a apurao do

    valor atual.

  • 21

    2.5 Mtodos e modelos de avaliao e precificao

    Com a globalizao dos mercados e a existncia de vrios centros

    financeiros e grandes bancos, o processo competitivo gerou um desenvolvimento de

    recursos financeiros que requer uma real avaliao, para proporcionar o valor justo,

    de acordo com o mtodo adequado e com informao concisa dos mercados

    especializados (Roxana, 200?).

    De acordo com Cupertino e Lustosa (2006), estudiosos ressaltam que a

    habilidade de se avaliar ativos com preciso est na responsabilidade da teoria

    finanas, pois muitas decises pessoais e empresariais podem ser feitas pela

    seleo de alternativas que maximizam o valor. O interesse nos determinantes do

    preo das aes um assunto discutido desde a criao da primeira bolsa de

    valores e, constantemente, estudiosos e pesquisadores esto em busca do melhor

    modelo de se valorar cada ao de acordo com sua especificidade.

    A incerteza presente nos projetos de inovao tecnolgica um dos motivos

    que tem feito com que as empresas busquem cada vez mais aperfeioar-se nos

    mtodos de anlise, tentando encontrar metodologias mais adequadas para lidar

    com a incerteza existente neste tipo de investimento (SAITO, JUNIOR & de

    OLIVEIRA, 2010).

    Fernndez (2001, apud Cupertino & Lustosa, 2006) afirma que:

    ...a avaliao pode ser utilizada para vrios fins, dentre eles: servir como

    parmetro de comparao das aes negociadas em bolsas; determinar o

    preo inicial da ao em uma IPO (Initial Public Offering); quantificar a

    criao de valor que atribuvel aos executivos da empresa (e assim

    bonific-los);e, auxiliar na tomada de decises estratgicas.

    A eficincia de mercado, as previses de analistas e os custos de

    oportunidade so alguns itens relevantes dentre de uma srie de outros itens que

    podem incidir na avaliao de um investimento.

    Nesse trabalho, os estudos so direcionados a mensurao e avaliao dos

    ativos intangveis de empresas inovadoras. Para determinar o valor de uma

    empresa, vrias metodologias podem ser utilizadas, e neste captulo ser

    apresentado alguns mtodos utilizados e no captulo seguinte aplicaremos dois

    mtodos, FCD e modelo FOM, para realizar a comparao entre ambos para

  • 22

    certificar qual o mais eficiente para valorar organizaes que possuem uma

    considervel parcela dos seus agentes geradores de lucros futuros, os ativos

    intangveis.

    2.5.1 Modelo de Desconto de Dividendos (MDD)

    A Lei do Preo nico implica que, para avaliar papis, temos que determinar

    os fluxos de caixa esperados que um investidor receber por possu-los (Berk &

    DeMarzo, 2009, p.275). Aplicando essa ideia para o mercado de aes, precisamos

    conhecer os fluxos de caixa esperados que um investidor receber e o custo de

    capital que ser descontado desse fluxo de caixa.

    Um investidor possui duas fontes potenciais de fluxo de caixa de uma ao:

    primeiro, a empresa pode pagar a seus acionistas por meio de dividendos, e

    segundo, o prprio investidor pode vender a ao em alguma data futura. Seja, Divn

    o total de dividendos pagos por ao durante n perodos, P0 o preo corrente de

    mercado da ao e rE o custo de capital prprio das aes, que o retorno esperado

    de outros investimentos disponveis no mercado com risco equivalente ao das aes

    da empresa, temos:

    (1)

    Isto , o preo das aes igual ao valor presente dos dividendos futuros esperados

    que elas pagaro. Usaremos o custo de capital prprio das aes, pois esses fluxos

    de caixa so arriscados e assim, no podemos usar a taxa de juros livre de risco

    (Berk & DeMarzo, 2009).

    Com essa perspectiva, o MDD fornece uma maneira de avaliar quanto

    precisamos pagar hoje pelos lucros futuros de uma empresa e constitui o enfoque

    tradicional para avaliao de empresas na literatura econmica e de finanas, sendo

    utilizado como fonte literria para formulao de outros modelos (Cupertino &

    Lustosa, 2006).

  • 23

    Uma limitao associada a tal modelo que as previses dos fluxos de caixa

    dos dividendos de uma empresa possuem um enorme grau de incerteza,

    necessitando assim de outras alternativas de avaliao das aes.

    2.5.2 Fluxo de Caixa Descontado

    O modelo de FCD determina o valor total da empresa para todos os

    investidores (acionistas e titulares de dvidas). Isto , o valor econmico de uma

    empresa, ou projeto de investimento, est na sua habilidade de gerar caixa no

    futuro, ou seja, como o custo lquido de adquirir o patrimnio da empresa, pegando o

    seu dinheiro em caixa, quitando todas as dvidas e, assim, possuindo o negcio no

    alavancado (Berk & DeMarzo, p. 286, 2009).

    De acordo com Assaf Neto (2003, p.586), a definio de Fluxo de Caixa

    Descontado :

    Uma empresa avaliada por sua riqueza econmica expressa a valor

    presente, dimensionada pelos benefcios de caixa esperados no futuro e

    descontados por uma taxa de atratividade que reflete o custo de

    oportunidade dos vrios provedores de capital

    Nesta afirmativa, Assaf Neto cita alguns conceitos econmicos-financeiros

    importantes para o entendimento do modelo de fluxo de caixa descontado:

    a) valor presente, que pressupe que uma unidade de moeda hoje tem um

    valor diferente de uma unidade de moeda daqui um ano. Quando se tem

    uma sequncia de fluxos de caixa com sinais positivos (entradas de

    caixa) e negativos (sadas de caixa), o valor presente dessa sequncia

    denominado de valor presente lquido (VPL); (Berk & DeMarzo, 2009)

    b) custo de oportunidade, que leva em conta o custo dos recursos

    investidos ao longo do tempo e os riscos envolvidos. Quando se tem uma

    taxa de desconto que leva o VPL a zero, por definio, denominada

    taxa interna de retorno (TIR). (Luzio, 2011)

    Na Tabela 1, podemos deduzir que a situao B a mais favorvel para o

    investidor, pois a empresa tem a capacidade de remuner-lo, em mdia, acima dos

    seus custos de oportunidade (Luzio, 2011).

  • 24

    TABELA 1 Relao entre o custo de capital e a TIR

    Situao Relao custo de oportunidade e TIR VPL Implicaes

    A Custo de oportunidade do capital = TIR 0 Gerao de valor

    econmico equivalente ao

    custo do capital

    B Custo de oportunidade do capital < TIR >0 Gerao de valor

    econmico em excesso ao

    custo do capital

    C Custo de oportunidade do capital > TIR

  • 25

    Para SAITO, JUNIOR & DE OLIVEIRA (2010), a flexibilidade gerencial ajuda

    a empresa verificar qual o melhor momento a se investir proporcionando a

    possibilidade de maximizar os lucros e minimizar os custos considerando as

    incertezas.

    O valor da flexibilidade gerencial demonstrado na figura 1:

    Figura 1 Flexibilidades Gerenciais. Fonte: COPELAND (2003).

    No Brasil, a utilizao dessa metodologia para precificar projetos tem sido

    bastante utilizada em diversos setores. Em 2000, Castro utilizou TOR para analisar a

    flexibilidade de uma usina termoeltrica e em 2002, Gomes aplicou a teoria para

    verificar qual era o melhor momento de se investir em termoeletricidade no Brasil. J

    em 2005, Dias usou a metodologia para avaliar investimentos sob as condies de

    incertezas na explorao e produo de petrleo (SAITO, JUNIOR & DE OLIVEIRA,

    2010).

    O ponto inicial da metodologia de avaliao de investimentos por opes

    reais o VPL, levando em considerao todos os fluxos de caixa ao longo da vida

    de um projeto. Como no mtodo tradicional no possvel captar com preciso o

    valor econmico do investimento em um ambiente de incerteza e de rpidas

    mudanas, o mtodo pela opo real capta o valor da flexibilidade gerencial de se

    adaptar as decises, em resposta as mudanas inesperadas no mercado. A

    metodologia de opo real representa o que h de mais novo para a avaliao e

    gesto de investimentos estratgicos (SAITO, JUNIOR & DE OLIVEIRA, 2010).

  • 26

    2.5.4 Modelo FOM de precificao

    Em 1995, Feltham e Ohlson escreveram um artigo, no qual desenvolveram e

    analisaram um modelo de avaliao de aes baseados em componentes contbeis:

    o Balano Patrimonial (BP), a Demonstrao de Resultado do Exerccio (DRE). Para

    isso, utiliza-se um modelo linear que projeta a informao contbil atual para um

    futuro (Linear Information Model, LIM). Esta estrutura se completa com a incluso de

    qualquer outra informao que possa ser til para previso da informao contbil,

    proporcionando ao investidor a liberdade ao realizar a tarefa de previso e

    avaliao.

    A origem do modelo FOM baseado no modelo de valorizao de desconto

    de dividendos (ver 2.5.1). Para estabelecer o modelo, utiliza-se a relao do lucro

    limpo ou em ingls, clear surplus, onde todas as movimentaes do patrimnio

    contbil, no derivadas de negociaes com acionistas, passam pela conta de

    resultado, ou que de equivalncia patrimonial varia somente de perodo a perodo

    em resultados dos dividendos no distribudos (INCHAUSTI & SNCHEZ, 2006). Se

    alem disso, o resultado anormal que se define como o excesso do resultado contbil

    do perodo sobre a renda pretendida do patrimnio tendo como referncia o custo do

    capital prprio ou rentabilidade normal de mercado, se obtem o modelo de

    precificao anormal ou residual no qual o valor da empresa igual ao patrimnio,

    mais o valor presente de futuras expectativas de desempenho anormal:

    (3)

    Onde:

    Pn = valor de mercado das aes da empresa no momento t ;

    bvt = valor contbil no momento t ;

    rE = custo o capital prprio no momento t ; e

    xat = resultado anormal do perodo (t 1, t), definido como xat = xt r

    . bvt-1

    As expectativas no so observveis e o modelo FOM supera essa

    desvantagem pela dinmica de informaes lineares (LIM) que permite uma funo

  • 27

    vinculando os resultados anormais futuros com variveis contbeis j realizadas

    (INCHAUSTI & SNCHEZ, 2006).

  • 28

    3 MTODOS E TCNICAS DE PESQUISA

    O objetivo central do trabalho identificar se existem diferenas

    significativas entre a estimao do valor de uma empresa com a utilizao da

    metodologia do fluxo de caixa descontado e com a metodologia do modelo de FOM.

    Este captulo est dividido em cinco partes: a primeira com a descrio da

    tcnica de pesquisa utilizada no trabalho, a segunda com o perfil da empresa que

    ser analisada juntamente com o conceito e caracterizao de empresas de base

    tecnolgicas, a terceira com uma apresentao dos dados que sero analisados, a

    quarta parte com os instrumentos de pesquisa e por fim, a quinta parte onde

    explicitarei sobre o procedimento de coleta e anlise dos dados.

    3.1 Tipo e descrio geral da pesquisa

    Uma pesquisa construda, de forma metodolgica, com o objetivo de

    responder uma inquietao ou problema acerca de um tema. O fundamento da

    pesquisa estruturar o raciocnio necessrio para responder ou solucionar tal

    problema que o ponto de partida do estudo.

    As pesquisas so classificadas de com o objetivo da pesquisa, de acordo

    com as variveis analisadas e quais interaes ocorrem entre elas, segundo Zanella

    (2009).

    A presente pesquisa classificada:

    a) Quanto natureza da pesquisa: aplicada, pois diferente da pesquisa bsica

    que objetiva gerar conhecimentos novos envolvendo verdades e interesses

    universais, esta pesquisa objetiva gerar conhecimentos para aplicao prtica

    dirigidos soluo de problemas especficos (MORESI, 2003, P.8);

    b) Quanto abordagem do problema (tratamento dos dados): quantitativa;

    c) Quanto aos fins: explicativa, pois visa tornar o objeto explicar os mtodos

    utilizados para valorar a empresa estudada; e

  • 29

    d) Quanto aos meios de investigao: experimental, pois uma investigao

    emprica com a manipulao de dados e observaes dos resultados.

    3.2 Caracterizao da organizao, setor ou rea

    A empresa analisada ser a Bematech S.A do segmento de tecnologia da

    informao e lder em automao comercial do varejo que consiste na utilizao de

    uma plataforma de tecnologia da informao (hardware, software e servios), para

    automatizar e aperfeioar os processos e apoiar a gesto de um estabelecimento

    comercial. Lder no segmento de tecnologia para o comrcio no Brasil. De acordo

    com estudo realizado pela FINEP em 2006 (Brasil Inovador), a Bematech com sede

    em Curitiba (PR) possua 390 funcionrios sendo 34 alocados em P&D e o

    percentual do faturamento investido nesse setor era de 5,5% (Brando & Gonalves,

    2006).

    O mercado de tecnologia da informao no Brasil vem apresentando

    elevadas taxas de crescimento. A Bematech S.A acredita que os principais fatores

    que contriburam para esse cenrio favorvel so: a utilizao de TI de forma a

    melhorar a competitividade; a valorizao do real frente ao dlar; e a entrada em

    vigor da Nova MP do Bem (a Medida Provisria n 255) em 2005, que reduziu o

    imposto sobre a venda em 9,25% para PCs com preo inferior a R$2.500,00.

    Tambm em 2005, o Governo Federal lanou o programa Computador para Todos,

    um importante conjunto de incentivos que faz parte do Programa de Incluso Digital

    (stio Bematech S.A. Relao com o investidor).

    3.3 Populao e amostra

    Para este estudo, no utilizado uma populao especfica, pois iremos

    realizar uma comparao de dois mtodos de precificao aplicados em apenas

    uma empresa.

  • 30

    3.4 Caracterizao dos instrumentos de pesquisa

    A presente pesquisa utilizar dados secundrios que esto disponveis de

    forma pblica no stio da Bolsa de Mercadoria e Futuros, da Comisso de Valores

    Mobilirios e Banco Central (BACEN).

    3.5 Procedimentos de coleta e de anlise de dados

    Os dados necessrios para a realizao da pesquisa so levantados a partir

    de uma fonte secundria: stio da Bematech S.A. Todos os dados econmico-

    financeiros so retirados Relatrio de Informaes Financeiras Trimestrais com data-

    base de 31 de maro de 2011 e informaes de mercado no stio da Bolsa de

    Mercadoria e Futuros (BM&FBOVESPA).

    Nessa pesquisa, os dados coletados sero utilizados para aplicar os

    modelos de Fluxo de Caixa Descontado e o Modelo de Feltham-Ohlson para

    compara qual a metodologia que gerou o valor da empresa mais prxima do valor da

    ao disponvel para o mercado financeiro da Bematech S.A.

  • 31

    4 CONCLUSES E RECOMENDAES

    Para este estudo, no foi utilizada uma populao especfica, pois iremos

    realizar uma comparao de dois mtodos de precificao aplicados em apenas

    uma empresa.

    A empresa escolhida, Bematech S.A, foi precificada segundo dois critrios

    distintos, Fluxo de Caixa Livre (FCF) e FOM. Enquanto a primeira abordagem

    tradicionalmente utilizada para empresas industriais, a segunda permite a

    incorporao mais apropriada de ativeis intangveis, tais como marcas, patentes e

    tecnologias especficas.

    Os resultados encontrados indicaram que a abordagem FOM indica maior

    valor de mercado para a empresa, tal valor estimado para o Patrimnio Lquido (PL)

    da empresa superior capitalizao de mercado da mesma. J a abordagem FCF

    tradicional indicou um valor para o PL inferior capitalizao de mercado.

    Os diferentes resultados encontrados podem indicar os impactos, em termos

    de valor da empresa, que alguns ativos intangveis produzem no so

    completamente captados pelo FCF, sendo porm superestimados pelo FOM.

    O fato da capitalizao de mercado estar entre o valor indicado pelo FCF e o

    FOM sinal que os agentes econmicos consideram impactos adicionais de ativos

    intangveis, sendo porm mais conservadores na avaliao da contribuio desses

    ativos para a criao de valor da empresa.

    Como proposta de estudos futuros est a ampliao do trabalho para uma

    maior amostra de companhias, dessa forma a concluso de que a abordagem FOM

    superestima a contribuio dos ativos intangveis, enquanto o FCF subestima,

    poderia ser melhor avaliada.

    O trabalho foi capaz de atingir os objetivos inicialmente pretendidos, sendo

    limitado pelo fato da precificao ter sido realizada para apenas uma empresa.

  • 32

    REFERNCIAS

    ASSAF NETO, A. Finanas Corporativas e Valor. So Paulo: Editora Atlas, 2003.

    BERK, J.; DEMARZO, P. Finanas Empresariais. Porto Alegre: Bookman, 2009.

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    LUZIO, E. Finanas corporativas: teoria e prtica: estudos de cadas sobre gerao e destruio de valor em empresas. So Paulo: Cengage Learning, 2011.

    MARTINS, E. Contribuio avaliao do ativo intangvel. So Paulo, 1972. Tese (Doutorado em Cincias Contbeis). Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade da Universidade de So Paulo, So Paulo.

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    SCHIMIDT, P.; SANTOS, J. L. Avaliao de ativos intangveis. So Paulo: Atlas. 2002

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    TERRA, J. C. C. Gesto do conhecimento: o grande desafio empresarial: uma abordagem baseada no aprendizado e na criatividade. So Paulo: Negcios Editora, 2000.

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    ZANELLA, L. C. H. Metodologia da pesquisa. Apostila elaborada para o curso de administrao na modalidade a distncia. Braslia: UnB, 2009.

  • 34

    APNDICES

    Apndice A Estrutura Societria da Bematech S.A

  • 35

    Apndice B Fluxograma do Processo Y

  • 36

    ANEXOS

    (OPCIONAL)

    So os documentos complementares que no foram elaborados pelo autor da

    monografia, mas que podem servir de apoio na comprovao da pesquisa ou que

    ilustra o trabalho.

    Geralmente so cpias xerogrficas, croquis, desenhos, grficos, fluxogramas,

    organogramas, tabelas, fotos etc.

    A indicao feita com letras maisculas.

    Anexo A Estatuto da Empresa Z

    Anexo B Regimento Interno da Empresa Z