AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO COMPETITIVO DE UM TERMINAL DE ... · A IMAM Consultoria, define através...
Transcript of AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO COMPETITIVO DE UM TERMINAL DE ... · A IMAM Consultoria, define através...
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO
COMPETITIVO DE UM TERMINAL DE
CARGAS DA REGIÃO NORDESTE: UM
ESTUDO CRÍTICO AS ATIVIDADES DE
MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM
DE MATERIAIS E TENDÊNCIAS
LOGÍSTICAS
FERNANDA HELOAH DOS SANTOS SILVA (IFRN )
Monick Alexandre da Silva (IFRN )
O cenário empresarial em que estamos inseridos revela uma acirrada
competitividade entre as organizações, que por sua vez, necessitam ter
atitudes e decisões condizentes a contexto. Sendo assim, a logística e
suas subáreas apresentam-se commo ferramentas essenciais na
administração dos fluxos, no sentido de integrar os processos
produtivos das empresas desde a matéria-prima até o consumidor
final. Levando em conta esse conhecimento, o presente artigo tem por
objetivo principal analisar os processos internos realizados por um
Terminal de Cargas da região nordeste, considerando as práticas de
movimentação de materiais e armazenagem bem como o contexto de
inovação e tendências logísticas, a fim de propor ações para
maximização de resultados positivos. Utilizando de um estudo de caso
com abordagem qualitativa orientada por um questionário semi
estruturado e um roteiro de pesquisa, através disso, foi possível chegar
aos presentes resultados da pesquisa, como também, as propostas de
ações voltadas a tendências oferecidas e praticadas pelo mercado.
Palavras-chave: Terminal de cargas, atividades logísticas, estudo de
caso
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
2
1. Introdução
O cenário empresarial em que estamos inseridos revela uma acirrada competitividade entre as
organizações, o que determina que respondam de maneira rápida e eficiente as necessidades
do mercado em que atuam, como também, de seus clientes. Por esse motivo, a logística
apresenta-se como uma ferramenta essencial na administração dos fluxos, no sentido de
integrar os processos produtivos das empresas desde a matéria-prima até o consumidor final.
É importante ressaltar que a logística se subdivide em duas atividades, entre elas estão: as
atividades primárias, que abrange as áreas de transporte, controle de estoques e
processamento de pedidos; e as atividades secundárias que são compostas pelas áreas de
embalagem, compras, programação, gestão da informação, armazenagem e movimentação.
Essas duas últimas, em especial, se realizadas de maneira correta pelas organizações podem
proporcionar resultados satisfatórios no processo de controle de materiais, principalmente nas
áreas diretamente relacionadas à administração de materiais, como: compras, recebimento,
controle de qualidade e estoques. Além disso, estima-se que os gastos com a movimentação
de materiais representem entre 15 e 70% dos custos totais de um produto manufaturado.
Aplicando essas concepções à realidade da região nordeste, podemos identificar um forte
potencial de expansão no que diz respeito a essas atividades, devido às operações
aeroportuárias realizadas nessa região.
Esta estrutura favorável à consolidação e intermodalidade, torna possível aproveitar cada
característica positiva dos diferentes modais envolvidos no processo logístico e permite uma
melhor adequação às constantes mudanças promovidas pela globalização.
Nesse sentido, o presente estudo tem por objetivo principal analisar os processos internos
realizados por um Terminal de Cargas da região nordeste, levando em consideração as
práticas de movimentação de materiais e armazenagem bem como o contexto de inovação e
tendências em logísticas, a fim de propor ações para maximização de resultados.
Para atender ao objetivo proposto, foi realizado um estudo de caso em um terminal de cargas
capaz de operar e estocar itens destinados à importação e exportação, com capacidade média
de processamento de 10 mil toneladas ao ano e área útil de dois mil e oitocentos metros
quadrados, projetada com possibilidade de ser expandida conforme necessidade de
crescimento.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
3
2. Referencial teórico
2.1. Movimentação e armazenagem
Dentro dos processos logísticos, a armazenagem é considerada uma das atividades de suporte
ao desempenho das atividades primárias, para que a empresa possa alcançar o sucesso,
mantendo-se e conquistando clientes com pleno atendimento do mercado e satisfação total ao
acionista em receber seu lucro (POZO, 2004).
A armazenagem é compreendida como importante função, uma vez que necessita atender com
efetividade a gestão da cadeia de suprimentos. Sua importância reside no fato de ser um
sistema de abastecimento temporário à guarda e distribuição de matérias, em relação ao fluxo
logístico, que serve de base para sua uniformidade e continuidade, assegurando o adequado
nível de serviço e agregação de valor ao produto (GASNIER et al., 2001).
Moura (1997) considera que a função de movimentação de materiais é o estudo dos
movimentos dentro da empresa, com o mínimo de transferências possíveis e nos locais
apropriados de trabalho ou centros de produção, de modo a evitar congestionamentos, atrasos
e manuseios desnecessários. O fluxo dessa movimentação de materiais está relacionado com o
transporte de matérias-primas e produtos acabados, com o armazenamento e distribuição dos
materiais no âmbito interno da empresa.
Neste contexto o endereçamento fomenta o gerenciamento do armazém, norteando o produto,
através das diretrizes já oficializadas pelo gestor logístico, geralmente classificados em área,
rua nível e vão. A IMAM Consultoria, define através da Revista Intralogística (2016), o
endereçamento como a alocação do produto em uma instalação com o objetivo de otimizar a
movimentação de materiais e a eficiência do espaço. Deste modo, influencia na produtividade,
acurácia dos embarques, acurácia do estoque, tempo da doca até o estoque, tempo de ciclo dos
pedidos do armazém, densidade de estocagem e nível de automação.
A localização do estoque no armazém afeta diretamente as despesas gerais de manuseio de
materiais de todos os produtos movimentados no âmbito desse espaço. Busca-se um equilíbrio
entre os custos do manuseio dos materiais e a utilização do espaço do armazém.
Especialmente, existem considerações relativas ao espaço de estocagem e à separação dos
pedidos que influenciam no projeto interno do armazém (BALLOU, 2006).
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
4
A evolução tecnológica estendeu seus múltiplos benefícios à área de armazenagem, através da
introdução de métodos de racionalização dos fluxos de distribuição de produtos, a adequação
de instalações e equipamentos para movimentação física de cargas, tornando a informação
essencial neste cenário (IMAM, 2008). Logo, selecionar na movimentação equipamentos de
acordo com a especificidade e fluxo do material é de suma importância.
Os equipamentos proporcionam realizar, a distância do trajeto com a intensidade do fluxo de
material. Essas variáveis apontam para quatro categorias de equipamentos (IMAM, 2011),
ilustradas na Figura 01.
Figura 1- Categorias de equipamentos para movimentação de materiais
Fonte: Adaptado de IMAM (2011)
Diante das novas práticas de movimentação, se faz necessário às organizações, o ajuste de
suas operações, equipamentos e instalações aos recursos disponíveis de inovação e tecnologia,
alcançando competitividade através do acompanhamento ou liderança do mercado.
A inovação é definida como uma ideia, objeto ou método criado que se difere dos padrões
anteriores e está intimamente relacionado a algo novo ou renovado. É um instrumento
específico dos empreendedores e um o processo pelo qual exploram a mudança como
oportunidade para negócios ou serviços diferenciados (DRUCKER, 1987).
A inovação pode se dar de forma radical ou incremental por meio da mudança do produto,
processo, paradigma ou processo, agregando através da mudança de conceito, técnicas,
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
5
equipamentos ou estratégia no maior valor dos produtos e serviços ofertados pela empresa,
resultando consequentemente em melhor competitividade (CORAL et al., 2008).
Conforme John Bessant e Joe Tidd (2009), a inovação está fortemente associada ao
crescimento. Novos negócios são criados a partir de novas ideias, pela geração de vantagem
competitiva naquilo em que as empresas podem ofertar, sendo atualmente uma questão de
sobrevivência, visto produtos/serviços apresentam ciclos de vida- da emergência à maturação-
que se finaliza na saturação. Utilizando-se da inovação o ciclo nunca chegará à decadência,
estará sempre se reinventando.
Diante da dinamicidade da globalização estar atento às tendências do mercado proporcionam
mudanças significativas, uma vez que representam alterações no cenário e no ambiente dos
negócios, podendo exercer maior ou menor impacto sobre os empreendimentos. As tendências
logísticas, quando úteis, refletem para oportunidades de negócios, gerando sintonia com o
mercado, como também retornos lucrativos para suas atividades.
3. Metodologia
O estudo utiliza de uma abordagem de cunho qualitativo e descritivo, de natureza
exploratória, levando em consideração fundamentos teóricos da movimentação de materiais e
armazenagem e práticas inovadoras nas atividades logísticas.
O método de pesquisa adotado é ilustrado na Figura 2 e foi baseado em quatro etapas: (a)
levantamento bibliográfico; (b) construção do roteiro da pesquisa; (c) visita técnica e (d)
construção do artigo científico.
Figura 2 – Esquematização do método da pesquisa
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
6
4. Resultados
A seguir é exposto os resultados obtidos através de uma pesquisa realizada no Terminal de
Cargas de um aeroporto da região nordeste, em que foi possível observar e compreender
informações relativas aos processos internos e externos do empreendimento, direcionadas as
atividades de movimentação de materiais e armazenagem e possíveis práticas inovadoras
aplicadas no cenário estudado.
4.1. Caracterização da empresa
O Terminal de Cargas utilizado como objeto da pesquisa está localizado na Região Nordeste e
foi projetado para receber diversas modalidades de carga tanto de importação, exportação e
carga doméstica. Nas atividades de importação tem como principais clientes as empresas
TAP, Lufthansa e Meridiana, responsáveis pelo maior fluxo de movimentação de cargas.
É importante ressaltar, este Terminal de Cargas tem uma vantagem estratégica devido à
proximidade de sua localização com a Europa e África, sendo potencialmente importante para
o escoamento das cargas do país, além disso, possui estrutura semelhante à de grandes
aeroportos do mundo, no que diz respeito à capacidade de consolidação de itens que atendem
ao transporte através de aeronaves de grande porte.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
7
Para realizar as operações logísticas de forma eficiente e eficaz, o terminal possui 14
funcionários, distribuídos no organograma estrutural representado na Figura 3. Além destes,
existem os funcionários terceirizados, que não possuem vínculo direto com a empresa.
Figura 3- Organograma funcional do Terminal de Cargas
O Terminal de Cargas conta com uma estrutura tecnológica de ponta, com capacidade de
processar cargas de diversas naturezas. Suas instalações físicas são divididas em: (a) Área de
Importação, com 700 m2 de área coberta e 450 m
3 de câmara fria, (b) Área de Exportação,
com 600 m2 de área coberta e 3 câmaras frias com 600 m
3 de área, (c) Área de Cargas
Doméstica, com 900 m3 de área coberta e 2 câmaras frias com 300 m
3 de área e (d) Área de
Cargas Vivas, com 1.495 m3 para recebimento de cargas vivas.
Dentre os principais tipos de carga, este Terminal de Cargas em seu primeiro ano de operação,
exportou para a Europa, em relação ao total, 60% frutas frescas em natura (mamão, manga,
abacaxi) e 35% peixes frescos (Atum e Meca), para os Estados Unidos e outros países 5% são
diversos, como tecidos e carga geral, enquanto que as importações em sua maioria são de
peças e máquinas para os parques eólicos, equipamentos para estudo (universidades), peças e
máquinas para o polo industrial em Pernambuco.
4.2. Movimentação de materiais
O Terminal de Cargas detém de equipamentos que auxiliam no armazenamento e
movimentação dos materiais, tais quais: pallets, estruturas porta pallets, duas patinhas
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
8
acopladas com balanças, cinco empilhadeiras, dez paleteiras e duas estruturas de esteira por
rollets, ilustrados na Figura 4.
Figura 4 – Equipamentos de movimentação e armazenamento utilizados pelo Terminal de Cargas
Além da área interna, o terminal possui a área de Cargas Perigosas, localizadas na parte
externa, destinada as cargas radioativas, explosivas e perigosas. Existem várias ações de
gestão e controle por parte do Terminal de Cargas no que diz respeito ao armazenamento de
artigos perigosos, visto que expõe uma representatividade considerável na movimentação das
cargas. A adoção de métodos de segregação de mercadorias durante a alocação é exposta por
quadros sinalizadores e revelam como a carga deve ser armazenada de acordo com sua
natureza. A Figura 5 demonstra um dos quadros utilizados para materiais perigosos.
Figura 5 – Política de armazenagem e segregação de mercadorias classificadas como perigosas
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
9
Nas câmaras frias, existe a movimentação de cargas de produtos perecíveis, possuindo maior
sensibilidade à temperatura. Por esse motivo, é exigido que os colaboradores que circulam por
esse ambiente utilizem os equipamentos de segurança disponibilizados pela empresa, com
intuito de preservar a saúde dos funcionários e atender os quesitos de manutenção da
qualidade e segurança das cargas impostos pelos órgãos de fiscalização.
4.3. Atividade de movimentação de cargas internacionais
Nas áreas de importação e exportação as operações do Terminal possuem grande rigor na
documentação, para que o trâmite do processo da carga ocorra de forma eficiente e que não
existam problemas com a fiscalização dos órgãos aeroportuários, como, a Receita Federal.
Nestas atividades é necessária a presença de um despachante, responsável por averiguar a
documentação, um operador logístico, responsável pela movimentação das cargas e manuseio
dos equipamentos, e um funcionário da Inframérica, responsável por monitorar as etapas do
processo de movimentação, até regularizar a carga.
O endereçamento é integrado ao software do X-Commerce, que identifica a localização,
mediante vagas nos apartamentos, sendo o critério utilizado na distribuição das cargas, o peso.
Os equipamentos utilizados nestas áreas, são: empilhadeira de gás e elétrica, balança, porta-
pallets e estrutura de esteira de roletes, sendo utilizada unicamente na área de Exportação.
As cargas importadas que utilizam de pallets de madeira detêm de um tratamento especial,
que precisa do aval do Ministério da Agricultura para realizar o processo de prevenção do
surgimento de vetores nocivos.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
10
As cargas são armazenadas em porta-pallets, em três níveis e quatro apartamentos.
Dependendo da natureza, são direcionados à câmara fria, que possuem dois intervalos de
temperaturas, sendo o primeiro de 2ºC à 8ºC e de 15ºC à 25ºC. Neste processo, existe uma
diferença na regularização da exportação, pois existe um processo até obter a nota fiscal.
Todos os aspectos financeiros são controlados pelo SAP, sistema da Receita Federal integrado
ao X-Commerce, que gera os documentos fiscais necessários.
A movimentação nestas áreas é de 50 toneladas ao mês, sobressaindo itens de peças para
parques eólicos, com capacidade para receber todo tipo de carga. As sazonalidades se dão nos
meses novembro, dezembro e janeiro, com maior intensidade em janeiro, e menor, em julho.
O Terminal de Cargas trabalha com a política de retirar a carga no período de até 30 dias,
após será pago o valor da carga, adicionando uma multa, ou a carga é incinerada.
Nas atividades de recebimento as cargas são recepcionadas na pista de pouso pelo
despachante e operador logístico, em seguida ocorre à averiguação da documentação, para
avaliar as condições da carga, em relação, as variáveis de peso, quantidade e possíveis
avarias.
Nas operações de expedição, para ocorrer à liberação da carga, de forma segura, é necessário
seguir etapas padrões, de acordo as normas da Receita Federal e a política interna do Terminal
de Cargas, em que é necessária a presença do fiscal de cargas, despachante, operador logístico
e da triagem de documentação. O processo produtivo das atividades de importação e
exportação praticadas pelo Terminal de Cargas é ilustrado na Figura 6.
Figura 6 – Fluxograma das operações de importação e exportação no Terminal de
Cargas
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
11
Não
INÍCIO
Receber mercadoria
Recepção das cargas
na pista de pouso O comprador
solicita a carga
Exportação Importação
FIM
Averiguação das
características das
cargas
Conformidade das
cargas
As cargas
estão em
conformidade?
Não
Sim
Classificadas e
endereçadas
como avaria
As cargas são
lançadas no sistema
de informação
As cargas
necessitam de
temperatura
específica?
São armazenadas
nas câmaras frias
Sim
Definir posição da
carga no porta-pallet
Alocar a carga no
porta-pallet
Averiguação das
condições
documentais da carga
Doc. Fiscal
(Importação)
Localização da carga
através do sistema de
informação
O fiscal movimenta a
carga até o seu
destino
1
1 Doc. Fiscal
(Exportação)
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
12
Para averiguar a veracidade das informações alimentadas no software do X-Commerce, a
Receita Federal, realiza um processo de sistema de declaração de importação, estes processos
contam com três status representados em cores que determinam o procedimento que será
realizado com carga, juntamente com o representante da Receita Federal.
O processo é feito a partir de um registro numérico determinado pelo sistema, mediante a
codificação, e em horários aleatórios é feito o sorteio de qual carga será averiguada,
recebendo uma etiqueta colorida que determina o procedimento a ser realizado no item
armazenado. As cores adotadas, no processo, são: verde, em que o produto é liberado sem
conferência documental e física; amarela, onde a carga é liberada mediante conferência
documental; e vermelha, em que há uma conferência documental e física e a carga pode ser
colocada no pallet e encaminhada ao Raios-X ou pode ser aberta. Caso ocorra a abertura é
colocado um lacre do Terminal de Cargas e da Receita Federal para a assinatura dos
representantes presentes e indicar ao cliente que a carga foi violada com a intenção de
fiscalização.
4.4. Atividade de movimentação de carga doméstica
A atividade de movimentação de carga doméstica é voltada para expedição e recebimento de
cargas destinadas e originadas para rotas dentro do país. As diretrizes de operação são
orientadas por gestão do Terminal de Cargas, mas a operação e comercialização junto ao
cliente final é intermediada pelas agências nacionais, atendendo as companhias da Gol,
Avianca, Azul e TAM, sendo esta última detentora do maior fluxo de movimentação.
A parte administrativa direcionada as Companhias aéreas do Terminal de Cargas, detém de
sinalizações verticais e horizontais para facilitar sua localização, além de atender as normas
de segurança, conforme demonstrado a Figura 7.
Figura 7 – Área de armazenamento da carga doméstica
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
13
A área destinada à carga doméstica detém dos seguintes equipamentos de armazenamento:
estruturas de pallets e 2 câmaras frias uma com variação de temperatura entre 2ºC a 8ºC e de
15ºC a 25ºC. Dentro da câmara fria é disponibilizado uma área para produtos de acesso
controlado armazenados em gaiolas. Existe uma área externa destinada ao armazenamento de
cargas perigosas segregadas em três cabines adequadas ao tipo de mercadoria.
Para utilizar desta infraestrutura, as companhias seguem diretrizes e ações de controle, dentre
as quais são realizados inventários semanais por colaboradores do Terminal afim de que não
ocorram fraudes em relação a utilização do mesmo.
4.5. Área de movimentação de cargas vivas
O transporte de cargas vivas como gado, caprinos ou animais silvestres pode ser considerado
uma prática inovadora por parte das operações logísticas via modal aéreo. O Terminal de
Cargas, vem acompanhando as tendências e necessidades do mercado, para tanto criou uma
área destinada ao transporte de cargas vivas, onde foi realizada uma operação em que
embarcou 140 animais da raça Guzerá, com destino ao Senegal.
Na operação de movimentação dos animais desde a saída da fazenda ao embarque na
aeronave, houve acompanhamento do Ministério da Agricultura, Receita Federal e Anvisa.
Esta operação demandou ações de planejamento e adequação da infraestrutura do Terminal de
Cargas, representando um desafio e oportunidade para a organização.
Para a operação no Terminal de Cargas foi necessário a construção das baias para o
transporte, e um curral especial para receber e armazenar os animais para o embarque,
ilustrados na Figura 8. Ao todo o procedimento durou 12 horas, no qual foram adotados
métodos que suavizassem o estresse do transporte e da duração da atividade. Existem ainda
expectativas de consolidar esta operação no Terminal, para atender potencias clientes deste
mercado.
Figura 8 – Área de movimentação de cargas vivas
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
14
Para regulamentar o transporte de cargas vivas vêm sendo discutido critérios para evitar o
sofrimento do animal enquanto transportado, como possíveis ferimentos, circulação de ar e
agitação enquanto transportados. Quando comparado este transporte no modal rodoviário ao
modal aéreo, este último proporciona vantagens associadas a um menor tempo de viagem.
5. Propostas de melhoria
Uma estrutura organizacional eficiente proporciona a comunicação e o elo entre os processos
e colaboradores. No Terminal de Cargas analisado existem alguns problemas que afetam de
forma notável o desempenho estratégico da organização.
Foi percebido que existem dificuldades que afetam a eficiência da operação de recebimento
das cargas, relacionados à altura das docas da área de carga doméstica devido à falta de
planejamento da construção considerando as atividades logísticas.
As docas não possuem a largura e altura adequada para o recebimento do veículo, dificultando
a movimentação e a fluidez do fluxo de materiais. Amplificando a largura, juntamente com a
utilização de uma estrutura de docas fixas, poderiam unir o veículo, à estrutura do caminhão,
facilitando a retirada e alocação das cargas do veículo. Outra possibilidade seria a
implementação de docas móveis, nivelando a estrutura junto ao veículo de transporte.
Para reduzir chances de possíveis problemas, o gestor poderia adotar uma política das docas,
pré-definindo docas específicas para carga e descarga, bem como programar regras de uso do
layout, verticalizando-o com porta-pallets para realização do inventário e otimização do
espaço.
No âmbito físico, o Terminal deveria aumentar a área de Carga nacional, a fim de expandir o
espaço de armazenagem e movimentação das cargas, este projeto de ampliação encontra-se
em processo de aprovação pela equipe de projetos da Inframérica.
O terminal encontra-se em processo de adequação e capacitação em suas instalações,
otimizando sua estrutura e consequentemente a qualidade da prestação de seu serviço.
Atualmente, utiliza um software de WMS, vinculado ao SAP, que possibilita eficiência das
dependências físicas do estoque, agilidade no processo de estocagem e expedição, além do
planejamento estratégico de suas atividades, pelos colaboradores.
A organização está em operação há quase três anos, por isso, ainda detém de uma
infraestrutura pouco automatizada, o que permeia erros na operação. Para melhorar o fluxo
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
15
logístico, é sugerido implementar tendências tecnológicas para automatizar os processos e
melhorar a eficiência de suas operações, apresentadas no Quadro 1. Neste quadro também
são apresentados possíveis benefícios a serem obtidos, as respectivas empresas que ofertam
estas tecnologias e empresas que adotaram estas práticas com sucesso.
Quadro 1 – Sugestão de melhorias a serem adotados pelo Terminal de Cargas
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
16
Tendências Empresas adeptas
às tendências
Benefícios
observados
Organizações prestadoras
do serviço
Transelevador GRU – Terminal de
Cargas de São Paulo
Eficiência no
armazenamento;
Agilidade na
liberação das cargas
ULMA (Handling
Systems);
Mecalux
Dematic
Solução Fitossanitária GRU – Terminal de
Cargas de São Paulo
Rápida liberação de
cargas;
Aumentar a
capacidade da
demanda;
Redução de custos
Move Brasil
Informatização da
Pesagem
Terminal de
Logística de Carga
(Teca) do Aeroporto
Internacional de
Manaus/Eduardo
Gomes (AM)
Ganho operacional
de 30%.
Eficiência no tempo
de fechamento de
voos;
Menor contato
físico; e
Maior capacidade
de processamento
de voos
simultâneos.
Mega – Sistemas
Corporativos
Lucastec
Allabela – Soluções
em Informática
Sistema sensorial de
monitoramento da
Temperatura das
Câmaras Frias
Terminal de Brasília
Preservação da
integridade das
cargas;
Garante ao cliente
segurança de boa
armazenagem;
Refrigeração das
mercadorias nos
terminais.
Tec Térmica
Orion Consultoria e
Engenharia
Leitor de Placas na
Portaria
GRU – Terminal de
Cargas de São Paulo
e no Terminal Beja,
localizado em
Portugal
Indica os caminhos
das partidas e
chegadas ao
aeroporto;
Monitoramento e o
controle o fluxo de
carros; e
Caracterização
antecipada com
informações dos
veículos
Neural Labs
ITQ – Quality
Sistems
Conclusão
Após a realização da pesquisa, pôde-se avaliar o cenário logístico em que o Terminal de
Cargas está inserido, empresa que têm um papel importante para a região, concluindo que os
aspectos relacionados as atividades de movimentação e inovação são importantes,
considerando que estas atividades estão relacionadas as necessidades do mercado e que
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
17
devem ser planejadas de modo a reduzir o desperdício de custo e tempo, obtendo mais
eficiência e eficácia.
Na busca por executar estas finalidades, os colaboradores do Terminal, visam aplicar a
logística integrada de forma harmoniosa e sincronizada, coordenando e apoiando os
processos/atividades da organização vinculados aos fluxos físicos e de informações ao longo
do processo, a fim de obter ganhos quanto à agilidade, flexibilidade, qualidade e redução dos
custos totais, eliminando erros e cumprindo as atividades conforme as normas exigidas pela
legislação.
Proporcionar a criação de valor para os clientes, é um de seus objetivos, visto que lidam com
intensos fluxos de materiais e informações e um mercado abrangente. É importante salientar
que há existência de falhas, porém estas não são críticas a ponto de comprometer a
organização.
As ferramentas administrativas e gerenciais podem auxiliar no fluxo e na gestão de armazém
dentro das organizações. Na empresa analisada essa questão torna-se ainda mais importante,
pois se trata de uma organização que possui responsabilidade econômica e social para a região
metropolitana, salientando a importância da atuação logística, diminuindo significativamente
erros em processos, aumento do nível de serviço e maior satisfação de seus usuários,
alcançando patamares competitivos e destaque no campo de atuação.
REFERÊNCIAS
ABREU, A. F. et al. Inteligência competitiva. In: CORAL, E.; OGLIARI, A.; ABREU, A. F. (Org.). Gestão
integrada da inovação: Estratégia, organização e desenvolvimento de produtos. São Paulo: Atlas, 2008.
BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5ªed. Porto Alegre:
Bookman, 2006.
BESSANT, J.; TIDD, J. Inovação e empreendedorismo: administração. Porto Alegre: Bookman, 2009.
DRUKER, Peter Ferdinand. Inovação e espírito empreendedor. Editora Pioneira, 1987.
GASNIER, D.; BANZATO, E. Armazém inteligente, Revista LOG Movimentação e Armazenagem, São Paulo,
n. 128, p. 16 junho / 2001.
IMAN. IMAN Consultoria - Revista Intralogística. Armazenagem automatizada. 2008. Disponível em:
<http://www.imam.com.br/consultoria/index.php?option=com_docman&task=doc_details&gid=22&Itemid=57>
. Acesso em: 01 apr. 2016.
IMAN. IMAN Consultoria - Revista Intralogística. O melhor sistema de estocagem: Conheça os fatores que
influenciam na escolha da opção ideal. 2011. Disponível em:
<http://www.imam.com.br/consultoria/component/docman/doc_details/285-o-melhor-sistema-de-estocagem>.
Acesso em abril de 2016.
IMAN. IMAN Consultoria - Revista Intralogística. Alternativas de estocagem: Conheça opções para trabalhar
no seu estoque de forma inteligente. 2016. Disponível em:
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
18
<http://http://www.imam.com.br/consultoria/component/docman/doc_details/114-alternativas-de-estocagem>.
Acesso em abril de 2016.
IMAN. IMAN Consultoria - Revista Intralogística. Otimizar os processos no armazém. 2016. Disponível em:
<http://www.imam.com.br/consultoria/component/docman/doc_details/280-otimizar-operacoes-no-armazem>.
Acesso em abril de 2016.
MOURA, R.A. Manual de Logística: Armazenagem e Distribuição Física. São Paulo: IMAN, 1997.
POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. 3ª ed. São
Paulo: Atlas, 2004.