AVALIAÇÃO DO DUPLO PAPEL DE LÍQUIDO IÔNICO A BASE...

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AVALIAÇÃO DO DUPLO PAPEL DE LÍQUIDO IÔNICO A BASE DE FOSFÔNIO EM UM NANOCOMPÓSITO EPOXI/MWCNT Nathan Riany Valerio Albino Rio de Janeiro Fevereiro de 2018 Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Materiais da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro de Materiais. Orientadores: Bluma Guenther Soares Adriana dos Anjos Silva

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AVALIAÇÃO DO DUPLO PAPEL DE LÍQUIDO IÔNICO A

BASE DE FOSFÔNIO EM UM NANOCOMPÓSITO

EPOXI/MWCNT

Nathan Riany Valerio Albino

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2018

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Materiais da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro de Materiais.

Orientadores: Bluma Guenther Soares

Adriana dos Anjos Silva

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iii

Albino, Nathan Riany Valerio

AVALIAÇÃO DO DUPLO PAPEL DE LÍQUIDO

IÔNICO A BASE DE FOSFÔNIO EM UM

NANOCOMPÓSITO EPOXY/MWCNT / Nathan Riany

Valerio Albino – Rio de Janeiro: UFRJ/ESCOLA

POLITÉCNICA, 2018.

VII, 41 p.: il.; 29,7 cm

Orientador: Bluma Guenther Soares e Adriana dos

Anjos Silva.

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /

Curso de Engenharia de Materiais, 2018.

Referências Bibliográficas: p. 37-41.

1. Nanotubos de carbono 2. Resina Epoxi 3. Líquido

Iônico I. Soares, Bluma Guenther et al. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, curso de Engenharia de Materiais. III.

AVALIAÇÃO DO DUPLO PAPEL DE LÍQUIDO

IÔNICO A BASE DE FOSFÔNIO EM UM

NANOCOMPÓSITO EPOXY/MWCNT

iv

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro de Materiais.

AVALIAÇÃO DO DUPLO PAPEL DE LÍQUIDO IÔNICO A BASE DE FOSFÔNIO

EM UM NANOCOMPÓSITO EPOXY/MWCNT

Nathan Riany Valerio Albino

Fevereiro/2018

Orientadores: Bluma Guenther Soares e Adriana dos Anjos Silva

Curso: Engenharia de Materiais

Sistemas de resina epóxi (ER) com nanotubos de carbono de paredes múltiplas

(MWCNT) foram preparados para obter propriedades elétricas melhoradas em relação

ao polímero puro. O nanotubo de carbono de paredes múltiplas foi funcionalizado não

covalentemente com líquido iônico de fosfônio (IL). Esse IL exerce a função de

auxiliador de dispersão para o MWCNT, bem como agente de cura do pré-polímero de

epóxi. A influência do procedimento de mistura sobre a dispersão do MWCNT foi

avaliada pelo comportamento reológico das misturas não curadas e pela microscopia

eletrônica de transmissão (TEM) dos sistemas epóxi curados. De fato, a dispersão do

MWCNT dentro do IL é um parâmetro chave para proporcionar uma melhor dispersão,

maior condutividade e módulo de armazenamento. Assim, o efeito da porcentagem de

MWCNT na percolação elétrica e reológica foi discutido. Além disso, a eficácia da

blindagem de radiação eletromagnética (EMI SE) de alguns sistemas também foi

investigada.

v

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Materials Engineer

Evaluation of Dual-Role of Phosphonium – Based Ionic Liquid in Epoxy/ MWCNT

nanocomposite

Nathan Riany Valerio Albino

Fevereiro/2018

Advisors: Bluma Guenther Soares and Adriana dos Anjos Silva

Course: Materials Engineering

Epoxy networks (ER) with improved electrical properties were prepared by using the

non-covalently functionalized multi-walled carbon nanotube (MWCNT) combined with

phosphonium ionic liquid (IL). This IL exerts the function of dispersant aid for the

MWCNT as well as curing agent of epoxy prepolymer. The influence of the mixing

procedure on the dispersion of the MWCNT was evaluated by rheological behavior of

the uncured mixtures and by transmission electron microscopy (TEM) of the cured

epoxy systems. In fact, the dispersion of MWCNT within the IL is a key parameter to

provide better dispersion, higher conductivity and storage modulus. Thus, the effect of

the MWCNT content on the electrical and rheological percolation has been discussed.

Moreover, the electromagnetic interference shielding effectiveness (EMI SE) of some

systems have been also investigated.

vi

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus.

Em segundo lugar, agradeço à minha família, em especial à minha mãe Aydée e

à minha irmã Naíra que me proporcionaram todo o alicerce para que eu pudesse

caminhar durante todos esses anos da minha vida em todas as esferas pretendidas.

Agradeço à minha companheira Luiza, que durante essa jornada suportou meus

dias felizes e tristes, sempre me lembrando de que todo o sacrifício é recompensado.

Agradeço aos meus amigos, de todas as partes pelos momentos de

companheirismo vividos.

Agradeço às minhas orientadoras Bluma e Adriana pela transmissão de

conhecimento, pela orientação, pela boa vontade e pela disponibilidade que sempre

demonstraram ao longo da realização desde trabalho. .

A todos os professores que, de alguma forma, contribuíram para a minha

formação profissional e a todos companheiros do laboratório J-112.

vii

Sumário

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................................... 3

2.1. Resina Epoxídica. ...................................................................................................................... 3

2.2. Nanotubos de Carbono (CNT’s) .............................................................................................. 6

2.3. Líquidos Iônicos (IL) ................................................................................................................ 8

2.4. Compósitos Condutores ............................................................................................................ 9

2.5. Blindagem de Radiação Eletromagnética. ............................................................................ 11

3. OBJETIVOS .................................................................................................................................... 14

4. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................................... 15

4.1. Materiais .................................................................................................................................. 15

4.2. Equipamentos .......................................................................................................................... 15

4.3. Métodos .................................................................................................................................... 16

4.3.1. Preparação dos nanocompósitos ER/MWCNT ........................................................... 16

4.3.2. Caracterizações .............................................................................................................. 17

4.3.2.1. Reologia ...................................................................................................................... 17

4.3.2.2. Microscopia Eletrônica de Transmissão .................................................................. 17

4.3.2.3. Análise Dinâmico Mêcanica ...................................................................................... 17

4.3.2.4. Condutividade em Corrente Contínua ..................................................................... 18

4.3.2.5. Condutividade em Corrente Alternada ................................................................... 18

4.3.2.6. Espectroscopia Raman .............................................................................................. 18

4.3.2.7. Eficiência de Blindagem de Interferência Eletromagnética ................................... 18

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................................... 19

5.1. Efeito da Condição de Mistura .............................................................................................. 19

5.1.1. Comportamento Reológico ................................................................................................ 19

5.1.2. Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM) .............................................................. 22

5.1.3. Condutividade em Corrente Alternada (AC) ................................................................... 24

5.1.4. Ánalise Dinâmico-Mecânica .............................................................................................. 24

5.2. O efeito da concentração de MWCNT .................................................................................. 26

5.2.1. Limiar de percolação .......................................................................................................... 26

5.2.2. Propriedades Dinâmico-Meânicas..................................................................................... 32

5.2.3. Eficiência de Blindagem Eletromagnética ........................................................................ 33

5.2.4. Interações entre MWCNT e IL ......................................................................................... 34

6. CONCLUSÕES ................................................................................................................................ 37

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 38

1

1. INTRODUÇÃO

Material compósito é um material heterogêneo, multifásico cujas propriedades são

uma combinação benéfica das propriedades das duas ou mais fases que o constituem.

Essa classe de materiais é composta por uma fase contínua (matriz) e uma fase dispersa

(reforço) cujas propriedades de interesse são as propriedades elétricas, térmicas,

magnéticas, ópticas ou mecânicas. As características finais desses materiais dependem

da escolha dos componentes, da forma e como esses componentes estarão interagindo;

de seus volumes e da escala da sua unidade estrutural. [1 – 3].

As matrizes podem ser cerâmicas, metálicas, poliméricas ou naturais. Uma das

matrizes poliméricas largamente utilizada é a resina epoxídica (ER), que é produto da

reação entre epicloridrina e bisfenol A. Antes da reticulação da ER, essa matriz é

definida como um material polimérico de baixa massa molar. Após a formação das

ligações cruzadas entre as cadeias da ER, a matriz apresenta excelente aderência,

resistência mecânica, resistência a abrasão e baixa contração, uma propriedade

importante na confecção de compósitos e nanocompósitos. [4]

Nanocompósitos se enquadram na classe dos compósitos cuja fase dispersa possui

uma das dimensões na ordem de nanômetros (10-9 metros) [5]. Dentre as cargas muito

utilizadas na preparação de nanocompóstos a base de ER, destacam-se os nanotubos de

carbono (Carbon Nanotubes, CNT). Essas nanocargas foram inicialmente exploradas

por Ijima em 1991. [6]. Os CNTs têm atraído atenção de pesquisadores de todo o

mundo, devido às suas possibilidades de atuação, desde a medicina até a eletrônica. O

nanotubo de carbono caracteriza-se pelo enrolamento de uma ou várias folhas de

grafeno de forma concêntrica, com diâmetro em dimensões nanométricas e com

cavidade interna oca. Entretanto, devido às fortes interações de van de Waals entre os

átomos de carbono do CNT, existe uma grande dificuldade em dispersar esses materiais

em matrizes poliméricas. Por isso, é necessária a utilização de agentes interfaciais[7]. A

funcionalização da nanocarga pela modificação química ou física promovida pelos

agentes interfaciais, visa maximizar a interação interfacial matriz/nanocarga. Na

interface entre uma matriz e um agente de reforço, ocorre uma descontinuidade que

poder ser gradual ou abrupta e depende da concentração dos elementos, das suas

densidades, da formulação química e seus arranjos espaciais, entre outros fatores. [8]

Recentemente, Líquidos Iônicos (ILs) têm sido muito usados como agente interfacial na

2

preparação de nanocompósitos a base de CNT. Esses são materiais muito versáteis e que

apresentam baixíssima pressão de vapor, boa condutividade iônica, boa estabilidade

térmica e ampla janela eletroquímica. Os ILs são sais compostos apenas de espécies

iônicas e com temperatura de fusão inferior a 100°C.[9] Escolhendo o cátion orgânico e

o aníon orgânico ou inorgânico apropriado, os ILs, são capazes de adequarem às

condições desejadas com pequenas mudanças em sua composição [9]. Mediante às

interessantes características dos ILs e do CNT, este trabalho teve como proposta

desenvolver metodologias para a dispersão dos CNTs na matriz termorrígida de ER. A

partir da funcionalização dos CNTs com IL fosfônio, as dispersões preparadas foram

caracterizadas para a determinação das propriedades: reológicas, térmicas, elétricas e

mecânicas dos compósitos ER/CNT-IL.

3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Resina Epoxídica.

As resinas epoxídicas são uma classe importante de materiais poliméricos,

caracterizados pela presença de mais de um anel de três membros conhecido como

epóxi, epóxido, oxirano ou grupo etoxilina, conforme apresentado na figura 1. [10]

Figura 1 Grupamento epóxido [10]

As resinas epoxídicas são uma das classes versáteis de polímeros com diversas

aplicações, tais como revestimentos, componente de circuitos impressos, materiais

odontológicos, adesivos e composições aeroespaciais. [11,12]. As epóxis são obtidas da

reação entre a epicloroidrina (1-cloro-2,3-epóxi propano) e o bisfenol A (2,2-bis4-

hidroxifenil propano), gerando um produto polimérico de baixa massa molar

(oligômero), denominado éter diglicidílico do bisfenol A (DGEBA- DiGlycidyl Ether of

Bisphenol A). A estrutura química da resina epóxi DGEBA é apresentada na Figura 2.

Figura 2 Estrutura Química DGEBA - éter diglicidílico do bisfenol A [13]

As propriedades físicas e químicas das resinas epoxídicas são oriundas do

bisfenol-A, como rigidez e a resistência; e dos grupos epóxi e hidroxila, os quais são

responsáveis pela reatividade com a molécula do endurecedor e a propriedade adesiva

[14]. Assim, a partir da reação de reticulação da resina epoxídica, através de ligações

cruzadas pela abertura do anel epoxídico ao reagir com a molécula de endurecedor, a

ER torna-se um polímero termorrígido. Quando reticuladas (curadas), as resinas

epoxídicas fornecem um material amorfo e com excelente resistência mecânica,

resistência química, resistência à corrosão; boas propriedades térmicas, adesivas, e

isolante elétrica; nenhuma emissão de voláteis e baixa contração, após a cura; e

4

estabilização dimensional - uma combinação única de propriedades, geralmente não

encontradas em outro material polimérico. [15]

A excepcional versatilidade das resinas epoxídicas advém das inúmeras

possibilidades de formulação para esse material. Com cadeias alifáticas, cicloalifáticas

ou aromáticas, as resinas epoxídicas estão disponíveis em uma ampla faixa de massas

molares, de várias centenas a dezenas de milhares. [16] Além disso, diferentes

propriedades da epóxi podem ser alcançadas com o uso de diversos endurecedores,

dependendo da sua estrutura química e das condições de cura. [17] Os endurecedores

podem ser agente de cura a frio, quando as ligações cruzadas são rapidamente formadas

a temperatura ambiente, como ocorre com o uso de amina alifática. Por outro lado,

quando o endurecedor é um agente de cura a quente, como os anidridos e as aminas

aromáticas, devido à menor reatividade destes, a reticulação das cadeias da epóxi ocorre

a altas temperaturas (aproximadamente entre 120 a 2500C). [18]

A seleção do endurecedor é baseada na aplicação do produto final e nas

propriedades que se deseja alcançar. Os principais endurecedores utilizados nas

formulações de resina epoxídica são mostrados na Tabela 1 [18]

Tabela 1 Principais agente de ura para resina epoxídica [18]

Agentes de cura Vantagens Desvantagens Aplicações Poliamidas

Cura a temperatura ambiente; Baixa toxicidade; Boa flexibilidade e força de ligação; Moderada resistência ao impacto

Longo tempo de cura a temperatura ambiente; Alta viscosidade; Baixa resistência química e ao calor

Adesivos em geral; Modelagem e encapsulação

Polisulfidas e mercaptans

Flexível; Cura rápida

Baixo desempenho em temperaturas elevadas

Adesivos e selantes; Construção civil; Moldagem e encapsulação; Tintas

Aminas alifáticas

Cura a temperatura ambiente; Cura rápida em temperaturas elevadas; Baixa viscosidade; Baixo custo; Moderada resistência

Alta pressão de vapor; curto tempo de trabalho; Rigidez;

Adesivos e selantes; Moldagem e encapsulação; Tintas

Aminas aromáticas

Moderada resistência química e ao calor

Sólida a temperatura ambiente;

Compósitos; Encapsulação

5

Rigidez; Longo tempo de cura em temperaturas elevadas

elétrica; Adesivos

Anidridos

Boa resistência química e ao calor

Longo tempo de cura em temperaturas elevadas; Rigidez

Compósitos; Adesivos; Encapsulação elétrica

Agente de cura catalítico ex: aminas terciárias

Longo tempo de manuseio (pot-life); Alta resistência química

Longo tempo de cura em temperaturas elevadas; Rigidez

Adesivos; Encapsulação; Laminados; Tintas

Adicionalmente à escolha do agente de cura, é possível modificar as

propriedades da resina epoxídica pela dispersão de um agente de reforço na matriz dos

compósitos. As propriedades desses materiais resina epóxi/reforço são dependentes do

grau da interação interfacial entre a matriz polimérica e o agente de reforçante [19].

Dessa forma, a limitação da interação interfacial matriz polimérica/reforço pode resultar

em propriedades mecânicas inferiores do compósito [3]. Contudo, para melhorar a

interação entre os componentes do compósito, é necessário ampliar a superfície de

contato do agente de reforço. Essa estratégia tem sido usada pelos pesquisadores através

da obtenção dos nanocompósitos. A incorporação de nanocargas dispersas na matriz

polimérica contribui para a melhoria do desempenho mecânico e para o aumento de

outras propriedades dos compósitos [13].

Nanocompósitos poliméricos possuem propriedades superiores às dos

compósitos poliméricos convencionais e dos polímeros puros, em virtude da elevada

razão de aspecto das nanocargas que se diferem das cargas por possuírem uma estrutura

em nanoescala. O pequeno tamanho da sua unidade estrutural aumenta área superficial,

possibilitando maior interação matriz/reforço [5]. Dentre as nanocargas usadas na

preparação de compósitos de resina epóxidica/nanocarga, podemos citar as nano argilas,

sílica, óxidos metálicos (titânio, zircônio, de ferro, de prata, de ouro), nano carbonato de

cálcio e nanotubo de carbono [20-23].

Os nanocompósitos apresentam muitas vantagens em comparação aos

compósitos convencionais. Os nanocompósitos geralmente necessitam de menor

quantidade de carga em relação aos compósitos convencionais para promover melhores

propriedades e materiais de menor densidade e ainda melhor processabilidade.

Particularmente, os nanotubos de carbono são extensivamente utilizados como carga de

6

reforço, devido à elevada rigidez mecânica e aos interessantes propriedades de

condução (térmica e elétrica). [24]

2.2. Nanotubo de Carbono (CNT’s)

Os Nanotubos de Carbono (CNT’s) são estruturas cilíndricas, formadas apenas por

átomos de carbono, com diâmetros da ordem de nanômetros, comprimento da ordem de

mícron. As principais modificações alotrópicas do carbono são diamante, grafite e

fulereno e nanotubos. Essa diversidade ocorre devido à habilidade que esse elemento

possui de formar hibridizações sp, sp2 e sp3. [24]

Figura 3 Formas alotrópicas do Carbono (a) grafite (b) diamante (c) fulereno (d) nanotubos [24]

No caso dos diamantes, sua estrutura cristalina é formada por um tetraedro, em

que cada C está ligado covalentemente a outros quatros carbonos com ligações do tipo

sp3. Com a estrutura denominada de “buckinisterfullerene”, os fulerenos possuem uma

estrutura cristalina oca com 60 átomos de carbono, constituída de 20 hexágonos e 12

pentágonos de modo que entre dois pentágonos, não exista uma aresta em comum. Os

grafites possuem uma estrutura cristalina alfa (hexagonal) ou beta (romboédrica).

7

Entretanto, em ambos os casos cada carbono está conectado a outros três carbonos, onde

os 3 ligados no mesmo plano possuem configuração do tipo sp² e o quarto, ligação do

tipo p. E, por último, temos os nanotubos, que são folhas de grafites enroladas de forma

cilíndrica com diâmetro nanométrico e comprimento micrométrico. [25]

Os nanotubos podem ser classificados quanto ao número de camadas que

possuem em sua rede. Há o nanotubo de múltiplas camadas (MWCNT, multi-walled

carbono nanotubes) e o nanotubo de única camada (SWCNT, single-wall carbono

nanotube). Os SWCNT apresentam módulo de elasticidade na ordem de 1 TPa e

resistência a tração de 200 GPa [26], já os MWCNT apresentam módulo de elasticidade

na ordem de 0,27-0,95 TPa e resistência a tração de 11-63 GPa [27].

Figura 4 Modelos de nanotubos (a) SWCNT e (b) MWCNT [13]

Os nanocompósitos de epóxi com nanotubos de carbono (CNT) têm sido

extensivamente estudados para desenvolver adesivos, revestimentos e materiais

estruturais com propriedades elétricas, mecânicas e térmicas. No entanto, os CNTs têm

uma grande tendência a formar aglomerados, como consequência das forças de Van der

Waals e da ausência de local ativo na sua superfície para promover uma boa adesão

entre a matriz e a nanocarga. Para conferir especificidade química nos CNTS, é

necessária a modificação química de sua superfície (funcionalização) [28]. Essa

modificação dos CNT pode ser realizada pela formação de ligação covalente de grupos

químicos aos carbonos da rede hexagonal ao longo dos tubos ou em regiões de defeitos;

ou pela interação não-covalente de moléculas funcionais; ou pelo preenchimento

endoédrico da cavidade interna dos tubos. Neste trabalho, foi realizado um estudo da

funcionalização dos MWCNT pela interação não-covalente de moléculas funcionais.

Os CNTs, como agentes de reforço, têm limitado emprego devido às dificuldades da

dispersão dessa nanocarga na matriz. Além disso, outro fator que restringe a aplicação

dos CNTs, está relacionado à pouca interação entre os CNTs e a matriz epoxídica.

8

Dessa forma, a fim de melhorar a dispersão e a interação interfacial com a matriz, pode

ser o uso de líquidos iônicos (IL) uma estratégia, que surgiu como uma abordagem

inovadora. A literatura mostra que os ILs podem atuar na estabilização de nanocargas a

base de carbono, como os CNTs [30]

Com diversas possibilidades de arranjos estruturais, os líquidos iônicos permitem

um ótimo balanço entre hidrofobicidade/hidrofilicidade, podendo então ser

incorporados em diferentes materiais, inclusive nanotubos de carbono, o que aumenta as

possibilidades de aplicação de ambos os materiais. [31].

2.3. Líquidos Iônicos (IL)

Líquidos Iônicos (ILs) são sais compostos apenas de espécies iônicas e com

temperatura de fusão inferior a 100°C. Escolhendo o cátion orgânico e o ânion orgânico

ou inorgânico apropriado, os ILs, são capazes de se adequarem às condições desejadas

com pequenas mudanças em sua composição. Esses são materiais muito versáteis e que

apresentam ampla janela eletroquímica, que é a faixa de tensão em que o material pode

ser submetido sem que sofra oxidação ou redução, baixíssima pressão de vapor, boa

condutividade iônica, boa estabilidade térmica e por isto serem considerados como

solventes verdes para várias aplicações. [9]

As propriedades físico-químicas dos ILs são dependentes da natureza e do tamanho

de ambos os cátions e ânions constituintes. Geralmente, os cátions dos ILs são

orgânicos e volumosos, de baixa simetria, com a presença de átomos de nitrogênio ou

fósforo e com ramificações compostas principalmente por cadeias alquílicas. Segundo

Holbrey et al, estão registrados mais de 30 000 sais de imidazol em bancos de dados da

indústria química e muitos líquidos iônicos sintetizados a partir de cátions orgânicos

como imizadol, fosfônio, pirrolidinio, piperidíno. Por outro lado, os ânions dos ILs são,

geralmente, compostos orgânicos ou inorgânicos com carga negativa deslocalizada e,

por isso com caráter fracamente básico. Os ânions usualmente encontrados nos ILs são

haletos, nitratos, cloroaluminatos, hexafluorofosfatos, tetrafluoroboratos, triftalatos,

bis(fluorosulfonil)imida e bis(trifluorometilsulfonil)imida. A combinação de diferentes

sais orgânios e diferentes ânions infere a classe de ILs como materiais capazes de serem

aplicados na extração, absorção ou degradação de processos. [32]

Devido à enorme flexibilidade, os ILs passaram a ser utilizados em materias à base

de resina epoxídica. Foram empregados com sucesso para melhorar a resistência ao

9

desgaste e a fricção, melhorar a condutividade iônica e também como agente de cura.

[33-34].

Figura 5 Líquido Iônico bis (2,4,4-trimetilpentil) fosfinato de trihexil (tetradecil) fosfônio [35]

Recentemente foi demonstrado que uma quantidade relativamente baixa de ILs com

base em fosfônio era capaz de curar pré-polímeros de epóxi, levando a redes com

temperatura de transição vítrea entre 90 °C e 150 °C e excelente estabilidade térmica.

Alguns deles, especialmente bis (2,4,4-trimetilpentil) fosfinato de trihexil (tetradecil)

fosfônio, podem até curar pré-polímero de epóxi à temperatura ambiente. [35]

Figura 6 Reação de Reticulação da DGEBA utilizando Líquido Iônico Fôsfonio. [35]

2.4. Compósitos Condutores

De maneira geral, os polímeros são materiais isolantes, entretanto uma classe

nomeada como polímeros condutores intrínsecos ou metais sintéticos são capazes de

conduzir a corrente elétrica. Esses polímeros são capazes de conduzir a corrente elétrica

devido à alternância de ligações simples e duplas sem sua cadeia. Exemplo desses

materiais são poliacetileno, polianilina e polipirrol. [36]

Entretanto, com o avanço da tecnologia e a versatilidade dos materiais poliméricos,

foi introduzida uma nova categoria chamada de polímeros condutores extrínsecos ou

compósitos condutores. Esses materiais são formados por matrizes isolantes juntamente

com cargas condutoras como negro de fumo, partículas metálicas e nanotubo de

10

carbono. Controlando a quantidade e o tipo de carga, é possível modelar a

condutividade do material resultante. [37]

Para se atingir os valores de condutividade desejados, é necessário que as cargas

formem uma rede física tridimensional por onde a corrente elétrica será conduzida. Essa

concentração é conhecida como limiar de percolação elétrica. Nessa composição, há um

aumento brusco na condutividade elétrica como exemplificado na figura 7. [36]

Figura 7 Condutividade elétrica em função da porcentagem de material condutor em uma matriz [36]

Mesmo sendo capazes de conduzir a corrente elétricas e a polímeros condutores,

a condutividade varia com a frequência. Isso se dá pelo fato do material ser heterogêneo

e, assim, os diferentes caminhos condutores criam fenômenos de polarização, logo a

condutividade constante ao longo de uma longa faixa de frequência caracteriza a

homogeneidade do material. [38]

Como citado anteriormente, os nanotubos de carbono possuem grande tendência

a aglomerar devido às suas interações de van der Walls, o que dificulta a formação de

uma rede física tridimensional. Alguns pesquisadores exploraram a capacidade de

líquidos iônicos como auxiliares da dispersão de CNT em sistemas epoxídicos.

Os grupos de Palmese e Spychaj utilizaram o líquido iônico 1-etil-3metil

imidazol-dicianamida como agente de dispersão de nanotubos de parede simples

(SWCNT) e de múltiplas paredes (MWCNT) respectivamente e obtiveram um aumento

na condutividade elétrica em três ordens de grandeza. [39]

11

O uso do liquido iônico bis (2,4,4-trimetilpentil) fosfinato de trihexil (tetradecil)

fosfônio foi recentemente relatado. De acordo com os autores o MWCNT, foi primeiro

disperso no pré-polímero epoxídico devido à dificuldade de dispersão com baixas

quantidades de líquido iônico.

Uma alternativa a esse problema é a funcionalização não covalente, que tem

como objetivo ajustar as propriedades interfaciais das nanocargas sem promover

alterações drásticas. Essa funcionalização é possível devido às interações do tipo van

der Walls e interações π-cátion/π da superfície dos nanotubos. [4]

2.5. Blindagem de Radiação Eletromagnética.

A utilização de materiais absorvedores de radiação eletromagnética apresenta, de

modo geral, um enfoque estratégico de defesa. Quando ligado ao setor militar,

intensificado principalmente durante a Segunda Guerra Mundial; e também de bem

estar, ao se tratar da área civil, uma vez que existem preocupações que vão desde a área

médica (desenvolver materiais que possam revestir aparelhos cardíacos, como o

marcapasso) ao setor de telecomunicação, conforme a tabela 2. Esses materiais têm

como função atenuar as interferências de micro-ondas e, assim, minimizar a “poluição

eletromagnética”, advinda dos avanços tecnológicos. [36]

Tabela 2 Espectro de Frequência e suas respectivas aplicações – [38]

Designação da Banda Faixas de

Frequência Aplicação Geral

VLF (Very Low Frequency) 3 - 30 KHz Telegrafia; telefonia

LF (Low Frequency) 30 - 300 KHz Radiodifusão em ondas

kilométricas

MF (Medium Frequency) 30 - 3000 KHz

Radiodifusão em ondas médias:

serviços móveis, navegação em

radiotelegrafia

HF(High Frequency) 3 - 30 MHz

Radiodifusão em ondas

decamétricas: comunicações

ionosféricas

VHF (Very High Frequency) 30 - 300 MHz

Para faixa de 85 a 110 MHz:

radiodifusão de FM;

aéreo/marítimo; TV de 54 a 216

MHz

UHF (Ultra High Frequency) 300 - 3000 MHz TV DE 470 A 890 MHz; celular;

rádio localização terrestre

12

SHF (Super High Frequency) 3 - 30 GHz

Telecomunicações; comunicações

por satélite; radar (militar,

naval,civil,etc.)

EHF (Extremily High

Frequency) 30 - 300 GHz Radar;mísseis,astronomia

Os materiais absorvedores de radiação eletromagnética (MARE) são

denominados por possuírem propriedades que lhes permitem a troca de energia da

radiação eletromagnética incidente pela energia térmica. Dentre os materiais utilizados

como centro absorvedores, destacam-se o negro de fumo, ferrocarbonila e as ferritas de

microondas e mais recentemente os nanotubos de carbono. [40]

Os MARE são compostos da combinação de materiais com características

magnéticas e/ou dielétricas de forma que possam interagir com a onda eletromagnética.

Apesar de possuírem mecanismos distintos de interação entre a matéria e a onda, ambas

partículas transformam a energia incidente em energia calorífica. Na tabela 3, podemos

ver a correlação entre a refletividade em dB e a porcentagem da energia incidente que

foi absorvida. A relação entre a efetividade de blindagem (EB) e a resistividade de um

material condutor pode ser obtida considerando-se o que ocorre quando uma onda plana

atinge o material. Uma parte da radiação é refletida e a outra absorvida, sendo

dimensionadas conforme as equações 1 e 2, respectivamente. Uma parte desprezível do

sinal é perdida por multireflexão interna. A atenuação total da radiação da onda plana

(SE) é a soma das contribuições das radiações refletida (r) e absorvida (A), equação 3.

Onde: r é a resistividade volumétrica da amostra (ohm.cm), m é a permeabilidade

magnética relativa da amostra (geralmente 1,0), f é a frequência da radiação (Hz) e L é a

espessura da amostra (cm). [38]

r = 108,2 + 10 log (1,7/ρµf) (1)

A = 0,00168 L (µf /ρ) 1/2 (2)

SE = r + A (3)

13

Tabela 3 Relação entre refletividade e Energia Absorvida [58]

Refletividade (dB) % de Energia

Absorvida

0 0

-3 50

-10 90

-15 96,9

-20 99

-30 99,9

-40 99,99

A fixação desses materiais nas estruturas a serem protegidas pode ser feita de

forma permanente, através de tintas ou placas fixadas ou de forma provisória com

mantas e painéis removíveis. Por esse fato, a utilização da resina epóxi, com suas

excelentes propriedades de estabilidade estrutural e aderência tem sido usada como

substrato na elaboração de materiais absorvedores de ondas eletromagnéticas visando à

estabilidade desses materiais.

14

3. OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho foi desenvolver metodologia de preparação de

nanocompósito a base de ER e CNT, utilizando líquido iônico como agente de

dispersão, visando ao aumento das propriedades elétricas dos nanocompósitos.

3.1 Objetivos Específicos

• Funcionalizar os CNTs com líquido iônico fosfônico;

• Produzir misturas de ER/ CNT-LI por diferentes metodologias de dispersão;

• Correlação da morfologia com as propriedades reológicas e mecânicas das

misturas obtidas;

• Desenvolvimento de nanocompósitos com propriedades elétricas superiores à

resina sem aditivo.

15

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Materiais

Nanotubo de carbono de múltiplas paredes (MWCNT) (NC7000) –

características: diâmetro médio de 9,5 nm, comprimento médio de 1,5 μm, pureza de

carbono de 90%, e área de superfície 250-300 m2/g. O MWCNT foi gentilmente

fornecido pela Nanocyl SA.

Pré-polímero de resina epoxídica com base em éter diglicidil de bisfenol

A (ER) (EPON-828) (equivalente de epoxídico = 188-198; viscosidade = 11-15

Pa.s), foi adquirido na Shell Produtos Químicos do Brasil.

Líquido iônico à base de fosfônio (IL 104), utilizado como agente de cura

([(2,4,4-trimetilpentil)fosfinato de (trihexiltetradecil)fosfônio (modelo CYPHOS

104; massa molar = 660), foi gentilmente fornecido pela Cytec Inc.

Acetona P.A. - Procedência: Vetec, usada como recebido.

4.2. Equipamentos

Ultra agitador (speed mixer) - modelo Speed Mixer - FlacTacker

Sonificador - modelo Branson – Digital sonifier;

Espectroscópio Raman de Laser (RenishawinVia)

Reômetro - modelo Discovery DHR 1, equipado com geometria de placa

paralela - TA Instruments;

Analisador Dinâmico-Mecânico (DMA) - modelo Q 800 - TA

Instruments;

Analisador de Resposta em Frequência e Fase (impedância e

capacitância), acoplado a interface dielétrica - modelo 1296 - Solartron;

16

Analisador de Corrente Contínua – modelo de 4 pontas utilizando fonte

de corrente Keithley Modelo 6220 e medidor de diferença de potencial

Keithley Modelo 6517A

Microscópio Eletrônico de Transmissão – Tecnai Spirit da FEI;

Analisador de Rede – Agilent PNA-L N5230C com guia de onda

retangular. Além desses equipamentos utilizados para a preparação e caracterização das

amostras, também foram usadas vidrarias e outros equipamentos de uso comum do

laboratório.

4.3. Métodos

4.3.1. Preparação dos nanocompósitos ER/MWCNT

Método A: O MWCNT (1phr) foi previamente adicionado à ER e a

dispersão foi realizada no ultra agitador (speed mixer) durante 5 minutos a 3000 rpm.

Em seguida, o IL104 (10phr) foi adicionado e a dispersão foi realizada no agitador

speed mixer durante 2 ciclos de dispersão. O primeiro ciclo compreendido por 5 min a

3000 rpm, e o segundo por 5min a 3000 rpm, totalizando 10 min para segunda fase e 15

minutos para todo o método.

Método B: O MWCNT (1phr) foi adicionado à ER juntamente com o IL

104 (10phr) e a dispersão foi realizada no ultra agitador (speed mixer) durante 3

intervalos de 5 min a 3000rpm, totalizando 15 min de dispersão.

Método C: O MWCNT foi misturado com IL 104 na proporção 1:5 com

o auxílio do grau, resultando em uma pasta de mistura. Em seguida, essa pasta

(IL/CNT) foi adicionada à ER juntamente com o IL líquido, totalizando os 10% m/m

(IL) em relação a ER, e a dispersão foi realizada no ultra agitador (speed mixer) durante

3 intervalos de 5 min a 3000rpm, e ao final da foram totalizados 15 min de dispersão.

Método D: O MWCNT foi misturado com IL 104 na proporção 1:5 com

o auxílio do grau, resultando em uma “pasta”. Em seguida, à esta pasta foi adicionada a

resina epoxídica (ER) que estava previamente solubilizada em acetona (15% m/m) por

sonificação. Em todas as etapas, o sistema foi disperso sob sonificação durante 10min

com amplitude de 30%. As etapas seguidas nesse experimento foram:

17

o Etapa 1: sonificação (10min) de ⅓ da pasta com ER

solubilizada.

o Etapa 2: sonificação (10min) de ⅓ da pasta com ER

solubilizada.

o Etapa 3: sonificação (10min) de ⅓ da pasta com ER solubilizada,

sendo assim temos 100% da massa da pasta.

o Etapa 4: Adição do IL totalizando 10phr, e dispersão por 10 min

de sonificação.

o Após a sonificação da amostra, foi realizada a remoção da acetona

por 24h sob vácuo.

Em seguida, as dispersões foram submetidas ao ciclo de cura: 80ºC, 2h + 125ºC,

3h.

Após os estudos com diferente métodos de dispersão, foi elaborado um estudo

para analiasar as diferentes concentrações (0.25, 0.5, 1.0 e 2.0 phr) de nanotubo de

carbono nos nanocompósitos.

4.3.2. Caracterizações

4.3.2.1. Reologia

A reologia das dispersões foi realizada usando um reômetro com

geometria de placa paralela descartável (25 mm) com uma distância de 1,0 mm entre as

placas. As medidas foram realizadas em temperatura ambiemte, modo oscilatório a uma

faixa de freqüência de 0,1 a 100 Hz e deformação de 1%, exceto para a ánalise de

variação da deformação em que se variou a deformação de 0,1 até 100% com a

frequência fixa em 1 Hz.

4.3.2.2. Microscopia Eletrônica de Transmissão

A microscopia eletrônica de transmissão foi avaliada microscópio

operando a 120 kV. As amostras foram cortadas, usando um ultramicrótomo equipado

com uma faca de diamante, para obter seções ultrafinas de 80 nm de espessura.

4.3.2.3. Ánalise Dinâmico Mêcanica

As medições de análise dinâmico mecânica (DMA) foram realizadas

com uma frequência fixa de 1 Hz com uma taxa de aquecimento de 3°C min-1. As

18

amostras foram testadas na faixa de temperatura entre a temperatura ambiente e 200°C

usando garra do tipo flexão em dois pontos (single cantilever).

4.3.2.4. Condutividade em Corrente Contínua

A condutividade DC foi determinada pelo método de quatro pontas

com uma fonte de corrente Keithley Modelo 6220, para aplicar a corrente e medir a

diferença de potencial, usando amostras com 1 mm de espessura curadas em molde de

silicone.

4.3.2.5. Condutividade em Corrente Alternada

A condutividade de corrente alternada (AC) foi medida com uma

analisador de impedância conectado a um dielétrico. As medições foram realizadas a

temperatura ambiente de 0,1 Hz a 10 MHz com tensão oscilante de 0,5 V com eletrodos

de 25 mm de diâmetro. Amostras com uma espessura de 1 mm foi previamente

revestida com uma fina camada de ouro para melhorar a contato.

4.3.2.6. Espectroscopia Raman

A espectroscopia Raman foi realizada em um espectroscópio com um

laser de Argônio de 514 nm como fonte de excitação com uma amostra de 0,25 mm².

4.3.2.7. Eficiência de Blindagem de Interferência

Eletromagnética

Eficência de blindagem de interferência eletromagnética foi avaliada

no faixa de microondas da banda X (8.2 - 12.4 GHz) usando um analisador de rede tipo

N5230L PNA-L, com guia de onda retangular. Foram empregadas amostras com 5 mm

de espessura e foi utilizado o método de portas paralelas.

19

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Efeito da Condição de Mistura

Para este estudo, a proporção de MWCNT e de IL104 correspondente a 1 e 10

phr (cem partes (massa) de resina).

5.1.1. Comportamento Reológico

O comportamento reológico tem sido considerado uma abordagem efetiva para

avaliar o estado de dispersão dos nanocompósitos. Na faixa de baixa frequência, a

adição de nanopartícula em um sistema líquido afeta a viscosidade e também causa um

desvio do comportamento newtoniano[41]. O maior grau de dispersão, geralmente,

promove maior viscosidade complexa devido à maior interação matriz/carga. A Figura

8A ilustra a dependência do módulo de armazenamento, G' e módulo de perda, G'', com

a frequência angular e a Figura 8B ilutra a dependência da viscosidade complexa com

frequência angular para os sistemas não curados ER/MWCNT/IL, em função das

condições de processamento.

20

Figura 8 Dependência dos módulos de armazenamento de perda com a frequência angular (A) e viscosidade complexa com frequência angular (B) para os sistemas de misturas descritos na seção de métodos.

Uma grande diferença no comportamento reológico foi observada, usando

diferentes procedimentos de mistura. A dispersão de MWCNT diretamente na matriz

epoxídica (Método A) ou na mistura de ER/IL (Método B) resultou em menor

viscosidade, enquanto que as misturas preparadas por prévia maceração do MWCNT

com a IL em uma pasta (Métodos C e D) apresentaram maiores viscosidades, indicando

melhor dispersão. De acordo com a literatura, tal procedimento pela obtenção da pasta

MWCNT/IL é muito eficiente para dispersar SWCNT em líquido iônico à base de

imidazol [42]. Comparando os dois últimos procedimentos, aquele que envolve o uso de

acetona e a sonicação durante a dispersão, o Método D exibiu o maior valor de

21

viscosidade, indicando melhor dispersão, como também relatado por estudos anteriores

[43-44].

Os valores G'e G'' também foram afetados pelo procedimento de mistura. Tanto

G' quanto G'' aumentaram na sequência: A <B <C <D, sugerindo maior interações

matriz-carga, devido à melhoria do estado de dispersão, que seguiu a mesma ordem. Em

baixa freqüência, os valores de G' foram quase independentes da frequência para todos

os sistemas, indicando a formação de uma rede física tridimensional. Exceto para o

Método A, todas as outras amostras exibem G' > G''em baixa freqüência, assemelhando-

se ao típico comportamento de gel físico, ou seja, um comportamento pseudo-sólido foi

exibido em baixa frequência [44-45] Esse fenômeno também foi encontrado por

diferentes autores para os sistemas baseados em CNT/IL’s imidazol [42,46] e também

para sistemas ER/CNT sem líquido iônico [47]. Hammed et al observaram a formação

de um gel quando dispersaram MWCNT no sistema de ILimidazol/ER [48]. Esse

comportamento pode ser explicado pela formação de uma rede tridimensional de

nanotubos de carbono favorecida pela dispersão do MWCNT em maior extensão e a

interação do sistema MWCNT/IL com a matriz ER, resultando na gelificação de todo o

sistema.

Tabela 4 Valores de frequência fc e G’ para os sistemas não curados

Condições de

Mistura

fc

(rad/s) G'(Pa)

A 0,6 80

B 1,9 160

C 9 535

D 580 78300

Aumentando a frequência, os valores G' e G'' aumentaram. No entanto, esse

comportamento foi mais pronunciado para G''. Como conseqüência, em uma freqüência

específica, chamada fc, foi observado o cruzamento entre as curvas G'e G''. Após essa

freqüência, a dispersão assumiu um comportamento semelhante a um líquido, sugerindo

que as interações responsáveis pela rede física tridimensional não foram suficientes e o

gel foi destruído. A frequência correspondente à transição sólido-líquido (fc) depende da

eficácia da dispersão do MWCNT no sistema ER/IL, conforme resumido na Tabela 4

Para o sistema preparado pelo Método A, esse fenômeno foi observado em freqüência

22

muito baixa. As amostras, que exibiram maiores valores G’, também apresentaram

aumento de fc. Os resultados indicaram que a melhor dispersão de MWCNT levou à

formação de um gel com maior consistência, o que mantém essa característica em uma

maior faixa de freqüência.

5.1.2. Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM)

A eficiência do procedimento de mistura foi avaliada por TEM, cujas

micrografias são ilustradas na Figura 9. Mistura MWCNT diretamente na matriz de

epóxi (Fig. 9a) resultou em uma morfologia caracterizada pela presença de agregados

em grande extensão. Uma ligeira melhoria na dispersão da carga foi conseguida quando

o MWCNT foi disperso na mistura ER/IL (Fig 9b). No entanto, usando o MWCNT

previamente disperso em IL, uma melhor dispersão da nanocarga foi alcançada, como

observado na Fig. 9c e 9d. Nesse contexto, o Método D, em que a dispersão foi

realizada por acetona e sonificação apresentou excelentes resultados de dispersão de

MWCNT. Esses resultados estão de acordo com o comportamento reológico,

destacando a importância da prévia mistura do MWCNT com IL por maceração em uma

pasta para obter uma melhor dispersão.

23

Figura 9 Micrografias de TEM apresentando as interações ER/MWCNT/IL em função das condições de mistura A,B,C,D apresentadas na seção de materiais

24

5.1.3. Condutividade em Corrente Alternada (AC)

O efeito do procedimento de mistura na condutividade de corrente alternada da

rede tridimensional ER/MWCNT/IL contendo 1 phr de MWCNT são ilustradas na

Figura 10. Os valores de condutividade de todas as amostras permaneceram na faixa de

4x10-2 a 1x10-1 S/m. Para todas as amostras envolvidas no presente estudo, a

condutividade não foi dependente da freqüência até uma freqüência de até 105 Hz,

caracterizando o comportamento condutor desses materiais. No entanto, o procedimento

de mistura exerceu influência sobre esta propriedade, sendo o maior valor observado

para o sistema preparado pelo Método D, que também apresentou melhor dispersão de

MWCNT observado por TEM e na reologia.

Figura 10 Condutividade AC versus frequência para sistemas ER/MWCNT/IL e diferentes condições descritas na seção de métodos.

5.1.4. Análise Dinâmico-Mecânica

O comportamento dinâmico-mecânico dos nanocompósitos epoxídicos com

nanotubo de carbono preparados por diferentes condições de mistura é apresentado na

Figura 11. Os valores do módulo de armazenamento na região vítrea para os

10-2

10-1

100

101

102

103

104

105

106

107

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

0,09

0,1

0,11

0,12

Co

nd

uti

vid

ad

e (

S/m

)

frequência (Hz)

A

B

C

D

25

nanocompósitos preparados pelos métodos C e D, que apresentaram melhor dispersão,

foram superiores aos observados para as demais amostras. Na região borrachosa, a

amostra preparada pelo Método D exibiu um valor de E' ligeiramente inferior, sugerindo

uma diminuição da densidade de reticulação. Com exceção da amostra preparada pelo

Método D, a presença de MWCNT não exerceu influência sobre a Tg dos

nanocompósitos. A amostra preparada pelo Método D exibiu uma diminuição

significativa na Tg. Esse comportamento sugeriu uma melhor dispersão favorecida pela

presença de maior quantidade de IL na interface carga-matriz, formando uma interface

que pode ser caracterizada pelo recobrimento do MWCNT pelo IL, permitindo forte

contato entre a nanocarga e a matriz. Essa fração de IL, que está na interface, não deve

participar da reticulação da epóxi, causando uma diminuição da Tg, devido ao efeito

plastificante do IL. Esse fenômeno também pode explicar o pequeno decréscimo do E'

na região de borrachosa para esta amostra.

Figura 11 Dependência do Módulo de armazenamento (A) e da Tan Delta (B) com a temperatura

para os diferentes métodos.

A partir dos resultados discutidos acima, foi possível concluir que a prévia

maceração do MWCNT com IL foi importante para obtenção de melhor dispersão e

consequentemente, forte interação matriz-carga. Assim, esse líquido iônico à base de

fosfônio também atuou como agente de cura (endurecedor) para a reticulação das

cadeias da matriz epoxídica. Além disso, o IL fosfônico também promoveu a

26

funcionalização não covalente do MWCNT, o que contribuiu para a melhora da

dispersão da carga, resultando em forte adesão entre MWCNT e a matriz epoxídica.

A combinação entre a metodologia de dispersão e o aumento da condutividade e

resistência mecânica foram alcançados usando o Método C. Esse método foi

interessante, sob o aspecto tecnológico e ambiental, pelo não uso de solventes. Por outro

lado, a alta viscosidade obtida no Método D, com a presença de acetona, dificultou a

preparação de materiais com maior teor de MWCNT. A alta viscosidade da amostra

preparada pelo Método D dificultou a eliminação da acetona, que requer longo intervalo

de tempo sob vácuo, o que pode causar um prematuro processo de cura, resultando em

características da amostra que não são reprodutíveis. Como a diferença nos valores de

condutividade AC entre as amostras preparadas pelo método C e D não foi significativo

(0,06 e 0,10 S/m, respectivamente), o Método C foi escolhido para os seguintes estudos

relacionados ao efeito do conteúdo do MWCNT.

5.2. O efeito da concentração de MWCNT

5.2.1. Limiar de percolação

Quando uma carga condutora é adicionada à matriz polimérica, a condutividade

do sistema é regida pela matriz e o material apresenta comportamento isolante. No

entanto, a partir de uma dada quantidade de carga, conhecido como limiar de

percolação, ocorre drástica mudança no comportamento do material pela transição de

isolante para condutor. Essa mudança no caráter condutor da matriz ocorre quando são

dispersas nanopartículas condutoras. Estas, quando dispersas na matriz, pelo contato e

aproximação podem se tocar, formando uma rede tridimensional condutora. O caráter

condutor da matriz promovido pela nanocarga condutora também provoca mudanças

significativas na resposta reológica da dispersão matriz-carga [47,49,50]. Assim,

mudanças elétricas e reológicas que ocorrem quando a rede tridimensional é formada,

permitem estimar a composição correspondente aos pontos de percolações elétricos e

reológicos, respectivamente, e caracterizam um compósito condutor.

Considerando o sistema ER/MWCNT/IL, a resposta reológica foi avaliada na

dispersão da mistura não curada. A Figura 12 mostra o módulo de armazenamento dos

nanocompósitos, em função da amplitude da deformação. Na região de baixa

deformação, G' se manteve constante, indicando um regime viscoelástico linear. Ao

27

aumentar a deformação, foi observada uma redução de G'. Esse fenômeno foi atribuído

à quebra da rede tridimensional de nanotubos, como geralmente ocorre em sistemas de

borracha com carga, conhecido como efeito Payne[51,52]. Maior quantidade de

MWCNT resultou em redes tridimensionais com mais pontos de interconexão.

Consequentemente a deformação crítica, correspondente ao desvio da região

viscoelástica foi deslocada para baixos valores.

Figura 12 Dependência do Módulo de armazenamento com a frequência para sistema ER/MWCNT/IL

Para uma melhor compreensão sobre o efeito do MWCNT no módulo, foi

estabelecido o módulo reduzido (G'red), sendo definido como a relação entre o G' do

compósito e G' da matriz de epóxi pura, sem agente de cura, (G’red =

G'compósito/G'epoxi).[53]. A Figura 13 ilustra a dependência do módulo reduzido com

a quantidade de MWCNT. Inicialmente, houve um aumento no G'red até uma

determinada composição de carga após está o aumento do valor do módulo reduzido foi

abrupto. Essa fração crítica, conhecida como percolação reológica, é caracterizada pela

formação da rede física tridimensional, responsável por esse aumento acentuado em

G'red. Para o sistema estudado, a quantidade de MWCNT correspondente a esta

alteração foi entre 0,25 e 0,5 phr.

0,01 0,1 1 10 100

100

101

102

103

104

0.25 phr

0.5 phr

1.0 phr

2.0 phr

Mo

du

lo d

e A

rma

ze

na

me

nto

(P

a)

Deformaçao(%)

`

~

28

Figura 13 Dependência do Módulo Reduzido com quantidade de MWCNT

As dependências de η* e G' com a frequência para amostras ER/IL contendo

diferentes quantidades de nanotubo de carbono são mostradas na Figura 14. A

viscosidade da mistura ER/IL não mudou com a frequência, caracterizando um

comportamento newtoniano. A adição de pequena quantidade de MWCNT (0,25 phr)

resultou num discreto aumento da viscosidade na faixa de baixa frequência e também

apresentou um pequeno desvio do comportamento newtoniano. Em contrapartida, um

aumento considerável da viscosidade na faixa de baixa frequência foi observado para a

amostra contendo 0,5 phr de MWCNT. Tais características foram pronunciadas à

medida que a quantidade de MWCNT aumentou, caracterizando nanocompósitos com a

carga dispersa [55]. A partir dessas características, pode-se sugerir que uma rede física

tridimensional foi formada entre 0,25 e 0,5 phr de MWCNT, como também observado

com o G'red versus quantidade de MWCNT.

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

100

101

102

103

Mo

du

lo R

ed

uzid

o

MWCNT(phr)

29

Figura 14 Dependência da Viscosidade Complexa e do Módulo de Armazenamento em relação a frequência

As variações de G' com frequência também fornecem dados importantes

relacionados ao efeito da quantidade de MWCNT nas amostras ER/IL. Conforme

ilustrado na Figura 14(b), os valores aumentaram com a quantidade de MWCNT na

suspensão, porém apresentou menor dependência da frequência. A formação do platô

em G' tornou-se pronunciado, indicando um comportamento sólido ou semi-sólido

causado pela formação da rede MWCNT por toda matriz epoxídica.

O gráfico do ângulo de fase (°) versus módulo complexo (G*), também

conhecido como gráfico de van Gurp Palmen, é usado para estimar a percolação

reológica [55,56]. Os autores estabeleceram que, na região de abio valores de G*, o

valor de do ângulo de fase é de 90°. Um desvio desse valor sugere a presença de uma

estrutura em rede. A Figura 15 mostra a dependência do ângulo de fase com módulo

complexo para as amostras ER/IL baseadas em MWCNT como função do conteúdo do

MWCNT. A matriz ER/IL apresentou ângulo de fase em torno de 90° na faixa de baixo

valores de G*, o que indicou um estado viscoso dominante. Para maiores quantidades

de MWCNT, foi observado o desvio desse valor. A curva correspondente à amostra

com 0,5 phr de MWCNT exibiu um grande desvio do valor do ângulo de fase, e uma

aparência de um máximo em algum valor intermediário G*, indicando um

comportamento semi-sólido. Considerando o modelo de van Gurp Palmen, a percolação

reológica deve ocorrer entre 0,25 e 0,5 phr de MWCNT, corroborando os dados

observados anteriormente.

30

Figura 15 Dependência do Ângulo de fase com o Módulo Complexo para diferentes quantidades de MWCNT

Outro parâmetro importante para caracterizar um compósito condutor é a

condutividade elétrica em função da quantidade de carga. A Figura 16 apresenta a

variação da condutividade DC com a quantidade de MWCNT para as amostras de ER/

MWCNT/IL curadas. No entanto, não foi possível analisar a condutividade da amostra

contendo 0,25 phr de MWCNT, por causa da limitação do equipamento. Porém, foi

estimado que o limiar de percolação elétrica se encontrou entre 0,25 e 0,5 phr de

MWCNT, confirmando o limiar de percolação reológico. O valor de condutividade

encontrado para a amostra contendo 1 phr de MWCNT correspondeu a 6 x 10-2 S/m (6 x

10-4 S/cm), a qual apresentou superior em uma ordem de grandeza a que foi encontrado

por Maka et al em um sistema similar (2,4 x 10-3 S/m) [57]. O melhor desemprenho

elétrico observado neste trabalho deve ser atribuído à prévia maceração de MWCNT

com o IL, como descrito na seção 4.2. .

100

101

102

103

104

0

20

40

60

80

100

An

gu

lo d

e f

as

e (

°)

Modulo Complexo (Pa)

ER

0%

0.25%

0.5%

1%

2%

´

31

Figura 16 Variação da Condutividade DC para diferentes quantidades de MWCNT

Esse procedimento proporcionou uma boa interação entre IL e o

MWCNT pela funcionalização não covalente do MWCNT. A condutividade AC versus

a frequência mostrada na Figura 17, para as diferentes composições ER/MWCNT/IL. A

rede epóxi ausente de nanocarga exibiu dependência linear da condutividade com a

frequência, a qual é característica de um material isolante. A adição de 0,25 phr resultou

em um aumento significativo na condutividade, alcançando 1,8 x 10-3 S/m com a

condutividade AC sendo independentemente da frequência, caracterizando um material

condutor. Para maiores composições de MWCNT, houve um aumento discreto do valor

da condutividade

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

10-12

10-11

10-10

10-9

10-8

10-7

10-6

10-5

10-4

10-3

10-2

10-1

100

Co

nd

uti

vid

ad

e D

C (

S/c

m)

MWCNT(phr)

32

Figura 17 Variação da Condutividade AC para diferentes quantidades de MWCNT

5.2.2. Propriedades Dinâmico-Mecânicas

O efeito da presença do MWCNT nas propriedades dinâmico mecânicas nas

redes ER/IL foram estimadas a partir do módulo de armazenamento e da tangente de

perda (Tan Delta), resumido na Tabela 5. Os módulos de armazenamento dos

compósitos na região vítrea foram inferiores aos da epóxi sem carga. Como discutido

anteriormente, esse comportamento da redução do módulo pode ser atribuído a presença

de cadeias flexíveis de IL aderidas à superfície do MWCNT, gerando uma flexibilidade

interfacial.

Tabela 5 Principais parâmetros dinâmico-mecânicos para redes ER / IL contendo diferentes

10-2

10-1

100

101

102

103

104

105

106

107

10-12

10-11

10-10

10-9

10-8

10-7

10-6

10-5

10-4

10-3

10-2

10-1

Co

nd

uti

vid

ad

e A

C (

S/m

)

Frequência (Hz)

0

0.25

0.5

1

2

MWCNT E'vítreo E'borrachoso Tan delta Tg

(phr) (Gpa) (Gpa) ( °C)

0,00 1,7 0,13 0,23 150

0,25 1,5 0,13 0,23 149

0,50 1,1 0,11 0,24 151

1,00 1,3 0,13 0,26 150

2,00 1,4 0,11 0,26 146

33

Na região borrachosa, não foi observada significativa influência do MWCNT,

com exceção das amostras contendo 0,5 ou 2,0 phr de MWCNT, em que aos valores de

módulo foram ligeiramente inferiores, provavelmente pela diminuição da densidade de

reticulação. As propriedades de viscosas também foram ligeiramente influenciadas pela

quantidade de MWCNT. Foi observado um aumento dos valores do tan delta para as

amostras, contendo 1 e 2 phr de MWCNT, o que pode ser explicado pelo aumento da

interface flexível formada pelo IL e algumas cadeias de epóxi aderida à superfície do

MWCNT. Esse fenômeno também pode ser explicado pelo menor valor de Tg

encontrado para o composto contendo 2 phr de MWCNT.

5.2.3 Eficiência de Blindagem Eletromagnética

Uma importante aplicação dos compósitos condutores é a proteção contra

interferência eletromagnética, devido à presença de partículas condutoras que podem

interagir com a onda eletromagnética. Essa interação é favorecida pela presença de

dipolos ou transportadores de carga. O último possui movimento livre e interage

diretamente com a onda eletromagnética [56]. A Figura 19 ilustra o EMI SE da rede

ER/ILe os compósitos correspondentes contendo 0,5 e 1,0 phr de MWCNT. Foram

selecionadas as amostras com a quantidade acima do limiar de percolação, entretanto

não foi avaliada a amostra de 2 phr, devido a sua elevada viscosidade. A amostra ER/IL

sem carga apresentou EMI SE cerca de -4 dB, sugerindo que o líquido iônico na matriz

transmitiu alguma interação com a radiação eletromagnética resultando em uma discreta

atenuação da onda EM. Contudo, a presença do MWCNT promoveu um aumento da

blindagem em um valor de cerca de -14 dB para o nanocompósito contendo 1 phr de

MWCNT. Embora seja difícil a comparação entre os resultados, com outros na literatura

devido aos diferentes parâmetros, procedimento de mistura, sistema de cura e espessura

da amostra, foi possível assumir que o valor de blindagem pode ser considerado

aceitável para muitos fins de barreira a interferência eletromagnética, como

telecomunicações, satétiltes e radares (navais, militares etc). [58]

34

Figura 17 Eficiência de Blindagem para diferentes composições de MWCNT na banda X

5.2.4 Interações entre MWCNT e IL

A funcionalização não covalente da nanocarga pelo líquido iônico pode ser

estimada a partir da espectroscopia Raman. As figuras 20 e 21 mostram o espectro para

o nanotubo puro e para a pasta MWCNT/IL.

Figura 18 Espectros Raman de MWCNT

1000 1500 2000 2500 3000 3500

0

2000

4000

6000

8000

Inte

ns

ida

de

(a

.u.)

Deslocamento (cm-1)

Pico 1

Pico 2

CNT PURO

6e*90482,5 = 1 aerء

6e*78544,6 = 2 aerء

Razمo = 0,81976

Frequência (GHz)

0 phr

0.25 phr

1.0 phr

35

Figura 19 Espectros Raman de MWCNT/IL

No espectro foram observadas duas bandas de absorção características dos

materiais à base de carbono, referentes: à banda G em 1570 cm-1 (1500 a 1600 cm-1),

atribuída às vibrações de estiramento das ligações de carbono nas camadas do grafeno

[59], e a banda D em 1350 cm-1 (1200 a 1400 cm-1) atribuída à desordem ou defeitos na

estrutura (carbonos sp3, grupos funcionais, etc.) [60]. No espectro também foi

observado a banda G’ em 2690 cm-1.

O espectro da pasta apresentou a banda D em 1340 cm-1, a banda G em 1575 cm-

1 e a banda G em 2680 cm-1 que se encontram de acordo com os valores reportados na

literatura para a estrutura do CNT. Estes resultados das características dos CNTs foram

semelhantes aos relatados na literatura para a estrutura de CNTs de paredes múltiplas, e

permitiram sugerir que a estrutura dos nanotubos não foi significativamente alterada

pelo tratamento. [59]

A razão entre a intensidade das bandas D e G (ID/IG) está relacionada ao número

de defeitos na estrutura cristalina dos materiais à base de carbono, assim o aumento no

valor desta razão corresponde a uma maior proporção de carbonos sp3, que é atribuída à

presença de defeitos estruturais. A intensidade dessas bandas aumenta com o aumento

do número de defeitos presentes na amostra e com a diminuição no tamanho dos cristais

de grafite. [61] A relação ID/IG determinada para o CNT foi de 0,8, indicando uma

1000 1500 2000 2500 3000 3500

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Pico1

Pico2

Inte

ns

ida

de

(a

.u)

Deslocamento (cm-1)

CNT (1):(5) IL104

6e*69296,1 = 1 aerء

6e*67534,1 = 2 aerء

Razمo = 1,17914

36

contribuição relativamente baixa da banda da desordem. Esse fato pode ser explicado,

devido ao carbono amorfo ser uma mistura de hibridização sp3 e sp2, onde as ligações π

formadas pelos carbonos sp2 foram favoráveis à polarização em relação às ligações σ

formadas pelos carbonos sp3, sendo o espectro Raman dominado por sítios sp2. A pasta

CNT/IL104 (1:5) apresentou uma relação ID/IG de aproximadamente 1,2, indicando que

a funcionalização física através do tratamento mecânico não alterou significativamente

o grau de desordem da estrutura cristalina dos CNTs. [61]

37

6 CONCLUSÕES

A funcionalização não-covalente do nanotubo de carbono de paredes múltiplas pelo

líquido iônico fosfônico foi alcançada pela maceração de ambos os componentes em

uma pasta, como sugerido pela espectroscopia Raman. Essa metodologia preparação foi

eficiente em promover a dispersão do MWCNT e consequentemente o aumento das

propriedades de condutividade elétricas.

Estudos relacionados ao efeito da porcentagem de MWCNT mostrou o limiar de

percolação elétrico e reológico foi na faixa de 0,25 - 0,5 phr de MWCNT, que

corresponde a cerca de 1,7 a 3,4 x 10-3 da fração volumétrica. Contudo, para 0,5 phr de

MWCNT foi obtido condutividade elétrica de cerca de 6 x 10-2 S/m, o que foi

considerado um bom resultado para o desenvolvimento dissipadores eletrostáticos e

materiais de proteção EMI.

Finalmente, este trabalho destaca as duas funções exercidas pelo líquido iónico à

base de fosfônio, como agente de cura e auxiliar de dispersão para o MWCNT. A

utilização deste IL possibilitará a obtenção de materiais que combinam excelente

condutividade elétrica e altas propriedades térmicas, para valores de Tg até 150 ° C, o

qual é considerado um material epoxídico de alto desempenho térmico.

38

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