Avaliação do Microclima do Parque Massairo Okamura … · Ao Professor Doutor José de Souza...

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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS Avaliação do Microclima do Parque Massairo Okamura em Cuiabá/ MT ao Nível do Pedestre FLORENCIO BESERRA FILHO Orientadora: Profa. Dra. Marta Cristina de Jesus Albuquerque Nogueira Cuiabá/ MT Dezembro/ 2015 ,

Transcript of Avaliação do Microclima do Parque Massairo Okamura … · Ao Professor Doutor José de Souza...

UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

“Avaliação do Microclima do Parque Massairo Okamura

em Cuiabá/ MT ao Nível do Pedestre”

FLORENCIO BESERRA FILHO

Orientadora:

Profa. Dra. Marta Cristina de Jesus Albuquerque Nogueira

Cuiabá/ MT Dezembro/ 2015

,

UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIENCIAS AMBIENTAIS

“Avaliação do Microclima do Parque Massairo Okamura

em Cuiabá/ MT ao Nível do Pedestre”

FLORÊNCIO BESERRA FILHO

Dissertação apresentada junto ao

Programa de Pós-graduação em

Ciências Ambientais/ UNIC como

parte dos requisitos para obtenção do

Título de Mestre.

Orientadora:

Profa. Dra. Marta Cristina de Jesus Albuquerque Nogueira

Cuiabá/ MT

Dezembro/ 2015

FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

Bibliotecária: Elizabete Luciano/CRB1-2103

B554a Beserra Filho, Florêncio

“Avaliação do Microclima do Parque Massairo Okamura em Cuiabá/MT ao nível do

Pedestre”./Florêncio Beserra Filho. Cuiabá-MT, 2015. 69p. Inclui Lista de Figuras.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade de Cuiabá – UNIC, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais.

Orientador: Profª Drª Marta Cristina de J.Albuquerque Nogueira

1.Introdução. 2.Revisão Bibliográfica. 3.Materiais e Métodos. 4.Apresentação eAnálise de Resultados. 5.Considerações Finais. 6. Bibliografias.

CDU: 34:551

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, a meus

saudosos pais, Florencio e Veny, irmão

Flóston e cunhada Tânia, falecidos.

A meus irmãos Florentino, Flodoaldo,

Flósculo e Flóstenes, as minhas

cunhadas Fernanda, Luciana e Néia, a

meus sobrinhos Juliana e Eduardo,

Marina, André, Leila, Gabriela, Lucas,

Gabriel, Nathália, Fernando, Maria

Carolina, Gustavo e Anna Beatriz, e à

minha sobrinha-neta Helena.

AGRADECIMENTOS

A Professora Doutora Marta Cristina de Jesus Albuquerque Nogueira por me orientar com distinção

e carinho impecáveis.

Ao Professor Doutor Osvaldo Borges Pinto Júnior, Coordenador do Programa de Pós-Graduação

em Ciências Ambientais da Universidade de Cuiabá – UNIC, pelo carinho e estímulo a mim

dispensados.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade de

Cuiabá - UNIC, por compartilharem, com dedicação, seus conhecimentos.

Ao Professor Doutor José de Souza Nogueira, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em

Física Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, pela acolhida e apoio.

Ao Professor Doutor Carlo Ralph De Musis, pelo exemplo de multidisciplinaridade e

disponibilidade.

A Professora Doutora Flávia Maria de Moura Santos pela ajuda e carinho disponibilizados.

Ao Professor Doutor Jonathan Wiliam Zangeski Novais pelo apoio a mim destinado.

A Professora Doutora Nadja Gomes Machado pela ajuda e carinho nos tratamentos estatísticos.

Aos colegas amigos e companheiros de trabalho e pesquisa do Programa de Pós-Graduação em

Ciências Ambientais da Universidade de Cuiabá - UNIC, que contribuíram para a realização deste

trabalho.

Aos acadêmicos do PIBIC/VIC do Programa de Física Ambiental – Juliana, Vivian, Renata,

Fernanda, Cindy, Adriano, Francine, Lumena, Victor , Eduardo, Deborah, Mariana, Gabriely

também a Natallia (aluna de Mestrado do PGFA/ UFMT) e Soneize (aluna de Doutorado do PGFA/

UFMT), cuja contribuição a este trabalho foi de suma importância.

E, finalmente a todas as pessoas – notadamente os servidores Kátia (UNIC) e Cesário (UFMT) –,

e instituições que direta ou indiretamente contribuíram no desenvolvimento desta pesquisa.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1

1.1. PROBLEMÁTICA .................................................................................................................. 1

1.2. JUSTIFICATIVA..................................................................................................................... 2

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA .................................................................................................... 5

2.1. O Clima............................................................................................................................... 5

2.2. Definições de clima urbano.................................................................................................. 7

2.3. O Clima de Cuiabá ..............................................................................................................11

2.4. Arquitetura Urbana e Mudanças Climáticas .........................................................................12

2.5. Parque Urbano...................................................................................................................13

2.6. Temperatura Superficial .....................................................................................................14

2.7. Albedo, Cobertura do Solo e Cobertura Vegetal ...................................................................14

2.8. Anomalias Termo-Higrométricas .........................................................................................15

2.9. Ilha de Calor em Cuiabá ......................................................................................................16

3. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................................18

3.1. ÁREA DE ESTUDO ...............................................................................................................18

3.2. MATERIAIS.........................................................................................................................19

3.3. MÉTODO ...........................................................................................................................21

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ...............................................................24

4.1. TEMPERATURA SUPERFICIAL...............................................................................................24

4.2. VARIAVEIS MICROCLIMÁTICAS NO PERÍODO QUENTE-SECO E QUENTE-ÚMIDO .....................49

4.3. ANÁLISE ESTATÍSTICA .........................................................................................................61

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................64

6. BIBLIOGRAFIAS.....................................................................................................................66

6.1. BIBLIOGRAFIAS CITADAS .....................................................................................................66

6.2. BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS ...........................................................................................69

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Classificação Climática de Köppen ........................................................................................ 7

Figura 2 - Corte esquemático do mapa físico de Mato Grosso ..............................................................11

Figura 3 – Foto de Satélite destacando Cuiabá ....................................................................................12

Figura 4 – Albedo de materiais e superfícies urbanas...........................................................................15

Figura 5 - Perfil clássico da ilha de calor de grandes centros urbanos (a) e Representação esquemática de

uma secção transversal genérica de uma típica ilha de calor urbano (b) .................................................17

Figura 6 - - Cuiabá - Mato Grosso - Brasil ..........................................................................................18

Figura 7 - Vista aérea do Parque Estadual Massairo Okamura ..............................................................19

Figura 8 - Sensor do tipo Datalogger e Abrigo Adaptativo ..................................................................20

Figura 9 - Termo-higro-anemômetro ..................................................................................................20

Figura 10 - Termômetro infravermelho...............................................................................................21

Figura 11- Pontos de medições no parque ...........................................................................................22

Figura 12 - Ponto número 08 - sem cobertura arbórea..........................................................................24

Figura 13 - Ponto número 14 – sem cobertura arbórea .........................................................................25

Figura 14 – Ponto número 10 - com apenas 25% de cobertura arbórea ..................................................25

Figura 15 – Ponto número 09 - com 100% de cobertura arbórea ...........................................................25

Figura 16 - Ponto número 11 - com 100% de cobertura arbórea............................................................26

Figura 17 - Média das temperaturas superficiais para cada tipo de revestimento do solo-Março/2015 .....27

Figura 18- Média das temperaturas superficiais para cada tipo de revestimento do solo-julho/2015 ........27

Figura 19 – Apresentação dos Pontos 1 e 2 .........................................................................................28

Figura 20 – Apresentação dos Pontos 3 e 4. ........................................................................................29

Figura 21 – Apresentação dos Pontos 5 e 6 .........................................................................................30

Figura 22 – Apresentação dos Pontos 7 e 8. ........................................................................................31

Figura 23 – Apresentação dos Pontos 9 e 10 .......................................................................................32

Figura 24 – Apresentação dos Pontos 11 e 12 .....................................................................................33

Figura 25 – Apresentação dos Pontos 13 e 14 .....................................................................................34

Figura 26 – Apresentação dos Pontos 15 e 16 .....................................................................................35

Figura 27 – Apresentação dos Pontos 17 e 18/ 1..................................................................................36

Figura 28 – Caracterização dos tipos de revestimentos dos pontos no transecto .....................................38

Figura 29 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar às 08h no período quente –úmido, março/2015 .50

Figura 30 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar às 14h no período quente –úmido, março/2015 .50

Figura 31 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar às 08h no período quente – seco, maio/2015 .....53

Figura 32 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar às 14h no período quente – seco, maio/2015 .....53

Figura 33 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar às 08h no período quente – seco, junho/2015 ....56

Figura 34 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar às 14h no período quente – seco, junho/2015 ....56

Figura 35 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar às 08h no período quente – seco, julho/2015 .....59

Figura 36 – Análise dos meses quente-seco e quente-úmido e os diversos tipos de revestimentos do solo

........................................................................................................................................................61

Figura 37 – Análise dos meses quente-seco e quente-úmido e as variáveis microclimáticas de temperatura

do ar e umidade relativa do ar ............................................................................................................62

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Coordenadas dos Pontos Medidos, na área de estudo no parque Massairo Okamura ...........23

Tabela 2 – Fator de Visão do Céu/ FVC e a Taxa de Sombreamento/ TSto para os pontos do transecto

móvel...............................................................................................................................................39

Tabela 3 – Resultados dos questionários de percepção e preferência de sensação térmica aplicado nos

levantamentos..................................................................................................................................44

Tabela 4 – Resultados das médias referentes às medições de temperatura (°C) e umidade relativa do ar

(%) para os dias: 24/03/2015, 25/03/2015, 30/03/2015 e 31/03/2015, referente ao período quente-

úmido ..............................................................................................................................................49

Tabela 5 – Resultados das maiores e menores médias de temperatura do ar (°C) e umidade relativa do ar

(%) ao longo do transecto móvel no período quente-úmido março/2015 .............................................51

Tabela 6 – Resultados das médias referentes às medições de temperatura (°C) e umidade relativa do ar

(%) para os dias: 20/05/2015 e 27/05/2015, referente ao período quente-seco....................................52

Tabela 7 – Resultados das maiores e menores médias de temperatura do ar (°C) e umidade relativa do ar

(%) ao longo do transecto móvel no período quente-seco para o mês de maio/ 2015 ...........................54

Tabela 8 – Resultados das médias referentes às medições de temperatura (°C) e umidade relativa do ar

(%) para os dias: 26/06/2015 e 29/06/2015, referente ao período quente-seco....................................55

Tabela 9 – Resultados das maiores e menores médias de temperatura do ar (°C) e umidade relativa do ar

(%) ao longo do transecto móvel no período quente-seco para o mês de junho/ 2015 ..........................57

Tabela 10 – Resultados das médias referentes às medições de temperatura (°C) e umidade relativa do ar

(%) para os dias: 28/07/2015, 29/07/2015 e 30/07/2015, referente ao período quente-seco ................58

Tabela 11 – Resultados das maiores e menores médias de temperatura do ar (°C) e umidade relativa do

ar (%) ao longo do transecto móvel no período quente-seco para o mês de julho/ 2015 .......................60

RESUMO

Beserra Filho, F. - Avaliação do Microclima do Parque Massairo Okamura em Cuiabá/ MT ao

Nível do Pedestre. 69 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais), Universidade de Cuiabá, Cuiabá/ MT, 2015.

A cidade de Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, é caracterizada principalmente pelas

altas temperaturas que atinge, podendo chegar aos 40ºC em determinadas épocas do ano. Isto afeta diretamente os moradores da região, que sofrem com as formações de ilhas de calor, provenientes

de alterações no microclima urbano. A pesquisa realizada por este grupo faz a coleta dados e análise de pontos do parque Massairo Okamura, localizado em uma região de destaque no município. Para esta medição, utiliza-se o método do transecto móvel, onde são determinados 18

pontos que possuem características de recobrimento de solo diferentes, assim como nível de incidência solar e permeabilidade. O percurso, que dura aproximadamente 30 minutos, foi

realizado em um período de 05 dias, ao final dos meses de março, maio, junho e julho de 2015 em dois turnos: matutino (às 08 h) e vespertino (às 14 h). Após a coleta dos dados, foram feitos gráficos e tabelas com os valores obtidos de cada variável climática. Desta forma, é possível

analisar as diferenças de temperatura superficial de cada textura, da umidade e temperatura do ar e velocidade do vento, que se altera gradativamente de mês a mês. Fica claro também a importânc ia

de elementos de sombreamento, como árvores e muros, por exemplo, que modificam a temperatura da região que sua sombra atinge em comparação às demais áreas descobertas. Também são realizadas pesquisas de campo feitas com usuários do parque que respondem a um questionár io

referente à situação em que se encontram, se estão confortáveis ou não com o clima, de acordo com temperatura e umidade do ar, estabelecendo relações com o seu posicionamento e o Fator de

Visão do Céu/ FVC, caso esteja recebendo radiação solar direta ou não. Através da análise das medições e das entrevistas, podemos observar a importância do Parque na cidade para proporcionar melhores condições de conforto ambiental para os indivíduos, como as obras podem

influenciar no cotidiano das pessoas, bem como interferir no microclima urbano. Conclui-se também a importância de elementos de sombreamento, como coberturas vegetais, que além de

amenizarem a temperatura do ar elevam a umidade relativa, proporcionando ambientes mais confortáveis aos seus habitantes, instituindo uma melhor estabilidade microclimática.

Palavras-chave: Conforto ambiental, transecto móvel, arquitetura.

ABSTRACT

Beserra Filho, F. - Microclimate evaluation of Massairo Okamura Park in Cuiabá / MT to the

pedestrian level. 69 f. Dissertation (Master in Environmental Sciences), University of Cuiabá, Cuiabá / MT, 2015.

The city of Cuiaba, State capital of Mato Grosso, is characterized mainly by high

temperature, reaching up to 40°C at certain times of the year. This directly affects the inhabitants of the region who suffer from the formation of heat islands, arising from changes in the urban microclimate. The research conducted by this group collects data and analytical points of Massairo

Okamura Park, located in a prominent area in the city. For this measurement, we use the mobile intercept method, in which the 18 points determined have different ground coating characterist ics,

as well as level of sunlight and permeability. The course, that lasts about 30 minutes, was conducted over a period of 05 days at the end of March, May, June and July, 2015 in two shifts : morning (at 08h) and evening (the 14h). After collecting the data, graphs and tables were made

with the values of each climate variable. Thus, it is possible to analyze the differences in surface temperature of each texture, moisture and air temperature and wind speed, which gradually

changes from month to month. It is also clear the importance of shading elements such as trees and walls, for instance, that modify the temperature of the region reached by its shadow compared to the other uncovered areas. We also carried out field surveys of park users who respond to a

questionnaire on the situation they are in, whether they are comfortable or not with the weather, according to temperature and humidity, establishing relations with its positioning and View factor

of Heaven / FVC, if receiving direct solar radiation or not. Through the analysis of the measurements and interviews, we can see the importance of the Park in the city to provide better conditions of environmental comfort for individuals, as the constructions can influence people's

daily lives, as well interfere with the urban microclimate. It also concludes the importance of shading elements such as vegetation cover, which in addition to liven the air temperature increases

the relative humidity, providing more comfortable environment to its inhabitants, establishing a better microclimate stability.

Keywords: Environmental comfort, mobile transect architecture.

1. INTRODUÇÃO

1.1. PROBLEMÁTICA

A cidade de Cuiabá, localizada no Estado de Mato Grosso, teve um processo de

crescimento lento até a década de 1950. Entretanto, após a fundação de Brasília (1960) e com a

expansão urbana voltada para o interior do país, a capital mato-grossense passou a crescer a uma

velocidade acima da média brasileira, sobretudo nas décadas de 1970 e 1980.

Devido a essa explosão demográfica, a configuração do tecido urbano sofreu mudanças, e

locais onde se predominava uma cobertura vegetal passaram a abrigar inúmeros edifícios e

pavimentação asfáltica.

A intervenção do homem no meio ambiente através da remoção de áreas verdes, aumento

da pavimentação do solo, poluição gerada pelo uso de automóveis e por indústrias, contribuem

para aumentar a temperatura local, e alterar o microclima urbano, causando desconforto ambienta l

a todos os habitantes da cidade. Esses fatores são agravados quando essa intervenção se dá de

maneira irregular e sem planejamento.

A cidade de Cuiabá, no estado de Mato Grosso, é nacionalmente conhecida por suas altas

temperaturas, muito rígidas e frequentes durante a maior parte do ano. Seu clima é caracterizado

como quente e úmido. Com isso, grande parte dos usuários da cidade acredita que a única forma

de se refrescar neste tipo de ambiente é através de condicionadores de ar, ignorando totalmente

fatores menos agressivos como forma de amenizar os problemas ambientais gerados por esse tipo

de equipamento.

O homem atua constantemente no meio em que vive, modificando-o de acordo com suas

necessidades. Sendo assim, as cidades tornam-se verdadeiras fontes de calor dentro do seu limite

urbano, em que o concreto passa a ser um material cada vez mais presente, contrapondo com os

espaços verdes, considerados por muitos como áreas que não trazem algum fim lucrativo.

Consequentemente, o meio urbano torna-se uma região de intenso calor, com temperatura e

umidade do ar totalmente diferente de suas áreas vizinhas.

Dessa forma o cenário urbano evolui gradativamente para apresentar áreas verdes

suprimidas e o solo impermeabilizado torna-se cada vez mais presente. O material de revestimento

de solo e a presença ou não de espécies arbóreas são aspectos físicos que podem exercer

significativa influência na qualidade do conforto urbano em ambientes externos. A condição

2

microclimática constitui uma perspectiva determinante para a qualificação desses ambientes, e,

além disso, pode interferir na quantidade de espaços e na forma de uso deles.

Os grandes aglomerados urbanos criam um verdadeiro clima urbano gerado através da

interferência dos fatores que se processam sobre a camada de limite urbano e que agem alterando

o clima em escala local, gerando uma atmosfera local com características climáticas próprias, ou

seja, temperatura e umidade relativas do ar únicas, diferentes das verificadas nas áreas

circunvizinhas.

Vale ressaltar que a principal forma de ganho de calor no meio urbano se dá através da

radiação solar, em que as superfícies com maior massa térmica são capazes de absorver essa

radiação durante o dia e a emitindo novamente para o ambiente, principalmente quando não há

uma cobertura para o local, seja esta efetuada por sombreamento de árvores ou elementos

arquitetônicos. O ambiente urbano engloba variáveis naturais, construídas, econômicas e sociais,

podendo ser abordado sob pontos de vista diversos. São nessas regiões que ocorrem as relações do

ambiente natural com o ambiente construído pelo homem.

Desta forma, a melhoria do conforto urbano das cidades passa a depender de propostas

governamentais, que nem sempre são analisadas adequadamente, resultando em um grande caos,

sem o devido planejamento e em algumas vezes sem a conclusão desses projetos supervalorizados.

O planejamento então se torna extremamente necessário, devendo ser realizado apenas após uma

análise completa do clima, assim como a influência que as obras urbanas podem causar para o

ambiente e cotidiano da população.

1.2. JUSTIFICATIVA

Durante o período da revolução industrial, a preocupação com o meio ambiente não era

notável. Percebe-se que há uma grande evolução daquele tempo pra cá, entretanto muitos aspectos

não são levados em consideração.

Na procura em melhorar o ambiente que o próprio homem deteriorou ao longo dos anos,

indivíduos criam ambientes artificiais como forma de solução para amenizar esta situação,

desconsiderando em algumas vezes a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida da

população.

Esta questão vem sendo estudada por inúmeros países, que buscam alternativas para que

haja um desenvolvimento sem que necessariamente prejudique o meio ambiente.

3

Em busca de melhorar o meio ambiente já deteriorado, o homem cria ambientes artific ia is

para amenizar as carências ambientais, não se levando em consideração a preservação do meio

ambiente e a qualidade de vida. A urbanização e industrialização são processos que indicam o

nível de desenvolvimento do meio, mas também comportam problemas relacionados com a

deterioração geral do meio urbano e da sua qualidade de vida.

Em função do aumento da consciência das questões ambientais, que tem mobilizado

diversas áreas do conhecimento em busca de soluções para mitigar os impactos no meio ambiente,

a melhoria da qualidade de vida dos espaços públicos abertos tem se tornado foco de interesse de

muitas pesquisas. Uma das soluções para amenizar os problemas causados pela urbanização é

tratar o meio urbano com vegetação, por meio da arborização de vias públicas, criação de áreas de

preservação, praças, parques, entre outros. Uma boa qualidade do espaço público pode favorecer

a permanência, o desenvolvimento de atividades sociais e consequentemente a vitalidade urbana.

Portanto, é preciso ter-se uma visão ambiental nos processos técnicos, econômicos,

políticos e de desenho que dão forma ao meio urbano. É necessário considerarem-se os processos

naturais que ocorrem na cidade e buscar-se sempre o desenvolvimento sustentável, que está

diretamente relacionado com mudanças radicais principalmente as questões que envolvem a

ocupação do solo urbano. Contudo, muitos desses espaços, dedicados à população, mostram uma

qualidade comprometida, fato que interfere diretamente nos seus usos.

Dessa forma julga-se fundamental o desenvolvimento de trabalhos de cunho científico que

abordem a dinâmica dos espaços públicos externos, mais especificamente sobre o clima urbano.

Este trabalho buscou investigar de que maneira a vegetação e os revestimentos de solo podem

influenciar nas condições do microclima de parques urbanos situadas na cidade de Cuiabá, Mato

Grosso e ressaltar a importância do planejamento de áreas de lazer e convivência em ambiente

urbano em se tratando de proporcionar áreas confortáveis termicamente.

Este trabalho tem por objetivo geral analisar as variáveis microclimáticas presentes no

Parque Massairo Okamura ao nível do pedestre, considerado um parque de extrema relevânc ia

para a cidade de Cuiabá. Como objetivos específicos esta pesquisa realizou: seleção do espaço

urbano aberto na cidade de Cuiabá/ MT, realizar a escolha do trecho e dos pontos para coleta dos

dados através de transecto móvel, avaliar a distribuição horizontal da temperatura do ar e umidade

relativa do ar no parque para o período quente-seco e quente-úmido, correlacionar os dados

climáticos com os elementos da estrutura urbana, verificar a existência da ilha de calor e a relação

4

com os diferentes usos do solo urbano no parque para o período quente-seco e quente-úmido e

analisar as interferências microclimáticas das vegetações presentes no Parque Massairo Okamura.

Desta forma, será possível analisar as interferências do tipo de material no conforto do

usuário, bem como a temperatura e umidade relativa do ar, além de constatar a importância da

cobertura verde para o bem estar dos usuários.

5

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA

A Revisão Bibliográfica buscará esclarecer os conceitos envolvidos na relação entre as

variáveis microclimáticas em parque urbano na cidade de Cuiabá/ MT.

2.1. O Clima

A Climatologia, é a ciência que estuda todas as formas de intercâmbio energético entre a

superfície terrestre e a atmosfera, através do tratamento estatístico dos fenômenos meteorológicos

que afetam um determinado lugar e, consequentemente, os seres vivos dessa região

(OLIVEIRA,1984 apud BARROS,2006).

De acordo com o glossário do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas,

IPCC, clima pode ser definido como a descrição estatística de quantidades relevantes de mudanças

do tempo meteorológico num período de tempo, ou seja, a descrição das variações de temperatura,

umidade, precipitação e velocidade do ar.

É de suma importância conhecer o clima de uma região em que se pretende desenvolve r

atividades como trabalhar, morar, se locomover, pois o rendimento dessas tarefas básicas para a

manutenção da vida humana se relaciona diretamente com o conforto ambiental. De acordo com

Ayoade (2001), o clima é a síntese do tempo num dado lugar durante um período de

aproximadamente 30-35 anos e as características da atmosfera, inferidas de observações contínuas

durante um longo período, incluindo considerações dos desvios em relações às médias, condições

extremas, e as probabilidades de frequencia de ocorrência de determinadas condições de tempo,

mostrando a complexidade do estudo do clima que envolve conceitos multidisciplina res

(SILVEIRA, 2007).

Para o estudo científico do clima, segundo Ayoade (2001), baseadas nas escalas dos

sistemas de circulação meteorológica, as subdivisões da climatologia são:

a) macro climatologia, relacionada com aspectos dos climas de amplas áreas da Terra, com escala

horizontal de abrangência na ordem de 5.000 a 20.000 km;

b) meso climatologia, relacionada com o estudo do clima em áreas menores, entre 10 a 100 km de

extensão, como por exemplo, o clima urbano;

6

c) microclimatologia, relacionada com o estudo do clima próximo a superfície ou de áreas muito

pequenas, com menos de 100 metros de extensão.

Segundo Monteiro (1976) apud Oliveira (2005), a cidade gera um clima próprio (clima

urbano), resultante da interferência de todos os fatores que se processam sobre a camada limite

urbana e que agem no sentido de alterar o clima em escala local.

Para caracterizar o clima das diversas regiões do globo, este é dividido em zonas de climas

similares. Desta forma a identificação correta dos elementos que caracterizam o clima da

localidade em estudo é de fundamental importância nos estudos dos fenômenos relacionados ao

comportamento da atmosfera (OLIVEIRA, 2011).

Segundo Romero (2001) o clima de um lugar pode ser considerado como a integração de

uma série de elementos que se verificam em escalas diferentes, abrangendo desde a macro até a

microescala.

O clima interfere constantemente na vida dos indivíduos, sendo de extrema importânc ia

uma definição e avaliação do clima local para que haja qualquer tipo de pesquisa na área. Dessa

forma é possível tomar nota das variáveis climáticas a serem estudadas, uma vez que o

envolvimento com essas áreas comporta uma relação direta com o bem estar de um ser humano,

tanto em questão de conforto térmico quanto referente à saúde do homem.

De acordo com Oliveira (2005) o clima de uma determinada área resulta, principalmente,

de três influências: processos atmosféricos resultantes dos fatores geográficos locais; influênc ia

dos padrões do clima de escala imediatamente inferior e, efeito dos sistemas atmosféricos atuantes

em larga escala.

O Brasil apresenta uma vasta quantidade de climas regionais, devido à dimensão

continental de seu território. Segundo Köppen o país é dividido em grandes grupos, exemplificados

na Figura 1.

7

Figura 1 Classificação Climática de Köppen Fonte: http://reconstruiindoofuturo.blogspot.com.br. Acesso em: 06 de agosto de 2015

De acordo com Duarte (2000), na região centro oeste brasileira, predomina o clima tropical

continental e em Mato Grosso o clima é classificado como quente semi-úmido, na faixa Tropical

Brasil Central, com 4 a 5 meses secos, e usualmente pode-se verificar, em função da temperatura,

em três períodos distintos:

a) Estação seca e mais fresca, no inverno;

b) Estação seca e mais quente, um pouco antes das chuvas;

c) Estação úmida e quente, durante as chuvas no verão.

2.2. Definições de clima urbano

O ambiente urbano é diferenciado pela ação antrópica sobre o meio natural, e gera o

chamado “clima urbano”, ou situação climática típica das cidades (BARBIRATO, 1998).

Segundo Lima & Amorim (2010) a substituição dos ambientes naturais por áreas urbanas

gera o aumento das temperaturas na escala local.

O clima urbano possui variáveis como a temperatura e umidade relativa do ar com valores

peculiares, pois a cidade se trata de diversas ações humanas materializadas no espaço, que antes

eram puramente naturais.

Entre essas ações responsáveis por tais mudanças, podemos citar: a criação de vias e seu

revestimento com materiais como o asfalto e concreto, que armazenam grande quantidade de calor

e impermeabilizam o solo; a remoção da vegetação nativa, que ajudava a regular a umidade relativa

e a temperatura do ar e do solo, através do processos de evapotranspiração e sombreamento,

8

respectivamente; o surgimento de edifícios altos, que interferem no fluxo e velocidade dos ventos;

a emissão de poluentes na atmosférica que aumentam a temperatura do ar.

O clima constitui-se numa das dimensões do ambiente urbano e seu estudo oferecem

importantes contribuições ao equacionamento da questão ambiental nas cidades. As condições

climáticas destas áreas, entendidas como clima urbano, são derivadas da alteração da paisagem

natural e da sua substituição por um ambiente construído, palco de intensas atividades humanas

(MENDONÇA, 2003).

O clima urbano é um sistema que abrange o clima de um dado espaço terrestre e sua

urbanização Mascaro (1996). Os elementos climáticos que se manifestam com maior importânc ia

são a temperatura do ar, a umidade do ar, as precipitações e os ventos. Esses elementos são

dinâmicos, pois são modificados a cada instante, dependendo das diversas combinações entre si.

Quando a escala de estudo se torna local, a topografia, a superfície do solo e a vegetação passam

a ser relevantes nas alterações dos aspectos ambientais do sitio urbano.

Para Givoni (1998) os principais fatores morfológicos que contribuem para a formação do

clima urbano são: a localização da cidade dentro da região, o tamanho das cidades, a densidade da

área construída, a cobertura do solo, a altura dos edifícios, a orientação e largura das ruas, a divisão

dos lotes, a existência de parques e áreas verdes e detalhes especiais no desenho dos edifícios.

As relações específicas estabelecidas entre a forma da cidade e o clima dependem da escala

de abordagem. Oke (2004) classifica as escalas de abordagem climática em: meso, aquela que

engloba a área urbana como um todo; local, que abrange partes da cidade; e micro, que compreende

ambientes mais restritos como vias e praças. Neste estudo se utilizará da escala de abordagem

microclimática, empregada no estudo da avaliação das variáveis termo-higrométricas.

O Sistema Clima Urbano (SCU) desenvolvido por Monteiro (1976) composto de

subsistemas, que se articulam segundo canais de percepção climática. A cidade gera um clima

próprio, o clima urbano, que é o resultado da interferência de todos os fatores que se processam

sobre a camada limite urbano, agindo no sentido de alterar o clima em escala local. A população

percebe os efeitos mais diretos através de eventos meteorológicos que desorganizam a vida urbana

e afetam a própria qualidade de vida.

Conforme Frota e Schiffer (2003) as modificações climáticas podem transformar as áreas

urbanas, principalmente as maiores, resultem em autênticas ilhas de calor, que são geradas devido

ao revestimento da superfície com concreto e asfalto, prejudicando a drenagem.

9

O clima urbano tem sua origem em vários fatores, tais como a redução das áreas verdes, a

canalização de córregos, o incremento da poluição industrial em função da expansão da indústr ia

entre outros fatores inerentes à vida urbana, que segundo Lima & Amorim (2010) geram o aumento

nas temperaturas com a consequente diminuição da umidade relativa do ar. Landsberg (1981)

destaca que características das superfícies urbanas interferem no clima local:

a) rugosidade: influencia a direção e velocidade dos ventos e a distribuição vertical da temperatura

do ar;

b) albedo: interfere na distribuição vertical da temperatura do ar;

c) capacidade calorífica e a condutividade dos materiais: influencia nas distribuições horizontal e

vertical da temperatura do ar;

Quando comparadas com o seu entorno rural, as cidades têm a capacidade de gerar um

ecossistema próprio que, habitualmente, é caracterizado por altas temperaturas e consequente

desconforto térmico (VIANA & AMORIM, 2009).

O clima urbano para Monteiro (1990), ao receber energia do ambiente maior no qual se

insere transforma-a substancialmente a ponto de gerar uma produção exportada ao ambiente,

podendo ser compreendido como um sistema complexo aberto adaptativo.

Conforme Monteiro (1997) alguns dos fatores decisivos para alterar o balanço energético

nas cidades são: a geometria complexa das superfícies urbanizadas, a formatação e orientação dos

edifícios, as propriedades térmicas dos materiais utilizados, a impermeabilização do solo e o calor

liberado pelas diversas atividades antrópicas.

Os fatores da área urbana construída que interferem no clima regional, são sintetizadas por

Katzschener, Reinold & Lourenco (1999):

a) a cidade é uma barreira contra os ventos regionais;

b) a cidade possui uma rugosidade não homogênea;

c) a cidade cria, em relação as áreas vizinhas, uma ilha de calor, que depende das superfícies de

revestimento e da quantidade de edifícios;

d) nas cidades, o alto desconforto é devido às mudanças no balanço da radiação;

e) a cidade deve ser considerada como um sistema de poluição do ar.

As modificações do clima regional originadas pelo processo de urbanização são analisadas

por Oke (1987), considerando-se duas camadas limites, que se iniciam nos limites entre a zona

rural e a urbana, quando há modificações decorrentes da ocupação e uso do solo.

10

No Programa de Pós-graduação em Física Ambiental foram realizadas pesquisas na área

do clima urbano como a de Oliveira (2011) que analisou a influência da vegetação arbórea no

microclima e uso de praças públicas, chegando a seguinte conclusão nesta pesquisa:

“Observou-se que regiões mais arborizadas e com sombra densa, apresentaram menores valores

de temperatura superficial, quando comparados com aquelas não arborizadas. Isto confirma que a

vegetação contribuiu significativamente para o não aquecimento das superfícies do solo das

praças. Como as diferenças não se confirmaram em todos os períodos recomenda-se em trabalhos

futuros a continuidade destas investigações com controle rigoroso das temperaturas superficiais.”

Barros (2012) estudou a dimensão fractal e ilhas de calor urbanas para bairros residencia is

na cidade de Cuiabá, e conclui que:

“As análises estatísticas dos dados provenientes do monitoramento do ambiente térmico

desta região da cidade de Cuiabá, MT, conduziram a resultados que, além de confirmarem

a hipótese de que as áreas vegetadas influenciam a temperatura do ar do entorno próximo,

demonstraram a extensão desta influência, que variou conforme o período do dia e a

estação do ano, maior na seca, reduzida na úmida.”

A partir da segunda metade da década de 1960, O estado de Mato Grosso, passou a receber

um grande fluxo migratório, tendo um expressivo incremento populacional e consequentemente a

ocupação de sua área urbana. Cuiabá, conforme Moreno et al (2005), A década de 1980 foi

marcada por expansão do seu sitio urbano sobre áreas periféricas e rápido crescimento vertical,

atingindo uma taxa de crescimento populacional chegou a 136,25%.

Cuiabá foi fundada em 8 de abril de 1719 pelos bandeirantes Pascoal Moreira Cabral e

Miguel Sutil, às margens do córrego da Prainha, devido a descoberta de ouro, e o perfil

esquemático do mapa físico do estado de Mato Grosso encontra-se na Figura 2.

Foi elevada a cidade em 17 de setembro de 1818, através de carta régia assinada por D.

João VI, e pela Lei nº 19 de agosto de 1835 assinada por Antônio Pedro de Alencastro, tornou-se

Capital da Província, contando na época com cerca de 7 mil habitantes.

Província, à época, com cerca de 7 mil habitantes. Em meados do Século XIX, já estando

unidos o Centro e o bairro do Porto e a portuária da cidade, a população já atingia quase10 mil

habitantes (FERREIRA, 2012).

11

Onde:

* Distância aproximada ** Em relação ao nível do mar *** Em relação a Cuiabá

Figura 2 - Corte esquemático do mapa físico de Mato Grosso Fonte: Adaptado de Moreno et al. (2006)

Segundo Romancini (2005) foi o crescimento populacional, que ampliou o espaço urbano

de Cuiabá, foi ampliado. a área urbana passou de 1,2 mil hectares para 25,1 mil hectares entre

1970 a 2000.

De acordo com dados do IBGE (CUIABÁ, 2010), a população urbana do município vem

aumentando em relação a rural, sendo que no ano de 1980 registrou-se 92,96% da população total

na área urbana, enquanto a população rural representava 7,04%. Em 2007, a área urbana de Cuiabá

já era ocupada por 98,52% dos habitantes, restando 1,48% em área rural.

A densidade demográfica urbana da capital mato-grossense passou de 0,17hab/km2 em

1980 à 1,56hab/km2 em 2009. O aumento populacional de Cuiabá foi de aproximadamente 952%

entre os anos de 1960 e 2010, conforme dados do IBGE (2010) a população urbana que era de

57.860 habitantes em 1960 chegou a 551.310 habitantes em 2010

2.3. O Clima de Cuiabá

Segundo Maitelli (1994) o clima da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá, em que

estão situadas ambas cidades de estudo, é do tipo AW de Koppen (temperaturas elevadas, chuva

no verão e seca no inverno), isto é, Tropical semiúmido, com quatro a cinco meses secos e duas

estações bem definidas, uma seca (outono-inverno) e uma chuvosa (primavera-verão).

As características regionais das chuvas são tipicamente tropicais, ou seja, máximas no

verão e mínimas no inverno, sendo que mais de 70% do total de chuvas acumuladas durante o ano

12

se precipitam de novembro a março. O índice pluviométrico é caracterizado por diferenças, pois

em sua maioria o inverno é bastante seco e o verão muito chuvoso. A média na região é de1500

mm/ano. Em média ao longo dos anos as mínimas são de 5ºC e as máximas chegam a 41ºC. A

direção do vento predominante é N (norte) e NO (noroeste) durante grande parte do ano, e S (sul)

no período do inverno.

Cuiabá está a uma altitude de 165 metros acima do nível do mar, variando em sua área

urbana de 146 a 250 metros. Localiza-se na confluência de três importantes biomas brasileiros: o

Pantanal, o Cerrado e a Floresta Amazônica, Figura 3.

Figura 3 – Foto de Satélite destacando Cuiabá

Fonte: Google Earth, 2015

2.4. Arquitetura Urbana e Mudanças Climáticas

Conforme a cidade se desenvolve, as áreas pavimentas e construídas vão aumentando em

detrimento à áreas antes ocupadas por vegetação (BUENO, 1998).

Segundo Santamouris et al. (2001), o processo de urbanização desordenado deteriora o

meio ambiente, principalmente devido ao aumento da densidade e tráfego urbano.

13

Ainda, para Romero (1998), a troca da cobertura vegetal pela pavimentação e pelas

construções tem trazido problemas, como o desconforto, stress, e danos tanto para a saúde física

quanto mental dos habitantes, repercutindo na salubridade das populações urbanas.

A arborização incrementa a biodiversidade e traz conforto psicológico ao homem. A

implementação de revestimentos permeáveis e, sobretudo, vegetais, traz elementos de escala

natural entre ruas e prédios e a percepção da mudança de estações (OLIVEIRA, 2008).

2.5. Parque Urbano

As áreas verdes no interior das cidades foram utilizadas inicialmente por questões estéticas,

ocupando locais restritos dentro do espaço urbano, embora considerados de utilidade pública. A

partir da Revolução Industrial, a importância de tais ambientes aumentou, principalmente devido

às suas funções ecológicas de redutores da poluição urbana e promoção de ambientes de lazer

(ZANIN, 2002).

Kliass (1993) define parque urbano como espaço público com grandes áreas cobertas por

vegetação, que contemplam funções ecológicas, estéticas e sociais.

Echechuri, Giudice e Prudkin (1990) apud García (2006) afirmam que a principal função

dessas áreas é promover ambientes adequados para atividades recreativas e sociais, e são de grande

importância para o ambiente físico, biodiversidade e qualidade atmosférica da zona urbana.

Maitelli (1994) em sua tese de doutorado de foi caracterizou a ilha de calor em Cuiabá/MT,

verificou que a modificação dos parâmetros da superfície e da atmosfera pela urbanização altera

significativa o clima urbano.

Muitas são as funções da vegetação em espaços urbanos, e a amenidade climática se

constitui como um dos principais benefícios que a vegetação urbana pode promover para a cidade,

segundo (DUARTE, 1997).

Corbella (2003) destaca a importância da arbDuarte (1997) faz referências às funções da

vegetação em espaços urbanos, em especial em cidades como Cuiabá, que ao longo do ano,

registram elevadas temperaturas, e registra a importância de áreas verdes urbanas como o Morro

da Luz, o Parque Mãe Bonifácia, que funcionam como ilhas de frescor para a cidade.

Monteiro (2003) afirma que, na estrutura urbana, as áreas verdes, aparecem como focos de

purificação do ar e amenização climática, desempenhando importante papel na qualidade

ambiental citadina.

14

2.6. Temperatura Superficial

A capacidade de reflexão e absorção dos diversos materiais, em relação a luz e ao calor,

depende diretamente de suas propriedades físicas como densidade, textura e cor. Influenc iam

consideravelmente na quantidade de energia acumulada e irradiada para a atmosfera, contribuindo

para o aumento da temperatura do ar (OLIVEIRA, 2005 apud BARBIRATO et al. 2007).

Para Romero (1988) apud Nince (2013) a radiação solar pode ser refletida e absorvida pelas

superfícies opacas nas quais incide, sendo o fluxo incidente igual à soma dos fluxos absorvidos e

refletidos.

O maior obstáculo atualmente é o crescimento acelerado da urbanização, o qual não é

proporcional ao crescimento de espaços verdes. Com isso, existem mais superfícies que absorvem

e emitem energia do que vegetação, que é capaz de reduzir essa emissão. Esse ciclo faz com que

aumente a temperatura do ar e provoque cada vez mais ilhas de calor.

Para Nince (2013), o sombreamento proporcionado pela vegetação traz melhoras

microclimáticas pelo fato de filtrar a radiação solar. Os efeitos diretos do sombreamento pela

vegetação podem ser quantificados por meio das medições da temperatura de superfície de

materiais expostos e protegidos pelas copas das árvores.

Barros (2009) argumentou ainda que a vegetação pode amortecer ruídos, embelezar o

ambiente, melhorar o microclima local quanto à umidade e insolação, ajudar no controle de erosão,

melhorar a qualidade do ar, proteger mananciais, além de outros benefícios.

2.7. Albedo, Cobertura do Solo e Cobertura Vegetal

O albedo é uma medida que expressa a razão entre a luz refletida e a energia luminosa que

incide sobre algum material. Cada material possui propriedades termo-físicas únicas que

influenciam diretamente na qualidade térmica dos ambientes. Os materiais que possuem baixo

valor de albedo e condutividade térmica alta, contribuem para um microclima agradável e estável,

enquanto que o inverso contribui para a criação de um microclima de extremos. Quanto menos o

albedo, maior será a quantidade de energia disponível para absorção e transmissão, aumentando,

assim, a temperatura superficial do material, aumentando a liberação de calor para o meio externo ,

Figura 4.

15

Figura 4 – Albedo de materiais e superfícies urbanas

Fonte: Espereenc, 2003 apud Barbirato et al. (2007)

Embora no meio urbano existam grandes áreas revestidas com materiais de albedo que não

favorecem o microclima, verifica-se que quando sombreados, esses materiais perdem radicalmente

a possibilidade de aumentar a temperatura do ar, que ocorre através dos processos de convecção e

condução. Nota-se ainda, que as árvores são mais eficazes na regulação do microclima, pois além

de sombrearem de acordo com o porte, disposição e Índice de Área Foliar, regulam a umidade

relativa do ar através do processo de evapotranspiração.

2.8. Anomalias Termo-Higrométricas

As anomalias que ocorrem na umidade e na temperatura são oriundas do aquecimento

diferenciado das diferentes feições do ambiente urbano, são elas: ilha de calor, ilha de frescor, ilha

úmida e ilha seca (ALVES, 2010).

As ilhas de calor, e um dos fenômenos climáticos mais característicos da modificação

térmica provocada pelas cidades. Oke (1981) cita que as causas da ilha de calor estão no calor

antropogênico, na poluição do ar, nas superfícies urbanas e suas propriedades térmicas e na

geometria urbana. As ilhas de calor apresentam sua máxima intensidade em períodos específicos

do dia e tem seu período de maior desenvolvimento depois do pôr-do-sol.

Segundo Santos (2012) o fenômeno ilha de calor é formado através das diferenças do

balanço de energia entre a cidade e o campo, sendo uma anomalia térmica, com dimensões

horizontais, verticais e temporais. A máxima intensidade da ilha de calor é observada sob

condições de tempo atmosférico ideal: céu claro e ventos fracos. Condições essas predominantes

na cidade de Cuiabá.

16

Segundo Lombardo (1985), com a redução de áreas verdes, há uma diminuição da extensão

das superfícies de evaporação (lagos, rios) e de evapotranspiração (parques, bosques, jardins,

bulevares). Assim, as atividades humanas alteram os microclimas urbanos e as condições de

conforto ambiental das cidades. A impermeabilização dos solos devido à pavimentação e desvio

da água por bueiro e galerias, reduz o processo de evaporação e evapotranspiração urbana,

modificando o balanço hídrico da superfície urbana, podendo aumentar a vulnerabilidade da

população a enchentes e deslizamentos de terra.

As ilhas de frescor são anomalias térmicas que se caracterizam por apresentarem

temperaturas menores que seu entorno, sendo este fenômeno intimamente ligado a ação das áreas

verdes, das lâminas d’água e dos parques urbanos (ALVES, 2010). No processo de transpiração

das plantas, ocorre a liberação do vapor d’água nos seus arredores, gerando uma perda

considerável de energia. Com isso a vegetação urbana tem um papel fundamental no conforto

térmico urbano, em que parques e praças, se transformam em ilhas de frescor, criando um mosaico

urbano de microclimas (COLTRI, 2006)

2.9. Ilha de Calor em Cuiabá

Segundo Grimmond (2007) as principais causas da ilha de calor nas cidades são:

a) O aumento da área superficial vertical;

b) As características térmicas dos materiais superficiais;

c) As características da umidade nas áreas urbanas;

d) O suprimento de energia adicional devido as atividades antropogênicas;

e) A poluição do ar.

O perfil clássico das ilhas de calor foi traçado por Oke (1974) apud Souza (2010),

destacando que o sítio urbano com maior atividade antrópica, em geral a região central da cidade,

é mais quente que os bairros residenciais e periféricos. O pico da ilha de calor ocorreu nessa região

central e a temperatura vai diminuindo gradativamente, a medida que se afasta do centro da cidade,

o que o autor caracteriza como “platô”. Uma queda brusca na temperatura, caracterizado como

“penhasco” pelo autor, representa o limite entre a área urbana e a área rural. (Figuras 5a e 5b)

17

(a)

(b)

Figura 5 - Perfil clássico da ilha de calor de grandes centros urbanos (a) e Representação

esquemática de uma secção transversal genérica de uma típica ilha de calor urbano (b) Fonte: Adaptado de Oke (1978)

18

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. ÁREA DE ESTUDO

Segundo Duarte (2000) apud Santos (2008) no Brasil, o clima tropical continenta l

predomina na região centro-oeste, sendo o clima do estado de Mato Grosso classificado como

quente semi-úmido, na faixa Tropical Brasil Central, com 4 a 5 meses secos. Uma característ ica

importante é o ritmo sazonal de precipitação bastante marcado, com uma nítida estação seca, no

período de inverno, além de apresentar temperaturas constantemente altas, com poucas variações

ao longo do ano.

Cuiabá fica próxima a linha do Equador, localizado na Zona Intertropical, está situada entre

as coordenadas geográficas 15º10’, 15º50’ de latitude sul e os meridianos de 50º50’, 50º10’ a oeste

de Greenwich, na região central do Brasil e centro-sul do estado, figura 6.

Figura 6 - - Cuiabá - Mato Grosso - Brasil

Fonte: http://migre.me/r4w8x - modificada. Acesso em: 06 de agosto de 2015

A área escolhida para realizar esta pesquisa foi o Parque Estadual Massairo Okamura, situa-

se em área de proteção ambiental de 54 hectares, tendo em seus limites nascentes que constituem

a cabeceira dos córregos do Barbado e Moinho, tributário dos Rios Coxipó e Cuiabá.

Por isso foram evitadas quaisquer intervenções nas suas proximidades sendo mantida a

cobertura vegetal nativa. A vegetação do Parque é típica de cerrado.

A área urbanizada do Parque, destinada ao lazer, é composta por cerca de 2 Km de trilhas,

sanitários públicos e centro para educação ambiental, figura 3. Abriga também: passagem de água,

mirante, espelho d´água e a praça "Boé Bororo", instalações administrativas e um palco para

atividades comunitárias (CUIABÁ, 2015).

19

Figura 7 - Vista aérea do Parque Estadual Massairo Okamura

Fonte: Google Earth, 2014

A escolha do Parque Urbano foi uma opção interessante, pois enfatiza a importância que

áreas verdes dentro da cidade exercem para a melhoria do microclima urbano e consequentemente,

no conforto térmico ambiental, já que a vegetação funciona como elemento amenizador da

poluição atmosférica e visual e também da temperatura do ar no microclima urbano.

3.2. MATERIAIS

Para a coleta de dados, foram utilizados três instrumentos:

a) Sensor do tipo Datalogger, marca ONSET

Esse Sensor do tipo Datalogger, marca ONSET, registrou a temperatura do ar e umidade

relativa do ar. Foi construído um abrigo no laboratório de instrumentação do Programa de Pós-

graduação em Física Ambiental/ UFMT utilizando um tubo de PVC branco para refletir a radiação.

O tubo foi perfurado para permitir a passagem de ar e, na parte superior do tubo, foi colocado um

funil branco para proteger o sensor da radiação solar direta e precipitações. Este sensor do tipo

Datalogger foi acoplado e protegido dentro desse abrigo adaptativo de PVC durante a coleta de

dados no transecto móvel e ficou localizado a uma altura aproximadamente a 1,50m do solo, Figura

8.

20

Figura 8 - Sensor do tipo Datalogger e Abrigo Adaptativo

Fonte: FRANCO (2010)

b) Termo-Higro-Anemômetro digital portátil, Modelo THAR - 185H, marca

Instrutherm

Esse instrumento mede a temperatura do ar, umidade relativa do ar e velocidade do ar,

Figura 9.

Figura 9 - Termo-higro-anemômetro

Fonte: FRANCO (2010)

c) Termômetro de Mira Laser, modelo TI-800, marca Instrutherm

Esse instrumento é utilizado para realizar a coleta dos dados da temperatura superfic ia l

em diferentes superfícies.

21

Figura 10 - Termômetro infravermelho

Fonte: FRANCO (2010)

3.3. MÉTODO

Foram feitas medições em dois horários do dia, sendo às 08h e às 14h, conforme indicação

da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), no período quente-úmido (de março e abril de

2015) e período quente-seco (maio, junho e julho de 2015) sendo por cinco dias consecutivos em

cada mês.

Para o levantamento das variáveis microclimáticas do Parque Massairo Okamura foram

utilizadas variáveis micrometeorológicas que pudessem mostrar a real situação térmica nesse

ambiente externo.

A metodologia utilizada foi o sistema de transecto móvel, realizado num tempo máximo

de até 1 hora, onde foram escolhidos pontos que mostram os diferentes tipos de revestimento do

solo, as áreas sombreadas e as desprotegidas, entre outras características. É um tipo de coleta de

dados que permite realizar medições de vários pontos e tipos de revestimentos do solo. Sendo

assim, estabeleceu-se 18 pontos com diferentes coberturas de solo, sendo o último ponto

coincidente ao ponto 1, ao longo de percurso definido em trilhas existentes no parque, Figura 11 e

Tabela 1.

22

Figura 11 - Pontos de medições no parque

23

Tabela 1 – Coordenadas dos Pontos Medidos, na área de estudo no parque Massairo Okamura

Número dos Pontos Latitude Longitude Altitude (m)

1 - 18 15°34’0,99” S 56°3’56,58” O 212,57

2 15°33’59,46” S 56°3’57,01” O 215,78

3 15°33’58,79” S 56°3’57,46” O 218,96

4 15°33’55,61” S 56°3’56,43” O 219,19

5 15°33’54,57” S 56°3’55,73” O 220,29

6 15°33’54,55” S 56°3’54,54” O 220,97

7 15°33’52,93” S 56°3’52,77” O 226,24

8 15°33’52,58” S 56°3’52,49” O 226,55

9 15°33’51,54” S 56°3’51,22” O 228,08

10 15°33’52,89” S 56°3’50,58” O 227,30

11 15°33’53,51” S 56°3’51,00” O 227,04

12 15°33’54,67” S 56°3’51,13” O 225,78

13 15°33’59,49” S 56°3’50,91” O 222,41

14 15°34’2,34” S 56°3’52,44” O 220,33

15 15°34’3,56” S 56°3’53,62” O 216,91

16 15°34’2,93” S 56°3’54,93” O 211,21

17 15°34’2,41” S 56°3’55,87” O 208,84

Em cada ponto do transecto móvel foram registradas in loco a temperatura superfic ia l

(°C), temperatura do ar (°C), umidade relativa do ar (%) e velocidade do vento (m/s) em diferentes

materiais que revestiam os pontos num raio de 30 cm.

Dessa forma a pesquisa vem a ser a avaliação dos dados coletados, buscando identifica r

situações distintas nesse microclima, identificando ilhas de calor e ilhas de frescor e justificando

essa avaliação através de bibliografia estudada, assim verificar as interferências das variáve is

microclimáticas para a melhoria do clima urbano na cidade de Cuiabá/ MT.

24

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste item serão apresentados os resultados das medições no período quente-seco e quente-

úmido das influências para as diferentes características quanto à cobertura do solo de maneira a

atender com uniformidade as diferenças de materiais, áreas sombreadas, áreas ao sol, áreas

permeáveis e as pavimentadas, opiniões dos usuários do parque e as variáveis termo-higrométricas.

4.1. TEMPERATURA SUPERFICIAL

A partir da análise da temperatura superficial dos revestimentos do solo nos pontos do

transecto, tornam-se nítidas as vantagens da cobertura vegetal. Foram analisados cinco tipos

diferentes de revestimentos: concreto, pedra, folha seca, terra e grama, sendo o concreto, terra e

grama elementos fixos e pedra e folhas secas elementos alteráveis.

Áreas em que o solo recebia algum tipo de sombreamento ou não possuía materiais

orgânicos (folhas e pedras) em sua composição apresentaram temperaturas mais favoráveis do que

outras áreas desprovidas de cobertura arbórea ou com revestimento em concreto. Nos pontos 8 e

14 (Figuras 12 e 13), que não possuíam sombreamento registrou-se as maiores médias de

temperatura. O mesmo ocorreu com o ponto 10 (Figura 14), que possuía apenas 25% de cobertura

arbórea. As menores temperaturas superficiais eram dos pontos 9 e 11 (Figura 15 e 16), que

possuíam 100% de cobertura arbórea, assim como o ponto 12, com 75% de sombreamento.

Figura 12 - Ponto número 08 - sem cobertura arbórea

25

Figura 13 - Ponto número 14 – sem cobertura arbórea

Figura 14 – Ponto número 10 - com apenas 25% de cobertura arbórea

Figura 15 – Ponto número 09 - com 100% de cobertura arbórea

26

Figura 16 - Ponto número 11 - com 100% de cobertura arbórea.

Nota-se que a temperatura superficial encontra-se mais elevada nos períodos vespertinos,

que já a superfície recebeu energia desde o nascer do sol até o horário de medição, compreendendo

um maior numero de horas, diferentemente do turno matutino, em que essa incidência ocorreu

durante um período de aproximadamente 2 horas.

Em relação aos meses do ano, é clara a diferença nas temperaturas referente aos meses

quente-úmido e quente-seco. Enquanto o mês de março (período quente-úmido) a temperatura se

mantém mais baixa, os meses de maio e junho (período quente-seco) a temperatura começa a se

elevar, até alcançar um pico de 56 ºC no mês de julho nos locais revestidos por concreto.

Para uma melhor visualização dos dados, as Figuras 17 a 20, a seguir, mostram a média

das temperaturas superficiais de todos os tipos de recobrimento de solo em relação aos pontos do

transecto, no período matutino e vespertino. Assim, é possível observar os picos de temperatura

nos pontos 8 e 14, em que não há sombreamento, e os locais em que a temperatura foi mais

agradável, com pouca ou nenhuma variação de temperatura são nos pontos 9 e 11, que possuíam

100% de cobertura arbórea.

A partir das Figuras a seguir, também é possível perceber o quanto aumentou

gradativamente a diferença de temperatura entre os períodos matutino e vespertino no decorrer dos

meses. Isso significa que a temperatura superficial aumentou proporcionalmente a queda de

umidade, pois nos meses quente-úmido a diferença de temperatura era menor do que nos meses

quente-seco.

A seguir são mostradas a relação existente entre a temperatura superficial e o tipo de

recobrimento de solo, em que é possível reafirmar os resultados apresentado no trabalho de

pesquisa realizado por Maciel (2011) sobre os materiais de cobertura do solo se comportarem de

maneira diferenciada à insolação, influenciando no microclima urbano.

27

Nota-se que o concreto foi o material que mais absorveu energia ao longo do dia, possuindo

uma grande diferença entre o período matutino e vespertino, diferentemente da terra, que pouco

alterou a temperatura superficial ao longo do dia.

Figura 17 - Média das temperaturas superficiais para cada tipo de revestimento do solo-

Março/2015

Figura 18- Média das temperaturas superficiais para cada tipo de revestimento do solo-julho/2015

Através das medições em meses consecutivos foi possível notar que a baixa umidade do

ar, responsável pelos meses do período quente-seco, associada à ausência de sombreamento em

determinados pontos, foram desfavoráveis ao microclima local. Assim, torna-se ainda mais clara

a importância do uso da vegetação como forma de amenizar o clima severo de Cuiabá e

proporcionar espaços de convívio para a população.

Cada ponto da pesquisa realizada no Parque Massairo Okamura.

27 27 27 27 2832 30 30 30 31

Concreto Pedra Terra Folha seca GramaTem

p.

Sup

. e

m º

C

Período matutino Período vespertino

25 24 26 26 28

37 35 36 37 39

Concreto Pedra Terra Folha seca Grama

Tem

p.

Sup

. e

m º

C

Período matutino Período vespertino

28

Ponto 1

Ponto 2

Figura 19 – Apresentação dos Pontos 1 e 2

29

Ponto 3

Ponto 4

Figura 20 – Apresentação dos Pontos 3 e 4.

30

Ponto 5

Ponto 6

Figura 21 – Apresentação dos Pontos 5 e 6

31

Ponto 7

Ponto 8

Figura 22 – Apresentação dos Pontos 7 e 8.

32

Ponto 9

Ponto 10

Figura 23 – Apresentação dos Pontos 9 e 10

33

Ponto 11

Ponto 12

Figura 24 – Apresentação dos Pontos 11 e 12

34

Ponto 13

Ponto 14

Figura 25 – Apresentação dos Pontos 13 e 14

35

Ponto 15

Ponto 16

Figura 26 – Apresentação dos Pontos 15 e 16

36

Ponto 17

Ponto 18 = 1

Figura 27 – Apresentação dos Pontos 17 e 18/ 1

37

Os pontos do transecto móvel são selecionados de acordo com os materiais de recobrimento

do solo que o compõe e a possibilidade de sombreamento arbóreo. Desta forma, foi analisada a

caracterização dos materiais que predominam em cada ponto dentro de um quadro com dimensões

laterais de 90 cm e apresentado a seguir.

Ponto 1-18 Ponto 2 Ponto 3

Ponto 4 Ponto 5 Ponto 6

Ponto 7 Ponto 8 Ponto 9

35,80%

9,87%

45,68%

8,64%

pedra folha seca

concreto terra

30,86%

9,87%44,44%

14,81%

pedra folha seca

concreto terra

28,40%

1,23%

49,91%

23,46%

pedra folha secaconcreto terra

22,22%

9,87%

55,55%

12,34%

pedra folha seca

1,23% 1,23%

61,73%

14,81%

21%

pedra folha secaconcreto terragrama

1,23%

45,69%

7,40%

45,69%

folha seca concreto

terra grama

59,26%

18,52%

22,22%

concreto terra grama

55,55%

2,47%

41,98%

concreto terra grama

39,50%60,50%

folha seca concreto

38

Ponto 10 Ponto 11 Ponto 12

Ponto 13 Ponto 14 Ponto 15

Ponto 16 Ponto 17

Figura 28 – Caracterização dos tipos de revestimentos dos pontos no transecto

Com base nos resultados obtidos, é possível perceber que os pontos que possuíam mais de

50% de recobrimento de solo em concreto, como o ponto 10 e o ponto 8, apresentavam

temperaturas superficiais mais elevadas do que os pontos que possuíam revestimentos sem

composição química (pontos 3 e 6), como terra e grama.

12,35%

65,43%

22,22%

pedra concreto grama

9,88%

33,33%

48,15%

8,64%

pedra folha seca

concreto terra

12,40%

21%

50,60%

16%

pedra folha seca

concreto terra

50,60%

12,40%

21,00%

16,00%

concreto pedra

folha seca terra

4,94% 1,23%

37,03

%

1,23%

55,55%

pedra folha secaconcreto terragrama

35,80%

30,90%

32,00%

1,30%

concreto Pedra

folha seca terra

35,80%

30,90%

32,00

%

1,30%

concreto Pedra

folha seca terra

16,05%

49,38%

34,57%

pedra folha seca concreto

39

Entretanto, no ponto 8, mesmo possuindo aproximadamente 42% de sua composição de

grama, o material não foi suficiente para amenizar a temperatura superficial, já que se trata de uma

área de exposição ao sol, sem nenhum tipo de sombreamento.

4.2. RESULTADOS DO FATOR DE VISÃO DO CÉU/ FVC

Neste item será apresentado o Fator de Visão do Céu/ FVC para cada ponto do transecto

móvel e assim fica possível observar através dos dados da Tabela 2 a seguir qual local apresentou

maior e menor índice do FVC, porcentagem da temperatura superficial, presença de sombreamento

pela manhã (8 horas) e tarde (14 horas).

Tabela 2 – Fator de Visão do Céu/ FVC e a Taxa de Sombreamento/ TSto para os pontos do transecto móvel

Imagens Pontos FVC TSto (% ) Manhã Tarde

1 - 18

0,345

65,50

Incidência solar

Sombra parcial

2

0,324

67,60

Sombra parcial

Sombra parcial

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

40

3

0,402

59,80

Sombra parcial

Sombra parcial

4

0,384

61,60

Incidência solar

Sombra parcial

5

0,800

20,00

Incidência solar

Incidência solar

Imagens Pontos FVC TSto (% ) Manhã Tarde

6

0,590

41,00

Sombra parcial

Incidência solar

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

41

7

0,120

88,00

Sombra parcial

Sombra parcial

8

0,975

2,50

Incidência solar

Incidência solar

9

0,210

79,00

Sombra parcial

Sombra parcial

Imagens Pontos FVC TSto (% ) Manhã Tarde

10

0,315

68,50

Sombra parcial

Sombra parcial

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

42

11

0,150

85,00

Sombra parcial

Sombra parcial

12

0,092

90,80

Sombra parcial

Sombra parcial

13

0,098

90,20

Sombra parcial

Sombra parcial

14

0,516

48,40

Incidência solar

Sombra parcial

Imagens Pontos FVC TSto (% ) Manhã Tarde

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

43

15

0,358

64,20

Sombra parcial

Sombra parcial

16

0,238

76,20

Sombra parcial

Sombra parcial

17

0,127

87,30

Sombra parcial

Sombra parcial

Para o período quente-seco os valores do FVC foram registrados para cada ponto e foi

possível registrar que o menor valor encontrado foi de 0,092 no ponto 12 com sombra parcial tanto

pela manhã como pela tarde e o maior valor foi de 0,975 no ponto 8 e tanto pela manhã como pela

tarde teve a presença da incidência solar.

Para o TSto (%) foi encontrado o valor de 90,80 para o ponto 12 e o valor de 2,50 para o

ponto 8.

Já para o ponto 13 o FVC registrado foi de 0,098 considerado o segundo menor valor

registrado e o TSto (%) foi de 90,20 também considerado o segundo maior valor registrado isso se

deve a presença de um muro de alvenaria.

Nesses valores apresentados acima na Tabela 2 vem corroborar com os valores registrados

para a temperatura superficial, temperatura do ar, umidade relativa do ar, mostrando a influênc ia

da presença de vegetações para amenizar as variáveis microclimáticas do local. Deve-se ressaltar

que para o período quente-úmido não foram registrados as variáveis FVC e TSto (%).

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

80

70

60

50

40

30

20

10

N

W

S

E

© 1999 - 2010 Ray Man Pro 2.1

44

4.3. AVALIAÇÃO QUALITATIVA NO PARQUE MASSAIRO OKAMURA

As questões apresentadas a seguir referem-se ao questionário aplicado aos usuários do

Parque Massairo Okamura, durante os meses de março (quente-úmido) a maio, junho e julho

(quente-seco) de 2015, em dois horários distintos, às 8h e às 14h. As respostas dos entrevistados

são apresentadas em forma de gráficos e tabelas, abaixo da respectiva pergunta.

Tabela 3 – Resultados dos questionários de percepção e preferência de sensação térmica aplicado

nos levantamentos

1. Neste exato momento, você está sentindo:

( -2 ) muito frio ( -1 ) frio ( 0 ) nem frio nem calor ( 1 ) calor ( 2 ) muito calor

8 h

14 h

Pergunta 1 Total

muito frio (-2)

frio (-1)

nem frio nem calor (0) 14

calor (1) 72

muito calor (2) 14

Pergunta 1 Total

muito frio (-2)

frio (-1)

nem frio nem calor (0)

calor (1) 75

muito calor (2) 25

2. Neste exato momento, com relação às condições climáticas, você está:

( 2 ) confortável ( 1 ) pouco confortável ( 0 ) neutro ( -1 ) pouco desconfortável ( -2 ) desconfortável

8 h

14 h

Pergunta 2 Total

confortável (2) 21

pouco confortável (1) 28

Pergunta 2 Total

confortável (2)

pouco confortável (1)

45

neutro (0) 14

pouco desconfortável (-1) 37

desconfortável (-2)

neutro (0)

pouco desconfortável (-1) 25

desconfortável (-2) 75

3. Neste exato momento, você preferiria estar sentindo:

( -2 ) muito mais frio ( -1 ) um pouco mais de frio ( 0 ) sem mudanças ( 1 ) um pouco mais de calor ( 2 )muito mais calor

8 h

14 h

Pergunta 3 Total

muito mais frio (-2) 14

um pouco mais de frio (-1) 50

sem mudanças (0) 36

um pouco mais de calor (1)

muito mais calor(2)

Pergunta 3 Total

muito mais frio (-2) 25

um pouco mais de frio (-1) 75

sem mudanças (0)

um pouco mais de calor (1)

muito mais calor(2)

46

4. Neste exato momento, em relação às condições climáticas, como esta neste local é:

( 2 )tolerável ( 1 )pouco tolerável ( 0 ) neutro ( -1 )pouco intolerável ( -2 )intolerável

8 h

14 h

Pergunta 4 Total

Tolerável (2) 43

pouco tolerável (1) 36

neutro (0) 7

pouco intolerável (-1) 14

intolerável (-2)

Pergunta 4 Total

Tolerável (2) 75

pouco tolerável (1)

neutro (0)

pouco intolerável (-1)

intolerável (-2) 25

5. Em relação à temperatura do ar, você preferiria que estivesse:

( -1 ) mais baixa ( 0 ) como está ( 1 ) mais alta ( NS ) não sei

8 h

14 h

Pergunta 5 Total

mais baixa (-1) 72

como está (0) 28

mais alta (1)

não sei (NS)

Pergunta 5 Total

mais baixa (-1) 75

como está (0)

mais alta (1)

não sei (NS) 25

47

6. Em relação à umidade do ar, você preferiria que o ar estivesse:

( -1 ) mais seco ( 0 ) como está ( 1 ) mais úmido ( NS ) não sei

8 h

14 h

Pergunta 6 Total

mais seco (-1) 28

como está (0) 50

mais úmido (1) 22

não sei (NS)

Pergunta 6 Total

mais seco (-1) 33,3

como está (0) 33,3

mais úmido (1)

não sei (NS) 33,3

7. Em relação ao vento, você preferiria que esse estivesse:

( -1 ) mais fraco ( 0) como está ( 1 ) mais forte ( NS ) não sei

8 h

14 h

Pergunta 7 Total

mais fraco (-1)

como está (0) 7

mais forte (1) 93

não sei (NS)

Pergunta 7 Total

mais fraco (-1)

como está (0)

mais forte (1) 100

não sei (NS)

48

8. Em relação à radiação solar, você preferiria que essa estivesse:

( -1 ) mais branda ( 0 ) como está ( 1 ) mais intensa ( NS ) não sei

8 h

14 h

Pergunta 8 Total

mais branda (-1) 73

como está (0) 27

mais intensa (1)

não sei (NS)

Pergunta 8 Total

mais branda (-1) 100

como está (0)

mais intensa (1)

não sei (NS)

É notável que as condições térmicas no local se tornam menos confortáveis no período da

tarde. A radiação solar apresenta-se mais intensa no parque, as sombras, quando existentes às 14h,

não trazem o alívio do calor como pela manhã, o ar fica mais seco, dentre outros fatores que ficam

claros a partir da análise das respostas dadas ao questionário.

Os fatores mais críticos, de acordo com estudo dos dados obtidos com o transecto e

comprovados pelo questionário, são a radiação solar muito intensa e a questão dos ventos, que são

muito fracos neste local da cidade. Em ambas as perguntas (relacionadas ao vento e à radiação)

100% dos entrevistados demonstraram vontade de ventos mais fortes e radiação solar mais branda

no horário das 14h e a maioria deu as mesmas respostas às 8h.

A umidade relativa do ar também é um fator preocupante na cidade de Cuiabá, pois em boa

parte do ano apresenta valores abaixo dos recomendados. Porém, neste caso da região do Parque

Massairo Okamura, a questão da umidade do ar não incomoda tanto os usuários, de acordo com

os dados do questionário. Este fato se deve pela grande massa verde, que faz com que aquele

ambiente seja mais agradável nesse quesito, principalmente no período da manhã.

Pode-se afirmar que, de um modo geral, todos os usuários do parque que foram

entrevistados sentiam algum tipo de desconforto quanto às condições atuais. Reforçando, assim, a

necessidade de estudos como este para que seja possível prover à população melhorias climáticas

também em ambientes externos. Estes dados comprovam também o quanto áreas verdes são

imprescindíveis em malhas urbanas para gerar um clima mais ameno e proporcionar melhores

condições de utilização de parques e áreas públicas pela população.

49

4.2. VARIAVEIS MICROCLIMÁTICAS NO PERÍODO QUENTE-SECO E QUENTE-

ÚMIDO

De acordo com os dados coletados nas medições do período quente-seco e quente-úmido,

foi possível realizar os registros dos picos entre os períodos e horários (08h e 14h) coletados no

Parque Massairo Okamura. A partir dessas variáveis foi possível identificar os pontos com maiores

e menores variáveis microclimáticas da área estudada. A seguir serão apresentados os resultados

dos dados de temperatura do ar e umidade relativa do ar.

Tabela 4 – Resultados das médias referentes às medições de temperatura (°C) e umidade relativa

do ar (%) para os dias: 24/03/2015, 25/03/2015, 30/03/2015 e 31/03/2015, referente ao período quente-úmido

Pontos Horário

08h

Média

Temperatura

do Ar

(°C)

Média

Umidade

Relativa do

Ar (% )

1 08:02 27,55 72,17

2 08:03 27,48 75,48

3 08:04 27,49 77,05

4 08:06 27,41 77,68

5 08:07 27,35 77,53

6 08:09 27,28 77,10

7 08:11 27,34 76,51

8 08:12 27,45 77,08

9 08:13 27,53 77,74

1 08:14 27,74 76,87

11 08:15 27,91 76,00

12 08:16 28,11 76,10

13 08:19 28,21 75,90

14 08:22 28,19 75,91

15 08:23 28,15 76,72

16 08:24 28,05 77,84

17 08:25 27,97 77,43

18 = P1 08:27 27,85 78,31

Horário

13 h

Média

Temperatura

do Ar

(°C)

Média

Umidade

Relativa do

Ar (% )

13:55 29,62 70,11

13:57 29,66 71,43

13:58 29,58 71,50

14:00 29,54 71,53

14:02 29,54 72,23

14:03 29,67 72,50

14:05 29,97 71,08

14:06 30,02 71,36

14:08 30,07 71,59

14:09 30,30 70,52

14:10 30,38 69,88

14:11 30,41 70,37

14:14 30,22 70,62

14:16 30,04 71,49

14:18 29,89 72,95

14:20 29,75 74,63

14:21 29,65 75,14

14:23 29,50 77,11

No período matutino (8h) o ponto de maior temperatura do ar foi o ponto 13, com média

de 28,21°C no período quente-úmido, o ponto de menor temperatura do ar foi no ponto 6, com

média de 27,28°C. Para a umidade relativa do ar o menor valor encontrado foi no ponto 1, com

média de 72,17% e o maior valor encontrado foi no ponto 18/ 1, com média de 78,31%, Tabela 4.

50

No período vespertino (13h-14h) o ponto de maior temperatura do ar foi o ponto 12, com

média de 30,41°C no período quente-úmido, o ponto de menor temperatura do ar foi no ponto 18/

1, com média de 29,50°C. Para a umidade relativa do ar o menor valor encontrado foi no ponto

11, com média de 69,88% e o maior valor encontrado foi no ponto 18/ 1, com média de 77,11%,

Tabela 4 e representado nas Figuras 31 e 32.

Horas

Figura 29 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar às 08h no período quente –úmido, março/2015

Figura 30 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar às 14h no período quente –úmido,

março/2015

69

70

71

72

73

74

75

76

77

78

79

26,8

27

27,2

27,4

27,6

27,8

28

28,2

28,4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Média Temperatura do Ar (ºC) Média Umidade Relativa do Ar (%)

66

68

70

72

74

76

78

29

29,2

29,4

29,6

29,8

30

30,2

30,4

30,6

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Média Temperatura do Ar (°C) Média Umidade Relativa do Ar (%)

51

Tabela 5 – Resultados das maiores e menores médias de temperatura do ar (°C) e umidade relativa

do ar (%) ao longo do transecto móvel no período quente-úmido março/2015

TEMPERATURA (°C)

PERÍODO QUENTE-UMIDO

Horário Ponto Maior Ponto Menor

08 13 28,21 6 27,28

14h 12 30,41 18/ 1 29,50

UMIDADE RELATIVA DO AR (%)

PERÍODO QUENTE-ÚMIDO

Horário Ponto Maior Ponto Menor

08 18/ 1 78,31 18/ 1 72,17

14 18/ 1 77,11 11 69,88

Na Tabela 5, os resultados do transecto móvel para temperatura do ar e umidade relativa

do ar medidos atraés de um sensor datalloger, modelo U12, da marca ONSET foram registradas

para os ponto 13 e 12 as maior temperaturas no período matutino nos pontos 6 e 18/ 1 as menores

temperaturas do período vespertino no mês de março que encontra-se no período quente-úmido.

Nesse ponto 13 encontra-se um paredão de alvenaria e do outro lado desse paredão encontra-se

uma rua e ponto de estacionamento de veículos também existe a presença de vegetação. No ponto

18/ 1 também foram registradas as maiores umidades no período matutino e vespertino.

52

Tabela 6 – Resultados das médias referentes às medições de temperatura (°C) e umidade relativa

do ar (%) para os dias: 20/05/2015 e 27/05/2015, referente ao período quente-seco

Pontos

Horário

08h

Média

Temperatura

do Ar

(°C)

Média

Umidade

Relativa

do Ar (%)

1 08:03 27,5 55,1

2 08:06 27,1 60,2

3 08:07 27,0 71,2

4 08:09 26,6 74,9

5 08:11 26,3 75,6

6 08:12 26,2 75,0

7 08:13 26,1 75,0

8 08:14 26,0 75,6

9 08:15 26,0 75,8

10 08:16 26,0 76,7

11 08:17 26,1 76,2

12 08:18 26,2 76,6

13 08:20 26,4 76,6

14 08:22 26,5 76,7

15 08:24 26,6 77,8

16 08:25 26,6 77,7

17 08:26 26,5 78,2

18/ 1 08:27 26,5 78,5

Horário

14 h

Média

Temperatura

do Ar

(°C)

Média

Umidade

Relativa

do Ar (%)

14:01 31,9 45,3

14:03 32,5 51,3

14:04 32,7 52,8

14:06 32,8 54,6

14:07 32,7 54,3

14:08 32,7 53,0

14:09 32,7 52,4

14:10 32,6 51,1

14:11 32,5 51,8

14:12 32,4 52,1

14:13 32,3 54,4

14:14 32,2 53,3

14:17 32,1 54,2

14:19 31,7 56,8

14:20 31,4 58,9

14:21 31,2 59,5

14:23 31,0 61,1

14:24 31,0 60,3

No período matutino (8h) o ponto de maior temperatura do ar foi o ponto 1, com média de

27,5°C no período quente-seco, o ponto de menor temperatura do ar foram nos pontos 8, 9 e 10,

com média de 26,0 °C. Para a umidade relativa do ar o menor valor encontrado foi no ponto 1,

com média de 55,1% e o maior valor encontrado foi no ponto 18, com média de 78,5%.

No período vespertino (14h) o ponto de maior temperatura do ar foi o ponto 4, com média

de 32,8°C no período quente-seco, o ponto de menor temperatura do ar foram nos pontos 17 e 18,

com média de 31,0 °C. Para a umidade relativa do ar o menor valor encontrado foi no ponto 1,

com média de 45,3% e o maior valor encontrado foi no ponto 17, com média de 61,1%, Tabela 6

e representado nas Figuras 33 e 34.

53

Figura 31 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar às 08h no período quente – seco,

maio/2015

Figura 32 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar às 14h no período quente – seco,

maio/2015

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

25

25,5

26

26,5

27

27,5

28

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Média Temperatura do Ar (ºC) Média Umidade Relativa do Ar (%)

0

10

20

30

40

50

60

70

30

30,5

31

31,5

32

32,5

33

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Média Temperatura do Ar (°C) Média Umidade Relativa do Ar (%)

54

Tabela 7 – Resultados das maiores e menores médias de temperatura do ar (°C) e umidade relativa

do ar (%) ao longo do transecto móvel no período quente-seco para o mês de maio/ 2015

TEMPERATURA (°C)

PERÍODO QUENTE-SECO

Horário Ponto Maior Ponto Menor

08 1 27,5 8, 9 e 10 26,0

14h 4 32,8 17 e 18 31,0

UMIDADE RELATIVA DO AR (%)

PERÍODO QUENTE-SECO

Horário Ponto Maior Ponto Menor

08 18 78,5 1 55,1

14 17 61,1 1 45,3

Na Tabela 7, os resultados do transecto móvel para temperatura do ar e umidade relativa

do ar medidos através de um sensor datalloger, modelo U12, da marca ONSET foram registradas

para os ponto 1 e 4 as maior temperaturas no período matutino e vespertino no mês de maio que

encontra-se no período quente-seco. Nos pontos 18 e 17 também foram registradas as maiores

umidades no período matutino e vespertino isso se deve apresença de sombreamentos e proximo

de corrégo no ponto 17.

55

Tabela 8 – Resultados das médias referentes às medições de temperatura (°C) e umidade relativa

do ar (%) para os dias: 26/06/2015 e 29/06/2015, referente ao período quente-seco

Pontos Horário

08h

Média

Temperatura

do Ar

(°C)

Média

Umidade

Relativa do Ar

(% )

1 08:09 24,0 67,3

2 08:10 24,2 67,2

3 08:12 24,3 64,9

4 08:13 24,4 65,2

5 08:14 24,5 64,2

6 08:15 24,7 63,3

7 08:16 24,8 63,5

8 08:17 24,9 63,2

9 08:18 25,1 63,4

10 08:20 25,3 62,8

11 08:21 25,5 62,5

12 08:22 25,6 61,7

13 08:24 25,7 61,6

14 08:26 25,9 62,0

15 08:27 25,9 62,0

16 08:28 25,9 62,2

17 08:29 25,8 63,7

18/ 1 08:30 25,7 64,2

Horário

14 h

Média

Temperatura

do Ar

(°C)

Média

Umidade

Relativa do Ar

(% )

14:10 30,0 67,3

14:18 31,3 67,2

14:19 31,5 64,9

14:22 31,7 65,2

14:25 32,0 64,2

14:26 32,3 63,3

14:29 32,7 63,5

14:30 32,7 63,2

14:32 32,8 63,4

14:35 33,0 62,8

14:38 32,9 62,5

14:40 32,8 61,7

14:43 32,6 61,6

14:46 32,4 62,0

14:49 32,7 62,0

14:51 32,8 62,2

14:53 32,8 63,7

14:56 32,6 64,2

No período matutino (8h) o ponto de maior temperatura do ar foram os pontos 14, 15 e 16,

com média de 25,9°C no período quente-seco, o ponto de menor temperatura do ar foi no ponto 1,

com média de 24,0 °C. Para a umidade relativa do ar o menor valor encontrado foi no ponto 13,

com média de 61,6% e o maior valor encontrado foi no ponto 1, com média de 67,3%.

No período vespertino (14h) o ponto de maior temperatura do ar foi o ponto 10, com média

de 33,0°C no período quente-seco, o ponto de menor temperatura do ar foi no ponto 1, com média

de 30,0 °C. Para a umidade relativa do ar o menor valor encontrado foi no ponto 12, com média

de 61,7% e o maior valor encontrado foi no ponto 1, com média de 67,3%, Tabela 8 e representado

nas Figuras 35 e 36.

56

Figura 33 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar às 08h no período quente – seco,

junho/2015

Figura 34 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar às 14h no período quente – seco,

junho/2015

58

59

60

61

62

63

64

65

66

67

68

23

23,5

24

24,5

25

25,5

26

26,5

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Média Temperatura do Ar (ºC) Média Umidade Relativa do Ar (%)

58

59

60

61

62

63

64

65

66

67

68

28,5

29

29,5

30

30,5

31

31,5

32

32,5

33

33,5

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Média Temperatura do Ar (°C) Média Umidade Relativa do Ar (%)

57

Tabela 9 – Resultados das maiores e menores médias de temperatura do ar (°C) e umidade relativa

do ar (%) ao longo do transecto móvel no período quente-seco para o mês de junho/ 2015.

TEMPERATURA (°C)

PERÍODO QUENTE-SECO

Horário Ponto Maior Ponto Menor

08 14,15 e 16 25,9 1 24,0

14h 10 33,0 1 30,0

UMIDADE RELATIVA DO AR (%)

PERÍODO QUENTE-SECO

Horário Ponto Maior Ponto Menor

08 1 67,3 13 61,6

14 1 67,3 12 61,7

Na Tabela 9, os resultados do transecto móvel para temperatura do ar e umidade relativa

do ar medidos através de um sensor datalloger, modelo U12, da marca ONSET foram registradas

para os ponto 14, 15 e 16 as maior temperaturas no período matutino e vespertino no mês de junho

que encontra-se no período quente-seco todos os três pontos apresentam sombramento parcial nos

dois períodos e incidencia solar em ambos os períodos para o ponto 14 pela manhã. No ponto 1

também foi registrada a maior umidade no período matutino e vespertino.

58

Tabela 10 – Resultados das médias referentes às medições de temperatura (°C) e umidade relativa

do ar (%) para os dias: 28/07/2015, 29/07/2015 e 30/07/2015, referente ao período quente-seco

Pontos

Horário

08h

Média

Temperatura

do Ar

(°C)

Média

Umidade

Relativa do Ar

(% )

1 08:11 25,4 59,1

2 08:13 25,3 57,8

3 08:14 25,4 56,6

4 08:16 25,4 55,6

5 08:18 25,5 55,2

6 08:19 25,6 54,7

7 08:21 25,8 54,2

8 08:22 25,9 54,4

9 08:23 26,1 53,8

10 08:25 26,2 53,8

11 08:37 26,6 54,4

12 08:38 26,7 55,7

13 08:41 26,6 56,4

14 08:43 26,6 55,6

15 08:49 26,6 55,0

16 08:52 26,6 56,9

17 08:54 26,6 58,1

18/ 1 08:57 26,6 59,5

Horário

14 h

Média

Temperatura do

Ar

(°C)

Média

Umidade

Relativa do Ar

(% )

14:21 33,9 54,8

14:22 33,8 53,2

14:23 33,7 53,8

14:25 32,6 52,9

14:26 32,7 52,4

14:27 33,2 52,6

14:29 32,9 52,9

14:30 33,0 52,9

14:31 33,3 52,7

14:32 33,4 53,2

14:33 33,2 53,2

14:34 33,3 53,1

14:36 33,1 53,2

14:37 33,2 55,9

14:39 33,1 55,8

14:40 32,7 54,8

14:41 32,8 54,0

14:42 32,9 56,0

No período matutino (8h) o ponto de maior temperatura do ar foram os pontos 12, com

média de 26,7°C no período quente-seco, o ponto de menor temperatura do ar foi no ponto 2, com

média de 25,3 °C. Para a umidade relativa do ar o menor valor encontrado foram nos pontos 9 e

10, com média de 53,8% e o maior valor encontrado foi no ponto 1, com média de 67,3.

No período vespertino (14h) o ponto de maior temperatura do ar foi o ponto 1, com média

de 33,9°C no período quente-seco, o ponto de menor temperatura do ar foi no ponto 4, com média

de 32,6 °C. Para a umidade relativa do ar o menor valor encontrado foi no ponto 5, com média de

52,4% e o maior valor encontrado foi no ponto 18, com média de 56,0%, Tabela 10 e representado

nas Figuras 37 e 38.

59

Figura 35 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar às 08h no período quente – seco,

julho/2015

Figura 36 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar às 14h no período quente – seco, julho/2015

50

51

52

53

54

55

56

57

58

59

60

24,5

25

25,5

26

26,5

27

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Média Temperatura do Ar (ºC) Média Umidade Relativa do Ar (%)

50

51

52

53

54

55

56

57

31,5

32

32,5

33

33,5

34

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Média Temperatura do Ar (°C) Média Umidade Relativa do Ar (%)

60

Tabela 11 – Resultados das maiores e menores médias de temperatura do ar (°C) e umidade

relativa do ar (%) ao longo do transecto móvel no período quente-seco para o mês de julho/ 2015

TEMPERATURA (°C)

PERÍODO QUENTE-SECO

Horário Ponto Maior Ponto Menor

08 12 26,7 2 25,3

14h 1 33,9 4 32,6

UMIDADE RELATIVA DO AR (%)

PERÍODO QUENTE-SECO

Horário Ponto Maior Ponto Menor

08 1 67,3 9 e 10 53,8

14 18 56,0 5 52,4

Na Tabela 11, os resultados do transecto móvel para temperatura do ar e umidade relativa

do ar medidos através de um sensor datalloger, modelo U12, da marca ONSET foram registradas

para os ponto 12 e 1 as maior temperaturas no período matutino e vespertino no mês de julho que

encontra-se no período quente-seco todos os dois pontos apresentam incidencia solar pela manhã

e o ponto 12 sombramento parcial em ambos os períodos. No ponto 8 e 14 também foi registrada

as maiores umidades no período matutino e vespertino.

Portanto após essas análises pretente construir um mapa térmico do Parque massairo

Okamura para melhor visualização das interferências microclimáticas.

61

4.3. ANÁLISE ESTATÍSTICA

A seguir serão apresentados os resultados estatísticos dos diversos tipos de revestimento

do solo no Parque Massairo Okamura onde as coletas dos dados foram realizadas nos períodos

quente-seco e quente-úmido.

Figura 36 – Análise dos meses quente-seco e quente-úmido e os diversos tipos de revestimentos do solo

No horário das 08h, Figura 39 A, para o período quente-úmido o maior valor encontrado

foi o revestimento com grama para temperatura superficial e o menor valor encontrado foi para o

revestimento do tipo pedra. Para o período quente-seco o maior valor encontrado foi o

revestimento com grama para temperatura superficial e o menor valor encontrado no mês de maio

62

foi terra e nos meses de junho e julho o maior valor encontrado foi grama e foi pedra na cor branca

com cinza (pedra cristal) o menor valor encontrado.

No horário das 14h, Figura 39 B, para o período quente-úmido o maior valor encontrado

foi o revestimento com concreto para temperatura superficial e o menor valor encontrado foi para

o revestimento do tipo terra. Para o período quente-seco o maior valor encontrado foi o

revestimento com concreto para temperatura superficial e o menor valor encontrado no mês de

maio foi terra e nos meses de junho e julho o maior valor encontrado foi grama e foi pedra na cor

branca com cinza (pedra cristal) o menor valor encotrado.

Figura 37 – Análise dos meses quente-seco e quente-úmido e as variáveis microclimáticas de

temperatura do ar e umidade relativa do ar

Quando foi realizada a análise por período quente-seco e quente-úmido foi verificado que

para temperatura do ar, figura 40 A, no período matutino apresentou menores valores e para o

período vespertino maior valores confirmando as informações bibliográficas. Para a umidade

63

relativa do ar, figura 40 B, também confirma o que a bibliografia recomenda que quando a

temperatura esta elevada a umidade diminui e quando a temperatura esta baixa a umidade aumenta.

Isso foi observado para os períodos quente-seco e quente-úmido.

64

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo realizado no parque Massairo Okamura mostrou implicações que possibilitaram

sua caracterização em relação ao conforto térmico dos pedestres. A partir dessa pesquisa,

analisamos as relações entre o ambiente e seus diferentes tipos de recobrimento de solo, varáveis

climáticas de temperatura e umidade, velocidade do ar e temperatura superficial.

Com base nos resultados obtidos, observou-se a importância de áreas verdes com cobertura

arbórea, que possuíam valores de temperatura superficial mais baixo em relação aos sítios sem

esta cobertura. O mesmo ocorre com o tipo de revestimento de solo, que interfere diretamente no

conforto térmico: áreas com recobrimento de terra pouco variou sua temperatura superficial ao

longo do dia, diferentemente do concreto, que sofreu um ríspido aumento de temperatura no

período vespertino com relação ao período matutino do mesmo dia.

Analisando o comportamento termo-higrométrico pelos dois períodos estudados, constata-

se a tendência de variação já registradas em outros trabalhos, como temperaturas altas o ano todo,

a diferença nas médias de temperatura e umidade que são determinadas pelas características

climatológicas de cada período, onde constatou-se que o período quente-úmido interfere mais na

temperatura, que o período quente-seco, que e o mais adequadas para determinação de estudos de

anomalias climáticas, pois apresentam menor influência da umidade na regulação da temperatura.

Sendo assim, percebe-se que a influência sem discriminação do homem no espaço urbano

é uma das principais causas do aumento da temperatura. A pavimentação asfáltica junto a grande

quantidade de obras sem a preocupação com espaços verdes interfere diretamente no microclima

urbano. Com isso, a vegetação é capaz de controlar a radiação solar e aumentar a umidade do ar e

a sua substituição por concreto e asfalto provoca o aumento das ilhas de calor e inversão térmica,

prejudicando consideravelmente a qualidade de vida da população.

Diante dos dados coletados, das análises dos mesmos e das conclusões finais, tem-se a

indicação que a arborização contribui de forma significativa na melhoria do conforto térmico de

ambientes urbano, onde todos os pontos que foram registrados as máximas, eram pontos

desprovidos de arborização, ou a arborização não era suficiente para atenuar a radiação solar

incidente realizada no local, e através dessa constatação a arborização tem papel fundamental na

redução das temperaturas.

Outros elementos também interferem na qualidade térmica dos espaços, como a presença

de áreas permeáveis, tipologia das edificações e materiais construtivos. Como foi identificado na

65

análise dos dados, há uma “ilha de calor” no parque justamente nas proximidades de edificações e

materiais construtivos diversos (concreto e alvenaria).

Diante disso, evidencia-se a necessidade de planejamento do uso e ocupação do solo e da

implantação de cada vez mais vegetação no meio urbano, para melhorar a qualidade de vida, evitar

a formação de fenômenos microclimáticos como as “ilhas de calor”, qualidade estética da

paisagem, entre outras melhorias. Assim evidencia-se a importância da implantação de parques

urbanos em locais de clima semelhantes ao de Cuiabá, para conscientizar da relevância e

necessidade dos espaços verdes e bem arborizados na obtenção de melhores condições térmicas

favoráveis ao conforto e bem-estar da população e da cidade.

66

6. BIBLIOGRAFIAS

6.1. BIBLIOGRAFIAS CITADAS

ALVES, E. D. L. Caracterização Microclimática do Campus de Cuiabá da Universidade

Federal de Mato Grosso. Cuiabá, 2010. 91 f. Dissertação (Mestrado em Física Ambiental) -

Instituto de Física, Universidade Federal de Mato Grosso.

BARROS, M. P. Estudo microclimático e topofílico no Parque Mãe Bonifácia da Cidade de

Cuiabá – MT. 2009. 147 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso,

Instituto de Física, Pós-Graduação em Física Ambiental, 2009.

BOVO, M. C. & AMORIM, M. C. de C. T. Análise e diagnóstico dos parques urbanos em

Maringá (PR) Brasil. Geo UERJ - Ano 13, nº. 22, v. 2, p. 323-349 - ISSN 1981-9021, 2011

BRANCO, K. G. C., ZANELLA, M. E.; SALES, M. C. L. O clima em áreas verdes intra-

urbanas de Fortaleza. Revista GEONORTE, Edição Especial 2, V.2, N.5, p.443 – 454, 2012.

BUENO, C. L. Estudo da atenuação da radiação solar incidente por diferentes espécies

arbóreas. Universidade Estadual de Campinas, Dissertação de Mestrado,

COLTRI, P. P. Influência do uso e cobertura do solo no clima de Piracicaba, São Paulo:

análise de séries históricas, ilhas de calor e técnicas de sensoriamento remoto. 2006. 166f.

Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

COX, E. P. Interação entre clima e superfície urbanizada: O caso da cidade de Várzea

Grande/MT. 2008. 157 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso,

Instituto de Física, Pós-Graduação em Física Ambiental, 2008.

CUIABÁ, PREFEITURA MUNICIPAL DE. Parque Massairo Okamura. Disponível em:

www.camaracba.mt.gov.br. Acesso: 06 de agosto de 2015.

Faculdade de Engenharia Civil, 1998.

67

FRANCO, F. M. Análise do comportamento termohigrométrico urbano sob a ótica do uso e

ocupação do solo em Cuiabá – MT. 2013, 142 f. Tese (Doutorado em Física Ambiental) –

Instituto de Física, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2013.

GARCÍA, S.; GUERRERO, M. Indicadores de sustentabilidad ambiental en la gestión de

espacios verdes. Parque urbano Monte Calvario. Tandil, Argentina, 2006. Revista de Geografía

Norte Grande, 2006, Nº 35, p. 45-57

GARTLAND, L. Ilhas de calor: como mitigar zonas de calor em áreas urbanas . Tradução: 1.

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Hucitec, 244p.1985.

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comportamento de variáveis microclimáticas: estudo de caso em Cuiabá-MT. 2011. 127 f.

Dissertação (Mestrado em Física Ambiental) – Instituto de Física, Universidade Federal de Mato

Grosso, Cuiabá, 2011.

NINCE, P. C. C. Vegetação e revestimentos urbanos: Implicações na sensação térmica dos

usuários do Campus da UFMT em Cuiabá-MT 2013. 108f. Tese (Doutorado), Instituto de

Física, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2013.

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OLIVEIRA, A. S. Influência da vegetação arbórea no microclima e uso de praças públicas.

Cuiabá, 2011. 146f. Tese (Doutorado) - Programa de Pósgraduação em Física Ambiental,

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condicionamento térmico dos edifícios na cidade de Cuiabá, MT. 2009. 145f. Dissertação

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ZANIN, E. M. Caracterização ambiental de um parque urbano. Erechim, Rio Grande do Sul.

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69

6.2. BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS

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