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Universidade
Estadual de
Londrina
VIVIANE MASSUMI OKAMURA
PEDAGOGIA HOSPITALAR: O PAPEL DO PROFESSOR NO AMBIENTE HOSPITALAR
LONDRINA 2009
VIVIANE MASSUMI OKAMURA
PEDAGOGIA HOSPITALAR: O PAPEL DO PROFESSOR NO AMBIENTE HOSPITALAR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. Orientador(a): Profa Dra Cleide Vitor Mussini Batista
LONDRINA 2009
VIVIANE MASSUMI OKAMURA
PEDAGOGIA HOSPITALAR: O PAPEL DO PROFESSOR NO AMBIENTE HOSPITALAR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina.
COMISSÃO EXAMINADORA
____________________________________ Prof. Orientador
Universidade Estadual de Londrina
____________________________________ Prof. Componente da Banca
Universidade Estadual de Londrina
____________________________________ Prof. Componente da Banca
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, _____de ___________de ___
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Dominó de Letras................................................................................................ 44
Figura 2 – Brincando com “Dominó de Letras”................................................................... 45
Figura 3 – Jogo de “Bingo de Letras”....................................................................... 49
Figura 4 – As crianças jogando o “Bingo de Letras”................................................50
Figura 5 – Pintura a dedo de desenhos diversificados (após o bingo de letras) .....51
Figura 6 – Mural do Meio Ambiente, folhetos e desenhos realizados pelas
crianças..................................................................................................................... 55
Figura 7 – A realização das atividades sobre o Meio Ambiente............................... 56
Figura 8 – Crianças brincando e recontando a história “Adivinha o quanto eu te
amo”.......................................................................................................................... 59
OKAMURA, Viviane Massumi. Pedagogia Hospitalar: o papel do professor no ambiente hospitalar. 2009. 64 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2009.
RESUMO O objetivo deste trabalho é refletir sobre a importância da educação em contexto hospitalar, visando discutir e analisar o papel do professor neste contexto. Com base na escuta pedagógica desempenhada com as crianças e com as pesquisas bibliográficas realizadas, pode-se analisar o cenário brasileiro sobre a educação em contexto hospitalar. A classe hospitalar como forma de propiciar a educação dentro do hospital, e como o professor atua neste espaço foi um dos aspectos principais que propiciou reflexões a cerca da criança hospitalizada, e como seria o seu retorno a escola de ensino regular. Por fim a intervenção pedagógica realizada na ONG Viver proporcionou conhecer a dura realidade vivida pelas crianças que necessitam de tratamento médico e como é importante alguém que as escute e as auxiliem em todos os momentos de sua vida, e também nos revelou quais as suas reais necessidades no ambito escolar, que por meio de experiências educativas pode-se auxiliá-las e motivá-las a estudarem e a sempre estarem buscando o conhecimento. Conclui-se que é de extrema importancia a continuidade dos estudos mesmo fora do ensino e contexto escolar, mas que a escola implantada dentro do hospital pode auxiliar crianças e jovens a continuidade de seus estudos, e que por meio deste o seu retorno após a alta para a sua escola de origem. Palavras-chave: Pedagogia hospitalar, criança hospitalizada, classe hospitalar, educação.
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO..................................................................................................8
2 EDUCAÇÃO, PEDAGOGIA HOSPITALAR E CLASSES HOSPITALARES.........15
2.1 Educação e Pedagogia Hospitalar.......................................................................15
2.2 Classe Hospitalar.................................................................................................21
3 O PAPEL DO PROFESSOR NO AMBIENTE HOSPITALAR................................31
3.1 A atutação do professor no ambiente hospitalar..................................................31
3.2 A formação do professor para a atuação em ambiente hospitalar.......................35
4 CLASSES HOSPITALARES: O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA À PEDAGOGIA
NO AMBIENTE HOSPITALAR..................................................................................39
3.1 Intervenções ludopedagógicas com crianças e adolescentes enfermos.............39
CONCLUSÃO ...........................................................................................................60
REFERENCIA: ..........................................................................................................62
INTRODUÇÃO
A criança hospitalizada, passa por constantes momentos e
situações que as afligem, as internações, terapias, medicamentos, são momentos de
sofrimento que por conta de sua patologia devem ser seguidos. Assim, a
hospitalização na infância pode alterar significativamente o desenvolvimento infantil,
uma vez que restringe as relações de convivência da criança por afastá-la de sua
família, de sua casa, de seus amigos e também de sua escola. Num ambiente onde
a dor e a doença são presenças constantes, ela passa a ter contato com uma
realidade que não estava acostumada.
Com tantas preocupações relacionadas aos problemas relativos à
saúde física da criança, os pais geralmente não dão a devida importância à
continuidade dos estudos, mesmo durante o tratamento. É importante a criança
doente perceber-se produtiva e com atividades semelhantes às demais crianças da
sua idade. Como a escola é um espaço no qual a criança, além de aprender
habilidades escolares, desenvolve e estabelece elos sociais diversos, ficar à
margem desse espaço de vivências pode ser penoso para a criança ou adolescente
hospitalizado (CECCIM, 1999).
Com o intuito de evitar a interrupção (mesmo que parcial) da
escolaridade destas crianças em função das internações, o direito das crianças e
dos adolescentes à continuidade dos estudos escolares durante a internação
hospitalar foi reconhecido pela Declaração dos direitos da criança e do adolescente
hospitalizados1, e o Ministério de Educação, por intermédio da Secretaria Nacional
de Educação Especial, propiciou o atendimento educacional dessas crianças nos
hospitais, criando o serviço de classes hospitalares que visa manter os vínculos
escolares e a possibilidade do retorno da criança à escola de origem após a alta,
assegurando sua reintegração ao currículo. E, ainda, no item 9 da mesma resolução
á garantido a criança e adolescente hospitalizado o direito de desfrutar de alguma
1 Resolução 41, de 13.10.1995, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.
9
forma de recreação, programas de educação e saúde, acompanhamento do
curriculum escolar, durante toda a sua permanência hospitalar.
Neste sentido, a educação especial desenvolveu modalidades de
ensino e de contato da criança com o professor no ambiente hospitalar que, além de
proteger seu desenvolvimento, assegurem sua reinserção escolar após a alta e o
seu sucesso na aprendizagem na escola regular (CECCIM, 1999; CECCIM &
FONSECA, 1999b).
Como forma de atender as especificidades das crianças e dos
adolescentes em ambiente hospitalar é que algumas Faculdades/Universidades
aderiram em seu curriculum a disciplina de Pedagogia Hospitalar, porém o que pode
ser mais encontrado são cursos oferecidos de Pós-Graduação na área. Este fato,
nos evidencia que ainda os cursos de graduação em Pedagogia, na sua grande
maioria, não tem o entendimento ou não consideram o espaço do hospital como um
ambiente escola, não oportunizando aos alunos nele ingressos terem contato com
este espaço e formação acadêmica que garanta sua entrada como profissional de
educação - professor.
O professor que atua na classe hospitalar é um profissional que tem
formação de educador e - por meio de diversas atividades pedagógicas - faz um elo
entre a realidade hospitalar e a vida cotidiana da criança internada, avaliando,
acompanhando e intervindo no processo de aprendizagem da mesma, além de
oferecer subsídios para a compreensão do processo de elaboração da doença e da
morte, explicar procedimentos médicos, e auxiliar a criança na adaptação ao hospital
(FONTES & WELLER, 1998; FONSECA, 2000; FUNGHETTO, FREITAS &
OLIVEIRA, 1999; WILES, 1987).
Frente a esta breve exposição, nos indagamos a respeito deste
papel do professor no contexto hospitalar, quais as suas contribuições no ambiente
hospitalar e como a sua formação é essencial ao atendimento e compreensão desta
criança e adolescente neste contexto, onde, esse profissional “possibilite a
constituição efetiva do elo entre a educação e saúde no hospital e da especificidade
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e legitimidade da ação pedagógica nesse escopo” (NUNES, 2007, p.63).
É, então, com o intuito de saber e entender como a criança é
percebida e tratada no ambiente hospitalar, e quais as contribuições que o professor
pode trazer em seu período de internamento, é que buscaremos interagir com
crianças hospitalizadas e seus familiares que também acabam se encontrando na
mesma situação, pois entendemos que quando alguém da família está doente, toda
família adoece também.
Estar com crianças em um Hospital sabemos que não é tarefa fácil. Porém, poder estar com estas crianças no Hospital é “maravilhoso”. Estes pequenos nos ensinam coisas e poder estar aberto aos seus ensinamentos é mais maravilhoso ainda. Com elas aprendemos a ouvir, a sentir, a viver e a brincar (BATISTA, 2005, p.11).
E, como forma de pesquisa refletir sobre o papel do professor no
contexto hospitalar como a educação pode ser diferenciada com esse profissional
capacitado. Analisando, ainda, a partir da intervenção na ONG Viver as reais
necessidades dessas crianças e como contribuir de forma significativa a eles.
OBJETIVOS
• Conhecer o ambiente hospitalar como um meio de construção de conhecimento.
• Compreender as contribuições para que o pedagogo possa trazer para o ambiente
hospitalar.
• Averiguar como as atividades diferenciadas podem estimular e contribuir
pedagogicamente para a criança/adolescente no contexto hospitalar.
11
• Constatar como seria possível brincar, sorrir e se divertir mesmo em situações e
condições que não aparentam nenhuma condição para isso.
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Pensando em atender e entender a criança e seu estado delicado de
dor e sofrimento e, compreender como, nas classes hospitalares, professores
preparados pode lidar com a criança e adolescente com suas particularidades e, a
partir daí, propiciar-lhes condições de ensino, elencamos nessa pesquisa três
capítulos.
No Capítulo 1. abordamos a Educação e Pedagogia Hospitalar e a
prática pedagógica no hospital, bem como a importância da mesma neste contexto.
Ainda, neste capítulo, abordamos a Classe Hospitalar, descrevendo assim, como é
realizado a educação dentro de um ambiente hospitalar.
No Capítulo 2. discutimos o papel do professor no ambiente
hospitalar, apontando qual o papel fundamental que este profissional deve exercer
em um ambiente hospitalar.
A intervenção pedagógica na ONG Viver, descrevemos no Capítulo
3., onde relatamos os projetos desenvolvidos com as crianças e adolescentes que
freqüentam a instituição.
E, por final, nas Considerações Finais, buscamos responder as
nossas indagações, bem como, os objetivos aos quais nos propusemos neste
trabalho.
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CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
Utilizamos, como base para a elaboração desse trabalho, estudos e
pesquisas bibliográficas que tratam do tema Pedagogia Hospitalar. A fim de verificar
as práticas pedagógicas no Instituto do Câncer de Londrina, a pesquisa se
desenvolveu também com projetos desenvolvidos com as crianças que frequentam a
Instituição.
Local
Escolhemos o Instituto do Câncer de Londrina, localizado na rua
Lucilla Ballalai, 212, Jardim Petrópolis da cidade de Londrina para desenvolver uma
pesquisa de campo. Esse local foi escolhido para a pesquisa por visar o atendimento
pedagógico às crianças que frequentam a ONG Viver. Cabe ressaltar que esse
hospital foi selecionado para implantação do Serviço de Atendimento à Rede de
Escolarização Hospitalar, o SAREH, programa do governo do Estado do Paraná que
visa ao atendimento com classes hospitalares.
A Organização VIVER foi fundada pelos voluntários que atuavam há vários anos no ICL (Instituto do Câncer de Londrina). É uma entidade sem fins lucrativos, politico-partidária ou religiosa, cujo objetivo principal é suprir as necessidades das crianças e adolescentes internados e em tratamento, além de suas famílias. O atendimento é voltado para pacientes atendidos pelo SUS, sem convênio médico, o que indica que geralmente as famílias são de baixo poder aquisitivo, quando não, extremamente pobres. (BATISTA, 2005 p. 62).
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A maior parcela de atendimento da ONG Viver são de indivíduos
vindos de outras localidades de Londrina de zonas urbanas e rurais também dos
demais municípios do Norte do Paraná, e em sua maioria de nível socioeconômico
baixo.
Participantes
Os participantes envolvidos nessa pesquisa são crianças e
adolescentes que frequentam a ONG Viver. Nesta pesquisa, então, nos propusemos
a estar intervindo com crianças entre 7 a 12 anos (podendo se ali presentes a
participação de outras crianças e adolescentes) que freqüentam regularmente a
ONG Viver, e que estejam necessitando de algum auxilio pedagógico.
PROCEDIMENTOS
Com esta pesquisa qualitativa, pretendemos buscar meios e
condições que possibilitem um melhor aprendizado para com as crianças
hospitalizadas, buscando conhecer seu cotidiano e as pessoas que fazem parte
dele, enfatizando o papel do professor neste ambiente e as suas contribuições.
A pesquisa qualitativa busca compreender o processo e não o
produto final, de acordo com Bordan e Biklen (apud LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p.15),
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A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto com o pesquisador, com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes.
O estudo qualitativo traz consigo diversas fontes de informações
que auxiliaram na pesquisa, sendo elas estudos em artigos científicos, teses de
mestrado e doutorado, livros, artigos eletrônicos e um olhar observador da realidade
dentro do âmbito hospitalar.
Com essas condições é possível refletir sobre as contribuições e a
importância de um professor que compreenda a realidade e o contexto em que
essas crianças e adolescente estão vivenciando, ou seja um professor que atenda
essas crianças e adolescente em seus diferentes aspectos e enxergue neles uma
esperança de retorno a sua vida (fora do hospital).
Assim, discutiremos a importância e relevância da Pedagogia
hospitalar, e quais as contribuições que um professor neste contexto pode
proporcionar a essas crianças e adolescentes.
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1 EDUCAÇÃO, PEDAGOGIA HOSPITALAR E CLASSES HOSPITALARES
1.1 Educação e Pedagogia Hospitalar
A educação está presente em todos os âmbitos da vida do ser
humano e tal fenômeno pode ser observado em qualquer sociedade. Em casa, na
igreja, na escola são diferentes espaços e indivíduos que auxiliam no processo de
ensinar e aprender. Ressalta Libâneo que são inúmeras definições dadas a
educação, porém o autor pontua:
[...] a educação como um processo de desenvolvimento: o ser humano se desenvolve e se transforma continuamente, e a educação pode atuar na configuração da personalidade a partir de determinadas condições internas do indivíduo. (LIBANEO, 1998 p. 66).
Podemos cogitar que a educação como um processo complexo do
ser humano podendo ter intencionalidade e finalidades que se constrói e se
reconstrói todos os dias, tendo em vista fazer com que se desenvolva em seus
diferentes aspectos (moral, social, cognitivo).
A educação pode ser distinguida em diferentes modalidades:
informal, não-formal, formal. A educação informal acontece de onde o indivíduo
nasceu e está inserido, essa modalidade de educação auxilia na “socialização dos
indivíduos, desenvolve hábitos, atitudes, comportamentos, modos de pensar e de se
expressar no uso da linguagem (...)” (Gohn, 2006), pode-se ainda destacar uma
educação não intencional e não institucionalizada. Os “agentes educadores” como
se refere a autora Gohn (2006), são a articulação entre a família, igreja, trabalho,
amigos, vizinhos etc. Todas as características que resultam na educação informal,
“refletem-se, por exemplo, em conhecimentos, experiências, modos de pensar; (...)
tudo repercutindo no desenvolvimento da personalidade” Libâneo, (1998, p.84), tais
ambientes produzem efeitos educativos, podendo haver ou não intencionalidade.
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A educação não-formal é uma modalidade de educação que pode
ser encontrada principalmente na mídia, onde abordam dimensões que se
repercutem em aprendizado sobre a política, compreensão do mundo que passa ao
seu redor, exercício e prática que auxilia o indivíduo a resolução de problemas, e
que possa conhecer os seus direitos e deveres. Como se refere à autora Gohn
(2006, p.28) “a educação não-formal é aquela que se aprende “no mundo da vida”,
via os processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços
e ações coletivos cotidianas”.
Na educação formal os espaços abrangentes são os do “território
das escolas, são instituições regulamentadas por lei, certificadoras, organizadas
segundo diretrizes nacionais” Gohn (2006).
os objetivos a serem alcançados são relativos ao ensino e aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados, normatizados por leis,dentre os quais destacam-se o de formar o indivíduo como um cidadão ativo, desenvolver habilidades e competências várias, desenvolver a criatividade, percepção, motricidade etc. (GOHN , 2006, p. 29).
Considerando as diferentes modalidades de educação essenciais na
vida e desenvolvimento do ser humano, algumas dessas modalidades como a
informal e a não-formal, podem ser ofertadas em ambientes que não necessitem de
uma sistematização, porém a educação formal se faz a partir de espaços e
conhecimentos sistematizados, organização, intencionalidades e leis que regulam
essa modalidade (AROSA; SCHILKE, 2007)
Conforme o exposto na lei maior que rege o nosso país, a
Constituição Federal de 1988, no Título VIII – Da Ordem Social, Capítulo III – Da
Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I, artigo 205: “a educação é direito de
todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A partir do
que determina a Constituição Federal de 1988, podemos entender, portanto, que o
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direito à educação é de todos e para todos, em quaisquer circunstâncias que esteja
e que necessite.
A educação entendida como direito de todos, deve atender e ser
ofertada para todos os alunos, para até mesmo aqueles que se encontram
impossibilitados de freqüentar as aulas regulares, por estarem em tratamento de sua
saúde ou por motivo que implique em internação hospitalar ou atendimento
ambulatorial. Esta oferta de atendimento está descrita na Resolução 41/95, que cita
os Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados, em especial o artigo 9 que
se refere ao “Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de
educação para a saúde, acompanhamento do curriculum escolar durante sua
permanência hospitalar”.
A Pedagogia Hospitalar pode ser considerada como um parâmetro
para a compreensão do desenvolvimento da questão pedagógica no ambiente
hospitalar, mantendo sua atenção á aqueles que necessitam de atendimento
educacional (escolar).
pedagogia hospitalar como uma proposta diferenciada da pedagogia tradicional, uma vez que se dá em âmbito hospitalar e que busca construir conhecimentos sobre esse novo contexto de aprendizagem que possam contribuir para o bem-estar da criança enferma (FONTES, 2005, p. 06).
Movido pela necessidade de humanizar o ambiente hospitalar no
qual crianças e jovens passam por um determinado período de tratamento, pode ser
constatado que o acompanhamento da família, principalmente da mãe, é essencial e
fundamental para a recuperação da criança hospitalizada. A criança hospitalizada
passa por período de muito estresse por motivos de sua patologia e de seu
internamento, sendo modificada toda a rotina de sua vida, contato com seus amigos
suas atividades do dia-a-dia e, principalmente, a escola.
Silva (2007, p.148) afirma que:
18
Esse processo de mudança drástica da rotina da criança, vivido em função das exigências do tratamento a que esta deve se submeter, reflete-se em momentos de solidão, medo e angústia. Tantos as atividades pedagógicas, quanto o tratamento médico, devem, então, concentrar-se no atendimento às necessidades dessa criança.
A Pedagogia Hospitalar seria uma maneira de compreender a
educação dentro do hospital, para as crianças/jovens que passam por um período
de internação possam realizar suas atividades de seu cotidiano como estudar,
brincar, jogar, conversar, entre outras. Segundo Fontes (2005, p.120) “tanto a
educação não é elemento exclusivo da escola quanto à saúde não é elemento
exclusivo do hospital”, podendo assim, ressaltar que a educação pode ser
proporcionada em diferentes ambientes e espaços até mesmo em um hospital.
O enfoque da Pedagogia Hospitalar trata-se de “propiciar
continuidade dos seus estudos, a fim de que não percam seu curso e não se
convertam em repetentes, ou venham a interromper o ritmo de aprendizagem, assim
dificultando, conseqüentemente, a recuperação da sua saúde” (MATOS, 2006, p.68).
Isto demonstra a importância da Pedagogia Hospitalar
proporcionando à criança ou jovem auxílio em sua recuperação e a sua reintegração
ao seu grupo escolar, retomando assim continuidade de seus estudos após a alta.
Aponta Matos (2006, p.76), o “Estatuto da Criança e do Adolescente
convergem para a afirmação de que o direito à educação ultrapassa os muros
escolares; é dever da sociedade buscar alternativas à provisão dessas demandas
diferenciadas”, cabe os governos e secretaria de educação dar subsídios e traçar
caminhos para que a classe hospitalar realmente consiga se efetivar em hospitais
que se encontrem com necessidade desse atendimento.
Quando o indivíduo é hospitalizado traz consigo o sentimento de
fragilidade o desconforto pela mudança de sua rotina do seu cotidiano, pois se vê
em estado de permanente “ameaça”, passar pelo desconhecido, o ambiente não –
familiar e ainda ser considerada como uma criança de ‘risco’, esses riscos que a
19
criança ou adolescente poderiam afrontar, quanto a sua saúde mental, sua auto-
estima, relação com seus amigos e familiares. (FONSECA, 2003).
Como forma de promoção da educação, o hospital deve ser
considerado como um importante espaço de construção de conhecimento, onde a
“ação educativa neste ambiente concorre para a inclusão social da criança,
restituindo-lhe a identidade pessoal e cultural” (SILVA, 2007, p.147). Considerando o
contexto hospitalar como espaço de construção de conhecimento, segundo a autora,
podemos oportunizar diferentes saberes a respeito da própria doença da criança, do
ambiente em que se encontra, porém sempre respeitando inicialmente a “leitura de
mundo” da criança. Para Freire (1996) a partir da leitura de mundo, a criança busca
criar sentidos para o seu mundo, estabelece outros tipos de relações as espaciais,
de afeto, manifestando suas preferências e rejeições.
A criança ou adolescente hospitalizado trás consigo dúvidas,
questionamentos sobre a sua realidade e, segundo Barros (1999), a partir de
atividades pedagógicas poderá trabalhar “readequando a este contexto”, bem como
a parte lúdica, recreativa, músicas e canções, dramatizações, desenhos e outras
tantas possibilidades expressivas também podem auxiliar esta criança ou
adolescente a compreender e a lidar com essa realidade em que se encontram.
Este modelo educacional dentro do hospital, como destaca Schilke
(2007, p. 41) deve contribuir para o bem estar físico, psíquico e emocional da criança
enferma. Enfocando mais os aspectos emocionais do que os cognitivos.
Através de uma contribuição especializada (professor), conforme
destaca Fonseca (2003, p.25) “o professor como um mediador das interações da
criança com o ambiente hospitalar”, podendo auxiliar na desmistificação do ambiente
hospitalar, trabalhar de forma articulada com os conteúdos escolares que respeitem
seu estado físico e emocional, para que não perca o seu ano letivo, sempre com o
intuito da recuperação da criança/adolescente. Pode ser de extrema importância tal
contribuição, que poderá ir além da área pedagógica, tais benefícios podem se
20
refletir e contribuir na saúde física e consequentemente diminuindo seu tempo de
internação.
A formação de profissionais capacitados para atender as
necessidades de uma classe hospitalar necessita de qualificação/especialização,
“com sólidos fundamentos de natureza científica nos aspectos teórico-práticos”
(MATOS, 2006, p.67). Para que a função da docência tenha um caráter significativo
para com seu aluno, deve-se integrar segundo Matos (2006), numa “perspectiva
integradora da dimensão de ação e operação pessoal com atividades racionais,
técnicas e práticas significativas em espaços ordenados”.
Segundo Matos (2001), a necessidade de atendimento específico
para a criança ou jovem pelo especialista de cada área como o psicólogo, médico,
enfermeiro, pedagogo é essencial, requer uma comunicação entre todas essas
áreas, pois cada área atua e tem perfis e características diferentes, que por fim uma
só finalidade a recuperação dessa criança ou jovem. Onde os professores buscam
uma complementação que auxiliem seus alunos hospitalizados a buscarem e não
desistirem de seus estudos, além disso auxiliando em diferentes aspectos afetivo,
cognitivo, entre outros essenciais para a vida.
O professor além de ministrar aula no contexto hospitalar, deve
conhecer a rotina do mesmo, as doenças que afligem seu aluno, seu emocional, sua
família, qual era o seu contexto fora do hospital (escola, bairro etc). A postura que o
professor precisa ter diante de seu aluno, deve ter muita cautela apresenta Ortiz
(2005, p.87), “no seu ato de educar para a diversidade e o respeito às limitações
físicas e emocionais do aluno”, para que ambas estejam inseridas no ato
pedagógico do professor.
Mas, por ser ainda uma abordagem nova no campo educacional
(práxis) e hospitalar (ambiente), faz se necessário estudo na área para se obter
teorias que auxiliem em ambos os aspectos quanto educacional, quanto no
hospitalar.
21
Como ressalta Ortiz (2005, p.93) que muitos dos profissionais da
área, não recebem as orientações teóricas e técnicas sobre o contexto com que irão
trabalhar isso pode dificultar e comprometer o foco do ensino, onde esse foco seria
trabalhar o contexto com seu aluno, o diálogo, ver e conhecer as suas dificuldades,
e todo esse conjunto num ambiente hospitalar faz com que o professor possa
desenvolver um trabalho diferenciado e vantajoso para com seus alunos.
Devido à falta de reconhecimento deste processo de educação
dessa modalidade de educativa, segundo Schilke, (2007, p. 43)
[...] buscar caminhos, ainda não percorridos, [...] com a necessidade de efetivação da escola no espaço hospitalar, [...] a escola reconhecida nos seus direitos e necessidades e comprometida com a construção de conhecimento impregnada de sentido.
A busca de caminhos onde a escola de fato pudesse existir em
hospitais que necessitassem desse atendimento, onde toda a parte de
documentação, histórico, freqüência, curriculum pudessem ser adaptados a esse
novo contexto educacional.
Por fim, se faz necessário conhecer e saber o que sente essa
criança hospitalizada poder compreender o seu contexto e o que ela está passando.
É preciso saber transformar e construir estratégias que possa auxiliar no
aprendizado, “pois ao ensinar, aprende-se com ela” (AROSA, 2007 p. 59). Portanto,
o diálogo e a escuta se fazem importantes papéis com intencionalidades que
auxiliaram a criança em diversos aspectos e principalmente em estratégias para
aprender e poder ensinar um ao outro.
1.2 Classe Hospitalar
O adoecer configura-se em um fator provocador de desajustes na criança e na sua família, precipita um reconhecimento da limitação e ataques a seu corpo, ameaçando os aspectos vitais e remontando
22
suas experiências a partir de um novo contexto situacional (ORTIZ, 2005, p.36).
A hospitalização da criança/adolescente a expõe a mal-estares e
perturbações, vindas de seu estado físico ou emocional, que se manifestam
diferentemente em cada indivíduo.
A criança passa por diversas situações que implicará em mudanças
de sua vida cotidiana, por conta de sua doença e limitações decorrentes dela.
A aceitação das mudanças físicas e limitações decorrentes da doença, a postura de passividade frente aos desafios, o desapego de suas referências pessoais, familiares e sociais demarcam um processo de despojamento doloroso para o paciente (ORTIZ, 2005, p. 28).
A família passa a ser um “porto seguro” para crianças que enfrentam
uma experiência de hospitalização, e a separação deste, faz com que configure um
sentimento de abandono. A “criança tem necessidade da presença da mãe durante
vários anos, [...] se refugia junto dela, sempre que se sentir ameaçada” (MATOS,
2006, p.70).
Como ponto importante para auxiliar e dar segurança a essa
criança/adolescente se faz a partir da desmistificação do ambiente hospitalar como
situa Ortiz (2005), que através de informações que auxiliam a criança hospitalizada a
compreender sobre os motivos de sua internação, a rotina do hospital, a sua
permanência no hospital (se terá um tempo determinado), todos esses aspectos se
bem trabalhados auxiliam em intervenções preventivas de traumas.
Ao se falar em hospitalização uma das maiores preocupações seria
o abandono da escola.
A escola apresenta-se, para o enfermo, como mobilizadora da construção de modos positivos de vida. A ruptura com esta instituição significa a negação de estímulos de vida e o sepultamento de sua força motriz de inventividade: é a falência de seus processos de cognição e de sua humanização (ORTIZ, 2005, p. 42).
23
O contato da criança ou adolescente hospitalizado com alguma
forma de estudo (mesmo em regime domiciliar), faz com que perceba membro de
uma classe, fortalecendo seu desejo de superação e podendo não ter tantos
prejuízos nos conteúdos acadêmicos. Para Ortiz (2005, p.43), o hospital pode ser
percebido também como uma “agência educativa” que oportuniza aos pacientes
experiências diferentes, de um ensino formal, lidando com suas expectativas, a
hospitalização, superação da morte, e principalmente a sua recuperação.
Conciliar o tratamento médico com a vida escolar pode-se configurar
em uma tarefa complicada, pois exige da criança, dos pais, professores e equipe
médica empenho em proporcionar a criança ou adolescente enfermo, a combater
situações conflituosas, que pode ser melhor explicitado por Gonçalves e Valle apud
Ortiz (2005, p. 44):
São inúmeros os fatores que levam a criança doente a se distanciar de sua rotina escolar: o desconhecimento, por parte da escola, da doença da criança; a indiferença, por parte dos hospitais, com a situação escolar de seus pacientes (...); dificuldade dos pais em ‘negociar’ com as escolas e hospitais para que estes criem condições para que seus filhos possam continuar estudando; a dificuldade de professores para entrarem em contato com seu aluno, quando este se encontra hospitalizado ou em tratamento em uma outra cidade; a indiferença, por parte de alguns professores, que não se empenham em melhorar a situação do seu aluno doente e, ainda, a impotência da criança doente diante de tantos obstáculos.
O adoecimento de uma criança gera na família, principalmente, nos
pais angústias e preocupações com a saúde e com questões referentes à
escolaridade. É de extrema importância a projeção de um futuro, onde a busca do
conhecimento e de saberes, embora hospitalizados, possibilita “a linguagem da
saúde e não a do óbito” (ORTIZ, 2005, p.45).
Mediante a situação da criança/adolescente hospitalizada de estar
impossibilitada de freqüentar a escola, houve preocupações e reflexões sobre a
“escolarização hospitalar”, que hoje se reflete em direitos e possibilidades de
reconstrução de vida.
24
A educação é um direito que está presente na Constituição, onde a
legislação reconhece o direito ao atendimento a classe hospitalar. “Baseado no Art.
1º com base na Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, art. 2º, inciso I, alínea “d”, e
na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, arts. 5 º, § 5º, 23 e 58, § 2º, os
sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sistemas de saúde, ficam
obrigados a oferecer atendimento educacional especializado a crianças, jovens e
adultos, matriculados ou não em escolas de educação básica, temporária ou
permanentemente impossibilitados de freqüentar as aulas em decorrência de
condições e limitações específicas de saúde”. Este artigo da legislação remete ao
atendimento escolar obrigatório á aqueles que estão impossibilitados de
freqüentarem a escola, denota-se que crianças e jovens estão amparados por lei
para que possam receber o atendimento especializado em uma classe hospitalar.
A educação como sendo um direito de todos previsto na
Constituição, não se faz diferente á aqueles que necessitam de atendimento
educacional em um ambiente hospitalar, “um possível caminho é instituir a escola no
espaço hospitalar” (AROSA; SCHILKE, 2007, p.28). A classe hospitalar como um
espaço de “integração da ação pedagógica e o clínico”, que para Ortiz (2005, p. 68)
pode auxiliar a escolarização de alunos impossibilitados de frequentarem as aulas
regulares.
Recentemente, entrou em vigor, com as Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica (resolução n. 02, de 11 de setembro de
2001) [...] art. 13, parágrafo 1º
[...] que cabe as classes hospitalares a continuidade do processo de desenvolvimento e aprendizagem de alunos matriculados em escolas da Educação Básica, contribuindo ao seu retorno e reintegração ao grupo escolar [...] (ORTIZ, 2005, p. 52)
Desta forma, a terminologia da palavra “classe hospitalar” foi
ratificada pelo MEC, no qual ainda existem diversos trabalhos e pesquisas utilizando
esta nomenclatura, que será desenvolvida e explicitada ao longo do trabalho.
25
Segundo a política do Ministério da Educação (MEC), denominou a
classe hospitalar como modalidade de atendimento especial, para alunos que
estejam matriculados em escolas da Educação Básica, conceituando como: “classe
hospitalar é um ambiente hospitalar que possibilita o atendimento educacional de
crianças e jovens internados que necessitam de educação especial e que estejam
em tratamento hospitalar” (BRASIL, 1994, p. 20).
Um campo pedagógico inserido em um ambiente hospitalar, a classe
hospitalar pode ser definida como um meio de intervenção pedagógico-educacional
para promover a manutenção das aprendizagens e conteúdos escolares em
circunstância de internação (SCHILKE, 2007).
A classe hospitalar é explicitada por Matos (2006), como uma
“projeção emergente”, que deve atender o biológico e o psicológico das crianças, e
atender também os aspectos pedagógicos de suas obrigações escolares, refletindo
em aspectos positivos, contribuindo em sua saúde física e psicológica,
consequentemente, diminuindo o seu período de internação. E, ainda, a autora
reforça sobre a classe hospitalar:
[...] não pode ser identificada como simples instrução (transmissão de alguns conhecimentos formalizados). È muito mais do que isto. É um suporte psico-sócio-pedagógico dos mais importantes, porque não isola o escolar na condição pura de doente, mas, sim, o mantém integrado em suas atividades da escola e da família e apoiado pedagogicamente na sua condição de doente (2006, p.47).
As relações entre os sujeitos presentes no processo de escolaridade
do hospital, a família, a escola, os professores, se reflete em importantes estímulos
que reforçam o preparo da criança/adolescente a enfrentar e superar suas
dificuldades, para seu retorno a escola e as suas atividades antes desenvolvidas. A
escola pode ajudar “por meio de intercâmbio de informações e de manutenção de
interesses”, onde faria um elo entre a escola de origem com o atendimento escolar
no hospital (MATOS, 2006, p.124).
26
O retorno a escola de origem pode não ser no momento imediato da
alta do aluno, não tendo ainda condições físicas para freqüentar a escola, podendo
passar por um período intermediário entre o hospital e a sua casa. Porém, a
proposta da classe hospitalar pode viabilizar a esse aluno a não interrupção de sua
jornada escolar ainda que fique inviável freqüentar as aulas, sendo importante
manter contato com a sua escola e professores para que adaptem melhores
condições para seu aprendizado.
Como importante meio de viabilizar situações que auxiliam a
recuperação e ao seu retorno da criança/adolescente à escola, a classe hospitalar
como pontua Matos (2006):
[...] propiciara à criança, ou ao adolescente, a continuidade de sua caminhada escolar, sem os riscos da repetência; ou que interrompam o ritmo de sua aprendizagem dificultando, mais tarde, a recuperação (p.98).
Com este enfoque educativo, podemos viabilizar a
criança/adolescente a dar continuidade a seus estudos, sendo na medida do
possível, que esses alunos não interrompam seu processo de aprendizagem, “afim
de que não percam seu curso e não se convertam em repetentes, assim dificultando,
consequentemente, a recuperação da sua saúde” (MATOS, 2006, p.68).
A classe hospitalar dando oportunidade, para a continuidade dos
estudos, em um espaço diferente do tradicional, onde ocorreriam as aulas, a
interação aluno-professor, professor-aluno, aluno-aluno. Espaço que viabiliza o
atendimento ao cumprimento dos programas curriculares da escola onde pode ser
trabalhado o contexto em que vivem a partir de brincadeiras, jogos, interações
sociais, como pontua Ortiz (2005) “a disponibilidade de atividades escolares e até
mesmo lúdicas consagra-se como uma das variáveis que influem na resposta à
hospitalização”, porém a mesma autora explicita a importância da intencionalidade
na ação, “com uma atenção escolarizada, armada com anseios de crescimento
pessoal, investimento na criatividade, na busca de caminhos novos e na geração de
expectativas de realização” (p.49).
27
A educação desenvolvida em ambiente hospitalar deve ser pensada
e refletida a cerca da criança/adolescente hospitalizado, mantendo este como foco
do atendimento, sem uma rigorosidade no cumprimento de horários ou atividades do
currículo, pois este necessita de ser flexível neste contexto. Vale ainda destacar que
segundo Matos (2006):
[...] a assistência pedagógica, na hospitalização, sugere uma ação educativa que se adapta às manifestações de cada criança/adolescente, em diferentes circunstâncias, nos enfoques didáticos, metodológicos, lúdicos e pessoais (p.101).
Neste sentido o auxilio pedagógico deve desenvolver um trabalho
com as melhores adequações possíveis, levando em conta as necessidades e o
momento em que a criança/adolescente está passando, preservando seu direito à
saúde e a educação.
Matos (2006) pontua algumas modalidades de atendimento mais
frequentes em classes hospitalares:
[...] necessidade de atendimento do longo período de hospitalização [...]; em situação de internamento intermitente em que a criança ou adolescente participa do projeto e freqüenta a escola em sistema alternado; [...] necessidades de comparecimento ambulatoriais múltiplos, como o caso da hemodiálise [...]; os doentes de cidades do interior ou até outros estados são mais atingidos por essa circunstancias; em situação em que a criança (ou adolescente) ainda não foi alfabetizada, em razão da sua permanente condição de doença [...] (p. 129).
Uma das melhores formas de se adequar o auxilio pedagógico neste
ambiente hospitalar se faz a partir de reflexões sobre as práticas pedagógicas, que é
entendida por Ortiz (2005) como:
[...] a compreensão dos sofrimentos das crianças e tendo como princípio a promoção da saúde [...] e com uma atenção escolarizada, armada com anseios de crescimento pessoal, investimento na criatividade, na busca de caminhos novos e na geração de expectativa de realização (p. 49).
28
Essa prática, portanto deve adaptar e se diferenciar do tradicional,
ações pedagógicas que possam compor um ambiente e condições diferenciadas,
que possibilite um trabalho que auxiliará o professor e seu aluno.
Diante disso surgem alguns questionamentos que implicam na
constituição da classe hospitalar.
Quais seriam os benefícios e finalidades de se obter um espaço que
fosse de uso exclusivo de uma classe hospitalar?
Primeiramente faz-se necessário, segundo (Ortiz, 2005, p.34)
”ressignificar a concepção do hospital”, pois muitas vezes vemos este espaço como
um cenário de tristezas, angústia e conflitos. Assim, ao ressignificarmos este
espaço, demonstraríamos para a criança hospitalizada que neste pode encontrar um
local de “esperança”. E, ainda, quer neste local ela possa usufruir de um espaço
planejado e adequado, onde permitirá a ela, que busque sua autonomia, crie novas
relações, experiências, afetos com o mundo e com as pessoas que a cerca.
Por não existir em todos os hospitais um espaço que se destine a
uma classe de aula, para onde os pacientes poderiam se recolher para estudos,
leitura e externo de barulhos e de outros ‘estímulos de uma enfermaria’. Para Barros
(1999, p. 85) seria de extrema importância “um ambiente de uso exclusivo que possa
ser considerado uma sala de aula” com a finalidade de escolarização para que se
mantenha uma ‘atmosfera própria de uma sala de aula’ com seus trabalhos,
atividades e materiais que possam ficar dispostos e disponíveis como em um
ambiente escolar, podendo assim auxiliar no processo de ensino-aprendizagem.
Conforme aponta Ortiz (2005):
[...] redimensionar a decoração das unidades de internação com temáticas de interesse infantil; permitir a partilha de interesses, brincadeiras e afetos; [...] assegurar e respeitar as obrigações escolares; bem como garantir seus direitos preservados em lei. [...] a criança hospitalizada passará a reconquistar a sua autonomia (p. 50).
29
Estudo realizado a partir da análise do comportamento destaca
Medeiros e Gabardo (2004), nas classes hospitalares, o professor deve estar atento
às particularidades, e a partir deste propiciar condições de ensino. Para um melhor
esclarecimento segue-se reflexões elencadas por Ortiz (2005, p.46): “O ensino nos
espaços da saúde protegem o desempenho escolar bem-sucedido das crianças,
reintegrando-as à escola após a alta”. Esta reflexão se reflete no desejo de crianças
enfermas em voltar a sua vida “normal”, com as suas atividades antes
desenvolvidas, onde o professor pode proporcionar condições e estímulos para que
esse retorno seja de uma melhor forma possível.
Mediante ao atendimento espera-se que a classe hospitalar seja de
certa forma obrigatória (amparado por lei), se faz necessário o ampliamento e
estendimento da oferta, pois “no Brasil, a grande maioria dos hospitais não possui
atendimento ao escolar hospitalizado. Ainda não há um reconhecimento satisfatório
que crianças e jovens hospitalizados têm direito à educação” (MATOS, 2006, p.48).
Podemos citar a Resolução nº41, de 13 de outubro de 1995, do
Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente, que remete sobre
diversos direitos da criança e adolescente hospitalizados, que prevê “toda a criança
tem o direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação
para a saúde e acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência
hospitalar”. Embora a legislação reconheça o direito a esse atendimento
pedagógico, “a oferta desse serviço ainda é muito restrita [...], não dando
oportunidade a todas” (SCHILKE, 2007, p.33). Assim, podendo ainda, gerar
desigualdade, pois o atendimento pode ficar restrito á uma pequena parcela
daquelas que também necessitam.
A classe hospitalar ampliando seu espaço e estendendo seu
atendimento não basta, para que tenha qualidade, pois à vários fatores
comprometedores que fazem parte da composição da classe hospitalar, como o
papel do professor e sua formação, se estão especializados para se atuar em um
ambiente hospitalar; no ambiente hospitalar, o auxilio de toda a equipe médica se
faz muito importante para o atendimento pedagógico a criança/adolescente; a família
30
apoiando e auxiliando a criança/adolescente em todos os aspectos; todos esses
fatores e indivíduos que fazem parte dela, são importantes para que a classe
hospitalar alcance seus objetivos e metas para com a criança ou adolescente.
Na tentativa de buscar novos caminhos, ainda não percorridos, surge a necessidade da efetivação da ESCOLA no espaço hospitalar. Não a escola apenas para solucionar uma questão de nomenclatura, e sim, a ESCOLA reconhecida nos direitos e necessidades e comprometida com a construção de conhecimento impregnada de sentido (SCHILKE, 2007, p.43).
Contudo, a classe hospitalar atuando pela busca da construção de
conhecimento sobre este novo contexto de aprendizado, atua para contribuir para o
bem estar e recuperação da criança/adolescente, proporcionando a escolarização
numa perspectiva inovadora e abrangente, possibilitando a reintegração na
sociedade.
31
2 O PAPEL DO PROFESSOR NO AMBIENTE HOSPITALAR
2.1 A atutação do professor no ambiente hospitalar
No campo da Pedagogia Hospitalar existem aspectos fundamentais
que auxiliam a construção do processo de ensino-aprendizagem neste espaço, a
relação do professor com o aluno, as necessidades da criança neste contexto, as
contribuições que o professor pode promover neste ambiente, a sua formação, estes
são alguns dos aspectos essenciais que contribuem no processo educativo, no qual
crianças e adolescentes se encontram hospitalizados.
O ambiente hospitalar sempre foi local de atuação de profissionais
da área da saúde, onde essa atuação se comprometia ao auxílio à recuperação e a
cura de enfermos. O espaço hospitalar historicamente foi se complexificando na sua
forma de atendimento, atendendo não apenas o paciente em seu quadro clínico,
mas também o psicológico e social. Podendo ser explicitada nas palavras de Nunes
(2007):
Só a partir do século XX (VASCONCELLOS apud NUNES, 2007) é que os profissionais como os psicólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais – responsáveis pelo aspecto terapêutico e social necessário a evolução do quadro clínico do paciente, começam a ser, pouco a pouco, [...] integrados ao contexto hospitalar (p. 61).
No que diz respeito à atuação e participação de profissionais da área
da educação no ambiente hospitalar em especificamente na classe hospitalar é
32
ainda mais “recente e contraditória” (NUNES, 2007, p.62), a autora ainda pontua que
o individuo deixaria de ser apenas um doente, e passaria a ser considerado um ser
com diferentes aspectos- “sociais, culturais, cognitivos e afetivos” (2007, p.62) onde
estes fatores estariam em permanente interação. Se as práticas do hospital
estivessem associadas a essa lógica, o professor estaria próximo a ter seu campo
delimitado e legitimado, onde seu papel estaria sendo construído e reconhecido
diante do ambiente hospitalar.
O surgimento da ação educativa em ambientes hospitalares se
constituiu inicialmente em ONGs, com “iniciativas de grupos voluntários – não
necessariamente constituídos de profissionais da educação [...], oferecendo apoio
pedagógico [...], através de atividades recreativas e lúdicas” (NUNES, 2007, p.62),
com caráter solidário e humanitário que buscavam clientela em instituições de
saúde.
Neste contexto se deu as primeiras ações educativas em ambientes
hospitalares, porém “o professor é ainda frequentemente visto pela equipe de saúde
como mais um “ator” no hospital”, mas essa rotulação não faz com que seu trabalho
neste espaço não atinja seus objetivos para com seus alunos.
A hospitalização traz consigo algumas limitações no que se refere a
realizações de algumas atividades, por essa condição o professor pode diferenciar
no que se refere ao cumprimento de algumas atividades (curriculares), adaptando a
criança/adolescente e ao contexto em que se encontram. Como destaca Silva (2007,
p.148), “tanto as atividades pedagógicas, quanto o tratamento médico, devem, [...],
concentrar-se no atendimento às necessidades dessa criança”, assim mantendo-se
um objetivo maior que é a recuperação e a promoção da aprendizagem e a
cidadania desses indivíduos.
Com a atuação de professores em classes hospitalares, pode
auxiliar crianças e adolescentes a darem continuidade a seus estudos no hospital,
por estarem impossibilitados de frequentarem as aulas regulares. A partir dessa
inserção do professor no contexto hospitalar, pode favorecer a criança/adolescente a
33
fazerem uma ligação com os padrões de sua vida cotidiana, participando de algumas
atividades antes desenvolvidas, assim como brincar, estudar, pintar etc (de forma
que seja trabalhado dentro do contexto).
O importante papel do professor ao desempenhar seu trabalho na
escola hospitalar parte da idéia de se desenvolver a aprendizagem e o resgate à
saúde da criança/adolescente, como destaca Wiles (1987) apud Fonseca (2003,
p.25) que “o professor está lá para estimulá-las através do uso de seu conhecimento
das necessidades curriculares de cada criança”, partindo desse conceito o professor
poderá interagir com seu aluno e adequar meios e condições para um melhor
aprendizado.
O professor que atua na classe hospitalar é um profissional que tem formação de educador e – por meio de diversas atividades pedagógicas – faz um elo entre a realidade hospitalar e a vida cotidiana da criança internada, avaliando, acompanhando e intervindo no processo de aprendizagem da mesma, além de oferecer subsídios para a compreensão do processo de elaboração da doença e da morte, explicar procedimentos médicos, e auxiliar a criança na adaptação ao hospital (MEDEIROS, GABARDO, 2004, p. 66).
Um fator pertinente que cabe o professor está atento são as
atividades que ocorre dentro do hospital, “[...] as técnicas e terapêuticas que fazem
parte da rotina da enfermaria, sobre as doenças que acometem seus alunos [...]”
(FONSECA, 2003, p.25), são informações que auxiliam no planejamento, na
compreensão sobre esse aluno e quais os problemas (físicos, emocionais etc), e a
sua perspectivas de vida fora do hospital.
A autora Fonseca (2003) realizou uma pesquisa nacional com
caráter quantitativo, onde levantou dados sobre as doenças que afligem o alunado
das classes hospitalares, 22% da clientela tinham desnutrição (com idade inferior a 5
anos), 12% internação com pneumonia, 12% com problemas oncológicos e 8% com
problemas renais, os demais 41% estavam relacionados a problemas ortopédicos,
doenças cardíacas ou congênitas, entre outras. Fonseca (2003, p.27) ainda pontua
que essas internações “estão mais relacionadas a fatores econômico-sociais do que
propriamente orgânico”, sendo que 24% das classes hospitalares atende
34
crianças/adolescentes com doenças graves, crônicas ou letais, assim conclui que
esse aluno não pode ser considerado “tão fatalmente doente” (2003, p.27).
Por conta da problemática da saúde a uma maior dificuldade pela
criança de se acompanhar os conteúdos curriculares, onde o professor deve estar
atento as particularidades no momento do atendimento pedagógico, em outras
palavras:
Para um efetivo atendimento pedagógico-educacional hospitalar, é muito importante estar ciente e exercitar a premissa de que cada dia de trabalho na escola se constrói com atividades que tem começo, meio e fim quando desenvolvidas (FONSECA, 2003, p.39).
O professor na medida em que vivência momentos e situações com
seus alunos pode a partir daí “dinamizar e re-estruturar a atividade” (FONSECA,
2003, p.39), assim possibilitaria ao aluno mostrar seus interesses e
consequentemente melhorar seu desempenho frente às atividades desenvolvidas,
como destaca Medeiros e Gabardo (2004) o professor “visa manter os vínculos
escolares e a possibilidade do retorno da criança à escola de origem após a alta,
assegurando sua reintegração ao currículo” (p.65).
Ao planejar o professor dirigi a suas ações que serão realizadas, de
maneira a associar os conhecimentos curriculares ao contexto da
criança/adolescente hospitalizado. Além do planejamento existem outros aspectos
que fazem parte e norteiam o trabalho do professor, que segundo Arosa (2007) o
planejamento, avaliação, currículo e concepções de conhecimento são
indissociáveis. Esse conjunto é essencial para se refletir e como desenvolver uma
educação no interior de um hospital.
Planejamento individualizado, levando em conta a concepção comportamental do aprender, em que cada aluno possa caminhar de acordo com seu próprio ritmo para que as conseqüências reforçadoras sejam efetivas (Zanotto, 2000), a investigação do repertório presente da criança (oral, escrito, matemático) se coloca
35
como prioridade para o professor/pedagogo. (MEDEIROS, GABARDO, 2004, p.66).
Assim, o professor na medida em que irá conhecendo seu aluno
poderá adaptar melhores condições para um melhor aprendizado, e compreender a
relação que seu aluno faz com o mundo e auxiliá-lo a busca e ampliação de seus
conhecimentos.
2.2 A formação do professor para a atuação em ambiente hospitalar
No Brasil, estudos realizados por André e Romanowski (2002),
apontam a partir da década de 90 um aumento considerável de pesquisas sobre a
formação de professores em ambientes escolares. Essa temática aponta a
necessidade e a busca pela “re-significação das funções clássicas da escola e do
papel do professor no processo educativo” (SCHILKE; NASCIMENTO, 2007, p.96).
Com este entendimento, a escola tem a urgência de formar um
aluno que supere os desafios da vida contemporânea. Exemplos desses desafios,
podem ser vistos com os avanços da medicina, onde doenças que anteriormente
eram consideradas fatais (AIDS, câncer, tuberculose etc), hoje podem ser
controladas e são categorizadas como doenças crônicas.
Esta mudança torna as unidades de saúde, e em especial os hospitais, referência cotidiana de algumas pessoas, inclusive crianças. Deste contato cada vez mais intenso com o ambiente hospitalar resulta, para a educação, repensar formas e espaços diferenciados de ensinar e aprender (SCHILKE; NASCIMENTO, 2007, p.96).
A ação educativa no Brasil que se realiza dentro de hospitais vem
passando por tentativas dicotômicas, que tenta assegurar o direito a educação e á
36
saúde, porém no âmbito do espaço hospitalar e na acadêmica ainda não apresenta
reconhecimento (SCHILKE; NASCIMENTO, 2007).
Estudos realizados por Schilke e Nascimento (2007), apontam a
realidade sobre as instituições de formação de professores, “as instituições
acadêmicas ainda não assumiram de forma sistematizada a formação de
professores para atuar em espaços outros que não a escola” (2007, p.97), indica
que a formação de professores está focada em apenas uma instituição: a escola
regular. Outro destaque que as autoras ainda colocam são os profissionais da área
da saúde, onde não consideram o professor como “participante da equipe
multidisciplinar que trabalha no ambiente hospitalar” (2007, p.97), essa afirmação faz
com que o trabalho do professor não ganhe espaço e legitimidade.
A formação de professores para atuar em ambiente hospitalar
ainda de encontra “inexistente”, sendo uma área de extrema importância, porém
pouco pesquisada e discutida, como destaca Nunes (2007):
A própria formação do professor, não inclui discussões sobre o campo de maneira sistemática e formal, inexistindo, no âmbito do MEC, cursos reconhecidos, o que indica, além de baixa expressão de pesquisas e discussões teóricas na área, o caráter ainda preliminar e em construção da ação do professor junto à criança hospitalizada (p. 62).
Diante do processo de formação que se demonstra insuficiente sobre
as implicações e questões associadas a atuação do professor neste ambiente, como
pontua Fontes (2005 apud Nunes, 2007) corre o risco de assumir “um caráter
espontaneísta, humanitário ou meramente recreativo”. Sem uma formação adequada
e específica o papel do professor se fragiliza, fazendo com que o conduza segundo
Nunes (2007) para a reprodução da ideologia dominante, onde o hospital é lugar de
médico e profissionais da saúde e não da área da educação.
A formação de professores para as classes hospitalares refere-se à
necessidade de um preparo pedagógico mais consistente ligado a uma orientação
pedagógica específica ao campo de atuação da classe hospitalar. Uma formação
37
que possibilite a reflexão sobre as práticas em contexto hospitalar, criando
estratégias e meios para que alcance seus objetivos e metas, pensando sempre em
um ensino de caráter qualitativo e instigando o seu aluno à busca do conhecimento,
que pode estar “ali” e em todos os lugares.
O professor por falta de formação como situa Medeiros e Gabardo
(2004), pode acabar tendo “um comportamento de um professor que, por despreparo
ou falta de capacitação adequada, pode agir como se estivesse na escola regular,
sem considerar o contexto hospitalar, muito diferente de um contexto de sala de aula
regular” (p.65), contudo a capacitação se faz necessária para que o professor
compreenda o local e contexto em que esse aluno se encontra.
Para complementar as orientações necessárias à formação docente,
seguem-se idéias apontadas por Ortiz (2005):
[...] são requisitos pessoais para esta formação a habilidade de exercitar a docência atentando para a provisoriedade dos planos e da clientela, criatividade para reorientar as atividades e o talento para manejar o saber teórico e prático com vistas a ser um veículo de orientação educativa (p. 63).
O ambiente utilizado no contexto hospitalar para atendimento
pedagógico como pontua Fonseca (2003), seja ele qual for o professor deverá
utilizá-lo de maneira mais adequada:
[...] se o professor dispõe de espaço físico próprio e atende seus alunos na enfermaria, pode valer-se de uma mesa e cadeira, ou de um colchonete para criar o seu espaço de aula, que, diariamente, é montado ao início das atividades educacionais e desmontado no final delas (p. 44).
Todo o trabalho realizado pelo professor, seja ele qual for frente às
possibilidades e compreendendo as reais necessidades de seu aluno, pode-se criar
e construir situações educativas, tendo em vista a funcionalidade pedagógica neste
espaço.
38
[...] garantir a continuidade da escolarização das crianças e jovens internados, não significa transpor a sala de aula, com suas regras, sua noção de espaço e tempo e sua maneira de avaliar, para o hospital, [...] pensar em uma ação docente que transcenda à lógica da escola e, para tal, investir na formação dos professores (METZ; SARDINHA, 2007, p.106)
Diante deste contexto, o professor tem como tarefa ensinar,
compreender e atender as especificidades de seus alunos hospitalizados, onde
procurando exercer e desenvolver a sua prática pedagógica sempre com o intuito de
sua recuperação e retorno a sua escola regular, a partir deste, buscando uma
melhor formação para que se efetive a educação neste contexto.
39
3 CLASSES HOSPITALARES: O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA À PEDAGOGIA
NO AMBIENTE HOSPITALAR
3.1 Intervenções ludopedagógicas com crianças e adolescentes enfermos
A classe hospitalar, como atendimento pedagógico-educacional,
deve apoiar-se em propostas educativo-escolares e, não em propostas de educação
lúdica, educação recreativa ou de ensino para a saúde, nesse sentido diferenciando-
se das Salas de Recreação, das Brinquedotecas e dos Movimentos de Humanização
Hospitalar pela Alegria ou dos Projetos Brincar é Saúde, facilmente encontrados na
atualidade, mesmo que o lúdico seja estratégico à pedagogia no ambiente
hospitalar.
Esse embasamento em uma proposta educativo-escolar não torna a
classe hospitalar uma escola formal, mas implica que possua uma regularidade e
uma responsabilidade com as aprendizagens formais da criança, um atendimento
obrigatoriamente inclusivo dos pais e das escolas de origem de cada criança, a
formulação de um diagnóstico para o atendimento e a formulação de um prognóstico
à alta, com recomendações para a casa e a escola ao final de cada internação.
40
Uma classe hospitalar, sob tal enfoque, deve objetivar atender às
necessidades pedagógico-educacionais da criança hospitalizada, considerando o
desenvolvimento psíquico e cognitivo representados pelo adoecimento e pelo
referenciamento hospitalar na produção de aprendizados. Em sua prática
pedagógico-educacional diária, visa à continuidade do ensino de conteúdos da
escola de origem da criança e do adolescente e/ou o trabalho educativo com
conteúdos programáticos próprios à cada faixa etária das crianças e adolescentes
hospitalizadas, levando-os a sanarem dificuldades de aprendizagem e/ou à
oportunidade da aquisição de novos conteúdos intelectivos, além de proporcionar
intervenção pedagógico-educa-cional não propriamente relacionada à experiência
escolar, mas que vise às necessidades intelectuais e sócio-interativas do
desenvolvimento e da educação da criança e do adolescente hospitalizado.
A literatura específica sobre o atendimento pedagógico-educacional
hospitalar não é vasta, mas aponta para o importante papel do professor junto ao
desenvolvimento, à aprendizagem e ao resgate da saúde pela criança hospitalizada.
A função do professor de classe hospitalar não é a de apenas "ocupar criativamente"
o tempo da criança e do adolescente para que ela possa "expressar e elaborar" os
sentimentos trazidos pelo adoecimento e pela hospitalização, aprendendo novas
condutas emocionais, como também não é a de apenas abrir espaços lúdicos com
ênfase no lazer pedagógico para que a criança e adolescente "esqueça por alguns
momentos" que está doente ou em um hospital.
O professor deve estar no hospital para operar com os processos
afetivos de construção da aprendizagem cognitiva e permitir aquisições escolares às
crianças e adolescentes. O contato com o professor e com uma "escola no hospital"
41
funciona, de modo importante, como uma oportunidade de ligação com os padrões
da vida cotidiana do comum das crianças e dos adolescentes, como ligação com a
vida em casa e na escola. A educação no hospital integraliza o atendimento
pediátrico pelo reconhecimento e pelo respeito às necessidades intelectuais e sócio-
interativas que tornam peculiar o desenvolvimento da criança e do adolescente.
Com este objetivo de operar com os processos afetivos de
construção da aprendizagem cognitiva e permitir aquisições escolares às crianças e
adolescentes é que buscamos realizar as intervenções abaixo descritas.
42
ATIVIDADE 1. Dominó de Letras
Objetivos
• Desenvolver uma atividade diferenciada para as crianças de modo a interagirem
com o jogo de forma prazerosa e criativa.
• Trabalhar com o jogo, para que consigam assimilar e identificar a relação das
letras com os objetos.
• Utilizar do jogo como recurso na aquisição ou consolidação da escrita.
Disciplina
• Português (alfabetização).
Procedimentos
• Colocar um EVA já demarcado, para a construção do dominó.
• Dialogar com as crianças para saber quem conhece o jogo e como iremos fazê-lo.
• Propor atividades relacionadas com o jogo de dominó:
43
- montar as letras com as figuras no EVA;
- pintar, colorir, colar e recortar.
• Após cada rodada auxiliar as crianças para que tentem escrever os nomes dos
objetos que estavam no jogo de dominó.
Recursos Didáticos
• Papel sulfite
• EVA
• Lápis de cor
• Cola
• Revistas
44
Figura 1. Dominó de Letras
Como vemos na Figura 1. na confecção do “Dominó de Letras”,
contamos com a participação da grande maioria das crianças que estavam
presentes na Ong Viver neste dia.
As crianças realizaram a construção do dominó, onde cada uma delas
colaborou no desenvolvimento dessa atividade. Primeiramente, escolhemos as
figuras em revistas onde as mesmas foram recortadas. Depois de selecionadas as
figuras, cada criança colou em tiras de EVA que já estavam demarcados. As letras
do dominó estavam impressas e as mesmas foram, também, recortadas pelas
crianças e coladas nas tiras de EVA e, que ainda, poderiam ser coloridas com tinta,
lápis de cor, giz de cera.
45
Após a confecção do dominó, as crianças foram convidadas a jogar,
o qual aceitaram prontamente. Vemos, na Figura 2. a participação das crianças
jogando o dominó confeccionado por elas mesmas.
Figura 2. Brincando com “Dominó de Letras”
A intervenção proposta se desenvolveu a partir de uma atividade
diferenciada para as crianças que frequentam a ONG Viver, de modo que pudessem
interagir com o jogo de forma prazerosa e criativa. Além de desenvolver uma
atividade diferenciada, esta pode, ainda, auxiliar na compreensão da escrita e,
consequentemente, da leitura.
Assim, o jogo “Dominó de letras” foi construído juntamente com as
crianças como descrevemos anteriormente. Colocamos um EVA já demarcado para
que as crianças fossem recortando e colando figuras encontradas em livros e
46
revistas, montando assim, as letras com as figuras no EVA e, que ainda, poderiam
ser coloridas com tinta, lápis de cor, giz de cera.
Com o jogo pronto chegou o momento de jogar. Cada criança pegou
um determinado número de peças (dependendo de quantos jogadores) e após cada
rodada elas teriam que escrever os nomes dos objetos que apareciam no jogo de
dominó.
A maioria das crianças ali presentes, naquele momento,
participaram. Apenas uma criança que não estava se sentindo muito bem por conta
de seu tratamento, demonstrando cansaço e sem disposição não participou da
atividade.
Para Batista (2003), um “não” pode ser muito importante para quem
não pode nunca negar as agulhas, os remédios, os tratamentos de um hospital.
As demais crianças participaram e se mostraram muito interesadas
em brincar. Como a maioria das crianças estavam frequentando s anos inciais do
Ensino Fundamental, percebemos que o jogo de “dominó de letras” pode auxiliar de
modo lúdico na leitura e na escrita das mesmas.
Por fim as crianças brincaram muitas rodadas com o jogo de
dominó, tornando a atividade tão interessante que deixamos o jogo sobre a
responsabilidade delas de brincarem e zelarem para que pudessem sempre que
quisessem jogar novamente.
47
ATIVIDADE 2. Bingo de Letras
Objetivos
• Proporcionar uma atividade diferenciada para as crianças de modo a interagirem
com o jogo de forma prazerosa e criativa.
• Trabalhar com o jogo, de forma que possam ouvir e compreender a palavra
solicitada.
• Fazer com que utilizem o jogo para auxiliar em sua escrita.
Disciplina
• Português (alfabetização).
Conteúdo
• Trabalhar com “Bingo de Letras”.
Estratégia de ensino
• Entregar para as crianças cartelas de bingo já confeccionadas.
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• Dialogar com as crianças para saber quem conhece ou já jogo bingo.
• Todas as sílabas utilizadas na cartela estão em um saco, onde cada um tiraria um
por vez, e cada criança que marcasse a sílaba em sua cartela deveria falar sobre
algum objeto que correspondesse com a sílaba marcada.
• Propor atividades relacionadas com o jogo de Bingo de letras:
- onde todos pudessem falar sobre o objeto que quisessem;
- pintar ou colorir a cartela.
• Após cada rodada todos iriam ganhar um “prêmio”.
Recursos didáticos
• Papel sulfite
• Tinta
• Lápis de cor
49
Na Figura 3. abaixo mostra o início da atividade “Bingo de Letras”,
que não diferente da atividade anterior se demonstrou, também, muito interessante.
Figura 3. Jogo de “Bingo de Letras”.
Percebemos neste jogo que as crianças se colocaram, expressando
por meio palavras e situações que remetem a sua realidade, não somente a do
hospital ou de sua doença, mas de coisas que elas gostavam de fazer ou de brincar.
50
Figura 4. As crianças jogando o “Bingo de Letras”.
A Intervenção “Bingo de Letras” foi uma atividade que se
desenvolveu como um Bingo tradicional, porém além das crianças marcarem as
letras correspondentes em sua cartela, elas conversavam e comentavam sobre algo
que aconteceu ou que estava acontecendo com elas que estivesse de acordo com a
letra, sílaba ou palavra correspondente em sua cartela.
Neste momento, percebemos o que mais essas crianças estavam
sentido falta era de voltar as suas atividades cotidianas e que viajar e sair de sua
casa ou cidade era muito desconfortante.
A maior parte das crianças participaram, porém neste dia foram
apenas quatro crianças na ONG Viver o que proporcionou estar mais próximas e
conhecê-las melhor.
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Após o Bingo de letras, as crianças pintaram com tinta desenhos
que elas pediram que trouxéssemos a elas, pois reclamavam que fazia muito tempo
que não pintavam com tinta.
Figura 5. Pintura a dedo de desenhos diversificados (após o bingo de letras).
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ATIVIDADE 3. Meio Ambiente
Objetivos
• Fazer um mural para expor várias atividades e pesquisas realizadas pelas
crianças.
• Levar atividades diversificadas para compor o mural.
• Trabalhar com atividades de leitura e a escrita sobre o tema, para que possam se
conscientizar sobre a importância de se preservar o meio ambiente.
Disciplina
• Biologia
Conteúdo
• Mural sobre o “Meio Ambiente”.
Estratégia de ensino
• Dialogar com as crianças sobre o tema Meio Ambiente.
53
• Como poderemos fazer um mural (o que colocaremos? onde?).
• Propor atividades relacionadas com o tema:
- pesquisa em livro, panfletos, internet, sobre a preservação;
- atividade de pintura sobre o planeta terra (como ela seria se fosse bem
preservado);
- atividade sobre os animais em extinção;
- atividade de complete e cruzadinhas sobre perguntas e pegadinhas sobre o
meio ambiente.
Recursos didáticos
• Papel sulfite
• Lápis de cor
• Cola
• Fita crepe
• Tinta;
• Revistas
• Livros
54
A intervenção sobre o Meio Ambiente partiu do interesse das
crianças, onde alguns deles estavam vendo este tema na escola e também
reportagens exibidas pela mídia. Esta intervenção durou várias semanas, por
estarmos apenas nos encontrando uma vez por semana.
Salientamos que, como vimos no Capítulo 2. no que se refere as
classes hospitalares, cabe ao professor desta, entrar em contato com a escola para
conhecer e saber quais as temáticas que estão sendo desenvolvidas pelo professor
de sala e trazer para serem trabalhadas de forma diferenciada no contexto
hospitalar.
Este projeto “Meio Ambiente” consistiu em levar informações e
discutir com as crianças o que poderíamos fazer para não estar poluindo e
preservando melhor o meio ambiente, e quais os animais que estariam em extinção
por conta do desmatamento.
Foram realizadas pesquisas em panfletos, folhetos e livros que
falam sobre o assunto, onde todas as crianças presentes participaram ativamente do
projeto.
Por meio da pesquisa realizada, seleção de materiais descritos
acima, selecionamos o que poderia estar indo para o mural onde colocaríamos
essas informações para que todos que frequentassem a ONG Viver pudessem ver.
Também, por meio desta atividade pudemos respeitar as
especificidades de cada criança envolvida, salientando assim, que nas classes
hospitalares por contarem com crianças de idades diferenciadas e especificidades
próprias a cada criança, cabe ao professor oportunizar a participação de todas
levando o exposto em consideração.
Na Figura 6. podemos observar a montagem do mural sobre o
“Meio Ambiente”, permeado das pesquisas e das atividades realizadas pelas
crianças que participaram da mesma.
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Figura 6. Mural do Meio Ambiente, folhetos e desenhos realizados pelas crianças.
Após a pesquisa elaboramos três atividades a primeira um
complete que em forma de um texto trazia informações e algumas lacunas a serem
completadas; a segunda atividade seria uma cruzadinha que trazia questões sobre o
meio ambiente e a resposta deveria ser completar os quadrinhos; a terceira, pintura
a dedo de um planeta Terra onde todos vivessem em harmonia com tudo limpo e
sem poluição.
Na Figura 7. vemos o engajamento das crianças na participação
das atividades, bem como a interação das mesmas trocando com seus pares.
Assim, todas as crianças presentes na ONG Viver participaram de todas as
atividades, sendo que algumas delas repetiram várias vezes a mesma atividade.
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Figura 7. A realização das atividades sobre o Meio Ambiente.
De modo geral o projeto com o meio ambiente foi uma forma de
aproximar as crianças uma das outras e compartilhar experiências, e que pensamos
ter levado um momento de alegria e descontração, além do aprendizado.
Segundo Ceccim e Carvalho (1997) à percepção de que mesmo
doente a criança pode brincar, pode aprender, criar e principalmente continuar
interagindo socialmente, muitas vezes ajuda na recuperação, assim a criança terá
uma atitude mais ativa diante de vítima mediante a situação.
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ATIVIDADE 3. Literatura Infantil
Objetivos
• Contar uma história para as crianças.
• Recontar a história a partir de um mini teatro feito com sucata.
Disciplina
• Literatura Infantil.
Conteúdo
• História “Adivinha o quanto eu te amo”- (Sam Mcbratney).
Estratégia de ensino
• Contara história para as crianças.
• Dialogar com as crianças para saber quem conhecia a história, se gostaran ou
não.
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• Propor a recontagem da história pelas crianças a partir de um teatro feito de
sucatas.
Recursos Didáticos
• Papel sulfite
• Caixa de sapato
• Lápis de cor
• Cola
• Papel colorido
A intervenção com a literatura infantil teve como objetivo levar uma
história diferente para as crianças, onde pudessem interagir com ela.
A história foi contada a partir de um mini teatro feito com sucata,
onde a história “Adivinha o quanto eu te amo” partia de um diálogo entre pai e filho,
onde foi contada as crianças que após ouvirem e verem o mini teatro interagiram
com os personagens recontando a história e utilizando os recursos ali disponíveis.
Como vemos na Figura 8. as crianças puderam brincar com o mini
teatro, recontando a história ouvida para os demais presentes.
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FIGURA 8. Crianças brincando e recontando a história “Adivinha o quanto eu te
amo”.
Assim, as crianças quiseram ouvir o teatro, porém algumas delas
ficaram com vergonha e outras estavam cansadas e não quiseram manusear a
caixa, mas tiveram três crianças que recontaram a história do seu jeito se divertindo
e brincando com a caixa.
Para finalizarmos, gostaríamos de salientar que as atividades da
classe hospitalar precisam ter começo, meio e fim bem definidos e o professor
precisa estar ciente que cada dia de trabalho se constrói com um planejamento bem
estruturado e flexível.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A iniciativa deste trabalho buscou contribuir tanto na pesquisa da
área da educação quanto na compreensão e análise da pedagogia hospitalar, e
como o professor e a sua formação podem contribuir para com as crianças e
adolescentes que necessitam de aulas fora do seu contexto escolar, com a
intervenção analisamos como estes interagem com atividades pedagógicas neste
contexto.
Buscando atender aos nossos objetivos, ainda pudemos constatar a
necessidade de contratação de profissionais específicos da área, pois o que pode
ser observado são voluntários que dão auxilio as crianças em diferentes áreas.
Percebemos que as crianças necessitam de um atendiemento específico que as
auxiliem de modo a oportunizar o seu retorno a escola regular.
A Pedagogia Hospitalar que propõe e discuti a educação em
contexto hospitalar, auxilia na inserção da criança enferma a educação e aos
conteúdos do curriculum de sua escola de origem, onde esse ensino pode auxiliá-la
em sua recuperação e seu retorno ao ensino regular.
Com o trabalho realizado na ONG Viver de intervenção pedagógica,
pode se constatar a participação da maior parte das crianças nas atividades
propostas, podendo assim cumprir com nossos objetivos, e compreender um pouco
mais sobre essa realidade que permeia essas crianças.
Para finalizarmos, gotaríamos de elucidar que para estar com
crianças e adolescentes debilitados fisíca e emocionalmente se faz necessário um
profissional preparado para atuar na diversidade, numa perspectiva de educaçào
como um direito social. Assim, comungamos como Caiado (2003) quando organiza
três categorias, temas que devem ser imprescindíveis na formação do profissional
61
para que atenda as classes hospitalares: organização e funcionamento do hospital,
sentimento de perda e dor e a organização do trabalho pedagógico. Ainda, há a
necessidade segundo Batista (2005), deste profissional conhecer sobre as
patologias, os medicamentos e efeitos colaterais dos mesmos, bem como, dos
entendimentos e percepções que estas crianças e adolescebtes tem sobre a morte.
62
REFERÊNCIAS
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