AVALIAÇÃO DOS FATORES PSICOSSOCIAIS ... Professor Sérgio Roberto de Lucca, meu irretocável...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS IGOR BENEDICK COIMBRA AVALIAÇÃO DOS FATORES PSICOSSOCIAIS, ESTRATÉGIAS DE COPING E SÍNDROME DE BURNOUT NA RESIDÊNCIA MÉDICA CAMPINAS 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

IGOR BENEDICK COIMBRA

AVALIAÇÃO DOS FATORES PSICOSSOCIAIS, ESTRATÉGIAS DE COPING E

SÍNDROME DE BURNOUT NA RESIDÊNCIA MÉDICA

CAMPINAS

2017

IGOR BENEDICK COIMBRA

AVALIAÇÃO DOS FATORES PSICOSSOCIAIS, ESTRATÉGIAS DE COPING E

SÍNDROME DE BURNOUT NA RESIDÊNCIA MÉDICA

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP como parte

dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em

Saúde Coletiva, na área de concentração em Epidemiologia.

ORIENTADOR: PROF. DR. SÉRGIO ROBERTO DE LUCCA

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO

ALUNO IGOR BENEDICK COIMBRA, E ORIENTADO PELO

PROF. DR. SÉRGIO ROBERTO DE LUCCA.

CAMPINAS

2017

BANCA EXAMINADORA DA DEFESA - MESTRADO

IGOR BENEDICK COIMBRA

ORIENTADOR: SÉRGIO ROBERTO DE LUCCA

MEMBROS:

1. PROF. DR. SÉRGIO ROBERTO DE LUCCA

2. PROFa. DRa. PRISCILA MARIA STOLSES BERGAMO FRANCISCO

3. PROF. DR. LUIZ ANTÔNIO NOGUEIRA MARTINS

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas

da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora

encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Data: 28/08/2017

Dedicatória Às pessoas mais importantes da minha vida Giselle, Nícia, Mauro, Verena e Irsemes.

Aos Médicos Residentes que se doam por inteiro para cuidar do outro.

Agradecimentos

Sou profundamente grato a todos que tornaram o presente trabalho possível.

À minha amada esposa Giselle por toda a

compreensão e incentivo;

aos meus queridos pais Nícia e Mauro e avó

Irsemes pelo apoio e solicitude incondicionais;

à minha irmã pelo exemplo de resiliência;

a todos os professores que cruzaram minha

vida plantando sementes de conhecimento, da

pré-escola à pós-graduação, em especial ao

Professor Satoshi Kitamura, que com seu

entusiasmo e dedicação me trouxe à Medicina

do Trabalho;

aos meus amigos Harumi, Lika, Felipe, Vivi,

Aline, Bia, Carol, Celso, Grazi e Renata por

tornarem tudo mais leve;

ao Professor Sérgio Roberto de Lucca, meu

irretocável orientador, que me ensinou

caminhos e despertou meu interesse pelo

campo da Saúde Mental no Trabalho;

aos Residentes que encontraram, em sua

ocupada rotina, tempo para partilhar suas

experiências; e

aos pacientes que me permitiram entrar em

suas vidas,

Muito Obrigado!

“What about the wife and babies, if you have them?

Leave them. Heavy as are your responsibilities to

those nearest and dearest, they are outweighed by

the responsibilities to yourself, to the profession, and

to the public . . . Your wife will be glad to bear her

share in the sacrifice you make.”

“A way of Life”

Sir William Osler, 1892

Resumo:

Introdução: A Residência Médica tem sido evidenciada na literatura como período

em que os médicos recém-formados são submetidos a uma carga horária excessiva

(mínimo de 60 horas semanais), insegurança com relação à formação e ao

treinamento em serviço e relações tensas com a hierarquia entre os residentes com

mais tempo de Residência na especialidade, professores e demais profissionais do

serviço de saúde. Esta situação expõe os residentes a fatores psicossociais que, de

acordo com a percepção dos sujeitos e das formas de defesa individual, podem

desencadear estresse e sofrimento psíquico, com repercussões negativas na saúde

desses profissionais e, consequentemente, para quem recebe o cuidado.

Nesse período, os médicos residentes se deparam mais intensamente que em

qualquer momento anterior da sua formação com situações adversas, que com

frequência dificultam a busca de satisfação pessoal e realização profissional. Sabe-

se, no entanto, que estratégias de defesa para a preservação da saúde mental

frente diversas situações estressoras (coping) podem ser desenvolvidas e

adaptadas de acordo com as vivências e experiências individuais e coletivas.

Quando as estratégias de defesa não são efetivas, o adoecimento psíquico poderá

manifestar-se na forma de transtornos mentais (como depressão e ansiedade) e no

quadro relacionado com o estresse crônico nas atividades de trabalho, denominado

Síndrome de Burnout.

Objetivos: O presente estudo tem por objetivo identificar os fatores psicossociais na

Residência Médica, as estratégias de coping adotadas pelos residentes e, como

desfecho negativo, o adoecimento manifestado na Síndrome de Burnout entre

médicos residentes em uma faculdade pública de medicina.

Sujeitos e método: Estudo transversal com médicos residentes inscritos

regularmente em programas de Residência Médica em um hospital-escola do estado

de São Paulo, realizado no período de agosto a dezembro de 2016. Os residentes

foram convidados a responder um questionário de autopreenchimento que incluiu

características biossociais e instrumentos validados quanto à presença de critérios

que caracterizassem as estratégias de coping (Inventário de Estratégias de Coping

de Folkman e Lazarus) e a Síndrome de Burnout (Inventário de Burnout de Maslach).

Resultados: 33 (18,7%) médicos residentes participaram da pesquisa. Observou-se

a jornada de trabalho excessiva como o fator psicossocial mais frequentemente

relatado como causador de estresse. Os mecanismos de coping mais frequentes

foram a “Resolução de problemas” e a “Fuga-esquiva”. Dentre os respondentes,

9,4% apresentaram síndrome de Burnout.

Conclusão: Os médicos residentes são partircularmente vulneráveis ao sofrimento

mental advindo de condições adversas no ambiente de trabalho por causa do papel

central do treinamento e da carreira na formação da identidade dos médicos. O

presente estudo pretende chamar a atenção sobre o assunto no Brasil. Mais

pesquisas são necessárias em instituições nacionais para que os fatores

psicossociais que afetam a saúde e bem-estar dos Médicos Residentes sejam

claramente definidos, bem como para desenhar estratégias para reduzir o sofrimento

emocional desses profissionais de saúde.

Palavras-Chave: Estresse Emocional; Residência Médica; Saúde Mental;

Adaptação Psicológica; Esgotamento Profissional.

Abstract:

Introduction: The medical residency has been receiving attention in specialized

literature as a period during which newly-graduated physicians are subjected to

excessive workload (with a minimum weekly journey of 60 hours); low confidence

both in their qualifications and practical training; and adverse interpersonal relations

and rigid hierarchy involving their senior colleagues, professors and other

professionals in their workplace. This situation exposes the junior physicians to

psychosocial factors which, according to subjective perception and individual ways of

coping, could lead to stress and psychic suffering, with negative repercussions upon

the heath of those doctors and, consequently, of patients receiving care.

In this period, residents face adverse situations more intensely than ever before

during their training, which often hamper the seeking of personal satisfaction and

professional fulfillment. On the other hand, it is known that coping mechanisms- i.e,

strategies employed to keep mental health when confronted with different stressors-

can evolve and adapt according to personal or collective experiences. When coping

is not effective, impaired mental health may manifest as mental illnesses, such as

depression and anxiety; and as symptoms of chronic work-related stress disorders,

the so-called Burnout Syndrome.

Objetives: The present study aims at identifying the psychosocial factors in the

medical residency; the ways of coping employed by residents; and, as a measure of

a negative outcome, the Burnout syndrome among medical residents of a public

medical college.

Subjects and Method: Cross-section research with regularly enrolled medical

residents in a university hospital in the state of São Paulo, Brazil, conducted between

August and December, 2016. Residents were invited to fill out a series of self-

response questionnaires, including a biosocial survey and validated instruments to

identify ways of coping (Ways of Coping Questionnaire by Folkman and Lazarus) and

Burnout syndrome (Maslach Burnout Inventory).

Results: 33 (18.7%) of the medical residents completed the survey. It revealed

excessive working hours as the psychosocial factor most frequently pointed out as

stressogenic, being “Solving Problems” and “Escape-avoidance” the most used ways

of coping. The registered prevalence of Burnout was 9.4% amongst the surveyed

residents.

Conclusion: Because of the central role of the medical training and career in the

develpoment of physicians’ identity, Medical Residents are particularly vulnerable to

mental suffering derived from adverse conditions in the workplace. This study hopes

to shed light on the subject in Brazil. More research is needed in Brazilian institutions

to accurately define psychosocial factors impacting its medical residents’ health and

well-being, as well to draw strategies to reduce emotional suffering in these health

professionals.

Key words: Stress, Psychological; Residency, Medical; Mental Health; Adaptation,

Psychological; Burnout, Professional.

Sumário

1. Introdução........................................................................................ 14

1.1. O processo de trabalho na área da saúde: suas particularidades e

a presença de fatores psicossociais desencadeantes de estresse no

trabalho............................................................................................14

1.2. Residência Médica: origem, desenvolvimento e panorama

atual.................................................................................................17

1.2.1. Situações de Estresse nos Médicos Residentes..................... 19

1.2.2. Direitos trabalhistas dos Médicos Residentes..........................20

2. Objetivos............................................................................................. 23

2.1. Objetivo Geral............................................................................. 23

2.2. Objetivos específicos.................................................................. 23

3. Referencial Teórico............................................................................ 24

3.1. Estresse no trabalho.................................................................... 24

3.2..Fatores Psicossociais Desencadeantes de Estresse

e Adoecimento psíquico ............................................................. 26

3.3 Mecanismos de coping................................................................. 27

3.4. Síndrome de Burnout ou do esgotamento profissional................ 29

3.4.1 Componentes psicossociais no desenvolvimento da síndrome de

Burnout...................................................................................................... 32

4. Materiais, Sujeitos e Métodos........................................................... 35

4.1 Caracterização do Estudo........................................................ 35

4.2 Critérios de Inclusão................................................................. 35

4.3 Critérios de exclusão................................................................ 35

4.4 Coleta de dados....................................................................... 35

4.4.1 Questionário Biopsicossocial........................................... 38

4.4.2 Inventário de Estratégias de Coping de Folkman

e Lazarus......................................................................... 39

4.4.3 Maslach Burnout Inventory- Human Services Survey......41

4.5 Aspectos Éticos........................................................................ 43

5. Resultados e Discussão......................................................................... 44

5.1 Questionário Biopsicossocial.................................................... 44

5.2 Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus.... 58

5.3 Maslach Burnout Inventory – Human Services Survey............ 62

6. Considerações Finais............................................................................. 68

7. Referências............................................................................................... 72

8. Anexos..................................................................................................... 88

8.1 Anexo I: Termo de consentimento livre e esclarecido.............. 88

8.2 Anexo II: Questionário Biopsicossocial.................................... 90

8.3 Anexo III: Inventário de estratégias de coping de Folkman e

Lazarus..................................................................................... 91

8.4 Anexo IV: Inventário de Burnout de Maslach........................... 93

8.5 Anexo V: Parecer consubstanciado do Comitê de Ética em

Pesquisa................................................................................... 95

14

1. Introdução:

1.1. O processo de trabalho na área da saúde: suas particularidades e a

presença de fatores psicossociais desencadeantes de estresse no trabalho.

O trabalho na área da saúde compartilha características do processo de

produção no setor terciário de serviços, porém com características específicas. De

acordo com Pires1, é um trabalho classificado como não produtivo (ou imaterial),

uma vez que o “produto” é o cuidado, ou seja, a realização da atividade se completa

no ato de sua realização, sendo ela própria um valor de uso, na concepção marxista

do termo2.

A prestação do serviço na saúde inclui demandas de saúde individuais e

coletivas, assumindo diferentes formas. Essa assistência é realizada por

trabalhadores que dominam os conhecimentos e técnicas visando investigação,

prevenção e reabilitação1. Para além disso – e talvez essa seja a característica

principal destas atividades – não se limitam necessariamente à busca pela cura; o

alvo é - e deve ser- as ações de cuidar3.

A atuação do profissional da área da saúde envolve a prática de atitudes

e comportamentos em relação aos pacientes e seus familiares visando aliviar o

sofrimento, manter a dignidade e facilitar meios de lidar com as crises nas situações

de doença, dor, morte e desamparo. Trata-se de uma vivência intersubjetiva e

dinâmica, durante o próprio processo de trabalho, entre quem pratica e quem recebe

o cuidado, tendo como cerne a assunção, por parte do profissional da saúde, de

responsabilidade pelo indivíduo doente4, preocupação, ocupação e envolvimento

com o outro5. Desta forma, a atividade de trabalho em saúde se consiste do

encontro da aplicação de conhecimentos técnicos e protocolos com as

subjetividades singulares dos sujeitos envolvidos6.

Ainda sobre o processo de trabalho em saúde, é válido ressaltar que os

profissionais das instituições de saúde estão expostos a diferentes fatores que

podem ser percebidos como estressores ocupacionais que afetam diretamente o seu

bem-estar7,8.

15

Entre as exigências e demandas de trabalho, enumera-se o baixo grau de

controle ou autonomia, dificuldades nos relacionamentos com a equipe (colegas de

trabalho e superiores), elevada cobrança profissional -interna e externa- e plantões,

somados às necessidades de aprendizado contínuo.

Além disso, os futuros especialistas estão expostos aos agentes de risco

biológicos e ergonômicos, além dos aspectos psicossociais e da dimensão relacional

com os pacientes e seus familiares, equipe de saúde e administradores da

instituição9. Os aspectos psicossociais no trabalho são reconhecidos pelas agências

internacionais10 como os principais fatores de desencadeamento de estresse,

sofrimento psiquico e de adoecimento nos ambientes de trabalho, inclusive o

trabalho em saúde.

Dentre os fatores psicossociais relacionados ao trabalho nos médicos

residentes, destaca-se, por sua importância, o longo tempo dedicado ao trabalho

(jornadas longas e múltiplos empregos). Como o valor da bolsa de Residência é

considerado baixo, a maioria dos residentes fazem plantões para complementar a

remuneração necessária às suas necessidades11.

Scheffer et al12 mostraram, por exemplo, que 78% dos médicos possuem

dois ou mais vínculos empregatícios, e 12,2% trabalham em cinco ou mais locais,

especialmente médicos jovens de até 35 anos. Com relação à carga horária, o

estudo mostrou que 75,5% dos médicos trabalham mais de 40 horas semanais:

43,1% trabalham de 40 a 60 horas por semana, 15,5% trabalham de 60 a 80 horas e

16,9% trabalham mais de 80 horas semanais.

Apesar disso, os profissionais de saúde – entre os quais a categoria

médica – tiveram a oportunidade de escolher a profissão e exercê-la. Ainda que por

motivações variadas, apesar das condições adversas já descritas, como escolheram

a especialidade do seu futuro profissional, em geral o fazem com muita energia e

determinação em busca de satisfação pessoal e realização profissional13.

De acordo com Nogueira-Martins13, estudos a respeito da motivação dos

estudantes para a carreira médica, por exemplo, sugerem que um dos componentes

da opção profissional é uma tentativa de reparação de experiências infantis

16

vinculadas a situações de impotência e/ou abandono emocional (mecanismos

inconscientes de defesa).

Assim, se considerarmos que os profissionais de saúde frequentemente

escolhem trabalhar nesta área por uma vontade de cuidar, sentida às vezes como

vocação14 ou missão15,16, é possível supor que, quando a rotina do trabalho real na

área da saúde não condiz com o idealizado, ele torna-se frustrante, insatisfatório,

estressante e até adoecedor17.

O sofrimento mental do profissional de saúde pode ser agravado, ainda, por

ele ser frequentemente requisitado a se importar com o outro, enquanto é

sistematicamente impedido de vivenciar suas habilidades relacionais por completo

pela necessidade de cumprir uma série de demandas institucionais e burocráticas do

trabalho18.

Reconhece-se que esses profissionais investem muita energia emocional

durante o contato constante com pessoas e, portanto, ficam mais predispostos à

situação de estresse. O estresse crônico no trabalho também é influenciado por

outros fatores psicossociais, como condições da organização do trabalho, suporte da

chefia e dos colegas de trabalho e nível de relacionamentos interpessoais com a

equipe de saúde e usuários dos serviços durante a prestação do cuidado.

Quando falham as estratégias de defesa (coping) nestas situações, o

estresse laboral percebido e recorrente no dia a dia do trabalho em saúde pode se

cronificar e predispor os residentes a desenvolverem alterações em seu estado

físico e mental, além de sinais de adoecimento.

Os futuros especialistas, antes comprometidos ao máximo com as

atividades dos programas de Residência Médica, podem ter suas energias

esgotadas, com sinais de gradativa perda do entusiasmo e energia, como “uma vela

que ilumina e se consome”19. Esta condição de adoecimento devido à cronificação

do estresse no trabalho é denominada Síndrome de Burnout ou de esgotamento

profissional.

17

Importante ressaltar também que se por um lado o estresse crônico

propicia o surgimento de Burnout, os profissionais com a síndrome podem estar

mais vulneráveis a outros fatores de risco para o adoecimento fisico e psíquico -

muitas vezes, inclusive, negligenciando o cuidado com a própria saúde - num circulo

vicioso altamente prejudicial11.

Apesar da extensa literatura sobre o estresse e Burnout nos

trabalhadores da área da saúde, ainda são raras as publicações sobre a síndrome

entre médicos residentes. Prins et al, em 200720, encontraram em sua revisão

sistemática sobre o tema não mais que 19 estudos publicados entre 1975 e 2005 em

língua inglesa. Os autores encontraram apenas três estudos brasileiros recentes

sobre o tema21-23.

A justificativa deste estudo é a relevância de realizar uma pesquisa sobre

um grupo de profissionais de saúde específico e representativo no cenário nacional,

com mais de 29.000 representantes em 6532 programas de Residência24, que, por

características específicas dos diversos programas e respectivas condições de

trabalho, é expostoa a fatores psicossociais relacionados ao trabalho nas

instituições de saúde, o que poderá desencadear estresse ocupacional e síndrome

de Burnout apesar das estratégias de coping adotadas por estes profissionais.

1.2: Residência Médica: origem, desenvolvimento e panorama atual.

O conceito de Residência Médica surgiu nos Estados Unidos do século

XIX. Até então, a medicina fora praticada por uma miríade de profissionais com

diversas formações- desde formais em escolas de elite até leigos que aprenderam o

ofício na prática. As faculdades de medicina ofereciam pouca experiência prática,

que era conseguida apenas ao acompanhar médicos mais experientes,

frequentemente em outros países, especialmente a Alemanha25.

Os médicos que retornavam tinham a ideia de estruturar programas que

preparassem uns poucos profissionais para serem exímios investigadores clínicos e

cientistas para o desenvolvimento da ciência médica – longe da concepção atual de

prática para o cuidado direto25.

18

Esse treinamento deu origem ao que hoje se chama de internato (parte

prática obrigatória no currículo médico atual).

Àquela época, as associações médicas perceberam os benefícios e a

necessidade desse treinamento adicional, e instituiram programas de treinamento

baseados em abdicação pessoal e em certa dose de “heroísmo”, de forma que

algumas escolas médicas passaram a esperar uma dedicação total dos médicos em

formação a esse treinamento imersivo. Isso levou à construção de alojamentos nas

dependências dos hospitais e faculdades, onde os alunos residiam- daí a origem do

nome médico residente25.

Em meados do século XX, houve uma transição deste modelo para um

programa de treinamento em serviço centrado em hospitais, em que os treinandos

assumiam gradualmente mais responsabilidades sobre os cuidados com os

pacientes, além de se conscientizar da importância de estudos aprofundados de

maneira ampla e crítica.

No Brasil, o primeiro programa de Residência foi instituído no ano de

1944, com o programa de Ortopedia do Hospital de Clínicas da Faculdade de

Medicina da Universidade Estadual de São Paulo (HC-FMUSP), seguido de

programas em Clínica Médica, Pediatria e Cirurgia Geral no Hospital dos Servidores

do Rio (IPASE-RJ), a partir de 194826.

Somente na década de 1970 se definiu a Residência nos moldes atuais

no País. O decreto No 80.281, de 05 de setembro de 197727 instituiu que a:

“Residência Médica constitui modalidade de ensino de pós-

graduação lato sensu, destinada a médicos, sob a forma de

cursos de especialização, caracterizada por treinamento em

serviço com carga horária de 60 horas semanais, funcionando

sob a responsabilidade de instituições de saúde, universitárias

ou não, sob a orientação de profissionais médicos de elevada

qualificação ética e profissional”.

19

Cumprido integralmente, o programa credenciado junto à Comissão Nacional

de Residência Médica (CNRM)*, confere ao médico residente o título de

especialista28.

1.2.1: Situações de Estresse nos Médicos Residentes:

Dentre os profissionais da área da saúde, crescente destaque na

literatura tem sido dado aos médicos participantes de programas de Residência

Médica. A experiência tem mostrado que os residentes são submetidos a diversos

tipos de estresse durante o treinamento, colocando-os em situação de

vulnerabilidade13. Estudos nos Estados Unidos29 mostraram que a prevalência de

Burnout é significantemente maior neste grupo que em pares não médicos.

Aach e cols30 classificam o estresse a que estão submetidos os médicos

residentes em três categorias:

• Profissional (associado ao papel do médico na sociedade e aos

processos de profissionalização, e.g, lidar com situações difíceis, com o peso

da responsabilidade profissional e planejamento da carreira profissional);

• Situacional (i.e, devido a características do treinamento em serviço,

como a privação de sono, fadiga, carga de trabalho semanal de no mínimo 60

horas- o requerido para credenciamento dos programas30,31, muitas delas

assistenciais, e baixa remuneração).

• Pessoal (que envolve características e situações individuais, como

situação socioeconômica, gênero, eventos de vida, antecedentes

psiquiátricos etc).

Estes e outros autores apontam que estes fatores estressantes podem

produzir efeitos danosos tanto para os residentes como para a qualidade da

___________________________________________________________________

*Esta entidade é composta pelos Ministérios da Saúde, da Educação (MEC) e da Previdência Social (MPAS), além de entidades médicas, como o CFM. A Comissão Nacional de Residência Médica da Associação Médica Brasileira é a responsável pelo credenciamento e reconhecimento dos programas no País.

20

assistência por eles prestada aos pacientes20,30,32,33.

Outros estudos apontam fatores como falta de autoconfiança, sensação de

ambiente competitivo e solidão34, muita responsabilidade e pouco controle35,

privação de sono36, 37 e sentimento de desamparo em relação ao sistema de saúde37,

além dos já mencionados confrontos entre a medicina idealizada e a prática real da

profissão, com a qual se deparam mais intensamente que em qualquer momento

anterior em sua formação.

1.2.2. Direitos trabalhistas dos médicos residentes:

Num esforço de melhorar as condições de trabalho do Médico Residente,

ao longo dos anos, a partir da regulação na década de 1970, foram sendo

estipulados direitos mínimos aos Residentes38.

• Remuneração: Inicialmente os programas de Residência Médica não

possuíam qualquer tipo de remuneração. Atualmente, os Médicos residentes

recebem uma ajuda de custo durante a duração do programa. Em 2017, o valor

da bolsa era de R$3.330,4339 (Portaria Interministerial 3/2016), sem encargos

trabalhistas. Isso equivale a um valor de hora de trabalho de R$13,87 por hora

de trabalho, se considerada a jornada mínima obrigatória de 60h/semanais.

• 13º salario: Por ser a Residência Médica “modalidade de ensino de

pós-graduação, destinada a médicos, sob a forma de cursos de especialização,

caracterizada por treinamento em serviço”40, não sendo considerado que exista

vínculo empregatício do residente com a instituição, não existe o direito ao

benefício do 13º salário.

• Descanso pós plantão noturno: Em 2011, estabeleceu-se a

obrigatoriedade de descanso após plantões noturnos (que têm duração mínima

doze horas). De acordo com Resolução CNRM nº 1/2011 de 16/6/201141, “O

descanso obrigatório terá seu início imediatamente após o cumprimento do

plantão noturno e será, invariavelmente, de 6 (seis) horas consecutivas, por

21

plantão noturno. Não será permitido o acúmulo de horas de descanso para

serem gozadas a posteriori”.

• Direito a férias e descanso semanal: De acordo com a Lei nº

6.932/198140, “O médico residente fará jus a um dia de folga semanal e a 30

(trinta) dias consecutivos de repouso, por ano de atividade”. Para garantir que o

atendimento aos pacientes não seja sobremaneira impactado, é permitido que

as férias sejam gozadas em meses diferentes entre os residentes de um mesmo

programa, mesmo que antes de completado um ano.

• Licença por motivo de doença, licença maternidade e paternidade:

A partir de 2011 a médica residente tem direito a licença-maternidade de 120

(cento e vinte) dias, e o pai, a licença-paternidade de cinco dias. A licença

maternidade poderá, em alguns casos42 ser prorrogada em até 60 (sessenta)

dias. O tempo de Residência Médica será prorrogado por prazo equivalente à

duração do afastamento do médico-residente por motivo de saúde ou licença

maternidade e paternidade43.

Apesar das novas regulações, não é infrequente que diversas destas

normas sejam desrespeitadas. Em editorial de 2007 da Revista da Associação

Médica brasileira, Massuda Cunha & Petta31 relatam regimes de trabalho que

ultrapassam 100 horas semanais, plantões de mais de 36 horas ininterruptas e sem

supervisão adequada e desvios das atribuições previstas para a especialidade.

Explicitam ainda que isso é encarado, por alguns, quase como um “rito de

passagem”, algo natural e “necessário para o aprendizado”; e por outros, algo que

deve ser tolerado por medo de represálias no ambiente da Residência ou mesmo na

vida profissional futura.

Considerando-se os fatores psicossocias do trabalho em saúde

assinalados e mais acentuados nos programas de Residência Médica no país, a

nossa hipótese foi considerar que os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

contribuem para o desencadeamento de estresse laboral, e que dependendo das

22

estratégias de defesa individuais adotadas pelos residentes poderia ocorrer o

sofrimento e adoecimento, manifestados na forma de transtornos mentais e, em

especial, na Síndrome de Burnout.

23

2. Objetivos:

• 2.1 - Geral: Descrever os fatores psicossociais como potenciais

desencadeadores de estresse entre os residentes de programas

credenciados pela Comissão Nacional de Residencia Médica de uma

Faculdade de medicina pública do estado de São Paulo.

• 2.2 - Específicos:

• 2.2.1. Caracterizar o perfil biopsicossocial dos residentes de quatro

programas com maior número de residentes da instituição: Clinica médica;

Pediatria, Cirurgia e Ginecologia e Obstetrícia.

• 2.2.2. Identificar as estratégias de coping adotadas pelos residentes e,

como desfecho negativo, o adoecimento manifestado através da Síndrome

de Burnout entre os sujeitos destes programas.

24

3. Referencial Teórico:

3.1: Estresse no trabalho

O estresse no trabalho (ou ocupacional) pode ser definido como uma

reação negativa ou adversa que os trabalhadores têm às pressões excessivas ou

outros tipos de demandas colocadas sobre eles no trabalho. Observa-se que o

prolongamento de situações de estresse pode repercutir num quadro patológico,

originando desde distúrbios transitórios até situações gravemente impactantes,

como o Burnout44.

O termo estresse tem sido empregado por pesquisadores e leigos em

diversos contextos, por vezes tão diversos que uma definição única que seja

abrangente e aceitável não foi até o momento encontrada45.

Definições de dicionário, como o Aurélio46, que definem Estresse como o

“conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física, psiquica, infecciosa

e outras, capazes de perturbar-lhe a homeostase” fazem referência às primeiras

definições do termo, mas não conseguem captar a complexidade do conceito45.

Com esse sentido, a palavra estresse foi primeiramente descrita aplicada

a seres vivos por Selye em 193647, como uma exigência capaz de elicitar resposta

neuroendócrina do organismo. Esse modelo explicativo, unicausal e determinístico,

implicava que os estressores possuem efeitos específicos, e que a exigência de

adaptação a um problema, independente de qual possa ser, define o estresse. Esta

visão foi a predominante por boa parte do século XX48, e explica porque,

inicialmente, somente eram reconhecidos com fatores de risco capazes de gerar

estresse os agentes físicos, como calor, ruído, ergonomia falha, fatores biológicos e

químicos10.

Na década de 1980, Lazarus e Folkman7 definiram estresse como uma

relação transacional entre o sujeito e o ambiente, avaliada pela pessoa como sendo

uma ameaça ao seu bem-estar por superar seus recursos pessoais de defesa. Para

os autores, o processo de estresse elicita estratégias de enfrentamento (processo

25

denominado Coping), determinadas por fatores pessoais, exigências situacionais e

recursos disponíveis.

Com os conhecimentos obtidos, desenvolveu-se a mais difundida dentre

as teorias sobre a relação entre saúde mental no trabalho e o adoecimento,

denominada teoria do estresse (ou Work Stress*). Segundo esta teoria, as

demandas no trabalho não são suficientes para caracterizá-los como um fenômeno

de estresse48. Tais demandas podem ser de diversos tipos, e decorrente da sua

interação com mecanismos protetores individuais e ambientais, podem desencadear

reações emocionais distintas em diferentes indivíduos, dependendo de sua

valoração cognitiva da situação e dos recursos do sujeito (estratégias de coping).

Dessa forma, de acordo com Lucca48, citando Karasek e Theorell49 e

Lazarus e Folkman7, “os processos psicológicos medeiam os efeitos dos estressores

sobre o bem-estar”, e se após o exercício dos mecanismos de enfrentamento às

situações no trabalho elas seguirem sendo vivenciadas como negativas e geradoras

de sofrimento, em função de características individuais em resposta a estes

estímulos – como a resiliência e os mecanismos de coping- está caracterizado o

Estresse Ocupacional, com potencial de causar danos físicos e emocionais. A Figura 1

esquematiza o processo de resposta frente a fatores psicossociais com potencial de

desencadear adoecimento.

Figura 1- Esquematização de respostas frente a agentes potencialmente desencadeantes de

estresse levando à manutenção do equilíbrio ou ao adoecimento. Campinas-SP, 2017

____________________________________________________________________

* Além do Work-stress, outros modelos teóricos de destaque são o do desgaste biopsicossocial e

Subjetividade e Trabalho, que engloba a psicodinâmica do trabalho e a psicanálise50.

Fatores

psicossociais Avaliação

Não

Dano,

ameaça

ou

desafio

?

Não-estressor

Mecanismos

de coping

efetivos?

Reação de estresse Sim

Não Sim

Adoecimento Manutenção do equilíbrio

26

A teoria do Work Stress demonstrou grande capacidade explicativa e

operativa (à medida que permitiu o desenvolvimento de técnicas de investigação e

tratamento nos campos da medicina e psicologia), e ainda é hegemônica nas

publicações nacionais e internacionais48, sendo o referencial teórico empregado no

presente estudo.

3.2. Fatores psicossociais desencadeantes de estresse e adoecimento

psíquico

Estudos contemporâneos tendem alinhar a fundamentação biológica do

estresse, mas não em um contexto unicausal, com os chamados aspectos (ou

fatores) psicossociais percebidos pelos sujeitos como desencadeantes de estresse.

Atualmente, as associações entre os fatores psicossociais no trabalho e o

potencial de desencadear estresse ocupacional, bem como seu potencial negativo,

estão bem estabelecidos51. Esta relação ganhou destaque na década de 1980,

quando a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial de

Saúde (OMS) publicaram documento relacionando os fatores psicossociais no

trabalho ao desenvolvimento de estresse10.

O documento os considera como “interações do ambiente, conteúdo,

natureza e condições de trabalho com as capacidades, necessidades, costumes,

cultura (e.g: métodos tradicionais de resolução de conflitos) e as condições de vida

dos trabalhadores fora do trabalho (como as atitudes, crenças e os traços de

personalidade), sendo esses fatores capazes de influenciar a saúde, o rendimento e

a satisfação no trabalho. ” *

___________________________________________________________________

* A Organização Internacional do Trabalho10 ainda classifica os fatores psicossociais em dois grupos:

Um relacionado ao Conteúdo do Trabalho (carga, ritmo, horário, controle e relacionamentos

interpessoais no trabalho) e o outro ligado ao Contexto do trabalho, isto é, cultura e funcionamento da

organização, perspectivas de desenvolvimento na carreira e interface casa-trabalho48,52.

27

3.3 - Mecanismos de coping

Considerando a proposição de Millan16, a própria escolha da carreira

médica poderia ser uma resposta (inconsciente) à fragilidade, baixa autoestima e a

vivência da angústia e impotência diante da morte.

Assim, uma série de comportamentos dos médicos seria a expressão de

defesas ligadas a angústias muito primitivas, inerentes ao ser humano, como o medo

da própria destrutibilidade, fragilidade e desamparo. Na tentativa de lidar com as

questões emocionais provocadas no lidar com o trinômio- vida / doença / morte,

estratégias defensivas diversas- estas em nível consciente e deliberado53 - são

utilizadas, as quais são chamadas pelo termo em inglês “coping”7.

Coping é o processo (ou conjunto de esforços) cognitivo e

comportamental, dinâmico e consciente pelo qual o indivíduo comumente maneja os

estímulos oriundos da relação sujeito-ambiente, e que lhe são estressantes com o

objetivo de neutralizar, controlar ou eliminar o estressor e reestabelecer seu

equilíbrio interno7.

Por esta definição, mecanismos de defesa inconscientes e não

intencionais (e.g, negação e regressão) não podem ser considerados como

estratégias de Coping 8.

Um dos modelos teóricos, denominado interacionista-cognitivo7, propõe

que as estratégias defensivas podem estar centradas na emoção ou no problema,

com implicações e resultados distintos. Para esta teoria, as estratégias de coping

são um processo dinâmico (e não um evento isolado), dependente e permanente de

(re) avaliação – cognitiva e consciente - da interação entre ambiente e indivíduo, que

modifica a estratégia utilizada em resposta ao significado atribuído a cada situação

enfrentada 7,54.

Diz-se que as estratégias de defesa centradas no problema são aquelas

em que o sujeito procura a resolução da situação com a avaliação das alternativas

de ação de que dispõe e elege a que julga mais adequada7. São voltadas para a

28

realidade, podendo estar direcionadas tanto ao ambiente como às próprias atitudes

do sujeito, transformando a relação entre a pessoa e o ambiente, controlando e

alterando a situação desencadeadora de estresse. Por terem a capacidade de

mitigar as pressões ambientais, são consideradas mais adaptativas.

Um exemplo é o do profissional da área da saúde que, confrontado com

um problema clínico complexo, procura com avidez aprender mais para agir melhor

sobre ele em próximos encontros, com melhora do cuidado prestado e da

autoconfiança, fortalecendo o profissional55. Pode ainda ser considerado48

proativo/preventivo (como o exemplo acima) ou combativo, que poderia ser

exemplificado pela tomada de ações efetivas sobre uma situação adversa que não

pôde ser evitada.

Já as estratégias defensivas centradas na emoção são processos de

autodefesa, com elevada carga emocional, que envolvem a esquiva, evitação e

busca de distanciamento do estressor, tentando mudar a significação7,48,54 e as

sensações desagradáveis oriundas da situação geradora de estresse.

Em outras situações desencadeantes de estresse, o profissional, baseado

em sua experiência, pode avaliar que a postura mais adequada seja aquela

enfocada na emoção - por falta de recursos técnicos, pela magnitude e gravidade

do estressor ou pela pura depleção de recursos protetores internos pelo estresse

crônico- é possível que a esquiva surja como defesa.

Não incomumente, na área da saúde, a adoção deste tipo de estratégia

pode induzir a piora da qualidade do cuidado clínico, devido ao desenvolvimento de

irritabilidade, impaciencia e fuga das situações que propiciam contato com o

estressor55.

As estratégias de coping podem ser aprendidas e adaptadas para

diversas situações estressoras, sendo influenciadas tanto por estressores

vivenciados anteriormente, como pela ação da história de vida e do grupo social do

indivíduo 7,54,56 e também pela identificação e aprendizado de estratégias mais

adaptativas que auxiliariam os indivíduos a resgatar o controle quando frente aos

estressores53,57,58.

29

É possível supor, portanto, que à medida que os médicos residentes

convivem com as situações estressoras, adotem com mais eficácia mecanismos

mais efetivos como estratégias contra o sofrimento e adoecimento. A falência destas

estratégias, no entanto, pode levar a consequências deletérias. De fato, é na

necessidade de esforços repetidos e frustrados de tentar lidar com as situações

estressoras no trabalho que está a gênese da síndrome de Burnout59,60.

A investigação da dinâmica destas mudanças no enfrentamento no

decorrer da Residência Médica é também um dos objetivos do presente estudo.

3.4: Síndrome de Burnout ou do esgotamento profissional

Em inglês, a palavra Burnout vem do verbo frasal “to burn out”,

significando “ser consumido ou exaurido [pela queima] até o fim [ou exaustão]”61.

Este foi o nome escolhido para nomear uma síndrome de reações

comportamentais62 e absoluta falta de energia decorrente de um processo de

cronificação do estresse no trabalho59.

A síndrome de Burnout tem sido descrita principalmente em profissionais

que trabalham com relacionamento frequente e intenso, investindo grande energia

afetiva, com pessoas que necessitam de cuidados e/ou assistências58,

especialmente pessoas doentes, grupos sociais carentes e crianças, que podem

gerar experiências com alta carga emocional19,63.

O Burnout pode ser conceituado como um esgotamento dos recursos

físicos e mentais frente à exposição prolongada aos estressores emocionais e

interpessoais crônicos, que tende a se manifestar na área da vida onde há mais

expectativa de sucesso - em geral, no trabalho64.

Este fenômeno foi primeiramente descrito de forma científica na década

de 197064,65. O autor descreveu um quadro de esgotamento físico e mental com

30

intensa irritabilidade relacionado a condições adversas de trabalho entre

profissionais de saúde que atuavam com dependentes químicos.

Esses profissionais relatavam não conseguir ver seus pacientes como

pessoas que necessitavam de cuidados especiais; estarem tão exaustos que

frequentemente desejavam nem acordar para não ter que ir para o trabalho; e de se

sentirem derrotados por não alcançarem seus objetivos profissionais60, 65.

A concepção etiológica mais comumente aceita atualmente é a

sociopsicológica65. Nela, as características individuais associadas ao estresse

crônico no ambiente de trabalho propiciariam o aparecimento dos fatores

multidimensionais da síndrome63: Exaustão Emocional (EE), Despersonalização –

(DE), Baixa Realização Profissional (RP).

Para o diagnóstico da SB, diversos métodos foram aplicados, sendo a

definição de Burnout descrita por Maslach e Jackson em 198163 a mais reconhecida

na literatura62 como marco teórico e modelo conceitual, e a que foi a utilizada no

presente estudo.

De acordo com essas autoras o Burnout é uma síndrome composta por

três dimensões, com sensações de inadequação ao posto de trabalho, e de falta de

recursos para enfrentar o trabalho, sentimento de formação insuficiente e diminuição

da resolubilidade dos problemas66. Ela é decorrente do ambiente e do trabalho,

tendo como traços principais 62,63,67:

Exaustão emocional: É o traço inicial e a principal dimensão da

síndrome (também chamada de Síndrome do esgotamento profissional). O sujeito

com exaustão tem a percepção de não ter a mesma capacidade e resiliência com

que está acostumado. Além de vivenciar esse esgotamento, podem advir sintomas

físicos e/ou psíquicos, como astenia, ansiedade, cefaléia, náuseas, dores tensionais,

sono não reparador e sentimentos de desesperança, irritabilidade e depressão.

31

Despersonalização: Também chamada de distanciamento afetivo, é a

dimensão mais específica da SB (exaustão emocional e baixa realização podem

aparecer em contextos diferentes62). Trata-se de uma mudança nas atitudes e

respostas para com outras pessoas, especialmente os receptores do próprio

trabalho - no caso dos médicos residentes, os pacientes.

A Despersonalização está acompanhada de perda da motivação e da

empatia. O indivíduo com despersonalização reduz suas expectativas quanto ao

trabalho, apresenta menor senso de responsabilidade pessoal para com os

resultados do trabalho (bem como para com colegas e receptores dos cuidados). O

sujeito perde a visão idealizada que tinha sobre seu ofício.

Os sujeitos sentem-se apartados dos colegas, chefia e do objeto do seu

trabalho, sendo a presença destes, muitas vezes, desagradável e indesejada. Além

desse isolamento para diminuir a intensidade das relações interpessoais e a

consequente tensão e sensação de falta de controle que elas trazem, há um

aparente desengajamento, uma atitude fria e distanciada59.

Baixa realização profissional: Essa dimensão define a percepção de

que se alcançam poucas coisas com os esforços no trabalho, e que elas são de

pouco ou nenhum valor. O indivíduo vivencia um sentimento desconfortável de não

pertencimento no trabalho, e a isto se somam sentimentos de depressão e auto-

depreciação, moral baixo e incapacidade para suportar as pressões. Como reação

defensiva, frequentemente a pessoa acometida evita relações interpessoais, e não

raramente há diminuição real na produtividade, alimentando o mal-estar.

A avaliação do adoecimento decorrente da presença do estresse que

ocorre pelas características de tensão e frustração crônicas do trabalho médico foi

feita pela pesquisa de uma de suas manifestações: a Síndrome de Burnout. Ainda

que estresse no trabalho e Burnout sejam entidades distintas11, a síndrome é um

fenômeno que tem no estresse um determinante, sendo originada de um prolongado

esforço dos sujeitos de tentar lidar com determinadas condições de estresse

32

cronificado. Com efeito, León e Iguti68 consideram Burnout como um quadro clínico

extremo do estresse ocupacional.

3.4.1 Componentes psicossociais no desenvolvimento da síndrome de

Burnout

O desenvolvimento da síndrome de Burnout depende da interação de

fatores ambientais e das características pessoais. Maslach, Shaufeli & Leiter69

defendem que os fatores ambientais, notadamente os fatores psicossociais

relacionados ao trabalho são os principais, visto que alguém pode ser altamente

produtivo e satisfeito num ambiente de trabalho e apresentar acentuadas

características da crise ao mudar de função.

Os mesmos autores19, 69 ainda destacam alguns fatores psicossociais

relacionados ao ambiente laboral relevantes para o desenvolvimento da SB:

Excesso de trabalho: O trabalho se torna extenso e exaustivo, e o

indivíduo necessita dispor de seu tempo e de seus compromissos pessoais. O

trabalho, cada vez mais complexo, leva os indivíduos a realizar tarefas múltiplas,

desempenhando mais papéis, simultaneamente.

Falta de controle: a possibilidade de estabelecer prioridades e ter

liberdade para selecionar abordagens e recursos que serão utilizados para a

realização do próprio trabalho é essencial para o bem-estar profissional19, 69. Dentro

da rígida hierarquia29 da Residência, tal autonomia inexiste.

Remuneração insuficiente: o indivíduo espera do seu ambiente de

trabalho reconhecimento monetário, prestígio e segurança, o que nem sempre é

obtido19,69.

Colapso da união ou da equipe: a união é destruída pelas

características do emprego, com enfoque em produtividade, o que exclui a

consideração pelas pessoas. Essa atmosfera fragmenta as relações pessoais, que

33

são o componente básico da união com a empresa, além de afligir o trabalho em

equipe. O sentimento de pertencer a uma comunidade desaparece quando as

pessoas individualizam seus trabalhos19,69.

Ausência de equidade: o local de trabalho não propricia confiança,

franqueza, respeito e equidade. Outro fator importante é quando não é levada em

consideração a avaliação dos profissionais sobre as prioridades do serviço19,69.

Valores conflitantes: o sistema de valores atual tem base no curto prazo

e no lucro. O incentivo excessivo à produtividade pode vir a prejudicar a qualidade

do serviço19, 69.

Quanto a fatores do sujeito, além de características sociodemográficas

(especialmente menor tempo na profissão, estado civil solteiro e nível educacional

mais alto)69, alguns fatores individuais59,66,69,70 têm sido correlacionados com

vulnerabilidade maior ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout. São eles:

Traços de personalidade: indivíduos com mais necessidade de controlar

os eventos de vida, mais impacientes e competitivos e menos abertos a mudanças

apresentam scores elevados, especialmente na dimensão exaustão emocional.

Lócus de controle externo: Aqueles que atribuem acontecimentos de

vida, sucessos e fracassos ao acaso, ou ações de outras pessoas mais “poderosas”.

Indivíduos passivos: pessoas que adotam postura defensiva e tendem à

evitação diante das dificuldades.Tal associação também se vê em pessoas com

baixa auto-estima.

Pessimismo: costumam destacar para si os aspectos negativos dos

acontecimentos, frequentemente com ansiedade antecipatória e pensamentos de

fracasso.

Indivíduos perfeccionistas: bastante exigentes consigo mesmos e com

os outros, e não toleram seus próprios erros nem os de outros.

34

Atitude quanto à profissão: Característica com menos consenso na

literatura, aponta-se que pessoas com altas expectativas quanto à natureza e

sucesso de seu trabalho tendem a trabalhar com muito esforço e em excesso,

levando à exaustão e descrença no trabalho caso ele fique aquém do idealizado.

Explicação semelhante pode ser dada aos sujeitos que demonstam

superenvolvimeno com o trabalho.

Superenvolvimento: sujeitos empáticos, sensíveis, humanos, com

dedicação profissional, altruístas, obsessivos, entusiastas, suscetíveis a se

identificarem com os demais.

Pode-se observar que grande parte desses atributos são encontrados, e

desejados, entre os que são considerados “bons profissionais” da área da saúde71.

35

4- Materiais, Sujeitos e Método

4.1: Caracterização do Estudo

Trata-se de um estudo transversal com Médicos Residentes de Hospital

Escola Universitário do Estado de São Paulo, realizado no segundo semestre de

2016.

4.2: Critérios de inclusão

Foram convidados a participar da pesquisa os médicos residentes

regularmente inscritos há pelo menos 6 meses em programas de Residência Médica

da instituição no ano letivo de 2016. O período de seis meses foi escolhido para

permitir avaliar a influência do trabalho atual nas medidas de estresse, a exemplo da

experiência de outros autores no estudo de fatores psicossociais no trabalho56,69,70.

Os médicos residentes, em uma amostra de conveniência, foram

escolhidos porque pertenciam aos principais programas de Residência Médica –

tanto pelo número de inscritos como por serem especialidades de acesso direto que

são pré-requisitos para diversas sub-especilidades. São elas: Clínica Médica,

Cirurgia Geral e Pediatria (com duração de dois anos) e de Ginecologia-obstetrícia

(com três anos de duração). O ingresso a estes programas se dá através de

concurso público com três fases: prova teórica, prova prática e análise e arguição de

currículo.

4.3 Critérios de exclusão

Foram excluídos aqueles que não assinaram o termo de consentimento

livre e esclarecido. (Anexo I)

4.4 Coleta de dados

Para a aplicação dos questionários foram adotados os seguintes

procedimentos:

• A lista com o nome, programa de Residência, data de

nascimento e endereço eletrônico dos residentes foi obtido por meio de

36

contato com a Comissão de Residência Médica (COREME). A amostra

do estudo foi constituída inicialmente com por 176 residentes (65 homens

e 111 mulheres) que faziam parte dos programas de Residência Médica

da instituição pesquisada das quatro especilidades principais da

Residência Médica: sendo 41 da Pediatria, 38 da Ginecologia-Obstetrícia,

65 da Clínica Médica e 32 da Cirurgia Geral.

• O projeto de pesquisa foi apresentado pelos pesquisadores, em

reunião presencial, aos professores responsáveis pelos programas a

serem estudados, explicando os objetivos e metodologia proposta. Nestas

oportunidades, foi disponibilizado o calendário de reuniões das

especialidades.

• Um primeiro contato foi feito com os Médicos Residentes dos

programas de Cirurgia Geral, Pediatria e Ginecologia e Obstetrícia por

meio de e-mail; nele, o pesquisador apresentou-se e ao projeto, além de

comunicar as datas em que faria contato.

• Os questionários de autopreenchimento foram entregues em envelope

opaco entre agosto e dezembro daquele ano, durante reuniões periódicas

das respectivas especialidades. Ao todo, o pesquisador esteve presente

em todas as nove reuniões da Cirurgia, sete da Pediatria, e três da

Ginecologia realizadas no período da pesquisa. E-mails foram enviados à

totalidade da população para relembrar da pesquisa e da data do próximo

encontro.

• Os envelopes foram recolhidos em data posterior à disponibilização

(em reuniões posteriores e por meio de urnas lacradas deixadas na

secretaria dos departamentos). Em cada uma das reuniões, questionários

adicionais foram disponibilizados em caso de perda ou esquecimento.

Os participantes tiveram a opção de responder aos questionários fora da

instituição em que trabalham, porém alguns preferiram entregá-los preenchidos no

momento em que receberam os envelopes.

37

Devido às características do programa, que não inclui reuniões periódicas,

e à dispersão física dos 65 residentes do programa de Clínica Médica em estágios

em diferentes hospitais e Unidades Básicas de Saúde, foi feito contato com um

representante dos residentes do primeiro ano e uma das residentes do segundo ano

explicando o projeto e discutindo o melhor meio de disponibilizar o material. Ambos

explicitaram ser melhor a disponibilização online. Foi elaborada versão eletrônica

dos questionários através da ferramenta Google Forms.

Foi enviado, aos residentes, e-mail que apresentou o projeto e forneceu o

link para o endereço da pesquisa. Os que acessaram o link da pesquisa abriam o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e o prosseguimento do preenchimento

da pesquisa estava condicionado a assinalar que concordavam com os termos.

Dentro de três semanas após a primeira comunicação, houve apenas

uma resposta. Novo e-mail foi enviado com o mesmo teor, porém nenhuma resposta

adicional foi obtida. A terceira comunicação, duas semanas após a segunda, foi por

meio de e-mail individual nominal a cada Residente da Clínica Médica.

Paralelamente, novo contato foi feito com representantes dos Residentes, que se

disponibilizaram a enviar o link para grupo em aplicativo de mensagens instantâneas

para celular (WhatsApp). Após três semanas, apenas uma resposta adicional foi

obtida.

Ao todo, foram distribuídos 65 questionários por meio eletrônico e 72

questionários por meio físico. Houve uma perda amostral de 39 residentes

remanescentes, que não foram localizados após pelo menos cinco tentativas de

contato.

Optamos por separar os residentes em dois grupos (Residentes do

primeiro ano – R1) e os residentes do segundo e terceiro anos (R2 e R3,

respectivamente) para apresentação de frequências. Tal distinção foi feita por alguns

motivos: os programas das especialidades escolhidas para compor o estudo de

acesso direto (ou seja, não têm como requisito para acesso outra especialização

anterior, apenas a graduação em medicina), os R1 são recém-egressos da

38

graduação, ao contrário dos R2 e R3 que ja tiveram no mínimo um ano a mais de

experiência com o trabalho fora do ambiente protegido da graduação.

Além disso, o R1 está sujeito a pressões oriundas da hierarquia30 que são

menos intensas entre os “veteranos” de Residência- em parte por serem os próprios

residentes de anos mais avançados os praticantes de tais pressões.

Os R2 e R3, por sua vez, estiveram expostos ao ambiente da Residência

por um período mais longo, implicando tanto em mais chances para aprender

melhores mecanismos de coping como em mais encontros com as situações

adversas descritas. Por fim, a proporção de R3 (quatro ao todo) reduziria ainda mais

a capacidade de comparação como grupo.

Os dados coletados foram inicialmente digitados em uma planilha do

programa Excel para Microsoft Office 2010, sendo posteriormente corrigidos e

conferidos. As análises descritivas foram realizadas por meio de frequências

absolutas e relativas.

4.4.1: Questionário Biopsicossocial

O questionário de múltipla escolha desenvolvido pelos pesquisadores

(anexo 2) foi desenhado com base em estudos com metodologia semelhante para

investigação de fatores psicossociais protetores e negativos sobre a saúde mental

de profissionais da área da saúde13,59,72,73.

As perguntas incluídas no questionário biopsicossocial inqueriram sobre

idade, sexo, estado civil, condições de moradia, instituição e ano do término da

graduação, uso do tempo fora das atividades da Residência, ingestão de álcool, a

presença de doença no momento da coleta dos dados e presenteísmo.

Dados específicos sobre a Residência incluíram o programa no qual

estavam inseridos (Clínica Médica, Cirurgia Geral, Pediatria e Ginecologia-

Obstetrícia), ano do programa em curso, a necessidade de fazer plantões adicionais,

as médias de horas de trabalho semanais tanto fora como dentro da Residência

Médica.

39

Questionou-se também sobre o nível de satisfação com o trabalho como

médico, com o programa de Residência e com a especialidade escolhida. Procurou-

se investigar também a percepção de valorização do trabalho executado,

perguntando se o sujeito sentia-se valorizado e por quem.

A qualidade dos relacionamentos no trabalho também foi questionada,

bem como qual era o aspecto considerado mais estressante na Residência. Este

ítem possibilitava descrever situações que não estivessem enumeradas (a saber:

elevada carga horária, sentimento de impotência/baixa resolubilidade, falta de

estrutura/recursos materiais, falta de recursos técnicos, lidar com sofrimento,

desfechos adversos e morte ou outros). Referência à resposta assinalada nesta

pergunta foi feita no questionário de Coping (item 4.4.2).

4.4.2: Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus

Os mecanismos de coping foram avaliados segundo o Inventário de

Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus. O inventário, em sua tradução

validada no Brasil85,86, é um questionário que contém 66 itens (Anexo III) que

englobam pensamentos e ações que as pessoas utilizam para lidar com demandas

internas ou externas de um evento estressante específico, correspondentes a oito

fatores83:

-Fator 1 - Confronto (o indivíduo acredita que deve enfrentar a situação

estressante, sem se afastar das situações de risco);

-Fator 2 - Afastamento (há um afastamento das possíveis situações

estressantes no momento em que elas ocorrem);

-Fator 3 - Auto-Controle (acredita-se que deve se empregar auto-controle

para que a situação estressante passe);

-Fator 4 - Suporte Social (estratégias pelas quais se busca um auxílio

externo, como amigos, colegas ou familiares);

-Fator 5 - Aceitação de Responsabilidade (em que o indivíduo se

responsabiliza pela ocorrência das situações estressantes e aceita sua existência);

40

-Fator 6 - Fuga- Esquiva (há evitação de possíveis situações de risco);

-Fator 7 - Resolução de Problemas (tentativa de usar técnicas para

controlar e resolver a situação), e

-Fator 8 - Reavaliação Positiva (busca pelo lado positivo da situação

vivenciada).

A avaliação da frequência com que se emprega cada fator é feita

atribuindo-se pontos (de zero a três) às respostas: não-uso da estratégia, pouco uso,

bastante uso, e uso em grande quantidade85,86. As perguntas correspondentes a

cada um dos fatores, bem como a pontuação possível são:

Fator 1 - confronto (itens 7, 17, 28, 34, 40 e 46) - 18 pontos

Fator 2 - afastamento (itens 06, 10, 13, 16, 21, 41 e 44) –21 pontos;

Fator 3 - autocontrole (itens 14, 15, 35, 43 e 54) –15 pontos;

Fator 4 - suporte social (itens 8, 18, 22, 31, 42 e 45) – 18 pontos;

Fator 5 - aceitação de responsabilidade (itens 9, 25, 29, 48, 51, 52 e

62) – 21 pontos;

Fator 6 - fuga-esquiva (itens 58 e 59) – 6 pontos;

Fator 7 - resolução de problemas (itens 1, 26, 46, 49) – 12 pontos;

Fator 8 - reavaliação positiva (itens 20, 23, 30, 36, 38, 39, 56, 60 e 63) –

27 pontos.

Este questionário foi traduzido e adaptado para a língua portuguesa

por Savóia, Santana e Mejias85. A determinação da estratégia utilizada

primariamente pelo sujeito é feita através da atribuição de pontos às respostas

dadas, e verificação de que percentual da pontuação máxima de cada fator foi

utilizado. A estratégia com maior uso do potencial é considerada a principal na

situação específica analisada.

Para o presente estudo, foi solicitado que os médicos residentes

respondessem o questionário baseados na situação estressora assinalada por eles

41

na pergunta “u” do questionário biopsicossocial: “Qual é o aspecto ou situação

adversa na Residência que te dá mais estresse?”.

4.4.3: Maslach Burnout Inventory – Human Services Survey

Os indicadores de sofrimento psíquico foram avaliados através da

avaliação da Síndrome de Burnout, uma vez que é um dos possíveis desfechos da

exposição continuada a ambientes de trabalho estressores.

Embora existam varios conceitos e ferramentas para identificar a

Síndrome de Burnout, foi empregado como instrumento o Inventário de Burnout de

Maslach (Maslach Burnout Inventory – Human Services Survey – MBI-HSS).

Trata-se do instrumento mais utilizado globalmente para avaliar o Burnout

em quaisquer grupos de trabalhadores independentemente da natureza ocupacional

ou da origem dos sujeitos74,75,76,77, inclusive em médicos71,78.

Devido às características peculiares do instrumento, tais como, a

aplicação fácil, rápida e de baixo-custo, vem sido traduzido, adaptado e validado em

diversos idiomas – a versão empregada nesta pesquisa foi traduzida e validada para

português por Lautert62,79. O emprego de um instrumento consagrado e validado em

português e em diversos outros idiomas é a possibilidade de comparação com

outras pesquisas80.

O MBI-HSS é composto de 22 itens distribuídos nas três dimensões

componentes da síndrome: Exaustão Emocional (EE, nove ítens),

Despersonalização (DE, cinco ítens) e Realização Profissional (RP, oito itens).

A metodologia adotada no presente estudo para o diagnóstico da

síndrome de Burnout instrui que somente está caracterizada a síndrome quando há

alta pontuação das duas primeiras dimensões e baixa pontuação referente à

realização pessoal19, 63,74,81.

42

Diferentemente da escala original, ainda não há uma padronização

(pontos de corte) na versão em português para a população brasileira quanto à

classificação da síndrome em níveis baixo, médio ou alto. Adotou-se nesta pesquisa

o critério de tercis como linha de corte82,83. São considerados baixos os escores do

primeiro tercil, moderados aqueles no terço médio e elevados aqueles com

pontuação no terço superior.

É importante ressaltar, contudo, que alguns autores utilizam outros

métodos de definição de SB, por exemplo, a presença de score elevado em uma das

dimensões isoladamente35,72 ou a associação de alta exaustão emocional com

algum outro parâmetro. Esta abordagem, ainda que mais sensível, prejudica

sobremaneira a especificidade da avaliação da síndrome, ja que este fenômeno

pode ocorrer em outras condições62.

Os itens são respondidos numa escala tipo Likert com pontuação variável

entre zero e quatro, atribuídas, respectivamente, às respostas “nunca”, “algumas

vezes ao ano”, “algumas vezes ao mês” “algumas vezes na semana” e

“diariamente”. O score do sujeito em cada uma dessas dimensões é obtido pela

somatória dos pontos dos itens relativos a cada uma das dimensões19.

O objetivo do questionário, além de permitir uma análise sem a

subjetividade do examinador80 é identificar aspectos associados às condições e

relações no trabalho que propiciam o desenvolvimento do Burnout, avaliando a

frequência em que são vividos certos sentimentos e atitudes específicas no contexto

do trabalho79.

A dimensão da Exaustão Emocional avalia a frequência em que o

trabalhador se sente exausto emocionalmente pelo trabalho (isto é, os recursos

emocionais estão tão depletados que o indivíduo é incapaz de se dedicar/ dar de si

emocionalmente84. Quanto mais frequentemente isso ocorrer, maior será o score

desta dimensão, que pode variar entre zero e 36 pontos. As situações expostas para

compor a dimensão79 são os itens 1,2,3,6,8,13,14,16 e 20 do questionário (anexo III).

43

A dimensão Despersonalização é composta por cinco itens, que

procuram avaliar quão frequente é o sujeito agir e expressar frieza ou

impessoalidade frente a demandas do serviço de saúde. Quanto maior a pontuação,

maior é a despersonalização. Pode-se pontuar entre zero e 20 pontos na soma dos

itens 5,10,11,15 e 22 da escala.

Por fim, a dimensão da Realização Profissional é aferida por 8 itens

(pontuação possível: de zero a 32 pontos) que avaliam os sentimentos de

competência e eficácia do sujeito em realizar suas tarefas laborais. Diferentemente

das demais, esta escala tem pontuação invertida, ou seja, quanto menor o score

maior o sentimento de incompetência. São os itens 4,7,9,12,17,18,19 e 21 do

inventário.

4.5: Aspectos éticos:

Antes da realização da pesquisa, o projeto foi submetido ao Comitê de

Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, seguindo os

preceitos éticos de pesquisa com seres humanos conforme a resolução 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde87. O Projeto foi aprovado sob o parecer número

1.600.775 (Anexo V).

Aos convidados, foi informado que o acesso aos dados seria restrito aos

pesquisadores, sendo a confidencialidade dos dados garantida. Foi também

explicitado que, na divulgação dos resultados finais, não haveria nenhum dado que

pudesse identificar qualquer participação individual. Informou-se também que não se

identificou nenhum risco específico associado à participação no presente estudo,

mas que, durante a aplicação dos questionários, poderia haver desconforto ao se

responder a dados pessoais, ainda que de forma anônima.

44

5- Resultados e discussão:

5.1: Questionário Biopsicossocial:

Na amostra, a maior parte dos residentes contava entre 26 e 28 anos de

idade (média=27,1, DP=1,97), variando entre 23 e 30 anos no momento da pesquisa.

A faixa etária da amostra é semelhante à da população de residentes (de acordo

com os dados da lista fornecida ao pesquisador pela COREME): A média de idade,

em anos, dos 176 residentes é de 27,1, com desvio-padrão de 1,86 e variação entre

23 e 38 anos, contados no meio do período de coleta de dados. Tal composição

etária se assemelha a outros estudos com médicos residentes feitas no País21.

Houve baixa adesão dos residentes na pesquisa. Somente 33 sujeitos de

uma amostra inicial de 176 residentes entregaram os questionários preenchidos

(18,75% da população, ou 24,1% dos questionários entregues, descontando-se a

perda amostral de 39 residentes), conforme distribuição representada no Gráfico 1.

Responderam à pesquisa:

• 3,03% (n=2) dos residentes da Clínica Médica [0/32 R1 e 5,88%

(2/34) dos R2];

• 34,37% (n=11) da Cirurgia Geral [23,53% (4/17) R1, 46,67%

(7/15) R2];

• 21,95% (n=9) da pediatria [40% (8/20 R1) e 4,76% (1/21) R2]; e

• 28,94% (11/38) da Ginecologia-obstetrícia [23,07%, n=3 R1;

33,33% (n=4) dos R2 e 30,77% (n=4) dos R3].

45

Gráfico 1- Proporção de participantes entre o total dos residentes de um hospital-escola das especialidades de Clínica Médica (A), Cirurgia Geral (B) Pediatria (C) e Ginecologia e Obstetrícia (D) na pesquisa. Hospital-escola, Campinas-SP, 2016.

Ainda que revisões de literatura tenham sugerido que o viés advindo da

baixa adesão à pesquisa seja menor quando a população é composta de médicos

que demais grupos88,89, o número reduzido de participantes90 e a seleção da

amostra por conveniência91 impossibilitam a realização de análises estatísticas e a

extrapolação dos achados ao total da população estudada90.

Os dados conhecidos sobre os não-respondedores, derivados da listagem

fornecida pela COREME (contendo idade, sexo, instituição de graduação, data de

n=21

46

nascimento, programa de Residência e ano de Residência) não foram suficientes

para determinar a validade externa pela exclusão do viés de não-resposta.

A coleta de dados de questionários de pesquisas entre médicos pode ser

desafiadora, com taxas de respostas nesse grupo variando amplamente 92-94, o que

levaria a um viés de seleção. Também está estabelecido que taxas de respostas são

frequentemente menores quando se aborda assuntos considerados delicados, numa

espécie de fuga do assunto 33,94.

Tal ponto tem especial importância num estudo que investiga a prevalência

de Burnout por serem a evitação, bem como a fuga-esquiva, mecanismos de coping*:

por serem considerados um mecanismo centrado na emoção, menos adaptativo,

pode-se supor que residentes sofrendo com a síndrome tenham sentido maior

aversão a engajar-se na pesquisa33.

É possível também considerar que os residentes que não participaram da

pesquisa não o tenham feito por não acreditarem na possibilidade de mudança na

estrutura dos programas de Residência, ou simplesmente não tenham conseguido

se importar com o tema, talvez como sintoma da dimensão “despersonalização” da

Síndrome de Burnout.

Por outro lado, há mais facilidade em se obter respostas quando o assunto da

pesquisa é considerado útil e relevante para o sujeito94,95, em estudos promovidos

por outros médicos91 (especialmente se forem figuras conhecidas96 ou respeitáveis89)

e quando se acredita que algum tipo de recompensa advirá da participação. Esta

recompensa pode ser interna (como a “disposição para ajudar”96) ou externa (como

acreditar que a participação poderá refletir-se em mudanças96 ou remuneração

financeira92).

___________________________________________________________________

* A fuga-esquiva foi, junto com a resolução de problemas, a estratégia mais empregada por

nossa amostra.

47

Outros fatores que podem aumentar a participação incluem fazer contatos

pessoais em reuniões pré-agendadas que não interfiram na rotina de trabalho89; a

disponibilização de questionários adicionais em caso de perda ou extravio88; e a

iteração da abordagem em mais de uma ocasião90.

Outra hipótese - explicitada aos pesquisadores por dois convidados que não

participaram - pode ser considerado o número elevado de itens do questionário a ser

preenchido (112 perguntas) associada à própria sobrecarga cotidiana do programa.

Entretanto, o tempo observado pelo pesquisador para o preenchimento total do

material pelos participantes (quando este foi respondido na instituição no momento

da entrega) variou entre 18 e 34 minutos. A participação de médicos em pesquisas

comprovadamente se correlaciona com o esforço requerido para concluí-la88,92,97.

Em relação à baixa proporção de participantes entre os residentes da Clínica

Médica, além do número de perguntas, acreditamos que houve impacto adicional

pelo emprego de meio eletrônico. Yarger at al89 demonstraram, em pesquisas

conduzidas com residentes de cirurgia, diferenças significantes entre a proporção de

respostas entre os formatos eletrônicos (36,4%) e em papel (78,6%).

Acredita-se também que possa ter havido bloqueio do recebimento dos e-

mails pelos dispositivos de segurança do servidor dos Residentes por conter um link

de acesso. Tal possibilidade foi descrita por outros autores em pesquisas sobre

Burnout que utilizaram instrumentos online, com taxa de resposta ao redor de 7,3%98.

Não temos informação de quantos potenciais participantes tenham deixado

de receber a informação por falha técnica deste tipo. O envio do link para a pesquisa

por outra plataforma (WhatsApp), foi uma tentativa de superar essa dificuldade,

porém não houve respostas adicionais após este procedimento.

Da amostra final, constituída por 33 residentes, observou-se que a enorme

maioria (97%, n=32) deles referiu estar satisfeita com a especialidade escolhida,

48

sendo que 69,7% (n=23) dos pós-graduandos afirmaram ter um nível de satisfação

bom ou ótimo com Residência, quatro (12,1%) ter nível de satisfação regular e

somente dois residentes (6%) respondendo ter um nível ruim.

Quanto ao nível de satisfação com o trabalho como médico, 81,8% (n=27)

respondentes afirmaram ser bom ou ótimo, e seis (18,3%), apontaram estar

regularmente satisfeitos.

Percebe-se que há uma proporção significativa da amostra satisfeita com a

profissão – seja a escolha da carreira médica, como com a especialidade e mesmo

com o programa em que estão inseridos.

Contraditoriamente, mesmo dentre os três residentes que foram classificados

como acometidos pela síndrome de Burnout, dois responderam estar regularmente e

um ótimamente satisfeitos com o trabalho como médico, dois afirmaram ter boa

satisfação (e um satisfação ruim) com o programa de Residência, e todos afirmaram

estar satisfeitos com a especialidade escolhida dentro da medicina. É possível

supor que outros fatores psicossociais estejam influenciando o adoecimento, apesar

da satisfação poder ser considerada um fator protetor. Caso a insatisfação fosse

maior, o número de acometidos poderia ser mais elevado.

Outro achado que chamou a atenção foi a percepção da maioria (87,9%,

n=29), de que os relacionamentos no trabalho são bons ou ótimos. Quatro

residentes (12,1%) referiram relacionamentos regulares.

Autores apontam que com frequência os médicos em treinamento são

submetidos a práticas desrespeitosas21, incluindo bullying, menosprezo,

competitividade desleal e preconceitos, que têm efeitos negativos nos

relacionamentos pessoais e níveis de satisfação na carreira, representando um dos

fatores do ambiente laboral relevante para o colapso da união descrito por Maslach,

Shaufeli e Leiter66, resultando na percepção de que o treinamento têm efeitos

nocivos em sua saúde99, além de aumentar a insatisfação com treinamento e

acarretar riscos aos pacientes100.

49

Ressalta-se que, apesar dessas respostas, pressões e discriminações

(inclusive de gênero) ainda ocorrem. Uma médica residente da mesma instituição

em que foi conduzida a pesquisa, ao ser informada sobre o conteúdo do estudo,

relatou situação vivenciada por ela durante seu treinamento: um professor teria

afirmado que “não vale a pena investir em [residente] mulher, já que depois ela vai

ter filhos e largar a medicina”*.

Tal postura é particularmente preocupante pela alta proporção feminina nos

programas estudados.

São 111 as mulheres e 65 os homens (63,07% e 36,93%, respectivamente)

residentes na população de estudo, proporção maior que em estudos semelhantes21.

Já entre os respondedores, 69,7% (n=23) eram mulheres, e 27,3% (n=9) eram

homens. Houve resposta, portanto, de 13,8% da população masculina e de 20,7%

da feminina, mostrando menor representação masculina.

Tal achado frequentemente é descrito em estudos demonstrando fatores que

influenciam taxas de resposta 94,96.

Quanto ao estado civil, são solteiros 71,9% (n=23), 18,2% (n=6) são

casados ou moram com companheiro e 12,1% (n=4) não responderam. Ser

casado(a) ou viver com companheiro(a) é reconhecido pela literatura como fator

protetor contra o Burnout101, especialmente sua dimensão “Exaustão Emocional”60.

Entre os residentes, 39,4% (n=13) moram sozinhos, 12,1% (n=4) moram

com familiares, 21,2% (n=7) com cônjuge ou companheiro e 24,4% (n=8) moram

com amigos ou colegas. Um residente (3%) não respondeu a este item.

______________________________________________________________________________

*A referida residente não fazia parte da população de estudos. Concordou, contudo, com a

inclusão de seu relato no estudo.

50

Quinze residentes da amostra (45,4%) não se graduaram na mesma

instituição em que está fazendo a Residência, ao passo que 51,5% (n=17) são

oriundos dessa Universidade.

Um participante não respondeu a esta pergunta, que procurou verificar o

impacto negativo do ambiente desconhecido28 e, em conjunto com a informação de

quem morava com os residentes, a importância do suporte social como fator protetor

no desenvolvimento da síndrome.

A maior parte dos residentes (57,6%, n=19) referiu não se sentir reconhecida

pelo trabalho que realiza, enquanto que 42,4% (n=14) afirmaram se sentirem

valorizados. O fato evidenciado de que mais da metade da amostra não vê o valor

de seu trabalho ser reconhecido é preocupante.

Segundo Déjours102, o reconhecimento do trabalho em um papel é

fundamental para que o sofrimento não desencadeie adoecimento. A valorização do

trabalho, tanto pelo modo de fazê-lo (“julgamento de beleza”, feito pelos colegas de

trabalho) como do resultado (“julgamento da utilidade”, feito pelas chefias e clientes)

tem efeito protetor sobre a saúde mental no trabalho, à medida que o sofrimento por

ele gerado é ressignificado, transformando-se em prazer102,103.

Ao responderem à pergunta “veio trabalhar doente no ultimo ano”, apenas

sete (21,2%), negaram esta situação, ao passo que 26 (78,8%) responderam

positivamente (Gráfico 2A). No momento da pesquisa, dentre os 33 respondentes,

nove disseram estar doentes naquele instante, o que equivale a 27,3% (Gráfico 2B).

Trabalhar doente devido ao medo ou receio de ser prejudicado no trabalho é uma

situação definida como presenteísmo104.

Estes dados da nossa amostra são mais elevados do que o descrito por

autores em estudo multicêntrico realizado nos Estados Unidos entre 537 residentes

das mesmas especialidades estudadas no presente trabalho105, com presenteísmo

sendo reportado por 57,9% dos residentes, e variando entre 48% e 100%

dependendo da instituição de origem.

51

Gráfico 2A- proporção de residentes que trabalharam doentes no período de um ano

anterior à pesquisa e Gráfico 2B- Proporção de médicos residentes que afirmaram

estar com problemas de saúde no momento da pesquisa. Hospital-escola, Campinas-

SP, 2016

Cinco (15,1%) residentes afirmaram estar fazendo tratamento de saúde

mental. A maior parte dos respondentes (78,8%, n=26) deixou a pergunta sobre

tratamento mental prévio sem resposta. Dentre os respondentes, quatro (12,1%)

responderam que sim e três (9,1%) que nunca haviam feito seguimento

psicológico/psiquiátrico formal.

Comparados à média de até 50% de transtornos mentais encontrada em

outros estudos entre residentes106, e estudantes de medicina107, infere-se que há

número considerável de médicos residentes com distúrbios psíquicos não tratados

ou não diagnosticados, ou mesmo ocultados dos pesquisadores.

Com relação ao consumo de álcool, destacam-se as informações relatadas

acerca do consumo de bebidas alcoólicas em quantidades superiores a cinco doses

em uma mesma ocasião. Um terço (33,3%, n=11) dos residentes afirmou ingerir esta

quantidade pelo menos uma vez por semana, sendo que 6% (n=2) “quase todos os

dias”, conforme o Gráfico 3.

A B

52

Gráfico 3- Frequência de consumo de mais de 5 doses de álcool em uma única

ocasião entre o total dos residentes. Hospital-escola, Campinas-SP, 2016.

Há evidência108 de que o consumo de mais de quatro (por mulheres) ou 5

doses de álcool (por homens) em uma única ocasião (binge drinking, ou Beber

Episódico Pesado) ao menos uma vez por semana por 2 semanas seguidas

aumente o risco para desenvolvimento de problemas relacionados à bebida.

O uso abusivo de bebida alcoólica foi descrito entre alunos de medicina (com

uso abusivo encontrado em até 32% dos estudantes)109 e médicos residentes110

globalmente. No Brasil, a dependência de álcool entre médicos residentes chega a

15,93%111.

A carga horária semanal revelou-se excessiva. A maior parte dos

residentes afirmou trabalhar acima de 60 horas semanais na Residência, sendo que

36,4% afirmaram que dedicam entre 61 e 70 horas semanais ao programa, 9,1%

despende entre 71 e 80 horas e 30,3% trabalha mais de 81 horas, sendo que destes

a metade (15,1% do total) afirmou trabalhar mais de 90 horas semanais pela

Residência (Gráfico 4). Dois residentes não responderam esta pergunta.

53

Gráfico 4- Número de horas trabalhadas por semana nas atividades dos programas de

Residência Médica, por faixas de horas trabalhadas. Hospital-escola, Campinas-SP, 2016.

O elevado número de horas comprovadamente traz efeitos negativos sobre o

cuidado do paciente, a saúde e segurança dos médicos residentes112. Diversos

autores113 relataram correlação entre a carga horária e o desenvolvimento da

Síndrome de Burnout. Martini114 et al demonstraram que cargas horárias acima de

80 horas semanais – valor adotado desde 2003 como o máximo permitido em

Residências dos Estados Unidos, incluindo o tempo despendido extra-muros115– se

associam a mais alta prevalência de Burnout em médicos residentes114.

O impacto da redução da carga horária, no entanto, é controverso, com

revisão sistemática116 descartando mudanças significativas estatisticamente na

prevalência da síndrome117.

Das visitas a pacientes internados à preparação de aulas e rotinas

burocráticas – como a procura de leitos para internação - de atendimentos em

54

ambulatórios à realização de cirurgias e procedimentos invasivos, e do

preenchimento de atestados de óbito à comunicação de más notícias nos casos de

doenças incuráveis e morte, o médico residente tem atribuições diversas, complexas

e simultâneas, para muitas das quais nunca recebeu treinamento formal por se

acreditar que o conhecimento “seria assimilado naturalmente com a prática”

A multivalência requerida configura mais um fator gerador de estresse

descrito118 e consiste, por si só, como um fator gerador de estresse119.

Adicionalmente, parte considerável da carga horária semanal é realizada em

atividades com contato direto com o paciente. Na instituição em que o estudo foi

conduzido, os médicos residentes fazem, efetivamente, parte da estrutura clínica

assistencial do hospital, e portanto têm que cobrir as demandas extras oriundas de

eventuais faltas ou desistências de colegas do Programa*, o que resulta em

aumento da carga horária efetiva.

Além das longas jornadas oficiais previstas nos respectivos programas,

adicionam-se os plantões fora do programa de Residência. A maioria dos residentes

(75,8%, n= 25) afirmou complementar a bolsa recebida com os plantões além dos

obrigatórios do programa, mais frequentemente em até 24 horas semanais (63,7%,

n=16), representados pelo Gráfico 5.

___________________________________________________________________

*A Comissão Nacional de Residência Médica explicita que em caso de desistência de

médico ingressante em primeiro ano ou em ano opcional de Programa de Residência

Médica, a vaga será preenchida até 30 (trinta) dias após a data de início dos Programas38.

55

Gráfico 5- Número total de horas de plantões realizados pelos médicos residentes

fora das atividades do programa de Residência. Hospital-escola, Campinas-SP,

2016

As horas de plantão na Residência e fora dela podem ser vistos no

gráfico 6. Ele apresenta, no eixo das abscissas, o número de horas trabalhadas; O

eixo das ordenadas indica cada um dos residentes.

Agrupou-se as jornadas mínimas e máximas desempenhadas numa

semana média entre as atividades da Residência Médica (azul) e em plantões feitos

fora do programa de Residência (laranja).

56

Gráfico 6- Valores mínimos e máximos da jornada de trabalho média semanal (Residência

e fora). Médicos Residentes de uma faculdade pública. Hospital-escola, Campinas-SP,

2016.

Os residentes foram questionados sobre qual o aspecto individual da

Residência Médica percebido por eles como mais estressantes. Oito deles

assinalaram mais de uma alternativa. Estes residentes foram excluídos das

descrições do inventário de estratégias de Coping, uma vez que o instrumento é

validado para avaliação da resposta frente a um único evento ou condição

estressante7,8. No entanto, nesta seção, são apresentados os dados dos 33

questionários.

Carga horária mínima semanal em atividades do programa de Residência Médica

Carga horária mínima semanal de plantões fora do programa de Residência Médica

Carga horária máxima semanal em atividades do programa de Residência Médica

Carga horária máxima semanal de plantões fora do programa de Residência Médica

57

As respostas mais frequentes foram “elevada carga horária”, para 75,8% dos

respondentes; e “sentimento de importência/baixa resolubilidade”, para 28,1%.

As respostas “falta de estrutura/recursos materiais” e “Lidar com

sofrimento, desfechos adversos e morte” foram assinalados por três residentes

cada. Nenhum dos sujeitos considerou a falta de recursos técnicos como o fator

mais relevante para o estresse. A alternativa “outros” foi marcada por 21,2% (n=7).

Elencamos a seguir os fatores que detalharam essa alternativa:

• R1: “desorganização” “baixa carga teórica”; “Ansiedade de desempenho”;

“colegas de trabalho”; “falta de tempo/autocuidado”; “burocracia” e “falta de

respeito”.

• R2 e R3 ainda adicionaram “Falta de supervisão em casos graves” e “ falta de

reconhecimento”.

Os resultados estão compilados no gráfico 7.

Gráfico 7- Distribuição das frequências de respostas à pergunta “Qual o aspecto na

Residência que mais te dá estresse?” do questionário biopsicossocial. Hospital-escola,

Campinas, 2016

*Outros: Entre os R1, “desorganização/baixa carga teórica”; “Ansiedade de desempenho”;

“colegas de trabalho”; “falta de tempo/autocuidado”; “burocracia/falta de respeito”. Entre R2 e R3,

“Falta de supervisão em casos graves” e “ falta de reconhecimento”.

R1 R2 e R3

58

Finalmente, ao questionar como utilizam o tempo fora da Residência,

encontramos que as respostas mais frequentes nesta questão de múltipla-escolha

foram o uso de internet e redes sociais (66,7%), leitura ou estudos (60,6%) e

realização de atividades físicas (54,5%). O gráfico 8 traz os dados completos.

Gráfico 8- Frequências dos modos de utilização do tempo fora das atividades da

Residência Médica. Hospital-escola, Campinas-SP, 2016.

Outras atividades elencadas como atividades fora da Residência incluiram

“sair para comer”, “dormir” e “fazer tratamento psiquiátrico”.

5.2. Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus

Coping é a estratégia individual usada para lidar com demandas e situações

específicas, sejam internas ou internas. É um processo cognitivo consciente e

dinâmico, que varia de acordo com fatores como valores, experiências prévias

pessoais ou coletivas, o contexto do enfrentamento e os recursos disponíveis7,8.

No presente estudo, foi solicitado aos participantes que respondessem ao

Inventário de estratégias de Coping de Folkman e Lazarus em relação ao fator

59

identificado na pergunta “u” do questionário biopsicossocial (anexo II): “Qual é o

aspecto ou situação adversa na Residência que te dá mais estresse”.

Onze residentes assinalaram mais de uma resposta nesse questionário, de

forma que a validade das respostas do Inventário de estratégias de coping foi

prejudicada. Deste modo, foram incluídos 22 residentes na amostra avaliada.

Optou-se por apresentar os scores relativos de cada estratégia, i.e, o

percentual de respostas de cada estratégia, além da frequência absoluta, conforme

experiência de outros pesquisadores sobre o tema56.

O quadro 1 mostra as estratégias de enfrentamento (Coping) e a frequência

de utilização pelos profissionais.

Quadro 1- Distribuição de frequências das estratégias de Coping nos médicos

residentes. Hospital-escola, Campinas-SP, 2016.

Estratégia de coping R1 R2 e R3 Total (%)

Confronto 0 0 0

Afastamento 0 2 (13,3%) 2 (8,0%)

Autocontrole 1 (10,0%) 1 (6,7%) 2 (8,0%)

Suporte social 1 (10,0%) 3 (20,0%) 4 (16,0%)

Aceitação das responsabilidades 0 1 (6,7%) 1 (4,0%)

Fuga-esquiva 2 (20,0%) 4 (26,7%) 6 (24,0%)

Resolução de problemas 5 (50,0%) 3 (20,0%) 8 (32,0%)

Reavaliação positiva 1 (10,0%) 1 (6,7%) 2 (8,0%)

Observou-se que as estratégias mais utilizadas são a Resolução de

Problemas (32,0%, n=8) e Fuga-esquiva (24,0%, n=6), seguidas por Suporte Social

(16,0%, n=4) e Afastamento, Autocontrole e Reavaliação Positiva, com 8,0% (n=2)

cada uma. Aceitação das responsabilidades foi a estratégia empregada por um

respondedor (equivalente a 4,0%). A estratégia Confronto não foi a principal utilizada

por nenhum participante.

60

Três participantes empregaram mais de uma estratégia para lidar com a

situação identificada como geradora de estresse (estratégias Fuga-esquiva e

Resolução de problemas por um R1; Suporte Social e Fuga-esquiva por um R2; e

Fuga-esquiva, Resolução de problemas e Suporte Social, por um R3)

Autores vêm buscando indicar quais as estratégias de coping mais

comumente empregadas por médicos residentes. No Brasil, estudo120 realizado entre

112 residentes de diversas especialidades mostrou que a estratégia mais

empregada foi Resolução de Problemas, seguida de Suporte Social.

Pesquisa na Jamaica121 indicou ser, também, a Resolução de Problemas a

estratégia mais empregada, porém divergiu quanto ao segundo e terceiros lugares

(Auto-Controle e Reavaliação Positiva, respectivamente).

Um juízo sobre a eficácia de cada tipo de estratégia somente pode ser feito

considerando-se seu resultado em uma situação específica, em seu exato

contexto8,83. No entanto, tem-se considerado que estratégias centradas no problema

são mais adaptativas por permitirem mudança no fator causador do estresse, e que

Estratégias consideradas pouco adaptativas se correlacionam com emoções

negativas122.

Como um todo, os residentes que responderam à pesquisa empregaram, com

mais frequência, a estratégia de resolução de problemas. Diz-se que ela foi

empregada quando o indivíduo opta por resolver seu problema e/ou modificar suas

atitudes de forma a ser capaz de lidar com as pressões das pessoas e do ambiente

ao seu redor, diminuindo ou eliminando a fonte geradora de estresse83. Ela

pressupõe um planejamento adequado para enfrentar os estressores, exemplificado

por afirmações como “Fiz um plano de ação e o segui" e “Modifiquei aspectos da

situação para que tudo desse certo no final” do inventário (Anexo III).

Por outro lado, a segunda estratégia mais empregada, a Fuga-esquiva, é por

muitos autores considerada pouco adaptativa para neutralizar as situações

61

percebidas como estressoras86. Confrontado pela situação estressora, o sujeito

procura apartar os sentimentos advindos do contato, sem, contudo, modifica-los.

Exemplos são as afirmações “Recusei acreditar que aquilo estava acontecendo” e

“Desejei que a situação acabasse ou que de alguma forma desaparecesse”.

Em terceiro lugar, encontramos a estratégia “Suporte Social”. O Suporte

Social pode comportar-se tanto como focado na emoção, à medida em que se

“divide” a carga emocional com a rede de apoio social (e.g: “Falei com alguém sobre

como estava me sentindo”); como focado no problema, como nos casos em que se

aborda pessoas com mais poder de influenciar a situação (exemplificado pela

afirmação “Falei com alguém que poderia fazer alguma coisa concreta sobre o

problema”).

Três estratégias foram identificadas como a utilizada por dois residentes

(8,0%) cada. O Afastamento assemelha-se à fuga-esquiva por ser considerada

pouco-adaptativa. Diferentemente desta, porém há um esforço para fugir do

enfrentamento. Uma afirmação que exemplifica a estratégia inclui “Não deixei me

impressionar, me recusava a pensar muito sobre esta situação”86.

O autocontrole é uma estratégia em que se procura regular os sentimentos e

ações, exemplificado por “procurei guardar para mim mesmo meus sentimentos”122.

Por sua vez, a reavaliação positiva é um mecanismo centrado no controle da

emoção em que se reinterpreta uma situação inicialmente negativa de maneira

positiva, propiciando o uso da vivência da situação para crescimento pessoal e

aprendizagem86.

Devido ao pequeno tamanho da amostra e a impossibilidade de excluir o viés

de seleção, não foi possível proceder com análise dos dados em conjunto com as

variáveis abordadas no questionário Biopsicossocial e no MBI-HSS. No entanto, a

título de descrição, dentre os residentes com Burnout, dois empregaram

primariamente a Resolução de Problemas e um, o Suporte Social. Tampouco foi

possível comparar a proporção de uso de cada estratégia entre o conjunto de R1 e o

de R2 e R3.

62

5.3. Maslach Burnout Inventory- Health Services Survey

O questionário MBI-HSS foi respondido por 32 dos 33 residentes. Uma

residente entregou este questionário em branco, e foi excluída das descrições.

O quadro 2 mostra, para cada um dos domínios do MBI-HSS, as

médias, desvios-padrão, pontos de corte de cada tercil, valor mínimo e máximo das

respostas para os grupos R1 e no conjunto de R2 + R3. Os níveis de pontuação alto,

médio e baixo nas dimensões foram definidos pelo terceiro, segundo e primeiro

tercis, respectivamente.

Quadro 2- Análise descritiva das dimensões do MBI-HSS entre médicos residentes do

primeiro ano (R1) e segundo e terceiro anos (R2 e R3). Hospital-escola, Campinas-SP,

2016.

Grupo R1 R2 e R3

Dimensão EE DP RP EE DP RP

Média 17,7 7,9 22,2 17,7 9,6 19,7

Desvios-Padrão 3,4 3,9 3,2 4,5 3,4 3,7

Valor mínimo 11 0 17 13 3 13

1/3 Mínimo 15 7 19 16 8 19

1/3 Médio 19 8 21 18 9 22

Valor máximo 22 15 27 32 17 26

*EE= exaustão emocional; DP= Despersonalização; RP: Realização profissional.

Para o total de residentes, as médias e desvios-padrão estão descritas no quadro 5:

Quadro 3- Média e desvio-padrão dos valores das dimensões do MBI-HSS na amostra.

Hospital-escola, Campinas-SP, 2016.

Dimensão EE DP RP*

Média 17,7 8,9 20,8

Desvios-Padrão 4,0 3,7 3,7

*EE= exaustão emocional; DP= Despersonalização; RP: Realização profissional.

63

A dimensão com pior indicativo foi a exaustão emocional: 14 dos 32 (43,75%)

respondentes tiveram elevada pontuação, 6 deles sendo R1 (40%) e 8 R2+R3

(44,4%). A pontuação média foi de 17,7, variando entre 13 e 32.

À Exaustão seguiu-se a despersonalização, dimensão em que 5 (33,3%) dos

R1 e 6 (33,3%) dos R2+R3 somou alta quantidade de pontos, ou 1 = 34,4% ao todo.

A baixa realização profissional foi identificada em 10 residentes (31,25%),

quatro R1 (26,7%) e seis R2 e R3 (33,3%).

Os residentes da clínica médica (2/2) tiveram alta exaustão, um deles somado

a despersonalização. Entre os residentes da cirurgia geral, 34,4% (n=6) tiveram alta

exaustão, em três casos isoladamente, enquanto que três destes também

apresentaram despersonalização, e destes dois tiveram scores baixos em realização

profissional, caracterizando Burnout. A situação de concomitante despersonalização

e baixa realização ocorreu em dois respondentes.

Entre os residentes da pediatria, 3/9 tiveram pontuação alta em exaustão

(dois deles associados à despersonalização), e dois residentes apresentaram baixa

realização profisional isoladamente nesta especialidade.

Na ginecologia-obstetrícia encontrou-se o terceiro e último residente com as

três dimensões da SB presentes (masculino, R2). 6/11 respondentes tiveram baixa

realização profisional, um deles associados também a despersonalização (excluindo

o Residente com Burnout). Outros dois residentes combinaram esse domínio com a

despersonalização.

Os dados relativos à distribuição do número de médicos residentes com

comprometimento de uma, duas ou três dimensões da síndrome de Burnout está

representada no Quadro 4, e os números e percentuais de médicos residentes para

cada dimensão estão compilados no quadro 5.

64

Quadro 4: Distribuição do número de dimensões da síndrome de Burnout

comprometidas entre médicos residentes. Hospital-escola, Campinas-SP, 2016.

Número de dimensões R1 R2 e R3 Total:

Uma 5 (35,7%) 6 (33,3%) 12 (37,5%)

Duas 5 (35,7%) 3 (16,4%) 8 (25,0%)

Três (Burnout) 0 3 (16,7%) 3 (9,4%)

Quadro 5: Distribuição da pontuação dos R1 e R2 e R3 nas dimensões da síndrome de

Burnout de acordo com o MBI-HSS entre os médicos residentes. Hospital-escola,

Campinas-SP, 2016.

Domínios R1 R2 e R3 Total

Exaustão

Emocional

Ponto

de corte

Frequência

(%)

Ponto

de corte

Frequência

(%)

Frequência

(%)

Baixa ≤15 4 (28,6%) ≤ 15 6 (33,3%) 10 (31,3%)

Média 16-19 4 (28,6%) 16-17 4 (22,2%) 8 (25,0%)

Alta ≥20 6 (42,9%) ≥18 8 (44,4%) 14 (43,8%)

Despersonalização R1 R2 e R3 Total

Ponto

de corte

Frequência

(%)

Ponto

de corte

Frequência

(%)

Frequência

(%) Baixa ≤7 4 (28,6%) ≤7 5 (27,8%) 9 (28,1%)

Média 8 5 (35,7%) 8-10 7 (38,9%) 12 (37,5%)

Alta ≥9 5 (35,7%) ≥11 6 (33,3%) 11 (34,4%)

Realização

Profissional

R1 R2 e R3 Total

Ponto

de corte

Frequência

(%)

Ponto

de corte

Frequência

(%)

Frequência

(%) Baixa ≤19 4 (28,6%) ≤17 6 (33,3 %) 10 (31,3%)

Média 21 2 (14,3%) 18-21 6 (33,3%) 8 (25,0%)

Alta ≥23 8 (57,1%) ≥22 6 (33,3%) 14 (43,7%)

65

A comparação dos achados do presente estudo com outras pesquisas

brasileiras entre médicos residentes é prejudicada por alguns fatores. Um deles é a

não-padronização dos pontos de corte para estabelecer os níveis alto, moderado e

baixo das dimensões definidoras da síndrome de Burnout77,123,124.

A versão validada para o Português do Brasil por Lautert59 utiliza escala tipo

Likert com valores variando entre 0 e 4. Além disso, não determina pontos de corte,

tendo definido os valores baixo, médio e alto de acordo com a distribuição dos

pontos entre os participantes da amostra. A maior parte da literatura mundial,

contudo, se refere a pesquisas conduzidas em países anglófonos, com o

instrumento original com sete possíveis respostas para caracterização da frequência

dos sentimentos e com valores de corte pré-estabelecidos.

Outro empecilho para comparações entre estudos advém dos critérios

utilizados para a definição da síndrome em si77. Alguns autores consideram que a

presença de pontuação elevada em apenas uma das dimensões exautão emocional

e despersonalização, ou baixa pontuação na realização profissional é o bastante

para caracterizar a síndrome de Burnout125 ao passo que outros consideram apenas

a alta pontuação em exaustão126, ou ainda a combinação alta exaustão e

despersonificação e baixa realização profissional127.

Empregando estes definidores sobre a pontuação da presente amostra, a

prevalência seria a indicada pelo quadro 6:

Quadro 6: Prevalência da síndrome de Burnout entre os médicos residentes de um

Hospital-escola, segundo critérios estabelecidos por diferentes autores. Hospital-

escola, Campinas-SP, 2016.

Autores R1 R2 e R3 Total

Grunfeld E et al125 71,42% (n=10) 72,2% (n=13) 71,9% (n=23)

Golembiewski RT et al126 42,9% (n=6) 44,4% (n=8) 43,8% (n=14)

Ramirez AJ et al127 0 16,7% (n=3) 9,4%(n=3)

66

O relato da pontuação média de cada dimensão também é frequente, com ou

sem a discriminação do total de sujeitos com as três dimensões22,33

Lima et al.21 encontraram prevalência de 20,8% de Burnout, e 78,4% com

pontuação indicativa em duas das três dimensões. Esses autores utilizaram

questionário com escala Likert com pontuação entre 0 e 6, com pontos de corte de

27, 9 e 33 para definição de EE, DE e RP, respectivamente. Estas mesmas

dimensões apresentaram média de 28,7, 10,5 e 36,0 no estudo. Sua amostra foi

composta por 120 residentes de diversas áreas.

Esquível et al.21 descreveram, em uma amostra de treze residentes de

ortopedia do primeiro ano ao ingressar no programa, após seis meses e um ano (T0,

T1 e T2, respectivamente), e obtiveram pontuação média de T0=17,6, T1=28,7 e T2 =

24,6 em exaustão emocional; pontuação de T0=9,6, T1=15,9 e T2=15,3 em

despersonalização; e de T0=31,2, T1= 25,2 e T2=26,6 para realização profissional.

Empregou-se escala variável de zero a 4 pontos.

Outro estudo23 empregou a escala Likert com sete possíveis respostas e

encontrou, numa pesquisa com 24 residentes da clínica médica, valores médios de

32,4 em exaustão, 12,9 em despersonalização e 27,7 na dimensão realização

profissional.

Comparando-se com outros profissionais da área da saúde, e utilizando-se de

metodologia comparável, Zanatta e Lucca128 descreveram a prevalência da

síndrome em 5,3% entre técnicos de enfermagem, 3,5% entre os enfermeiros e

5,6% entre os médicos de um hospital oncohematológico infantil. Sobral70 encontrou

6,3% dos técnicos e auxiliares de enfermagem e 2,6% dos enfermeiros com

acometimento das três dimensões da síndrome em seu estudo em hospital público.

O reduzido tamanho da amostra exclui a possibilidade de análise estatística,

porém os três residentes em que a síndrome foi identificada pertencem ao grupo de

R2 e R3. Os resultados obtidos na avaliação da influência do ano de Residência no

67

desenvolvimento da síndrome de Burnout são controversos, com autores apontando

não haver associação32,129.

Entretanto, um estudo de 2001130, mostrou que os escores da síndrome de

Burnout aumentaram durante o primeiro ano da Residência e diminuíram após dois

anos, apesar de os níveis de estresse permanecerem elevados desde o primeiro

ano da Residência.

68

6. Considerações Finais

Uma das características do trabalho em saúde é o cuidado com o outro.

Neste processo, ao mesmo tempo em que se deve respeitar a tecnologia e técnicas

de alta complexidade, protocolos rígidos e inflexíveis com alta pressão por

resultados e demandas burocráticas, é fundamental considerarmos as interações

entre as histórias de vida do profissional e do paciente, levando à vivência de

situações com elevada carga emocional.

Colaborando para o endosso da proposição45 de que a combinação entre

grandes demandas no trabalho e baixa capacidade de decisão são propiciadoras de

estresse profissional, percebe-se que quando o profissional é impedido de colocar

em pratica suas habilidades e capacidades relacionais, frequentemente advém

sofrimento psíquico, por vezes manifestado na forma da Síndrome de Burnout.

Observa-se que os sujeitos com as características desejadas entre

profissionais da área da saúde, como dedicação e perfeccionismo, apresentam

maior propensão a desenvolver os sintomas da síndrome - exaustão,

despersonalização e baixa realização- passando a apresentar instalação de

intolerância ao contato com aqueles que antes eram o seu alvo de atenção e

dedicação, como se tivesse atingido um estado de saturação emocional128,

prejudicando o cuidado oferecido111,132.

Kalimo133 acrescenta que o estresse é uma relação de desequilíbrio entre o

ambiente e o individuo, ou entre fatores (chamados estressores) com potencial de

causar o estresse, e a capacidade pessoal de responder a eles (mecanismos de

coping). Segundo ele, no ambiente de trabalho os estressores poderiam pertencer a

oito principais categorias, facilmente identificáveis na prática dos médicos residentes.

São elas:

• Exigências das tarefas: sobrecarga ou subcarga quantitativa e também

qualitativa do trabalho, e.g: tarefas com dificuldade demasiada ou aquém das

capacidades do trabalhador; demandas excessivas.

69

• Organização e gerenciamento: falta de possibilidade de tomar decisões,

burocracia, autoritarismo/hierarquia e gerência inadequada.

• Papéis desempenhados: ambiguidade de valores e conflito de papéis.

• Problemas na carreira, como critérios não claros de reconhecimento.

• Horários de trabalho inconvenientes, prolongados e em turnos.

• Insegurança no emprego.

• Fatores de risco “clássicos”, como os físicos, químicos, biológicos e

ergonômicos.

• Problemas na interface trabalho/casa.

A prevalência de Burnout na amostra, bem como a alta prevalência de uso

excessivo de álcool, aponta para um ambiente de trabalho patogênico. Por outro

lado, os bons níveis de satisfação com a carreira médica, especialidade e

programa de Residência podem ter colaborado para que o número de afetados não

fosse mais alto.

O estresse laboral resultante da interação dos fatores psicossociais com as

características individuais e dos mecanismos de coping tem impacto relevante na

saúde mental dos trabalhadores. O papel central do trabalho tanto na Residência

Médica como na área da saúde na formação da identidade pessoal44,135,136, faz com

que os médicos residentes sejam população particularmente vulnerável ao

sofrimento mental daí advindo, o que se comprova pela alta incidência da síndrome

de Burnout nesta população.

O presente estudo identificou prevalência da síndrome de 9,4% (n=3) na

amostra, de acordo com o critério de Ramirez127. A alta pontuação na dimensão

exaustão emocional – traço inicial da síndrome62,63 – foi percebida em 43,8% (n=14)

dos residentes, e adotando o critério proposto por Grunfeld et al125 – um dos mais

amplamente utilizados na literatura - quase três quartos (71,9%, n=23) dos

respondentes estariam cometidos pelo Burnout.

Tal proporção de médicos residentes com pelo menos uma das dimensões

com pontuação indicativa da síndrome com pontuação sugestiva do diagnóstico

70

aponta para um ambiente hostil. Mesmo que o pesquisador discorde do diagnóstico

pela alteração de somente uma ou duas dimensões definidora da síndrome, é

evidente que estes indivíduos estão experimentando certo grau de sofrimento

psíquico e estão mais próximos de desenvolver o Burnout137.

Os mecanismos de coping são ações conscientes pessoais, aprendidos e

aprimorados com experiências pessoais e coletivas. Ainda que o presente estudo

não tenha apresentado poder estatístico para correlacionar o tipo de estratégia

empregada com o desfecho Burnout, acreditamos ser imperativo reforçar que os

fatores individuais – personalidade e coping- são apenas um lado da moeda.

Certamente o fortalecimento do sujeito e o tratamento das consequências do

sofrimento psíquico merecem atenção, como demonstrado por relatos de

experiências em instituições públicas de ensino na área da saúde138,139. No entanto,

se por um lado internacionalmente se reconhece que tanto abordagens individuais

como coletivas têm benefícios estatisticamente significantes sobre o Burnout140, por

outro percebe-se que há uma tendência a “culpabilizar” o sujeito pela “má-

adaptação” ao trabalho e consequente adoecimento44.

Adicionalmente, tentativas de modificar apenas estes fatores não tocaria nos

aspectos estruturais do problema. Destaca-se que a naturalização das condições de

trabalho dos médicos residentes e a assunção de que são imutáveis – cabendo

assim ao trabalhador adaptar-se ao trabalho - deixa “ocultos e intocados os

processos que determinam essas situações e que, se devidamente compreendidos,

melhor indicariam a sua superação, contribuindo para melhoria da aprendizagem, da

qualidade do atendimento aos pacientes e das condições de trabalho dos médicos

residentes”141.

A falta de padronização sobre o conceito e a não adoção de uma mesma

versão do mesmo instrumento prejudica a avaliação da prevalência da SB141 e tanto

a produção acadêmica como os profissionais por elas estudados poderiam se

beneficiar com a adoção de um padrão definido com o devido rigor científico.

71

A reduzida participação dos médicos residentes neste estudo (18%, n=33),

possivelmente influenciada, entre outros, pelo desconforto causado pelo tema e pela

negação do próprio sofrimento, é uma importante limitação do presente trabalho, e

impossibilita a realização de análises estatísticas confiáveis e a extrapolação dos

resultados para a população estudada. O pesquisador acredita que compreender as

razões que levaram à não-participação poderia revelar informações adicionais sobre

o ambiente de trabalho dos residentes e sobre a maneira com que o bem-estar e

saúde mental dos residentes são abordados na instituição.

Não obstante a baixa representatividade estatística, deve-se enfatizar as

condições apontadas como causadoras de desconforto nos programas de

Residência, especialmente a elevada carga horária e o sentimento de impotência e

baixa resolutividade.

Frente a estes aspectos, acreditamos que estudos mais aprofundados, com

amostras representativas, em diferentes instituições e com desenho prospectivo são

necessários para a definição dos fatores psicossociais que impactam a saúde e

bem-estar dos médicos residentes brasileiros atualmente, bem como, conforme

proposto por Thomas33, para verificar a correlação temporal entre o início do Burnout

e a incidência de depressão, ideação suicida, abuso de substâncias psicoativas,

abandono ou mudanças da carreira médica e qualidade do cuidado clínico e

satisfação do paciente, além de permitir traçar estratégias capazes de reduzir o

sofrimento mental nesta população.

72

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8- Anexos

8.1 ANEXO I: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Avaliação de fatores de estresse, estratégias de coping e suas repercussões para a saúde mental na Residência Médica. Igor Benedick Coimbra, Sergio Roberto de Lucca Número do CAAE: 54972016.7.0000.5404 Você está sendo convidado a participar como voluntário de um estudo. Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra com o pesquisador. Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir participar. Se você não quiser participar ou retirar sua autorização, a qualquer momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo. Justificativa e objetivos: O estudo tem por objetivo identificar e comparar a prevalência de estresse e Burnout entre médicos residentes das grandes áreas do primeiro e segundo ano, relacionando-a às estratégias de coping por eles empregadas. Tal pesquisa, inédita, se dá como parte de projeto de mestrado em saúde coletiva. Este é o método mais adequado para a obtenção dos dados desejados. Procedimentos: Se você concordar em participar dessa pesquisa deverá preencher um conjunto de questionários: Eles abordarão o estresse ocupacional, suas estratégias de lidar com situações estressantes e a presença da síndrome de Esgotamento Profissional, e contém um levantamento biopsicossocial. Os questionários serão entregues para preenchimento- que pode ser feito fora do ambiente hospitalar- em envelope opaco. Após um prazo de três semanas, eles serão recolhidos de maneira a garantir sua confidencialidade. Os dados obtidos serão avaliados pelos pesquisadores da área de saúde do Trabalhador do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas. O preenchimento levará, aproximadamente, 25 a 40 minutos. Riscos e Desconfortos Não há riscos ou desconfortos previsíveis na participação neste estudo. Benefícios: Os sujeitos de pesquisa não terão benefícios diretos ao participar da pesquisa, exceto por orientações pertinentes e o saneamento de dúvidas que possam decorrer da participação. Sigilo e privacidade: Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma informação será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores. Na divulgação dos resultados desse estudo, seu nome ou qualquer informação que permita sua identificação ou possa provocar constrangimentos ou prejuízos não serão citados. Ressarcimento: Não vai haver nenhuma forma de reembolso de dinheiro, já que com a participação na pesquisa você não vai ter nenhum gasto Acompanhamento e assistência: O Acompanhamento do andamento da pesquisa e o saneamento de dúvidas e questionamentos serão feito pelos pesquisadores Igor Benedick Coimbra e Sérgio Roberto de Lucca.

89

Contato: Em caso de dúvidas sobre o estudo, você poderá entrar em contato com os pesquisadores Igor Benedick Coimbra e Sérgio Roberto de Lucca, através do endereço eletrônico [email protected] ,e [email protected] , a qualquer momento, ou pelo telefone (19) 3521 8018 – Área de Saúde do Trabalhador- em horário comercial. Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas do estudo, você pode entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNICAMP: Rua: Tessália Vieira de Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936; fax (19) 3521-7187; e-mail: [email protected] Consentimento livre e esclarecido: Após ter sido esclarecimento sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar: Nome do(a) participante: ________________________________________________________ Data: ____/_____/______. Assinatura do(a) participante Responsabilidade do Pesquisador: Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante. ______________________________________________________ Data: ____/_____/______. (Assinatura do pesquisador)

90

8.2 ANEXO II-QUESTIONÁRIO BIOPSICOSSOCIAL:

a Sexo: (1) Feminino (2)

Masculino

bIdade: ( ) 20-22 ( ) 23-25 ( ) 26-28

( )28-30 ( )30-32 ( )>32

c Estado Civil: ( ) Solteiro(a)

( ) Casado ou vivendo com companheiro(a)

d Em qual programa de Residência você está inserido ( ) Clinica Médica ( ) Cirurgia Geral ( ) Pediatria ( ) GO e Em que ano do programa você está? ( ) primeiro ( ) segundo ( ) terceiro

f Você mora:

( ) sozinho

( ) com famíliares

( ) com cônjuge/ companheiro

( ) com amigos/colegas

g Você se graduou nesta instituição?

(1) Não

(2) Sim

h Ano de Formação: _______________

i Quantas horas semanais trabalha na Residência Médica, em

média?

( ) 40-50 ( ) 61-70 ( ) 81-90

( ) 51-60 ( ) 71-80 ( ) mais de 90

jVocê tem necessidade de fazer plantões adicionais (isto é, além

dos da Residência)? ( )Não ( )Sim

k Por quantas horas semanais dedica-se a plantões fora da Residência: ( ) 0 ( )1-12 ( )12-24 ( )24-40 ( ) 40-50

( ) 51-60 ( ) 61 ou mais

l Assinale o nível de satisfação com o seu trabalho como médico (a) ( ) Ótimo ( )Bom ( )Regular ( )Ruim ( )Péssimo

m Assinale o nível de satisfação com a Residência: ( ) Ótimo ( )Bom ( )Regular ( )Ruim ( )Péssimo n Você está satisfeito com a especialidade que escolheu? ( ) sim ( ) não

o Você se sente valorizado pelo trabalho que realiza? ( ) Não ( ) Sim

p Se sim por quem? ( ) chefia ( ) colegas ( ) comunidade ( ) familiares ( ) pacientes ( ) outros

q Como você avalia os relacionamentos no seu trabalho? ( ) Ótimos ( ) Bons ( )Regulares ( )Ruins ( )Péssimos r Você percebe estar com algum problema de saúde atualmente? ( )Não ( )Sim

s Você faz algum tratamento/acompanhamento de saúde mental? ( )Não ( )Sim E no passado? ( ) Não ( ) Sim v Você já veio trabalhar doente no último ano? ( )Não ( )Sim u Qual é o aspecto ou situação adversa na Residência que te dá mais estresse? Assinalar a mais significativa.

Elevada carga horária ( )

Sentimento de impotência/baixa resolubilidade ( )

Falta de estrutura/recursos materiais ( )

Falta de recursos técnicos ( )

Lidar com sofrimento, desfechos adversos e morte ( )

Outros ____________________________________

v Quantas vezes por semana você consome cinco ou mais doses de bebida alcoólica em uma única ocasião?

( ) Nunca ( ) menos de uma vez por mês ( ) uma vez por mês ( )uma vez por semana ( ) quase todos os dias.

x Como você utiliza o tempo em que não está trabalhando na Residência? (Pode escolher mais de uma opção).

(1) Realizando afazeres domésticos

(2) Trabalha em outro local

(3) Internet e redes sociais

(4) assistindo programas de televisão

(5) Leitura de livros ou estudando

(6) Vai ao cinema ou teatro ou outra atividade cultural

(7) Realiza alguma atividade física como caminhadas ao ar livre, academia etc.

(8) não encontro tempo livre

(9) outra atividade. Qual(is)? _______________

91

8.3 ANEXO III: INVENTÁRIO DE ESTRATÉGIAS DE FOLKMAN E LAZARUS

Leia cada item abaixo e indique, fazendo um círculo na categoria apropriada, o que você fez

na situação _________________________, de acordo com a seguinte classificação:

0. não usei esta estratégia; 1. usei um pouco; 2. usei bastante; 3. usei em grande quantidade.

1. Me concentrei no que deveria ser feito em seguida, no próximo passo. 0 1 2 3

2. Tentei analisar o problema para entendê-lo melhor. 0 1 2 3

3. Procurei trabalhar ou fazer alguma atividade para me distrair. 0 1 2 3

4. Deixei o tempo passar - a melhor coisa que poderia fazer era esperar, o tempo é o

melhor remédio. 0 1 2 3

5. Procurei tirar alguma vantagem da situação. 0 1 2 3

6. Fiz alguma coisa que acreditava não daria resultados, mas ao menos eu estava

fazendo alguma coisa. 0 1 2 3

7. Tentei encontrar a pessoa responsável para mudar suas idéias. 0 1 2 3

8. Conversei com outra(s) pessoa(s) sobre o problema, procurando mais dados sobre a

situação. 0 1 2 3

9. Me critiquei, me repreendi. 0 1 2 3

10. Tentei não fazer nada que fosse irreversível, procurando deixar outras opções. 0 1 2 3

11. Esperei que um milagre acontecesse. 0 1 2 3

12. Concordei com o fato, aceitei o meu destino. 0 1 2 3

13. Fiz como se nada tivesse acontecido. 0 1 2 3

14. Procurei guardar para mim mesmo(a) os meus sentimentos. 0 1 2 3

15. Procurei encontrar o lado bom da situação. 0 1 2 3

16. Dormi mais que o normal. 0 1 2 3

17. Mostrei a raiva que sentia para as pessoas que causaram o problema. 0 1 2 3

18. Aceitei a simpatia e a compreensão das pessoas. 0 1 2 3

19. Disse coisas a mim mesmo (a) que me ajudassem a me sentir bem 0 1 2 3

20. Me inspirou a fazer algo criativo. 0 1 2 3

21 .Procurei esquecer a situação desagradável. 0 1 2 3

22 .Procurei ajuda profissional. 0 1 2 3

23. Mudei ou cresci como pessoa de uma maneira positiva. 0 1 2 3

24. Esperei para ver o que acontecia antes de fazer alguma coisa. 0 1 2 3

25. Desculpei ou fiz alguma coisa para repor os danos. 0 1 2 3

26. Fiz um plano de ação e o segui. 0 1 2 3

27. Tirei o melhor que poderia da situação, que não era o esperado. 0 1 2 3

28. De alguma forma extravasei meus sentimentos 0 1 2 3

29. Compreendi que o problema foi provocado por mim. 0 1 2 3

30. Saí da experiência melhor do que eu esperava. 0 1 2 3

31. Falei com alguém que poderia fazer alguma coisa concreta sobre o problema. 0 1 2 3

32. Tentei descansar, tirar férias a fim de esquecer o problema. 0 1 2 3

33. Procurei me sentir melhor, comendo, fumando, utilizando drogas ou medicação. 0 1 2 3

34. Enfrentei como um grande desafio, fiz algo muito arriscado. 0 1 2 3

35. Procurei não fazer nada apressadamente ou seguir o meu primeiro impulso. 0 1 2 3

36. Encontrei novas crenças. 0 1 2 3

92

37. Mantive meu orgulho não demonstrando os meus sentimentos. 0 1 2 3

38. Redescobri o que é importante na vida. 0 1 2 3

39. Modifiquei aspectos da situação para que tudo desse certo no final. 0 1 2 3

40. Procurei fugir das pessoas em geral. 0 1 2 3

41 .Não deixei me impressionar, me recusava a pensar muito sobre esta situação. 0 1 2 3

42. Procurei um amigo ou um parente para pedir conselhos. 0 1 2 3

43 .Não deixei que os outros soubessem da verdadeira situação. 0 1 2 3

44. Minimizei a situação me recusando a preocupar-me seriamente com ela. 0 1 2 3

45. Falei com alguém sobre como estava me sentindo. 0 1 2 3

46. Recusei recuar e batalhei pelo que eu queria. 0 1 2 3

47. Descontei minha raiva em outra(s) pessoa(s). 0 1 2 3

48. Busquei nas experiências passadas uma situação similar. 0 1 2 3

49. Eu sabia o que deveria ser feito, portanto dobrei meus esforços para fazer o que

fosse necessário. 0 1 2 3

50. Recusei acreditar que aquilo estava acontecendo. 0 1 2 3

51. Prometi a mim mesmo(a) que as coisas serão diferentes na próxima vez. 0 1 2 3

52. Encontrei algumas soluções diferentes para o problema. 0 1 2 3

53. Aceitei, nada poderia ser feito. 0 1 2 3

54. Procurei não deixar que meus sentimentos interferissem muito nas outras coisas

que eu estava fazendo. 0 1 2 3

55. Gostaria de poder mudar o que tinha acontecido ou como eu senti. 0 1 2 3

56. Mudei alguma coisa em mim, me modifiquei de alguma forma. 0 1 2 3

57. Sonhava acordado(a) ou imaginava um lugar ou tempo melhores do que aqueles em

que eu estava. 0 1 2 3

58. Desejei que a situação acabasse ou que de alguma forma desaparecesse. 0 1 2 3

59. Tinha fantasias de como as coisas iriam acontecer, como se encaminhariam. 0 1 2 3

60. Rezei. 0 1 2 3

61. Me preparei para o pior. 0 1 2 3

62. Analisei mentalmente o que fazer e o que dizer. 0 1 2 3

63. Pensei em uma pessoa que admiro e em como ela resolveria a situação e a tomei

como modelo. 0 1 2 3

64. Procurei ver as coisas sob o ponto de vista da outra pessoa. 0 1 2 3

65. Eu disse a mim mesmo(a) “que as coisas poderiam ter sido piores”. 0 1 2 3

66. Corri ou fiz exercícios. 0 1 2 3

93

8.4 ANEXO IV: INVENTÁRIO DE BURNOUT DE MASLACH

Na continuação, você encontrará uma série de enunciados acerca de seu

trabalho e de seus sentimentos referentes a ele. Peço sua colaboração para

responder a eles tal qual se sente (conforme o quadro abaixo). Não existem

respostas melhores ou piores, a resposta a ser assinalada é aquela que expressa,

veridicamente, sua própria experiência.

Com que frequência sente isso?

Nunca=0 Algumas vezes ao ano=1

Algumas vezes ao mês = 2

Algumas vezes na semana = 3

Diariamente = 4

1. Sinto-me emocionalmente decepcionado(a) com o meu trabalho. 0 1 2 3 4

2. Quando termino minha jornada de trabalho, sinto-me esgotado(a). 0 1 2 3 4

3.Quando me levanto pela manhã e me enfrento com outra jornada de

trabalho, sinto-me fatigado(a).

0 1 2 3 4

4. Sinto que posso entender facilmente como as pessoas que tenho que

atender se sentem a respeito das coisas.

0 1 2 3 4

5 Sinto que estou tratando alguns receptores do meu trabalho como se

fossem objetos impessoais.

0 1 2 3 4

6. Sinto que trabalhar todo dia com gente me cansa 0 1 2 3 4

7. Sinto que trato com muita efetividade os problemas das pessoas que

tenho que atender

0 1 2 3 4

8. Sinto que meu trabalho está me desgastando 0 1 2 3 4

9. Sinto que estou influenciando positivamente nas vidas das pessoas

através de meu trabalho

0 1 2 3 4

10. Sinto que me tornei mais duro (a) com as pessoas desde que eu

comecei este trabalho

0 1 2 3 4

11. Preocupo-me com este trabalho que está me endurecendo

emocionalmente

0 1 2 3 4

12. Sinto-me muito vigoroso (a) com meu trabalho 0 1 2 3 4

13. Sinto-me frustrado (a) com meu trabalho. 0 1 2 3 4

94

14. Sinto que estou trabalhando demais no meu trabalho 0 1 2 3 4

15. Sinto que realmente não me importa o que ocorra com as pessoas as

quais tenho que atender profissionalmente

0 1 2 3 4

16. Sinto que trabalhar em contato direto com as pessoas me estressa 0 1 2 3 4

17. Sinto que posso criar, com facilidade, um clima agradável com os

receptores do meu trabalho

0 1 2 3 4

18. Sinto-me estimulado (a) depois de haver trabalhado diretamente com

quem tenho que atender

0 1 2 3 4

19. Creio que consigo muitas coisas valiosas nesse trabalho 0 1 2 3 4

20. Sinto-me como se estivesse no limite de minhas possibilidades 0 1 2 3 4

21. No meu trabalho eu manejo com os problemas emocionais com muita

calma

0 1 2 3 4

22. Parece-me que os receptores do meu trabalho me culpam por alguns

dos seus problemas

0 1 2 3 4

95

8.5 ANEXO V: PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA E

PESQUISA

96

97

98