Avaliação Experimental do Comportamento de Vigas Contínuas ...

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Avaliação Experimental do Comportamento de Vigas Contínuas com Secção em T de Betão Armado com Varões de GFRP Pedro Miguel Franco Castro dos Santos (Licenciado) Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Presidente: Doutora Susana Luisa Rodrigues Nascimento Prada Orientador: Doutor Paulo Miguel de Macedo França Co-orientador: Doutor João Pedro Ramôa Ribeiro Correia Vogal: Doutor José Joaquim Costa Branco de Oliveira Pedro Dezembro 2010

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  • Avaliao Experimental do Comportamento de

    Vigas Contnuas com Seco em T de Beto

    Armado com Vares de GFRP

    Pedro Miguel Franco Castro dos Santos

    (Licenciado)

    Dissertao para obteno do Grau de Mestre em Engenharia Civil

    Presidente: Doutora Susana Luisa Rodrigues Nascimento Prada

    Orientador: Doutor Paulo Miguel de Macedo Frana

    Co-orientador: Doutor Joo Pedro Rama Ribeiro Correia

    Vogal: Doutor Jos Joaquim Costa Branco de Oliveira Pedro

    Dezembro 2010

  • i

    Agradecimentos

    Com a concluso desta dissertao, quero expressar a minha gratido e o meu

    muito obrigado queles que de uma maneira ou de outra, contriburam para o

    desenvolvimento e concretizao dos objectivos propostos no presente trabalho de

    investigao.

    Em primeiro lugar, ao professor Paulo Frana, sob cuja orientao realizou-se a

    presente dissertao, quero expressar o meu agradecimento pela sua orientao,

    ateno, ensinamentos, disponibilidade e incentivos. Ao professor Joo Correia, uma

    palavra de apreo pela disponibilidade e apoio na co-orientao do presente

    trabalho.

    empresa Prebel, nomeadamente, ao engenheiro Carlos Afonso e ao engenheiro

    Henrique Ferreira uma palavra de apreo e agradecimento pela disponibilidade,

    pelo imprescindvel apoio prestado na construo das vigas de beto ensaiadas e por

    todos os meios colocados minha disposio.

    Um palavra de agradecimento e gratido ao Laboratrio Regional de Engenharia

    Civil (LREC), nomeadamente ao engenheiro Amlcar Gonalves e ao engenheiro

    Miguel Correia, pela disponibilidade e preciosa colaborao prestada e por todos o

    meios colocados disposio, para a execuo dos ensaios experimentais

    predispostos na presente dissertao.

    Um agradecimento a empresa Schck pelo fornecimento dos vares de GFRP.

    Aos meus amigos e colegas agradeo o continuo interesse no desenrolar do meu

    trabalho. Em especial, uma palavra de apreo e gratido ao meu colega Gilberto

    Laranja, pelo imprescindvel apoio prestado quer nos ensaios experimentais como

    na concepo dos modelos.

    Finalmente, uma palavra muito especial de gratido, carinho e agradecimento

    minha irm, av e particularmente aos meus pais, pelo apoio, afecto, carinho,

    educao, incentivo e sentido de responsabilidade que sempre me transmitiram.

    Sem eles seria possvel comear e terminar mais esta etapa da minha vida.

  • ii

    Resumo O crescente interesse por parte da engenharia civil, nos aspectos de durabilidade das

    estruturas de beto, sobretudo no fenmeno de corroso nos vares de ao, teve um

    contributo determinante no aparecimento dos vares de fibra de vidro (GFRP). Em

    funo de caractersticas como a sua grande resistncia corroso, a sua no

    condutividade electromagntica, o seu reduzido peso especfico e elevada tenso de

    rotura, os vares de GFRP so vistos, como uma alternativa eficaz aos vares de ao

    nas estruturas de beto. Contudo, aspectos importantes como o elevado custo,

    elevada deformabilidade e o mais importante, a carncia de conhecimento do

    comportamento das estruturas de beto armado com vares de GFRP em

    consequncia da ausncia de ductilidade destes vares, tm dificultado a sua

    aplicao no domnio da engenharia civil.

    Apresenta-se inicialmente, uma reviso bibliogrfica sobre o estado do

    conhecimento actual, no que diz respeito ao comportamento das vigas de beto

    armado com vares de GFRP, com particular destaque para o comportamento

    flexo.

    O presente trabalho de investigao teve como objectivo principal, ensaiar, avaliar e

    analisar o comportamento flexo de vigas contnuas de beto armado

    longitudinalmente com vares de GFRP. Sete vigas contnuas de beto com seco

    em T, divididas em quatro sries, foram ensaiadas com esse propsito. O efeito do

    confinamento do beto, em aspectos como a ductilidade, a capacidade de

    redistribuio de esforos e a resistncia das vigas foram estudados e analisados, em

    consequncia da maior cintagem do beto no apoio central numa das sries de vigas.

    Por outro lado, foi ainda comparado o comportamento flexo das vigas contnuas

    armadas com vares de GFRP e ao, dimensionadas para a mesma carga de projecto.

    Dos resultados obtidos, salienta-se a elevada deformabilidade e fissurao das vigas

    ensaiadas, e a boa capacidade de redistribuio de esforos naquelas em que tal foi

    esperado. Nas vigas com o beto confinado na zona do apoio central, os resultados

    experimentais mostram ainda que diminutamente, um incremento na capacidade de

    carga, na ductilidade das seces e consequentemente na capacidade de

    redistribuio de esforos.

  • iii

    Abstract

    The growing interest of civil engineering in aspects such as durability of reinforced

    concrete structures, particularly the phenomenon of corrosion in steel bars, had a

    decisive contribution in the appearance of the glass fiber (GFRP) rebars. Because its

    features to their such as corrosion resistance, to their electromagnetic conductivity,

    to their low specific weight and the high tensile strength, the GFRP rods are an

    effective alternative to steel rods in concrete structures. However, important aspects

    such as high cost, at high deformability and most importantly, the lack of knowledge

    of the behavior of concrete structures reinforced with GFRP bars a result of lack of

    ductility of these men, have hampered its application within of civil engineering

    domain.

    It is presented a literature review on the state of current knowledge regarding the

    behavior of beams Concrete reinforced with GFRP bars, with particular emphasis on

    flexural behavior.

    The present research work had as main objective, test, evaluate and analyze the

    flexural behavior of reinforced concrete continuous beams along with GFRP bars.

    Seven continuous beams of concrete T-section, divided into four series, were tested

    for this purpose. The confinement effect of concrete, of aspects such as ductility, the

    ability of stress distribution and resistance of the beams were studied and analyzed,

    in consequence of increased strapping of concrete in the central support of a series

    of beams. On the other hand, was further compared the flexural behavior of

    continuous beams reinforced with GFRP and steel rebars, scaled to the same design

    load.

    Of obtained results, if stresses the high deformability, the cracking of the beams

    tested, and the good ability to the efforts redistribution when this was expected. In

    beams with confined concrete in the zone of central support, the experimental

    results still show that diminished, an increase in cargo capacity, in ductility of

    sections and the consequently in ability to the efforts redistribution.

  • iv

    Palavras-chave

    Vares de fibra de vidro (GFRP)

    Vigas

    Flexo

    Ductilidade

    Confinamento

    Redistribuio de esforos

    Deformao

    Abertura de fendas

    Keywords

    Fiber Glass (GFRP) roads

    Beams

    Flexural

    Ductility

    Confinement

    Stress distribution

    Deformation

    Crack with

  • v

    ndice Geral

    Agradecimentos i

    Resumo ii

    Abstract iii

    Palavras Chaves iv

    ndice Geral v

    ndice de Tabelas vii

    ndice de Fguras ix

    Captulo 1

    Introduo . 1

    1.1 Enquadramento geral ...................................................................................................... 1

    1.2 Motivao e objectivos do trabalho ................................................................................ 2

    1.3 Organizao da dissertao ............................................................................................. 3

    Captulo 2

    Anlise e dimensionamento de vigas de beto armadas com vares de GFRP ............ 5

    2.1 Introduo ........................................................................................................................ 5

    2.2 Aspectos gerais da filosofia de dimensionamento .......................................................... 5

    2.3 Estado do conhecimento ................................................................................................. 7

    2.4 Importncia do confinamento do beto nas vigas armadas com vares de GFRP ........ 14

    Captulo 3

    Estudo experimental de vigas contnuas em beto armado com vares de GFRP .... 16

    3.1 Introduo ...................................................................................................................... 16

    3.2 Procedimento dos ensaios e Instrumentao utilizada ................................................. 16

    3.2.1 Estrutura de carregamento e instrumentao das vigas ....................................... 17

    3.2.2 Provetes cilndricos de beto confinados .............................................................. 22

    3.3 Preparao das vigas ...................................................................................................... 24

    3.4 Descrio das sries experimentais ............................................................................... 26

    3.4.1 Viga de referncia (Viga R) ..................................................................................... 26

    3.4.2 Vigas em beto armado com vares de GFRP (srie G1) ........................................ aa

    3.4.3 Vigas em beto armado com vares de GFRP (srie G2) ....................................... 28

    3.4.4 Vigas em beto armado com vares de GFRP (srie G3) ....................................... 29

  • vi

    3.4.5 Avaliao experimental do comportamento do beto confinado ......................... 30

    3.5 Propriedades dos materiais utilizados ........................................................................... 31

    3.5.1 Beto....................................................................................................................... 32

    3.5.2 Armaduras de ao ................................................................................................... 34

    3.5.3 Armaduras de GFRP ................................................................................................ 35

    Captulo 4

    Apresentao e Anlise dos Resultados Experimentais ............................................... 38

    4.1 Previso dos resultados experimentais .......................................................................... 38

    4.2 Procedimento experimental ........................................................................................... 40

    4.3 Anlise dos resultados experimentais ............................................................................ 41

    4.4 Apresentao dos resultados experimentais ................................................................. 44

    4.4.1 Provetes cilndricos confinados .............................................................................. 44

    4.4.2 Viga de Referncia .................................................................................................. 47

    4.4.3 Srie de vigas G1..................................................................................................... 52

    4.4.4 Srie de vigas G2..................................................................................................... 61

    4.4.5 Srie de vigas G3..................................................................................................... 70

    4.5 Sntese comparativa ....................................................................................................... 79

    Captulo 5

    Concluses gerais e desenvolvimentos futuros ............................................................. 86

    5.1 Concluses gerais ........................................................................................................... 86

    5.2 Desenvolvimentos Futuros ............................................................................................. 88

    Referncias Bibliogrficas ................................................................................................ 90

    Anexos

    Anexo A

    Dimensionamento de elementos de beto armado com vares de FRP ........................... 96

    Anexo B

    Reaces experimentais verificadas nos ensaios ............................................................ 104

  • vii

    ndice de Tabelas

    Tabela 2.1 Espaamento entre estribos nas vigas ensaiadas por E. A. Ahmed et al [24]

    ........................................................................................................................................... 11

    Tabela 3.1 - Resistncia mdia de compresso do beto aos 28 dias............................... 32

    Tabela 3.2 - Resistncia mdia do beto no dia dos ensaios ............................................ 33

    Tabela 3.3 - Tenso de cedncia dos vares de ao .......................................................... 34

    Tabela 3.4 Tenso de rotura dos vares de ao ............................................................. 34

    Tabela 3.5 - Propriedades mdias e de clculo especificadas pelo fabricante ................. 36

    Tabela 3.6 Propriedade experimentais obtidas no ensaio de traco ........................... 37

    Tabela 4.1 Avaliao do comportamento em servio das vigas ..................................... 39

    Tabela 4.2 Previso da carga e modo de rotura das vigas ensaiadas ............................. 40

    Tabela 4.3 Fases de carregamento dos ensaios ............................................................. 41

    Tabela 4.4 Rigidez da viga R nas diferentes etapas de carregamento ........................... 47

    Tabela 4.5 Deformao e abertura de fendas na viga R para a carga de servio ........... 48

    Tabela 4.6 - Evoluo da abertura de fendas .................................................................... 49

    Tabela 4.7 Redistribuio mxima de esforos na viga R ............................................... 52

    Tabela 4.8 - Carga de fendilhao, carga de colapso e respectiva deformao na srie de

    vigas G1 .............................................................................................................................. 54

    Tabela 4.9 Deformao e abertura de fendas na srie de vigas G1 em servio............. 56

    Tabela 4.10 Abertura de fendas na viga G1-a................................................................. 57

    Tabela 4.11 Abertura de fendas na viga G1-b ................................................................ 57

    Tabela 4.12 Redistribuio mxima de esforos na viga G1-a e G1-b ............................ 60

    Tabela 4.13 Carga de fendilhao, carga de colapso e respectiva deformao na srie

    de vigas G2 ......................................................................................................................... 62

    Tabela 4.14 Deformao e abertura de fendas na srie de vigas G2 em servio .......... 65

    Tabela 4.15 Abertura de fendas na viga G2-a................................................................. 66

    Tabela 4.16 Abertura de fendas na viga G2-b ................................................................ 66

    Tabela 4.17 Redistribuio de esforos nas vigas G2-a e G2-b ...................................... 70

    Tabela 4.18 Carga de fendilhao, carga de rotura e respectiva deformao na srie de

    vigas G3 .............................................................................................................................. 72

    Tabela 4.19 - Deformao e abertura de fendas na srie de vigas G3 em servio ........... 75

    Tabela 4.20 Abertura de fendas na viga G3-a................................................................. 75

  • viii

    Tabela 4.21 Abertura de fendas na viga G3-b ................................................................. 75

    Tabela 4.22 Redistribuio mxima de esforos nas vigas G3-a e G3-b ......................... 79

    Tabela 4.23 Valores representativos do comportamento em servio das vigas ............ 79

    Tabela 4.24 Verificao aos estados limites de servio das vigas ................................... 80

    Tabela 4.25 Sntese comparativa dos principais resultados na rotura das vigas ............ 82

    Tabela 4.26 - Comparao entre os valores tericos e experimentais na rotura das vigas

    ............................................................................................................................................ 84

  • ix

    ndice de Figuras

    Figura 2.1 Dimenses e pormenorizao das vigas ensaiadas por Barris et al.[23] ......... 9

    Figura 2.2 Pormenorizao e sistema de ensaio das vigas ensaiadas por E. A. Ahmed et

    al [24] ................................................................................................................................. 11

    Figura 2.3 Aspecto geral dos ensaios realizados por Matos [27] ................................... 13

    Figura 2.4 Relao constitutiva do beto confinado e no confinado proposta pelo

    Eurocdigo 2 [3] ................................................................................................................. 15

    Figura 3.1 - Esquema geral das vigas ensaiadas ................................................................ 16

    Figura 3.2 Aspecto geral do ensaio de flexo ................................................................. 17

    Figura 3.3 Estrutura de carregamento e consequente diagrama de momentos flectores

    elsticos ............................................................................................................................. 17

    Figura 3.4 Apoio com possibilidade de deslocamentos horizontais............................... 17

    Figura 3.5 Apoio com restrio de deslocamentos horizontais ..................................... 17

    Figura 3.6 LVDT colocado sob a viga, no ponto de aplicao de carga .......................... 18

    Figura 3.7 Suporte em madeira para proteco dos LVDT ............................................. 19

    Figura 3.8 - Monitorizao da extenso do beto atravs de vdeo-extensmetria ........ 19

    Figura 3.9 - Marcas de referncia para a cmara de vdeo - extensmetria..................... 20

    Figura 3.10 Calibrao da cmara de vdeo - extensmetria ......................................... 20

    Figura 3.11 Plano de extensmetria nas vigas com vares de GFRP ............................. 21

    Figura 3.12 - Alisamento da superfcie dos vares longitudinais de GFRP ........................ 21

    Figura 3.13 - Extensmetro colado ao varo de GFRP ...................................................... 21

    Figura 3.14 Isolamento dos componentes elctricos com verniz .................................. 22

    Figura 3.15 Proteco dos extensmetros com composto de silicone .......................... 22

    Figura 3.16 - Rectificao do topo dos provetes cilndricos .............................................. 22

    Figura 3.17 Provetes rectificados e no rectificados ...................................................... 22

    Figura 3.18 - Preparao do provete para o ensaio de mdulo de elasticidade ............... 23

    Figura 3.19 Colocao do provete na prensa hidrulica ................................................ 23

    Figura 3.20 Monitorizao da deformao do beto atravs da vdeo - extensmetria

    ........................................................................................................................................... 24

    Figura 3.21 Marcas de referncia para a cmara de vdeo - extensmetria .................. 24

    Figura 3.22 Data Logger Field Point (leitura da instrumentao utilizada nos ensaios) 24

    Figura 3.23 Cofragem em madeira ................................................................................. 25

  • x

    Figura 3.24 - Preparao das armaduras ........................................................................... 25

    Figura 3.25 Colocao e proteco dos extensmetros ................................................. 25

    Figura 3.26 Armadura colocada na cofragem ................................................................. 25

    Figura 3.27 Betonagem e vibrao do beto .................................................................. 25

    Figura 3.28 Preparao dos provetes cbicos ................................................................ 25

    Figura 3.29 - Acabamento da face superior da viga ........................................................... 25

    Figura 3.30 Descofragem e armazenamento das vigas .................................................. 25

    Figura 3.31 - Pormenorizao da viga R ............................................................................. 27

    Figura 3.32 - Preparao das armaduras da viga R ............................................................ 27

    Figura 3.33 - Pormenorizao da srie de vigas G1 ........................................................... 28

    Figura 3.34 Armaduras da srie de vigas G1 ................................................................... 28

    Figura 3.35 - Preparao da betonagem da viga G2 .......................................................... 28

    Figura 3.36 - Pormenorizao da seco da srie de vigas G2 .......................................... 28

    Figura 3.37 Pormenorizao do confinamento do beto na zona central das vigas G3 29

    Figura 3.38 - Construo/pormenorizao do confinamento do beto no apoio central da

    viga G3-a ............................................................................................................................. 30

    Figura 3.39 Construo/pormenorizao do confinamento do beto no apoio central

    da viga G3-b ........................................................................................................................ 30

    Figura 3.40 Armadura para o confinamento dos provetes cilndricos ............................ 31

    Figura 3.41 Betonagem dos provetes cilndricos confinados ......................................... 31

    Figura 3.42 Compactao do beto ................................................................................ 31

    Figura 3.43 Cilindros betonados ...................................................................................... 31

    Figura 3.44 - Digramas tenso extenso dos provetes cilndricos do beto no

    confinado da viga G3-b ...................................................................................................... 33

    Figura 3.45 - Diagrama tenso extenso para os vares de ao com 6 mm .................. 34

    Figura 3.46 - Diagrama tenso extenso para os vares de ao com 8 mm .................. 35

    Figura 3.47 Superfcie dos vares de GFRP ..................................................................... 35

    Figura 3.48 Ensaio de traco no varo de GFRP ............................................................ 35

    Figura 3.49 Esquema de proteco dos vares............................................................... 36

    Figura 3.50 Provetes dos vares de GFRP ....................................................................... 36

    Figura 3.51 Diagrama tenso extenso para os vares de GFRP de dimetro 8 mm .. 36

    Figura 3.52 Vdeo-extensmetria .................................................................................... 37

    Figura 3.53 - Extensmetro electrnico ............................................................................. 37

  • xi

    Figura 4.1 - Diagramas tensoextenso dos provetes cilndricos confinados da beto da

    viga G3-b ............................................................................................................................ 44

    Figura 4.2 - Rotura do provete cilndrico no confinado ................................................... 45

    Figura 4.3 - Rotura do provete cilndrico no confinado ................................................... 45

    Figura 4.4 Destacamento do beto de recobrimento no provete cilndrico confinado . 45

    Figura 4.5 - Rotura do provete cilndrico confinado .......................................................... 45

    Figura 4.6 Micro-fendilhao do ncleo de beto confinado ........................................ 46

    Figura 4.7 Quebra da amarrao do estribo ................................................................... 46

    Figura 4.8 Comparao da relao constitutiva do beto confinado e no confinado da

    viga G3-b ............................................................................................................................ 46

    Figura 4.9 Evoluo da deformao no meio vo da viga R em funo da carga .......... 47

    Figura 4.10 Padro de fissuras no vo esquerdo para a carga de 43 kN ........................ 48

    Figura 4.11 - Padro de fissuras no vo direito para a carga de 43 kN ............................. 48

    Figura 4.12 Evoluo das extenses nos vares longitudinais da viga R em funo da

    carga ................................................................................................................................... 49

    Figura 4.13 Aspecto geral da viga R aps a rotura ......................................................... 50

    Figura 4.14 Quebra do varo longitudinal do vo esquerdo na rotura da viga ............. 50

    Figura 4.15 - Comparao entre os momentos flectores tericos e experimentais na viga

    R ......................................................................................................................................... 50

    Figura 4.16 - Padro de fissuras no apoio central para a carga de 43 kN ......................... 51

    Figura 4.17 - Medio da abertura da fenda no apoio central para a carga de 43 kN ...... 51

    Figura 4.18 Evoluo da redistribuio de esforos no apoio central da viga R ............ 52

    Figura 4.19 - Evoluo da deformao no meio vo da viga G1-a em funo da carga .... 53

    Figura 4.20 Evoluo da deformao no meio vo da viga G1-b em funo da carga ... 53

    Figura 4.21 Aspecto geral da rotura da viga G1-a .......................................................... 54

    Figura 4.22 Aspecto geral da rotura da viga G1-b .......................................................... 54

    Figura 4.23 Rotura por esmagamento do beto no apoio central da viga G1-a ............ 54

    Figura 4.24 Rotura por esmagamento do beto no apoio central da viga G1-b ............ 54

    Figura 4.25 Estado do vo esquerdo na rotura da viga G1-a ......................................... 55

    Figura 4.26 Estado do vo direito na rotura da viga G1-b .............................................. 55

    Figura 4.27 - Evoluo das extenses nos vares longitudinais da viga G1-a ................... 55

    Figura 4.28 Evoluo das extenses nos vares longitudinais da viga G1-b .................. 55

    Figura 4.29 Abertura de fendas no apoio central da viga G1-a para a carga de 23 kN .. 57

  • xii

    Figura 4.30 Abertura de fendas no vo esquerdo da viga G1-a para a carga de 23 kN.. 57

    Figura 4.31 Padro de fissuras no vo esquerdo da viga G1-a para a carga de 22,6 kN 58

    Figura 4.32 - Padro de fissuras no vo direito da viga G1-a para a carga de 22,6 kN...... 58

    Figura 4.33 - Padro de fissuras na viga G1-b para a carga de 23,8 kN ............................. 58

    Figura 4.34 - Momentos flectores tericos e experimentais na viga G1-a ........................ 58

    Figura 4.35 Momentos flectores tericos e experimentais na viga G1-b ....................... 59

    Figura 4.36 Redistribuio de esforos na viga G1-a em funo da carga ..................... 60

    Figura 4.37- Redistribuio de esforos na viga G1-b em funo da carga ....................... 60

    Figura 4.38 Evolues da deformao a meio vo da viga G2-a em funo da carga .... 61

    Figura 4.39 Evolues da deformao a meio vo da viga G2-b em funo da carga .... 61

    Figura 4.40 Aspecto geral da rotura da viga G2-a ........................................................... 62

    Figura 4.41 Aspecto geral da rotura da viga G2-b ........................................................... 62

    Figura 4.42 - Estado do vo da viga G2-a ........................................................................... 62

    Figura 4.43 - Estado do vo da viga G2-b ........................................................................... 62

    Figura 4.44 Rotura por corte no apoio de extremidade ................................................. 63

    Figura 4.45 Rotura por esmagamento do beto no apoio central ................................. 63

    Figura 4.46 Estado do apoio central na rotura da viga G2-a .......................................... 63

    Figura 4.47 - Evoluo das extenses nos vares longitudinais da viga G2-a ................... 64

    Figura 4.48 - Evoluo das extenses nos vares longitudinais da viga G2-b ................... 64

    Figura 4.49 Fragmento de beto da viga G2-a ................................................................ 65

    Figura 4.50 Abertura de fendas no apoio central da viga G2-a na carga de 40 kN ........ 66

    Figura 4.51 - Abertura de fendas no vo direito da viga G2-a na carga de 40 kN ............. 66

    Figura 4.52 Padro de fissuras no vo esquerdo da viga G2-a para a carga de 40 kN ... 67

    Figura 4.53 Padro de fissuras no vo direito da viga G2-b para a carga de 40 kN ........ 67

    Figura 4.54 Padro de fissuras na viga G2-b para a carga de 40 kN ............................... 67

    Figura 4.55 - Momentos flectores tericos e experimentais na viga G2-a ........................ 68

    Figura 4.56 - Momentos flectores tericos e experimentais na viga G2-b ........................ 68

    Figura 4.57 - Redistribuio de esforos na viga G2-a ....................................................... 69

    Figura 4.58 Redistribuio de esforos na viga G2-b ...................................................... 69

    Figura 4.59 - Evolues da deformao a meio vo da viga G3-a em funo da carga ..... 71

    Figura 4.60 - Evolues da deformao a meio vo da viga G3-b em funo da carga .... 71

    Figura 4.61 Aspecto geral da Rotura da viga G3-a .......................................................... 72

    Figura 4.62 Aspecto geral da Rotura da viga G3-b .......................................................... 72

  • xiii

    Figura 4.63 Estado do apoio central da viga G3-a .......................................................... 72

    Figura 4.64 - Estado do apoio central da viga G3-b ........................................................... 72

    Figura 4.65 Rotura por esmagamento do beto no vo da viga G3-a ............................ 72

    Figura 4.66 Rotura por esmagamento do beto no vo da viga G3-b ........................... 72

    Figura 4.67 - Extenses mdias nos vares longitudinais da viga G3-a ............................ 73

    Figura 4.68 - Extenses mdias nos vares longitudinais da viga G3-b ............................ 73

    Figura 4.69 Fragmento de beto do vo da viga G3-b ................................................... 74

    Figura 4.70 - Abertura de fendas no vo direito da viga G3-a na carga de 40 kN ............. 75

    Figura 4.71 - Abertura de fendas no apoio central da viga G3-a na carga de 40 kN ......... 75

    Figura 4.72 - Padro de fissuras na viga G3-a para a carga de 40 kN ................................ 76

    Figura 4.73 - Padro de fissuras no vo esquerdo da viga G3-b para a carga de 40 kN ... 76

    Figura 4.74 - Padro de fissuras no vo esquerdo da viga G3-b para a carga de 40 kN ... 76

    Figura 4.75 - Momentos flectores tericos e experimentais na viga G3-a ....................... 77

    Figura 4.76 - Momentos flectores tericos e experimentais na viga G3-b ....................... 77

    Figura 4.77 Evoluo da redistribuio de esforos na viga G3-a .................................. 78

    Figura 4.78 Evoluo da redistribuio de esforos na viga G3-b .................................. 78

    Figura 4.79 CoMParao dos deslocamentos experimentais das vigas ensaiadas em

    funo da carga .................................................................................................................. 81

    Figura 4.80 - Comparao dos deslocamentos experimentais das vigas ensaiadas

    (ampliao) ........................................................................................................................ 81

    Figura 4.81 - Comparao dos momentos flectores experimentais actuantes no apoio

    central das vigas ................................................................................................................. 83

    Figura 4.82 Comparao dos momentos flectores experimentais actuantes nos vos

    das vigas ............................................................................................................................. 83

    Figura 4.83 Evoluo da extenso do beto na seco do apoio central das vigas ....... 85

  • xiv

  • 1

    Captulo 1 Introduo

    1.1 Enquadramento geral

    As estruturas de beto devem ser projectadas e concebidas para exibir, durante o

    seu perodo de vida til, nveis aceitveis de segurana e durabilidade. Acontece que,

    nem sempre os nveis de segurana nas estruturas so os admissveis, apresentando

    por vezes estados de degradao elevados, o que origina no limite o colapso

    progressivo da estrutura. Uma das principais causas deste cenrio, a diminuio da

    resistncia do beto armado devido a degradao dos seus materiais,

    nomeadamente a corroso das armaduras de ao.

    Este facto, aliado aos elevados custos de manuteno e reparao das estruturas,

    levou a que, com o passar dos anos, os profissionais de engenharia civil comeassem

    a dar a devida importncia aos aspectos da durabilidade das estruturas de beto

    armado, justificando a procura de novos materiais estruturais altamente resistentes

    aos ataques dos agentes ambientais e que em simultneo apresentem um elevado

    desempenho mecnico. Em consequncia desta procura e dos sucessivos

    desenvolvimentos tecnolgicos, surgem os materiais de matriz polimrica

    reforados com fibras, normalmente designados de FRPs.

    Os materiais de matriz polimrica, podem ser reforados com vrios tipos de fibras e

    podem assumir vrias formas, destacando-se em particular os vares de fibras de

    vidro, pois esto directamente relacionados com o tema da presente dissertao. Os

    vares de fibra de vidro normalmente designados de GFRPs (em ingls, Glass Fyber

    Reinforced Polymers) so materiais isentos de condutividade electromagntica,

    possuem uma elevada resistncia corroso, uma elevada resistncia mecnica

    traco e so muito mais leves que o ao [1].

    Baseado nas caractersticas apresentadas anteriormente, os vares de GFRP

    comeam a ganhar importncia em termos de aplicabilidade na engenharia civil,

    principalmente em estruturas de beto armado expostas aos agentes ambientais

    agressivos, ou em estruturas onde a condutividade electromagntica possa ser

    prejudicial.

  • 2

    Contudo, razes como os elevados custos face aos vares de ao, ausncia de

    ductilidade nos vares de GFRP (rotura frgil), baixo mdulo de elasticidade, falta de

    regulamentos de dimensionamento e informao insuficiente no que diz respeito ao

    comportamento de estruturas de beto armado com vares de GFRP

    (nomeadamente a ductilidade global da estrutura), tm dificultado a sua aplicao.

    Todavia, esperado que, com o aumento de conhecimento nesta rea, com a

    publicao de cdigos de dimensionamento e por conseguinte com a maior

    aplicabilidade dos vares de GFRP nas estruturas de beto, esta soluo construtiva

    torne-se do ponto de vista econmico, mais competitiva.

    Importa referir que apesar dos vares de GFRP serem reconhecidos como uma

    alternativa promissora ao ao, torna-se indispensvel continuar a aprofundar, a

    investigao nesta rea. A anlise do comportamento de estruturas hiperestticas de

    beto armado com vares de GFRP, permite avaliar a capacidade de redistribuio

    de esforos e por conseguinte a ductilidade destas estruturas.

    1.2 Motivao e objectivos do trabalho

    O principal objectivo da investigao experimental desenvolvida no mbito da

    presente dissertao, foi o de testar, avaliar e analisar o comportamento flexo de

    vigas contnuas de beto armado com vares de GFRP. Para atingir os objectivos

    propostos nesta investigao, foram definidas quatro sries de ensaios

    experimentais, todas com caractersticas distintas e compostas por um total de sete

    vigas escala reduzida. A primeira srie experimental composta por uma viga de

    referncia armada com vares de ao, sendo as ltimas trs sries constitudas por

    vigas de beto armado com vares de GFRP. A fim de aumentar a fiabilidade dos

    resultados experimentais, optou-se por construir e ensaiar duas vigas com

    caractersticas iguais para cada uma das sries, exceptuando o caso da srie de

    referncia. Com a viga de referncia, pretende-se comparar e analisar as diferenas

    existentes no comportamento flexo destas duas solues construtivas.

    A segunda srie de vigas, tem por base analisar o comportamento na rotura e em

    servio das vigas contnuas armadas com vares de GFRP, dimensionadas de acordo

    com uma anlise elstica linear de seco para uma carga de projecto equivalente

    da viga de referncia. Nestas vigas, esperado um comportamento elstico at

    rotura e por conseguinte, reduzida capacidade de redistribuio de esforos. A

  • 3

    terceira e a quarta srie de vigas tm como principal objectivo, averiguar o efeito do

    confinamento do beto nas seces crticas das vigas, no modo de rotura, resistncia,

    ductilidade e na capacidade de redistribuio de esforos nas vigas contnuas

    armadas com vares de GFRP. Para tal, na quarta srie de vigas reduziu-se o

    espaamento entre estribos na zona do apoio central, com a colocao de estribos

    com menores dimenses. Deste modo, espera-se incrementar a resistncia e

    capacidade de redistribuio de esforos em relao s vigas da srie trs, em

    consequncia do aumento da ductilidade do beto na zona do apoio central.

    Pretende-se igualmente neste trabalho de investigao, avaliar e analisar

    experimentalmente o efeito do confinamento no comportamento do beto

    compresso. Para tal, realizaram-se ensaios em provetes cilndricos de beto no

    confinados e confinados com estribos em ao, sendo esperado nestes casos, maior

    capacidade de deformao plstica (ductilidade) aps atingida a tenso mxima de

    compresso.

    Finalmente, importa referir que, o programa experimental definido no mbito da

    presente dissertao, pretende contribuir para o maior conhecimento de uma

    soluo construtiva, pioneira, pouco divulgada e pouco utilizada pelos profissionais

    de engenharia civil. Pretende-se ainda colaborar na avaliao de parmetros

    importantes e significantes no comportamento das estruturas de beto, como a

    ductilidade e a capacidade de redistribuio de esforos, como uma das formas a

    contribuir para ultrapassar as dificuldades inerentes aplicabilidade dos vares de

    GFRP nas estruturas de beto.

    1.3 Organizao da dissertao

    A presente dissertao encontra-se estruturada em 5 captulos.

    No presente captulo apresenta-se o enquadramento geral do tema deste trabalho de

    investigao, na rea da engenharia civil. Em seguida, indica-se a motivao, os

    principais objectivos desta investigao e os resultados pretendidos, terminando

    com uma sntese de cada captulo da presente dissertao.

    No captulo 2 apresenta-se primeiramente os aspectos gerais a tidos em conta na

    filosofia de dimensionamento de elementos em beto armado com vares de GFRP.

    Em seguida, descrito, com base numa reviso da literatura, o estado do

  • 4

    conhecimento nesta rea. Finalmente, refere-se a importncia que poder ter o

    confinamento do beto nas vigas hiperestticas armadas com vares de GFRP.

    O captulo 3 descreve todo o programa experimental definido na presente

    dissertao. Apresenta-se a descrio das sries experimentais, o procedimento e

    toda a instrumentao utilizada nos ensaios, sendo mostrado ainda a preparao das

    vigas. Para finalizar o captulo, apresentam-se as propriedades mecnicas e fsicas

    dos materiais utilizados nas sries experimentais. Os resultados experimentais dos

    ensaios de caracterizao dos materiais, so igualmente apresentados neste captulo.

    Os resultados experimentais de todos os ensaios realizados so apresentados no

    captulo 4. Este captulo dividido em trs partes distintas. Comea-se com a

    apresentao e anlise dos resultados experimentais dos provetes cilndricos

    confinados transversalmente atravs de estribos de ao. Em seguida, apresentam-se

    os resultados experimentais dos ensaios de flexo s diversas sries de vigas

    contnuas de beto. Nesta fase, parmetros como abertura de fendas, deformao,

    modos de rotura, capacidade resistente e redistribuio de esforos so analisados.

    Para finalizar o captulo, mostra-se uma sntese comparativa dos vrios resultados

    experimentais, nomeadamente, o comportamento em servio e na rotura das vrias

    sries de vigas. Durante a apresentao dos resultados experimentais, so

    apresentadas algumas observaes, anlises e concluses.

    Por fim, embora algumas concluses sejam descritas ao longo da apresentao dos

    resultados, o captulo 5 resume as concluses gerais do presente trabalho. Neste

    captulo, apresenta-se ainda algumas consideraes para futuros trabalhos de

    investigao nesta rea.

  • 5

    Captulo 2 Anlise e dimensionamento de vigas de beto armadas com vares de GFRP

    2.1 Introduo

    Neste captulo, comea por se descrever os aspectos gerais do

    dimensionamento/comportamento de vigas de beto armado com vares de GFRP.

    Em seguida, com base numa reviso da literatura, apresenta-se o estado do

    conhecimento actual no que se refere aplicao deste material na rea da

    engenharia civil. Termina-se este captulo, com a referncia importncia do

    confinamento do beto no comportamento flexo das vigas de beto armado com

    vares de GFRP.

    As equaes/recomendaes de dimensionamento de elementos de beto armado

    com vares de GFRP, segundo o regulamento americano ACI 440.1R-06 [1], so

    apresentados no anexo A.

    2.2 Aspectos gerais da filosofia de dimensionamento

    A filosofia de dimensionamento nos elementos estruturais em beto armado com

    vares de GFRP, apesar de baseados nos mesmos pressupostos (equilbrio interno

    de foras e compatibilidade de extenses), diverge, da adoptada no

    dimensionamento dos elementos de beto armado com vares de ao. Este facto,

    justifica-se com as importantes diferenas existentes nas relaes constitutivas dos

    dois materiais. Os vares de GFRP quando comparados com os de ao, so

    caracterizados pela rotura frgil (comportamento elstico-linear at rotura),

    reduzido mdulo de elasticidade e maior tenso de rotura [2]. Assim, no

    dimensionamento dos elementos estruturais com recurso a vares de GFRP,

    necessrio ter em conta as importantes diferenas existentes entre este material e o

    ao, principalmente no que se refere s suas caractersticas mecnicas.

    Na verificao do estado limite ltimo de flexo, os elementos em beto armado so

    dimensionados para que a armadura de ao esteja na cedncia, de acordo o

    Eurocdigo 2 [3], tirando assim proveito da elevada ductilidade dos vares de ao

    ps-cedncia. Contudo, no caso dos elementos de beto armados com vares de

    GFRP, a filosofia de dimensionamento tem que ser naturalmente diferente. Neste

    sentido, o regulamento americano ACI 440.1R-06 [1], recomenda para a verificao

  • 6

    do ELU de flexo em vigas de beto armado com vares de GFRP, o modo de rotura

    por esmagamento do beto em detrimento da rotura pelos vares, pois em

    consequncia do comportamento plstico do beto antes da rotura, estes elementos

    exibem maiores deformaes plsticas (ductilidade).

    O modo de rotura nos elementos em beto armado com vares de GFRP previsto

    em funo da quantidade de armadura utilizada nas seces crticas. Sendo assim, o

    modo de rotura por esmagamento do beto implica o dimensionamento de seces

    muito armadas quando comparado com o modo de rotura pelos vares, de forma a

    garantir atravs do equilbrio de foras, que na seces criticas dos elementos a

    rotura ocorra por esmagamento do beto. De salientar, que o dimensionamento para

    este modo de rotura, apesar do uso de maior taxa de armadura, conduz a solues

    mais proveitosas, devido ao menor factor de segurana imposto pelo regulamento

    ACI 440.1R-06 [1].

    No caso dos elementos contnuos, a possibilidade de considerar no seu

    dimensionamento uma anlise elstico-linear com redistribuio de esforos ou uma

    anlise plstica tirando partido do comportamento no linear dos materiais,

    logicamente s faz sentido quando considerada a rotura por esmagamento do

    beto. Todavia, tal considerao, depende ainda da capacidade de rotao plstica

    das seces crticas dos elementos de beto (neste caso, resultante da deformao

    plstica do beto compresso antes da rotura) ser suficiente, de modo a garantir

    capacidade de redistribuio de esforos nas vigas, em consequncia da formao

    das chamadas rtulas plsticas [4]. Uma tcnica econmica e de fcil aplicao com

    vista a incrementar a ductilidade das seces, o confinamento do beto recorrendo

    as armaduras transversais (estribos).

    No que respeita ao dimensionamento de elementos de beto armados

    transversalmente com estribos de GFRP, a fraca resistncia destes vares flexo e

    ao corte (consequncia na anisotropia deste material), reduz significativamente a

    resistncia dos estribos feitos deste material, principalmente nas zonas de curvatura

    onde existe maior concentrao de esforos de flexo e de corte [5].

    Por conseguinte, recomendado uma tenso de traco limite nas armaduras

    transversais de FRP`s [1], de modo a evitar a rotura prematura dos estribos pelas

  • 7

    zonas de curvatura, controlar a largura de fendas provenientes dos esforos de corte

    e ainda manter a integridade da resistncia ao corte do beto.

    Os vares de GFRP possuem baixa resistncia compresso, pelo que a sua

    contribuio no dimensionamento dos elementos de beto flexo, deve ser

    desprezada, no sendo recomendado pelos regulamentos o uso destes vares em

    pilares ou em elementos sujeitos a grandes esforos de compresso [2]. Contudo, um

    estudo experimental publicado em Setembro de 2010 por A. Luca et al [6], sobre o

    comportamento de pilares armados com estribos e vares longitudinais de GFRP,

    conclui que o comportamento de pilares armados com vares de ao e de GFRP no

    apresentam grandes discrepncias, quando sujeitos a um carregamento axial.

    Outra particularidade a ter em ateno no dimensionamento de elementos de beto

    armado com vares de FRPs, relaciona-se com o princpio de compatibilidade de

    deformao entre as armaduras e o beto, onde assumido a ausncia de

    escorregamento entre os dois materiais. Todavia, no caso dos vares de GFRP, as

    propriedades de aderncia com o beto dependem da preparao da superfcie dos

    vares, que podem ser revestidos com areia, nervurados ou enrolados de forma

    helicoidal [7].

    Por ltimo importa referir, que devido ao baixo mdulo de elasticidade e por

    conseguinte menor rigidez dos vares de GFRP relativamente aos de ao, so

    esperados para os elementos armados com GFRP, maiores deformaes e largura de

    abertura de fendas [5]. Em consequncia, o dimensionamento destes elementos

    normalmente condicionado pela verificao aos estados limites de servio,

    principalmente no que diz respeito a deformao, j que devido no corrosividade

    dos vares de GFRP, a verificao das aberturas de fendas faz-se sobretudo por

    razes de esttica.

    2.3 Estado do conhecimento

    A rpida deteriorao das estruturas de beto, resultante da corroso nas

    armaduras de ao, justificou a procura de materiais altamente resistentes aos

    ataques dos agentes ambientais e que em simultneo apresentem um elevado

    desempenho mecnico. Os materiais de matriz polimrica reforados com fibras, ou

    FRP`s, possuem estas caractersticas, e a vantagem da sua no condutividade

    electromagntica.

  • 8

    Desde 1980s [8], a comercializao e aplicao destes materiais nas estruturas de

    beto como armadura longitudinal, em substituio dos vares de ao, tem

    aumentado consideravelmente. Devido ao sucesso resultante da sua aplicao,

    sobretudo em ambientes agressivos, o uso de vares de GFRP (polmeros reforados

    com fibras de vidro) nas estruturas de beto, tem sido considerado como soluo

    eficaz aos problemas inerentes da corroso do ao.

    Em termos de durabilidade das estruturas, a utilizao de vares de GFRP uma

    mais-valia face ao ao, principalmente devido a elevada resistncia a corroso.

    Contudo, face s diferenas existentes nas propriedades mecnicas dos dois

    materiais, a anlise e dimensionamento de elementos de beto armado com vares

    de GFRP, requer especial interesse.

    Nos USA vrios trabalhos de investigao surgiram durante a dcada de 90, onde

    autores, como, Faza e GangaRao [9], Nanni [10], Benmokrane et al [11;12],

    Masmoudi et al [13], Houssam et al [14], Vijay et al [15], entre outros, discutem e

    sugerem respectivamente nos seus artigos, o comportamento e o dimensionamento

    de vigas simplesmente apoiadas de beto armado com vares de GFRP.

    Em consequncia destes trabalhos, foi publicado pela American Concrete Institute

    (ACI) em 2001 nos USA, a primeira norma de referncia, o ACI 440.1R-01, que

    aborda a utilizao deste novo material estrutural. Actualmente esta norma

    americana vai na sua terceira verso, a ltima das quais, o ACI 440.1R-06 [1],

    publicado em 2006. No Japo foi tambm publicada a norma JSCE [16] pela Japan

    Society of Civil Engineers (JSCE), e na Europa a FIB-40 [17], publicada pela

    Fderation Internationale du Bton (fib). No Canada foi tambm publicado um

    manual de dimensionamento, o ISIS-3 [7], pela Intelligent Sensing for Innovative

    Structures. Todos os documentos referidos apresentam equaes, recomendaes

    de dimensionamento, principais limitaes e vantagens da utilizao deste material

    nos elementos de beto, contribuindo para o sucesso/aumento da sua aplicao na

    engenharia civil.

    Recentemente, nomeadamente desde 2005, autores como Lee et al [5], Sungwoo et

    al [18], Rafi e Nadjei [19] Li e Wang [20], Shin et al [21], Mosley et al [22] e Barris et

    al [23] publicaram nos seus artigos trabalhos de investigao, que incidiram na

  • 9

    avaliao experimental dos diversos parmetros caractersticos do comportamento

    de vigas simplesmente apoiadas em beto armado com vares de GFRP.

    O ltimo artigo mencionado, Barris et al [23], assume maior importncia no s por

    ser recente, mas tambm por incidir sobre o comportamento flexo de vigas em

    beto armado com vares de GFRP do fabricante Schoeck, ou seja, os mesmos vares

    utilizados na presente dissertao. Apresenta-se em seguida um resumo o trabalho

    desenvolvido por este autor e as suas principais concluses.

    Barris et al [23], desenvolveu um trabalho de investigao experimental, com o

    objectivo de analisar o comportamento flexo de vigas de beto armado com

    vares longitudinais de GFRP. Aspectos como capacidade ltima resistente, modo de

    rotura, deformao e aberturas de fendas foram analisados e comparados com os

    resultados analticos resultantes dos documentos de dimensionamento. No final,

    aborda a ductilidade das vigas ensaiadas.

    No contexto da investigao experimental, foram ensaiadas 6 pares de vigas, todas

    com diferentes percentagens de armadura longitudinal. As vigas foram do tipo

    simplesmente apoiado com seco de altura 0,19 m e largura varivel, possuindo

    comprimento entre apoios de 1,8 m. O esquema de carregamento e a

    pormenorizao das vigas ensaiadas, so apresentados na Figura 2.1

    Figura 2.1 Dimenses e pormenorizao das vigas ensaiadas por Barris et al.[23]

    Devido ao comportamento elstico linear dos vares de GFRP, todas as vigas

    exibiram um comportamento linear antes e aps a abertura de fendas.

    Na anlise aos ELU de flexo, todas as vigas exibiram cargas de rotura superiores s

    calculadas de acordo com os regulamentos. O autor justifica as diferenas entre os

    resultados tericos e os resultados experimentais, com o facto do valor da extenso

    mxima de compresso no beto considerada no dimensionamento, ser

  • 10

    normalmente inferior ao obtido experimentalmente (devido a grau de confinamento

    fornecido pela armadura de esforo transverso o beto atinge uma maior

    deformao na rotura).

    Em termos de estados limites de servio, comparando os valores experimentais e os

    tericos calculados segundo o ACI-440.1R 06 [1] e o Eurocdigo 2 [3], observou-se

    que at a carga de servio a previso das deformaes das vigas esto de acordo com

    os resultados experimentais. No entanto, para cargas superiores, todas a previses

    fornecidas por estes cdigos subestimam a deformao. Segundo o autor, essa

    diferena pode ser atribuda ao facto destas equaes serem desenvolvidas para

    cargas de servio, ou seja, tm em conta apenas a relao linear tenso-extenso do

    beto (regime linear das vigas). Observou-se ainda que, todas as vigas apesar de

    exibirem uma rotura considerada frgil, apresentaram um elevado grau de

    deformabilidade.

    Para os diferentes patamares de carga, a anlise das extenses na seco de meio

    vo da viga, mostrou que a hiptese de Bernoulli valida nestes elementos antes e

    aps da abertura de fendas (boa aderncia entre o beto e os vares de GFRP).

    Por ltimo, a largura da abertura de fendas experimental menor que as obtidas

    segundo o ACI [1] e o Eurocdigo 2 [3], o que demonstra a boa aderncia entre o

    beto e os vares de GFRP usados neste trabalho.

    Em Janeiro de 2010 E. A. Ahmed et al [24] publicaram um artigo, no qual, avaliam e

    analisam o comportamento ao corte de vigas em beto armado com estribos de

    GFRP.

    No contexto desta investigao experimental, foram construdas e ensaiadas um

    total de quatro vigas escala real, tendo todas a mesma rea de armadura

    longitudinal, todavia, consideram diferentes tipos e reas de armadura resistente

    aos esforos de corte (estribos). Destas vigas, trs foram armadas com estribos de

    GFRP e uma armada com estribos de ao para efeitos de comparao. Alm disso,

    todas as vigas foram simplesmente apoiadas, com comprimento de 6 m entre apoios

    e seco transversal tipo T.

    A pormenorizao, o esquema de ensaio e o sistema de apoio das vigas ensaiadas,

    so apresentados na Figura 2.2.

  • 11

    Figura 2.2 Pormenorizao e sistema de ensaio das vigas ensaiadas por E. A. Ahmed et al [24]

    O espaamento entre estribos adoptados por E. A. Ahmed para cada uma das vigas

    ensaiadas, apresenta-se na Tabela 2.1.

    Tabela 2.1 Espaamento entre estribos nas vigas ensaiadas por E. A. Ahmed et al [24]

    Viga

    S - Espaamento (mm)

    SG-9.5-2 SS-9.5-2 SG-9.5-3 SG-9.5-4

    300 300 200 150 Nota: Na designao das vigas, a primeira letra, S, indica a armadura longitudinal (S = steel), enquanto a segunda letra

    indica o material dos estribos (G de GFRP e S para o ao (em ingls, steel)).

    Quanto menor o espaamento dos estribos, menor foi a extenso verificada nos

    estribos em todos os patamares de carga e maior foi a capacidade resistente ao corte

    observada na rotura das vigas (em consequncia do maior efeito do confinamento).

    A rotura das vigas, corresponderam a valores de fora de corte de 272 kN, 259,3 kN,

    337 kN e 416 kN respectivamente para as vigas SS-9.5-2, SG-9.5-2, SG-9.5-3 e SG-9.5-

    4. Observa-se assim, que a capacidade resistente ao corte da viga de referncia, no

    apresenta diferenas significantes quando comparado com a sua homloga com

    estribos de GFRP.

    A nvel de deformao, todas as vigas exibiram um comportamento semelhante, no

    havendo diferenas significativas entre as vigas com estribos de GFRP e a viga de

    referencia (estribos de ao), excepto, a viga SG-9.5-2, que exibiu maiores

    deformaes. O padro final das fissuras foi igualmente semelhante nos vos de

    todas as vigas, destacando-se apenas as diferenas no nmero e no espaamento das

    fendas diagonais devido aos esforos de corte.

  • 12

    Apesar de em todas as vigas as condies de ensaio terem sido semelhantes, aps a

    fissurao, os estribos da viga de referencia (SS-9.5-2) exibiram menores valores

    mdios de extenso em comparao as restantes vigas armadas com estribos de

    GFRP. Tal justifica-se com maior ndice de armadura transversal (Efy/Es) da viga de

    referncia, quando comparado com as restantes vigas armadas transversalmente

    com estribos de GFRP (mdulo de elasticidade significativamente menor).

    Comparativamente viga de referncia (SS-9.5-2), a presena de estribos de GFRP

    na viga equivalente, aumenta a contribuio do beto na resistncia ao esforo

    transverso aps a abertura de fendas.

    Na rotura por esforo transverso, a inclinao da fissura de corte nas vigas armadas

    com estribos de GFRP est em boa concordncia com o tradicional modelo de

    escoras e tirantes com inclinao de 45 graus, usado nas estruturas de beto.

    Por ltimo, a limitao da tenso ltima dos estribos de GFRP (tem em conta a

    menor resistncia do varo de GFRP na curvatura dos estribos), tal como

    especificado no ACI 440.1R-06 [1] permite uma previso mais rigorosa mas ainda

    um tanto conservativa da resistncia ao corte dos elementos de beto armados com

    estribos de GFRP.

    A avaliao do comportamento de vigas contnuas em beto armado com vares de

    GFRP teve incio nos anos 90, por Grace et al [25], em que estudou o seu

    comportamento flexo e ao corte, tal como a maneira de medir a sua ductilidade

    neste tipo de vigas.

    Em 2008, Habeeb e Ashour [26] publicaram um artigo no mbito do seu trabalho de

    investigao, no qual, analisam e comparam o comportamento flexo de vigas

    simplesmente apoiadas e contnuas de beto armado com vares de GFRP. Uma viga

    contnua de beto armado com vares de ao foi igualmente ensaiada para efeitos de

    comparao.

    Mais recentemente, Matos [27] no mbito da sua dissertao de mestrado na

    Universidade Superior de Lisboa (IST), analisou numa campanha de ensaios

    experimentais, o comportamento flexo de vigas hiperestticas em beto armado

    com vares de GFRP. Aspectos como, resistncia, modo de rotura, deformao e

    abertura de fendas, foram estudados e comparados com os resultados analticos

  • 13

    resultantes dos regulamentos de dimensionamento em vigor. Finalmente, o efeito do

    confinamento do beto nas seces crticas das vigas em aspectos como, a

    redistribuio de esforos e ductilidade das vigas de beto armado com vares de

    GFRP, foram igualmente estudados e discutidos. Neste caso, foram ensaiadas 7 vigas

    contnuas com comprimento entre vos de 1 m e com seco rectangular igual a

    0,1x0,12 m2, sendo o aspecto geral do ensaio apresentado na Figura 2.3.

    Figura 2.3 Aspecto geral dos ensaios realizados por Matos [27]

    A rigidez das vigas com vares de GFRP, reduz-se significativamente aps a

    fissurao e na sequncia da evoluo da abertura das fendas, devido ao baixo

    mdulo de elasticidade dos vares GFRP, pelo que estas vigas evidenciaram

    deformaes maiores que a beto armado com vares de ao convencionais. As

    previses da deformao segundo o regulamento ACI 440.1R-06 assemelham-se aos

    resultados experimentais, apenas para baixos nveis de carga (onde as vigas

    permanecem em regime linear). De notar, que o confinamento do beto

    compresso nas zonas crticas das vigas, tende a aumentar a deformao no vo

    destas, em consequncia da sua maior capacidade de redistribuio de esforos.

    O acrscimo do confinamento no beto nas zonas crticas da viga apesar de no

    ampliar significativamente a sua capacidade resistente, permitiu o aumento da

    redistribuio de esforos na viga em 20 %. Este facto explicado pelo confinamento

    do beto evidenciar-se mais no aumento da ductilidade do que no aumento da

    resistncia (o aumento da resistncia das vigas devido a este efeito foi de 13%).

    Verificou-se ainda que para cargas de servio, o nvel de fendilhao foi bastante

    aceitvel, verificando os limites regulamentares. Para cargas superiores, as

    formulaes propostas pelos regulamentos no fornecem boas estimativas da

    abertura de fendas, devido ao comportamento no linear das vigas nestes nveis de

  • 14

    carga. Foi ainda constatado a boa ligao de aderncia entre o varo GFRP

    (fabricante schoeck) e o beto, podendo mesmo neste caso ser superior dos vares

    de ao.

    Por ltimo e tirando a verificao aos ELS, os resultados analticos assemelham-se

    aos valores experimentais, desde que se considere os parmetros adequados nas

    formulaes de clculo fornecidas pelo ACI 440R.1R-06 [1] e Eurocdigo 2 [3]. Note-

    se ainda, que estimativa do efeito do confinamento no beto (que tem influencia na

    extenso ltima do beto e na sua resistncia) o parmetro mais importante, na

    estimativa dos resultados experimentais.

    2.4 Importncia do confinamento do beto nas vigas armadas com vares de GFRP

    Por vezes, o dimensionamento de elementos de beto em regime linear, no vivel

    nem desejvel por razes econmicas, prticas e ainda razes de segurana. Nestes

    casos, torna-se necessrio recorrer ao dimensionamento com base em anlises

    plsticas e ou em anlises elsticas com redistribuio limitada de esforos. Deste

    modo, tira-se partido do comportamento no linear dos materiais, o que possibilita

    do dimensionamento de estruturas mais econmicas e mais dcteis.

    A ductilidade das vigas de beto armado com vares de ao uma propriedade

    essencial no seu desempenho estrutural, pois garante-lhes capacidade de

    deformao plstica antes da rotura sem perda significativa da sua resistncia,

    evitando assim o colapso frgil das estruturas. Esta caracterstica resulta resulta da

    explorao da capacidade de deformao plstica aps a cedncia dos vares de ao.

    No caso das vigas contnuas de beto armado com vares de GFRP, a ductilidade no

    possvel devido ao comportamento elstico linear destes vares at a rotura. A

    falta de ductilidade nestes vares, obriga a que as seces crticas dos elementos de

    beto armado com vares de GFRP sejam dimensionadas de modo que, a sua rotura

    ocorra pelo esmagamento do beto, explorando, ainda que diminutamente, o

    comportamento plstico do beto antes da rotura.

    Devido a esta nova filosofia de dimensionamento, surge o interesse na avaliao da

    capacidade de redistribuio de esforos nestes elementos e na capacidade de

  • 15

    deformao plstica das suas seces crticas, em explorao da ductilidade do beto

    compresso.

    O beto antes da rotura possui alguma capacidade de deformao plstica

    (ductilidade). Uma das tcnicas construtivas adoptadas, com vista a incrementar a

    ductilidade do beto antes da rotura, o confinamento do mesmo. De facto, o

    confinamento lateral do beto (restrio da expanso lateral por efeito de Poisson)

    aumenta a resistncia do beto compresso e confere-lhe uma maior ductilidade.

    A relao constitutiva dos betes confinados diferente da dos betes no

    confinados, principalmente em relao deformao mxima de compresso do

    beto na rotura. Este efeito pode ser conseguido atravs da cintagem do beto com

    armaduras transversais (estribos).

    Na Figura 2.4, apresenta-se a relao tenso-extenso do beto confinado e no

    confinado proposta pelo Eurocdigo 2 [3].

    Figura 2.4 Relao constitutiva do beto confinado e no confinado proposta pelo Eurocdigo 2 [3]

    Nota: c = tenso mxima de compresso no beto; c,u = extenso ltima do beto no confinado, cu2,c =

    extenso ltima do beto confinado.

    O confinamento do beto nas vigas armadas com vares de GFRP pode ser

    importante, principalmente quando a redistribuio de esforos nestes elementos de

    beto necessria. O confinamento possibilita um elevado incremento na

    capacidade de rotao plstica das seces crticas e por conseguinte um aumento

    na capacidade de redistribuio de esforos e ductilidade global das vigas.

  • 16

    Captulo 3 Estudo experimental de vigas contnuas em beto armado com vares de GFRP

    3.1 Introduo

    No presente captulo apresenta-se o programa experimental, os equipamentos e

    instrumentao utilizados e as propriedades dos materiais envolvidos nos provetes

    ensaiados no mbito da presente dissertao. tambm apresentada a concepo

    das vigas ensaiadas.

    O programa experimental foi definido com base na necessidade de avaliar e

    comparar o comportamento das vigas contnuas de beto armado com vares de

    GFRP e com vares de ao convencionais, quando sujeitas a esforos de flexo. A

    anlise e comparao de aspectos como a capacidade resistente, a ductilidade, a

    capacidade de redistribuio de esforos, a deformao e a abertura de fendas, sero

    discutidas com base nos resultados do programa experimental.

    Todos os ensaios foram realizados no Laboratrio Regional de Engenharia Civil

    (LREC), que o Laboratrio da Regio Autnoma da Madeira.

    3.2 Procedimento dos ensaios e Instrumentao utilizada

    A instrumentao utilizada, a estrutura de carregamento e os sistemas de apoio das

    vigas durante os ensaios, so apresentados na Figura 3.1 e na Figura 3.1

    Todas as vigas foram submetidas a esforos de flexo atravs da aplicao de uma

    carga concentrada no meio dos vos. No carregamento das vigas utilizou-se uma

    prensa hidrulica com capacidade mxima de 1500 kN.

    Figura 3.1 - Esquema geral das vigas ensaiadas

  • 17

    Figura 3.2 Aspecto geral do ensaio de flexo

    3.2.1 Estrutura de carregamento e instrumentao das vigas

    A estrutura de carregamento adoptado nas vigas e o consequente diagrama de

    momentos flectores elsticos, so apresentados na Figura 3.3.

    Figura 3.3 Estrutura de carregamento e consequente diagrama de momentos flectores elsticos

    Os sistemas de apoio utilizados nos ensaios das vigas, foram concebidos de forma a

    permitir a livre rotao no plano das mesmas. Os apoios de extremidade, admitem o

    deslocamento livre da viga horizontalmente, como mostra a Figura 3.4, enquanto o

    apoio central restringe o deslocamento horizontal, como ilustra a Figura 3.5.

    Figura 3.4 Apoio com possibilidade de

    deslocamentos horizontais

    Figura 3.5 Apoio com restrio de deslocamentos

    horizontais

  • 18

    A instrumentao utilizada nesta campanha de ensaios foram:

    Clulas de carga

    Transdutores de deslocamento ou LVDTs

    Vdeo extensmetro

    Extensmetros elctricos

    As clulas de carga utilizadas foram do tipo Novatech, da empresa japonesa TML,

    com capacidade de carga mxima de 200 kN. Estas clulas foram colocadas na zona

    dos apoios, tal como mostra a Figura 3.4 e a Figura 3.5, com o objectivo de medir as

    reaces experimentais dos apoios da viga durante os ensaios.

    O somatrio das reaces resultantes das clulas de carga permite tambm

    conhecer com preciso o carregamento aplicado nas vigas, pois o valor da carga

    obtido atravs da prensa hidrulica apresenta um pequeno erro. Este erro justifica-

    se com a menor sensibilidade exibida pela prensa, quando a gama de valores de

    carregamento nas vigas so muito inferiores capacidade mxima da prensa.

    Para medir a deformao mxima nos vos das vigas foram utilizados dois

    transdutores de deslocamento ou LVDT (Linear Variable Displacement Transducer),

    com capacidade de curso de 50 mm e preciso 0,001 mm, em ambas as seces de

    aplicao da carga. A Figura 3.6 apresenta o LVDT colocado sob a viga no ponto de

    aplicao da carga.

    Figura 3.6 LVDT colocado sob a viga, no ponto de aplicao de carga

    Com o objectivo de monitorizar a deformao das vigas at ao fim dos ensaios e

    evitar possveis danos nos LVDTs no momento da rotura, foram colocados j numa

    fase adiantada dos ensaios, uns suportes em madeira a meio vo, tal como mostra a

    Figura 3.7.

  • 19

    Figura 3.7 Suporte em madeira para proteco dos LVDT

    Uma das maiores dificuldades na monitorizao dos ensaios realizados, foi a

    medio da extenso de compresso do beto, nas seces com maiores esforos de

    flexo. Como referido anteriormente, o dimensionamento destes elementos baseia-

    se na rotura por compresso do beto, sendo por isso a extenso ltima do beto

    uma propriedade fundamental na avaliao da sua capacidade resistente.

    Monitorizar o beto at rotura torna-se difcil, principalmente devido aos

    fragmentos que saltam do mesmo quando sujeito a um estado de tenso elevado, o

    que impossibilita, nestes casos a fixao de extensmetros elctricos ao beto. Numa

    tentativa de monitorizar a extenso do beto nas seces crticas das vigas at

    rotura, foi utilizado durante os ensaios de flexo a vdeo - extensmetria com

    recurso cmara MINTRON de alta resoluo existente no LREC, tal como mostra a

    Figura 3.8.

    Figura 3.8 - Monitorizao da extenso do beto atravs de vdeo-extensmetria

    Assim, nas vigas armadas com vares de GFRP foram previamente marcadas duas

    linhas paralelas na face lateral das vigas e em cada nvel pretendido para a medio

    de deformao, como mostra a Figura 3.9. Estas linhas paralelas tm como objectivo

    servir de referncia para a fixao de dois pontos na imagem (Pixis) da cmara de

  • 20

    alta resoluo. A distncia entre esses dois pontos medida em tempo real e

    convertida em extenso durante a realizao do ensaio.

    O processo de calibrao da cmara de vdeo-extensmetria na captura da distncia

    entre os dois pontos fixados para cada nvel de medio pretendido, ilustra-se na

    Figura 3.10.

    Figura 3.9 - Marcas de referncia para a cmara de

    vdeo - extensmetria

    Figura 3.10 Calibrao da cmara de vdeo -

    extensmetria

    Os valores das extenses obtidas atravs da vdeo extensmetria por vezes no

    exibem grande rigor, pois a mudana das condies de luminosidade durante o

    ensaio podem afectar os resultados experimentais dos ensaios [28]. Assim, alguns

    fornecedores de vdeo extensmetros recomendam o uso de uma luz de fundo

    brilhante e o sombreamento das janelas/portas para evitar a mudana brusca de

    luminosidade da sala dos ensaios [28]. Em todos os ensaios de flexo das vigas,

    utilizou-se uma luz de fundo com esse objectivo.

    Com vista a monitorizar durante os ensaios as extenses de traco nas armaduras

    longitudinais nas seces crticas da viga, foram colados na fase de construo das

    vigas extensmetros elctricos nos vares longitudinais. Todos eles foram do

    fabricante TML e do tipo FLA-5-11-3L com capacidade mxima de monitorizar

    extenses na ordem dos 21 1.

    O plano de extensmetria adoptado, nas vigas em beto armado com vares de

    GFRP, apresenta-se na Figura 3.11.

  • 21

    Figura 3.11 Plano de extensmetria nas vigas com vares de GFRP

    Assim, foram colados na seco do apoio central e seces de meio vo das vigas

    armadas com GFRP, um extensmetro em cada um dos dois vares traco. No

    caso da viga de referncia, apenas foi colado um extensmetro em cada seco,

    instrumentando assim unicamente um dos vares longitudinais.

    Importa referir que, antes da colagem dos extensmetros foi necessrio proceder a

    um tratamento de suavizao da superfcie de algumas zonas dos vares

    longitudinais, com o intuito de remover as nervuras/irregularidades do varo e

    aumentar a fiabilidade dos resultados experimentais. A Figura 3.12 mostra essa

    operao de suavizao da superfcie dos vares, enquanto, a Figura 3.13, apresenta

    o extensmetro aps ser colado no varo de GFRP.

    Figura 3.12 - Alisamento da superfcie dos vares

    longitudinais de GFRP

    Figura 3.13 - Extensmetro colado ao varo de

    GFRP

    De modo a proteger os componentes elctricos dos extensmetros, do contacto com

    o beto fresco, todos os extensmetros foram isolados com verniz, como

    apresentado na Figura 3.14. De seguida e para evitar possveis danos nos

    extensmetros durante a fase de betonagem das vigas, colocou-se ainda uma camada

    de um material de isolamento de impacto (neste caso silicone), tal como mostra a

    Figura 3.15.

  • 22

    Figura 3.14 Isolamento dos componentes

    elctricos com verniz

    Figura 3.15 Proteco dos extensmetros com

    composto de silicone

    3.2.2 Provetes cilndricos de beto confinados

    Na segunda parte do programa experimental, foram realizados ensaios de

    compresso em provetes cilndricos de beto no confinados e confinados,

    construdos durante a betonagem das vigas G3-a e G3-b. Foram ainda realizados

    ensaios com vista a obter o mdulo de elasticidade do beto, todavia, apenas no caso

    dos provetes da viga G3-b.

    Em consequncia de algumas irregularidades na face superior, alguns cilindros de

    beto tiveram de ser rectificados de modo a que, durante os ensaios todo o corpo de

    prova estivesse sob o mesmo estado de compresso e por conseguinte os resultados

    experimentais fossem mais fiveis e realistas. A Figura 3.16 mostra esse processo de

    rectificao nos provetes cilndricos, enquanto, a Figura 3.17 apresenta a diferena

    existentes faces dos provetes rectificados e os no rectificados.

    Figura 3.16 - Rectificao do topo dos provetes

    cilndricos

    Figura 3.17 Provetes rectificados e no

    rectificados

    Seguindo a norma dos ensaios de mdulo de elasticidade, as deformaes foram

    monitorizadas no tero central do provetes cilndricos, na frente e verso dos

    mesmos. A monitorizao das deformaes nas duas faces opostas dos cilindros, tem

  • 23

    por objectivo garantir que os provetes encontram-se sob o mesmo estado de tenso

    (a deformao numa face no pode ser 10 % superior da face oposta) e ainda obter a

    mdia de deformaes de modo a fiabilizar os resultados experimentais.

    A preparao dos provetes cilndricos para o ensaio do mdulo de elasticidade,

    apresenta-se na Figura 3.18 e na Figura 3.19.

    Figura 3.18 - Preparao do provete para o ensaio

    de mdulo de elasticidade

    Figura 3.19 Colocao do provete na prensa

    hidrulica

    Para monitorizar a deformao do beto durante os ensaios de compresso dos

    provetes cilndricos, foi utilizada novamente a cmara de vdeo-extensmetria de

    alta resoluo existente no LREC. Como dito anteriormente, este tipo de

    instrumentao por vezes no apresenta resultados de grande rigor quando

    comparado com outros tipos de instrumentos, todavia, tem a vantagem de no

    necessitar de ter contacto directo com o provete, o que permite a monitorizao da

    deformao at a rotura. Durante a realizao dos ensaios foi colocada uma luz de

    cor vermelha atrs da prensa hidrulica com o intuito de evitar a mudana brusca de

    luminosidade na zona dos ensaios, o que proporciona um maior rigor na leitura das

    deformaes. O aspecto geral dos ensaios de compresso aos provetes cilndricos de

    beto apresentado, na Figura 3.20 e na Figura 3.21.

    Para servir de referncia cmara de vdeo extensmetria, foram colados nas duas

    faces laterais e opostas dos provetes de beto dois clipes afastados de 100 mm, tal

    como apresenta a Figura 3.21. A colocao de um clipe em cada face do cilindro teve

    por objectivo obter a mdia da deformao nas duas faces paralelas dos cilindros. De

    referir que as deformaes foram observadas no tero central dos provetes

    cilndricos de beto, pois nessa regio que a relao tenso - deformao

    aproxima-se do beto dos elementos estruturais.

  • 24

    Figura 3.20 Monitorizao da deformao do

    beto atravs da vdeo - extensmetria

    Figura 3.21 Marcas de referncia para a cmara

    de vdeo - extensmetria

    Finalmente, refira-se que, excepo da cmara de vdeo-extensmetria, os registos

    da restante instrumentao utilizada durante os ensaios, foram feitas atravs do

    data logger field point FP-2000 da National Instruments [29], ao qual foi acoplado o

    mdulo FP-SG-140 para leitura dos extensmetros elctricos, LVDTs e clulas de

    carga, como ilustra a Figura 3.22. A aquisio dos dados foi feita por computador

    porttil, por intermdio de um software criado em LabVIEW [30].

    Figura 3.22 Data Logger Field Point (leitura da instrumentao utilizada nos ensaios)

    3.3 Preparao das vigas

    Todas as vigas ensaiadas no presente trabalho foram construdas na Prebel, S.A.,

    empresa que se dedica a produo de pr-fabricados na Regio Autnoma da

    Madeira. Algumas fotografias da fase de construo destas vigas so apresentadas da

    Figura 3.23 Figura 3.30.

    Luz vermelha

    para melhor

    contraste

  • 25

    Figura 3.23 Cofragem em madeira

    Figura 3.24 - Preparao das armaduras

    Figura 3.25 Colocao e proteco dos extensmetros

    Figura 3.26 Armadura colocada na cofragem

    Figura 3.27 Betonagem e vibrao do beto

    Figura 3.28 Preparao dos provetes cbicos

    Figura 3.29 - Acabamento da face superior da viga

    Figura 3.30 Descofragem e armazenamento das vigas

  • 26

    3.4 Descrio das sries experimentais

    O programa experimental definido no mbito da presente trabalho, consiste na

    realizao de uma campanha de ensaios em provetes escala reduzida de vigas

    contnuas de beto com seco em T, com o objectivo de estudar o seu

    comportamento flexo destas quando armadas com longitudinalmente com vares

    de GFRP.

    Para a realizao deste estudo experimental foram construdas 3 sries de vigas

    contnuas em beto armado com vares de fibra de vidro, todas elas com variveis e

    objectivos de estudo diferentes. Foi ainda construdo e ensaiado outra srie de vigas

    constituda por uma viga de referncia em beto armado com vares de ao, para

    efeitos de comparao. Com vista a aumentar a fiabilidade dos resultados

    experimentais, optou-se por construir e ensaiar duas vigas para cada tipo de srie,

    exceptuando o caso da viga R.

    Todas as vigas includas neste estudo experimental tm seco transversal em T com

    0,1x0,08 m2 de alma e 0,3x0,04 m2 de banzo de compresso, tal como ilustrado na

    Figura 3.30. Estas vigas tm um comprimento de 2,2 m e pesam cerca de 110 kg.

    Refere-se que, como o objectivo deste trabalho estudar o comportamento flexo

    de vigas contnuas, utiliza-se em todas uma elevada percentagem de armadura de

    esforo transverso, constituda por estribos em ao de dimetro de 6 mm espaados

    de 0,06 m. Deste modo a preveniu-se a rotura prematura das vigas por esforo

    transverso. No banzo das vigas, devido s reduzidas dimenses, no foi possvel

    moldar os estribos, tendo-se utilizado 2 vares de ao com dimetro 6 mm

    espaados igualmente de 0,06 m, como mostra a Figura 3.24 e a Figura 3.25.

    Em todas as vigas dos 4 grupos os vares longitudinais tm 1,6 cm de beto de

    recobrimento.

    3.4.1 Viga de referncia (Viga R)

    O primeira srie composto por uma viga de referncia em beto armado com os

    vares de ao convencionais, intitulada de viga R. Conforme a pormenorizao

    indicada na Figura 3.31, a viga de referncia tem na zona face superior 2 vares de

    dimetro 6 mm (rea = 0,57 cm2) e na face inferior 2 vares de dimetro 8 mm (rea

    = 1,01 cm2).

  • 27

    Figura 3.31 - Pormenorizao da viga R

    Figura 3.32 - Preparao das armaduras da

    viga R

    A viga de referncia tem como objectivo servir de comparao na avaliao do

    comportamento estrutural de vigas contnuas armadas longitudinalmente com

    vares de ao e com vares de GFRP. Neste sentido, a comparao de aspectos como

    a capacidade de carga, a deformao, a fissurao, a possvel formao de rtulas

    plsticas nas zonas de maior esforo e por conseguinte a capacidade de

    redistribuio de esforos da viga, permite avaliar o benefcio do uso de vares de

    GFRP nas vigas de beto.

    3.4.2 Vigas em beto armado com vares de GFRP (srie G1)

    A segunda srie de vigas definida no programa experimental, composta por 2 vigas

    contnuas de beto armado longitudinalmente com vares de GFRP, denominadas

    por viga G1-a e viga G1-b.

    Esta srie tem como principal objectivo, avaliar o comportamento destas vigas

    quando adoptado o dimensionamento elstico ao estado limite ltimo de flexo, para

    uma carga de projecto equivalente da viga de referncia. Com base neste

    dimensionamento, surge a pormenorizao indicada na Figura 3.33.

    As vigas G1-a e G1-b, tal como mostra a Figura 3.34, so armadas longitudinalmente

    com vares de GFRP (polmeros reforados com fibra de vidro). Na face superior as

    vigas possuem uma rea de 2,26 cm2, proveniente de 2 vares de dimetro 12 mm.

    Na face inferior, as vigas tm uma rea de 1 cm2, devido a 2 vares longitudinais de

    dimetro 8 mm.

  • 28

    Figura 3.33 - Pormenorizao da srie de vigas G1

    Figura 3.34 Armaduras da srie de vigas G1

    3.4.3 Vigas em beto armado com vares de GFRP (srie G2)

    A terceira srie de vigas, igualmente constituda por 2 vigas de beto armado com

    vares de GFRP, com a designao de G2-a e G2-b. Esta srie de vigas tem como

    objectivo principal, avaliar o grau de ductilidade das vigas contnuas com vares de

    GFRP e consequentemente o nvel de redistribuio de esforos nestes elementos.

    Em relao a srie de vigas G1, nesta srie, apenas inverteram-se a posio dos

    vares longitudinais, tal como mostra a pormenorizao na Figura 3.35. Na prtica,

    tal corresponde a diminuir o momento resistente das vigas no apoio central e

    aumentar o momento resistente dos vos forando assim, se possvel, as vigas a uma

    eventual redistribuio de esforos do apoio central para os vos, mediante uma

    eventual formao de rotula plstica no apoio central.

    Figura 3.35 - Preparao da betonagem da viga

    G2

    Figura 3.36 - Pormenorizao da seco da srie de

    vigas G2

    De acordo com a pormenorizao apresentada na Figura 3.36, passou-se a ter na

    zona de momentos negativos (apoio central) uma rea de GFRP traco de 1 cm2,

    correspondente 2 vares de dimetro 8 mm, enquanto, na zona de momentos

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    positivos (vo esquerdo e direito), uma rea de GFRP traco de 2,26 cm2,

    fornecidos por 2 vares de dimetro 12 mm.

    3.4.4 Vigas em beto armado com vares de GFRP (srie G3)

    Uma questo pertinente na avaliao da ductilidade nas vigas em beto armado com

    vares de GFRP, saber se nas regies mais esforadas o beto em compresso

    possui capacidade de deformao plstica (ductilidade) suficiente para formar as

    chamadas rtulas plsticas, validando assim para estes elementos as teorias de

    dimensionamento baseadas na anlise elstica com redistribuio de momentos

    flectores e na anlise plstica.

    A capacidade de deformao plstica (extenso mxima) no beto nas seces

    crticas da viga e a sua resistncia compresso, condiciona predominantemente o

    grau de redistribuio de esforos e a capacidade de explorar a maior resistncia das

    vigas contnuas armadas com vares de GFRP.

    Com o objectivo de aumentar a capacidade de deformao plstica (ductilidade) do

    beto compresso nas seces crticas, e por conseguinte a capacidade de

    redistribuio de esforos das vigas G2, na srie de vigas G3 (mesma

    pormenorizao) foram colocados estribos mais pequenos e espaados a 0,03 m na

    zona do apoio central, tal como mostra a Figura 3.37.

    Figura 3.37 Pormenorizao do confinamento do beto na zona central das vigas G3

    Com o maior confinamento do beto, pretende-se incrementar a capacidade de

    rotao plstica da seco do apoio central e consequentemente a capacidade de

    redistribuio de esforos/ductilidad