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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO AVALIAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL EM COMUNIDADES RECEPTORAS: UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DOS IMPACTOS DA ATIVIDADE TURÍSTICA NA VISÃO DOS MORADORES DA VILA DE PONTA NEGRA, NATAL/RN por ALINE GISELE AZEVEDO LIMA BACHAREL EM TURISMO, UFRN, 2002 DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO JULHO, 2007 © 2007 ALINE GISELE AZEVEDO LIMA TODOS DIREITOS RESERVADOS. O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei. Assinatura do Autor: ___________________________________________ APROVADO POR: _______________________________________________________________ Prof°. Sérgio Marques Júnior, D.Sc. – Orientador, Presidente _______________________________________________________________ Profª. Françoise Dominique Valéry. D.Sc., Membro Examinador _______________________________________________________________ Profª. Patrícia Guimarães, D.Sc. - Membro Examinador Externo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

AVALIAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL EM COMUNIDADES RECEPTORAS: UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DOS IMPACTOS DA ATIVIDADE TURÍSTICA

NA VISÃO DOS MORADORES DA VILA DE PONTA NEGRA, NATAL/RN

por

ALINE GISELE AZEVEDO LIMA

BACHAREL EM TURISMO, UFRN, 2002

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

JULHO, 2007

© 2007 ALINE GISELE AZEVEDO LIMA TODOS DIREITOS RESERVADOS.

O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei.

Assinatura do Autor: ___________________________________________ APROVADO POR: _______________________________________________________________ Prof°. Sérgio Marques Júnior, D.Sc. – Orientador, Presidente _______________________________________________________________ Profª. Françoise Dominique Valéry. D.Sc., Membro Examinador _______________________________________________________________ Profª. Patrícia Guimarães, D.Sc. - Membro Examinador Externo

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ii

Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Lima, Aline Gisele Azevedo.

Avaliação sócio-ambiental em comunidades receptoras: uma contribuição ao estudo dos impactos da atividade turística na visão dos Moradores da Vila de Ponta Negra, Natal/RN / Aline Gisele Azevedo Lima. – Natal, RN, 2007.

115 f. : il. Orientador: Sérgio Marques Júnior

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa de Engenharia de Produção.

1. Turismo – Dissertação. 2. Turismo – Desenvolvimento sustentável – Dissertação. 3. Atividade turística – Dissertação. 4. Impactos sócio-ambientais – Turismo - Dissertação. I. Marques Júnior, Sérgio. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 379.85(043.3)

iii

CURRICULUM VITAE

Aline Gisele Azevedo Lima é Bacharel em Turismo pela

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, curso no

qual foi bolsista CNPq e aluna laureada da turma 2002.1. Durante

a Pós-graduação iniciou sua carreira de Docente no Ensino

Superior. Foi professora substituta do Curso de Bacharelado em

Turismo da UFRN nos anos de 2005 – 2006, sendo orientadora de

onze Trabalhos de Conclusão de Curso – TCC. Selecionada para

ministrar o Curso Brasil, Meu Negócio é Turismo promovido pelo Ministério do Turismo

em 2006. Atualmente é coordenadora e professora do Curso de Bacharelado em Turismo

do Instituto Natalense de Ensino e Cultura – INEC.

Atuação Profissional

- Organizadora e Coordenadora Científica do II EREHTUR PPRC – Encontro Regional

dos Estudantes de Hotelaria e Turismo dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande

do Norte e Ceará, promovido pela Federação Nacional dos Estudantes de Turismo e

Hotelaria – FENEHTUR. Natal/RN – 2001 – 2002.

- Professora dos Cursos de Garçom, Camareira e Recepcionista do Hotel Escola SENAC

Barreira Roxa na disciplina de Introdução ao Turismo e à Hospitalidade – 2004.

- Professora do Curso de Animação Turística do Hotel Escola SENAC Barreira Roxa –

2004.

- Organização dos eventos do Curso de Turismo da UFRN nos anos de 2005 – 2006. - Docente da UFRN nas disciplinas: Estágio II - Orientação de Trabalho de Conclusão de

Curso (TCC); Animação e Desenvolvimento Humano; Elaboração e Implementação de

Animação em Pacotes Turísticos; Gestão de Empreendimentos Turísticos; Gestão de

Eventos; Introdução a Administração Hoteleira; Organização e Técnicas de Animação

em Viagens; Seminários I e II – 2005-2006.

- Docente do INEC nas disciplinas: Transportes Rodoviários; Turismo e

Interdisciplinaridade; Turismo Integrado; Mercado Turístico: Lazer e Entretenimento;

Monografia.

Artigos Publicados Durante o Curso de Pós-Graduação

LIMA, Aline G. A. Reflexões sobre os Impactos Sócio-Ambientais da Atividade Turística. In: Anais do X ENCONTRO NACIONAL DE TURISMO COM BASE LOCAL. Junho de 2007, João Pessoa-PB. João Pessoa: UFPB, 2007.

iv

Dedico este trabalho a todas as comunidades receptoras,

em particular aos moradores da Vila de Ponta Negra, que

sofrem com o crescimento da atividade turística, ao

mesmo tempo em que são beneficiadas pelo mesmo,

fazendo-me acreditar que mudanças positivas através de

muito trabalho, respeito e pesquisas são possíveis.

v

AGRADECIMENTOS

À Deus, pelo dom da vida, que sem ela nada seria possível. À Dona Josina e Seu

Lima, por serem pais que qualquer filha deseja ter. À minha irmã Mylena, pelo imenso

carinho. À minha irmã Larissa, que mesmo de longe sempre torce por mim. A todos da

minha família, tias, tios, primos e primas, pela ajuda sem precedentes. À David, pessoa

paciente, linda e prestativa, que mesmo de muito longe sempre está ao meu lado. A todos

meus amigos e amigas, que não irei nominar para não pecar pelo esquecimento de algum;

aqueles que são especiais sabem o quanto são importantes. A todos os meus alunos, pela

troca de conhecimentos. A todos os professores, companheiros de profissão, sendo do

turismo ou não, pelo empenho e dedicação ao ensino. Em especial a professora Isabel, por

toda a atenção e presteza. À Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, por

meio do Programa de Engenharia da Produção – PEP, por todo o suporte que me

proporcionaram enquanto estive na academia. Aos docentes do PEP, pelos ensinamentos e

contribuições na construção do conhecimento. Em particular ao professor Sérgio Marques

Júnior, meu orientador, pelo empenho e dedicação a este trabalho. Aos membros da banca,

professora Françoise Dominique Valery (Examinadora UFRN) e professora Patrícia

Guimarães (Examinadora externa FARN). A todos da comunidade da Vila de Ponta Negra,

que se prontificaram a me ajudar. Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram para a

realização desse sonho, meu muito obrigada!

vi

Resumo da Tese apresentada à UFRN/PEP como parte dos requisitos necessários para a

obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção.

AVALIAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL EM COMUNIDADES RECEPTORAS: UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DOS IMPACTOS DA ATIVIDADE TURÍSTICA NA VISÃO DOS MORADORES DA VILA DE PONTA NEGRA, NATAL/RN.

ALINE GISELE AZEVEDO LIMA

Julho/2007

Orientador: Sérgio Marques Júnior, D. Sc.

Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção

O presente trabalho teve como objetivo investigar os impactos sócio-ambientais advindos da atividade turística a partir da visão de uma comunidade receptora. Para tanto, foram enfocados aspectos ambientais, sociais, econômicos, além de apresentar o desenvolvimento sustentável no turismo, conceitos de indicadores e modelos de métodos de avaliação sócio-ambiental como forma de incrementar a avaliação proposta neste estudo. Foi realizada uma pesquisa amostral do tipo Survey com 100 habitantes da Vila de Ponta Negra, uma comunidade inserida em uma das principais regiões da atividade turística da cidade do Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte, e que consequentemente vem sofrendo com os impactos do crescimento desta atividade. O instrumento de pesquisa utilizado foi o formulário, estruturado com perguntas abertas e fechadas. O método de coleta de dados foi a entrevista pessoal. Os resultados mostram que a população estudada percebe que a educação, o emprego, a distribuição de renda e o lazer, possuem uma relação direta com os benefícios sociais advindos do turismo. Entretanto, não percebem uma relação no que se refere à saúde e a qualidade de vida. Já aspectos como impactos ao meio ambiente, prostituição, criminalidade e violência, são percebidos, na visão da comunidade, como problemas, mas que não influenciam diretamente na geração de benefícios sociais para a comunidade.

Palavras-Chave: Turismo, Impactos sócio-ambientais, Avaliação.

vii

Abstract of Master Thesis presented to UFRN/PEP as fullfilment of requirements to the

degree of Master of Science in Production Engineering.

SOCIAL ENVIRONMENTAL EVALUATION IN RECEIVING COMMUNITIES: A CONTRIBUTION TO THE STUDY OF THE IMPACTS OF THE TOURISM ACTIVITY IN THE VIEW OF PONTA NEGRA VILLAGE’S INHABITANTS, NATAL/RN.

ALINE GISELE AZEVEDO LIMA

July/2007

Thesis Supervisor: Sérgio Marques Júnior, Dr.

Program: Master of Science in Production Engineering

The present work had as objective to investigate the social environmental impacts of the tourism activity from the vision of a welcoming community. Therefore, social environmental and economic aspects were focused, besides presenting the sustainable development in the tourism, concepts of indicators and models of social environmental evaluation methods as a way to increase the evaluation proposed in this study. A sample research type Survey with 100 inhabitants from Ponta Negra village, a community inserted in one of the main regions of the tourism activity in the city of Natal, capital of Rio Grande do Norte State, was carried out and consequently found out that the village has been suffering with the impacts of the growth of this activity. The used instrument of research was the form structured with open and closed questions. The method of data collection was the personal interview. The results show that the studied population notices that the education, the employment, the distribution of income and the leisure have a direct relation with the social benefits from the tourism. However, they do not notice a direct relation with the health and the quality of life. While aspects as impacts on the environment, prostitution, crime and violence are noticed as problems in the vision of the community but that they do not directly influence the generation of social benefits for the community.

Keywords: Tourism, Social environmental impacts, Evaluation.

viii

SUMÁRIO

Lista de Tabelas............................................................................................................. x

Lista de Figuras.............................................................................................................. xi

Lista de Abreviaturas e Siglas........................................................................................ xiii

Capitulo 1 Introdução..................................................................................................... 01

1.1 Contextualização...................................................................................................... 01

1.2 Objetivo.................................................................................................................... 05

1.3 Relevância................................................................................................................ 05

1.4 Organização do Trabalho......................................................................................... 06

Capítulo 2 Referencial Teórico...................................................................................... 08

2.1 Turismo e Desenvolvimento Sustentável................................................................. 08

2.1.1 Turismo: precedentes históricos...................................................................... 08

2.1.2 Entendendo a Atividade Turística................................................................... 10

2.1.3 Turismo e seus Impactos Sócio-Ambientais................................................... 14

2.1.4 Desenvolvimento Sustentável......................................................................... 26

2.1.5 Turismo Sustentável........................................................................................ 31

2.2 Indicadores Sócio-Ambientais no Turismo.............................................................. 36

2.2.1 Indicadores: considerações gerais e definições............................................... 37

2.2.2 Indicadores: objetivos, características e tipologia........................................... 42

2.2.3 Indicadores no Turismo: aspectos sócio-ambientais....................................... 48

2.3 Métodos de Avaliação Sócio-Ambiental................................................................. 50

2.4 Vila de Ponta Negra: onde tudo começou ............................................................... 58

Capítulo 3 Metodologia da Pesquisa.............................................................................. 66

3.1 População em Estudo............................................................................................... 66

3.2 Plano Amostral......................................................................................................... 66

3.3 Instrumento de Coleta de Dados.............................................................................. 67

ix

3.4 Método de Coleta de Dados..................................................................................... 70

3.5 Técnicas de Análise dos Dados................................................................................ 71

3.5.1 Análise Descritiva e Exploratória................................................................... 71

3.5.2 Análise de Regressão Linear Múltipla............................................................ 71

Capítulo 4 Resultados da Pesquisa................................................................................. 72

4.1 Perfil da Amostra..................................................................................................... 72

4.2 Análise Descritiva da Amostra................................................................................ 78

4.3 Análise de Regressão Múltipla................................................................................ 87

Capítulo 5 Conclusões e Recomendações...................................................................... 91

5.1 Conclusões da Pesquisa de Campo.......................................................................... 91

5.2 Limitações do Trabalho........................................................................................... 94

5.3 Recomendações para Trabalhos Futuros.................................................................. 94

Referências Bibliográficas............................................................................................. 95

Anexos........................................................................................................................... 105

Anexo I – Instrumento de Pesquisa................................................................................ 106

Anexo II – Demais Figuras da Análise Descritiva......................................................... 107

Anexo III - Resumo da Análise de Regressão............................................................... 114

Anexo IV – Matriz de Correlação.................................................................................. 115

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Variáveis e descrição das variáveis utilizadas no estudo............................ 69

Tabela 4.1 – Análise de variância (ANOVA) para a regressão para a variável

benefícios sociais que a atividade turística traz para a vila de Ponta

Negra..............................................................................................................

89

Tabela 4.2 – Variáveis que se revelaram significantes no modelo. R2 = 0,523.............. 89

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Localização da Capital do Rio Grande do Norte, Natal, no

Nordeste................................................................................................

59

Figura 2.2 – Regiões Administrativas da Cidade do Natal............................................. 59

Figura 2.3 – Bairro de Ponta Negra................................................................................. 59

Figura 2.4 – Praia de Ponta Negra na década de 1960.................................................... 60

Figura 2.5 – Conjunto Habitacional Ponta Negra........................................................... 61

Figura 2.6 – Ponta Negra antes da urbanização.............................................................. 62

Figura 2.7 – Calçadão com novos quiosques.................................................................. 62

Figura 2.8 – Pescadores e Veranistas em 1960............................................................... 63

Figura 2.9 – Turistas nos dias atuais............................................................................... 63

Figura 2.10 – Apenas a Natureza, o ontem..................................................................... 63

Figura 2.11 – A natureza em contraste com o artificial, o hoje....................................... 63

Figura 2.12 – Acesso a praia pela Vila............................................................................ 64

Figura 2.13 – Ruas da Vila de Ponta Negra.................................................................... 64

Figura 2.14 – Rua principal da Vila de Ponta Negra no seu dia a dia............................. 64

Figura 2.15 – Cotidiano................................................................................................... 64

Figura 2.16 – Ponta Negra como praia de veraneio........................................................ 65

Figura 2.17 – Ponta Negra após a urbanização............................................................... 65

Figura 4.1 - Tempo que mora na vila de Ponta Negra..................................................... 73

Figura 4.2 – Casa Própria................................................................................................ 73

Figura 4.3 – Número de Pessoas na Família................................................................... 74

Figura 4.4 – Moradores por Sexo.................................................................................... 74

Figura 4.5 – Faixa Etária................................................................................................. 75

Figura 4.6 – Estado Civil................................................................................................. 75

Figura 4.7 – Escolaridade................................................................................................ 76

xii

Figura 4.8 – Principal Atividade Econômica.................................................................. 77

Figura 4.9 – Tempo que Exerce a Atividade................................................................... 77

Figura 4.10 – Renda Familiar.......................................................................................... 78

Figura 4.11 - Opinião do entrevistado quanto ao impacto no meio ambiente gerado

pela atividade turística.............................................................................

79

Figura 4.12 – Opinião do entrevistado quanto aos benefícios sociais na comunidade

gerados pela atividade turística...............................................................

80

Figura 4.13 - Opinião do entrevistado quanto à situação do emprego na comunidade

devido à atividade turística......................................................................

80

Figura 4.14 - Opinião do entrevistado quanto à situação da renda das pessoas da

comunidade devido à atividade turística.................................................

81

Figura 4.15 – Opinião do entrevistado quanto à situação da distribuição de renda na

comunidade devido à atividade turística.................................................

82

Figura 4.16 - Opinião do entrevistado quanto à situação da educação devido à

atividade turística.....................................................................................

82

Figura 4.17 - Opinião do entrevistado quanto à situação da saúde na comunidade

devido à atividade turística......................................................................

83

Figura 4.18 - Opinião do entrevistado quanto à situação dos espaços de lazer na

comunidade devido à atividade turística.................................................

84

Figura 4.19 - Opinião do entrevistado quanto à situação da criminalidade na

comunidade devido à atividade turística.................................................

84

Figura 4.20 - Opinião do entrevistado quanto à situação da violência na comunidade

devido à atividade turística......................................................................

85

Figura 4.21 - Opinião do entrevistado quanto à situação da prostituição na

comunidade devido à atividade turística.................................................

86

Figura 4.22 - Opinião do entrevistado quanto à situação da qualidade de vida na

comunidade devido à atividade turística.................................................

87

Figura 4.23 – Associação entre a variável beneficio social (BEN_SOCI) e seus

antecedentes............................................................................................

90

xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AEA American Economic Association

APA Área de Preservação Ambiental

CBTS Conselho Brasileiro de Turismo Sustentável

CDS/ONU Comissão para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

DPIE Department of Primary Industries and Energy

DPSIR Driving Forces – Pressures - State of de Environment - Impacts on the

Environment - Responses

EPA Enviromental Protection Agency

FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IISD International Institute for Sustainable Development

ITTO International Tropical Timber Organization

OECD Organization for Economic Cooperation and Development

OMT Organização Mundial de Turismo

ONG Organizações não Governamentais

PER Pressão – Estado - Resposta

PIB Produto Interno Bruto

PNB Produto Nacional Bruto

TJC Taxa de Juros do Consumo

UNIDO United Nations Industrial Development Organization

UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

USEPA United States Environmental Protection Agency

WWF World Wildife Fund for Nature

1

Capítulo 1

Introdução

Este capítulo apresenta um pretexto para a realização da pesquisa, possuindo quatro

seções: Contextualização, Objetivo, Relevância e Organização do Trabalho.

1.1 Contextualização

O turismo é considerado uma das maiores atividades econômicas da atualidade com

um faturamento mundial estimado em US$ 681,5 bilhões, sendo no Brasil em torno de 4,3

bilhões, que em 2006 empregava um trabalhador em doze, em termos mundiais (BRASIL,

2006). Trata-se de um fenômeno que deveria preocupar-se com o desenvolvimento

sustentado, porque depende intrinsecamente dos recursos da natureza e da herança cultural

da sociedade. O turismo vende esses recursos como parte de seu produto empírico, mas

também precisa compartilhar dos mesmos recursos com outros usuários, inclusive a

população local1, que muitas vezes tem no turismo a principal fonte para o seu

desenvolvimento. Conseqüentemente, é do próprio interesse do turismo buscar ativamente

o desenvolvimento sustentado e cooperar com outros grupos, setores e governos para

garantir a integridade de seus recursos.

Mas o que se tem observado é um crescimento desordenado gerador de impactos,

positivos e negativos, sendo esses últimos, quase sempre, em maior proporção,

principalmente em relação ao meio ambiente e a população local, esquecendo-se que estão

na natureza e nas características específicas da localidade os atrativos essenciais dessa

atividade.

Para que se possa entender o atual estágio da atividade turística é necessário fazer

uma retrospectiva histórica no que diz respeito ao processo de urbanização, ao sistema

industrial e pós-industrial da sociedade contemporânea, pois esses acontecimentos 1 Entenda-se, neste trabalho, população local e comunidade receptora, como sinônimos, que significam habitantes de um país, região ou localidade, que possuem uma identidade, e se tornam dispostos a receber e/ou conviver com as condições intrínsecas à atividade turística.

2

implicaram no aparecimento e desenvolvimento do lazer, como necessidade a ser satisfeita,

e consequentemente do turismo.

Atualmente, com a globalização essa busca desenfreada pelo preenchimento do

tempo livre com o lazer se torna mais visível. O lazer, como necessidade numa sociedade

que precisa estar em equilíbrio e gerar novas fontes econômicas, ganha um ritmo

acelerado. O turismo é uma dessas formas de lazer, procurando organizar e planejar o

tempo livre da sociedade atual. Ele passa a exigir novos modelos de espaços que

correspondem aos novos tipos de relações no nível humano, além de contribuir para a

circulação de capital, melhoria econômica de uma região e o consumo dos lugares e do

meio ambiente.

O turismo, segundo Bissoli (1992), é entendido como o conjunto de recursos

capazes de satisfazer as aspirações mais diversas, que incitam o indivíduo a deslocar-se do

seu universo cotidiano, e assim caracterizar-se por ser uma atividade essencialmente ligada

à utilização do tempo livre.

Assim, a atividade turística surge como resposta a uma necessidade de

descompressão, resultante da própria dinâmica do sistema da sociedade industrial e pós-

industrial e do processo de urbanização, que ao mesmo tempo em que cria e aumenta o

tempo livre e a necessidade do lazer não consegue atender à população, deixando para o

turismo o papel de cumprir tal designação.

Para entender a atividade turística se faz necessário reforçar a importância do meio

ambiente, pois grande parte dessa atividade tem como base a organização, o planejamento

e o consumo desse meio, onde as experiências concebidas pelo turismo se desenrolam.

O termo meio ambiente provém do latim medium (meio), que se refere ao lugar

onde qualquer ser vivo pode ser encontrado e ambire (ambiente), que se relaciona a tudo

que envolve esse lugar. Portanto, o ambiente reforça o conceito de meio, repassando a

idéia de entorno ou da realidade física que envolve todos os seres vivos.

Santos et al (1994), verifica que o meio ambiente é o que se pode chamar de

Sistemas da Natureza sucessivos, que inclui os objetivos, as ações, as crenças, os desejos, a

realidade esmagadora e as perspectivas, onde esta é continente e conteúdo do Homem. E

ainda, segundo Ferreti (2002), o termo meio ambiente envolve o ser humano e toda sua

evolução, inclusive a tecnológica.

A confluência entre esses dois setores de grande interesse na atualidade, o turismo e

o meio ambiente, contempla vários enfoques, o que incentiva o estudo das inter-relações e,

principalmente, do entendimento das influências que se estabelecem entre esses setores.

3

Atualmente, a globalização tende a tornar a natureza mundial, tornando-a

tecnificada/hostil, dominada por certos grupos sociais que imprimem uma nova relação,

não mais de complementaridade, mas sim de exploração. A atividade turística está presa ao

processo de mundialização, portanto utilizando-se dessa natureza/ambiente hostil.

É pela utilização desse falso ambiente que o turismo caminha. Esse processo acaba

por transmitir uma realidade falsa e comprometedora para a atividade turística que deveria

ter por base o espaço local, real.

A globalização, dessa forma, tende a tornar os espaços iguais. Ou seja, uma

homogeneização fragmentária, dominada pelos grandes capitais e movida constantemente

pela competição mundial.

A natureza se vê equiparada a qualquer outra mercadoria. O consumidor é induzido

a comprar a paisagem, como bem de consumo no supermercado. O processo de

convencimento, que é ideológico, é o mesmo. Produz-se, recorta-se, escolhe-se o que se

vai mostrar, vende-se e ainda se garante a satisfação. A paisagem não é construída em cima

do vazio. Ela é feita a partir de interesses, levando-se em conta tendências do mercado. Há

uma turistificação não só da natureza, mas da própria sociedade. O turista entra na

contabilidade do negócio e sua subjetividade é trabalhada por uma objetividade que

determina os lugares aonde ele deve ir.

O processo de globalização exige uma velocidade de transformação dos lugares que

afeta diretamente o ambiente. Esses lugares produzidos e comercializados constituem

matéria-prima para o turismo. Este, muitas vezes, afirma o processo de globalização dos

lugares, sem refletir essa ação que necessita da singularidade do ambiente para efetivar

plenamente suas atividades.

Ao verificar o fenômeno do turismo sob as perspectivas da globalização observa-se

que essas atuais premissas impostas pela nova ordem mundial, de construção de novos

lugares, vão de encontro aos objetivos desta atividade. Começando pelos próprios

consumidores do turismo: os turistas. Destes, desejos e necessidades não são satisfeitos,

pois um indivíduo em viagem, principalmente de lazer, busca ao se deslocar de suas

cidades de origem a outras localidades, o desejo de evasão, de fuga da rotina, a busca por

novas paisagens, novos estilos de vida, que muitas vezes não são atingidos simplesmente

pelo fato dos lugares serem praticamente iguais. Não ocorre, assim, a mudança de vida,

mesmo que por um determinado período, tão desejada. Segundo Urry (1996), o turista, sai

de seu domicílio para procurar o diferente, o inusitado, e não espaços já vistos, (re)criados

e globalizados.

4

Considerando o turista um elo muito importante para o turismo, não se pode

esquecer que não existe turismo sem meio ambiente e população local, sem a cidade a

receber. Por isso que a presente pesquisa enfoca esses dois setores, pouco estudados e sem

a devida importância que realmente possuem. Sendo assim, é preciso considerar o estudo

das inter-relações e, principalmente, do entendimento das influências que se estabelecem

entre o meio ambiente e a população local, para que realmente possa-se ter um turismo

ordenado que produza benefícios não só para quem visita, ao ver paisagens, mudar de vida,

mas também, e principalmente, aos dois elos menos favorecidos com a expansão da

atividade turística: o meio ambiente e a comunidade.

O turismo ao se estabelecer em uma localidade, na maioria das vezes, surge à

primeira vista, como uma “tábua de salvação” para problemas da comunidade, devido ser

um gerador de emprego e distribuidor de rendas. Mas, a longo prazo, devido a falta de um

planejamento prévio, as mudanças na localidade que deveriam ser símbolo de

desenvolvimento começam a aparecer como mazelas que assolam toda uma estrutura

social.

Assim, a não consideração do nível de desenvolvimento da comunidade, o tipo de

turismo a que a comunidade fica exposta e a falta de um planejamento, resultam no atual

estágio em que muitas comunidades receptoras se encontram: tentando solucionar os

impactos negativos, ressaltando-se alto índice de prostituição, marginalidade, uso de

drogas, poluição, descaracterização das paisagens, especulação imobiliária, falta de infra-

estrutura adequada, deslocamento dos antigos moradores para áreas afastadas, entre outros.

Assim, uma atividade que inicialmente seria a salvação para os problemas de uma

sociedade, aparece como o principal agravante desses impactos negativos.

Embora esse setor seja considerado menos agressivo para o ambiente que a maioria

das atividades econômicas, suas dimensões e sua presença difusa em algumas locações,

como se pôde observar, têm conseqüências negativas para o meio ambiente, em termos

físicos e sociais. Desta forma, requere-se uma administração mais ampla dessa atividade,

para estimular uma maior participação do governo e um número maior de parcerias entre

setores público e privado. Ou seja, prevalecer a necessidade de se desenvolver formas

alternativas de turismo com uma abordagem mais sistêmica, visando a beneficiar os

visitantes e principalmente os visitados.

Como alternativa, pode-se discutir o turismo como uma atividade sustentável,

baseando-se nas premissas da sustentabilidade que evoca a importância de harmonizar as

necessidades de seus quatro componentes: a comunidade receptora, os visitantes, o meio-

5

ambiente e a própria atividade. Também, com a finalidade de se ampliar os conhecimentos,

a utilização de indicadores como instrumentos auxiliar, na compreensão de fatos sócio-

ambientais, se revela como uma ferramenta rica de informações. Principalmente, quando se

busca verificar qualquer situação em que a população local seja o ator fundamental para

uma avaliação.

Assim, é nessa perspectiva que a presente pesquisa pretende desenvolver um estudo

no qual se considere os impactos sócio-ambientais sobre uma comunidade receptora como

um fator primordial de análise da atividade turística na localidade, para posteriormente se

desenvolver um turismo que venha valorizar os recursos sociológicos, direcionar

equipamentos e infra-estrutura, considerando anseios, crenças e valores da população

tradicional, pois está nesses elementos um dos principais atrativos para um indivíduo sair

de sua residência a procura do inusitado, de um lugar onde possa “renovar suas energias”.

É nesse sentido que aparece, com a ajuda de indicadores, a premissa do turismo

sustentável, que busca justamente na população local as bases para seu desenvolvimento.

É diante desse contexto, que se questiona como as populações locais percebem os

impactos sócio-ambientais, positivos e negativos, advindos da atividade turística, em suas

comunidades.

1.2 Objetivo

Investigar os impactos sócio-ambientais advindos da atividade turística a partir da

visão de uma comunidade receptora.

1.3 Relevância

A atividade turística é conhecida pela sua capacidade econômica de geração de

emprego e renda. Apresenta-se como uma das maiores atividades econômicas da

atualidade, gerando divisas na casa dos bilhões mundialmente. Gera lucros, tanto para os

“produtores”, como para a região à qual está inserida, não só pela geração de empregos,

como também pela geração de dividendos, uma vez que movimenta a economia

melhorando o desempenho da balança comercial, não só da localidade e do estado, como

do próprio país. No entanto, pouco se tem pesquisado a respeito dos impactos positivos e

negativos, sociais e ambientais para a população local como um todo. O que se observa são

estudos concentrados na medição de impactos e benefícios mais tangíveis, como os

econômicos. Valorizando-se excessivamente os impactos positivos, deixando de lado as

6

conseqüências indesejáveis, restringindo a amplitude e a exatidão dos estudos voltando-se

para as análises de situações específicas de forma isolada.

É com a pretensão de melhor compreender os impactos causados pelo crescimento

do turismo em uma determinada comunidade, que, neste estudo, considerou-se alguns

indicadores sócio-ambientais, representando recortes da realidade vivenciada, por ser

instrumentos que auxiliam na representação dessa realidade, possibilitando a construção do

panorama das condições dos espaços observados no qual uma avaliação deve se basear.

“Considerando que o turismo é uma atividade dinâmica e que os impactos e suas conseqüências mudam constantemente – como conseqüência das modificações dos objetivos, tanto dos turistas como das comunidades receptoras das flutuações nos processos relacionados com a economia, o meio ambiente e com as mudanças tecnológicas – o seu monitoramento periódico torna-se uma necessidade imprescindível.” (RUSCHMANN, 2001, p.36)

Nesse sentindo, entende-se a relevância da presente pesquisa em contribuir na

apresentação de algumas situações inerentes à atividade, quanto aos impactos positivos

criados pelo setor, e principalmente pelos impactos negativos sociais e ambientais,

trazendo subsídios às autoridades, aos órgãos interessados e a população local em geral

para a tomada de decisão, quanto ao apoio e melhor compreensão desse segmento.

Do ponto de vista acadêmico, visa-se contribuir com a geração de informações e

dados que auxiliem os estudos de avaliação sócio-ambiental, assim como na identificação

de fatores direcionadores de uma comunidade receptora frente à atividade turística,

contribuindo na construção do conhecimento para tomadas de decisão mais apropriadas à

realidade do setor.

1.4 Organização do Trabalho

O presente trabalho está organizado em cinco capítulos. O primeiro capítulo

apresenta uma introdução à pesquisa enfocando a contextualização da problemática a ser

tratada. O segundo capítulo apresenta o referencial teórico, fazendo considerações a

respeito do turismo, do desenvolvimento sustentável e do turismo sustentável, além de

mostrar os indicadores sócio-ambientais do turismo e alguns métodos de avaliação sócio-

ambientais.

7

O terceiro capítulo apresenta a metodologia utilizada para confecção deste trabalho,

mostrando o tipo de pesquisa, a população e amostra, o instrumento de coleta de dados e a

técnica utilizada para tabular e analisá-los. O quarto capítulo apresenta a análise da

pesquisa de campo, enfocando a validação desta, bem como a análise descritiva e

exploratória e a análise de regressão múltipla das informações coletadas. O quinto e último

capítulo apresenta as conclusões, as limitações do trabalho e as recomendações para a

realização de trabalhos futuros.

Finalizando, são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas e o material

em anexo.

8

Capítulo 2

Referencial Teórico

Este capítulo apresenta o referencial teórico ao desenvolvimento deste estudo,

como uma discussão prévia sobre os impactos sócio-ambientais da atividade turística, bem

como o que irá se entender por eles, estando dividido em três seções: Turismo e

Desenvolvimento Sustentável, Indicadores Sócio-Ambientais no Turismo e Métodos de

Avaliação Sócio-ambientais.

2.1 Turismo e Desenvolvimento Sustentável

2.1.1 Turismo: precedentes históricos

As formas de turismo existem desde as mais antigas civilizações, embora a palavra

turismo só tenha surgido no século XIX.

Por volta do século VIII a.C., no mundo helênico, muitas viagens foram

empreendidas para que as pessoas apreciassem as competições esportivas, que eram

realizadas a cada quatro anos na cidade grega de Olímpia, ou delas participassem. Motivos

religiosos, a curiosidade sobre os usos e costumes de outros povos, suas organizações

políticas, também levaram pessoas a empreenderem viagens. Contudo, somente a partir do

século XVIII na Inglaterra, o turismo começou a se desenvolver como atividade econômica

e a se fazer conhecido como uma forma de viagem em que as pessoas buscavam o prazer, a

satisfação da curiosidade, o tratamento médico, ou como um meio de complementar sua

educação, ou ainda por motivos culturais (PADILLA, 1980).

Boa parte do turismo no século XIX baseou-se nas qualidades curativa e

propiciadora de saúde da água do mar. Em conseqüência, surgiu um grande número de

balneários marítimos na Europa, inicialmente freqüentados para fins de tratamentos

médicos e, mais tarde, foram adaptados para uso da atividade turística.

9

De acordo com Urry (1996), à medida que os banhos de mar tornaram-se mais

acessíveis e começaram a apresentar uma característica mais recreativa, houve nesses

balneários um crescimento populacional tão grande que chegou a ultrapassar as taxas

atingidas nas cidades manufatureiras.

Há várias condições que propiciaram a expansão da nova forma de lazer de massa

nesse período. Como por exemplo, o aumento do bem-estar econômico das parcelas

substanciais da população industrial, motivado pelo fato de a renda per capita, ao longo do

século XIX, ter quadruplicado; a rápida urbanização de muitas cidades de pequeno e médio

porte sem o planejamento de áreas de lazer e recreação; o surgimento de um padrão mais

organizado e rotineiro de trabalho, seguido da tentativa de desenvolver uma

correspondente racionalização do lazer; o movimento “romântico” que sugeria a

emotividade em face do mundo natural e a paisagem como bem de contemplação e deleite

beneficiaram os moradores das novas cidades industriais, pelo simples fato de possibilitar a

eles passarem breves períodos de tempo longe dos centros urbanos, contemplando a

natureza; a melhoria dos meios de transporte, encurtando a distância entre os lugares.

Entretanto, segundo Padilla (1980), foi o inglês Thomas Cook, em 1844, quem

iniciou uma nova maneira de conduzir o turismo, introduzindo-o na era industrial, já dentro

de uma prática comercial. O pioneiro das excursões organizadas contribuiu para o acesso,

no mercado turístico, dos chamados segmentos médios da população, criando um sistema

de viagens em grupos, que possibilitava redução de custos.

No período que sucedeu às duas grandes guerras, as inovações tecnológicas, dos

meios de transporte e comunicação, impulsionaram, mais uma vez, o desenvolvimento do

turismo, facilitando a movimentação de pessoas por todo o mundo e criando novas

expectativas que impulsionam na direção do consumo para conhecer novas culturas, novas

línguas, novas paisagens, estimulando a vivência de experiências pessoais.

As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas pela massificação do turismo, quando

os vôos charters e os mais variados pacotes turísticos conduziram milhares de pessoas por

todo o mundo. As localidades turísticas viveram uma expansão sem precedentes. Muitos

dos espaços vazios que existiam nas zonas litorâneas foram preenchidos.

Nos anos 1980, a prosperidade econômica dos países desenvolvidos fez com que a

grande maioria da população usufruísse férias duas vezes por ano, possibilitando que

muitas categorias profissionais desfrutassem de viagens turísticas.

Na atualidade, o turismo é uma das principais atividades econômicas geradora de

emprego e renda no mundo, sendo que para muitos países ele é a maior fonte de renda e o

10

setor mais forte no financiamento da economia nacional. Dados de Brasil (2006), mostram

que o turismo pode ser considerado uma das maiores atividades econômicas do mundo,

pois é responsável por um faturamento de US$ 681,5 bilhões, sendo no Brasil em torno de

4,3 bilhões.

Dias (2003), confirma essa realidade ao afirmar que o turismo é considerado hoje a

principal atividade econômica, e é tido como a maior “indústria” existente, superando

setores tradicionais como a indústria automobilística, eletrônica e a petrolífera.

“Os números extraordinários advindos da indústria do turismo, têm seduzido, sombreado, empobrecido e mascarado fatos que, supostamente, deveriam contribuir para revelar a importância do turismo, que reside muito mais na sua incontestável capacidade de organizar sociedades inteiras e de condicionar o (re)ordenamento de territórios para sua realização do que nas estatísticas demonstradas.” (CRUZ, 2000. p. 8)

Pode-se dizer que essas cifras não são o resultado exclusivo do aumento da oferta

de destinos e oportunidades, mas também o resultado da valorização do turismo, enquanto

prática social efetiva e aspiração do indivíduo contemporâneo, não mais exclusivo de

camadas privilegiadas da população.

O surgimento do turismo na forma como se conhece hoje não foi um fato isolado,

sempre esteve ligado ao modo de produção capitalista, ao desenvolvimento tecnológico e à

política, uma vez que o primeiro determina quem viaja, o segundo como fazê-lo, e o

terceiro quando deve ser feito.

2.1.2 Entendendo a Atividade Turística

O turismo é um fenômeno humano, caracteristicamente social, que pressupõe

deslocamento temporário e limitado de tempo, sem que haja transferência do local de

residência. Esse deslocamento é efetuado por razões motivacionais, podendo ser diversa a

origem da motivação desde que não de âmbito econômico. Implica, no viajante, a

descoberta de elementos sócio-culturais diversos do seu quadro de referência de origem,

traduz-se na relação entre visitante, visitado e o meio ambiente natural. É uma atividade

que pressupõe uma relação entre produção e o consumo com a conseqüente troca entre

quem visita e quem recebe (JOAQUIM, 1997)

Característico de uma sociedade de consumo, o turismo como um todo estruturado

não é mais do que um produto composto ou uma combinação de bens e serviços, cuja

11

funcionalidade depende de uma série de conhecimentos operacionais e de paciente

dedicação para atendimento cabal dos requisitos da oferta e das exigências da demanda.

Para não entender o turismo como apenas uma atividade em si, como expõe

Carvalho et al (2005), é preciso contextualizar, que como toda atividade econômica,

também possui um produto e que este produto é um composto de bens e serviços

diversificados e essencialmente relacionados entre si, tanto em razão de sua integração

com vistas ao atendimento da demanda quanto pelo fator de unir os setores primário,

secundário e terciário de produção econômica.

Produtivo e dinâmico, o turismo se aproveita, de maneira intensa e permanente, de

todo o potencial dos recursos naturais, e dos recursos e riquezas criadas, propiciando todos

os meios possíveis para conservá-los na medida das necessidades e conveniências de sua

operação. Ou seja, o turismo leva as pessoas à utilização de bens produzidos pela natureza

com a cooperação do homem, e à aquisição dos bens que a natureza e o homem produzem

para que, transformados pela atividade criativa de pessoas e grupos diversificados, sirvam

às necessidades básicas e àquelas que a própria sociedade cria. De uma forma mais clara, o

turismo, sendo uma atividade do setor terciário – serviço -, une, em vez de transformar, os

setores primário e secundário. Não espera que esses transformem a matéria-prima para que

seja consumida pelos serviços. Por isso, seria um equívoco chamar o turismo de

“indústria” mesmo que sem chaminés, pois os consumidores dos produtos turísticos são os

verdadeiros autores do processo produtivo a cujos bens se deslocam para efetivar a

existência do próprio fenômeno.

Então a matéria-prima do produto turístico, segundo Andrade (2002), se compõe de

atividade e serviços ligados aos empreendimentos de hospedagem (indústria da construção

civil, imobiliários e mobiliários e outros bens transformados para a utilização como

equipamentos de recepção e de hospedagem), aos bens de alimentação (atividade agrícola

e indústria alimentícia), aos transportes (indústria de transformação para produção de

veículos, de equipamentos, de peças de reposição, além do pessoal necessário à sua

produção, funcionamento e reparos), aos espaços de lazer e entretenimento naturais e

artificiais (teatros, cinemas, casas de shows, demais empreendimentos de diversão,

entretenimento e recreação) e aos produtos típicos locais (objetos de arte, trabalhos

artesanais).

Continuando com Andrade (2002), a diversidade que torna heterogênea a oferta de

produtos turísticos permite o consumo de bens não-turísticos agregados como atividades

12

diversas e serviços produtivos de setores relacionados ou não com o turismo que dinamiza

seu setor continente e os outros dois, de modo direto ou indireto.

Ruschmann (2001), complementa ao discorrer sobre os impactos econômicos

positivos da atividade turística, que classifica em três categorias: efeitos primários,

secundários e terciários. Os primários referem-se aos gastos dos turistas estrangeiros no

país que visitam e às despesas dos moradores locais no exterior, provocando tanto o

ingresso como a evasão de divisas.

Os efeitos secundários estão relacionados com a absorção dos gastos dos turistas

em outros setores da economia: efeitos secundários diretos – por exemplo, comissões de

agentes de viagem; indiretos – contratação, por exemplo, de serviços de alimentação por

companhias aéreas; induzidos – são os gastos realizados pelos assalariados das empresas

que prestam serviços às empresas turísticas.

Os efeitos terciários não se originam dos gastos diretos dos turistas, mas dos

investimentos estimulados pela atividade turística, como por exemplo, a geração de

empregos diretos em empresas que atendem diretamente os turistas como hotéis,

restaurantes, etc.; empregos indiretos, aqueles originados em empresas que prestam

serviços aos fornecedores diretos; e os empregos induzidos, aqueles originados pelos

gastos dos salários dos trabalhadores diretos e indiretos na localidade receptora.

Diante de todo esse contexto de dinamismo de prováveis efeitos, é importante que,

ao se planejar, ou mesmo, adotar o turismo como uma das atividades econômicas de uma

localidade, observar e considerar as características específicas desta atividade, pois é a

partir desse conhecimento que se entenderá como apenas uma atividade pode vir a

movimentar tantos ramos da economia.

Krippendorf (1989), resume essas características em:

• Intangível – de consumo abstrato, não é passível de comparação ou troca, o

consumo é a experiência vivida;

• Coincidência espacial e temporal da venda e da prestação do serviço – os serviços

são consumidos na hora de sua utilização efetiva, sendo avaliado após a sua

utilização;

• Presença do consumidor no local da produção – o consumidor que se desloca até o

lugar de consumo;

• Impossibilidade de estocagem – o que não for vendido ou consumido no dia não

pode ser guardado, foi perdido;

13

• Irregularidade na prestação dos serviços – alterações na quantidade e qualidade de

serviços a serem prestados, devido às baixas e altas estações;

• A complementariedade dos componentes – serviços conjuntos de vários

empreendedores, por exemplo, transporte, alimentação, entretenimento, etc.;

• Sazonalidade – são as temporadas, devido a inúmeros fatores como, clima, férias

escolares, são as chamadas baixa e alta estação;

• Instabilidade da demanda – depende das condições financeiras do consumidor, da

situação político-econômica e social do núcleo receptor, etc.;

• Demanda heterogênea – todos têm o direito de viajar;

• Produto estático – é impossível mudar a localização ou a quantidade da atração

turística.

Além dessas características, segundo Beni (2003), é necessário também observar

que a matéria-prima do turismo pode-se dividir em oferta turística natural e oferta turística

artificial.

A oferta turística natural é fator primordial para que uma localidade, uma região ou

país sejam considerados possuidores da vocação turística decorrente da propriedade e dos

atrativos que formam os recursos naturais, dentre eles pode-se destacar o clima, quando

regular e estável, permite o planejamento, a execução e administração das programações; a

configuração geográfica e as paisagens, também conhecido como espaço geográfico, é o

elemento materializador, é a jóia rara que os empresários colocam à disposição dos desejos

e das preferências dos visitantes; os elementos silvestres, flora e fauna. Com o

aparecimento da civilização do concreto as pessoas desejam o contato com a natureza; e os

elementos de saúde, que são as águas termais e medicinais nos balneários.

Já a oferta turística artificial pode ser entendida como o conjunto de adaptações de

recursos naturais, de obras criadas pelo homem, de serviços e de atitudes que colaboram

com a natureza, manifestando-se como fenômeno amplo, substituível, mutável,

deteriorável e diversificado, conforme as diferenças culturais, utilizações, necessidades e

conveniência.

Como oferta artificial pode-se considerar os bens históricos, culturais e religiosos

como tudo que diz respeito a construções espaciais e a todas as demais formas de valores

artísticos, concebidos e executados em determinadas sociedades, sob rótulos de arte,

14

folclore e artesanato, como museus, teatros, cidades antigas e históricas, igrejas, festas

religiosas, etc.

Os bens e os serviços de infra-estrutura, segundo Beni (2003), são outros

componentes importantes, e se dividem em infra-estrutura geral, que são os serviços

básicos exigíveis para uma localidade existir, como fornecimento de água, eletricidade,

combustíveis, saneamento, telecomunicações, rede viária; e infra-estrutura turística, que

são os serviços específicos e indispensáveis que permitem o exercício turístico, como

instalações de hospedagem (hotéis, pousadas, albergues, camping, etc.), instalações de

recepção (receptivo); a organização para recreação, esportes e entretenimento; as vias de

acesso e os meios de transporte também podem se inserir nessa categoria, pois via esses

serviços e equipamentos é que o visitante e o visitado podem se locomover.

Outro componente que não pode ser esquecido é o modo de vida e o

comportamento das comunidades visitadas, pois são valores capazes de atrair ou de afastar

os turistas, de valorizar ou desvalorizar o próprio patrimônio social turístico que o núcleo

representa.

Assim, considerando todas essas características e suas matérias-primas, observa-se

o quanto o produto turístico se difere dos demais bens industriais, de comércio e de outras

prestações de serviços, pelo seu aspecto subjetivo. A sua subjetividade leva a crer que não

existem fórmulas prontas que podem ser adotadas igualmente em todos os lugares, pois

cada localidade possui suas próprias características onde o planejamento do turismo deve

se adaptar a elas e não o reverso.

Assim, segundo Medlik e Midleton citados por Ruschmann (1995), o produto

turístico pode ser definido como: “A amálgama de elementos tangíveis e intangíveis,

centralizados numa atividade específica e numa determinada destinação, as facilidades e as

formas de acesso, das quais o turista compra a combinação de atividades e arranjos”.

(MEDLIK E MIDLETON apud RUSCHMANN, 1995 p. 26).

2.1.3 Turismo e seus Impactos Sócio-Ambientais

Ao longo das duas últimas décadas, o planejamento e o marketing do turismo têm

visado, sobretudo, atender às necessidades do turista e oferecer-lhe experiências

interessantes. Por sua mescla de pessoas de origens sociais e culturais diferentes, o turismo,

tanto o internacional como o nacional, gera uma considerável redistribuição espacial da

capacidade de auferir renda, com um impacto significativo sobre a economia da área de

destino.

15

Entendendo a atividade turística e o seu funcionamento, como visto nos itens

anteriores, se pode analisar, agora, o porquê da causa de impactos. Sejam eles positivos ou

negativos, começando a compreender que mesmo sendo o território, o espaço, a sua

matéria de consumo, o seu uso se faz de forma destrutiva, contrariando o que é proposto

pela atividade.

Ao se falar em espaço ou território, segundo Cruz (2000), deve-se compreender

como o lugar onde a atividade turística se desenrola, e entendendo esse enfoque, pode-se

observar melhor seus impactos, pois o turismo produz esses espaços de forma delimitada e

espacialmente destinados a um determinado tipo de consumo e venda – o consumo e venda

da natureza, da história, da cultura – através dos denominados serviços turísticos.

O turismo, segundo esses aspectos, é uma atividade que produz um espaço, mesmo

quando se apropria sem transformar. Por isso não se pode classificá-lo nem como uma

indústria nem como um serviço, puramente, pois são várias atividades que compreendem a

produção de uma mercadoria, cujo mercado consumidor é o turista. E nesta mercadoria,

segundo Rodrigues (1999), o consumo do espaço caracteriza-se pelo uso “efêmero do

território”, num processo continuo de desterritorialização e reterritorialização.

Portanto, pode não haver transformação direta do território, mas há uma

apropriação direta ou indireta e uma produção espacial simbólica da beleza natural ou da

cultural, materializando-se neste espaço mercantilizado outras mercadorias – desde rede de

edificações necessárias para acomodar os turistas, até acesso aos lugares privilegiados pela

natureza, passando por uma infra-estrutura viária que permita a circulação de pessoas,

mercadorias e serviços, apropriados através dos lucros, rendas e juros, privadamente.

Alterando-se tanto a paisagem física como as relações sociais dos moradores da área que

passam a gravitar em torno da atividade turística (indústria e serviços) (SOLDATELI,

2005).

É devido a esses aspectos que a atividade turística não deve ser estudada apenas de

forma simples e econômica, pois envolve uma gama de fatores de vida da população

receptora, do espaço original produzido pela história de cada comunidade onde o turismo

possa ser estabelecido. Por isso, é interessante observar a pesquisa de Archer e Cooper

(2002), ao mostrar que os primeiros trabalhos que trataram do impacto do turismo sobre os

destinos se concentram principalmente nos aspectos econômicos, pois além de serem de

fácil quantificação e mensuração, havia também a esperança de que esses estudos

demonstrassem o benefício econômico líquido que o turismo implicava para os destinos

que o acolhiam. Mas o turismo, por sua própria natureza, é seduzido por ambientes e

16

sociedades singulares e frágeis, evidenciando-se que em alguns casos seus benefícios

econômicos foram neutralizados por conseqüências ambientais e sociais adversas e não

mensuradas previamente.

Segundo Dann e Cohen (1991), é importante enfocar os aspectos econômicos,

políticos, socioculturais e ambientais de uma comunidade receptora, ao se analisar os

impactos do turismo, pois se faz necessário que os elementos de um aspecto se liguem com

os de outro, em vez de optar por um ponto de vista exclusivo.

Essa é uma realidade que precisa ser desenvolvida, pois a principal atitude, dos

empreendedores e dos operadores de turismo, se baseia, segundo Archer e Cooper (2002),

em primeiro lugar, em atrair um grande número de visitantes e com isso garantir

rendimento financeiro adequado para seus investimentos e operações. E em segundo lugar,

no desejo dos políticos e planejadores de maximizar as vantagens financeiras obtidas com

essa atividade.

Segundo Ruschmann (2001), os impactos do turismo referem-se a gama de

modificações ou à seqüência de eventos provocados pelo processo de desenvolvimento

turístico nas localidades receptoras. As variáveis que provocam os impactos têm natureza,

intensidade, direções e magnitude diversas, porém, os resultados interagem e são

geralmente irreversíveis.

Os impactos têm origem em um processo de mudança e não constituem eventos

pontuais resultantes de uma causa específica, eles são a conseqüência de um processo

complexo de interação entre turistas, as comunidades e os meios receptores.

Como o turismo teve um rápido crescimento a partir da década de 50, e a tendência

é crescer sempre mais, ainda mais pessoas estarão propensas a viajar, a descobrir novos

lugares intocados, e assim intensificar os impactos ao meio ambiente e à sociedade.

Assim, ao se discutir os impactos positivos e negativos do turismo se deve incluir

noções de capacidade de carga e critérios para a avaliação dos impactos. Por capacidade de

carga, segundo Getz (1983), deve-se entender que se refere a um ponto além do qual níveis

superiores de visitas ou de desenvolvimento turístico levariam a uma deterioração

inaceitável do ambiente físico e da experiência do visitante.

Todavia, o impacto gerado pelo turismo depende tanto do volume de turistas quanto

de algumas das características do perfil desses visitantes (tempo de estadia, sua atividade,

modo de transporte, plano da viagem, etc.), além do caráter do recurso turístico (suas

características naturais e artificiais, nível de desenvolvimento, estrutura política e social,

etc.), pois determina o grau de sua solidez para o desenvolvimento do turismo.

17

É interessante notar que o estudo de impactos, como visto anteriormente, não se

deve fazer separadamente. Todas as perspectivas devem ser interligadas para que o todo

seja entendido. No caso desse estudo, as perspectivas social e ambiental serão enfocadas

com mais rigor, não esquecendo que para uma boa análise precisa-se conhecer os efeitos

das perspectivas econômica e cultural.

Nesse sentido, é que se pode dizer que os efeitos econômicos gerados pela atividade

turística são mais estudados, por serem mais fáceis de medir do que os naturais e

socioculturais, que possuem componentes intangíveis e difíceis de mensurar, tendo uma

avaliação mais subjetiva.

Mesmo os impactos econômicos sendo mais fáceis de avaliar, observa-se que

devem existir distinções principalmente no que diz respeito ao estágio de desenvolvimento

que se encontra a área em estudo: local, regional, nacional. Um exemplo, como expõe

Mercer (2002), são os países em desenvolvimento que, ao contrário dos desenvolvidos,

apresentam baixos níveis de renda, e de distribuição, altos índices de desemprego e

subemprego, baixos índices de industrialização, grande dependência da agricultura e da

exportação de produtos primários, além de intensas desigualdades regionais, evasão de

divisas para o exterior, alta inflação e dívidas externas elevadas.

Por isso, segundo Ruschmann (2001), é que muitos governos passaram a considerar

o turismo como a “tábua de salvação” para a economia de seus países e estimularam a

implantação da atividade sem considerar as adequações necessárias às dimensões, ao tipo e

ao nível de desenvolvimento da nação.

Não se pode negar os benefícios econômicos que a atividade turística traz para uma

localidade, pois é uma injeção na economia de moedas estrangeirais fortes, principalmente

em países em desenvolvimento, um aumento na oferta de empregos, incremento na renda,

expansão no setor de construção, industrialização básica, investimentos nas destinações,

tanto em infra-estrutura como em equipamentos específicos do turismo como hotéis,

restaurantes, centros de convenções, etc.

Mas, para se alcançar esses aspectos positivos existem alguns custos, como por

exemplo, as atividades primárias que foram abandonadas pelas populações autóctones, que

passam a buscar nas empresas turísticas uma nova oportunidade de emprego. Outro

problema é a importação de produtos do exterior, provocando uma evasão de divisas. O

aumento dos preços dos produtos comercializados na destinação, valorização excessiva dos

terrenos e construções, acarretando a inflação e a especulação imobiliária e causando uma

dependência excessiva do turismo, como afirma Ruschmann:

18

A instabilidade da demanda turística, que pode tanto comparecer em massa numa destinação ou deixar totalmente de visitá-la por motivos políticos, moda, preços, etc., faz com que as destinações eminentemente turísticas vivam na situação do “neocolonialismo”, e a única forma de evitá-lo se encontra na diversificação de suas atividades econômicas (RUSCHMANN, 2001 p. 45).

Com isso, observa-se a importância da análise econômica, mas não esquecendo que

para uma avaliação realmente válida, é preciso verificar mais alguns aspectos, como o

social e o ambiental, sem deixar de mencionar o cultural.

Com relação aos impactos sociais, como reflete Mercer (2002), é necessário pensar

a partir da estreita ou larga relação do visitante com o visitado. Ou melhor, do turista com a

comunidade receptora, que influências um causa sobre o outro.

As viagens entre países desenvolvidos e em desenvolvimento estão aumentando

anualmente e põem em contato direto povos de origens muito diferentes e com estilos de

vida e níveis de renda muito contratantes.

O contato entre povos de origens diversas, segundo Paiva (1995), nem sempre é

benéfico, e em alguns casos, pode gerar mais tensões culturais, sociais e morais. Mesclar

pessoas de diferentes regiões de um país, ou do mundo, pode, por um lado resultar numa

compreensão melhor do modo de vida dos vários grupos distintos e numa avaliação mais

correta dos problemas particulares de regiões específicas. Mas por outro lado, pode gerar

mal-entendidos e até mesmo desconfiança.

As grandes diferenças culturais que ocorrem entre países e às vezes entre diferentes

regiões de um mesmo país, podem ser um dos principais estimulantes para o

desenvolvimento da atividade turística. Em alguns países em desenvolvimento esses

padrões de comportamento cultural tradicionais de grupos específicos de pessoas e

aparência física formam um ponto de atração. Entretanto, essas diferenças, são tão grandes

que a compreensão mútua é substituída pela antipatia, como revelam os teóricos Archer e

Cooper,

O problema é exacerbado porque os turistas são, por definição, estranhos no destino. Seus códigos de vestimenta e seus padrões de comportamento são diferentes dos adotados pelos residentes e frequentemente diferem até mesmo daqueles que o turista teria no próprio lugar de onde provém: os comportamentos que eram inibidos passam a não ser, e seguem-se os problemas decorrentes – prostituição, drogas, jogos e as vezes vandalismo. Na condição de estranhos os turistas são também vulneráveis e

19

se tornam vítimas de roubo e crimes perpetrados pela comunidade local, que pode considerar essas atividades um modo de ‘refazer o equilíbrio.” (ARCHER E COOPER 2002, p. 93)

Quando essas diferenças são acentuadas, pode acontecer de a cultura e os costumes

locais serem explorados para satisfazer o visitante à custa do orgulho e dignidade da

população local. Mas com um bom gerenciamento e planejamento, contudo, o turismo

pode oferecer um impulso para a preservação de culturas antigas. Embora com muita

freqüência, o modo de vida local se degenere numa imagem comercialmente organizada da

sua essência anterior. As danças e o artesanato artístico sedem lugar à imitações baratas

para satisfazer às necessidades do visitante e para proporcionar ao residente um rendimento

com o menor esforço possível.

Krippendorf (1989), confirma essa realidade a partir do entendimento de que o

interesse do visitante pela população local existe, mesmo sendo muito fraco, podendo-se

dizer que o contato dele com as pessoas, com seus costumes e hábitos é superficial e

externa-se na compra de objetos típicos como souvenirs. Esse autor continua afirmando

que a integração dos visitantes com as comunidades dos locais visitados parte de uma boa

intenção, mas não é realizável e, no fundo, também não é desejável, pois o fosso cultural é

muito grande para ser transposto no curto espaço de tempo das férias. Os turistas guardam

uma lembrança instrutiva daquilo que percebem e, para os nativos, deixam o dinheiro,

constituindo uma fonte de renda para os visitados.

Todas essas questões se explicam quando Doxey (1983) apud Mathieson e Wall

(1988) identifica cinco estágios de crescente desilusão de uma comunidade receptora com

a atividade turística.

O primeiro estágio pode-se dizer que é o de euforia, onde as pessoas estão

entusiasmadas e vibram com o surgimento do turismo, recebendo os turistas, registrando-

se sentimentos de satisfação mútua, e as oportunidades de emprego, negócios e lucro são

abundantes e aumentam com o crescimento do número de visitantes

Em um segundo momento, registra-se a fase da apatia, a população receptora, à

medida que a atividade cresce, considera a rentabilidade do setor como garantida e o turista

passa a ser considerado um meio para a obtenção de lucro fácil, tornando o contato

humano mais formal do que no estágio anterior.

No terceiro estágio, acontece a fase de irritação, que se manifesta conforme a

atividade turística começa a atingir níveis de saturação ou quando a localidade já não

20

consegue atender às exigências da demanda que, quantitativamente excessiva, torna os

equipamentos existentes incapazes de atendê-las.

O quarto estágio caracteriza-se pelo antagonismo. Acontece quando os moradores

já não disfarçam a irritação e responsabilizam os turistas por todos os seus males, e pelos

problemas da localidade, como o aumento de impostos, de criminalidade, de desajustes da

juventude. A polidez e o respeito mútuo desaparecem, dando lugar ao antagonismo e o

turista passa a ser hostilizado pela comunidade local.

No quinto e último estágio, a população se conscientiza de que, na ânsia de obter

todas as vantagens da atividade turística, não considerou as mudanças que estavam

ocorrendo e nem pensou em impedí-las, tendo, agora, que conviver com o fato de que seu

ecossistema jamais voltará a ser o que era antes do advento da atividade turística.

Carlos (1999), vem a confirmar esses estágios quando escreve sobre o sentimento

de estranhamento, que segundo esse autor, é provocado pela transformação de cidades

inteiras com o objetivo de atrair turistas.

Os autores Archer e Cooper (2002), complementam o pensamento anterior, ao falar

em efeito demonstração da prosperidade em meio à pobreza que pode suscitar um desejo

entre a população local de trabalhar arduamente para atingir níveis superiores de educação

a fim de imitar o modo de vida dos turistas. Ou ainda, em muitos casos, a impossibilidade

de os nativos atingirem o mesmo nível de prosperidade, podendo gerar um sentimento de

privação e frustração capaz de encontrar uma saída na hostilidade e até na agressão.

Esse efeito demonstração também pode ser observado quando da presença de um

grande número de turistas, estimulando hábitos de consumo desconhecidos, variando desde

a importação de produtos (comidas, bebidas, vestuário, etc.) caros, criando uma evasão de

divisas que a atividade, teoricamente, deveria atrair, até a criação de novos hábitos de

entretenimento, como o jogo (cassinos, bingos) ou o consumo excessivo de drogas e

bebidas alcoólicas.

Autores como Archer e Cooper (2002) e Mathieson e Wall (1988), falam em

neocolonialismo, onde se retira o poder dos níveis local e regional e o concentra nas mãos

das companhias multinacionais, que negociam apenas no nível nacional esperando que

quaisquer problemas sejam resolvidos pelos governos nacionais. Do contrário, retiram os

investimentos. Assim, os países em desenvolvimento, que dependem dos turistas e dos

investimentos internacionais, criam mecanismos para facilitar a vinda desses visitantes,

negligenciando os cuidados com o meio ambiente, que descaracterizado perde sua

21

atratividade. Paralelo, está a transferência dos lucros auferidos nas destinações para os

centros economicamente mais evoluídos, de onde se originam os investimentos.

Outro fator se relaciona com a importação de recursos humanos qualificados para

trabalhar nos equipamentos turísticos, no nível operacional, onde os postos melhor

remunerados, mais respeitáveis, são muitas vezes ocupados por estrangeiros com o

necessário conhecimento técnico e experiência suficiente, enquanto que os empregos de

remuneração mais baixas, ou os que não exigem tanta qualificação, são ocupados pela

população local, que, pela falta de formação específica, tem pouquíssimas chances de se

destacar nas empresas em que atua. Assim, é possível, que essa evidente discriminação

venha a promover o ressentimento e azedar as relações internacionais e, em casos mais

extremos, podendo até mesmo inibir o crescimento de uma consciência nacional num país

que passa a ter uma nova dependência.

Coriolano (2006), refere-se à pesquisas realizadas nas praias do Ceará, que só vêm

a confirmar as questões mencionadas, quando expõem o pensamento de alguns ex-

pescadores que trabalham como garçons em Canoa Quebrada, núcleo receptor de turismo

internacional, que se sentem excluídos: “Não dona, turismo não chega pra nós não. Isto é

coisa de rico, que tem dinheiro, nós num temos direito a folga não”. Um outro diz:

“Turismo é só pra eles, que vêm comer e beber, dançar e esnobar da gente”, outro

continua: “Turismo, nós num tem disso não, nós num vamo nem até ali em Fortaleza, que

o dinheiro não dá, pra nós só tem trabalho e a peia”.

E Ouriques (2005), confirma:

No litoral brasileiro, circulam milhares de trabalhadores oferecendo as mais diversas bugigangas; circulam também homens, mulheres e crianças oferecendo seus corpos por um tempo determinado. Nos hotéis e pousadas, são abundantes os pescadores e suas mulheres, transformados em garçons e garçonetes, cozinheiros e cozinheiras.” (OURIQUES, 2005 p. 131.)

Essas situações, segundo Coriolano e Martins (2005), se agravam ainda mais

devido, também, às alterações na moralidade da comunidade receptora, que vem das

influências, muitas vezes, do comportamento “estranho” dos turistas, aumentando a

incidência da prostituição, da criminalidade e do jogo organizado.

É importante observar que não se pode responsabilizar o turismo por todos esses

males, mas verificar que a prática da atividade turística de forma predadora pode

intensificar e piorar esses problemas sócio-ambientais já existentes.

22

Considerando o meio ambiente natural, segundo Santos et al (1994), o espaço onde

as relações sociais acontecem, onde se vive, observa-se que nenhuma das perspectivas aqui

tratadas podem ser analisadas sozinhas, mesmo que separadamente deve sempre evocar as

demais, pois uma influencia a outra em todos os níveis que isso implica.

Então, meio ambiente pode ser entendido como:

conjunto de elementos físico-químicos, ecossistemas naturais e sociais em que se insere o homem, individual e socialmente, num processo de interação que atenda ao desenvolvimento das atividades humanas, à preservação dos recursos naturais e das características essenciais do entorno, dentro dos padrões de qualidade definidos. (COIMBRA apud BRANCO, 1999 p.04)

O Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA define impacto ambiental da

seguinte forma:

Impacto ambiental é a alteração das propriedades físico-químicas e biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança, o bem-estar da população, as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos. (CONAMA resolução nº 001/86)

A ausência, quase total, de pesquisas específicas e a conseqüente falta de dados

concretos impedem uma avaliação mais precisa das conseqüências do turismo sobre o meio

ambiente, mas algumas são perceptíveis e relacionam-se, em sua grande maioria, com a

construção de infra-estrutura e dos equipamentos que, inevitavelmente, transformam o

aspecto físico dos lugares.

Ou seja, em todos os espaços, a poluição visual provocada pela construção de

equipamentos de hospedagem, alimentação e entretenimento modifica o meio,

descaracterizando irremediavelmente a paisagem.

No litoral, pela sua própria história de ocupação, esses problemas têm bastante

destaque. Principalmente, pelo surgimento do turismo de massa, que degrada pela

repetição. Sendo a partir da década de 1980, no Nordeste brasileiro, que se começou a

investir em infra-estrutura no sentido de atrair visitantes nacionais e estrangeiros,

divulgando, sobretudo, o sol, o mar e a beleza feminina (FONTELES, 2004).

Hoje, as praias são os lugares preferidos pelos turistas, que se contagiam com a

alegria do verão e com a diversidade de clima e de vegetação. São as paisagens

23

surpreendentes de todo o litoral brasileiro que encantam aqueles que procuram sol,

diversão, calor, conforme afirma Fonteles (2004):

"Neste país rico em atrativos naturais, percebe-se, nos últimos anos, uma forte tendência em transformar tais elementos em recursos disponíveis aos consumidores que buscam espaços propícios ao reencontro com ambientes naturais, onde seja possível respirar melhor, ver o sol, a lua, as estrelas, trilhar caminhos que levam às montanhas e às florestas, ouvir o canto dos pássaros, mergulhar nas águas transparentes dos rios e cachoeiras, ir de encontro ao mar driblando as “eternas ondas”, enfim, encontrar-se consigo mesmo e experimentar um gostinho de liberdade, prazer e emoção.” (FONTELES, 2004 p. 37)

Assim, como diz Aulicino (1991 p. 30), ao falar em meio ambiente como sistema,

“o todo que é resultado da interação entre um ambiente e os seres vivos que nele se

desenvolvem, incluindo-se aqui a comunidade humana que aí sobrevive e toda a sua

bagagem cultural”.

E essa comunidade humana precisa se reconciliar com a natureza, caso pretenda

sobreviver, pois a natureza não existe sem o ser humano, existe com ele e para ele.

Quiseram que ela fosse imutável e morta, ao passo que ela se move e tem história. “Nela

reconhecemos não apenas o objeto, mas também o sujeito. Urge certamente a volta, mas

não a volta à natureza e sim a volta dentro da natureza”. (MOSCOVICI, 1975 p. 365)

Na sociedade atual, simplesmente se apropriam da natureza, usando-a como recurso

para comercialização, através do turismo, que vende paisagens indo ao encontro do

imaginário dos amantes do mundo natural, e que dispõem de uma infra-estrutura que

garante sofisticação e conforto.

Produzindo o espaço turístico, o homem socializa a natureza, que se transforma em

uma outra natureza. Esta modificação normalmente compromete a qualidade de vida local

a médio, a longo e até a curto prazo.

O turismo, segundo Almeida (1997), atribui um novo valor aos espaços, promove,

transforma o lugar em mercadoria e estabelece o valor de uso. Esses espaços se turistificam

desde quando são reorganizados no sentido de satisfazer os desejos de uma clientela que

vem de fora.

Com o intuito de satisfazer os turistas, esquece-se, por muitas vezes, a população

receptora, deixa-se de organizar a própria comunidade que os recebem, fazendo com que

aqueles que tinham na natureza sua fonte de sobrevivência, como os pescadores no litoral,

24

passem a utilizá-la também como recurso atrativo mudando sua atividade de subsistência,

descaracterizando sua cultura original. Constatação comprovada mais uma vez por

Fonteles (2004), quando afirma:

“Afinal, quem melhor do que a própria população local para decodificar as relações sociedade/natureza? Tal leitura se realiza a partir de sua concepção particular de mundo, de sua cultura, construindo um ethos societário e econômico que garante a sua subsistência. Excluí-la dos projetos turísticos não é, certamente, o melhor caminho para a sustentabilidade. Ao contrário, entende-se que a parceria entre poder público, iniciativa privada e população local, a partir de um planejamento estratégico, viabilizaria qualquer empreendimento que, sintonizado com o imaginário turístico, se instalasse em uma área receptora.” (FONTELES, 2004 p. 59)

Considerando todos esses aspectos apresentados, os impactos do turismo sobre o

meio ambiente, segundo Ferretti (2002), se tornam mais freqüentes a começar pela

poluição, seja do ar, através do aumento de circulação de meios de transportes e produção

de energia; seja da água, nos oceanos, lagos, rios e cachoeiras, através de águas servidas e

não tratadas, pela falta de sistemas adequados de tratamento; seja sonora, que se

concretizam através, também, do aumento da circulação de automotores; ou ainda, a

poluição pela falta de coleta adequada de lixo.

Outro problema, continua Ferretti (2002), é a destruição das paisagens, sejam elas

naturais ou artificiais (sítios históricos e monumentos), que devido a falta de um

planejamento prévio e o crescimento exacerbado do turismo, através da exploração

comercial, resultou em construções grotescas. Muitas vezes, por serem projetos

estrangeiros, que se imiscuem no ambiente cultural e cênico à sua volta, sejam casas,

equipamentos turísticos ou infra-estrutura. Pela falta de organização desarmonizam a

paisagem. Além de descaracterizar os aspectos cênicos, poluem os mares e rios, uma vez

que o lixo e o esgoto frequentemente são descartados sem tratamento.

Ruschmann (2001), complementa ao expor a questão dos congestionamentos em

épocas de alta estação, pois a concentração de turistas no tempo e no espaço lotam praias e

outros locais atrativos, impondo uma sobrecarga no serviço de infra-estrutura e de

entretenimento, causando danos consideráveis ao meio ambiente. Além de agredir a

qualidade de vida dos moradores locais, afeta a própria experiência vivida pelo visitante.

25

Outra conseqüência desse aspecto é o aumento do consumo de combustíveis e a

intensificação da poluição sonora e atmosférica.

Outra situação adversa, segundo Araújo e Moura (2007), é a concentração, também

no espaço e no tempo, de grande parte da mão-de-obra apenas na alta estação, em que

muitos da comunidade deixam suas atividades tradicionais para se dedicarem à práticas

turísticas na ilusão de melhores salários, acarretando, assim, um prejuízo nas atividades

originais. Quando chega a baixa estação, os empregos turísticos desaparecem provocando

desemprego e por conseqüência, agrava as mazelas sociais.

Por fim, existe também um aspecto muito relevante, a chamada especulação

imobiliária, que se caracteriza como um tipo de êxodo, onde muitos da população local se

vêem pressionados a deixar suas residências originais, muitas vezes a preços míseros, indo

para periferias sem a mínima infra-estrutura básica, onde não existe uma historia de vida e

costumes a serem perpetuados.

Novaes (1997), confirma com muita clareza os problemas citados acima, quando

analisa, no relatório final sobre as diretrizes gerais de uso da APA de Jericoacoara – CE, os

seguintes aspectos:

“1) turista que compra e destrói o barraco do pescador no centro da vila, para construir a sua casa de temporada; como conseqüência disto, está ocorrendo alteração na fisionomia da vila, e sua expansão está se fazendo na periferia, com casas que se alinham sobre dunas moveis; 2) chegada de pessoas de fora de Jericoacoara que recebem terras como herança; constroem casas, algumas para temporada, e consideram-se nativos. [...] O problema de propriedade da terra é grave, porque 1/3 da Jericoacoara não mais pertence aos antigos nativos. A venda da casa do nativo na vila está a expulsar os pescadores para a periferia, enquanto que no centro, caseiros começam a chegar para guardar as casa dos novos donos.” (NOVAES, 1997 p. 3-4,10)

Assim, conforme discutido durante todo este tópico, o turismo impõe custos e

benefícios econômicos, mas também mudanças na ordem, política, cultural, social, moral e

ambiental. Sendo mais valorizados os benefícios econômicos, principalmente por ser

quantificável e mais fácil de mensurar, em detrimento dos demais, difíceis de quantificar

em termos monetários, mas que precisam ser levados em consideração no processo de

tomada de decisão.

É evidente, que o turismo não é o único a causar esses problemas, sendo provável

que outras atividades causem efeitos colaterais bem mais adversos, porém o crescimento

da atividade turística, sem um planejamento, pode sim, intensificar e acelerar os problemas

26

existentes, resultando em cenário de inúmeros contrastes, como a grande concentração de

massas edificadas e as altas densidades, causando sérios impactos na estabilidade do meio

ambiente, produzindo espaços desqualificados e insalubres, propiciando exclusão e

marginalidade e impondo um ritmo de vida, à maioria dos seus ocupantes, incompatível

com os conceitos estabelecidos como qualidade de vida.

É contra essas perspectivas que se deve lutar, pois o turismo pode ser, como diz

Archer e Cooper (2002 p.102), um “meio muito positivo de aumentar a vida econômica,

social, cultural e ambiental de um país”. Mas para que isso aconteça, é necessário

privilegiar o desenvolvimento sustentável em detrimento do crescimento apenas

econômico. É saber se políticos, empresários e planejadores podem estar dispostos a criar

um turismo verdadeiramente responsável, que gere benefícios a longo prazo, tanto para os

residentes quanto para os turistas, minimizando a deteriorização do ambiente físico, social

e cultural.

2.1.4 Desenvolvimento Sustentável

Ao se pensar em desenvolvimento sustentável, deve-se entender inicial e

separadamente o significado dos dois termos para melhor compreensão da sua teoria.

Desenvolvimento, segundo Calcagno (1990), são processos de investimento e de

troca, relacionados sistematicamente entre si e que expressam uma aspiração por uma

sociedade melhor, incorporando-se elementos de poder político e econômico, social,

tecnológico, setorial e regional, que configuram o tipo de sociedade a qual se quer chegar.

Ou seja, não se deve adotar um conceito global, mas um conceito que se vincula às

características locais e em todas as suas dimensões.

O desenvolvimento, para Rodrigues (2002), não deve ser entendido como sinônimo

de desenvolvimento econômico, pois este é basicamente formado pelo crescimento

econômico (mensurável por meio do crescimento do PNB - Produto Nacional Bruto ou do

PIB – Produto Interno Bruto, que significa aumento de produção de bens) e pela

modernização tecnológica, o que não abrange a totalidade do seu significado.

Para Souza (1997), o desenvolvimento além de vislumbrar uma sociedade mais

justa, mais equilibrada, a palavra significa também uma transformação socioespacial que

“...compreende um processo de superação de problemas e conquista de condições (culturais, técnico-tecnológicas, político-institucionais, espaço-territoriais) propiciadoras de maiores felicidades individual e coletiva, o desenvolvimento exige a consideração simultânea das

27

diversas dimensões constituintes das relações sociais (culturais, econômicas, políticas) e, também, dos espaços natural e social”. (SOUZA 1997 p. 18)

Rodriguez (1997, p. 56) afirma que crescimento significa “o aumento de tamanho

por adição de materiais por meio de assimilação” e o desenvolvimento a “expansão ou

realização de potencialidades alcançando gradualmente um estado melhor e mais pleno”.

Quando algo cresce, converte-se em tamanho maior e quando algo se desenvolve,

converte-se em algo diferente.

O mesmo autor continua, diferenciando nível de vida e qualidade de vida, onde o

primeiro termo identifica-se com o “ter” sendo a relação do acesso da população ao

consumo de determinados bens e serviços. E o segundo, diz respeito ao “ser”, que se

remete a um conceito de ordem qualitativa, implicando em uma série de subjetividades e

especificidades dificilmente medidas de maneira objetiva. Atribui, também, à teoria do

Desenvolvimento Sustentável a incorporação das categorias existenciais (ser, ter, fazer e

estar) e axiológicas (necessidade de subsistência, proteção, afeto, entendimento,

participação, ócio, identidade e liberdade) das necessidades humanas.

Ou seja, a concepção de crescimento econômico e desenvolvimento possuem

aspectos diferenciados, uma vez que podem existir formas de crescimento perversas que

conduzem ao mau desenvolvimento.

Dessa forma, pode-se verificar, segundo Sachs (1993), que o crescimento refere-se

a questão quantitativa e o desenvolvimento a qualitativa. Talvez, por isso, os sistemas

políticos e econômicos, principalmente dos países subdesenvolvidos, tenham como meta

proporcionar e evidenciar o crescimento e não em contribuir na expansão de formas mais

sustentáveis de desenvolvimento, por ser mais simples expressar resultados em níveis e

números por serem mais facilmente compreendidos e verificáveis do que apresentar

padrões de qualidade, que dependerá da mensuração de percepções e avaliações, como é o

caso do desenvolvimento, que sendo um processo de superação de problemas sociais, em

cujo âmbito uma sociedade se torna mais justa e legítima. Também é mais difícil de se

mensurar, por envolver todas os elementos e dimensões que uma sociedade necessita.

A concepção de desenvolvimento como crescimento puramente econômico, quando

posta em prática, gera danos sociais e ambientais, aumentando o sofrimento humano,

representado pela pobreza, fome, miséria, doenças, desemprego e exploração excessiva dos

recursos naturais.

28

Ainda segundo Sachs (1993), o crescimento, baseado em uma economia de livre

mercado, encoraja o círculo vicioso da pobreza e da degradação ambiental. O objetivo do

crescimento não é, como se tem pensado a décadas, externalizar livremente seus custos

sociais e ambientais e ampliar a desigualdade econômica e social entre as nações e dentro

delas. É apenas uma das dimensões que impulsiona o desenvolvimento. Não se trata de

anular ou invalidar o crescimento econômico no processo de desenvolvimento, mas de

fomentar um desenvolvimento com formas, conteúdos e usos sociais completamente

transformados, atendendo as necessidades das pessoas, melhorando a qualidade de vida e

não o nível de vida (crescimento exclusivo), privilegiando o “ser” sobre o “ter”, buscando

uma distribuição mais justa da renda, a conservação dos recursos e enfatizando técnicas

limpas de produção. Ou seja, respeitando as limitações impostas pelos recursos ambientais,

buscando qualidade e não exclusivamente expansão física.

Os graves problemas sócio-ambientais, emergentes nas últimas décadas, fizeram

emergir a preocupação em rever os caminhos da sociedade, derivado da constatação que o

desenvolvimento em curso, alicerçado na estreita visão do crescimento econômico a

qualquer custo tem levado a um caminho de autodestruição.

Embora haja polêmica quanto ao grau da gravidade da crise ambiental - degradação

humana, devastação ecológica e desmantelamento do patrimônio cultural, existe um

consenso que o atual estilo de desenvolvimento é insustentável para promover o bem estar

da grande maioria da população mundial. Segundo Sampaio (2002), os elementos

implícitos na crise e ou ameaça são o crescimento da população em situação de miséria; a

concentração da renda e da riqueza; a insegurança alimentar; a deterioração de parcelas da

biosfera; a fragilidade e inadequação das instituições; a perda da memória cultural; o

crescimento da violência.

Com maior ou menor intensidade, esses elementos são constatáveis em

praticamente todos os povos. No entanto, se identificam em vários países, iniciativas para a

superação dessas situações, ainda que aleatórias e não sistematizadas, mas que buscam a

redução das vulnerabilidades dos eixos dinâmicos da sociedade.

O termo “sustentabilidade”, segundo Rodriguez (1997), pode ser definido como um

atributo de uma entidade espaço-temporal, em que se incorpora a relação sociedade-

natureza. Implica na coexistência harmônica do homem com seu meio mediante o

equilíbrio de sistemas devendo abranger algumas categorias, que segundo Magalhães

(2002), podem ser dividas em três: a sustentabilidade do meio, onde há a manutenção dos

processos ecológicos essenciais, bem como a diversidade de recursos biológicos; as

29

sustentabilidades social e cultural, proporcionando o controle das pessoas sobre suas vidas,

sendo compatível com a cultura e os valores morais do povo, fortalecendo a identidade da

comunidade; e a sustentabilidade econômica, assegurando o desenvolvimento econômico

eficaz, em que os recursos serão geridos de modo a suportar as gerações futuras. De modo

que esses possam se regenerar no mesmo ritmo em que são utilizados.

Baroni (1992), complementa ao falar dos princípios da sustentabilidade, que dão

enfoque ao crescimento renovável. Mudança de qualidade do crescimento; satisfação das

necessidades essenciais de alimentação, energia, água, saneamento básico e emprego.

Garantia de um nível sustentável de população; conservação e proteção da base de

recursos. Reorientação da tecnologia e gestão de risco; reorientação das relações

econômicas.

A proposta de desenvolvimento sustentável, apesar de recente, combina eficiência

econômica, justiça social e prudência ecológica. Apresenta uma alternativa às teorias e aos

modelos tradicionais de desenvolvimento, invocando a dedicação das organizações locais,

regionais, nacionais e internacionais, na promoção de abordagens ambientalistas para o

desenvolvimento.

Voltando ao termo desenvolvimento sustentável, Sachs (1993), orienta que esse

termo originou-se da expressão “ecodesenvolvimento” que, desde os anos 70, vem sendo

explorado para caracterizar uma concepção alternativa de desenvolvimento. Defini-se

como um processo criativo de transformação do meio, com a ajuda de técnicas

ecologicamente prudentes, concebidas em função das potencialidades deste meio, as quais

impedem o desperdício inconsiderado dos recursos, cuidam para que estes sejam

empregados na satisfação das necessidades de todos os membros da sociedade, dada a

diversidade dos meios naturais e contextos culturais.

Assim, promover o ecodesenvolvimento é, essencialmente, ajudar as populações

envolvidas a se organizarem e se educarem, para que repensem seus problemas,

identifiquem suas necessidades e os recursos potenciais para conceber e realizar um futuro

digno, conforme os postulados de justiça social e prudência ecológica, promovendo suas

autonomias de forma a superar as dependências culturais a referências externas. Ou seja,

um estilo de desenvolvimento em que cada região adote soluções específicas para seus

problemas particulares, levando em conta os dados ecológicos, da mesma forma que os

culturais, as necessidades imediatas, como também aquelas a longo prazo (SACHS, 1993).

O desenvolvimento sustentável é definido, pelo Relatório de Brundtlan (CMMAD,

1988), como aquele que atende as necessidades do presente, sem comprometer a

30

possibilidade das gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades. Sendo ainda,

necessário que todos tenham suas necessidades básicas atendidas e lhes sejam

proporcionadas oportunidades de concretizar suas aspirações a uma vida melhor.

Lemos (1999), complementa ao afirmar que o desenvolvimento sustentável é um

processo de decisão, baseada num consenso, no qual o impacto das atividades econômicas,

o meio ambiente e a saúde da sociedade estão integrados e equilibrados, sem comprometer

a capacidade de as gerações presentes e futuras satisfazerem suas necessidades, de modo

que, a economia, o meio ambiente e a saúde da sociedade, possam ser sustentadas no

futuro.

Sachs (1993), afirma também, que o desenvolvimento sustentável deve privilegiar

formas de intervenção que favoreçam: a) a erradicação da pobreza, na medida que a

miséria constitui, simultaneamente, causa e expressão de muitos dos problemas ambientais;

b) os impactos positivos e permanentes sobre as condições de vida da população em geral;

c) a utilização dos estoques de recursos renováveis, de modo a não inviabilizar a sua

reprodução, e o uso racional dos recursos não renováveis, de forma a impedir o seu

esgotamento; d) a minimização do desperdício de recursos e a otimização das limitadas

capacidades de destinação final de rejeitos, por meio de processos de reciclagem e a

concepção de designs que considerem o destino final dos produtos e material de descarte

como parte do ciclo vital do bem ou serviço produzido; e) a descentralização e o

fortalecimento dos poderes locais, para que se ampliem os mecanismos de controle social

sobre as políticas públicas e, a democratização das decisões quanto aos objetivos a serem

perseguidos e ao uso dos recursos disponíveis.

O desenvolvimento sustentável, segundo Jara (1994), não trata, portanto, de

favorecer o simples uso de tecnologias ditas limpas, nem tampouco preservar partes

remanescentes dos ecossistemas naturais, como se tratasse de construir um museu de

história natural. O que se busca é um modelo alternativo de desenvolvimento que implique

novas concepções de estilo de vida, seja no sentindo de elevá-lo ou contê-lo, conforme o

contexto com que se lide.

Um modelo descentralizado de gestão pública, certamente, é um dos grandes

desafios a ser enfrentado para se promover o desenvolvimento sustentável. Esse tipo de

gestão inclui o fortalecimento da democracia representativa e participativa. É comum

verificar como a centralização do processo decisório apagou a participação popular e

consolidou o distanciamento dos governantes, negando às comunidades a oportunidade

para expressar seus interesses. É preciso mudar as práticas autoritárias, verticais e

31

burocráticas, próprias da administração pública tradicional. Estas contribuem para a

ineficiência, promovem o paternalismo e apagam as reivindicações das populações

afetadas pela pobreza (JARA, 1994).

Assim, o desenvolvimento sustentável:

“deve ser visto, portanto, como um processo amplo e abrangente de mudança social e elevação das escolhas e das oportunidades da sociedade, de modo a compatibilizar no tempo o crescimento econômico, a eqüidade social e a conservação do meio ambiente. Encerra, de imediato, a necessidade de uma abordagem multidisciplinar e integradora das diversas dimensões da realidade, como a ambiental, a científico e tecnológica, a econômica, a sociocultural, e a político-institucional. A concretização desta abordagem demanda, por outro lado, o fortalecimento da cidadania e a democratização das instituições e da sociedade.” (GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, 2000 p. 15)

2.1.5 Turismo Sustentável

Nesse contexto de problemas sócio-ambientais, vivenciam-se contemporaneamente

crises econômicas, sociais, políticas, culturais e ambientais em ritmos e proporções

distintas, nas diversas regiões do mundo. Cada povo, agrupamento social de pessoas, as

experimenta de maneira e intensidade diferentes.

A atividade turística tem trilhado esse mesmo caminho. Afinal, foi criada da forma

que se conhece hoje: pelo modelo capitalista de produção, que visa o lucro fácil, não

importando os efeitos que cause.

Nos países desenvolvidos essa realidade já vem sendo combatida, mas nos países

que se dizem em desenvolvimento, tem sido um fator com ações empíricas e aleatórias,

pelo próprio interesse dos países do dito Primeiro Mundo. Mesmo sendo uma afirmação

muito dura, se justifica pela posição de disponibilidade que os países periféricos têm em

relação aos países mais adiantados, remetendo-os aos problemas apresentados pelas

atividades econômicas tradicionais, estando sujeitos à vontade dominante e à disposição

deles para satisfazer suas necessidades de lazer e divertimento, entre outras. Ou seja, há a

necessidade desses grandes poderes precisarem da matéria-prima dos menos favorecidos,

pelos menores custos, principalmente da mão-de-obra e a falta de preparo das populações

locais, que subjugadas ao segundo plano do mundo do trabalho, não conseguem se

desenvolver.

32

Segundo Ouriques (2005), salienta-se que o progresso esperado pela atividade

turística, não deve se espelhar em modelos importados ou em modelos de dependência

econômica dos países desenvolvidos. Na maioria das vezes eles se reproduzem à custa da

exploração ambiental predatória e do sacrifício das populações que residem nos núcleos

turísticos. Principalmente, porque essas populações não têm nem o básico para sua

sobrevivência, quanto mais um nível educacional suficiente para compreender o risco da

situação.

É nesse contexto, segundo Ruschmann (2001), que surge uma forma de

desenvolvimento que se preocupa com todas essas questões. Que não pode ser a salvadora,

mas possui o intuito de diminuir os possíveis impactos negativos acentuados pela

implantação de um turismo sem planejamento, que provém dos princípios e categorias do

desenvolvimento sustentável, só que voltados às práticas da atividade turística, o que se

pode chamar de turismo sustentável.

É importante frisar que muitos autores, como Magalhães (2002), tratam o termo

“Turismo Sustentável” apenas como uma modalidade de turismo - significando Turismo

Ecológico (Ecoturismo), Turismo Alternativo – mas muitos outros autores, como

Ruschmann (2001), Mendonça et al(2000), para citar alguns, o analisa como uma

alternativa para um desenvolvimento sustentável, que busca a justiça social, econômica e

ambiental. É nessa segunda perspectiva que o turismo sustentável deve ser enfocado.

Entretanto, segundo Magalhães (2002), o entendimento do desenvolvimento

sustentável está sendo reinterpretado como uma estratégia de defesa de expansão do

mercado e do lucro, sem levar em consideração as gerações futuras, mas o imediatismo das

regras de mercado. Ele deveria significar mudanças essenciais na estrutura capitalista de

produção e consumo, possibilitar mudança comportamental e resgatar os interesses sociais

da coletividade. Mas, ao contrário, tem sido difundido não deixando clara sua significação

dentro do quadro capitalista, levando a pensar-se ser ele uma “ideologia legitimadora da

insustentabilidade desse regime” (STAHEL, 1995 apud MAGALHÃES, 2002).

Entretanto, segundo Swarbrooke (2000b), com o passar dos tempos, começa a se

vislumbrar uma tendência de mudança a longo prazo, pois reverter esse comportamento é

condição para a manutenção e reprodução da atividade turística por parte da própria classe

capitalista, baseando-se no ocorrido em países desenvolvidos nas fases em que o turismo

foi considerado altamente poluidor e degradador do meio ambiente, em uma época em que

as populações e o ambiente físico foram extremamente prejudicados.

33

Para que ocorra realmente o desenvolvimento do Turismo Sustentável, segundo

Swarbrooke (2000a), se faz necessário satisfazer as necessidades econômicas, sociais e

estéticas mantendo, simultaneamente, a integridade cultural e ecológica, envolvendo a

tomada de medidas políticas vigorosas baseadas em trocas complexas a nível social,

econômico e ambiental. Requer uma visão que abranja um maior tempo e espaço do que

aquele que é tradicionalmente usado ao planejar e tomar decisões relacionadas à

comunidade.

Para que aconteçam as virtudes alardeadas sobre os efeitos multiplicadores do

turismo e do turismo sustentável, que se referem à melhoria da qualidade de vida da

população, à distribuição eqüitativa de renda, a dinamização da economia local e a

conservação do meio ambiente, Coriolano (2007), expõe que são necessárias mudanças de

atitude por parte dos governos, da iniciativa privada e da população local. Não adianta

implementar o desenvolvimento sustentável da atividade turística, sem antes promover um

movimento de conscientização turística nas regiões abrangidas, deixando claro seus

benefícios, seus prejuízos e a importância da participação comunitária.

Essa é uma realidade ainda pouco distante no Brasil, pois os entraves para que a

comunidade local participe desses projetos são gigantes. A começar pela falta de preparo e

desmotivação, mesmo porque suas necessidades básicas não estão solucionadas,

principalmente a falta de educação básica, que acarreta a maioria dos outros problemas,

como por exemplo: a falta de estímulo e orientação para participar das decisões, o que é

imprescindível para que a comunidade se beneficie; a falta de regulamentações

compatíveis com a realidade local; a falta de capacitação para engajá-los nas novas

atividades; além da comunidade ser marginalizada pela iniciativa privada.

Assim, o desenvolvimento do turismo sustentável, segundo o GLOBE’90 (1990),

deve considerar a gestão de todos os ambientes, os recursos e as comunidades receptoras,

de modo a atender às necessidades econômicas, sociais, vivenciais e estéticas, enquanto a

integridade cultural, os processos ecológicos essenciais e a diversidade biológica dos meios

humano e ambiental são mantidos através dos tempos.

O planejamento do turismo sustentável surge, assim, como uma forma de evitar a

ocorrência de danos irreversíveis nos meios turísticos, para minimizar os custos sociais que

afetam os moradores das localidades e para otimizar os benefícios do desenvolvimento

turístico.

Para que isso se torne realidade, o turismo sustentável possui objetivos e princípios

norteadores, que, se seguidos podem alterar as situações problemáticas vigentes.

34

Como objetivos estão o desenvolvimento, a maior conscientização e

estabelecimento sobre a significativa contribuição que o turismo pode dar ao meio

ambiente e à economia; promover a justiça através do desenvolvimento; melhorar a

qualidade de vida da população receptora; e proporcionar aumento da qualidade do meio

ambiente do qual os objetivos anteriores são dependentes.

O Conselho Brasileiro de Turismo Sustentável (CBTS, 2002) continua ao afirmar

que o turismo deve buscar mecanismos e realizar ações que promovam a eqüidade

socioeconômica, a defesa dos direitos humanos, o uso da terra e a qualidade ambiental,

contribuindo para a geração de emprego e renda, fomentando e qualificando a capacidade

local para o desenvolvimento turístico.

É importante frisar que o desenvolvimento do turismo com bases sustentáveis deve

voltar-se para harmonizar as necessidades de quatro componentes: a comunidade

receptora, os visitantes, o meio ambiente e a própria atividade. O que a Organização

Mundial de Turismo – OMT confirma ao explicar:

“O desenvolvimento do turismo sustentável atende às necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras, ao mesmo tempo em que protege e amplia as oportunidades para o turismo. É visto como um conduto ao gerenciamento de todos os recursos, de tal forma que as necessidades econômicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas sem desprezar a manutenção da integridade cultural, dos processos ecológicos essenciais, da diversidade biológica e dos sistemas que garantem vida.” (OMT, 2003, p. 24)

Segundo a OMT, pode-se considerar como princípios do turismo sustentável:

• O planejamento, o desenvolvimento e operação do turismo devem ser parte de

estratégias de conservação ou e desenvolvimento para uma região, estado ou nação.

Devem ser também inter-setorial e integrado, envolvendo várias organizações

governamentais, empresas privadas, grupos de cidadãos e indivíduos, permitindo

deste modo obter o maior número possível de benefícios, pois:

“O turismo sustentável não pode funcionar unicamente na base da imposição da administração publica; é preciso, também, que o setor público privado aceite este conceito e coopere em sua execução, assim como as comunidades locais e os turistas devem prestar a sua colaboração ao processo.” (OMT, 2003, p. 22)

35

• As organizações, empresas, grupos e indivíduos devem seguir princípios éticos, que

respeitam a cultura e o ambiente da área anfitriã, o modo de vida a nível econômico

e tradicional, a comunidade e o comportamento tradicional, os padrões de liderança

e política;

• O turismo deve ser planejado e gerido de uma forma sustentável, tendo em conta a

proteção e utilização econômica adequada do ambiente natural e humano das áreas

anfitriãs;

• O turismo deve ser levado a cabo com eqüidade, tendo em vista a justa distribuição

dos benefícios e custos pelos promotores de turismo e pelas áreas anfitriãs;

• No interesse individual e coletivo, devem estar disponíveis, antes e durante o

processo de desenvolvimento, informações detalhadas, pesquisas e comunicados

sobre a natureza do turismo e os seus efeitos sobre o ambiente humano cultural,

particularmente paras as pessoas, de modo a que possam participar e exercer a

maior influência possível sobre o desenvolvimento e seus efeitos. É necessário

incentivar a população local no sentido de assumirem cargos de liderança no

planejamento e desenvolvimento, com a ajuda do governo, empresas, instituições

financeiras e outros;

• Antes de dar início a qualquer projeto principal, devem ser efetuadas análises de

planejamento econômico, social e ambiental, dando uma especial atenção a

diversos tipos de desenvolvimento do turismo e as formas como estas se podem

relacionar com práticas atuais, formas de vida e questões ambientais;

• Durante todas as fases de desenvolvimento e operação do turismo, deve ser levado

a sério um programa de avaliação, supervisão e medição cuidadoso, de modo a

permitir a população local tirar partido das oportunidades ou adaptar-se às

alterações.

Deve-se ainda atentar que a participação social deve ser orientada pelos três eixos

do desenvolvimento do turismo sustentável, a preservação ambiental, a equidade social e o

crescimento econômico, pelo estabelecimento de mecanismos que a promovam, pois,

como diz Dias (2003) não há desenvolvimento turístico sustentável sem a integração da

comunidade local em todas as fases do processo.

Portanto, se bem planejado dentro dos princípios da sustentabilidade, levando em

consideração, como diz Jacobs (1997 apud MAZARO, 2005), que não é uma meta a ser

36

alcançada da noite para o dia, mas sim um processo de troca que deve iniciar-se com a

modificação do desenvolvimento atual, sendo uma etapa de transição onde todos os

esforços orientados à investigação, planejamento e implantação sejam uma proposta de ir

se alcançando aos poucos o caminho correto. Assim, o turismo poderia possibilitar

impactos positivos e ser um catalisador para a restauração, conservação e revitalização de

paisagens naturais e culturais, podendo reforçar a cultura local, e, por fim, contribuir para a

geração de emprego e renda das comunidades receptoras.

2.2 Indicadores Sócio-Ambientais no Turismo

O confronto entre as atividades econômicas e a utilização racional dos recursos

naturais remete a um estado de alerta quanto ao processo contínuo de destruição dos bens

ambientais.

O desenvolvimento econômico, segundo Souza (1997), ao intensificar o processo

de retirada dos bens naturais, compromete não só a qualidade ambiental. Danifica também

o próprio desenvolvimento pela reposição ao meio ambiente dos resquícios advindos da

utilização não sustentável, os quais geram inúmeros custos sociais. Custos estes que

precisam ser urgentemente contidos.

A crise ambiental, ao assumir proporções globais, revela uma crescente

preocupação acerca dos danos causados ao meio ambiente. É papel dos seres humanos,

requerer uma abordagem direcionada na dimensão da sustentabilidade.

Para assegurar a sustentabilidade ambiental, é necessário manter a capacidade

produtiva, bem como a oferta de serviços ambientais dos ambientes naturais a fim de que

não haja transformações nas características biofísicas, evitando assim, uma degradação que

supere a possibilidade de conduzir a um novo patamar de equilíbrio.

Nos centros urbanos, essa realidade se agrava à medida que a concentração

populacional, como afirma Bezerra e Fernandes (2000), tende a crescer, já que em 1975 a

população urbana mundial representava 37,73% do total, podendo chegar ou até

ultrapassar o percentual de 61% no ano de 2025. Na América Latina, o percentual que já

era de 61,32% em 1975, deverá ultrapassar os 84% até o ano de 2020.

O resultado deste cenário, é as cidades têm-se apresentado como o palco de

inúmeros contrastes. Embora sejam, inegavelmente, o cerne do progresso e do

desenvolvimento em todas as áreas, possibilitando a proximidade às oportunidades de

geração de renda, o acesso à cultura, ao lazer, aos serviços e à vida social diversificada,

37

geram também inúmeros problemas. A grande concentração de massas edificadas e as altas

densidades causam sérios impactos na estabilidade do meio ambiente. Produzem espaços

desqualificados e insalubres, propiciam exclusão e marginalidade e impõem um ritmo de

vida, à maioria dos seus ocupantes, incompatível com os conceitos estabelecidos como

qualidade de vida.

Dentro dessa complexidade, encontra-se a atividade turística, ao se relacionar com

o meio ambiente, principalmente por ser um dos mais importantes vetores de ocupação do

território e do litoral brasileiro, onde se concentra.

Como diz Moraes (1999), a atividade turística manifesta-se associada a vários

processos. Ora estruturada como um setor dentro da estruturação urbana de uma cidade

litorânea. Ora articulada a espaços de segundas residências, geralmente de alto padrão e

que mobiliza proprietários de terras, incorporadores, corretores e a indústria da construção

civil. E ainda como indutora da ocupação de novas áreas.

Nesse sentido, a ocupação desordenada pela expansão dos loteamentos, a

implantação de grandes empreendimentos hoteleiros, o grande número de visitantes

principalmente nos meses de verão, etc., expõem a necessidade de medidas específicas de

planejamento e controle ao indicar a situação de potencial risco a que o meio ambiente está

sujeito.

É nesse contexto de complexidade, que se faz necessário o estabelecimento de

indicadores de medição acessíveis a todos os interessados na construção do espaço, no caso

deste estudo, o turístico, viabilizando a gestão compartilhada, a definição prévia de

responsabilidades, a avaliação, a criação de cenários que projetem os resultados das

diversas alternativas disponíveis, destacando-se assim os mecanismos factíveis a um

processo de gestão ambiental sustentável.

2.2.1 Indicadores: considerações gerais e definições

Há muito tempo estabeleceu-se a prática de avaliar o bem-estar de uma população

e, conseqüentemente, de classificar os países ou regiões pelo tamanho de seu PIB per

capita. Entretanto, o progresso humano e a evolução das condições de vida das pessoas não

podem ser medidos apenas por sua dimensão econômica.

Por isso, existe uma busca constante por medidas sócio-econômicas mais

abrangentes, que incluam também outras dimensões fundamentais da vida e da condição

humana.

38

A medição é parte inerente na gestão de qualquer processo e é igualmente

importante no caso da implantação de programas de desenvolvimento. Gilbert e Feenstra

(1999), apontam que os indicadores são essenciais para tornar visíveis características e/ou

programas da cidade que não são claramente compreendidos e avaliar a extensão dos

problemas considerados. Para sua efetiva utilização os indicadores devem possuir

características representativas e científicas; ser quantificáveis, simples e de fácil

interpretação e divulgação. Apresentar tendências ao longo do tempo e indicar com

antecedência o surgimento das irreversíveis. Ser sensíveis a mudanças no ambiente ou na

economia. Ser referente a dados já existentes ou coletados a custos razoáveis e possibilitar

atualizações a intervalos regulares de tempo. Ser baseados em dados confiáveis e possuir

um parâmetro com que possam ser comparados.

Por isso, é importante, em primeiro lugar, para entender o que é e para que serve

um indicador, destacar que ele é um instrumento, não podendo ser confundido com o

resultado de um processo. Deve estar inserido numa estratégia de avaliação.

O termo indicador é originário do latim indicare, que significa descobrir, apontar,

anunciar, estimar.

Para vários autores, como Camino e Muller (1993); Clain (1997); Carvalho (1993);

Sanchez e Palomino (1988), este processo tem início com a realização de uma

caracterização geral do espaço que será analisado, de acordo com a escala geográfica

considerada. Esta ação deve ser precedida da identificação dos aspectos que têm relevância

para o problema em questão. A partir destes aspectos, são estabelecidas as ferramentas de

avaliação das condições desses elementos: os indicadores.

Nas ciências ambientais, segundo Bittencourt (2006), indicador significa um

organismo, uma comunidade biológica ou outro parâmetro (físico, químico, social) que

serve como medida das condições de um fator ambiental, ou um ecossistema.

Já os indicadores sociais, segundo Villamonte (2001), é uma medida em geral

dotada de significado social substantivo, usado para substituir, quantificar ou

operacionalizar um conceito social abstrato, de interesse teórico (para pesquisa acadêmica)

ou programático (para formulação de políticas públicas). É um recurso metodológico,

empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da realidade social ou sobre

mudanças que estão se processando na mesma.

De uma forma ou de outra, um indicador é, de acordo com Mitchell (1997), uma

ferramenta que permite a obtenção de informações sobre uma dada realidade, devendo ter

como principal característica, a capacidade de sintetizar um conjunto complexo de

39

informações, retendo apenas o significado essencial dos aspectos analisados. Em função

disso, pode ser definido como uma resposta sintomática às atividades exercidas pelo ser

humano dentro de um determinado sistema (DPIE, 1995). Hammond et al.(1995) alertam

que o significado de um indicador depende da interpretação que a ele é dada.

Falando em interpretação, Machado (1987), Bouni (1996) e Hansen (1996),

afirmam que o processo de interpretação de indicadores deve ser revestido de muito

cuidado, pois pode ser influenciado por fatores subjetivos inerentes ao observador. Em

função disso, é necessário definir escalas de referências que balizarão a leitura das

informações.

Por escala entende-se o limite do sistema que será analisado, ou seja, as escalas do

macro ao micro, nacional, regional, municipal, da unidade de produção e dos sistemas

produtivos (BOUNI, 1996).

Assim, a complexidade de qualquer território a ser estudado torna mais delicada e

difícil a tarefa de definir indicadores. A necessidade de obter informações sobre a dinâmica

social, política, econômica e ambiental não pode ser feita de maneira isolada para cada

aspecto. É preciso identificar as relações inter-dimensionais e os reflexos resultantes das

interações que ocorrem a partir disso. Para Hatchuel e Poquet (1992); Kline (1994) e

Heeney (1995), a interpretação monodisciplinar não é suficiente para oferecer respostas

completas nestes casos.

Para Hammond et al. (1995), e Freyenberg et al. (1997), os dados convencionais

não capturam aspectos-chave para qualquer desenvolvimento, principalmente se for com

base nas premissas sustentáveis, impondo, assim, a construção de indicadores baseados em

novos conceitos e que devem ser interpretados a partir de uma lógica diferente da

tradicional.

Por isso que Campanella (1995) e Brown Jr. (1987), afirmam que os indicadores

são medidas da condição dos processos, da reação ou do comportamento, que podem

fornecer confiável resumo de sistemas complexos, permitindo evidenciar modificações que

ocorrem em uma dada realidade, principalmente aquelas mudanças determinadas pela ação

antrópica.

Para Benbrook e Groth III (1996), um indicador é apenas uma medida, não um

instrumento de previsão ou uma medida estatística definitiva, nem evidência da

causalidade, apenas constatando uma dada situação. As possíveis causas e conseqüências

ou previsões que podem ser feitas são um exercício de abstração do observador, elaborados

a partir de sua própria experiência.

40

Segundo a Organization for Economic Cooperation and Development - OECD, um

indicador deve ser entendido como um parâmetro, ou valor derivado de parâmetros que

apontam e fornecem informações sobre o estado de um fenômeno, com uma extensão

significativa (OECD, 1993a).

Para Sato (2005), "os indicadores são instrumentos que permitem simplificar,

quantificar e analisar informações técnicas para transmiti-las aos mais diversos grupos de

usuários".

Um indicador, segundo Abbot e Guijt (1999), é algo que auxilia a transmitir um

conjunto de informações sobre complexos processos, eventos ou tendências.

De acordo com Bellen (2002):

“Os indicadores podem comunicar ou informar acerca do progresso em direção a uma determinada meta, como, por exemplo, o desenvolvimento sustentável, mas também podem ser entendidos como um recurso que deixa mais perceptível uma tendência ou fenômeno que não seja imediatamente detectável.” (BELLEN, 2002 p. 28)

Mesmo com todas essas virtudes, existem dificuldades no trabalho com

indicadores, pois como se faz necessário informações precisas sobre o espaço que se irá

trabalhar, principalmente nos países menos desenvolvidos, segundo Scatolin (1989), há

ausência dessas bases de informações e há a dificuldade de acesso aos dados disponíveis

sobre a realidade a ser estudada.

Devido a essas dificuldades, o estabelecimento de indicadores, assim como a

estruturação do conjunto de indicadores, variam em função da metodologia usada, do

público alvo, da disponibilidade de dados e do uso pretendido. Para Marzall e Almeida

(1999), um único conjunto, determinado, de indicadores, não pode fornecer informações

para todas as realidades, em função da relatividade espacial, isto é, das características de

cada conjuntura analisada.

As características que determinam a exatidão, dependem do tipo de informação. Por

exemplo, a exatidão de informações qualitativas: (beleza de cenário, qualidade do ar,

riqueza, pobreza, odores, conforto térmico, etc.) depende da clareza, detalhamento e

equilíbrio de sua apresentação. Sofrem uma grande influência da percepção dos indivíduos,

baseando-se na forma como as pessoas percebem a sua realidade. A exatidão de

informações quantitativas: (aspectos físicos, químicos, biológicos, de saúde, etc.), por

outro lado, pode depender dos métodos de amostragem usados na coleta de dados oriundos

41

de várias unidades de operação. “O nível de exatidão necessário dependerá em parte do uso

que se pretende fazer da informação. Certas decisões exigirão um nível mais alto de

exatidão do que outras” (INSTITUTO ETHOS, 2002, p.26).

Verificando essa imensa gama de interpretações e dificuldades é importante alertar,

como Eswaran et al. (1994), para a diversidade de termos e sentidos surgidos na literatura

que se referem ao tema. Numa breve revisão citam como exemplos, em inglês: indicators,

vital signs, data, standards, targets, thresholds, endpoints etc. Em português: elementos,

descritor, indicador, parâmetro, variável, padrão etc.

Por isso é necessário entender, como comenta Eswaran et al. (1994), o sentido

desses termos de acordo com as seguintes ilustrações:

1. Como elementos, podem-se considerar os recursos naturais (água, solo, fauna,

vegetação, recursos culturais, etc.);

2. Os descritores seriam aspectos relevantes desses elementos (qualidade da água,

matéria orgânica do solo, renda da população, etc.);

3. Os indicadores, por sua vez, seriam medidas relevantes para esses descritores

(concentração de nitrogênio (N) e fósforo (P) na água, teor de carbono (C) no solo,

média de salários, etc.). Dito de outra maneira, são parâmetros selecionados e

considerados isoladamente ou combinados entre si, sendo de especial pertinência

para refletir determinadas condições dos sistemas em análise (normalmente são

utilizados com pré-tratamento. Isto é, são efetuados tratamentos aos dados

originais, tais como médias aritméticas simples, percentuais, medianas, entre

outros);

4. Padrão pode ser entendido como o conjunto de medidas que estabelecem

restrições, determinadas pela resistência do sistema, ao processo de

desenvolvimento;

5. Parâmetro corresponde a uma grandeza que pode ser medida com precisão ou

avaliada qualitativamente/quantitativamente, e que se considera relevante para a

avaliação dos sistemas ambientais, econômicos, sociais e institucionais; como os

aspectos estruturadores do conjunto da vida social e da natureza (rendimento por

pessoa, estoque do capital natural, capacidade de regeneração do estoque natural,

etc.).

42

Assim, segundo McQueen e Noak (1988), indicador pode ser considerado como

uma medida que resume informações relevantes de um fenômeno particular ou um

substituto desta medida.

2.2.2 Indicadores: objetivos, características e tipologia

De acordo com Fernandes (2004), a tarefa básica de um indicador é:

“Expressar, da forma mais simples possível, uma determinada situação que se deseja avaliar. O resultado de um indicador é uma fotografia de dado momento, e demonstra, sob uma base de medida, aquilo que está sendo feito, ou o que se projeta para ser feito.” (FERNANDES, 2004 p. 3)

Ao se observar todas as considerações até este dado momento, verifica-se que a

relação indicadores e sustentabilidade se torna válida, pois em todos os momentos vê-se a

inter-relação entre eles.

Confirmando essa prerrogativa, segundo Braga et al (2004), está o trabalho

desenvolvido pela Comissão para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas

(CDS/ONU), que ao discorrer sobre o assunto, aponta quatro categorias de aspectos que

contribuem fundamentalmente para o desenvolvimento sustentável: 1) os aspectos

institucionais, que compreendem a estrutura e o funcionamento das instituições, aqui

entendidas no seu sentido lato e englobando, quer as instituições clássicas, de índole mais

ou menos estatal, quer as organizações não governamentais (ONG) e as empresas; 2) os

aspectos econômicos, nas suas diferentes escalas (micro, macro); 3) os aspectos sociais e

4) os aspectos ambientais. Da integração e ponderação destes aspectos devem resultar

indicadores de desenvolvimento sustentável na total abrangência do conceito.

Assim, a construção de indicadores para se alcançar a sustentabilidade é um

processo complexo, pois deve refletir de uma maneira abrangente a interação da sociedade

com o meio ambiente e os diversos fatores envolvidos. Para construir tais indicadores

necessita-se obter uma sólida base de informações que correlacione fatores

socioeconômicos e ambientais e que seja capaz de mensurar os passos rumo ao

desenvolvimento sustentável. Ademais, deve haver capacitação e envolvimento da

sociedade local na discussão e planejamento do seu futuro como região (RIBEIRO, 2005).

43

Todavia, para Braga et al. (2004), apesar da sustentabilidade ter se tornado

referência nos mais diversos círculos de discussão, ainda é um conceito em permanente

construção, conforme suas pesquisas:

“O conceito de sustentabilidade, ou desenvolvimento sustentável, embora utilizado de forma ampla nas décadas a ponto de se tornar referência obrigatória em debates acadêmicos, políticos e culturais, está longe de possuir significado consensual. É, antes, um conceito em permanente construção e reconstrução, um campo de batalha simbólico e uma poderosa ferramenta de marketing que uma referência consolidada de padrões de relação entre conservação ambiental e crescimento econômico.” (BRAGA et al, 2004 p. 12)

Com isso, a utilização de indicadores para avaliar a dinâmica de um sistema

complexo (ambiente, organização, território etc) deve levar em conta seus objetivos

essenciais, suas características e sua tipologia, para os quais o mesmo foi concebido. A

priori, para muitos autores como FAO e ITTO (2004), McCann (1995), Clain (1997),

Brown Jr. (1987), Hatchuel e Poquet (1992), Blaudine apud Tank-Torniselo (1997),

Carvalho (1993), Fuentes Llanillo et al. (1993), Hammond et al. (1992), Kline (1994),

Scatolin (1989), DPIE (1995), Turnes (2004), um indicador pode ter como objetivos:

a) Definir ou monitorar a sustentabilidade de uma realidade;

b) Facilitar o processo de tomada de decisão;

c) Evidenciar em tempo hábil modificação significativa em um dado sistema;

d) Caracterizar uma realidade, permitindo a regulação de sistemas integrados;

e) Estabelecer restrições em função da determinação de padrões;

f) Detectar os limites entre o colapso e a capacidade de manutenção de um sistema;

g) Tornar perceptíveis tendências;

h) Sistematizar as informações, simplificando a interpretação de fenômenos complexos;

i) Ajudar a identificar tendências e ações relevantes, bem como avaliar o progresso em

direção a um objetivo;

j) Prever o status do sistema, alertando para possíveis condições de risco;

k) Detectar distúrbios que exijam o replanejamento;

l) Medir o progresso em direção à sustentabilidade.

É importante atentar, também, para as características, pois um indicador pode ser

avaliado a partir do seu significado, sua aplicabilidade e sua interpretação.

44

a) Quanto ao seu significado, deve (CAMINO e MÜLLER, 1993; HAMMOND et al.,

1995; HATCHUEL e POQUET, 1992; MITCHELL, 1997):

• Ser significativo em relação à sustentabilidade do sistema;

• Ser relevante politicamente;

• Revelar tradução fiel e sintética da preocupação.

b) Quanto à sua aplicabilidade, deve (CAMINO e MÜLLER, 1993; SWINDALE, 1994;

MITCHELL, 1997; LIGTHFOOT, 1994; IISD, 2003; ESWARAN et al., 1994;

HATCHUEL e POQUET, 1992):

• Permitir repetir as medições no tempo;

• Prever a interação no tempo e no espaço de diferentes elementos da população,

considerando aspectos históricos e condições atuais de diferentes comunidades;

• Permitir um enfoque integrado relacionando-se com outros indicadores, e

analisando-se essas relações;

• Ter mensurabilidade (tempo e custo necessário, e viabilidade para efetuar a

medida);

• Ser replicável e verificável;

c) Quanto à sua interpretação, deve (DPIE, 1995; HAMMOND et al., 1995; IISD, 2003;

MITCHELL, 1997):

• Ter claros princípios de base, assim como clara visão dos objetivos que se quer

alcançar;

• Ser de fácil interpretação pelo seu usuário;

• Ter uma metodologia de medida bem determinada e transparente;

• Ser elaborado através da participação ampla, representativa de todos os usuários;

• Possuir responsáveis pelo processo de tomada de decisão, pela coleta de dados e

pelo processo de avaliação.

Já os tipos de indicadores podem ser classificados a partir de suas características e

vários autores os tipificam de formas diferentes.

Hatchuel e Poquet (1992), trabalham com tipos diferenciados. Os autores definem

como indicadores de resultados aqueles que relatam a situação de uma determinada

realidade, enquanto os indicadores de processo são aqueles que monitoram os

procedimentos econômicos e administrativos adotados durante uma ação. Caracterizam,

45

ainda, como indicadores objetivos aqueles que medem dados físicos e indicadores

subjetivos aqueles que medem a percepção dos indivíduos.

Eswaran et al (1994), utilizam a definição de indicadores proxies. Ou seja, aqueles

que são estabelecidos a partir de parâmetros de fácil medida, que estão de alguma forma

correlacionados ao aspecto que se quer conhecer, mas são de difícil avaliação ou

demandam custos elevados para sua avaliação. O autor apresenta também o conceito de

cripto-indicadores, compreendidos como indicadores estabelecidos a partir de valores

culturais ou éticos, presentes no inconsciente popular.

No desenvolvimento de indicadores, as abordagens da Organization for Economic

Cooperation and Development - OECD (1993b) e Enviromental Protection Agency - EPA

(1995), têm-se constituído marcos direcionadores, em especial para a área ambiental. O

sistema conceitual de indicadores, proposto e adotado pelos países da OECD, baseia-se no

entendimento comum de seus pressupostos, servindo como referência e sendo o mais

adotado atualmente no mundo. O sistema Pressão-Estado-Resposta (PER), como é

denominado, está baseado no conceito da causalidade que a OECD (1993a) denomina

como atividades humanas que exercem pressão sobre o meio ambiente e mudam sua

qualidade e a quantidade dos recursos naturais (estado). A sociedade responde a estas

mudanças através de políticas ambientais, econômicas e setoriais (resposta social). Estes

passos formam parte de um ciclo (política) ambiental que inclui a percepção dos

problemas, a formulação de políticas, monitoramento e avaliação política.

O PER está baseado, segundo a OECD (1993a) em três grupos chaves de indicadores:

• Indicadores de pressão – descrevem as pressões antrópicas exercidas sobre o meio

ambiente e que causam mudanças qualitativas e quantitativas nos recursos naturais.

Compreendem indicadores de pressão imediata, (pressão diretamente exercida

sobre o meio ambiente, normalmente expressa em termos de emissões ou consumo

de recursos naturais) e indicadores de pressão indireta. (refletem atividades que

levam a futuras pressões ambientais);

• Indicadores de estado – correspondem ao “estado” e relacionam-se com a qualidade

ambiental e aspectos de quantidade/qualidade dos recursos naturais, refletindo o

objetivo final das políticas ambientais e proporcionando uma visão geral da

situação (estado) do meio ambiente e o seu desenvolvimento ao longo do tempo;

46

• Indicadores de resposta – correspondem às respostas sociais – ações individuais e

coletivas para mitigar ou prevenir impactos negativos induzidos pelas atividades

humanas -, para interromper ou reverter danos ambientais infligidos ao meio e

caracterizados pelas mudanças ambientais. Estas respostas também contemplam

ações pertinentes à preservação e conservação do meio natural e seus recursos.

Indicadores de resposta devem refletir esforços da sociedade no processo de

enfrentamento da problemática ambiental.

O modelo fundamenta-se no fato de que as atividades humanas produzem pressões

que podem afetar o estado do ambiente, que leva a sociedade a apresentar respostas a esses

problemas.

Além destes, outros modelos podem ser citados como ilustração da variedade de

estudos que vêm sendo empreendidos. A AEA (American Economic Association) propõe

um modelo conceitual, denominado DPSIR, cuja filosofia geral é dirigida para analisar

problemas ambientais. Este modelo considera que as Atividades Humanas (D - "Driving

forces"), nomeadamente a indústria e os transportes, produzem Pressões (P - "Pressures")

no ambiente, tais como emissões de poluentes, as quais vão degradar o Estado do

Ambiente (S - "State of the environment"), que por sua vez poderá originar Impactos (I -

"Impacts on the environment") na saúde humana e nos ecossistemas, levando a que a

sociedade emita Respostas (R - "Responses") através de medidas políticas, tais como

normas legais, taxas e produção de informação, as quais podem ser direcionadas a qualquer

compartimento do sistema (USEPA, 1997).

Assim, todos estes objetivos, características e tipos tendem a potencializar as ações

que buscam o aumento do protagonismo dos atores locais, isto é, podem contribuir para o

aumento do nível de percepção social sobre a realidade local e oferecer informações que

orientem a tomada de decisão e permitam a avaliação constante de todo o processo de

desenvolvimento.

Verifica-se, com isso, a importância dos indicadores no processo de tomada de

decisão. Fazendo-se um paralelo entre a função dos indicadores relacionado à tomada de

decisões, Bellen (2002), afirma que em relação às funções dos indicadores, estes podem ser

divididos em dois grupos: Os indicadores sistêmicos, ou descritivos, descrevem um grupo

de medidas individuais para diferentes questões características do ecossistema e do sistema

social e comunicam as informações mais relevantes para os tomadores de decisão.

Indicadores sistêmicos estão fundamentados em referenciais técnicos. Os indicadores de

47

performance, que são ferramentas para comparação, que incorporam indicadores

descritivos e referências a um objetivo político específico. Eles fornecem aos tomadores de

decisão informações sobre o grau de sucesso na realização de metas locais, regionais,

nacionais ou internacionais.

Estes indicadores são utilizados dentro de diversas escalas, no campo da avaliação

política e no processo decisório.

Ainda, para Bellen (2002):

“A crescente utilização de indicadores mostra que estes são importantes ferramentas para a tomada de decisão e para melhor compreender e monitorar as tendências, sendo, portanto, úteis na identificação dos dados mais relevantes e no estabelecimento de sistemas conceituais para a compilação e análise de dados.” (BELLEN, 2002. p. 36)

Sendo assim, conclui Bellen (2002), que:

“Devido às incertezas naturais, entretanto, os sistemas são apenas parcialmente ratificados pela ciência e também pelo processo político. Desta maneira, as ferramentas de avaliação são resultantes de um compromisso entre a exatidão científica e a necessidade de tomada de decisão, em função do caráter urgente da ação. Esta limitação pode ser facilmente observável no campo social, onde muitas variáveis não são quantificáveis e não podem ser definidas em termos físicos.” (BELLEN, 2002. p. 36)

Turnes (2004), apresenta uma síntese de algumas das principais vantagens e

limitações da utilização de indicadores:

• Vantagens

- Avaliação dos níveis de desenvolvimento sustentável.

- Capacidade de sintetizar a informação de caráter técnico/científico;

- Identificação das variáveis-chave do sistema;

- Facilidade de transmitir a informação;

- Bom instrumento de apoio à decisão e aos processos de gestão ambiental;

- Sublinhar a existência de tendências;

- Possibilidade de comparação com padrões e/ou metas pré-definidas.

• Limitações

- Inexistência de informação base;

48

- Dificuldades na definição de expressões matemáticas que melhor traduzam os

parâmetros selecionados;

- Perda de informação nos processos de agregação dos dados;

- Diferentes critérios na definição dos limites de variação do índice em relação às

imposições estabelecidas;

- Ausência de critérios robustos para seleção de alguns indicadores;

- Dificuldades na aplicação em determinadas áreas como o ordenamento do

território e a paisagem.

Portanto, perante esse contexto, na presente pesquisa, a finalidade dos indicadores

será indicar uma perspectiva geral sobre a situação sócio-ambiental que a atividade

turística executada de forma desordenada impõe a uma comunidade receptora. Desta

forma, é preciso considerar entre outros aspectos a relevância política, o caráter holístico e

a facilidade de interpretação por todos os indivíduos que vivem na comunidade. Ou seja,

um sistema de indicadores que forneça bases, para posteriores pesquisas, para a

amenização dos problemas sócio-ambientais, específicos ou agravados pelo turismo. Por

isso, o sistema de indicadores adequado deve ser acessível ao conjunto dos atores sociais e

não apenas aos técnicos ou especialistas que se conectam ao processo de desenvolvimento.

2.2.3 Indicadores no Turismo: aspectos sócio-ambientais

Com a finalidade de se ampliar o conhecimento da realidade, criam-se estatísticas e

indicadores. Estes desempenham diferentes papéis sob diferentes aspectos, pois orientam o

setor econômico e social, sendo indispensáveis aos pesquisadores, além de contribuir para

que o cidadão possa ter diferentes visões de mundo e acompanhar o que se passa na

sociedade.

Como o próprio nome sugere, indicadores têm a finalidade de apontar ou de indicar

algo. Os indicadores sócio-ambientais são instrumentos cuja função é a de auxiliar a

compreensão dos fatos sociais. Contudo, eles não podem ser considerados coisas isoladas,

pois esses fatos não estão dissociados do ambiente em que se inserem e não devem ser

estudados de forma separada.

É com o intuito de melhor compreender os impactos causados pela atividade

turística que os indicadores devem ser utilizados, pois assim como eles, o fenômeno

turístico também envolve questões sócio-culturais, econômicas e que possui como matéria

49

prima o meio ambiente, levando em consideração todos os fatores que a utilização de

indicadores identifica como visto anteriormente.

É interessante reforçar, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –

IBGE (2004), que publicou o relatório dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável,

que aponta os seus quatro princípios, divididos em quatro categorias: a ambiental, a social,

econômica e a institucional.

Na dimensão ambiental, os objetivos se relacionam ao uso dos recursos naturais e à

degradação ambiental além dos objetivos de preservação e de conservação do meio

ambiente, considerados fundamentais às futuras gerações. Estas questões aparecem

organizadas nos seguintes temas: atmosfera, terra, água doce, oceano (mares e áreas

costeiras), biodiversidade e saneamento (abastecimento de água, esgotamento sanitário,

coleta e destino de lixo). O tema saneamento está inserido na dimensão ambiental, porque

seus elementos expressam pressões sobre os recursos naturais e envolvem questões

relacionadas à política ambiental (IBGE, 2004).

Para a dimensão social relacionaram-se especialmente objetivos ligados à satisfação

das necessidades humanas, à melhoria da qualidade de vida e à justiça social. Entre os

temas abordados encontram-se população, trabalho e rendimento, saúde, educação,

habitação e segurança (IBGE, 2004).

A dimensão econômica ocupa-se dos objetivos de eficiência dos processos

produtivos e das alterações nas estruturas de consumo, orientadas a uma produção

economicamente sustentável. Sua temática trata do desempenho macroeconômico e

financeiro além dos impactos no consumo de recursos materiais e do uso de energia

primária (IBGE, 2004).

A dimensão institucional está relacionada à orientação política, que representa a

capacidade e o esforço utilizado para promover as mudanças requeridas em busca de uma

efetivação do desenvolvimento sustentável. Ainda, segundo IBGE (2004), essa é uma

dimensão que aborda temas de difícil medição, carecendo, pois, de estudos mais profundos

para seu aprimoramento.

Por isso, mesmo não sendo o objetivo principal deste trabalho, se utilizaram

a investigação sobre a evolução da atividade de uma determinada localidade, analisada por

meio da utilização de alguns indicadores sócio-ambientais presentes entre os elementos

que compõem o sistema turístico apresentado anteriormente, pois os indicadores são

instrumentos que auxiliam a representação da realidade e possibilitam a construção do

50

panorama das condições dos espaços observados no qual o planejamento turístico deverá

se basear.

Além disso, os indicadores possibilitam uma avaliação mais qualitativa do

fenômeno que contribui para a criação de modelos alternativos para o estudo do turismo a

partir de indicadores locais. Foge, assim, aos modelos tradicionais de investigação, muitas

vezes baseados em “ilusões estatísticas”. Como, por exemplo, o número de entrada e saída

de turistas em uma determinada localidade, como muitas instituições, sejam elas públicas

ou privadas, preferem se basear.

2.3 Métodos de Avaliação Sócio-Ambiental

Segundo Fernandes et al (1996), a palavra método vem do latim methodu e

significa um processo racional para se chegar a determinado fim. Sendo uma maneira de

proceder, um processo ou técnica para chegar ao conhecimento ou demonstração de

verdade.

Já a palavra avaliação, seguindo o pensamento desse mesmo autor, é o ato ou efeito

de avaliar, vem do verbo avaliar, que quer dizer determinar o valor de alguma coisa.

Ou seja, um método de avaliação nada mais é do que um processo para se avaliar

alguma coisa de forma mais precisa, que utiliza indicadores como ferramenta de auxílio

para se chegar a resultados mais reais.

Assim, segundo Adulis (2002), ao discorrer sobre as avaliações nas organizações, a

principal finalidade de uma avaliação deveria ser gerar informações e conhecimentos para

que os gestores possam tomar decisões que aumentem a eficácia, a qualidade e a eficiência

da organização.

Mesmo assim, a avaliação ainda é vista como uma atividade isolada, realizada

geralmente ao término de um projeto, com o propósito de controle ou fiscalização. E não

como um processo que favorece a tomada de decisões.

Pesquisas como as de Barreto e Távora Júnior (1998), Eustáchio e Távora Júnior

(1999), Adulis (2002), vêm tratando apenas de avaliação de projetos ora sociais ora

ambientais, vendo-se pouca inter-relação desses dois aspectos, embora um leve ao outro,

irremediavelmente.

É importante lembrar a preocupação com os problemas de desenvolvimento, de

impactos sociais e a determinação de impactos ambientais, pois com o conhecimento dos

51

possíveis danos, será possível a elaboração de métodos sistematizados para se avaliar

quantitativa e qualitativamente o custo dessas alterações sócio-ambientais.

Nesse contexto, deve-se considerar, também, a juventude do estudo sobre esses

métodos, que datam da década de 1960, onde os responsáveis pela elaboração de projetos

de investimentos passaram a se preocupar com as externalidades causadas pela execução

de tais projetos, como os impactos antropológicos, socioeconômicos e ambientais.

Dessa forma, segundo Barreto e Távora Júnior (1998), a valoração dos recursos

ambientais torna-se uma questão primordial para promover uma ação mais eficaz na

tomada de decisão sobre projetos públicos. A principal dificuldade na valoração dos

recursos ambientais está no fato de que não é possível estabelecer preços com precisão

para tais recursos. Embora esses recursos não tenham preço estabelecido pelo sistema de

mercado, o seu valor econômico existe, na medida que seu bom ou mau aproveitamento

afeta a produção e o consumo da sociedade, bem como o seu nível de bem-estar.

Segundo Eustáchio e Távora Júnior (1999), para uma avaliação dos impactos

ambientais precisa-se de um profundo estudo dos efeitos e conseqüências de uma interação

do homem com o meio-ambiente, com o objetivo de identificar e diagnosticar os possíveis

danos ambientais oriundos de ações adotadas em projetos que interfiram de algum modo

no equilíbrio ambiental.

Entretanto, segundo Barreto e Távora Júnior (1998), como os recursos sempre são

escassos, quando comparados com as necessidades da sociedade, é preferível se tomar

decisões sobre o uso desses recursos baseando-se nas informações provenientes do uso de

procedimentos racionais e de técnicas que, embora não infalíveis, são de reconhecido

valor.

Assim, Eustáchio e Távora Júnior (1999), afirmam que é evidente, quando se avalia

ativos ambientais, tratar-se de uma infinita gama de bens e serviços, que aumentam a

medida que observa-se mais detalhadamente as suas qualidades e características. Isto

implica inequivocamente numa variada elaboração de métodos que possibilitam a

mensuração destes ativos. Para cada tipo de benefício ou dano ambiental uma metodologia

se adequa mais e, mesmo assim, é necessário uma adaptação do modelo geral.

Já os estudos sobre avaliação dos impactos sociais de projetos, deu-se início nos

anos 1970, em que o Banco Mundial já registrava o desejo em apoiar projetos nos países

subdesenvolvidos à aplicação de uma metodologia de análise denominada de “Avaliação

Social de Projetos”, sendo uma das mais usadas, mas não a única existente.

52

Adulis (2002), afirma que empregando processos de avaliação, os gestores podem

obter informações importantes para conhecer melhor as necessidades e a percepção dos

usuários/beneficiários, testar a viabilidade de seus projetos, certificar-se de que as ações

desenvolvidas levarão ao alcance dos resultados previstos, ou ainda, conhecer e mensurar o

impacto de suas ações.

O autor revela, ainda, que os processos de avaliação de projetos sociais envolvem,

geralmente, atividades, como:

1. Planejamento/desenho do processo de avaliação;

2. Levantamento dos dados/trabalho de campo;

3. Sistematização e processamento dos dados;

4. Análise das informações;

5. Elaboração de relatório(s) com os resultados encontrados e recomendações;

6. Disseminação e uso das conclusões junto a diferentes públicos, como funcionários,

usuário, financiadores e parceiros.

Como diz Eustáchio e Távora Júnior (1999), existem vários métodos de se avaliar

os aspectos sociais e ambientais. Seja de projetos, seja de comunidades. O que se deve

realmente fazer é escolher o mais apropriado para cada realidade estudada, pois os métodos

de avaliação são fruto de uma base teórica consistente que aborda seriamente acerca de

“valores não transacionados” comumente no mercado e identifica a relevância destes

aspectos para cada método, considerando apropriado, ou não, para uma determinada

avaliação. Os métodos deverão ser avaliados comparativamente quanto ao mérito e revés

de cada um, de modo que seja indicado para cada caso particular o melhor método

disponível.

Como não é objetivo dessa pesquisa escolher um desses métodos de avaliação

existentes, mas usar o conhecimento dos mesmos para uma avaliação de qualidade no que

diz respeito a uma comunidade local/receptora impactada pela atividade turística nos

aspectos social e ambiental, decidiu-se por expor alguns desses métodos, como forma de

exemplificar e oferecer melhor entendimento do porquê de tratar esse assunto.

• Pegada ecológica

A Pegada Ecológica (Ecological Footprints), criada por William Rees e Mathis

Wackernagel, que se basearam no conceito de “capacidade de carga”, permite calcular a

área de terreno produtivo necessária para sustentar o nosso estilo de vida. Mede quanto

53

espaço e água são necessários para produzir os recursos consumidos e depositar os

resíduos que se produz (WACKERNAGEL & REES, 1996; CHAMBERS et al, 2000;

BOND, 2002).

Esta metodologia está sendo difundida por vários organismos internacionais como a

United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization - UNESCO, o World

Wildife Fund for Nature - WWF e a Earth Day Network. É considerada como um

importante instrumento de avaliação do impacto ambiental de cada indivíduo e/ou de cada

país. O cálculo da pegada ecológica permite quantificar as pressões no meio ambiente,

tendo em consideração a utilização de recursos e geração de poluição. Pode permitir a

análise de padrões de pressão ambiental de um determinado território, de atividades

específicas, de produtos ou de entidades (OECD, 1994).

A dimensão de Pegada Ecológica é uma unidade de área, medida em hectares, e o

cálculo deste índice tem em conta seis componentes: solo arável necessário para produzir

os bens consumidos; solo necessário para produzir os recursos para a alimentação animal;

floresta necessária para produzir madeira e papel consumido; área de oceano necessária

para sustentar os recursos marinhos consumidos; solo necessário para a edificação de

habitações; infra-estruturas e floresta necessária para absorver as emissões de dióxido de

carbono resultantes do consumo de energia.

• Análise de Risco Ecológico

Esse método foi pensado a partir da teoria do planejamento ecológico,

desenvolvida por Wolfgang Haber (1971, 1972, 1979 apud FARIA e AZEVEDO, 2004),

por fornecer o referencial conceitual para a integração dos fatores naturais da paisagem no

processo de planejamento espacial, pois essa integração é feita por meio da

operacionalização da seguinte relação binária, que constitui o preceito básico da teoria.

USO-CAUSA ⇒⇒⇒⇒ EFEITO ECOLÓGICO DESENCADEADO ⇒⇒⇒⇒ USOS ATINGIDOS

Com a operacionalização desse preceito, pretende-se oferecer elementos para a

tomada de decisão no que se refere a: localização de novos usos; intensificação de usos

existentes; (re) distribuição de usos e/ou; assimilação de conflitos de uso, a partir da

minimização dos efeitos negativos que os diferentes usos de um determinado espaço

necessariamente exercem, uns sobre os outros. Assim, só são considerados negativos

54

aqueles efeitos que, ao atingir um recurso natural (água, clima/ar, solo, fauna, vegetação),

possam prejudicar e/ou impossibilitar a existência de outros usos, no mesmo espaço.

O método Análise do Risco Ecológico avança nessa linha de raciocínio, oferecendo

uma avaliação de compatibilidade de usos do ponto de vista ambiental. Foi estruturado,

entre 1974/75, pelos planejadores alemães Aulig, Bachfischer, David, Kiemstedt e

Mueller, da Universidade de Munique, num projeto que objetivava fornecer bases

ecológicas para a tomada de decisões de planejamento na região industrial da Média

Francônia. Esses planejadores partiram do princípio bastante realista de que é preciso

trabalhar com os dados e conhecimentos em ecologia hoje disponíveis, já que as decisões

de planejamento não podem ser adiadas até que sejam gerados conhecimentos teórico-

científicos exatos sobre o sistema “Homem-Meio Ambiente”.

A versão do método Análise do Risco Ecológico, aqui apresentada, foi

desenvolvida por Faria, entre 1979 e 1983, em tese de doutoramento pela Universidade de

Stuttgart, quando foram incorporados novos condicionantes de planejamento à concepção

original, em resposta a críticas que a comunidade científica alemã vinha fazendo à mesma.

Esse trabalho incluiu uma aplicação prática do método, visando demonstrar suas

possibilidades de utilização na realidade brasileira, comprovadas posteriormente na

experiência de elaboração de vários estudos de impacto ambiental no Distrito Federal.

(FARIA e AZEVEDO, 2004).

A seguir, está o resumo dos preceitos e a forma de operacionalização desse método:

Por que Análise de Risco?

Na Análise do Risco Ecológic, fala-se de “riscos de danos que são mudanças

qualitativas e/ou quantitativas nos recursos naturais”. Com isso, procura-se expressar a

insegurança justificada pela insuficiência de conhecimento em ecologia e pela deficiência

de dados para um planejamento eficiente que evite a ocorrência desses danos..

A dimensão do “risco” é dada pela combinação da sensibilidade dos recursos

naturais a danos (compreende o potencial de uso dos recursos naturais e a capacidade dos

geofatores de difundir efeitos negativos) com a intensidade de danos potenciais causados

pela atividade antrópica.

O preceito básico do planejamento ecológico na Análise do Risco:

A partir do preceito básico do planejamento ecológico, a Análise do Risco identifica

dois complexos de relações de causa-efeito:

55

Complexo 1: usos antrópicos como causa de impactos ambientais relevantes -

modificações qualitativas e quantitativas nos fatores naturais, como efeito.

Complexo 2: fatores naturais qualitativa e quantitativamente modificados, como

causa - possibilidades e/ou qualidade de uso modificadas, como efeito.

A Análise do Risco concentra-se no Complexo 1, oferecendo um instrumento

metodológico para a quantificação - espacialmente diferenciada - de danos causados aos

fatores naturais pela atividade antrópica. Isso significa que a avaliação das inter-relações

entre os usos e os recursos naturais, objetivada pelo método, é feita a partir da análise das

relações de troca (matéria e energia) entre dois sistemas: o sistema das atividades

antrópicas, como causador de efeitos negativos; e o sistema dos fatores naturais, como

receptor desses efeitos.

Havendo necessidade, é perfeitamente possível incorporar, à estrutura da Análise do

Risco, análises relativas ao Complexo 2.

Operacionalização da Análise do Risco Ecológico:

Como a Análise do Risco Ecológico utiliza-se de um modelo de indicadores,

procurou-se, antes de tudo, minimizar os problemas típicos de tais modelos, que são

basicamente os aspectos de conteúdo e de quantificação.

No que se refere ao conteúdo, é preciso que a escolha dos indicadores baseie-se no

conhecimento científico disponível (Física, Química, Biologia, etc.) para que realmente

venham a ser considerados os elementos mais importantes dos sistemas ecológicos a

analisar.

Concretização da Análise do Risco:

Os quatro passos metodológicos para a realização da Análise do Risco Ecológico

são:

Input: informações sobre condicionantes básicos para o planejamento na área a ser

analisada (inclusive o espaço natural a preservar) e sobre a estrutura atual do espaço

regional.

Primeiro Passo: Decomposição do sistema “Usos-Recursos Naturais” em

subsistemas independentes, embora inter-relacionados. No centro desses subsistemas está,

ou um fator natural (ex.: Água, Ar, Solo), ou uma qualidade natural básica (ex.: potencial

natural para lazer). Esses subsistemas são considerados complexos de causa/efeito e

denominados Áreas de Conflito.

56

Segundo Passo: Agregação dos efeitos negativos provenientes dos usos, formando

a grandeza agregada complexa Intensidade dos Danos Potenciais, dentro de cada uma das

áreas de conflito.

Terceiro Passo: Agregação dos indicadores da aptidão para localizar determinado

uso e da interdependência entre efeito negativo e recursos naturais, formando a grandeza

agregada complexa Sensibilidade a Danos, dentro de cada área de conflito.

Quarto Passo: Combinação da Intensidade dos Danos Potenciais com a

Sensibilidade a Danos, formando a grandeza agregada Risco de Danos.

• Método de HARBERGER

Conhecido também como o "Método da Universidade de Chicago", foi um dos

trabalhos pioneiros nesta área proposto por Harberger (1968 apud ZAPATA, 1995). Na

tentativa de inserir a variável coletividade na avaliação de projetos. Harberger contribuiu,

principalmente, com a análise dos mecanismos de ajuste no mercado em resposta à

aparição do projeto, analisando tanto pelo lado da oferta, quanto da demanda, bem como

suas conseqüências no processo da avaliação econômica.

Este enfoque se sustenta na teoria do bem-estar procurando, basicamente,

identificar aqueles cursos de ação que levem a uma melhoria no bem-estar geral. Segundo

Contador, três postulados básicos estão subjacentes ao método. Primeiro, os benefícios

obtidos com o consumo de um produto ou emprego de um fator, podem ser medidos

através da curva da demanda. Segundo, o custo de oportunidade dos fatores e recursos

envolvidos na produção, pode ser medido através da curva de custo marginal. Terceiro, os

benefícios e custos incorridos por cada indivíduo ou fator de produção podem ser

adicionados com a eqüidade social. O método é complementado com a determinação dos

seguintes elementos:

· Numerário - medido em termos de moeda nacional;

· Taxa social de desconto - calculada como o peso médio da produtividade marginal do

capital do setor privado e a taxa de preferência no tempo do consumidor;

· Custo social da mão-de-obra - estimado com base no salário equivalente ao preço de

oferta da região (urbano ou rural) e do tipo de qualificação;

· Taxa social de câmbio - reflete o custo de oportunidade das divisas medido através dos

efeitos na balança comercial (i.é., substituição de importações e acréscimo de exportações

incluindo a suas elasticidades correspondentes).

57

• Método da UNIDO

Este método foi desenvolvido por Dasgupta, Sen e Marglin (1972 apud ZAPATA,

1995), com a finalidade de auxiliar aos países em desenvolvimento na formulação e

avaliação de projetos. No contexto deste enfoque, cada insumo ou produto deve ser medido

em termos de seu efeito sobre o nível da coletividade. Portanto, o custo de um insumo é

medido pela redução no consumo devido ao uso deste no projeto. O benefício líquido é

medido conforme a contribuição ao aumento da oferta de bens para a coletividade. Como

medida comum dos custos e benefícios relativos ao consumo global, o método adota o

critério da disposição a pagar dos consumidores. Entre suas principais considerações

podem-se indicar as seguintes:

· Numerário - expresso como o consumo agregado, medido em termos de moeda nacional;

· Taxa social de desconto - estimada num intervalo de valores críticos a partir da taxa de

juros do consumo (TJC) e de uma decisão política em relação à distribuição intertemporal

dos aumentos ao consumo. Esta taxa distribui os recursos para os projetos socialmente

ótimos do setor público;

· Custo social da mão-de-obra - deve ser medido pelo sacrifício econômico que o emprego

provoca devido ao deslocamento do empregado do antigo lugar de trabalho ao novo;

· Taxa social de câmbio - utiliza um único preço-sombra da divisa para todos os fins. Seu

valor é obtido através da média ponderada das relações entre os preços internos de saída

segura do bem no mercado e os preços CIF calculados ao tipo de câmbio oficial.

• Método da OECD

Este método proposto por Little e Mirrlees (1974 ZAPATA, 1995) parte do

princípio de que todos os projetos consomem insumos que são importados ou que

poderiam ter sido exportados. Portanto, o enfoque é mais simples, já que propõe que os

preços internos dos insumos e produtos sejam medidos pelo próprio preço observado no

mercado internacional, ou seja, em termos de moeda estrangeira. O enfoque basicamente

define os seguintes aspectos:

· Numerário - expresso como a renda pública não comprometida, gerada no projeto e

medido em moeda conversível;

· Taxa social de desconto - utiliza a produtividade marginal do capital estimada a partir de

informações históricas de contas nacionais e/ou dados a nível de empresas quando

disponíveis;

58

· Custo social da mão-de-obra - compreendido entre o valor da produtividade sacrificada

no setor tradicional e o salário médio no setor moderno;

· Taxa social de câmbio - utiliza fatores de conversão baseados nos preços internacionais

CIF e FOB e os preços internos em lugar de uma única taxa de câmbio.

• Método do BANCO MUNDIAL

A proposta desenvolvida por SQUIRE & van der TA.K(1975 apud ZAPATA,

1995), aparece como uma tentativa para simplificar o processo da avaliação econômica de

projetos propostos pela OECD. O enfoque enfatiza, principalmente, aspectos relacionados

com a eqüidade social através da utilização de pesos distributivos para as diferentes classes

de renda (efeitos de distribuição dos resultados do projeto); bem como transfere a

responsabilidade de estimar parâmetros nacionais e/ou fatores de conversão, que

transformam diretamente os preços de mercado em preços internacionais, para um

organismo central de planejamento.

Alguns limites e críticas da metodologia têm sido manifestadas na literatura,

segundo ZAPATA (1995), o método do BANCO MUNDIAL não contempla as

particularidades individuais dos países e regiões em desenvolvimento e nem sempre

consegue medir em termos monetários custos e benefícios importantes do ponto de vista da

sociedade. Isso porque envolve em sua maioria fatores intangíveis tais como problemas de

distribuição, nível de emprego, independência nacional, assuntos regionais, tecnológicos,

ecológicos e ambientais, entre outros; que na realidade, são de difícil valorização para ser

introduzidos no fluxo de caixa convencional, mas, são importantes para a tomada de

decisões. Mesmo assim, apesar das dificuldades descritas em relação ao enfoque do

BANCO MUNDIAL, este parece ser um dos melhores em termos de estrutura para

resolver o problema da avaliação social de projetos. Devido às melhorias introduzidas na

técnica, através de aplicações e experiências adquiridas na realização de vários trabalhos

em países em desenvolvimento, o método consolidou sua relevância e reconhecimento

como enfoque modelo na área.

2.4 Vila de Ponta Negra: onde tudo começou

O hoje famoso Bairro de Ponta Negra, localizado no extremo sul da Capital do

Estado do Rio Grande do Norte - RN, a cidade do Natal, como apresentado nas figuras 2.1,

59

2.2 e 2.3, teve origem no século XVIII com uma pacata vila de pescadores também

chamada Ponta Negra.

Figura 2.1 – Localização da Capital do Rio

Grande do Norte, Natal, no Nordeste. Fonte: Lima, elaboração própria a partir SEMPLA

Figura 2.2 – Regiões Administrativas da Cidade do Natal.

Fonte: Lima, elaboração própria a partir do SEMURB, 2003.

Figura 2.3 – Bairro de Ponta Negra

Fonte: Lima, a partir de CAREN, 2004.

Dados históricos, segundo Castro (2003), levam a crer que a primeira referência

sobre a pequena baía, cercada de dunas entre as quais se destaca o tão conhecido Morro do

60

Careca (ver figura 2.4), vem ainda da época da ocupação holandesa em 1633, sendo em

1877 os primeiros registros de ocupação com uma escola e uma casa de oração.

Figura 2.4 – Praia de Ponta Negra na década de 1960.

Fonte: Jaeci E. Galvão

Inicialmente a população que era constituída apenas por pescadores que construíam

suas casas de palha de coqueiro a beira-mar, se deslocaram para o alto das dunas, dando

origem ao núcleo da vila e se dedicando, também, a cultura de subsistência, roçados, e a

produção de carvão. As mulheres faziam a renda de bilro, atividade realizada até os dias de

hoje. Durante muito tempo, esse povoado manteve um grande isolamento em relação ao

centro da cidade, devido à distância e ao fato de as pessoas terem seus meios de

subsistência no próprio lugar.

Apenas em 1923, foi aberta a Estrada de Ponta Negra ligando a vila à cidade.

Sendo durante a Segunda Guerra Mundial, que Natal como base aliada, com a implantação

de Bases Militares em Parnamirim (município vizinho), é que a praia foi descoberta pelos

soldados americanos para banho de mar, sendo logo imitados pelos natalenses que

iniciariam a construção das primeiras casas de veraneio no local. (SOUZA, 2001).

A praia, que era considerada distante pelos natalenses, passa a ser praia de

veraneio. Em 1978 e 1979, como frutos da política habitacional do Governo do Estado do

Rio Grande do Norte, foram concluídos os conjuntos habitacionais de Ponta Negra e

Alagamar, localizados à direita da então Estrada de Ponta Negra. (ver figura 2.5).

61

Figura 2.5 – Conjunto Habitacional Ponta Negra

Fonte: Fonte: Jaeci E. Galvão

Segundo Cavalcanti (1980), a vinda da Petrobrás e de empresas subsidiárias assim

como da ampliação das atividades militares do Estado provocou um aumento do

contingente populacional da cidade, que coincidiu com a época da conclusão dos conjuntos

favorecendo a ocupação dos mesmos por funcionários da Petrobrás, militares, aposentados,

profissionais liberais, etc.

Mas foi na década de 80, segundo Souza (2001), com a duplicação e asfaltamento

da Estrada de Ponta Negra, que passou a ser chamada de Avenida Engenheiro Roberto

Freire. Juntamente, com a inauguração da Via Costeira em 1983, deu-se início às

modificações na paisagem do bairro. A partir dessas estruturas, na localidade começaram-

se a construir empreendimentos comerciais como shoppings, supermercados e centros

comerciais, ganhando, assim, vida própria e dando base para o crescimento da atividade

turística no local.

Apenas no início da década de 90, mais precisamente em 05 de abril de 1993,

segundo Castro (2003), foi oficializado o Bairro de Ponta Negra pela Lei n° 4.328,

publicado no Diário Oficial em 07 de setembro de 1994.

Assim, com um bairro em plena ascensão, localizado em uma das áreas mais belas

da cidade do Natal. Aliado à definição da Política Nacional de Turismo em 1990, através

do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste – PRODETUR/NE, o qual se

objetivava a implantação de infra-estrutura urbana nas capitais nordestinas para o

desenvolvimento do turismo; nada mais propício que possuir uma localidade a beira-mar,

com vias de acesso recentes (Via Costeira e Av. Eng. Roberto Freire) para consolidar um

pólo turístico no Estado do Rio Grande do Norte.

62

Para que esse pólo fosse concretizado, fez-se necessário oferecer acessibilidade,

fator importante para o desenvolvimento do turismo. Reformou-se o Aeroporto

Internacional Augusto Severo, localizado no município vizinho de Parnamirim, e realizou-

se obras para a melhoria de eixos viários e a construção de novas vias, permitindo acesso a

locais de capital paisagístico como a Rota do Sol, a qual foi construída para possibilitar o

acesso às praias do litoral sul.

Assim, a Via Costeira, a Estrada de Ponta Negra (Av. Eng. Roberto Freire) e a Rota

do Sol formaram a tríade de eixos viários que permitiram a acessibilidade turística em

Natal, e consolidaram Ponta Negra como área turística, afastada dos bairros nobres da

cidade. (NEVEROVSKY, 2005)

Mas foi em 1998, com as obras de urbanização de Ponta Negra, que englobaram o

saneamento básico do bairro, pavimentação das ruas, iluminação e a construção de um

calçadão na orla da praia, com a retirada dos barraqueiros e a construção de quiosques à

beira-mar, como apresentam as figuras 2.6 e 2.7, que realmente se pôde observar as

transformações que ocorriam na localidade.

Figura 2.6 – Ponta Negra antes da urbanização.

Fonte: Esdras Nobre.

Figura 2.7 – Calçadão com novos quiosques

Fonte: http://www.natal.rn.gov.br

Como relata Gurgel (2007), ao recordar o cotidiano do lugar, em que a vila resiste

ao tempo, ao desenvolvimento e à expansão imobiliária, mantendo tradições folclóricas e

uma vida que lembra a vida do interior. Os pescadores que persistem na atividade da pesca

artesanal, também falam dos imigrantes provenientes de “todo lugar do mundo”, trazendo a

diversidade cultural que ajudou a construir o lugar-mito, dos artistas e das barracas de praia

que “faziam a festa... em ‘Black Point’ – como era conhecida Ponta Negra pela galera

underground.” O autor lembra que as barracas estavam incorporadas ao cotidiano da

63

sociedade local, com o lual nas noites de lua cheia. Termina seu discurso com a afirmação

do desejo de continuar a morar na vila da memória, dos sonhos. (GURGEL, 2007).

Assim, essa mudança no uso do solo, de veranista, no começo do século, para

residencial e prestação de serviços, vem acarretando inúmeras transformações para aquela

Vila que deu origem a tudo o que se possui na atualidade. O processo desencadeado pelo

desenvolvimento turístico parece, hoje, irreversível. Alegria de uns, tristeza de outros. As

mudanças que estão ocorrendo na cidade, em função do turismo, levam a discursos cheios

de saudades dos tempos em que se veraneava em Ponta Negra. Hoje, constata-se o

desaparecimento de algumas paisagens naturais e atividades originais como a pesca, as

quais estão sendo substituídas pelas paisagens construídas pelo ser humano, como se

observa na comparação entre as figuras 2.8, 2.9, 2.10 e 2.11. (NEVEROVSKY, 2005).

Figura 2.8 – Pescadores e Veranistas em 1960

Fonte: Fonte: Jaeci E. Galvão

Figura 2.9 – Turistas nos dias atuais

Fonte: Acervo SEMURB

Figura 2.10 – Apenas a Natureza, o ontem.

Fonte: Grevy

Figura 2.11 – A natureza em contraste com o

artificial, o hoje. Fonte: Lima, 2007.

Ponta Negra consolidou-se como o foco de atração principal para turistas de

diferentes nacionalidades, bem como, local preferido por novos moradores de toda parte do

64

Brasil e do mundo. Como relata Urry (1996), se o lugar é bom de visitar, é também bom de

morar.

Assim, a acessibilidade tão importante para o desenvolvimento turístico, em Natal,

acabou por proporcionar uma acessibilidade excludente do espaço urbano da cidade como

um todo, como se pode observar nas figuras 2.12 e 2.13, confinando o visitante ao espaço

do descontrole emocional. Este espaço também é freqüentado pela sociedade local, o

espaço dos restaurantes, dos bares e de uma vida noturna intensa. A Vila de Ponta Negra,

que no passado era vila de pescadores que chegaram a possuir um total de cem

embarcações, hoje não chegam a quinze. Os jovens não querem mais trabalhar nessa

atividade, mas sim no turismo, o qual o custo de vida se tornou alto. “Os preços são para

turistas, e os moradores estão perdendo a vez”, como relata o senhor José Xavier Souza,

que mora na Vila há 22 anos, conforme mudanças apresentadas nas figuras 2.14 e 2.15.

(NOGUEIRA, 2006).

Figura 2.12 – Acesso a praia pela Vila.

Fonte: Lima, 2007.

Figura 2.13 – Ruas da Vila de Ponta Negra

Fonte: Lima, 2007.

Figura 2.14 – Rua principal da Vila de Ponta

Negra no seu dia a dia. Fonte: Lima, 2007

Figura 2.15 – Cotidiano

Fonte: Lima, 2007.

65

Portanto, a Vila de Ponta Negra, onde tudo começou, agora faz parte do Bairro de

Ponta Negra juntamente com os conjuntos residenciais denominados Alagamar e Ponta

Negra. No local, pode-se encontrar casas de todos os níveis sociais, que são alvos de

intensa especulação imobiliária. Com o objetivo de dar suporte à atividade turística, são

erguidos mega-empreendimentos como meios de hospedagem, alimentação, lazer e

diversão. Construídos de forma diversificada, aglomerada e sem planejamento urnanistico,

transformam, assim, a paisagem do antigo vilarejo, como é apresentada na figura 2.16, que

abrigava pescadores, rendeiras, veranistas e banhistas em mais um lugar-turístico, lugar do

outro. (Figura 2.17)

Figura 2.16 – Ponta Negra como praia de veraneio Fonte: Jaeci E. Galvão

Figura 2.17 – Ponta Negra após a urbanização

Fonte: Lima, 2007.

66

Capítulo 3

Metodologia da Pesquisa

Este capítulo aborda a descrição e a justificativa da metodologia utilizada no

desenvolvimento da pesquisa. Está dividido em cinco seções. A primeira, diz respeito à

população em estudo. A segunda, ao plano amostral. A terceira, apresenta o instrumento

utilizado para a coleta de dados. A quarta seção apresenta como os dados foram coletados.

E a quinta, descreve as técnicas utilizadas para a análise dos dados: Análise Descritiva e

Regressão Múltipla.

3.1 População em Estudo

Segundo Fonseca e Martins (1996), população é o conjunto de indivíduos ou

objetos que apresentam em comum determinadas características definidas para estudo.

Comumente fala-se de população como referência total de habitantes de determinado lugar.

Como população a ser estudada, a presente pesquisa selecionou os habitantes da

Vila de Ponta Negra, uma comunidade da cidade do Natal, capital do Estado do Rio

Grande do Norte, que está inserida em uma das principais regiões para a atividade turística

da referida capital, e consequentemente, uma das mais impactadas com o crescimento

dessa atividade.

Essa população foi baseada em um percentual estatístico constante no Censo

Demográfico de 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2003),

considerando-se um morador por domicílio, catalogando-se na Vila de Ponta Negra, 2.387

(dois mil trezentos e oitenta e sete) domicílios particulares.

3.2 Plano Amostral

Segundo Gil (1999), amostra é o subconjunto da população, por meio do qual se

estabelecem ou se estimam as características dessa população.

67

Devido à dificuldade em catalogar todos os habitantes da população, este estudo,

quanto ao tipo de amostragem, caracteriza-se por ser uma pesquisa não-probabilística

acidental.

Segundo Fonseca e Martins (1996), os métodos não-probabilísticos são

amostragens em que há uma escolha deliberada dos elementos da amostra, não sendo

possível generalizar os resultados das pesquisas para a população. E o tipo acidental trata-

se de uma amostra formada por aqueles elementos que vão aparecendo, que são possíveis

de se obter até completar o número de elementos da amostra.

Como forma de se alcançar os objetivos propostos no estudo, optou-se por

entrevistar os moradores da Vila de Ponta Negra, considerando-se o total de domicílios

particulares do local. Dados do IBGE (2003), indicam que o total de domicílios

particulares no local é de 2.387, considerado-se então como sendo a população do estudo,

visto que procurou-se entrevistar somente um único morador por domicílio particular. Para

determinação do tamanho da amostra, foi considerado o modelo matemático proposto por

Triola (2005), onde o tamanho da amostra (n) pode ser obtido da seguinte forma:

ε22

2

)1(ˆˆ

ˆˆ

−+=

Nqp

qpNn

zz

[1]

Em que N corresponde ao número total de habitantes (população), p corresponde à

proporção referente à variável mais importante. Como não se tem informações sobre a

mesma, assumiu-se o valor para a qual a variância é máxima, ou seja, p = 0,5 e q = 1 – p.

O parâmetroε corresponde ao erro amostral (decimal) e z corresponde a abscissa da curva

normal padrão para o nível de confiança de 95%. Nessa situação, z assume o valor de

1,96.

Utilizando-se a equação [1], o tamanho estabelecido para a amostra, para um erro

amostral de 5%, foi de 332 elementos.

3.3 Instrumento de Coleta de Dados

Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se um formulário estruturado com

perguntas abertas e fechadas (anexo I), as quais podem contribuir para mensurar e avaliar

os parâmetros antecedentes e conseqüentes da avaliação sócio-ambiental da atividade

turística na Vila de Ponta Negra, sob ponto de vista dos moradores.

68

Segundo Dencker (1998), o formulário caracteriza-se pela liberdade do pesquisador

de adequar seu conteúdo a situação ou reação do entrevistado.

As variáveis mensuráveis foram selecionadas de acordo com os indicadores sociais

que o IBGE utiliza em seus estudos, como aspectos demográficos, trabalho e rendimento,

educação e condições de vida (IBGE, 1997):

• O impacto ao meio ambiente gerado pela atividade turística;

• Os benefícios sociais advindos da atividade turística;

• Os investimentos em ações sociais realizados pela Prefeitura como efeito da

atividade turística;

• Os investimentos em ações sociais realizados pelos Empresários como efeito da

atividade turística;

• O nível de envolvimento das famílias com a atividade turística;

• A intensidade do benefício que a atividade turística trouxe paras as famílias;

• A renda das pessoas da localidade;

• O Emprego na comunidade;

• As vendas no comércio;

• A educação de jovens e adultos;

• A distribuição de renda.

• A saúde das pessoas na comunidade;

• A Satisfação dos moradores da comunidade;

• Os Espaços de lazer da comunidade;

• A criminalidade na comunidade;

• A violência na comunidade;

• A prostituição na comunidade;

• O uso de drogas;

• A qualidade de vida de um modo geral;

• População quanto ao gênero;

• População quanto à escolaridade;

• Faixa etária;

• Renda familiar mensal;

• Número de pessoas na família.

69

A tabela 3.1 apresenta as variáveis e a descrição das variáveis utilizadas no estudo.

Tabela 3.1 Variáveis e descrição das variáveis utilizadas no estudo

Nome da Variável

Descrição da Variável Grupo

IMPACTO Opinião do entrevistado quanto o impacto ao meio ambiente gerado pela atividade turística.

Ambiental

BEN_SOCI Opinião do entrevistado quanto aos benefícios sociais na comunidade gerados pela atividade turística.

RENDA Opinião do entrevistado quanto à situação da renda das pessoas da comunidade devido à atividade turística.

EMPREGO Opinião do entrevistado quanto à situação do emprego na comunidade devido à atividade turística.

VENDAS Opinião do entrevistado quanto à situação das vendas na comunidade devido à atividade turística.

EDUCAÇÃO Opinião do entrevistado quanto à situação da educação pública devido à atividade turística.

DIST_REN Opinião do entrevistado quanto à situação da distribuição de renda na comunidade devido à atividade turística.

SAUDE Opinião do entrevistado quanto à situação da saúde pública na comunidade devido à atividade turística.

SATISF Opinião do entrevistado quanto à satisfação dos moradores da comunidade devido à atividade turística.

LAZER Opinião do entrevistado quanto à situação dos espaços de lazer na comunidade devido à atividade turística.

CRIMINALIDADE Opinião do entrevistado quanto à situação da criminalidade na comunidade devido à atividade turística.

VIOLENCIA Opinião do entrevistado quanto à situação da violência na comunidade devido à atividade turística.

PROSTIT Opinião do entrevistado quanto à situação da prostituição na comunidade devido à atividade turística.

DROGAS Opinião do entrevistado quanto à situação do uso de drogas na comunidade devido à atividade turística.

Q_VIDA Opinião do entrevistado quanto à situação da qualidade de vida na comunidade devido à atividade turística.

Social

INV_PREF Opinião do entrevistado quanto aos investimentos sociais realizados pela Prefeitura como efeito da atividade turística.

INV_EMPR Opinião do entrevistado quanto aos investimentos sociais realizados pelos empresários como efeito da atividade turística

Investimentos

ENV_FAM Opinião do entrevistado quanto ao grau de envolvimento de sua família com a atividade turística.

Envolvimento

BEN_FAMI Opinião do entrevistado quanto à intensidade dos benefícios gerados pela atividade turística na família.

REND_FAM Opinião do entrevistado quanto à situação da renda familiar como efeito da atividade turística.

Situação

70

EMP_FAM Opinião do entrevistado quanto à situação de emprego da família como efeito da atividade turística.

LAZER_FA Opinião do entrevistado quanto à situação do lazer da família como efeito da atividade turística.

SAUD_FAM Opinião do entrevistado quanto à situação da saúde da família como efeito da atividade turística.

EDUC_FAM Opinião do entrevistado quanto à situação da educação da família como efeito da atividade turística.

QV_FAM Opinião do entrevistado quanto à situação da qualidade de vida da família como efeito da atividade turística.

Social das Famílias

TEMP_MOR Entrevistado quanto ao tempo de moradia na comunidade

CAS_PROP Entrevistado quanto a propriedade da casa.

N_FAN Entrevistado quanto ao número de pessoas na família.

GENERO Entrevistado quanto ao gênero.

NASC Entrevistado quanto à faixa etária

E_CIVIL Entrevistado quanto ao estado civil

ESCOL Entrevistado quanto à escolaridade

ATIV_ECON Entrevistado quanto à atividade econômica.

TEMP_ATIV Entrevistado quanto ao tempo que exerce a atividade econômica.

RENDA_P Entrevistado quanto à renda total da família.

Perfil

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007

3.4 Método de Coleta de Dados

O presente estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa exploratória descritiva do

tipo survey, com utilização de um formulário estruturado, como instrumento de pesquisa, e

a entrevista pessoal como método utilizado para a coleta de dados. Os elementos

pesquisados foram os habitantes da Vila de Ponta Negra, comunidade da Cidade do Natal,

capital do Estado do Rio Grande do Norte, sendo entrevistado um morador por domicílio

particular, escolhidos acidentalmente, no mês de março de 2007.

As pesquisas exploratórias se caracterizam por ter como finalidade, segundo Gil

(1999), desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, objetivando proporcionar

uma visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Já as pesquisas

descritivas têm o objetivo de descrever características de determinada população,

utilizando técnicas padronizadas de coleta de dados. E do tipo survey se caracteriza pela

interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.

71

3.5 Técnicas de Análise dos Dados

3.5.1 Análise Descritiva e Exploratória

A análise descritiva e exploratória é realizada a partir da estatística descritiva, que,

segundo Fonseca e Martins (1996), se constitui num conjunto de técnicas que objetivam

descrever, analisar e interpretar os dados numéricos através de tabelas, figuras e medidas

exploratórias.

3.5.2 Análise de Regressão Linear Múltipla

Para Triola (2005), “uma equação de regressão múltipla expressa um

relacionamento linear entre uma variável dependente y e duas ou mais variáveis

independentes ( )kxxxx ,...,,, 321 ”. Cada uma das variáveis independentes tem sua

contribuição para a predição da variável dependente y. A análise de regressão múltipla

possibilita entender que a variável dependente está sendo explicada, enquanto que as

variáveis independentes estão fazendo a predição da variável dependente.

Forma geral da equação de regressão múltipla estimada:

ε+++++= kk xbxbxbby ...22110

[2]

Outras medidas utilizadas como ferramentas de análise estatística:

• ANOVA: determina se existe relação significativa entre a variável dependente e o

conjunto de variáveis independentes.

• R² (Coeficiente Múltiplo de Determinação): é uma medida de eficiência do ajuste

da equação de regressão múltipla. É interpretado como a proporção da variação na

variável dependente que é explicada pela equação de regressão múltipla estimada.

Os resultados encontrados a partir dos procedimentos são apresentados e discutidos

a seguir.

72

Capítulo 4

Resultados da Pesquisa

.

Este capítulo apresenta os resultados da pesquisa comparados aos objetivos iniciais

e ao referencial teórico utilizado, dividindo-se em três seções: Perfil da Amostra, Análise

Descritiva e Análise de Regressão Múltipla.

Foram entrevistados 100 moradores. O cálculo de erro amostral ε , obtido com essa

amostra, considerando-se o nível de confiança de 95% pode ser obtido pela seguinte

relação:

1−

−=

N

nN

n

pqzε [3]

Utilizando-se a amostra de 100 moradores de um total de 2.387 elementos da

população, tem-se o erro amostral de 0,095, ou seja, 9,5%.

4.1 Perfil da Amostra

O perfil dos 100 moradores entrevistados da Vila de Ponta Negra é apresentado a

seguir nas figuras de 4.1 a 4.10.

A figura 4.1 apresenta o tempo de residência na Vila de Ponta Negra verificando-se

que uma grande parcela da população é bem recente na comunidade indicando até dez anos

de residência, o que pode ser conseqüência da grande expansão da atividade turística nas

proximidades e na própria comunidade, que por muitas vezes, pela especulação

imobiliária, a população é pressionada, por inúmeros fatores, a vender sua moradia para os

que chegam com o turismo.

73

48%

21%

11% 11%8%

Até 10 anos De 11 a 20 anos De 21 a 30 anos De 31 a 40 anos Mais de 40 anos

Figura 4.1 - Tempo que mora na vila de Ponta Negra

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

Com relação a propriedade da moradia, na figura 4.2 observa-se que a maioria da

população estudada, mesmo não existindo uma diferença muito alta, possui casa própria.

Essa realidade pode também ser confirmada quando na análise da figura 4.1 se verifica que

grande maioria da amostra está há pouco mais de dez anos da comunidade levando a crer

que os habitantes originais se desfizeram de suas residências.

56%

40%

4%

Possui casa própria Não possui casa própria Não respondeu

Figura 4.2 – Casa Própria

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007

Na figura 4.3 observa-se o número de pessoas por família em uma mesma

residência, expondo que grande maioria da amostra (42%) tem entre quatro e cinco pessoas

na família, que ao somar a porcentagem de famílias com duas ou três pessoas (26%) juntos

74

representam 68% da amostra, o que condiz com os dados do IBGE (2003), constando-se

que, na Vila de Ponta Negra, o percentual de pessoas por domicílio oscila entre duas e

cinco pessoas por residência, não desconsiderando os percentuais das pessoas que moram

sozinhas (11%) e com seis ou mais pessoas (17%), que mesmo não tendo grande

representatividade fazem parte da realidade da amostra.

11%

26%

42%

17%

3%

Moramsozinhas

2 ou 3 4 ou 5 6 ou mais Não respondeu

Figura 4.3 – Número de Pessoas na Família. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007

Na figura 4.4, apresenta-se os entrevistados por gênero revelando uma

superioridade do sexo feminino (57%) em relação ao masculino (43%).

Segundo o IBGE (2003), a população da Vila de Ponta Negra é composta por 48%

de homens e 52% de mulheres, verificando-se que a amostra utilizada nesse estudo

apresenta valores aproximados aos obtidos pelo IBGE, em seu último censo no ano de

2000, o que valida a amostra utilizada.

43%

57%

Masculino

Feminino

Figura 4.4 – Moradores por Sexo

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007

75

Quanto à faixa etária, a figura 4.5 apresenta que uma grande parcela da amostra

oscila entre os 21 e 40 anos, num percentual de 65%. Entretanto, é interessante observar

que 25% dessa amostra está acima dos 40 anos, aproximando-se dos dados do IBGE

(2003), onde observa-se que 29% da população da Vila de Ponta Negra possui faixa etária

acima dos 40 anos.

9%

30%

35%

12%

8%5%

Até 20 De 21 a 30 De 31 a 40 De 41 a 50 De 51 a 60 Mais de 60

Figura 4.5 – Faixa Etária

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007

A figura 4.6 apresenta o estado civil dos moradores entrevistados na amostra,

observando-se um percentual elevado àqueles casado-juntos com 56%, em comparação aos

restantes divorciados, viúvos e solteiros que juntos possuem um percentual de 44%. Essa

estatística pode corresponder ao número de pessoas por domicílio (figura 4.3), variando, na

grande maioria, entre quatro e cinco pessoas.

Solteiro(a)34%

Casado(a)/junto56%

Separado(a)/Div.5%

Viúvo(a)5%

Figura 4.6 – Estado Civil

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007

76

A figura 4.7 apresenta que a maioria da amostra estudada possui o ensino médio

completo, ficando bem dividida a amostra entre o ensino fundamental (21%) e o ensino

superior (22%), que mesmo juntos, com 43%, não se aproximam da porcentagem do

ensino médio de 57%.

Médio57%Fundamental

21%

Superior22%

Figura 4.7 – Escolaridade

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007

Na figura 4.8, observa-se que a principal atividade econômica dos entrevistados da

amostra, na comunidade da Vila de Ponta Negra, está bem divida. Mesmo assim, o

comércio (37%), que junto a outras atividades somam um percentual de 64%, tem maioria.

Essa estatística alcançada faz lembrar o que Archer e Cooper (2002). observam ao afirmar

que na maioria das vezes a população que está inserida em espaços turísticos não é

absorvida por esta atividade, seja pela falta de qualificação específica ou mesmo pela

própria falta de oportunidade que os novos empreendimentos instalados oferecem,

principalmente, no que diz respeito a cargos de melhor remuneração, o que pode vir a

confirmar os resultados da figura anterior (4.7) que trata da escolaridade: a grande maioria

da amostra possui apenas o ensino médio. Ou seja, sem a qualificação necessária para

ocupar cargos na atividade turística, principalmente os de melhor remuneração.

77

Comércio37%

Turismo36%

Outras27%

Figura 4.8 – Principal Atividade Econômica Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007

Na figura 4.9, observa-se o tempo em que as pessoas exercem as atividades

econômicas indicadas na figura anterior (4.8). Revela que a quantidade de pessoas que

exercem atividade turística é, em quase todos os períodos de tempo, menor que a aqueles

que exercem outras atividades econômicas. De um modo geral, todas as atividades se

mostram recentes, verificando-se a grande maioria até os cinco anos de exercício. E

quando o tempo de serviço passa dos vinte e um anos, apenas as outras atividades estão

representadas, aparecendo apenas um entrevistado que exerce alguma atividade turística há

mais de trinta anos.

O que se pode atribuir a essa análise é a possível juventude da atividade turística e a

não ocupação da comunidade com o turismo, conforme apresenta a figura 4.8. (BENI,

2003)

20

7

3 3

0 01

22

12

1

7

3

11

2

Ate 5 De 6 a 10 De 11 a 15 De 16 a 20 De 21 a 25 De 26 a 30 Mais de 30

Turismo

Não é turismo

Figura 4.9 – Tempo que Exerce a Atividade Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007

78

A figura 4.10 apresenta a renda familiar dos entrevistados. Verificando-se que a

maioria de 80% possui um nível de renda mensal entre R$ 500,00 a R$ 2.000,00. Para

analisar este fato, deve-se levar em consideração o nível de escolaridade que está revelado

na figura 4.7. Nela, constatou-se que a maioria desta amostra só possui o ensino médio. Ou

seja, muitas vezes não está qualificada para trabalhar em cargos de melhor remuneração. O

número de pessoas na família (figura 4.2) também pode influir, dependendo do número de

pessoas economicamente ativas. Como também, em relação ao índice de pouco tempo de

moradia na vila, altos salários para a média da cidade do Natal, confirmando que uma

quantidade de pessoas está na comunidade da Vila de Ponta Negra há pouco tempo.

De certa forma, a figura 4.10, também pode ser analisada de acordo com a

juventude da atividade turística e com o baixo percentual de ocupação da amostra com o

turismo. (BENI, 2003)

7%

37%

43%

10%

2%

Até 500,00 De 500,00 a1.000,00

De 1.001,00 a2.000,00

De 2.000,00 a3.000,00

Acima de3.000,00

Figura 4.10 – Renda Familiar

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007

4.2 Análise Descritiva da Amostra

Como forma de melhor avaliar os impactos sócio-ambientais do turismo em uma

comunidade receptora, foi realizada uma pesquisa de campo do tipo Survey, utilizando uma

amostra de 100 moradores da comunidade da Vila de Ponta Negra, em Natal/RN,

escolhidos acidentalmente, cuja análise dos principais dados tabulados será apresentada

nesse capítulo, sendo os demais encontrados no anexo II.

79

É importante revelar que o formulário utilizado está dividido em respostas por

escalas: aumentou muito, aumentou, permanece o mesmo, diminuiu e diminuiu muito.

A figura 4.11 apresenta a opinião dos entrevistados quanto ao impacto gerado pela

atividade turística no meio ambiente, verificando-se uma grande concentração de respostas

no âmbito do aumentou muito (42,4%) e aumentou (47,5%), provavelmente, sugerindo

uma mudança na paisagem com as construções de novos empreendimentos para

incrementar a atividade turística no local. É interessante, também, frisar que ao serem

questionados com o termo “impacto ao meio ambiente”, por muitas vezes teve-se que

explicar o seu significado, devido esse termo não estar no cotidiano e não ser do

conhecimento da população estudada. Entretanto, logo que entendiam, as repostas eram

quase unânimes em dizer que a Vila tinha mudado em muitos aspectos, principalmente no

ambiental (89,9%).

y = 99 * 1 * normal (x; 1,70707; 0,73196)

IMPACTO

No

of o

bs

42,4%

47,5%

7,1%

3,0%

048

121620242832364044485256606468

Aumentou muitoAumentou

Permaneceu o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 4.11 - Opinião do entrevistado quanto ao impacto no meio ambiente gerado pela atividade turística.

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

A Figura 4.12 apresenta, segundo os entrevistados, os resultados quanto aos

benefícios sociais advindos da atividade turística na comunidade, verificando-se que essa

variável possui distribuição aproximadamente normal e que 62,6% da amostra afirmou que

os benefícios permaneceram o mesmo, não havendo alteração devido ao turismo.

80

y = 99 * 1 * normal (x; 3,060606; 0,682405)

BEN_SOCI

No

of o

bs

17,2%

62,6%

17,2%

3,0%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 4.12 – Opinião dos entrevistados quanto aos benefícios sociais na comunidade gerados pela atividade turística.

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007 Observa-se na próxima figura, a 4.13, a visão dos entrevistados quanto à situação

das condições de emprego em relação à atividade turística, apresentando uma divisão bem

equilibrada entre permaneceu o mesmo 46,5% e aumentou 45,5%.

y = 99 * 1 * normal (x; 2,62626; 0,722607)

EMPREGO

No

of o

bs

1,0%

45,5% 46,5%

4,0% 3,0%

05

10152025303540455055606570

Aum

ento

u m

uito

Aum

ento

u

Per

man

ece

o m

esm

o

Dim

inui

u

Dim

inui

u m

uito

Figura 4.13 - Opinião do entrevistado quanto à situação das condições de emprego na comunidade devido à

atividade turística. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007

81

Provavelmente o resultado da figura 4.13 está relacionado à forma de percepção

que a população estudada possui sobre os benefícios sociais do turismo. Em grande parte,

como relata Faria (2007), entende-se a atividade turística como geradora de emprego e

renda. Ou seja, que é através da geração de emprego, e conseqüentemente renda, que uma

comunidade deve enfatizar se o turismo é positivo ou negativo para seu desenvolvimento.

A figura 4.14 mostra a situação da renda da comunidade na opinião dos

entrevistados. Verifica-se, como na análise da figura 4.13 relacionada ao emprego, um

ligeiro aumento, mesmo observando uma maior concentração em permaneceu o mesmo

(60,2%), mas com tendência em aumentou (27,6%) e ainda 1% em aumentou muito, o que

pode possibilitar a confirmação de que, na percepção da população estudada, os benefícios

sociais advindos do turismo estão mais relacionados com o emprego e a renda.

y = 98 * 1 * normal (x; 2,816326; 0,63159)

RENDA

No

of o

bs

1,0%

27,6%

60,2%

11,2%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 4.14 - Opinião do entrevistado quanto à situação da renda das pessoas da comunidade devido à

atividade turística. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

A figura 4.15, apresenta a situação da distribuição de renda que o turismo

proporciona à comunidade. Como se verifica, segundo a percepção da amostra, essa

variável possui uma distribuição mais concentrada no permanece o mesmo (59,6%),

tendendo para diminuiu (17,2%) e diminuiu muito (7,1%). Entretanto, para 16,2% dos

entrevistados houve um aumento. Ou seja, mesmo o emprego melhorando um pouco, na

visão da comunidade entrevistada, a renda ainda se encontra mal distribuída, o que

provavelmente pode ser comprovado pela ocupação da comunidade, que muitas vezes não

82

são em cargos bem remunerados, que por sua vez pode ser conseqüência de uma educação

inadequada e incompleta. (figuras 4.7 e 4.16)

y = 99 * 1 * normal (x; 3,151515; 0,774117)

DIST_REN

No

of o

bs

16,2%

59,6%

17,2%

7,1%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 4.15 - Opinião do entrevistado quanto à situação da distribuição de renda na comunidade devido à

atividade turística. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

A figura 4.16 apresenta a situação da educação na comunidade da Vila de Ponta

Negra ficando a distribuição concentrada entre permanece o mesmo (30,2%), passando por

diminuiu (34,4%) e diminuiu muito (31,3%).

y = 96 * 1 * normal (x; 3,927083; 0,885495)

EDUCAÇÃO

No

of o

bs

4,2%

30,2%

34,4%31,3%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 4.16 - Opinião do entrevistado quanto à situação da educação devido à atividade turística.

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

83

Pelos dados apresentados na figura 4.16, verifica-se que para os entrevistados a

educação da comunidade piorou e nem mesmo com o crescimento da prática turística essa

situação melhorou. É interessante também observar quando no perfil (item 4.1), na figura

4.7, foi analisado que 57% da população local, possui apenas o ensino médio, podendo

justificar o baixo índice da educação.

A figura 4.17 apresenta a variável saúde, que por sua vez tem um dos piores

resultados onde 79,8% da amostra entrevistada afirmou que diminuiu (35,4%) ou diminuiu

muito (44,4%). Ou seja, o crescimento turístico não vem contribuindo muito para a

melhoria da qualidade desse serviço, segundo a percepção da população entrevistada.

y = 99 * 1 * normal (x; 4,242424; 0,770514)

SAUDE

No

of o

bs

20,2%

35,4%

44,4%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 4.17 - Opinião do entrevistado quanto à situação da saúde na comunidade devido à atividade turística

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

A figura 4.18 apresenta a variável que diz respeito aos espaços de lazer da

comunidade da Vila de Ponta Negra. Mais uma vez, segundo a visão da população

entrevistada, fatores sociais estão na escala descendente de permanece o mesmo (59,6%),

diminuiu (32,3%) e diminuiu muito (3,0%).

Essa realidade é confirmada quando, os entrevistados, ao comentar esse

questionamento, afirmaram que a praia sempre foi a principal fonte de lazer da

comunidade e que, na atualidade, o acesso à praia é feito por vielas (ver figuras 2.12 e

2.13), muitas vezes sujas e escuras, o que pode vir a comprovar as respostas dos moradores

em relação ao aumento do impacto ambiental causado pela atividade turística apresentado

na figura 4.11.

84

y = 99 * 1 * normal (x; 3,32323; 0,651972)

LAZER

No

of o

bs

1,0%4,0%

59,6%

32,3%

3,0%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 4.18 - Opinião do entrevistado quanto à situação dos espaços de lazer na comunidade devido à

atividade turística. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

Em relação à criminalidade, a figura 4.19 apresenta que houve um aumento

considerável, pois 56,6% dos entrevistados responderam que aumentou muito e 27,3%

responderam que aumentou. Alguns responderam que permanece o mesmo (12,1%) e

outros afirmaram que diminuiu (4,0%). Essa é uma realidade que pode ser vista em todo o

país, principalmente em uma comunidade como a estudada: com baixos percentuais na

educação, saúde e poucos espaços de lazer.

y = 99 * 1 * normal (x; 1,636363; 0,850625)

CRIMINALIDADE

No

of o

bs

56,6%

27,3%

12,1%

4,0%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 4.19 - Opinião do entrevistado quanto à situação da criminalidade na comunidade devido à atividade

turística. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

85

Para tratar da violência, a figura 4.20 apresenta os resultados da pesquisa de campo,

segundo a visão da comunidade estudada. Essa variável obteve um maior percentual de

aumentou muito (68,7%) que a criminalidade, e um menor na escala aumentou (20,2%),

permanece o mesmo (8,1%) e diminuiu (3,0%). Mais uma vez essa realidade pode ser

reflexo de um conjunto de fatores mal estruturados como educação, saúde, lazer,

distribuição de renda, emprego, os quais infelizmente, refletem diretamente em muitas

atividades econômicas inclusive na área turística, pois se faz uso da comunidade, do

ambiente, das culturas das pessoas para poder existir.

y = 99 * 1 * normal (x; 1,454545; 0,772918)

VIOLENCIA

No

of o

bs

68,7%

20,2%

8,1%

3,0%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 4.20 - Opinião do entrevistado quanto à situação da violência na comunidade devido à atividade

turística. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

A figura 4.21 apresenta um assunto bastante polêmico para a atividade turística: a

prostituição. Na percepção da população entrevistada, aumentou muito o índice de

prostituição na comunidade, 85,8% deram essa resposta. Outros 13,1% disseram que houve

aumento e 2,0% responderam permanece a mesma coisa. Nenhum dos entrevistados

respondeu que diminuiu ou diminuiu muito. Essa variável é só mais uma a confirmar que

baixos índices de educação, saúde, lazer, podem provocar o agravamento dos problemas da

estrutura social, que por sua vez reflete sobre o meio ambiente.

Dessa forma, de acordo com informações coletadas no grupo em estudo, constata-

se que a atividade turística desenvolvida sem planejamento e por conveniência, modifica a

estrutura social de uma comunidade. Assim, conforme os teóricos Coriolano e Martins

86

(2005), o turismo sem estrutura e inadequado enfraquece e altera os aspectos sócio-

culturais e modifica a moralidade da comunidade receptora, porque ela passa a sofrer

influência e absorver ações, atitudes e comportamentos dos turistas, achando tudo

“normal”. Isso aumenta a incidência da prostituição, da criminalidade, do uso de drogas e

do jogo organizado.

y = 99 * 1 * normal (x; 1,171717; 0,429532)

PROSTITUIÇÃO

No

of o

bs

84,8%

13,1%

2,0%

0

7

14

21

28

35

42

49

56

63

70

77

84

91

98

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 4.21 - Opinião do entrevistado quanto à situação da prostituição na comunidade devido à atividade

turística. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

Por fim, a figura 4.22 apresenta o percentual de respostas sobre a qualidade de vida,

de acordo com a opinião da população estudada. A mesma apresenta 72,7% dos

entrevistados responderam que permanece a mesma, tendendo para uma melhora, com

14,1% dos entrevistados respondendo que aumentou e 3,0% que aumentou muito. Os que

responderam que a qualidade de vida na comunidade diminuiu (9,1%) e diminuiu muito

(1,0%), juntos, não se aproximam do percentual de moradores da amostra que responderam

que aumentou.

Essa análise é interessante, pois por mais que os impactos ao meio ambiente, a

criminalidade, a violência, a prostituição tenham aumentado, na percepção da população

entrevistada, a qualidade de vida, a geração de empregos, a renda e sua distribuição

permanecem a mesma tendendo para uma melhora, opondo-se ao que Coriolano (2006),

expõe sobre as condições de trabalho e de vida dos trabalhadores do turismo em uma praia

87

do Estado do Ceará. Essa visão negativa também é um tanto árdua quando esses

trabalhadores falam que o turismo não chega para eles. É coisa de rico, que tem dinheiro,

que vem comer e beber, dançar e esnobar do povo, que não tem direito a folga, nem férias.

y = 99 * 1 * normal (x; 2,90909; 0,624188)

Q_VIDA

No

of o

bs

3,0%

14,1%

72,7%

9,1%

1,0%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 4.22 - Opinião do entrevistado quanto à situação da qualidade de vida na comunidade devido à

atividade turística. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

Portanto, o que também pode-se observar nessa situação, é a não percepção da

comunidade estudada que as condições de saúde, educação, lazer, também podem refletir

na geração de mais e melhores empregos, renda e sua distribuição. Até mesmo na

diminuição dos índices de violência, criminalidade, prostituição, para então se alcançar os

benefícios sociais e uma melhor qualidade de vida que qualquer atividade econômica pode

oferecer, inclusive o turismo.

4.3 Análise de Regressão Múltipla

Nesta análise, procurou-se verificar, através da regressão linear múltipla, o

relacionamento entre as variáveis relacionadas à visão do entrevistado quanto aos

benefícios sociais gerados pela atividade turística e as demais variáveis independentes do

estudo. Para tanto, a variável escolhida como dependente foi definida como os benefícios

sociais (BEN_SOCI - Opinião do entrevistado quanto aos benefícios sociais na

88

comunidade gerados pela atividade turística). O que a atividade turística pode trazer para a

vila de Ponta Negra na visão dos moradores.

Como variáveis independentes foram consideradas: o comportamento da renda

(RENDA - Opinião do entrevistado quanto à situação da renda das pessoas da comunidade

devido à atividade turística). De emprego (EMPREGO - Opinião do entrevistado quanto à

situação do emprego na comunidade devido à atividade turística.). Das vendas (VENDA -

Opinião do entrevistado quanto à situação das vendas na comunidade devido à atividade

turística.). Da educação (EDUCAÇÃO - Opinião do entrevistado quanto à situação da

educação devido à atividade turística.). Da distribuição de renda (DIST_REN - Opinião do

entrevistado quanto à situação da distribuição de renda na comunidade devido à atividade

turística.). Da saúde (SAUDE - Opinião do entrevistado quanto à situação da saúde na

comunidade devido à atividade turística.). Da satisfação (SATISF - Opinião do

entrevistado quanto à satisfação dos moradores da comunidade devido à atividade

turística). Do lazer (LAZER - Opinião do entrevistado quanto à situação dos espaços de

lazer na comunidade devido à atividade turística). Da criminalidade (CRIME - Opinião do

entrevistado quanto à situação da criminalidade na comunidade devido à atividade

turística). Da violência (VIOLENCI - Opinião do entrevistado quanto à situação da

violência na comunidade devido à atividade turística). Da prostituição (PROSTIT -

Opinião do entrevistado quanto à situação da violência na comunidade devido à atividade

turística). Do uso de drogas (DROGAS - Opinião do entrevistado quanto à situação do uso

de drogas na comunidade devido à atividade turística) e da qualidade de vida no geral

(Q_VIDA - Opinião do entrevistado quanto à situação da qualidade de vida na comunidade

devido à atividade turística), na percepção dos moradores entrevistados. O resumo da

análise de regressão é apresentado no Anexo III.

A Tabela 4.1 apresenta os resultados da ANOVA (análise de variância) que levam a

inferir que há fortes evidências de que o modelo ajustado serve para descrever a associação

entre a variável dependente BEN_SOCI e as variáveis independentes selecionadas, devido

ao valor de probabilidade p < 0,0000001.

89

Tabela 4.1 – Análise de variância (ANOVA) para a regressão para a variável benefícios sociais que a

atividade turística traz para a vila de Ponta Negra.

Soma de Quadrados

Graus de liberdade

Quadrado Médio

F p-valor

Regressão 20,35 13 1,565369 6,75 < 0,0000001

Residual 18,55 80 0,231931

Total 38,90

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007

Em função do valor R² (R² = 0,523), pode-se inferir que as variáveis independentes

selecionadas explicam 52,3% da variação da variável BEN_SOCI, significando que outras

variáveis que não foram mencionadas neste trabalho poderiam contribuir para melhor

explicar a variação de BEN_SOCI. Dentre as treze variáveis independentes, seis foram

significantes para compor o modelo: EMPREGO, EDUCAÇÃO, DIST_REN, SAUDE,

LAZER e Q_VIDA. O resumo desses resultados está na Tabela 4.2. O Anexo III contém

mais detalhes desse resultado.

Tabela 4.2 – Variáveis que se revelaram significantes no modelo. R2 = 0,523

Variáveis Descrição das variáveis bn p-valor

Intercepto 1,2407 0,0261

RENDA Situação da renda na comunidade 0,2442 0,0791

EMPREGO Situação do emprego na comunidade 0,4355 0,0004

VENDAS Situação das vendas na comunidade -0,1912 0,1149

EDUCAÇÃO Situação da educação na comunidade 0,2946 0,0010

DIST_REN Situação da distribuição de renda na comunidade 0,2182 0,0176

SAUDE Situação da saúde na comunidade -0,2683 0,0026

SATISF Satisfação da comunidade 0,0309 0,7390

LAZER Situação dos espaços de lazer na comunidade 0,2302 0,0096

CRIME Situação da criminalidade na comunidade -0,0893 0,3674

VIOLENCI Situação da violência na comunidade 0,0517 0,6728

PROSTIT Situação da prostituição na comunidade 0,1226 0,4584

DROGAS Situação do uso de drogas na comunidade -0,0836 0,5393

Q_VIDA Situação da qualidade de vida na comunidade -0,3511 0,0015

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007

Nota-se, devido à baixa probabilidade de erro, com base na análise da tabela acima,

que segundo os entrevistados, os benefícios sociais estão fortemente ligados a geração de

emprego. Mesmo a população local não possuindo um nível de escolaridade alto e

específico, o que pode ser um reflexo do que o poder público utiliza ao falar em turismo

como gerador de emprego e renda (BRASIL, 2006).

90

Esta mesma análise pode ser refletida para outras três variáveis selecionadas, como

educação, distribuição de renda e lazer. Já para as variáveis saúde e qualidade de vida, essa

análise se faz de forma negativa, pois à medida que a atividade turística cresce a população

percebe que suas condições de saúde e qualidade de vida tendem a piorar.

Como uma forma de melhor visualizar essas análises a figura 4.23 mostra o resumo

dos resultados encontrados no estudo da associação das variáveis independentes com a

dependente.

Figura 4.23 – Associação entre a variável beneficio social (BEN_SOCI) e seus antecedentes.

Fonte: Pesquisa de campo, março de 2007

EDUCAÇÃO b = 0,2946

r = 0,38

LAZER b = 0,2302

r = 0,28

Q_VIDA b = - 0,3511

r = 0,19

SAÚDE b = - 0,2683

r = 0,03

DIST_REN b = 0,2182

r = 0,48

EMPREGO b = 0,4355

r = 0,37

BEN_SOCI R2 = 52,3%

91

Capítulo 5

Conclusões e Recomendações

Este capítulo apresenta as conclusões do trabalho, sendo divido em três seções.

Primeira: conclusões dos resultados da pesquisa. Segunda: apresenta as limitações do

trabalho. E, por fim, apresenta recomendações para trabalhos futuros.

5.1 Conclusões da Pesquisa de Campo

A primeira conclusão que se pode chegar sobre a atividade turística em relação aos

impactos sócio-ambientais analisados sob a ótica de uma população receptora é a geração

de emprego e renda, talvez por serem os benefícios mais perceptíveis ou mesmo por

serem os mais divulgados e fáceis de quantificar. Principalmente, quando se trata da

análise do poder público, quando se diz que o turismo é a maneira mais rápida de se

mudar os indicadores sociais das pessoas, sendo uma área que movimenta muitos

recursos e que oferece mais possibilidades de emprego. (FARIA, 2007).

Neste trabalho, pode-se comprovar que esse pensamento é o que ainda prevalece.

Principalmente, através da análise descritiva, na qual as variáveis são analisadas uma a

uma, verifica-se que as únicas variáveis que sofreram alguma melhora foram justamente

o emprego e a renda. Já os benefícios sociais e a qualidade de vida permaneceram do

mesmo jeito, sendo perceptível uma melhora sutil e a distribuição de renda tendendo para

uma pequena baixa.

Variáveis como saúde, educação e lazer, obtiveram respostas negativas em seu

crescimento. Pelos dados tabulados no item 4.1 – Perfil da Amostra -, essa situação pode

ser comprovada, pelo baixo nível de escolaridade da população estudada a qual 57% possui

apenas o nível médio, 21 % o ensino fundamental e 22% o ensino superior. (figura 4.7)

Já variáveis como, criminalidade (56,6%), violência (68,7%) e prostituição

(84,8%) obtiveram respostas muito negativas, com percentuais altíssimos de aumentou

muito. Essa realidade é comprovada quando autores como Ruschmann (2001) e Archer e

92

Cooper (2002), explicam que a não consideração do nível de desenvolvimento da

comunidade, o tipo de turismo que é desenvolvido e a falta de um planejamento, têm

como resultado a tentativa de se solucionar os impactos negativos, como o alto índice de

prostituição, marginalidade, uso de drogas, poluição, descaracterização das paisagens,

especulação imobiliária, falta de infra-estrutura adequada, entre outros.

Outra variável bastante negativa foi o impacto ao meio ambiente. Como foi uma

questão abrangente, teve-se que explicar o que significa “impacto ao meio ambiente” às

pessoas entrevistadas. Mesmo com alguma dificuldade para entender o termo, percebe-se

que o percentual aumentou foi bastante elevado. Infelizmente, essa é uma realidade

frustrante para o turismo e para a sociedade, além de ser o meio ambiente onde tudo se

desenrola, seja para o turismo ou não, é nele que está a matéria-prima desta atividade,

como a paisagem, a cultura da população local. Enfim, se é preciso desenvolver e construir

estrutura para a atividade turística que se faça com planejamento e responsabilidade, pois

por suas próprias características há uma apropriação direta ou indireta e uma produção

espacial simbólica da beleza natural ou da cultural, alterando-se tanto a paisagem física

como as relações sociais dos moradores da área que passam a gravitar em torno da

atividade turística.

Assim, se conclui, com a análise descritiva, que no impacto do turismo, os

positivos, são os empregos e renda gerados, surtindo efeito na distribuição de renda. Os

impactos negativos refletem o que muitos autores pesquisados para a elaboração do

referencial teórico abordam: o aumento da criminalidade, da violência, da prostituição, da

degradação ao meio ambiente, do uso de drogas, agravados, também, pela péssima

condição da educação, da saúde e dos espaços de lazer. Constatados nos depoimentos dos

moradores da Vila de Ponta Negra entrevistados.

Com relação à análise de regressão múltipla, foi identificada como variável

dependente a BEN_SOCI (Opinião do entrevistado quanto os benefícios sociais na

comunidade gerados pela atividade turística) e como variáveis independentes que se

relacionaram à dependente, EMPREGO (Opinião do entrevistado quanto à situação do

emprego na comunidade devido à atividade turística.), EDUCAÇÃO (Opinião do

entrevistado quanto à situação da educação devido à atividade turística), DIST_REN

(Opinião do entrevistado quanto à situação da distribuição de renda na comunidade devido

à atividade turística), SAUDE (Opinião do entrevistado quanto à situação da saúde na

comunidade devido à atividade turística.), LAZER (Opinião do entrevistado quanto à

situação dos espaços de lazer na comunidade devido à atividade turística) e Q_VIDA

93

(Opinião do entrevistado quanto à situação da qualidade de vida na comunidade devido à

atividade turística). Nota-se que a percepção dos entrevistados sobre os benefícios sociais

que a atividade turística pode trazer para a comunidade estão diretamente ligados à geração

de emprego, à distribuição de renda, a educação, ao lazer, e inversamente ligados às

condições da saúde e a qualidade de vida.

Com esta análise pode-se confirmar, mais uma vez, que quando fala-se em turismo

pensa-se imediatamente nos benefícios econômicos, principalmente na geração de emprego

e conseqüentemente renda e sua distribuição. É interessante observar que a população

analisada, quando pensa em benefícios sociais advindos do turismo, também percebe que o

crescimento da atividade turística pode acarretar melhoria em algumas necessidades

básicas como educação e lazer, que deveriam ser supridas pelo setor público de modo

geral, servindo como alicerces para o desenvolvimento de um turismo sustentável.

Assim, através desta pesquisa, onde foram investigados os impactos positivos e

negativos da atividade turística em uma comunidade receptora, no caso os moradores da

Vila de Ponta Negra em Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, pode-se perceber

o quanto são necessários estudos que enfoquem não só os aspectos econômicos e positivos

desta atividade, que de um modo geral, são mais fáceis de ser analisados e quantificados,

mas também aspectos que vislumbrem a sociedade como um todo, como social, ambiental,

político, cultural, de modo que os elementos de uma dimensão se liguem com os de outra,

em vez de optar por um ponto de vista exclusivo.

É nessa perspectiva de novos horizontes que nasce a premissa do desenvolvimento

sustentável, tratado no referencial teórico desta pesquisa, através do levantamento do uso

de indicadores, cuja função é a de auxiliar a compreensão dos fatos sociais, onde se enfoca

a participação social orientada por três eixos: a preservação ambiental, a eqüidade social e

o crescimento econômico. Como expõe Dias (2003), sem a integração da comunidade local

em todas as fases do processo não há desenvolvimento. Logo, para o turismo ser um meio

positivo para o aumento da vida econômica, social, cultural e ambiental, é preciso que se

volte para a população local, a fim de detectar os possíveis problemas e escolher o melhor

método de avaliação condizente com a realidade encontrada. Portanto, a presente pesquisa

oferece uma base sobre o estudo dos impactos sócio-ambientais que utiliza o conhecimento

de indicadores e de métodos de avaliação sócio-ambiental, no intuito de pensar que sempre

existirá degradação, mas que se pode minimizá-las. Deixar de estudar esses assuntos é que

seria um desrespeito com a sociedade que clama por ajuda.

94

5.2 Limitações do Trabalho

Em termos metodológicos, para diminuir o erro amostral, a pesquisa poderia ter

possuido maior amostra da população fazendo com que os resultados alcançados

obtivessem uma maior proporção.

O valor de R² (R² = 0,523), na análise de regressão múltipla, demonstra que outras

variáveis não estudadas poderiam contribuir para a determinação de um melhor

relacionamento entre as varáveis dependente e independentes. Ou seja, há a necessidade de

investigação de outras variáveis capazes de influenciar, na percepção dos moradores, os

benefícios sociais da atividade turística.

5.3 Recomendações para Trabalhos Futuros

A partir dos resultados obtidos e discussões apresentadas ao logo da pesquisa,

algumas sugestões para trabalhos futuros podem ser apresentadas:

- Elaborar mais pesquisas sobre os impactos sociais, culturais e ambientais da atividade

turística, principalmente nas populações locais, por ser o elo mais vulnerável dessa

atividade, principalmente em países em desenvolvimento;

- Elaborar essas pesquisas também fundamentadas nos estudos de indicadores, pois estes

enriquecem e fornecem dados mais precisos;

- Investigar, de modo geral, os problemas do crescimento desenfreado do turismo, pois

com o conhecimento dos possíveis danos, se poderá elaborar métodos sistematizados para

se avaliar quantitativa e qualitativamente o custo desses problemas;

- Elaborar pesquisas que considerem as especificidades de cada localidade estudada para

que se possa escolher os métodos de avaliação e planejamento mais adequados a cada

realidade;

- Elaborar planejamento turístico a partir das premissas desta pesquisa, também

considerando as demais recomendações anteriores;

- Analisar em que estágio do ciclo de vida do turismo está uma comunidade estudada.

- Estudos de Caso em localidades turísticas.

95

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105

Anexos

106

107

Anexo II

Demais Figuras da Análise Descritiva

y = 99 * 1 * normal (x; 3,252525; 0,704844)

INV_PREF

No

of o

bs

9,1%

62,6%

22,2%

6,1%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanecu o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 1 - Opinião do entrevistado quanto aos investimentos sociais realizados pela Prefeitura como efeito da

atividade turística. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

y = 98 * 1 * normal (x; 3,142857; 0,688641)

INV_EMPR

No

of o

bs

13,3%

63,3%

19,4%

4,1%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

Aumentou muitoAumentou

Permenece o mesmoDimunuiu

Diminuiu muito

Figura 2 - Opinião do entrevistado quanto aos investimentos sociais realizados pelos empresários como efeito

da atividade turística. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

108

y = 98 * 1 * normal (x; 2,7551; 0,593109)

ENV_FAM

No

of o

bs 32,7%

59,2%

8,2%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDimunuiu

Diminuiu muito

Figura 3 - Opinião do entrevistado quanto ao grau de envolvimento de sua família com a atividade turística.

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

y = 99 * 1 * normal (x; 2,72727; 0,635966)

BEN_FAMI

No

of o

bs

36,4%

55,6%

7,1%

1,0%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 4 - Opinião do entrevistado quanto à intensidade dos benefícios gerados pela atividade turística na

família. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

109

y = 99 * 1 * normal (x; 2,80808; 0,76501)

VENDAS

No

of o

bs

35,4%

53,5%

6,1% 5,1%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 5 - Opinião do entrevistado quanto à situação das vendas na comunidade devido à atividade turística.

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

y = 98 * 1 * normal (x; 3,22449; 0,75342)

SATISF

No

of o

bs

15,3%

51,0%

29,6%

4,1%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 6 - Opinião do entrevistado quanto à satisfação dos moradores da comunidade devido à atividade

turística. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

110

y = 99 * 1 * normal (x; 1,373737; 0,581796)

DROGAS

No

of o

bs

67,7%

27,3%

5,1%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 7 - Opinião do entrevistado quanto à situação do uso de drogas na comunidade devido à atividade

turística. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

y = 99 * 1 * normal (x; 2,565656; 0,608806)

REND_FAM

No

of o

bs

2,0%

43,4%

50,5%

4,0%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 8 - Opinião do entrevistado quanto à situação da renda familiar como efeito da atividade turística.

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

111

y = 99 * 1 * normal (x; 2,59596; 0,637585)

EMP_FAM

No

of o

bs

2,0%

42,4%

49,5%

6,1%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 9 - Opinião do entrevistado quanto à situação de emprego da família como efeito da atividade

turística. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

y = 99 * 1 * normal (x; 2,858585; 0,606262)

LAZER_FA

No

of o

bs

2,0%

20,2%

67,7%

10,1%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 10 - Opinião do entrevistado quanto à situação do lazer da família como efeito da atividade turística.

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

112

y = 99 * 1 * normal (x; 3,161616; 0,724316)

SAUD_FAM

No

of o

bs

2,0%

11,1%

57,6%

27,3%

2,0%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 11 - Opinião do entrevistado quanto à situação da saúde da família como efeito da atividade turística.

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

y = 98 * 1 * normal (x; 2,969387; 0,64941)

EDUC_FAM

No

of o

bs

20,4%

64,3%

13,3%

2,0%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 12 - Opinião do entrevistado quanto à situação da educação da família como efeito da atividade

turística. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

113

y = 99 * 1 * normal (x; 2,68687; 0,679833)

QV_FAM

No

of o

bs

3,0%

34,3%

53,5%

9,1%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Aumentou muitoAumentou

Permanece o mesmoDiminuiu

Diminuiu muito

Figura 13 - Opinião do entrevistado quanto à situação da qualidade de vida da família como efeito da

atividade turística. Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

114

Anexo III

Resumo da Análise de Regressão

Tabela 1 – Resumo da Análise de Regressão

Regression Summary for Dependent Variable: BEN_SOCI

R= ,72323832 R²= ,52307366 Adjusted R²= ,44557313

F(13,80)=6,7493 p<,00000 Std.Error of estimate: ,48159

St. Err. St. Err.

BETA of BETA B of B t(80) p-level

Intercpt 1,2407 0,5474 2,2664 0,0261

RENDA 0,2322 0,1306 0,2442 0,1373 1,7784 0,0791

EMPREGO 0,4936 0,1328 0,4355 0,1172 3,7175 0,0004

VENDAS -0,2192 0,1375 -0,1912 0,1199 -1,5938 0,1149

EDUCAÇÃO 0,4076 0,1194 0,2946 0,0863 3,4144 0,0010

DIST_REN 0,2601 0,1073 0,2182 0,0900 2,4241 0,0176

SAUDE -0,3171 0,1019 -0,2683 0,0862 -3,1115 0,0026

SATISF 0,0357 0,1067 0,0309 0,0925 0,3344 0,7390

LAZER 0,2347 0,0885 0,2302 0,0868 2,6530 0,0096

CRIME -0,1190 0,1313 -0,0893 0,0985 -0,9065 0,3674

VIOLENCI 0,0628 0,1481 0,0517 0,1219 0,4238 0,6728

PROSTIT 0,0801 0,1075 0,1226 0,1645 0,7451 0,4584

DROGAS -0,0761 0,1234 -0,0836 0,1357 -0,6165 0,5393

Q_VIDA -0,3439 0,1049 -0,3511 0,1071 -3,2791 0,0015 Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

115

Anexo IV

Matriz de Correlação

106

Anexo I Instrumento de Pesquisa

FORMULÁRIO DE PESQUISA Esta pesquisa tem como objetivo obter dados referentes à percepção da população sobre os impactos da atividade turística no meio ambiente, na família e sociedade local. Por gentileza, circule o número que corresponde a sua resposta. Caso não queira ou não saiba responder deixe em branco. Seus resultados serão utilizados para estudos de casos no PEP/UFRN e não haverá qualquer relevância não autorizada à pessoa pesquisada. 1. Há quanto tempo mora na Vila de Ponta Negra? _________ meses ou _________anos.

2. A principal atividade econômica de sua família é o TURISMO? (1) Sim (2) Não

Considerando os últimos 10 anos, dê sua opinião sobre os seguintes aspectos:

Aumentou muito Aumentou

Permanece o mesmo Diminuiu

Diminuiu muito

3. O impacto ao meio ambiente gerado pela atividade turística na Vila de Ponta Negra.

1 2 3 4 5

4. Os benefícios sociais que a atividade turística traz para a Vila de Ponta Negra.

1 2 3 4 5

5. Os investimentos em ações socais na Vila de Ponta Negra realizados pela Prefeitura como efeito da atividade turística.

1 2 3 4 5

6. Os investimentos em ações socais na Vila de Ponta Negra realizados pelos Empresários como efeito da atividade turística.

1 2 3 4 5

7. O nível de envolvimento de sua família com a atividade turística.

1 2 3 4 5

8. A intensidade do benefício que a atividade turística trouxe para sua família?

1 2 3 4 5

9. A renda das pessoas desta localidade. 1 2 3 4 5

10. O Emprego na comunidade. 1 2 3 4 5

11. As vendas no comércio. 1 2 3 4 5

12. A educação de jovens e adultos. 1 2 3 4 5

13. A distribuição de renda. 1 2 3 4 5

14. A saúde das pessoas na comunidade. 1 2 3 4 5

15. A Satisfação dos moradores da Vila. 1 2 3 4 5

16. Os Espaços de lazer da comunidade. 1 2 3 4 5

17. A criminalidade nesta localidade. 1 2 3 4 5

18. A violência na comunidade. 1 2 3 4 5

19. A prostituição na Vila de Ponta Negra 1 2 3 4 5

20. O uso de drogas. 1 2 3 4 5

21. A qualidade de vida de um modo geral 1 2 3 4 5

Considerando agora SUA FAMÍLIA nos últimos 10 anos, dê sua opinião sobre os seguintes aspectos:

Aumentou muito

Aumentou Permanece o mesmo

Diminuiu Diminuiu muito

22.A renda familiar 1 2 3 4 5

23. O emprego 1 2 3 4 5

24. O lazer 1 2 3 4 5

25. A saúde 1 2 3 4 5

26. A educação de todos na família. 1 2 3 4 5

27. A qualidade de vida. 1 2 3 4 5

Dados Pessoais do Entrevistado

28. Sexo: (1) Masculino (2 ) Feminino 29. Ano do Nascimento:

30. Estado civil: (1) Solteiro(a) (2) Casado(a)/Junto (3) Separado(a)/Divorciado (4) Viúvo(a)

31. Escolaridade: ____ ano do Ensino ________________ Superior (qual): ________________ 32. Nº de pessoas na Família:

33. Casa própria: (1) Sim (2) Não 34. Principal atividade econômica: 35. Há quanto tempo exerce a atividade?

36. Renda familiar mensal: (1) até R$ 500,00 (2) entre R$ 501,00 e R$ 1.000,00 (3) entre R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00

(4) entre R$ 2.001,00 e R$ 3.000,00 (5) acima de R$ 3.000,00

107

115

Anexo IV

Matriz de Correlação

Tabela 1 – Matriz de Correlação

RENDA EMPREGO VENDAS EDUCAÇÃO DIST_REN SAUDE SATISF LAZER CRIME VIOLENCI PROSTIT DROGAS Q_VIDA BEN_SOCI

RENDA

EMPREGO 0,52

VENDAS 0,64 0,75

EDUCAÇÃO 0,44 0,01 0,19

DIST_REN 0,55 0,30 0,34 0,36

SAUDE 0,16 0,12 0,13 0,53 0,09

SATISF 0,49 0,46 0,39 0,01 0,52 0,09

LAZER 0,21 0,20 0,24 0,11 0,15 0,15 0,21

CRIME -0,05 0,00 -0,09 -0,21 -0,20 -0,27 -0,12 -0,22

VIOLENCI -0,06 -0,04 -0,11 -0,21 -0,19 -0,32 -0,16 -0,21 0,80

PROSTIT -0,16 -0,12 -0,20 -0,28 -0,22 -0,33 -0,18 -0,18 0,42 0,54

DROGAS 0,01 -0,04 0,01 -0,13 -0,12 -0,28 -0,14 -0,32 0,56 0,67 0,62

Q_VIDA 0,51 0,53 0,51 0,14 0,45 0,03 0,45 0,35 -0,13 -0,13 -0,15 -0,08

BEN_SOCI 0,50 0,37 0,30 0,38 0,48 0,03 0,30 0,28 -0,13 -0,09 -0,10 -0,12 0,19

Fonte: Pesquisa de Campo, março de 2007.

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