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CAVALO LUSITANO 38 REVISTA EQUITAÇÃO AVALIAÇÃO GENÉTICA PARA A MORFOLOGIA NO CAVALO LUSITANO NO SEGUIMENTO DO EXPOSTO NAS ÚLTIMAS EDIÇÕES DA REVISTA (N.º 114 A 116) VAMOS CONTINUAR A ABORDAR A TEMÁTICA DAS ESTRATÉGIAS DE CARACTERIZAÇÃO E SELECÇÃO NA RAÇA LUSITANA (VICENTE, 2015), COM A APRESENTAÇÃO DA AVALIAÇÃO GENÉTICA PARA A MORFOLOGIA, FERRAMENTA FUNDAMENTAL E EFICAZ DE SELECÇÃO DE ANIMAIS GENETICAMENTE SUPERIORES, COM BASE NO SEU VALOR GENÉTICO ESTIMADO PARA AQUELA CARACTERÍSTICA (GAMA ET AL., 2004). egra geral, sempre se considerou a confor- mação e morfologia como aspectos bastante impor- tantes na criação cavalar, apre- sentando-se até com maior re- levância, comparativamente com outras espécies de animais domésticos (Preisinger et al., 1991). Isto aplica-se particular- mente nas raças seleccionadas por aspectos baseados em ca- racterísticas morfológicas e de beleza como sempre foi o caso do cavalo Lusitano. De igual modo, a morfologia está inti- mamente ligada com a ampli- tude de movimentos e aptidão funcional, desempenho despor- tivo, saúde e longevidade (Prei- singer et al., 1991; Barrey et al., 2002). A apreciação da mor- fologia em equinos é de tal forma importante que o primeiro estudo conhecido sobre esta te- mática, usando uma abordagem quantitativa sobre medições li- neares da conformação do cavalo foi realizado no século XVIII por Bourgelat (1754) (Saasta- moinen e Barrey, 2000), ao ana- lisar equinos do tipo Barroco, i.e., cavalos Ibéricos (Figura 1). Mais recentemente surgiram outras técnicas mais objectivas de avaliar a morfologia e con- R Figura 1 – Estudo da conformação do cavalo Barroco por Bourgelat em 1754 (Adaptado de: Saastamoinen e Barrey, 2000) António Vicente 1,2,3 Nuno Carolino 2,3,4 Luís T. Gama 3 1 Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Santarém, Apartado 310, 2001-904 Santarém, Portugal; 2 Unidade Estratégica de Investigação e Serviços de Biotecnologia e Recursos Genéticos, INIAV, IP 2005-048 Vale de Santarém, Portugal; 3 CIISA - Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, 1300-477 Lisboa, Portugal; 4 Escola Universitária Vasco da Gama, Av. José R. Sousa Fernandes 197 Lordemão, 3020-210 Coimbra, Portugal QUADRO 1 – GRELHA DE CLASSIFICAÇÃO DE REPRODUTORES (APSL, 2010) CARACTERES Coef. Cabeça e pescoço (CP) 1 Espádua e garrote (EG) 1 Peitoral e costado (PC) 1 Dorso e rim (DR) 1.5 Garupa (GA) 1 Membros (ME) 1.5 Conjunto de formas (CF) 1.5 Andamentos (AN) 1.5 Pontuação Total (PT) 10 Figura 2 – Itens de apreciação da morfologia e andamentos num candidato a reprodutor Lusitano

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AVALIAÇÃO GENÉTICA PARA A MORFOLOGIANO CAVALO LUSITANONO SEGUIMENTO DO EXPOSTO NAS ÚLTIMAS EDIÇÕES DA REVISTA (N.º 114 A 116) VAMOSCONTINUAR A ABORDAR A TEMÁTICA DAS ESTRATÉGIAS DE CARACTERIZAÇÃO E SELECÇÃONA RAÇA LUSITANA (VICENTE, 2015), COM A APRESENTAÇÃO DA AVALIAÇÃO GENÉTICAPARA A MORFOLOGIA, FERRAMENTA FUNDAMENTAL E EFICAZ DE SELECÇÃO DE ANIMAISGENETICAMENTE SUPERIORES, COM BASE NO SEU VALOR GENÉTICO ESTIMADO PARAAQUELA CARACTERÍSTICA (GAMA ET AL., 2004).

egra geral, sempre seconsiderou a confor-mação e morfologia

como aspectos bastante impor-tantes na criação cavalar, apre-sentando-se até com maior re-levância, comparativamentecom outras espécies de animaisdomésticos (Preisinger et al.,1991). Isto aplica-se particular-mente nas raças seleccionadaspor aspectos baseados em ca-racterísticas morfológicas e debeleza como sempre foi o casodo cavalo Lusitano. De igualmodo, a morfologia está inti-mamente ligada com a ampli-tude de movimentos e aptidãofuncional, desempenho despor-tivo, saúde e longevidade (Prei-singer et al., 1991; Barrey etal., 2002). A apreciação da mor-fologia em equinos é de talforma importante que o primeiroestudo conhecido sobre esta te-mática, usando uma abordagemquantitativa sobre medições li-neares da conformação do cavalofoi realizado no século XVIIIpor Bourgelat (1754) (Saasta-moinen e Barrey, 2000), ao ana-lisar equinos do tipo Barroco,i.e., cavalos Ibéricos (Figura 1). Mais recentemente surgiram

outras técnicas mais objectivasde avaliar a morfologia e con-

R

Figura 1 – Estudo da conformação do cavalo Barroco por Bourgelat em 1754 (Adaptado de: Saastamoinen e Barrey, 2000)

António Vicente 1,2,3 Nuno Carolino 2,3,4 Luís T. Gama 3

1 Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Santarém, Apartado 310, 2001-904 Santarém, Portugal;2 Unidade Estratégica de Investigação e Serviços de Biotecnologia e Recursos Genéticos, INIAV, IP 2005-048 Vale de Santarém, Portugal;

3 CIISA - Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, 1300-477 Lisboa, Portugal;4 Escola Universitária Vasco da Gama, Av. José R. Sousa Fernandes 197 Lordemão, 3020-210 Coimbra, Portugal

QUADRO 1 – GRELHA DE CLASSIFICAÇÃO DE REPRODUTORES (APSL, 2010)

CARACTERES Coef.Cabeça e pescoço (CP) 1Espádua e garrote (EG) 1Peitoral e costado (PC) 1Dorso e rim (DR) 1.5Garupa (GA) 1Membros (ME) 1.5Conjunto de formas (CF) 1.5Andamentos (AN) 1.5Pontuação Total (PT) 10

Figura 2 – Itens de apreciação da morfologia e andamentos num candidato a reprodutor Lusitano

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formação de um equino, no-meadamente por biometria, fo-tometria, avaliação cinemáticapor gravação digital, etc., con-forme apresentado de formamuito interessante em estudoaprofundado realizado por San-tos (2008), sobre a análise deandamentos e da biomecânicade cavalos Lusitanos em dife-rentes disciplinas equestresO cavalo Lusitano sempre foi

empiricamente selecionado, des-de o passado até ao presente,pelos seus atributos de morfo-logia, conformação e beleza, apar do seu desempenho funcio-nal em actividades ligadas aotrabalho de campo, tauromaquiae arte equestre. Desde 1967, com a imple-

mentação do Studbook da raça,todos os candidatos a reprodu-tores têm de ser submetidos auma apreciação morfo-funcional,segundo uma grelha de classifi-cação (Quadro 1; Figura 2),para que, após aprovação, osseus descendentes possam serinscritos no Livro de Nascimen-tos da raça. Adicionalmente, oscandidatos a reprodutores sãomedidos para a altura ao garrotee os machos são ainda fotogra-fados para uma base de dadosda APSL.Como se sabe, a cada caracter

da grelha de classificação é atri-buída uma nota entre 0 e 10pontos, sendo posteriormenteaplicado o respectivo coeficiente(1.0 ou 1.5), para que, apóssoma de todos os parâmetrosavaliados, se obtenha a Pon-tuação Total (PT) do animal(de 0 a 100 pontos).Deste modo existe na APSL

um vasto conjunto de dados(mais de 18 mil) de avaliaçõesmorfológicas, que poderão serdevidamente analisados, de for-ma a se poder proceder a umaavaliação genética para a mor-fologia. De referir ainda que agrelha de classificação da raçase manteve inalterada desde oseu início, em 1967, permitin-do-nos estudar de forma coe-rente a evolução da raça Lusi-tana ao longo de mais de 40

anos de criação, sempre segundoos mesmos parciais (de morfo-logia e andamentos) de avalia-ção.Como já foi referido e expli-

cado numa edição anterior darevista (Nº 107 sobre a ava-liação genética para a funcio-nalidade) interessa ao criadorconhecer o valor genético dosseus animais, ou seja, qual ovalor de um animal num pro-grama de selecção, i.e. o queesse animal poderá efectiva-mente transmitir à descendência,indicador do seu mérito gené-tico. Desde modo, propusemo-nos realizar uma avaliação ge-nética para a morfologia, con-siderando todos os dados depontuação de reprodutoresquando inscritos no Livro deAdultos, disponíveis no Stud-book da raça Lusitana, com apredição de valores genéticospara esta população, com basena metodologia BLUP – ModeloAnimal (Gama et al., 2004;

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Figura 3 – Modelo de análise para a morfologia no cavalo Lusitano,considerando diferentes efeitos fixos

Henderson, 1994). O modeloempregue para este estudo apre-senta-se na figura 3. Foi utilizada a informação ge-

nealógica e morfológica do Stud-book da raça, cedida pelo RegistoNacional de Equinos (RNE) ecompletada com informação daAPSL, que incluía genealogiasde 53417 indivíduos (nascidosentre 1824 e 2009) e classifica-ções de 18076 candidatos a re-produtores Lusitanos (de 1967a 2009). Através do BLUP -Modelo Animal utilizou-se ummodelo misto que incluía osefeitos fixos do criador, ano depontuação, sexo, idade e con-sanguinidade e como efeito alea-tório o valor genético do animal.Com este modelo e esta meto-dologia BLUP - Modelo Animal,utilizado universalmente paravárias espécies pecuárias, pre-tende-se estimar o Valor Ge-nético de todos os indivíduos,independentemente, da sua ori-gem (criador), do sexo, da idade

e do ano em que foram pon-tuados (júri). Isto é, pretende-se remover, tanto quando pos-sível, a influência destes factoresambientais, que poderão ter in-fluenciado a classificação obtidapor cada animal, tanto nas notasparciais como na pontuação to-tal.Assim, foram estimados os

valores genéticos e respectivaprecisão para as 10 diferentescaracterísticas estudadas: Alturaao Garrote (AG), pontuaçõesparciais (Cabeça e Pescoço; Es-pádua e Garrote; Peitoral e Cos-tado; Dorso e Rim; Garupa;Membros; Conjunto de Formase Andamentos) e PontuaçãoTotal. Pretendeu-se obter estimativas

de efeitos fixos (factores am-bientais) e de parâmetros ge-néticos, com as correspondentespredições dos valores genéticose respectivas tendências gené-ticas ao longo do tempo, indi-cadores mais objectivos e fun-damentais para a selecção e me-lhoramento genético.As estatísticas descritivas e

os parâmetros genéticos (heri-tabilidade – h2) obtidos para aclassificação morfológica a quan-do da apreciação dos candidatosa reprodutores Lusitanos parao Livro de Adultos (LA) apre-sentam-se no Quadro 2.Podemos observar que existem

animais pontuados ao LA com

Quadro 2 – Estatísticas descritivas e parâmetros genéticos (h2 – heritabilidade) para a pontuação de Lusitanos ao LA (DP – desvio padrão e CV – coeficiente de variação)

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altura ao garrote que varia entre1.40m e 1.78m e pontuaçãototal entre 44.5 pts e 97 pts. Asnotas atribuídas aos parciais demorfologia e andamentos va-riaram entre os 4 e 10 pontos,com valores médios por caracterentre 6.68 pts (membros) e 7.48pts (peitoral e costado). De re-ferir ainda que a Cabeça e Pes-coço foi o parcial com maiorvariação (CV = 11.12%) se-guida da nota para os anda-mentos. A heritabilidade (h2), parâ-

metro genético fundamentalque mede essencialmente atransmissibilidade à descendên-cia de uma dada característica,foi elevada para a altura ao gar-rote (0.61) e média/baixa paraos diferentes itens de classifica-ção morfológica, variando entre0.18 (Cabeça e Pescoço) e 0.07(Membros).Após as estimativas dos vários

parâmetros genéticos para amorfologia no cavalo Lusitanopudemos então realizar a dese-jada avaliação genética com ointuito de obter estimativas dosvalores genéticos para os dife-rentes animais que compõem

esta população. Com isto po-demos obter rankings de animaisconsoante o seu valor genéticoestimado para diferentes carac-terísticas estudadas (pontuaçãototal, altura ao garrote, anda-

mentos, etc.). De realçar que as estimativas

dos valores genéticos são dinâ-micas, querendo dizer que po-dem e devem ser atualizadasfrequentemente (numa base se-mestral ou anual) e à medidaque vamos dispondo de maisinformação morfológica de pon-tuação de animais ao LA po-der-se-ão alterar (só apresenta-mos aqui dados até 2009). No Quadro 3 apresenta-se o

ranking do mérito genético es-timado dos melhores 15 gara-nhões Lusitanos para a morfo-logia, ordenados a partir do maisalto valor genético (VG) para aPontuação Total (PT expressoem pontos). Para além do valorgenético para a PT, podemosainda observar o valor genéticoestimado para a altura ao garrote(expresso em cm), evidenciandoo potencial genético de um de-terminado reprodutor na di-mensão/tamanho e que podetransmitir à descendência e ain-da se apresenta o VG para osandamentos. Para estas três ca-racterísticas, apresenta-se igual-mente a precisão das estimativasdo valor genético (Prec), que

traduz a maior ou menor quan-tidade de informação existentesobre o animal e seus familiares.Como curiosidade, indica-seainda o ano de nascimento dosanimais.De uma forma análoga pode-

mos construir rankings de méritogenético para qualquer uma dasdez características estudadas namorfologia, por sexo, globais,etc, e apresenta-se no Quadro4 o ranking ordenado para os15 melhores garanhões Lusitanosem relação ao VG da Altura aoGarrote (AG), apresentando-se como curiosidade a AG dosanimais e o seu ano de nasci-mento.Deste modo o criador de ca-

valos Lusitanos poderá ter à suadisposição um conjunto de in-formações e dados relevantes,que o auxiliem nas opções deselecção e emparelhamentos dereprodutores, no que diz respeitoà apreciação morfológica. Estainformação está ao dispor dosassociados da APSL, para osseus animais e para o rankingdos melhores na sua área reser-vada (https:// genpro. ruralbit.com/). A título de exemplo, e para

que saibamos como interpretare usar os resultados da avaliaçãogenética para a morfologia, apre-sentamos os valores da avaliaçãogenética para dois garanhõesdistintos, aqui identificados comoGaranhão A (Figura 4) e Ga-ranhão B (Figura 5) (adaptadosde: https://genpro.ruralbit.com/).Podemos igualmente analisar

as diferentes tendências e efeitosfixos obtidos com este estudo eobservar a evolução da alturaao garrote na raça e da pontuaçãototal (PT) atribuída aos candi-datos a reprodutores ao longodo tempo, i.e. as diferentes ten-dências fenotípicas (Figura 6).Existiu, ao longo do tempo,

um ligeiro aumento fenotípicoda altura média ao garrote docavalo Lusitano, fruto essen-cialmente de melhores condiçõesambientais na criação e nãotanto um aumento genéticopara a altura ao garrote. No en-

Quadro 3 - Ranking de mérito genético da morfologia de garanhões Lu-sitanos, para a Pontuação Total (em pontos), Altura ao Garrote (emcm) e Andamentos (em pontos), ordenados pelo Valor Genético (VG)da Pontuação Total e respectiva precisão da estimativa em % (Prec)

Quadro 4 - Ranking de mérito genético da morfologia de garanhões Lu-sitanos, ordenados pelo Valor Genético (VG em cm) da Altura aoGarrote (AG em cm) e respectiva precisão da estimativa (Prec)

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Bibliografia ConsultadaAPSL. 2010. Regulamento do livro genealógico do cavalo

Lusitano. Associação Portuguesa de Criadores do CavaloPuro-sangue Lusitano - APSL. Cascais, Portugal.

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Gama, L.T, Matos, C.P. e Carolino, N. 2004. Modelos Mistos em MelhoramentoAnimal. Arquivos Veterinários, Nº7, Direcção Geral de Veterinária - Ministério daAgricultura, do Desenvolvimento Rural e Pescas, Portugal.

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Saastamoinen M.T. and Barrey E. 2000. Genetics of conformation, locomotionand physiological traits. In: A.T. Bowling and A. Ruvinsky (eds.). The Genetics ofthe Horse. p 439-472. CABI Publishing, Oxon, UK.

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de aprovação dos animais nosúltimos anos, e fruto de umaaplicação cada vez mais exigenteda grelha de classificação as no-tas atribuídas aos candidatos areprodutores são presentementemais baixas que no passado. Noentanto, isto não quer dizer queos animais sejam geneticamente

inferiores, antes pelo contrário!Este facto comprova-se pelaevolução positiva da tendênciagenética da Pontuação Total(Figura 8) e demonstra toda aforça, precisão e interesse dautilização da metodologia BLUP– modelo animal como ferra-menta de auxílio no melhora-

mento genético da raça e nastomadas de decisão dos criado-res. Ainda que inicialmente pu-

déssemos pensar na incoerênciaque seria a atribuição de cadavez menos pontos à morfologiaquando os animais estão cadavez melhores, o modelo de aná-

lise é capaz de considerar osvários efeitos ambientais emcausa e separá-los da compo-nente genética, comprovando-se assim a melhoria genética docavalo Lusitano em termos deapreciação morfológica.O programa de seleção da

raça Lusitana tem, até ao pre-sente, assentado essencialmentena escolha de animais com basena informação fenotípica (mor-fologia e andamentos) e pedi-grees (genealogias), mas seriaimportante a inclusão de outrosobjetivos de melhoramento quetraduzam a funcionalidade doanimal. Como tal no próximonúmero da revista iremos abor-dar a temática da avaliação ge-nética para a funcionalidade noLusitano, com especial ênfasepara a disciplina de Equitaçãode Trabalho. Esperamos que sejaútil!�

Agradecimentos: Ao RNE/AR e APSL pela cedência dosdados para este estudo e por todoo apoio na sua elaboração.

Figura 7 – Efeito ambiental do ano de pontuação ao Livro de Adultos para a Pontuação Total no cavalo Lusitano

Figura 6 – Tendências fenotípicas da Altura ao Garrote e da Pontuação Total dos candidatos a reprodutores Lusitanos

Figura 8 – Tendência genética para a Pontuação Total no cavalo Lusitano