AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS ALUNOS EM CRECHE MARIA RAIANE BERNARDINO DE GOES NATAL/RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO

AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

OFERECIDA AOS ALUNOS EM CRECHE

MARIA RAIANE BERNARDINO DE GOES

NATAL/RN

2016

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MARIA RAIANE BERNARDINO DE GOES

AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

OFERECIDA AOS ALUNOS EM CRECHE

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Graduação em

Nutrição da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito final para

obtenção do grau de Nutricionista.

Orientadora: Profª Drª Liana Galvão Bacurau Pinheiro

NATAL/RN

2016

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MARIA RAIANE BERNARDINO DE GOES

AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

OFERECIDA AOS ALUNOS EM CRECHE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito final para obtenção do

grau de Nutricionista.

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª. Drª. Liana Galvão Bacurau Pinheiro

Prof.ª. Drª. Célia Márcia Medeiros de Morais

Profa. Esp. Neide Maria Ferreira da Rocha –Aposentada da UFRN

Natal - RN, 13 de dezembro de 2016.

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DEDICATÓRIA

À minha mãe, Ivanizete, por todo o amor e dedicação para comigo.

Mulher mais generosa, amável e compreensiva que conheço. A

quem devo tudo o que sou.Meu maior exemplo, meu amor!

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida, por me dar saúde e força para superar todas as dificuldades.

À minha mãe, Ivanizete, por toda a dedicação e amor incondicional. Minha principal

incentivadora, que além de educação me deu bons exemplos, que sempre acreditou em

mim, me apoiando e respeitando minhas decisões, nunca deixando que as dificuldades

acabassem com os meus sonhos.

Ao meu pai, Romildo, e aos meus avós, em especial meu avô José Nogueira, que

mesmo sem entenderem muito a importância deste curso, torceram pelo meu sucesso.

Aos meus irmãos, Vanessa e Felipe, que além de irmãos são meus melhores amigos,

que acompanharam cada passo de perto sempre me apoiando e confiando em mim.

Ao meu noivo, Marcelo, pelo carinho, cumplicidade e atenção. Por aceitar a minha

ausência quando necessário e compreender a importância dessa conquista.

Ao meu afilhado João Lucas, o príncipe da família, que tanto me alegra e enche de

felicidade os meus dias na sua companhia.

À minha prima Fernanda, que sempre me incentivou a correr atrás dos meus objetivos.

À minha prima, Brenda, por ter sentido junto comigo, todas as angústias e felicidades da

graduação.

Às minhas amigas e companheiras da graduação, Juciene, Ana Paula, Karini, Maressa e

Sílvia, presentes de Deus, que durante esses anos de faculdade foram minha segunda

família, tornando a minha vida acadêmica muito melhor.

À minha orientadora, Profª Drª. Liana Galvão Bacurau Pinheiro, por toda a paciência,

compreensão e incentivo, além das suas valiosas contribuições e ensinamentos, não só

na realização deste trabalho, mas em toda a minha vida acadêmica.

Ao Secretario da Educação do município de Camutanga – PE e à Nutricionista Neide

Maria Ferreira da Rocha, pela colaboração na elaboração deste trabalho.

A todos meus familiares e amigos que sempre torceram por mim e àqueles que direta ou

indiretamente contribuíram para minha formação. Muita Obrigada!

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GOES, Maria Raiane Bernardino de. Avaliação da alimentação escolar oferecida aos

alunos em creche. 2016. 41. f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Nutrição) – Curso de Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal,

2016.

RESUMO

Promover a alimentação saudável na escola, na perspectiva do direito humano, é

garantir segurança alimentar e nutricional (SAN) e, sobretudo, construir cidadania. Para

tentar suprir, parcialmente, as necessidades nutricionais das crianças matriculadas em

escolas públicas, bem como efetivar o que se preconiza na SAN, o PNAE vem sendo

executado e aperfeiçoado em toda a rede pública no Brasil.No ambiente escolar, o

aumento do consumo de frutas e hortaliças deve ser estimulado,assim como deve ser

evitada a oferta de alimentos processados e ultraprocessados. Portanto, o objetivo deste

estudo foi analisar os cardápios da alimentação escolar ofertados aos alunos da creche

do município Camutanga-PE quanto à oferta de frutas, hortaliças, alimentos

processados e ultraprocessados. Para tanto, realizou-se uma análise quantitativa dos

alimentos presentes nos cardápios ofertados na alimentação escolar da creche.

Sistematizaram-se as informações dos cardápios dos meses de fevereiro a novembro de

2016. A análise se baseou nas recomendações preconizadas na Resolução 26/2013-

FNDE/MEC e nos critérios do Modelo de Perfil Nutricional da OPAS (2016), em

relação à oferta de frutas e hortaliças e a identificação da presença de produtos

alimentícios processados e ultraprocessados, respectivamente. Os resultados mostraram

que a oferta de frutas e hortaliças, por meio dos cardápios oferecidos aos alunos da

creche é superior à 200g/aluno/semana e que a frequência desses alimentos nos

cardápios é igual ou maior a três vezes por semana. A quantidade ofertada no cardápio

semanal variou de 565 g/aluno/semana a 905 g/aluno/semana e a frequência de 3 a 5

vezes por semana. Contudo,ressalta-se que a creche tem atendimento integral e os

alunos realizam quatro refeições durante o período de permanência diário. Em relação à

identificação de alimentos processados, os mais frequentes foram: produtos de

panificação (pães e biscoitos), queijo mussarela e suco de uva.Sendo os pães e biscoitos,

tipo maria, maisena e cream cracker, os mais identificados no cardápio. Dentre os

ultraprocessados: creme de leite, achocolatado em pó, bebida láctea e requeijão.Foi

possível perceber que apesar da proibição e da restrição de determinados alimentos,

como uma tentativa de minimizar a presença desses na alimentação escolar e estimular

o consumo dos alimentos in natura e minimamente processados, ainda existe uma

prevalência, pequena, desse tipo de alimento na composição dos cardápios da

creche.Diante do exposto, conclui-se que o planejamento dos cardápios da creche do

estudo em geral mostrou-se adequado quanto à oferta de frutas e hortaliças, mas deve-se

atentar para a prevalência de alimentos processados e ultraprocessados, de modo a

melhor atender às necessidades nutricionais das crianças.

Descritores: Creche; Alimentação escolar; Frutas e hortaliças; Cardápio; Alimentos

processados e ultraprocessados.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1- Fluxograma das etapas metodológicas realizadas no

estudo.............................................................................................................................. 24

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição e adequação da oferta de frutas e hortaliças nos cardápios de

fevereiro a novembro de 2016, seguindo o critério da Resolução Nº 26 de 17 de junho

de 2013 - FNDE...............................................................................................................26

Tabela 2: Frequência da oferta de frutas e hortaliças por semana nos cardápios da

Alimentação escolar no período de fevereiro a novembro de 2016................................27

Tabela 3: Alimentos processados e ultraprocessados encontrados nos cardápios

avaliados no período de fevereiro a novembro de

2016.................................................................................................................................31

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAE Conselhos de Alimentação Escolar

CECANE Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição do Escolar

CGU Controladoria Geral da União

CRN Conselho Regional de Nutrição

DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis

FNDE Fundo nacional do Desenvolvimento da Educação

IFES Instituições Federais de Ensino Superior

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MEC Ministério da Educação e Cultura

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Panamericana da Saúde

PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar

RT Responsável Técnico

TCU Tribunal de Contas da União

UAN Unidade de Alimentação e Nutrição

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................11

2. OBJETIVOS...........................................................................................................13

2.1. OBJETIVO GERAL................................................................................................13

2.2. OBEJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................13

3. REVISÃO D ALITERATURA.............................................................................13

3.1 ALIMENTAÇÃO SAÚDAVEL..............................................................................13

3.2 ALIMENTOS PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS...............................14

3.3 PROGRAMA NACIONAL DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR..............................16

3.4 A ESCOLA COMO PROMOTORA DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL.............20

3.5ALIMENTAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL....................................................21

4. METODOLOGIA..................................................................................................23

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................24

6. CONCLUSÕES......................................................................................................34

REFERÊNCIAS............................................................................................................35

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1. INTRODUÇÃO

A realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a

alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras

necessidades essenciais, orientando-se em práticas alimentares promotoras de saúde

com respeito à diversidade e de forma sustentável, é a síntese da segurança alimentar e

nutricional, que deve ser garantida em todos os espaços sociais de formação da

cidadania. Assim, promover a alimentação saudável na escola, na perspectiva do direito

humano, é melhorar padrões de saúde, garantir segurança alimentar e nutricional e,

sobretudo, construir cidadania (BRASIL, 2012a).

Nesse contexto, observa-se que a formação dos hábitos alimentares se

inicia desde muito cedo na criança, podendo ser influenciada pela genética ou ambiente

no qual ela está inserida. Portanto, a alimentação escolar deve ser de qualidade e

quantidade adequadas para suprir as necessidades de macro e micronutrientes, a fim de

proporcionar um melhor desenvolvimento cognitivo, motor e físico, contribuindo para

uma maior facilidade na assimilação dos conhecimentos e aprendizado,bem como,

quando equilibrada, também previne doenças (VITOLO, 2008).

Na fase pré-escolar de 2 a 6 anos de idade, a criança começa a se

interessar mais pelo ambiente que a cerca, sendo importante deixar que ela o explore. É

nessa fase que a criança está desenvolvendo seus sentidos e diversificando os sabores e,

com isso, formando suas próprias preferências. Por isso, a qualidade nutricional da

alimentação oferecida deve receber atenção especial, já que a criança está em pleno

desenvolvimento (ZOLLAR, 2013).

No entanto, em virtude do incremento progressivo de alimentos com

maior durabilidade e praticidade no consumo, os hábitos alimentares vêm sofrendo

grandes transformações ao longo do tempo, onde alimentos na sua forma natural estão

sendo, aos poucos, substituídos por alimentos processados (COSTA et l, 2011).

A industrialização tem atingido todos os mercados e todas as faixas

etárias. Dentre os principais consumidores encontram-se crianças e adolescentes, que

fazem dos produtos prontos (biscoitos recheados, salgadinhos, sopas prontas, lasanhas,

refrigerantes, hambúrgueres, cachorro-quente, sucos artificiais) seus lanches ou mesmo

refeições principais (MAESTRO; SILVA, 2004).

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Os alimentos processados e ultraprocessados, em sua maioria,veiculam

aditivos químicos que são cumulativos no organismo e podem trazer efeitos adversos a

curto ou longo prazo. As crianças possuem maior fragilidade ao consumi-los, bem como

são as maiores consumidoras, influenciadas pelo marketing e pela grande atratividade

sensorial dos produtos industrializados (CONTE, 2016).

No Brasil, desde 1955, foi criado um programa que visa suprir,

parcialmente, as necessidades nutricionais das crianças matriculadas em escolas

públicas. Esse é atualmente denominado de Programa Nacional de Alimentação Escolar

– PNAE, sendo considerado um dos maiores programas na área de alimentação escolar

no mundo eo único com atendimento universalizado. De acordo com a Resolução nº 26

de junho de 2013 FNDE/MEC, através do PNAE, todas as crianças matriculadas em

escolas públicas têm o direito à Alimentação Escolar, cujo objetivo é contribuir para o

crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar

e a formação de práticas alimentares saudáveis aos alunos, por meio de ações de

educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas

necessidades nutricionais durante o período de permanência na escola durante todo o

ano letivo (BRASIL, 2013).

A população infantil é do ponto de vista psicológico, socioeconômico e

cultural, influenciada pelo ambiente onde vive, mas tem pouco controle sobre a

disponibilidade de alimentos e tende a preferir os alimentos facilmente disponíveis e

servidos a ela. Assim, o consumo de frutas, sucos naturais e vegetais pode ser

influenciado pela disponibilidade, acessibilidade e pelo compartilhamento desses

alimentos com outras pessoas (WEFFORT et al., 2011).

Dessa forma, sabendo-se que a escola se constitui um espaço propício

para fomentar os hábitos alimentares saudáveis em crianças e que a alimentação escolar

deve ser de qualidade e em quantidade adequada, considera-se a importância da oferta

de frutas e hortaliças, assim como da oferta mínima ou inexistente de alimentos

processados e ultraprocessados. Portanto, torna-se justificável a avaliação da

alimentação de escolares de creches quanto à adequação e o fornecimento desses

alimentos de acordo com o que é preconizado pela legislação pertinente.

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar os cardápios da alimentação escolar ofertados aos alunos de

uma creche de um município do estado de Pernambuco, quanto à oferta de frutas,

hortaliças, alimentos processados e ultraprocessados.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar se os cardápios fornecidos na creche atende a Resolução 26 do

FNDE/MEC-2013, quanto ao fornecimento de frutas e hortaliças.

Identificar os produtos processados e ultraprocessados oferecidos nos cardápios

das creches em relação à classificação estabelecida nos critérios do Modelo de

Perfil Nutricional da Organização Panamericana da Saúde – OPAS 2016.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 ALIMENTAÇÃO SAÚDAVEL

A promoção da alimentação saudável constitui-se numa das estratégias

de saúde pública de vital importância para o enfrentamento dos problemas alimentares e

nutricionais do contexto atual, pois consiste em uma abordagem integral capaz de

prevenir, ao mesmo tempo, as doenças causadas por deficiências nutricionais

(desnutrição, carências de ferro, de vitamina A e outras), reforçando a resistência

orgânica para as doenças infecciosas, e na redução da incidência do excesso de peso e

das outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como obesidade, diabetes,

hipertensão e câncer (BRASIL, 2008a).

Adotar uma alimentação saudável não é meramente questão de escolha

individual. Muitos fatores – de natureza física, econômica, política, cultural ou social-

podem influenciar positivamente ou negativamente no padrão da alimentação das

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pessoas. Por exemplo, morar em bairros ou territórios onde há feiras e mercados que

comercializam frutas, verduras e legumes com boa qualidade torna mais factível a

adoção de padrões saudáveis de alimentação. Outros fatores podem dificultar a adoção

desses padrões como o custo mais elevado dos alimentos minimamente processados

diante dos ultraprocessados, a necessidade de fazer refeições em locais onde não são

oferecidas opções saudáveis de alimentação e a exposição intensa à publicidade de

alimentos não saudáveis (BRASIL, 2014).

Reconhecer que a alimentação é uma parte vital da cultura de um

indivíduo e levar em conta as práticas, costumes e tradições exigem algumas medidas

que possibilitem manter, adaptar ou fortalecer a diversidade e hábitos saudáveis de

consumo e de preparação de alimentos, garantindo que as mudanças na disponibilidade

e acesso aos alimentos não afete negativamente a composição da dieta e o consumo

alimentar. A repartição justa dos alimentos nas comunidades e na família, sem qualquer

tipo de prática discriminatória, o aproveitamento do valor nutritivo dos alimentos e a

educação e informação para evitar o consumo excessivo e desequilibrado de alimentos

que podem levar à má-nutrição, à obesidade e às doenças degenerativas, também fazem

parte do conjunto de medidas a serem adotadas para a concretização do direito humano

e promoção da alimentação adequada e saudável (BRASIL, 2008a).

3.2 ALIMENTOS PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS

A dieta habitual dos brasileiros é constituída por diversas influências e

atualmente é fortemente caracterizada por uma combinação de uma dieta dita

“tradicional” (baseada no arroz com feijão) com alimentos classificados como

ultraprocessados, com altos teores de gorduras, sódio, açúcar e conteúdo calórico e com

baixo teor de micronutrientes (BRASIL, 2012b). Essas inadequações podem

comprometer o estado nutricional e levar ao desenvolvimento de carências ou excessos

nutricionais que, além de atingir a população adulta, também atingem as crianças

(COSTA et al., 2011).

Alimentos processados são produtos relativamente simples e antigos

fabricados essencialmente com a adição de sal ou açúcar (ou outra substância de uso

culinário como óleo ou vinagre) a um alimento in natura ou minimamente processado.

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As técnicas de processamento desses produtos se assemelham a técnicas culinárias,

podendo incluir cozimento, secagem, fermentação, acondicionamento dos alimentos em

latas ou vidros e uso de métodos de preservação como salga, salmoura, cura e

defumação. Alimentos processados, em geral, são facilmente reconhecidos como

versões modificadas do alimento (BRASIL, 2014).

Alimentos ultraprocessados são formulações industriais feitas

inteiramente ou majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos (óleos,

gorduras, açúcar, amido, proteínas), derivadas de constituintes de alimentos (gorduras

hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em matérias

orgânicas como petróleo e carvão (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e

vários tipos de aditivos usados para dotar os produtos de propriedades sensoriais

atraentes). Tendo como técnicas de manufatura a extrusão, moldagem e pré-

processamento por fritura ou cozimento (BRASIL, 2014).

Segundo critérios do Modelo de Perfil Nutricional da Organização

Panamericana da Saúde – OPAS (2016) são exemplos de produtos alimentícios

classificados como processados e ultraprocessados, os seguintes:

Produtos processados: hortaliças como cenoura, pepino, ervilha, palmito,

cebola e couve-flor conservadas em salmoura ou em solução de sal e vinagre; extrato ou

concentrados de tomate (com sal ou açúcares); frutas em calda e frutas cristalizadas;

carne seca e toucinho; sardinha e atum enlatados; outras carnes ou peixes salgados,

defumados ou curados, queijos, pães e produtos panificados em geral.

Produtos ultraprocessados: doces ou salgadinhos de pacote, biscoitos,

sorvete, balas e guloseimas em geral; refrigerantes e refrescos; sucos adoçados e bebidas

“energéticas”; cereais matinais açucarados; bolos, misturas para bolo e barras de

cereais; bebidas lácteas e iogurtes adoçados e aromatizados; sopas, macarrão e temperos

“instantâneos” enlatados, de pacote ou desidratados; pratos pré-preparados ou semi-

prontos incluindo massas, pizza, pratos à base de carne, peixe ou hortaliças,

hambúrguer, salsicha e outros embutidos, carne de aves e peixes empanada ou do tipo

nuggets e outros pratos feitos de subprodutos animais.

Segundo IGLESIAS et al (2013), as estratégias de persuasão da mídia

voltadas para o consumo de alimentos processados têm se tornado cada vez mais

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difíceis de serem evitados e têm alcançado um maior número de consumidores devido a

internet, televisão e outras fontes de informação. No caso do público infantil, por

exemplo, é possível ver que as estratégias não são somente voltadas para as crianças,

mas também para seus pais ou responsáveis, o que torna ainda mais importante o papel

desses, já que é dever deles manter a integridade da alimentação da família, não só

através de compras seletivas, mas também de esforços para instruir seus filhos sobre

uma alimentação mais saudável.

A frequência de alimentos de fácil consumo na dieta pela população é

crescente, em virtude da praticidade e do sabor agradável oferecido. Entretanto, o

consumo desses produtos pode acarretar diversos problemas à saúde (PEREIRA et al.,

2015). Modos de se alimentar pouco saudáveis, com a adesão a um padrão de dieta rica

em alimentos com alta densidade energética e baixa concentração de nutrientes, o

aumento do consumo de alimentos ultraprocessados e o consumo excessivo de

nutrientes como sódio, gorduras e açúcar têm relação direta com o aumento da

obesidade e demais doenças crônicas, como o diabetes e a hipertensão e explicam, em

parte, as crescentes prevalências de sobrepeso e obesidade observadas nas últimas

décadas (BRASIL, 2012b).

3.3 PROGRAMA NACIONAL DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE)

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), implantado em

1955,tem como objetivo contribuir para o crescimento, o desenvolvimento, a

aprendizagem, o rendimento escolar dos estudantes e a formação de hábitos alimentares

saudáveis, por meio da oferta da alimentação escolar e de ações de Educação Alimentar

e Nutricional. São atendidos pelo Programa os alunos de toda a educação básica

(educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos)

matriculados em escolas públicas, filantrópicas e em entidades comunitárias

(conveniadas com o poder público), por meio da transferência de recursos financeiros

(BRASIL, 2009b).

O PNAE, popularmente conhecido como merenda escolar, é gerenciado

pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e visa à transferência,

em caráter suplementar, de recursos financeiros aos estados, ao Distrito Federal e aos

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municípios destinados a suprir, parcialmente, as necessidades nutricionais dos alunos,

bem como efetivar o que se preconiza na Segurança Alimentar e Nutricional, além de

proporcionar formação de práticas alimentares saudáveis (BRASIL, 2016a).

Por meio do PNAE, são distribuídas refeições durante o intervalo das

atividades escolares, onde os cardápios da alimentação escolar devem ser elaborados

pelo nutricionista responsável, com a utilização de gêneros alimentícios básicos, ou

seja, aqueles indispensáveis à promoção de uma alimentação saudável e adequada, de

modo a respeitar as referências nutricionais, os hábitos alimentares, a cultura alimentar

da localidade e pautar-se na sustentabilidade, sazonalidade e diversificação agrícola da

região. Cabe ao nutricionista Responsável Técnico a definição do horário e do alimento

adequado a cada tipo de refeição, respeitando a cultura alimentar. A porção ofertada

deverá ser diferenciada por faixa etária dos alunos, conforme as necessidades

nutricionais estabelecidas (BRASIL, 2013).

Os cardápios deverão atender às necessidades nutricionais dos alunos,

inclusive daqueles com necessidades específicas, tais como doença celíaca, diabetes,

hipertensão, anemias, alergias e intolerâncias alimentares, dentre outras e atender,

também,às especificidades culturais das comunidades indígenas e/ou quilombolas.

Deverão ser elaborados a partir de Fichas Técnicas de Preparo e apresentar, ainda, a

identificação (nome e CRN) e a assinatura do nutricionista responsável por sua

elaboração devendo estar disponíveis em locais visíveis nas Secretarias de Educação e

nas escolas, sendo necessário oferecer, no mínimo, três porções de frutas e hortaliças

por semana (200g/aluno/semana) nas refeições servidas. No entanto, as bebidas à base

de frutas não substituem a obrigatoriedade da oferta de frutas in natura e a composição

das bebidas à base de frutas deverá seguir as normativas do Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento- MAPA (BRASIL, 2013).

Segundo a Resolução Nº 26 de 17 de junho de 2013, o PNAE tem como

diretrizes:

I - o emprego da alimentação saudável e adequada, compreendendo o uso

de alimentos variados, seguros, que respeitem a cultura, as tradições e os hábitos

alimentares saudáveis, contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos

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e para a melhoria do rendimento escolar, em conformidade com a sua faixa etária e seu

estado de saúde, inclusive dos que necessitam de atenção específica;

II - a inclusão da educação alimentar e nutricional no processo de ensino

e aprendizagem, que perpassa pelo currículo escolar, abordando o tema alimentação e

nutrição e o desenvolvimento de práticas saudáveis de vida na perspectiva da segurança

alimentar e nutricional;

III - a universalidade do atendimento aos alunos matriculados na rede

pública de educação básica;

IV - a participação da comunidade no controle social, no

acompanhamento das ações realizadas pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos

Municípios para garantir a oferta da alimentação escolar saudável e adequada;

V - o apoio ao desenvolvimento sustentável, com incentivos para a

aquisição de gêneros alimentícios diversificados, produzidos em âmbito local e,

preferencialmente, pela agricultura familiar e pelos empreendedores familiares rurais,

priorizando as comunidades tradicionais indígenas e de remanescentes de quilombos; e

VI - o direito à alimentação escolar, visando garantir a segurança

alimentar e nutricional dos alunos, com acesso de forma igualitária, respeitando as

diferenças biológicas entre idades e condições de saúde dos alunos que necessitem de

atenção específica e aqueles que se encontre em vulnerabilidade social.

Atualmente, o valor repassado pela União a estados e municípios por dia

letivo para cada aluno é definido de acordo com a etapa e modalidade de ensino:

Creches: R$ 1,00

Pré-escola: R$ 0,50

Escolas indígenas e quilombolas: R$ 0,60

Ensino fundamental, médio e educação de jovens e adultos: R$ 0,30

Ensino integral: R$ 1,00

Alunos do Programa Mais Educação: R$ 0,90

Alunos que frequentam o Atendimento Educacional Especializado no contraturno:

R$ 0,50

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O repasse é feito diretamente aos estados e municípios, com base no

Censo Escolar realizado no ano anterior ao do atendimento. O Programa é

acompanhado e fiscalizado diretamente pela sociedade, por meio dos Conselhos de

Alimentação Escolar (CAE), pelo FNDE, pelo Tribunal de Contas da União (TCU),

pela Controladoria Geral da União (CGU) e pelo Ministério Público (BRASIL, 2016a).

O PNAE tem alcançado avanços importantes entre os quais se pode citar:

a obrigatoriedade da existência de um nutricionista responsável técnico, a ampliação e o

fortalecimento dos Conselhos de Alimentação Escolar (CAE) e a constituição dos

Centros Colaboradores em Alimentação e Nutrição do Escolar (CECANEs), por meio

de parcerias entre o FNDE e as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), os

quais apontam igualmente para uma importante ampliação dessa política pública no que

concerne à garantia do direito à alimentação adequada e saudável nas escolas (BRASIL,

2015).

Segundo a Lei nº 11.947, de 16/6/2009, do total dos recursos financeiros

repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverá

ser utilizado na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da Agricultura Familiar e

do Empreendedor Familiar Rural ou suas organizações, priorizando os assentamentos da

reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas.

(BRASIL, 2013).

Esse programa incorpora, assim, elementos relacionados à produção,

acesso e consumo dos alimentos com o objetivo de, simultaneamente, oferecer

alimentação saudável aos alunos de escolas públicas da educação básica do Brasil e

estimular a agricultura familiar nacional. A conexão entre a agricultura familiar e a

alimentação escolar fundamenta-se nas diretrizes estabelecidas pelo PNAE, em especial

no que tange ao emprego da alimentação saudável e adequada e ao apoio ao

desenvolvimento sustentável. Esse encontro tem promovido uma importante

transformação na alimentação escolar, ao permitir que alimentos saudáveis e com

vínculo regional, produzidos diretamente pela agricultura familiar, possam ser

consumidos diariamente pelos alunos da rede pública de todo o Brasil (BRASIL,

2016b).

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3.4 A ESCOLA COMO PROMOTORA DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

A escola é espaço de promoção da saúde, pelo papel destacado na

formação cidadã, estimulando a autonomia, o exercício dos direitos e deveres, o

controle das condições de saúde e qualidade de vida, bem como na obtenção de

comportamentos e atitudes considerados como saudáveis (BRASIL, 2010).

Analisando a escola como espaço de convivência e de troca de vivências,

a experiência alimentar adquirida na mesma pode ser levada ao núcleo familiar e, nesse

aspecto, destaca-se o papel da alimentação escolar. Uma escola promotora de saúde

estimula, através do PNAE, boas práticas de alimentação e incentiva na comunidade, a

busca por escolhas alimentares mais saudáveis e sustentáveis (ABERC, 2008).

Considerando a importância da escola como espaço de promoção de

saúde, autoestima, comportamentos e habilidades para a vida de seus alunos,

funcionários e comunidade, ou seja, como sendo o espaço propício à formação de

hábitos alimentares saudáveis e à construção da cidadania, o Ministério da Saúde e da

Educação instituíram pela Portaria Interministerial nº 1.010/2006, as diretrizes para a

promoção da Alimentação Saudável nas escolas de Educação Infantil, Fundamental e

nível Médio das redes públicas e privadas, em âmbito nacional (BRASIL, 2006c;

BRASIL, 2008b).

Como parte da Política Nacional de Promoção da Saúde, foram propostos

pelo Ministério da Saúde os Dez Passos para a Promoção da Alimentação Saudável nas

Escolas elaborados com o objetivo de propiciar a adesão da comunidade escolar a

hábitos alimentares saudáveis e atitudes de auto cuidado e promoção da saúde.

Consistem num conjunto de estratégias que devem ser implementadas de maneira

complementar entre si, sem necessidade de seguir uma ordem, permitindo a formulação

de ações/atividades de acordo com a realidade de cada local (BRASIL, 2006a).

Portanto, os Dez Passos para a Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas são:

1º passo – A escola deve definir estratégias, em conjunto com a

comunidade escolar, para favorecer escolhas saudáveis.

2° Passo – Reforçar a abordagem da promoção da saúde e da alimentação

saudável nas atividades curriculares da escola.

Page 21: AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

21

3° Passo – Desenvolver estratégias de informação às famílias dos alunos

para a promoção da alimentação saudável no ambiente escolar, enfatizando sua

corresponsabilidade e a importância de sua participação neste processo.

4° Passo – Sensibilizar e capacitar os profissionais envolvidos com

alimentação na escola para produzir e oferecer alimentos mais saudáveis, adequando os

locais de produção e fornecimento de refeições às boas práticas para serviços de

alimentação e garantindo a oferta de água potável.

5° Passo – Restringir a oferta, a promoção comercial e a venda de

alimentos ricos em gorduras, açúcares e sal.

6° Passo – Desenvolver opções de alimentos e refeições saudáveis na

escola.

7° Passo – Aumentar a oferta e promover o consumo de frutas, legumes e

verduras, com ênfase nos alimentos regionais.

8º Passo - Auxiliar os serviços de alimentação da escola na divulgação de

opções saudáveis por meio de estratégias que estimulem essas escolhas.

9° Passo – Divulgar a experiência da alimentação saudável para outras

escolas, trocando informações e vivências.

10° Passo – Desenvolver um programa contínuo de promoção de hábitos

alimentares saudáveis, considerando o monitoramento do estado nutricional dos

escolares, com ênfase em ações de diagnóstico, prevenção e controle dos distúrbios

nutricionais.

3.5 ALIMENTAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A alimentação saudável é importante durante todo o período de vida das

pessoas, destacando a idade escolar, onde a criança possui um metabolismo mais

intenso, precisando da inclusão de alimentos necessários a sua faixa etária, onde cada

criança terá sua particularidade de estilo de vida (RANGEL et al., 2013).

Page 22: AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

22

O período da educação infantil engloba crianças entre 0 a 6 anos de

idade, ou seja, a creche e a pré-escola, constituindo um grupo que apresenta elevada

vulnerabilidade biológica, sujeito a diversos agravos nutricionais, além de situações de

falta de apetite às refeições básicas e/ou alimentos. Isso decorre de vários fatores que

podem estar relacionados a uma maior seletividade em relação aos alimentos, fácil

acesso a guloseimas, além da incidência de infecções e verminoses que podem diminuir

o apetite (BRASIL, 2012a).

Nessa fase escolar das crianças, os pais devem aumentar sua atenção para

os hábitos alimentares de seus filhos, pois poderão ser afetados por toda sua vida, sendo

importante acompanhar seu estado nutricional e verificar possíveis carências e excessos

nutricionais, para prevenir o surgimento de problemas futuros, pois seu metabolismo

encontra-se acelerado, necessitando de uma demanda maior e mais qualitativa

(CEOLIN et. al, 2008).

Por isso, além de garantir o acesso à alimentação, é necessário garantir

que essa alimentação seja de qualidade. Para tanto, alimentos de alto valor nutricional,

como frutas e verduras, devem ser continuamente ofertados, incentivando assim seu

consumo. É consenso que o aumento do consumo de frutas e hortaliças deve ser

estimulado, inclusive no ambiente escolar, visto que tais alimentos são fontes ricas em

vitaminas, minerais, fibras e água e apresentam baixa densidade energética. Além disso,

o aumento desses alimentos representa a possível redução da ingestão de produtos

alimentícios de alta densidade energética e baixo valor nutritivo, como os produtos

processados de cereais refinados com adição de açúcar, gordura e sódio, comum em

alimentos industrializados (OLIVEIRA, 2008).Para facilitar a aceitação de frutas e

hortaliças, é importante que as mesmas sejam servidos de modo a atrair os escolares.

Frutas variadas de acordo com a safra, descascadas e cortadas em formatos variados

devem compor o cardápio do PNAE. Além disso, é possível enriquecer outras

preparações por meio da adição de frutas como, por exemplo, bolos e vitaminas

(BRASIL, 2012a).

Compreende-se que, quanto antes a criança for submetida a um costume

de estilo de vida saudável, menor as chances de evolução para doenças crônicas não

transmissíveis posteriormente. Sendo assim, a escola é um local excepcional para a

concretização e elaboração de práticas alimentares saudáveis em crianças, pois consiste

Page 23: AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

23

em um espaço onde as atividades são desenvolvidas e voltadas para a educação

contribuindo, dessa forma para a saúde podendo proporcionar grandes repercussões ao

longo da vida da criança (GABRIEL et al, 2010).

4. METODOLOGIA

Realizou-se uma avaliação quantitativa dos cardápios ofertados na

alimentação na única creche em tempo integral do município de Camutanga,

Pernambuco – PE, aonde as crianças permanecem das 7:00h às 17:00h. A creche

oferece quatro (04) refeições diárias: café, almoço, lanche e jantar. Inicialmente foi

solicitada a autorização para a obtenção dos dados necessários, a qual foi fornecida pelo

Secretário de Educação do Município. Posteriormente, foram coletados os dados da

documentação disponibilizada pela nutricionista responsável técnica pelo PNAE no

referido município. Assim, nos meses de outubro e novembro de 2016, obtiveram-se os

dados dos cardápios da alimentação servida durante a permanência das crianças na

creche.

De posse dos dados gerais da composição do cardápio, os mesmos foram

confrontados com as recomendações preconizadas na legislação pertinente,

Res.26/2013/FNDE/MEC direcionadas para aos alunos da educação básica.

Com relação às frutas e hortaliças, ofertadas por meio da alimentação

escolar, foram consideradas as exigências contidas na referida

Res.26/2013/FNDE/MEC, ou seja, o cumprimento da oferta de, no mínimo, três (03)

porções de frutas e hortaliças por semana (200g/aluno/semana). A identificação dos

alimentos processados e ultraprocessados contidos nos cardápios ofertados às crianças

foi feita de acordo com os critérios do Modelo de Perfil nutricional da Organização

Panamericana da Saúde – OPAS, 2016. Os dados foram tabulados e analisados através

do auxílio da Planilha Excel.

A seguir estão demonstradas as etapas para a realização desse estudo

(Figura 1 - Fluxograma das etapas do estudo):

Page 24: AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

24

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As crianças matriculadas recebem a alimentação escolar diariamente de

segunda a sexta com o objetivo de atender as exigências do PNAE e assim contribuir

para o aporte nutricional das crianças no período de permanência na creche.

No total foram analisados 37 cardápios, referentes a cada semana dos

meses de fevereiro a novembro 2016. Na creche foram coletados os dados do estudo são

ofertadas quatro refeições diárias (café da manhã, almoço, lanche e jantar). Nos

cardápios estavam presentes alimentos diversificados. Em todos os dias da semana as

frutas, os legumes e as verduras eram oferecidos aos alunos. As frutas eram ofertadas

Solicitação de autorização para a obtenção dos dados

Documentação necessária disponibilizada pela RT

Coleta dos dados referentes à composição dos cardápios

Resultados confrontados com as recomendações

preconizadas na legislação pertinente

Frutas e hortaliças – comparação com as exigências contidas

na Res. 26/2013/FNDE/MEC

Identificação de alimentos processados e ultraprocessados

de acordo com os critérios do Modelo de Perfil nutricional

da OPAS, 2016.

Tabulação e análise dos dados com auxílio da Planilha

Excell

Page 25: AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

25

tanto em sua forma in natura como em sucos e vitaminas e as mais comuns foram:

laranja, mamão, maçã, banana, melancia e melão. Em alguns dias da semana, as

verduras e legumes contidos nos cardápios eram tanto oferecidas separadamente como

misturados com a carne vermelha, o frango ou cozidas com o feijão.

A tabela 1 apresenta a quantidade média de frutas, hortaliças, conforme

semana e mês analisados durante o ano de 2016. A tabela 2 demonstra a frequência

semanal de oferta a cada mês de 2016.

Observando-se os resultados obtidos a partir da análise dos cardápios

percebe-se que a oferta quantitativa de frutas e hortaliças está acima do mínimo

recomendado (200g/aluno/semana - Tabela 1) e a frequência desses alimentos nos

cardápios é igual ou maior a três vezes por semana (Tabela 2). Tais resultados

demonstram que a alimentação fornecida aos escolares se encontra adequada quanto a

esse quesito, por estar de acordo com o preconizado pela Res.26/2013/FNDE/MEC.

Contudo apesar dos valores encontrados serem bem acima do recomendado deve – se

levar em consideração que a creche tem atendimento integral por isso se faz necessário

uma maior oferta desses alimentos, tendo em vista que não existe recomendação

especifica para esse tipo de creche . Assim, apesar da legislação do FNDE exigir apenas

o mínimo de 3 porções de frutas e verduras por semana, reconhece-se que o ideal seria o

consumo diário desses alimentos (BRASIL, 2012a).A OMS tem enfatizado a

necessidade de aumentar o consumo de frutas e hortaliças com recomendação mínima

de 400g diárias. No Brasil, segundo dados de uma Pesquisa de Vigilância em Fatores de

Risco e Proteção para Doenças crônicas por inquérito telefônico (Vigitel), apenas 18,95

dos brasileiros consomem 5 ou mais porções de frutas e hortaliças diariamente (o que

equivale mais ou menos a 400g) (BRASIL,2010).

Page 26: AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

26

Tabela 1.Distribuição e adequação da oferta de frutas e hortaliças nos cardápios de fevereiro a novembro de 2016, seguindo o critério da Resolução Nº 26 de

17 de junho de 2013 - FNDE 1.

MESES DE

CARDÁPIOS

OFERECIDOS

1ª SEMANA 2ª SEMANA 3ª SEMANA 4ª SEMANA 5ª SEMANA VARIAÇÃO

POR MÊS

F e H2

(g)

Oferta 3

(%)

F e H2

(g)

Oferta 3

(%)

F e H2

(g)

Oferta 3

(%)

F e H2

(g)

Oferta 3

(%)

F e H2

(g)

Oferta 3

(%)

Min. – Máx.

(g)

Fevereiro 595 298 770 375 595 298 - - - - 595 – 770

Março 655 327 650 325 890 445 565 283 650 325 565 – 890

Abril 705 353 715 357 585 293 835 415 - - 585 – 835

Maio 705 353 715 357 835 418 740 370 - - 705 – 835

Junho 715 358 860 430 665 333 740 370 665 332 665 – 860

Julho4 - - - - - - 820 410 - - 820 – 820

Agosto 715 358 835 418 705 353 715 358 715 358 705 – 835

Setembro 585 293 715 358 835 418 885 443 - - 585 – 885

Outubro 830 415 665 333 905 453 585 293 - - 585 – 905

Novembro 645 323 830 415 - - - - - - 645 – 830

1A Resolução 26/2013 – FNDE estabelece a oferta de no mínimo 200g/aluno/semana de frutas e hortaliças.

2F e H – Frutas e hortaliças ofertadas em gramas

3 Percentual de ofertado em relação ao recomendado na Resolução 26/2013 – FNDE estabelece a oferta de no mínimo 200g/aluno/semana de frutas e

hortaliças. 4 Mês de recesso escolar

Page 27: AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

27

Tabela 2. Frequência da oferta de frutas e hortaliças por semana nos cardápios da Alimentação

escolar no período de fevereiro a novembro de 2016.

*Mês de recesso escolar

Os resultados desse estudo mostraram a adequação dos cardápios

analisados no que concerne à oferta de frutas e hortaliças. O estímulo à alimentação

saudável deve acontecer em todos os lugares, principalmente na escola, e o incentivo ao

consumo de frutas, verduras e legumes irá contribuir para a formação de hábitos

saudáveis, além de fornecer a oferta dos nutrientes necessários nessa etapa da vida de

pleno crescimento e desenvolvimento (BRASIL, 2008b)

MESES GRUPO DE

ALIMENTOS

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª

Fevereiro Frutas

Hortaliças

Total

3

3

6

4

4

8

4

4

8

-

-

-

-

Março Frutas

Hortaliças

Total

3

3

6

3

3

6

3

3

6

4

4

8

5

5

10

Abril Frutas

Hortaliças

Total

4

4

8

4

4

8

3

3

6

3

3

6

-

Maio Frutas

Hortaliças

Total

4

4

8

4

4

8

3

3

6

3

3

6

-

Junho Frutas

Hortaliças

Total

4

4

8

4

4

8

3

3

6

3

3

6

4

4

8

Julho* Frutas

Hortaliças

Total

- - - 3

4

7

-

Agosto Frutas

Hortaliças

Total

4

4

8

3

3

6

4

4

8

4

4

8

4

4

8

Setembro Frutas

Hortaliças

Total

3

4

7

4

4

8

3

4

7

3

5

8

-

Outubro Frutas

Hortaliças

Total

3

4

7

3

4

7

3

3

6

3

4

7

-

Novembro Frutas

Hortaliças

Total

3

4

7

3

4

7

- - -

Page 28: AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

28

O consumo de hortaliças e frutas é uma recomendação instituída pelas

organizações internacionais para garantir uma alimentação saudável e,

consequentemente, evitar a obesidade e as sequelas para a saúde (MOREIRA, 2013).

Por isso, além de garantir o acesso à alimentação escolar, é necessário garantir que essa

alimentação seja de qualidade e em quantidade suficiente. Para tanto, alimentos de alto

valor nutricional, como frutas e verduras, devem ser continuamente ofertados (BRASIL,

2012a).

As análises sobre o consumo de alimentos no Brasil revelam que o

consumo de frutas, verduras e legumes é menor entre a população de menor nível

socioeconômico que, habitualmente, são os que mais aderem ao programa. Por isso, o

aumento da inclusão desses alimentos no cardápio da alimentação escolar deve ser

estimulado, uma vez que medidas como essas podem garantir e facilitar o acesso a esses

alimentos, principalmente por parte dos estudantes com menor renda (FERREIRA,

2008).

Em um estudo realizado na Região Norte do Brasil, no Município de

Acrelândia, no Acre, foram investigadas as condições de saúde e nutrição de crianças

com idade entre 6-24 meses e confirmou-se que a dieta consumida não supria as

necessidades diárias de ácido fólico, vitamina C, vitamina A, zinco e ferro, conforme

recomendadas para essa faixa etária (GARCIA et al., 2011). Por isso, é fundamental

garantir a qualidade nutricional aos cardápios da alimentação escolar ofertando

diariamente frutas, verduras e legumes considerados fatores que asseguram a ingestão

adequada da maioria dos micronutrientes e fibras (BRASIL, 2012a).

Para facilitar a aceitação de frutas, é importante que as mesmas sejam

servidas de modo a atrair os escolares. Frutas variadas de acordo com a safra,

descascadas e cortadas em formatos variados devem compor o cardápio do PNAE.

Além disso, é possível enriquecer outras preparações por meio da adição de frutas

como, por exemplo, bolos e vitaminas. Verduras diversas, isoladamente ou combinadas

entre si, formando preparações como saladas, tortas, suflês, omeletes, sanduiches, etc.,

podem incentivar o consumo desses alimentos por parte dos escolares (BRASIL,

2012a). A formação de hortas e pomares escolares e/ou comunitárias é uma estratégia

que também facilita o acesso a esses alimentos, além de ser um excelente instrumento

Page 29: AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

29

de atividades didáticas, complementação de renda, participação e mobilização social,

entre outras vantagens (BRASIL, 2006b).

A alimentação escolar pode contribuir decisivamente para a melhoria das

condições nutricionais de crianças e jovens, diminuindo deficiências nutricionais e

outros agravos relacionados ao consumo alimentar inadequado, protegendo e

melhorando significativamente o desempenho escolar, favorecendo crescimento e

desenvolvimento adequados (ACCIOLY, 2009).

Em um estudo de avaliação de promoção de formação de hábitos

alimentares saudáveis realizado em Santa Catarina com 162 escolares, verificou-se

aumento da frequência de algumas atitudes e práticas alimentares mais saudáveis como

a redução significativa nos percentuais de biscoitos recheados trazidos de casa, o

aumento no consumo da merenda escolar e aceitação por frutas (GABRIEL, SILVA,

VASCONCELOS, 2008).

Em estudos conduzidos com crianças em fase pré-escolar, Bueno et al

(2003) concluíram que a creche teve impacto positivo sobre o estado nutricional das

crianças que a frequentavam, bem como avaliou que a creche é fator de proteção para o

estado nutricional das crianças que a utilizam. O acesso e a permanência na creche

promovem impacto positivo sobre o crescimento infantil, protegendo as crianças,

principalmente, contra a desnutrição crônica (SILVA, STURION 2000 apud

GOULART 2010).

Em Cuiabá (MT), um estudo com crianças de 36 meses frequentadoras

de creches públicas em tempo integral, mostrou uma prevalência estatisticamente menor

de anêmicos no grupo de crianças que havia ingressado na creche há mais de quatro

meses(BRUNKEN et al., 2002). Em relação ao excesso de peso, estudo conduzido por

Fisberg et al, (2004) em creches públicas do Município de São Paulo, mostrou risco

reduzido de obesidade no grupo das crianças frequentadoras de creches públicas..

A partir dos dados coletados realizou-se, também, a identificação dos

alimentos processados e ultraprocessados ofertados na alimentação escolar, tomando

como base os critérios do Modelo de perfil nutricional da Organização Panamericana da

Saúde – OPAS 2016. Portanto, na Tabela 3 estão apresentados os alimentos processados

Page 30: AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

30

e ultraprocessados que estiveram presentes nos cardápios analisados, bem como a

frequência de oferta desses alimentos.

Em relação à identificação de alimentos processados e ultraprocessados

ofertados aos escolares,foi possível perceber que, apesar da proibição e da restrição de

determinados alimentos como uma tentativa de minimizar a presença de alimentos

processados e ultraprocessados na alimentação escolar, ainda existe uma prevalência

desse tipo de alimento na composição dos cardápios em questão. Na análise foram

encontrados os seguintes alimentos processados: queijo mussarela, extrato de tomate,

suco de uva (industrializado), sardinha industrializada, leite de coco, doce de goiaba em

pasta e produtos panificados: pães e biscoitos. Os ultraprocessados encontrados foram:

bebida láctea, maionese, achocolatado em pó, creme de leite e requeijão. Os mais

alimentos mais identificados no cardápio foram os pães e biscoitos tipo maria, maisena

e cream cracker.

Torna-se importante destacar que, em algumas situações, a presença de

determinados alimentos desse tipo se deve, muitas vezes, pela necessidade de viabilizar

o andamento do serviço em Unidades de Alimentação e Nutrição escolares (UAN

escolares).

Page 31: AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

31

Tabela 3. Alimentos processados e ultraprocessados encontrados nos cardápios da Alimentação escolar no período de fevereiro a novembro de 2016.

CLASSIFICAÇÃO ALIMENTOS Nº DE VEZES IDENTICADOS NO CARDÁPIO

FEV MAR ABRIL MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV

PROCESSADOS

Queijo mussarela 3 3 4 4 3 1 3 4 4 2

Extrato de tomate 3 4 4 4 3 1 4 4 4 2

Suco de uva – industrializado 3 2 2 2 1 0 3 2 0 0

Sardinha industrializada 0 0 1 1 1 0 1 1 1 1

Leite de coco 3 1 2 1 2 0 3 2 2 1

Doce de goiaba em pasta 1 2 2 3 0 0 3 0 0 1

Pães

Biscoitos tipo: Maria,

maisena ou cream carcker

9

9

8

10

12

10

12

11

9

8

3

3

12

11

12

11

15 6

11 5

ULTRAPROCESSADOS

Bebida láctea 2 1 1 2 1 0 3 3 3 1

Maionese 0 1 1 2 1 0 0 1 2 1

Achocolatado em pó 2 4 4 4 3 1 3 4 4 2

Creme de leite 3 3 3 3 2 1 4 4 4 2

Requeijão 1 3 3 3 2 0 3 2 2 1

Page 32: AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

32

Considerando que a legislação do PNAE aponta para a restrição de

alimentos ricos em sódio e gordura saturada e estipula limites para as quantidades de

açúcar, de sódio e de gorduras totais, saturadas e trans (nutrientes presentes em grande

proporção em alimentos processados), propõe-se que a seleção de alimentos para o

programa considere, principalmente, o seu grau de processamento (BRASIL, 2009a;

BRASIL, 2009b). Assim, assumindo a premissa de que a escola é um local privilegiado

para os mais diversos aprendizados, com grande potencial para que eles se disseminem

para a comunidade como um todo e considerando, ainda, que o PNAE objetiva

promover alimentação saudável, argumenta-se a favor de uma forma de conceber os

cardápios da alimentação escolar que resgate os hábitos alimentares saudáveis evitando-

se, assim, a introdução de alimentos com baixo valor nutricional (TEO; MONTEIRO,

2012).

Refeições prazerosas e saudáveis podem ser preparadas sem a

participação desses produtos retirando-os, portanto, da alimentação escolar. No entanto,

em função de sua praticidade, visto se apresentarem prontos para consumo e

considerando que, em alguns casos, fazem parte da cultura alimentar brasileira (como

pães), esses produtos podem ser admitidos na alimentação escolar desde que em

pequenas quantidades e a título de complementação, e nunca de substituição, da oferta

de alimentos in natura ou minimamente processados (TEO; MONTEIRO, 2012).

Nas últimas décadas, a substituição de alimentos básicos in natura ou

pouco processados por alimentos de maior extensão de processamento é uma tendência

que vem se consolidando em estreita relação com os modos de vida contemporâneos,

decorrentes da industrialização e da urbanização intensas. Nesse processo de

transformação da vida em sociedade, o consumo de alimentos tradicionais vem

perdendo espaço para o de alimentos poupadores de tempo (SCHLINDWEIN; SILVA

2010). Esses alimentos, notadamente processados, de alta densidade energética, ricos

em açúcar, sódio e gorduras, vêm se incorporando às práticas alimentares com forte

suporte publicitário, delineando um padrão alimentar que está na base do aumento da

prevalência de excesso de peso, de obesidade e de doenças associadas(BURLANDY;

MALUF, 2010; SCHMIDT et al., 2011).

Page 33: AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

33

Ao considerar essa complexidade do perfil alimentar e nutricional da

população brasileira, a alimentação escolar assume papel importante pelo potencial que

apresenta na reconfiguração desse quadro, especialmente por ser na infância que se

estabelecem mais fortemente hábitos alimentares com maiores possibilidades de

perdurarem na vida adulta (TRICHES; SCHNEIDER, 2010).

Escolas públicas são locais que atendem grande número de pessoas

vulneráveis em relação à nutrição e questões socioeconômicas e, por isso, deve-se

atentar para o tipo do alimento servido já que, muitas vezes, esse alimento é a única

refeição consumida do dia pelos escolares (BRASIL, 2006b). A qualidade de refeições é

cobrada nos diferentes espaços de alimentação e esse fato é devido à maior importância

dada para a saúde por parte das pessoas e da mesma forma do programa de alimentação

escolar (NETO et al., 2012).

Apesar da aceitação da alimentação escolar servida aos alunos seguindo

as recomendações dos programas de alimentação, frequentemente os alunos ainda

preferem consumir alimentos doces e industrializados em comparação à alimentação

balanceada e rica em verduras e legumes (CRUZ et al., 2013).

Em estudo realizado em Campina Grande-PB, 112 crianças de dois a

cinco anos de idade, assistidas em duas creches da rede municipal, foram avaliadas

quanto ao estado nutricional, consumo alimentar e morbidades. Foi verificado que os

grupos de alimentos mais consumidos diariamente pelas crianças foram o do arroz, do

leite, do açúcar/salgadinhos e do óleo e das bebidas. No entanto, os menos ingeridos

diariamente foram as verduras/legumes, a carne e as sopas e salgados (CAGLIARI et

al., 2009). Como sabemos o alto consumo de alimentos industrializados e com valor

nutricional reduzido estão diretamente ligados a um comportamento que promove a

obesidade (CRUZ et al., 2013).

Em relação às medidas necessárias para a promoção da saúde e educação

alimentar na escola, Domene (2008) propõe a revisão dos cardápios da alimentação

escolar e o aperfeiçoamento da aplicação das políticas propostas para melhoramento do

programa. A proposição de novos cardápios permite aumentar a aceitabilidade da

alimentação escolar por parte dos alunos e melhorar a qualidade da refeição oferecida,

além de mudar a concepção de que a educação ocorre somente dentro de sala de aula,

Page 34: AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

34

formando o novo conceito de que diferentes ambientes podem contribuir com a

educação (NETO et al., 2012).

6. CONCLUSÕES

A alimentação escolar é uma necessidade básica aos alunos durante sua

permanência na escola, visando melhorar a capacidade de aprendizagem, formar bons

hábitos alimentares e manter o aluno na escola. Portanto, essa deve ser adequada em

qualidade e quantidade.

Para manter a adequação dos cardápios, são necessárias avaliações

periódicas. Além disso, é preciso garantir que o planejado seja executado, sendo

necessárias avaliações da qualidade da alimentação infantil e, caso se constatem

inadequações, essas devem ser corrigidas. Ressalta-se que o trabalho de mudança de

hábitos alimentares e de adequação da alimentação escolar deve ser contínuo. Nesse

contexto, não deve ser esquecida a importância de trabalhos educativos que visem à

adesão de práticas alimentares saudáveis.

São poucas as pesquisas que avaliam os cardápios da alimentação

escolar, principalmente no que concerne à oferta de frutas e hortaliças. Por isso,

ressalta-se a importância de mais estudos relacionados ao tema, tendo em vista os

benefícios que esses alimentos exercem à saúde humana, especialmente de crianças.

Diante do exposto, conclui-se que o planejamento dos cardápios da

creche mostrou-se adequado com relação à oferta de frutas e hortaliças, mas deve-se

atentar para a presença de alimentos processados e ultraprocessados, de modo a melhor

atender às necessidades das crianças.

Page 35: AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA AOS …

35

REFERÊNCIAS

ACCIOLY, E. A escola como promotora da alimentação saudável. Ciência em tela.

Rio de Janeiro, 2009.

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