AVC INfANTIL ExISTE ? aqueles casos ocorridos em crianças de 29 dias de vida a adolescentes de 18...

8
PARTE INTEGRANTE DA REVISTA NACIONAL DE REABILITAÇÃO - REAÇÃO - ED. Nº 110 Página 4 Página 2 Página 3 Página 5 Página 6 VOLUME 100 Nº 110 MAI/JUN 2016 PRÓTESES DESPORTIVAS E ALTA TECNOLOGIA PARTE 1 – PARA CORRIDA, JOGOS DE QUADRA OU NEVE. DOENÇA RARA - CAPSULITE ADESIVA AVC INFANTIL EXISTE ? ENFRENTAMENTOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ADQUIRIDA NA ADESÃO AOS PROGRAMAS DA REABILITAÇÃO ÔNIBUS E ACESSIBILIDADE: O QUE É PRECISO MUDAR?

Transcript of AVC INfANTIL ExISTE ? aqueles casos ocorridos em crianças de 29 dias de vida a adolescentes de 18...

par

te in

teg

ra

nte

da

re

vis

ta n

ac

ion

al

de

re

ab

ilit

ão

- r

ea

çã

o -

ed

. nº 1

10

Página 4

Página 2

Página 3

Página 5

Página 6

VOLUME

100Nº 110

MAI/JUN2016

PRÓTESES DESPORTIVASE ALTA TECNOLOGIA

PARTE 1 – PARA CORRIDA,jOGOS DE quADRA Ou NEVE.

DOENÇA RARA - CAPSuLITE

ADESIVA

AVC INfANTIL ExISTE ?

ENfRENTAMENTOS DAS PESSOAS COM DEfICIÊNCIA ADquIRIDA NA ADESÃOAOS PROGRAMAS DA REABILITAÇÃO

ÔNIBuS E ACESSIBILIDADE:O quE é PRECISO

MuDAR?

CADERNO TÉCNICO & CIENTÍFICO 2

Apesar de ser um problema que na maior parte dos casos acomete pessoas adultas, há risco também para os pequenos. A Organi-zação Mundial de Saúde (OMS) considera Acidente Vascular Cerebral (AVC) na infân-cia aqueles casos ocorridos em crianças de 29 dias de vida a adolescentes de 18 anos, mas, estudos recentes comprovam que o AVC pode vitimar bebês ainda na barriga da mãe.

O Acidente Vascular Cerebral resulta de uma deficiência na irrigação sanguínea do cérebro. Existem dois tipos de AVC: o is-quêmico e o hemorrágico. O AVC isquêmico ocorre pela obstrução de uma das artérias do cérebro, que provoca a lesão do tecido cerebral que ficou sem o aporte sanguíneo adequado. Já o AVC hemorrágico ocorre por sangramento de uma das artérias do cérebro e parece apresentar menor número de sequelas, mas a mortalidade é maior. O isquêmico, ao contrário, apresenta várias sequelas, mas as chances de sobrevida são grandes.

Mesmo com algumas causas bem escla-recidas, ainda há casos sem origem identi-ficada. Entre as conhecidas estão às mal-formações do coração apresentadas logo após o nascimento, que são as chamadas de cardiopatias congênitas; a doença ou infla-mação dos vasos do sistema nervoso cen-tral (vasculopatias ou vasculites); traumas em acidentes; anemias, como a falciforme; malformações dos vasos sanguíneos; com-plicações de infecções (otite ou meningite).

A apresentação clínica varia com a ida-de, etiologia e área do parênquima cerebral afetada, mas os principais sinais de alerta são: fraqueza ou dificuldade de movimento de um lado do corpo, dificuldade para falar, convulsões, alteração da consciência, alte-ração da visão, dor de cabeça súbita e forte, preferência do uso de uma das mãos antes de um ano de vida.

Quanto à recuperação, as crianças têm potencial de reabilitação muito superior, embora cerca de metade das crianças aco-metidas por AVC fique com algum tipo de dificuldade (cognitiva, motora, compor-tamental ou sensorial). Apesar de a maior

plasticidade cerebral dos menores favorecer o prognóstico de recuperação de um AVC, a reabilitação tem de ser mais “imaginativa”, com o propósito de que a criança seja o mais funcional possível, que esteja integrada no ambiente familiar e escolar e para isso é preciso envolver os pais e uma equipe mul-tiprofissional de saúde.

Por Laís RodRigues geRzson

AVC INfANTIL ExISTE ?

Laís Rodrigues Gerzson é Fisioterapeuta, Pós graduada em Motricidade Infantil pela Universi-dade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e em Fisioterapia Neurofun-cional pela Faculdade Inspirar. Atual-mente Mestranda no Programa de Pós graduação em Saúde da Criança e do Adolescente (UFRGS) Porto Alegre. Email: [email protected] | http://mundodapediatria.com.br/

MEDICINA DE REABILITAÇÃO - VOLUME 100 3

LEIA E ASSINE:0800-772-6612 (ligação gratuita)

Considerando os enfrentamentos impostos às pessoas com deficiência, particularmente, no caso das deficiências adquiridas, o ingresso nos programas de reabilitação deve ser reali-zado o mais precocemente possível para que sejam iniciados procedimentos terapêuticos diversos, sistematicamente implementados pela equipe, tendo os seus resultados direta relação com a predisposição do reabilitando em aderir ao recomendado pelos profissionais que o atendem. Enfrentamentos substancial-mente árduos, pelas profundas transformações que requerem dos indivíduos, do ponto de vista físico, emocional, mental, social, inclusive, da necessidade do (re) aprendizado de fun-ções básicas, desde o como falar, ouvir, ver, e desempenhar atividades cotidianas e para o autocuidado.

É como se tivesse de partir do ponto inicial, a depender do comprometimento da lesão neu-rológica incapacitante, reaprendendo a falar para ser entendido, ouvir para compreender o que as pessoas nos dizem, executar mo-vimentos coordenados para comer sozinho, desempenhar com autonomia atividades da vida diária e autocuidado, se movimentar com equilíbrio para não cair, conquistando ganhos gradativos para nos creditar a reconquista de condições favoráveis a plena inclusão social. Nesse caminhar com a mente, muitos desafios surgirão com ares de obstáculos intransponí-veis, mobilizando o físico, o emocional e o mental, manifestados através de conjunturas nada positivas para quem almeja alcance de grandes superações.

Oscilando entre momentos de otimismo e quedas de esperança, por não ver evolução imediata, instantânea, de curto prazo, muitos procuram por atalhos, como se fosse possível num processo terapêutico de longo prazo, que envolve a reabilitação física, por exemplo. Fre-quentemente, tendem ao desenvolvimento de

Por WiLiam machado

ENfRENTAMENTOS DAS PESSOAS COM DEfICIÊNCIA ADquIRIDA NA ADESÃO AOS

PROGRAMAS DA REABILITAÇÃO

comportamento de vítimas acomodadas com ajudas pontuais, estimuladoras ao acompanha-mento progressivo do processo de reabilitação, perfeitamente adequadas, até momentos em que a equipe terapêutica as avaliem desneces-sárias e prejudiciais ao tratamento.

Definitivamente, a acomodação em zona de conforto constitui dos maiores óbices para a regular evolução do reabilitando, seja pela recorrente ausência nas sessões terapêuticas programadas, seja pela resistência do mesmo em aderir a conduta recomendada pela equipe. Na administração pública dos Centros Especia-lizados de Reabilitação, essa zona de conforto pode ser representada pela inadequada busca de apoio “tipo ajuda” dos reabilitandos aos apadrinhamentos políticos, resistindo em ade-rir as recomendações de mudanças propositais no meio de transporte para chegar à unidade, mesmo que lhes tenha garantido acesso gratui-to ao transporte coletivo, através da emissão de passe livre.

Os usuários acomodados ao uso de viatu-ras reservadas àqueles em estágios iniciais do programa de reabilitação, resistem as reco-mendações de fazer uso do transporte público adaptado, como forma de exercitar opções de inclusão social, futuro acesso ao mercado de trabalho, escola, lazer, entre outros elementos de acessibilidade, e dificultam a dinâmica dos fluxos de atendimento aos mais necessitados e com maior quadro de dependência funcional. Além de representar retrocesso no programa de reabilitação, tais comportamentos prejudicam os demais usuários do programa de reabilita-ção, causam constrangimentos para os profis-sionais da equipe e impedem que os cuidadores domiciliares recebam orientações sobre novas condutas de cuidado domiciliar.

Por experiência pessoal, conheço bem esse mecanismo mental que nos faz sentir inseguros de galgar passos independentes e o quanto

nocivos são quando recebem apoio dos fami-liares superprotetores ou de alguma autoridade institucional. Insegurança humanamente previ-sível e sabiamente trabalhada e conduzida pela equipe de reabilitação, oferecendo suporte te-rapêutico suficiente para transpor tais barreiras mentais do reabilitando. O importante é manter o foco nas metas traçadas pelo programa de reabilitação, entendendo que os profissionais que nele atuam não dispõem de muito tempo para se deter com componentes subjetivos, próprios dos casos específicos de resistência, mais ainda, que a reabilitação depende mui-to mais da capacidade do reabilitando aderir ao tratamento, com empenho, determinação e atento às metas a serem alcançadas.

Não há como transpor etapas a bel prazer de quem não se apresenta inteiramente dedi-cado a trilhar caminhos de reconstrução da sua capacidade funcional. É preciso disciplina e muito esforço individual para atingir estágio de alinhamento entre pensamentos, emoções e funções orgânicas, de forma a reverter o que for possível do componente neurológico afetado. Como muito bem observa Diane Ackerman, em Uma história natural dos sentidos, a maioria das pessoas pensa na mente localizada na cabeça, mas as últimas descobertas da fisiologia suge-rem que a mente não se encontra exatamente no cérebro, mas percorre o corpo em caravanas de hormônios e enzimas, ocupadas em dar sentido às maravilhas que catalogamos com tato, pala-dar, olfato, audição e visão.

Wiliam Machado é ca-deirante, professor, doutor e pesquisador da Saúde e Qualidade de Vida de Idosos e Pessoas com Deficiência da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. [email protected]

CADERNO TÉCNICO & CIENTÍFICO 4

ACESSE NOSSO SITE:www.revistareacao.com

A capsulite adesiva ou “ombro congela-do” é uma doença de causa desconhecida. Por vezes os doentes associam o seu inicio a um episódio traumático. Outros doentes referiam um quadro de dores ocasionais no ombro, que não impediam as atividades de vida diária e que progressivamente se foi transformando num quadro incapacitante. A capsulite adesiva é mais frequente em doentes do sexo feminino entre os 45 e os 55 anos de idade. Os doentes diabéticos ou com antecedentes de diabetes na família e os doentes com problemas da tiroide têm uma maior probabilidade de desenvolver uma capsulite adesiva.

Na capsulite adesiva ou “ombro congela-do”, um processo inflamatório dentro da ar-ticulação leva a uma diminuição progressiva do fundo de saco axilar, a um encurtamento de todos os ligamentos, à formação de aderências (pontes entre várias estruturas) e a um aumento da espessura da capsula, a qual perde a sua distensibilidade. São estes factos que levam à principal característica desta doença que é a limitação da mobilidade passiva (aquela que o examinador pesquisa no doente), sobretudo da rotação externa.

Classicamente descrevem-se 3 fases desta doença:

- Uma fase dolorosa, que corresponde ao período de maior inflamação da articulação. O doente sente uma dor predominantemente noturna que não permite o sono tranquilo e uma redução progressiva da mobilidade que o vai impedindo de levantar o braço e de chegar por exemplo atrás das costas.

- Uma fase congelada em que a dor di-

minui, mas em que se mantem a redução da mobilidade, mantendo a incapacidade para uma vida com qualidade.

- Uma fase de resolução em que progres-sivamente o doente readquire a mobilidade.

Também classicamente a doença é conside-rada auto-limitada com uma duração de cerca de dois anos. No entanto é impossível pedir a um doente que tem dores intensas, que não

dorme e que tem limitações importantes da mobilidade, que aguarde nestas circunstâncias 2 anos. Também mais recentemente tem sido contestado o carácter benigno do curso desta doença pois verificou-se que uma percentagem importante de doentes que seguiram a história natural da doença apresentam limitações da mobilidade que interferem com a qualidade de vida.

O diagnóstico é feito pelo médico. Isto por-que, como é fácil entender, não há nenhum exame que ilustre a limitação da mobilidade passiva, característica principal desta doen-ça. Por vezes na fase inicial é difícil fazer o diagnóstico diferencial entre esta doença e o síndrome de conflito sub-acromial agudizado ou a tendinopatia calcificada, mas um exame cuidado, centrado na dor, nos sinais de con-flito e nas restrições da mobilidade leva ao diagnóstico.

DOENÇA RARA - CAPSuLITE ADESIVAComo já se deu a entender, os exames

complementares são de valor limitado nesta doença. A radiografia é normal e a ecografia apresenta por vezes alterações inflamatórias dos tendões. A ressonância magnética pode mostrar alterações da capsula articular com-patíveis com esta doença e alterações infla-matórias ou estruturais dos tendões.

A maior parte dos doentes que observamos

está na fase dolorosa já há alguns meses e tem francas limitações da mobilidade passiva e ativa que impedem uma vida com qualidade.

O tratamento tem como objetivo inicial a diminuição da dor. A maior parte dos doentes já fez tratamentos com vários medicamentos sem sucesso. Também já fez tratamentos de fisioterapia com poucas melhoras. È impor-tante sublinhar que quando existe um quadro de capsulite adesiva esta doença se sobrepõe a todas as outras que o ombro possa ter. Assim se houver uma rotura da coifa demonstrada na ressonância é fundamental restabelecer a mobilidade e só posteriormente se se mantiver um quadro de rotura da coifa então tratar esta patologia.

Na nossa experiência a infiltração intra--articular é o ato médico com maiores proba-bilidades de controlar o processo inflamatório levando a uma redução franca da dor e criando

MEDICINA DE REABILITAÇÃO - VOLUME 100 5

ACESSE NOSSO SITE:www.revistareacao.com

LEIA E ASSINE:0800-772-6612 (ligação gratuita)

a possibilidade de, com fisioterapia, tornar a ganhar a mobilidade perdida. A grande maioria dos doentes recupera a mobilidade praticamen-te completa desta forma. Há no entanto uma minoria que não fica sem dor com a infiltração ou que tendo ficado sem dor não consegue na fisioterapia reganhar a mobilidade perdida. Estes doentes têm indicação cirúrgica.

Embora esteja descrita uma técnica de mo-bilização do ombro sob anestesia, ou seja, com o doente anestesiado é forçada a articulação rompendo assim as estruturas que primeiro cedam, o nosso grupo não a utiliza.

O tratamento cirúrgico é feito por artros-copia. O objetivo é, libertar sob visão direta a capsula articular, obtendo uma mobilidade passiva praticamente normal. Assim no fim da intervenção cirúrgica o paciente já não tem a restrição estrutural que lhe impede a mobilida-de e deve de imediato iniciar a recuperação. O nosso protocolo implica a colocação de um ca-téter (tubo muito fino) na indução anestésica, que permite anestesiar o ombro e o braço. No pós operatório imediato é possível demonstrar ao doente a mobilidade conseguida. Nos dias subsequentes é feita fisioterapia bi-diária sob anestesia loco-regional (do ombro e braço) facilitando assim a manutenção da mobilidade conseguida. Os tratamentos de fisioterapia podem manter-se por mais três meses, na fase inicial diários, diminuindo posteriormente a frequência à medida que o ganho de mobili-dade se mantem. O mais provável é, que no fim do tratamento, o doente readquira uma mobilidade muito próxima do normal. As res-trições remanescentes não são impeditivas de qualquer atividade de vida diária.

Em resumo a capsulite adesiva ou “ombro congelado” é uma doença de causa desconhe-cida, mais frequente nas mulheres de meia idade, que se manifesta por uma dor predo-minantemente noturna que perturba o sono e por uma restrição progressiva da mobilidade do ombro. O diagnóstico é clinico (feito pelo médico) e os exames complementares (RX, Ecografia, TAC e Ressonância Magnética) são de interesse limitado. O tratamento tem como objetivo controlar a dor e posteriormen-te reganhar a mobilidade perdida. O resultado do tratamento é bom, ficando a maioria dos doentes sem dores e com uma mobilidade praticamente completa.

Quando a legislação determinou que as empresas deveriam ter cotas de fun-cionários com necessidades especiais era sabido que eles teriam que se deslo-car para seus postos de trabalho. Portan-to não só os meios de transporte como as cidades em si deveriam ser acessí-veis. Obviamente tendo renda, eles se tornariam consumidores de serviços e produtos, ampliando ainda mais essa necessidade.

No transporte, há mais de uma década o assunto vem sendo tratado com afinco. Muitas dificuldades e barreiras contri-buem para uma solução morosa e nem sempre eficiente. Na prática, quando iniciou a obrigatoriedade dessas cotas nas empresas, o setor de fretamento teve inexpressiva demanda por transporte co-letivo acessível.

Num primeiro momento tivemos a cadeira de transbordo. Apesar das crí-ticas ao equipamento, devemos tê-lo como o primeiro passo. Depois vieram outros quesitos como assentos preferen-ciais e especiais, botões para chamada do motorista, iluminação especial, entre outros, partes do conjunto necessário ao deslocamento. Olhados separadamente parecem de diminuta importância, mas sem eles não há qualidade ou segurança no transporte.

O setor de fretamento, por ter conhe-cimento prévio de sua demanda, pode trabalhar com um percentual e não a totalidade da frota. Obviamente a inicia-tiva privada não perde demanda: se hou-verem passageiros para esses veículos,

certamente eles serão disponibilizados no mercado.

A Lei Brasileira de Inclusão (LBI) tratou objetivamente do serviço de Transporte por Fretamento (Contínuo e Turístico), estabelecendo que as em-presas devem atender aos requisitos das normas técnicas de acessibilidade no processo de renovação de suas frotas a partir de 2020. Não que isso signifique que as empresas somente vão se preo-cupar com isso daqui quatro anos. Ao contrário, muitas já pensam em adquirir veículos acessíveis, visando atender um mercado potencial.

Até 2020 certamente teremos outras novidades em termos de acessibilidade que permitirão uma evolução dos equi-pamentos que cumprirão esse papel. As barreiras estão mais no conjunto que compõem o serviço (terminais, as es-tações, os pontos de parada, o sistema viário) do que nos veículos ou na pres-tação do serviço para transporte dessas pessoas.

Por Regina Rocha

ÔNIBuS E ACESSIBILIDADE: O

quE é PRECISO MuDAR?

Regina Rocha de Souza Pinto é bacharel em turismo e advogada com especialização em Processo Civil, atua como Diretora Execu-tiva da FRESP – Federação das Empresas de Transportes de Pas-sageiros por Fretamento do Esta-do de São Paulo e como assessora jurídica do SINFRECAR – Sindi-cato das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento de Campinas e Região.

CADERNO TÉCNICO & CIENTÍFICO 6

ACESSE NOSSO SITE:www.revistareacao.com

Introdução:O esporte competitivo é o maior fruto da

recuperação global da mobilidade!Avanços tecnológicos impressionantes ,

tornaram a prática desportiva uma realidade para muitos amputados . Mais do que lazer , hoje atletas paralímpicos atingem uma per-formance inimaginável até alguns anos atrás.

No entanto , não devemos esquecer , que por trás de cada uma destas histórias , há um traço comum de uma luta para sair do luto da perda , passar pela luta da recuperação , até a vitória do esporte e a satisfação da superação!

Minimizar estas vitórias , como fruto da tecnologia , seria negar todo esforço , as lutas , os obstáculos e as vitórias e perdas diárias , que cada um teve que enfrentar , para chegar aonde chegou!

A participação no suporte técnico paraolím-pico desde 2008 e a estreita colaboração com atletas de ponta , nos trouxe uma expertise que possibilitou desenvolver produtos que dão os resultados que hoje obtemos:

Veja a evolução de nosso atleta Heinrich Popow

Paralympics Pequim 2008:silver medal 100 m (12,98 sec)IWAS WM Bangalore 2009:gold medal 200 m (26,62 sec)silver medal long jump (6,31 m)silver medal 100 m (12,29 sec)Paralympics London 2012:gold medal 100 m (12,40 sec)bronze medal 200 m (25,90 sec)

A compreensão de que andar e correr são coisas totalmente distintas foi fundamental para elaboração do design , funcionalidade e

resistência de nossos pro-dutos .Parar correr temos velocidades maiores que 7km/h , maior flexão do joelho na fase de balan-ço, utilização somente do antepé , um controle de amortecimento e balan-ço totalmente diferente e impactos muito maiores!

Características das próteses desportivas.

Em termos estrutu-rais temos 3 unidades de suma importância para o conjunto( fig 1) :

-o encaixe ou soquete -o joelho -o pé O encaixe é a interface entre o membro

residual e a prótese , devendo ter uma con-formação perfeitamente adaptada ao côto do paciente , minimizando deslocamentos e atrito que ocasionariam abrasões e perda de energia .Um ótimo encaixe é o primeiro passo para uma excelente prótese e uma excepcional per-formance.

Por maRio cesaR aLves de caRvaLho

PRÓTESES DESPORTIVASE ALTA TECNOLOGIA

PARTE 1 – PARA CORRIDA,jOGOS DE quADRA Ou NEVE.

O joelho precisa ter uma resistência ex-cepcional de-vido aos for-tes impactos e cargas , pouco peso , baixa resistência e confiabilida-de . Por isso evoluímos do uso de joelhos policêntricos de 4 barras , para um joelho monocêntrico , hi-

dráulico rotativo , com opção de travamento para posição estática ou atividades de aqueci-mento: ( fig.2)

O pé necessita de uma grande capacidade de amortecimento e absorção de choque , uma restauração de energia enorme , uma excelente impulsão anterior e solas intercambiáveis de acordo com o terreno.

(fig 3)Depois de anos de pesquisa , desenvolvi-

mento através de análise de movimento em laboratórios de marcha , desenvolvimento de

Fig 1

Fig 3

Fig 2

MEDICINA DE REABILITAÇÃO - VOLUME 100 7

ACESSE NOSSO SITE:www.revistareacao.com

LEIA E ASSINE:0800-772-6612 (ligação gratuita)

ferramentas de análise como o sensor OKTA-POD ( fig 8) , testes de carga , testes em máqui-nas de esforço , chegamos aos produtos abaixo:

Joelho 3S80 : fig 4Pés 1E90 Sprinter ( fig 5) e 1E91 ( fig. 6),

conjuntos completos ( fig 7)

Prótese para esportes de quadra ou com bola :

O novo pé Challenger 1E95 , com seu ex-

clusivo design ( fig 9 e 10 ) , foi desenvolvido para variadas demandas funcionais de esportes de quadra ou com bola , como Volley , Basque-te , Tênis , Squash , etc , onde a necessidade de movimentos de rotação e deslocamentos para trás , exigem a presença de um calcanhar ativo para segurança e performance. https://www.youtube.com/watch?v=SlgQ-vfESoo

Prótese para esquiar:O sistema Pro Carve ( fig 11 e 12) foi de-

senvolvido para prática de esportes alpinos tais como esqui na neve , wakeboard , snowboard e esqui aquático. Oferece ao amputado trans-

femural , desarticulado de joelho ou transtibial , um sistema de joelho e pé especialmente de-senvolvido para estas funcionalidades , ofere-cendo um controle de flexo extensão do joelho e tornozelo que oferecem toda a segurança , performance e ousadia que os desportistas mais ousados tanto apreciam .

O desenvolvimento de próteses de alto ren-dimento para corridas de alta performance , permitiu desenvolver produtos que oferecem ao amputado leigo a chance de ter acesso a esportes competitivos , de lazer e abrem um leque de atividades com alta melhora na qua-lidade de vida !

No próximo artigo , abordaremos as pró-teses de membro superior e cadeiras compe-titivas.

Mario Cesar Alves de Carvalho

Eng. Biomédico com especialização na França , EUA e Alemanha, diretor da Follow Up Centro Clínico –OTTO BOCK no Rio de Janeiro .

Fig 4

Fig 5

Fig 7

Fig 6

Fig 8

Fig 10

Fig 9

Fig 12

Fig 11