AVM Educacional - Cursos de Pós, MBA e Extensão - … · 2011. 9. 23. · modelo, processos,...

41
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DO ALINHAMENTO DA GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS À ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL Por: Erika Cristina Coelho Lopes Orientador Prof. Vinicius Calegari Rio de Janeiro 2011

Transcript of AVM Educacional - Cursos de Pós, MBA e Extensão - … · 2011. 9. 23. · modelo, processos,...

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DO ALINHAMENTO DA GESTÃO DE

RECURSOS HUMANOS À ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL

Por: Erika Cristina Coelho Lopes

Orientador

Prof. Vinicius Calegari

Rio de Janeiro

2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DO ALINHAMENTO DA GESTÃO DE

RECURSOS HUMANOS À ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão de

Recursos Humanos.

Por: Erika Cristina Coelho Lopes.

RESUMO

Com advento da globalização pode-se observar a crescente valorização dos ativos intangíveis da organização, principalmente as ‘pessoas’, sendo assim, nunca foi tão premente para o êxito de uma organização o alinhamento de seu planejamento estratégico com a função sistêmica de recursos humanos. Dessa forma, buscou-se propor estratégias de recursos humanos, a partir da análise do planejamento estratégico da organização objeto de estudo, mesmo em organizações que não tenham um histórico de estrutura de RH. Os resultados encontrados sugerem que para a implementação da gestão de recursos humanos alinhado ao planejamento estratégico da organização estudada, se faz necessário uma ação estratégica de recursos humanos que contemple os seguintes aspectos: parceria estratégica, especialização administrativa, capacidade de formar lideranças e capacidade de gerenciar processos de mudanças. Pode-se concluir que com a implementação da gestão de recursos humanos, a organização poderá desenvolver um potencial para constituir uma base referencial de grande utilidade para fortalecer o alinhamento interno e externo das estratégias da organização.

Palavras-chave: Recursos humanos; estratégia organizacional; alinhamento.

METODOLOGIA

A pesquisa pode ser classificada basicamente como bibliográfica

e exploratória, sendo desenvolvida com base na fundamentação teórica para

apresentar os assuntos voltados para os fatores motivadores para o

alinhamento estratégico de RH à organização, bem como mediante a análise

de um caso específico de uma empresa do segmento de distribuição de

alimentos e bebidas.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 5

CAPÍTULO I

MODELO DE ULRICH: MÚLTIPLOS PAPÉIS DE RECURSOS HUMANOS 7

CAPÍTULO II

A FUNÇÃO ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS 16

CAPÍTULO III

ESTUDO DE CASO: DAZA 22

CONSIDERAÇÕES FINAIS 35

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

5

INTRODUÇÃO

Muitos gestores questionam as contribuições práticas da área de

Recursos Humanos (RH), pois vislumbram apenas a abrangência burocrática

dessa área. De fato, poucas são as organizações que contam com uma área

de RH atuando efetivamente em nível estratégico.

A oportunidade para RH é se transformar numa função

estratégica, na medida em que for capaz de se alinhar às prioridades da

organização e comprovar como seus processos criam valor.

A pergunta a qual este trabalho tenciona esclarecer é: Como os

processos estratégicos de RH podem criar valor na medida em que for capaz

de se alinhar às prioridades da organização?

A hipótese formulada ao problema acima é que a gestão de RH

tem a função de parceira estratégica da organização, avançando de forma

consistente, seguindo para além do tático-operacional. É fato que a gestão de

RH, enquanto função estratégica buscou rever processos, por meio de

iniciativas estratégicas de caráter sistêmico de modo a criar valor para as

organizações.

Sendo assim, este estudo tem como objetivo geral descrever

como os processos estratégicos de RH podem criar valor na medida em que

estiverem alinhados as prioridades da organização. Os objetivos específicos

buscaram apresentar o modelo de alinhamento interno e externo de RH

delineado por Ulrich; bem como identificar as ferramentas e instrumentos que

contribuem efetivamente para a formulação e a execução do plano estratégico

de RH.

O tema proposto se justifica haja vista que, elementos como

complexidade e imprevisibilidade contribuíram com a crescente valorização do

capital humano das organizações, e salientam a necessidade de estratégias de

gestão de pessoas. Este cenário pressiona os profissionais de RH a dar um

6

novo direcionamento para sua função, migrando de seu tradicional papel tático-

operacional para um papel estratégico.

A gestão estratégica de pessoas e a estratégia empresarial estão

intimamente ligadas e se influenciam mutuamente. A estratégia da empresa

influencia a gestão de pessoas estabelecendo novas competências que serão

requeridas para o sucesso dos planos da organização.

Por sua vez, a gestão de pessoas influencia a estratégia da

empresa quando enriquece o patrimônio intelectual e capacita os gestores e

colaboradores em geral para uma nova percepção do contexto e uma

reformulação dos planos de futuro. A oportunidade para RH é se transformar

numa função estratégica, na medida em que for capaz de se alinhar às

prioridades da organização e comprovar como seus processos criam valor.

Este trabalho tem como pressupostos teóricos os seguintes

autores: Ulrich (2000), em ‘Recursos Humanos Estratégico: novas perspectivas

para os profissionais de RH’; Harrison (2005), em ‘Administração Estratégica

de Recursos e Relacionamentos’; Dutra (2006), em ‘Gestão de pessoas:

modelo, processos, tendências e perspectivas.

7

CAPÍTULO I

MODELO DE ULRICH: MÚLTIPLOS PAPÉIS DE

RECURSOS HUMANOS

O objetivo deste capítulo é demonstrar a importância da gestão

estratégica de Recursos Humanos e seus diferentes de acordo com o modelo

de Ulrich.

1.1 – Modelo Estratégico de Recursos Humanos

Segundo Fischer (2002, p.15) “o comportamento das pessoas,

suas competências, e a cultura organizacional, influenciam diretamente na

capacidade de adequação da organização às demandas do ambiente externo”.

Sendo assim, no contexto atual de descontinuidade e imprevisibilidade, a

sobrevivência das organizações depende cada vez mais da capacidade das

pessoas que nelas estão.

Os ‘recursos humanos’ ganharam tamanha relevância que ficou

difícil determinar nitidamente onde termina a gestão de pessoas e onde

começa a estratégia empresarial. Portanto, a opção pelo modelo de gestão de

pessoas a ser implementado passou a ser uma decisão estratégica da

organização. A harmonia entre gestão de pessoas e objetivos/metas

organizacionais é fundamental para o êxito na execução dos planos

estratégicos.

Fischer (2002, p.16) entende por modelo de gestão de pessoas “a

maneira pela qual uma empresa se organiza para gerenciar e orientar o

comportamento humano no trabalho”.

Este mesmo autor ainda afirma que:

8

Devido à enorme importância do comportamento humano

para o sucesso organizacional se intensifica a relevância

de desenvolver um modelo de gestão de pessoas

estrategicamente direcionado e coerente com o negócio

da organização. (FISCHER, 2002, p.16).

A elaboração de um modelo efetivo é resultado da análise dos

fatores internos e externos que delineiam o cenário em que atua a organização.

Fischer (2002, p.18) cita três elementos que estruturam o modelo de gestão de

RH: os princípios, as políticas e os processos.

Os princípios são valores que orientam as decisões e o

comportamento das pessoas. Quando compreendidos e

praticados, os princípios afetam o cerne da cultura da

organização e formam uma espécie de bússola moral da

organização. As políticas, por sua vez, determinam as

macro-diretrizes e procedimentos que balizam a atuação

de RH. As políticas funcionam como elemento de

integração entre princípios e processos. Os processos

são os elementos de operacionalização da gestão de

pessoas. Por meio dos processos, os produtos de RH são

viabilizados como a contratação de talentos, a criação de

competências e a adequação da cultura. (FICHER, 2002,

p.17).

Um modelo de gestão de RH efetivo deve propiciar harmonia e

alinhamento entre princípios, processos e políticas, valendo-se de uma base

sustentável para prover competências e o desenvolvimento dos

comportamentos necessários à estratégia.

Albuquerque (2002, p.5) enfatiza a relevância da arquitetura

estratégica de RH, uma vez que esta contempla todos os elementos da gestão

9

de pessoas, tais como: “profissionais, processos, políticas, competências” e, de

todo, deve explicitar o modo como RH cria valor na organização.

Um dos aspectos críticos para o êxito da arquitetura estratégica

são os processos de RH, uma vez que o pensamento sistêmico “favorece o

entendimento das inter-relações de seus elementos, bem como da relação de

RH com o sistema mais amplo que envolve a estratégia da organização”.

(ALBUQUERQUE, 2002, p.6).

O modelo estratégico de gestão de RH deve conter métodos para

avaliar o valor propiciado pela função RH. Um método eficiente para a definição

e monitoramento de objetivos estratégicos que atestem o alinhamento da área

e ressalte suas contribuições torna-se um componente fundamental para uma

arquitetura estratégica de RH.

Beatty, Becker e Huselid (2005):

Apontam como alternativa para alavancar a gestão

estratégica de pessoas, o alinhamento das estratégias de

RH ao planejamento estratégico da organização,

assegurando aos objetivos de RH, uma vinculação

evidente e inquestionável com os objetivos estratégicos

da empresa. (BEATTY, BECKER e HUSELID, 2005,

p.34).

Por meio da gestão de RH torna-se possível identificar os reflexos

das iniciativas de RH, obtendo-se, dessa forma, maior credibilidade frente a

gestão corporativa da organização.

A gestão de RH deve ser implementada com base nas estratégias

organizacionais que possibilitem enxergar os componentes da cadeia de valor,

viabilizando determinar as oportunidades de contribuição de RH para os

objetivos e metas organizacionais.

Dessa forma, a capacitação dos profissionais de RH torna-se uma

condição indispensável para que o modelo estratégico de gestão de RH

10

obtenha êxito. O advento da globalização impõe que estes profissionais

obtenham novas competências, promovam coisas diferentes e desempenhem

papéis completamente diversos, o que com certeza, inclui, mais do que

compreender a estratégia da empresa.

O gerenciamento estratégico exige que os gestores de RH

compreendam precisamente que habilidades favorecem o sucesso na

implantação da estratégia. Para assumirem esse papel estratégico, os gestores

de RH precisam ter a capacidade de atuar compreendendo a cultura

organizacional, colocando-se como promotor das mudanças, valendo-se do

máximo proveito possível da competência humana da empresa.

1.2 – Diferentes Papéis de Recursos Humanos

Ulrich (2000) propõe um “Modelo de Múltiplos Papéis para a

Administração de Recursos Humanos”, com o objetivo de criar valor e obter

resultados para organização como um todo.

Em seu modelo, Ulrich (2000) descreve as metas focadas pela

área de Recursos Humanos e os quatro papéis principais que os profissionais

da área de Recursos Humanos devem desempenhar para ajudar a gerar e

manter uma organização competitiva.

A área de Recursos Humanos deve, ao mesmo tempo, ter foco

em estratégica de longo prazo e foco operacional de curto prazo. Isto significa

que a área de Recursos Humanos deve ter visão e execução estratégica de

construção das bases competitivas da empresa no futuro, sem perder de vista

a rotina e o cotidiano operacional que sustenta a empresa no momento

presente.

Segundo o Ulrich (2000), a área de Recursos Humanos deve

encontrar o ponto ótimo de gerenciamento de suas atividades de modo a

balancear adequadamente seus quatro papéis principais, que serão discutidos

a seguir.

11

O modelo de Ulrich (2000) é baseado na intersecção de dois

eixos: o eixo vertical representa o foco e vai do cotidiano, operacional de curto

prazo, até o futuro, voltado para as estratégias de longo prazo; o eixo horizontal

representa as atividades, que vão desde a administração de processos de

Recursos Humanos (ferramentas de gestão e sistemas) até a gestão das

pessoas.

As quatro áreas criadas pela intersecção desses dois eixos

demarcam os quatro papéis preconizados pelo modelo de Ulrich (2000) e a

cada um deles o autor associa uma metáfora: parceiro estratégico, especialista

administrativo, agente de mudança e defensor dos funcionários, conforme

descrito na Figura 1.

Figura 1 – Papéis de Recursos Humanos

Fonte: Ulrich, 2000, p.40

Da mesma forma, as atividades da área de Recursos Humanos

devem englobar desde a administração de processos (ferramentas e sistemas

de RH) até a administração de pessoal tradicional. Ulrich (2000) aprofunda este

12

modelo de atuação da área de Recursos Humanos com base nos quatro

papéis definidos, conforme Quadro 1.

Papel/Função Resultados Metáfora Atividade

Gestão de estratégias de RH

Execução da estratégia

Parceiro estratégico

Ajuste das estratégias de RH à

estratégia empresarial: diagnóstico

organizacional

Gestão da infraestrutura da organização

Construção de uma infraestrutura eficiente

Especialista administrativo

Reengenharia dos processos de organização:

serviços em comum

Gestão da contribuição dos colaboradores

Aumento do envolvimento e capacidade dos colaboradores

Defensor dos colaboradores

Ouvir e responder aos colaboradores: prover recursos aos colaboradores

Gestão da transformação e da mudança

Criação de uma organização renovada

Agente de mudanças

Gerir a transformação e a mudança: assegurar a capacidade a mudança.

Quadro 1 – Definição dos papéis de RH Fonte: Ulrich, 2000, p.41

Nesta concepção, a área de Recursos Humanos teria papéis

estabelecidos conforme a meta a ser cumprida, que são agregadas em quatro

metáforas, ou seja, a característica ou imagem visual que acompanha cada

papel.

a) Papel de Parceiro Estratégico: traduzir estratégias

empresariais em práticas de Recursos Humanos capazes de

permitir à empresa uma rápida adaptação às mudanças, com a

redução do tempo entre a concepção e a execução da estratégia,

aumentando a capacidade da empresa em atingir seus objetivos.

Os profissionais de Recursos Humanos atuam como

parceiros estratégicos, ajudando a realizar as metas

13

empresariais, convertendo a estratégia em ação. Atuando

como parceiros estratégicos, os profissionais de Recursos

Humanos trabalham com os gerentes de linha com o

objetivo de atingir os objetivos organizacionais, que

podem ser formulados de muitas maneiras, tais como:

alvos financeiros, placares equilibrados, visões,

intenções, missões, aspirações ou metas. (ULRICH,

2000, p.45)

b) Papel de Especialista Administrativo: deve buscar a melhoria

contínua de seus processos e atividades visando sua eficiência

administrativa, por meio de tecnologias de gestão como

racionalização dos processos, simplificação, redução de custos e

eliminação de desperdícios. Visando contribuir para a

implementação de novas e melhores maneiras de realizar as

coisas, aumentando a eficiência da área de RH.

Os profissionais de Recursos Humanos tornam-se

especialistas administrativos na medida em que criam

infra-estruturas eficientes e praticam a reengenharia para

descobrir maneiras mais eficientes para realizar o seu

trabalho, tanto para processos da própria área de

Recursos Humanos como para a empresa como um todo.

(ULRICH, 2000, p.45).

c) Defensor dos Colaboradores: ouvir, interpretar, traduzir e

conseguir meios para satisfazer as necessidades dos funcionários,

de modo a obter comprometimento deles com a organização.

Vinculam as contribuições dos funcionários ao sucesso da

empresa, ajudando-os a descobrir novos recursos que os habilitem

a realizar seu trabalho. O papel de defensor dos funcionários cabe

diretamente aos gestores. O objetivo final é conseguir

14

comprometimento do funcionário com os resultados

organizacionais.

A contribuição dos funcionários aumenta à medida que

esses funcionários são livres para apresentar idéias,

quando percebem que seus interesses são levados em

conta por pessoas-chave da organização e quando

mantém com a organização uma relação de emprego

válida e valorizada. Os profissionais de Recursos

Humanos são parceiros empresariais na medida em que

asseguram uma elevada contribuição dos funcionários,

exercendo um papel crucial no desenvolvimento da

relação entre o funcionário e a organização. (ULRICH,

2000, p.46).

d) Agente de Mudança: tem a tarefa de gerir a transformação e a

mudança na empresa. Realizam sistematicamente mudanças em

forma de iniciativa, com foco na implementação de novos

programas, projetos ou procedimentos, em forma de processos

empresariais, com foco nas maneiras como o trabalho é executado

e mudanças culturais por meio da mudança da mentalidade

comum.

Ser um agente de mudança eficaz é garantir

continuamente à empresa a capacidade para mudar. As

ações dos agentes de mudança incluem a identificação e

estruturação de problemas, construção de relações de

confiança, solução de problemas, criação e execução de

planos de ação. (ULRICH, 2000, p.47).

Para o autor, existem quatro maneiras de adicionar valor a uma

empresa pelos profissionais de Recursos Humanos: ajudando na execução de

15

uma estratégia, construindo uma infra-estrutura, garantindo a contribuição dos

funcionários e gerindo a transformação e a mudança.

O modelo conceitual de múltiplos papéis de Recursos Humanos

criado por Ulrich (2000) poderá ajudar na avaliação e estruturação das

competências e papéis exercidos pela área de Recursos Humanos em uma

empresa.

A partir dos resultados obtidos com a realização do diagnóstico,

poderá possibilitar a implementação de medidas e ajustes, com o objetivo de

melhor adequar os papéis da área de Recursos Humanos aos objetivos e

metas estratégias empresariais, bem como assegurar a sua eficácia.

16

CAPÍTULO II

A FUNÇÃO ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS

O objetivo deste capítulo é apresentar o conceito de alinhamento

estratégico e a importância da sintonia da estrutura de RH com o processo de

implementação das estratégias da organização.

2.1 – Alinhamento estratégico de recursos humanos

A definição de alinhamento estratégico de RH adotado nessa

pesquisa refere-se, segundo Paschini (2006):

Ao direcionamento da função RH às prioridades

estratégicas da organização, à coerência das práticas

adotadas pela área com os objetivos estratégicos da

empresa, e à adequação da estrutura de RH às

demandas estratégicas da organização. (PASCHINI,

2006, p.4).

É imprescindível que a organização assegure o alinhamento entre

as funções executadas pela gestão de RH e sua identidade estratégica.

Ressalta-se, assim, a relevância da sintonia entre o modelo de gestão de RH e

o planejamento estratégico da organização (ALBUQUERQUE, 2002).

Os gestores de RH têm como função promover uma visão

sistêmica e compreender objetivamente a estratégia da organização, suas

prioridades e os processos que criam valor para a organização. Dessa forma,

os gestores de RH, conhecedores dos objetivos e metas estipuladas no

planejamento estratégico devem adequar as políticas, sistemas e produtos

17

para que estejam em harmonia com as expectativas organizacionais

(PASCHINI, 2006).

As estratégias da gestão de RH devem ser formuladas tendo

como finalidade maior atender as especificidades de cada estratégia do

negócio organizacional. Para que se compreenda a importância estratégica da

função de RH, é imprescindível que a mesma conceba seu planejamento e

determine suas prioridades estratégicas em total sintonia com o planejamento

estratégico da organização.

Albuquerque (2002) cita que:

A estratégia de recursos humanos deve seguir as etapas

do processo de formulação e implementação da

estratégia corporativa, baseando-se na visão do negócio

para desenvolver as diversas etapas da estratégia

funcional que irão integrar a estratégia da organização.

(ALBUQUERQUE, 2002, p.41)

Cabe ressaltar a relevância do feedback1 durante o

processo/etapas de formulação da estratégia de RH. A transparência na

comunicação e a retro-alimentação de informações é critério preponderante

para a concepção de estratégias consistentes. Afim de, tornar o processo de

planejamento estratégico de RH mais interativo, Albuquerque (2002) coloca

que a participação de colaboradores dos diferentes níveis organizacionais

torna-se essencial, pois estimula a comunicação, o aprendizado e o

comprometimento.

1 Retorno de informação.

18

2.2 – Estrutura de recursos humanos

Dutra (2006, p.26) coloca que “a estrutura de RH deve estar

sintonizada com o processo de implementação das estratégias da organização,

sendo este um preceito fundamental para que a gestão de RH exerça o papel

de ativo estratégico”.

Este mesmo autor ainda menciona que o alinhamento de RH deve

ocorrer em duas dimensões. A primeira, e mais relevante, é denominada de

alinhamento externo, compreendendo o alinhamento entre a implementação da

estratégia corporativa e o sistema de RH (DUTRA, 2006).

O alinhamento externo se dá quando a arquitetura da

área é direcionada para a estratégia da organização.

Dessa forma, os sistemas de RH estarão alinhados às

prioridades estratégicas, criando valor para o cliente. Vale

ressaltar que os sistemas de RH devem sempre ser

construídos de cima para baixo, orientados pelas macro-

diretrizes organizacionais e nunca de baixo para cima, a

partir da opção por práticas e modismos aplicados de

forma desconexa. (DUTRA, 2006, p.27).

A segunda dimensão, denominada de alinhamento interno, se

refere à concordância que deve haver na própria estrutura de RH, com seus

sistemas, produtos e competências, que devem estar direcionados para o

desenvolvimento de RH como ativo estratégico. O êxito de uma abordagem

estratégica para RH está intimamente relacionada a estas duas dimensões de

alinhamento.

O alinhamento interno poderá ser evidenciado pela

sinergia e complementaridade entre os produtos e

serviços oferecidos pela área, em harmonia com

expectativas dos clientes internos. Uma vez conscientes

19

de seu papel, os profissionais de RH devem criar as

competências necessárias para desempenhá-lo de forma

efetiva e devem integrar seus processos para gerar

contribuições legítimas. (DUTRA, 2006, p.27).

Não restam dúvidas de que o maior desafio para a gestão de RH

seja conseguir o alinhamento entre a estratégia do negócio, a atuação de RH e

a cultura organizacional. O objetivo de transformar estratégia em ação tem

como requisito a adesão e o comprometimento dos colaboradores com o

processo de transição. Mas, se a gestão corporativa não encontrar na cultura

organizacional um ambiente fértil para consolidar as transformações

necessárias, o processo estratégico não logrará êxito. A Figura 2 ilustra, na

concepção de Paschini (2006), o alinhamento entre estratégia de negócio,

cultura da organização e estratégia de RH.

Figura 2: Alinhamento entre estratégia, cultura e RH.

Fonte: Paschini (2006, p.4)

Schein (2004) define cultura organizacional como:

20

O conjunto de pressupostos básicos e valores que um

grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender a

lidar com os problemas de adaptação externa e de

integração interna, e que funciona bem o suficiente para

serem considerados válidos e ensinados aos novos

membros enquanto forma correta de perceber, pensar e

sentir, em relação a esses problemas. (SCHEIN, 2004,

p.43).

Sem dúvidas alguma, a gestão de RH é a função organizacional

que possui maior poder de influência sobre a cultura da empresa, e sendo

assim, tem como maior meta gerenciar a cultura a fim de se obter a sintonia

com a intenção estratégica.

Além do gerenciamento da cultura organizacional, outra

importante ferramenta da gestão de RH que favorece o alinhamento as

estratégias da organização é a gestão por competências, oferecendo um

cabedal de possibilidades práticas para o alinhamento da aprendizagem

organizacional à estratégia.

Fleury e Fleury (2004) definem competência como:

Um conjunto de conhecimentos habilidades e atitudes que

justificam um alto desempenho, na medida em que há

também um pressuposto de que os melhores

desempenhos estão fundamentados na inteligência e na

personalidade das pessoas. (FLEURY e FLEURY, 2004,

p. 45).

Ainda de acordo com estes mesmos autores, no tocante a gestão

por competências, pode-se estruturá-las em três tipos:

As competências individuais, pertencentes ao indivíduo e

importantes para a função que ele exerce, as

21

competências organizacionais, construídas pela equipe

através da combinação de competências individuais com

o amadurecimento dos processos internos e, finalmente,

as competências essenciais, que de fato constituem um

diferencial competitivo para a organização. (FLEURY e

FLEURY, 2004, p. 46).

A gestão estratégica das competências tem como propósito

avaliar os recursos de competência existentes/atuais e os que são necessários

para a efetivação do planejamento estratégico da organização. O resultado

desta avaliação possibilitará ao gestor de RH elaborar um levantamento de

necessidades de competências para a organização e direcionar todo o sistema

de RH para a aquisição das competências necessárias.

Dessa forma, uma vez identificadas as necessidades de

competências, a gestão de recursos humanos deve direcionar seus processos

em prol da obtenção destas competências, que estimulam a aprendizagem

organizacional, viabilizando a formulação de melhores estratégias, levando ao

desenvolvimento organizacional.

Mediante o exposto nesta fundamentação teórica, pode-se

concluir que a gestão de RH deve a atuar como um parceiro estratégico da

organização, sendo um centro de criação de valor para a organização, e não

como mais um centro de custos.

22

CAPÍTULO III

ESTUDO DE CASO: DAZA

O objetivo deste capítulo é apresenta o estudo de caso de uma

empresa do segmento de distribuição de alimentos e bebidas, visando

entender os principais fatores motivadores para o alinhamento da atuação da

função de recursos humanos às prioridades estratégicas da organização.

Para este estudo de caso foi escolhido uma distribuidora de

produtos alimentícios, empresa familiar, com sede no noroeste do Estado de

São Paulo, com 17 anos de atuação no negócio de distribuição de alimentos e

bebidas. São 90 profissionais qualificados atendendo mais de 200 cidades no

interior no noroeste paulista.

Não foi necessária a aplicação de nenhum instrumento de coleta

de dados, pois a autora desta pesquisa estabeleceu vínculo na prestação de

serviços para esta organização durante quatro anos. Para a realização do

estudo, foram consultados documentos internos da organização estudada

tendo como finalidade a identificação das possibilidades e vantagens na

estruturação da área de RH de acordo com a atual estratégia organizacional.

3.1 – Daza Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda

A Daza Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda nasceu da

parceria entre Daniel Tarraf Júnior e Antonio Zaia Tarraf, com a finalidade

exclusiva de comercializar produtos Nestlé. A oportunidade surgiu após a

própria indústria identificar a deficiência na distribuição dos seus produtos no

noroeste do estado de São Paulo.

23

A partir dai deu início a trajetória de uma empresa familiar e com

poucos recursos, mas já com pensamento em se profissionalizar para fixar no

mercado atacadista/distribuidor. A 'urgência' de abraçar a oportunidade não

minimizou as dificuldades.

A estrutura era modesta, a emissão de nota fiscal era feita

manualmente e somente em fevereiro de 1993 foi adquirido o primeiro

computador com objetivo de agregar eficiência e eficácia ao processo de

gestão da organização.

A equipe de vendas iniciou seu trabalho efetuando os pedidos

manualmente nos talões e depois os transmitia por fax para serem digitados. A

equipe era bem reduzida, o quadro de pessoal era composto de um supervisor

de vendas, dez representantes comerciais, quatro colaboradores no setor no

administrativo e somente três para realizar distribuição (logística).

Somente em 2005, após o sucesso do trabalho realizado com a

distribuição dos produtos Nestlé, a Daza Distribuidora de Produtos Alimentícios

Ltda somou forças com as indústrias, Pernod Ricard, Diageo, Red Bull

registrando a sua marca e buscando a excelência também na distribuição de

bebidas.

A eficiência na distribuição dos produtos Nestlé e a necessidade

de ampliar a equipe fez com que a gestão corporativa da organização

delegasse à Daza Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda a exclusividade

no atendimento aos clientes de produtos Nestlé. Diante dessa decisão, as

demais indústrias parceiras estão migrando para MegaDan Importadora e

distribuidora, empresa pertencente aos mesmos sócios que foi instituída para

atender ao segmento de sorvetes.

Atualmente, com 17 anos de atuação a empresa expandiu. A

equipe de vendas efetua os pedidos de forma integrada com o sistema

operacional informatizado que gera exatidão das informações e mais agilidade.

O quadro de pessoal é composto por 90 profissionais qualificados atendendo

mais de 200 cidades no interior no noroeste paulista. Sendo assim, sempre

24

objetivando manter-se competitiva em seu segmento de atuação, decidiu

implementar e estruturar a área de Recursos Humanos.

A Daza Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda tem como

missão “gerenciar a distribuição de produtos de forma ética, eficaz com

excelência de atendimento, satisfazendo o fornecedor, cliente, consumidor final

e os colaboradores internos e externos”.

Sua Visão é:

• Ser o maior distribuidor na região de atuação;

• Ser o melhor distribuidor em todo o Brasil;

• Assegurar o progresso social e profissional dos colaboradores;

• Contribuir para o desenvolvimento da sociedade;

• Manter a imagem de excelência e qualidade.

Seus Valores são:

• Qualidade e melhoria contínua dos produtos e serviços para

satisfação dos clientes;

• Compromisso, valorização e envolvimento dos Recursos

Humanos;

• Compromisso com a verdade;

• Comportamento ético;

• Aperfeiçoamento das relações com clientes, fornecedores e

consumidores.

No que tange a tendência do mercado atacadista brasileiro e o

posicionamento atual da Daza Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda

pode-se constatar os seguintes pontos fortes e pontos fracos, ameaças e

oportunidades, conforme Quadro 2.

25

Pontos Fortes Pontos Fracos Redução dos custos; Profissionalização da equipe de venda; Transformação em centro de distribuição da indústria; Regionalização do atendimento; Investimento em tecnologia da informação

Grande raio de atuação; Baixa qualidade de atendimento, com foco somente na comercialização; Uso de pratica de preço predatório; Operacionar de forma não-especializada;

Ameaças Oportunidades Conflitos dentro do canal de distribuição; Falta de fidelização do cliente; Alta carga tributária e guerra fiscal dos Estados; Incentivo de novos canais que eliminam o comércio atacadista; (por parte da indústria) Dificuldade de sobrevivência do médio e pequeno varejista;

Fim da guerra fiscal e dos impostos cumulativos durante a cadeia de produção; Nivelamento do preço; Fusões de empresas atacadistas, elevando seu poder de barganha; Abertura de novos mercados, através da interiorização;

Quadro 2: Pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades Fonte: Elaborado pela autora desta pesquisa

No que tange aos pontos fortes do atacado brasileiro, o mesmo

tem como vantagem o atendimento regional, onde ele tem contado com

pequeno varejo que muitas vezes localiza-se geograficamente distante dos

centros urbanos. Outra vantagem do atacado é o investimento na formação de

equipes de venda, tanto em profissionalização quanto em termos de aparato

tecnológico.

Dentro os pontos fracos, pode-se destacar que, muitos atacados

possuem um raio de atuação muito grande, o que por vezes pode gerar um

custo de transporte mais elevado. Outro fator é a pratica de preços predatórios,

onde o atacado comercializa produtos com pouca diferenciação, onde a

concorrência migra para a concorrência por preço.

Quanto às ameaças o setor sofre com a guerra fiscal entre os

Estados da federação e a alta carga tributária, no que tange a guerra fiscal, os

Estados da federação tem autonomia tributária para sobretaxar produtos e

impor barreira de entradas a produtos vindos de outros Estados que forem

comercializados por atacadistas de outra unidade federada, dessa forma

diminuindo a competitividade do atacado.

No que tange as oportunidades, os atacadistas estão praticando

fusões de forma a aumentar sua força de compra e exercer um poder de

26

barganha junto aos fornecedores, o atacado também esta abrindo novos

mercados, chegando a regiões onde antes o abastecimento era precário.

Sendo assim, a gestão corporativa da Daza Distribuidora de

Produtos Alimentícios Ltda tem como objetivos para seu crescimento:

• Não focar em preço, e sim nos serviços prestados ao cliente;

• Ser um atacadista especializado;

• Investir em processo logístico (operador logístico qualificado);

• Estabelecer compromisso com as indústrias fornecedoras;

• Fidelizar seus clientes no varejo;

• Manter um raio de atuação limitado.

No que se refere às suas estratégias adotadas, a Daza

Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda buscou reformular sua postura

dentro da cadeia de distribuição, procurando ser mais participativa e parceira

do fabricante (indústria). Afinal, frente ao aumento do poder de barganha das

grandes redes varejistas, existe um latente anseio por parte dos fabricantes

(indústrias) em terem parceiros mais colaborativos, que incrementem valor aos

seus produtos.

3.2 – Cenário Atual

A gestão corporativa da Daza Distribuidora de Produtos

Alimentícios Ltda adotou a estratégia do Broker ou operador logístico

qualificado para alcançar sua meta de crescimento no segmento atacadista.

Portanto, o cenário atual da referida organização pode ser assim descrito como

segue abaixo.

A Daza Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda não

comercializa produtos, no lugar disso, presta serviço a um parceiro de negócio,

sendo este parceiro um fabricante (Nestlé). Entretanto, se classifica como

27

atacado, pois atende uma grande quantidade de varejistas e coloca-se na

mesma posição de um atacado convencional na cadeia de suprimentos.

No entanto, a Daza Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda

possui algumas vantagens competitivas sobre os seus concorrentes que não

utilizam a estratégia do Broker ou operador logístico qualificado, tais como

menor carga tributária e menor custo de capital em estoques, uma vez que este

pertence ao fabricante, o que facilita o acesso do varejo aos produtos dos

fabricantes representados.

Os gestores da a Daza Distribuidora de Produtos Alimentícios

Ltda entendem que o broker é uma espécie de evolução do modus operandi

do atacado convencional, que sai do tradicional e padronizado comércio de

mercadorias e transforma-se em um elo sustentável de integração indústria-

distribuição-varejo-consumidor final.

3.3 – Implementação do alinhado estratégico de RH

Mediante o estudo realizado acerca dos processos e estratégias

da Daza Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda, pode-se afirmar que para

a implementação de PE de RH alinhado ao PE da organização, se faz

necessário uma gestão de RH que contemple os seguintes aspectos: parceria

estratégica, especialização administrativa, capacidade de formar lideranças e

capacidade de gerenciar processos de mudanças.

3.3.1 – Parceria estratégica

a) Aplicar planos estratégicos: RH deverá ser um parceiro

estratégico, transformando as declarações estratégicas do PE em um conjunto

de ações organizacionais. Pois, acredita-se que sem uma gestão de RH

28

disciplinada, rigorosa e meticulosa para traduzir as aspirações em ações, as

estratégias ficarão arquivadas.

b) Profissionais de RH: deverão atender aos interesses dos

diversos stakeholders, dentre eles os clientes internos e externos. A ação dos

profissionais de Recursos Humanos deverá gerar valor econômico adicionado

pela obtenção dos lucros esperados pelos gestores, gerando valor econômico

para o negócio da organização (atacadista/distribuidor) ao atingir as metas de

melhor atendimento e gerar valor adicionado para os clientes internos na

medida em que atinge as expectativas dos mesmos.

c) Ajuste do PE de RH ao PE organizacional: os profissionais de

Recursos Humanos deverão estar atentos às questões que tratam da estrutura,

competências, atribuições, organizações e liderança necessárias para colocar

em funcionamento a estratégia organizacional.

d) Precaver-se contra mudanças muito rápidas: os profissionais

de Recursos Humanos que são parceiros estratégicos devem evitar as

armadilhas do benchmarking2 para que os diferentes aprendizados na área de

RH não sejam isolados em uma única área de prática, mas representem uma

confluência de práticas de RH.

e) Manter o foco na capacitação: para que a gestão de RH atue

alinhada ao PE da organização, os profissionais de Recursos Humanos devem

identificar e aumentar as capacidades, tanto para implementar as estratégias

quanto para fomentar novos produtos.

3.3.2 – Especialização administrativa

a) Em nível organizacional: os profissionais de Recursos

Humanos devem contribuir na reengenharia de processos essenciais, atuando

2 É um processo contínuo de comparação dos produtos, serviços, e práticas empresarias, entre os mais fortes concorrentes ou empresas líderes, através de um processo de pesquisa que permite realizar comparações de processos e práticas para reconhecer no concorrente possíveis estratégias de vantagem competitiva.

29

ativamente nas equipes de melhoria no sentido de obter maior simplicidade,

eficiência e eficácia. A gestão de RH deve estar atenta ao fato de que

geralmente os processos de reengenharia são conduzidos por tecnólogos e

tecnicistas o que pode levar a pouca contribuição dos profissionais de

Recursos Humanos, que preocupados com as questões humanas relacionadas

à mudança, podem contribuir para o sucesso do processo, gerenciando as

questões relacionadas a resistência à mudança, muito comum nas

organizações.

b) Em nível dos processos de RH: os profissionais de RH

precisam aplicar sua especialização administrativa, demonstrando sua

capacidade de liberar seus serviços com eficiência em seus próprios

processos. Tanto na reengenharia da organização como um todo, quanto nos

processos de RH, os profissionais de RH podem adicionar valor, reconhecendo

e reagindo adequadamente. Nos momentos de mudanças relacionadas à

melhoria dos processos, caberá ao profissional de RH identificar quais

processos são ineficazes e conceber métodos alternativos para executar os

serviços.

No que se refere à criação de valor, os profissionais de RH

deverão partir da simplificação e melhoria dos processos até chegar à

reconsideração das estruturas que possibilitarão a realização do trabalho.

Sendo assim, toda vez que houver necessidade de melhoria de

um dado processo, a gestão de RH da Daza Distribuidora de Produtos

Alimentícios Ltda deverá valer-se de seis etapas fundamentais para o êxito na

melhoria dos processos na gestão de seus ‘recursos humanos’:

• Definir os processos alvo;

• Desenvolver modelos ‘tal como é’;

• Questionar premissas subjacentes;

• Desenvolver modelos ‘como deve ser’;

30

• Implementar, desenvolver, vender;

• Medir o impacto organizacional.

Portanto, para atuarem como especialistas administrativos, os

profissionais de RH da Daza Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda

deverão reprojetar o trabalho da área de RH mediante o uso de tecnologia,

equipes de reengenharia de processo e melhorias de qualidade, criando

mecanismos que possam facilitar a execução de serviços comuns de RH, além

de definir o papel da área de RH na criação de valor para a organização, sendo

capazes de medir os seus resultados tanto em termos de custos quanto de

qualidade dos serviços prestados.

3.3.3 – Capacidade de formar lideranças

Ao profissional de RH caberá o papel de capacitar os gerentes

para que lidarem com seus liderados, motivando-os, e fazendo com que se

comprometam com as estratégias de negócio da organização.

A compreensão e a satisfação das necessidades dos liderados

eleva a contribuição global dos mesmos, essencial ao negócio no segmento de

atacado/distribuição, porque influi na capacidade da empresa em se

transformar, atender as expectativas do cliente e melhorar o seu desempenho

financeiro. O objetivo final é conseguir comprometimento do liderado com um

trabalho voltado para os resultados organizacionais.

A exigência pela contribuição dos liderados se torna cada vez

maior, na medida em que as organizações precisam produzir cada vez mais

com um número cada vez menor de colaboradores e com menos recursos.

Assim sendo, as organizações necessitam envolver integralmente cada um dos

seus ‘recursos humanos’.

31

3.3.4 – Gerenciador de processos de mudanças

A gestão de RH da Daza Distribuidora de Produtos Alimentícios

Ltda deverá atuar como agente transformação tendo como papel empreender

as alterações necessárias de ordem cultural na organização. É importante

ressaltar que a mudança implica em estar sempre atuante para melhorar a

criação e implementação de novas iniciativas e reduzir os ciclos de duração de

todas as atividades organizacionais.

A mudança, em última análise, converge incrementalmente para

mudanças culturais e a habilidade dos profissionais de RH deverá residir na

sua capacidade de entender, diagnosticar e implementar culturas estratégicas

que criem, efetivamente, valor distintivo para a sustentabilidade da

organização. Como agentes de mudança, os profissionais de RH deverão

elaborar a capacidade da organização em operar nos três níveis de mudança:

mudanças de iniciativa, de processo e mudanças culturais.

As mudanças de iniciativa estão focadas na implementação de

novos programas, projetos ou procedimentos. Iniciativas específicas são

implementadas como parte de um processo evolutivo de gerenciamento e

aperfeiçoamento dentro do planejamento estratégico. Caberão aos

profissionais de RH da Daza Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda

garantirem que as iniciativas sejam defendidas, desenvolvidas e liberadas de

maneira oportuna.

O segundo nível é composto pelas mudanças de processo,

focado na maneira pela qual o trabalho é executado. Inicialmente os

profissionais de RH da Daza Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda

deverá identificar os principais processos e em seguida tentar aprimorá-los,

mediante a simplificação do trabalho, avaliações do valor adicionado e outros

esforços de reengenharia. O aperfeiçoamento de processos redefine a infra-

estrutura da empresa.

32

O último nível corresponde às mudanças culturais que ocorrem

em uma organização quando se reconceituam os métodos tradicionais de

negociar. As mudanças culturais permeiam a alma e a mente das

organizações, mudando a forma como a organização pensa e percebe a si

mesma.

Caberá ao profissional de RH da Daza Distribuidora de Produtos

Alimentícios Ltda manusear informações e novas tecnologias de informação, tal

qual um especialista de staff3, fornecendo serviços estratégicos e agregando

valor aos negócios. Supõe-se, portanto, que a gestão de RH, atuará como

suporte estratégico, podendo prover informações, know-how e atendimento aos

tomadores de decisões.

Como provedora de aconselhamento e serviço à organização de

linha, a gestão de RH poderá assumir o papel de parceiro e apoiador do

negócio. Enfim, a gestão de RH estará apta a preparar as pessoas para a

mudança, oferecendo suporte e apoio estratégico e operacional.

3.4 – Propositura para estrutura de RH

A Figura 3 representa uma propositura de estrutura de RH para a

Daza Ltda assegurando seu alinhamento com a estratégia organizacional. É

fundamental ressaltar que a capacitação dos profissionais RH constitui-se em

um fator crítico de sucesso na implementação de uma gestão estratégica de

RH. Para assegurar essa capacitação é necessário compreender quais são as

competências necessárias para o efetivo desempenho da função.

3 Grupo de pessoas que assessora um gerente na organização.

33

Figura 3: Propositura de estrutura de RH - Daza Ltda Fonte: Elaborado pela autora desta pesquisa.

Sendo assim, pode-se identificar cinco competências genéricas, porém

indispensáveis aos profissionais de RH para a obtenção de um alto

desempenho na função, quais sejam: conhecimento do negócio, domínio de

práticas de RH, gestão da mudança, gestão da cultura e credibilidade pessoal.

O Quadro 3 apresenta aos gestores corporativos da Daza Distribuidora

de Produtos Alimentícios Ltda um breve perfil das competências recomendadas

aos profissionais de RH.

Fee

db

ack

ESTRATÉGIA da Daza ESTRATÉGIA DE RH da Daza

Visão do Negócio

Definição da Missão

Análise do Ambiente

Análise das Capacidades

Objetivos Estratégicos

Definição de Macro-políticas

Fatores críticos de sucesso

Seleção e desenvolvimento da estratégia

Implementação

Estruturação do ambiente de RH

Recrutamento e seleção dos profissionais de RH

Definição das políticas de RH

Definição dos objetivos de RH

Elementos críticos de RH

Implementação da Gestão de RH da Daza

Compreensão e comprometimento com a visão do negócio

Criação da Missão de RH

Feed

back

34

Competências Detalhamento

Conhecimento do negócio

O fato de conhecerem bem o negócio da organização permitirá que os profissionais de RH identifiquem oportunidades e ameaças e se antecipem no sentido de implementar mudanças e inovações, adaptando a atuação de RH às necessidades da organização.

Domínio de práticas de RH

Para que os profissionais de RH possam alcançar o alto desempenho é necessário que tenham o domínio das ferramentas de trabalho e das melhores práticas aplicáveis em sua área.

Gestão da mudança

Os profissionais de RH deverão ser capazes de conduzir os processos de mudança através de habilidades como, diagnóstico de problemas, relacionamento com os clientes internos, gerenciamento de projetos e solução de problemas.

Gestão da cultura

Os profissionais de RH deverão estar capacitados para oferecer apoio consultivo aos gestores corporativos, axiliando-os a harmonizar seus projetos e a cultura da organização.

Credibilidade pessoal

Somente através da credibilidade os profissionais de RH serão capazes de persuadir a alta administração e os gestores de linha quanto à estratégia de gestão de pessoas.

Quadro 3: Competências recomendadas aos profissionais de RH. Fonte: Elaborado pela autora desta pesquisa.

35

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A função da gestão de RH se encontra num processo de transição

dentro das organizações, seguindo em direção a uma posição mais abrangente

em relação àquela que ocupava até a década de 90.

Por muito tempo a ‘área de recursos humanos’, como era então

denominada, se limitava a prestar suporte operacional e administrativo a outras

áreas. E, por isso, produziu gerações de profissionais de RH com um perfil

tecnicista, restritos no que se refere à visão sistêmica do negócio, afinal a

atuação destes profissionais se restringia as demandas administrativas,

trabalhistas e jurídicas das organizações. Foi assim que nasceu, entre os

gestores da organização, o estigma de RH como mero centro de custos, ao

qual se costumava atribuir o status de operacional.

Contudo, no mundo ‘sem fronteiras’, por advento da globalização,

esse estigma foi anulado, hoje se verifica que a gestão de RH tem a função de

parceira estratégica da organização, avançando de forma consistente,

seguindo para além do tático-operacional. É fato que a gestão de RH, enquanto

função estratégica buscou rever processos, por meio de iniciativas estratégicas

de caráter sistêmico.

As constatações verificadas na empresa pesquisada, a Daza

Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda, apontam para necessidade de

implementação da gestão de RH em sua estrutura atual. Anteriormente a

‘função de RH’ era traduzida apenas no processo de recrutamento e seleção,

que era terceirizada. Ou seja, a ‘função RH’ era meramente operacional.

Atualmente, a gestão corporativa da Daza Ltda, em consonância

com seu planejamento estratégico, que prevê crescimento da organização,

conclui haver necessidade da implementação de uma gestão de RH capaz de

atuar ativamente no processo de formulação das estratégias de negócio,

articulando iniciativas que possam contribuir para a execução da estratégia.

36

Contudo, acredita-se que a implementação da gestão de RH deva

ser feito de forma gradual, por meio de um levantamento de necessidades e

alinhadas ao planejamento estratégico da organização.

É preciso que se estruture uma arquitetura de RH, com orçamento

provisionado para a implantação de todos os seus processos sistêmicos:

recrutamento e seleção, capacitação, avaliação, benefícios, etc., bem como a

contratação de um gestor de RH que contemplem as necessidades

estratégicas atuais e futuras da organização, permitindo assim que a gestão de

RH da construa os chamados sistemas de alto desempenho, e que possam

avançar para muito além de rotinas operacionais.

Para que o futuro gestor de RH da Daza Ltda possa construir seu

alinhamento externo e estabelecer um forte vínculo entre sua atuação e a

estratégia da organização, é fundamental, antes de tudo, que o referido

profissional tenha plena consciência das prioridades da organização, conhecer

o cenário que a circunda e respeitar o estilo gerencial característico da

organização.

É exatamente no que se refere aos papéis estratégicos, que

asseguram o alinhamento externo, que pode perceber a carência da

organização que justifica a implementação da gestão de RH. Pode-se ressaltar

a necessidade de se ter uma gestão de RH que possa atuar de forma mais

intensa no papel de agente de mudanças, motivando novos comportamentos e

adequações à cultura da organização.

Quanto à questão do alinhamento interno, foram identificadas

algumas inconsistências que também sugerem a implementação da gestão de

RH. Apesar da ótima sintonia e senso de cooperação das equipes atuais,

alguns subsistemas se direcionam para rotas diferentes, por vezes

antagônicas.

A divergência entre seleção e remuneração é um exemplo de

desalinhamento, necessitando, assim, que a Daza Ltda tenha seu próprio

processo seletivo, capacitado a captar profissionais de grande potencial, pois

37

atualmente o subsistema de remuneração, por ausência de gestão, inviabiliza a

contratação destes talentos.

A ausência de um planejamento de gestão de RH e a escassez

de ‘recursos humanos’ capacitados sejam elementos que dificultem o

alinhamento interno.

Portanto, conclui-se que com a implementação da gestão de RH,

a organização poderá desenvolver um potencial para constituir uma base

referencial de grande utilidade para fortalecer o alinhamento interno e externo

das estratégias da organização. O sucesso na consolidação de um modelo

estratégico de RH é resultado da parceria entre três atores fundamentais na

organização: gestores da organização, os profissionais de RH e seus

colaboradores.

38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALBUQUERQUE, L. G. A gestão estratégica de pessoas. In: Vários autores. As

pessoas na organização. São Paulo: Editora Gente: 2002.

BEATTY, R.; BECKER, B.; HUSELID, M. Scorecard para recursos humanos:

conceitos e ferramentas para medir a contribuição das equipes. Rio de Janeiro:

Campus, 2005.

DUTRA, J. S. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e

perspectivas. São Paulo: Atlas, 2006.

FISCHER, A. L. Um resgate conceitual e histórico dos modelos de gestão de

pessoas. In: Vários autores. As pessoas na organização. São Paulo: Editora

Gente: 2002.

FLEURY, M. T. L; FLEURY, A. C. C. Alinhando estratégia e competências.

Revista de Administração de Empresas (RAE), v. 44, n.1, 2004.

PASCHINI, S. Estratégia: alinhando a cultura organizacional e a estratégia de

recursos humanos à estratégia de negócio. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006.

SCHEIN, E. Organizational culture and leadership. Tradução de Roberto Sá.

San Francisco: Jossey-Bass, 2004.

ULRICH, D. Recursos Humanos Estratégico: novas perspectivas para os

profissionais de RH. São Paulo: Futura, 2000.

39

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ........................................................................................... 1

RESUMO ........................................................................................................... 2

METODOLOGIA ................................................................................................ 3

SUMÁRIO .......................................................................................................... 4

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 5

CAPÍTULO I

MODELO DE ULRICH: MÚLTIPLOS PAPÉIS DE RECURSOS HUMANOS ..... 7

1.1 – Modelo Estratégico de Recursos Humanos .............................................. 7

1.2 – Diferentes Papéis de Recursos Humanos............................................... 10

CAPÍTULO II

A FUNÇÃO ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS .............................. 16

2.1 – Alinhamento estratégico de recursos humanos ...................................... 16

2.2 – Estrutura de recursos humanos .............................................................. 18

CAPÍTULO III

ESTUDO DE CASO: DAZA .............................................................................. 22

3.1 – Daza Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda .................................. 22

3.2 – Cenário Atual .......................................................................................... 26

3.3 – Implementação do alinhado estratégico de RH ....................................... 27

3.3.1 – Parceria estratégica ............................................................................. 27

3.3.2 – Especialização administrativa .............................................................. 28

3.3.3 – Capacidade de formar lideranças ........................................................ 30

3.3.4 – Gerenciador de processos de mudanças ............................................. 31

3.4 – Propositura para estrutura de RH ........................................................... 32

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 35

40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 38

ÍNDICE ............................................................................................................. 39