Bacia Mandaqui: relação cidade-água

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Trabalho Final de Graduação | FAUUSP 2014 Orientação Eugenio Queiroga

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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULOFACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMOTRABALHO FINAL DE GRADUAOJUNHO 2014

    ANELISE BERTOLINI GUARNIERIORIENTADOR PROF. DR. EUGENIO QUEIROGA

    RELAO CIDADE-GUABACIA MANDAQUI

  • AGRADECIMENTOS

    Ao querido Eugenio pela competente, dedicada e cuidadosa orientao.

    banca, Klara Kaiser e Claudio Manetti por aceitarem meu convite.

    Aos grandes arquitetos e urbanistas que compartilharam comigo sua sabedoria Eduardo, Mrcio, Tiago, Pompeo, Ga, Moreno, Ivo e Lucas.

    Aos amigos que dividiram comigo sonhos, planos, histrias e angstias nesses anos; em especial Aline, Ana Carolina, Bebel, Bernardo, Beatriz, Caio, Camila, Carina, Daniela, Estevo, Joo Miguel, Joo Viaro, Kavaka, Kim, Lo, Lettcia, Mariana, Rafaella, Rasa, Sarah, Selma e Thas.

    Ao Gabriel pelo carinho, ideias e pacincia mesmo distncia.

    Aos meus pais, Ana e Douglas, e minha irm, Aline, pela grandeza do amor.

  • SUMRIO

    1. INQUIETAES 1.1. CIDADE PARA PESSOAS 1.2. CIDADE - GUA

    2. O LUGAR

    3. MEMRIA

    4. LEITURA DO LUGAR 4.1. GEOMORFOLOGIA 4.2. EXPANSO URBANA 4.3. USO DO SOLO 4.4. MOBILIDADE 4.5. FIGURA-FUNDO

    5. ESQUECIMENTO

    6. DIRETRIZES 6.1 EQUIPAMENTOS 6.2 MOBILIDADE 6.3. CONDICIONANTE DA FORMA URBANA 6.4. SISTEMAS DE ESPAOS LIVRES PBLICOS 6.5. DRENAGEM

    667

    8

    10

    283032343638

    40

    485154588291

  • 7. APROXIMAES 7.1. PARQUE INVERNADA 7.2. PARQUE MANDAQUI 7.3. PARQUE ALAGADO 7.4. TERMINAL URBANO CASA VERDE 7.5. CRREGO LAUZANE 7.6. COMUNIDADE DRIO RIBEIRO 7.7. BARES E RESTAURANTES

    8. CONSIDERAES FINAIS

    9. LISTA DE IMAGENS

    10. BIBLIOGRAFIA

    9495102106110116122128

    137

    138

    141

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    1.1. CIDADE PARA PESSOAS

    Durante a graduao da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo as disciplinas de urbanismo (planejamento urbano - paisagstico) e de projeto arquitetnico sempre me fizeram questionar a necessidade da aproximao das duas reas. O grande vazio entre as disciplinas me incitou a estudar uma forma de integrao entre o objeto de estudo, suas necessidades e a identidade local.

    A complexidade da vida humana no pode ser ignorada no desenho da cidade, por isso a proposio de um Desenho Urbano que considere o valor do patrimnio histrico, a integrao entre as diversas funes das atividades humanas, os valores afetivos e as inter-relaes pessoais fundamental.

    Kevin Lynch, talvez o pesquisador mais influente para o desenvolvimento do Desenho Urbano atravs de suas pesquisas feitas na dcada de 1960, nos diz que a importncia do Desenho Urbano no est na implantao das edificaes, ou nos detalhes de projeto, o real interesse est na qualidade da vida urbana e na imagem do lugar.

    Deste modo, o trabalho se prope a melhorar a qualidade da imagem do lugar, considerando o meio ambiente, a mobilidade, as relaes pessoais e a identidade local.

    1. INQUIETAES

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    1.2. CIDADE - GUA

    Tratar dos rios urbanos relacionar Cidade e Meio Ambiente, em um lugar que coexistem gua e pessoas. Assim, o tema coloca um importante desafio no Desenho Urbano da cidade, considerando a complexidade destas relaes.

    A relao de intimidade estabelecida entre a gua e as cidades muito antiga, desde a formao destas - com o controle do territrio, a cultura da agricultura, da pesca, a navegao e o lazer - at a relao mais atual; de gerao de energia e coletores de lixo e esgoto. Deste modo, as paisagens fluviais se transformaram em paisagens urbanas e nesta relao, a presena da contradio da figura buclica da gua est ao lado da negao da mesma na paisagem construda.

    O tecido urbano que tem o privilgio de receber um curso dgua deve considerar sua maleabilidade no desenho da paisagem, pois este uma estrutura viva, rica de meandros e curvas 1. Por este motivo pensar em retificar e asfaltar, como se fez entre as dcadas de 1930 a 1980 com os rios urbanos paulistanos, no a soluo adequada para a construo da qualidade urbana.

    Tais prticas trouxeram consequencias negativas tanto ambientais quanto paisagem da cidade. O rio e suas margens devem contribuir para o uso mltiplo das guas, servindo como um meio de preservar biologicamente o ambiente, alm de contribuir para a experincia urbana de espaos livres pblicos, onde haja fruio do convvio coletivo.

    Na complexidade colocada, a gesto dos rios urbanos consiste em um dos maiores desafios no desenho da cidade de So Paulo, frente tenso entre sua sensibilidade ambiental e a presso causada pela ocupao de seu territrio.

    1 COSTA; 2006, p. 9

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    2. O LUGAR

    O relacionamento dos homens com a cidade se transformou ao longo da histria. Hoje ele fludo, veloz e, por vezes, banal. Redescobrir a dimenso local faz-se necessria para intensificar a aproximao entre as pessoas, e garantir a sociabilidade2. A proximidade das pessoas pode instituir laos culturais, a solidariedade e, assim, construir uma identidade local. Desse modo, a vizinhana se apresenta como um agente responsvel por essa mudana, movida pela afetividade e paixo.

    A cidade um grande sistema de inter-relaes pessoais que cria outros tantos sistemas de solidariedade, se apropriando de um lugar no espao para subsistir. A cidade um lugar, um centro de significados e smbolos. Segundo Yi-Fu Tuan3 o lugar proporciona abrigo; a sua hierarquia de espaos corresponde s necessidades sociais, uma rea onde uns se preocupam com os outros, um reservatrio de lembranas e sonhos.

    Delimitar uma rea exclusiva do espao para anlise e ensaio um raciocnio adotado, porm sabe-se que abrange um sistema maior.

    O lugar de estudo se concentra na Bacia do Crrego Mandaqui, localizada na zona norte de So Paulo, e abriga diversos bairros. A escolha do lugar para desenvolvimento do trabalho fruto da minha perspectiva experiencial; minhas emoes e pensamentos esto a todo momento presentes. Neste lugar; vivo, percebo e sinto.

    A Bacia estudada a partir da produo scio espacial e a relao cidade-gua; este olhar a partir de uma bacia hidrogrfica permite integrar dimenses culturais, sociais e ambientais.

    2 SCHUTZ; 1967.3 TUAN; 1983, p.187.

    localizao dos principais bairros da Bacia Mandaqui

  • MANDAQUI

    SANTANA

    TUCURUVI

    CASA VERDE

    CACHOEIRINHA

    LIMO

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    Os bairros drenados pelo Crrego Mandaqui e seus afluentes apresentam uma expanso e consolidao urbana heterognea, pois estes processos se deram em diferentes pocas. No entanto, pretendo brevemente introduzir certos acontecimentos significativos que contriburam para a atual consolidao urbana. Hoje a Bacia do Crrego Mandaqui acolhida por diversos bairros: Santana, Casa Verde, Casa Verde Alta, Vila Nova Cachoeirinha, Peruche, Imirim, Vila Bandeirantes, Limo, Lauzane Paulista, Santa Teresinha, entre outros. No entanto, este resgate ser dado a partir da memria dos bairros mais antigos, Santana e Casa Verde, que acolhiam as terras da bacia antes destes serem fracionados em diversos bairros menores.

    Santana o ncleo mais antigo de povoamento da zona norte e, segundo Amrico de Moura 4, seus primeiros povoadores foram portugueses que possuam uma fazenda da banda da Ponte Grande, em 1558. O bairro de Santana tem sua origem com a doao de uma sesmaria do Colgio da Companhia de Jesus, em 1673.

    As terras da Casa Verde foram obtidas por trs sesmarias no ano de 1611 por Amador Bueno da Ribeira, de origem espanhola. Em 1616, a Cmara da ento Vila de So Paulo de Piratininga deu permisso ao bandeirante para a construo de um moinho de trigo, beira do riacho Mandaqui e do Rio Grande, atual Tiet.

    As primeiras exploraes agrcolas de So Paulo mais proveitosas foram praticadas alm-Tiet, nessas terras, quando estas abrigaram grandes trigais no sculo XVII. Aureliano Leite 5 nos conta: As terras que perlongam a margem direita do heroico Tiet ou Anhembi (...) mostram-se notadamente mais dadivosas que as da orla oposta. Se isto se verifica pelas guas abaixo, at o longo curso lquido despejar-se no majestoso Paran, dentro do municpio de So Paulo, o fenmeno apresenta-se deveras surpreendente. Explicam os entendidos no se tratar de simples capricho da

    4 TORRES; 1971, p.175 LEITE; 1941, p. 57

    3. MEMRIA

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    planta geral da cidade de So Paulo em 1905destaque para o bairro de Santana ao norte do mapa, primeiro ncleo de povoamento da zona norte

    valor dgua exaltado nos anncios

    (esquerda) ano de 1895(direita) ano de 1902

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    natureza, mais rica de hmus, seno de salutar efeito dos ventos bons que sopram sobre elas. O trigo era o senhor do cho do Mandaqui, ao lado da cevada, da vinha, do algodo, da cana-de-acar e do marmeleiro. No ano de 1794 a Casa Verde j exportava caf, e em outros tempos recebeu tambm plantaes de ch.

    Os bairros alm-Tiet apresentavam caractersticas da vida pacata, com casas esparsas, chcaras e roas, com pequenas criaes de gado e comunidades agrrias. Torres 6 descreve: A paisagem rustica e pobre, no obstante a rica mata que lhe serve de fundo, nem a agradvel vista que, do alto da colina se descortina alm-tiete. A populao que vivia entre a vrzea e a Cantareira era formada por caipiras, proprietrios de terras e no tinha muito vnculo com a cidade.

    A ocupao da regio est relacionada com a geomorfologia do lugar. Logo aps a vrzea direita do Tiet, encontram-se ngremes ladeiras, e so raros os nveis intermedirios, passa-se direto da plancie aluvial para a encostas das colinas e outeiros. Aziz retrata a ocupao alm-Tiet 7: Quase todos os pequeninos ncleos, ali formados at o sculo XIX, nasceram no topo suave das primeiras colinas que se encontravam logo aps as vrzeas do Tiet. Desta forma, aqui e ali se implantaram ncleos e povoados, em torno de rsticas igrejas ou capelas, enquanto em outros pontos altos foram localizados sedes de fazendas ou chcaras, pertencentes a moradores abastados da cidade. Sitiocas modestas, entremeadas de matas espessas, existiam por todas as encostas e vales, at a proximidade da Serra da Cantareira.

    O bairro de Santana e as vilas vizinhas tiveram a funo importante de abastecer o mercado da cidade com leite, lenha, quitandas, cangalhas e mantimentos, depois da construo da estrada de Santana (atual Rua Voluntrios da Ptria) e a Ponte Grande, ainda em madeira (atual Ponte das Bandeiras). A estrada e a ponte permitiram a ligao do sul de Minas com o centro da cidade, alm de contribuir para a expanso da zona norte.

    Por se tratar de bairro rural, rasgado por caminhos de tropas e carros de boi, foram comuns as questes de terras de servido pblica, pois os caminhos deveriam ser livres e com reas para pastagem animal, alm de impedir a correnteza das guas em perodos de enchentes. Isto revela com simplicidade a dificuldade do aproveitamento integral na vrzea, considerando os problemas de transporte e sade pblica.

    6 TOREES; 1971, p. 257 ABSABER; 2007, p. 166

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    geomofologia da regio

    embarcao de passeio no Rio Tiet, prximo da Freguesia de , em 1909

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    Na romntica So Paulo de 1830 os passeios nos campos alm-Tiet ofereciam a oportunidade para bailes e passeios celebrados pelo rapazio da poca, a regio sempre foi um refugio para a populao da Capital. A tranquilidade serrana, a vegetao da Serra da Cantareira e a gua do Tiet e seus afluentes formavam o lugar ideal para o descanso, lazer e divertimento nos fins de semana. Nas guas do rio Tiet circulavam embarcaes de passeios e suas margens recebiam os agradveis piqueniques da populao.

    Um fator que implicou em uma mudana da paisagem paulista, e consequentemente na zona norte, a imigrao estrangeira. A regio do atual bairro do Mandaqui recebeu muitos imigrantes; italianos, austracos, franceses e suos, que se instalaram em chcaras na rea, ao lado da Serra da Cantareira e do Horto Florestal, junto ao verde e da gua de excelente qualidade. A proximidade com a Paulicia permitia que os homens trabalhassem e as mulheres vendessem hortalias, carvo, lenha, ou tomassem roupas para lavar, na cidade.

    Os moradores alm-Tiet contemplavam pacatamente o progresso da cidade paulistana, nem mesmo com os comboios da So Paulo Railway que atravessava a capital, pareciam deixar a tranquilidade. Consequncia desta tranquilidade e isolamento, a zona norte foi considerada o local ideal para a instalao de hospitais e cemitrios para as vtimas de varola e lepra.

    Com caractersticas de bairros rurais, e com atividades diversificadas, aos poucos a regio foi se transformando em ncleo educacional, hospitalar, cemitrio, e ainda, em quartel, pouco tempo depois de Santana ser elevado categoria de distrito da paz em 1889. No entanto. quase no fim do sculo XIX ainda apresentava problemas rurais e no urbanos, como a ausncia de iluminao pblica, gua e esgoto.

    Certos fatores j apresentados dificultaram o desenvolvimento da regio, como a geomorfologia da regio, o afastamento da rea urbanizada da cidade e a instalao de hospitais e cemitrios para as vtimas de varola. A vrzea direita do Tiet tambm inibiu a expanso alm-rio. As cheias obrigavam os bairros a cresceram nas reas de colinas, enquanto as vrzeas eram utilizadas para pastagem, como campo de futebol e para a extrao de areia e cascalho, empregados na construo da cidade. As largas vrzeas submersveis do rio mantiveram os bairros isolados do corpo da cidade, segundo AbSaber.8

    8 ABSABER; 2007,

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    o clima da regio serrana atraiu a instalao de sanatrios(acima ) ano de 1929(esquerda) ano de 1928(direita) ano de 1929

    uso da vrzea do Rio Tiet como lazer, em 1930

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    No fim do sculo XIX as guas e as margens ainda eram olhadas como lugares de recreio, atividades fsicas e econmicas. A explorao do barro das vrzeas, a pesca e a presena das olarias eram algumas atividades econmicas dos italianos da regio, prximo ao que hoje seria o bairro do Limo.

    Os caipiras se dedicavam pesca e era no encontro do rio Tiet com o crrego Mandaqui, que se pescavam: pind, par e tingui. Muitas moradores de outras localidades, at provavelmente da cidade, iam nos fins de semana para pescar na lagoa9. O rio Tiet tambm ser um local para prticas de atividades aguticas e vem a ser um dos fatores de desenvolvimento da regio quando os clubes de regatas (em 1899, o Clube Esperia e em 1905, o Clube Regatas So Paulo) se instalaram nas suas margens.

    Em 1893 com a construo do Tramway da Cantareira a regio recebeu um impulso para seu desenvolvimento. O trem serviria para transportar materiais para a construo da Adutora Cantareira. Em 1894, estava em operao, partindo da Rua Alfredo Pujol ao lado do CPOR em Santana, em direo ao alto da serra. Foram construdas estaes intermedirias como Santana, Mandaqui, Trememb e Cantareira para reabastecer o trem de gua, de lenha e para o embarque dos trabalhadores da construo. Em 1895, comeou o transporte de passageiros em viagens aos domingos e feriados, e logo iniciaram-se as viagens dirias.10 O Tramway da Cantareira foi um elo entre o estado campestre das terras alm-Tiet e a sua anexao a zona suburbana da capital. Durante os anos do seu funcionamento a zona norte pode contar com um transporte pblico de grande porte e se expandir, ainda com ar de cidade do interior.

    Outros fatores que contriburam para a expanso alm-Tiet foi abertura da Avenida Tiradentes e a instalao de um linha de bondes puxados a burros, e depois no ano 1908, os bondes eltricos. A regio, aos poucos, deixar de ser um ncleo agrcola para ser uma regio residencial, e de recreio. Aroldo de Azevedo11 ainda inclui Santana na categoria agrcola dos ncleos dos subrbios paulistanos no fim do sculo XIX.

    9 SEABRA; 1987. Prximo do lugar onde est atualmente localizado O Estado de So Paulo havia a ilha de Inhauma cuja supresso em 1892, formou uma lagoa em 1893, local apropriado para a reproduo destas espcies.10 WERNER; 2013,11 AZEVEDO; 1958,

    (acima)apropriao do rio como elemento de lazerClube Regatas So Paulo, em 1905

    (meio)eventos esportivos nas guas do Tiet, em 1926

    (abaixo)o rio a a ponte das bandeiras, como lugares da lazer

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    estao Mandaqui

    mapa do ano de 1930, nota-se os loteamentos dos stios no domnio do Tramway, prximo do trilho apresentavam uma certa edificao, diferente dos bairros mais distante das ferrovia

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    At a chegada do Tramway e bondes, a zona norte, com exceo de Santana, se desenvolveu com o transporte animal, chamado ciclo do muar. Os povoados situados no alto das colinas s eram atingidos por animais de sela e de carga, e esse traado de ruas, pertencentes ao ciclo do muar, explica a existncia daquelas incrveis ladeiras de Santana e da Casa Verde, que obrigaram os trilhos dos bondes eltricos a procurar traados especiais para atingir o alto dos bairros ali formados 12.

    Com a chegada dos melhoramentos, como trem, bondes, luz, gua e esgoto, os bairros da zona norte passam a ser um destino, tanto para quem procurava terrenos baratos, como para quem desejasse terrenos maiores, para chcaras e casas de campo. As vrzeas comeam a ser ocupadas e os processos da cidade comeam a aparecer nestes bairros. Seabra13 nos diz: Os processos de reteno de terra aconteceram de modo esparso, sem comportar grandes projetos. Uma ocupao antiga, caipira, que foi absolvida, transformada e acrescida de outros contingentes pelo crescimento da cidade.

    Estes moradores da vrzea ficavam expostos s cheias do rio, e ento guas e lixo se espraiavam nos quintais e por vezes no interior de suas casas. Da nasceu uma conotao pejorativa de cham-los de varzeanos. Eram sujos, eram os mais pobres14.

    Os rios e crregos circulavam vagaroros pela cidade, cheios de meandros e curvas, porm o perodo almejava agilidade e rapidez. Retificar os rios e crregos traria a linha reta do modernismo, e faria esquecer o movimento lento das guas na cidade. Assim, as primeiras intenes de retificao do Tiet surgem no final do sculo XIX, mas somente em 1938 foram iniciadas as obras que, ao final, resultaram em 25km de vrzea para ocupao urbana15. Tais retificaes redefiniram as possibilidades de uso nos terrenos das vrzeas dos rios e novas edificaes ho de se alinhar em suas margens, mas isso s foi possvel graas ao servios de drenagem das vrzeas e da construo de pontes de acesso.

    Na dcada de 1940 foram feitas as canalizaes do Rio Tiet prximo da Bacia Mandaqui. O trecho entre a Ponte Grande e a Ponte da Casa Verde, foi canalizado em 1942, depois entre a Ponte da Casa Verde e Ponte do Limo, em 1943 e por ltimo o trecho entre a Ponte

    12 ABSABER; 2007, p.17013 SEABRA; 1987, p. 10014 SEABRA; 1987, p. 10415 SANTOS, 1958.

    acessos

    (acima)estrada para a Cantareira, dcada de 1920, presena buclica da paisagem

    (meio) rua Voluntrios da Ptria, Santana em 1938.ncleo mais provido de melhoramentos da regio

    (abaixo)ponte da Casa Verde em 1938

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    de Limo e a Ponte da Freguesia, em 194416. Nesta dcada a zona norte apresentou uma substancial transformao, como reflexo do povoamento da regio de alm-Tiet, se bem que a vrzea continuasse a ser um obstculo, uma zona anecumnica, vencida somente em trechos esparsos17. J na dcada de 1950 a zona norte se integrou ao corpo da cidade.

    O modo de vida provinciano foi se perdendo, juntamente com as relaes de vizinhana de cidades mdias e pequenas, para viver o cosmopolitismo da cidade grande. Como consequncia do desenvolvimento de uma economia urbano-industrial, as relaes abstratas que tem no dinheiro a forma mais concreta, dominaram a cidade de So Paulo.

    As retificaes possibilitaram a construo das vias marginais que refletem a lgica do processo de produo social; vias de transito rpido garantem o fluxo acelerado, diminuindo o tempo de circulao e aumentando o tempo de produo. Seabra trata da retificao e sobre-valorizao dos terrenos nas vrzeas: A montagem do sistema virio teria produzido um efeito anlogo tanto no que se refere a criao de novas possibilidades de uso dos terrenos marginais, como tambm em relao elevao das rendas fundirias18.

    Com as obras de retificaes do Rio Tiet quase concludas e iniciada a implantao do sistema virio, muitas terras ganharam acessibilidade e as empresas do setor tercirio transferiram estrategicamente sua sede (como o jornal O Estado de So Paulo na dcada de 1960, localizado no encontro do crrego Mandaqui com o Rio Tiet), pois as vias marginais so expressas e de trnsito rpido, e garantiam a mobilidade seja na metrpole ou inter-regional.

    Quando as vrzeas j esto integradas no espao da cidade, as enchentes passam a assombrar os moradores da metrpole, afinal, era de se imaginar, uma mudana geolgica to drstica quanto transformar os meandros orgnicos dos rios em linha retas teria consequncias. Soma-se as causas das enchentes, a construo das Represas Billings e Guarapiranga, o assoreamento e estreitamento do leito do rio.19

    16 SANTOS; 1958.17 FILHO; 1958, p.24018 SEABRA; 1987, p 5.19 SEABRA; 1987, p.125 Expe o fato: A prpria enchente de 1929, que era ento pensada como um parmetro para a discusso de certos problemas do rio, no era propriamente um fenmeno do rio e das vrzeas. As represas em funcionamento lanaram, atravs do Pinheiros, guas represadas, que se somaram s do escoamento superficial.

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    acessibilidade

    jornal O Estado de So Paulo, dcada de 1970

    enchentes

    (meio) avenida Cruzeiro do Sul, ano de 1957

    (abaixo)marginal do rio Tiet em 1960

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    Com o desenvolvimento da indstria automotiva e a chegada dos nibus; os bondes e o Tramway aos poucos se tornaram obsoletos. Em 1964 o trem da Cantareira fez sua ltima viagem, e a zona norte, a partir de ento, sofrer com a ausncia de transportes coletivos. A construo do metr Norte-Sul, em 1974, seguiu parte do traado do Tramway, porm o trecho que seguia rumo a Serra da Cantareira no contemplou a linha de metr, prejudicando a acessibilidade da regio.

    Santana e Casa Verde foram urbanizados a partir das questes de trnsito e transporte privado, prximo das tendncias do urbanismo paulistano, colocado em prtica pelos prefeitos Prestes Maia e Faria Lima.

    Grande parte das terras que ocupam o atual sistema virio de So Paulo, fazem parte dos terrenos das vrzeas dos rios e foram gradativamente incorporados estrutura metropolitana graas aos trabalhos de retificao e canalizao. O Crrego Mandaqui, que d nome Bacia Mandaqui, tambm foi vtima dessa tendncia. Hoje ele se encontra canalizado, e em parte tamponado pela avenida Engenheiro Caetano lvares, processo do qual falaremos mais adiante.

    Com o intuito de reduzir as enchentes muitos crregos foram canalizados, e nas suas margens construdas avenidas de trnsito rpido. Porm, j sabemos que ignorar o curso natural dos rios no trouxe muitos benefcios para a metrpole.

    A cidade crescia seguindo os conceitos do urbanismo rodoviarista e as dcadas de 1970 a 1990 foram marcadas por diversos programas de incentivo a construo de avenidas de fundo de vale como: o Avenidas de Fundo de Vale (em 1975); PROCAV - Programa de Canalizao de Crregos, Implantao de Vias de Fundo de Vale de So Paulo (em 1986/1987); e GEPROCAV (1994). A construo dessas vias marginais aos canais dos rios eliminou a integrao dos rios e crregos no desenho da cidade. Colocando os automveis ao lado dos rios e afastando das pessoas a vivncia com as guas da cidade.

    justamente na dcada de 1970 que o Crrego Mandaqui, principal crrego da bacia de mesmo nome, comea a ser canalizado. A canalizao e retificao foram feitas por etapas e a obra foi aproveitada para a construo da avenida de fundo de vale ao logo do canal, a Avenida Engenheiro Caetano lvares. A implantao da nova infraestrutura viria permitiu a ligao direta da Avenida Marginal Tiet ao bairro do Trememb, com seis faixas de rolamento, passeio pblico e canteiro central. O curso dgua foi tamponado em alguns trechos, e em poucos anos, mal se via o crrego na

    via marginal ao crrego Mandaqui, lgica do rodoviarismo em So Paulo

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    paisagem. Concluda as obras, a Avenida tem 7,2km de extenso, sendo aproximadamente 4,4km com o Crrego Mandaqui oculto na paisagem.

    Alguns afluentes seguiram a mesma lgica, foram canalizados e em seguida tamponados como o Crrego Lauzane, atual Avenida Direitos Humanos. Enquanto outros ainda permanecem visveis, e mesmo assim, no so integrados no desenho da cidade.

    As novas avenidas trouxeram um novo uso das vrzeas, a facilidade de acesso contribui para o desesenvolvimento do comrcio ao longo das vias.

    O processo de canalizaes, drenagem e, posteriormente, tamponamento dos cursos dguas, no s na Bacia Mandaqui, como na cidade de So Paulo, subtraiu dos paulistanos a significao das vrzeas e rios, transformando relaes afetivas em abstratas.

    Pode-se notar que antes da expanso alm- Tiet, nos bairros que abrigam a Bacia Mandaqui, os rios e crregos eram de suma importncia para a consolidao das moradias e o desenvolvimento da regio. Ironicamento aps o alto crescimento urbano e espraiamento da populao estes elementos se tornaram barreiras ao crescimento. Asfaltar, ocupar e esquecer a sua presena na paisagem, foi o caminho encontrado para o aproveitamento mais rentvel dessas reas marginais ao crrego. Este resgate histrico de apropriao das guas urbanas se faz necessrio para notarmos como a espacializao desses crregos se atrela as necessidades polticas e econmicas da cidade poca em que se encontra.

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    4. LEITURA DO LUGAR

    A Bacia Mandaqui, est localizada na zona norte de So Paulo, e pertence a subprefeitura de Santana/Tucuruvi e Casa Verde/Cachoeirinha. Abriga os bairros de Cachoerinha (5%), Limo (35%), Casa Verde (60%), Mandaqui (45%), Santana (30%) e Tucuruvi (25%) e possui uma rea de drenagem de aproximadamente 15,7km tendo como curso dgua principal o Crrego Mandaqui.20

    O crrego Mandaqui possui sua nascente na Academia da Polcia Militar Barro Branco e sua foz no Rio Tiet, seu afluente principal o crrego Lauzane.

    20 Informaes retiradas do Relatrio de Impacto ambiental - RIMA da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, prefeitura de So Paulo

    hidrografia da Bacia Mandaqui: destaque para o crrego Mandaqui e para o crrego Lauzane, seu principal afluente

  • CRREGO MANDAQUI

    CRREGO LAUZANE

    RIO TIET

    N 500 1000 1500 2000

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    4.1. GEOMORFOLOGIA

    geomorfologia da Bacia Mandaqui

    A geomorfologia do lugar significamente acidentada e heterognea. Logo aps as vrzeas do rio Tiet, encontram-se ngremes colinas e outeiros. A altimetria possui bruscas variaes e tem a presena de ladeiras demasiadamente acentuadas, fato que contribuiu para a urbanizao se dar de forma vagarosa.

    As menores declividades esto entre (730m e 740m) se encontram proximas as vrzeas do Rio Tiet, do crrego Mandaqui e crrego Lauzane. Enquanto as maiores declividades esto entre (800m e 810m) e localizadas prximas ao Horto Florestal e a Serra da Cantareira.

    A ocupao urbana tende a se acomodar s barreiras naturais, se expandindo em direes mais favorveis, como os espiges, por serem locais mais planos e no sofrerem com a ocorrncia das enchentes.

    O primeiro ncleo de povoamento da Bacia Mandaqui foi Santana devido sua conexo com o centro da metrpole, sua topografia acidentadas no foi empecilho para a expanso urbana.

  • HORTO FLORESTAL

    SERRA DA CANTAREIRA

    SANTANA

    N 500 1000 1500 2000

  • 36

    4.2. EXPANSO URBANA

    expanso urbana da Bacia Mandaqui

    A ocupao urbana ao longo da Bacia Mandaqui se deu de forma fragmentada, no sendo possvel um posicionamento slido sobre os motivos de sua ocupao, para isto seria necessrio um estudo mais aprofundado. No entanto, a expanso se deu sobre as colinas, atingiu posteriormente os patamares intermedirios, para por fim ocupar as vrzeas.

    A anlise do mapa revela, sudeste, as primeiras ocupaes urbanas em direo aos bairros de Santana e Casa Verde Baixa, devido a fatores como a proximidade com o centro da cidade e a topografia mais favorvel.

    A mancha de ocupao mais recente, no centro do mapa, aponta novos empreendimentos imobilirios de alto padro, prximo Avenida Direitos Humanos, no Bairro Lauzane Paulista. So imveis residenciais e anunciados pelo mercado como localizados no bairro Alto de Santana. Tais empreendimentos esto relacionadas com o chegada do Shopping Santana Parque e, consequentemente, a valorizao da rea.

    Outra mancha significativa de ocupao recente, sudoeste no mapa, aponta a comunidade Unio da Luta, no bairro da Casa Verde Alta, dada por moradias auto-construdas de baixa renda.

  • CASA VERDE ALTA

    LAUZANE PAULISTA

    CASA VERDE BAIXA

    SANTANA

    N 500 1000 1500 2000rea urbanizada 1975-1985

    rea urbanizada 1993-2002

    sem informao

    referncia urbana

    rea urbanizada 1882-1914

    rea urbanizada 1915-1929

    rea urbanizada 1930-1949

    rea urbanizada 1950-1962

  • 38

    uso do solo da Bacia Mandaqui

    4.3. USO DO SOLO

    Ao longo do crrego Mandaqui tem-se um quadro de usos bem diversificados. Na foz do curso dgua, no encontro com a Marginal Tiet, localiza-se grandes lotes de indstrias, armazns, edifcios comerciais e de servios. Esta ocupao est associada ao bairro da Lapa, localizado na margem oposta do rio Tiet, o qual um antigo bairro industrial que foi atendido pela Estrada de Ferro Sorocabana e Railway So Paulo e, nesta ocasio, muitas indstrias se instalaram na regio.

    Aps a rea industrial, marcando a fragmentao dos usos encontra-se a linha de alta tenso21 que cruza a Avenida Engenheiro Caetano lvares. A partir de ento, comeam a surgir edificaes de usos mistos (residncias, comrcios e servios) e predominantemente comerciais e residenciais. Nas proximidades de Santana e Mandaqui tem-se o uso de residncias verticais de alto padro, estas esto principalmente ao longo de ruas que do acesso Santana (como Rua Voluntrios da Ptria e Rua Conselheiro Moreira de Barros) e cruzam o crrego Mandaqui.

    Na Bacia, em geral, tem-se o predomnio de residncias trreas e sobrados de mdio e alto padro. Enquanto nos bairros do Limo e Casa Verde tambm tem, em nmero significativo, residncias trreas e sobrados de baixo padro.

    21 A partir da Avenida Brz Leme, prximo ao Campo de Marte, a linha de alta tenso corta os bairros a noroeste da capital.

  • residencial vert. mdio/alto padro

    residencial vert. baixo padro

    residencial hor. mdio/alto padro

    residencial hor. baixo padro

    residencial + indstria/armazns

    residencial + comrcio / servios

    indstria e armazns

    comrcio e servios

    terrenos vagos

    escolasequipamentos pblicos

    com./servios+ind./armazns

    referncias urbanas

    parques e reas municipais

    sem informao

    sem predominncia

    N 500 1000 1500 2000

  • 40

    Na zona norte a formao do sistema virio foi determinada pela topografia excessivamente acidentada. As principais vias da bacia hidrogrfica esto situadas nos espigies e nos fundos dos vales. Como citado anteriormente, o limite da bacia hidrogrfica est no alto das colinas, e formado por trechos da Av. Casa Verde, Av. Nova Cantareira, Av. Parada Pinto e Av. Deputado Emlio Carlos. Enquanto no fundo dos vales esto trechos da Rua Voluntrios da Ptria, Av. Santa Ins, Av. Imirim, Rua Conselheiro Moreira de Barros e a Av. Engenheiro Caetano lvares.

    Seguindo a lgica rodoviarista imposta na metrpole, nestas vias nibus de tranporte coletivo disputam o espao com automveis privados, por vezes, em vias com uma nica faixa. Estas so as principais vias que ligam os bairros da bacia com o centro da cidade, no restante os traados sinuosos, por causa da topografia, apenas traam caminhos internos aos bairros. A arcaica geometria das vias contribui para que os transportes coletivos tracem rotas dentrticas e aumentem o tempo de percurso.

    Essa atrao de viagens ao centro da metrpole, se d, principalmente, pelo predomnio do uso residencial e pela escassez de infra-estruturas de acesso aos bairros vizinhos.

    A predominante orientao norte-sul dos principais vales e espiges favoreceu o deslocamento nesta direo, fato este que prejudicou a ligao leste-oeste dos bairros na zona norte. Ainda contribui para este direcionamento, a troncalizao na linha 1-azul do metr, dada pela herana do Tramway e pela ausncia de novas infra-estruturas de transporte de massa.

    A Bacia conta com o Terminal Urbano da Casa Verde e um corredor de nibus, ambos na Av. Engenheiro Caetano lvares.

    4.4. MOBILIDADE

    principais vias da Bacia Mandaqui

  • AV. IMIRIM

    AV. CASA VERDE

    TERMINAL CASA VERDE

    AV. DEPUTADO EMLIO CARLOS R. VOLUNTRIOS DA PTRIA

    SANTANA

    JD. SO PAULO

    PARADA INGLESA

    TUCURUVI

    R. CONS. MOREIRA DE BARROS

    AV. GUA FRIAAV. PARADA PINTO AV. NOVA CANTAREIRA

    metro - linha amarela

    metro - linha verde

    metro - linha vermelha

    metro - linha azul

    cptm - linha cinza

    cptm - linha

    cptm - linha coral

    virio - principal

    N 500 1000 1500 2000

  • 42

    Nesta anlise o crrego Mandaqui aparece notadamente marcado pela ausncia de ocupao, assim como os outros crregos da bacia e suas nascentes.

    Esta impresso na paisagem urbana decorre da aplicao de diversas leis. Uma delas o Novo Cdigo Florestal, promulgado em 2012 (Lei Federal n12.651/12) que define APP como: II - rea de Preservao Permanente - APP: rea protegida, coberta ou no por vegetao nativa, com a funo ambiental de preservar os recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade geolgica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gnico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populaes humanas. (artigo 3, II).

    Nota-se que a Lei reconhece alm da funo ambiental, a preservao da paisagem e do bem-estar das populaes. Segundo a Lei so definidas como APP: I - as faixas marginais de qualquer curso dgua natural, desde a borda da calha do leito regular, em largura mnima de: a) 30 (trinta) metros, para os cursos dgua de menos de 10 (dez) metros de largura (...); IV - as reas no entorno das nascentes e dos olhos dgua, qualquer que seja a sua situao topogrfica, no raio mnimo de 50 (cinquenta) metros. (artigo 4, I e IV)

    O Novo Cdigo Florestal foi revisado para flexibilizar os critrios de proteo referente s APPs fluvias urbanas22, como a autorizao para intervir ou suprimir nelas. A lei antecedente estabelecia a demarcao das faixas marginais considerando a cheia do rio, enquanto o Novo Cdigo estabelece a faixa marginal a partir da borda da calha em seu leito regular, diminuindo a rea de interveno da APP. Outra alterao trata do regime de proteo das APPs, nos itens referentes utilidade pblica e interesse social que aumentaram seus usos.

    A gesto das APPs fluviais urbanas consiste em um grande desafio do planejamento da cidade, pois a sensibilidade ambiental sofre a presso da ocupao do territrio23. Sua degradao est associada aos modelos de uso e ocupao dos cursos dguas, como a canalizao, retificao e a implantao das vias nas suas margens.

    22 ALBUQUERQUE; 2012, p.6523 ALBUQUERQUE; 2012, p. 65 - A autora conta que seja para reafirmar a implantao de avenidas de fundo de vale, ou para a construo de equipamentos esportivos (COPA em 2014 ou Olimpadas em 2016) ou ainda, pela flexibilizao da proteo ambiental em reas urbanas consolidadas, a questo urbana-hdrica revela diversos conflitos.

    4.5. FIGURA-FUNDO

    mapa figura-fundo da Bacia Mandaqui

  • VN 500 1000 1500 2000

  • 44

    Os processos realizados, na dcada de 1970, ao longo dos cursos dgua como canalizaes, drenagem e tamponamento na Bacia Mandaqui retiraram da populao o contato com a gua e suas margens. Este processo contribuiu para o esquecimento destes cursos dgua, e potencializou a falta de interesse em preservar a qualidade da gua.

    Os mapas a seguir mostram o contraste dos rios urbanos e sua presena na paisagem da Bacia ao longo de 77 anos, um curto espao de tempo para tamanha transformao. Esta transformao apresenta uma sntese contraditria, pois a perda destes elementos na paisagem tambm trouxe ganhos24.

    As perdas so expressas na ausncia do lugar ldico, do espao social, coletivo e simblico da cultura. Os ganhos sempre buscam critrios de matriz econmica, aparentemente desordenados mas planejados pelos setores pblicos e privados, atravs da mxima ocupao do solo buscando a maior lucratividade. Esse conjunto de polticas negou o rio na cidade, transformou-o em um canal de evacuao do esgoto, de viabilizao de vias de transporte e de produo de terrenos para ocupao do mercado, visto que apenas um grupo restrito participa destes ganhos.

    24 SEABRA; 1987.

    5. ESQUECIMENTO

    diferentes situaes dos cursos dguas ao longo da Bacia Mandaqui: naturalizado, tamponado ou canalizado

  • 45

  • 46

  • 47

    diferentes situaes dos cursos dgua ao longo da Bacia Mandaqui

    impresso dos crregos da Bacia Mandaqui na paisagem, ano de 1930 e 2007

  • 52

    6. DIRETRIZES

    As diretrizes de intervenes procuram retomar o espao das marginal dos crregos, propondo diversas atividades ao longo dos crregos e integrando os dois lados das margens. A renaturalizaao e recuperao do leito de drenagem natural, bem como a implantao de bacias de reteno junto a oferta de parques so algumas das propostas.

    Em contrapartida ao processo de impermeabilizao do solo urbano, a proposta visa controlar o escoamento superficial das guas pluviais, alimentar o lenol fretico atravs da infiltrao e percolao.

    Para a efetiva implantao das diretrizes apresentadas a seguir seria necessrio um plano especfico, que se sobrepe ao Plano regional das Subprefeituras, para direcionar e estimular o adensamento habitacional, o sistema de mobilidade, drenagem, e outras questes levantadas.

    diagrama das diretrizes

    (acima) drenagem

    diagramas

    (meio) relao pblico -privada no trreo: usos, caladas e mobilirio urbano

    (abaixo) relao pblico -privada no trreo: permeabilidade, fechamentos, reas verdes e estacionamento

    bacias de reteno e deteno propostasconexes estudadas

    crregos tamponados a serem reintegrados a paisagem do lugar

    crregos a cu aberto a serem reintegrados a paisagem do lugar

  • 53

    COMRCIO E SERVIOS NO TRREO

    CALADAS LARGASARBORIZAO E SISTEMAS DE DRENAGEM NAS CALADAS ILUMINAO DE PEDESTRES

    HABITAO NO TRREO

    COMPARTILHAR O ESPAO PRIVADO

    ELEMENTOS DE COBERTURA

    INCENTIVO DO TRREO PRIVADO PARA USO PBLICO, COM AUMENTO DO POTENCIAL CONSTRUTIVO

    AUMENTO DA PERMEABILIADE DO SOLO

    INCENTIVO AUSNCIA DE FECHAMENTOS. REGRAS DE LIMITAO DE ALTURA E TRANSPARNCIA MNIMIA DESTES ELEMENTOS

    REAS VERDES DECORRENTES DO SISTEMA VIRIO DESCONECTADAS DO PASSEIO

    NO PERMITIDO ESTACIONAMENTO NO TRREO. QUANDO LOCALIZADO NO SOBRESSOLO DEVER SER ENVOLVIDO COM REAS DE USO DE PERMANNCIA

    VOLTADOS PARA O LOGRADOURO

    FOMENTAR O USO COM A CRIAO DE CALADAS,

    PRIORIZANDO O PEDESTRE

    PERCOLAO

    INFILTRAO INFILTRAO

  • 55

    6.1. EQUIPAMENTOS

    Uma anlise da distribuio espacial dos equipamentos pblicos25: sade, educao, cultura e esportes no permetro estudado aponta a escassez de diversos equipamentos.

    Os equipamentos ligados a sade, esporte e educao infantil, fundamental e mdio foram analisados segundo a escala do bairro, adotando um raio de abrangncia de 1000m, sendo o deslocamento a p em torno de 17 minutos. Como proposta foi prevista a implantao de 3 UBS e 5 equipamentos esportivos, que esto associados s reas verdes residuais.

    As creches devem atender a escala de vizinhana, adotanto um raio de influncia de 500m, sendo o deslocamento a p cerca de 8 minutos. A escassez de equipamentos de educao de 0 a 6 anos notvel, apenas 7 creches esto no permetro estudado, sendo previstas 20 novas instalaes.

    Os equipamentos culturais foram analisados segundo a escala do bairro, adotando um raio de influncia de 1500m, neste caso o deslocamento seria de 25 minutos. Como proposta foram implantados 3 novos equipamentos, necessariamente conectados a rede de transporte coletivo.

    25 Fonte da distribuuio dos equipamentos existentes Subprefeitura de Santana e Casa Verde - mapa de equipamentos

  • 56

    ESPORTE: raio 1000mescala do bairro = 17 minutos SADE: raio 1000mescala do bairro = 17 minutos

    CULTURA: raio 1500mescala do bairro = 25 minutos

    CRECHE: raio 500mescala de vizinhana = 8 minutos ENSINO INFANTIL: raio 500mescala de vizinhana = 8 minutos

    ENSINO MDIO E FUNDAMENTAL: raio 1000mescala do bairro = 17 minutos

    N 2000 3000 40001000proposta de equipamentos

    estudo equipamentos

  • cultura - proposta

    cultura - existente

    creche - proposta

    creche - existente

    sade - existente

    ensino infantil - propostaensino infantil - existente

    ensino fund. e mdio - proposta

    esporte - proposta

    ensino fund. e mdio - existente

    esporte - existente

    sade - proposta

    N 500 1000 1500 2000

  • 58

    6.2. MOBILIDADE

    proposta de mobilidade

    A topografia acidentada da rea direcionou a proposta de mobilidade, adotou-se uma linha de metr 26, linhas de VLT e algumas vias para uso exclusivos de transporte coletivo.

    A linha de metr proposta liga o bairro da Freguesia (a oeste do mapa) com a zona leste da capital. A linha cruza com o Terminal Cachoerinha e segue pela Avenida Imirim encontrando a linha Azul do metr na estao de Santana.

    Dando suporte ao sistema de mobilidade trs linhas de VLT so propostas: uma recupera o traado do Tramway da Cantareira partindo da estao Santana do metr e seguindo em direo ao Horto Florestal; a segunda parte da estao Barra Funda, do metr e CPTM, e percorre a Avenida Engenheiro Caetano lvares em direo a Avenida Nova Cantareira e a terceira se encontra no cruzamento da Avenida Engenheiro Caetano lvares e metr proposto e segue pela Avenida Direitos Humanos.

    Nas principais vias de circulao da rea, como Av. Deputado Emlio Carlos, Av. Parada Pinto, Rua Conselheiro Moreira de Barros, Av. gua Fria e Av. Casa Verde so propostos corredores de nibus priorizando o transporte coletivo nestas vias.

    Adotou-se a implantao de duas vias previstas no Plano Regional Estratgico. Um tnel conectando a Av. Cruzeiro do Sul, na proximidade da estao Santana de metr, com a Av. Engenheiro Caetano lvares, porm ser adotado somente para trfego de transporte coletivo e veculos no motorizados. O mesmo foi adotado na via proposta no prolongamento da Av. Braz Leme, que dever contribuir para a ligao leste-oeste da zona norte. A implantao desta nova via dever prever o enterramento da linha de transmisso, que passa sobre a via, compactar a subestao de eletricidade e aumentar o potencial construtivo do entorno prximo.

    26 Estudo realizado por Moreno Zaidan em seu Trabalho Final de Graduao, FAUUSP, 2012.

  • AV. IMIRIM

    AV. CASA VERDE AV. BRAZ LEME

    AV. DEPUTADO EMLIO CARLOS R. VOLUNTRIOS DA PTRIA AV. CRUZEIRO DO SUL

    SANTANA

    BARRA FUNDA

    JD. SO PAULO

    PARADA INGLESA

    TUCURUVI

    R. CONS. MOREIRA DE BARROS

    AV. DIREITOS HUMANOS

    AV. GUA FRIA

    AV. PARADA PINTO

    AV. NOVA CANTAREIRA

    metr - propostacorredores de nibus- proposta

    vlt - proposta

    virio - propostaN 500 1000 1500 2000

    travessia - proposta

  • 60

    modelos de implantao do VLT

  • 61

    modelos de vias compartilhadas

  • 62

    6.3. CONDICIONANTES DA FORMA URBANA

    .densidade lquida:

    Considerando que o uso do solo urbano ao longo da rede de transporte coletivo de mdia e alta capacidade dever ser potencializado a fim de integrar habitao, emprego e equipamentos sociais, as densidades previstas esto relacionadas com a proposta de mobilidade realizada.

    O clculo de densidades foi baseado em um parmetro urbanstico que est sendo proposto na reviso do Projeto de Lei 688/13 do Plano Diretor. Este parmetro, chamado de Cota Parte Mxima permite otimizar o aproveitamento do solo urbano ao longo da rede de transporte coletivo, e estabelece uma quantidade mnima de unidades habitacionais que devero ser construdas em funo da rea do lote.

    Deste modo, considerou um raio de 400m a partir das estaes de metr e VLT e uma faixa de 150m de cada lado nos corredores de nibus para determinar as densidades mais altas, adota-se a cota parte mxima igual a 25 e coeficiente de aproveitamento 4, resultando em uma densidade lquida de 1200 hab/ha.

    A densidade intermediria foi estudada pontualmente, considerando o relevo, a proximidade com equipamentos e a rede de transporte. Adota-se a cota parte mxima igual a 43 e coeficiente de aproveitamento 2, resultando em 690 hab/ha.

    Por fim, nas reas com as menores densidades no h interresse que sejam to adensadas quanto as outras, pois tais reas no so diretamente beneficiadas pela rede de transporte coletivo. Adota-se a cota parte mxima igual a 70 e coeficiente de aproveitamento 1,5, resultando em 420 hab/ha.

  • 63

    densidade lquida 1200 hab/hae CA 4

    gabarito mximo de 50m

    lotes adjacentes via principal:TO embasamento mx. de 50% a 70% TO torre mxima de 50%TP mnima de 15%

    demais vias:TO mxima de 50% TP mnima de 20%

    cota parte mxima: 25unidades habitacionais: 40

    densidade lquida 690 hab/ha e CA 2

    gabarito mximo de 30m

    TO mxima de 50%TP mnima de 30%

    cota parte mxima: 43unidades habitacionais: 23

    densidade lquida 420 hab/ha e CA 1,5

    gabarito mximo de 12m

    TO mxima de 38%TP mnima de 40%

    cota parte mxima: 70unidades habitacionais: 14

    clculos a partir de terreno hipottico de 1000m e considerando 3 pessoas por domiclio

  • 64

    proposta de densidade

    As taxas de ocupao do solo tambm foram determinadas de acordo com o sistema de hierarquia viria. Adotando-se nos lotes adjacentes via principal da densidade de 1200hab/ha uma TO mx. de embasamento de 50% a 70% e TO mx. da torre de 50%. A fim de incentivar o uso do trreo, contribuindo para uma vida mais ativa ao longo destas vias de fluxo intenso. Nas demais reas desta densidade adota-se a TO mx. de 50%. As TP mnima so de 15% nos lotes adjacentes via principal e 20% no restante da rea.

    As densidades de 690hab/ha tambm devero respeitar a TO mxima de 50%, com TP mnima de 30%. Enquanto as densidade de 420 hab/ha devero ter TO mxima de 38% e TP mnima de 40%.

    As taxas de permeabilidade foram determinadas de acordo com sua altimetria. As porcentagens permitidas esto relacionadas com a necessidade de maior permeabilidade do solo nas reas mais elevadas, e estes esto majoritariamente localizados afastados da rede de transporte coletivo, que utiliza da vrzea do rio para sua implantao. A permeabilidade poder ser alcanada atravs de sistemas como pisos efetivamente drenantes, pisos elevados, reas vegetadas, entre outros. Cada lote ainda dever prever um sistema de reteno no prprio lote.

    .taxa de ocupao (TO) mx. e taxa de permeabilidade (TP) mn.:

    .relao pedestres X edifcos:

    Alm da hierarquia viria outra categorizao foi adotada associada a geomorfologia do lugar que pudesse traduzir de modo mais qualitativo o espao construdo. Deste modo, estabeleceu-se gabaritos mximos, que devero ser respeitados a partir do nvel da rua principal, podendo resultar em edificaes acima do limite de altura estabelecido. Tal parmetro leva em considerao a topografia acidentada do lugar e relao com a rua.

    Assim, tem-se um gabarito mximo de 50m na densidade de 1200hab/ha. Dever incentivar a fachada ativa e a diversidade de usos, a fim de proporcionar uma melhor interao do espao exterior e interior, atravs de aberturas na fachada, transparncias e varandas, como exemplo. A segurana do contato visual contribuir para a segurana da calada e incentivar o fluxo de pessoas.

    O embasamento comercial, uso misto e a ausncia de recuo frontal so incentivados nos lotes mais prximo ao rio a fim de estabelecer uma unidade na quadra, fruio pblica atravs de galerias e praas internas. A ausncia de recuo aproxima os pedestres fachada, fortalecendo a vida urbana.

  • parques e praas

    densidade 1200 hab/ha

    densidade 690 hab/ha

    densidade 420 hab/haN 500 1000 1500 2000

  • 66

    As vias junto ao rio devero sofrer adaptaes no traado, a fim de priorizar o pedestre, o ciclista, o transporte coletivo e por fim o transporte privado. Em diversos pontos ao longo da via haver travessias, contato visual e, as vezes, fsico com o crrego.

    Enquanto nos lotes localizados nas cotas superiores (distante mais de 300m a partir do eixo do crrego) incentiva-se a tipologia com uso misto e fruio pblica com praas intralotes, a fim de permitir uma maior permeabilidade do solo e contribuir para a drenagem da gua, ainda nas cotas mais elevadas.

    Para melhorar o espao para caminhar as caladas devero ter dimenses e inclinaes adequadas (mnimo de 5m nas vias principais), e podero ter elementos de cobertura que avanam sobre o passeio pblico que ajudam a proteger o pedestre de chuva, sol, poluio visual e tambm sonora quando associadas a colunatas.

    Nas reas de densidade de 690hab/ha a implantao dos edifcios dever permitir grandes reas intralotes de carter semi-pblicos e incentiva-se o uso do trreo residencial e no-residencial (na escala do bairro), varandas e aberturas na fachada.

    As vias, na sua maioria, sero compartilhadas entre automveis, bicicletas e pedestres. O gabarito mximo de 30m adotado permite uma boa relao entre a escala humana com a rua e reas em torno da edificao.

    Nas reas de densidade 420 hab/ha o gabarito mximo adotado de 12m permitindo uma relao ainda mais prxima do edifcio e com os pedestres. As vias mais estreitas e sinuosas, situadas no miolo das vias principais, dividem o espao com brincadeiras de ruas, pedestres, ciclistas, veculos particulares e alguns micro-nibus que fazem o transporte na escala do bairro.

    O uso do solo misto, porm a demanda para uso no-residencial inferior nestas reas, o uso do trreo tambm incentivado, afim de conseguir ruas mais seguras e ativas.

    Alguns parmetros sero adotados em toda a rea para qualificar o espao pblico, como a proibio do uso do trreo como estacionamento, o nmero mximo de vagas de automveis, o nmero mximo de faixas de acesso de automveis no passeio pblico e altura mxima dos fechamentos no limite dos lotes. Soma-se a estes parmetros a cota de solidariedade, que consiste na produo de habitao de interesse social pelo prprio promotor ou a doao de reas ao Municpio para fins de produo de HIS.

  • 67

    uso misto: comrcio, servios e habitao

  • 68

    contato com a rua: habitao no trreo, varandas e aberturas voltadas para a rua

  • 69

    espao intralote: ruas de pedestres e reas livres semipbicas

  • 70

    TAXA DE PERMEABILIDADE: 15%

    densidade 1200 hab/haAvenida Imirim

    INCENTIVO AO USO DO TRREO COM COMRCIOS E SERVIOSAVENIDA ENGENHEIRO CAETANO LVARESCRREGO MANDAQUI

  • 71

    TAXA DE PERMEABILIDADE: 15%

    GABARITO MXIMO 50m ESPAO INTRALOTE

  • 72

    densidade 1200 hab/haAvenida Imirim

    A Avenida Imirim que ter seu carter bastante modificado com a implantao do metr que ser implantado sob a via. Incentivo ao embasamento no-residencial e ao uso misto.

  • 73

  • 74

    densidade 1200 hab/haAvenida Engenheiro Caetano lvares

    TAXA DE PERMEABILIDADE: 15%

    INCENTIVO AO USO DO TRREO COM COMRCIOS E SERVIOSGABARITO MXIMO 50m

  • 75

    VIAS COMPARTILHADASTERMINAL URBANO CASA VERDE

    TAXA DE PERMEABILIDADE: 15%

  • 76

    densidade 1200 hab/haAvenida Engenheiro Caetano lvares

    Os desenhos na Avenida Engenheiro Caetano lvares revelam a topografia quase plana da avenida de fundo de vale. A implantao do VLT ao longo da via modificar o carter do lugar, o grande fluxo de pessoas criar uma demanda de comrcio na rua e a alta densidade permite a integrao de transporte, habitao, empregos e equipamentos.

  • 77

  • 78

    EMBASAMENTO RESIDENCIALESPAO INTRALOTE

    densidade 690 hab/haRua Jos de Oliveira

    TAXA DE PERMEABILIDADE: 30%

  • 79

    VIAS COMPARTILHADAS GABARITO MXIMO 30M

    TAXA DE PERMEABILIDADE: 30%

  • 80

    densidade 690 hab/haRua Jos de Oliveira

    O corte na Rua Jos de Oliveira (via paralela a Av. Casa Verde) com densidade de 690 hab/ha e terreno acidentado permite visualizar a implantao de edifcios isolados, com espaos intralotes semi-pblicos, uso do trreo residencial e no-residencial (na escala do bairro), varandas e aberturas na fachada.

  • 81

  • 82

    EMBASAMENTO RESIDENCIALVIAS COMPARTILHADAS

    densidade 420 hab/haRua Francisco Diogo

    TAXA DE PERMEABILIDADE: 40%

  • 83

    GABARITO MXIMO 12M ESPAO INTRALOTE

    MAIOR TAXA DE PERMEABILIDADE DO SOLO

    TAXA DE PERMEABILIDADE: 40%

  • 84

    densidade 420 hab/haRua Francisco Diogo

    O corte da Rua Francisco Diogo de densidade de 420 hab/ha permite visualizar a relao da rua e o entorno, adotando o gabarito mximo de 12m. A no proximidade com a rede de transporte faz com que os incentivos de fachada ativa no se apliquem nesta densidade, incentiva-se o uso do trreo voltado para o logradouro e aberturas na fachada.

  • 85

  • 86

    6.4. SISTEMA DE ESPAOS LIVRES PBLICOS

    proposta de sistema de espaos livres

    O sistema de espaos livres pblicos da bacia do crrego Mandaqui de um modo geral contempla algumas praas, um parque linear, caladas desconectadas e ruas para a circulao de veculos motorizados. O sistema de espaos verdes , na sua maioria, resduos do sistema virio, com poucos equipamentos ou mobilirios. Uma das excees o parque linear de 2,8km de extenso ao longo do crrego homnimo muito utilizado como lazer e tambm como sistema de mobilidade. Infelizmente, o parque est implantado sobre o crrego canalizado no permitindo o contato com a gua ali presente.

    O sistema de espaos livres proposto contempla uma relao prxima com a gua, destamponando crregos, criando ciclovias e rotas ciclveis que caminham ao lado dos crregos, formando uma rede com praas, parques e equipamentos de apoio, como reas esportivas e aquticas. As reas residuais devero ser transformadas em praas, com diferentes usos, sempre considerando algum equipamento existente ou proposto, configurando um sistema de espaos livres e reas verdes. No esquecendo o carter que esses espaos tm para acolher mudanas27 e se adaptar as transformaes scio-espaciais.

    As caladas devero ter dimenses adequadas para o caminhar, sem degraus ou interrupes na faixa de passeio. O convvio pblico ser incentivado, as vias podero ser compartilhadas entre os diferentes modais; VLT, automveis, ciclistas e pedestres.

    27 QUEIROGA, 2012

  • reas residuais

    parques e praas

    ciclovias ou rotas ciclveis - proposta

    parques e praas - propostaN 500 1000 1500 2000

    PARQUE MANDAQUI

    PARQUE ALAGADO

    PARQUE INVERNADA

  • 88

    referncia de parques urbanos

  • 89

    referncia de parques lineares junto ao rio

  • 90

    espaos livres: diversidade de usos

  • 91

  • 92

  • 93

    espaos para caminhar: iluminao pra pedestres, acessibilidade, mobilirio urbano e coberturas

  • 95

    6.5. DRENAGEM

    Com o desenvolvimento urbano, o crescimento das cidades imps uma ocupao territorial parcial ou total da calha secundria dos rios, crregos e alagados naturais. A falta de planejamento integrado com a infraestrutura de drenagem das guas pluviais desencadearam srios problemas no espao urbano. A impermeabilizao do solo, o reafeioamento topogrfico e o desmatamento modificaram hidrologicamente as bacias hidrogrficas, contribuindo para a ocorrncia das inundaes e poluio das guas.

    A infraestrutura de drenagem formada pelas reas de infiltrao e de reteno e de elementos estruturais de acumulao e de transporte no foi considerada uma prioridade nas questes polticas da metrpole. A ausncia de legislao e fiscalizao adequado do uso e ocupao do solo intensificaram os alagamentos e inundaes nas linhas naturais de escoamento.

    O problema das enchentes nos perodos de cheia e da escassez de gua nos perodos de estiagem so alguns exemplos relacionados com o manejo das guas pluviais urbanas, somado com o problema do uso racional do espao urbano. A ausncia da qualidade de vida, esttica e de tantas atividades que poderiam se desenvolver no meio ambiental urbano.

    Como proposta para a rea temos a renaturalizao de alguns crregos, o destamponamento dos crregos ocultos e a mitigao das inundaes e escassez de gua.

    Prev a implantaao de sistemas para promover a infiltrao da gua no solo, reduzindo o impacto a jusante; como canais verdes, pavimentos permeveis e sistema de biorreteno em toda a Bacia Mandaqui. Para complementar a proposta de drenagem prev a implantao bacias de deteno para o armazenamento das guas das chuvas que submetida a tratamento poder ser usada na irrigao de jardins e parques; assim como uma bacia de de reteno.

    As bacias de deteno sero implantadas junto ao Parque Invernada e a bacia de reteno ser implantada prximo do encontro do crrego Mandaqui com o Rio Tiet, em uma antiga rea alagadia, redesenhando o caminho feito pelo Rio Tiet.

  • 96

    referncia de canais verdes e biorreteno:

    Os canais verdes e os sistemas de biorreteno permitem a remoo de alguns poluentes atravs do escoamento em superfcies vegetadas, que atuam como filtro biolgico. Os canais podero ser secos ou com lmina dgua.

  • 97

    referncias de bacias:

    As bacias podem ajudar na recarga do aqufero subterrneo e contribuem para a qualidade da gua.

    referncia de alagado construdos integrado ao meio urbano

  • 98

    7. APROXIMAES

    A partir da leitura do terrtrio foram possveis entender lugares potenciais para fazer algumas aproximaes, tendo como elemento estruturador a gua. Foi proposto a criao de parques e aproximaes junto aos cursos dgua.

    Sabe-se que a implantao de tais projeto seria realizado em etapas distintas; a princpio arrecadando verbas vindas do aumento de rea construda, e consequentemente maior recolhimento de IPTU e de outorga onerosa.

    A interveno em terrenos pblicos seriam realizadas primeiro fomentando o desenvolvimento da rea, estimulando novos empreendimentos e permitindo as intervenes em terrenos privados, que geram alm dos custos da implantao, o nus das desapropriaes.

  • 99

    7.1. PARQUE INVERNADA

    Trs parques foram propostos: o Parque Mandaqui, o Parque Invernada e o Parque Alagado.

    O Parque Invernada est inserido dentro da rea da Academia da Polcia Militar Barro Branco. A implantao do parque foi permitido atravs de modificaes no traado virio existente, permitindo um isolamento dos edifcios militares e a possibilidade de acessos diferenciados. Dentro do Parque est a antiga estao Invernada do Tramway da Cantareira que se encontra deteriorada, ser restaurada e servir de apoio pra estao do VLT proposto.

    Na rea h trs edifcios abandonados, que devero ser incorporados no projeto do parque. Prope-se a instalao de equipamentos educacionais, como creches, escola de ensino infantil, assim como a parte administrativa do parque.

    O parque com sua localizao em uma poro elevada da rea contar com duas reas de mirantes, usufruindo da qualidade do lugar. Os crregos e a nascente que ali se encontram devero ter tratamento paisagstico e permitir a interao da gua com as pessoas. A dimenso do Parque permite a instalao de uma srie de equipamentos, como quadras, pista de skate, espaos para caminhar, estar e trilhas.

  • 100

    Estao Invernada em 1999

    vista a partir da APMBB: a topografia permite uma vista superior da rea do Mandaqui

  • 101

    Edifcio da APMBB abandonado no fim da Av. Eng. Caetano lvares

    situao atual e proposta Parque Invernada

  • 104

    A

    Hospital da Polcia Militar

    Canil da Polcia Militar

    Academia da Polcia Militar - Campus Tobias Aguiar

    Centro de Suprimento e Manut. de Mat. de Intendncia

    Presdio Romo Gomes

    Corpo de Bombeiros

    instalaes da APMBB

    A

    B

    C

    E

    F

    D

    EDIFCIOS ABANDONADOS, PROPOSTA DE INSTALAO DE EQUIPAMENTOS EDUCACIONAIS

    ANTIGA ESTAO INVERNADA DO TRAMWAY DA CANTAREIRA, PROPOSTA DE RESTAURAO E INSTALAO DE UMA PARADA DO VLT PROPOSTO

    B

    C

    SANTANA

    HORTO FLORESTAL

    ACESSOS

    INCLUSO DO CENTRO INTEGRADO DE APOIO PATRIMONIAL DA ACADEMIA DA POLCIA MILITAR BARRO BRANCO PROPOSTA DO PARQUE INVERNADA

  • 105

    N 50 100 150 200

    F

    E

    D

    BACIAS DE DETENO IMPLANTADAS AO LONGO DA LINHA DE DRENAGEM DO CURSO DGUA

    IMPLANTAO DE REAS CONTEMPLATIVAS NAS ALTITUDES ELEVADAS DO PARQUE

  • 106

    O Parque Mandaqui est inserido no encontro de duas vias principais da regio a Rua Voluntrios da Ptria e a Avenida Engenheiro Caetano lvares, junto ao Complexo Hospitalar Mandaqui. um ponto nodal28 do bairro, que ser reforado com a o cruzamento das linhas de VLT, a presena do rio na paisagem, a integrao do equipamento de cultura existente e o parque proposto.

    A antiga estao Mandaqui do Tramway que se encontra descaracterizada dever ser restaurada e abrigar uma parada de VLT.

    A rea do Complexo de acesso pblico, porm pouco frequentado, devido ao limitado nmero de acessos e ausncias de vias de pedestres, sendo usado apenas para o fluxo de pessoas do complexo hospitalar.Prope-se manter as atividades hospitalares e ampliar o nmero de acessos, sem fechamentos ou controles e traar novas travessias, a fim de possibilitar o fluxo de pessoas seja para atravessar o quarteiro ou descansar entre as rvores j existentes. O parque ter carter contemplativo e sua implantao prev atividades ao ar livre que respeitam e dialogam com as necessidades das instalaes hospitalares.

    28 Conceito utilizado por Kevin Lynch para se referir a lugares estratgicos da cidade. Podendo ser considerado a sntese de um bairro. LYNCH, 1997, p.53.

    7.2. PARQUE MANDAQUI

    (acima)antiga Estao Mandaqui em 1999(abaixo)vista do Complexo Hospitalar Mandaqui a partir da Av. Engenheiro Caetano lvares

    situao atual e proposta Parque Mandaqui

  • 109

    IMPLANTAO DE CANAIS VERDES, CAMINHOS E PRAAS AO LONGO DO COMPLEXO HOSPITALAR PARA POTENCIALIZAR O USO DO LUGAR

    CRREGO MANDAQUI PRESENTE NA PAISAGEM

    AV. ENGENHEIRO CAETANO LVARES

    INTEGRAO DA PARADA DO VLT, TRAVESSIA

    DE PEDESTRES E BIBLIOTECA PEDRO

    NAVA EXISTENTE

    RESTAURAO DA ANTIGA ESTAO MANDAQUI DO TRAMWAY DA CANTAREIRA

    HORTO FLORESTAL

    SANTANA

    TUCURUVI

    BARRA FUNDA

    RUA VOLUNTRIOS DA PTRIA

    N 50 100 150 200

    ACESSOS

  • 110

    O Parque Alagado est situado prximo do encontro do Rio Tiet e o Crrego Mandaqui, em uma antiga rea alagadia da cidade de So Paulo. Para a implantao do parque houve um redesenho do traado virio, priorizando pedestres, ciclistas e transportes coletivos.

    A rea uma alagado natural, por isso aps grandes chuvas ainda sofre as consequencias da ocupao do solo.

    A proposta do Parque prev a implantao de bacias de reteno que devero armazenar gua, trat-la para garantir sua qualidade e o controle das cheias. O alagado construdo apresenta um alto teor de matria orgnica capaz de regularizar os fluxos dgua e controlar a eroso.

    A lmina dgua criada marca o limite do Parque Alagado e redesenha o traado original do Rio Tiet. Sobre as reas alagadas so implantadas passarelas elevadas que por vezes se aproximam das guas. Os acessos so feitos pelas duas praas propostas e pela passarela integrada parada de VLT.

    Uma travessia proposta para conectar a Bacia Mandaqui ao lado oeste da cidade, onde convivem pedestres, ciclistas e a linha de VLT. possvel se aproximar das guas do Tiet em um deck sob a passarela.

    7.3. PARQUE ALAGADO

    (abaixo)foz do crrego Mandaqui

    (acima)Av. Engenheiro Caetano lvares ao lado do crrego Mandaqui

    situao atual e proposta Parque Alagado

  • 113

    ACESSO AO PARQUE PELA PASSARELA SOBRE A PARADA DO VLT.

    PASSARELAS SOBRE O ALAGADO CONSTRUDO PERMITEM UM MAIOR CONTATO COM A REAS ALAGADAS.

    PROPOSTA DE UMA PRAA DE ACESSO AO ALAGADO EM ANTIGA REA RESIDUAL.

    A TRANSPOSIO CRIADA PERMITE O TRFEGO DE PEDESTRES, BICICLETAS E DA LINHA DE VLT QUE CONECTA A ZONA NORTE ZONA OESTE DA CIDADE. SOB A PASSARELA UM TABULEIRO POSSIBILITA A PROXIMAO COM O RIO TIET.

    BARRA FUNDA

    TUCURUVI

    A LMINA DGUA REDESENHA O TRAADO ORIGINAL DO RIO TIET E DELIMITA O ALAGADO CONSTRUDO EM UMA ANTIGA REA ALAGADIA DA CIDADE.

    N 50 100 150 200

    ACESSOS

  • 114

    A proposta no Terminal Urbano Casa Verde dever considerar as novas paradas do VLT e configurar um espao integrando as guas na vida das pessoas que ali circulam.

    Dado o fluxo de pessoas e veculos motorizados, a praa configurada abriga pedestres, ciclistas e o VLT junto ao rio, enquanto automveis e nibus sero desviados para as ruas laterais. A proximidade com o terminal urbano sugere um amplo espao agradvel enquanto se aguarda os coletivos. Uma escadaria abraa o curso dgua e permite uma relao mais prxima com o crrego.

    Em um terreno ao lado, encontra-se um crrego tamponado que atravessa o lote da EMEF Angelina Maffei Vita, o mesmo ser renaturalizado permitindo ativividades educacionais nas suas margens, assumindo o compromisso com o gerenciamento e respeito das guas.

    7.4. TERMINAL URBANO CASA VERDE

    situao atual e implantao da proposta

    relao atual do Terminal Casa Verde com o crrego Mandaqui

  • N 10 20 30 40

  • EMEF ANGELINA MAFFEI VITA

    TERMINAL URBANO CASA VERDE

  • 118

    TERMINAL URBANO DA CASA VERDE

    DESVIO DO TRFEGO DE AUTOMVEIS E NIBUS

    INCENTIVO AO USO NO TRREO DE COMRCIOS E SERVIOS PARADA DO VLT

  • 119

    PARADA DO VLTCRREGO MANDAQUI INTEGRADO NA PAISAGEM EMEF ANGELINA MAFFEI VITA

    10 20 30

  • 120

    Atualmente o principal afluente do crrego Mandaqui se encontra na sua totalidade tamponado e oculto na paisagem, a proposta neste lugar visa a renaturalizao do crrego Lauzane e qualificao de um dos seus afluentes.

    A Avenida Direitos Humanos passa sobre o crrego Lauzane dever ser alargada com a insero da via adjcente que se encontra atualmente murada. O trfego de automveis e nibus na direo oeste dever ser desviado para a rua lateral, enquanto na direo leste, o alargamento da via possibilitar o compartilhamento da mesma entre o VLT e veculos motorizados. Junto s margens; ciclovias, pontes e peres aproximam os usurios da gua.

    Uma grande praa com equipamentos de lazer e pista de skate conferem um grande uso das moradores locais atualmente, porm outros espaos livres so subutilizados e desconectados dos caminhos de pedestres. Prope-se un-los as caladas fomentando o uso das mesmas e privilegiar o trnsito de pedestres. Junto a praa existente o afluente do crrego Lauzane dever ser integrado na paisagem, atravs da substituuio do concreto por vegetao, construo de escadarias, ciclovia e passarelas para conectar as margens.

    7.5. CRREGO LAUZANE

    situao atual e implantao da proposta

    afluente do crrego Lauzane e Av. Direitos Humanos sobre crrego Lauzane

  • N 10 20 30 40

  • 124

    ESTACIONAMENTO SUBTERRNEO

    DESVIO DO TRFEGO DE AUTOMVEIS E NIBUS

    INCENTIVO AO USO NO TRREO DE COMRCIOS

    E SERVIOS

    INCENTIVO AO USO NO TRREO DE COMRCIOS

    E SERVIOS

  • 125

    CRREGO LAUZANE INTEGRADO NA PAISAGEM

    ESPAO INTRALOTE ARBORIZADO, MOBILIADO E ILUMINADO

    10 20 30

  • 126

    7.6. COMUNIDADE DRIO RIBEIRO

    O afluente do crrego Mandaqui aqui documentado passa por diversas situaes ao longo do seu percurso. A foz encontra-se tamponada, depois segue naturalizado entre a comunidade Drio Ribeiro e por fim volta a ser oculto na paisagem. A rea escolhida para proposies o trecho junto a comunidade. A diretriz aqui a remoo das famlias em reas de risco e nas reas non aedificandi nas margens do crrego. A relocao das famlias devero ser feitas no mesmo lugar com o auxlio do instrumento da Cota de Solidariedade.

    Uma nova praa proposta, aproximando pedestres e ciclistas do crrego. Equipamentos de lazer, iluminao, arborizao, bancos, per, escadarias, passarelas, instalao corrimos e uma esplanada no alto do terreno so algumas das diretrizes.

    A proximidade com os equipamentos j existente como a UBS Vila Santa Maria e a Creche Municipal Vila Prado, entre outras escola na proximidade garante um uso mltiplo no lugar que j apresenta uma vivncia da rua acentuada.

    situao atual e implantao da proposta

    relao atual da gua na comunidade Drio Ribeiro

  • N 10 20 30 40

  • UBS VILA SANTA MARIA

    CRECHE MUNICIPAL VILA PRADO

  • 130

    CRREGO INTEGRADO NA PAISAGEMESPLANADAHABITAO

  • 131

    COMRCIO NA ESCALA DO BAIRRO

    10 20 30

  • 132

    Ao longo da Avenida Engenheiro Caetano lvares o uso do solo principalmente no trreo bastante diverso, pode-se ver indstrias, habitaes, comrcio e servios variados desde concessionrias, mecnicas, mveis, drogarias a padarias. Um uso que se destaca a grande concentrao de bares e restaurantes que contribui para a vida diurna e noturna do lugar. A fim de potencializar este uso se prope integrar as guas com esta identidade do lugar.

    Diminuindo a nfase dada ao automvel como maneira de regenerar o espao pblico, cria-se novas reas de estar, circulao e lazer, desviando o trfego dos veculos motorizados na direo oeste para a rua lateral e na direo leste restringindo a circulao dos automveis na via junto ao rio. O VLT e ciclovias correm paralelas ao crrego que ser destamponado e renaturalizado.

    Na cota da via principal, junto ao curso dgua, so propostos bares e restaurantes que devem possuir a fachada voltada tanto para rua, como para o crrego. Passarelas interligam as duas margens e incentivam a circulao.

    Na cota inferior um deck conecta as fachadas criadas, abriga as mesas e intensifica a vida junto a gua.

    7.7. BARES E RESTAURANTES

    situao atual e implantao da proposta

    Av. Engenheiro Caetano lvares sobre o crrego Mandaqui e a vida bomia do lugar

  • N 10 20 30 40

  • 136

    DESVIO DO TRFEGO DE NIBUS E AUTOMVEIS

    INCENTIVO AO USO NO TRREO DE COMRCIOS

    E SERVIOS

  • 137

    10 20 30

    DESVIO DO TRFEGO DE NIBUS E AUTOMVEIS

    CRREGO MANDAQUI INTEGRADO NA PAISAGEM

    BARES E RESTAURANTES AO LONGO DO CRREGO

  • implantao da proposta

  • 141

    8. CONSIDERAES FINAIS

    O trabalho buscou discutir a relao cidade-gua na bacia do crrego Mandaqui ao longo do tempo. Atravs do resgate da memria do lugar, pode-se compreender o contato das pessoas com a gua antes e depois dos processos de ocupao da vrzea.

    O entendimento do lugar, por meio de estudos e da experincia prpria, ensejou: implementar equipamentos, novos modais de transporte, direcionar o adensamento nas reas prximas dos modais existentes e propostos, um novo sistema de espaos livres pblicos, assim como resgatar os crregos de volta paisagem. Tais propostas abrangem toda a bacia hidrogrfica e para tratar com mais cuidado essas questes foram feitas algumas aproximaes.

    Junto ao sistema de espaos livres pblicos prope-se a criao de novos parques urbanos, que tem a funo de fomentar o uso do espao pblico coletivo pblico e aumentar a relao das guas na vida dos habitantes. Buscou-se refletir diferentes situaes urbanas procurando integrar as diretrizes gerais e requalificar a paisagem nestas reas.

    O resgate dos rios e crregos para o conjunto da sociedade est relacionada com o direito cidade: lazer, transporte e moradia.

    No vejo a concluso como fechamento, mas sim uma abertura para novas hipteses.

  • 142

    9. LISTA DE IMAGENS

    2. O LUGARpg. 09 | Mapa produzido pela autora sobre base: Google Earth.

    3. MEMRIApg. 11 | Recorte de jornal. In. O Estado de So Paulo, setembro de 1895.pg. 11 | Recorte de jornal. In. O Estado de So Paulo, junho de 1902.pg. 11 | Mapa da Cidade de So Paulo. In. Arquivo do Estado.pg. 13 | Geomorfologia da regio. In. Geomorfologia do Stio Urbano de So Paulo. So Paulo: Ateli editorial, 2007, pgina 166.pg. 13 | Fotografia de 1909. In. http://saudadesampa.nafoto.net/pg. 15 | Recorte de jornal. In O Estado de So Paulo, abril de 1929.pg. 15 | Recorte de jornal. In O Estado de So Paulo, abril de 1928.pg. 15 | Recorte de jornal. In O Estado de So Paulo, setembro de 1929.pg. 15 | Fotografia de 1930. In. http://saudadesampa.nafoto.net/pg. 17 | Fotografia de 1905. In. http://italianadas.blogspot.com.br/pg. 17 | Fotografia de 1926. In. http://saudadesampa.nafoto.net/pg. 17 | Fotografia. In. http://saudadesampa.nafoto.net/pg. 18 | Fotografia. In. http://www.estacoesferroviarias.com.br/pg. 18 | Fotografia de 1956. In. http://www.wernervana.com/pg. 19 | Mapa produzido pela autora sobre base: Empresa Sara do Brasil, S.A.pg. 21 | Fotografia. In. http://www.ibamendes.com/pg. 21 | Fotografia de 1938. In. http://saudadesampa.nafoto.net/pg. 21 | Fotografia de 1938. In. http://italianadas.blogspot.com.br/pg. 23 | Fotografia. In. http://saudadesampa.nafoto.net/pg. 23 | Fotografia de 1957. In. http://italianadas.blogspot.com.br/pg. 23 | Fotografia de 1960. In. http://italianadas.blogspot.com.br/pg. 25 | Fotografias. In. Arquivo Construbase Engenharia.

    4. LEITURA DO LUGARpg. 29 | Mapa produzido pela autora sobre bases: Google Earth e Prefeitura de So Paulo. Dados estatsticos; municpio em mapas 2008; guas pluviais.pg. 31 | Mapa produzido pela autora sobre bases: Google Earth e Mapa Digital da Cidade (MDC).

  • 143

    pg. 33 | Mapa produzido pela autora sobre bases: Google Earth e Prefeitura de So Paulo; dados estatsticos; histrico demogrfico e Mapa Digital da Cidade (MDC).pg. 35 | Mapa produzido pela autora sobre bases: Google Earth e e Prefeitura de So Paulo. Dados estatsticos; municpio em mapas; uso do solo predominante em 2005.pg. 37 | Mapa produzido pela autora sobre bases: Google Earth e Prefeitura de So Paulo. Dados estatsticos; municpio em mapas; transportes.pg. 39 | Mapa produzido pela autora sobre bases: Google Earth e Mapa Digital da Cidade (MDC).

    5. ESQUECIMENTOpg. 41, 42 e 43 | Fotografias da autora.pg. 44 e 45 | Mapa produzido pela autora sobre base: Sara Brasil 1930.pg. 46 e 47 | Mapa produzido pela autora sobre bases: Google Earth e Mapa Digital da Cidade (MDC).

    6. DIRETRIZESpg. 52 | Mapas produzidos pela autora sobre base: Subprefeitura da Casa Verde e Santana - mapa de equipamentos.pg. 53 | Mapa produzido pela autora sobre bases: Google Earth e Subprefeitura da Casa Verde e Santana - mapa de equipamentos.pg. 55 | Mapa produzido pela autora sobre bases: Google Earth e Prefeitura de So Paulo. Dados estatsticos; municpio em mapas; transportes.pg. 56 | Fotografia da autora, Zagreb 2014.pg. 56 | Fotografia. In. http://en.wikipedia.org/pg. 57 | Fotografia da autora, Ljubljana, 2014.pg. 57 | Fotografia, Amsterdam. In. http://www.landezine.com/pg. 57 | Fotograia, Brighton. In. http://www.landezine.com/pg. 61 | Mapa produzido pela autora sobre bases: Google Earth e Mapa Digital da Cidade (MDC).pg. 63 | Fotografia Rafaela Basilepg. 63 | Fotografia Rafaella Basilepg. 63 | Fotografia, Santiago. In. Arquivo AECOMpg. 64 | Fotografia, Santiago. In. Arquivo AECOM

  • 144

    pg. 64 | Fotografia, London. In: http://www.ahmm.co.uk/pg. 65 | Fotografia, London. In: http://www.archello.com/pg. 65 | Fotografia, London. In: http://www.ahmm.co.uk/pg. 83 | Mapa produzido pela autora sobre bases: Google Earth e Subprefeitura da Casa Verde e Santana - mapa de uso e ocupao do solo.pg. 84 | Fotografias, Nova Iorque. In. http://www.landezine.com/pg. 85 | Fotografia, Lyon. In. http://www.landezine.com/pg. 85 | Fotografia, Stamford. In. http://www.landezine.com/pg. 86 | Fotografia da autora, Ljubljana, 2014.pg. 86 | Fotografia, China. In. http://www.landezine.com/pg. 87 | Fotografia, Nova Iorque. In. http://www.flickr.com/pg. 87 | Fotografia, Bruxelas. In. http://www.landezine.com/pg. 87 | Fotografia, Sidney. In. http://www.landezine.com/pg. 88 | Fotografia, Boras, Sucia. In. http://www.landezine.com/pg. 88 | Fotografia, London. In. http://www.landezine.com/pg. 88 | Fotografia, Bruxelas In. http://www.landezine.com/pg. 89 | Fotografia, London. In: http://www.archello.com/pg. 89 | Fotografia da autora, Frankfurt, 2014.pg. 92 | Fotografia, Basel. In. http://www.landezine.com/pg. 92 | Fotografia, Auckland. In. http://www.landezine.com/pg. 92 | Fotografia, Pretria. In. http://www.landezine.com/pg. 93 | Fotografia, Rotterdam. In. http://www.urbanisten.nl/pg. 93 | Fotografia, Lemvig, Dinamarca. In. http://www.landezine.com/pg. 93 | Fotografia, Haerbin City, China In. http://www.landezine.com/

    7. APROXIMAESpg. 96 | Fotografia de 1999. In. http://www.estacoesferroviarias.com.br/pg. 96 | Fotografia de Luc Braga. In. http://www.flickr.com/pg. 97 | Fotografia da autora.pg. 103 | Fotografia 1999. In. http://www.estacoesferroviarias.com.br/pg. 103 e 107 | Fotografia da autora.pg. 107 | Fotografia Andr Bonacin. In. http://www.panoramio.com/ pg. 111, 117, 123 e 129 | Fotografias da autora.

  • 145

    ABSBER, Aziz. Geomorfologia do Stio Urbano de So Paulo. So Paulo: Ateli editorial, 2007.

    ALBUQUERQUE, Elaine Moraes de. APP fluvial urbana: navegando entre o sensvel e a presso: o caso da sub-bacia do crrego Taioca - no ABC Paulista. Dissertao de Mestrado. So Paulo, 2012.

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  • Anelise Bertolini GuarnieriFAUUSP 2014