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Seama mostra avaliação do rio “Um dos grandes problemas da bacia do Rio Jucu é a carga de nutrientes e agrotóxicos originados principalmente pelo escoamento superficial de áreas cultivadas, localizadas em sua parte alta. Por sua parte baixa passar nas imediações de perímetros urbanos da Região da Grande Vitória, recebendo grande quantidade de matéria orgânica provenientes do lançamento de esgoto in natura, tem se verificado uma maior degradação de suas águas”. A constatação é da Secretaria de Estado para Assuntos do Meio Ambiente (Seama) e foi divulgada pela Coordenação de Recursos Hídricos. Os principais pontos do documento estão abaixo, com adaptações apenas para edição jornalística. Ele destaca que “um dos obstáculos ao desenvolvimento sócio-econômico em várias partes do Estado do Espírito Santo é a escassez de água, decorrente de fatores naturais, como a distribuição irregular das chuvas. Decorrem ainda de fatores antrópicos, como a utilização desordenada dos recursos hídricos através de represamento dos corpos d’água, poluição dos rios e outras atividades humanas. Soma-se a esses fatores, a inexistência de alguns procedimentos e normas para utilização desses recursos natural.

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Seama mostra avaliação do rio

“Um dos grandes problemas da bacia do Rio Jucu é a carga de nutrientes e agrotóxicos originados principalmente pelo escoamento superficial de áreas cultivadas, localizadas em sua parte alta. Por sua parte baixa passar nas imediações de perímetros urbanos da Região da Grande Vitória, recebendo grande quantidade de matéria orgânica provenientes do lançamento de esgoto in natura, tem se verificado uma maior degradação de suas águas”.

A constatação é da Secretaria de Estado para Assuntos do Meio Ambiente (Seama) e foi divulgada pela Coordenação de Recursos Hídricos.

Os principais pontos do documento estão abaixo, com adaptações apenas para edição jornalística. Ele destaca que “um dos obstáculos ao desenvolvimento sócio-econômico em várias partes do Estado do Espírito Santo é a escassez de água, decorrente de fatores naturais, como a distribuição irregular das chuvas.

Decorrem ainda de fatores antrópicos, como a utilização desordenada dos recursos hídricos através de represamento dos corpos d’água, poluição dos rios e outras atividades humanas. Soma-se a esses fatores, a inexistência de alguns procedimentos e normas para utilização desses recursos natural.

A falta de informação básicas e conceituais, tanto para pesquisadores do setor, como para a sociedade em geral, inibe o surgimento de soluções e ações necessários para a utilização racional dos recursos hídricos”.

Localização – A bacia do Rio Jucu é formada nos municípios de Cariacica, Domingos Martins, Guarapari, Marechal Floriano, Viana e Vila Velha.

Ela possui característica muito semelhante à bacia do Rio Santa Maria da Vitória. Suas partes médias e superiores estão situadas na região serrana. Ambas possuem o mesmo formato, desenvolvendo-se na direção W-E. Possui uma área de drenagem de aproximadamente 2.200 km², é um dos mananciais de abastecimento da Grande Vitória. São seus formadores o rio Braço Norte, no município de Domingos Martins e, Braço Sul no município de Marechal Floriano. Deságua no Oceano Atlântico, na localidade de Barra do Jucu.

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A bacia do Rio Jucu engloba municípios compreendendo uma população aproximada de 275.000 habitantes (1993).

Clima - O clima é diferenciado, sendo tropical nas partes baixas, temperado brando nas partes mais elevadas, e pela chuva é semi-úmido nas partes baixas, úmido nas partes médias, voltando a se semi-úmido nas cabeceiras.

A temperatura média anual decresce de 24º C na foz até 18º C nas cabeceiras. A umidade relativa média anual cresce na mesma direção, de 80% a 85% e a evaporação anual decresce de 1.000 à 800 mm da foz para a nascente.

Pluviosidade - A pluviosidade sofre a sua variação segundo os eixos da bacia, de E para W, crescendo a partir dos estuários (1.100 mm anuais) até o meio das bacias (1.600 mm anuais), e daí decrescendo até as cabeceiras (1.100 mm, no extremo NW).A época chuvosa é o verão amplo, e a seca o inverno. Entretanto, nas partes centrais da bacia, que são as mais chuvosas, a estação seca é muito atenuada, havendo chuva suficiente em todos os meses.

Fluviosidade - Tratando-se de bacias de pequenas dimensões, a resposta das descargas às precipitações é rápida, podendo as alturas máximas durar poucas horas, coincidindo o regime pluvial com o fluvial. Os níveis máximos ocorrem em dezembro e janeiro, e os mínimos em agosto e setembro.

Recursos hídricos superficiais - O Rio Jucu é formado por dois braços, o Braço Norte e o Braço Sul. Ainda a jusante (acima) da confluência dos dois braços, o Rio Jucu recebe alguns afluentes em ambas as margens.

O desenvolvimento do Braço Norte até a confluência com o Braço Sul é estimado em 120 Km, enquanto que este segundo apresenta-se com aproximadamente com 80 Km. O trecho do rio desde a confluência dos dois braços Norte e Sul até o mar é estimado em 84 Km.

O período de águas altas vai de dezembro a março, sendo que as maiores vazões ocorrem com maior freqüência em dezembro. O período de águas baixas vai de julho a setembro, com as vazões mínimas ocorrendo mais freqüentemente em setembro.

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Quantidade - A disponibilidade hídrica do Rio Jucu é estimada em torno de 15,3 m3/s (Estação Fluviométrica da Ponte do Rio Jucu)

Qualidade - Um dos grandes problemas da bacia do Rio Jucu é a carga de nutrientes e agrotóxicos originados principalmente pelo escoamento superficial de áreas cultivadas, localizadas em sua parte alta. Por sua parte baixa passar nas imediações de perímetros urbanos da Região da Grande Vitória, recebendo grande quantidade de matéria orgânica, provenientes do lançamento de esgoto in natura, tem se verificado uma maior degradação de sua águas.

No ano de 1994, a Secretaria de Estado para Assuntos do Meio Ambiente (Seama) concluiu o seu Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado do Espírito Santo. Neste relatório foi apresentado o monitoramento realizado pela secretaria entre os anos de 1991 e 1993, abrangendo as 12 bacias hidrográficas do Estado.

No período em questão, a metodologia adotada pela Seama para o monitoramento qualitativo das águas interiores, foi a da determinação do IQA – Índice de Qualidade das Águas -, de caráter valorativo, elaborado a partir da ponderação de nove parâmetros, onde a partir de cálculo efetuado pode-se determinar a qualidade das águas brutas.

Atualmente, esta metodologia não é mais utilizada pela Seama, pois apresenta algumas limitações quanto a análise e interpretação dos resultados.

Pontos de monitoramento em 1993:

JUC2C001 – BRAÇO NORTE, SOB A PONTE PRÓXIMA A CASCATA DO GALO

JUC2C005 – BRAÇO SUL NA SAÍDA DE MARECHAL FLORIANO, SOB A PONTE NA BR-262

JUC2C008 – BRAÇO SUL , SOB A PONTE DE MADEIRA EM MARECHAL FLORIANO

JUC2C009 – BRAÇO SUL, NA USINA JUCU EM DOMINGOS MARTINS

JUC2C010 – BRAÇO NORTE, SOB A PONTE DO RIO NA BR-262 SEAMA/DNAEE JUC1C025 – CALHA PRINCIPAL, SOB A PONTE NA BR-101

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No braço Norte do rio Jucu, a Seama possui dois pontos de monitoramento: o ponto JUC2C001, que fica localizado próximo a Cascata do Galo, a montante de Domingos Martins e é representativo da área rural, que apresenta os povoados de Barbados e o ponto de monitoramento Alto, às suas margens, e as vilas de Parajú e Melgaço, situadas às margens dos seus afluentes: Ribeirão São Vicente e o rio Melgaço. Das coletas realizadas, três apresentaram índices de coliformes fecais acima dos padrões estabelecidos pela Resolução Conama Nº 20/86.

O ponto de monitoramento JUC2C010, está localizado à jusante da cidade de Domingos Martins, recebendo toda a contribuição de efluentes desta cidade e do povoado de Biricas através do córrego Biriricas. Dos parâmetros analisados, a turbidez apresentou índices acima dos padrões estabelecidos pela Resolução Conama, na coleta de 05/93, o fosfato total nas coletas de 08,11/93 e 11/95 e os coliformes fecais em todas as coletas realizadas neste período.

O ponto de monitoramento JUC1C025, situa-se no rio Jucu, na ponte da BR- 101. No trecho da bacia entre os pontos de monitoramento JUC2C010 (braço Norte) e JUC2C009 (braço Sul) estão os povoados de São Paulo de Cima e Bom Jesus, as vilas de Rio Calçado e Araçatiba e a cidade de Viana. Nesse trecho são lançados efluentes da fábrica de cerveja Antártica, da Dumilho (ração animal) e CCPL ( laticínios). As análises das coletas realizadas apresentaram resultados parâmetros turbidez, fosfato total e coliformes fecais todas as coletas.

O ponto de monitoramento JUC2C005, localizado à montante de Marechal Floriano, no rio Jucu braço Sul, recebe contribuição de bacia predominantemente rural, representando a vila de Araguaia e o povoado de Vítor Hugo. Das análises realizadas os parâmetros turbidez, fosfato total e coliformes fecais apresentam índices que ultrapassam aos padrões estabelecidos, sendo que para os valores da turbidez este ultrapassa ao limite apenas na campanha de 05/93.

O ponto de monitoramento JUC2C008 situa-se no rio Jucu braço Sul, a jusante de Marechal Floriano, no pontilhão de madeira. Entre o ponto de monitoramento JUC2C005 e este, o rio recebe toda a carga dos esgotos domésticos desta cidade. De todos os parâmetros analisados foram registrados altos índices de coliformes fecais, chegando a ultrapassar o limite de 10 a 24 vezes, bem como o fosfato total que mesmo em menores proporções sempre manteve-se acima dos limites estabelecidos na Resolução Conama Nº20/86.

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O ponto de monitoramento JUC2C009, está localizado no Rio Jucu Braço Sul, na ponte situada na estrada que liga a BR-262 à Usina Hidrelétrica de Jucu. Com uma distância de aproximadamente 5 Km do ponto anterior. As análises deste ponto verifica-se ainda altos índices de coliformes fecais, o que evidencia as altas cargas de efluentes lançadas no manancial. Quantos aos valores de fosfato total e turbidez, os índices apresentam-se em limites inferiores em cerca de 90% das coletas.

Existe uma grande variedade de indústrias nesta bacia, porém a maioria não é potencialmente poluidora, e os resíduos das mesmas são provenientes, geralmente da lavagem de equipamentos. Estas estão localizadas principalmente nos municípios de Viana, Vila Velha e Cariacica. No município de Viana, existem ainda algumas indústrias do gênero alimentício, de fertilizantes e de ferro (CBF).

No município de Domingos Martins foi identificada uma pequena concentração de indústrias de aguardente, além de refrigerantes. Ainda a bacia do Jucu, em sua parte baixa, encontra-se uma fábrica de cerveja.

De uma forma geral, os seis pontos de monitoramento analisados nas três campanhas, apresentaram valores de IQA na classe considerada boa para tratamento convencional em água de abastecimento doméstico. Deve-se salientar que de todos os parâmetros analisados os coliformes fecais e o fosfato total tem estado sempre acima do limite estabelecido pela Resolução do Conama, principalmente os pontos de monitoramentos localizados imediatamente a jusante dos centros urbanos, indicando que o lançamento de esgotos sem qualquer tratamento prévio tem sido um dos fatores de grande degradação do manancial.

Na análise dos valores de IQA nos pontos de monitoramento, o Rio Jucu foi classificado com qualidade da água Boa para uso como abastecimento através de tratamento convencional, exceto pelo ponto JUC2C008 cujos valores de IQA revelaram qualidade da água Aceitável para usos de abastecimento através de tratamento convencional.

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Meio biótico –

Cobertura Vegetal - A cobertura vegetal sofreu um intenso desamamento nas bacia, principalmente nas partes inferiores, estando preservadas em alguns locais, notadamente nas partes médias e altas. Dessa forma, o processo erosivo vem se intensificando ao longo do tempo.

Unidades de Conservação Legalmente Definidas

Parque Municipal do Morro da Mantegueira (Vila Velha) – MunicipalParque Estadual Ilha das Flores (Vila Velha) – EstadualÁrea de Preservação Permanente da Lagoa do Cocal (Vila Velha) – MunicipalParque Ecológico do Jabaeté (Vila Velha) – EstadualParque Estadual de Pedra Azul (Domingos Martins) – EstadualÁrea de Proteção Permanente Morro da Concha (Vilia Velha) – MunicipalReserva Biológica Estadual de Jacarenema (Vila Velha) – MunicipalParque Ecológico Morro do Penedo (Vila Velha) – MunicipalÁrea de Preservação Permanente da Lagoa Grande (Vila Velha) – MunicipalMorro do Cruzeiro (Guarapari) – Bem Tombado pelo CEC

Fauna Aquática –

Meio antrópico

Perfil Sócio-Econômico - Existe uma grande variedade de indústrias nesta bacia, porém a maioria não é potencialmente poluidora, e os resíduos das mesmas são provenientes, geralmente da lavagem de equipamentos. Estas estão localizadas principalmente nos municípios de Viana, Vila Velha e Cariacica.

No município de Viana existem ainda algumas indústrias do gênero alimentício, de fertilizantes e de ferro (CBF). No municípios de Domingos Martins foi identificada um pequena concentração de indústrias de refrigerantes.

Outras atividades impactantes na bacia são: extração de areia para construção civil, sem nenhum planejamento; lançamento de resíduos sólidos domésticos, industriais e hospitalares nas margens do rio ou imediações com aterros inadequados; lançamento de efluentes de pocilgas, currais e abatedoras de aves sem tratamento, etc.

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Contexto Político E Institucional De Gestão

Problemas PrioritáriosAssoreamento - Áreas críticas

proximidade dos pontos de captação de água da Cesan e Sae`snascentes dos rios e córregosáreas agrícolas às margens dos rios estuário dos rios e mangue

Aspectos relevantes -

desmatamento nas nascentesausência de mata ciliar nas margens dos rios práticas agrícolas inadequadas diminuição da atividade pesqueira

Deterioração dos recursos hídricosÁreas críticas – pontos de captação de água da Cesan e Sae`spontos de descarga das redes de esgoto áreas agrícolas próximo as nascentes dos mananciaisregião de estuário e mangue

Aspectos relevantes - risco de contaminação da qualidade das águas de superfície pelo uso indiscriminado de agrotóxicos e defensivos agrícolaspoluição devido à disposição inadequada de esgotos sanitários e resíduos sólidos práticas agrícolas inadequadasserviços insuficientes de esgotamento sanitário e disposição final de resíduos sólidos

Índice de cobertura vegetal

Áreas críticas -todos os municípios da bacia

Aspectos relevantes

ausência de um plano diretor florestal e de uso e ocupação do solo para a bacia

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Problemas de médio e longo prazos

Deterioração dos recursos hídricos, devido à evolução da ocupação do solo nabacia e das atividades agroindustriais

Áreas críticas

áreas agrícolas dos municípios integrantes da bacia e principalmente nos municípios serranos.margens de rios e fundos de vale nos municípios de Viana e Cariacica.região litorânea

Aspectos relevantes –

risco de contaminação da qualidade das águas de superfície pelo uso indiscriminado de agrotóxicos e defensivos agrícolas.poluição devido à disposição inadequada de esgotos sanitários e resíduos sólidospráticas agrícolas inadequadassurgimento de conjuntos populares de baixa renda sem serviços de esgoto satisfatórioscrescimento da ocupação irregular de áreas de mangue e restinga nos municípios de Cariacica e Vila Velhacrescimento das atividades de turismo nas regiões litorânea e serrana

Conflito entre usuários de água

Áreas críticasabastecimento público e industrialagricultura irrigadaaproveitamento hidrelétricoturismo e recreação

Aspectos relevantes

ausência de gestão do uso das águasinexistência de plano diretor da baciainexistência de instrumentos de outorga da água

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LINK

Leia mais: Conheça a geologia das bacias do Jucu e Santa Maria

Os estudos sobre a formação geológica das bacias destes rios foram divulgados pela Seama. O relatório sobre o tema é detalhado e está sendo publicado integralmente. I.5 – Solos

I.6 – Geologia

CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DAS BACIAS DOS RIOS JUCU E SANTA MARIA DA VITÓRIA

Neste ítem, descrevem-se as unidades e as estruturas geológicas identificadas

nas bacias dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória.

2.1. UNIDADES GEOLÓGICAS

A geologia das bacias dos rios Santa Maria da Vitória e Jucu está representada

por rochas com idades variando desde o Pré-Cambriano até o Terciário-

Quaternário / Recente, havendo grandes lacunas estratigráficas do Paleozóico

ao Mesozóico.

O Mapa HAB-V2-002/97, em anexo, apresenta o mapa da distribuição

espacial das unidades geológicas identificadas na área de estudo, além de

características estruturais.

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Para a elaboração do mapa, foram consultados relatórios técnicos e cartas

geológicas em diversas escalas. Para complementar os dados, foram

analisados os mosaicos de Radar e as imagens do satélite Landsat, TM, canal

4, branco e preto e composição colorida, canais 3, 4 e 5. Esta análise teve

como objetivo dar uma visão regional melhor das macro-estruturas. Por fim,

foi empreendida uma inspeção de reconhecimento no campo, para checagem,

ajuste e refinamento dos dados.

Houve necessidade de incorporação da base geológica da faixa costeira, não

publicada, com a base geológica publicada da CPRM, que representava área

montanhosa das bacias.

3.1.1. Complexo Paraíba do Sul

O Complexo Paraíba do Sul é representado nas bacias por duas unidades:

Gnaisses Aluminosos e Sillimanita - Biotita Gnaisses.

3.1.1.1. Gnaisses Aluminosos (Pps1)

Essa unidade é constituída por uma seqüência de gnaisses aluminosos de alto

grau, informalmente denominados de kinzigitos, com intercalações

subordinadas de rochas calcossilicáticas e raras ocorrências de quartzitos e de

anfibolitos. O termo kinzigito, que corresponde a um grafita - sillimanita-

cordierita - granada - biotita gnaisse, já é amplamente utilizado na literatura

geológica brasileira, e tem sido empregado correntemente.

Diferem-se dos gnaisses portadores de cordierita, granada e biotita pelo fato

de K-feldspato estar ausente no kinzigito, apesar de alguns autores reportarem

esse mineral como um dos essenciais na rocha.

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Possuem ampla distribuição na área em estudo. Distribuem-se desde a porção

sul, região de Araguaia, Bom Jesus do Morro de Baixo e Baía Nova, ocupando

o leste e o norte da área nas localidades de Santa Maria de Jetibá, Alto

Possmoser, Barracão, Francisco Correia, Santa Joana e Alto Serra Pelada, indo

até Melgaço e Perobas. As melhores exposições situam-se ao longo da rodovia

BR-262 e da ES-355, entre Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá.

O contato entre as unidades Pps1 e Pps2 é transicional, a não ser na região do

Araguaia, onde se dá através de zona de Cisalhamento Araguaia

(Transcorrente Dextral), que também serve de limite entre os gnaisses

aluminosos (Pps1) e os ortognaisses tonalíticos (P1b) e entre Rio Fundo (ao

sul da BR-262 e oeste de Marechal Floriano) e São José do Recreio (na porção

centro norte da área). Com outros corpos de ortognaisse tonalítico (P1b), o

contato é definido, apesar do corpo entre Holanda e Mangaraí ter contato

aproximado e, entre Santa Maria de Jetibá e Melgaço, se dá através de zona de

cisalhamento contracional de baixo ângulo. Com os ortognaisses graníticos

(P1c), é transicional, enquanto que com os gnaisses enderbíticos (Pgl2), é

sempre aproximado. Com os granitos (C3), o contato é brusco.

Em afloramentos, observa-se uma rocha muito bandada, de cor cinza-

esverdeada quando fresca, que cede lugar ao marrom escuro quando

intemperizada, localmente magmatizada, com estrutura estromática. Apresenta

granulação predominantemente grossa a média, raras vezes fina, e freqüentes

veios remobilizados, graníticos ou pegmatíticos, que formam lentes e exibem,

não raro, o fenômeno de boudinage e estruturas do tipo pinch and swel.

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São tanto concordantes quanto discordantes da foliação do gnaisse aluminoso.

É muito comum junto a esses mobilizados a presença de granada em cristais

bem formados, e de cordierita em aglomerados e/ou em grandes cristais

azulados de aspecto vítreo, às vezes ocorrendo apenas manchas esverdeadas

devido à total pinitização do mineral.

São observadas também abundantes palhetas de grafita dispersas nos

mobilizados menos espessos. Variam em espessura desde subcentimétricos a

decimétricos, predominando os últimos. Nesse contexto, a designação de

metaxitos (no sentido de Mehnert, 1968) é apropriada. O material

melanossomático forma, por sua vez, salbandas com a foliação geral ou ocorre

como inclusões no interior da porção leucossomática.

3.1.1.2. Sillimanita - Biotita Gnaisses (Pps2)

Esta unidade, que ocupa a parte sudoeste da área, compreende uma associação

de sillimanita-biotita gnaisses granatíferos, biotita-hornblenda gnaisses,

anfibolitos, quartzitos e rochas calcossilicáticas. Em uma parte dessa unidade,

não ocorrem os gnaisses a anfibólio, as intercalações de anfibolitos, nem as

lentes de rocha calcossilicática. Assim separou-se uma porção, denominando-a

Pps2qtxt.

Os contatos entre as subunidades são sempre aproximados. Com rochas da

unidade Pps1, são transicionais, a não ser na região de Araguaia, onde uma

zona de cisalhamento transcorrente dextral (denominada de Zona de

Cisalhamento Araguaia) separa as duas unidades. Com as rochas plutônicas,

os contatos são bruscos. No maciço Aracê observa-se que, durante a intrusão

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do granito, houve uma ligeira migmatização de borda no gnaisse encaixante

(Pps2).

Na subunidade Pps2, as rochas apresentam-se geralmente bandadas, dobradas,

com alternância de leitos claros e escuros, de espessuras variáveis, sendo estes

sempre mais finos que aqueles. Os níveis máficos compõem-se de biotita e

anfibólio, com algum quartzo e feldspato. Os leitos claros são constituídos por

quartzo e plagioclásio, em quantidades bastantes variáveis. Localmente,

observa-se a presença de granada. A granulação varia de fina a média. Em

alguns afloramentos, foi verificada a ocorrência de rocha calcossilicática cinza

esverdeada intercalada no gnaisse. São rochas constituídas de quartzo,

plagioclásio, hornblenda e diopsídio.

Na subunidade Pps2qtxt, o sillimanita - biotita gnaisse encontra-se sempre

muito dobrado e intemperizado, com coloração avermelhada e aspecto xistoso,

podendo-se, localmente, reconhecer cristais de granada e biotita. Sillimanita,

pela sua abundância, forma verdadeiros leitos, enquanto grafita e cordierita

ocorrem raras vezes. É onde são observadas as mais expressivas exposições de

rocha quartzosa, constituída por grãos sacaroidais de quartzo com contornos

angulosos, achatados e imbricados e, às vezes, pouca muscovita. Transiciona e

está intercalado no sillimanita-biotita gnaisse, apresentando-se como possantes

“bancos” constituídos por quartzo e pouca biotita, com um fraturamento

bastante repetitivo (clivagem) com mergulhos verticais e direções

aproximadamente NS e EW. Ocasionalmente, tem-se a impressão de que se

trata de grandes veios de quartzo e, com base também na composição e

textura, a natureza sedimentar dessas rochas foi posta em dúvida pela equipe

do projeto RADAMBRASIL (Machado Filho et al., 1983).

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3.1.2. Instrusivas Sin a Tardi-tangenciais

3.1.2.1 Ortognaisse de Cachoeiro (Pg1a)Trata-se de uma região aplainada, com escassos afloramentos, cujo modelado

é tido como remanescente do Ciclo Sul Americano de erosão. A unidade

caracteriza-se como um produto da granitização de rochas paraderivadas. Sua

área de ocorrência está parcialmente recoberta por matacões graníticos

similares aos observados nos maciços de Aracê e Castelo.

A rocha é de granulação média a grosseira, bandada, com marcante foliação

gnáissica caracterizada pelas escamas de biotita. Apresenta uma composição

mineral de quartzo, feldspato e biotita. Nota-se desenvolvimento de cristais

maiores de feldspato que crescem ao longo da foliação. Em outros pontos,

surgem cristais de granada, sugerindo íntima associação com os termos

paraderivados. A rocha predominante nesse domínio é classificada como

gnaisse granítico com textura granoblástica bem homogênea.

3.1.2.2. Ortognaisse Tonalítico Tipo Jequitibá (Pg1b)

Trata-se de um litótipo de ampla distribuição na área, dispondo-se em faixas

alongadas geralmente com direção NE a NNE. Constitui corpos bem

definidos, em contato com diferentes tipos litológicos da área pesquisada. Na

região de Jequitibá, o grande corpo que aí aflora estende-se de Soído,

passando por Alto Caramuru, Jequitibá até São Luiz, e apresenta contorno

irregular.

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O contato a leste com as rochas da unidade Pps1 se dá através da Zona de

Cisalhamento (Transcorrente Dextral) Araguaia, enquanto a oeste o contato

com os ganisse aluminosos (Pps1) e sillimanita - biotita gnaisses (Pps2) se dá

através de cisalhamento contracional de baixo ângulo. Com as rochas das

unidades P1c e Pgl2, os contatos são transicionais.

Outros corpos desse gnaisse estão em contato brusco com as rochas do

Complexo do Paraíba do Sul (unidades Pps1 e Pps2). As rochas pertencentes a

todos esses corpos apresentam características muito similares. Geralmente,

têm cor cinza-clara a esbranquiçada, às vezes cinza escura, granulação

grosseira, e são compostas de quartzo, feldspato, biotita, pouca granada e,

localmente, anfibólio. Pirita é ocasional e geralmente associada a veio de

quartzo. Localmente, a estrutura torna-se isotrópica. Ocorrem com muita

freqüência veios de quartzo, aplíticos e pegmatíticos, que cortam o conjunto

ou preenchem fraturas. Há locais onde se tem diques de anfibolito cortando o

gnaisse.

Localmente, aparecem zonas de blastese sobre os ortognaisses, onde

megacristais de feldspato potássico com arranjo aleatório e hábito tabular

estão dispersos na rocha.

3.1.2.3. Ortognaisse Granítico Tipo Colatina - Granatífero (Pg1c)

Esse tipo litológico corresponde aos ortognaisses graníticos granatíferos,

caracterizados no presente estudo como produtos de anatexia parcial dos

gnaisses aluminosos (kinzigitos). Sua distribuição vai desde Santa Leopoldina

até Domingos Martins.

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Na maior parte das vezes, esse material leucossomático é observado in situ ou

muito próximo do seu local de geração, mas nem sempre ocorre. Nesse caso,

podem formar corpos de espessuras decimétricas a métricas (e até

quilométricas), injetados na forma de sills ou de diques que truncam não

somente as supracrustais (Gnaisses Aluminosos - Pps1), mas também os

ortognaisses, podendo ser encontrados em locais tão distantes das raízes que a

vinculação com os gnaisses aluminosos poderia ser contestada (arteritos).

Onde o material leucossomático migrou do seu sítio de formação, permitindo

a separação do material melanossomático, houve condições de formação de

corpos independentes de leucogranitóides granatíferos (peraluminosos) do tipo

“S” (Chappel & White, 1974).

Está em contato transicional com os gnaisses aluminosos (P1b) e, na região

de Luxemburgo, com gnaisse tonalítico (P1b). No domínio desse ortognaisse

granítico granatífero, ocorrem dois corpos de gnaisses enderbíticos,

originados, muito provavelmente, por um processo de granulitização do

próprio gnaisse, observando-se em afloramentos a passagem de um para outro.

São rochas leucocráticas discretamente foliadas, de granulação grosseira,

constituídas de quartzo, feldspatos (geralmente mais plagiclásio que feldspato

potássico), pouca biotita e granada, que ocorre em cristais bem formados.

Estrutura granítica não é rara. Localmente, observa-se a presença de grafita.

3.1.2.4. Gnaisse Enderbítico Tipo Santa Tereza (Pggl2)

Na área em estudo, essa unidade é constituída de gnaisses enderbíticos e

charnockíticos, além de noritos. Estão intimamente associados aos gnaisses

aluminosos (Pps1), aos ortognaisses granatíferos (P1c) e aos ortognaisses

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tonalíticos (P1b), constituindo corpos geralmente alongados, concordantes

com a estruturação regional.

Normalmente, o que se observa, principalmente no âmbito dos ortognaisses

tonalíticos (P1b), é apenas uma mudança na coloração da rocha, que passa do

cinza para o esverdeado, e o aparecimento de hiperstênio. No domínio dos

gnaisses aluminosos, geralmente estão associados às faixas que sofreram

anatexia. Localmente, encontram-se porções de gnaisses aluminosos ainda

preservadas, bem como de ortognaisse tonalítico. Às vezes, o oposto, com

porções de enderbitos circundadas por ortognaisse tonalítico (P1b) ou

ortognaisse granatífero (P1c).

Estão delimitados vários corpos desse tipo gnáissico na área em estudo.

Alguns desses corpos foram delimitados mais como zona de predominância,

pois, além do gnaisse enderbítico, ocorrem também ortognaisses tonalíticos e

granatíferos, bem como gnaisses aluminosos.

Esses gnaisses constituem corpos normalmente alongados, com área variando

de 4 a 40 km, concordantes e em contato transicional com os gnaisses

tonalíticos (P1b) e graníticos (P1c).

O contato com os gnaisses aluminosos geralmente é aproximado, com os

gnaisses enderbíticos cortando e englobando blocos daqueles. No domínio dos

ortognaisses tonalíticos (P1b), nota-se, em vários locais, a presença do

gnaisse enderbítico, sempre em pequenas ocorrências semelhantes a manchas

de óleo, onde a tonalidade esverdeada dos tipos hiperstênicos passa

gradativamente ao cinza claro dos ortognaisses, que, próximo ao contato,

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tornam-se também ligeiramente esverdeados, com essa tonalidade se

intensificando até a cor característica do tipo enderbítico.

Esses parecem estar bastante associados às zonas do gnaisse aluminoso que

sofreram anatexia, sendo observáveis ainda restos desse processo na forma de

restitos do gnaisse aluminoso dentro do gnaisse enderbítico, ou porções deste

englobadas por aquele, bem como dos ortognaisses granatíferos associados.

Os gnaisses enderbíticos tipo Santa Tereza são cinza-esverdeados a

caramelados, têm granulação grosseira e são constituídos de quartzo,

plagiclásio, biotita, rara granada, às vezes hornblenda e pontuações pretas a

amarronzadas de hiperstênio.

3.1.2. Intrusivas Tardi a Pós – Transcorrentes

3.1.3.1. Maciço Garrafão (Cg3g)

Apresenta-se como um expressivo corpo granítico situado na porção oeste da

área, englobando as serras Tijuco Preto e Garrafão. É limitado pelas

localidades de Cristo Rei, ao sul, Garrafão, a leste, e Sabino, ao norte.

O corpo granítico possui forma irregular, alongada, com cerca 20 km de eixo

maior, alinhado na direção NE-SW, apresentando um estrangulamento na

região de Bom Parto. Ocupa uma área de aproximadamente 120 km2 e está em

contato com diferentes tipos litológicos, como sillimanita-biotita gnaisses

(Pps2), a sudoeste e oeste, ortognaisses tonalíticos (P1b), a sul e leste, e

gnaisses aluminosos (Pps1), a norte e noroeste.

Page 19: bacia_do_rio_jucu

O contato com esta última litologia é discordante e abrupto, conforme pode

ser visto nos afloramentos das estações, enquanto que, com as outras unidades,

o contato, apesar de definido, encontra-se localmente mascarado devido ao

intemperismo.

O litótipo predominante é um microclina-granito de cor rosa a cinza clara,

granulação variável, geralmente grossa (porfirítica), com foliação incipiente e

estrutura isotrópica. Observa-se um aumento da granulação de sudoeste para

nordeste, do mesmo modo para a relação borda/centro. Nas porções nordeste e

sudoeste, observa-se uma borda tonalítica até gabróica. A textura da rocha

varia de granular hipidiomórfica a xenomórfica e sua composição

mineralógica é de microclina, plagioclásio, quartzo e biotita.

3.1.3.2. Maciço Aracê (Cg3a)

Trata-se de uma associação de rochas graníticas intrusivas, localizadas na

porção sudoeste, constituindo um corpo de contorno ovalado, alongado no

sentido EW. Possui como limites a fazenda Alto do Castelinho, bem como a

localidade de Alto do Redentor, a sul, a fazenda Caixal, a leste, e a BR-262, a

norte. A oeste, o corpo granítico apresenta mais da metade de sua exposição,

onde ocorre o pico da Pedra Azul, considerado como pedra símbolo do Estado

do Espírito Santo.

Ocupa uma área de aproximadamente 33 km2 e encontra-se em contato com

sillimanita - biotita gnaisses (Pps2). Contato observado na BR-262 mostra

uma migmatização de borda no gnaisse. O litótipo predominante é um

microclina granito de coloração cinza clara a discretamente rosa, de

granulação fina a média e estrutura isotrópica (homófana). Nas bordas do

Page 20: bacia_do_rio_jucu

maciço, ocorrem exposições de quartzodiorito, granodiorito e quartzo-sienito,

formando interdigitações com o granito dominante.

3.1.3.3. Granito Rio Ponte (Cgrp)

Trata-se de um pequeno corpo de forma alongada, com cerca de 4,2 km de

comprimento, de direção aproximada NW-SE, que aflora ao sul do povoado

homônimo. Está em contato discordante com gnaisse fino bandado. No

contato nordeste, ocorre também rocha diorítica fina interdigitada com o

granito. É uma rocha acinzentada de granulação média a fina, composta

essencialmente por feldspato, quartzo, biotita e allanita. Apresenta estrutura

maciça.

3.1.3.4. Norito Recreio (Cdnr)

Está situado na porção centro-norte da folha, a leste da cidade de Santa Maria

de Jetibá. Trata-se de um pequeno corpo arredondado, com uma área de cerca

de 3,8 km2, situado no contato entre os Gnaisses Aluminosos (Pps1) e o

Ortognaisse Tonalítico tipo Jequitibá (Pg1b). Na porção oeste, está

interdigitado com o gnaisse tonalítico. Na porção NNE, está em contato

discordante com gnaisse aluminoso, através de uma borda quartzo-diorítica.

Tem coloração cinza-esverdeada, granulação média a grossa, localmente fina,

e é constituído de pouco quartzo, feldspato (com geminação polissintética),

biotita e piroxênio, com composição norítica, mas que localmente passa a

diorítica.

3.1.3.5. Quartzo - Diorito (Cgqd)

Page 21: bacia_do_rio_jucu

Ocorre como pequenos corpos geralmente arredondados, intrusivos,

principalmente nos Gnaisses Aluminosos (Pps1). Os corpos de maior

expressão estão localizados a sudeste, no local denominado Mocambo, e na

porção central, na região de Pena, ao sul de Melgaço e imediatamente a leste

de Alto Possmoser. Geralmente, observam-se apenas blocos arredondados

(matacões) com desplacamento esferoidal.

Apresentam coloração esverdeada a acinzentada, granulação média a grossa,

estrutura isotrópica e são compostos por quartzo, plagioclásio, biotita e

hornblenda. Normalmente, ocorre pirita disseminada.

3.1.3.6. Diques Básicos (Cddb)

Essas rochas ocorrem em forma de diques não mapeáveis que cortam

discordantemente diversas litologias, tais como gnaisses aluminosos,

ortognaisses tonalíticos, gnaisses enderbíticos, ortognaisses granatíferos, etc.

Os contatos são sempre bruscos. São diques estreitos, geralmente com cerca

de 0,20 m de espessura, raras vezes apresentando possança mais expressiva.

Na maior parte da área, trata-se de anfibolitos, mas, em alguns locais, esses

diques apresentam algumas particularidades. São sempre rochas esverdeadas a

acinzentadas, de granulação variando de fina até grossa.

3.1.4. Intrusivas Pós-Transcorrentes (Og4)

Ocorrem como um verdadeiro conjunto de diques, entrecruzando-se

principalmente no quadrante sudoeste da bacia do Jucu. Um deles estende-se

de Domingos Martins até Mocambo, enquanto que outros dois, de direção

Page 22: bacia_do_rio_jucu

aproximada norte-sul, situam-se no canto noroeste, um deles cortando o

Maciço Garrafão.

São diques descontínuos e de espessura reduzida, só localmente ocorrendo

como pequenos corpos arredondados a ovalados, às vezes alongados.

Geralmente são constituídos por um alinhamento de blocos arredondados

ocasionais, que se estendem por até dezenas de quilômetros, produtos de

intemperismo.

Compõem-se de granito cinza claro a esbranquiçado, isotrópico, de granulação

fina a média, com feldspato potássico, quartzo, plagioclásio e biotita. Em

vários desses diques, observa-se a presença de allanita em cristais escuros

circundados por uma auréola esverdeada a avermelhada, conforme o grau de

alteração. Localmente, a composição varia para granodiorítica e até diorítica.

3.1.5. Formação Barreiras (TQ)

O Barreiras Terciário da região litorânea tem suas melhores exposições na

rodovia BR-101, que contorna Vitória, onde se observa que a unidade

apresenta camadas tabulares de areias arcoseanas, conglomerados feldspáticos

e, secundariamente, argilas sílticas.

Em furos de sondagem realizados próximo a Nova Almeida, localidade

próxima e ao norte da bacia do rio Santa Maria, constatou-se que a espessura

desses sedimentos é de cerca de 80 m, aumentando gradativamente em direção

à plataforma continental, podendo atingir 150 m. A unidade basal repousa em

discordância erosiva sobre os gnaisses granitóides do Complexo Paraíba do

Page 23: bacia_do_rio_jucu

sul e apresenta-se recoberta por depósitos de diversas fases de sedimentação,

pertencentes ao Barreiras Pleistocênico.

O Barreiras Superior está separado por discordância erosiva do Barreiras

Terciário e do Complexo Paraíba do Sul. Os sedimentos são extremamente

variáveis. Na região sul do estado, são reconhecidas duas fases de deposição,

sendo que a unidade inferior é representada por sedimentos grosseiros

compostos por areias arcoseanas e cascalhos e, secundariamente, por lentes de

argila. Na unidade superior, os sedimentos são mais variados e formam lentes

ou estreitas camadas de material areno-argiloso ou argilo-arenoso. Raramente,

as duas unidades somam mais de 20 m de espessura.

Na região de Vitória-Cariacica-Nova Almeida, o Barreiras Pleistocênico

apresenta três fases de sedimentação, totalizando até 50 m de espessura,

estando sobreposto por discordância erosiva ao Barreiras Terciário e ao

embasamento cristalino. Duas dessas unidades são bem características. A

unidade inferior é basicamente formada por estratos regulares de areias

arcoseanas, localmente conglomeráticas, e níveis subordinados argilosos. A

unidade superior é formada principalmente de lentes irregulares de material

areno-argiloso ou argilo-arenoso.

Os sedimentos deste grupo distribuem-se sempre próximos ao litoral. Ocorrem

a partir do município do Rio de Janeiro em direção à cidade de Vitória, onde

se prolongam para norte continuamente. As maiores exposições estão sobre a

parte emersa da bacia de Campos, no Estado do Rio de Janeiro.

Page 24: bacia_do_rio_jucu

As análises realizadas nos sedimentos Barreiras levam a concluir que seus

minerais sofreram curto transporte, mais ou menos rápido e por meio de

correntes que foram incapazes de realizar um selecionamento, devido à curta

distância, tipo de relevo e volume de material transportado, e que tal material

teve como origem a decomposição de rochas gnáissicas.

Os teores relativamente elevados de feldspatos (nunca superiores a 40 %), de

minerais pesados instáveis ou moderadamente instáveis, e o predomínio de

montmorilonita nas argilas sugerem que, na área-fonte, o clima era

provavelmente seco (do tipo semi-árido ou semi-úmido).

3.1.6. Coberturas Quaternárias

3.1.6.1. Quaternário Marinho e Fluviomarinho

Os sedimentos litorâneos apresentam-se onde predominam áreas mais planas,

que possibilitaram sua maior continuidade. São formados pela ação das águas

de inundação provocadas pelas variações dos regimes hidrológicos e das

marés, causando sedimentação, ação de abrasão marinha e ação eólica,

constituindo ou reativando dunas.

Os sedimentos são formados basicamente por areias quartzosas, de cores

esbranquiçadas e amareladas, de granulação fina a grosseira, com certo

selecionamento, podendo também ser mal selecionadas. Seus grãos variam de

subangulares a arredondados, sendo encontrados grãos de feldspatos e

minerais máficos, principalmente biotita e, mais raramente, minerais pesados.

Estão reunidas nesta unidade as planícies e terraços marinhos e

fluviomarinhos, dunas, restingas e falésias.

Page 25: bacia_do_rio_jucu

3.1.6.2. Quaternário Aluvionar

Os depósitos aluvionares têm expressão cartográfica bem distribuída na área,

em forma de várzeas alongadas, das quais a maior parte, na região

montanhosa, está sendo utilizada pelos agricultores. São constituídos

essencialmente de sedimentos argilo-arenosos. Um perfil típico mostra a

seguinte distribuição, da base para o topo: cascalho fino a grosso com areia,

areia com seixos, areia fina a grossa, areia argilosa e argilo-arenosa. A matéria

orgânica distribui-se aleatoriamente. Às vezes, são observados níveis bastante

argilosos, de dimensões decimétricas.

3.2. ESTRUTURAS

A área encontra-se inserida na denominada Província Mantiqueira, de Hasui

(1982), cujos limites coincidem com os do Cinturão Ribeira (Almeida et al.,

1973). É considerada como de natureza ensiálica por Cordani & Brito Neves

(1982), com atuação muito forte do Ciclo Brasiliano sobre um embasamento

de idade arqueana a proterozóica inferior, denominado por sua vez de

Cinturão Paraíba do Sul por Cordani et al. (1973), com mesmo trend estrutural

e com idades amplamente indicadas por isócronas Rb/Sr em Rocha Total e

medidas U-Pb em zircões.

Todas essas unidades geotectônicas fariam parte de uma unidade maior, o

Cinturão Móvel Costeiro, de Mascarenhas (1973) e Almeida (1979, 1981), de

idade Jequié (2.700 m.a.), que se estende através do Brasil oriental desde a

Faixa Sergipana, a norte, atingindo o Uruguai, a sul.

Page 26: bacia_do_rio_jucu

Reportando-nos aos trabalhos de cunho geofísico, desenvolvidos por Haralvi

& Hasui (1982) para o Brasil oriental, a área encontra-se inserida no domínio

do Bloco Vitória, dentro da compartimentação regional em blocos proposta

por aqueles autores, com base em anomalias gravimétricas lineares,

indicativas de importantes descontinuidades, com a origem dessa estrutura

relacionada ao Evento Jequié.

Os principais grupamentos litológicos cartografados dentro da área incluem

terrenos granito-gnáissicos com encraves de supracrustais associados, aqui

subdivididos em ortognaisses tonalíticos e paragnaisses bandados, com níveis

de quartzitos, e ainda terrenos de alto grau, representados por gnaisses

aluminosos tipo kinzigítico, com corpos charno-enderbíticos intimamente

associados, todos relacionados a um Cinturão Granulítico Atlântico, de

Leornados Jr. & Fyfe (1974). Corpos de granitos intrusivos ocorrem

principalmente na metade oeste.

Em termos deformacionais, as estruturas regionais mais notáveis observadas

na área são a foliação e bandamento gnáissico de direção geral N-S, de baixo

ângulo, com mergulhos de 10 a 30 graus para leste, resultado de forte

transposição que afetou as estruturas pretéritas de todos os litótipos nela

individualizados, à exceção dos tipos graníticos intrusivos presentes.

A essa deformação estão associadas algumas zonas de cisalhamento

contracional curvilíneas (zona do Galo, rio das Pedras, rio Claro), também de

baixo ângulo, interpretadas aqui como resultado da evolução do próprio

processo de transposição, visíveis nas imagens de radar de forma marcante.

Page 27: bacia_do_rio_jucu

A essa deformação segue-se uma outra representada por dobras com trend, em

geral, segundo N-S, bem visível na base hypsométrica, com estilos variando

desde fechados a até muito abertos, às quais, possivelmente, estariam

relacionadas zonas de cisalhamento do Batatal e represa Suíça de alto ângulo,

de mesma direção. Essas estruturas são também visíveis e bem marcantes nas

imagens de satélite.

A terceira fase de deformação é representada por um dobramento muito

aberto, provavelmente do tipo flexural, de trend E-W, assim considerado face

à sua interferência com a deformação anterior, resultando padrões locais do

tipo domo.

Finalmente, seguem-se fraturas de distensão, algumas preenchidas por rochas

básicas, predominantemente de direção NW-SE (Tijuco, Bom Parto, Volta

Peçanha, Domingos Martins; Viana - Leopoldina, Pedra Preta; e Pedra Azul) e

NE-SW de menor extensão regional (Granja Califórnia, Rio Jequitibá).

Esses sistemas de estruturas regionais são importantíssimos para prospecção

de águas subterrâneas, a exemplo de Domingos Martins.

Fonte: Diagnóstico e Plano Diretor das Bacias dos Rios Santa Maria da

Vitória e Ju

I.7. Geomorfologia

4. GEOMORFOLOGIA DAS BACIAS DOS RIOS SANTA MARIA DA

VITÓRIA E JUCU

Page 28: bacia_do_rio_jucu

4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

O relevo das bacia dos rios Santa Maria da Vitória e Jucu apresenta uma

variedade de feições geomorfológicas, decorrentes de sucessivas mudanças

climáticas, das características litológicas e estruturais e dos fatores biológicos.

Nas bacias, foram identificadas as seguintes unidades geomorfológicas,

mostradas no Mapa HAB-V2-004/97, em anexo, e apresentadas no Quadro 4.1

abaixo:

QUADRO 4.1DIVISÃO GEOMORFOLÓGICA DA BACIA DOS

RIOS SANTA MARIA DA VITÓRIA E JUCU

DOMÍNIOS MORFOESTRUTURAI

S

REGIÃO GEOMORFOLÓGICA

UNIDADE GEOMORFOLÓGICA

Depósitos Planícies Costeiras Planícies Litorâneas

Sedimentares Tabuleiros Costeiros Tabuleiros Costeiros

Faixas de Dobramentos

Colinas e Maciços Costeiros

Colinas e Maciços Costeiros

Remobilizados Mantiqueira Setentrional

Patamares Escalonados do Sul

Capixaba

O mapa geomorfológico é resultante da compilação de dados bibliográficos

disponíveis, bem como da análise dos mosaicos semi-controlados de radar na

escala 1:250.000 e das imagens do satélite Landsat TM, canal 4, preta e branca

e composição colorida dos canais 4, 5 e 6.

Page 29: bacia_do_rio_jucu

As representações no mapa foram feitas seguindo a orientação do Manual

Técnico de Geomorfologia do IBGE (1992) e de Argento (1994).

Como instrumento auxiliar de análise, foi elaborado o Mapa HAB-V2-003/97,

que apresenta a hipsometria das bacias.

4.2. EVOLUÇÃO DO RELEVO

Os ciclos de erosão que sucederam ao ciclo Sul-Americano na região

ocidental do Brasil, após os soerguimentos epirogênicos do Terciário médio e

posteriores, são mascarados pelo entalhamento e abertura de vales, que

destruíram a maior parte do planalto produzido. Localmente, esses ciclos

posteriores atingiram uma fase avançada de aplainamento. O ciclo de erosão

Velhas, que sucedeu o ciclo Sul-Americano e atingiu um dos níveis de base no

Terciário superior, dissecou o planalto anteriormente produzido, criando vales

e formas erosivas.

Mesmo quando atinge o aplainamento, a superfície Velhas freqüentemente

apresenta remanescentes, isolados ou em grupos, que se destacam como

morros testemunhos, tais como a Pedra Azul, Serra do Garrafão e o maciço do

Rio Ponte, situados nas cabeceiras das bacias.

De forma geral, a paisagem é ondulada e pedimentada e a superfície se

apresenta delineada por profundos vales, entalhados no ciclo que sucedeu o de

Velhas: o Paraguaçu. A superfície desenvolvida no ciclo Velhas apresenta

depósitos denominados “Barreiras”, na região costeira, que são considerados

Page 30: bacia_do_rio_jucu

de idade pleistocênica, apesar da ausência de fósseis. Por sua vez, a erosão

cíclica quaternária acha-se representada na área adjacente a esta, destruindo,

em alguns lugares, as formas de relevo anteriormente geradas. Trata-se

essencialmente de um ciclo de vales recentes que margeiam o continente.

Após o entalhamento dos vales no ciclo Paraguaçu, somente pequenas

variações dos níveis da costa e do mar estão marcados no litoral. Destaca-se

ainda o pronunciado afogamento que afetou as extremidades inferiores dos

vales principais, a profundidade de 50 a 80 metros, dando origem, por

exemplo, à Baía de Vitória.

4.3. DOMÍNIOS MORFOESTRUTURAIS

A área abrangida pelas bacias dos rios Santa Maria da Vitória e Jucu comporta

dois domínios morfoestruturais brasileiros: Depósitos Sedimentares e Faixa de

Dobramentos Remobilizados. Estes domínios ou macro estruturas de relevo

subdividem-se em quatro regiões e quatro unidades geomorfológicas. A

influência das estruturas geológicas na evolução geomorfológica foram

ressaltadas principalmente na faixa de Dobramentos Remobilizados.

4.3.1. Domínio dos Depósitos Sedimentares

Neste domínio, foram considerados alguns conjuntos de depósitos com maior

expressão regional que ocorrem ao longo da faixa costeira do Estado do

Espírito Santo. Esses conjuntos sedimentares e coluviais são descontínuos no

litoral. São representados, na área em estudo, por sedimentos continentais do

Grupo Barreiras e por sedimentos de origem marinha, fluvial e fluviomarinha,

acumulados durante o Terciário e o Quaternário.

Page 31: bacia_do_rio_jucu

De acordo com a diversidade de combinações morfoestruturais e

morfoclimáticas, destacam-se duas regiões neste domínio:

as Planícies Costeiras;

os Tabuleiros Costeiros.

Essas regiões encerram aspectos fisiográficos que condicionam ambientes

genéticos e modelados de acumulação e de dissecação das unidades que as

compõem, conforme apresentado a seguir.

4.3.1.1. Região das Planícies Costeiras

A Região das Planícies Costeiras é representada na bacia pela Unidade

Geomorfológica Planícies Litorâneas, estendendo-se de forma heterogênea

próximo ao litoral, separada dos Maciços, Colinas e Tabuleiros. Sua

denominação se justifica pelo fato de que suas feições planas estão situadas

próximo à costa. Compreende uma série de ambientes diversificados e

complexos, afetados por oscilações eustáticas e climáticas e pelo controle

tectônico regional, refletindo esses condicionamentos a distribuição espacial.

A Unidade encontra-se bem distribuída nos municípios de Vitória, Serra,

Viana e Vila Velha.

A configuração espacial dessas feições acumulativas demonstra as variações e

tipos de fluxos de energia e massas atuantes, com os processos de solifluxão

gerando as rampas de colúvios e os desmoronamentos de massa. Por outro

lado, as características hidrológicas dos canais influenciam, juntamente com

outros processos, o modelado das feições.

Page 32: bacia_do_rio_jucu

A planície litorânea é constituída, em sua maioria, por materiais acumulativos

do tipo aluvial e coluvial, com larguras e extensões variáveis.

Os depósitos coluviais encontram-se normalmente mais próximos às encostas,

como resultado do transporte de material de alteração, em períodos mais

secos, quando era menos densa a distribuição da cobertura vegetal e ocorria

atuação mais efetiva de chuvas torrenciais sobre o solo. A estes depósitos

seguem-se os de origem marinha, principalmente nas partes topograficamente

mais baixas. Os modelados de origem fluviomarinha estão relacionados ao

retrabalhamento de depósitos de origem marinha, fluvial ou mesmo coluvial

anteriormente localizados nos fundos das enseadas. Os sedimentos marinhos e

fluviomarinhos mais recentes correspondem às praias atuais e às áreas sob

influência das marés. Formam, por exemplo, o substrato dos manguezais, que

chegam a avançar alguns quilômetros nos rios Santa Maria da Vitória e Bubu.

Segundo Ferreira (1989), a sucessão de eventos que culminou na atual

configuração da baía de Vitória se iniciou na penúltima transgressão

(aproximadamente 120.000 anos antes do presente — A.P.), quando houve

uma elevação do nível do mar e o conseqüente afogamento dos vales e os

sedimentos arenosos marinhos depositaram-se aos pés dos sedimentos

Terciários da Formação Barreiras, acabando por originar um terraço arenoso

Pleistoceno, característico no norte da Baía de Vitória.

Posteriormente a esta fase interglacial, houve um novo período glacial

(Glaciação de Würm ou Winconsin), que teve início há cerca de 74.000 A.P. e

apresentou seu ponto crítico no Pleistoceno (entre 18.000 e 13.000 anos A.P.),

quando o nível do mar chegou a atingir 100 m abaixo do atual. Em

Page 33: bacia_do_rio_jucu

conseqüência deste fato, as linhas de costas avançaram plataforma adentro,

criando fontes de areias depositadas na paleoplanície em forma de

paleorestingas e paleodunas.

A partir de 18.000 A.P., houve a última transgressão marinha que ultrapassou

o nível atual do mar por volta dos 7.000 anos A.P. De acordo com Suguio et

alli, citado por Ferreira, os profundos vales entalhados no Pleistoceno foram

progressivamente invadidos por lagunas e as partes frontais intactas dos

terraços foram erodidas formando importantes depósitos de areia sobre a

plataforma continental.

Na bacia do rio Santa Maria da Vitória, a Unidade está muito bem

representada próximo à Baía de Vitória, na desembocadura do rio entre as

cotas altimétricas de 0 a 80 m. Na porção sudoeste do município de Serra, as

Planícies Litorâneas ocupam a grande parte das sub-bacia do Ribeirão Brejo

Grande e Córrego Aruaba. A nordeste do município de Cariacica, próximo à

foz dos rios Duas Bocas e Bubu, a altitude é de 40 m , e os terrenos estão

apenas sujeitos à inundação durante um determinado período do ano.

Na zona entre a bacia do rio Jacarandá e a desembocadura do rio Jucu, a

distribuição das Planícies Litorâneas está entre as cotas 0 e 60 m. Próximo ao

litoral, a Unidade se limita, a norte, pelos bairros da Glória e Santa Mônica.

Na sua porção noroeste, é limitado pelo rio Marinho e, na parte sul, pelos

Tabuleiros Costeiros. Parte considerável de Vila Velha é constituída pela

Unidade de Planícies Litorâneas, que se estende desde o norte deste município

até o sudoeste, adentrando no município de Viana na sub-bacia do rio

Jacarandá.

Page 34: bacia_do_rio_jucu

a. Planícies Litorâneas de Origem Fluviais

Os sedimentos de origem fluvial distribuem-se nas várzeas alongadas,

formadas pela ação das ação das águas de inundação. A declividade é mínima

e os depósitos são constituídos essencialmente de sedimentos do tipo aluvial e

coluvial, cujos materiais são argilosos e argilo-arenosos, onde a matéria

orgânica se distribui de forma aleatória.

As Planícies Litorâneas de origem fluvial concentram-se nos vales mais largos

onde a topografia suave possibilita a acumulação. O vale do rio Jacarandá

possui espessos depósitos de origem fluvial, que se distribuem também ao

longo do rio Jucu, estendendo-se desde a cota 200, aproximadamente, até a

sua foz. Na porção norte, nas bacias dos córregos Fundo e Itaiobaia, no

município de Serra, os materiais ocorrem ao longo do vale, acompanhando

ainda o rio Santa Maria da Vitória, à retaguarda dos sedimentos

fluviomarinhos.

De forma geral, a morfologia das Planícies Fluviais não condiz com os

fenômenos geomorfológicos que atuam no período atual (Holocênico),

sugerindo que foram formadas quando o ritmo de acumulação e a energia dos

cursos era muito diferente. O fundo deposicional plano, substancialmente

alargado, sugere uma oscilação do nível do mar, com uma submersão recente

da costa próximo às desembocaduras dos rios.

b. Planícies Litorâneas de Origem Marinha

Estas planícies são constituídas de material acumulativo oriundo da ação das

marés, atualmente, ou dos movimentos de elevação e rebaixamento do nível

do mar nos períodos de alternâncias das glaciações. Em sua maioria, os

Page 35: bacia_do_rio_jucu

depósitos distribuem-se ao longo do litoral e no fundo da Baía de Vitória.

Aparecem no interior, nas áreas rebaixadas que, outrora, estiveram sob a

influência marinha. Em sua maioria, são sedimentos não consolidados

formados por areias quartzosas.

Nas bacias do rios Jucu e Santa Maria, esta unidade ocorre ao

longo do litoral. Alcançam maiores expressões à retaguarda

das lagoas costeiras da Praia Grande.

c. Planícies Litorâneas de origem fluviomarinha

Predominam nas áreas planas que sofrem a ação das águas marinhas e fluviais,

formadas pela variação dos regimes hidrológicos e das marés, ou seja, são

porções terrestres de topografia rebaixada, permitindo tanto o afogamento pelo

mar, como a ação dos caudais dos rios que cortam a região. Os sedimentos são

compostos em sua maioria por materiais argilo-arenosos e areno-argilosos.

Apresentam solos salino-sódicos e encontram-se quase que totalmente

cobertos pela vegetação de mangue.

Na Baía de Vitória, esta unidade concentra-se próximo à foz do rio Santa

Maria da Vitória e Bubu, e no extremo norte da baía, estendo-se em direção ao

ribeirão Brejo Grande, bem como nas áreas rebaixadas (4 m de altitude) a

oeste e sudoeste da localidade de Carapina. Na bacia do rio Jucu, as planícies

litorâneas de origem fluviomarinha se encontram em pontos isolados da sua

desembocadura.

4.3.1.2. Região dos Tabuleiros Costeiros

Page 36: bacia_do_rio_jucu

A Região dos Tabuleiros Costeiros é representada na bacia pela Unidade

Geormofológica Tabuleiros Costeiros, que estende-se de maneira descontínua,

sendo formada por depósitos argilo-arenosos do Grupo Barreiras e argilitos.

Os Tabuleiros Costeiros são limitados, a oeste, tanto pelas Colinas e Maciços

Costeiros, quanto pelas Planícies Litorâneas; a leste, na sua maior extensão,

entra em contato com o mar. Constituem-se de relevos dissecados de topos

aplainados a convexizados, com aprofundamento dos vales. O litoral norte e

sul das bacias do rio Santa Maria da Vitória e Jucu apresenta Tabuleiros

Costeiros, com altitudes que variam entre 15 e 40 m. Aparecem de maneira

mais contínua nos municípios de Vila Velha e Serra. Geralmente, a área

ocupada por esta Unidade é controlada por um sistema de drenagem com

padrão subdendrítico com canais largos e que formam planícies coluvionadas.

O contato com as Colinas e Maciços Costeiros é feito de maneira gradual, sem

que muitas vezes seja observada a passagem de uma unidade para outra. Isto

se deve a uma acentuação na dissecação dos Tabuleiros Costeiros, que

assumem formas semelhantes às daquela unidade. Esta cobertura sobre

relevos esculpidos em rochas pré-Cambrianas posicionadas à retaguarda dos

Tabuleiros demonstra a extensão destes depósitos em direção ao interior,

ocupando área maior que a atual, e que em parte foram removidos das

encostas e vales, tendo sido preservados apenas nas partes mais elevadas.

Em direção ao litoral, os Tabuleiros Costeiros comumente apresentam-se

marcados por falésias que podem estar ou não em contato com o mar. No

primeiro caso as falésias apresentam perfis intercalados por estratos

ferruginizados correspondendo a variações do nível do lençol freático, em

Page 37: bacia_do_rio_jucu

função de flutuações do nível do mar. Na base desses perfis, encontram-se

níveis areníticos calcificados do tipo beach rock (arrecifes).

Na porção norte, por exemplo, a Unidade ocupa todo o extremo sul do

município de Serra, sendo cortada por pequenos cursos que nascem em cotas

de até 40 m, como os córregos Maringá e Manguinhos, Palado e Carapina.

Áreas contíguas às Planícies Litorâneas se destacam na paisagem por suas

cotas mais elevadas e uma vegetação muito diferente.

Por sua vez, os Tabuleiros Costeiros do sul da área de estudo estão

marcadamente representados por morros e morrotes de topos suaves e

aplainados, como é o caso do Morro da Lagoa, e são cortados pelos rio Chury

e pelo córrego do Congo.

4.3.2. Domínios das Faixas de Dobramentos Remobilizados

As Faixas de Dobramentos Remobilizados caracterizam-se pelas evidências de

movimentos crustais, com marcas de falhas, deslocamentos de blocos e

falhamentos transversos, impondo nítido controle estrutural sobre a

morfologia atual.

Este controle estrutural pode ser evidenciado pelas extensas linhas de falha,

escarpas de grandes dimensões e relevos alinhados, coincidindo com os

dobramentos originais e/ou falhamentos mais recentes, que, por sua vez,

atuaram sobre antigas falhas. Os processos morfoclimáticos que têm

submetido todo o conjunto não obliteraram os traços das estruturas primárias.

O domínio está representado na área em estudo por duas regiões

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geomorfológicas, a saber: Colinas e Maciços Costeiros e Mantiqueira

Setentrional.

4.3.2.1. Região das Colinas e Maciços CosteirosEngloba uma única unidade geomorfológica, que recebeu a mesma

denominação da região. A Unidade Colinas e Maciços Costeiros distribui-se

por uma área de topografia deprimida, com reduzidos valores altimétricos em

relação a outras unidades, refletindo estrutura fraturada e dobrada. A oeste,

está a Unidade Patamares Escalonados do Sul Capixaba e, a leste, estão as

Unidades Planícies Litorâneas e Tabuleiros Costeiros.

Esta Unidade, nas bacias focalizadas, ocorre entre as cotas de 0 a 400 m,

aproximadamente, estendendo-se nos municípios de Vitória, Cariacica, Serra,

Santa Leopoldina, Viana e Vila Velha.

A posição geográfica da Unidade Colinas e Maciços Costeiros determinou,

através da atuação dos controles geológicos, climato-eustáticos e processos

subatuais, os diferentes tipos de modelados de dissecação, compreendendo

colinas côncavo-convexas e um conjunto morfológico mais elevado, integrado

pelas serras e maciços litorâneos.

As colinas englobam fácies de dissecação de densidade de drenagem fina e

média. As fácies que ocorrem nas pequenas áreas nos sopés da escarpa da

serra, separadas pelas Planícies Fluviais, são caracterizadas por colinas

aprofundadas e convexas. Próximo a Vitória, as colinas tornam-se

heterogêneas, refletindo diferentes modelados de dissecação com áreas pouco

expressivas. As colinas de forma convexa e/ou convexo-côncava, separadas

Page 39: bacia_do_rio_jucu

por depressões alvejares colmatadas e planícies aluviais, são semelhantes em

toda a sua continuidade espacial.

As colinas apresentam cobertura coluvial no topo e linha de pedra angulosa

e/ou subarredondada separando aquele material superior da alteração dos

gnaisses. Predominam sedimentos areno-siltosos e/ou areno-argilosos,

observando-se muitas vezes concentrações ferruginosas. Matacões e blocos

ocorrem nas encostas em áreas onde não se registram espessuras significantes

de colúvio.

As linhas de pedra e o colúvio são indicadores do balanço

alteração/desnudação equivalente à pedogênese/morfogênese. O colúvio no

qual se fossilizam os acamamentos de seixos estão relacionados a fluxos de

massas oriundos de encostas dos maciços e serras circundantes. A desnudação

é provocada pelo remanejamento das formações superficiais devido ao

escoamento superficial sob condições climáticas mais secas. Esses colúvios

aparecem em maior espessura nas concavidades das bases das vertentes e

diminuem gradativamente em direção ao topo das colinas. Quanto à cobertura

vegetal, são os campos que dominam na área colinosa, em decorrência das

devastações e queimadas. Somente nas áreas mais elevadas encontram-se

restos da mata.

Em Vitória, a unidade está representada pelo Morro do Alagoano, com 273 m

de altitude, o Morro da Fonte, com 300 m, e o Morro do Quadro, com 290 m.

Todo o centro urbano de Vila Velha está assentado sobre esta Unidade, onde

se destacam os Morros do Pão de Açúcar (235 m) e o Morro do Exército

(295 m). No município de Serra, sobressai-se na paisagem o Morro do Céu e a

Page 40: bacia_do_rio_jucu

Serra Mororon, com 414 e 328 m, respectivamente. Em Santa Leopoldina, os

maciços costeiros são cortados pelos córregos da Poça e São Miguel. Em

Cariacica, estas formações geomorfológicas não alcançam valores altimétricos

muito elevados, variando entre 20 e 200 m. Enfim, em Viana, a única elevação

convexa a se destacar é o Morro Grande, com 295 m de altitude.

São significativos, nesta unidade, os movimentos de massas devido à

existência de espessos mantos de alteração nas vertentes, favorecidos pelos

altos índices pluviométricos e pela ocupação antrópica.

4.3.2.2. Região da Mantiqueira Setentrional

A Região da Mantiqueira Setentrional na área em estudo engloba unicamente

a unidade geomorfológica denominada Patamares Escalonados do Sul

Capixaba.

Os Patamares Escalonados do Sul Capixaba são constituídos por conjuntos de

relevos que funcionam como degraus de acesso aos diferentes níveis

topográficos. Limitam-se, a leste, com as Colinas e Maciços Costeiros.

Distinguiram-se, na área em estudo, dois compartimentos morfológicos

alicerçados sobre gnaisses, kinzigitos, quartzitos e alguns granitóides. Tais

compartimentos compreendem o Patamar Oriental e o Patamar Ocidental.

O Patamar Oriental possui características de um elevado bloco basculado para

leste e está localizado entre o topo deste planalto e as Colinas e Maciços

Costeiros, a leste. É destacado pela presença de sulcos estruturais, orientados

no sentido N-S, aproximadamente, e falhas menores intercruzadas, criando

formações extensas e peculiares, notadamente próximo à borda leste, onde as

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encostas são marcadas por falhamentos, evidenciados nos planos de falhas

existentes em quase toda a sua extensão. Os solos são predominantemente

Cambissolos.

A pequena profundidade da alteração, inferior a dois metros, denuncia

também o controle da estrutura na esculturação do relevo, fato atestado ainda

nas formas alongadas e pela presença de grandes blocos angulares nas

encostas. Os pontões rochosos constituem feição notável dos modelados

diferenciais deste setor. O relevo é acidentado, fortemente declivoso,

apresentando muitas vezes afloramentos rochosos, como é o caso das Pedras

do Tirol (690 m), Boqueirão (90 m), Preta (1.044 m) e Martha (630 m).

Na bacia do rio Santa Maria da Vitória, destacam-se algumas elevações com

encostas íngremes, típicas desta unidade, como as Serras da Santa Lúcia (785

m), da Andorinha (810 m), Bragança (640 m), Escalvada (619 m), da

Samambaia (510 m) e do Mestre Álvaro (833 m), todas com cotas

altimétricas acima de 500 m. Na bacia do rio Jucu, grandes formações são

encontradas as Serras do Batatal, cujo ponto culminante tem 885m de altitude,

do Galo (930 m) e Pé de Urubu (615 m).

Os rios são encaixados, geralmente possuindo leitos pedregosos e

encachoeirados. Na bacia do rio Santa Maria da Vitória, destacam-se, em

Santa Leopoldina, os rios Crubixá-Mirim, Crubixá-Açú, dos Pardo, ribeirão

Timbuí e o rios Cachoeira da Fumaça e das Farinhas, com orientação

nitidamente estrutural.

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Nesse município, o rio Santa Maria da Vitória corta estas formações

estruturais no sentido ONO-ESE, aproveitando as pequenas falhas,

constituindo o coletor dos longos e estreitos vales que comportam os cursos

fluviais. Os rios do Batatal e Galo são os principais cursos localizados nas

grandes linhas estruturais descontínuas, sem ligações entre si. São visíveis os

sinais de escorregamento de terra e intensos ravinamentos.

O setor correspondente ao Patamar Ocidental tem um aspecto mais uniforme,

com relevos dissecados em formas colinosas ou alongadas com topos

convexos. A existência de ravinamentos é perceptível e associa-se inclusive às

características texturais finas e arenosas dos colúvios que recobrem os relevos,

principalmente na parte sul.

O relevo é menos acidentado que o do Patamar Oriental e as encostas são

longas e uniformes. Na bacia do rio Santa Maria, as Serras do Garrafão e

Tijuco Preto são as únicas grandes elevações dignas de destaque, com 1.462 m

e 1.305 m, respectivamente. É muito comum, em escala ampla, a presença de

vales abertos e colmatados, e o rio Santa Maria da Vitória não foge à regra,

com um vale amplo, cujo curso possui longos trechos de gradientes suaves e

sinuosos. Por sua vez, na bacia do rio Jucu, os maiores acidentes geográficos

são as Serras do Redentor (1.860 m) e da Pedra Azul (1.909 m).

Esta unidade corresponde a quase 40 % das bacias em estudo. Está localizada

na porção Centro-Oeste, distribuindo-se pelos municípios de Santa Maria do

Jetibá, São Domingos e Marechal Floriano.

As várzeas estão representadas nas áreas planas, resultantes da acumulação

fluvial ou de enxurradas, contendo várzeas atuais. Estas nem sempre

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possibilitam representação em pequena escala. Os depósitos aluviais

coalescem, através de ressaltos topográficos, com a parte terminal dos planos

inclinados, constituídos de materiais arenosos, de granulometria fina a média,

sendo recobertos periodicamente por uma película de argila resultante das

inundações.

As várzeas são de grande importância econômica, sendo amplamente

utilizadas para olericultura.

Fonte: Diagnóstico e Plano Diretor das Bacias dos Rios Santa Maria da

Vitória e Jucu.