Balanced Scorecard
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BALANCED SCORECARD
Thomás Freud de Morais Gonçalves
Introdução
O desempenho de um negócio como o todo bem como de suas atividades isoladas é
de importância capital para seu sucesso. Além do mais, antes da execução das atividades
operacionais é importante que haja um planejamento, no qual sejam definidas as estratégias e
objetivos desejados.
No planejamento são definidos os parâmetros de execução do objeto do
planejamento, nesse caso, as atividades do negócio. Se as atividades correspondem à
produção de bens, então no planejamento serão definidos parâmetros tais como: quantidade
produzida, materiais diretos necessários, custo de produção, demanda por mão de obra,
faturamento do negócio, necessidade de capital, fontes de capital desejadas, custo de capital e
muitos outros fatores relacionados com a atividade em questão.
Feito o planejamento e traçadas as estratégias – a forma pela qual o planejamento
será executado – os responsáveis pela execução das atividades têm um parâmetro a seguir. Por
seu torno, a alta gerência que elaborou o planejamento também terá a sua disposição
parâmetros de avaliação do desempenho. Avaliar o desempenho do processo de execução é
indispensável para o sucesso do empreendimento.
Os sistemas de avaliação de desempenho são utilizados por companhias com vários
objetivos, entre eles:
[...] comunicar os objetivos estratégicos da companhia; motivar empregados
a apoiar a consecução dos objetivos organizacionais; avaliar o desempenho
de gerentes, empregados e das unidades operacionais; apoiar gerentes a
alocar os recursos nas oportunidades de negócios de forma mais eficiente e
lucrativa; gerar um feedback para os interessados a respeito dos progressos
da companhia em relação à suas estratégias de negócios (ATKINSON et al,
2012, p.18, tradução do autor).
De uma forma geral, mensura-se o desempenho com o objetivo de controlar a
execução das atividades, equilibrando desvios, maximizando a eficiência e reportando o
resultado por meio de relatórios.
Via de regra, esse acompanhamento é feito através do uso de indicadores de
desempenho. Tais indicadores podem ser financeiros e não financeiros. Indicadores
financeiros correspondem a coeficientes que sintetizam a relação matemática entre grandezas
ou variáveis financeiro-patrimoniais de modo a gerar uma unidade de informação comparável
e significativa, como exemplo disso há o ROI, indicadores de liquidez e endividamento, entre
outros. Os indicadores não financeiros, por seu turno, relacionam elementos não financeiros –
por vezes subjetivos – com o objetivo de gerar uma medida significativa de acompanhamento
do desempenho de atividades, por exemplo, o número de clientes atendidos por minuto em
uma fila de supermercado ou a escala de satisfação do cliente ao ser atendido.
Atkinson et al (2012) explicam que o grande desafio da mensuração de desempenho
através de indicadores está em encontrar a combinação correta entre indicadores financeiros e
não financeiros na avaliação do desempenho das atividades organizacionais.
Anteriormente ao século 20, a avaliação de desempenho em organizações era
predominantemente de cunho financeiro. Entretanto, após o século 21, muitas coisas
mudaram, conceitos gerenciais surgiram e verificou-se que havia elementos não financeiros
essenciais para o sucesso organizacional. Por isso, tornou-se relevante avaliar esses elementos
e medi-los. Com isso, surgiram muitos sistemas de mensuração de desempenho que
relacionavam não só indicadores financeiros, mas também medidas não financeiras derivadas
das estratégias organizacionais e um desses sistemas é o BALANCED SCORECARD (BSC)
(Atkinson et al, 2012).
1 Balanced Scorecard
O Balanced Scorecard é uma ferramenta desenvolvida por Robert Kaplan, um
professor na Harvad University e David Norton, consultor empresarial. Kaplan e Norton
lideravam uma pesquisa em aproximadamente vinte companhias explorando novos métodos
de mensuração de desempenho organizacional. Sua pesquisa se apoiava na ideia cada vez
mais crescente – à época – de que as medidas financeiras de desempenho tornavam-se cada
vez menos ineficientes, considerando os modelos de negócios e gestão das modernas
organizações empresariais. Kaplan e Norton estavam convencidos de que a dependência
exclusiva de indicadores financeiros de desempenho afetava as companhias em sua habilidade
de criar valor (NIVEN, 2002).
Os criadores do método acreditavam que a mensuração de desempenho
organizacional deveria basear-se em um número possível de alternativas que permitissem
incorporar e avaliar as atividades executadas em todo o âmbito da organização: atividades
ligadas aos clientes, processos organizacionais internos, atividades relacionadas aos
funcionários e variáveis que afetam aos acionistas em geral. Kaplan e Norton batizaram essa
ferramenta de Balanced Scorecard (NIVEN, 2002).
Inicialmente essa ferramenta predominou nas corporações com fins lucrativos, não só
como uma ferramenta complementar à avaliação por indicadores financeiros, mas também
como meio de comunicação das estratégias organizacionais para todo o ambiente corporativo.
Além disso, mais tarde verificou-se que além de ser uma ferramenta predominantemente
adotada em organizações com fins lucrativos, organizações sem fins lucrativos também
implementaram a ferramenta e com absoluto sucesso (NIVEN, 2002).
Assim, o Balanced Scorecard consiste em uma ferramenta que “[...] mensura o
desempenho organizacional através de quatro diferentes – mas interligadas – perspectivas, as
quais derivam da missão, visão e estratégias da organização” (ATKINSON et al, 2012, p.19).
As perspectivas são a financeira, clientes, processos e aprendizagem e crescimento. Para
Niven (2002), o Balanced Scorecard consiste em um conjunto de indicadores derivados das
estratégias da organização utilizadas para comunicar aos empregados e partes interessadas os
resultados e o desempenho a serem atingidos a partir das estratégias definidas. Além disso, o
Balanced Scorecard consiste em uma ferramenta que pode ser adotada como: um sistema de
avaliação, em um sistema de gestão de estratégias e uma ferramenta de comunicação
(NIVEN, 2002).
1.1 Perspectivas do Sistema
Para cumprir seu papel de traduzir a missão e estratégia organizacional em um
compreensivo conjunto de medidas de desempenho (KAPLAN; NORTON, 1996 apud
KNAPP, 2001) o Balanced Scorecard avalia a organização sobre quatro perspectivas: a
perspectiva (1) financeira: que identifica e sumariza as consequências econômicas
mensuráveis decorrentes das ações implementadas e decisões tomadas; (2) clientes: aborda o
conjunto de elementos de avaliação que identificam o cliente e o segmento de mercado no
qual a organização compete e avalia o desempenho do negócio dentro desses segmentos
alvos; avalia-se as formas possíveis de se criar valor para os clientes (3) processos internos:
avalia os processos internos críticos nos quais a organização deve atingir excelência para
continuar criando valor para seus processos, clientes, funcionários e acionistas; e (4)
aprendizagem e crescimento: avalia a infraestrutura que a organização precisa construir para
proporcionar crescimento a longo prazo bem como melhorias (KNAPP, 2001; NIVEN, 2002;
ATKINSON et al, 2012).
Existe na literatura mais atual acerca do BSC a abordagem do que se considera vir a
ser mais uma perspectiva do método, a perspectiva social. Essa perspectiva originalmente não
abordada diz respeita a medidas que avaliam o impacto social das estratégias e do negócio no
ambiente no qual opera. Exemplos de medidas que avaliam essa perspectiva são: o valor
agregado, geração de impostos e tributos e geração de renda (medidas encontradas na
demonstração de valor agregado) entre outras. Seu surgimento encontra justificativa na
paulatina preocupação social envolvendo corporações e negócios. A entidade tem seu papel
social e esse deve ser cumprido, uma vez que ela faz uso dos recursos da sociedade para gerar
riqueza, produzindo também impactos na natureza e no ambiente social em geral. Com isso,
tornou-se importante adotar medidas que pudessem mensurar as questões dessa natureza
envolvendo o negócio.
Cada perspectiva utiliza um conjunto de indicadores de desempenho com o objetivo
de avaliar as atividades correspondentes. Kaplan e Norton (1996, p.44) exemplificam,
ressaltando a importância de que sejam incorporadas medidas especificamente derivadas da
estratégia organizacional:
[...] a perspectiva (1) financeira: utiliza medidas como o retorno do
investimento e o valor econômico adicionado; (2) clientes: utiliza medidas
como satisfação, fidelização, pós venda; (3) processos internos: qualidade,
tempo de resposta, custos e introdução de novos produtos; e (4)
aprendizagem e crescimento: satisfação dos empregados e disponibilidade
do sistema de informação, melhoria da qualidade dos serviços,
desenvolvimento de novas formas de realizar trabalhos e processos.
Em se tratando das perspectivas e seus respectivos objetivos e medidas de
desempenho, Atkinson et al (2012) sugerem algo como o que consta na figura (1). Avalia-se
sob a ótica (1) financeira com o objetivo de gerar valor para o acionista, medida através de
indicadores como retorno sobre o capital investido; quanto aos (2) clientes, os objetivos
tratam da fidelização de clientes, entrega de produtos e mercadorias dentro do prazo, prática
de preços competitivos avaliados medidos através de indicadores tais como percentagem de
retorno de clientes, crescimento de vendas a clientes, índice de entregas dentro do prazo e
comparação de preços com a concorrência; (3) na visão dos processos os objetivos são a
redução do tempo de execução dos processos e melhoria da qualidade, medidos através da
taxa de redução do ciclo de operações – como o giro dos estoques, prazo médio de
recebimento das vendas; (4) quanto à aprendizagem e crescimento podem-se adotar
indicadores como o índice de treinamento de funcionários e melhoria de processos e
capacidades.
Figura 1 Balanced Scorecard: relação entre objetivos e medidas de avaliação
Fonte: ATKINSON et al. Management Accounting: information for decision-making and strategy execution. 6th ed. New Jersey: Person Prentice Hall, 2012.
1.2 Mapa Estratégico
O mapa estratégico consiste em uma espécie de fotografia utilizada pelas companhias
para ilustrar a relação causal entre os objetivos estratégicos por meio das quatro perspectivas
do BSC (ATKINSON et al, 2012). O mapa estratégico é elaborado segundo um processo
lógico, o qual consiste em:
[...] (1) identificar os objetivos financeiros de longo prazo que representam
o ponto final a ser atingido pela estratégia; (2) na perspectiva do cliente,
selecionar os clientes-alvo que irão gerar as receitas para a nova estratégia e
os meios para criar uma proposta de valor que possa atrair, reter e aumentar
os negócios com esses clientes ; ( 3) na perspectiva do processo, selecionar
objetivos que possam criar e oferecer a proposta de valor para o cliente e
também melhorar a produtividade e a eficiência impactando na melhoria das
medidas de desempenho financeiro; e (4) identificar as habilidades dos
funcionários, as necessidades de informação e cultura da empresa e
alinhamento que irá conduzir melhorias nos processos críticos (ATKINSON
et al, 2012, p.26).
A figura (2) representa um roteiro para elaboração do mapa estratégico seguindo os
pressupostos abordados no parágrafo anterior.
Figura 2 Roteiro para elaboração do mapa estratégico
Fonte: ATKINSON et al. Management Accounting: information for decision-making and strategy execution. 6th ed. New Jersey: Person Prentice Hall, 2012.
Referências
ATKINSON et al. Management Accounting: information for decision-making and strategy
execution. 6 ed. New Jersey: Person Prentice Hall, 2012.
KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P. The balanced scorecard: translating strategy into
action. Boston: Harvard Business Scholl Press. 1996
NIVEN, Paul R. Balanced Scorecard step-by-step: maximizing performance and
maintaining results. New York: John Wiley and Sons. 2002
KNAPP, Karl R. The balanced scorecard: historical development and context, as developed
by Robert Kaplan & David Norton. Anderson University, 2001.