[BANDEIRA VERMELHA] O Desenvolvimento da luta revolucionária exige uma nova postura dos comunistas

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    Coletivo Bandeira Vermelha

    O desenvolvimento da luta revolucionria

    exige uma nova postura dos comunistas

    Documento (27 de maio de 2012)

    Construir a Revoluo Democrtica e derrotar o imperialismo!Coletivo Bandeira Vermelha -www.bandeiravermelha.org

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    1A histria do movimento comunista do Brasil completa seus noventa anos em2012 e propicia aos revolucionrios importantes lies para a construo de um novo

    movimento comunista em nosso pas, que supere as debilidades ideolgicas e

    organizativas do movimento precedente. A fundao do Partido Comunista do Brasil, em

    25 de Maro de 1922, representou o ponto de partida atravs do qual foram criadas

    condies objetivas para que o proletariado avanasse como protagonista dos

    acontecimentos polticos no pas. O incio do Partido Comunista do Brasil no cenrio

    poltico brasileiro, influenciado pela vitoriosa Revoluo de Outubro, na Rssia, foi omais importante avano na luta do nascente movimento operrio brasileiro e

    representou grande amadurecimento ideolgico por parte dos seus membros mais

    destacados, que em quase sua totalidade estavam inseridos no movimento anarquista.

    Com a ecloso do chamado movimento tenentista, as classes dominantes

    brasileiras aproveitam para colocar o Partido Comunista do Brasil na ilegalidade aps

    trs meses de sua fundao. A represso acompanhou o Partido Comunista do Brasil

    durante toda sua existncia enquanto organizao revolucionria do proletariado. Aindaque tenha permitido sua atuao legal em brevssimos perodos, sempre coibiu a livre

    atividade do partido. Mesmo enfrentando grandes dificuldades, oriundas da intensa

    represso reacionria, posteriormente o partido teve foras para ir s massas e

    construir importantes iniciativas como a experincia de frente nica antifascista da

    Aliana Nacional Libertadora, que reunia em seu seio diversos setores democrticos e

    patriticos da sociedade brasileira. No demorou para o reacionrio Estado brasileiro

    colocar a ANL na ilegalidade, perodo em que o Partido se transformou em forahegemnica na organizao. Com uma atitude apressada e subjetivista, sem contar com

    apoio das massas camponesas e com uma viso equivocada sobre como levar a cabo a

    revoluo armada em um pas semicolonial, o Partido orienta para que a ANL se prepare

    para o movimento armado visando a tomada do poder. Aps insurreio de 1935 o

    Estado reacionrio prepara uma forte investida repressiva que desmantela a

    organizao revolucionria do proletariado. Em 10 de Novembro de 1937 o ento

    gerente Getlio Vargas, atravs de um golpe, instaura o chamado Estado Novo. A

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    2represso aos comunistas, que j era intensa, aumenta e o Estado brasileiro adquire

    feies fascistas. O Partido Comunista do Brasil s viria ser reorganizado aps a

    realizao da Conferncia Nacional da Mantiqueira articulada pela Comisso Nacional de

    Organizao Provisria (CNOP)[1], iniciativa de militantes revolucionrios que se

    opuseram as teses liquidacionistas influenciadas pelo browderismo[2].

    Com posterior crescimento e fortalecimento do partido, principalmente aps a

    CNOP e o fim da Segunda Guerra Mundial, pode-se observar no interior da organizao

    uma verdadeira luta pela assimilao correta dos princpios do Marxismo-Leninismo e

    da realidade concreta brasileira.

    O mesmo perodo, contudo, marcado por contradies e retrocessos. O XX

    Congresso do Partido Comunista da Unio Sovitica, realizado em 1956, representou o

    divrcio total da URSS com a construo de uma nova sociedade. No to famoso XX

    Congresso do PCUS, o revisionista Nikita Khrushchev, que na poca se encontrava

    frente do partido, deu grande nfase em atacar a direo revolucionria de Stalin, sob o

    pretexto de se retornar ao leninismo que, nas palavras de Khrushchev, havia sido

    deturpado por Stalin.

    Stalin, veterano da luta revolucionria bolchevique desde sua juventude, que

    aps a morte de Lenin se mostrou como o principal continuador da causa do

    comunismo, esteve frente da construo socialista da Unio Sovitica durante mais de

    duas dcadas. Sob sua liderana, a URSS foi capaz de realizar sua industrializao

    socialista e garantir uma vida digna para todos os povos do pas em plena crise mundial

    do imperialismo. Ainda sob a direo leninista de Stalin, a URSS foi a grande responsvel

    pela libertao da humanidade do nazi-fascismo e pela derrota do eixo Alemanha-Itlia-

    Japo. Mesmo aps a derrota do fascismo e contando com mais de 70 anos de idade,

    Stalin rechaou o dogmatismo e o sectarismo dentro do PCUS, contribuindo

    grandemente para o desenvolvimento da teoria revolucionria Marxista-Leninista. Alm

    disso, combateu energicamente as primeiras manifestaes do revisionismo no seio do

    Partido. Tais feitos renderam a Stalin um enorme prestgio entre o proletariado

    internacional e os povos oprimidos do mundo, que se referiam ao lder dos povos da

    URSS e do Partido Comunista como Libertador da Humanidade e Genial Guia dos

    Povos. Conta-se que cerca de quatro milhes de pessoas participaram do seu velrio em

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    3Moscou[3], dando amostras claras de que Stalin realmente defendeu a classe operria e

    seu poder poltico.

    O XX Congresso do PCUS insultou e atacou Stalin sob o pretexto de retorno ao

    leninismo e luta contra o culto personalidade. Contudo, no se retornou ao

    leninismo o mesmo leninismo que era agora posto por terra e no se combateu o

    culto personalidade (culto este substitudo ento pela ausncia de uma direo

    revolucionria). A partir de ento, o PCUS se converteu num partido revisionista,

    defendendo a tese de que a Unio Sovitica se aproximava prontamente do comunismo

    nas palavras de Khrushchev, a URSS alcanaria a sociedade sem classes por volta de

    1980 e que, portanto, o Estado sovitico havia perdido seu carter de classe. No seria

    mais um Estado da classe operria, mas sim de todo o povo. O PCUS, tambm, no seria

    mais o destacamento de vanguarda da classe operria, mas um organismo poltico de

    todo o povo, opinio essa que abriu campo amplo para a atuao do oportunismo que,

    tendo 1956 como ponto de partida, promoveu a crescente desideologizao no s do

    Partido, mas tambm do Exrcito e da sociedade sovitica como um todo.

    A partir de 1956, o PCUS regrediu para posies cada vez mais

    contrarrevolucionrias. No campo internacional, imps que os Partidos Comunistas do

    mundo abandonassem a luta armada contra a burguesia e o imperialismo e adotassem o

    parlamento como meio principal de luta. Segundo tal teoria, que ficou mundialmente

    conhecida como transio pacfica ao socialismo, o proletariado evitaria choques

    frontais contra as velhas foras reacionrias em prol de uma suposta coexistncia

    pacfica da URSS com os pases do Ocidente. Alm disso, defendia a postura conciliadora

    de que o desenvolvimento do socialismo na URSS e nas democracias populares do Leste

    Europeu, por si s, daria conta de abrir caminho para o socialismo em pases outrora

    capitalistas.

    A Declarao de Maro de 1958 marcou o a capitulao do PCB ante as posies

    khrushchovistas. O Partido, que outrora se chamava Partido Comunista do Brasil, mudou

    seu nome para Partido Comunista Brasileiro para conquistar a legalidade

    considerava-se que o nome Partido Comunista do Brasil denunciaria que o PCB seria na

    verdade uma organizao mantida por foras estrangeiras. O Partido Comunista

    Brasileiro retirou de seu programa e estatuto todas as referncias ao Marxismo-

    Leninismo e ao internacionalismo proletrio. Em seu programa, entendia-se a transio

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    4ao socialismo como uma evoluo quantitativa divorciada de rupturas e saltos

    qualitativos. Superestimava-se o desenvolvimento capitalista na poca (o que na

    verdade no passava de uma presena cada vez maior do capital estrangeiro em nosso

    pas, que passava a controlar setores cada vez mais importantes da economia nacional).

    Substitua-se a luta revolucionria pela tomada do poder poltico pelo proletariado por

    uma suposta luta pelo desenvolvimento e pelo cretinismo parlamentar.

    Os principais seguidores da linha revisionista se articularam entorno da figura de

    Luiz Carlos Prestes - principal liderana do partido at ento -, que concordou

    integralmente com as novas teses reformistas e oportunistas adotadas pelo PCUS. A

    defesa do Marxismo-Leninismo e do caminho revolucionrio da luta armada ficou a

    cargo de dirigentes como Pedro Pomar e Maurcio Grabois, que reorganizaram o Partido

    Comunista do Brasil agora com a sigla PCdoB e que mais tarde empreenderam o

    caminho da luta guerrilheira, episdio este que ficou popularmente conhecido como

    Guerrilha do Araguaia. A partir de 1962 passa a existir no Brasil dois partidos

    comunistas: um que adere as teses revisionistas pr-soviticas (PCB) e outro que luta

    por assimilar corretamente o Marxismo-Leninismo e que acaba se aproximando do

    Partido Comunista da China liderado por Mao Ts-tung (PC do B).

    Em 1976, o regime militar fascista invade o local onde se realizava a reunio do

    Comit Central do PC do B e assassina brutalmente os camaradas Pedro Pomar e ngelo

    Arroyo. A represso ainda assassina o camarada Joo Baptista Drummond, brutalmente

    torturado nos pores do DOI-CODI e prende e tortura outros militantes do partido. Tal

    episdio desferiu um brutal golpe ao partido, e os membros que sobreviveram

    represso enveredaram pelo caminho do revisionismo pondo fim na histria do PC do B

    enquanto organizao revolucionria.

    Nesse processo complexo e contraditrio, que pertence a todo o conjunto do

    movimento comunista brasileiro (e sem entrarmos em maiores polmicas que sero

    mais tarde desenvolvidas), importante que reconheamos o papel valoroso de Luiz

    Carlos Prestes ao apresentar, em 1980, a sua famosa Carta aos Comunistas, documento

    onde ele expe os motivos que levaram sua ruptura com o chamado Partido Comunista

    Brasileiro, j apodrecido at a medula. Prestes, de maneira corajosa e honesta,

    reconhece que cometeu erros na conduo da liderana do partido, abrindo portas para

    o oportunismo. O conjunto de sua autocrtica, entretanto, peca por enormes limitaes e

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    5erros serssimos, que caso no sejam prontamente corrigidos pela nova gerao dos

    comunistas, no levaro seno a mais um amontoado de erros e retrocessos. Em seu

    artigo Aprender com os erros do passado para construir um Partido efetivamente novo,

    revolucionrio, feito por ocasio da comemorao do aniversrio de 59 anos da

    fundao do Partido Comunista do Brasil, Prestes passa de um oportunismo de direita

    para posies de cunho esquerdista. Prestes, em tal documento, erra quase que

    totalmente na explicao sobre o porqu dos erros cometidos pelo Partido durante o

    decorrer de sua prtica. Segundo ele:

    Onde esto, porm, as razes dos erros cometidos? [...] Olvidando que nosso

    pas conquistara a independncia poltica no princpio do sculo XIX e que nofim do sculo surgira a burguesia industrial, j na poca do imperialismo e, por

    isso, j nascida como uma burguesia dependente e associada do imperialismo,negvamos j em pleno sculo XX que a formao econmico-social no Brasilfosse a capitalista, embora desde o incio marcada como dependente, mas dequalquer forma capitalista. Vamos o Brasil como um pais semicolonial echegamos a afirmar que dependia da eliminao da dominao imperialista eda liquidao do latifndio o desenvolvimento do capitalismo no Brasil. Estafalsa apreciao nos levou, ainda em 1945, a definir o carter da revoluobrasileira como democrtica-burguesa, transpondo ao nosso Partido aquilo queLenin, com acerto, afirmava para as condies da Rssia czarista de 1905.Negando o carter capitalista da economia brasileira, aplicvamosmecanicamente e esquematicamente, em nosso pas, as teses para os pasescoloniais e semicoloniais aprovadas pelo VI Congresso da InternacionalComunista. (Prestes, 1981)

    As palavras ditas por Prestes so confusas para qualquer um familiarizado com as

    experincias da prtica revolucionria do proletariado ao longo do sculo XX,

    principalmente quando nos referimos prtica do proletariado das colnias e das

    semicolnias (mais especificamente no que diz respeito s experincias socialistas na

    China e na Coreia). Diz-se que o grande erro dos comunistas brasileiros do sculo

    passado foi ter considerado o Brasil como uma semicolnia e de ter aplicado

    mecanicamente as teses do VI Congresso da III Internacional para as colnias e assemicolnias, que as teses sobre uma Revoluo democrtico-burguesa para

    desenvolver um capitalismo autnomo foram corretas para a realidade da Rssia (?) e

    que, com efeito, essas eram as orientaes dadas pela III Internacional aos comunistas

    brasileiros e que foram por eles devidamente aplicadas. bom lembrar que as

    resolues do VI Congresso da Internacional Comunista em nenhum momento falam que

    os pases coloniais e semicoloniais devem lutar para construir capitalismos

    autnomos. Se isso um dia foi defendido pelos comunistas brasileiros os grandes

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    6culpados so os prprios comunistas brasileiros, que interpretaram tais teses de

    maneira equivocada. Sobre a ttica dos partidos proletrios nos pases coloniais e

    semicoloniais o Programa adotado pelo VI Congresso da Internacional Comunista assim

    se expressa:

    No decurso do alargamento e da intensificao da luta nas colnias esemicolnias onde o proletariado tem um papel dirigente e predominante (asabotagem por parte da burguesia implicar a confiscao das empresas doselementos sabotares, levando inevitavelmente nacionalizao da grandeindstria), a revoluo democrtico-burguesa transformar-se- em revoluoproletria. Nos pases onde no existe proletariado, o derrubamento do poderdos imperialistas deve significar a organizao do poder dos sovietes populares(de camponeses) e a confiscao a favor do Estado das empresas e das terras naposse dos estrangeiros. (Programa da Internacional Comunista, 1928)

    Nada, portanto, que justifique uma submisso do partido proletrio chamada

    burguesia nacional. A transformao da revoluo democrtico-burguesa em

    revoluo proletria consiste no fato de, nos pases semicoloniais, ela ser uma revoluo

    de novo tipo, dirigida e conduzida pelo proletariado. Os partidos que interpretaram tais

    teses de maneira acertada e criadora, mais destacadamente o Partido Comunista da

    China e outros partidos operrios da sia, como a Unio da Juventude Comunista da

    Coreia e o seu Exrcito Revolucionrio Popular, obtiveram enormes xitos em suas

    revolues. Prestes no percebeu que o tipo de capitalismo que se desenvolvia no Brasil

    era justamente o capitalismo burocrtico, caracterstico de pases semicoloniais.

    Confunde como historicamente fez a esquerda brasileira, a burguesia nacional (mdia

    burguesia) com a burguesia burocrtica, da ter passado a negar a possibilidade de

    alianas com ela. Prestes confunde a Revoluo democrtico-burguesa de velho tipo

    leia-se: o modelo de desenvolvimento capitalista seguido por pases como Inglaterra,

    Frana e Estados Unidos com a Revoluo democrtica de novo tipo (conhecida como

    Revoluo de Nova Democracia) orientada pela III Internacional, que nos dias de hoje

    pode ser corretamente entendida pelos comunistas de todo o mundo por conta da

    sistematizao de novas experincias pela prtica revolucionria do proletariado do

    terceiro mundo.

    Ao contrrio do que defendido por Prestes, nunca passou pela cabea da

    direo do Komintern incentivar qualquer revolucionrio a lutar para desenvolver um

    capitalismo autnomo. A Revoluo democrtica de novo tipo uma Revoluo dirigida

    pelo proletariado que leva atrs de suas principais reivindicaes as vrias outras

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    7classes oprimidas pelo domnio do imperialismo, como o semiproletariado, a pequena-

    burguesia urbana e rural, e, em determinadas etapas, pode ter como aliada mesmo a

    burguesia nacional[4]. A revoluo democrtica de novo tipo nos dias de hoje

    necessariamente uma revoluo de novo tipo dirigida pela classe operria em aliana

    com os camponeses pobres conduzida pelo seu partido de vanguarda, que infelizmente

    ainda no existe. No se trata aqui, portanto, de desenvolver um capitalismo autnomo

    e sem dominao estrangeira, mas sim de destruir o imperialismo e abrir campo para a

    construo do socialismo e o comunismo. O Brasil ainda um pas que no conquistou

    sua verdadeira independncia e est totalmente submetido ao imperialismo no plano

    poltico, econmico e cultural. A Revoluo Democrtica dar conta de destruir as bases

    poltico-econmicas que garantem a dominao imperialista em nosso pas, confiscando

    o capitalismo burocrtico e realizando a Revoluo Agrria no campo. A Revoluo

    Democrtica e Anti-Imperialista de novo tipo exige, necessariamente, a destruio de

    toda estrutura do Estado burgus-latifundirio e a edificao de um novo Estado

    dirigido pelo proletariado e o seu partido de vanguarda, onde existir a mais ampla

    democracia para as massas populares e a ditadura para a minoria de reacionrios e

    parasitas despejados do poder. Estamos falando de uma Revoluo e no de reformas ou

    conquistas de governos democrticos populares no mbito da ordem burguesa.

    Enganam-se aqueles que acreditam que a Revoluo Democrtica poder ser realizada

    por uma via parlamentar e pacfica.

    Nunca, em momento algum de nossa histria, nosso pas conquistou sua

    independncia poltica. Um pas que depende de outros para a produo de seus meios

    de subsistncia sempre ser, tambm, em todos os outros aspectos, um pas dependente

    e submisso. Se considerarmos o termo independncia poltica como a existncia de

    uma Repblica democrtico-burguesa formalizada ainda que fantoche do imperialismo

    e da reao chegamos concluso (seguindo a anlise de Prestes) que todos os pases

    do mundo conquistaram sua independncia poltica e que, portanto, no devemos

    sequer falar em colonialismo ou semicolonialismo, e que qualquer luta pela soberania ou

    dignidade nacionais seria uma manifestao de chauvinismo. Independente do grande

    papel que Prestes teve como comunista brasileiro de longa data, devemos adotar a

    postura crtica em face de seus vrios erros cometidos durante a sua vida e tirar as

    devidas lies para nossa prtica. A tese adotada por Prestes segue sendo influncia

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    8quase que da totalidade das organizaes que reivindicam o marxismo-leninismo no

    Brasil. Praticamente todas elas negam que a Revoluo Brasileira se desenvolver por

    meio de etapas, criticando o que chamam de reformismo etapista.

    Do lado oposto aos defensores da tese da revoluo sem etapas esto os

    defensores do chamado projeto nacional de desenvolvimento. O grande representante

    dessa linha dentro da esquerda brasileira o atual PC do B. O PC do B h um bom

    tempo passa por um grande processe de degenerao e putrefao, que se intensifica

    aps a morte de Joo Amazonas, dirigente que durante muito tempo fora o seu principal

    lder e que adotou uma concepo revisionista quando rompeu oficialmente com o

    Pensamento Mao Ts-tung - embalado pelo golpe revisionista na China - em um panfleto

    onde copia integralmente teses do Partido do Trabalho da Albnia chamado O

    Revisionismo Chins de Mao Ts-tung. Atualmente os revisionistas do PC do B

    participam do governo Dilma e o defendem de modo mais apaixonado que os prprios

    petistas. Os revisionistas do PC do B acreditam que o Brasil pode construir um modelo

    de desenvolvimento capitalista no submetido ao imperialismo e que esse

    desenvolvimento seria o caminho para se alcanar o socialismo. Apesar de tentarem

    atribuir um suposto carter original e criativo ao seu atual programa, o que podemos

    encontrar nele o mais puro e simples revisionismo de cunho evolucionista. Uma defesa

    de um programa com esse carter, neste caso, particularmente triste, tratando-se de

    uma organizao que reivindica o legado do PC do B de Grabois e Pedro Pomar. Sendo

    assim, desmascarar o revisionismo pecedobista uma tarefa imperiosa para o nosso

    trabalho poltico e ideolgico.

    O chamado neoliberalismo, que chegou com fora em nosso pas nos anos 90, e

    que segue vigente at os dias de hoje, apenas reforou o carter semicolonial da

    sociedade brasileira. O neoliberalismo a ofensiva geral do imperialismo contra os

    povos do mundo, em especial o das naes pobres, e a sua aplicao nos pases do

    chamado terceiro mundo apenas aprofundou o domnio neocolonial do imperialismo.

    Ainda assim, importante lembrarmos que o chamado neoliberalismo no representa

    o fim do estado como apregoam certos idelogos burgueses e at pretensos marxistas.

    As classes dominantes sabem que no podem prescindir de seu Estado para reproduzir

    seus valores e seu poder. O Estado um rgo de dominao de classe, que segue

    existindo enquanto houver sociedades divididas em classes sociais. At mesmo as

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    9privatizaes realizadas no Brasil na dcada de 90 foram impulsionadas pelo velho

    Estado, com ampla ajuda e financiamento do BNDES. A essncia do neoliberalismo

    consiste, portanto, na retirada e destruio completa dos direitos mnimos adquiridos

    pelas massas populares ao longo do sculo XX e uma ofensiva do imperialismo sob as

    economias j dbeis dos pases de terceiro mundo. Uma parcela da chamada esquerda

    brasileira acredita que possvel destruir o que chamam de neoliberalismo por meio da

    formao de um governo de tipo ps-neoliberal que recuperaria a capacidade de

    investimento e planejamento do Estado, colocando-o a servio de um projeto nacional

    desenvolvimentista com democracia e distribuio de renda. As foras polticas que

    defendem tais teses oportunistas (PT, PC do B, PSB, PDT) esto todas elas

    comprometidas com a manuteno e defesa do velho Estado. Suas gerencias apenas

    impulsionaram o desenvolvimento do capitalismo burocrtico aprofundando a

    dominao imperialista no pas com uma retrica patrioteira e pseudonacionalista. A

    chamada oposio capitaneada por partidos apodrecidos como PSDB e Democratas,

    com apoio da velha imprensa (Abril, Globo), na tentativa de recuperarem o lugar que

    anteriormente ocupava no gerenciamento do Estado burgus-latifundirio, recorre ao

    fascismo aberto, vendendo para o povo a ideia de que o PT um partido de comunistas

    e que a ordem e os valores da famlia brasileira encontram-se ameaadas pela

    corrupo e pelo radicalismo de baderneiros liderados pelo petismo. Utilizam os

    seus holofotes miditicos para jogar todo o conjunto dos movimentos populares no colo

    do petismo, ao mesmo tempo em que tentam desmoraliza-los perante as massas. As

    divergncias entre os principais partidos polticos na verdade apenas refletem a luta

    existente entre as fraes da burguesia brasileira em sua variante burocrtica e

    compradora. Ainda que os grandes nomes da burguesia compradora em nosso pas

    sejam o PSDB e a velha imprensa, no podemos esquecer que ela ainda possui seus

    representantes no atual gerenciamento semicolonial. Apesar das diferenas no discurso,

    os dois principais setores das classes dominantes e seus respectivos partidos defendem

    com unhas e dentes a ordem atual baseada na explorao e dominao do imperialismo

    sob o nosso pas.

    Devemos colaborar com organizaes e publicaes que possuam a mesma

    anlise (ou parecida) sobre a realidade brasileira. Tambm devemos construir os nossos

    prprios veculos de comunicao e propaganda, visando divulgar as propostas

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    10transformadoras que defendemos e a construo e unidade do movimento comunista

    brasileiro. Definitivamente necessitamos romper com qualquer postura de cunho

    meramente legalista e nos concentrarmos na criao dessa concepo, que dever ser

    balizada por uma linha poltica que estabelea tarefas e prioridades. Por romper com

    qualquer postura de cunho meramente legalista nos referimos ao fato de no podemos

    ter nenhuma iluso quanto ao carter democrtico do estado brasileiro e suas

    respectivas instituies. importante deixarmos claro: o Estado burgus-latifundirio

    brasileiro e consequentemente o imperialismo so os nossos principais inimigos. O que

    estamos nos propondo a construir algo ousado, mas temos certeza que dar seus

    frutos caso saibamos atuar com inteligncia, sempre nos apoiando nas massas populares

    e servindo-as.

    COLETIVO BANDEIRA VERMELHA

    [1]O Conselho Nacional de Organizao Provisria foi formado em 1941 por diversos militantes comunistas

    que tinham como objetivo reconstruir o Partido Comunista do Brasil, aps a brutal represso empreendida

    pelo Estado Novo. O CNOP convocou em 1943 a histrica Conferncia da Mantiqueira, que elegeu Luis Carlos

    Prestes como Secretrio-Geral do Partido. Os principais quadros responsveis pela construo da CNOP

    foram: Pedro Pomar, Maurcio Grabois, Joo Amazonas, Digenes de Arruda Cmara, Amarlio Vasconcelos,

    Jlio Srgio de Oliveira e Mrio Alves.

    [2] Browderismo: corrente revisionista contrarrevolucionria surgida nos Estados Unidos e formulada porEarl Browder, ento Secretrio-Geral do PCEUA.

    [3]Verificar o livro Stalin, um Novo Olhar, de Ludo Martens.

    [4] Compreende-se aqui a classe da burguesia nacional nas colnias e nas semicolnias como uma classe

    social que compe as camadas mdias. Mao Ts-tung, na sua obra Anlise de classes na sociedade chinesa,

    compreende o termo burguesia nacionalcomo a burguesia mdia e, portanto, como uma camada oscilante

    na sociedade, na qual nos perodos de avano da Revoluo democrtica divide-se em dois grupos: um que

    segue no apoio ao proletariado e Revoluo e outro que migra para o campo do imperialismo.