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7/31/2019 [BANDEIRA VERMELHA] O Desenvolvimento da luta revolucionria exige uma nova postura dos comunistas
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Coletivo Bandeira Vermelha
O desenvolvimento da luta revolucionria
exige uma nova postura dos comunistas
Documento (27 de maio de 2012)
Construir a Revoluo Democrtica e derrotar o imperialismo!Coletivo Bandeira Vermelha -www.bandeiravermelha.org
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1A histria do movimento comunista do Brasil completa seus noventa anos em2012 e propicia aos revolucionrios importantes lies para a construo de um novo
movimento comunista em nosso pas, que supere as debilidades ideolgicas e
organizativas do movimento precedente. A fundao do Partido Comunista do Brasil, em
25 de Maro de 1922, representou o ponto de partida atravs do qual foram criadas
condies objetivas para que o proletariado avanasse como protagonista dos
acontecimentos polticos no pas. O incio do Partido Comunista do Brasil no cenrio
poltico brasileiro, influenciado pela vitoriosa Revoluo de Outubro, na Rssia, foi omais importante avano na luta do nascente movimento operrio brasileiro e
representou grande amadurecimento ideolgico por parte dos seus membros mais
destacados, que em quase sua totalidade estavam inseridos no movimento anarquista.
Com a ecloso do chamado movimento tenentista, as classes dominantes
brasileiras aproveitam para colocar o Partido Comunista do Brasil na ilegalidade aps
trs meses de sua fundao. A represso acompanhou o Partido Comunista do Brasil
durante toda sua existncia enquanto organizao revolucionria do proletariado. Aindaque tenha permitido sua atuao legal em brevssimos perodos, sempre coibiu a livre
atividade do partido. Mesmo enfrentando grandes dificuldades, oriundas da intensa
represso reacionria, posteriormente o partido teve foras para ir s massas e
construir importantes iniciativas como a experincia de frente nica antifascista da
Aliana Nacional Libertadora, que reunia em seu seio diversos setores democrticos e
patriticos da sociedade brasileira. No demorou para o reacionrio Estado brasileiro
colocar a ANL na ilegalidade, perodo em que o Partido se transformou em forahegemnica na organizao. Com uma atitude apressada e subjetivista, sem contar com
apoio das massas camponesas e com uma viso equivocada sobre como levar a cabo a
revoluo armada em um pas semicolonial, o Partido orienta para que a ANL se prepare
para o movimento armado visando a tomada do poder. Aps insurreio de 1935 o
Estado reacionrio prepara uma forte investida repressiva que desmantela a
organizao revolucionria do proletariado. Em 10 de Novembro de 1937 o ento
gerente Getlio Vargas, atravs de um golpe, instaura o chamado Estado Novo. A
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2represso aos comunistas, que j era intensa, aumenta e o Estado brasileiro adquire
feies fascistas. O Partido Comunista do Brasil s viria ser reorganizado aps a
realizao da Conferncia Nacional da Mantiqueira articulada pela Comisso Nacional de
Organizao Provisria (CNOP)[1], iniciativa de militantes revolucionrios que se
opuseram as teses liquidacionistas influenciadas pelo browderismo[2].
Com posterior crescimento e fortalecimento do partido, principalmente aps a
CNOP e o fim da Segunda Guerra Mundial, pode-se observar no interior da organizao
uma verdadeira luta pela assimilao correta dos princpios do Marxismo-Leninismo e
da realidade concreta brasileira.
O mesmo perodo, contudo, marcado por contradies e retrocessos. O XX
Congresso do Partido Comunista da Unio Sovitica, realizado em 1956, representou o
divrcio total da URSS com a construo de uma nova sociedade. No to famoso XX
Congresso do PCUS, o revisionista Nikita Khrushchev, que na poca se encontrava
frente do partido, deu grande nfase em atacar a direo revolucionria de Stalin, sob o
pretexto de se retornar ao leninismo que, nas palavras de Khrushchev, havia sido
deturpado por Stalin.
Stalin, veterano da luta revolucionria bolchevique desde sua juventude, que
aps a morte de Lenin se mostrou como o principal continuador da causa do
comunismo, esteve frente da construo socialista da Unio Sovitica durante mais de
duas dcadas. Sob sua liderana, a URSS foi capaz de realizar sua industrializao
socialista e garantir uma vida digna para todos os povos do pas em plena crise mundial
do imperialismo. Ainda sob a direo leninista de Stalin, a URSS foi a grande responsvel
pela libertao da humanidade do nazi-fascismo e pela derrota do eixo Alemanha-Itlia-
Japo. Mesmo aps a derrota do fascismo e contando com mais de 70 anos de idade,
Stalin rechaou o dogmatismo e o sectarismo dentro do PCUS, contribuindo
grandemente para o desenvolvimento da teoria revolucionria Marxista-Leninista. Alm
disso, combateu energicamente as primeiras manifestaes do revisionismo no seio do
Partido. Tais feitos renderam a Stalin um enorme prestgio entre o proletariado
internacional e os povos oprimidos do mundo, que se referiam ao lder dos povos da
URSS e do Partido Comunista como Libertador da Humanidade e Genial Guia dos
Povos. Conta-se que cerca de quatro milhes de pessoas participaram do seu velrio em
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3Moscou[3], dando amostras claras de que Stalin realmente defendeu a classe operria e
seu poder poltico.
O XX Congresso do PCUS insultou e atacou Stalin sob o pretexto de retorno ao
leninismo e luta contra o culto personalidade. Contudo, no se retornou ao
leninismo o mesmo leninismo que era agora posto por terra e no se combateu o
culto personalidade (culto este substitudo ento pela ausncia de uma direo
revolucionria). A partir de ento, o PCUS se converteu num partido revisionista,
defendendo a tese de que a Unio Sovitica se aproximava prontamente do comunismo
nas palavras de Khrushchev, a URSS alcanaria a sociedade sem classes por volta de
1980 e que, portanto, o Estado sovitico havia perdido seu carter de classe. No seria
mais um Estado da classe operria, mas sim de todo o povo. O PCUS, tambm, no seria
mais o destacamento de vanguarda da classe operria, mas um organismo poltico de
todo o povo, opinio essa que abriu campo amplo para a atuao do oportunismo que,
tendo 1956 como ponto de partida, promoveu a crescente desideologizao no s do
Partido, mas tambm do Exrcito e da sociedade sovitica como um todo.
A partir de 1956, o PCUS regrediu para posies cada vez mais
contrarrevolucionrias. No campo internacional, imps que os Partidos Comunistas do
mundo abandonassem a luta armada contra a burguesia e o imperialismo e adotassem o
parlamento como meio principal de luta. Segundo tal teoria, que ficou mundialmente
conhecida como transio pacfica ao socialismo, o proletariado evitaria choques
frontais contra as velhas foras reacionrias em prol de uma suposta coexistncia
pacfica da URSS com os pases do Ocidente. Alm disso, defendia a postura conciliadora
de que o desenvolvimento do socialismo na URSS e nas democracias populares do Leste
Europeu, por si s, daria conta de abrir caminho para o socialismo em pases outrora
capitalistas.
A Declarao de Maro de 1958 marcou o a capitulao do PCB ante as posies
khrushchovistas. O Partido, que outrora se chamava Partido Comunista do Brasil, mudou
seu nome para Partido Comunista Brasileiro para conquistar a legalidade
considerava-se que o nome Partido Comunista do Brasil denunciaria que o PCB seria na
verdade uma organizao mantida por foras estrangeiras. O Partido Comunista
Brasileiro retirou de seu programa e estatuto todas as referncias ao Marxismo-
Leninismo e ao internacionalismo proletrio. Em seu programa, entendia-se a transio
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4ao socialismo como uma evoluo quantitativa divorciada de rupturas e saltos
qualitativos. Superestimava-se o desenvolvimento capitalista na poca (o que na
verdade no passava de uma presena cada vez maior do capital estrangeiro em nosso
pas, que passava a controlar setores cada vez mais importantes da economia nacional).
Substitua-se a luta revolucionria pela tomada do poder poltico pelo proletariado por
uma suposta luta pelo desenvolvimento e pelo cretinismo parlamentar.
Os principais seguidores da linha revisionista se articularam entorno da figura de
Luiz Carlos Prestes - principal liderana do partido at ento -, que concordou
integralmente com as novas teses reformistas e oportunistas adotadas pelo PCUS. A
defesa do Marxismo-Leninismo e do caminho revolucionrio da luta armada ficou a
cargo de dirigentes como Pedro Pomar e Maurcio Grabois, que reorganizaram o Partido
Comunista do Brasil agora com a sigla PCdoB e que mais tarde empreenderam o
caminho da luta guerrilheira, episdio este que ficou popularmente conhecido como
Guerrilha do Araguaia. A partir de 1962 passa a existir no Brasil dois partidos
comunistas: um que adere as teses revisionistas pr-soviticas (PCB) e outro que luta
por assimilar corretamente o Marxismo-Leninismo e que acaba se aproximando do
Partido Comunista da China liderado por Mao Ts-tung (PC do B).
Em 1976, o regime militar fascista invade o local onde se realizava a reunio do
Comit Central do PC do B e assassina brutalmente os camaradas Pedro Pomar e ngelo
Arroyo. A represso ainda assassina o camarada Joo Baptista Drummond, brutalmente
torturado nos pores do DOI-CODI e prende e tortura outros militantes do partido. Tal
episdio desferiu um brutal golpe ao partido, e os membros que sobreviveram
represso enveredaram pelo caminho do revisionismo pondo fim na histria do PC do B
enquanto organizao revolucionria.
Nesse processo complexo e contraditrio, que pertence a todo o conjunto do
movimento comunista brasileiro (e sem entrarmos em maiores polmicas que sero
mais tarde desenvolvidas), importante que reconheamos o papel valoroso de Luiz
Carlos Prestes ao apresentar, em 1980, a sua famosa Carta aos Comunistas, documento
onde ele expe os motivos que levaram sua ruptura com o chamado Partido Comunista
Brasileiro, j apodrecido at a medula. Prestes, de maneira corajosa e honesta,
reconhece que cometeu erros na conduo da liderana do partido, abrindo portas para
o oportunismo. O conjunto de sua autocrtica, entretanto, peca por enormes limitaes e
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5erros serssimos, que caso no sejam prontamente corrigidos pela nova gerao dos
comunistas, no levaro seno a mais um amontoado de erros e retrocessos. Em seu
artigo Aprender com os erros do passado para construir um Partido efetivamente novo,
revolucionrio, feito por ocasio da comemorao do aniversrio de 59 anos da
fundao do Partido Comunista do Brasil, Prestes passa de um oportunismo de direita
para posies de cunho esquerdista. Prestes, em tal documento, erra quase que
totalmente na explicao sobre o porqu dos erros cometidos pelo Partido durante o
decorrer de sua prtica. Segundo ele:
Onde esto, porm, as razes dos erros cometidos? [...] Olvidando que nosso
pas conquistara a independncia poltica no princpio do sculo XIX e que nofim do sculo surgira a burguesia industrial, j na poca do imperialismo e, por
isso, j nascida como uma burguesia dependente e associada do imperialismo,negvamos j em pleno sculo XX que a formao econmico-social no Brasilfosse a capitalista, embora desde o incio marcada como dependente, mas dequalquer forma capitalista. Vamos o Brasil como um pais semicolonial echegamos a afirmar que dependia da eliminao da dominao imperialista eda liquidao do latifndio o desenvolvimento do capitalismo no Brasil. Estafalsa apreciao nos levou, ainda em 1945, a definir o carter da revoluobrasileira como democrtica-burguesa, transpondo ao nosso Partido aquilo queLenin, com acerto, afirmava para as condies da Rssia czarista de 1905.Negando o carter capitalista da economia brasileira, aplicvamosmecanicamente e esquematicamente, em nosso pas, as teses para os pasescoloniais e semicoloniais aprovadas pelo VI Congresso da InternacionalComunista. (Prestes, 1981)
As palavras ditas por Prestes so confusas para qualquer um familiarizado com as
experincias da prtica revolucionria do proletariado ao longo do sculo XX,
principalmente quando nos referimos prtica do proletariado das colnias e das
semicolnias (mais especificamente no que diz respeito s experincias socialistas na
China e na Coreia). Diz-se que o grande erro dos comunistas brasileiros do sculo
passado foi ter considerado o Brasil como uma semicolnia e de ter aplicado
mecanicamente as teses do VI Congresso da III Internacional para as colnias e assemicolnias, que as teses sobre uma Revoluo democrtico-burguesa para
desenvolver um capitalismo autnomo foram corretas para a realidade da Rssia (?) e
que, com efeito, essas eram as orientaes dadas pela III Internacional aos comunistas
brasileiros e que foram por eles devidamente aplicadas. bom lembrar que as
resolues do VI Congresso da Internacional Comunista em nenhum momento falam que
os pases coloniais e semicoloniais devem lutar para construir capitalismos
autnomos. Se isso um dia foi defendido pelos comunistas brasileiros os grandes
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6culpados so os prprios comunistas brasileiros, que interpretaram tais teses de
maneira equivocada. Sobre a ttica dos partidos proletrios nos pases coloniais e
semicoloniais o Programa adotado pelo VI Congresso da Internacional Comunista assim
se expressa:
No decurso do alargamento e da intensificao da luta nas colnias esemicolnias onde o proletariado tem um papel dirigente e predominante (asabotagem por parte da burguesia implicar a confiscao das empresas doselementos sabotares, levando inevitavelmente nacionalizao da grandeindstria), a revoluo democrtico-burguesa transformar-se- em revoluoproletria. Nos pases onde no existe proletariado, o derrubamento do poderdos imperialistas deve significar a organizao do poder dos sovietes populares(de camponeses) e a confiscao a favor do Estado das empresas e das terras naposse dos estrangeiros. (Programa da Internacional Comunista, 1928)
Nada, portanto, que justifique uma submisso do partido proletrio chamada
burguesia nacional. A transformao da revoluo democrtico-burguesa em
revoluo proletria consiste no fato de, nos pases semicoloniais, ela ser uma revoluo
de novo tipo, dirigida e conduzida pelo proletariado. Os partidos que interpretaram tais
teses de maneira acertada e criadora, mais destacadamente o Partido Comunista da
China e outros partidos operrios da sia, como a Unio da Juventude Comunista da
Coreia e o seu Exrcito Revolucionrio Popular, obtiveram enormes xitos em suas
revolues. Prestes no percebeu que o tipo de capitalismo que se desenvolvia no Brasil
era justamente o capitalismo burocrtico, caracterstico de pases semicoloniais.
Confunde como historicamente fez a esquerda brasileira, a burguesia nacional (mdia
burguesia) com a burguesia burocrtica, da ter passado a negar a possibilidade de
alianas com ela. Prestes confunde a Revoluo democrtico-burguesa de velho tipo
leia-se: o modelo de desenvolvimento capitalista seguido por pases como Inglaterra,
Frana e Estados Unidos com a Revoluo democrtica de novo tipo (conhecida como
Revoluo de Nova Democracia) orientada pela III Internacional, que nos dias de hoje
pode ser corretamente entendida pelos comunistas de todo o mundo por conta da
sistematizao de novas experincias pela prtica revolucionria do proletariado do
terceiro mundo.
Ao contrrio do que defendido por Prestes, nunca passou pela cabea da
direo do Komintern incentivar qualquer revolucionrio a lutar para desenvolver um
capitalismo autnomo. A Revoluo democrtica de novo tipo uma Revoluo dirigida
pelo proletariado que leva atrs de suas principais reivindicaes as vrias outras
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7classes oprimidas pelo domnio do imperialismo, como o semiproletariado, a pequena-
burguesia urbana e rural, e, em determinadas etapas, pode ter como aliada mesmo a
burguesia nacional[4]. A revoluo democrtica de novo tipo nos dias de hoje
necessariamente uma revoluo de novo tipo dirigida pela classe operria em aliana
com os camponeses pobres conduzida pelo seu partido de vanguarda, que infelizmente
ainda no existe. No se trata aqui, portanto, de desenvolver um capitalismo autnomo
e sem dominao estrangeira, mas sim de destruir o imperialismo e abrir campo para a
construo do socialismo e o comunismo. O Brasil ainda um pas que no conquistou
sua verdadeira independncia e est totalmente submetido ao imperialismo no plano
poltico, econmico e cultural. A Revoluo Democrtica dar conta de destruir as bases
poltico-econmicas que garantem a dominao imperialista em nosso pas, confiscando
o capitalismo burocrtico e realizando a Revoluo Agrria no campo. A Revoluo
Democrtica e Anti-Imperialista de novo tipo exige, necessariamente, a destruio de
toda estrutura do Estado burgus-latifundirio e a edificao de um novo Estado
dirigido pelo proletariado e o seu partido de vanguarda, onde existir a mais ampla
democracia para as massas populares e a ditadura para a minoria de reacionrios e
parasitas despejados do poder. Estamos falando de uma Revoluo e no de reformas ou
conquistas de governos democrticos populares no mbito da ordem burguesa.
Enganam-se aqueles que acreditam que a Revoluo Democrtica poder ser realizada
por uma via parlamentar e pacfica.
Nunca, em momento algum de nossa histria, nosso pas conquistou sua
independncia poltica. Um pas que depende de outros para a produo de seus meios
de subsistncia sempre ser, tambm, em todos os outros aspectos, um pas dependente
e submisso. Se considerarmos o termo independncia poltica como a existncia de
uma Repblica democrtico-burguesa formalizada ainda que fantoche do imperialismo
e da reao chegamos concluso (seguindo a anlise de Prestes) que todos os pases
do mundo conquistaram sua independncia poltica e que, portanto, no devemos
sequer falar em colonialismo ou semicolonialismo, e que qualquer luta pela soberania ou
dignidade nacionais seria uma manifestao de chauvinismo. Independente do grande
papel que Prestes teve como comunista brasileiro de longa data, devemos adotar a
postura crtica em face de seus vrios erros cometidos durante a sua vida e tirar as
devidas lies para nossa prtica. A tese adotada por Prestes segue sendo influncia
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8quase que da totalidade das organizaes que reivindicam o marxismo-leninismo no
Brasil. Praticamente todas elas negam que a Revoluo Brasileira se desenvolver por
meio de etapas, criticando o que chamam de reformismo etapista.
Do lado oposto aos defensores da tese da revoluo sem etapas esto os
defensores do chamado projeto nacional de desenvolvimento. O grande representante
dessa linha dentro da esquerda brasileira o atual PC do B. O PC do B h um bom
tempo passa por um grande processe de degenerao e putrefao, que se intensifica
aps a morte de Joo Amazonas, dirigente que durante muito tempo fora o seu principal
lder e que adotou uma concepo revisionista quando rompeu oficialmente com o
Pensamento Mao Ts-tung - embalado pelo golpe revisionista na China - em um panfleto
onde copia integralmente teses do Partido do Trabalho da Albnia chamado O
Revisionismo Chins de Mao Ts-tung. Atualmente os revisionistas do PC do B
participam do governo Dilma e o defendem de modo mais apaixonado que os prprios
petistas. Os revisionistas do PC do B acreditam que o Brasil pode construir um modelo
de desenvolvimento capitalista no submetido ao imperialismo e que esse
desenvolvimento seria o caminho para se alcanar o socialismo. Apesar de tentarem
atribuir um suposto carter original e criativo ao seu atual programa, o que podemos
encontrar nele o mais puro e simples revisionismo de cunho evolucionista. Uma defesa
de um programa com esse carter, neste caso, particularmente triste, tratando-se de
uma organizao que reivindica o legado do PC do B de Grabois e Pedro Pomar. Sendo
assim, desmascarar o revisionismo pecedobista uma tarefa imperiosa para o nosso
trabalho poltico e ideolgico.
O chamado neoliberalismo, que chegou com fora em nosso pas nos anos 90, e
que segue vigente at os dias de hoje, apenas reforou o carter semicolonial da
sociedade brasileira. O neoliberalismo a ofensiva geral do imperialismo contra os
povos do mundo, em especial o das naes pobres, e a sua aplicao nos pases do
chamado terceiro mundo apenas aprofundou o domnio neocolonial do imperialismo.
Ainda assim, importante lembrarmos que o chamado neoliberalismo no representa
o fim do estado como apregoam certos idelogos burgueses e at pretensos marxistas.
As classes dominantes sabem que no podem prescindir de seu Estado para reproduzir
seus valores e seu poder. O Estado um rgo de dominao de classe, que segue
existindo enquanto houver sociedades divididas em classes sociais. At mesmo as
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9privatizaes realizadas no Brasil na dcada de 90 foram impulsionadas pelo velho
Estado, com ampla ajuda e financiamento do BNDES. A essncia do neoliberalismo
consiste, portanto, na retirada e destruio completa dos direitos mnimos adquiridos
pelas massas populares ao longo do sculo XX e uma ofensiva do imperialismo sob as
economias j dbeis dos pases de terceiro mundo. Uma parcela da chamada esquerda
brasileira acredita que possvel destruir o que chamam de neoliberalismo por meio da
formao de um governo de tipo ps-neoliberal que recuperaria a capacidade de
investimento e planejamento do Estado, colocando-o a servio de um projeto nacional
desenvolvimentista com democracia e distribuio de renda. As foras polticas que
defendem tais teses oportunistas (PT, PC do B, PSB, PDT) esto todas elas
comprometidas com a manuteno e defesa do velho Estado. Suas gerencias apenas
impulsionaram o desenvolvimento do capitalismo burocrtico aprofundando a
dominao imperialista no pas com uma retrica patrioteira e pseudonacionalista. A
chamada oposio capitaneada por partidos apodrecidos como PSDB e Democratas,
com apoio da velha imprensa (Abril, Globo), na tentativa de recuperarem o lugar que
anteriormente ocupava no gerenciamento do Estado burgus-latifundirio, recorre ao
fascismo aberto, vendendo para o povo a ideia de que o PT um partido de comunistas
e que a ordem e os valores da famlia brasileira encontram-se ameaadas pela
corrupo e pelo radicalismo de baderneiros liderados pelo petismo. Utilizam os
seus holofotes miditicos para jogar todo o conjunto dos movimentos populares no colo
do petismo, ao mesmo tempo em que tentam desmoraliza-los perante as massas. As
divergncias entre os principais partidos polticos na verdade apenas refletem a luta
existente entre as fraes da burguesia brasileira em sua variante burocrtica e
compradora. Ainda que os grandes nomes da burguesia compradora em nosso pas
sejam o PSDB e a velha imprensa, no podemos esquecer que ela ainda possui seus
representantes no atual gerenciamento semicolonial. Apesar das diferenas no discurso,
os dois principais setores das classes dominantes e seus respectivos partidos defendem
com unhas e dentes a ordem atual baseada na explorao e dominao do imperialismo
sob o nosso pas.
Devemos colaborar com organizaes e publicaes que possuam a mesma
anlise (ou parecida) sobre a realidade brasileira. Tambm devemos construir os nossos
prprios veculos de comunicao e propaganda, visando divulgar as propostas
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10transformadoras que defendemos e a construo e unidade do movimento comunista
brasileiro. Definitivamente necessitamos romper com qualquer postura de cunho
meramente legalista e nos concentrarmos na criao dessa concepo, que dever ser
balizada por uma linha poltica que estabelea tarefas e prioridades. Por romper com
qualquer postura de cunho meramente legalista nos referimos ao fato de no podemos
ter nenhuma iluso quanto ao carter democrtico do estado brasileiro e suas
respectivas instituies. importante deixarmos claro: o Estado burgus-latifundirio
brasileiro e consequentemente o imperialismo so os nossos principais inimigos. O que
estamos nos propondo a construir algo ousado, mas temos certeza que dar seus
frutos caso saibamos atuar com inteligncia, sempre nos apoiando nas massas populares
e servindo-as.
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[1]O Conselho Nacional de Organizao Provisria foi formado em 1941 por diversos militantes comunistas
que tinham como objetivo reconstruir o Partido Comunista do Brasil, aps a brutal represso empreendida
pelo Estado Novo. O CNOP convocou em 1943 a histrica Conferncia da Mantiqueira, que elegeu Luis Carlos
Prestes como Secretrio-Geral do Partido. Os principais quadros responsveis pela construo da CNOP
foram: Pedro Pomar, Maurcio Grabois, Joo Amazonas, Digenes de Arruda Cmara, Amarlio Vasconcelos,
Jlio Srgio de Oliveira e Mrio Alves.
[2] Browderismo: corrente revisionista contrarrevolucionria surgida nos Estados Unidos e formulada porEarl Browder, ento Secretrio-Geral do PCEUA.
[3]Verificar o livro Stalin, um Novo Olhar, de Ludo Martens.
[4] Compreende-se aqui a classe da burguesia nacional nas colnias e nas semicolnias como uma classe
social que compe as camadas mdias. Mao Ts-tung, na sua obra Anlise de classes na sociedade chinesa,
compreende o termo burguesia nacionalcomo a burguesia mdia e, portanto, como uma camada oscilante
na sociedade, na qual nos perodos de avano da Revoluo democrtica divide-se em dois grupos: um que
segue no apoio ao proletariado e Revoluo e outro que migra para o campo do imperialismo.