Barbara Paz

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74 AGOSTO 2013 ENTREVISTA DO MêS BÁRBARA PAZ De família pobre, caçula de qua- tro irmãs, Bárbara aprendeu tudo o que sabe sobre a vida na práti- ca – aos 17 anos, quando se mu- dou para São Paulo, começou, com uma avidez quase desespe- rada, sua própria busca do tempo perdido. Tão rapidamente quan- to pôde, leu livros, viu filmes, ou- viu discos. “Sempre tive sede de conhecimento”, conta. Ganhava a vida como modelo quando en- frentou uma nova tragédia – um acidente de carro que lhe deixou cicatrizes no rosto. Em 2001, sua sorte começaria a mudar em defi- nitivo. Venceu o primeiro reality show da TV brasileira, a Casa dos Artistas, no SBT, e na sequência ganhou reconhecimento como atriz de teatro. Em 2009, estrea- ria na TV Globo com a alcoólatra Renata, da novela Viver a Vida. Hoje, aos 38 anos, Bárbara Paz está em sua terceira novela na Globo. Em Amor à Vida, do horário das 9, dá vida à estilista Edith, ex-prostituta casada com o homossexual Félix, vilão inter- pretado pelo ator Mateus Solano. A rotina espartana de gravações obriga a atriz a acordar diariamen- te antes das 7 e, muitas vezes, vi- rar noites no Projac, o centro de produções da emissora. O traba- lho intenso não impede Bárbara de se dedicar a outras atividades, como dois documentários – um deles sobre o marido e outro sobre um bailarino turco –, um livro e o planejamento de duas peças de teatro. Uma tentativa de fazer psi- cologia barata talvez levasse a con- cluir que ela age assim por fuga. “Quando não estou produzindo, fico triste, impotente, parece que não habito o mundo”, afirma. A atriz, no entanto, prefere crer em vício. “Talvez eu seja apenas uma workaholic.” Na noite do dia 10 de julho, Bárbara recebeu Marie Claire em um restaurante bada- lado da Barra da Tijuca, na zo- na oeste do Rio de Janeiro, para a conversa a seguir. Pediu meia garrafa de vinho, para aquecer o corpo e inspirar a alma. Há dois assuntos sobre os quais Bárbara Paz, definitivamente, não gosta de falar. O primeiro é seu passado trágico, de menina órfã de pai e mãe que saiu de Campo Bom, pequena cidade de 58 mil habitantes no interior do Rio Grande do Sul, para tentar a vida em São Paulo – e que, antes de virar a bem-sucedida atriz da TV Globo, enfrentou dor, fome e solidão. O segundo é seu casamento com o cineasta Hector Babenco, 67 anos, quase 30 a mais do que ela. Nesta entrevista exclusiva, ela fala sobre ambos por Adriana Negreiros foto Eduardo Rezende NAO DEIXO ME AGRIDAM MAIS OUE

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de família pobre, caçula de qua-tro irmãs, Bárbara aprendeu tudoo que sabe sobre a vida na práti-ca – aos 17 anos, quando se mu-dou para São Paulo, começou,com uma avidez quase desespe-rada, sua própria busca do tempoperdido. Tão rapidamente quan-to pôde, leu livros, viu filmes, ou-viu discos. “Sempre tive sede deconhecimento”, conta. Ganhavaa vida como modelo quando en-frentou uma nova tragédia – umacidente de carro que lhe deixoucicatrizes no rosto. Em 2001, suasorte começaria a mudar em defi-nitivo. Venceu o primeiro realityshow da TV brasileira, a Casa dosArtistas, no SBT, e na sequência

ganhou reconhecimento comoatriz de teatro. Em 2009, estrea-ria naTV Globo com a alcoólatraRenata, da novela Viver a Vida.

Hoje, aos 38 anos, BárbaraPaz está em sua terceira novelana Globo. Em Amor à Vida, dohorário das 9, dá vida à estilistaEdith, ex-prostituta casada como homossexual Félix, vilão inter-pretado pelo ator Mateus Solano.A rotina espartana de gravaçõesobriga a atriz a acordar diariamen-te antes das 7 e, muitas vezes, vi-rar noites no Projac, o centro deproduções da emissora. O traba-lho intenso não impede Bárbarade se dedicar a outras atividades,como dois documentários – um

deles sobre o marido e outro sobreum bailarino turco –, um livro eo planejamento de duas peças deteatro. Uma tentativa de fazer psi-cologia barata talvez levasse a con-cluir que ela age assim por fuga.“Quando não estou produzindo,fico triste, impotente, parece quenão habito o mundo”, afirma. Aatriz, no entanto, prefere crer emvício. “Talvez eu seja apenas umaworkaholic.” Na noite do dia 10de julho, Bárbara recebeu MarieClaire em um restaurante bada-lado da Barra da Tijuca, na zo-na oeste do Rio de Janeiro, paraa conversa a seguir. Pediu meiagarrafa de vinho, para aquecer ocorpo e inspirar a alma.

Há dois assuntos sobre os quais Bárbara Paz,definitivamente, não gosta de falar. O primeiro é seu passado

trágico, de menina órfã de pai e mãe que saiu de CampoBom, pequena cidade de 58 mil habitantes no interior do Rio

Grande do Sul, para tentar a vida em São Paulo – e que,antes de virar a bem-sucedida atriz da TV Globo, enfrentou

dor, fome e solidão. O segundo é seu casamento com ocineasta Hector Babenco, 67 anos, quase 30 a mais do que

ela. Nesta entrevista exclusiva, ela fala sobre ambosp o r A d r i a n a N e g r e i r o s f o t o E d u a r d o R e z e n d e

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MARIE CLAIRE O livro que vo-cê está escrevendo é uma au-tobiografia?BÁRBARAPAZ Éde tudoumpou-co.Tem poesias, contos, inquieta-ções de uma vida. São coisas quevenho esboçando ao longo dosanos e a primeira vez que tive co-ragem de mandar para alguém foiagora, para uma amiga escritora.MC Você tem medo de se exporao publicar algo tão íntimo?BP Não tenho, já me expus de-mais. Tenho mais medo que meexponham. Estou em um mo-mento em que só quero falar doque me interessa. Se é para me ex-por, que seja do meu jeito. Pou-cas pessoas conhecem meu ladopoético, melancólico. Ninguémconhece essa Bárbara.MC Será que você não temuma imagem melancólica con-solidada? Não me refiro só aoseu passado trágico, mas a al-go que você já definiu comoum “olhar triste” que cai bemem alguns papéis.BP Eu me refiro ao que escrevo. Enão sei qual é a imagem que te-nho no mercado, não estou preo-cupada com isso. Só quero fazerum bom trabalho e, para tanto,tenho de me doar muito. O quetenho dentro de mim traz melan-colia. E eu não aguento mais fa-lar da minha história porque fi-ca repetitivo, parece que só querocontar a minha vida trágica. Ascicatrizes ficam, mas a minha vi-da não é trágica há algum tempo.MC Você certa vez disse: “Nun-ca pentearam o meu cabelo”.Órfã de pai e com uma mãedoente, você cresceu sem cui-dados e referências, inclusivede livros e filmes, certo?BP Total. Meu livro é minha vida.Depois dos 17 anos, quando mi-nha mãe morreu, é que fui buscaro conhecimento. Não me lembro

de um livro que a minha mãe te-nha lido, porque ela não podia,estava na cama, sofria muito. Eupreferia falar com ela e ouvir ashistórias que me contava. Isso aju-dava a passava a dor que ela sentia.

vez essas pessoas não tenham medado o valor que merecia. Em vezde colocar a minha personalida-de e a minha opinião em nossasreuniões, eu não me expus. Mas oHector sempre me ajudou muito.MC O que ele dizia a respeitodesse seu sentimento?BP Ele não concordava, não acei-tava. Dizia: “Pare de se sentir as-sim. Você tem uma história de vi-da que muitas pessoas que sabemtudo, falam todas as línguas, le-ram tudo e viram todos os filmesnão tiveram. Você tem a maior ri-queza, que é a sua vida, e está in-do atrás do resto”.MC Bem, faz sentido.BP É um conflito interno. É aque-la coisa do respeito, de quem vemdo interior. Às vezes, ainda soua menina do interior. A que sesente saindo lá de Campo Bom,tentando conquistar o mundo epensando: “Mãe, eu vou vencer,eu vou ser alguém”.MC E o que seus amigosacham disso?BP Quando me veem nessa turma,não me reconhecem. “Você mu-da muito”, eles falam. Mas eu nãoconsigo ser diferente. Nós somosos nossos leões, com quem temosde brigar a vida toda. Quando co-meço a namorar alguém, semprepenso: “O que vou apresentar pa-ra essa pessoa?”. Não tenho pai,mãe, minha família é totalmentedesestruturada. A família sou eu.E isso me faz sempre me sentirinferior. Mas os anos vão passan-do e você entende que vão gos-tar de você no seu todo – mes-mo não tendo bens, não falandotodas as línguas, não tendo viaja-do o mundo inteiro. E a escolhafoi minha. Eu escolhi andar comessas pessoas mais inteligentes.MC Você poderia ter escolhidoum caminho mais fácil, não?BP Poderia, mas eu gosto da difi-

MC Houve um momento emque você se comparou a ou-tras pessoas e se sentiu dimi-nuída por isso?BP Muito. Aliás, me sinto assimaté hoje, embora atualmente es-se sentimento de inferioridade es-teja mais suavizado. Somente osinteligentes me interessam, e euquero estar junto deles para metornar uma pessoa melhor.Tenhode andar com gente mais inteli-gente do que eu. Sempre busqueipessoas mais velhas, mais cultas,porque queria me alimentar.MC Mas isso tem um preço.BP Sim. Isso me fez sentir infe-rior sempre. Sou casada com umhomem mais velho e muito inte-ligente que está cercado de inte-lectuais, jornalistas, cineastas. Sãopessoas de conhecimento e vivên-cia muito superiores aos meus– eles têm quase três gerações amais. E tenho tido de enfrentarisso nesses anos. Eu nunca conteiisso para ninguém, mas acho queposso falar agora porque já mesinto bem melhor. O fato é quesempre me senti inferior. E, sim,era menor. Eu dizia: “Quando osmaiores falam, eu calo”. E, comome calo porque quero escutar, tal-

Às vezes,sou ameninado interiortentandoconquistaro mundo”

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culdade. Não sofro porque é umacoisa pequena, mas sei como é opreconceito por eu ser casada comum homem mais velho.MC Você escuta muitos comen-tários maldosos sobre sua re-lação com o Babenco?BP Não ouço, porque não fa-lam para mim. As pessoas nãoentendem o que é a nossa re-lação. Criam estereótipos e ró-tulos. Só nós dois sabemos co-mo o nosso relacionamento élindo. Como temos respeito eadmiração por esse nosso mo-mento. Que é efêmero, porquenão sabemos o dia de amanhã.MC Como assim?BP Eu tenho 38 anos. Ele tem 67.Sabemos para onde a vida vai ca-minhar. São muitos fatores. Sa-bemos que nosso relacionamen-to vai ser para sempre, mas nãosabemos os rumos que vai tomar.Eu estou começando a ir para ametade da vida. Ele está se aproxi-mando de uma segunda metade.MC Vocês chegam a conversarsobre isso?BP Sim, temos essa sensibilidade.Estou vivendo um momento demudanças. O Hector tem a vidadele constituída, mas chega umahora delicada em que vou ter quedecidir onde colocar tudo o queconstruí, sabe? É um momentode escolhas. Estou um pouco can-sada de cuidar de mim. Eu que-ro ter um filho. Mas para isso eupreciso ter a certeza da estabilida-de. Como passei muita necessida-de na vida, não quero que o meufilho passe pelo mesmo.MC Que tipo de necessidade?BP Eu varria o pátio do clube e,em quatro semanas, ganhava umacarteirinha para poder usar a pis-cina no verão. Eu tinha uns 7, 8anos, varria dançando, me davauma felicidade imensa porque iapoder usar a piscina. Mas eu pas-

sava a tarde inteira na piscina na-dando, no sol, e, quando saía delá, morrendo de fome, não tinhadinheiro para comprar um picolé.Lembro até hoje de um cachorro-quente que tinha no clube, mui-to gostoso. Uma vez por semanaeu conseguia comprar. Mas, nosoutros dias, não. Aquilo me doíamuito. Eu sempre pensava quealguma coisa boa ia acontecer, eacontecia – alguém me pagavaum cachorro-quente ou eu po-dia comer e pagar depois. Claroque essa necessidade toda me fezmelhor, me transformou na gla-diadora que sou hoje, mas nãoquero dar isso para uma criança.Não quero que ela não possa rece-ber o presente que quis no Natal.MC Bárbara, fique tranquila.Isso não vai acontecer.BP Mas a carreira de atriz é mui-to instável! Por isso eu não sou sóatriz. Se não tiver trabalho aqui,faço outras coisas – posso pintar,maquiar, escrever, dirigir. Eu te-nho paúra. Não quero isso para o

los têm mais força para seguirem frente. Você concorda?BP Sim, eu sou essa pessoa porcausa da minha história. Ela mefez melhor, mas me deixou mar-cada. Há buracos que não fechame nem a análise resolve. Eu sei quetenho um vazio paternal. E co-mo preencho isso? Por isso queme envolvo com homens maisvelhos? Talvez. Sim. Mas está re-solvido, não tenho problemas.Tento preencher os meus vaziosdo melhor jeito possível, não meimporta o que os outros pensem.A minha atitude é livre.MC Você se sente bem na TVGlobo e pertencendo ao uni-verso das celebridades?BP Quando estou no Projac, es-tou inteira. Tenho muito orgu-lho de trabalhar na TV Globo.Tenho vários amigos do teatroque estão se rendendo à televisão,que cansaram de contar moedi-nha para comprar um hambúr-guer para a filha. E, quanto aouniverso das celebridades, eu fa-ço parte disso. Eu me tornei co-nhecida do grande público emum reality show (Casa dos Artis-tas, no SBT, em 2001). Não mesinto nem um pouco forçada anada, amo o que faço.MC Você já se sentiu forçadaem alguma situação?BP Sim. Porque eu precisava dedinheiro, fiz um clipe dos Titãs,muitos anos atrás, que eu detes-to. Adoro os Titãs, mas o clipe éde muito mau gosto. Eu apareçomostrando os seios. Nada me dei-xou mais triste do que ver aque-le clipe. Eu precisava da granapara pagar o IPTU, o seguro docarro, essas coisas básicas. Masfoi uma coisa muito violenta. Eume senti atacada, para mim foimuito agressivo. Hoje não dei-xo mais que façam isso comigo.Graças a Deus cheguei aqui e não

meu filho. Era uma criancinha echegava às lojas pedindo empre-go. As pessoas davam risada. Eufazia flores para botar no cabe-lo, artesanato. No Natal, a mi-nha mãe não me dava a bonecaque eu queria. E eu nem chora-va, porque sabia que ela não po-dia comprar o brinquedo.MC Há quem diga que pes-soas que superaram obstácu-

Sei como éo preconceitopor eu sercasada comum homemmais velho”

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deixo mais me agredirem. Já le-vei tanta porrada da vida, sabe?MC Quando olha a sua vidaem retrospectiva, você senteorgulho do que vê?BP Sinto muito, mas não sei por-que e nem para quê. Eu semprequero que a pessoa que está co-migo tenha orgulho, não eu. Àsvezes, penso: “Para que fiz tudoisso?”. Eu queria fazer coisas paramostrar para minha mãe. Quan-do acaba a peça de teatro, porexemplo, a plateia vai embora edá um vazio... Eu falo: “E nãoficou ninguém?”. Mas o fato éque conquistei tudo o que pro-meti para mim mesma. Até mais.MC Você prometeu isso parasua mãe?BP Prometi. Eu falei para ela:“Vou ser alguém na vida, podeacreditar em mim”. Eu me lem-bro indo embora da cidade comduas malas, sozinha, caminhan-do sete quadras para pegar o ôni-bus. Eu olhava para trás e sabiaque não ia voltar. Eu dizia, commeu All Star rasgado: “Vou acharum espaço no mundo pra mim”.MC Tinha grandes chances dedar errado, mas deu certo.BP Vejo que valeu a pena e queeu consegui. Quantas pessoasnão conseguem? Então, o quevier agora é lucro. Mas é claroque quero mais. E me pergunto:“Mas querer mais para quem?”.É por isso que preciso de ou-tro alguém, e esse alguém temde chegar. Tem de vir um filho.MC Você completa 40 anos emoutubro de 2014. Já sente os si-nais da idade?BP Meu corpo e minha energianão me dizem que vou fazer 40anos. Antigamente, com essa ida-de você já era uma idosa. Eu vejoo envelhecimento pelas minhasmãos. É engraçado, porque elasestão ficando cada vez mais pare-

cidas com as da minha mãe. Devez em quando, olho para elase penso: “Não posso esquecer aminha história jamais, porque elaestá nas minhas mãos”.MC Você está em crise com aidade?BP Não é uma coisa que me preo-cupa. Às vezes olho para meni-nas muito mais jovens e vejo queestão bem mais envelhecidas doque eu. Cuido muito de mim eestou atenta ao futuro, para li-

MC Um clichê sobre relacio-namentos diz que os homenstêm medo de mulheres bem-sucedidas. Será?BP Não creio. O homem gostade mulher independente, masque respeite os valores femini-nos. Nos últimos tempos, oshomens se retraíram. E o quedeveria ter feito a mulher? Fi-car na dela e esperar o homemvir conquistá-la. Mas elas, aocontrário, avançam!MC As feministas vão ficar ou-riçadas com sua teoria.BP Ah, é? Elas não vão gostar?MC Desconfio que não.BP Ai, meu Deus! Eu não que-ro ser antifeminista. O que euacho é que a gente tem de serativa em tudo na vida, mas nãopode perder a essência da mu-lher. Se você gosta de um rela-cionamento heterossexual, temde respeitar isso. Não quero di-zer que seja preciso ser mulher-zinha. Mas, muitas vezes, a mu-lher afasta o homem porque to-ma muita atitude na hora do pri-meiro beijo, da primeira transa,faz a primeira ligação. Eu tenhopadrões antigos, infelizmente.MC Ou não, quem há de saber?BP Só que eu não quero ser an-tifeminista! Eu sinto que as me-ninas da minha geração, quandoestão a fim de um homem, vãoatrás, ligam, sufocam o cara. Eufalo para elas: “Calma! Não li-gue, espere ele ligar”. Porque euacho que, se o homem está in-teressado, ele vai ligar. Homemnão gosta de mulher que correatrás dele. Eu gosto do mistério,de ser conquistada. Algumas mu-lheres estão enlouquecendo pelafalta de homens querendo rela-cionamento estável. Têm pavorde ficar sozinhas. Eu, pelo me-nos, adoro estar casada. Gosto dedividir a vida com alguém.

dar com isso de uma forma tran-quila. Tem mulheres que piram.Começam a fazer plásticas e nãoadianta nada, porque só mexemna casca. Eu acho muito bonitoquem sabe envelhecer bem. Per-to dos 40 o mar acalma, a gentevê a vida sob outro prisma e fi-ca mais sábia. Mas é óbvio que agente perde muitas coisas.MC Quero crer que tambémganhamos.BP Será? Bem, converso com mu-lheres mais velhas, no auge dos50 anos, e sempre tem uma ououtra que se separou, mas já es-tá namorando de novo. A gentesempre acha que, se nos separar-mos, ninguém vai mais nos que-rer. Muito pelo contrário. Se vo-cê envelhece bem, tem para todosos gostos. Fico triste quando vejomulheres com dinheiro, com tu-do para ser felizes, mas que estãogordas, desleixada, com maridosque nem olham mais para elas.

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