BARROSO_Turistificação de lugares
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO CIÊNCIAS CONTABÉIS E TURISMO
CURSO DE TURISMO
EDMAR ALICIANO MAGALHÃES BARROSO
TURISTIFICAÇÃO DE LUGARES: ANÁLISE DO POTENCIAL DA ZONA PORTUÁRIA
DO RIO DE JANEIRO
Niterói
2008
EDMAR ALICIANO MAGALHÃES BARROSO
TURISTIFICAÇÃO DE LUGARES: ANÁLISE DO POTENCIAL DA ZONA PORTUÁRIA
DO RIO DE JANEIRO
Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense como requisito final de avaliação para obtenção do grau de Bacharel em Turismo.
Orientador - Prof. MSc. Aguinaldo Cesar Fratucci
Niterói
2008
B277
Barroso, Edmar Aliciano Magalhães Turistificação de lugares: análise do potencial da zona portuária do Rio de Janeiro /
Edmar Aliciano Magalhães Barroso -- Niterói : UFF, 2008. 143p. Monografia ( Graduação em Turismo ) Orientador : Aguinaldo César Fratucci 1. Turismo - zona portuária - Rio de Janeiro CDD. 338.4791
TURISTIFICAÇÃO DE LUGARES: POTENCIAL DA ZONA PORTUÁRIA DO RIO DE
JANEIRO
Por
EDMAR ALICIANO MAGALHÃES BARROSO
Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense como requisito final de avaliação para obtenção do grau de Bacharel em Turismo.
Niterói, 30 de junho de 2008
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________
PROF. MSC. AGUINALDO CESAR FRATUCCI – ORIENTADOR - UFF
___________________________________________________________
PROF. DR. MARCELLO DE BARROS TOMÉ MACHADO - UFF
___________________________________________________________
PROF. ESP. MARGARIDA MOLINA MAGALHÃES - UFF
AGRADECIMENTOS
À minha mãe;
À minha esposa;
A toda minha família e amigos;
Aos professores Aguinaldo e Erly que muito contribuíram para este trabalho;
Aos professores e alunos do curso de Turismo;
Aos amigos do Laboratório de Computação Aplicada a Cartografia – FEN – UERJ que auxiliaram tecnicamente na adaptação das cartas.
À Sensora Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento Ltda. que gentilmente
cederam as imagens do satélite Ikonos II.
À Universidade Federal Fluminense e a sociedade que a mantém;
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Processos de turistificação........................................................................ 34
Figura 2 Elementos constituintes do espaço........................................................... 35
Figura 3 Esquema físico de parte do Centro do Rio de Janeiro.............................. 41
Figura 4 Abordagens do planejamento turístico...................................................... 45
Figura 5 Delimitação do espaço turístico em uma grande cidade hipotética........... 50
Figura 6 Delimitação do espaço turístico urbano no Rio de Janeiro........................ 51
Figura 7 Posicionamento da zona portuária em relação à Cidade do Rio de
Janeiro.......................................................................................................
58
Figura 8 Zona portuária da cidade do Rio de Janeiro............................................. 59
Figura 9 Posicionamento dos bairros da I RA.......................................................... 60
Figura 10 Delimitação da área de estudo.................................................................. 61
Figura 11 Sistema de circulação existente................................................................ 62
Figura 12 Panorama do Porto do Rio em 1608......................................................... 64
Figura 13 Panorama do Porto do Rio em 1710......................................................... 65
Figura 14 Panorama do Porto do Rio em 1817......................................................... 66
Figura 15 Pedra do Sal.............................................................................................. 67
Figura 16 Panorama do Porto do Rio em 1930......................................................... 67
Figura 17 Panorama do Porto do Rio em 2002......................................................... 69
Figura 18 Sitio do Porto do Rio em 1502, e após 500 anos em 2002....................... 69
Figura 19 Planta da cidade do Rio de Janeiro em 1817........................................... 70
Figura 20 Porto do Rio............................................................................................... 71
Figura 21 Grandes proprietários................................................................................ 81
Figura 22 Estrutura proposta para revitalização........................................................ 82
Figura 23 Potencial de renovação............................................................................. 84
Figura 24 Restaurantes.............................................................................................. 89
Figura 25 Zona Portuária – Armazéns....................................................................... 91
Figura 26 Imagem do Morro da Conceição, Satélite Ikonos II................................... 92
Figura 27 Mosaico de fotos do Morro da Conceição................................................. 93
Figura 28 Praça Mauá................................................................................................ 93
Figura 29 Morro da Providencia................................................................................. 94
Figura 30 Praça da Harmonia e Moinho Fluminense................................................. 95
Figura 31 Carta imagem da Zona Portuária e Centro Histórico................................. 98
LISTA DE SIGLAS
APA Área de Proteção Ambiental
CBD Central Business District
CDRJ Companhia Docas do Rio de Janeiro
ESMAPA Estação Marítima de Passageiros do Porto do Rio de Janeiro
I RA I Região Administrativa
INEPAC Instituto Estadual do Patrimônio Cultural
IPHAN Instituto do Patrimônio Artístico Nacional
IPP Instituto Pereira Passos
IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano
LIESA Liga Independente das Escolas de Samba
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
RIOTUR Secretária Municipal de Turismo da cidade do Rio de Janeiro
SAGAS Projeto da APA dos bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo
VLT Veículo Leve sobre Trilhos
RESUMO
No mundo pós-moderno surgem novas conjunturas que possibilitam fenômenos sócio-
espaciais que se relacionam e como conseqüência materializam no território formas e
funções que se misturam. Assim, a turistificação de lugares surge como um fenômeno
simultâneo à globalização, criando novos hábitos, comportamentos e padrões. Os
espaços passaram a ser objeto de consumo e para se adequar a nova realidade dos
mercados mundiais, as cidades investem na criação de infra-estrutura capaz de atrair
investimentos. O modelo adotado por muitas cidades é a revitalização de áreas antigas,
usando a simbologia do conteúdo histórico cultural. Isto cria uma ambiente propicio ao
desenvolvimento do turismo urbano. Este modelo de intervenção no espaço urbano é
facilitado pela existência de áreas obsoletas nas regiões centrais dos centros urbanos,
notadamente, nas zonas portuárias. Neste contexto, a cidade do Rio de Janeiro possui
características similares a outras cidades que revitalizaram sua zona portuária.
Entretanto, embora haja exemplos de cidades que realizaram a intervenção na zona
portuária com sucesso, incluindo no uso do território a turistificação; o Plano de
Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro vem sendo
implementado lentamente e não especifica estratégias para o desenvolvimento do
turismo na área de estudo, pois falta sincronia entre os órgãos do poder público
municipal. Com o levantamento dos atrativos turísticos da zona portuária, por meio da
metodologia do inventário da oferta turística, foi possível identificar que há potencial
turístico pertinente que requer ação planejada para organizar o espaço turístico da zona
portuária.
Palavras-chave: Turistificação. Revitalização urbana. Zona Portuária. Espaço
turístico. Rio de Janeiro.
ABSTRACT
In the postmodern world, new conjunctures appear that make possible phenomena that
relate themselves and, as a consequence, materializes forms and functions that
intermingle in the territory. Thus, the touristification of places emerges as a simultaneous
phenomenon to the globalization creating new habits, behaviors and patterns. The
spaces have started to be objects of consumption and, in order to adjust themselves to
the new reality of the worldwide markets, the cities invest in the creation of an
infrastructure capable to attract investments. The model adopted by many cities is the
revitalization of old areas, utilizing the symbology of the cultural and historical content. In
the postmodern world, new conjunctures appear that make possible phenomena that
relate themselves and, as a consequence, materializes forms and functions that mixture
in the territory forms and functions that intermingle. This creates an environment
adequate to the development of urban tourism. This model of intervention in the urban
space is facilitated by the existence of obsolete areas in the central regions of the urban
centers, particularly, at the port zones. In this context, the city of Rio de Janeiro has
characteristics similar to other cities that have revitalized their port zones. However,
even though there are examples of cities that have accomplished the intervention at the
port zone successfully, including the touristification in the use of the territory, the Plan of
Recuperation and Revitalization of the Port Region of Rio de Janeiro is being
implemented slowly and does not specify strategies for the development of tourism in
the study area, since there is lack of synchrony among the agencies of the municipal
government. With the survey of tourist attractions at the port zone, through the
methodology of inventory of tourist offer, it was possible to identify that there is tourist
potential, which requires a planned action to organize the tourist space of the Port Zone.
Key Words: Touristification. Urban revitalization. Port Zone, Tourist area. Rio
de Janeiro.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 11
2 COMPREENSÃO DOS FENOMENOS E DOS PROCESSOS DO
TURISMO CONTEMPORÂNEO..................................................................
15
2.1 O TURISMO COMO FENÔMENO SOCIOESPACIAL................................. 16
2.1.1 Condições para a Prática do Turismo......................................................... 17
2.1.2 Relação Turista ↔ Autóctone..................................................................... 20
2.2 TURISTIFICAÇÃO COMO PRÁTICA SOCIOESPACIAL E PRÁTICA
GLOBAL.......................................................................................................
23
2.2.1 Turistificação de Lugares............................................................................. 27
2.3 O ESPAÇO TURÍSTICO URBANO.............................................................. 35
2.4 POLÍTICA E PLANEJAMENTO TURÍSTICO URBANO............................... 42
2.5 REVITALIZAÇÃO URBANA......................................................................... 53
3 A ZONA PORTUÁRIA DO RIO DE JANEIRO............................................ 58
3.1 O PORTO DO RIO DE JANEIRO................................................................ 71
3.1.1 O Pier Mauá.................................................................................................. 73
3.2 PROJETOS, INTERVENÇÕES E INFLUÊNCIAS NO ESPAÇO DA ZONA
PORTUÁRIA DO RIO DE JANEIRO............................................................
74
3.2.1 A Lei de Cabotagem .................................................................................... 85
3.2.2 O Projeto do Corredor Cultural do Rio de Janeiro........................................ 87
3.3 O PATRIMÔNIO TURÍSTICO LOCAL.......................................................... 88
3.4 A EXPERIÊNCIA DE VICTORIA E ALFRED NA CIDADE DO CABO ........ 99
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 102
REFERÊNCIAS............................................................................................ 108
APÊNDICE A – Formulários dos atrativos turísticos.................................... 112
1 INTRODUÇÃO
Ao longo da historia, a sociedade constantemente passa por transformações.
Essas transformações ocorrem na escala geográfica global afetando todo o planeta.
Paralelamente, na escala local, ocorrem alterações que interferem no lugar, mas não
necessariamente no global. Em um mesmo local diversas funções são desempenhadas
pelo grupo social que ali habita. Dentre as funções do local há, por exemplo, a indústria,
o comércio, a moradia e as atividades de lazer. O fato é que essas funções vão se
transformando ao longo do tempo, relacionando-se sempre com o espaço e
influenciando o estado das outras funções. Conhecê-las de forma racional e eficiente,
se faz necessário para o melhor aproveitamento do uso e ocupação do espaço.
Em um processo contínuo, as relações entre as funções, formaram ao longo da
historia, novas funções. Como resultante da dinâmica entre as relações temos o
turismo, que pode ser compreendido como um conjunto de funções sociais,
desenvolvidas por atores fora do seu entorno habitual, ou seja, em outro espaço. Isto
implica muitas relações de cunho sócio-espacial que serão observadas ao longo desse
trabalho. Entre estas relações se inserem conflitos entre população residente e turista.
Graças às transformações do espaço, as áreas podem ter maior ou menor uso.
Em condição de subutilização se encontra a região da Zona Portuária da cidade do Rio
de Janeiro. Como possibilidade de revitalização, temos a turistificação. Revitalizar é
tornar o local ativo de novo, por meio de políticas publicas e planejamento, atrair
investimentos que rejuvenesçam o lugar, possibilitando novos usos. Turistificação é o
processo de alterações que ocorrem nos espaços, urbanos ou não, que caracterizam o
espaço como turístico. Justamente nesse ponto, a turistificação se insere como uma
real capacidade de aproveitamento racional do espaço potencial, tendo em vista
11
exemplos ocorridos em diversas zonas portuárias, como Nova York e São Francisco
nos Estados Unidos, entre outras.
A razão para realizar o estudo sobre a turistificação é contribuir para a discussão
do fenômeno do turismo. Conta ainda o desejo de permitir que o estudo possibilite
novas pesquisas, e que esse conjunto de pesquisas venha a ter aplicação de fato na
melhoria da harmonia das relações sociais e espaciais.
A partir dessas considerações, pretende-se que a turistificação seja um
fenômeno possível de acontecer simultaneamente ao fenômeno da globalização e do
processo de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro.
Para isso, o primeiro aspecto é a subutilização do Porto do Rio de Janeiro, que
há muito vem perdendo volume de transações. Como conseqüência, existem diversos
armazéns e edifícios abandonados. Os bairros integrantes da Zona Portuária que
corresponde a I Zona Administrativa compõem-se de Gamboa, Santo Cristo, Saúde e
Caju. Todos eles carecem de equipamentos urbanos para a população local. Não há
um comercio efetivo. Até na região da Praça Mauá, diversas empresas têm se
transferido para outros pontos da cidade como a Barra da Tijuca. Esse conjunto de
características por si só justifica pensar-se na revitalização da local.
Porém, outros aspectos contribuem para a revitalização e o simultâneo processo
de turistificação, merecendo destaque a postura adotada pelo poder público municipal
ao criar o projeto do Corredor Cultural com intenção de trazer novos usos à região
central da cidade. Esta postura levou à criação do Projeto de Recuperação e
Revitalização da Zona Portuária do Rio de Janeiro, sendo importante salientar que
ambas as áreas são adjacentes e situadas na região central.
O ambiente externo também contribui em certa medida para uma possível
turistificação da área em estudo, como exemplo, destaca-se a Lei de Cabotagem que
vem permitindo o crescimento da atividade turística no porto do Rio de Janeiro.
Recentemente, eventos culturais independentes vêm acontecendo na região e
com relativo sucesso, comprovando a possibilidade de aproveitamento dos galpões
sem necessidade de descaracterizar a historia e paisagem local.
Porém, todos estes processos necessitam de analise das condições existentes e
as interferências precisam ser estudas e aplicadas ordenadamente sobre o território. A
12
questão investigativa que se apresenta é a de identificar qual o potencial para a
aplicação de um processo de turistificação ordenado e planejado na revitalização da
Zona Portuária da cidade do Rio de Janeiro?
Acredita-se que a Zona Portuária da cidade do Rio de Janeiro possui grande
potêncial turistico que não vem sendo aproveitado pelas politicas públicas. Essa área
atualmente é subutilizada, e um processo de turistificação ordenado e planejado poderá
interferir nesse espaço de forma que permita sua revitalização.
Portanto, se faz necessário estudar as possibilidades de revitalização da região
portuária da cidade do Rio de Janeiro por meio da sua turistificação. Isto será possível
com a identificação precisa de como este processo de turistificação irá ocorrer e que
relações com o território ele irá estabelecer. A identificação de projetos que contribuam
para a revitalização da área de estudo também deve ser objeto desta análise.
No decorrer do presente estudo foi necessário relacionar o patrimônio turístico da
Zona Portuária do Rio de Janeiro, pois é através desta analise do espaço turístico que
se podem identificar as potencialidades e pontos do espaço que devem sofrer
intervenção.
Para desenvolver a pesquisa foi adotada a analise qualitativa, passando pelo
levantamento bibliográfico e documental, visando identificar projetos de revitalização da
Zona Portuária. Foi realizada entrevista estruturada com representante do poder público
municipal, responsável pela gestão da atividade turística, Secretária Municipal de
Turismo da cidade do Rio de Janeiro (RIOTUR).
Por meio de pesquisa bibliográfica foram analisados exemplos similares como os
casos de Darling Harbour, em Sidney e Victoria e Alfred, na Cidade do Cabo.
Como objetivo geral da pesquisa foi realizado o levantamento da oferta turística
local, empregando formulários seguindo metodologia trabalhada no Curso de Turismo
da Universidade Federal Fluminense junto à disciplina Planejamento e Elaboração de
Projetos Turísticos I e II. Assim, a pesquisa de campo identifica como o espaço se
organiza.
No Capitulo 2 foi feita a abordagem teórica do tema, identificando as
características do turismo moderno. Entre estas características buscou-se identificar a
atividade turística como uma prática sócio-espacial, fruto de novos hábitos sociais,
13
capazes de criar territórios para o uso e ou consumo por meio do turismo. O uso destes
territórios produz conflitos com a população residente. A produção do território foi
observada sob a ótica da revitalização urbana e para tal foram especificados o espaço
turístico urbano e o processo de intervenção pelo planejamento ordenado como um
processo de tomada de decisão política.
No inicio do Capitulo 3 foram verificadas as condições socioeconômicas,
observando fatos históricos que contribuíram para a evolução urbana da Zona Portuária
do Rio de Janeiro. Esta evolução urbana em grande medida ainda é influenciada pelas
atividades do Porto do Rio de Janeiro, bem como o potencial turístico da Zona Portuária
passa pelas atividades do Píer Mauá. Assim, foi analisado o atual Plano de
Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro, identificando suas
características e possíveis relações com o turismo. A Lei de Cabotagem e o projeto do
Corredor Cultural, em certa medida, influenciam a inserção da atividade turística junto à
região de estudo. Por fim, o levantamento do patrimônio turístico atual e a experiência
de Victoria e Alfred, na Cidade do Cabo, permitiram chegar às considerações finais.
2 COMPREENSÃO DOS FENOMENOS E DOS PROCESSOS DO TURISMO
CONTEMPORÂNEO
Com o referencial teórico abordado espera-se encontrar subsídios que permitam
discutir, com pertinência, as necessidades e potencialidades da área que se constitui
objeto deste estudo. Assim, pretende-se elucidar sob diferentes perspectivas,
privilegiando a multidisciplinaridade, conceitos de turismo, turistificação, revitalização
urbana, políticas públicas e planejamento. A apresentação dos conceitos de turismo
traz uma gama de condições para que o turismo se estabeleça como fenômeno e o que
representa hoje no meio sócio ambiental. Isto permitirá compreender o processo de
turistificação que surge, de certa forma, ligado à globalização, agindo no ser e no
espaço simultaneamente. Tem-se o novo cidadão, consumidor que é capaz de
influenciar na criação de produtos turísticos. Em nome de seus desejos e motivações os
espaços são transformados para uma lógica do consumo. É a produção se adequando
à demanda. Disto decorre a possibilidade de que espaços sejam resgatados e trazidos
para uma nova realidade do espaço global. Aqui será tratado do turismo em área
urbana, possibilitando que essas áreas sejam revitalizadas. Mas para tanto é
necessária a intervenção consciente do Estado.
O turismo pode ser entendido como um fenômeno sócio-espacial. Esta
compreensão é percebida ao se analisar os conceitos de turismo e suas variações, pois
é possível identificar que sua ação é baseada no conjunto homem, espaço e tempo,
acrescentando-se fatores de ordem econômica, psicológica, cultural, ecológica. Este
conjunto de formulações possíveis indica a complexidade que o fenômeno assume e as
perspectivas pelas quais pode ser abordado.
15
2.1. O TURISMO COMO FENÔMENO SOCIOESPACIAL.
O turismo é entendido como um conjunto de relações sócio-espaciais que
envolve turistas (sociedade emissora), o espaço de origem, o espaço de destino, a
sociedade receptora, o deslocamento e a permanência no destino com a volta ao
entorno habitual. O turista se relaciona ativa ou passivamente com os habitantes do
destino. Logo, são relações que se desenvolvem no espaço por sociedades e culturas
diferentes. Motivos diversos incitam o homem a viajar, sendo amplas as possibilidades
e acontecimentos quando do deslocamento, “A viagem é um trânsito do homem, no
qual se opera a transição entre a experiência do conhecido e as experiências por
conhecer” (RODRIGUES, 1999, p.28). Ou seja, a viagem se apresenta como uma
necessidade do homem atual. É uma experiência que cada vez mais toma parte da vida
moderna.
A viagem é uma ação natural do homem que outrora foi nômade, depois passou
a ser sedentário e viver em um local específico. Mas esta primeira ação é apenas uma
parte do fenômeno, ir sem retornar não significa turismo. Daí a origem da palavra que
denota a essência do conjunto de ações implicando o retorno. A viagem de volta
completa o ciclo, configurando o turismo. A humanidade se fixa ao local que escolhe ou
é impelida a viver, mas sente o desejo de conhecer outros lugares e tem a obrigação de
retornar para o cotidiano. Lickorish e Jenkins (2000) observam que a palavra turismo é
atribuída ao deslocamento de pessoas até um local fora de seu entorno habitual. Este
emprego da palavra viagem tem sido universal ao longo do tempo.
Para determinar exatamente o que significa uma palavra, a melhor opção é a
consulta à origem etimológica, que permite observá-la em sua essência sem as
constantes influências que sofre com a adjetivação e contextos em que é empregada.
Andrade (1998) faz uma abordagem, explicando que o seu uso mais freqüente como
hoje é conhecido, teve origem na Inglaterra, derivado do francês e de formas primitivas
oriundas do latim. A matriz do radical tour que aparece no verbo tornare e no
substantivo tornus significa giro, viagem de ida e volta. O que pode ser percebido no
português atual com o verbo tornar que significa retornar, voltar. Toda a significância
16
assumida e difundida pelo uso bretão está ligada a prática do “Grand Tour” uma viagem
de conhecimento e formação realizada por jovens, passando pelas principais cidades
européias e retornando até a Inglaterra.
O movimento de ida e volta pode significar uma ruptura com as atividades
diárias. Para Fonseca (2005), a prática do turismo é romper com o cotidiano. Pode-se ir
mais além, sendo percebido como viver um novo cotidiano, muito comum em turismo de
veraneio com a segunda residência. Viajar pode se tornar um hábito tão corriqueiro que
venha a ser uma parte do cotidiano, repetindo a vida de seu habitat. Assim, “as
atividades cotidianas realizadas pelo turista, se encontram submetidas a restrições e
comportamentos similares àqueles que constituem a trama da vida cotidiana no lugar
de residência”. (HIERNAUX, 2000, p.68)1.
Esse ciclo de relações no espaço de destino tende a se diferenciar das relações
cotidianas pela prática do lazer. “Uma parte do lazer desenvolve-se no âmbito das
viagens.“ O universo se abre para o exterior “[...].O destino das viagens constitui o outro
pólo, o anticotidiano” (KRIPPENDORF, 2001, p.26). É este aspecto da relação oposta e
ao mesmo tempo complementar entre trabalho e lazer que pressupõe a quebra da
rotina. Entretanto, o lazer pode ser praticado até mesmo em casa e sem sair do lugar,
no seu bairro ou cidade, como parte do dia a dia. “Assim, fugindo do cotidiano pelo
anticotidiano, a pessoa, fatalmente se descobre no cotidiano”. (KRIPPENDORF, 2001
p.55).
2.1.1 Condições para a Prática do Turismo.
A prática do turismo depende de fatores determinantes por parte do turista. Estes
fatores se configuram em condições para sua realização: tempo disponível, poupança
excedente e motivação. A primeira condição que se impõe é o tempo. Este surge no
primeiro momento em oposição ao trabalho. Para Hiernaux (2000, p.64)2:
1 Tradução livre do autor. 2 Idem.
17
[...] as práticas turísticas se sustentam em um modelo espaço-temporal radicalmente oposto ao que prevalece no mundo do trabalho. Na cotidianidade do turismo se constrói um mundo diferente, o do ócio, em que prevalecem regras de convivência interpessoais, critérios de construção de identidade, práticas sociais e motivações baseadas no efêmero, mais que no permanente. Isto implica a possibilidade de construção de uma cotidianidade não duradoura, mas socialmente identificável, e eventualmente reafirmada em posteriores momentos de férias.
Assim, o turismo depende do tempo livre que pode ser adquirido nas férias, nos
finais de semana, feriados prolongados, aposentadoria dentre outros. De todo modo, o
turismo surge vinculado à libertação do trabalho.
A outra condição é a capacidade de consumir o turismo, a poupança ou
rendimento. Isto é dinheiro disponível para permanecer um período sem trabalho,
arcando com custos de transporte, hospedagem, alimentação e atividades de
recreação. Hiernaux (2000)3 assinala que não é toda a população mundial que possui
capacidade de fazer turismo; em geral, apenas as classes mais favorecidas podem
fazê-lo. Estas classes possuem maior possibilidade para viajar para destinos mais
longínquos e com maior freqüência. Em contradição, as camadas mais aptas
economicamente, tendem a ter menos tempo disponível para a prática do turismo. O
que se explica pelo conjunto de atividades e compromissos do cotidiano moderno. Além
do trabalho, outras relações sociais e atividades de lazer são impostas ao potencial
turista quando em seu entorno habitual.
Entre as modalidades de práticas do ócio, podemos distinguir pelo menos desde uma perspectiva territorial três formas de realização: i) aquelas que se baseiam na não atividade em lugar fixo (geralmente a casa) (O “farniente” italiano); ii) as atividades de pouca mobilidade (ir ao cinema, ao teatro, passear no bairro, no parque perto…), com freqüência, realizadas dentro de um âmbito metropolitano de residência e; iii) aquelas atividades que implicam uma mobilização espacial ampla do indivíduo e de certos recursos associados. É nesta terceira categoria do ócio que se inserem o turismo e a excursão. (HIERNAUX, 2000, p. 63)4.
3 Tradução livre do autor. 4 Idem.
18
No momento em que as atividades que necessitam de afastamento do entorno
se tornam habituais, tem-se então a idéia de turismo como a prática cotidiana proposta
por Hiernaux (2000). Esta prática se difunde como hábito entre as classes dominantes e
se expande para as classes inferiores. A prática do turismo não é exclusividade das
classes alta e média. As classes com menor poder de compra, em geral, realizam
deslocamentos de menor distancia e custo, dentro de suas possibilidades de tempo e
dinheiro. O momento mais oportuno são os feriados prolongados em que viajam para
cidades próximas, podendo ficar em casa de parentes e amigos.
A terceira condição que se impõe à prática do turismo trata da motivação que
pode ter suas origens nos desejos. O nascimento do turismo está no desejo íntimo do
ser humano, o que está relacionado as suas necessidades e disposições para chegar
ao objetivo que será capaz de suprir essas necessidades. Isto significa que motivação
faz parte de um processo complexo que envolve fases distintas. Martins (2006)
discorre sobre a relação interdependente entre motivação e necessidade, chegando ao
processo motivacional. Este processo surge de um estimulo qualquer que gera a atitude
até satisfazer a necessidade. Ligada à necessidade, percebe-se que a motivação em
diferentes fases da vida terá grau de importância e característica próprias. Assim, a
motivação turística é definida por Martins (2006, p. 54) como:
Forças intrínsecas que influenciam um indivíduo a se engajar em atividade turística. Essas forças intrínsecas podem ocorrem (sic) como resultantes de forças extrínsecas que afloram do ambiente em que se vive. No contexto do turismo motivações podem resultar de necessidades sociopsicológicas advindas de largas pressões sociais.
Essas três condições motivação, poupança e tempo, inter-relacionadas, em
maior ou menor grau, irão configurar as formas, os tipos e as modalidades de turismo.
Isto é essencial para compreender como a prática do turismo influenciará nas
alterações no espaço turístico e na formação da sociedade que vai agir sobre o espaço
turístico.
19
2.1.2 Relação Turista ↔ Autóctone
A prática do turismo com suas múltiplas faces implica uma relação muitas vezes
pouco amistosa com a população residente no espaço visitado. Os residentes também
formam um grupo heterogêneo que pode ser dividido entre os que têm interesses na
prática do turismo e os que não o têm. Disto decorre a relação com tendências
conflituosas.
Cabe aqui definir o turista como o elemento, individual e social, que pratica a
atividade turística, o nômade que se põe em movimento, levado por desejos que o
impelem a atingir uma satisfação. No entanto, esse nômade como turista “não é um
outro estranho, mas um outro de nós, que carregamos, muitas vezes desejosos e
sombreados no mundo predominantemente opaco do cotidiano do trabalho”.
(BENEVIDES, 2007 p. 90).
Para este estudo, o turista é aquele que viaja ao redor do mundo, mas também
aquele que faz excursão5 com os amigos da escola até o museu da cidade vizinha, ou
vai a uma festa religiosa no outro estado ou província. É também aquele que sai todo
final de semana para a sua casa de veraneio. É ainda aquele imigrante que vai visitar
os parentes. As razões para viajar podem montar uma lista interminável e nunca é um
único motivo. Os motivos para viajar passam por combinações que por vezes se
contradizem, formando assim a face do turismo; “um fragmento de múltiplas facetas da
realidade humana social” (KRIPENDORF, 2001, p. 50).
A relação turista ↔ autóctone é comumente balizada por uma critica à figura do
turista e a prática da atividade turística. O que leva a criação de um conjunto de
barreiras à atividade turística. Knafou (1999) descreve essa abordagem como negativa
e originada de uma visão limitada do que é meio ambiente. Os principais argumentos se
dividem em quatro conjuntos de idéias: “Antes era melhor”, “o ar de saturação”, “o ar de
racionalidade econômica” e “a prova da crise”.
5 A diferença entre ambos - turismo e excursão - é tênue e jaz na determinação do âmbito espaço-tempo das atividades. É a partir da definição normativa que se distingue o excursionista do turista, sendo este último quem se desloca por mais de 24 horas e pernoita fora de seu lugar habitual de residência para realizar atividades que não sejam lucrativas. (HIERNAUX, 2000, p.64) – Tradução livre do autor.
20
O “Antes era melhor” advém de uma rejeição até natural frente a tudo aquilo que
é novo. Novas tecnologias, um novo trabalho, a nova escola. Assim ocorre com aquele
lugar que foi visitado há muito tempo ou mesmo deixado na infância para viver em outro
lugar. Ao voltar para uma visita é possível identificar que o lugar mudou. Mas o visitante
também mudou. É a transformação do homem que o faz lembrar-se do lugar e não a
transformação ocorrida no lugar em si, residindo ai a percepção negativa, pois os
homens percebem a sua evolução negativamente (KNAFOU, 1999).
“O ar de saturação” advém do turismo massificado que concentra turistas em
espaços limitados. O que é muito interessante, pois o turismo surge como libertador do
estresse das cidades grandes e da correria diária e então, todos querem ir justamente
para onde todos estão. E essa multidão na pequena cidade representa muitas
mudanças que são visíveis aos olhos do observador menos atento. “Como sempre há
dois aspectos a serem considerados no fenômeno em questão: alguns considerarão - o
interesse econômico, social, demográfico, mesmo estético - da transformação operada.
Outros verão somente os efeitos negativos.” (KNAFOU, 1999, p.66).
O terceiro conjunto de argumentos trata do “ar de racionalidade econômica”.
Knafou (1999) observa que o crescimento do turismo seria capaz de esgotar seus
recursos. Em particular a paisagem natural. A dita autodestruição necessita de duas
condições que não se satisfazem. A primeira condição é que as pessoas são
diferentes, com preferências particulares e o que agrada a um pode não agradar a
outro. Cada um tem percepções subjetivas e individuais. Por exemplo, um ambiente
com muitas pessoas pode ser interpretado como badalado e agitado, por conseqüência,
atrativo e motivador. Mas, por outro lado, outros grupos podem entender esse ambiente
como poluído e desorganizado, sendo desmotivados, preferindo um lugar com
características diferentes.
O conteúdo percebido pelo turista quando vivencia a experiência contribui para o
argumento de Knafou e tem sua raiz na imagem contida na memória do observador da
paisagem. A diferença de percepção do conteúdo observado reside no fato de que
quem já visitou o lugar carrega consigo uma impressão. Quem nunca havia visitado o
local não possui essa marca deixada na memória. É o que acontece, por exemplo, com
alguém que conhece um lugar após a transformação da paisagem.
21
A segunda condição necessária se estabelece no lugar turístico que pode sofrer
variações internas de acordo com seu funcionamento sócio cultural. Knafou (1999,
p.67) argumenta que, embora haja uma manifestação clara da demanda por espaços
intocados “[...] são os lugares turísticos mais densamente freqüentados os que mais
atraem [...], é esta ‘saturação’ do lugar turístico que garante sua animação e, assim,
uma grande parte da sua atratividade”. Além disso, deve-se considerar que um lugar
turístico pode sofrer interferências alheias à prática turística e adquirir outra
funcionalidade.
Por fim, “a prova da crise” surge de outra idéia do senso comum de que locais
muito urbanizados espantariam os turistas. O que Knafou (1999) considera um
argumento de viés moral e funcional, partindo de um sentimento afetivo. O contexto
apresentado é de que a concentração urbana é a origem da crise dos lugares turísticos
o que conduz ao ciclo de vida do produto turístico. O produto nasce, tem o crescimento
e a maturação; então, após um determinado ponto ele começa a decrescer. Para
refutar essa idéia é demonstrado o exemplo da crise espanhola dos anos 90. Esta crise,
na visão de Knafou (1999), não comprovou ser o elevado grau de urbanização no litoral
de sol e mar espanhol o agente causador do declínio do destino turístico. Foram feitas
diversas obras que não alteraram significativamente a paisagem, mas o que fez os
visitantes retornar foi o contexto geopolítico e as variações do mercado.
Não se trata de negar a existência de disfunções dos espaços turísticos e, em particular, dos lugares ligados ao grande número. Mas não é fazendo maus diagnósticos em nome de julgamentos de natureza moral que se prepara a solução do problema. (KNAFOU, 1999, p.69).
Assim, é estabelecido um conjunto de criticas ao fenômeno do turismo e sua
respectiva oposição, que visa demonstrar como as situações devem ser interpretadas
para entender o turismo e as relações heterogêneas entre turistas e autóctones.
A população local, o sedentário, o autóctone é aquele que apesar das criticas ao
turista anseia em ser também um nômade. O autóctone pode simplesmente ignorar a
presença do turista como, por exemplo, é comum ocorrer em áreas urbanas como no
bairro de Copacabana no Rio de Janeiro. O visitante é tão comum que sequer é
percebido ou incomoda o cotidiano do autóctone.
22
Mas a posição do autóctone pode ser diferente e ter seu cotidiano afetado pela
atividade turística. É o que ocorre quando um turista chega a um pequeno povoado. Há
um impacto no modo de ver e viver do autóctone que são baseadas em relações de
atração e repulsão do visitante. Esta relação conturbada sempre ocorreu ao longo dos
tempos com encontros entre diferentes culturas. Por exemplo, o progresso da indústria
chegando a uma cidade do interior. Com a vinda de novos grupos sociais por motivos
diferentes da prática do turismo também se estabelecem relações que podem atrair ou
repelir. De um lado, grupos sociais dessa cidade, interessados no progresso são
atraídos para uma relação amistosa com os novos grupos. Do lado oposto, grupos
interessados em manter o tradicional se afastariam, criando uma relação hostil ao novo
grupo e rivalizando com o grupo progressista.
No sentido contrário ao de ida para uma pequena cidade há o movimento de
migração para grandes cidades. Como exemplo, nordestinos migrando para o sudeste,
chegando a uma grande metrópole. Criou-se nas grandes cidades uma série de
carências de infra-estrutura que tornaram as relações constrangedoras entre os grupos
originais e migrantes, levando inclusive à discriminação e segregação. Isto permite
observar que a relação entre turista e autóctone é heterogênea e permeada por
diferentes motivações para aceitar e assimilar ou recusar e afastar o outro. Tanto no
que se refere à prática do turismo como para outras práticas sociais.
2.2 TURISTIFICAÇÃO COMO PRÁTICA SOCIOESPACIAL E PRÁTICA GLOBAL.
Segundo Hiernaux (2000, p.67)6, “A evolução que seguiu o turismo no pós-guerra
nos países desenvolvidos revela uma massificação considerável”; o que resultou em
uma padronização e internacionalização do turismo e posteriormente o crescimento do
turismo interno. A massificação gerou concentração com estruturas grandiosas e
padrões como os que se impõem na vida cotidiana. Este ciclo levou à criação de novas
práticas no cotidiano, novas práticas que dão vazão a mudanças no nômade e no
6 Tradução livre do autor.
23
sedentário. “A partir do jogo da lógica do ganho (interesse representado pelas
empresas) e da lógica do ócio (originada nos comportamentos individuais)”.
(HIERNAUX, 2000, p.67)7.
As novas práticas podem, no entanto, ser revestidas de um aspecto de liberdade,
subvertendo a ordem do cotidiano normal e criando um novo cotidiano. Algo intuitivo,
mas permitido pelo conhecimento prévio do alojamento e do destino que foi
padronizado ao longo de décadas de massificação e ao subvertê-lo é como deixar sua
marca, “[...] na prática do ócio, o turista é um ser imprevisível que realiza atividades não
integradas ao roteiro que supostamente deveria atuar”. (HIERNAUX, 2000, p.69)8.
O novo cotidiano efêmero influencia o processo de turistificação à medida que
este pode se desenvolver não somente sobre o espaço, mas sobre a sociedade. O
mecanismo é desencadeado com as necessidades da demanda e conseqüente
adequação do mercado quanto à oferta de serviços. O mercado fornece informações ao
turista sobre o espaço real que irá viver. E estas ofertas atingem o hábito do turista
como autóctone em seu trabalho. Assim, o autóctone e nômade se complementam e se
opõem. O nômade quando no trabalho insere momentos de ócio; o contrário é válido
quando em momento de lazer. Eis que:
A turistificação da vida cotidiana se produz, portanto a partir da crescente filtragem de gotas do ócio no manto não tão impermeável da vida orientada para o trabalho. Da cotidianidade do trabalho amiúde não se percebe a fragilidade, no entanto, é necessário lembrar que só foi construída na forma atual nos últimos 200 anos, e na forma exacerbada da produção de volumes, tem pouco mais de meio século (LALIVE D'EPINAY, 19919 apud HIERNAUX, 2000, p. 73)10.
Hiernaux (2000) segue demonstrando que os objetos e artefatos colecionados
durante os momentos de lazer são peças que permitem cada vez mais inserir no
trabalho o momento mágico vivido. Isto significa fazer do momento passageiro da
viagem se transformar em duradouro, parte do cotidiano, e aos poucos os hábitos do
7 Tradução livre do autor. 8 Idem. 9 LALIVE D’ EPINAY, Christian. Loisir: dynamique et différentiation sociales, Sociétés. Dunod, Paris. n 32, p. 163-171, 1991. 10 Tradução livre do autor.
24
dia a dia vão sendo turistificados. Os homens vão se constituindo consumidores que
são os cidadãos pós-modernos. Aqueles capazes de participar da cidade global e estar
em qualquer lugar do mundo a qualquer hora, e os mercados necessitam se adequar a
esta demanda. O novo consumidor já não se satisfaz apenas com lugares cheios e
praias maravilhosas, é preciso algo mais. Isto gera uma nova dinâmica do cotidiano
capaz de turistificar um lugar antes de chegada dos turistas ao destino e tudo com o
menor risco ao capital investido.
Assim, o espaço turístico pode ser alterado em função da necessidade da
demanda e alterar as condições de uso de um local com base nos desejos da
sociedade, sendo, então, o espaço turistificado pela sociedade. Dentre os processos
que se desenvolvem no fenômeno turístico encontram-se os que ocorrem dentro do
espaço de destino. São múltiplas as configurações que o turismo pode assumir em um
mesmo espaço. E também são vários os agentes vetores que contribuíram para as
transformações que implicam na relação sócio-espacial.
O turismo manifesta-se através de diversas formas, modalidades e escalas dentro de um mesmo território. Está subordinado tanto às ações da iniciativa privada quanto do Estado e até mesmo das pequenas comunidades organizadas; todo esse movimento ocorrendo de forma sincrônica num mesmo estado, região ou país. (FRATUCCI, 2000, p.121).
Não é por acaso que o fenômeno turístico assume características contraditórias.
A sociedade global é contraditória. E é dessa forma que o local e o global contracenam
a todo instante, se contradizem e complementam. Hiernaux (1998) coloca a contradição
global influindo diretamente nos espaços, uma espécie de tensão entre o lugar real e o
novo espaço virtual, criação do imaginário que se materializa nos desejos, levando a
uma tensão variável. Também o turismo se insere junto a esse fenômeno, ora
auxiliando no desenrolar do cenário global, ora sendo incrementado pela atitude global
e que tem como um de seus precursores a “Grand Tour”. Assim como os trens e
vapores do século XIX iniciavam a transposição de fronteiras, os turistas seguiram junto
com a expansão mercadológica até atingir o mundo todo.
Esta assimilação entre a prática do turismo e a globalização é apresentada por
Hiernaux (1998) sob um conjunto de relações entre os fenômenos. No primeiro ponto, a
25
globalização surge como um convite à viagem. Junto com a expansão do global se
espalha a informação, que por sua vez, direciona os capitais, atraindo organizações e
pessoas. Isto vai gerar novos e crescentes fluxos migratórios. Toda esta dinâmica cria a
condição ideal para viagem de negócios que alia o trabalho ao lazer. “A distinção entre
viagem de negócio e viagem de prazer é tênue para a faixa mais mundializada ou
globalizada da sociedade” (HIERNAUX, 1998, p.13)11. Sob este aspecto, são os
cidadãos globais que possuem a condição de participar do mundo pós-moderno.
O primeiro elemento exposto influencia diretamente no segundo que trata das
cidades globais. São cidades que funcionam nos pontos de convergência das redes de
informações, capitais e pessoas. Estas cidades cresceram e se adequaram ao
fenômeno, tornando-se centros de decisões e influência. Tais cidades estão
intimamente ligadas e são percorridas livremente pelo cidadão global. Turista, aquele
que já não ousa ser nativo de qualquer destas cidades, pois é um cidadão do mundo,
atraído pela obrigação e lazer estampada na vitrine da globalização que são as cidades
modernas. Esta nova forma de turismo urbano propicia além da modernização a
revalorização e resgate de pontos especiais das cidades. (HIERNAUX, 1998).
O outro elemento apresentado liga-se às questões do desenvolvimento
sustentável é do turismo ecológico. Os movimentos sociais pela proteção da natureza
trouxeram à tona um novo valor percebido do ambiente natural e uma nova forma de
fazer turismo, evitando-se as massas com grupos pequenos para locais distantes e
intocados.
Seguindo o caminho da globalização, o turismo caminha para a turistificação em
nível mundial. Este ponto é ligado aos anteriores, pois se refere aos cidadãos que
pertencem às cidades mundiais e têm condições de se locomover através das redes,
seja a lazer, seja a negócio, individualmente ou em conjunto. Podem ainda sair da rede
para buscar o ecológico. É na visão de Hiernaux (1998) algo mais que uma rede, é um
espaço turístico global. E por conseqüência, a turistificação do mundo. Os turistas já
não partem do norte para o sul apenas, mas seguem de todas as partes em direções
diversas para todos os pontos do globo.
11 Tradução livre do autor.
26
Este conjunto de categorias de turismo que ascenderam com o reconhecimento
do fenômeno global são opções de fazer turismo que ganham valor diante dos turistas,
à medida que a sociedade vai percebendo novas necessidades e os espaços vão
sendo adequados em função das situações criadas pelo homem. Volta-se à trilogia de
condições, ligada ao motivo para agir e a disponibilidade de tempo e dinheiro. A
globalização trouxe ao turismo, por meio da condição tecnológica, a possibilidade de
expansão. São dois fenômenos que caminham em conjunto e contam com
características similares, mas não são um só. Novas tecnologias motivam, reduzem os
espaços de trânsito e conseqüentemente os custos, além de ampliar o tempo. O que
explica a prática turística cada vez mais presente no cotidiano.
2.2.1 Turistificação de Lugares
Satisfeitas as condições sócio-espaciais e as premissas fundamentais para a
prática do turismo e suas modificações provocadas sobre o espaço, cabe configurar a
turistificação agindo na organização espacial do turismo.
As alterações sócio-espaciais no que tange ao turismo são, na visão de Knafou
(1999), geradas por três fontes principais: os turistas, o mercado e os planejadores. No
primeiro caso, menos comum atualmente, o turista é quem descobre com seu ímpeto,
um novo lugar e, portanto, o torna turístico. O mercado é o segundo ator do processo,
interferindo e produzindo o espaço para o turismo, justificando uma menor existência de
lugares turísticos natos12. Assim como os planejadores e promotores locais indo do
institucional à organização da comunidade. Tem-se então a turistificação, ocorrendo no
espaço. O lugar seja qual for a escala e o conceito geográfico aplicado, passa de área
residencial, comercial, industrial, extrativista a lugar turístico. O processo de
turistificação pode ocorrer então de três formas de ações vetorizadas por meio dos:
turistas, mercado e Estado.
12 Nato, como virgem com o significado de essência e alma de lugar turístico, recebendo o turista antes que qualquer ação mercadológica.
27
Com o primeiro vetor ocorre a simples chegada de visitantes ao lugar, e estes
vão se avolumando com o tempo, influenciados pelos amigos e motivados pela busca
do novo. É a turistificação por si mesma, independentemente de infra-estrutura própria
do turismo. Turistas buscam lugares novos sem a presença de outros visitantes, agem
como precursores do turismo.
O segundo vetor é o mercado e então os visitantes podem vir depois. É o que
aconteceu, por exemplo, com Las Vegas. Nesse caso, o mercado inicialmente construiu
equipamentos e infra-estrutura turística em pleno deserto e depois é que vieram os
visitantes. É a ação da iniciativa privada, o mercado, que pode criar a recriar o espaço
ao prazer do capital, mas também pode criar o oposto, o não-lugar. (RODRIGUES,
1999).
A diferença entre lugar e não-lugar está na relação do visitante com o local. A
criação do não-lugar implicaria um espaço demasiado artificial, isto é sem
características originais ou vinculo com o lugar. Envolto em barreiras sociais que
impedem um contato pleno com a realidade do destino. Um exemplo clássico de não-
lugar é um resort, que em geral possui a mesma característica em qualquer parte do
planeta. O não-lugar pode se estabelecer em qualquer parte do mundo. O visitante, por
exemplo, pode ir a um resort na Malásia sem ter realmente visitado a Malásia, pois vai
vivenciar uma experiência de hábitos comuns aos do seu entorno habitual. Assim, não
há relação do visitante com o território geopolítico constituído nem mesmo com a
comunidade local, mas apenas com os padrões globais do espaço aproveitado e
adequado pelo mercado para atrair turistas. Para Knafou (1999, p.72) é:
A forma mais acabada de turismo sem território, isto é, do turismo que se contenta com sitio e lugares equipados, é o turismo “fora do solo” quase completamente indiferente a região que o acolhe [...] Os Centers Parks desenvolvidos na Europa do Noroeste, a partir da experiência de criação de “uma bolha tropical” nos Países Baixos.
A produção do lugar turístico pode transformá-lo em coisa, produto para
consumo, é a coisificação do lugar: “[...] o lugar turístico torna-se um produto da ciência
e da tecnologia, com um conteúdo informacional que é capitalisticamente
comercializado”(SILVEIRA. 1999. p.37). Para a autora, a produção ocorre sob dois
28
aspectos. O primeiro se assemelha ao não-lugar, são as criações em redes globais
caracterizados pela universalização e como atividade do mercado. E no oposto estão
as manifestações da sociedade do local com características peculiares. Silveira já não
menciona a produção do espaço pelo turista como o fez Knafou. Assim, existe a
possibilidade da ação do mercado e também do Estado viabilizarem a criação do lugar
turístico sem que este seja um não-lugar.
A ação do Estado compõe o terceiro vetor. Este Estado é representado na figura
da instituição (planejador e promotor do turismo) e tenta organizar ou reorganizar os
espaços turísticos. A reorganização ocorrerá após a ação dos outros atores que
alteraram o espaço e os seus conseqüentes efeitos. Sejam efeitos de deterioração do
local sob o aspecto tecnológico e ambiental, seja no seu valor mercadológico de
atratividade de turistas. Para Silveira (1999. p.42): “Os lugares parecem, desse modo,
conter uma data de validade e um calendário de uso, É a psicoesfera e não a
tecnoesfera, que determina o momento em que um lugar turístico morre.” É considerar
o valor percebido pelo visitante como elemento causador do declínio do destino
turístico. O que significa acentuada redução na quantidade de visitantes por motivos
psicológicos e não tecnológicos. São diversos os motivos que atuam, em conjunto, para
que o destino turístico pereça e que remete às observações de Knafou, a respeito do
excesso de visitantes e a capacidade de carga, ao mesmo tempo em que o lugar mais
movimentado e animado é o que mais atrai.
O planejador ao interferir no espaço, sob a coordenação do Estado, é limitado
por diretrizes da estratégia política da administração local. Suas ações podem ser
direcionadas aos efeitos negativos que a turistificação, sem o devido controle do
Estado, pode ter causado no destino. O planejador então visa estabelecer o equilíbrio
do local, recuperar o destino. Outra intervenção é quanto à transformação do local com
um determinado potencial em lugar turístico. O turismo surge como esperança de
desenvolvimento econômico da região, como exemplo, a Espanha na “Era Franco”, que
ancorou seu desenvolvimento econômico na atividade turística.
Ao se reduzir gradualmente a escala da esfera de administração pública, a ação
institucional passa pelas cidades que no mundo globalizado tencionam inserção no eixo
global e vai até determinadas áreas menores de um município, como é o caso das
29
zonas portuárias. Neste caso o objetivo mais comum é revitalizar o lugar. Fenômeno
comum a diversos portos que se tornaram obsoletos diante de novas tecnologias,
navios maiores que já não são capazes de ancorar em tais portos, levaram a uma
redução das atividades no espaço e conseqüente deterioração das regiões próximas
aos portos mais antigos. Assim, a ação do governo busca recuperar a área urbana,
viabilizando novas funções como nos casos de Buenos Aires, Madrid, Cádiz,
Manchester, Santos e Nova York, entre outras cidades.
Deste modo, o processo de turistificação pode ser planejado e controlado pelo
poder publico, atuando na revitalização das diferentes localidades. Aquele espaço,
antes obsoleto, pode passar a ser um destino turístico exclusivamente, ou mesmo em
conjunto com outras funções como habitação e comércio local. Em linhas gerais, a
revitalização de uma zona portuária passa inicialmente pela ação do governo que vai
interferir no espaço. Esta ação pode ser pela turistificação, definida como o processo
organizado e planejado de alteração do espaço pela atuação da sociedade, tornando-o
um espaço turístico. Ocorre ainda quando os agentes sociais, por meio de sua prática e
influência, atuam no espaço após perceber a necessidade de turistificação ou quando o
espaço já sofre a ação da prática turística sem organização. O local em que se efetiva
a turistificação pode ser um espaço sem atrativos potenciais e neste caso serão criados
os atrativos. Também pode ocorrer sobre um espaço com potencial turístico,
principalmente quando esses lugares já recebem turistas. Mas, somente pode ocorrer
em lugares a que os turistas tenham o acesso permitido legalmente e possa ser
instaurada toda a infra-estrutura necessária.
Então, a prática do turismo vai se relacionar com o território, conforme Knafou
(1999) salienta sob três formas: territórios sem turismo, turismo sem território e
territórios turísticos. Ribeiro (2002, p.11) argumenta que “o território e sua
territorialidade são identificados através de duas dimensões: a de domínio e/ou controle
e a simbólica e/ou afetiva”. A dimensão simbólica é proposta na geografia pela
abordagem humanística e dá ao território o sentido de lugar, pois há afetividade com o
uso do espaço, criação de identidade e símbolos, levando ao espaço vivido em que há
uma relação profunda entre o homem e o lugar. A dimensão do poder está atrelada às
proposições de Sack, Soja e Raffestin: a ação de um individuo ou grupo no controle do
30
território e de “pessoas, fenômenos e relações [...] delimitando e assegurando o
controle sobre uma área geográfica”. (RIBEIRO, 2002, p.11).
O território turístico é aquele inicialmente apropriado pelo próprio turista e que
depois de efetivada a prática passa a ser trabalhado pelo mercado e planejadores. É
considerado território turístico em sua essência, uma vez que há uma identificação do
turista com o uso do espaço. É criado um laço afetivo com o lugar sendo usual turistas
se tornarem residentes da localidade e assumirem papel de sedentários interessados
na prática do turismo. Esses turistas pioneiros podem se tornar posteriormente gestores
da atividade turística no lugar. É o que aconteceu, por exemplo, com Armação dos
Búzios no interior do Estado do Rio de Janeiro.
O turismo sem território é praticado no não-lugar ou territórios dos outros em que
o turista faz incursões e excursões de forma tão superficial na relação com o espaço
que não permite a vivência do lugar. Neste sentido, há uma relação vazia em que a
experiência é limitada ao campo visual, sem vivenciar o espaço. Knafou (1999) refere-
se às relações estabelecidas, qualificando-as como insuficientes para criar um território
turístico. Territórios sem turismo são aqueles que não têm prática de atividade turística.
Conforme Knafou, havia territórios assim até o século XVIII. Entretanto, a simples
presença de alguns visitantes em uma situação eventual não configura que o território
seja turístico, mas pode ser um indicio de um processo de turistificação. Em tempos
globalizados, estes lugares isolados são cada vez mais raros. A tecnologia permite a
acessibilidade com segurança a quase qualquer parte do planeta. A motivação para
conhecer os lugares também incita a se visitar qualquer lugar. Para moradores do Rio
de Janeiro, a favela é um lugar pouco atraente, tem um forte símbolo de violência e
perigo. Mas, para o turista, principalmente o internacional, há uma grande atratividade
nessas áreas da cidade.
Para Benevides (2007), a noção de turistificação passa pela transformação de
práticas sociais, atuando sobre o espaço, isto significa que, a origem do processo de
turistificação não inicia nos produtos turísticos, mas sim nas práticas sociais gerando a
conseqüente resposta dos agentes das três fontes de turistificação.
Turismo não é uma atividade econômica em si, mas uma prática sócio-espacial que articula diversas atividades, que não têm, contudo, os turistas como seus
31
consumidores exclusivos. Sua singularidade é, portanto, uma manifestação daquilo que aparece na realidade empírica de forma plural , como um conjunto de produtos e serviços ofertados pelos três setores componentes da economia, referenciados por um território que abriga diferentes possibilidades desta prática (BENEVIDES, 2007, p. 87).
A estruturação do processo de turistificação, sob este prisma, retira a visão
economicista inerente às práticas turísticas no final do século XX, permitindo o
planejamento, estruturação e a prática do turismo acontecer sob um aspecto holístico,
contemplando todas as possibilidades e potencialidades do território turístico bem como
o ser humano envolvido no fenômeno turístico.
O fenômeno do turismo, na visão de Benevides (2007), divide o território com
outras práticas e funções, sendo o lugar remodelado para uso turístico, entretanto, sem
exclusividade para este uso. Assim, a turistificação é capaz de trazer ao lugar uma
valorização. Para isto ocorrer é necessário que a função turística esteja vinculada a
outras funções. Desta forma haverá uma tendência ao equilíbrio das atividades sem
incorrer em hipertrofia das funções praticadas no espaço. “Nessa perspectiva capital
imobiliário, ações públicas de desenvolvimento urbanístico e empreendimentos
turísticos podem se amalgamar em grandes coalizões para valorização do espaço”.
(BENEVIDES, 2007 p. 90).
A turistificação do lugar é a valorização do espaço, e Benevides (2007)
apresenta em seu estudo duas formas básicas de turistificação. A primeira forma trata
do aproveitamento ou reaproveitamento de recursos e atributos de um lugar. Sendo os
elementos componentes do espaço inventariados, e posteriormente apropriados ao uso
turístico implementando-se atributos, valores e infra-estrutura capazes de transformar
uma porção do espaço em produto turístico para consumo. Este produto estará
adequado aos anseios do modo de vida da demanda que é o fato desencadeador do
processo de turistificação. Esta transformação é seguida de uma imagem simbólica
que é transmitida para o imaginário do turista potencial. Cria-se então toda a
ambientação necessária e este processo e se divide em duas situações de acordo com
o nível de urbanização do lugar.
Uma situação ocorre em áreas urbanas com algum recurso paisagístico
potencial, capaz de ser trabalhado para atrair a demanda. Em geral é aplicada a
32
pequenas cidades litorâneas. No caso das grandes cidades, a turistificação ocorre em
um lugar que sofre uma complexa urbanização. Portanto, a ambiência que será criada
para a prática turística, conta com o conjunto de objetos de infra-estrutura pré-
existentes que contribuirão na proliferação da estética turística. “Esta situação fica mais
explicita no papel das metrópoles no processo de turistificação de muitos espaços
regionais [...], inclusive ordenando-os e irradiando-os para sua periferia” (BENEVIDES,
2007 p. 93). A outra situação se aplica a espaços suburbanos, com precária infra-
estrutura, o que requer inicialmente a implantação condições mais adequadas à prática
turística, o que permitirá uma urbanização para o turismo. (Benevides, 2007).
A segunda forma de turistificação apresentada por Benevides (2007) trata de
áreas com privilegio paisagístico natural, com expressividade e potencial para ações
voltadas ao ecoturismo e turismo rural. Esta forma é praticada em áreas naturais com
pouca ou nenhuma interferência do homem, sendo necessário à construção de infra-
estrutura para o consumo do produto turístico, mas sem chegar à condição de urbanizar
o lugar. Neste caso, a urbanização descaracterizaria o elemento motivador contido no
elemento natural.
Comparando as duas situações tem-se o processo de turistificação em áreas
urbanas e rurais e respectivamente privilegia-se a cultura e a natureza, isto constitui a
diferença entre as duas formas. O ponto em comum é a prática turística demandando
alterações sobre o espaço. O que produz territórios ao usar diferentes recursos, criando
produtos turísticos, simultaneamente são construídos símbolos e objetos que vão
potencializar o consumo turístico. Benevides considera que essas práticas turísticas
podem assumir papel relevante na formação do espaço, constituindo um conjunto de
funções e objetos entrelaçados tal qual um “amalgama” gerando então destinos
turísticos.
Quando esta relevância assume a dimensão de verdadeiro amálgama aglutinador, portanto, produtor de uma destinação, as práticas turísticas exercem o papel estruturante, constituindo o vetor de uma transversalidade operativa das interfaces entre o econômico, o comportamental, o cultural, o recreativo, o paisagístico, o fisiográfico. Assim, seleciona nessas esferas o que é relevante e apropriável para a refuncionalização dos territórios onde esses elementos se encontram, na medida em que podem se converter em recursos turísticos. É, portanto, a possibilidade de práticas turísticas que orienta significativamente a nova funcionalização de manifestações já existentes nas
33
várias esferas da chamada totalidade espacial, articulando e integrando essas manifestações em um plano de ação (BENEVIDES, 2007 p. 93)
Assim, o amalgama que se torna o destino turistificado é base de uma síntese
cultural, que para Benevides (2007), permite o consumo e praticas turísticas variadas,
gerando o arranjo territorial decorrente de mudanças simbólicas ou material empregada
sobre o lugar.
Figura 1 – Processos de turistificação. Fonte: Elaboração própria baseada em Knafou (1999).
PROCESSOS DE TURISTIFICAÇÃO DOS ESPAÇOS
AGENTES VETORES
TURISTAS MERCADO PODER PÚBLICO
TERRITORIALIZAÇÃO DO LUGAR
TERRITÓRIOS TURISTICOS
TERRITÓRIOS SEM TURISMO
TURISMO SEM TERRITÓRIO
T U R I S T I F I C A Ç Ã O
34
Dentre os diversos autores apresentados que discorrem sobre turistificação é
possível observar algumas variações nos conceitos apresentados. Sendo a proposta de
Knafou a que melhor se aplica ao presente trabalho sintetizando o processo de
turistificação e suas possibilidades de territórialização e criação de lugares. Para
contribuir sua compreensão foi resumida no esquema da figura 1.
2.3 O ESPAÇO TURÍSTICO URBANO.
Estabelecido o processo de turistificação de lugares e suas relações com o
território, a etapa seguinte é discutir o espaço turístico, a forma como a área receptora
se organiza. O espaço turístico possui uma complexidade com três incidências
territoriais: áreas emissoras, áreas de deslocamento e áreas receptoras. São nas áreas
receptoras que “se manifesta materialmente o espaço turístico ou se reformula o
espaço anteriormente ocupado” (RODRIGUES, 1999, p. 43). Este espaço é composto
de elementos que interagem simultaneamente e não são contínuos. Para Rodrigues, os
elementos constituintes do espaço turístico são: homens, firmas, instituições, infra-
estruturas e meio ecológico.
Figura 2 – Elementos constituintes do espaço. Fonte: Adaptado de Rodrigues, 1999, p.65.
35
Neste esquema exposto por Rodrigues, os homens representam a demanda,
população residente e indivíduos que controlam as firmas e instituições. As firmas são
empresas que comercializam e prestam os serviços turísticos. As instituições são
elementos que regem a organização do espaço através de normas regulando homens,
firmas, organizações e infra-estrutura. As infra-estruturas são os elementos que
fornecem os meios para que a atividade turística se desenvolva, incluem redes de
transporte, comunicação e serviços de apoio como segurança e saúde. O meio
ecológico engloba todo o ambiente, tanto o natural e como modificado pelo homem.
O espaço em que há manifestações sociais é também o espaço geográfico,
possui uma “forma-conteúdo” gerada por movimentos e mudanças da sociedade
(FONSECA, 2005, p. 35). Estas alterações ocorrem ao longo do tempo, e deixa marcas
sobre o espaço. As marcas são as “rugosidades” presentes no espaço, estas
“rugosidades” vão interferir em novas alterações sobre o espaço. Logo, da mesma
forma que o meio natural é fator para atratividade de um destino, o meio artificial se
apresenta com a mesma característica de atratividade. E quando novos conteúdos
artificiais se instalam neste meio modificado, o fazem se adaptando ao espaço existente
como todo o seu conteúdo histórico. “Ao mesmo tempo em que o espaço é produto -
da condição social - o espaço é também condição para a organização social, sendo
dotado de uma ‘inércia dinâmica’” (SANTOS, 198613 apud FONSECA, 2005, p. 35).
Fonseca (2005) entende que o espaço turístico é dividido entre espaço produtivo
e de lazer. O espaço produtivo concentra os equipamentos da infra-estrutura turística,
são meios de hospedagem, alimentação e terminais de transporte. O espaço de lazer
concentra os atrativos propriamente ditos, são as praias, os museus, os parques dentre
outros. Estes espaços não são contínuos e não desfrutam da homogeneidade de
atividades turísticas. Benevides (2007) considera que o espaço turístico é composto por
elementos que possuem atratividade, e constituem uma oferta fixa e desigualmente
distribuída no espaço. Boullón (2002) ressalta que a especialização de uma dada
13 SANTOS, Milton. Por Uma Geografia Nova. 3 ed. São Paulo: Hucitec. 1986.
36
atividade sobre território não atinge a totalidade do espaço, citando como exemplo a
agricultura, que mesmo ocupando uma vasta área, possui manchas e outras atividades
que se instalam no terreno que não é fértil.
Para Boullón (2002, p.79) “o espaço turístico é conseqüência da presença e
distribuição territorial de atrativos turísticos, [...] mais o empreendimento e a infra-
estrutura turística”. Por atrativo turístico entende-se a matéria prima do turismo,
elemento natural ou cultural capaz de gerar atração da demanda de visitantes. Infra-
estrutura é a disponibilidade de bens e serviços capazes de sustentar uma estrutura
produtiva, como vias de circulação, comunicação, saneamento e energia. O
empreendimento turístico se divide em equipamentos e instalações. Os equipamentos
são estabelecimentos públicos ou privados que prestam serviços básicos como
hospedagem, alimentação, entretenimento, agenciamento dentre outros. As instalações
são estruturas voltadas à pratica de atividades turísticas localizadas no atrativo, por
exemplo um lago com um atracadouro, o atracadouro é uma estrutura construída para a
pratica de esportes e o lago é o atrativo turístico. (BOULLÓN, 2002).
Este conjunto de elementos compõe os espaços turísticos, que se divide em
natural, compreendendo os sítios naturais; e urbano, compreendendo os sítios
artificiais. Rodrigues (1999, p.63) ressalta que “no momento atual há uma dificuldade
muito grande de definir-se o que é urbano, em contraposição ao que é rural”. A
dificuldade se explica por “novas formas de divisão social e territorial do trabalho, nas
esferas de produção, circulação e consumo” (ibidem) aliados a padrões de
comportamento adotados pela sociedade atual. Entretanto, os ambientes natural e
artificial são diferenciados pela imagem que é impressa através das formas e que se
percebe visualmente:
Ambos ambientes, natural e artificial, têm linguagem própria: o primeiro se manifesta por si mesmo e o outro é conseqüência da expressão dos homens. Na natureza, descobrimos que a variedade de combinações de seus múltiplos componentes é tão grande que nos foi impossível padronizar suas formas. O máximo que pudemos fazer foi estabelecer algumas tipologias e encontrar certa ajuda para analisar e descrever a paisagem; ao contrário, já que a cidade – como qualquer obra do homem – tem seus limites, é possível sintetizar sua estrutura visual em uma série de formas que a representam com maior clareza. (BOULLÓN, 2002, p. 194-195).
37
De acordo com Boullón (2002, p. 75) o planejamento opera com sete tipos de
espaço físico: real, potencial, cultural, natural, virgem, artificial e vital. Estes tipos de
espaço agrupam-se em “expressões materiais do espaço físico” e “qualificações
conceituais próprias do planejamento”. Os espaços cultural, natural, virgem e material
compõem o grupo das expressões do espaço físico. O espaço real e potencial integram
o campo conceitual e o espaço vital é elemento da ecologia.
O espaço cultural é conseqüência da ação do homem e, de acordo com o
trabalho desenvolvido no espaço cultural, origina o espaço natural adaptado e o espaço
artificial. O espaço natural adaptado equivale ao espaço rural prevalecendo a
característica da vegetação abundante. O espaço artificial significa o espaço urbano,
são as cidades, “nele tudo o que existe foi feito pelo homem” (BOULLÓN, 2002, p.78).
O espaço natural virgem é composto por áreas sem qualquer influência do homem. O
espaço vital é definido pela ecologia como referente ao ser vivo e o ambiente
necessário para sua existência.
O espaço real é o espaço visto e percebido pelo homem, é composto por toda a
superfície da terra, tem existência comprovada e pode ser modificado. O espaço
potencial “é a possibilidade de destinar o espaço real a algum uso diferente do atual;
[...] sua realidade pertence à imaginação dos planejadores”(BOULLÓN, 2002, p. 77). O
espaço potencial passa pela identificação do que existe no espaço real e através de
ações do homem se traduz em um novo espaço real.
Boullón (2002, p. 189) entende que a “cidade é um espaço artificial inventado e
construído pelo homem, cujo objetivo prático é viver em sociedade”. Como as
sociedades e os homens são diferentes, as cidades também são diferentes entre si, e
cada cidade possui personalidade própria. As cidades obedecem a características do
seu sitio natural e espelham o passado impregnado de marcas das pressões sócio
econômicas. Estas pressões socioeconômicas vão estabelecer as principais funções
adotadas que servirão para estruturar o espaço interno da cidade. Boullón (2002)
recorre a Le Corbusier para distinguir funções utilitárias da cidade. As funções:
trabalho, circulação, habitação e lazer atuam como base de sustentação e determinam
as formas levando a divisão da cidade em espaços abertos e edifícios.
38
Entretanto, os edifícios e espaços abertos também são diferentes entre si e
alguns se destacam como signo daquela cidade, permitindo uma leitura mais rápida e
precisa, levando o observador a identificar rapidamente a cidade ou um ponto
específico daquele lugar. Estes pontos que possuem uma presença mais forte Boullón
chamou de “pontos focais urbanos” e de “organização focal” a relação entre o ponto
focal e os demais espaços sendo sua representação gráfica denominada “esquema
físico” (BOULLÓN, 2002, p. 195).
São ao todo seis pontos focais: logradouros, marcos, bairros, setores, bordas e
roteiros. Estes pontos focais permitem a localização, entretanto não servem para
qualificar os tipos de paisagem urbana. Boullón (2002) discorre sobre os pontos focais
relacionando-os à prática do turismo.
Por logradouro entende-se que são espaços abertos que podem conter algum
tipo de cobertura, mas que permite o transito livre de turistas. São ruas, praças,
galerias, feiras, estações de embarque e desembarque, parques entre outros. Servem
ao turista como área para deslocamento, visitação ou parada para descanso. Por isto
necessitam de sinalização para orientar os turistas sobre as diversas possibilidades que
apresentam, tanto para visitação como para ligar os atrativos turísticos. Como exemplo
de logradouros tem-se o Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, popularmente conhecido
como Aterro do Flamengo e a Avenida Atlântica, ambos na cidade do Rio de Janeiro.
Marcos “são objetos, artefatos urbanos ou edifícios que, pela sua dimensão ou
qualidade de sua forma, destacam-se do resto e atuam como pontos de referência
exteriores ao observador” (BOULLÓN, 2002, p. 197). Os marcos podem possuir formas
muitos diferenciadas entre si, sendo a principal característica o contraste com que se
destacam de seu entorno pois isto facilitará a leitura do observador. Os marcos se
dividem em locais e gerais. Os marcos locais são perceptíveis pelos habitantes, mas os
turistas não possuem uma familiaridade com o ambiente do lugar que permita identificar
o contraste. Já os marcos gerais são imediatamente percebidos pelos turistas tornando-
se, por vezes, atrativos turísticos ou pontos de referência. Um marco local no Rio de
Janeiro é o edifício “Balança Mas Não Cai” no centro da cidade, conhecido por boa
parte dos habitantes, mas despercebido pelos turistas. Um marco geral é o Cristo
39
Redentor que, mesmo à longa distância, é reconhecido e serve de referência a
qualquer visitante.
As cidades com maior área urbana são divididas em bairros que também são
visitados por turistas. Os bairros de uma cidade não são homogêneos entre si,
entretanto, a diferenciação dos limites de um bairro a outro não é facilmente percebida
pelos turistas. Pode haver grupos de bairros similares ou dentro de um mesmo bairro
uma diferenciação interna. Os bairros têm origem em pequenos povoados que foram
crescendo, outros bairros são resultados de loteamentos imobiliários. Alguns bairros
atingem tamanhos que justificam uma subdivisão é o que acontece, por exemplo, com a
Barra da Tijuca, bairro da cidade do Rio de Janeiro. Outros bairros são subdivididos por
características de seu uso ou forma de suas edificações, um bom exemplo é o Bairro da
Gávea, que na área com edifícios e comércio de bares e restaurantes, adquiriu o signo
de “Baixo Gávea”, em contrapartida há um trecho do bairro que sobe parte da Floresta
de Tijuca em direção a São Conrado, com aspecto de grandes casarões e mansões,
totalmente diferenciado da parte plana do bairro. Os bairros são muito importantes no
contexto turístico, pois permitem a visitação de logradouros e marcos.
Os setores são partes da cidade menores que os bairros e mantém um conjunto
homogêneo. São partes de um antigo bairro que sobreviveu a alterações nas formas
das edificações e por isto representam um importante atrativo turístico, pois podem
mostrar como foi o passado naquele lugar. Boullón (2002) cita o Bairro Chinês de São
Francisco, nos Estados Unidos da América, como exemplo de um setor amplamente
visitado por turistas. Um exemplo de setor na cidade do Rio de Janeiro é o Morro da
Conceição, no Bairro da Saúde na região portuária .
Bordas são limites lineares entre duas partes homogêneas ou que definem os
extremos de uma cidade ou bairro. Dividem-se em bordas fortes ou fracas. As bordas
fracas permitem a passagem de um ponto a outro como uma avenida com trânsito
inexpressivo. Já as bordas fortes limitam a passagem desconectando as partes, como
exemplo, uma via férrea.
As vias de circulação selecionadas para trânsito turístico de pedestres ou
veículos são os roteiros. Estes roteiros vão estruturar o conjunto de elementos
componentes do espaço turístico urbano. Um roteiro pode ser importante pelos pontos
40
que une ou por si mesmo. No primeiro caso, as opções de estruturação do roteiro ligam
distâncias maiores, havendo maior número de opções para ser estabelecido o caminho
entre os elementos. No segundo caso, roteiros com valor próprio passam por um
caminho esteticamente agradável, seja pela percepção da paisagem construída seja
pela paisagem natural.
Os roteiros se classificam em funções que são: translado, passeio em veiculo e
passeio a pé. O translado ocorre entre os terminais de embarque e meios de
hospedagem. São comuns aos roteiros importantes os pontos que une. Os passeios de
veiculo são selecionados para City Tours, passeios que percorrem um conjunto de
atrativos espacialmente distantes, passando por alguns bairros de uma mesma cidade,
privilegiando-se a escolha do caminho esteticamente apreciável e com conteúdo
histórico e ou imaginário. Os roteiros de pedestres são os que conectam atrativos
próximos ou possuem valor próprio que justifiquem a caminhada, definem os circuitos
dos bairros e podem funcionar como bordas, como no caso de um rio. Assim, o roteiro
seria o caminho ao longo de uma margem do rio ou de uma orla marítima.
Figura 3 – Esquema físico de parte do Centro do Rio de Janeiro. Fonte: Adaptado de Boullón, 2002, p. 221.
41
O esquema físico da figura 3 permite identificar alguns pontos focais urbanos
explicados por Boullón. Estes pontos focais são demonstrados sobre uma planta de
parte do centro da cidade do Rio de Janeiro e permitem exemplificar e compreender
este conjunto de elementos que compõem o espaço turístico urbano.
2.4 POLÍTICA E PLANEJAMENTO TURÍSTICO URBANO
A transformação do espaço pode acontecer pela ação isolada e espontânea de
um grupo de pessoas e ou instituições, como foi visto no processo de turistificação em
que o turista é o vetor. Porém, a transformação deste espaço pode ser pensada e
escolhida, considerando-se inclusive a possibilidade de não haver transformação, o que
manteria as condições do espaço naquele momento por um período de tempo. Esta
ação pode ser aplicada para desenvolver ou mesmo para recuperar um espaço que
tenha sofrido algum tipo de alteração desorganizada. Assim, pressupõe-se que o
espaço alterado por ações planejadas irá adquirir ou manter uma organização pré-
estabelecida.
A ação sobre o espaço previamente pensada propõe um processo gradual que
envolve etapas que serão desenvolvidas ao longo de um intervalo de tempo até que se
atinja o objetivo pré-estabelecido. Para tanto, é necessário inicialmente reconhecer a
condição atual do lugar, compreender todos os elementos contidos no espaço e os
desejos dos habitantes. Satisfeitas estas condições são traçados programas, planos e
estratégias que deverão ser postos em prática nos períodos estabelecidos no inicio do
processo. Cada passo desenvolvido deve ser observado com vistas a conferir os
resultados obtidos com os resultados esperados. Caso haja variações é necessário
realizar correções na implementação dos projetos e até rever todo o processo.
Entretanto, toda ação pressupõe uma decisão, sendo o planejamento visto como
um processo decisório (VEAL, 199214 apud HALL, 2001). Porém, a decisão não está
14 VEAL, A. J. Research methods for leisure and tourism. Harlow: Longmam. World Travel and Tourism Council. Australia travel and tourism millennium vision. Londres, 1996.
42
isolada, ela compreende a reflexão e, portanto, o planejamento se traduz em uma ação
comum às atividades humanas compreendendo refletir, decidir e agir com base na
reflexão (CHADWICK, 197115 apud HALL, 2001). Para Hall (2001, p. 24) “o
planejamento é apenas uma parte do processo mais abrangente de planejamento-
decisão-ação”. O planejamento ao prever decisões que afetam o espaço e a sociedade
se torna ainda mais complexo, envolvendo grupos sociais, implicando em “acordos e
negociação, compromisso, coerção, interesses, valores, escolhas e é claro política”
(HALL e JENKINS, 199516 apud HALL, 2001, p. 24).
Aplicado à sociedade e ao espaço, o planejamento torna-se instrumento político,
ferramenta que não é operada apenas por planejadores, mas por políticos, uma vez
que como parte do processo, a decisão é tomada por gestores públicos e demais partes
interessadas, em geral, o mercado e instituições que financiam o desenvolvimento
econômico. Até para que se iniciem o trabalho técnico de pesquisa e reconhecimento
da situação atual, o processo passa previamente pela decisão do gestor publico.
Muito do que chamamos de planejamento turístico assemelha-se mais a desenvolvimento e analise política. [...] Políticos e demais influenciadores são os responsáveis pela formatação dos objetivos que norteiam os planos – muitas vezes são eles que delineiam a natureza da participação pública e que fornecem os valores políticos e sociais de uma sociedade, valores capazes de levar à aceitação ou não do processo e dos produtos finais de um planejamento turístico (HALL, 2001 p. 17).
A natureza do turismo é muito complexa e envolve diversos setores da
economia, segmentos da sociedade e o ambiente. Assim, o sistema turístico é aberto e
suscetível às oscilações de seus elementos e do ambiente externo, o que dificulta o
planejamento, mas simultaneamente, torna a ação de planejar essencial a pratica da
atividade turística. Portanto, o planejamento necessita contemplar o espaço como um
todo, inclusive o espaço não turístico, pois depende da interação de todos os campos
da administração publica. “Poucas vezes o planejamento é dedicado exclusivamente
em si – ele tende a ser um amálgama de considerações econômicas, sóciopolíticas e
15CHADWICK, G. A systems view of planning. Oxford. Pergamom Press, 1971. 16 HALL, C. M. e JEMKINS, J. Tourism and public policy. Londres, Routledg, 1995.
43
ambientais, refletindo a diversidade de fatores que influenciam o desenvolvimento
turístico e são afetados” (HEELEY, 198117 apud HALL, 2001, P. 23-24).
Isto significa que, na prática, políticas públicas e planejamento não se separam.
Políticas públicas “referem-se ao conjunto das ações e omissões do Estado para
resolver problemas que afligem a sociedade” (FONSECA, 2005, p. 81). Fonseca (2005)
salienta que o poder público atua atendendo necessidades de várias naturezas:
econômica, cultural, social, segurança dentre outras; não sendo capaz de suprir todas
simultaneamente. Como a ação sobre o espaço passa pelas políticas públicas e pelo
planejamento, ambos estão inseridos no contexto socioeconômico em que o estado
está inserido. Assim, durante as mudanças do enfoque da administração publica o
planejamento também sofre alterações na formulação e objetivos privilegiando algumas
necessidades em detrimento de outras.
O planejamento possui diferentes abordagens pelas quais pode ser aplicado.
Estes enfoques não se excluem e podem ser combinados ou adotados isoladamente
conforme os objetivos e condições políticas permitam. Os métodos de planejamento
foram evoluindo bem como as técnicas de gestão e esta evolução permite atuar sob
diferentes perspectivas.
A abordagem impulsionista é a primeira identificada por Hall (2001) e desponta
no pós-guerra, com característica centralizada na ação do poder público determinando
as estratégias a serem implementadas. A questão central do método impulsionista é
que o turismo pode ser a solução dos problemas sócio econômicos da localidade e,
portanto, amplo investimento e controle do governo visando à solução capaz de atuar
como força motriz da economia.
A visão econômico-industrial surgiu após a primeira abordagem, influenciada por
tendências do modo de produção fordista, visando à massificação do turismo e por
muito tempo produziu uma visão distorcida do fenômeno turístico. Já a abordagem
físico-espacial sofreu influências do modo de produção pós fordista, planejando
destinos mais específicos e com características particularizadas, implicando menor
volume de visitantes. As técnicas de planejamento comunitário contemplam a
participação da comunidade na escolha das ações implementadas.
17 HEELEY, J, Planning for tourism in Britain. Town Planning Review, 52, 61-79. 1981.
44
Abordagem Características Impulsionista A atitude simplista de que o desenvolvimento turístico é sempre bom e
proporciona, automaticamente, benefícios para os anfitriões. Os moradores das destinações turísticas não estão envolvidos na tomada de decisões, no planejamento e no processo político do desenvolvimento turístico.
Econômico/Industrial Turismo como um meio de promover o crescimento e o desenvolvimento em áreas especificas. O planejamento enfatiza os impactos econômicos do turismo e sua utilização eficiente para criar renda e empregabilidade para determinadas regiões ou comunidades.
Físico/Espacial O turismo é tratado como tendo uma base ecológica e, conseqüentemente, seu desenvolvimento deve ter por base certos padrões espaciais, capacidades ou limitações que minimizariam o impacto negativo do turismo no ambiente físico.
Comunitário Ênfase no contexto social e político no qual o turismo ocorre. Defende um maior controle local sobre o processo de desenvolvimento.
Sustentável Uma forma integrada de planejamento turístico que procura garantir, a longo prazo, e com o mínimo de deterioração de recursos, de degradação ambiental, de rompimento cultural de instabilidade social, a segurança dos moradores. Tal abordagem tende a integrar características das tradições econômicas, físico-espaciais e comunitárias.
Figura 4 – Abordagens do planejamento turístico. Fonte: Hall, 199518 apud Hall, 2001, p. 25.
Por fim, o método sustentável é apresentado por Hall (2001) como um que
aproveita os aspectos positivos dos demais métodos, mantendo a linha pós fordista, o
que exclui o método econômico industrial. Hall sintetiza o que foi identificado dentre os
métodos de planejamento como tendências de abordagens do planejamento ao longo
da historia e agrupa em categorias, descrevendo suas principais características.
Por isso, como o planejamento é aplicado a uma decisão pessoal no campo
individual, no campo coletivo, é aplicado por instituições publicas e privadas. No que diz
respeito ao turismo, as instituições privadas que atuam neste setor, Hall (2001)
identificou que preferem a abordagem impulsionista, enquanto a instituição pública
prefere a abordagem econômica, o que geralmente conduz ao planejamento
centralizado sob a égide do Estado sem a participação da população.
Ao estudar o caso de Darling Harbour, zona portuária de Sydney na Austrália,
Hall (2001, p. 37) identificou que a ação centralizada “ao enfocar um conjunto de
interesses econômicos e sociais, outros interesses da comunidade são cada vez mais
18 HALL, C. Michel. Introduction to tourism in Australia: impacts, planning and development. 2 ed. South Melbourne. Longmam. 1995.
45
negligenciados”, o que leva o processo de turistificação do espaço a criar conflitos entre
anfitriões e visitantes, uma vez que haverá o choque de interesses entre os diferentes
grupos. Em contrapartida quando a comunidade decide de que forma deseja que o
espaço seja organizado, o resultado esperado é que não haja conflito, uma vez que a
população do lugar foi atendida e participou das escolhas.
Como o planejamento turístico atua sobre o espaço, causando transformações
no modo de vida dos habitantes, ele necessariamente precisa ser controlado pelos
representantes do lugar. Porém, os representantes do povo privilegiam segmentos com
os quais se comprometeram politicamente durante a campanha eleitoral, ou mesmo
questões pessoais e político-partidárias, não havendo assim, um equilíbrio na gestão
pública. Geralmente após novas eleições em que um novo partido político assume o
poder se relega ao esquecimento todo o trabalho do governo anterior. Também
ocorrem conflitos na escala de governo, principalmente quando envolvem posições
políticas distintas.
A principal incongruência parece estar entre o prestigio nacional ou estadual sobrepondo-se à economia local e a assuntos do bem-estar social. [...] O turismo desenvolvido de uma maneira ‘de cima para baixo’, procurando por prestigio, muitas vezes parece esquecer que o problema real a ser tratado é o da privação de nível local (TYLER; GUERRIER, 2001, p. 312).
O Estado interfere diretamente na formação dos espaços, seja vinculado a
políticas públicas de turismo ou de outros segmentos. “As várias formas de agir do
Estado, das organizações internacionais e das firmas globais do turismo buscam
prolongar e densificar a rede de lugares através de novos objetos, organizações e
calendários” (SILVEIRA. 1999, p. 38).
O Estado atua, conforme Santos (2002), sob três perspectivas: a nacional, a
regional e a local. A satisfação de necessidades nacionais interfere nas necessidades
regionais e locais. Nas necessidades regionais, a atuação se dá sobre um ponto com
maior potencial na intenção de que toda a região possa ser atendida. E por fim na
perspectiva local, a satisfação das necessidades é realizada variando em qualidade e
quantidade e muitas vezes não corresponde ao ideal. Isto é verdade particularmente no
que tange ao espaço turístico, pois dada à complexidade do fenômeno, qualquer
46
alteração no rumo da estratégia política irá interferir nas formas constituídas e agentes
usuários e consumidores deste espaço.
Logo, o Estado está em constante ação ante as influências externas e internas,
agindo muitas vezes para controlar conjunturas que se impõem por suas próprias ações
e ações externas. A questão que se apresenta é que o sistema turístico está em um
ambiente instável e geralmente é controlado por políticas públicas instáveis. Por vezes,
são iniciadas alterações no espaço e repentinamente interrompidas, pois o processo de
planejamento passa pela escolha do gestor publico.
A escolha, pelo poder, da forma de satisfação das necessidades coletivas constitui um elemento de reorganização do espacial; quer dizer que cada opção realizada pelo Estado em matéria de investimento, mesmo improdutivo, atribui a um determinado lugar uma vantagem que modifica imediatamente os dados da organização do espaço. (SANTOS, 2002, p. 227).
De acordo com Tyler e Guerrier (2001) existem diferentes motivos que
incentivam o desenvolvimento do turismo urbano. Os motivos são de ordem subjetiva
dado que envolve a consideração do que é adequado ou inadequado para o lugar e
atores do espaço. Para cada grupo e espaço será adequado o motivo que melhor
atenda a intenção de refutar as argumentações contrárias à decisão tomada ou ao
plano proposto, conforme a perspectiva de interesses. Os objetivos gerados nas
propostas de desenvolvimento do turismo urbano podem ser agrupados e resumidos
em três e podem ser convenientemente mesclados: necessidade de gerir uma ação que
é inevitável, no caso o turismo urbano; planejar a recuperação econômica de um lugar e
melhorar as condições de vida da população do lugar.
Fonseca (2005) observa que há um novo paradigma da atividade turística no
contexto da globalização, o que leva os governos a adotarem uma nova postura na
gestão pública. Assim, o governo neoliberal que “ainda exerce funções primordiais para
que as atividades produtivas do país tenham êxito num (sic) contexto de grande
concorrência no espaço econômico global” (FONSECA, 2005, p.23). Este paradigma
leva cada Estado a agir como uma grande corporação competindo no mercado mundial
e reside na diferenciação do espaço fator preponderante para que destinos turísticos se
configurem competitivos no contexto internacional. Logo, neste novo paradigma, cresce
47
em importância o posicionamento adotado pelo Estado e suas ações de planejamento
turístico para um destino.
Este destino turístico organizado, previamente planejado, possui várias
categorias de oferta turística. Estas categorias podem ser compreendidas e geridas no
nível municipal e suas subdivisões, regional, estadual e nacional. Fonseca (2005)
destaca que o papel do poder público deve ser organizado para não interferir no limite
legal de cada esfera da administração pública. Além disto, deve sempre buscar
equilibrar o contexto socioeconômico baseado na isenção prezando pelo bem-estar
social sem distinção entre grupos específicos.
Ao governo central cabe a estruturação e controle da política macroeconômica e
o papel da atividade turística dentro de sua estratégia, e atuar no nível internacional
promovendo o país como um todo. O governo estadual deverá agir adaptando a política
macroeconômica ao contexto do espaço real e potencial dentro do estado, e promover
seu estado em nível nacional e internacional. (FONSECA, 2005)
Na esfera municipal concentra-se a função de gerir o espaço produtivo do
turismo diretamente.
Cabe ao poder municipal definir uso e ocupação do solo, autorizar a instalação de atividades, prover a infra-estrutura básica, incentivar as manifestações culturais, dentre outros. Portanto, a forma de ação e atuação do poder local é primordial para se atingir a excelência e qualidade do produto turístico, definindo o marco de competitividade do destino turístico (FONSECA, 2005, p. 62).
É neste momento que o poder municipal deve conhecer sua estrutura turística.
Desenvolver o inventário da oferta e estruturar um programa para planejar e
desenvolver a atividade turística no lugar. Devendo quando necessário buscar apoio
nas demais esferas da administração pública bem como junto a segmentos privados
interessados na atividade turística. É no âmbito municipal que se deve criar o conselho
municipal de turismo para debater a atividade e propor ações para o desenvolvimento
do turismo.
A proposta de planejamento turístico urbano, apresentada por Boullón (2002),
estabelece que o planejamento em países com a condição de desenvolvimento
econômico e social qualificados como periféricos, a exemplo da América Latina, devem
48
inicialmente selecionar e delimitar os espaços turísticos. Portanto, para reconhecer em
seu território aquilo que é turístico e o que pode ser útil à atividade turística é
necessário inventariar todos os elementos do espaço.
Na cidade, o turista se desloca por pontos que Boullón (2002, p. 248) chamou de
“áreas gravitacionais”. As áreas gravitacionais são pontos pelos quais obrigatoriamente
os turistas passam, mesmo que não haja atrativos turísticos. Estas áreas se classificam
em quatro tipos: estações terminais dos sistemas de transportes, zonas de
concentração de empreendimentos turísticos e serviços urbanos, atrativos turísticos
urbanos, e saídas para atrativos próximos ao raio de influência do centro turístico19.
No esquema hipotético da figura 5 é possível visualizar as áreas
gravitacionais sobre o espaço total de uma cidade. Esta representação permite ao
planejador limitar o que de fato é relevante aos interesses turísticos para o lugar em
estudo. Isto é necessário, pois muitas áreas da cidade não possuem atratividade e
práticas turísticas. Na figura 6, a mesma representação é aplicada à parte oriental da
cidade do Rio de Janeiro e contribui para visualizar as áreas da cidade em que o
planejador deverá agir com precisão.
19 Segundo Boullón (2002, p. 87) raio de influência dos centros turísticos é a distância em que os atrativos se distribuem fora do centro turístico mas podem ser rapidamente atingidos de carro ou ônibus até uma distância máxima de 200 Km.
49
Figura 5 - Delimitação do espaço turístico em uma grande cidade hipotética. Fonte: Adaptado de Boullón (2002, p. 250).
50
Figura 6 – Delimitação do espaço turístico urbano no Rio de Janeiro. Fonte: Elaboração própria baseada no método de Boullón (2002, p. 250).
O processo de reconhecimento do espaço turístico deve analisar os atrativos
turísticos e todo o seu entorno, pois estes elementos possuem uma área de influência
visual. Esta área de influência deve ser observada sob diferentes perspectivas e suas
combinações: próxima e direta; próxima e interrompida; distante e direta; distante e
interrompida. Esta tarefa permitirá ao planejador propor roteiros que sejam
esteticamente agradáveis, eliminando atrativos que estejam com a ambiência
visualmente poluída. Definida a área de influência, deve-se buscar apoio na estrutura
51
legal para proteger o espaço, o que leva ao tombamento de edificações e conjuntos
arquitetônicos.
Do mesmo modo que uma árvore magnífica perde valor estético se estiver cercada por uma lixeira; um edifício, uma igreja ou um monumento diminuem sua beleza se o espaço que os circunda não se harmoniza com sua arquitetura e escala [...] a presença espacial de um atrativo urbano é um fato quase fortuito, porque não depende apenas de seu tamanho, mas também do tamanho dos edifícios que o cercam, tanto em seu entorno imediato como em todo o espaço que se interpõe de outros pontos de vista distantes (BOULLÓN, 2002, p. 252-254).
É possível trazer o método de planejamento, apresentado por Boullón, aplicado a
um país e que hierarquiza o espaço turístico em Zonas, Áreas, Complexos e Centros
Turísticos; para a escala de uma cidade. Pode-se considerar que dentro da área urbana
de uma grande cidade existem centros turísticos internos. Na Figura 6, observa-se no
Rio de Janeiro que os atrativos e pontos focais são espacialmente definidos em
pequenos grupos, alguns mais próximos e outros mais separados. Entre estes centros
turísticos internos existem diferenças estruturais e também de atratividade, sendo
necessário que o gestor de turismo local concentre esforços políticos e legais para que
toda a área turisticamente potencial da cidade seja adequadamente aproveitada pela
atividade turística, contemplando toda a área gravitacional.
A escolha de novos centros turísticos que venham a ser desenvolvidos,
revitalizados ou projetados dentro de uma cidade depende de cinco características
levantadas por Boullón (2002). A primeira característica a considerar é o tamanho do
centro, pois este terá relação direta com o número de habitantes e turistas. O ambiente
natural é outra característica preponderante, englobando o microclima, topografia, tipo
do solo e fontes de água. A terceira característica é a qualidade da paisagem, o que
relaciona o aspecto anterior do ambiente com o que foi construído sendo analisado
visualmente. Como quarta característica apresenta-se a distância da infra-estrutura de
circulação, existência de vias de acesso capazes de suportar o tráfego mais intenso até
o lugar. Por fim, a propriedade e subdivisão da terra formam a quinta característica que
está ligada a possibilidade de interferir neste espaço, o que considera a estrutura legal
do município e a propriedade dos objetos. Tratando-se de área urbanas incluem-se os
níveis de poluição do lugar escolhida.
52
Após a escolha do lugar é aplicada a metodologia tradicional de desenho urbano.
A etapa inicial consiste em estabelecer as dimensões, tendo como referência número
de habitantes, sistema de alojamentos e altura permitida para a construção das
edificações. A seguir se estabelece o zoneamento urbano, delimitando o uso do solo de
acordo com as funções de trabalho, circulação, habitação e lazer, seguido do traçado
da estrutura de energia, comunicação e circulação. O próximo passo é atribuir a
densidade de cada zona, o planejamento do crescimento por etapas e codificação de
normas urbanas que vão controlar a estrutura do lugar, evitando construções
irregulares. (Boullón, 2002).
Assim, o planejamento em nível de lugar, deve ser implementado pelo poder
público municipal e deverá estabelecer e manter o equilíbrio entre as diferentes funções
desenvolvidas sobre o espaço. O processo de planejamento vai identificar dentro da
área urbana espaços potenciais para que ocorra uma distribuição ou redistribuição das
atividades, podendo ser aplicado ao todo da área urbana ou a uma área menor,
atendendo à área gravitacional.
2.5 REVITALIZAÇÃO URBANA.
Foi visto que o processo de planejamento em áreas urbanas permite às cidades
adquirir competitividade no cenário turístico. Entretanto, a atividade turística pode
aproveitar espaços que estejam carentes de uso e dar uma nova vida ao lugar. Para tal
é necessário que haja um potencial a ser desenvolvido, que pode estar atrelado a
características histórico culturais e o que pode ser aplicado em grandes centros ou
médias e pequenas cidades. Porém, nas grandes metrópoles, a urbanização é
suscetível a dinâmicas que reconfiguram o território, denotando grandes diferenças no
espaço em um curto intervalo de tempo.
A dinâmica das cidades e sua complexidade e alterações são explicadas por
Duarte (2005, p. 01) como decorrente “dos processos de descentralização das
atividades citadinas” fruto da “expansão horizontal da mancha urbana”. A
53
conseqüência direta destes processos urbanos é a “deterioração funcional e física das
áreas centrais metropolitanas que envolviam o centro financeiro-empresarial, ou Central
Business District (CBD)” , formando zonas obsoletas em cidades de todo o mundo e
remete ao conceito de obsolescência, o que vem possibilitando à pratica turística
absorver estes espaços.
Na região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro, este processo de
deterioração funcional foi marcante no ultimo quarto do século XX. Influenciado pela
transferência do Distrito Federal para Brasília, nos anos 60 do século XX, boa parte da
estrutura administrativa do Governo Federal deixou de ocupar a cidade, principalmente
o CBD. Também houve uma grande expansão para a Zona Oeste da cidade, em
direção a região da Baixada de Jacarepaguá e Barra de Tijuca. Assim, o CBD deixou
de crescer e perdeu empresas importantes para sua funcionalidade, criando
verdadeiros vácuos, com prédios inteiros abandonados.
O mesmo fato pode ser constatado no centro da cidade, na zona portuária e ao
longo da Avenida Brasil, que corta diversos bairros, partindo do centro em direção à
zona oeste. A Avenida Brasil é um importante eixo viário com ligações de rodovias para
outros estados. Em suas margens se estabeleceram diversas indústrias, atualmente
conta com prédios abandonados que são invadidos por populações carentes e usados
como moradia sem infra-estrutura adequada à função de habitação.
Em cidades com antigas zonas portuárias, o processo da dinâmica urbana
“associado às mudanças técnicas ocorridas no transporte marítimo (uso crescente de
conteiners, preferência pelos terminais especializados, aumento do calado das
embarcações, etc.) transformou as áreas próximas e portos antigos em parte integrante
desse setor degradado da cidade” (DUARTE, 2005). Passando a ser também
desqualificado como local de habitação e inapto a funções econômicas da cidade.
As alterações desenvolvidas no contexto da globalização, criando contradições
sobre o espaço contribuíram para a reversão desse quadro em diversas cidades do
mundo. Estas alterações econômicas propiciaram um cenário de “hierarquia global das
cidades” e “ampliação [...] dos setores de renda alta e média-alta, ligados às atividades
de gestão da economia globalizada” (DUARTE, 2005). A hierarquia está diretamente
vinculada a atração de investimentos externos para o desenvolvimento de atributos e
54
estruturas das regiões metropolitanas. O crescimento dos setores de renda elevada
interage com o setor imobiliário, unindo a competitividade e capital renovado,
propiciando nova configuração ao espaço obsoleto.
Se acrescentarmos a isso o papel cada vez mais importante do capital imobiliário no processo geral de reprodução do capital, a crescente competição entre os lugares no processo de atração de investimentos e de moradia da população de maior nível de renda e a maior preocupação com a preservação da memória arquitetônica, temos o fundamento para entendermos todo um leque de processos de recuperação de áreas urbanas degradadas, conhecidos como revitalização, renovação, requalificação ou reabilitação urbana. (DUARTE, 2005).
Como se pode observar, existem diferentes processos que podem ser aplicados
à nova dinâmica urbana. Duarte (2005) entende que os processos possuem
peculiaridades distintas. A etimologia da palavra revitalização indica uma visão
preconceituosa e, portanto, não é empregada por especialistas no tema, pois “não é o
caso de voltar a dar vida a uma área que não estava morta”
Entretanto, revitalização pode ser entendida como um processo que traz novas
funções, presença e atuação da sociedade, assim, a área revitalizada, adquire nova
vida com o uso que lhe é atribuído. Portanto, um espaço urbano, que teve um uso
freqüente, ao perder o uso seria um espaço socialmente desprovido de vida humana.
Logo, a revitalização no campo da formação do território turístico é valida, uma vez que
se pretende trazer a este espaço a vida humana e não a vida do espaço pelo próprio
espaço com seus objetos, mas com novos usos e objetos adicionais, contribuindo para
uma nova vida sobre o lugar com a presença de atividades humanas.
Renovação urbana é a substituição das formas urbanas por novas formas, e
pode ser pontual, fruto da iniciativa privada ou do poder público. Requalificação urbana
confere a área novas funções. Por suas características, renovação e requalificação não
se excluem, atuam na forma e função em conjunto ou isoladas. A reabilitação se aplica
à recuperação de área urbana, visando manter o conteúdo histórico existente,
“implicando o restauro de edifícios e a revitalização do tecido econômico social, no
sentido de tornar a área atrativa e dinâmica, com boas condições de habitabilidade”
(DURTE, 2005).
55
Os processos de revitalização urbana podem originar o processo de
gentrificação20 que Duarte resume como “um retorno da população de alto status à área
central metropolitana, enquanto local de moradia” (2005). É necessário ressaltar que a
gentrificação pode ser um dos objetivos do conjunto de processos anteriormente
citados, bem como a turistificação, mas não são necessariamente obrigatórios como
objetivos e resultados.
Ao analisar os processos de revitalização ocorridos na Zona Portuária da Baía
de Mesa na Cidade do Cabo, África do Sul, Kilian e Dodson identificam que o processo
de revitalização:
É um exemplo clássico das características de inconstância do capitalismo [...] o capital utiliza a completa mobilidade como um ‘ajuste espacial’, ‘ziguezagueando’ geograficamente de uma área desenvolvida para outra, subdesenvolvida, e depois voltando para a primeira, agora subdesenvolvida por causa da falta de investimentos (SMITH, 198821 apud KILIAN; DODSON, 2001 p. 200).
Este movimento do capital ao se evadir de uma área cria o abandono e a perda
do valor e ao retornar cria condição de reprodução. Funciona como um mecanismo que
previne crises no modo de produção, mantendo um espaço de reserva para gerar
novas ações de desenvolvimento e por conseqüência emprego e consumo,
movimentando a economia.
O processo de revitalização urbana, nas áreas portuárias, tem inicio com as
inovações marítimas que geram “uma retração do capital investido nas zonas portuárias
tradicionais” (KILIAN; DODSON, 2001, p. 200), tendo como conseqüência direta a
queda de empregos e subdesenvolvimento de toda a área próxima. Este
subdesenvolvimento que atinge a área é percebido pelo governo local e autoridade
portuária. “Sua reação a esse reconhecimento é sempre um ‘ajuste espacial’ – ou seja,
a revitalização de arredores portuários subtilizados” (ibidem).
20 Do inglês gentrification que é um processo de recuperação urbana com inicio no reinvestimento e valorização imobiliária do espaço de antigas áreas centrais atraindo a população de classe média para essas áreas (DUARTE, 2005). 21 SMITH, N. Desenvolvimento desigual: natureza, capital e produção de espaço. São Paulo: Bertrand Brasil, 1988.
56
Sendo assim, o poder público como gestor do território é quem vai encampar as
ações voltadas para desenvolver a zona portuária. Cumprindo assim o seu papel de
regulador da economia no momento em que interage ativamente no espaço para
propiciar a atração de capitais e investimentos. Geralmente, o governo local busca
subsídios no governo regional e central, principalmente pelo fato de que as atividades
portuárias tradicionais se vinculam à importação e exportação, influindo diretamente na
balança comercial. Somente após o impulso inicial do movimento de retorno do capital
é que o capital privado retornará.
‘O fenômeno internacional contemporâneo de revitalização [...] quase sempre envolve alguma forma de gasto público pelo governo local, regional ou central. Na verdade o modelo prescrito internacionalmente para o redesenvolvimento de waterfronts utilizado na Austrália, Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha e outros países europeus é o de utilizar o dinheiro do setor público como um estimulo para o posterior investimento do setor privado’ (CHURCH, 198822 apud KILIAN ; DODSON, 2001, p. 200).
O processo do redesenvolvimento traz à zona portuária a valorização que é
percebida sob duas formas: a mercantilização e a “espetacularização” do lugar,
conforme estudos realizados por Kilian e Dodson (2001). Por mercantilização entende-
se que a região revitalizada ganha valor estético, material e psicológico, que é
transformado em produto, embalado e vendido, como mercadoria turística. Os espaços
são comercializados, oferecendo sensações e sentimentos. A espetacularização implica
o uso da arquitetura pós-moderna, “empregada com a finalidade de engrandecer a
exibição de uma atração ou de um lugar turístico em particular” (KILIAN; DODSON,
2001, p. 205).
Em contrapartida às criticas de aspectos que envolvem o processo de
revitalização urbana é necessário ressaltar que a revitalização se mostra eficiente em
sua proposta de trazer o homem de volta ao espaço e com isso valorizar a zona
portuária. Outro aspecto a ser argumentado é que, enquanto há um rearranjo espacial
aproveitando uma área que já foi utilizada, evita-se o uso de espaços naturais para
desenvolver novas estruturas urbanas.
22 CHURCH, A. Demand-led planning, the inner-city crisis and the labour market: London docklands evaluated. In: HOYLE, B. S.; PINDER, D. A. and HUSAIN, M. S. (orgs.). Revitalising the waterfront: international dimensions of dockland redevelopment. Londres: Belhaven, 1988.
3 A ZONA PORTUÁRIA DO RIO DE JANEIRO
A Zona Portuária da cidade do Rio de Janeiro está localizada na região central
da cidade às margens da Baía de Guanabara e noroeste do centro histórico. A Zona
Portuária corresponde a I Região Administrativa (I RA) sendo composta pelos bairros:
Saúde, Gambôa, Santo Cristo e Caju. Na figura 7 é apresentada a posição da I RA em
relação ao município do Rio de Janeiro.
Figura 7 – Posicionamento da Zona Portuária, I RA, em relação a Cidade do Rio de Janeiro. Fonte: Adaptado de Bairros Cariocas – IPP, 2008.
58
A I RA ocupa uma área territorial total de 8,40 Km² sendo 98,8% da área
urbanizada e com uma população total de 39,973 habitantes, de acordo com o Instituto
Pereira Passos (IPP), (BAIRROS CARIOCAS, 2008). O índice de desenvolvimento
humano da Zona Portuária é de 0,72 ocupando a 23ª posição no ranking municipal. Em
2000 a renda per capita era de R$ 283,60 (BAIRROS CARIOCAS, 2008).
A área objeto deste estudo compreende os bairros da: Saúde, Gambôa e Santo
Cristo. Escolha que se explica pela configuração do espaço, considerando que o bairro
do Caju se afasta consideravelmente do Centro Histórico e se distancia do Corredor
Cultural.
Figura 8 – Zona Portuária da Cidade do Rio de Janeiro. Fonte: Adaptado de Bairros Cariocas – IPP, 2008.
Contribui para a delimitação da área de estudo o Plano de Recuperação e
Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro, proposto pelo Instituto Municipal
de Urbanismo Pereira Passos (IPP), em 2001. O plano de revitalização inclui a área da
Praça Mauá, que pertence ao Centro. Essa inclusão é, também, pertinente a este
estudo. A figura 9 permite visualizar sobre a carta imagem como a Praça Mauá se
posiciona estrategicamente conectando a Zona Portuária ao centro histórico do Rio de
59
Janeiro. Outra observação a ser feita, junto à figura 9, trata do posicionamento do bairro
do Caju que além do distanciamento do centro histórico é ligado aos demais bairros
pelo porto do Rio de Janeiro e inicio da avenida Brasil. Esta posição praticamente
rompe a ligação entre os bairros à altura do Terminal Rodoviário Novo Rio.
Figura 9 – Posicionamento dos bairros da I RA. Fonte: Adaptado de Bairros Cariocas – IPP 2008 com base no Plano de Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro – IPP, 2001.
Na parte leste, a praça Mauá atua como elo ligando os logradouros da área de
estudo ao CBD. É nesta área que há maior circulação de pessoas e comércios em
razão da proximidade ao centro de negócios. Situada entre o porto do Rio de Janeiro e
inicio da avenida Rio Branco, a praça Mauá é local de passagem dos veículos que
circulam entre o centro e as periferias da cidade. É através da praça Mauá o mais
usado acesso ao morro da Conceição, pela rua Sacadura Cabral que margeia a
encosta da elevação que serve de sítio a este setor do bairro da Saúde.
A carta imagem da figura 10 permite uma visualização mais precisa da praça
Mauá e junto à totalidade da área de estudo. Ao norte, a área de estudo é limitada pela
Baía de Guanabara servindo de limite natural. Como imposição humana, o porto do Rio
60
de Janeiro, a avenida Rodrigues Alves e o viaduto da Perimetral atuam como limites
artificiais.
A oeste, a Zona Portuária é limitada pela avenida Francisco Bicalho que liga á
avenida Presidente Vargas e a praça da Bandeira à avenida Brasil. Na parte sul a Zona
Portuária é limitada pelos ramais da Supervia Trens Urbanos e oficinas de manutenção
do metrô no trecho que vai da avenida Francisco Bicalho até a Central do Brasil.
Deslocando-se para leste, a área reduz sua largura seguindo os limites dos morros do
Livramento e da Conceição.
Figura 10 – Delimitação da área de estudo. Fonte: Elaboração própria sobre imagem Ikonos II, 2002 baseada no Plano de Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro – IPP 2001.
A malha rodoviária da Zona Portuária contribuiu em larga escala para a condição
atual da área, e que se configura como um caminho de passagem. A Zona Portuária é
cortada no sentido leste oeste pelo elevado da Perimetral. Esta via se estende sobre a
avenida Rodrigues Alves cortando os três bairros e serve de acesso à avenida Brasil e
à Ponte Presidente Costa e Silva – Ponte Rio-Niterói.
61
Figura 11 – Sistema de circulação existente. Fonte: IPP, p. 19, 2001.
No sentido norte sul, cortando os bairros da Zona Portuária, observa-se a
avenida Barão de Tefé que se inicia junto a avenida Rodrigues Alves e serve de ligação
ao centro de negócios através da rua Sacadura Cabral ou avenida Venezuela,
chegando à praça Mauá e então ao Centro. A rua Barão de Tefé permite acesso ao
Centro através da rua Camerino até a avenida Mal. Floriano e avenida Presidente
Vargas.
Outro acesso que recebe tráfico intenso é avenida Professor Pereira Reis que se
liga à Avenida 31 de Março e então à avenida Presidente Vargas ou ao Túnel Santa
Bárbara, possibilitando acesso direto à zona sul. Completa este conjunto o Túnel João
Ricardo, ligando a área da Central do Brasil à rua Rivadávia Correia.
62
Como estrutura interna de circulação da Zona Portuária, a rua Sacadura Cabral
que parte da praça Coronel Assunção, seguindo sinuosa junto à encosta dos morros
até a praça Mauá atua como eixo que permite o acesso entre a Saúde e Gamboa. De
forma quase paralela à rua Sacadura Cabral e no sentido oposto a circulação é feita
pela da avenida Venezuela. As ruas do Livramento e Pedro Ernesto, paralelas,
conectam em sentidos opostos a rua Sacadura Cabral e rua Rivadávia Correia
permitindo chega ao Santo Cristo através da rua da Gambôa.
A delimitação dos bairros pelos morros em conjunto com a estrutura viária
contribui para uma divisão entre os logradouros em relação ao centro da cidade.
Ainda hoje, a conexão dos bairros portuários ao centro de negócios é apenas possível rodeando o Morro da Conceição. A abertura do túnel João Ricardo possibilitou transpor o Morro do Livramento. O Morro do Pinto, contudo, está isolado pela presença dos inúmeros ramais ferroviários, posteriormente também acrescidos pelos ramais metroviários. As ligações de média e longa distâncias estão, no entanto, viabilizadas por vias expressas, elevadas, de trânsito rápido que rodeiam, encinturam os bairros. Como resultado, é mais fácil ir e vir de bairros distantes ao centro e vice-versa do que circular internamente (IPP, 2001).
Devido ao recorte realizado para o estudo, torna-se necessário a analise
socioeconômica individual dos bairros pertencentes á área delimitada.
O bairro da Saúde tem uma área de 36,38 hectares com 100% de urbanização.
A população em 2000 era de 2.186 habitantes, distribuídos em 706 domicílios. Dos
domicílios, 98,54% possuem esgotamento sanitário e 98,83% possuem água
canalizada. Existe uma unidade da rede publica municipal de ensino, contabilizando
956 alunos, em 2006 (IPP, 2008).
A Gambôa ocupa uma área de 111,29 hectares com 3.190 domicílios dos quais
92,39% possuem esgotamento sanitário e 96,11% água canalizada. O índice de
urbanização é de 100% e a população residente é de 10.490 habitantes. São duas
unidades educacionais da prefeitura com 980 alunos (IPP, 2008).
Com uma área de 168,47 hectares, o bairro do Santo Cristo se localiza na parte
Oeste, fazendo limite com o Caju e São Cristóvão. São 9.618 habitantes distribuídos
em 2.969 domicílios em uma área com índice de urbanização de 100%. Dos 2969
domicílios 99,21% contam com rede de esgoto e 96,59% possuem água canalizada até
63
o domicilio . O bairro é servido por três unidades municipais de educação com 1.675
alunos (IPP, 2008).
Uma melhor compreensão da Zona Portuária e seu atual uso passam pela
identificação da evolução urbana na área, o que permitirá ilações referentes ao
conteúdo histórico presente nas formas construídas e remanescentes. As ilustrações
que se seguem são parte do trabalho artístico, com base em dados históricos,
realizado pelo IPP. Na figura 12 é possível observar como o sitio da Zona Portuária era
extremamente estreito, uma pequena praia entre o mar e a elevação.
Figura 12 – Panorama do Porto do Rio em 1608, feito por Guta. Fonte: IPP, 2008.
Na parte esquerda da figura 12, percebe-se a elevação do Morro de São Bento
que mais tarde teve grande parte demolida para dar lugar à cidade. Este morro foi
doado aos monges Beneditinos que construíram o mosteiro de São Bento. Bem no
centro da foto está a Prainha que mais tarde deu origem à Praça Mauá. A ocupação da
atual Zona Portuária iniciou-se com Manuel Brito que construiu, ainda no século XVII, a
Capela Nossa de Senhora da Conceição no topo do atual Morro da Conceição. A
ocupação inicial foi fruto de um pequeno canal construído por Manuel Brito para ampliar
a sua plantação e aproveitou o pequeno vale que existia entre os dois morros (IPP,
2008).
Ao fim do século XVI junto à encosta do Morro da Conceição foi construída a
Igreja de são Francisco da Prainha, que em 1710 foi destruída por portugueses,
64
temendo a invasão francesa. Em 1711 a cidade foi dominada por franceses, sendo
pago resgate para a libertação. Por este motivo, em 1718 foi construída a Fortaleza da
Conceição (IPP, 2008).
Na figura 13 é possível observar, após a elevação do Morro de São Bento a
cidade do Rio de Janeiro com um núcleo urbano consolidado entre os espaços dos
morros. Após este núcleo inicial de ocupação é possível identificar o Morro do Castelo
que foi totalmente demolido no inicio do século XX. Na encosta do Morro da Conceição
e no interior, nas partes planas, algumas chácaras se instalaram no inicio do século
XVIII.
Figura 13 – Panorama do Porto do Rio em 1710, feito por Guta. Fonte: IPP, 2008.
Beirando a linha da costa até o Saco do Alferes e a Praia Formosa, fora da
ilustração, se praticava a pesca. Escravos trabalhavam no serviço de estivadores
atendendo a demanda de navios que ancoravam próximos ao local, propiciaram a
ocupação do que hoje é o Valongo e a Gambôa. Era na Praia do Valongo que
funcionava o mercado de escravos (IPP, 2008).
Na segunda metade do século XVIII, devido às águas calmas da enseada o
número de trapiches foi ampliado ao longo da antiga orla. O incremento das atividades
possibilitou maior expansão das construções junto às encostas. Com a riqueza que
afluía das Minas Gerais para o Rio de Janeiro foram realizadas melhorias como o aterro
de brejos praianos facilitando a ocupação (IPP, 2008).
65
A figura 14 mostra a expansão do núcleo inicial que sofreu grande influência com
a chegada da Família Real. A ocupação ao fundo da imagem atinge o Morro do
Desterro, atual Santa Tereza e progride em direção ao sertão, indo até as proximidades
do Mangal de São Diogo, hoje Cidade Nova. O número de navios ancorados na
enseada indica o crescimento da ocupação do lugar. Este incremento ocorreu com a
abertura dos portos em 1808.
Figura 14 – Panorama do Porto do Rio em 1817, feito por Guta. Fonte: IPP, 2008.
Onde hoje se localiza o 1ª Distrito Naval foi construído um cais em que
desembarcou a Imperatriz D. Carolina Josefa Leopoldina e a partir daí, o cais foi se
estendendo em direção ao oeste tomando a Praia da Saúde e Gambôa, delimitando
pela ação do homem, o que hoje é o sitio da Zona Portuária do Rio de Janeiro.
Com o barco a vapor e a estrada de ferro no século XVIII 50% do café produzido
no Brasil eram exportados da Prainha. Também crescia o movimento de passageiros,
do cais se fazia à ligação com o fundo da Baía de Guanabara. Em 1870 os bondes
puxados a burro trafegavam por toda a área e já havia algumas indústrias instaladas
junto ao porto (IPP, 2008).
Além dos aterros, foi no inicio do século XVIII, que se iniciou a remoção da Pedra
da Prainha. O objetivo era permitir a passagem até o Valongo e foi aberta a rua Nova
de São Francisco da Prainha, o que facilitou a ocupação, atual rua Sacadura Cabral.
Mais tarde esta pedra passou a ser conhecida como Pedra do Sal e ainda hoje aflora
66
em um pequeno trecho junto à encosta do Morro da Conceição que pode ser visto na
figura 15.
Figura 15 – Pedra do Sal. Fonte: IPP – Memória da Cidade, Banco de Imagens, 2008.
A figura 16 retrata o inicio do século XX em que desponta soberano, dominando
a paisagem, o edifico do jornal “A Noite”, bem ao centro da imagem, a sua frente á
praça Mauá, antigo largo da Prainha, que modernizada dá inicio a Av. Rio Branco, fruto
da Reforma Passos. Em meio ao turbilhão de edificações é possível identificar o Campo
de Santana – Praça da República.
Figura 16 – Panorama do Porto do Rio em 1930, feito por Guta. Fonte: IPP, 2008.
A esquerda já não se observa o morro de São Bento, em primeiro plano, e do
Castelo mais ao fundo. No entanto, no morro da Conceição uma área verde ainda
67
domina a paisagem. Muitos prédios de estilo colonial sofreram alterações nas fachadas
e outros de maior volume foram construídos em virtude da necessidade de modernizar
a cidade.
Nesta época, com a modernização do porto, a prostituição se territorializou na
Zona Portuária. Em contrapartida, a Zona Portuária passou a ter uso comercial e
poucos continuaram residindo na localidade, restando como espaço de moradia o
morro da Conceição com construções que representam todas as épocas.
Foi no inicio do século XX, que na atual Gambôa, se instalou o Moinho
Fluminense. A industrialização possibilitou a expansão urbana rumo ao oeste da Zona
Portuária. A praia Formosa no Santo Cristo foi loteada originando residências e
pequenos comércios. Foi nessa época que os morros começaram a ser mais
densamente ocupados.
A primeira década do século XX foi marcada pela ampla renovação urbana e a Zona Portuária não ficou atrás dessa onda. O conjunto das obras do porto foi decisivo para a modernização da região. O aterro da linha costeira para a construção do porto, a abertura das grandes avenidas de circulação de carros (Rodrigues Alves e Francisco Bicalho) e de ruas internas fizeram com que os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo se afastassem do mar e, com isso, mudaram suas configurações urbanas originais. O setor industrial passou a ser um marco na região, devido à proximidade com o porto. A população se adensou e os morros foram ocupados por favelas. E tudo isso, ocorrendo quase ao mesmo tempo. (IPP, 2008).
Com a crescente verticalização ocorrida na cidade do Rio de Janeiro, outras
áreas foram valorizadas e os bairros da Zona Portuária, cercados por favelas, se
tornaram residenciais e mais pobres. A construção da avenida Presidente Vargas e
posteriormente, da avenida Rodrigues Alves aumentou o isolamento do local. “Nos
anos 70 a construção do viaduto da perimetral ampliou o isolamento da Zona Portuária.
A partir daí, se acelerou esse processo de degradação, com perda de população e de
prédios vazios”. (IPP, 2008).
Na figura 17 o edifício “A Noite” já não é o único arranha-céu a dominar o cenário
no inicio do século XXI. O Central Business District (CBD) está tomado por prédios
verticalizados. Junto à linha do porto, estendendo-se pela orla marítima, encontr-se o
viaduto da perimetral e ao seu lado, cercado entre o viaduto e os edifícios, o centro
68
histórico. Ao cento da figura 17 ainda é possível observar alguns trechos do morro da
Conceição. No inicio da avenida Rio Branco foi construído um grande edifício com
características pós-modernas, o Rio Branco 1. (IPP, 2008).
Figura 17 – Panorama do Porto do Rio em 2002, feito por Guta. Fonte: IPP, 2008.
A figura 18, que é uma simulação com base em dados históricos, permite a
comparação do sitio original com a área atual da Zona Portuária. Na sitio original, a
Zona Portuária é uma espécie de península, como uma ilha, cercada pelos morros e o
Mangal23 de São Diogo, que se estende por trás do morro do Pinto até as imediações
do local em que hoje é a Praça Onze. No sitio modificado constata-se a dominação
imposta por sucessivos aterros que cobriram todo o litoral que era bastante recortado.
Figura 18 – Sitio do Porto do Rio em 1502, e após 500 anos em 2002. Fonte: IPP, 2008.
23 Manguezal.
69
Figura 19 – Planta da Cidade do Rio de Janeiro, 1817. Fonte: Biblioteca Nacional reproduzida a partir de ABREU, 1997.
70
Pela da planta da cidade do Rio de Janeiro de 1817, é possível ter uma noção
precisa do sitio e da evolução urbana do espaço da Zona Portuária. Na parte inferior
esquerda da figura 19, estão o saco do Alferes, da Gambôa, o Costão da N. Sra. Da
Saúde, as praias do Valongo e Valonguinho até a Pedra da Prainha e a por fim a
Prainha, delimitando um sitio muito estreito e próximo aos morros que circundam a
Zona Portuária e que foram aterrados ao longo dos anos.
3.1 O PORTO DO RIO DE JANEIRO Nesse cenário, o porto assume importante papel de configuração espacial sendo,
portanto, necessário um melhor conhecimento da estrutura de funcionamento e
organização do Porto do Rio de Janeiro.
Figura 20 – Porto do Rio. Fonte: Ministério dos Transportes, 2008.
O porto é administrado pela Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ),
sociedade de economia mista, vinculada à Secretaria Especial de Portos da
71
Presidência da República, regendo-se pela legislação relativa às sociedades por ações,
Lei 6404/76, no que lhe for aplicável, pela Lei 8630/93 (CDRJ, 2008).
Constituída com a publicação do Decreto-Lei nº 256, de 28.2.1967, - a CDRJ - tem por objetivo realizar, direta ou indiretamente, em harmonia com as metas definidas pela Secretaria Especial de Portos, a administração e a exploração comercial dos portos organizados e demais instalações portuárias do Estado do Rio de Janeiro. Para complementação dos serviços estabelecidos pela legislação em vigor, podem também ser desenvolvidas atividades afins, conexas e acessórias, industriais, comerciais e de prestação de serviços. (CDRJ, 2008).
Localizado na costa oeste da Baía de Guanabara, o porto do Rio de Janeiro foi
fundado em 1910 e ocupa uma área total de 137. 536m². O cais tem uma extensão de
7.420m com profundidade que varia entre 6 e 12m. Conta com acesso rodoviário
através das rodovias BR 040, BR 116 e BR 101 e ferroviário, explorado pela MRS
Logística S.A. Movimenta cargas de granéis sólidos, produtos siderúrgicos, veículos,
petróleo e derivados (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2008).
De acordo com o relatório anual da diretoria executiva, referente a 2007, a CDRJ
vem desenvolvendo ações recuperação econômica do porto e incluindo diversas ações
ambientais. Entretanto, não há qualquer ação especifica que contemple a revitalização
da Zona Portuária, por parte da autoridade portuária. (CDRJ, 2007)
Sob o panorama das evoluções tecnológicas e do comercio internacional,
influenciado pela macroestratégia político-econômica neoliberal, o governo federal
iniciou programa de arrendamento de área portuária para empresas privadas que
tenham melhores condições de investir na modernização.
Com a promulgação da Lei nº 8630, de 25 de fevereiro de 1993, foi deflagrada o processo de modernização das atividades portuárias. Em outubro/95 iniciou-se o Programa de Desestatização nos portos contemplando, entre suas ações para alcance de objetivos, a participação da iniciativa privada nos investimentos em instalações e reaparelhamento portuário. Integrante dessa descentralização é o Programa de Arredamentos de Áreas e Instalações Portuárias. (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2008).
72
3.1.1 O Pier Mauá
No contexto do programa de arrendamento, em 06/11/97 a empresa Píer Mauá
S.A. arrendou uma área de 51.542m² por 45 anos, investindo R$ 176.900 milhões.
(MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2008). De acordo com o Pier Mauá (2008), a
área arrendada foi de 100.000m² adquirida por contrato de leasing.
Desde então o Consorcio Píer Mauá, empresa privada, administra a Estação
Marítima de Passageiros do Porto do Rio de Janeiro (ESMAPA) que ocupa uma área de
10.000m², sendo parte do empreendimento Píer Mauá. O empreendimento oferece
estrutura de embarque e desembarque de passageiros, tripulação e bagagens. Pode
receber até cinco embarcações e o número de passageiros e embarcações vem
crescendo a cada ano, o que pode ser comprovado com a análise da tabela 1. A
comparação entre os dados mostra que a atividade vem evoluindo sistematicamente
nos últimos anos.
Tabela 1: Movimentação de passageiros
Temporada Atracações Navios diferentes Número de passageiros24
1998/1999 72 22 60.866
1999/2000 74 26 66.350
2000/2001 87 27 91.048
2001/2002 92 33 109.040
2002/2003 72 25 81.818
2003/2004 78 33 92.832
2004/2005 83 30 136.662
2005/2006 109 35 193.011
2006/2007 150 38 236.751
Fonte: Píer Mauá S.A., 2008.
Os dados apresentados na tabela 1 não apresentam a distinção entre turistas e
visitantes ou mesmo entre turistas nacionais e internacionais, entretanto, permitem
identificar que houve um crescimento desde o inicio das operações e que pode ser
24 Número aproximado.
73
expandido. Esta expansão é confirmada pelo Píer Mauá (2008), pois estão sendo
reformados três armazéns que serão utilizados no apoio logístico para as próximas
temporadas.
De acordo com as informações obtidas junto ao Píer Mauá (2008) a expansão do
volume de navios e passageiros é possível em razão do custo competitivo, infra-
estrutura oferecida aos passageiros, embarcações e atrativos turísticos da cidade do
Rio de Janeiro. A exemplo de outras estações marítimas de passageiros, o Píer Mauá
projeta para seu empreendimento atividades culturais e de entretenimento, o que
ajudaria a manter movimentação econômica da empresa durante a baixa temporada.
Em suas instalações foram realizados grandes eventos musicais.
Dentro do espaço turístico do Rio de Janeiro, o Píer Mauá e as vias de circulação
rápida que cortam a Zona Portuária fazem desse espaço uma área gravitacional,
definida por Boullón (2002) como o raio de influência de um conjunto de pontos pelos
quais obrigatoriamente os turistas passam, mesmo que não haja atrativos turísticos.
3.2 PROJETOS, INTERVENÇÕES E INFLUÊNCIAS NO ESPAÇO DA ZONA
PORTUÁRIA DO RIO DE JANEIRO
Embora o porto do Rio de Janeiro tenha importância estratégica no nível
macroeconômico, o tratamento da área urbana da Zona Portuária é responsabilidade
direta da prefeitura. Isto não exclui ações do governo estadual e federal, sendo
importante destacar que os projetos e intervenções são obras diretas do poder público
local, agindo no ambiente em que se localiza a área de estudo. As influências na área
de estudo são originadas do ambiente externo à Zona Portuária, afetando todo um
conjunto de atividades e outras áreas da cidade e do país.
A área central do Rio de Janeiro é formada por dez bairros, divididos em quatro
regiões administrativas, das quais a I RA é objeto deste estudo. Desde os anos de 1970
“a Área Central do Rio de Janeiro viveu o ápice da conjunção entre os processos de
esvaziamento funcional, decadência física e abandono por parte do poder público. A
74
partir do final daquela década e início da seguinte, o quadro começa a se reverter, pelo
menos em relação à postura do poder público” (DUARTE, 2005).
Na década seguinte, a postura do poder público começa a mudar fruto de
transformações na estrutura governamental com o fim da ditadura militar. Essa nova
postura que reduziu a inércia do poder público se justifica ainda pelo acúmulo de
edificações abandonadas causando prejuízos com o recolhimento de impostos
municipais como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
A preocupação com o patrimônio arquitetônico e a memória levou o governo
municipal a criar mecanismos para preservar e restaurar os imóveis com conteúdo
histórico e artístico. Assim, foi criado o incentivo fiscal para isenção do IPTU de imóveis
tombados, quando efetivada pelo proprietário a recuperação e conservação do imóvel.
“A partir da promulgação desse dispositivo legal, muitos proprietários reformaram as
fachadas de prédios históricos, contribuindo de forma significativa para a mudança na
paisagem da região” (DUARTE, 2005).
Entretanto, apenas a recuperação de imóveis não seria suficiente, sendo
necessário refuncionalizar a região central, estimulando a existência de fluxos
intraurbanos fora do horário comercial. No entender de Duarte (2005), o “objetivo
vincula-se ao propósito de tentar requalificar o espaço urbano do Centro do Rio a partir
da sua revalorização mais simbólica/subjetiva para, depois, atingir uma valorização
mais objetiva/econômica, que permita que as forças do mercado dêem maior vigor e
autonomia ao processo”. Tal proposição é comprovada pela criação de inúmeros
centros culturais com espaços para eventos diversos.
Contribuiu para esta ampliação de atividades culturais a Lei Rouanet25
viabilizando restaurações de prédios culturais e históricos com recursos tanto públicos
como privados. Foram beneficiados museus, teatros, igrejas e prédios históricos.
Lentamente ao longo dos anos estimulou-se uma crescente oferta de livrarias e
restaurantes na área central; como exemplo notório disso tem-se o caso do bairro da
Lapa (DUARTE, 2005).
25 Lei Rouanet - Lei 8.313, de 23/12/1.991 permite às empresas patrocinadoras um abatimento de até 4% no imposto de renda, desde que já disponha de 20% do total já pleiteado. Para ser enquadrado na lei, o projeto precisa passar pela aprovação do Ministério da Cultura, sendo apresentado à Coordenação Geral do Mecenato e Aprovado pela comissão Nacional de Incentivo à Cultura.
75
Toda esta intervenção na área central influenciou a criação do Plano de
Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro. Para Duarte
(2005) “uma proposta integrada e de grande envergadura”. O plano foi criado em 2001
pelo Instituto Pereira Passos, autarquia vinculada á Secretária Municipal de Urbanismo
da Prefeitura do Rio de Janeiro, com o objetivo de reorganizar o espaço adjacente ao
porto do Rio de Janeiro.
Propostas de revitalização da Zona Portuária existem desde os anos 1970, mas
entre o discurso e a ação para implementar os projetos há uma grande distância. Houve
propostas da CDRJ, arquitetos, urbanistas, estudantes entre outros; porém, a única
ação efetivada nas ultimas décadas do século XX foi a transferência das atividades
portuárias para o cais do Caju, tornando os grandes galpões cada vez mais ociosos
(IPP, 2001). Entretanto, a ociosidade permitiu que as formas originais da Zona Portuária
permanecessem inteiras, embora decadentes e abandonadas, persistem no tempo e se
mantêm na “imagem coletiva como alternativa e como um lugar do futuro” (IPP, p 7,
2001).
Um conjunto de eixos de ações foi proposto, entre os quais a revisão da
legislação urbana, função residencial, reestruturação da circulação viária, recuperação
de espaços públicos, programas de geração de emprego e rendas e parcerias públicas
e privadas, nacionais e internacionais para a revitalização (IPP, 2001).
Neste sentido, é necessário assumir a condição estratégica para desenvolver os
potenciais da Zona Portuária por meio de núcleos econômicos, culturais e sociais. Atrair
investimentos privados para atividades de serviços, comércio e lazer, privilegiando o
espaço para a função de moradia. Romper o isolamento viabilizando articulação interna
multiplicando os meios de locomoção e vias de acesso. Reintegrar a área a paisagem
da Baía de Guanabara. Valorizar o patrimônio urbano e arquitetônico local destacando
os elementos significativos. Através de políticas públicas incorporar imóveis históricos a
usos habitacionais e comerciais. Investir em melhorias de pontos estratégicos,
sinalizando oportunidades para novos investimentos privados e criação de um elemento
gestor que reúna os interessados no desenvolvimento da Zona Portuária inspirado no
método adotado nos exemplos de Puerto Madero em Buenos Aires e Victoria e Alfred
na cidade do Cabo.
76
O plano contempla um conjunto de diretrizes, que se espera, sejam capazes de
acelerar o processo de revitalização urbana da Zona Portuária (IPP, 2001), entre as
quais se destacam: a) a aprovação de um programa de intenções entre a esfera
municipal e federal para permitir intervenção na espaço portuário; b) integração das
atividades portuárias respeitando funcionalidades múltiplas a exemplo de outras
cidades; e c) alteração das “atuais condições de utilização e ocupação do solo na área,
adequando-a, em especial no trecho da retroárea, para implantação de atividades e
formas de uso misto e/ou de comércio e de serviços, hoje não permitidas pelo
zoneamento em vigor” (IPP, 2001, p. 14).
A intenção do poder público municipal era a recuperação da infra-estrutura pelo
município, gerando novo valor percebido para a Zona Portuária, atraindo então
parcerias e investimentos. “A previsão era de investimentos públicos de cerca de US$
50 milhões em quatro anos, contados a partir de 2002 e de US$ 1 bilhão em
investimentos privados em uma década” (DUARTE, 2005).
A partir dos eixos centrais do plano, foram definidas metas estratégicas:
• Melhoria da drenagem e do esgotamento da região. • Restauração do casario do morro da Conceição • Favela-Bairro no Morro da Providência. • Reabilitação dos seis primeiros armazéns do cais do Porto, destinados a
galerias, restaurantes, cinemas, exposições, eventos culturais. • Reforma de grandes prédios públicos da região, como o Edifício “A Noite”,
na Praça Mauá (o primeiro “arranha-céu” da cidade). • Construção de um complexo de cultura e entretenimento no Píer Mauá e
um aquário oceânico. • Reestruturar a rede de transporte da Região Portuária, incluindo a
implantação de quatro linhas do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), abertura de ruas de circulação interna, dotadas de calçadas generosas, túneis e ciclovias.
• Despoluir o Canal do Mangue e o Canal da Av Francisco Bicalho. (DUARTE, 2005).
É necessário ressaltar que entre as metas estratégias algumas sequer iniciaram
até o momento.
No morro da Conceição algumas edificações estão sendo restauradas, o Favela-
Bairro no Morro da Providencia aconteceu e gerou frutos como o Museu a Céu Aberto.
Entretanto, uma visita ao local permite verificar que falta muito a ser feito. Os armazéns
do cais do porto continuam sem qualquer alteração, exceto a Estação Marítima de
77
Embarque de Passageiros do Porto do Rio de Janeiro (ESMAPA). Mesmo o Armazém 5
– Armazém Rio26, muito usado para festas e eventos, na parte externa apresenta,
ainda, condições precárias. Também não houve alterações no sistema de transportes e
de saneamento.
O edifício “A Noite” continua sem melhorias. Junto ao Píer Mauá, trecho do porto
do Rio de Janeiro, há um terreno desocupado, o que em parte se deve ao impedimento
de instalação da filial do Museu Guggenheim27. O projeto foi considerado, pela oposição
ao governo municipal e setores da sociedade formadores de opinião, repleto de
irregularidades e com custo elevado sendo, portanto, frustrada a proposta.
Entretanto, Duarte (2005) identificou uma série de propostas que foram
viabilizadas como fruto de políticas públicas anteriores ao plano de revitalização e que
foram efetivadas ou se encontram em andamento, entre as quais destacam-se a
“instituição da Área de Proteção Ambiental - APA, de parte dos bairros da Saúde,
Gamboa e Santo Cristo (SAGAS), através do Decreto Municipal 7.351/8828, definindo
todos os parâmetros urbanísticos para a área” (DUARTE, 2005). O projeto SAGAS foi
fruto de uma reação da comunidade local ante as propostas implementadas nos anos
de 1970 quando se projetava a construção de um moderno “teleporto” na Zona
Portuária, e foi caracterizado por:
um forte movimento da população residente nos bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo que levaram, após uma quinzena de debates e vários estudos, à aprovação de atos legais voltados para a preservação dos bairros, em seus trechos residenciais e de fronteira imediata à orla portuária, que ficaram conhecidos como Projeto Sagas (IPP, 2001, p. 7).
A idéia original do “teleporto” era criar um centro moderno e tecnologicamente
adaptado aos novos padrões de telecomunicações, capaz de ligar a cidade ao mundo
de forma eficiente, o que ampliaria o valor imobiliário da orla portuária. “As idéias
arrojadas de futuro incluíam pela primeira vez o monotrilho, calçadas rolantes, parques
26 Em janeiro de 2002 a Prefeitura inaugurou o Armazém do Rio, um espaço para shows, exposições e eventos culturais com 3.500 m2, capacidade para 5.000 pessoas e que ocupa um dos armazéns desativados do Porto, o de número 5 (DUARTE, 2005). 27 Projeto Guggenheim Rio apresentado em 03/02/07 pelo arquiteto francês Jean Nouvel encomendando pela Prefeitura do Rio de Janeiro. 28 Disponível em http://www.rio.rj.gov.br/sedrepahc/ Acesso em 05 jun 2008.
78
e até um sistema particular de fornecimento de energia” (IPP, 2001, p. 7). Na verdade, o
projeto SAGAS contribui para manter grande parte das atuais formas existentes no
lugar.
Alguns logradouros foram urbanizados, imóveis antigos foram recuperados para
servir de moradia, foram realizadas a implantação de um conjunto residencial na
Saúde, construção da Vila Olímpica da Gambôa, com 29.000 m² e ao lado, a Cidade do
Samba.
No que tange a área central, “os sinais de que a região tornou-se um foco
crescente de fluxos ligados ao lazer, cultura e turismo, (inclusive à noite e nos fins de
semana) são fortes demais para serem ignorados” (DUARTE, 2005), permitindo
verificar a refuncionalização, embora modesta, de parte da região central, Entretanto,
esse autor considera, pela evolução das propostas e pelas características da área de
estudo, que “ainda é cedo para se falar em uma reorganização territorial da Zona
Portuária carioca” (DUARTE, 2005), pois são muitos os obstáculos que impedem uma
rápida alteração da configuração da Zona Portuária.
Os impedimentos presentes ao projeto de revitalização da Zona Portuária são:
fixos espaciais29, problemas de articulação entre as esferas do poder público, falta de
recursos, a dificuldade de circulação e questões fundiárias, segundo Duarte (2005).
A questão fundiária se apresentou desde o inicio do projeto como um entrave,
pois boa parte dos terrenos foi originada de aterros, sujeita ao controle do Patrimônio
da União, o que exige que toda transação imobiliária deva passar pela União.
Durante muito tempo, o processo de ocupação na área portuária foi orientado pela cessão de terras da União, para o exercício de atividades públicas, representadas por distintos Ministérios e órgãos federais que localizavam suas sedes de prestação de serviços no centro de negócios e as atividades de apoio na região do porto. A mudança da Capital para Brasília, e a conseqüente alteração de status político e administrativo da cidade do Rio de Janeiro, resultou no esvaziamento local, refletido no panorama de sua paisagem construída. (IPP, 2001).
Dentre os fixos instalados na Zona Portuária, aqueles que perderam o valor de
mercado foram sendo alienados, cedidos ou invadidos. Mantiveram-se os domínios das
29 Fixos espaciais são objetos construídos no espaço.
79
operações portuárias e ferroviárias que configuram os principais proprietários de terras
na Zona Portuária. Nos espaços obsoletos do uso ferroviário, o projeto prevê que
podem ser transformados em logradouros para auxiliar na melhor circulação local (IPP,
2001).
Sob a ótica do plano de revitalização, as intervenções devem ser
estrategicamente escolhidas, uma vez que demonstrariam à sociedade e ao mercado
um processo em andamento e a conseqüente atração de investimentos para a
localidade. “Seria assim, sinalizado para os representantes do setor privado, que há um
processo em curso e que este encaminha-se para romper o caráter monopolista que se
faz presente, tanto na função exclusiva para toda área, quanto na estrutura de
propriedades” (IPP, 2001). A figura 21 permite identificar os grandes proprietários de
terra na Zona Portuária.
Ressalte-se que o trecho pertencente à Rede Ferroviária Federal ao centro da
figura 21 hoje é ocupado pela Cidade do Samba. É possível notar na figura 21, a linha
que delimita a área do projeto SAGAS e compreende principalmente espaços com uso
residencial. Essa área do projeto SAGAS ultrapassa os limites da I RA e inclui, por
exemplo, toda a avenida Marechal Floriano, já na II RA.
A proposta de revitalização em implementação pelo IPP baseia-se no modelo de
eixos e núcleos de desenvolvimento. Dessa forma atingiria os pontos estratégicos
delineados nas diretrizes. Os eixos estratégicos tratam do sistema viário de
deslocamento interno e de passagem, conforme já apresentado na delimitação da área
de estudo. Os núcleos, de uma forma geral, inserem propostas para o Píer Mauá,
avenida Rodrigues Alves à altura do armazém 3 e avenida Barão de Tefé, morro da
Saúde, Gambôa junto ao armazém 9 onde hoje está situada a Cidade do Samba,
conforme se pode observar junto a figura 22.
Destacam-se nas propostas as opções de tornar o elevado da perimetral em
passagem de nível à altura da Praça Mauá, criando ainda estacionamentos
subterrâneos. Durante a pesquisa, em campo, foi possível constatar que na Saúde
muitas ruas junto aos armazéns na área retro-portuária servem de estacionamento, o
que indica a necessidade de ampliação do número de vagas para veículos nas ruas da
localidade.
80
Figura 21 – Grandes Proprietários. Fonte: IPP, 2001, p. 12.
81
Figura 22 – Estrutura proposta para revitalização. Fonte: IPP, 2001, p. 17.
Outro elemento do projeto que merece destaque é a abertura da passagem
direta através da área do 1º Distrito Naval ligando a Praça XV de Novembro e o
Corredor Cultural à praça Mauá e a conseqüente ampliação da ciclovia ligando a área
ao Museu de Arte Moderna. Entretanto, esta proposta esbarra na dificuldade em mover
82
uma parte dos fixos da organização militar. A proposta de Bondes, veículos leves sobre
trilhos (VLT), circulando junto ao antigo contorno do litoral, facilitará a ligação interna
entre os bairros da Zona Portuária, deverá contribuir para que áreas do Santo Cristo
sejam relativamente valorizadas.
O projeto estudou detalhadamente as propriedades existentes para identificar o
potencial de cada ponto.
Para determinar as áreas e imóveis passíveis de um processo de renovação, foram levantadas informações pertinentes à propriedade, utilização, grau de proteção e estado de conservação. Foram ainda consideradas as propostas apresentadas de modificação do desenho urbano, bem como situações específicas referentes à implantação dos imóveis por quadras, destacando-se problemas como empenas cegas, áreas ociosas, barreiras visuais e paisagens a destacar. A análise foi complementada pelo mapeamento da legislação em vigor cruzando-se, assim, informações oriundas de diferentes fontes de pesquisa. (IPP, 2001, p. 23).
Este levantamento permitiu identificar locais que deveriam ser tombados e
preservados, como a sede do 5º Batalhão de Policia Militar, na antiga praça da
Harmonia. “Com o resultado da identificação do que deve ser mantido, do que é difícil
alterar e do que promover como espaço público, foram definidas as quadras e terrenos
onde a renovação construtiva e de uso poderia ocorrer sem comprometer a
personalidade da área”. (IPP, 2001, p. 23).
Os estudos preliminares identificaram no zoneamento de uso do solo a principal
dificuldade para refuncionalizar a área. O fato é o enquadramento legal da área prevê o
uso de atividades industriais e portuárias não permitindo construções para habitação.
Nesse sentido, se faz necessário “decretar uma nova Área de Especial Interesse
Urbanístico, nos mesmos moldes das anteriormente propostas para o Centro e Cidade
Nova” (IPP, 2001, p. 24,).
Sob o aspecto do desenvolvimento da atividade turística, o plano apresenta
intenções de criar espaços de lazer, facilitar a conexão com o Corredor Cultural e criar
uma estrutura cultural de grandes dimensões no Píer Mauá. Entretanto, não houve um
levantamento mais especifico quanto as propostas turísticas em outros pontos da Zona
Portuária. Muito embora os fixos e a função da ESMAPA configurem a área da Zona
Portuária como uma área gravitacional para as propostas turísticas, a recuperação do
83
conjunto arquitetônico, o tombamento de imóveis e viabilização de comércio permitiriam
a expansão de turistas para outros pontos da Zona Portuária.
Figura 23 – Potencial de renovação. Fonte: IPP, 2001, p. 25.
A figura 23 indica que o projeto prevê a recuperação das áreas retro-portuárias
que são os espaços em que se percebe o maior abandono, pois tinha dependência do
uso industrial e do comércio internacional. Junto às encostas e nas áreas do projeto
SAGAS existe movimento de pessoas e serviços com alguns núcleos comerciais,
84
principalmente ao longo da Rua Sacadura Cabral, local em que há usos consolidados
como do Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro.
É preciso destacar a falta de articulação entre os elementos do poder público
municipal, uma vez que a Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (RioTur)
quando foi consultada sobre o projeto de revitalização da Zona Portuária, informou não
ter conhecimento do plano e que caso a Secretária Municipal de Urbanismo, entendo
ser necessário, encaminharia o projeto para a apreciação.
O projeto de revitalização é uma realidade que, cedo ou tarde, irá transformar o
espaço da Zona Portuária. Porém, para o interesse deste trabalho, devem-se
considerar dois elementos que contribuíram para que o ambiente oferecesse uma
oportunidade para ocorrer turistificação na Zona Portuária do Rio de Janeiro. Essa
contribuição realiza-se no sentido de que mostra através de dispositivos legais como os
usos do espaço são alterados com as ações do poder público. O primeiro item trata de
uma alteração na legislação nacional que interfere no uso local. O segundo item refere-
se a um programa do poder público municipal que altera a legislação de parte da região
central para criar o Corredor Cultural.
3.2.1 A Lei de Cabotagem
A revisão da lei de Cabotagem é importante para este estudo, pois ela marca
historicamente o momento em que a Zona Portuária passa a ter a função de ponto focal
para as propostas de planejamento turístico. Isto se deve ao funcionamento da
ESMAPA.
Porém é necessário ressaltar que o Terminal Rodoviário Novo Rio também é um
ponto focal, mesmo estando na borda oriental do local de estudo e vinculado ao acesso
da avenida Francisco Bicalho e, portanto, não contribuindo para concentrar turistas na
Zona Portuária. No sentido do espaço turistico, deve-se considerar o elevado da
perimetral como roteiro de traslado, como acesso do Aeroporto Internacional até a área
gravitacional com meios de hospedagem. Assim, independentemente da ESMAPA
85
como ponto focal, a Zona Portuária já se configurava como parte da área gravitacional
do espaço turístico real do Rio de Janeiro, entretanto sem concentrar turistas na área
de estudo.
A importância resultante da ação federal consiste no fato de que com a Lei de
Cabotagem há uma oportunidade nova no ambiente externo para modificações no
espaço da Zona Portuária. O que se explica pelos novos fluxos de turistas que
passaram a circular pelo corredor de traslado. Isto configura a Zona Portuária como um
espaço que concentra principalmente turistas internacionais. Entretanto, está
concentração vem acontecendo de forma sem uso do território pelos turistas, que
passam por pontos da Zona Portuária, usando o sistema de circulação como corredor
de translado.
Anteriormente à Lei de Cabotagem, os cruzeiros marítimos que vinham ao Brasil
aportavam em um destino específico, o que tornava onerosa para as empresas
armadoras tal atividade, pois não eram permitidas escalas entre os portos da costa
brasileira. Com a Lei de Cabotagem, o quadro mudou, uma vez que passou a ser
permitido aos navios de bandeira estrangeira navegarem na costa nacional, garantido
acessos a diversos portos do país.
Assim passou a ser possível para as empresas armadoras, além de oferecer um
produto a turistas internacionais com variados destinos, promover o turismo interno,
uma vez que pacotes são vendidos para pequenas viagens ao longo da costa brasileira.
Para acontecer a alteração do ambiente, foi necessário que o poder público
alterasse a legislação existente. A Lei de Cabotagem foi permitida pela Emenda
Constitucional nº 7 de 15 de Agosto de 1995 que alterou a redação do Artigo 178 da
Constituição Federal, determinando a observância do principio da reciprocidade para
regular o transporte internacional em águas brasileiras, conforme segue o texto na
integra:
Art. 1º O art. 178 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade”.
86
Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, a lei estabelecerá as condições em que o transporte de mercadorias na cabotagem e a navegação interior poderão ser feitos por embarcações estrangeiras" (CASA CIVIL – SUBCHEFIA PARA ASSUNTOS JURIDICOS, 1995).
A alteração na redação constitucional ficou conhecida como Lei de Cabotagem,
que na prática permitiu navios internacionais em viagens de longo curso navegar junto
a consta brasileira com permissão de ancorar nos portos nacionais, respeitada a
reciprocidade adotada pelo país de origem do navio estrangeiro.
3.2.2 O Projeto do Corredor Cultural do Rio de Janeiro
Como observado anteriormente, a Zona Portuária e o Centro Histórico integram a
área central do Rio de Janeiro e possuem uma proximidade tanto geográfica quanto
histórica. Sob este aspecto o entendimento do Corredor Cultural se faz relevante para o
presente estudo uma vez que influencia diretamente no potencial turístico do lugar.
O Corredor Cultural do Rio de Janeiro foi criado pela Lei Municipal 506 de 17 de
janeiro de 198430, estabelecendo uma Zona Especial do Corredor Cultural com o
objetivo de preservar o ambiente e a paisagem do centro da cidade do Rio de Janeiro.
Esse instrumento legal determinou que vigorassem, na área do Corredor Cultural,
condições para preservação, reconstituição e renovação das edificações incluindo
também os espaços de lazer e recreação.
A preservação visou manter as características arquitetônicas, artísticas e
decorativas da região central, prevendo que todas as modificações devam ser
previamente aprovadas pela prefeitura. Isto demonstra como a política pública pode
agir diretamente nas formas e funções do espaço.
De acordo com Pinheiro (2001), a área delimitada para o projeto do Corredor
Cultural se baseou no conteúdo histórico, sendo a área do projeto similar a da cidade
30 Disponível em http://www.rio.rj.gov.br/sedrepahc/ Acesso em 05 jun 2008.
87
do Rio de Janeiro no inicio do século XIX. Estes espaços selecionados podem ser
resumidos em Praça XV de Novembro, Cinelândia, Lapa e Saara.
Grande parte do sucesso do Corredor Cultural está ligada à iniciativa privada que
aderiu ao projeto devido às concessões de benefícios e incentivos fiscais. No projeto
inicial eram 1600 imóveis e atualmente cerca de 10.000 edificações estão inseridas no
programa de incentivos fiscais do Corredor Cultural (PINHEIRO, 2001).
O corredor cultural representou um esforço do poder público municipal em
preservar a memória e história, e pode ser considerado como um marco para a
caracterização do Rio de Janeiro como um destino turístico cultural. Por conseqüência,
proporciona uma conjuntura que aliada à Lei de Cabotagem, é capaz de influenciar a
execução do Plano de Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de
Janeiro, potencializado a possibilidade de turistificação deste espaço.
3.3 O PATRIMÔNIO TURÍSTICO LOCAL
O espaço da Zona Portuária do Rio de Janeiro apresenta um vasto conteúdo
histórico como foi visto, pois seu desenvolvimento urbano permitiu que diversas formas
fossem conservadas, propiciando a manutenção de um patrimônio e possibilitando que
alguns setores mantivessem uma homogeneidade arquitetônica.
Por se constituir em um espaço totalmente urbano, os atrativos turísticos
existentes e potenciais são classificados na categoria de culturais, conforme
metodologia adotada que classifica os atrativos turísticos em categorias e, dentro das
categorias, os tipos que são na verdade subclasses. Desta forma, foi possível
sistematizar e agrupar os dados coletados em campo. (FRATUCCI, 2005).
É necessário observar que a Zona Portuária do Rio de Janeiro é parte da cidade
do Rio de Janeiro que configura um centro turístico. Assim, a Zona Portuária se insere
neste contexto, na condição de área gravitacional, recebendo parte dos fluxos turísticos
da cidade, principalmente no movimento entre os logradouros que servem de ponto
focal e roteiros de traslado.
88
Estes logradouros são o Terminal Rodoviário Novo Rio e a ESMAPA situados
dentro do espaço portuário. Além do movimento originado dos terminais localizados na
Zona Portuária, o elevado da perimetral atua como trecho do roteiro opcional para
traslado entre o Aeroporto Internacional Tom Jobim e o centro hoteleiro do Rio de
Janeiro.
Por este motivo, a Zona Portuária não apresenta equipamentos e serviços
turísticos próprios. Entretanto, o trabalho em campo identificou que existem
estabelecimentos de alimentação na localidade, mas estes ainda não registram um uso
freqüente por parte de turistas.
Na retroária, que inclui os espaços imediatamente adjacentes ao porto e se
configura pelo uso do solo legalizado para atividades industriais e portuárias, não há
nenhum tipo de estabelecimento de alimentação. A exceção são os restaurantes e
lanchonetes que funcionam no interior dos terminais de embarque e desembarque de
passageiros, e em dois postos de combustíveis localizados ao longo da avenida
Rodrigues Alves. Na área residencial há o predomínio de pequenos bares que servem
bebidas no balcão.
A figura 24 indica os estabelecimentos de alimentação com estrutura capaz de
receber pequeno fluxo adicional de clientes.
Nome Localização
Sacadura Cultura e Gastronômia Rua Sacadura Cabral 147, Saúde Porto Saúde Gastronômia Rua Sacadura Cabral 228, Gamboa Restaurante Santos Nascimento Rua Argemiro Bulcão 33, Saúde Figura 24 – Restaurantes Fonte: Elaboração própria.
Os meios de hospedagem presentes na local de estudo não apresentam
condições para absorver a demanda turística, uma vez que, em geral, prestam serviços
de alojamento por poucas horas. Outros equipamentos como agências de viagens,
casas de cambio e transportadoras turísticas possuem presença na área de estudo.
Durante o auge da movimentação comercial do porto do Rio de Janeiro, a área
próxima à praça Mauá recebia um grande número de marujos estrangeiros o que
propiciou a atividade da prostituição e de casas noturnas. Entretanto, com a estagnação
do lugar, atualmente dois estabelecimentos funcionam ligados à prostituição, as Boites
89
Flórida e Scandinavia. O Cabaret Kalesa e restaurante Sacadura Cultura e
Gastronomia funcionam regularmente a noite como danceteria.
O Armazém Rio se enquadra como estabelecimento noturno, entretanto, pode
ser considerado como espaço para eventos, pois com uma área de 3.500m² costuma
organizar eventos que duram mais de uma noite. O espaço do Píer Mauá é também
utilizado para importantes eventos musicais.
Na borda ocidental da Zona Portuária, junto à avenida Francisco Bicalho
funciona o Clube dos Portuários que cede seu ginásio para ensaios do Grêmio
Recreativo Escola de Samba Unidos da Tijuca. No Santo Cristo encontra-se o local em
que foi criada a Escola de Samba Vizinha Faladeira, uma das raízes das escolas de
samba.
A Cidade do Samba oferece espaços próprios para eventos ligados a atividades
dentro da temática carnavalesca, entretanto, fica fechada por três meses, após o
carnaval. O Centro Cultural Ação Cidadania oferece espaço amplo e pitoresco para
eventos de porte considerável.
Com potencial para sediar eventos dos mais diversos tipos, os armazéns da
Zona Portuária podem ser aproveitados. A figura 25 permite uma noção da amplitude
de atividades que podem ser realizada nos armazéns. A Vila Olímpica da Gambôa
oferece espaço que pode ser adaptado para grandes eventos culturais, além de sua
característica funcional que permite eventos esportivos.
Para eventos de negócios ou científicos o único espaço adequado é localizado
na praça Mauá, no edifico RB 1, que possui um centro de convenções com infra
estrutura moderna e adequada para eventos de pequeno, médio e grande porte.
Oferece ainda serviços de banquete e estacionamento.
Quanto à Infra-estrutura de apoio turístico é necessário ressaltar que a
metodologia é modelada para inventariar um município integralmente, tendo sido
adaptada para uma subdivisão do município. Portanto, tais elementos componentes do
apoio ou foram anteriormente especificados junto a caracterização da Zona Portuária
ou não se fazem relevantes para os objetivos deste estudo.
90
Figura 25 – Zona Portuária - Armazéns. Fonte: IPP – Memória da Cidade, Banco de Imagens, 2008.
Deve-se ressaltar que áreas imediatamente adjacentes podem suprir as
necessidades de serviços urbanos sem, contudo, haver um limite legal e ou distância
como ocorreria entre dois municípios. Por exemplo, no sistema de segurança, uma
delegacia policial pode não estar instalada na área de estudo, mas ter jurisdição sobre
o local em analise.
Os atrativos turísticos devido às características de conjunto foram agrupados e
consolidados em sítios históricos. Com maior vulto e possibilidades de integrar-se ao
Corredor Cultural há o conjunto do Morro da Conceição, localizado na Saúde, próximo á
praça Mauá, compreendendo uma área de aproximadamente 200.000m², com
construções desde o século XVI, que deixam suas marcas no Morro da Conceição,
predominando o estilo colonial.
Em 1988, a Zona Portuária teve grande parte de seu patrimônio cultural
protegido. A Lei Municipal 7351, projeto SAGAS, preservou cerca de 2.000 edificações
históricas localizadas principalmente nos morros da Conceição, Saúde, Livramento,
Gamboa e Pinto. A elas se somam, ainda, tombadas pelo Instituto do Patrimônio
Artístico Nacional (Iphan), a fortaleza de N.S. da Conceição conforme processo número
91
0155-T-38; o palácio Arquiepiscopal processo número 0155-T-38; a igreja de São
Francisco da Prainha processo número 0022-T-38 e pelo Instituto Estadual do
Patrimônio Cultural (Inepac) a Pedra do Sal, de acordo com o processo E-
18/300.048/84.
Figura 26 – Imagem do Morro da Conceição Satélite Ikonos II, 2002. Fonte:.Sensora Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto Ltda.
É no Morro da Conceição que estão instalados a Fortaleza da Conceição e o
Palácio Episcopal que hoje é sede da 5ª Divisão de Levantamento do Exército Brasileiro
e onde funciona o Museu Cartográfico do Serviço Geográfico do Exército Brasileiro,
com um acervo de mapas, fotografias e instrumentos utilizados em levantamentos
topográficos.
O Observatório do Valongo também está instalado no sítio do Morro da
Conceição. É sede do Departamento de Astronomia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro e fornece infra-estrutura para o desenvolvimento de suas atividades de ensino,
de pesquisa e de extensão. Durante o período da lua crescente, o observatório é aberto
92
à comunidade para observar o satélite. Não conta com serviço estruturado para visitas
diárias, mas o acesso as instalações e ao jardim é permitido.
Figura 27 – Mosaico de fotos do Morro da Conceição. Fonte: IPP – Memória da Cidade, Banco de Imagens, 2008.
Figura 28 – Praça Mauá. Fonte: IPP – Memória da Cidade, Banco de Imagens, 2008.
Outro conjunto que foi identificado é o da praça Mauá, com uma área de
aproximadamente 60.000m² em que se localiza o Píer Mauá, o edifício “A Noite” em art-
déco, o edifico RB 1 em estilo pós-moderno, o edifício Príncipe D. João, em destaque
93
na figura 28, construído em 1912 em estilo clássico. O conjunto da praça Mauá chama
a atenção pela multiplicade de estilos arquitetônicos ali preservados.
No Morro da Providência há o projeto do Museu a Céu Aberto que teve origem
durante a aplicação do Programa Favela-Bairro da Prefeitura do Rio de Janeiro. A
favela mais antiga da cidade passou por um programa da prefeitura que canalizou a
rede de esgoto e pavimentou as vielas. Não possui trânsito de veículos e, embora tenha
serviço comunitário de limpeza, o lixo toma conta de vários pontos do que é
considerado o Museu a Céu Aberto.
O local continua com obras, desta vez do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) do Governo Federal e está ocupado pelas tropas do Exército em
razão da questão do trafico de drogas. Apesar do empenho da prefeitura, o projeto do
Museu a Céu Aberto até o momento não apresenta fluxos regulares ou mesmo retorno
satisfatório para a comunidade. (figura 29).
Figura 29 – Morro da Providencia. Fonte: IPP – Memória da Cidade, Banco de Imagens, 2008.
Na encosta do Morro da Providência localiza-se o Cemitério dos Ingleses,
ambientado por árvores frondosas em meio a caminhos tortuosos que acompanham o
declive do terreno. A maioria das campas baixas é coberta por vegetação rasteira,
assinaladas por simples lápide de mármore vertical. Os monumentos funerários são
poucos e mais recentes. A singela capela mortuária é a única edificação no terreno. O
cemitério é cercado pela Favela do Morro da Providência. A sua frente foi construída a
94
cidade do Samba o que gerou pavimentação dos acessos próximos e aumento no fluxo
de veículos.
A Cidade do Samba recuperou uma enorme área que pertencia a Rede
Ferroviária Federal. Está situada ao lado da Vila Olímpica da Gambôa e possui acesso
próximo à Central do Brasil através do Túnel João Ricardo. As ruas que circundam o
atrativo foram ampliadas e receberam nova pavimentação. Dentre os atrativos da Zona
Portuária é o único que tem fluxos de turistas regulares.
Na antiga praça da Harmonia, hoje praça Coronel Assunção, está a sede o 5ª
Batalhão de Policia Militar construção que data de 1814, sendo preservado pelo
patrimônio histórico é um exemplar de arquitetura militar do inicio do século XX.
Figura 30 – Antiga praça da Harmonia e Moinho Fluminense. Fonte: IPP – Memória da Cidade, Banco de Imagens, 2008.
Do outro lado da praça, indo desde a encosta do Morro do Livramento até a
avenida Rodrigues Alves, as instalações do Moinho Fluminese ocupam três quadras. O
Moinho Fluminense possui atividades industriais e, a exemplo do 5ª Batalhão, não
recebe visitas. Entretanto é um exemplar sem igual no que tange a arquitetura
industrial.
Outro elemento presente no espaço da Zona Portuária com características de
arquitetura industrial é a Fabrica de Chocolate Bhering, situada na rua Orestes no
Santo Cristo, próxima ao Terminal Rodoviário Novo Rio. Com uma área de 15.000m²
foi inaugurado em 1934 em um edifício com 4 pavimentos e um térreo. A estrutura
95
metálica foi trazida da Alemanha. Ao redor da fábrica, que fica na encosta do Morro do
Pinto, as casas tomaram todo o terreno, as ruas são estreitas e não suportam o trânsito
de veículos pesados.
Na avenida Barão de Tefé um atrativo com potencial é o Centro Cultural Ação e
Cidadania. Sediado em um antigo armazém com 14.000 m² foi construído por André
Rebouças em 1871 e recuperado pelo arquiteto Hélio Pellegrino. A reforma deixou a
edificação com um estilo rústico, com tijolos crus e ferro, mas com toques diferentes
como luminárias que dão um ar de requinte. Na área externa, a Rua Barão de Tefé é
bem larga e possui trâfego pesado, enquanto na rua Coelho e Castro, ao lado, há
pouco movimento sendo usada como estacionamento pelos trabalhadores das
imediações. Não existem edifícios de porte maior que o Centro Cultural dos lados do
prédio permitindo uma boa visibilidade.
Na Gambôa, situado à rua Pedro Ernesto, número 80, chama atenção o Centro
Cultural Municipal José Bonifácio que é dedicado à cultura afro-brasileira, incluindo uma
biblioteca especializada com um acervo de mais de 750 títulos sobre o tema da cultura
afro-brasileira. O Centro Cultural Municipal José Bonifácio funciona como sede do
Centro de Referência da Cultura Afro-brasileira, único no gênero na América Latina, em
um prédio tombado estilo renascentista, erguido em homenagem ao patriarca da
Independência José Bonifácio, realiza atividades cotidianas de oficinas, cursos,
espetáculos e exposições, todas gratuitas.
Próximo ao Centro Cultural Municipal José Bonifácio foram encontrados em 1996
fragmentos de crânios e ossos humanos entre artefatos de cerâmica, vidros, metais e
outras evidências arqueológicas, em um sítio arqueológico denominado Cemitério dos
Pretos Novos. Dentre os 5.563 fragmentos encontrados nas escavações do sítio
arqueológico Cemitério dos Pretos Novos, a análise antropológica e biológica dos ossos
não cremados, apesar das condições precárias nas quais foi feito o salvamento,
permitiu identificar 28 corpos, em sua maioria de jovens do sexo masculino, com idades
entre 18 e 25 anos. Hoje no local funciona um Centro Cultural com Exposições sobre a
cultura afro-brasileira e de artefatos encontrados nas escavações.
Complementam os elementos identificados como turísticos ou com potencial
turístico as igrejas de Nossa Senhora da Saúde e do Santo Cristo dos Milagres. A Igreja
96
do Santo Cristo dos Milagres foi erguida em 1879 e fica na praça do Santo Cristo local
de tráfego intenso em direção ao centro e a zona sul.
A Igreja de Nossa Senhora da Saúde fica próxima à antiga praça da Harmonia
na Gambôa. Situada atualmente junto ao Cais do Porto, construído por aterro no início
do século XX, o local de sua implantação ficou prejudicado pelo afastamento do mar.
Um conjunto de edificações foi construído em seu entorno prejudicando
consideravelmente a ambiência da igreja. Na rua Silvino Montenegro que serve de
acesso à igreja funciona a Polinter, órgão da Secretária Estadual de Segurança. Esta
rua necessita de limpeza e recuperação. Chamam atenção suas características
construtivas estilo rococó, com tendências ao neoclássico, que pode ser identificado
também nas diversas talhas que adornam o templo. O frontispício da Igreja é dominado
por uma singela portada de granito, com verga arqueada, a torre sineira está colocada
ao lado da epístola, e possui arremate bulboso. A talha da capela-mor apresenta
algumas imagens antigas. Sua nave única é revestida de azulejos da segunda metade
dos setecentos, narrando a vida de José do Egito. Coro e púlpito são arrematados por
trabalho em talha de madeira. Na sacristia disposta lateralmente existe um lavabo de
azulejos e louça da Companhia das Índias.
Cabe mencionar que a Igreja de São Francisco da Prainha foi incluída no sitio
histórico do Morro da Conceição. Outras igrejas da Zona Portuária não foram
inventariadas por não apresentarem características turísticas relevantes, tendo em vista
apresentarem construções de épocas próximas ou mesmo se localizar muito distante
dos pontos focais e área gravitacional.
De uma forma geral, o levantamento da oferta turística permite identificar os
principais elementos fixos componentes do espaço da Zona Portuária que podem ser
trabalhados pelo planejamento turístico e por políticas publicas. Na figura 31 é possível
identificar a posição dos principais atrativos e de logradouros presentes no espaço da
Zona Portuária e no Centro Histórico.
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98
3.4 A EXPERIÊNCIA DE VICTORIA E ALFRED NA CIDADE DO CABO
Para ressaltar a condição que se apresenta no ambiente externo e que leva
cidades distintas a revitalizarem sua Zona Portuária foi realizado uma análise do
programa adotado para a enseada de Victoria e Alfred (V&A) na Cidade do Cabo, África
do Sul. A enseada de V&A localiza-se na Baía de Mesa e. desde 1488, tem sido porto
de escala, e exemplo do Porto do Rio de Janeiro.
O complexo portuário local é composto por um conjunto de docas nas margens
da Baía de Mesa, sendo a doca V&A a ocupação inicial. Com novas embarcações
exigindo maior profundidade ocorreu um rearranjo no espaço da Baía de Mesa,
privilegiando a atividade portuária nas docas mais modernas, o que levou a doca de
V&A a perder capacidade e competitiva (KILIAN, D. e DODSON, B. J, 2001).
Entretanto a doca de V&A continuou com atividades voltadas para barcos
pesqueiros que se expandiram a partir dos anos 70. Em meados dos anos 80 crises na
economia mundial levaram a uma redução ainda maior no movimento de navios na
Baía de Mesa, quando então foi tomada a decisão de privatizar e desenvolver
comercialmente a doca de V&A. Esta decisão foi influenciada por processos
semelhantes que ocorriam em portos de outras cidades e ainda por pressão de
segmentos da sociedade local interessados na revitalização da doca de V&A.
Em 1987 foi formulado um relatório com propostas para iniciar o processo de
revitalização incluindo “a restauração das edificações portuárias históricas , além da
criação de restaurantes, um mercado de peixes, um centro de exibições, lojas,
escritórios, hotéis e de uma marina de barcos de lazer” (KILIAN; DODSON, 2001, p.
199). A formula adotada foi similar a de outros projetos, com investimento inicial do
poder público na intenção de atrair investimentos privados.
Para convergir o poder público e instituições privadas foi criado um comitê de
ligação que inicialmente atraiu e posteriormente permitiu alianças entre os setores
interessados. Por parte do governo local foram realizadas intervenções na legislação
para permitir as alterações no espaço, além de instrumentos capazes de permitir a
flexibilidade do capital.
99
O modelo de planejamento adotado buscou inspiração na abordagem flexível,
agrupada em “pacotes de planos” e adotada nos Estados Unidos, sendo um projeto
pós-moderno voltado para a multifuncionalidade de uso do espaço. O slogan adotado
pela companhia responsável era ‘fazer do porto histórico um lugar muito especial para
habitantes e visitantes da Cidade do Cabo” (V&AW COMPANY, 198931 apud KILIAN;
DODSON, 2001, p. 207), o que comprova a intenção de passar uma imagem de que a
doca viria a ser para o uso da população local.
No processo de revitalização como estratégia buscou-se recuperar o passado da
doca V&A e o simbolismo contido na historia do porto. Injetando recursos nos atributos
estéticos, históricos e culturais, a companhia consolidou um capital simbólico, atraindo
visitantes e principalmente investimentos privados o que possibilitou construir em 1992,
um complexo comercial de 26.500 Km². Na visão de Kilian e Dodson (2001) a V&A
revitalizada é muito semelhante a Baltimor’s Harbour Place.
Este modelo adotado é comum a várias partes do mundo e obteve o sucesso
esperado, atuando em dois mercados, no campo internacional se configura como um
centro turístico pós-moderno e atende a demanda interna, oferecendo lazer e comércio.
Portanto, atuando em dois mercados e com funções múltiplas no uso e organização do
espaço.
Esse duplo mercado não é coincidência - na verdade, reflete a posição do waterfront como uma ponte entre o local e o global; um lugar onde o local está globalizado; e o local, globalizando. O Victoria & Alfred Waterfront, como tantas outras área portuárias ao redor do mundo, foi remodelado em um ambiente de passeios, pavilhões, centro de compras e comodidades de lazer, satisfazendo o gosto do estilo de vida das novas classes médias. (KILIAN, D. e DODSON, B. J. 2001, p. 212).
Isto permite inferir que o modelo adotado para a revitalização da V&A é
integrado com os processos de turistificação e globalização, planejando e ordenando o
território.
O uso do espaço por habitantes e turistas foi comprovado por pesquisas
desenvolvidas para identificar os consumidores que freqüentavam V&A. sendo o
31 V&AW COMPANY, Development framework report III. Cidade do Cabo. MLH. 1989.
100
principal motivo da visita a diversidade de ofertas de experiências. Outro item que
chamou a atenção foi o crescimento no movimento com a implementação do complexo
comercial (KILIAN; DODSON, 2001).
Mas a trajetória da doca de V&A não foi marcada apenas por sucessos. Houve
conflitos territoriais para a implementação das propostas. Muitos dos fomentadores do
projeto pretendiam que as funções portuárias continuassem. Além disto, a expansão
experimentada progrediu para espaços que tinham uso regular, ameaçando a atividade
pesqueira que foi mantida, devido acordos de coexistência (KILIAN; DODSON, 2001).
Outro conflito surgiu do sucesso obtido e a conseqüente queda no movimento
comercial de outras áreas da Cidade do Cabo. Também ocorreram questões raciais
desde a preparação do projeto. A alegação era que a doca seria exclusivista para
brancos, o que se justificaria pelo conteúdo histórico projetado para a imagem do novo
espaço e pelos preços praticados. Diante destas tensões segmentos da comunidade da
Cidade do Cabo, como os muçulmanos, têm realizado movimentos de oposição à V&A
(KILIAN, D. e DODSON, B. J 2001).
Com estas observações a respeito da experiência da Cidade do Cabo é possível
verificar que o projeto em implantação no Rio de Janeiro necessita de uma atuação
mais efetiva por parte do poder público. Este modelo implantado em V&A, pelo exposto
acima, obteve sucessos além do esperado como fruto do empenho do governo local.
A cidade do Rio de Janeiro, de fato, possui uma área central que sofreu
intervenções em seu espaço com intenção de revitalizá-lo produzindo resultados
positivos. Como seqüência da revitalização da área central foi proposto o Plano de
Revitalização da Região Portuária, porém, os resultados após sete anos não
demonstram que os objetivos estejam sendo alcançados como esperado. Portanto, é
necessário que o poder público local ajuste o seu modelo de estratégias aos objetivos
esperados. Assim é necessário rever o atual projeto e investir maciçamente no porto e
na retroárea, que são os espaços com condições de alterar os usos internos e externos,
sem necessidades de alterar ou descaracterizar as formas externas, criando fluxo de
pessoas, residentes, visitantes e de capital privado.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos novos comportamentos da sociedade, uma gama de produtos
turísticos pode ser criado para atender aos desejos cada vez mais específicos do turista
e criação de produtos passa a provocar alterações no destino turístico. De acordo com
a forma de ação da sociedade sobre o espaço este território vai se envolver de
maneiras distintas com o turista. Logo, a intervenção pode gerar territórios turísticos e
turismo sem território, Knafou (1999) esclarece que a diferença entre ambos consiste no
grau de relação do visitante com o lugar de destino.
A turistificação pode ocorrer partindo de três agentes, os turistas, o estado e o
mercado. Estes agentes podem atuar de forma distinta ou simultânea. A interferência
no espaço pode ser organizada e planejada ou desorganizada. A turistificação sem o
devido controle pode causar conseqüências catastróficas no uso indiscriminado do
território possibilitando o declínio do destino turístico. Entretanto, esta situação pode ser
também alvo de intervenções para tentar reorganizar o espaço.
A partir da experiência de V&A foi possível identificar como a ocorrência de um
processo ordenado e planejado foi implementado na zona portuária da Cidade do Cabo
criando dois mercados, um internacional voltado para a atrair turistas e projetar a
imagem da Cidade do Cabo e outro para dinamizar a oferta de lazer e comercio para os
habitantes.
Neste caso, o agente vetor da turistificação foi o estado que investiu na
valorização e recuperação do conteúdo histórico, cultural e estético, angariando
investimentos do mercado e após relativo sucesso, novos investimentos da iniciativa
privada possibilitaram ampliar o projeto além as expectativas.
102
O processo ocorrido na Cidade do Cabo foi originado por condições similares as
que se projetam para incentivar a revitalização da Zona Portuária do Rio de Janeiro.
Estas condições se caracterizam por pressões políticas e econômicas através do
mercado mundial. Este mercado exige cidades com estrutura e estética que projetem
uma imagem capaz de captar fluxos de pessoas e capitais. O exemplo dos processos
ocorridos em outras cidades, como foi visto, pode servir de orientação para o
planejamento de intervenções em seu espaço. Assim, o sistema externo influência o
sistema interno de um país, levando-o a se posicionar no mercado mundial.
Esse posicionamento a nível mundial trata de uma política macroeconômica que
leva o governo nas três esferas de poder a tomar decisões. Estas decisões vão
alimentar o ambiente interno com o objetivo de produzir para o ambiente externo. Ao
interferir no ambiente interno para atender a demanda externa o poder público altera a
estrutura do espaço incentivando determinadas atividades o que baliza os caminhos da
microeconomia. Como os exemplos que foram apresentados neste estudo, cita-se a Lei
de Cabotagem que foi revista pelo Governo Federal, e pelo Governo Municipal foi
criado o Corredor Cultural e o Plano de Revitalização da Zona Portuária.
Entretanto, mesmo sendo a Zona Portuária uma área gravitacional, de acordo
com a proposta metodológica adotada por Boullón (2002), o Plano existente não prevê
uma estratégia definida para sua turistificação. Na concepção do projeto, o enfoque
turístico limitou-se à área do Píer Mauá, local que hoje tem função de ponto focal como
Estação Marítima de Passageiros.
O plano em andamento não considerou importantes aspectos históricos e
arquitetônicos para segmentos turísticos específicos e para a prática do turismo urbano.
Isto pode ser explicado pela inexistência de sinergia entre os órgãos do poder publico
municipal. A autarquia responsável pelo planejamento e desenvolvimento do turismo
na cidade, RIOTUR, não possui um plano estratégico para o desenvolvimento do
turismo na cidade. O órgão realiza ações pontuais, notadamente, ligadas ao carnaval e
sem interação com outros órgãos do poder público municipal. Ressalte-se que o projeto
da Cidade do Samba ocorreu de ações diretas do governo executivo local, na figura do
prefeito, em conjunto com a Liga Independente das Escolas de Samba (LIESA).
103
Em relação a cidade do Samba, verifica-se que ela gerou uma significativa
mudança em seu entorno, entretanto até o momento, a iniciativa privada não seguiu o
caminho proposto pelo poder público e na área externa a Cidade do Samba não há
sinal de investimentos ou ações do mercado. A Cidade do Samba, embora instalada na
Zona portuária, com argumentos vinculados a origem do samba, vem propiciando a
pratica de um turismo sem território, em relação à zona portuária, o turista permanece
cercado nos muros da “cidadela feudal do carnaval carioca”.
Seguindo a metodologia do inventário da oferta turística foi possível identificar
que os galpões da área retroportuária apresentam espaços excelentes que podem
sofrer interferências para receber novos usos. Esses espaços podem ser voltados para
a atividade turística bem como para outras atividades que dinamizem o comércio,
serviços, lazer e entretenimento para a população do Rio de Janeiro, pois podem ser
organizados de forma a incentivar fluxo de pessoas por diferentes motivos.
É no trecho da retroária que o abandono da região é mais percebido. Ao
caminhar pela avenida Rodrigues Alves, a sensação é de estar em um deserto. Com o
declínio das atividades portuárias e queda na remuneração e dinâmica econômica do
lugar, os moradores da zona portuária viram seus rendimentos caírem. Na zona
residencial, preservada pelo projeto SAGAS, existem núcleos de comercio típico de
áreas periféricas e na proximidade da praça Mauá, há maior concentração de empresas
e prédios usados principalmente pelo governo federal e pela administração portuária.
Os atrativos turísticos existentes na zona portuária não possuem características
que permitam competir com os já tradicionais componentes do espaço turístico carioca,
como o Pão de Açúcar, Cristo Redentor, Maracanã e Corredor Cultural. Entretanto, é
neste último que vigora a principal potencialidade da zona portuária por meio de uma
expansão do Corredor Cultural até o Morro da Conceição.
O levantamento da oferta turística proporcionou identificar que havendo um
trabalho coerente, planejado e integrado aos produtos turísticos já existentes na cidade
do Rio de Janeiro, a Zona Portuária pode receber fluxos turísticos, tornando-se assim
um espaço turístico, um território turistificado. A região portuária não possui um produto
turístico em seu conjunto histórico-cultural, ressalva feita à Cidade do Samba. Assim,
104
necessita de um trabalho que viabilize equipamentos que tornem viável o uso dos
atrativos turísticos locais.
Porém, as questões de segurança da cidade do Rio de Janeiro representam uma
possibilidade inibidora da atividade turística, como se constata no Museu a Céu Aberto
do Morro da Providência. Funcionando desde 2006, foi necessária a atuação da
Prefeitura para que operadoras incluíssem em seus produtos a visita à favela.
Entretanto, não se estabeleceu um fluxo regular de turistas, pois a qualquer momento o
acesso ao local pode ser impedido. O que se compreende pelas características do
produto turístico que é vendido antecipadamente e os horários pré-programados, sendo
o serviço consumido no momento da produção junto ao atrativo.
Contudo o plano de revitalização da Zona Portuária continua sendo
implementado, mas como todo processo de planejamento está sujeito a revisões e
correções. Cabe, portanto, inserir uma proposta para incluir a atividade turística em
conjunto com outras atividades, formando sobre o espaço uma sobreposição de fluxos.
Assim o Plano de Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro
pode ser revisto de forma que seja implementado simultaneamente ao processo de
turistificação da zona portuária.
Porém a decisão de rever o atual Plano de Revitalização depende do poder
público local. Ele é quem decide as ações que vão interferir no espaço de sua cidade,
assim como os fixos e os fluxos32 que vão se sobrepor sobre o espaço em nós e redes
determinando a dinâmica interna atual de sua cidade, e estabelecendo as relações com
o mercado mundial. Neste sentido, o poder público elege áreas em que os
investimentos incentivadores de fluxos serão concentrados.
Assim se constata que a questão que hora vigora e impede a evolução do projeto
na Zona Portuária trata de posicionamento político. O que de certa forma reflete a
tradicional característica da forma de fazer política dos governantes. Isto é, privilegiam
suas intenções pessoais e de compromissos com investidores da campanha eleitoral.
Dessa tradicional política podem ser ressaltados dois exemplos. O primeiro trata
dos jogos Pan Americanos Rio 2007. No RioCentro houve a adaptação de estruturas
para instalações esportivas nos pavilhões, o que poderia ter sido construído nos
32 Sinteticamente fixos são objetos e fluxos são ações.
105
armazéns da Zona Portuária. Varias intervenções foram realizadas em um ambiente
com ecossistema muito sensível, na região da baixada de Jacarepaguá, contribuindo
para a aceleração da urbanização local ao passo que, na Zona Portuária há uma área
com estrutura urbana subutilizada. Essa área poderia ter sido recuperada e os
investimentos que prometiam deixar um legado para a cidade, seriam percebidos, a
exemplo da estratégia adotada por Sidney e Barcelona.
Já o segundo exemplo permite uma melhor comparação com o Plano de
Revitalização da Zona Portuária. Na Barra da Tijuca está sendo construída a Cidade da
Música. O objetivo é que fique pronta antes do término do governo do atual prefeito. A
Barra da Tijuca conta com ampla oferta de serviços, comércio, lazer e entretenimento
além de equipamentos urbanos modernos e mantidos em boas condições pelo poder
público municipal. A Zona Portuária possui um conjunto de objetos fixos inteiros
necessitando de recuperação, carece de equipamentos urbanos; fluxos de serviços,
comércio, lazer e entretenimento. Assim, a cidade da música poderia ser implantada
nos galpões da Zona Portuária.
Assim, a turistificação e a revitalização simultâneas na Zona Portuária poderia
ocorrer privilegiando o conjunto de diversas atividades tanto voltadas para a população
local como para os visitantes.
A área de estudo pode ser dividida em duas regiões distintas, o que está de
acordo com a delimitação do uso do solo. A primeira região trata do Porto e da
retroárea que tem as formas, atualmente, voltadas para a função industrial. A segunda
região é caracterizada por uma ampla variedade de sobrados protegidos pelo projeto
SAGAS. Esta segunda região é entrecortada por alguns grandes lotes, mas que em sua
maioria continuam com uso consolidado.
Logo, visualizam-se duas possibilidades de transformar a Zona Portuária em
lugar turístico. A primeira está ligada a ação direta junto ao espaço decadente do porto
e retroárea. Como os fixos possuem grandes proporções, podem ser aproveitados para
criar espaços para eventos, centros de convenções, centros de compras, centros de
lazer sem, contudo, descaracterizar a construção do imóvel. Simultaneamente abrir
todo o trecho do porto junto a Av. Rodrigues Alves, transferindo as atividades portuárias
para o cais do Caju. Este é o modelo que vem sendo aplicado em várias cidades do
106
mundo em que o atrativo turístico é criado e produzido tal como é desejado, como foi
visto, capaz de receber grandes fluxos de visitantes e residentes.
A segunda região, inicialmente deve sofrer uma intervenção menos brusca que a
anterior, inclusive pelas características dos atrativos que implicam em um turismo mais
segmentado, especifico, e assim um lugar turístico em que o turista se relaciona com as
peculiaridades do território. No segundo caso, será necessário viabilizar investimentos
de equipamentos e infra-estrutura que valorizem o uso diário e a visitação, criando,
assim um território turístico e uma região revitalizada.
Logo, por tudo que foi analisado, se constata o potencial da Zona Portuária para
se tornar um território preparado para a atividade turística. Mais que isto, um espaço
pensado, planejado, organizado para melhor atender a população local fornecendo
serviços, lazer e entretenimento elevando o padrão de vida. A revitalização é
justamente trazer vida ao local, atividades, como a atividade turística. Assim a
turistificação simultânea a outros processos contribuirá para a aproximação do equilíbrio
sócio-espacial, ou seja, uma relação mais harmoniosa possível do homem com o meio.
Por fim, se faz necessário ressaltar que este é um trabalho inicial que reuniu um
amplo conjunto de temas, sintetizados nas considerações finais, deixando indagações
que levarão ao aprofundamento e a continuidade desta pesquisa.
107
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APENDICE A – Formulários da oferta turística33
Praça Mauá
Morro da Conceição
Museu Cartográfico
Observatório do Valongo
Museu a Céu Aberto do Morro da Providência
Complexo fabril do Moinho Fluminense
Igreja de Nossa Senhora da Saúde
Igreja de Santo Cristo dos Milagres
Cidade do Samba
Centro Cultural Municipal José Bonifácio
Centro Cultural Ação Cidadania
Sitio Arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos
Cemitério dos Ingleses
Edificação da fabrica de chocolate Bhering
Edificação do 5ª Batalhão de Policia Militar
33 Pesquisa realizada pelo autor durante o mês de junho de 2008.
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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro
FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS
CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais
TIPO Sitio Histórico
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Praça Mauá
LOCALIZAÇÃO: entre o bairro da Saúde e o centro do Rio de Janeiro. No inicio da Av. Rio Branco e Rodrigues Alves.
( x ) EM ÁREA URBANA
( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:
( ) Propriedade privada ( x ) Propriedade pública
Página na Internet/Endereço eletrônico www.rio.rj.gov.br
ADMINISTRAÇÃO: Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro.
ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário
( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo
( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre
ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário
TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 220, 225, 222, 127. Freqüências: De 3 a 5 minutos no horário de pico.
( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?
PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO NÃO SE APLICA /HORÁRIOS: NÃO SE APLICA ( x ) Permanente ( ) Temporário:
Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS: ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito
CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL
ORIGENS DOS VISITANTES ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)
( - ) Estado do Rio (-) Municípios Vizinhos ( x ) Local
SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares
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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( x ) Locais para alimentação ( x ) Sinalização interna ( - ) Sanitários Masc. e Fem. ( x ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza
( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( x ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:
ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( - ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas .
( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Lei Municipal 7351, projeto SAGAS
CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: De um lado um grande edifício pós-moderno o R1B no inicio da avenida Rio Branco, em outro lado da Praça Mauá o edifício “A Noite” um elegante prédio em estilo art-déco foi, por muitos anos, o maior arranha-céu do Rio de Janeiro e é, ainda hoje, um dos mais bonitos. Foi projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire, com cálculo estrutural do engenheiro Emílio Baumgart. Com 23 andares, era dotado de restaurante e pérgula na cobertura, sendo por muitos anos uma das principais atrações da cidade a ascensão ao último pavimento. Foi construído entre 1929 e 1930. A conclusão de cada pavimento era, à época, motivo de festa nacional. Nele funcionou por muitos anos o Jornal “A Noite”. Este jornal, de índole governista, caiu no desagrado popular durante a Revolução de 1930, sendo o prédio invadido pela população enfurecida e depredado. Na Era Vargas, foi ocupado por diversas instituições federais, inclusive o Departamento de Imprensa Nacional, bem como a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que chegou a contar, já em fins dos anos cinqüenta, com mais de 130 atores, atrizes e artistas em seu “cast”. Perfilaram seus microfones nomes capitais como Carmem Miranda, Ary Barroso, Lamartine Babo, Francisco Alves, Emilinha Borba, Marlene, e o popularíssimo programa “César de Alencar”, dentre outros. Adquirido em grande parte na década de sessenta pelo Ministério da Indústria e Comércio, passou por grandes obras, tendo sediado aquele órgão até sua transferência para Brasília. Ainda hoje é ocupado comercialmente por muitas empresas e autarquias, tendo sido tombado pela municipalidade. Na outra extremidade o Píer Mauá Estação Terminal de Passageiros do porto, um curioso e pequeno edifício com uma torre em estilo medievalista e belos vitrais no interior. Na praça também se localiza o imponente edifício Príncipe D. João, construído cerca de 1912 em estilo clássico, com um corpo central dotado de cúpula afrancesada.. O centro da praça é ocupado por uma estátua de bronze de Irineu Evangelista de Souza, Barão de Mauá, industrial pioneiro do Brasil. A estátua, colocada sobre uma coluna, é obra do escultor Rodolfo Bernardelli e foi inaugurada em 1910, por iniciativa do Clube de Engenharia. Na Praça Mauá se localizam a sede do INPI, da Polícia Federal do Rio de Janeiro, o Arsenal da Marinha e o Terminal Rodoviário Mariano Procópio. A Praça Mauá tem trafico intenso de veiculos que saem do centro seguem em direção ao viaduto da perimetral para alcaçar a Avenida Brasil e Ponte Rio Niterói. ÁREA: 60.000m² REFERÊNCIAS CRONOLOGICAS E OU HISTÓRICAS: Construção do Porto entre 1904 e 1910. Em 1912 construção do edifício Príncipe D. João em estilo clássico. Em 1930 construido o edifício “A Noite” . CARACTERISTICAS TIPOLOGICAS: Edificio em estilo art-decó, clássico e pós moderno. ASPECTOS NOTAVÉIS DO CONJUNTO: Edifício A Noite, Edifício Príncipe D. João, Estação Marítima de Passageiros. LOCAIS E PRECUSRSO DE INTERESSE PARA VISITAÇÃO: Píer Mauá. ATIVIDADES REGULARES: Área comercial.
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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA
MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS
CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais
TIPO Sitio Histórico
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME Morro da Conceição e imediações.
LOCALIZAÇÃO: Centro da cidade do Rio de Janeiro, no Bairro da Saúde com acessos pela Rua Sacadura Cabral, Praça Mauá, Rua Acre e Ladeira do Valongo pela Barão de Tefé.
( x ) EM ÁREA URBANA
( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:
( ) Propriedade privada ( x ) Propriedade pública
Página na Internet/Endereço eletrônico www.rio.rj.gov.br/
ADMINISTRAÇÃO Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro.
ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário
( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo
( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre
ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário
TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 128, 222, 220, 225. Freqüências: Em média 5 minutos no horário de pico
( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?
PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: NÃO SE APLICA HORÁRIOS: NÃO SE APLICA ( x ) Permanente ( ) Temporário:
Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS: NÃO SE APLICA ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito
CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL
ORIGENS DOS VISITANTES ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)
( - ) Estado do Rio ( - ) Municípios Vizinhos ( x ) Local
SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares
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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
( - ) Locais para alimentação ( x ) Sinalização interna ( - ) Sanitários Masc. e Fem. ( x ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza
( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( x ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:
ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( x ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas
( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Proteção do Patrimônio: Em 1988, a região portuária teve grande parte de seu patrimônio cultural protegido. A Lei 7351 preservou cerca de 2.000 edificações históricas localizadas principalmente nos morros da Conceição, Saúde, Livramento, Gamboa e Pinto. A elas se somam, ainda, a fortaleza de N.S. da Conceição - Nº Processo:0155-T-38 Iphan 24/05/38., o palácio Arquiepiscopal - Nº Processo:0155-T-38. A igreja de São Francisco da Prainha - Nº Processo:0022-T-38, A Pedra do Sal é tombada pelo Inepac processo: E-18/300.048/84.
CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: Sua ocupação inicial data do século XVI. Seu modo de vida particular, semelhante aos tradicionais bairros portugueses, se manteve apesar das profundas transformações urbanas ao seu redor, o Morro da Conceição permanece como lugar de moradia, rodeado de prédios que o esconde dos que passam. Várias construções ergidas sobre o Morro da Conceição possuem inestimável valor histórico. As moradias são tipicamente sobrados centenários. Em suas ruas há pouco transito, as ruas são estreitas e calçadas com pedras portuguesas. O maior fluxo de movimento de veiculos e principais acessos ficam ao longo da Rua Sacadura Cabral. ÁREA: 200.000m² REFERÊNCIAS CRONOLOGICAS E OU HISTÓRICAS: A ocupação do Morro da Conceição teve inicio ainda no século XVI e um dos primeiros moradores do morro da Conceição foi o padre Antônio Martins, que, por possuir horta de salsa nas faldas de suas terras, era apelidado de “Padre Salsa”. Anos depois, foi o morro vendido ao português Paulo Caieiro, sendo por seu nome conhecido o morrote até 1634. Em 1634, o casal Miguel Carvalho e esposa ergueram uma capela dedicada à N. Sra. Da Conceição em terras que possuíam no morro. Em 1655, Da. Maria Dantas, viúva de Miguel, doou a capela à Ordem do Carmo, que não a quis. Foi em 1699 doada aos capuchinhos franceses, que construíram um hospício ao lado para repouso de missionários. Expulsos do Brasil em 1701 por motivos políticos. O antigo Palácio Episcopal, hoje sede da 5a. Divisão de Levantamento do Serviço Geográfico do Exército, foi ocupado pelo cabido de 1702 a 1912, sendo vendido ao Exército em 1923. Tombado pelo SPHAN em 1938 e restaurado entre 1943/49. Vê-se ainda na cobertura do prédio, a projeção da antiga capela da Conceição, hoje biblioteca militar. Na parte de trás se localiza a rua do “Jogo da Bola”, assim denominada porque nela se praticava um esporte antepassado do boliche, a “bocha”. Existe uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, fundada em 1892 e atualmente muito alterada. Logo atrás do velho palácio, na praça Major Valô, existe a fachada imponente da Fortaleza da Conceição. Fortaleza da Conceição, foi erguida entre 1713/19 pelo engenheiro francês Jean Masset. Objetivava impedir futuros ataques inimigos à cidade, haja vista o fato do morro ter sido ocupado em 1711 pelo corsário francês René Duguay Trouin. Nunca funcionou como tal, haja vista a vizinhança do Palácio Episcopal, que impedia a utilização dos canhões sem danos ao dito palácio. Foi depois de 1769 fábrica de armas e presídio político, sendo ali recolhidos alguns conjurados mineiros de 1789 e cariocas de 1794. A Casa de Armas da Fortaleza da Conceição, erguida em 1765 por ordem do Vice-Rei Conde da Cunha é um sólido prédio logo à entrada. Em seus subterrâneos estiveram presos de 1789 a 92 os conjurados poeta Thomaz Antônio Gonzaga, José Alves Maciel e Domingos Vidal. Depois abrigou o poeta Manuel Inácio da Silva
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Alvarenga e o filósofo Mariano José Pereira da Fonseca, futuro Marquês de Maricá. Hoje, ainda é uma repartição do Serviço Geográfico do Exército, abrigando equipamentos de aerofotos. Em frente à porta da Fortaleza da Conceição, começa uma ladeira denominada João Homem, assim conhecida devido ao seu mais folclórico morador, o capitão de Milícias João Homem da Costa, que foi punido pelo Vice-Rei Conde da Cunha, em 1763, por apresentar-se a ele de camisolão de dormir, sendo obrigado a servir com essa indumentária nas obras de calçamento da rua. Atrás do morro, ao final da rua do Jogo da Bola, próximo à Rua Sacadura Cabral, existe a famosa “pedra do sal”, enorme pedregulho com degraus talhados, onde perto existe curioso bar, local de encontro de sambistas e boêmios (João da Bahiana, Heitor dos Prazeres, Pixinguinha, Lecy Brandão, Martinho da Vila, etc). Foi um antigo porto onde se desembarcava o sal para a cidade, então gênero dos mais raros entre nós. Subindo a ladeira do Sereno (onde morou Lecy Brandão), chega-se à pitoresca igreja de São Francisco da Prainha, com seu adro colonial, cercado de casas antigas. A Capela de São Francisco da Prainha, no adro de S. Francisco, foi erguida em 1696, foi arrasada em 1710 pelas tropas do invasor francês René Duguay Trouin. Reconstruída em 1738 e reformada em 1910, ainda mantém seu estilo colonial. Está situada em pitoresco sítio no morro, próximo à Praça Mauá, outrora defronte ao mar, hoje está dele afastada devido aos aterros na região. Próximo está o largo de São Francisco da Prainha, com arquitetura eclética datando da virada do século XX, e onde no século XVIII e princípio do XIX era montada a fôrca. Ali foram justiçados os heróis pernambucanos da Confederação do Equador. Subindo-se pela Rua Gago Coutinho, chega-se ao antigo Largo Municipal. A Coluna monumental em pedra, erguida em 1853 pelo arquiteto Francisco Joaquim Bethencourt da Silva no antigo largo Municipal, no Valongo, foi uma homenagem ao desembarque naquele local, em 1843, da Imperatriz Da. Teresa Cristina Maria, esposa de D. Pedro II. Foi o entorno remodelado na ocasião pelo arquiteto Grandjean de Montigny. Hoje, cercada de modernos prédios, sobrevive a coluna apenas como testemunho de uma época. Subindo-se pela rua Camerino, indo no encontro da rua Barão de São Félix, existe o famoso Jardim do Valongo, um curiosíssimo logradouro constituindo-se de um jardim suspenso na falda do morro, criado em 1905 pelo Prefeito Pereira Passos, e hoje muito arruinado, se bem que ainda impressionante em sua concepção. Do alto de suas muralhas, pode-se admirar o largo dos Estivadores, com seu casario da época Imperial, bem como o morro do Livramento, onde, em 1839, nasceu o futuro escritor Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), glória das letras nacionais. CARACTERISTICAS TIPOLOGICAS: Construções desde o século XVI deixam suas marcas no Morro da Conceição predominando o estilo colonial. ASPECTOS NOTAVÉIS DO CONJUNTO: A ambiência colonial e tranqüila tão próxima ao centro da cidade. Mistura diferentes remanescentes da historia do Rio de Janeiro ainda vivos. Destacam-se as grandes construções da Fortaleza da Conceição e o Palácio Episcopal. LOCAIS E PERCUSRSO DE INTERESSE PARA VISITAÇÃO: Um roteiro possível é iniciar no Largo de São Francisco da Prainha e seguir até o Largo do João Bahiana onde fica a Pedra do Sal, então subir pela Rua do Jogo da Bola e seguir até a Fortaleza da Conceição e descer por um trecho da Ladeira do João Homem e entrar a esquerda até o adro de São Francisco terminando o passeio. ATIVIDADES REGULARES: Atividade residencial.
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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro
FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS
CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais
TIPO Museus
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Museu Cartográfico do Serviço Geográfico do Éxercito.
LOCALIZAÇÃO: Rua Major Daemon, 81 - Morro da Conceição – Centro, Tel.: (21) 2223-2177 Fax: (21) 2263-9035
( x ) EM ÁREA URBANA
( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:
( ) Propriedade privada ( x ) Propriedade pública
Página na Internet/Endereço eletrônico: www.5dl.eb.mil.br
ADMINISTRAÇÃO: Exercito Brasileiro.
ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( X ) Bom ( ) Regular ( ) Precário
( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo
( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre
ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário
TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( - ) ônibus urbanos locais Linhas: Freqüências:
( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?
PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO 2º a 5º Feira: das 08:00 às 12:00 h e das 13:30 às 16:00 h; 6º Feira, das 08:00 às 12:00 h ( x ) Permanente ( ) Temporário:
Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( x ) Sim : Agendadas ( ) Não Idiomas: ( X ) Port. ( - ) Ing. ( - ) Esp. ( - ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito
CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL
ORIGENS DOS VISITANTES ( x ) Internacional ( x ) Nacional ( x ) Regional (SP/MG/ES)
( x ) Estado do Rio ( x ) Municípios Vizinhos ( x ) Local
SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares
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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( x ) Locais para alimentação ( ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( x ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza
( x ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( x ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:
ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( x ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas
( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE O museu não possui. Funciona no o palácio Arquiepiscopal que é tombado pelo Iphan - Nº Processo:0155-T-38.
CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: O museu ocupa duas salas de um prédio histórico que abrigou de 1702 a 1905 a residência do bispo do Rio de Janeiro recebendo o nome de Palácio Episcopal da Conceição e adquirido da Mitra pelo Ministério da Guerra em 1923. Está inserido no conjunto de construções que compõem a Fortaleza da Conceição. A rua Major Daemon é acesso ao Morro da Conceição pela Rua do Acre, útil para quem vêm do centro da cidade. É o melhor acesso para veículos motorizados mas devido as dimensões da região o trafico é muito pequeno. ACERVO: Estão à mostra, mapas, fotografias e instrumentos utilizados em levantamentos topográficos tais como: Bússolas, lunetas, teodolitos que compõem a evolução da cartografia no Brasil. Por ser o berço da cartografia, o exército possui documentos históricos do maior interesse com destaque para um raríssimo mapa do Brasil do século XVIII. São apenas dois exemplares no mundo, esse e outro que se encontra guardado no Torre do Tombo de Lisboa, Portugal. COLEÇÕES, PEÇAS: Bússolas, lunetas, teodolitos, cartas topográficas. ATIVIDADES REGULARES: Visitação agendada ao acervo.
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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro
FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS
CATEGORIA: Realizações Técnicas e Cientificas Contemporâneas
TIPO Centro Científicos e Técnicos
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Observatório do Valongo, Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza - Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. LOCALIZAÇÃO: Ladeira Pedro Antônio 43, Morro da Conceição, Saúde. Cep: 20080-090 // Telefone: 21 2263-0685.
( x ) EM ÁREA URBANA ( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:
( ) Propriedade privada ( x ) Propriedade pública
Página na Internet/Endereço eletrônico: www.ov.ufrj.br/apresentacao.htm
ADMINISTRAÇÃO Universidade Federal do Rio de Janeiro.
ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário
( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo
( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre
ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário
TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente () Não existente ( - ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS (- ) ônibus urbanos locais Linhas: Freqüências:
( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?
PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO SEG. A SEXTA HORÁRIOS: 08:00 ÀS 17:00 HORAS ( x ) Permanente ( ) Temporário:
Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito
CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL
ORIGENS DOS VISITANTES ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)
( - ) Estado do Rio ( - ) Municípios Vizinhos ( x ) Local
SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
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( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( x ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza
( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:
ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( x ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas
( - ) Prática de esportes. Citar (- ) Outras atividades. Citar:
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Em dezembro de 2003 foi aprovado o projeto de Preservação da Memória do Observatório do Valongo pelo CNPq, através do edital CT-INFRA/MCT/CNPq - 003/2003, "Seleção Pública de Projetos de apoio à Infra-estrutura de Preservação e Pesquisa da Memória Científica e Tecnológica Brasileira". Processo: 400777/2003-7.
CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: Em 1921, antes da derrubada do Morro de Santo Antônio, todos os equipamentos existentes no Observatório foram levados para a Chácara do Valongo, no Morro da Conceição, local onde, antes da Abolição da Escravatura em 1888, eram deixados os escravos para serem vendidos e, em 1924, foi inaugurado o Observatório do Valongo na sua localização atual. Incorporado à UFRJ após a Reforma Universitária de 1968, com a criação do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), o Observatório do Valongo passou a ser a sede do Departamento de Astronomia e vem fornecendo, desde então, infra-estrutura para o desenvolvimento de suas atividades de ensino, de pesquisa e de extensão. Hoje o Observatório do Valongo no topo do Morro da Conceição possui algumas casas ao lado da entrada e sua vista da cidade é prejudicada por prédios que cresceram ao longo da Rua Acre e Marechal Floriano no lado voltado para o centro. Chama atenção em seu jardim o relógio de sol em granito de construção recente. O acesso é através de uma ladeira íngreme e com calçamento irregular, conta com espaço reduzido para estacionamento. COLEÇÕES E OU ESPÉCIES PRINCIPAIS: instrumentos científicos construídos entre 1880 e 1920, além de fotos e documentos desde a criação do Observatório da Escola Politécnica, predecessor do atual OV, em 1881. ATIVIDADES REGULARES DA INSTITUIÇÃO: - Oferece os cursos de Graduação e Pós-graduação em Astronomia da UFRJ, realiza pesquisa em Astronomia e Astrofísica e desenvolve projetos de Extensão. - Campus do curso de Astronomia. Possui Visita de extensão, aberta a comunidade mensalmente à época da lua crescente, para observação do satélite.
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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro
FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS
CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais
TIPO Museu
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Museu a Céu Aberto do Morro da Providência.
LOCALIZAÇÃO: Morro da Providencia, Bairro do Santo Cristo.
( x ) EM ÁREA URBANA
( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:
( ) Propriedade privada ( x ) Propriedade pública
Página na Internet/Endereço eletrônico Não possui
ADMINISTRAÇÃO: Acessória do Prefeito. Contato no local, Éron César, na Igreja de N. Sra. da Penha. 21 2516-0239
ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( ) Bom ( x ) Regular ( ) Precário
( - ) Ferroviário ( -) Aéreo
( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre
ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário
TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( - ) ônibus urbanos locais Linhas: Freqüências:
( x ) Taxis ( x ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?
PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO SEG. A SEG. HORÁRIOS: 08:00 ÀS 17:00 HORAS ( x ) Permanente ( ) Temporário:
Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( x ) Sim ( ) Não Idiomas: ( x ) Port. ( - ) Ing. ( - ) Esp. ( - ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito
CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL
ORIGENS DOS VISITANTES ( x ) Internacional ( x ) Nacional ( x) Regional (SP/MG/ES)
( x ) Estado do Rio ( x ) Municípios Vizinhos ( x ) Local
SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares
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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( x ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza
( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:
ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( X ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas
( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Não possui.
CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: A favela mais antiga da cidade passou por uma programa da prefeitura que canalizou a rede de esgoto e cimentou as vielas. Como sinalização dos pontos a serem visitados foi marcado com uma barra de ferro no chão o caminho. Não possui transito de veículos e embora tenha serviço comunitário de limpeza o lixo toma conta de vários pontos do que é considerado o Museu a Céu Aberto. O local continua com obras, desta vez do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal e por este motivo ocupado pelas tropas do Exército em razão da questão do trafico de drogas. Apesar do empenho da prefeitura o projeto do Museu a Céu Aberto até o momento não apresenta fluxos regulares ou mesmo retorno satisfatório para a comunidade. ACERVO: Conjunto que originou as favelas cariocas. LOCAIS E PRECUSRSO DE INTERESSE PARA VISITAÇÃO: O ponto de início é na Praça Brum, no Portal do Museu, na encosta do Morro do Livramento, um bairro do século XIX, totalmente tombado pelo patrimônio histórico, que se limita com a favela situada na parte alta. O trajeto do museu é indicado por uma linha traçada no chão. Ao percorrê-la, é possível descobrir um pouco da história do local, percebendo quais monumentos já estão sendo aproveitados pelo projeto e quais obras não foram terminadas. Favela com quase 110 anos, a Providência tem um papel fundamental na cultura da cidade. Muito do que começou lá se replicou na formação das outras favelas, seja do ponto de vista arquitetônico, quanto na forma de ocupação, além de aspectos comuns nos movimentos de resistência às remoções. Foi na Providência que nasceu Machado de Assis, o nosso maior escritor. É também lá que surgiu, na década de 30, a Agremiação Recreativista Escola de Samba Vizinha Faladeira, que ganhou fama como a mais rica e inovadora escola de samba, e cujo poder financeiro e criatividade revolucionou os desfiles. Depois de subir os 155 degraus de uma antiga escadaria de granito construída por escravos no século XIX, chega-se ao Corredor Histórico, onde o visitante poderá encontrar a igreja Nossa Senhora da Penha. Alguns metros adiante, chega-se no antigo reservatório de água, rebatizado "reservatório de lembranças". Datado de 1913, é uma construção em forma octogonal decorada com afrescos, ladrilhos de época e rosáceas. Foi, segundo moradores, um importante ponto de encontro e referência na favela. Suas paredes se mantém bastante sólidas, apesar dos longos anos de abandono. A idéia original era transformar o local numa instalação acústico-visual onde fosse possível ouvir depoimentos de moradores e ler a história da favela. Mas a obra ainda não foi completada. Outros pontos fortes do Museu a céu aberto incluem a Capela do Cruzeiro – datada de 1865 -, marco do processo de ocupação do morro, o Oratório, e a casa de Dodô da Portela, a porta-bandeira campeã do primeiro desfile oficial, em 1937. Também foram incluídos três mirantes em pontos estratégicos do morro, com vistas para a região da Central do Brasil, o Sambódromo, o Cais do Porto, o Pão de açúcar e a Baía de Guanabara. No topo da favela, há ainda um oratório, que guarda no seu interior uma cruz trazida pelos soldados republicanos do sertão baiano. ATIVIDADES REGULARES: Não possui
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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro
FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS
CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais
TIPO Arquitetura Industrial
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Complexo Fabril do Moinho Fluminense
LOCALIZAÇÃO: Ruas Sacadura Cabral , Praça Coronel Assunção. Rua Antônio Lages, Rua Venezuela até a Avenida Rodrigues Alves, Bairro da Gamboa.
( x ) EM ÁREA URBANA ( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:
( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública
Página na Internet/Endereço eletrônico: http://www.fundacaobunge.org.br/port/memoria/cmbunge.asp?id=47
ADMINISTRAÇÃO Grupo Bunge
ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário
( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo
( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre
ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário.
TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 222, 127, 128. Freqüências: Média de 15 minutos
( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?
PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: NÃO SE APLICA /HORÁRIOS: NÃO SE APLICA ( x ) Permanente ( ) Temporário:
Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS: NÃO SE APLICA ( - ) Pago R$ ( - ) Gratuito
CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL
ORIGENS DOS VISITANTES: Não se aplica ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)
( - ) Estado do Rio ( - ) Municípios Vizinhos ( - ) Local
SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares
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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( - ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( - ) Serviço de limpeza
( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( -) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar: Não se aplica.
ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos (- ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas
( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar: Não se aplica.
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Bem tombado pelo patrimônio histórico do Rio de Janeiro em 1986. Lei 7351 de 1988.
CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: A altura da antiga Praça da Harmonia, hoje Praça Coronel Assunção, um ar de Rio Colonial o que é complementado pela arquitetura militar do 5ª Batalhão de Policia Militar. Ocupa duas quadras inteiras. Ao redor do moinho há transito de veículos pesados com a carga da produção do moinho. Na Avenida Venezuela circulam ônibus e outros veículos em direção ao centro da cidade. ÉPOCA DE CONSTRUÇÃO: 1887 CARACTERISTICAS CONSTRUTIVAS: COMPOSIÇÃO, ESTILO OU TÉCNICA: Arquitetura industrial. MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS INCORPORADAS AO ATRATIVO: Não possui. UTILIZAÇÃO ATUAL: Produção industrial de farinha de trigo. ATIVIDADES REGULARES. Produção industrial de farinha de trigo.
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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro
FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS
CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais
TIPO Arquitetura religiosa
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Igreja de Nossa Senhora da Saúde
LOCALIZAÇÃO: Rua Silvino Montenegro, 52, Saúde
( x ) EM ÁREA URBANA
( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:
( ) Propriedade privada ( x ) Propriedade pública
Página na Internet/Endereço eletrônico: Não possui.
ADMINISTRAÇÃO: Mitra arquiepiscopal.
ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x) Bom ( ) Regular ( ) Precário
( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo
( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre
ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário.
TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 180, C10 Freqüências: 20 minutos
( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?
PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: DOMINGOS HORÁRIOS: 07:00 HORAS ( x ) Permanente ( ) Temporário:
Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito
CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL
ORIGENS DOS VISITANTES ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)
( - ) Estado do Rio ( - ) Municípios Vizinhos ( x ) Local
SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares
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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza
( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:
ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( - ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas
( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Nº Processo:0036-T-38 de 02/08/38. Observações:O tombamento inclui todo o seu acervo, de acordo com a Resolução do Conselho Consultivo da SPHAN, de 13/08/85, referente ao Processo Administrativo nº 13/85/SPHAN.
CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: Reformada em 2007 paralela a uma rampa de acesso toda em pé-de-moleque, foi executada uma escada para facilitar a subida. Foram construídos dois banheiros em local discreto do pátio, sendo um para portadores de deficiência. Os muros externos tiveram o revestimento de argamassa totalmente substituído. Situada atualmente junto ao Cais do Porto, construído por aterro no início do século XX, o local de sua implantação ficou prejudicado pelo afastamento do mar. ÉPOCA DE CONSTRUÇÃO: A construção, a princípio, foi de uma capela, entre os anos de 1742 e 1750. Em 1898 foi fundada a Irmandade de Nossa Senhora da Saúde para administrá-la, mas somente em 1900 a Igreja passou aos cuidados da Confraria. CARACTERISTICAS CONSTRUTIVAS: Estilo rococó, com tendências ao neoclássico, que pode ser identificado também nas diversas talhas que adornam o templo. O frontispício da Igreja é dominado por uma singela portada de granito, com verga arqueada, a torre sineira está colocada ao lado da epístola, e possui arremate bulboso. A talha da capela-mor apresenta algumas imagens antigas. Sua nave única é revestida de azulejos da segunda metade dos setecentos, narrando a vida de José do Egito. Coro e púlpito são arrematados por trabalho em talha de madeira. Na sacristia disposta lateralmente existe um lavabo com embrechados de azulejos e louça da Companhia das Índias. MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS INCORPORADAS AO ATRATIVO: Painéis de azulejo que contam a história de José do Egito. UTILIZAÇÃO ATUAL: Atividades religiosas. ATIVIDADES REGULARES: Missas e atividades paroquiais.
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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro
FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS
CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais
TIPO: Arquitetura Religiosa
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Igreja de Santo Cristo dos Milagres
LOCALIZAÇÃO: Pça Santo Cristo s/n. Santo Cristo.
( x ) EM ÁREA URBANA
( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:
( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública
Página na Internet/Endereço eletrônico: Não possui.
ADMINISTRAÇÃO: Mitra arquiepiscopal.
ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x) Bom ( ) Regular ( ) Precário
( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo
( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre
ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário.
TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 110, 127, 128. Freqüências: 15 minutos
( x) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?
PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: 2ª A SAB. HORÁRIOS 08 ÀS 12 E 14 AS 18 HORAS. ( x ) Permanente ( ) Temporário: Domingo as 07 e 18Horas.
Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito
CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL
ORIGENS DOS VISITANTES ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)
( - ) Estado do Rio (-) Municípios Vizinhos ( x ) Local
SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares
128
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( x ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza
( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:
ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( - ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas
( - ) Prática de esportes. Citar ( x ) Outras atividades. Citar: Festas juninas.
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Não possui.
CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: A Igreja do Santo Cristo dos Milagres foi erguida em 1873 e fica na
praça do Santo Cristo local de trafico intenso em direção ao centro e a zona sul.
ÉPOCA DE CONSTRUÇÃO: construída em 1879. CARACTERISTICAS CONSTRUTIVAS: Não disponível. MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS INCORPORADAS AO ATRATIVO: a sua frente um belo chafariz de ferro fundido do artista Henri Frederic Iselin, peça fabricada no Val d’ Osne - França . UTILIZAÇÃO ATUAL: Cultos religiosos. ATIVIDADES REGULARES Grupos de oração, catequese.
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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro
FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS
CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais
TIPO Centro Cultural
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Cidade do Samba.
LOCALIZAÇÃO Rua Rivadávia Corrêa, 60, Gamboa, Cep: 20220-290// Telefone: 2213-2503
( x ) EM ÁREA URBANA
( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:
( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública
Página na Internet/Endereço eletrônico www.cidadedosambarj.com.br
ADMINISTRAÇÃO Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro
ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário
( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo
( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre
ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário
TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 127 Freqüências: 20 minutos
( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?
PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: TERÇA A SABADO HORÁRIOS 10 ÀS 17:00 HORAS. ( ) Permanente ( x ) Temporário: é fechada por três meses após o Carnaval.
Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( x ) Sim ( ) Não Idiomas: ( x ) Port. ( x ) Ing. ( x ) Esp. ( - ) Outros. Citar INGRESSOS ( x ) Pago R$ 10,00 Inteira, 5,00 meia-entrada ( ) Gratuito
CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL
ORIGENS DOS VISITANTES ( x ) Internacional ( x ) Nacional ( x ) Regional (SP/MG/ES)
( x ) Estado do Rio ( x ) Municípios Vizinhos ( x ) Local
SAZONALIDADE Meses de alta: Out - Mar Meses de Baixa Mar - Jun Meses de média Jul - Set ( - ) Atrativo sem fluxos regulares
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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( x ) Locais para alimentação ( x ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( x ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza
( x ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( x ) Serviço de Segurança ( x ) Outros. Citar: Loja com souvenir.
ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( x ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas
( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Não possui.
CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: O projeto Cidade do Samba é uma iniciativa conjunta da Prefeitura do Rio de Janeiro e a LIESA. Faz parte do conjunto de obras de recuperação e revitalização da Zona Portuária. Cria um novo e definitivo espaço para o Carnaval Carioca, concentrando as principais atividades de produção artística das Escolas de Samba e, conseqüentemente, oferecendo uma nova opção para o turismo. Considera-se o local em que foi construída a Cidade do Samba como um “solo sagrado onde nasceu o samba carioca. O triângulo formado por Saúde, Santo Cristo e Gamboa concentra grande tradição da cultura popular da Cidade, notadamente de personagens e entidades ligadas ao Carnaval Carioca. O desenho da Cidade do Samba forma uma figura geométrica, com as fábricas circundando a praça central. Parecem partes de um grupo de mãos dadas, formando uma grande roda. É como se o mundo do samba estivesse abraçando os seus ancestrais que estiveram por aqui nos séculos XVII e XVIII, trazendo a arte da dança e da música africanos,hoje incorporada às tradições culturais brasileiras. Situado numa área de 92 mil m2 – equivalente a dez campos oficiais de futebol. Reúne 14 barracões (cada um com um prédio de três pavimentos), um prédio administrativo, uma praça central equipada com duas lonas – uma para espetáculos, cobrindo uma área de 2.550 m2 e outra para exposições, quatro lanchonetes com cinco banheiros, dois módulos sanitários públicos e 186 vagas de estacionamento. ACERVO: Fantasias e alegorias das escolas de samba do grupo especial. COLEÇÕES PRINCIPAIS: Não possui ATIVIDADES REGULARES: A Programação Cultural da Cidade do Samba é variável. Para mais informações entrar em contato pelos tels.:(21)2213-2503 ou(21)2213-2546 www.cidadedosambarj.com.br
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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA
MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS
CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais
TIPO Centro Cultural
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME Centro Cultural Municipal José Bonifácio
LOCALIZAÇÃO Rua Pedro Ernesto, 80 Gamboa, Tel: 2253-6255
( x ) EM ÁREA URBANA
( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:
( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública
Página na Internet/Endereço eletrônico www.rio.rj.gov.br/culturas/culturais_bonifacio.shtm
ADMINISTRAÇÃO Prefeitura do Rio: Secretária Municipal de Culturas.
ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário
( -- ) Ferroviário ( - ) Aéreo
( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre
ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário
TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: C10, 128, 172, 178, 180. Freqüências: 10 minutos
( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?
PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: SEG. A SAB HORÁRIOS: 09 ÀS 18:00 HORAS. ( x ) Permanente ( ) Temporário:
Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito
CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL
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ORIGENS DOS VISITANTES ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)
( x ) Estado do Rio ( x ) Municípios Vizinhos ( x ) Local
SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( x ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza
( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( x ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:
ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( x ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas
( - ) Prática de esportes. Citar ( x ) Outras atividades. Citar: Cursos, Seminários.
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Projeto SAGAS - Decreto Municipal 7.351/88. Bem tombado municipal em 14/11/1983.
CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: O prédio foi construído para abrigar uma das primeiras escolas públicas da cidade, atendendo a uma solicitação de D. Pedro II. O ginásio foi posteriormente extinto e o prédio permaneceu desocupado até março de 1977, quando a Biblioteca Popular Municipal da Gamboa foi instalada no palacete histórico. Em 1994, passou por uma grande reforma. Foram instaladas esculturas de inspiração africana e as diversas unidades do centro receberam nomes de personalidades-símbolos da cultura afro-brasileira. O espaço dispõe de infra-estrutura que contempla cinco galerias para exposição, uma sala de teatro com capacidade para receber 100 pessoas, um auditório para 50 pessoas, uma quadra aberta para eventos externos para 300 pessoas, cinco salas para atividades diversas e uma outra sala exclusivamente dedicada à dança. Na área externa a rua Pedro Ernesto embora estreita e sem espaço para estacionamento possui transito intenso.
ACERVO: O centro cultural tem uma biblioteca especializada com um acervo de mais de 750 títulos sobre o tema da cultura afro-brasileira
COLEÇÕES E PEÇAS PRINCIPAIS: Peças da Cultura Afro-brasileira.
ATIVIDADES REGULAES DA INSTITUIÇÃO: O Centro Cultural Municipal José Bonifácio funciona como sede do Centro de Referência da Cultura Afro-brasileira, único no gênero na América Latina, num prédio tombado renascentista, erguido em homenagem ao patriarca da Independência José Bonifácio, na Zona Portuária do Rio de Janeiro e realiza atividades cotidianas de oficinas, cursos, espetáculos e exposições, todas gratuita.
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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro
FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS
CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais
TIPO Centros Culturais/Casas de cultura
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME Centro Cultural Ação Cidadania
LOCALIZAÇÃO Rua Barão de Tefé 75, Cep: 20220-460 Gamboá, Rio de Janeiro. Telefone: 21 2233-7460.
( x ) EM ÁREA URBANA
( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:
( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública
Página na Internet/Endereço eletrônico www.acaodacidadania.com.br
ADMINISTRAÇÃO Associação Comitê Rio Ação da Cidadania
ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário
( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo
( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre
ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário
TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 350 Freqüências: 15 minutos.
( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?
PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: SEGUNDA A SEXTA /HORÁRIOS: 09:00 ÀS 18:00 HORAS ( x ) Permanente ( ) Temporário:
Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito
CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL
ORIGENS DOS VISITANTES ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)
( - ) Estado do Rio ( - ) Municípios Vizinhos ( x ) Local
SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares
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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( x ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza
( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:
ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos (x) Eventos culturais ( - ) Caminhadas
( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Lei Estadual de Incentivo a Cultura e Lei Federal Rouanet.
CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: Sediado em um antigo armazém com 14.000 m², construído por André Rebouças em 1871 e recuperado pelo arquiteto Hélio Pellegrino. A reforma deixou a edificação com um estilo rústico, com tijolos crus e ferro mas com toques diferentes como luminárias que dão um ar de requinte. Na área externa a Rua Barão de Tefé é bem larga e possui trafico pesado e na rua Coelho e Castro, ao lado, há pouco movimento sendo usada como estacionamento pelos trabalhadores das imediações. Não existem edifícios de porte maior que o Centro Cultura dos lados do prédio permitindo uma boa visibilidade. ACERVO: Não possui. COLEÇÕES E PEÇAS PRINCIPAIS: Não possui. ATIVIDADES REGULARES DA INSTITUIÇÃO: Atualmente projetos culturais voltados para a comunidade. Como o leitura em ação que realiza a leitura de textos e poemas com o objetivo de incentivar à comunidade o habito da leitura. O Centro Cultural Ação Cidadania projeta em seu amplo espaço atividades musicais, teatrais e exposições diversas além de um espaço para dedicado à gastronomia.
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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro
FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS
CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais
TIPO Sitio arqueológico.
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Cemitério dos Pretos Novos.
LOCALIZAÇÃO: Rua Pedro Erndesto 36, Gamboa CEP: 20220-350 Telefone: (21) 2516-7089
( x ) EM ÁREA URBANA
( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:
( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública
Página na Internet/Endereço eletrônico: www.pretosnovos.com.br
ADMINISTRAÇÃO: ONG Instituto de pesquisa e memória pretos novos.
ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário
( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo
( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre
ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário
TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: C10, 180, 172, 128 Freqüências: 10 minutos
( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?
PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO SEG. A SEX HORÁRIOS: 09:00 ÀS 18:00 HORAS. ( x ) Permanente ( ) Temporário:
Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( x ) Sim: Agendadas ( ) Não Idiomas: ( X ) Port. ( - ) Ing. ( - ) Esp. ( - ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito
CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL
ORIGENS DOS VISITANTES ( x ) Internacional ( x ) Nacional ( x ) Regional (SP/MG/ES)
( x ) Estado do Rio ( x ) Municípios Vizinhos ( x ) Local
SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x) Atrativo sem fluxos regulares
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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza
( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:
ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( x ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas
( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Solo tombado. Não encontrado o registro no Arquivo Noronha Santos.
CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: Em uma casa construída no início do século XVIII, na Rua Pedro Ernesto, 36, na Gamboa, seus donos, Merced e Petruccio, resolveram realizar reformas. Durante as escavações, no ano de 1996, eles acharam um verdadeiro sítio arqueológico enterrado as seus pés. Embaixo da estrutura do prédio havia um cemitério secular de negros vindos da África, que não resistiam à viagem e morriam antes de serem comercializados - o então desconhecido, Cemitério dos Pretos Novos. Junto aos entulhos, foram encontrados fragmentos de crânios e ossos humanos dentre artefatos de cerâmica, vidros, metais e outras evidências arqueológicas. Ao comunicar o achado ao Centro Cultural José Bonifácio, situado na redondeza, o assunto foi diretamente transmitido ao Departamento Geral de Patrimônio Cultural, órgão da Secretaria de Cultura, que logo mandou uma equipe de profissionais da Prefeitura e do Instituto de Arqueologia Brasileira para confirmar o potencial histórico. O local foi transformado em sítio arqueológico e, mais tarde, em Centro Cultural, visando manter viva não só a história da cidade do Rio de Janeiro, como também a do Brasil e da África. A Rua Pedro Ernesto embora estrita tem trafico pesado e não possui espaço para estacionamento. Todo o entorno é formado em sua maioria por sobrados. ÁREA: Cerca de 1.200m², aberta a visitação 400m². REFERÊNCIAS CRONOLOGICAS E OU HISTÓRICAS: Mais de 10 milhões de cativos foram retirados do continente africano de 1500 a 1850 e quase metade deles desembarcou no Brasil. O tráfico negreiro foi um costume introduzido pelo povo europeu. A descoberta de ouro e diamantes na região das Minas Gerais e a necessidade de mão-de-obra barata estabeleceu um crescente comércio de escravos entre os continentes americano e africano. Foi então que a miscigenação dos negros com o “povo brasileiro” (brancos e índios) começou. O porto do Rio de Janeiro tornou-se um ponto estratégico para o desembarque dos navios e o principal local era a atual Praça Quinze. Nesta época, o lucro de uma viagem negreira era muito superior à receita anual de um grande engenho. O mercado negreiro passou a ser controlado por empresas estabelecidas na cidade, onde havia a maior concentração de população escrava em área urbana existente, e cerca de 15 traficantes conduziam a maior parte do comércio entre o Brasil e Angola. Esta posição central se consolidou quando, em 1763, o Rio tornou-se capital do país. Ao chegarem da África, os negros eram amontoados em galpões e depois expostos para venda. Cerca de 40% dos escravos que desembarcavam no Rio, neste período, morriam antes de 4 anos.Em virtude da aglomeração dessas atividades comerciais, portuárias e negreiras, no final do século XVIII, as regiões do Morro da Conceição e do Morro do Livramento apresentavam-se bastante densas. Esses fatores contribuíram para a mudança do mercado de escravos para um local menos incômodo, mais arejado, com hortas e chácaras. Foi escolhida, então, a região do Valongo, que compreendia Gamboa, Saúde e Santo Cristo. Isto estimulou o crescimento urbano do interior, com a criação de armazéns e trapiches, loteamento de áreas, abertura de ruas e aterramentos de pântanos. Com a chegada da família real em 1808 e a abertura dos portos em
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1815, a intensificação do movimento comercial acabou por provocar a ocupação populacional das encostas e morros do Rio. Para se ter uma idéia de como o crescimento da população na cidade foi estrondosa neste período, o índice de aumento habitacional entre os anos de 1808 e 1821 foi de 88%. Tal incremento levou a construção de residências em áreas antes ocupadas pelos cemitérios e à conseqüente transferência do Cemitério dos Pretos Novos para o antigo Caminho da Gamboa. CARACTERISTICAS TIPOLOGICAS: Artefatos do século XVIII e XIX. ASPECTOS NOTAVÉIS DO CONJUNTO: Dentre os 5.563 fragmentos encontrados nas escavações do sítio arqueológico Cemitério dos Pretos Novos, a análise antropológica e biológica dos ossos não cremados, apesar das condições precárias nas quais foi feito o salvamento, permitiu identificar 28 corpos, em sua maioria de jovens do sexo masculino, com idades entre 18 e 25 anos. Mais da metade apresentava marcas de cremação - fator curioso que determina mudanças nos aspectos da coloração, da textura das superfícies e da morfologia dos ossos. Este processo era feito para agilizar os sepultamentos, já que eles ficavam muito tempo expostos, esperando o enterro. Estudos mais detalhados estão sendo realizados objetivando conhecer melhor os processos de cremação dessa época e a maneira como eram efetuadas. Outra importante descoberta foi a presença de entalhes nos dentes da arcada superior dos crânios encontrados, o que indicava a procedência africana dos indivíduos ali enterrados. Esta prática era efetuada em jovens entre 14 e 20 anos, ainda em vida, que modificavam intencionalmente a forma de seus dentes para cumprirem ritos cerimoniais de iniciação, identificação tribal ou por puro embelezamento. É possível afirmar que as lesões ósseas das amostras foram provocadas por fraturas, infecções, anemias e algumas degenerações. A exemplo de um caso raro de um indivíduo adulto que apresentava deformações nos dedos dos pés, comprovou-se que, enquanto vivo, manteve-se de joelhos longos períodos. Pode-se especular a hipótese de se tratar de um muçulmano. Do ponto de vista dentário, foi constatado também que a população presente na amostragem possuía boa dentição, com baixa incidência de cáries. A cultura negra vinda da África trouxe consigo diversas técnicas artesanais e agrícolas fundamentais para a vida cotidiana da população local. Os africanos confeccionavam à mão uma grande quantidade de peças para consumo doméstico, dentre elas tigelas, vasilhas, pratos, panelas e talhas de cerâmica. De barro, eles produziam cachimbos, pesos de rede e rodelas de fuso. Decoravam estes utensílios com apliques e incisões de linhas. Os fragmentos achados no sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos foram de fundamental importância para as tradições tecnológicas das sociedades coloniais. Esta cerâmica neo-brasileira sobrevive até hoje com o nome de "cerâmica regional". Junto a ela foram encontrados, também, fragmentos de peças de uso diário da produção local e itens importados advindos da colonização européia. Ouro, marfim e especiarias, além de ornamentos de metais e contas de vidro, marcaram a moda e os costumes africanos da época - reflexos do fluxo de mercadorias na África introduzidos pelos colonizadores. LOCAIS E PRECUSRSO DE INTERESSE PARA VISITAÇÃO: Centro cultural cemitério dos pretos novos. ATIVIDADES REGULARES: Exposições sobre a cultura afro-brasileira e de artefatos encontrados nas escavações.
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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro
FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS
CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais
TIPO Arquitetura Funerária
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Cemitério dos Ingleses.
LOCALIZAÇÃO: Rua da Gamboa 181, Gamboa.
( x ) EM ÁREA URBANA
( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:
( X ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública
Página na Internet/Endereço eletrônico: Não possui.
ADMINISTRAÇÃO: Igreja Anglicana
ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário
( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo
( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre
ACESSO MAIS UTILIZADO
TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente (x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 127 Freqüências: 15 minutos
( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?
PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO 2ª A 6ª HORÁRIOS: 08:00 ÀS 16:00 HORAS. ( x ) Permanente ( ) Temporário:
Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito
CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL
ORIGENS DOS VISITANTES ( x ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)
( - ) Estado do Rio ( - ) Municípios Vizinhos ( x ) Local
SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares
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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza
( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:
ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( - ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas
( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Tombado pelo Inepac: E-18/300.627/84 Tombamento definitivo em 17/05/88.
CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: O ambiente silencioso é ambientado por árvores frondosas que ensombream alguns recantos. Caminhos tortuosos acompanham o declive do terreno. O cemitério é cercado pela Favela do Morro da Providência. E em frente foi construída a cidade do Samba o que gerou pavimentação dos acessos próximos e aumento no fluxo de veículos. ÉPOCA DE CONSTUÇÃO: Com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, após a promulgação do Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas (1808), no ano seguinte (1809) permitia-se à comunidade britânica no Rio de Janeiro, o estabelecimento de um cemitério e de uma igreja anglicana, uma vez que a religião oficial do Estado Português era a católica e que a comunidade britânica (comercial, diplomática e militar) se ampliava e adquiria importância cada vez maior nesta cidade, transformada em sede da monarquia portuguesa. O British Burial Ground foi inaugurado em 1809, nas terras doadas por d. João VI ao ministro inglês, lord Stranford, para que ali se instalasse um cemitério a fim de atender à crescente comunidade protestante inglesa do Rio de Janeiro. O cemitério dispunha originalmente de um cais de desembarque para o sepultamento dos ingleses que faleciam a bordo durante a travessia do oceano. CARACTERISTICAS CONSTRUTIVAS: A maioria das campas baixas é coberta por vegetação rasteira, assinaladas por simples lápide de mármore vertical.em destaque. Os monumentos funerários são poucos e mais recentes. A singela capela mortuária é a única edificação no terreno. MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS INCORPORADAS AO ATRATIVO: Não possui. UTILIZAÇÃO ATUAL: Cemitério. ATIVIDADES REGULARES: Não possui.
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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA
MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS
CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais
TIPO Arquitetura Industrial
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Fábrica de chocolate Bhering.
LOCALIZAÇÃO: Rua Orestes 28 Santo Cristo.
( x ) EM ÁREA URBANA
( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:
( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública
Página na Internet/Endereço eletrônico: http://www.cafeglobo.com
ADMINISTRAÇÃO: Bhering Produtos Alimentícios
ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário
( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo
( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre
ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário.
TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 127, 128. Freqüências: Média de 10 minutos
( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?
PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: NÃO SE APLICA /HORÁRIOS: NÃO SE APLICA ( x ) Permanente ( ) Temporário:
Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS: NÃO SE APLICA ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito
CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL
ORIGENS DOS VISITANTES: Não se aplica ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)
( ) Estado do Rio ( ) Municípios Vizinhos ( ) Local
SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
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( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( - ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( - ) Serviço de limpeza
( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar: Não se aplica.
ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( - ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas
( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar: Não se aplica.
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Não possui.
CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: Com uma área de 15.000m² foi inaugurado em 1934 um edifício com 4 pavimentos e um térreo. A estrutura metálica foi trazida da Alemanha. Ao redor da fábrica que fica na encosta do Morro do Pinto as casas tomaram todo o terreno, as ruas são estreitas e não suportam o transito de veículos pesados. ÉPOCA DE CONSTRUÇÃO: 1887 CARACTERISTICAS CONSTRUTIVAS: COMPOSIÇÃO, ESTILO OU TÉCNICA: Arquitetura industrial. MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS INCORPORADAS AO ATRATIVO: Não possui. UTILIZAÇÃO ATUAL: Locação ATIVIDADES REGULARES. O espaço é locado para filmagens.
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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro
FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS
CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais
TIPO Arquitetura Militar
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: 5ª Batalhão de Policia Militar – Batalhão Coronel Assunção
LOCALIZAÇÃO: Praça Coronel Assunção, Gambôa.
( x ) EM ÁREA URBANA
( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:
( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública
Página na Internet/Endereço eletrônico: Não possui.
ADMINISTRAÇÃO Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário
( ) Ferroviário ( ) Aéreo
( ) Hidroviário ( ) Marítimo ( ) Fluvial/Lacustre
ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário.
TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 222, 127, 128. Freqüências: Média de 15 minutos
( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?
PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: NÃO SE APLICA /HORÁRIOS: NÃO SE APLICA ( x ) Permanente ( ) Temporário:
Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS: NÃO SE APLICA ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito
CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL
ORIGENS DOS VISITANTES: Não se aplica ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)
( - ) Estado do Rio ( - ) Municípios Vizinhos ( - ) Local
SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares
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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( - ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( - ) Serviço de limpeza
( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar: Não se aplica.
ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( - ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas
( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar: Não se aplica.
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Bem preservado pelo projeto SAGAS, Decreto Municipal 7.351/88.
CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: A altura da antiga Praça da Harmonia, hoje Praça Coronel Assunção, um ar de Rio Colonial o que é complementado pela arquitetura militar do 5ª Batalhão de Policia Militar. Ocupa duas quadras inteiras. Ao redor do moinho há transito de veículos pesados com a carga da produção do moinho. Na Avenida Venezuela circulam ônibus e outros veículos em direção ao centro da cidade. ÉPOCA DE CONSTRUÇÃO: de 1908 até 1914. CARACTERISTICAS CONSTRUTIVAS: COMPOSIÇÃO, ESTILO OU TÉCNICA: Arquitetura Militar do inicio do século XX. MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS INCORPORADAS AO ATRATIVO: Não possui. UTILIZAÇÃO ATUAL: Quartel do 5ª Bpm ATIVIDADES REGULARES. Atividades militares.