BARROSO_Turistificação de lugares

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO CIÊNCIAS CONTABÉIS E TURISMO CURSO DE TURISMO EDMAR ALICIANO MAGALHÃES BARROSO TURISTIFICAÇÃO DE LUGARES: ANÁLISE DO POTENCIAL DA ZONA PORTUÁRIA DO RIO DE JANEIRO Niterói 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO CIÊNCIAS CONTABÉIS E TURISMO

CURSO DE TURISMO

EDMAR ALICIANO MAGALHÃES BARROSO

TURISTIFICAÇÃO DE LUGARES: ANÁLISE DO POTENCIAL DA ZONA PORTUÁRIA

DO RIO DE JANEIRO

Niterói

2008

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EDMAR ALICIANO MAGALHÃES BARROSO

TURISTIFICAÇÃO DE LUGARES: ANÁLISE DO POTENCIAL DA ZONA PORTUÁRIA

DO RIO DE JANEIRO

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense como requisito final de avaliação para obtenção do grau de Bacharel em Turismo.

Orientador - Prof. MSc. Aguinaldo Cesar Fratucci

Niterói

2008

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B277

Barroso, Edmar Aliciano Magalhães Turistificação de lugares: análise do potencial da zona portuária do Rio de Janeiro /

Edmar Aliciano Magalhães Barroso -- Niterói : UFF, 2008. 143p. Monografia ( Graduação em Turismo ) Orientador : Aguinaldo César Fratucci 1. Turismo - zona portuária - Rio de Janeiro CDD. 338.4791

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TURISTIFICAÇÃO DE LUGARES: POTENCIAL DA ZONA PORTUÁRIA DO RIO DE

JANEIRO

Por

EDMAR ALICIANO MAGALHÃES BARROSO

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense como requisito final de avaliação para obtenção do grau de Bacharel em Turismo.

Niterói, 30 de junho de 2008

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________

PROF. MSC. AGUINALDO CESAR FRATUCCI – ORIENTADOR - UFF

___________________________________________________________

PROF. DR. MARCELLO DE BARROS TOMÉ MACHADO - UFF

___________________________________________________________

PROF. ESP. MARGARIDA MOLINA MAGALHÃES - UFF

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe;

À minha esposa;

A toda minha família e amigos;

Aos professores Aguinaldo e Erly que muito contribuíram para este trabalho;

Aos professores e alunos do curso de Turismo;

Aos amigos do Laboratório de Computação Aplicada a Cartografia – FEN – UERJ que auxiliaram tecnicamente na adaptação das cartas.

À Sensora Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento Ltda. que gentilmente

cederam as imagens do satélite Ikonos II.

À Universidade Federal Fluminense e a sociedade que a mantém;

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Processos de turistificação........................................................................ 34

Figura 2 Elementos constituintes do espaço........................................................... 35

Figura 3 Esquema físico de parte do Centro do Rio de Janeiro.............................. 41

Figura 4 Abordagens do planejamento turístico...................................................... 45

Figura 5 Delimitação do espaço turístico em uma grande cidade hipotética........... 50

Figura 6 Delimitação do espaço turístico urbano no Rio de Janeiro........................ 51

Figura 7 Posicionamento da zona portuária em relação à Cidade do Rio de

Janeiro.......................................................................................................

58

Figura 8 Zona portuária da cidade do Rio de Janeiro............................................. 59

Figura 9 Posicionamento dos bairros da I RA.......................................................... 60

Figura 10 Delimitação da área de estudo.................................................................. 61

Figura 11 Sistema de circulação existente................................................................ 62

Figura 12 Panorama do Porto do Rio em 1608......................................................... 64

Figura 13 Panorama do Porto do Rio em 1710......................................................... 65

Figura 14 Panorama do Porto do Rio em 1817......................................................... 66

Figura 15 Pedra do Sal.............................................................................................. 67

Figura 16 Panorama do Porto do Rio em 1930......................................................... 67

Figura 17 Panorama do Porto do Rio em 2002......................................................... 69

Figura 18 Sitio do Porto do Rio em 1502, e após 500 anos em 2002....................... 69

Figura 19 Planta da cidade do Rio de Janeiro em 1817........................................... 70

Figura 20 Porto do Rio............................................................................................... 71

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Figura 21 Grandes proprietários................................................................................ 81

Figura 22 Estrutura proposta para revitalização........................................................ 82

Figura 23 Potencial de renovação............................................................................. 84

Figura 24 Restaurantes.............................................................................................. 89

Figura 25 Zona Portuária – Armazéns....................................................................... 91

Figura 26 Imagem do Morro da Conceição, Satélite Ikonos II................................... 92

Figura 27 Mosaico de fotos do Morro da Conceição................................................. 93

Figura 28 Praça Mauá................................................................................................ 93

Figura 29 Morro da Providencia................................................................................. 94

Figura 30 Praça da Harmonia e Moinho Fluminense................................................. 95

Figura 31 Carta imagem da Zona Portuária e Centro Histórico................................. 98

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LISTA DE SIGLAS

APA Área de Proteção Ambiental

CBD Central Business District

CDRJ Companhia Docas do Rio de Janeiro

ESMAPA Estação Marítima de Passageiros do Porto do Rio de Janeiro

I RA I Região Administrativa

INEPAC Instituto Estadual do Patrimônio Cultural

IPHAN Instituto do Patrimônio Artístico Nacional

IPP Instituto Pereira Passos

IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano

LIESA Liga Independente das Escolas de Samba

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

RIOTUR Secretária Municipal de Turismo da cidade do Rio de Janeiro

SAGAS Projeto da APA dos bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo

VLT Veículo Leve sobre Trilhos

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RESUMO

No mundo pós-moderno surgem novas conjunturas que possibilitam fenômenos sócio-

espaciais que se relacionam e como conseqüência materializam no território formas e

funções que se misturam. Assim, a turistificação de lugares surge como um fenômeno

simultâneo à globalização, criando novos hábitos, comportamentos e padrões. Os

espaços passaram a ser objeto de consumo e para se adequar a nova realidade dos

mercados mundiais, as cidades investem na criação de infra-estrutura capaz de atrair

investimentos. O modelo adotado por muitas cidades é a revitalização de áreas antigas,

usando a simbologia do conteúdo histórico cultural. Isto cria uma ambiente propicio ao

desenvolvimento do turismo urbano. Este modelo de intervenção no espaço urbano é

facilitado pela existência de áreas obsoletas nas regiões centrais dos centros urbanos,

notadamente, nas zonas portuárias. Neste contexto, a cidade do Rio de Janeiro possui

características similares a outras cidades que revitalizaram sua zona portuária.

Entretanto, embora haja exemplos de cidades que realizaram a intervenção na zona

portuária com sucesso, incluindo no uso do território a turistificação; o Plano de

Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro vem sendo

implementado lentamente e não especifica estratégias para o desenvolvimento do

turismo na área de estudo, pois falta sincronia entre os órgãos do poder público

municipal. Com o levantamento dos atrativos turísticos da zona portuária, por meio da

metodologia do inventário da oferta turística, foi possível identificar que há potencial

turístico pertinente que requer ação planejada para organizar o espaço turístico da zona

portuária.

Palavras-chave: Turistificação. Revitalização urbana. Zona Portuária. Espaço

turístico. Rio de Janeiro.

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ABSTRACT

In the postmodern world, new conjunctures appear that make possible phenomena that

relate themselves and, as a consequence, materializes forms and functions that

intermingle in the territory. Thus, the touristification of places emerges as a simultaneous

phenomenon to the globalization creating new habits, behaviors and patterns. The

spaces have started to be objects of consumption and, in order to adjust themselves to

the new reality of the worldwide markets, the cities invest in the creation of an

infrastructure capable to attract investments. The model adopted by many cities is the

revitalization of old areas, utilizing the symbology of the cultural and historical content. In

the postmodern world, new conjunctures appear that make possible phenomena that

relate themselves and, as a consequence, materializes forms and functions that mixture

in the territory forms and functions that intermingle. This creates an environment

adequate to the development of urban tourism. This model of intervention in the urban

space is facilitated by the existence of obsolete areas in the central regions of the urban

centers, particularly, at the port zones. In this context, the city of Rio de Janeiro has

characteristics similar to other cities that have revitalized their port zones. However,

even though there are examples of cities that have accomplished the intervention at the

port zone successfully, including the touristification in the use of the territory, the Plan of

Recuperation and Revitalization of the Port Region of Rio de Janeiro is being

implemented slowly and does not specify strategies for the development of tourism in

the study area, since there is lack of synchrony among the agencies of the municipal

government. With the survey of tourist attractions at the port zone, through the

methodology of inventory of tourist offer, it was possible to identify that there is tourist

potential, which requires a planned action to organize the tourist space of the Port Zone.

Key Words: Touristification. Urban revitalization. Port Zone, Tourist area. Rio

de Janeiro.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 11

2 COMPREENSÃO DOS FENOMENOS E DOS PROCESSOS DO

TURISMO CONTEMPORÂNEO..................................................................

15

2.1 O TURISMO COMO FENÔMENO SOCIOESPACIAL................................. 16

2.1.1 Condições para a Prática do Turismo......................................................... 17

2.1.2 Relação Turista ↔ Autóctone..................................................................... 20

2.2 TURISTIFICAÇÃO COMO PRÁTICA SOCIOESPACIAL E PRÁTICA

GLOBAL.......................................................................................................

23

2.2.1 Turistificação de Lugares............................................................................. 27

2.3 O ESPAÇO TURÍSTICO URBANO.............................................................. 35

2.4 POLÍTICA E PLANEJAMENTO TURÍSTICO URBANO............................... 42

2.5 REVITALIZAÇÃO URBANA......................................................................... 53

3 A ZONA PORTUÁRIA DO RIO DE JANEIRO............................................ 58

3.1 O PORTO DO RIO DE JANEIRO................................................................ 71

3.1.1 O Pier Mauá.................................................................................................. 73

3.2 PROJETOS, INTERVENÇÕES E INFLUÊNCIAS NO ESPAÇO DA ZONA

PORTUÁRIA DO RIO DE JANEIRO............................................................

74

3.2.1 A Lei de Cabotagem .................................................................................... 85

3.2.2 O Projeto do Corredor Cultural do Rio de Janeiro........................................ 87

3.3 O PATRIMÔNIO TURÍSTICO LOCAL.......................................................... 88

3.4 A EXPERIÊNCIA DE VICTORIA E ALFRED NA CIDADE DO CABO ........ 99

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 102

REFERÊNCIAS............................................................................................ 108

APÊNDICE A – Formulários dos atrativos turísticos.................................... 112

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1 INTRODUÇÃO

Ao longo da historia, a sociedade constantemente passa por transformações.

Essas transformações ocorrem na escala geográfica global afetando todo o planeta.

Paralelamente, na escala local, ocorrem alterações que interferem no lugar, mas não

necessariamente no global. Em um mesmo local diversas funções são desempenhadas

pelo grupo social que ali habita. Dentre as funções do local há, por exemplo, a indústria,

o comércio, a moradia e as atividades de lazer. O fato é que essas funções vão se

transformando ao longo do tempo, relacionando-se sempre com o espaço e

influenciando o estado das outras funções. Conhecê-las de forma racional e eficiente,

se faz necessário para o melhor aproveitamento do uso e ocupação do espaço.

Em um processo contínuo, as relações entre as funções, formaram ao longo da

historia, novas funções. Como resultante da dinâmica entre as relações temos o

turismo, que pode ser compreendido como um conjunto de funções sociais,

desenvolvidas por atores fora do seu entorno habitual, ou seja, em outro espaço. Isto

implica muitas relações de cunho sócio-espacial que serão observadas ao longo desse

trabalho. Entre estas relações se inserem conflitos entre população residente e turista.

Graças às transformações do espaço, as áreas podem ter maior ou menor uso.

Em condição de subutilização se encontra a região da Zona Portuária da cidade do Rio

de Janeiro. Como possibilidade de revitalização, temos a turistificação. Revitalizar é

tornar o local ativo de novo, por meio de políticas publicas e planejamento, atrair

investimentos que rejuvenesçam o lugar, possibilitando novos usos. Turistificação é o

processo de alterações que ocorrem nos espaços, urbanos ou não, que caracterizam o

espaço como turístico. Justamente nesse ponto, a turistificação se insere como uma

real capacidade de aproveitamento racional do espaço potencial, tendo em vista

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11

exemplos ocorridos em diversas zonas portuárias, como Nova York e São Francisco

nos Estados Unidos, entre outras.

A razão para realizar o estudo sobre a turistificação é contribuir para a discussão

do fenômeno do turismo. Conta ainda o desejo de permitir que o estudo possibilite

novas pesquisas, e que esse conjunto de pesquisas venha a ter aplicação de fato na

melhoria da harmonia das relações sociais e espaciais.

A partir dessas considerações, pretende-se que a turistificação seja um

fenômeno possível de acontecer simultaneamente ao fenômeno da globalização e do

processo de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro.

Para isso, o primeiro aspecto é a subutilização do Porto do Rio de Janeiro, que

há muito vem perdendo volume de transações. Como conseqüência, existem diversos

armazéns e edifícios abandonados. Os bairros integrantes da Zona Portuária que

corresponde a I Zona Administrativa compõem-se de Gamboa, Santo Cristo, Saúde e

Caju. Todos eles carecem de equipamentos urbanos para a população local. Não há

um comercio efetivo. Até na região da Praça Mauá, diversas empresas têm se

transferido para outros pontos da cidade como a Barra da Tijuca. Esse conjunto de

características por si só justifica pensar-se na revitalização da local.

Porém, outros aspectos contribuem para a revitalização e o simultâneo processo

de turistificação, merecendo destaque a postura adotada pelo poder público municipal

ao criar o projeto do Corredor Cultural com intenção de trazer novos usos à região

central da cidade. Esta postura levou à criação do Projeto de Recuperação e

Revitalização da Zona Portuária do Rio de Janeiro, sendo importante salientar que

ambas as áreas são adjacentes e situadas na região central.

O ambiente externo também contribui em certa medida para uma possível

turistificação da área em estudo, como exemplo, destaca-se a Lei de Cabotagem que

vem permitindo o crescimento da atividade turística no porto do Rio de Janeiro.

Recentemente, eventos culturais independentes vêm acontecendo na região e

com relativo sucesso, comprovando a possibilidade de aproveitamento dos galpões

sem necessidade de descaracterizar a historia e paisagem local.

Porém, todos estes processos necessitam de analise das condições existentes e

as interferências precisam ser estudas e aplicadas ordenadamente sobre o território. A

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questão investigativa que se apresenta é a de identificar qual o potencial para a

aplicação de um processo de turistificação ordenado e planejado na revitalização da

Zona Portuária da cidade do Rio de Janeiro?

Acredita-se que a Zona Portuária da cidade do Rio de Janeiro possui grande

potêncial turistico que não vem sendo aproveitado pelas politicas públicas. Essa área

atualmente é subutilizada, e um processo de turistificação ordenado e planejado poderá

interferir nesse espaço de forma que permita sua revitalização.

Portanto, se faz necessário estudar as possibilidades de revitalização da região

portuária da cidade do Rio de Janeiro por meio da sua turistificação. Isto será possível

com a identificação precisa de como este processo de turistificação irá ocorrer e que

relações com o território ele irá estabelecer. A identificação de projetos que contribuam

para a revitalização da área de estudo também deve ser objeto desta análise.

No decorrer do presente estudo foi necessário relacionar o patrimônio turístico da

Zona Portuária do Rio de Janeiro, pois é através desta analise do espaço turístico que

se podem identificar as potencialidades e pontos do espaço que devem sofrer

intervenção.

Para desenvolver a pesquisa foi adotada a analise qualitativa, passando pelo

levantamento bibliográfico e documental, visando identificar projetos de revitalização da

Zona Portuária. Foi realizada entrevista estruturada com representante do poder público

municipal, responsável pela gestão da atividade turística, Secretária Municipal de

Turismo da cidade do Rio de Janeiro (RIOTUR).

Por meio de pesquisa bibliográfica foram analisados exemplos similares como os

casos de Darling Harbour, em Sidney e Victoria e Alfred, na Cidade do Cabo.

Como objetivo geral da pesquisa foi realizado o levantamento da oferta turística

local, empregando formulários seguindo metodologia trabalhada no Curso de Turismo

da Universidade Federal Fluminense junto à disciplina Planejamento e Elaboração de

Projetos Turísticos I e II. Assim, a pesquisa de campo identifica como o espaço se

organiza.

No Capitulo 2 foi feita a abordagem teórica do tema, identificando as

características do turismo moderno. Entre estas características buscou-se identificar a

atividade turística como uma prática sócio-espacial, fruto de novos hábitos sociais,

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capazes de criar territórios para o uso e ou consumo por meio do turismo. O uso destes

territórios produz conflitos com a população residente. A produção do território foi

observada sob a ótica da revitalização urbana e para tal foram especificados o espaço

turístico urbano e o processo de intervenção pelo planejamento ordenado como um

processo de tomada de decisão política.

No inicio do Capitulo 3 foram verificadas as condições socioeconômicas,

observando fatos históricos que contribuíram para a evolução urbana da Zona Portuária

do Rio de Janeiro. Esta evolução urbana em grande medida ainda é influenciada pelas

atividades do Porto do Rio de Janeiro, bem como o potencial turístico da Zona Portuária

passa pelas atividades do Píer Mauá. Assim, foi analisado o atual Plano de

Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro, identificando suas

características e possíveis relações com o turismo. A Lei de Cabotagem e o projeto do

Corredor Cultural, em certa medida, influenciam a inserção da atividade turística junto à

região de estudo. Por fim, o levantamento do patrimônio turístico atual e a experiência

de Victoria e Alfred, na Cidade do Cabo, permitiram chegar às considerações finais.

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2 COMPREENSÃO DOS FENOMENOS E DOS PROCESSOS DO TURISMO

CONTEMPORÂNEO

Com o referencial teórico abordado espera-se encontrar subsídios que permitam

discutir, com pertinência, as necessidades e potencialidades da área que se constitui

objeto deste estudo. Assim, pretende-se elucidar sob diferentes perspectivas,

privilegiando a multidisciplinaridade, conceitos de turismo, turistificação, revitalização

urbana, políticas públicas e planejamento. A apresentação dos conceitos de turismo

traz uma gama de condições para que o turismo se estabeleça como fenômeno e o que

representa hoje no meio sócio ambiental. Isto permitirá compreender o processo de

turistificação que surge, de certa forma, ligado à globalização, agindo no ser e no

espaço simultaneamente. Tem-se o novo cidadão, consumidor que é capaz de

influenciar na criação de produtos turísticos. Em nome de seus desejos e motivações os

espaços são transformados para uma lógica do consumo. É a produção se adequando

à demanda. Disto decorre a possibilidade de que espaços sejam resgatados e trazidos

para uma nova realidade do espaço global. Aqui será tratado do turismo em área

urbana, possibilitando que essas áreas sejam revitalizadas. Mas para tanto é

necessária a intervenção consciente do Estado.

O turismo pode ser entendido como um fenômeno sócio-espacial. Esta

compreensão é percebida ao se analisar os conceitos de turismo e suas variações, pois

é possível identificar que sua ação é baseada no conjunto homem, espaço e tempo,

acrescentando-se fatores de ordem econômica, psicológica, cultural, ecológica. Este

conjunto de formulações possíveis indica a complexidade que o fenômeno assume e as

perspectivas pelas quais pode ser abordado.

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2.1. O TURISMO COMO FENÔMENO SOCIOESPACIAL.

O turismo é entendido como um conjunto de relações sócio-espaciais que

envolve turistas (sociedade emissora), o espaço de origem, o espaço de destino, a

sociedade receptora, o deslocamento e a permanência no destino com a volta ao

entorno habitual. O turista se relaciona ativa ou passivamente com os habitantes do

destino. Logo, são relações que se desenvolvem no espaço por sociedades e culturas

diferentes. Motivos diversos incitam o homem a viajar, sendo amplas as possibilidades

e acontecimentos quando do deslocamento, “A viagem é um trânsito do homem, no

qual se opera a transição entre a experiência do conhecido e as experiências por

conhecer” (RODRIGUES, 1999, p.28). Ou seja, a viagem se apresenta como uma

necessidade do homem atual. É uma experiência que cada vez mais toma parte da vida

moderna.

A viagem é uma ação natural do homem que outrora foi nômade, depois passou

a ser sedentário e viver em um local específico. Mas esta primeira ação é apenas uma

parte do fenômeno, ir sem retornar não significa turismo. Daí a origem da palavra que

denota a essência do conjunto de ações implicando o retorno. A viagem de volta

completa o ciclo, configurando o turismo. A humanidade se fixa ao local que escolhe ou

é impelida a viver, mas sente o desejo de conhecer outros lugares e tem a obrigação de

retornar para o cotidiano. Lickorish e Jenkins (2000) observam que a palavra turismo é

atribuída ao deslocamento de pessoas até um local fora de seu entorno habitual. Este

emprego da palavra viagem tem sido universal ao longo do tempo.

Para determinar exatamente o que significa uma palavra, a melhor opção é a

consulta à origem etimológica, que permite observá-la em sua essência sem as

constantes influências que sofre com a adjetivação e contextos em que é empregada.

Andrade (1998) faz uma abordagem, explicando que o seu uso mais freqüente como

hoje é conhecido, teve origem na Inglaterra, derivado do francês e de formas primitivas

oriundas do latim. A matriz do radical tour que aparece no verbo tornare e no

substantivo tornus significa giro, viagem de ida e volta. O que pode ser percebido no

português atual com o verbo tornar que significa retornar, voltar. Toda a significância

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assumida e difundida pelo uso bretão está ligada a prática do “Grand Tour” uma viagem

de conhecimento e formação realizada por jovens, passando pelas principais cidades

européias e retornando até a Inglaterra.

O movimento de ida e volta pode significar uma ruptura com as atividades

diárias. Para Fonseca (2005), a prática do turismo é romper com o cotidiano. Pode-se ir

mais além, sendo percebido como viver um novo cotidiano, muito comum em turismo de

veraneio com a segunda residência. Viajar pode se tornar um hábito tão corriqueiro que

venha a ser uma parte do cotidiano, repetindo a vida de seu habitat. Assim, “as

atividades cotidianas realizadas pelo turista, se encontram submetidas a restrições e

comportamentos similares àqueles que constituem a trama da vida cotidiana no lugar

de residência”. (HIERNAUX, 2000, p.68)1.

Esse ciclo de relações no espaço de destino tende a se diferenciar das relações

cotidianas pela prática do lazer. “Uma parte do lazer desenvolve-se no âmbito das

viagens.“ O universo se abre para o exterior “[...].O destino das viagens constitui o outro

pólo, o anticotidiano” (KRIPPENDORF, 2001, p.26). É este aspecto da relação oposta e

ao mesmo tempo complementar entre trabalho e lazer que pressupõe a quebra da

rotina. Entretanto, o lazer pode ser praticado até mesmo em casa e sem sair do lugar,

no seu bairro ou cidade, como parte do dia a dia. “Assim, fugindo do cotidiano pelo

anticotidiano, a pessoa, fatalmente se descobre no cotidiano”. (KRIPPENDORF, 2001

p.55).

2.1.1 Condições para a Prática do Turismo.

A prática do turismo depende de fatores determinantes por parte do turista. Estes

fatores se configuram em condições para sua realização: tempo disponível, poupança

excedente e motivação. A primeira condição que se impõe é o tempo. Este surge no

primeiro momento em oposição ao trabalho. Para Hiernaux (2000, p.64)2:

1 Tradução livre do autor. 2 Idem.

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17

[...] as práticas turísticas se sustentam em um modelo espaço-temporal radicalmente oposto ao que prevalece no mundo do trabalho. Na cotidianidade do turismo se constrói um mundo diferente, o do ócio, em que prevalecem regras de convivência interpessoais, critérios de construção de identidade, práticas sociais e motivações baseadas no efêmero, mais que no permanente. Isto implica a possibilidade de construção de uma cotidianidade não duradoura, mas socialmente identificável, e eventualmente reafirmada em posteriores momentos de férias.

Assim, o turismo depende do tempo livre que pode ser adquirido nas férias, nos

finais de semana, feriados prolongados, aposentadoria dentre outros. De todo modo, o

turismo surge vinculado à libertação do trabalho.

A outra condição é a capacidade de consumir o turismo, a poupança ou

rendimento. Isto é dinheiro disponível para permanecer um período sem trabalho,

arcando com custos de transporte, hospedagem, alimentação e atividades de

recreação. Hiernaux (2000)3 assinala que não é toda a população mundial que possui

capacidade de fazer turismo; em geral, apenas as classes mais favorecidas podem

fazê-lo. Estas classes possuem maior possibilidade para viajar para destinos mais

longínquos e com maior freqüência. Em contradição, as camadas mais aptas

economicamente, tendem a ter menos tempo disponível para a prática do turismo. O

que se explica pelo conjunto de atividades e compromissos do cotidiano moderno. Além

do trabalho, outras relações sociais e atividades de lazer são impostas ao potencial

turista quando em seu entorno habitual.

Entre as modalidades de práticas do ócio, podemos distinguir pelo menos desde uma perspectiva territorial três formas de realização: i) aquelas que se baseiam na não atividade em lugar fixo (geralmente a casa) (O “farniente” italiano); ii) as atividades de pouca mobilidade (ir ao cinema, ao teatro, passear no bairro, no parque perto…), com freqüência, realizadas dentro de um âmbito metropolitano de residência e; iii) aquelas atividades que implicam uma mobilização espacial ampla do indivíduo e de certos recursos associados. É nesta terceira categoria do ócio que se inserem o turismo e a excursão. (HIERNAUX, 2000, p. 63)4.

3 Tradução livre do autor. 4 Idem.

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No momento em que as atividades que necessitam de afastamento do entorno

se tornam habituais, tem-se então a idéia de turismo como a prática cotidiana proposta

por Hiernaux (2000). Esta prática se difunde como hábito entre as classes dominantes e

se expande para as classes inferiores. A prática do turismo não é exclusividade das

classes alta e média. As classes com menor poder de compra, em geral, realizam

deslocamentos de menor distancia e custo, dentro de suas possibilidades de tempo e

dinheiro. O momento mais oportuno são os feriados prolongados em que viajam para

cidades próximas, podendo ficar em casa de parentes e amigos.

A terceira condição que se impõe à prática do turismo trata da motivação que

pode ter suas origens nos desejos. O nascimento do turismo está no desejo íntimo do

ser humano, o que está relacionado as suas necessidades e disposições para chegar

ao objetivo que será capaz de suprir essas necessidades. Isto significa que motivação

faz parte de um processo complexo que envolve fases distintas. Martins (2006)

discorre sobre a relação interdependente entre motivação e necessidade, chegando ao

processo motivacional. Este processo surge de um estimulo qualquer que gera a atitude

até satisfazer a necessidade. Ligada à necessidade, percebe-se que a motivação em

diferentes fases da vida terá grau de importância e característica próprias. Assim, a

motivação turística é definida por Martins (2006, p. 54) como:

Forças intrínsecas que influenciam um indivíduo a se engajar em atividade turística. Essas forças intrínsecas podem ocorrem (sic) como resultantes de forças extrínsecas que afloram do ambiente em que se vive. No contexto do turismo motivações podem resultar de necessidades sociopsicológicas advindas de largas pressões sociais.

Essas três condições motivação, poupança e tempo, inter-relacionadas, em

maior ou menor grau, irão configurar as formas, os tipos e as modalidades de turismo.

Isto é essencial para compreender como a prática do turismo influenciará nas

alterações no espaço turístico e na formação da sociedade que vai agir sobre o espaço

turístico.

Page 21: BARROSO_Turistificação de lugares

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2.1.2 Relação Turista ↔ Autóctone

A prática do turismo com suas múltiplas faces implica uma relação muitas vezes

pouco amistosa com a população residente no espaço visitado. Os residentes também

formam um grupo heterogêneo que pode ser dividido entre os que têm interesses na

prática do turismo e os que não o têm. Disto decorre a relação com tendências

conflituosas.

Cabe aqui definir o turista como o elemento, individual e social, que pratica a

atividade turística, o nômade que se põe em movimento, levado por desejos que o

impelem a atingir uma satisfação. No entanto, esse nômade como turista “não é um

outro estranho, mas um outro de nós, que carregamos, muitas vezes desejosos e

sombreados no mundo predominantemente opaco do cotidiano do trabalho”.

(BENEVIDES, 2007 p. 90).

Para este estudo, o turista é aquele que viaja ao redor do mundo, mas também

aquele que faz excursão5 com os amigos da escola até o museu da cidade vizinha, ou

vai a uma festa religiosa no outro estado ou província. É também aquele que sai todo

final de semana para a sua casa de veraneio. É ainda aquele imigrante que vai visitar

os parentes. As razões para viajar podem montar uma lista interminável e nunca é um

único motivo. Os motivos para viajar passam por combinações que por vezes se

contradizem, formando assim a face do turismo; “um fragmento de múltiplas facetas da

realidade humana social” (KRIPENDORF, 2001, p. 50).

A relação turista ↔ autóctone é comumente balizada por uma critica à figura do

turista e a prática da atividade turística. O que leva a criação de um conjunto de

barreiras à atividade turística. Knafou (1999) descreve essa abordagem como negativa

e originada de uma visão limitada do que é meio ambiente. Os principais argumentos se

dividem em quatro conjuntos de idéias: “Antes era melhor”, “o ar de saturação”, “o ar de

racionalidade econômica” e “a prova da crise”.

5 A diferença entre ambos - turismo e excursão - é tênue e jaz na determinação do âmbito espaço-tempo das atividades. É a partir da definição normativa que se distingue o excursionista do turista, sendo este último quem se desloca por mais de 24 horas e pernoita fora de seu lugar habitual de residência para realizar atividades que não sejam lucrativas. (HIERNAUX, 2000, p.64) – Tradução livre do autor.

Page 22: BARROSO_Turistificação de lugares

20

O “Antes era melhor” advém de uma rejeição até natural frente a tudo aquilo que

é novo. Novas tecnologias, um novo trabalho, a nova escola. Assim ocorre com aquele

lugar que foi visitado há muito tempo ou mesmo deixado na infância para viver em outro

lugar. Ao voltar para uma visita é possível identificar que o lugar mudou. Mas o visitante

também mudou. É a transformação do homem que o faz lembrar-se do lugar e não a

transformação ocorrida no lugar em si, residindo ai a percepção negativa, pois os

homens percebem a sua evolução negativamente (KNAFOU, 1999).

“O ar de saturação” advém do turismo massificado que concentra turistas em

espaços limitados. O que é muito interessante, pois o turismo surge como libertador do

estresse das cidades grandes e da correria diária e então, todos querem ir justamente

para onde todos estão. E essa multidão na pequena cidade representa muitas

mudanças que são visíveis aos olhos do observador menos atento. “Como sempre há

dois aspectos a serem considerados no fenômeno em questão: alguns considerarão - o

interesse econômico, social, demográfico, mesmo estético - da transformação operada.

Outros verão somente os efeitos negativos.” (KNAFOU, 1999, p.66).

O terceiro conjunto de argumentos trata do “ar de racionalidade econômica”.

Knafou (1999) observa que o crescimento do turismo seria capaz de esgotar seus

recursos. Em particular a paisagem natural. A dita autodestruição necessita de duas

condições que não se satisfazem. A primeira condição é que as pessoas são

diferentes, com preferências particulares e o que agrada a um pode não agradar a

outro. Cada um tem percepções subjetivas e individuais. Por exemplo, um ambiente

com muitas pessoas pode ser interpretado como badalado e agitado, por conseqüência,

atrativo e motivador. Mas, por outro lado, outros grupos podem entender esse ambiente

como poluído e desorganizado, sendo desmotivados, preferindo um lugar com

características diferentes.

O conteúdo percebido pelo turista quando vivencia a experiência contribui para o

argumento de Knafou e tem sua raiz na imagem contida na memória do observador da

paisagem. A diferença de percepção do conteúdo observado reside no fato de que

quem já visitou o lugar carrega consigo uma impressão. Quem nunca havia visitado o

local não possui essa marca deixada na memória. É o que acontece, por exemplo, com

alguém que conhece um lugar após a transformação da paisagem.

Page 23: BARROSO_Turistificação de lugares

21

A segunda condição necessária se estabelece no lugar turístico que pode sofrer

variações internas de acordo com seu funcionamento sócio cultural. Knafou (1999,

p.67) argumenta que, embora haja uma manifestação clara da demanda por espaços

intocados “[...] são os lugares turísticos mais densamente freqüentados os que mais

atraem [...], é esta ‘saturação’ do lugar turístico que garante sua animação e, assim,

uma grande parte da sua atratividade”. Além disso, deve-se considerar que um lugar

turístico pode sofrer interferências alheias à prática turística e adquirir outra

funcionalidade.

Por fim, “a prova da crise” surge de outra idéia do senso comum de que locais

muito urbanizados espantariam os turistas. O que Knafou (1999) considera um

argumento de viés moral e funcional, partindo de um sentimento afetivo. O contexto

apresentado é de que a concentração urbana é a origem da crise dos lugares turísticos

o que conduz ao ciclo de vida do produto turístico. O produto nasce, tem o crescimento

e a maturação; então, após um determinado ponto ele começa a decrescer. Para

refutar essa idéia é demonstrado o exemplo da crise espanhola dos anos 90. Esta crise,

na visão de Knafou (1999), não comprovou ser o elevado grau de urbanização no litoral

de sol e mar espanhol o agente causador do declínio do destino turístico. Foram feitas

diversas obras que não alteraram significativamente a paisagem, mas o que fez os

visitantes retornar foi o contexto geopolítico e as variações do mercado.

Não se trata de negar a existência de disfunções dos espaços turísticos e, em particular, dos lugares ligados ao grande número. Mas não é fazendo maus diagnósticos em nome de julgamentos de natureza moral que se prepara a solução do problema. (KNAFOU, 1999, p.69).

Assim, é estabelecido um conjunto de criticas ao fenômeno do turismo e sua

respectiva oposição, que visa demonstrar como as situações devem ser interpretadas

para entender o turismo e as relações heterogêneas entre turistas e autóctones.

A população local, o sedentário, o autóctone é aquele que apesar das criticas ao

turista anseia em ser também um nômade. O autóctone pode simplesmente ignorar a

presença do turista como, por exemplo, é comum ocorrer em áreas urbanas como no

bairro de Copacabana no Rio de Janeiro. O visitante é tão comum que sequer é

percebido ou incomoda o cotidiano do autóctone.

Page 24: BARROSO_Turistificação de lugares

22

Mas a posição do autóctone pode ser diferente e ter seu cotidiano afetado pela

atividade turística. É o que ocorre quando um turista chega a um pequeno povoado. Há

um impacto no modo de ver e viver do autóctone que são baseadas em relações de

atração e repulsão do visitante. Esta relação conturbada sempre ocorreu ao longo dos

tempos com encontros entre diferentes culturas. Por exemplo, o progresso da indústria

chegando a uma cidade do interior. Com a vinda de novos grupos sociais por motivos

diferentes da prática do turismo também se estabelecem relações que podem atrair ou

repelir. De um lado, grupos sociais dessa cidade, interessados no progresso são

atraídos para uma relação amistosa com os novos grupos. Do lado oposto, grupos

interessados em manter o tradicional se afastariam, criando uma relação hostil ao novo

grupo e rivalizando com o grupo progressista.

No sentido contrário ao de ida para uma pequena cidade há o movimento de

migração para grandes cidades. Como exemplo, nordestinos migrando para o sudeste,

chegando a uma grande metrópole. Criou-se nas grandes cidades uma série de

carências de infra-estrutura que tornaram as relações constrangedoras entre os grupos

originais e migrantes, levando inclusive à discriminação e segregação. Isto permite

observar que a relação entre turista e autóctone é heterogênea e permeada por

diferentes motivações para aceitar e assimilar ou recusar e afastar o outro. Tanto no

que se refere à prática do turismo como para outras práticas sociais.

2.2 TURISTIFICAÇÃO COMO PRÁTICA SOCIOESPACIAL E PRÁTICA GLOBAL.

Segundo Hiernaux (2000, p.67)6, “A evolução que seguiu o turismo no pós-guerra

nos países desenvolvidos revela uma massificação considerável”; o que resultou em

uma padronização e internacionalização do turismo e posteriormente o crescimento do

turismo interno. A massificação gerou concentração com estruturas grandiosas e

padrões como os que se impõem na vida cotidiana. Este ciclo levou à criação de novas

práticas no cotidiano, novas práticas que dão vazão a mudanças no nômade e no

6 Tradução livre do autor.

Page 25: BARROSO_Turistificação de lugares

23

sedentário. “A partir do jogo da lógica do ganho (interesse representado pelas

empresas) e da lógica do ócio (originada nos comportamentos individuais)”.

(HIERNAUX, 2000, p.67)7.

As novas práticas podem, no entanto, ser revestidas de um aspecto de liberdade,

subvertendo a ordem do cotidiano normal e criando um novo cotidiano. Algo intuitivo,

mas permitido pelo conhecimento prévio do alojamento e do destino que foi

padronizado ao longo de décadas de massificação e ao subvertê-lo é como deixar sua

marca, “[...] na prática do ócio, o turista é um ser imprevisível que realiza atividades não

integradas ao roteiro que supostamente deveria atuar”. (HIERNAUX, 2000, p.69)8.

O novo cotidiano efêmero influencia o processo de turistificação à medida que

este pode se desenvolver não somente sobre o espaço, mas sobre a sociedade. O

mecanismo é desencadeado com as necessidades da demanda e conseqüente

adequação do mercado quanto à oferta de serviços. O mercado fornece informações ao

turista sobre o espaço real que irá viver. E estas ofertas atingem o hábito do turista

como autóctone em seu trabalho. Assim, o autóctone e nômade se complementam e se

opõem. O nômade quando no trabalho insere momentos de ócio; o contrário é válido

quando em momento de lazer. Eis que:

A turistificação da vida cotidiana se produz, portanto a partir da crescente filtragem de gotas do ócio no manto não tão impermeável da vida orientada para o trabalho. Da cotidianidade do trabalho amiúde não se percebe a fragilidade, no entanto, é necessário lembrar que só foi construída na forma atual nos últimos 200 anos, e na forma exacerbada da produção de volumes, tem pouco mais de meio século (LALIVE D'EPINAY, 19919 apud HIERNAUX, 2000, p. 73)10.

Hiernaux (2000) segue demonstrando que os objetos e artefatos colecionados

durante os momentos de lazer são peças que permitem cada vez mais inserir no

trabalho o momento mágico vivido. Isto significa fazer do momento passageiro da

viagem se transformar em duradouro, parte do cotidiano, e aos poucos os hábitos do

7 Tradução livre do autor. 8 Idem. 9 LALIVE D’ EPINAY, Christian. Loisir: dynamique et différentiation sociales, Sociétés. Dunod, Paris. n 32, p. 163-171, 1991. 10 Tradução livre do autor.

Page 26: BARROSO_Turistificação de lugares

24

dia a dia vão sendo turistificados. Os homens vão se constituindo consumidores que

são os cidadãos pós-modernos. Aqueles capazes de participar da cidade global e estar

em qualquer lugar do mundo a qualquer hora, e os mercados necessitam se adequar a

esta demanda. O novo consumidor já não se satisfaz apenas com lugares cheios e

praias maravilhosas, é preciso algo mais. Isto gera uma nova dinâmica do cotidiano

capaz de turistificar um lugar antes de chegada dos turistas ao destino e tudo com o

menor risco ao capital investido.

Assim, o espaço turístico pode ser alterado em função da necessidade da

demanda e alterar as condições de uso de um local com base nos desejos da

sociedade, sendo, então, o espaço turistificado pela sociedade. Dentre os processos

que se desenvolvem no fenômeno turístico encontram-se os que ocorrem dentro do

espaço de destino. São múltiplas as configurações que o turismo pode assumir em um

mesmo espaço. E também são vários os agentes vetores que contribuíram para as

transformações que implicam na relação sócio-espacial.

O turismo manifesta-se através de diversas formas, modalidades e escalas dentro de um mesmo território. Está subordinado tanto às ações da iniciativa privada quanto do Estado e até mesmo das pequenas comunidades organizadas; todo esse movimento ocorrendo de forma sincrônica num mesmo estado, região ou país. (FRATUCCI, 2000, p.121).

Não é por acaso que o fenômeno turístico assume características contraditórias.

A sociedade global é contraditória. E é dessa forma que o local e o global contracenam

a todo instante, se contradizem e complementam. Hiernaux (1998) coloca a contradição

global influindo diretamente nos espaços, uma espécie de tensão entre o lugar real e o

novo espaço virtual, criação do imaginário que se materializa nos desejos, levando a

uma tensão variável. Também o turismo se insere junto a esse fenômeno, ora

auxiliando no desenrolar do cenário global, ora sendo incrementado pela atitude global

e que tem como um de seus precursores a “Grand Tour”. Assim como os trens e

vapores do século XIX iniciavam a transposição de fronteiras, os turistas seguiram junto

com a expansão mercadológica até atingir o mundo todo.

Esta assimilação entre a prática do turismo e a globalização é apresentada por

Hiernaux (1998) sob um conjunto de relações entre os fenômenos. No primeiro ponto, a

Page 27: BARROSO_Turistificação de lugares

25

globalização surge como um convite à viagem. Junto com a expansão do global se

espalha a informação, que por sua vez, direciona os capitais, atraindo organizações e

pessoas. Isto vai gerar novos e crescentes fluxos migratórios. Toda esta dinâmica cria a

condição ideal para viagem de negócios que alia o trabalho ao lazer. “A distinção entre

viagem de negócio e viagem de prazer é tênue para a faixa mais mundializada ou

globalizada da sociedade” (HIERNAUX, 1998, p.13)11. Sob este aspecto, são os

cidadãos globais que possuem a condição de participar do mundo pós-moderno.

O primeiro elemento exposto influencia diretamente no segundo que trata das

cidades globais. São cidades que funcionam nos pontos de convergência das redes de

informações, capitais e pessoas. Estas cidades cresceram e se adequaram ao

fenômeno, tornando-se centros de decisões e influência. Tais cidades estão

intimamente ligadas e são percorridas livremente pelo cidadão global. Turista, aquele

que já não ousa ser nativo de qualquer destas cidades, pois é um cidadão do mundo,

atraído pela obrigação e lazer estampada na vitrine da globalização que são as cidades

modernas. Esta nova forma de turismo urbano propicia além da modernização a

revalorização e resgate de pontos especiais das cidades. (HIERNAUX, 1998).

O outro elemento apresentado liga-se às questões do desenvolvimento

sustentável é do turismo ecológico. Os movimentos sociais pela proteção da natureza

trouxeram à tona um novo valor percebido do ambiente natural e uma nova forma de

fazer turismo, evitando-se as massas com grupos pequenos para locais distantes e

intocados.

Seguindo o caminho da globalização, o turismo caminha para a turistificação em

nível mundial. Este ponto é ligado aos anteriores, pois se refere aos cidadãos que

pertencem às cidades mundiais e têm condições de se locomover através das redes,

seja a lazer, seja a negócio, individualmente ou em conjunto. Podem ainda sair da rede

para buscar o ecológico. É na visão de Hiernaux (1998) algo mais que uma rede, é um

espaço turístico global. E por conseqüência, a turistificação do mundo. Os turistas já

não partem do norte para o sul apenas, mas seguem de todas as partes em direções

diversas para todos os pontos do globo.

11 Tradução livre do autor.

Page 28: BARROSO_Turistificação de lugares

26

Este conjunto de categorias de turismo que ascenderam com o reconhecimento

do fenômeno global são opções de fazer turismo que ganham valor diante dos turistas,

à medida que a sociedade vai percebendo novas necessidades e os espaços vão

sendo adequados em função das situações criadas pelo homem. Volta-se à trilogia de

condições, ligada ao motivo para agir e a disponibilidade de tempo e dinheiro. A

globalização trouxe ao turismo, por meio da condição tecnológica, a possibilidade de

expansão. São dois fenômenos que caminham em conjunto e contam com

características similares, mas não são um só. Novas tecnologias motivam, reduzem os

espaços de trânsito e conseqüentemente os custos, além de ampliar o tempo. O que

explica a prática turística cada vez mais presente no cotidiano.

2.2.1 Turistificação de Lugares

Satisfeitas as condições sócio-espaciais e as premissas fundamentais para a

prática do turismo e suas modificações provocadas sobre o espaço, cabe configurar a

turistificação agindo na organização espacial do turismo.

As alterações sócio-espaciais no que tange ao turismo são, na visão de Knafou

(1999), geradas por três fontes principais: os turistas, o mercado e os planejadores. No

primeiro caso, menos comum atualmente, o turista é quem descobre com seu ímpeto,

um novo lugar e, portanto, o torna turístico. O mercado é o segundo ator do processo,

interferindo e produzindo o espaço para o turismo, justificando uma menor existência de

lugares turísticos natos12. Assim como os planejadores e promotores locais indo do

institucional à organização da comunidade. Tem-se então a turistificação, ocorrendo no

espaço. O lugar seja qual for a escala e o conceito geográfico aplicado, passa de área

residencial, comercial, industrial, extrativista a lugar turístico. O processo de

turistificação pode ocorrer então de três formas de ações vetorizadas por meio dos:

turistas, mercado e Estado.

12 Nato, como virgem com o significado de essência e alma de lugar turístico, recebendo o turista antes que qualquer ação mercadológica.

Page 29: BARROSO_Turistificação de lugares

27

Com o primeiro vetor ocorre a simples chegada de visitantes ao lugar, e estes

vão se avolumando com o tempo, influenciados pelos amigos e motivados pela busca

do novo. É a turistificação por si mesma, independentemente de infra-estrutura própria

do turismo. Turistas buscam lugares novos sem a presença de outros visitantes, agem

como precursores do turismo.

O segundo vetor é o mercado e então os visitantes podem vir depois. É o que

aconteceu, por exemplo, com Las Vegas. Nesse caso, o mercado inicialmente construiu

equipamentos e infra-estrutura turística em pleno deserto e depois é que vieram os

visitantes. É a ação da iniciativa privada, o mercado, que pode criar a recriar o espaço

ao prazer do capital, mas também pode criar o oposto, o não-lugar. (RODRIGUES,

1999).

A diferença entre lugar e não-lugar está na relação do visitante com o local. A

criação do não-lugar implicaria um espaço demasiado artificial, isto é sem

características originais ou vinculo com o lugar. Envolto em barreiras sociais que

impedem um contato pleno com a realidade do destino. Um exemplo clássico de não-

lugar é um resort, que em geral possui a mesma característica em qualquer parte do

planeta. O não-lugar pode se estabelecer em qualquer parte do mundo. O visitante, por

exemplo, pode ir a um resort na Malásia sem ter realmente visitado a Malásia, pois vai

vivenciar uma experiência de hábitos comuns aos do seu entorno habitual. Assim, não

há relação do visitante com o território geopolítico constituído nem mesmo com a

comunidade local, mas apenas com os padrões globais do espaço aproveitado e

adequado pelo mercado para atrair turistas. Para Knafou (1999, p.72) é:

A forma mais acabada de turismo sem território, isto é, do turismo que se contenta com sitio e lugares equipados, é o turismo “fora do solo” quase completamente indiferente a região que o acolhe [...] Os Centers Parks desenvolvidos na Europa do Noroeste, a partir da experiência de criação de “uma bolha tropical” nos Países Baixos.

A produção do lugar turístico pode transformá-lo em coisa, produto para

consumo, é a coisificação do lugar: “[...] o lugar turístico torna-se um produto da ciência

e da tecnologia, com um conteúdo informacional que é capitalisticamente

comercializado”(SILVEIRA. 1999. p.37). Para a autora, a produção ocorre sob dois

Page 30: BARROSO_Turistificação de lugares

28

aspectos. O primeiro se assemelha ao não-lugar, são as criações em redes globais

caracterizados pela universalização e como atividade do mercado. E no oposto estão

as manifestações da sociedade do local com características peculiares. Silveira já não

menciona a produção do espaço pelo turista como o fez Knafou. Assim, existe a

possibilidade da ação do mercado e também do Estado viabilizarem a criação do lugar

turístico sem que este seja um não-lugar.

A ação do Estado compõe o terceiro vetor. Este Estado é representado na figura

da instituição (planejador e promotor do turismo) e tenta organizar ou reorganizar os

espaços turísticos. A reorganização ocorrerá após a ação dos outros atores que

alteraram o espaço e os seus conseqüentes efeitos. Sejam efeitos de deterioração do

local sob o aspecto tecnológico e ambiental, seja no seu valor mercadológico de

atratividade de turistas. Para Silveira (1999. p.42): “Os lugares parecem, desse modo,

conter uma data de validade e um calendário de uso, É a psicoesfera e não a

tecnoesfera, que determina o momento em que um lugar turístico morre.” É considerar

o valor percebido pelo visitante como elemento causador do declínio do destino

turístico. O que significa acentuada redução na quantidade de visitantes por motivos

psicológicos e não tecnológicos. São diversos os motivos que atuam, em conjunto, para

que o destino turístico pereça e que remete às observações de Knafou, a respeito do

excesso de visitantes e a capacidade de carga, ao mesmo tempo em que o lugar mais

movimentado e animado é o que mais atrai.

O planejador ao interferir no espaço, sob a coordenação do Estado, é limitado

por diretrizes da estratégia política da administração local. Suas ações podem ser

direcionadas aos efeitos negativos que a turistificação, sem o devido controle do

Estado, pode ter causado no destino. O planejador então visa estabelecer o equilíbrio

do local, recuperar o destino. Outra intervenção é quanto à transformação do local com

um determinado potencial em lugar turístico. O turismo surge como esperança de

desenvolvimento econômico da região, como exemplo, a Espanha na “Era Franco”, que

ancorou seu desenvolvimento econômico na atividade turística.

Ao se reduzir gradualmente a escala da esfera de administração pública, a ação

institucional passa pelas cidades que no mundo globalizado tencionam inserção no eixo

global e vai até determinadas áreas menores de um município, como é o caso das

Page 31: BARROSO_Turistificação de lugares

29

zonas portuárias. Neste caso o objetivo mais comum é revitalizar o lugar. Fenômeno

comum a diversos portos que se tornaram obsoletos diante de novas tecnologias,

navios maiores que já não são capazes de ancorar em tais portos, levaram a uma

redução das atividades no espaço e conseqüente deterioração das regiões próximas

aos portos mais antigos. Assim, a ação do governo busca recuperar a área urbana,

viabilizando novas funções como nos casos de Buenos Aires, Madrid, Cádiz,

Manchester, Santos e Nova York, entre outras cidades.

Deste modo, o processo de turistificação pode ser planejado e controlado pelo

poder publico, atuando na revitalização das diferentes localidades. Aquele espaço,

antes obsoleto, pode passar a ser um destino turístico exclusivamente, ou mesmo em

conjunto com outras funções como habitação e comércio local. Em linhas gerais, a

revitalização de uma zona portuária passa inicialmente pela ação do governo que vai

interferir no espaço. Esta ação pode ser pela turistificação, definida como o processo

organizado e planejado de alteração do espaço pela atuação da sociedade, tornando-o

um espaço turístico. Ocorre ainda quando os agentes sociais, por meio de sua prática e

influência, atuam no espaço após perceber a necessidade de turistificação ou quando o

espaço já sofre a ação da prática turística sem organização. O local em que se efetiva

a turistificação pode ser um espaço sem atrativos potenciais e neste caso serão criados

os atrativos. Também pode ocorrer sobre um espaço com potencial turístico,

principalmente quando esses lugares já recebem turistas. Mas, somente pode ocorrer

em lugares a que os turistas tenham o acesso permitido legalmente e possa ser

instaurada toda a infra-estrutura necessária.

Então, a prática do turismo vai se relacionar com o território, conforme Knafou

(1999) salienta sob três formas: territórios sem turismo, turismo sem território e

territórios turísticos. Ribeiro (2002, p.11) argumenta que “o território e sua

territorialidade são identificados através de duas dimensões: a de domínio e/ou controle

e a simbólica e/ou afetiva”. A dimensão simbólica é proposta na geografia pela

abordagem humanística e dá ao território o sentido de lugar, pois há afetividade com o

uso do espaço, criação de identidade e símbolos, levando ao espaço vivido em que há

uma relação profunda entre o homem e o lugar. A dimensão do poder está atrelada às

proposições de Sack, Soja e Raffestin: a ação de um individuo ou grupo no controle do

Page 32: BARROSO_Turistificação de lugares

30

território e de “pessoas, fenômenos e relações [...] delimitando e assegurando o

controle sobre uma área geográfica”. (RIBEIRO, 2002, p.11).

O território turístico é aquele inicialmente apropriado pelo próprio turista e que

depois de efetivada a prática passa a ser trabalhado pelo mercado e planejadores. É

considerado território turístico em sua essência, uma vez que há uma identificação do

turista com o uso do espaço. É criado um laço afetivo com o lugar sendo usual turistas

se tornarem residentes da localidade e assumirem papel de sedentários interessados

na prática do turismo. Esses turistas pioneiros podem se tornar posteriormente gestores

da atividade turística no lugar. É o que aconteceu, por exemplo, com Armação dos

Búzios no interior do Estado do Rio de Janeiro.

O turismo sem território é praticado no não-lugar ou territórios dos outros em que

o turista faz incursões e excursões de forma tão superficial na relação com o espaço

que não permite a vivência do lugar. Neste sentido, há uma relação vazia em que a

experiência é limitada ao campo visual, sem vivenciar o espaço. Knafou (1999) refere-

se às relações estabelecidas, qualificando-as como insuficientes para criar um território

turístico. Territórios sem turismo são aqueles que não têm prática de atividade turística.

Conforme Knafou, havia territórios assim até o século XVIII. Entretanto, a simples

presença de alguns visitantes em uma situação eventual não configura que o território

seja turístico, mas pode ser um indicio de um processo de turistificação. Em tempos

globalizados, estes lugares isolados são cada vez mais raros. A tecnologia permite a

acessibilidade com segurança a quase qualquer parte do planeta. A motivação para

conhecer os lugares também incita a se visitar qualquer lugar. Para moradores do Rio

de Janeiro, a favela é um lugar pouco atraente, tem um forte símbolo de violência e

perigo. Mas, para o turista, principalmente o internacional, há uma grande atratividade

nessas áreas da cidade.

Para Benevides (2007), a noção de turistificação passa pela transformação de

práticas sociais, atuando sobre o espaço, isto significa que, a origem do processo de

turistificação não inicia nos produtos turísticos, mas sim nas práticas sociais gerando a

conseqüente resposta dos agentes das três fontes de turistificação.

Turismo não é uma atividade econômica em si, mas uma prática sócio-espacial que articula diversas atividades, que não têm, contudo, os turistas como seus

Page 33: BARROSO_Turistificação de lugares

31

consumidores exclusivos. Sua singularidade é, portanto, uma manifestação daquilo que aparece na realidade empírica de forma plural , como um conjunto de produtos e serviços ofertados pelos três setores componentes da economia, referenciados por um território que abriga diferentes possibilidades desta prática (BENEVIDES, 2007, p. 87).

A estruturação do processo de turistificação, sob este prisma, retira a visão

economicista inerente às práticas turísticas no final do século XX, permitindo o

planejamento, estruturação e a prática do turismo acontecer sob um aspecto holístico,

contemplando todas as possibilidades e potencialidades do território turístico bem como

o ser humano envolvido no fenômeno turístico.

O fenômeno do turismo, na visão de Benevides (2007), divide o território com

outras práticas e funções, sendo o lugar remodelado para uso turístico, entretanto, sem

exclusividade para este uso. Assim, a turistificação é capaz de trazer ao lugar uma

valorização. Para isto ocorrer é necessário que a função turística esteja vinculada a

outras funções. Desta forma haverá uma tendência ao equilíbrio das atividades sem

incorrer em hipertrofia das funções praticadas no espaço. “Nessa perspectiva capital

imobiliário, ações públicas de desenvolvimento urbanístico e empreendimentos

turísticos podem se amalgamar em grandes coalizões para valorização do espaço”.

(BENEVIDES, 2007 p. 90).

A turistificação do lugar é a valorização do espaço, e Benevides (2007)

apresenta em seu estudo duas formas básicas de turistificação. A primeira forma trata

do aproveitamento ou reaproveitamento de recursos e atributos de um lugar. Sendo os

elementos componentes do espaço inventariados, e posteriormente apropriados ao uso

turístico implementando-se atributos, valores e infra-estrutura capazes de transformar

uma porção do espaço em produto turístico para consumo. Este produto estará

adequado aos anseios do modo de vida da demanda que é o fato desencadeador do

processo de turistificação. Esta transformação é seguida de uma imagem simbólica

que é transmitida para o imaginário do turista potencial. Cria-se então toda a

ambientação necessária e este processo e se divide em duas situações de acordo com

o nível de urbanização do lugar.

Uma situação ocorre em áreas urbanas com algum recurso paisagístico

potencial, capaz de ser trabalhado para atrair a demanda. Em geral é aplicada a

Page 34: BARROSO_Turistificação de lugares

32

pequenas cidades litorâneas. No caso das grandes cidades, a turistificação ocorre em

um lugar que sofre uma complexa urbanização. Portanto, a ambiência que será criada

para a prática turística, conta com o conjunto de objetos de infra-estrutura pré-

existentes que contribuirão na proliferação da estética turística. “Esta situação fica mais

explicita no papel das metrópoles no processo de turistificação de muitos espaços

regionais [...], inclusive ordenando-os e irradiando-os para sua periferia” (BENEVIDES,

2007 p. 93). A outra situação se aplica a espaços suburbanos, com precária infra-

estrutura, o que requer inicialmente a implantação condições mais adequadas à prática

turística, o que permitirá uma urbanização para o turismo. (Benevides, 2007).

A segunda forma de turistificação apresentada por Benevides (2007) trata de

áreas com privilegio paisagístico natural, com expressividade e potencial para ações

voltadas ao ecoturismo e turismo rural. Esta forma é praticada em áreas naturais com

pouca ou nenhuma interferência do homem, sendo necessário à construção de infra-

estrutura para o consumo do produto turístico, mas sem chegar à condição de urbanizar

o lugar. Neste caso, a urbanização descaracterizaria o elemento motivador contido no

elemento natural.

Comparando as duas situações tem-se o processo de turistificação em áreas

urbanas e rurais e respectivamente privilegia-se a cultura e a natureza, isto constitui a

diferença entre as duas formas. O ponto em comum é a prática turística demandando

alterações sobre o espaço. O que produz territórios ao usar diferentes recursos, criando

produtos turísticos, simultaneamente são construídos símbolos e objetos que vão

potencializar o consumo turístico. Benevides considera que essas práticas turísticas

podem assumir papel relevante na formação do espaço, constituindo um conjunto de

funções e objetos entrelaçados tal qual um “amalgama” gerando então destinos

turísticos.

Quando esta relevância assume a dimensão de verdadeiro amálgama aglutinador, portanto, produtor de uma destinação, as práticas turísticas exercem o papel estruturante, constituindo o vetor de uma transversalidade operativa das interfaces entre o econômico, o comportamental, o cultural, o recreativo, o paisagístico, o fisiográfico. Assim, seleciona nessas esferas o que é relevante e apropriável para a refuncionalização dos territórios onde esses elementos se encontram, na medida em que podem se converter em recursos turísticos. É, portanto, a possibilidade de práticas turísticas que orienta significativamente a nova funcionalização de manifestações já existentes nas

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33

várias esferas da chamada totalidade espacial, articulando e integrando essas manifestações em um plano de ação (BENEVIDES, 2007 p. 93)

Assim, o amalgama que se torna o destino turistificado é base de uma síntese

cultural, que para Benevides (2007), permite o consumo e praticas turísticas variadas,

gerando o arranjo territorial decorrente de mudanças simbólicas ou material empregada

sobre o lugar.

Figura 1 – Processos de turistificação. Fonte: Elaboração própria baseada em Knafou (1999).

PROCESSOS DE TURISTIFICAÇÃO DOS ESPAÇOS

AGENTES VETORES

TURISTAS MERCADO PODER PÚBLICO

TERRITORIALIZAÇÃO DO LUGAR

TERRITÓRIOS TURISTICOS

TERRITÓRIOS SEM TURISMO

TURISMO SEM TERRITÓRIO

T U R I S T I F I C A Ç Ã O

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Dentre os diversos autores apresentados que discorrem sobre turistificação é

possível observar algumas variações nos conceitos apresentados. Sendo a proposta de

Knafou a que melhor se aplica ao presente trabalho sintetizando o processo de

turistificação e suas possibilidades de territórialização e criação de lugares. Para

contribuir sua compreensão foi resumida no esquema da figura 1.

2.3 O ESPAÇO TURÍSTICO URBANO.

Estabelecido o processo de turistificação de lugares e suas relações com o

território, a etapa seguinte é discutir o espaço turístico, a forma como a área receptora

se organiza. O espaço turístico possui uma complexidade com três incidências

territoriais: áreas emissoras, áreas de deslocamento e áreas receptoras. São nas áreas

receptoras que “se manifesta materialmente o espaço turístico ou se reformula o

espaço anteriormente ocupado” (RODRIGUES, 1999, p. 43). Este espaço é composto

de elementos que interagem simultaneamente e não são contínuos. Para Rodrigues, os

elementos constituintes do espaço turístico são: homens, firmas, instituições, infra-

estruturas e meio ecológico.

Figura 2 – Elementos constituintes do espaço. Fonte: Adaptado de Rodrigues, 1999, p.65.

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Neste esquema exposto por Rodrigues, os homens representam a demanda,

população residente e indivíduos que controlam as firmas e instituições. As firmas são

empresas que comercializam e prestam os serviços turísticos. As instituições são

elementos que regem a organização do espaço através de normas regulando homens,

firmas, organizações e infra-estrutura. As infra-estruturas são os elementos que

fornecem os meios para que a atividade turística se desenvolva, incluem redes de

transporte, comunicação e serviços de apoio como segurança e saúde. O meio

ecológico engloba todo o ambiente, tanto o natural e como modificado pelo homem.

O espaço em que há manifestações sociais é também o espaço geográfico,

possui uma “forma-conteúdo” gerada por movimentos e mudanças da sociedade

(FONSECA, 2005, p. 35). Estas alterações ocorrem ao longo do tempo, e deixa marcas

sobre o espaço. As marcas são as “rugosidades” presentes no espaço, estas

“rugosidades” vão interferir em novas alterações sobre o espaço. Logo, da mesma

forma que o meio natural é fator para atratividade de um destino, o meio artificial se

apresenta com a mesma característica de atratividade. E quando novos conteúdos

artificiais se instalam neste meio modificado, o fazem se adaptando ao espaço existente

como todo o seu conteúdo histórico. “Ao mesmo tempo em que o espaço é produto -

da condição social - o espaço é também condição para a organização social, sendo

dotado de uma ‘inércia dinâmica’” (SANTOS, 198613 apud FONSECA, 2005, p. 35).

Fonseca (2005) entende que o espaço turístico é dividido entre espaço produtivo

e de lazer. O espaço produtivo concentra os equipamentos da infra-estrutura turística,

são meios de hospedagem, alimentação e terminais de transporte. O espaço de lazer

concentra os atrativos propriamente ditos, são as praias, os museus, os parques dentre

outros. Estes espaços não são contínuos e não desfrutam da homogeneidade de

atividades turísticas. Benevides (2007) considera que o espaço turístico é composto por

elementos que possuem atratividade, e constituem uma oferta fixa e desigualmente

distribuída no espaço. Boullón (2002) ressalta que a especialização de uma dada

13 SANTOS, Milton. Por Uma Geografia Nova. 3 ed. São Paulo: Hucitec. 1986.

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atividade sobre território não atinge a totalidade do espaço, citando como exemplo a

agricultura, que mesmo ocupando uma vasta área, possui manchas e outras atividades

que se instalam no terreno que não é fértil.

Para Boullón (2002, p.79) “o espaço turístico é conseqüência da presença e

distribuição territorial de atrativos turísticos, [...] mais o empreendimento e a infra-

estrutura turística”. Por atrativo turístico entende-se a matéria prima do turismo,

elemento natural ou cultural capaz de gerar atração da demanda de visitantes. Infra-

estrutura é a disponibilidade de bens e serviços capazes de sustentar uma estrutura

produtiva, como vias de circulação, comunicação, saneamento e energia. O

empreendimento turístico se divide em equipamentos e instalações. Os equipamentos

são estabelecimentos públicos ou privados que prestam serviços básicos como

hospedagem, alimentação, entretenimento, agenciamento dentre outros. As instalações

são estruturas voltadas à pratica de atividades turísticas localizadas no atrativo, por

exemplo um lago com um atracadouro, o atracadouro é uma estrutura construída para a

pratica de esportes e o lago é o atrativo turístico. (BOULLÓN, 2002).

Este conjunto de elementos compõe os espaços turísticos, que se divide em

natural, compreendendo os sítios naturais; e urbano, compreendendo os sítios

artificiais. Rodrigues (1999, p.63) ressalta que “no momento atual há uma dificuldade

muito grande de definir-se o que é urbano, em contraposição ao que é rural”. A

dificuldade se explica por “novas formas de divisão social e territorial do trabalho, nas

esferas de produção, circulação e consumo” (ibidem) aliados a padrões de

comportamento adotados pela sociedade atual. Entretanto, os ambientes natural e

artificial são diferenciados pela imagem que é impressa através das formas e que se

percebe visualmente:

Ambos ambientes, natural e artificial, têm linguagem própria: o primeiro se manifesta por si mesmo e o outro é conseqüência da expressão dos homens. Na natureza, descobrimos que a variedade de combinações de seus múltiplos componentes é tão grande que nos foi impossível padronizar suas formas. O máximo que pudemos fazer foi estabelecer algumas tipologias e encontrar certa ajuda para analisar e descrever a paisagem; ao contrário, já que a cidade – como qualquer obra do homem – tem seus limites, é possível sintetizar sua estrutura visual em uma série de formas que a representam com maior clareza. (BOULLÓN, 2002, p. 194-195).

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De acordo com Boullón (2002, p. 75) o planejamento opera com sete tipos de

espaço físico: real, potencial, cultural, natural, virgem, artificial e vital. Estes tipos de

espaço agrupam-se em “expressões materiais do espaço físico” e “qualificações

conceituais próprias do planejamento”. Os espaços cultural, natural, virgem e material

compõem o grupo das expressões do espaço físico. O espaço real e potencial integram

o campo conceitual e o espaço vital é elemento da ecologia.

O espaço cultural é conseqüência da ação do homem e, de acordo com o

trabalho desenvolvido no espaço cultural, origina o espaço natural adaptado e o espaço

artificial. O espaço natural adaptado equivale ao espaço rural prevalecendo a

característica da vegetação abundante. O espaço artificial significa o espaço urbano,

são as cidades, “nele tudo o que existe foi feito pelo homem” (BOULLÓN, 2002, p.78).

O espaço natural virgem é composto por áreas sem qualquer influência do homem. O

espaço vital é definido pela ecologia como referente ao ser vivo e o ambiente

necessário para sua existência.

O espaço real é o espaço visto e percebido pelo homem, é composto por toda a

superfície da terra, tem existência comprovada e pode ser modificado. O espaço

potencial “é a possibilidade de destinar o espaço real a algum uso diferente do atual;

[...] sua realidade pertence à imaginação dos planejadores”(BOULLÓN, 2002, p. 77). O

espaço potencial passa pela identificação do que existe no espaço real e através de

ações do homem se traduz em um novo espaço real.

Boullón (2002, p. 189) entende que a “cidade é um espaço artificial inventado e

construído pelo homem, cujo objetivo prático é viver em sociedade”. Como as

sociedades e os homens são diferentes, as cidades também são diferentes entre si, e

cada cidade possui personalidade própria. As cidades obedecem a características do

seu sitio natural e espelham o passado impregnado de marcas das pressões sócio

econômicas. Estas pressões socioeconômicas vão estabelecer as principais funções

adotadas que servirão para estruturar o espaço interno da cidade. Boullón (2002)

recorre a Le Corbusier para distinguir funções utilitárias da cidade. As funções:

trabalho, circulação, habitação e lazer atuam como base de sustentação e determinam

as formas levando a divisão da cidade em espaços abertos e edifícios.

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Entretanto, os edifícios e espaços abertos também são diferentes entre si e

alguns se destacam como signo daquela cidade, permitindo uma leitura mais rápida e

precisa, levando o observador a identificar rapidamente a cidade ou um ponto

específico daquele lugar. Estes pontos que possuem uma presença mais forte Boullón

chamou de “pontos focais urbanos” e de “organização focal” a relação entre o ponto

focal e os demais espaços sendo sua representação gráfica denominada “esquema

físico” (BOULLÓN, 2002, p. 195).

São ao todo seis pontos focais: logradouros, marcos, bairros, setores, bordas e

roteiros. Estes pontos focais permitem a localização, entretanto não servem para

qualificar os tipos de paisagem urbana. Boullón (2002) discorre sobre os pontos focais

relacionando-os à prática do turismo.

Por logradouro entende-se que são espaços abertos que podem conter algum

tipo de cobertura, mas que permite o transito livre de turistas. São ruas, praças,

galerias, feiras, estações de embarque e desembarque, parques entre outros. Servem

ao turista como área para deslocamento, visitação ou parada para descanso. Por isto

necessitam de sinalização para orientar os turistas sobre as diversas possibilidades que

apresentam, tanto para visitação como para ligar os atrativos turísticos. Como exemplo

de logradouros tem-se o Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, popularmente conhecido

como Aterro do Flamengo e a Avenida Atlântica, ambos na cidade do Rio de Janeiro.

Marcos “são objetos, artefatos urbanos ou edifícios que, pela sua dimensão ou

qualidade de sua forma, destacam-se do resto e atuam como pontos de referência

exteriores ao observador” (BOULLÓN, 2002, p. 197). Os marcos podem possuir formas

muitos diferenciadas entre si, sendo a principal característica o contraste com que se

destacam de seu entorno pois isto facilitará a leitura do observador. Os marcos se

dividem em locais e gerais. Os marcos locais são perceptíveis pelos habitantes, mas os

turistas não possuem uma familiaridade com o ambiente do lugar que permita identificar

o contraste. Já os marcos gerais são imediatamente percebidos pelos turistas tornando-

se, por vezes, atrativos turísticos ou pontos de referência. Um marco local no Rio de

Janeiro é o edifício “Balança Mas Não Cai” no centro da cidade, conhecido por boa

parte dos habitantes, mas despercebido pelos turistas. Um marco geral é o Cristo

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Redentor que, mesmo à longa distância, é reconhecido e serve de referência a

qualquer visitante.

As cidades com maior área urbana são divididas em bairros que também são

visitados por turistas. Os bairros de uma cidade não são homogêneos entre si,

entretanto, a diferenciação dos limites de um bairro a outro não é facilmente percebida

pelos turistas. Pode haver grupos de bairros similares ou dentro de um mesmo bairro

uma diferenciação interna. Os bairros têm origem em pequenos povoados que foram

crescendo, outros bairros são resultados de loteamentos imobiliários. Alguns bairros

atingem tamanhos que justificam uma subdivisão é o que acontece, por exemplo, com a

Barra da Tijuca, bairro da cidade do Rio de Janeiro. Outros bairros são subdivididos por

características de seu uso ou forma de suas edificações, um bom exemplo é o Bairro da

Gávea, que na área com edifícios e comércio de bares e restaurantes, adquiriu o signo

de “Baixo Gávea”, em contrapartida há um trecho do bairro que sobe parte da Floresta

de Tijuca em direção a São Conrado, com aspecto de grandes casarões e mansões,

totalmente diferenciado da parte plana do bairro. Os bairros são muito importantes no

contexto turístico, pois permitem a visitação de logradouros e marcos.

Os setores são partes da cidade menores que os bairros e mantém um conjunto

homogêneo. São partes de um antigo bairro que sobreviveu a alterações nas formas

das edificações e por isto representam um importante atrativo turístico, pois podem

mostrar como foi o passado naquele lugar. Boullón (2002) cita o Bairro Chinês de São

Francisco, nos Estados Unidos da América, como exemplo de um setor amplamente

visitado por turistas. Um exemplo de setor na cidade do Rio de Janeiro é o Morro da

Conceição, no Bairro da Saúde na região portuária .

Bordas são limites lineares entre duas partes homogêneas ou que definem os

extremos de uma cidade ou bairro. Dividem-se em bordas fortes ou fracas. As bordas

fracas permitem a passagem de um ponto a outro como uma avenida com trânsito

inexpressivo. Já as bordas fortes limitam a passagem desconectando as partes, como

exemplo, uma via férrea.

As vias de circulação selecionadas para trânsito turístico de pedestres ou

veículos são os roteiros. Estes roteiros vão estruturar o conjunto de elementos

componentes do espaço turístico urbano. Um roteiro pode ser importante pelos pontos

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que une ou por si mesmo. No primeiro caso, as opções de estruturação do roteiro ligam

distâncias maiores, havendo maior número de opções para ser estabelecido o caminho

entre os elementos. No segundo caso, roteiros com valor próprio passam por um

caminho esteticamente agradável, seja pela percepção da paisagem construída seja

pela paisagem natural.

Os roteiros se classificam em funções que são: translado, passeio em veiculo e

passeio a pé. O translado ocorre entre os terminais de embarque e meios de

hospedagem. São comuns aos roteiros importantes os pontos que une. Os passeios de

veiculo são selecionados para City Tours, passeios que percorrem um conjunto de

atrativos espacialmente distantes, passando por alguns bairros de uma mesma cidade,

privilegiando-se a escolha do caminho esteticamente apreciável e com conteúdo

histórico e ou imaginário. Os roteiros de pedestres são os que conectam atrativos

próximos ou possuem valor próprio que justifiquem a caminhada, definem os circuitos

dos bairros e podem funcionar como bordas, como no caso de um rio. Assim, o roteiro

seria o caminho ao longo de uma margem do rio ou de uma orla marítima.

Figura 3 – Esquema físico de parte do Centro do Rio de Janeiro. Fonte: Adaptado de Boullón, 2002, p. 221.

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O esquema físico da figura 3 permite identificar alguns pontos focais urbanos

explicados por Boullón. Estes pontos focais são demonstrados sobre uma planta de

parte do centro da cidade do Rio de Janeiro e permitem exemplificar e compreender

este conjunto de elementos que compõem o espaço turístico urbano.

2.4 POLÍTICA E PLANEJAMENTO TURÍSTICO URBANO

A transformação do espaço pode acontecer pela ação isolada e espontânea de

um grupo de pessoas e ou instituições, como foi visto no processo de turistificação em

que o turista é o vetor. Porém, a transformação deste espaço pode ser pensada e

escolhida, considerando-se inclusive a possibilidade de não haver transformação, o que

manteria as condições do espaço naquele momento por um período de tempo. Esta

ação pode ser aplicada para desenvolver ou mesmo para recuperar um espaço que

tenha sofrido algum tipo de alteração desorganizada. Assim, pressupõe-se que o

espaço alterado por ações planejadas irá adquirir ou manter uma organização pré-

estabelecida.

A ação sobre o espaço previamente pensada propõe um processo gradual que

envolve etapas que serão desenvolvidas ao longo de um intervalo de tempo até que se

atinja o objetivo pré-estabelecido. Para tanto, é necessário inicialmente reconhecer a

condição atual do lugar, compreender todos os elementos contidos no espaço e os

desejos dos habitantes. Satisfeitas estas condições são traçados programas, planos e

estratégias que deverão ser postos em prática nos períodos estabelecidos no inicio do

processo. Cada passo desenvolvido deve ser observado com vistas a conferir os

resultados obtidos com os resultados esperados. Caso haja variações é necessário

realizar correções na implementação dos projetos e até rever todo o processo.

Entretanto, toda ação pressupõe uma decisão, sendo o planejamento visto como

um processo decisório (VEAL, 199214 apud HALL, 2001). Porém, a decisão não está

14 VEAL, A. J. Research methods for leisure and tourism. Harlow: Longmam. World Travel and Tourism Council. Australia travel and tourism millennium vision. Londres, 1996.

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isolada, ela compreende a reflexão e, portanto, o planejamento se traduz em uma ação

comum às atividades humanas compreendendo refletir, decidir e agir com base na

reflexão (CHADWICK, 197115 apud HALL, 2001). Para Hall (2001, p. 24) “o

planejamento é apenas uma parte do processo mais abrangente de planejamento-

decisão-ação”. O planejamento ao prever decisões que afetam o espaço e a sociedade

se torna ainda mais complexo, envolvendo grupos sociais, implicando em “acordos e

negociação, compromisso, coerção, interesses, valores, escolhas e é claro política”

(HALL e JENKINS, 199516 apud HALL, 2001, p. 24).

Aplicado à sociedade e ao espaço, o planejamento torna-se instrumento político,

ferramenta que não é operada apenas por planejadores, mas por políticos, uma vez

que como parte do processo, a decisão é tomada por gestores públicos e demais partes

interessadas, em geral, o mercado e instituições que financiam o desenvolvimento

econômico. Até para que se iniciem o trabalho técnico de pesquisa e reconhecimento

da situação atual, o processo passa previamente pela decisão do gestor publico.

Muito do que chamamos de planejamento turístico assemelha-se mais a desenvolvimento e analise política. [...] Políticos e demais influenciadores são os responsáveis pela formatação dos objetivos que norteiam os planos – muitas vezes são eles que delineiam a natureza da participação pública e que fornecem os valores políticos e sociais de uma sociedade, valores capazes de levar à aceitação ou não do processo e dos produtos finais de um planejamento turístico (HALL, 2001 p. 17).

A natureza do turismo é muito complexa e envolve diversos setores da

economia, segmentos da sociedade e o ambiente. Assim, o sistema turístico é aberto e

suscetível às oscilações de seus elementos e do ambiente externo, o que dificulta o

planejamento, mas simultaneamente, torna a ação de planejar essencial a pratica da

atividade turística. Portanto, o planejamento necessita contemplar o espaço como um

todo, inclusive o espaço não turístico, pois depende da interação de todos os campos

da administração publica. “Poucas vezes o planejamento é dedicado exclusivamente

em si – ele tende a ser um amálgama de considerações econômicas, sóciopolíticas e

15CHADWICK, G. A systems view of planning. Oxford. Pergamom Press, 1971. 16 HALL, C. M. e JEMKINS, J. Tourism and public policy. Londres, Routledg, 1995.

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ambientais, refletindo a diversidade de fatores que influenciam o desenvolvimento

turístico e são afetados” (HEELEY, 198117 apud HALL, 2001, P. 23-24).

Isto significa que, na prática, políticas públicas e planejamento não se separam.

Políticas públicas “referem-se ao conjunto das ações e omissões do Estado para

resolver problemas que afligem a sociedade” (FONSECA, 2005, p. 81). Fonseca (2005)

salienta que o poder público atua atendendo necessidades de várias naturezas:

econômica, cultural, social, segurança dentre outras; não sendo capaz de suprir todas

simultaneamente. Como a ação sobre o espaço passa pelas políticas públicas e pelo

planejamento, ambos estão inseridos no contexto socioeconômico em que o estado

está inserido. Assim, durante as mudanças do enfoque da administração publica o

planejamento também sofre alterações na formulação e objetivos privilegiando algumas

necessidades em detrimento de outras.

O planejamento possui diferentes abordagens pelas quais pode ser aplicado.

Estes enfoques não se excluem e podem ser combinados ou adotados isoladamente

conforme os objetivos e condições políticas permitam. Os métodos de planejamento

foram evoluindo bem como as técnicas de gestão e esta evolução permite atuar sob

diferentes perspectivas.

A abordagem impulsionista é a primeira identificada por Hall (2001) e desponta

no pós-guerra, com característica centralizada na ação do poder público determinando

as estratégias a serem implementadas. A questão central do método impulsionista é

que o turismo pode ser a solução dos problemas sócio econômicos da localidade e,

portanto, amplo investimento e controle do governo visando à solução capaz de atuar

como força motriz da economia.

A visão econômico-industrial surgiu após a primeira abordagem, influenciada por

tendências do modo de produção fordista, visando à massificação do turismo e por

muito tempo produziu uma visão distorcida do fenômeno turístico. Já a abordagem

físico-espacial sofreu influências do modo de produção pós fordista, planejando

destinos mais específicos e com características particularizadas, implicando menor

volume de visitantes. As técnicas de planejamento comunitário contemplam a

participação da comunidade na escolha das ações implementadas.

17 HEELEY, J, Planning for tourism in Britain. Town Planning Review, 52, 61-79. 1981.

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Abordagem Características Impulsionista A atitude simplista de que o desenvolvimento turístico é sempre bom e

proporciona, automaticamente, benefícios para os anfitriões. Os moradores das destinações turísticas não estão envolvidos na tomada de decisões, no planejamento e no processo político do desenvolvimento turístico.

Econômico/Industrial Turismo como um meio de promover o crescimento e o desenvolvimento em áreas especificas. O planejamento enfatiza os impactos econômicos do turismo e sua utilização eficiente para criar renda e empregabilidade para determinadas regiões ou comunidades.

Físico/Espacial O turismo é tratado como tendo uma base ecológica e, conseqüentemente, seu desenvolvimento deve ter por base certos padrões espaciais, capacidades ou limitações que minimizariam o impacto negativo do turismo no ambiente físico.

Comunitário Ênfase no contexto social e político no qual o turismo ocorre. Defende um maior controle local sobre o processo de desenvolvimento.

Sustentável Uma forma integrada de planejamento turístico que procura garantir, a longo prazo, e com o mínimo de deterioração de recursos, de degradação ambiental, de rompimento cultural de instabilidade social, a segurança dos moradores. Tal abordagem tende a integrar características das tradições econômicas, físico-espaciais e comunitárias.

Figura 4 – Abordagens do planejamento turístico. Fonte: Hall, 199518 apud Hall, 2001, p. 25.

Por fim, o método sustentável é apresentado por Hall (2001) como um que

aproveita os aspectos positivos dos demais métodos, mantendo a linha pós fordista, o

que exclui o método econômico industrial. Hall sintetiza o que foi identificado dentre os

métodos de planejamento como tendências de abordagens do planejamento ao longo

da historia e agrupa em categorias, descrevendo suas principais características.

Por isso, como o planejamento é aplicado a uma decisão pessoal no campo

individual, no campo coletivo, é aplicado por instituições publicas e privadas. No que diz

respeito ao turismo, as instituições privadas que atuam neste setor, Hall (2001)

identificou que preferem a abordagem impulsionista, enquanto a instituição pública

prefere a abordagem econômica, o que geralmente conduz ao planejamento

centralizado sob a égide do Estado sem a participação da população.

Ao estudar o caso de Darling Harbour, zona portuária de Sydney na Austrália,

Hall (2001, p. 37) identificou que a ação centralizada “ao enfocar um conjunto de

interesses econômicos e sociais, outros interesses da comunidade são cada vez mais

18 HALL, C. Michel. Introduction to tourism in Australia: impacts, planning and development. 2 ed. South Melbourne. Longmam. 1995.

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negligenciados”, o que leva o processo de turistificação do espaço a criar conflitos entre

anfitriões e visitantes, uma vez que haverá o choque de interesses entre os diferentes

grupos. Em contrapartida quando a comunidade decide de que forma deseja que o

espaço seja organizado, o resultado esperado é que não haja conflito, uma vez que a

população do lugar foi atendida e participou das escolhas.

Como o planejamento turístico atua sobre o espaço, causando transformações

no modo de vida dos habitantes, ele necessariamente precisa ser controlado pelos

representantes do lugar. Porém, os representantes do povo privilegiam segmentos com

os quais se comprometeram politicamente durante a campanha eleitoral, ou mesmo

questões pessoais e político-partidárias, não havendo assim, um equilíbrio na gestão

pública. Geralmente após novas eleições em que um novo partido político assume o

poder se relega ao esquecimento todo o trabalho do governo anterior. Também

ocorrem conflitos na escala de governo, principalmente quando envolvem posições

políticas distintas.

A principal incongruência parece estar entre o prestigio nacional ou estadual sobrepondo-se à economia local e a assuntos do bem-estar social. [...] O turismo desenvolvido de uma maneira ‘de cima para baixo’, procurando por prestigio, muitas vezes parece esquecer que o problema real a ser tratado é o da privação de nível local (TYLER; GUERRIER, 2001, p. 312).

O Estado interfere diretamente na formação dos espaços, seja vinculado a

políticas públicas de turismo ou de outros segmentos. “As várias formas de agir do

Estado, das organizações internacionais e das firmas globais do turismo buscam

prolongar e densificar a rede de lugares através de novos objetos, organizações e

calendários” (SILVEIRA. 1999, p. 38).

O Estado atua, conforme Santos (2002), sob três perspectivas: a nacional, a

regional e a local. A satisfação de necessidades nacionais interfere nas necessidades

regionais e locais. Nas necessidades regionais, a atuação se dá sobre um ponto com

maior potencial na intenção de que toda a região possa ser atendida. E por fim na

perspectiva local, a satisfação das necessidades é realizada variando em qualidade e

quantidade e muitas vezes não corresponde ao ideal. Isto é verdade particularmente no

que tange ao espaço turístico, pois dada à complexidade do fenômeno, qualquer

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alteração no rumo da estratégia política irá interferir nas formas constituídas e agentes

usuários e consumidores deste espaço.

Logo, o Estado está em constante ação ante as influências externas e internas,

agindo muitas vezes para controlar conjunturas que se impõem por suas próprias ações

e ações externas. A questão que se apresenta é que o sistema turístico está em um

ambiente instável e geralmente é controlado por políticas públicas instáveis. Por vezes,

são iniciadas alterações no espaço e repentinamente interrompidas, pois o processo de

planejamento passa pela escolha do gestor publico.

A escolha, pelo poder, da forma de satisfação das necessidades coletivas constitui um elemento de reorganização do espacial; quer dizer que cada opção realizada pelo Estado em matéria de investimento, mesmo improdutivo, atribui a um determinado lugar uma vantagem que modifica imediatamente os dados da organização do espaço. (SANTOS, 2002, p. 227).

De acordo com Tyler e Guerrier (2001) existem diferentes motivos que

incentivam o desenvolvimento do turismo urbano. Os motivos são de ordem subjetiva

dado que envolve a consideração do que é adequado ou inadequado para o lugar e

atores do espaço. Para cada grupo e espaço será adequado o motivo que melhor

atenda a intenção de refutar as argumentações contrárias à decisão tomada ou ao

plano proposto, conforme a perspectiva de interesses. Os objetivos gerados nas

propostas de desenvolvimento do turismo urbano podem ser agrupados e resumidos

em três e podem ser convenientemente mesclados: necessidade de gerir uma ação que

é inevitável, no caso o turismo urbano; planejar a recuperação econômica de um lugar e

melhorar as condições de vida da população do lugar.

Fonseca (2005) observa que há um novo paradigma da atividade turística no

contexto da globalização, o que leva os governos a adotarem uma nova postura na

gestão pública. Assim, o governo neoliberal que “ainda exerce funções primordiais para

que as atividades produtivas do país tenham êxito num (sic) contexto de grande

concorrência no espaço econômico global” (FONSECA, 2005, p.23). Este paradigma

leva cada Estado a agir como uma grande corporação competindo no mercado mundial

e reside na diferenciação do espaço fator preponderante para que destinos turísticos se

configurem competitivos no contexto internacional. Logo, neste novo paradigma, cresce

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em importância o posicionamento adotado pelo Estado e suas ações de planejamento

turístico para um destino.

Este destino turístico organizado, previamente planejado, possui várias

categorias de oferta turística. Estas categorias podem ser compreendidas e geridas no

nível municipal e suas subdivisões, regional, estadual e nacional. Fonseca (2005)

destaca que o papel do poder público deve ser organizado para não interferir no limite

legal de cada esfera da administração pública. Além disto, deve sempre buscar

equilibrar o contexto socioeconômico baseado na isenção prezando pelo bem-estar

social sem distinção entre grupos específicos.

Ao governo central cabe a estruturação e controle da política macroeconômica e

o papel da atividade turística dentro de sua estratégia, e atuar no nível internacional

promovendo o país como um todo. O governo estadual deverá agir adaptando a política

macroeconômica ao contexto do espaço real e potencial dentro do estado, e promover

seu estado em nível nacional e internacional. (FONSECA, 2005)

Na esfera municipal concentra-se a função de gerir o espaço produtivo do

turismo diretamente.

Cabe ao poder municipal definir uso e ocupação do solo, autorizar a instalação de atividades, prover a infra-estrutura básica, incentivar as manifestações culturais, dentre outros. Portanto, a forma de ação e atuação do poder local é primordial para se atingir a excelência e qualidade do produto turístico, definindo o marco de competitividade do destino turístico (FONSECA, 2005, p. 62).

É neste momento que o poder municipal deve conhecer sua estrutura turística.

Desenvolver o inventário da oferta e estruturar um programa para planejar e

desenvolver a atividade turística no lugar. Devendo quando necessário buscar apoio

nas demais esferas da administração pública bem como junto a segmentos privados

interessados na atividade turística. É no âmbito municipal que se deve criar o conselho

municipal de turismo para debater a atividade e propor ações para o desenvolvimento

do turismo.

A proposta de planejamento turístico urbano, apresentada por Boullón (2002),

estabelece que o planejamento em países com a condição de desenvolvimento

econômico e social qualificados como periféricos, a exemplo da América Latina, devem

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inicialmente selecionar e delimitar os espaços turísticos. Portanto, para reconhecer em

seu território aquilo que é turístico e o que pode ser útil à atividade turística é

necessário inventariar todos os elementos do espaço.

Na cidade, o turista se desloca por pontos que Boullón (2002, p. 248) chamou de

“áreas gravitacionais”. As áreas gravitacionais são pontos pelos quais obrigatoriamente

os turistas passam, mesmo que não haja atrativos turísticos. Estas áreas se classificam

em quatro tipos: estações terminais dos sistemas de transportes, zonas de

concentração de empreendimentos turísticos e serviços urbanos, atrativos turísticos

urbanos, e saídas para atrativos próximos ao raio de influência do centro turístico19.

No esquema hipotético da figura 5 é possível visualizar as áreas

gravitacionais sobre o espaço total de uma cidade. Esta representação permite ao

planejador limitar o que de fato é relevante aos interesses turísticos para o lugar em

estudo. Isto é necessário, pois muitas áreas da cidade não possuem atratividade e

práticas turísticas. Na figura 6, a mesma representação é aplicada à parte oriental da

cidade do Rio de Janeiro e contribui para visualizar as áreas da cidade em que o

planejador deverá agir com precisão.

19 Segundo Boullón (2002, p. 87) raio de influência dos centros turísticos é a distância em que os atrativos se distribuem fora do centro turístico mas podem ser rapidamente atingidos de carro ou ônibus até uma distância máxima de 200 Km.

Page 51: BARROSO_Turistificação de lugares

49

Figura 5 - Delimitação do espaço turístico em uma grande cidade hipotética. Fonte: Adaptado de Boullón (2002, p. 250).

Page 52: BARROSO_Turistificação de lugares

50

Figura 6 – Delimitação do espaço turístico urbano no Rio de Janeiro. Fonte: Elaboração própria baseada no método de Boullón (2002, p. 250).

O processo de reconhecimento do espaço turístico deve analisar os atrativos

turísticos e todo o seu entorno, pois estes elementos possuem uma área de influência

visual. Esta área de influência deve ser observada sob diferentes perspectivas e suas

combinações: próxima e direta; próxima e interrompida; distante e direta; distante e

interrompida. Esta tarefa permitirá ao planejador propor roteiros que sejam

esteticamente agradáveis, eliminando atrativos que estejam com a ambiência

visualmente poluída. Definida a área de influência, deve-se buscar apoio na estrutura

Page 53: BARROSO_Turistificação de lugares

51

legal para proteger o espaço, o que leva ao tombamento de edificações e conjuntos

arquitetônicos.

Do mesmo modo que uma árvore magnífica perde valor estético se estiver cercada por uma lixeira; um edifício, uma igreja ou um monumento diminuem sua beleza se o espaço que os circunda não se harmoniza com sua arquitetura e escala [...] a presença espacial de um atrativo urbano é um fato quase fortuito, porque não depende apenas de seu tamanho, mas também do tamanho dos edifícios que o cercam, tanto em seu entorno imediato como em todo o espaço que se interpõe de outros pontos de vista distantes (BOULLÓN, 2002, p. 252-254).

É possível trazer o método de planejamento, apresentado por Boullón, aplicado a

um país e que hierarquiza o espaço turístico em Zonas, Áreas, Complexos e Centros

Turísticos; para a escala de uma cidade. Pode-se considerar que dentro da área urbana

de uma grande cidade existem centros turísticos internos. Na Figura 6, observa-se no

Rio de Janeiro que os atrativos e pontos focais são espacialmente definidos em

pequenos grupos, alguns mais próximos e outros mais separados. Entre estes centros

turísticos internos existem diferenças estruturais e também de atratividade, sendo

necessário que o gestor de turismo local concentre esforços políticos e legais para que

toda a área turisticamente potencial da cidade seja adequadamente aproveitada pela

atividade turística, contemplando toda a área gravitacional.

A escolha de novos centros turísticos que venham a ser desenvolvidos,

revitalizados ou projetados dentro de uma cidade depende de cinco características

levantadas por Boullón (2002). A primeira característica a considerar é o tamanho do

centro, pois este terá relação direta com o número de habitantes e turistas. O ambiente

natural é outra característica preponderante, englobando o microclima, topografia, tipo

do solo e fontes de água. A terceira característica é a qualidade da paisagem, o que

relaciona o aspecto anterior do ambiente com o que foi construído sendo analisado

visualmente. Como quarta característica apresenta-se a distância da infra-estrutura de

circulação, existência de vias de acesso capazes de suportar o tráfego mais intenso até

o lugar. Por fim, a propriedade e subdivisão da terra formam a quinta característica que

está ligada a possibilidade de interferir neste espaço, o que considera a estrutura legal

do município e a propriedade dos objetos. Tratando-se de área urbanas incluem-se os

níveis de poluição do lugar escolhida.

Page 54: BARROSO_Turistificação de lugares

52

Após a escolha do lugar é aplicada a metodologia tradicional de desenho urbano.

A etapa inicial consiste em estabelecer as dimensões, tendo como referência número

de habitantes, sistema de alojamentos e altura permitida para a construção das

edificações. A seguir se estabelece o zoneamento urbano, delimitando o uso do solo de

acordo com as funções de trabalho, circulação, habitação e lazer, seguido do traçado

da estrutura de energia, comunicação e circulação. O próximo passo é atribuir a

densidade de cada zona, o planejamento do crescimento por etapas e codificação de

normas urbanas que vão controlar a estrutura do lugar, evitando construções

irregulares. (Boullón, 2002).

Assim, o planejamento em nível de lugar, deve ser implementado pelo poder

público municipal e deverá estabelecer e manter o equilíbrio entre as diferentes funções

desenvolvidas sobre o espaço. O processo de planejamento vai identificar dentro da

área urbana espaços potenciais para que ocorra uma distribuição ou redistribuição das

atividades, podendo ser aplicado ao todo da área urbana ou a uma área menor,

atendendo à área gravitacional.

2.5 REVITALIZAÇÃO URBANA.

Foi visto que o processo de planejamento em áreas urbanas permite às cidades

adquirir competitividade no cenário turístico. Entretanto, a atividade turística pode

aproveitar espaços que estejam carentes de uso e dar uma nova vida ao lugar. Para tal

é necessário que haja um potencial a ser desenvolvido, que pode estar atrelado a

características histórico culturais e o que pode ser aplicado em grandes centros ou

médias e pequenas cidades. Porém, nas grandes metrópoles, a urbanização é

suscetível a dinâmicas que reconfiguram o território, denotando grandes diferenças no

espaço em um curto intervalo de tempo.

A dinâmica das cidades e sua complexidade e alterações são explicadas por

Duarte (2005, p. 01) como decorrente “dos processos de descentralização das

atividades citadinas” fruto da “expansão horizontal da mancha urbana”. A

Page 55: BARROSO_Turistificação de lugares

53

conseqüência direta destes processos urbanos é a “deterioração funcional e física das

áreas centrais metropolitanas que envolviam o centro financeiro-empresarial, ou Central

Business District (CBD)” , formando zonas obsoletas em cidades de todo o mundo e

remete ao conceito de obsolescência, o que vem possibilitando à pratica turística

absorver estes espaços.

Na região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro, este processo de

deterioração funcional foi marcante no ultimo quarto do século XX. Influenciado pela

transferência do Distrito Federal para Brasília, nos anos 60 do século XX, boa parte da

estrutura administrativa do Governo Federal deixou de ocupar a cidade, principalmente

o CBD. Também houve uma grande expansão para a Zona Oeste da cidade, em

direção a região da Baixada de Jacarepaguá e Barra de Tijuca. Assim, o CBD deixou

de crescer e perdeu empresas importantes para sua funcionalidade, criando

verdadeiros vácuos, com prédios inteiros abandonados.

O mesmo fato pode ser constatado no centro da cidade, na zona portuária e ao

longo da Avenida Brasil, que corta diversos bairros, partindo do centro em direção à

zona oeste. A Avenida Brasil é um importante eixo viário com ligações de rodovias para

outros estados. Em suas margens se estabeleceram diversas indústrias, atualmente

conta com prédios abandonados que são invadidos por populações carentes e usados

como moradia sem infra-estrutura adequada à função de habitação.

Em cidades com antigas zonas portuárias, o processo da dinâmica urbana

“associado às mudanças técnicas ocorridas no transporte marítimo (uso crescente de

conteiners, preferência pelos terminais especializados, aumento do calado das

embarcações, etc.) transformou as áreas próximas e portos antigos em parte integrante

desse setor degradado da cidade” (DUARTE, 2005). Passando a ser também

desqualificado como local de habitação e inapto a funções econômicas da cidade.

As alterações desenvolvidas no contexto da globalização, criando contradições

sobre o espaço contribuíram para a reversão desse quadro em diversas cidades do

mundo. Estas alterações econômicas propiciaram um cenário de “hierarquia global das

cidades” e “ampliação [...] dos setores de renda alta e média-alta, ligados às atividades

de gestão da economia globalizada” (DUARTE, 2005). A hierarquia está diretamente

vinculada a atração de investimentos externos para o desenvolvimento de atributos e

Page 56: BARROSO_Turistificação de lugares

54

estruturas das regiões metropolitanas. O crescimento dos setores de renda elevada

interage com o setor imobiliário, unindo a competitividade e capital renovado,

propiciando nova configuração ao espaço obsoleto.

Se acrescentarmos a isso o papel cada vez mais importante do capital imobiliário no processo geral de reprodução do capital, a crescente competição entre os lugares no processo de atração de investimentos e de moradia da população de maior nível de renda e a maior preocupação com a preservação da memória arquitetônica, temos o fundamento para entendermos todo um leque de processos de recuperação de áreas urbanas degradadas, conhecidos como revitalização, renovação, requalificação ou reabilitação urbana. (DUARTE, 2005).

Como se pode observar, existem diferentes processos que podem ser aplicados

à nova dinâmica urbana. Duarte (2005) entende que os processos possuem

peculiaridades distintas. A etimologia da palavra revitalização indica uma visão

preconceituosa e, portanto, não é empregada por especialistas no tema, pois “não é o

caso de voltar a dar vida a uma área que não estava morta”

Entretanto, revitalização pode ser entendida como um processo que traz novas

funções, presença e atuação da sociedade, assim, a área revitalizada, adquire nova

vida com o uso que lhe é atribuído. Portanto, um espaço urbano, que teve um uso

freqüente, ao perder o uso seria um espaço socialmente desprovido de vida humana.

Logo, a revitalização no campo da formação do território turístico é valida, uma vez que

se pretende trazer a este espaço a vida humana e não a vida do espaço pelo próprio

espaço com seus objetos, mas com novos usos e objetos adicionais, contribuindo para

uma nova vida sobre o lugar com a presença de atividades humanas.

Renovação urbana é a substituição das formas urbanas por novas formas, e

pode ser pontual, fruto da iniciativa privada ou do poder público. Requalificação urbana

confere a área novas funções. Por suas características, renovação e requalificação não

se excluem, atuam na forma e função em conjunto ou isoladas. A reabilitação se aplica

à recuperação de área urbana, visando manter o conteúdo histórico existente,

“implicando o restauro de edifícios e a revitalização do tecido econômico social, no

sentido de tornar a área atrativa e dinâmica, com boas condições de habitabilidade”

(DURTE, 2005).

Page 57: BARROSO_Turistificação de lugares

55

Os processos de revitalização urbana podem originar o processo de

gentrificação20 que Duarte resume como “um retorno da população de alto status à área

central metropolitana, enquanto local de moradia” (2005). É necessário ressaltar que a

gentrificação pode ser um dos objetivos do conjunto de processos anteriormente

citados, bem como a turistificação, mas não são necessariamente obrigatórios como

objetivos e resultados.

Ao analisar os processos de revitalização ocorridos na Zona Portuária da Baía

de Mesa na Cidade do Cabo, África do Sul, Kilian e Dodson identificam que o processo

de revitalização:

É um exemplo clássico das características de inconstância do capitalismo [...] o capital utiliza a completa mobilidade como um ‘ajuste espacial’, ‘ziguezagueando’ geograficamente de uma área desenvolvida para outra, subdesenvolvida, e depois voltando para a primeira, agora subdesenvolvida por causa da falta de investimentos (SMITH, 198821 apud KILIAN; DODSON, 2001 p. 200).

Este movimento do capital ao se evadir de uma área cria o abandono e a perda

do valor e ao retornar cria condição de reprodução. Funciona como um mecanismo que

previne crises no modo de produção, mantendo um espaço de reserva para gerar

novas ações de desenvolvimento e por conseqüência emprego e consumo,

movimentando a economia.

O processo de revitalização urbana, nas áreas portuárias, tem inicio com as

inovações marítimas que geram “uma retração do capital investido nas zonas portuárias

tradicionais” (KILIAN; DODSON, 2001, p. 200), tendo como conseqüência direta a

queda de empregos e subdesenvolvimento de toda a área próxima. Este

subdesenvolvimento que atinge a área é percebido pelo governo local e autoridade

portuária. “Sua reação a esse reconhecimento é sempre um ‘ajuste espacial’ – ou seja,

a revitalização de arredores portuários subtilizados” (ibidem).

20 Do inglês gentrification que é um processo de recuperação urbana com inicio no reinvestimento e valorização imobiliária do espaço de antigas áreas centrais atraindo a população de classe média para essas áreas (DUARTE, 2005). 21 SMITH, N. Desenvolvimento desigual: natureza, capital e produção de espaço. São Paulo: Bertrand Brasil, 1988.

Page 58: BARROSO_Turistificação de lugares

56

Sendo assim, o poder público como gestor do território é quem vai encampar as

ações voltadas para desenvolver a zona portuária. Cumprindo assim o seu papel de

regulador da economia no momento em que interage ativamente no espaço para

propiciar a atração de capitais e investimentos. Geralmente, o governo local busca

subsídios no governo regional e central, principalmente pelo fato de que as atividades

portuárias tradicionais se vinculam à importação e exportação, influindo diretamente na

balança comercial. Somente após o impulso inicial do movimento de retorno do capital

é que o capital privado retornará.

‘O fenômeno internacional contemporâneo de revitalização [...] quase sempre envolve alguma forma de gasto público pelo governo local, regional ou central. Na verdade o modelo prescrito internacionalmente para o redesenvolvimento de waterfronts utilizado na Austrália, Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha e outros países europeus é o de utilizar o dinheiro do setor público como um estimulo para o posterior investimento do setor privado’ (CHURCH, 198822 apud KILIAN ; DODSON, 2001, p. 200).

O processo do redesenvolvimento traz à zona portuária a valorização que é

percebida sob duas formas: a mercantilização e a “espetacularização” do lugar,

conforme estudos realizados por Kilian e Dodson (2001). Por mercantilização entende-

se que a região revitalizada ganha valor estético, material e psicológico, que é

transformado em produto, embalado e vendido, como mercadoria turística. Os espaços

são comercializados, oferecendo sensações e sentimentos. A espetacularização implica

o uso da arquitetura pós-moderna, “empregada com a finalidade de engrandecer a

exibição de uma atração ou de um lugar turístico em particular” (KILIAN; DODSON,

2001, p. 205).

Em contrapartida às criticas de aspectos que envolvem o processo de

revitalização urbana é necessário ressaltar que a revitalização se mostra eficiente em

sua proposta de trazer o homem de volta ao espaço e com isso valorizar a zona

portuária. Outro aspecto a ser argumentado é que, enquanto há um rearranjo espacial

aproveitando uma área que já foi utilizada, evita-se o uso de espaços naturais para

desenvolver novas estruturas urbanas.

22 CHURCH, A. Demand-led planning, the inner-city crisis and the labour market: London docklands evaluated. In: HOYLE, B. S.; PINDER, D. A. and HUSAIN, M. S. (orgs.). Revitalising the waterfront: international dimensions of dockland redevelopment. Londres: Belhaven, 1988.

Page 59: BARROSO_Turistificação de lugares

3 A ZONA PORTUÁRIA DO RIO DE JANEIRO

A Zona Portuária da cidade do Rio de Janeiro está localizada na região central

da cidade às margens da Baía de Guanabara e noroeste do centro histórico. A Zona

Portuária corresponde a I Região Administrativa (I RA) sendo composta pelos bairros:

Saúde, Gambôa, Santo Cristo e Caju. Na figura 7 é apresentada a posição da I RA em

relação ao município do Rio de Janeiro.

Figura 7 – Posicionamento da Zona Portuária, I RA, em relação a Cidade do Rio de Janeiro. Fonte: Adaptado de Bairros Cariocas – IPP, 2008.

Page 60: BARROSO_Turistificação de lugares

58

A I RA ocupa uma área territorial total de 8,40 Km² sendo 98,8% da área

urbanizada e com uma população total de 39,973 habitantes, de acordo com o Instituto

Pereira Passos (IPP), (BAIRROS CARIOCAS, 2008). O índice de desenvolvimento

humano da Zona Portuária é de 0,72 ocupando a 23ª posição no ranking municipal. Em

2000 a renda per capita era de R$ 283,60 (BAIRROS CARIOCAS, 2008).

A área objeto deste estudo compreende os bairros da: Saúde, Gambôa e Santo

Cristo. Escolha que se explica pela configuração do espaço, considerando que o bairro

do Caju se afasta consideravelmente do Centro Histórico e se distancia do Corredor

Cultural.

Figura 8 – Zona Portuária da Cidade do Rio de Janeiro. Fonte: Adaptado de Bairros Cariocas – IPP, 2008.

Contribui para a delimitação da área de estudo o Plano de Recuperação e

Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro, proposto pelo Instituto Municipal

de Urbanismo Pereira Passos (IPP), em 2001. O plano de revitalização inclui a área da

Praça Mauá, que pertence ao Centro. Essa inclusão é, também, pertinente a este

estudo. A figura 9 permite visualizar sobre a carta imagem como a Praça Mauá se

posiciona estrategicamente conectando a Zona Portuária ao centro histórico do Rio de

Page 61: BARROSO_Turistificação de lugares

59

Janeiro. Outra observação a ser feita, junto à figura 9, trata do posicionamento do bairro

do Caju que além do distanciamento do centro histórico é ligado aos demais bairros

pelo porto do Rio de Janeiro e inicio da avenida Brasil. Esta posição praticamente

rompe a ligação entre os bairros à altura do Terminal Rodoviário Novo Rio.

Figura 9 – Posicionamento dos bairros da I RA. Fonte: Adaptado de Bairros Cariocas – IPP 2008 com base no Plano de Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro – IPP, 2001.

Na parte leste, a praça Mauá atua como elo ligando os logradouros da área de

estudo ao CBD. É nesta área que há maior circulação de pessoas e comércios em

razão da proximidade ao centro de negócios. Situada entre o porto do Rio de Janeiro e

inicio da avenida Rio Branco, a praça Mauá é local de passagem dos veículos que

circulam entre o centro e as periferias da cidade. É através da praça Mauá o mais

usado acesso ao morro da Conceição, pela rua Sacadura Cabral que margeia a

encosta da elevação que serve de sítio a este setor do bairro da Saúde.

A carta imagem da figura 10 permite uma visualização mais precisa da praça

Mauá e junto à totalidade da área de estudo. Ao norte, a área de estudo é limitada pela

Baía de Guanabara servindo de limite natural. Como imposição humana, o porto do Rio

Page 62: BARROSO_Turistificação de lugares

60

de Janeiro, a avenida Rodrigues Alves e o viaduto da Perimetral atuam como limites

artificiais.

A oeste, a Zona Portuária é limitada pela avenida Francisco Bicalho que liga á

avenida Presidente Vargas e a praça da Bandeira à avenida Brasil. Na parte sul a Zona

Portuária é limitada pelos ramais da Supervia Trens Urbanos e oficinas de manutenção

do metrô no trecho que vai da avenida Francisco Bicalho até a Central do Brasil.

Deslocando-se para leste, a área reduz sua largura seguindo os limites dos morros do

Livramento e da Conceição.

Figura 10 – Delimitação da área de estudo. Fonte: Elaboração própria sobre imagem Ikonos II, 2002 baseada no Plano de Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro – IPP 2001.

A malha rodoviária da Zona Portuária contribuiu em larga escala para a condição

atual da área, e que se configura como um caminho de passagem. A Zona Portuária é

cortada no sentido leste oeste pelo elevado da Perimetral. Esta via se estende sobre a

avenida Rodrigues Alves cortando os três bairros e serve de acesso à avenida Brasil e

à Ponte Presidente Costa e Silva – Ponte Rio-Niterói.

Page 63: BARROSO_Turistificação de lugares

61

Figura 11 – Sistema de circulação existente. Fonte: IPP, p. 19, 2001.

No sentido norte sul, cortando os bairros da Zona Portuária, observa-se a

avenida Barão de Tefé que se inicia junto a avenida Rodrigues Alves e serve de ligação

ao centro de negócios através da rua Sacadura Cabral ou avenida Venezuela,

chegando à praça Mauá e então ao Centro. A rua Barão de Tefé permite acesso ao

Centro através da rua Camerino até a avenida Mal. Floriano e avenida Presidente

Vargas.

Outro acesso que recebe tráfico intenso é avenida Professor Pereira Reis que se

liga à Avenida 31 de Março e então à avenida Presidente Vargas ou ao Túnel Santa

Bárbara, possibilitando acesso direto à zona sul. Completa este conjunto o Túnel João

Ricardo, ligando a área da Central do Brasil à rua Rivadávia Correia.

Page 64: BARROSO_Turistificação de lugares

62

Como estrutura interna de circulação da Zona Portuária, a rua Sacadura Cabral

que parte da praça Coronel Assunção, seguindo sinuosa junto à encosta dos morros

até a praça Mauá atua como eixo que permite o acesso entre a Saúde e Gamboa. De

forma quase paralela à rua Sacadura Cabral e no sentido oposto a circulação é feita

pela da avenida Venezuela. As ruas do Livramento e Pedro Ernesto, paralelas,

conectam em sentidos opostos a rua Sacadura Cabral e rua Rivadávia Correia

permitindo chega ao Santo Cristo através da rua da Gambôa.

A delimitação dos bairros pelos morros em conjunto com a estrutura viária

contribui para uma divisão entre os logradouros em relação ao centro da cidade.

Ainda hoje, a conexão dos bairros portuários ao centro de negócios é apenas possível rodeando o Morro da Conceição. A abertura do túnel João Ricardo possibilitou transpor o Morro do Livramento. O Morro do Pinto, contudo, está isolado pela presença dos inúmeros ramais ferroviários, posteriormente também acrescidos pelos ramais metroviários. As ligações de média e longa distâncias estão, no entanto, viabilizadas por vias expressas, elevadas, de trânsito rápido que rodeiam, encinturam os bairros. Como resultado, é mais fácil ir e vir de bairros distantes ao centro e vice-versa do que circular internamente (IPP, 2001).

Devido ao recorte realizado para o estudo, torna-se necessário a analise

socioeconômica individual dos bairros pertencentes á área delimitada.

O bairro da Saúde tem uma área de 36,38 hectares com 100% de urbanização.

A população em 2000 era de 2.186 habitantes, distribuídos em 706 domicílios. Dos

domicílios, 98,54% possuem esgotamento sanitário e 98,83% possuem água

canalizada. Existe uma unidade da rede publica municipal de ensino, contabilizando

956 alunos, em 2006 (IPP, 2008).

A Gambôa ocupa uma área de 111,29 hectares com 3.190 domicílios dos quais

92,39% possuem esgotamento sanitário e 96,11% água canalizada. O índice de

urbanização é de 100% e a população residente é de 10.490 habitantes. São duas

unidades educacionais da prefeitura com 980 alunos (IPP, 2008).

Com uma área de 168,47 hectares, o bairro do Santo Cristo se localiza na parte

Oeste, fazendo limite com o Caju e São Cristóvão. São 9.618 habitantes distribuídos

em 2.969 domicílios em uma área com índice de urbanização de 100%. Dos 2969

domicílios 99,21% contam com rede de esgoto e 96,59% possuem água canalizada até

Page 65: BARROSO_Turistificação de lugares

63

o domicilio . O bairro é servido por três unidades municipais de educação com 1.675

alunos (IPP, 2008).

Uma melhor compreensão da Zona Portuária e seu atual uso passam pela

identificação da evolução urbana na área, o que permitirá ilações referentes ao

conteúdo histórico presente nas formas construídas e remanescentes. As ilustrações

que se seguem são parte do trabalho artístico, com base em dados históricos,

realizado pelo IPP. Na figura 12 é possível observar como o sitio da Zona Portuária era

extremamente estreito, uma pequena praia entre o mar e a elevação.

Figura 12 – Panorama do Porto do Rio em 1608, feito por Guta. Fonte: IPP, 2008.

Na parte esquerda da figura 12, percebe-se a elevação do Morro de São Bento

que mais tarde teve grande parte demolida para dar lugar à cidade. Este morro foi

doado aos monges Beneditinos que construíram o mosteiro de São Bento. Bem no

centro da foto está a Prainha que mais tarde deu origem à Praça Mauá. A ocupação da

atual Zona Portuária iniciou-se com Manuel Brito que construiu, ainda no século XVII, a

Capela Nossa de Senhora da Conceição no topo do atual Morro da Conceição. A

ocupação inicial foi fruto de um pequeno canal construído por Manuel Brito para ampliar

a sua plantação e aproveitou o pequeno vale que existia entre os dois morros (IPP,

2008).

Ao fim do século XVI junto à encosta do Morro da Conceição foi construída a

Igreja de são Francisco da Prainha, que em 1710 foi destruída por portugueses,

Page 66: BARROSO_Turistificação de lugares

64

temendo a invasão francesa. Em 1711 a cidade foi dominada por franceses, sendo

pago resgate para a libertação. Por este motivo, em 1718 foi construída a Fortaleza da

Conceição (IPP, 2008).

Na figura 13 é possível observar, após a elevação do Morro de São Bento a

cidade do Rio de Janeiro com um núcleo urbano consolidado entre os espaços dos

morros. Após este núcleo inicial de ocupação é possível identificar o Morro do Castelo

que foi totalmente demolido no inicio do século XX. Na encosta do Morro da Conceição

e no interior, nas partes planas, algumas chácaras se instalaram no inicio do século

XVIII.

Figura 13 – Panorama do Porto do Rio em 1710, feito por Guta. Fonte: IPP, 2008.

Beirando a linha da costa até o Saco do Alferes e a Praia Formosa, fora da

ilustração, se praticava a pesca. Escravos trabalhavam no serviço de estivadores

atendendo a demanda de navios que ancoravam próximos ao local, propiciaram a

ocupação do que hoje é o Valongo e a Gambôa. Era na Praia do Valongo que

funcionava o mercado de escravos (IPP, 2008).

Na segunda metade do século XVIII, devido às águas calmas da enseada o

número de trapiches foi ampliado ao longo da antiga orla. O incremento das atividades

possibilitou maior expansão das construções junto às encostas. Com a riqueza que

afluía das Minas Gerais para o Rio de Janeiro foram realizadas melhorias como o aterro

de brejos praianos facilitando a ocupação (IPP, 2008).

Page 67: BARROSO_Turistificação de lugares

65

A figura 14 mostra a expansão do núcleo inicial que sofreu grande influência com

a chegada da Família Real. A ocupação ao fundo da imagem atinge o Morro do

Desterro, atual Santa Tereza e progride em direção ao sertão, indo até as proximidades

do Mangal de São Diogo, hoje Cidade Nova. O número de navios ancorados na

enseada indica o crescimento da ocupação do lugar. Este incremento ocorreu com a

abertura dos portos em 1808.

Figura 14 – Panorama do Porto do Rio em 1817, feito por Guta. Fonte: IPP, 2008.

Onde hoje se localiza o 1ª Distrito Naval foi construído um cais em que

desembarcou a Imperatriz D. Carolina Josefa Leopoldina e a partir daí, o cais foi se

estendendo em direção ao oeste tomando a Praia da Saúde e Gambôa, delimitando

pela ação do homem, o que hoje é o sitio da Zona Portuária do Rio de Janeiro.

Com o barco a vapor e a estrada de ferro no século XVIII 50% do café produzido

no Brasil eram exportados da Prainha. Também crescia o movimento de passageiros,

do cais se fazia à ligação com o fundo da Baía de Guanabara. Em 1870 os bondes

puxados a burro trafegavam por toda a área e já havia algumas indústrias instaladas

junto ao porto (IPP, 2008).

Além dos aterros, foi no inicio do século XVIII, que se iniciou a remoção da Pedra

da Prainha. O objetivo era permitir a passagem até o Valongo e foi aberta a rua Nova

de São Francisco da Prainha, o que facilitou a ocupação, atual rua Sacadura Cabral.

Mais tarde esta pedra passou a ser conhecida como Pedra do Sal e ainda hoje aflora

Page 68: BARROSO_Turistificação de lugares

66

em um pequeno trecho junto à encosta do Morro da Conceição que pode ser visto na

figura 15.

Figura 15 – Pedra do Sal. Fonte: IPP – Memória da Cidade, Banco de Imagens, 2008.

A figura 16 retrata o inicio do século XX em que desponta soberano, dominando

a paisagem, o edifico do jornal “A Noite”, bem ao centro da imagem, a sua frente á

praça Mauá, antigo largo da Prainha, que modernizada dá inicio a Av. Rio Branco, fruto

da Reforma Passos. Em meio ao turbilhão de edificações é possível identificar o Campo

de Santana – Praça da República.

Figura 16 – Panorama do Porto do Rio em 1930, feito por Guta. Fonte: IPP, 2008.

A esquerda já não se observa o morro de São Bento, em primeiro plano, e do

Castelo mais ao fundo. No entanto, no morro da Conceição uma área verde ainda

Page 69: BARROSO_Turistificação de lugares

67

domina a paisagem. Muitos prédios de estilo colonial sofreram alterações nas fachadas

e outros de maior volume foram construídos em virtude da necessidade de modernizar

a cidade.

Nesta época, com a modernização do porto, a prostituição se territorializou na

Zona Portuária. Em contrapartida, a Zona Portuária passou a ter uso comercial e

poucos continuaram residindo na localidade, restando como espaço de moradia o

morro da Conceição com construções que representam todas as épocas.

Foi no inicio do século XX, que na atual Gambôa, se instalou o Moinho

Fluminense. A industrialização possibilitou a expansão urbana rumo ao oeste da Zona

Portuária. A praia Formosa no Santo Cristo foi loteada originando residências e

pequenos comércios. Foi nessa época que os morros começaram a ser mais

densamente ocupados.

A primeira década do século XX foi marcada pela ampla renovação urbana e a Zona Portuária não ficou atrás dessa onda. O conjunto das obras do porto foi decisivo para a modernização da região. O aterro da linha costeira para a construção do porto, a abertura das grandes avenidas de circulação de carros (Rodrigues Alves e Francisco Bicalho) e de ruas internas fizeram com que os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo se afastassem do mar e, com isso, mudaram suas configurações urbanas originais. O setor industrial passou a ser um marco na região, devido à proximidade com o porto. A população se adensou e os morros foram ocupados por favelas. E tudo isso, ocorrendo quase ao mesmo tempo. (IPP, 2008).

Com a crescente verticalização ocorrida na cidade do Rio de Janeiro, outras

áreas foram valorizadas e os bairros da Zona Portuária, cercados por favelas, se

tornaram residenciais e mais pobres. A construção da avenida Presidente Vargas e

posteriormente, da avenida Rodrigues Alves aumentou o isolamento do local. “Nos

anos 70 a construção do viaduto da perimetral ampliou o isolamento da Zona Portuária.

A partir daí, se acelerou esse processo de degradação, com perda de população e de

prédios vazios”. (IPP, 2008).

Na figura 17 o edifício “A Noite” já não é o único arranha-céu a dominar o cenário

no inicio do século XXI. O Central Business District (CBD) está tomado por prédios

verticalizados. Junto à linha do porto, estendendo-se pela orla marítima, encontr-se o

viaduto da perimetral e ao seu lado, cercado entre o viaduto e os edifícios, o centro

Page 70: BARROSO_Turistificação de lugares

68

histórico. Ao cento da figura 17 ainda é possível observar alguns trechos do morro da

Conceição. No inicio da avenida Rio Branco foi construído um grande edifício com

características pós-modernas, o Rio Branco 1. (IPP, 2008).

Figura 17 – Panorama do Porto do Rio em 2002, feito por Guta. Fonte: IPP, 2008.

A figura 18, que é uma simulação com base em dados históricos, permite a

comparação do sitio original com a área atual da Zona Portuária. Na sitio original, a

Zona Portuária é uma espécie de península, como uma ilha, cercada pelos morros e o

Mangal23 de São Diogo, que se estende por trás do morro do Pinto até as imediações

do local em que hoje é a Praça Onze. No sitio modificado constata-se a dominação

imposta por sucessivos aterros que cobriram todo o litoral que era bastante recortado.

Figura 18 – Sitio do Porto do Rio em 1502, e após 500 anos em 2002. Fonte: IPP, 2008.

23 Manguezal.

Page 71: BARROSO_Turistificação de lugares

69

Figura 19 – Planta da Cidade do Rio de Janeiro, 1817. Fonte: Biblioteca Nacional reproduzida a partir de ABREU, 1997.

Page 72: BARROSO_Turistificação de lugares

70

Pela da planta da cidade do Rio de Janeiro de 1817, é possível ter uma noção

precisa do sitio e da evolução urbana do espaço da Zona Portuária. Na parte inferior

esquerda da figura 19, estão o saco do Alferes, da Gambôa, o Costão da N. Sra. Da

Saúde, as praias do Valongo e Valonguinho até a Pedra da Prainha e a por fim a

Prainha, delimitando um sitio muito estreito e próximo aos morros que circundam a

Zona Portuária e que foram aterrados ao longo dos anos.

3.1 O PORTO DO RIO DE JANEIRO Nesse cenário, o porto assume importante papel de configuração espacial sendo,

portanto, necessário um melhor conhecimento da estrutura de funcionamento e

organização do Porto do Rio de Janeiro.

Figura 20 – Porto do Rio. Fonte: Ministério dos Transportes, 2008.

O porto é administrado pela Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ),

sociedade de economia mista, vinculada à Secretaria Especial de Portos da

Page 73: BARROSO_Turistificação de lugares

71

Presidência da República, regendo-se pela legislação relativa às sociedades por ações,

Lei 6404/76, no que lhe for aplicável, pela Lei 8630/93 (CDRJ, 2008).

Constituída com a publicação do Decreto-Lei nº 256, de 28.2.1967, - a CDRJ - tem por objetivo realizar, direta ou indiretamente, em harmonia com as metas definidas pela Secretaria Especial de Portos, a administração e a exploração comercial dos portos organizados e demais instalações portuárias do Estado do Rio de Janeiro. Para complementação dos serviços estabelecidos pela legislação em vigor, podem também ser desenvolvidas atividades afins, conexas e acessórias, industriais, comerciais e de prestação de serviços. (CDRJ, 2008).

Localizado na costa oeste da Baía de Guanabara, o porto do Rio de Janeiro foi

fundado em 1910 e ocupa uma área total de 137. 536m². O cais tem uma extensão de

7.420m com profundidade que varia entre 6 e 12m. Conta com acesso rodoviário

através das rodovias BR 040, BR 116 e BR 101 e ferroviário, explorado pela MRS

Logística S.A. Movimenta cargas de granéis sólidos, produtos siderúrgicos, veículos,

petróleo e derivados (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2008).

De acordo com o relatório anual da diretoria executiva, referente a 2007, a CDRJ

vem desenvolvendo ações recuperação econômica do porto e incluindo diversas ações

ambientais. Entretanto, não há qualquer ação especifica que contemple a revitalização

da Zona Portuária, por parte da autoridade portuária. (CDRJ, 2007)

Sob o panorama das evoluções tecnológicas e do comercio internacional,

influenciado pela macroestratégia político-econômica neoliberal, o governo federal

iniciou programa de arrendamento de área portuária para empresas privadas que

tenham melhores condições de investir na modernização.

Com a promulgação da Lei nº 8630, de 25 de fevereiro de 1993, foi deflagrada o processo de modernização das atividades portuárias. Em outubro/95 iniciou-se o Programa de Desestatização nos portos contemplando, entre suas ações para alcance de objetivos, a participação da iniciativa privada nos investimentos em instalações e reaparelhamento portuário. Integrante dessa descentralização é o Programa de Arredamentos de Áreas e Instalações Portuárias. (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2008).

Page 74: BARROSO_Turistificação de lugares

72

3.1.1 O Pier Mauá

No contexto do programa de arrendamento, em 06/11/97 a empresa Píer Mauá

S.A. arrendou uma área de 51.542m² por 45 anos, investindo R$ 176.900 milhões.

(MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2008). De acordo com o Pier Mauá (2008), a

área arrendada foi de 100.000m² adquirida por contrato de leasing.

Desde então o Consorcio Píer Mauá, empresa privada, administra a Estação

Marítima de Passageiros do Porto do Rio de Janeiro (ESMAPA) que ocupa uma área de

10.000m², sendo parte do empreendimento Píer Mauá. O empreendimento oferece

estrutura de embarque e desembarque de passageiros, tripulação e bagagens. Pode

receber até cinco embarcações e o número de passageiros e embarcações vem

crescendo a cada ano, o que pode ser comprovado com a análise da tabela 1. A

comparação entre os dados mostra que a atividade vem evoluindo sistematicamente

nos últimos anos.

Tabela 1: Movimentação de passageiros

Temporada Atracações Navios diferentes Número de passageiros24

1998/1999 72 22 60.866

1999/2000 74 26 66.350

2000/2001 87 27 91.048

2001/2002 92 33 109.040

2002/2003 72 25 81.818

2003/2004 78 33 92.832

2004/2005 83 30 136.662

2005/2006 109 35 193.011

2006/2007 150 38 236.751

Fonte: Píer Mauá S.A., 2008.

Os dados apresentados na tabela 1 não apresentam a distinção entre turistas e

visitantes ou mesmo entre turistas nacionais e internacionais, entretanto, permitem

identificar que houve um crescimento desde o inicio das operações e que pode ser

24 Número aproximado.

Page 75: BARROSO_Turistificação de lugares

73

expandido. Esta expansão é confirmada pelo Píer Mauá (2008), pois estão sendo

reformados três armazéns que serão utilizados no apoio logístico para as próximas

temporadas.

De acordo com as informações obtidas junto ao Píer Mauá (2008) a expansão do

volume de navios e passageiros é possível em razão do custo competitivo, infra-

estrutura oferecida aos passageiros, embarcações e atrativos turísticos da cidade do

Rio de Janeiro. A exemplo de outras estações marítimas de passageiros, o Píer Mauá

projeta para seu empreendimento atividades culturais e de entretenimento, o que

ajudaria a manter movimentação econômica da empresa durante a baixa temporada.

Em suas instalações foram realizados grandes eventos musicais.

Dentro do espaço turístico do Rio de Janeiro, o Píer Mauá e as vias de circulação

rápida que cortam a Zona Portuária fazem desse espaço uma área gravitacional,

definida por Boullón (2002) como o raio de influência de um conjunto de pontos pelos

quais obrigatoriamente os turistas passam, mesmo que não haja atrativos turísticos.

3.2 PROJETOS, INTERVENÇÕES E INFLUÊNCIAS NO ESPAÇO DA ZONA

PORTUÁRIA DO RIO DE JANEIRO

Embora o porto do Rio de Janeiro tenha importância estratégica no nível

macroeconômico, o tratamento da área urbana da Zona Portuária é responsabilidade

direta da prefeitura. Isto não exclui ações do governo estadual e federal, sendo

importante destacar que os projetos e intervenções são obras diretas do poder público

local, agindo no ambiente em que se localiza a área de estudo. As influências na área

de estudo são originadas do ambiente externo à Zona Portuária, afetando todo um

conjunto de atividades e outras áreas da cidade e do país.

A área central do Rio de Janeiro é formada por dez bairros, divididos em quatro

regiões administrativas, das quais a I RA é objeto deste estudo. Desde os anos de 1970

“a Área Central do Rio de Janeiro viveu o ápice da conjunção entre os processos de

esvaziamento funcional, decadência física e abandono por parte do poder público. A

Page 76: BARROSO_Turistificação de lugares

74

partir do final daquela década e início da seguinte, o quadro começa a se reverter, pelo

menos em relação à postura do poder público” (DUARTE, 2005).

Na década seguinte, a postura do poder público começa a mudar fruto de

transformações na estrutura governamental com o fim da ditadura militar. Essa nova

postura que reduziu a inércia do poder público se justifica ainda pelo acúmulo de

edificações abandonadas causando prejuízos com o recolhimento de impostos

municipais como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

A preocupação com o patrimônio arquitetônico e a memória levou o governo

municipal a criar mecanismos para preservar e restaurar os imóveis com conteúdo

histórico e artístico. Assim, foi criado o incentivo fiscal para isenção do IPTU de imóveis

tombados, quando efetivada pelo proprietário a recuperação e conservação do imóvel.

“A partir da promulgação desse dispositivo legal, muitos proprietários reformaram as

fachadas de prédios históricos, contribuindo de forma significativa para a mudança na

paisagem da região” (DUARTE, 2005).

Entretanto, apenas a recuperação de imóveis não seria suficiente, sendo

necessário refuncionalizar a região central, estimulando a existência de fluxos

intraurbanos fora do horário comercial. No entender de Duarte (2005), o “objetivo

vincula-se ao propósito de tentar requalificar o espaço urbano do Centro do Rio a partir

da sua revalorização mais simbólica/subjetiva para, depois, atingir uma valorização

mais objetiva/econômica, que permita que as forças do mercado dêem maior vigor e

autonomia ao processo”. Tal proposição é comprovada pela criação de inúmeros

centros culturais com espaços para eventos diversos.

Contribuiu para esta ampliação de atividades culturais a Lei Rouanet25

viabilizando restaurações de prédios culturais e históricos com recursos tanto públicos

como privados. Foram beneficiados museus, teatros, igrejas e prédios históricos.

Lentamente ao longo dos anos estimulou-se uma crescente oferta de livrarias e

restaurantes na área central; como exemplo notório disso tem-se o caso do bairro da

Lapa (DUARTE, 2005).

25 Lei Rouanet - Lei 8.313, de 23/12/1.991 permite às empresas patrocinadoras um abatimento de até 4% no imposto de renda, desde que já disponha de 20% do total já pleiteado. Para ser enquadrado na lei, o projeto precisa passar pela aprovação do Ministério da Cultura, sendo apresentado à Coordenação Geral do Mecenato e Aprovado pela comissão Nacional de Incentivo à Cultura.

Page 77: BARROSO_Turistificação de lugares

75

Toda esta intervenção na área central influenciou a criação do Plano de

Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro. Para Duarte

(2005) “uma proposta integrada e de grande envergadura”. O plano foi criado em 2001

pelo Instituto Pereira Passos, autarquia vinculada á Secretária Municipal de Urbanismo

da Prefeitura do Rio de Janeiro, com o objetivo de reorganizar o espaço adjacente ao

porto do Rio de Janeiro.

Propostas de revitalização da Zona Portuária existem desde os anos 1970, mas

entre o discurso e a ação para implementar os projetos há uma grande distância. Houve

propostas da CDRJ, arquitetos, urbanistas, estudantes entre outros; porém, a única

ação efetivada nas ultimas décadas do século XX foi a transferência das atividades

portuárias para o cais do Caju, tornando os grandes galpões cada vez mais ociosos

(IPP, 2001). Entretanto, a ociosidade permitiu que as formas originais da Zona Portuária

permanecessem inteiras, embora decadentes e abandonadas, persistem no tempo e se

mantêm na “imagem coletiva como alternativa e como um lugar do futuro” (IPP, p 7,

2001).

Um conjunto de eixos de ações foi proposto, entre os quais a revisão da

legislação urbana, função residencial, reestruturação da circulação viária, recuperação

de espaços públicos, programas de geração de emprego e rendas e parcerias públicas

e privadas, nacionais e internacionais para a revitalização (IPP, 2001).

Neste sentido, é necessário assumir a condição estratégica para desenvolver os

potenciais da Zona Portuária por meio de núcleos econômicos, culturais e sociais. Atrair

investimentos privados para atividades de serviços, comércio e lazer, privilegiando o

espaço para a função de moradia. Romper o isolamento viabilizando articulação interna

multiplicando os meios de locomoção e vias de acesso. Reintegrar a área a paisagem

da Baía de Guanabara. Valorizar o patrimônio urbano e arquitetônico local destacando

os elementos significativos. Através de políticas públicas incorporar imóveis históricos a

usos habitacionais e comerciais. Investir em melhorias de pontos estratégicos,

sinalizando oportunidades para novos investimentos privados e criação de um elemento

gestor que reúna os interessados no desenvolvimento da Zona Portuária inspirado no

método adotado nos exemplos de Puerto Madero em Buenos Aires e Victoria e Alfred

na cidade do Cabo.

Page 78: BARROSO_Turistificação de lugares

76

O plano contempla um conjunto de diretrizes, que se espera, sejam capazes de

acelerar o processo de revitalização urbana da Zona Portuária (IPP, 2001), entre as

quais se destacam: a) a aprovação de um programa de intenções entre a esfera

municipal e federal para permitir intervenção na espaço portuário; b) integração das

atividades portuárias respeitando funcionalidades múltiplas a exemplo de outras

cidades; e c) alteração das “atuais condições de utilização e ocupação do solo na área,

adequando-a, em especial no trecho da retroárea, para implantação de atividades e

formas de uso misto e/ou de comércio e de serviços, hoje não permitidas pelo

zoneamento em vigor” (IPP, 2001, p. 14).

A intenção do poder público municipal era a recuperação da infra-estrutura pelo

município, gerando novo valor percebido para a Zona Portuária, atraindo então

parcerias e investimentos. “A previsão era de investimentos públicos de cerca de US$

50 milhões em quatro anos, contados a partir de 2002 e de US$ 1 bilhão em

investimentos privados em uma década” (DUARTE, 2005).

A partir dos eixos centrais do plano, foram definidas metas estratégicas:

• Melhoria da drenagem e do esgotamento da região. • Restauração do casario do morro da Conceição • Favela-Bairro no Morro da Providência. • Reabilitação dos seis primeiros armazéns do cais do Porto, destinados a

galerias, restaurantes, cinemas, exposições, eventos culturais. • Reforma de grandes prédios públicos da região, como o Edifício “A Noite”,

na Praça Mauá (o primeiro “arranha-céu” da cidade). • Construção de um complexo de cultura e entretenimento no Píer Mauá e

um aquário oceânico. • Reestruturar a rede de transporte da Região Portuária, incluindo a

implantação de quatro linhas do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), abertura de ruas de circulação interna, dotadas de calçadas generosas, túneis e ciclovias.

• Despoluir o Canal do Mangue e o Canal da Av Francisco Bicalho. (DUARTE, 2005).

É necessário ressaltar que entre as metas estratégias algumas sequer iniciaram

até o momento.

No morro da Conceição algumas edificações estão sendo restauradas, o Favela-

Bairro no Morro da Providencia aconteceu e gerou frutos como o Museu a Céu Aberto.

Entretanto, uma visita ao local permite verificar que falta muito a ser feito. Os armazéns

do cais do porto continuam sem qualquer alteração, exceto a Estação Marítima de

Page 79: BARROSO_Turistificação de lugares

77

Embarque de Passageiros do Porto do Rio de Janeiro (ESMAPA). Mesmo o Armazém 5

– Armazém Rio26, muito usado para festas e eventos, na parte externa apresenta,

ainda, condições precárias. Também não houve alterações no sistema de transportes e

de saneamento.

O edifício “A Noite” continua sem melhorias. Junto ao Píer Mauá, trecho do porto

do Rio de Janeiro, há um terreno desocupado, o que em parte se deve ao impedimento

de instalação da filial do Museu Guggenheim27. O projeto foi considerado, pela oposição

ao governo municipal e setores da sociedade formadores de opinião, repleto de

irregularidades e com custo elevado sendo, portanto, frustrada a proposta.

Entretanto, Duarte (2005) identificou uma série de propostas que foram

viabilizadas como fruto de políticas públicas anteriores ao plano de revitalização e que

foram efetivadas ou se encontram em andamento, entre as quais destacam-se a

“instituição da Área de Proteção Ambiental - APA, de parte dos bairros da Saúde,

Gamboa e Santo Cristo (SAGAS), através do Decreto Municipal 7.351/8828, definindo

todos os parâmetros urbanísticos para a área” (DUARTE, 2005). O projeto SAGAS foi

fruto de uma reação da comunidade local ante as propostas implementadas nos anos

de 1970 quando se projetava a construção de um moderno “teleporto” na Zona

Portuária, e foi caracterizado por:

um forte movimento da população residente nos bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo que levaram, após uma quinzena de debates e vários estudos, à aprovação de atos legais voltados para a preservação dos bairros, em seus trechos residenciais e de fronteira imediata à orla portuária, que ficaram conhecidos como Projeto Sagas (IPP, 2001, p. 7).

A idéia original do “teleporto” era criar um centro moderno e tecnologicamente

adaptado aos novos padrões de telecomunicações, capaz de ligar a cidade ao mundo

de forma eficiente, o que ampliaria o valor imobiliário da orla portuária. “As idéias

arrojadas de futuro incluíam pela primeira vez o monotrilho, calçadas rolantes, parques

26 Em janeiro de 2002 a Prefeitura inaugurou o Armazém do Rio, um espaço para shows, exposições e eventos culturais com 3.500 m2, capacidade para 5.000 pessoas e que ocupa um dos armazéns desativados do Porto, o de número 5 (DUARTE, 2005). 27 Projeto Guggenheim Rio apresentado em 03/02/07 pelo arquiteto francês Jean Nouvel encomendando pela Prefeitura do Rio de Janeiro. 28 Disponível em http://www.rio.rj.gov.br/sedrepahc/ Acesso em 05 jun 2008.

Page 80: BARROSO_Turistificação de lugares

78

e até um sistema particular de fornecimento de energia” (IPP, 2001, p. 7). Na verdade, o

projeto SAGAS contribui para manter grande parte das atuais formas existentes no

lugar.

Alguns logradouros foram urbanizados, imóveis antigos foram recuperados para

servir de moradia, foram realizadas a implantação de um conjunto residencial na

Saúde, construção da Vila Olímpica da Gambôa, com 29.000 m² e ao lado, a Cidade do

Samba.

No que tange a área central, “os sinais de que a região tornou-se um foco

crescente de fluxos ligados ao lazer, cultura e turismo, (inclusive à noite e nos fins de

semana) são fortes demais para serem ignorados” (DUARTE, 2005), permitindo

verificar a refuncionalização, embora modesta, de parte da região central, Entretanto,

esse autor considera, pela evolução das propostas e pelas características da área de

estudo, que “ainda é cedo para se falar em uma reorganização territorial da Zona

Portuária carioca” (DUARTE, 2005), pois são muitos os obstáculos que impedem uma

rápida alteração da configuração da Zona Portuária.

Os impedimentos presentes ao projeto de revitalização da Zona Portuária são:

fixos espaciais29, problemas de articulação entre as esferas do poder público, falta de

recursos, a dificuldade de circulação e questões fundiárias, segundo Duarte (2005).

A questão fundiária se apresentou desde o inicio do projeto como um entrave,

pois boa parte dos terrenos foi originada de aterros, sujeita ao controle do Patrimônio

da União, o que exige que toda transação imobiliária deva passar pela União.

Durante muito tempo, o processo de ocupação na área portuária foi orientado pela cessão de terras da União, para o exercício de atividades públicas, representadas por distintos Ministérios e órgãos federais que localizavam suas sedes de prestação de serviços no centro de negócios e as atividades de apoio na região do porto. A mudança da Capital para Brasília, e a conseqüente alteração de status político e administrativo da cidade do Rio de Janeiro, resultou no esvaziamento local, refletido no panorama de sua paisagem construída. (IPP, 2001).

Dentre os fixos instalados na Zona Portuária, aqueles que perderam o valor de

mercado foram sendo alienados, cedidos ou invadidos. Mantiveram-se os domínios das

29 Fixos espaciais são objetos construídos no espaço.

Page 81: BARROSO_Turistificação de lugares

79

operações portuárias e ferroviárias que configuram os principais proprietários de terras

na Zona Portuária. Nos espaços obsoletos do uso ferroviário, o projeto prevê que

podem ser transformados em logradouros para auxiliar na melhor circulação local (IPP,

2001).

Sob a ótica do plano de revitalização, as intervenções devem ser

estrategicamente escolhidas, uma vez que demonstrariam à sociedade e ao mercado

um processo em andamento e a conseqüente atração de investimentos para a

localidade. “Seria assim, sinalizado para os representantes do setor privado, que há um

processo em curso e que este encaminha-se para romper o caráter monopolista que se

faz presente, tanto na função exclusiva para toda área, quanto na estrutura de

propriedades” (IPP, 2001). A figura 21 permite identificar os grandes proprietários de

terra na Zona Portuária.

Ressalte-se que o trecho pertencente à Rede Ferroviária Federal ao centro da

figura 21 hoje é ocupado pela Cidade do Samba. É possível notar na figura 21, a linha

que delimita a área do projeto SAGAS e compreende principalmente espaços com uso

residencial. Essa área do projeto SAGAS ultrapassa os limites da I RA e inclui, por

exemplo, toda a avenida Marechal Floriano, já na II RA.

A proposta de revitalização em implementação pelo IPP baseia-se no modelo de

eixos e núcleos de desenvolvimento. Dessa forma atingiria os pontos estratégicos

delineados nas diretrizes. Os eixos estratégicos tratam do sistema viário de

deslocamento interno e de passagem, conforme já apresentado na delimitação da área

de estudo. Os núcleos, de uma forma geral, inserem propostas para o Píer Mauá,

avenida Rodrigues Alves à altura do armazém 3 e avenida Barão de Tefé, morro da

Saúde, Gambôa junto ao armazém 9 onde hoje está situada a Cidade do Samba,

conforme se pode observar junto a figura 22.

Destacam-se nas propostas as opções de tornar o elevado da perimetral em

passagem de nível à altura da Praça Mauá, criando ainda estacionamentos

subterrâneos. Durante a pesquisa, em campo, foi possível constatar que na Saúde

muitas ruas junto aos armazéns na área retro-portuária servem de estacionamento, o

que indica a necessidade de ampliação do número de vagas para veículos nas ruas da

localidade.

Page 82: BARROSO_Turistificação de lugares

80

Figura 21 – Grandes Proprietários. Fonte: IPP, 2001, p. 12.

Page 83: BARROSO_Turistificação de lugares

81

Figura 22 – Estrutura proposta para revitalização. Fonte: IPP, 2001, p. 17.

Outro elemento do projeto que merece destaque é a abertura da passagem

direta através da área do 1º Distrito Naval ligando a Praça XV de Novembro e o

Corredor Cultural à praça Mauá e a conseqüente ampliação da ciclovia ligando a área

ao Museu de Arte Moderna. Entretanto, esta proposta esbarra na dificuldade em mover

Page 84: BARROSO_Turistificação de lugares

82

uma parte dos fixos da organização militar. A proposta de Bondes, veículos leves sobre

trilhos (VLT), circulando junto ao antigo contorno do litoral, facilitará a ligação interna

entre os bairros da Zona Portuária, deverá contribuir para que áreas do Santo Cristo

sejam relativamente valorizadas.

O projeto estudou detalhadamente as propriedades existentes para identificar o

potencial de cada ponto.

Para determinar as áreas e imóveis passíveis de um processo de renovação, foram levantadas informações pertinentes à propriedade, utilização, grau de proteção e estado de conservação. Foram ainda consideradas as propostas apresentadas de modificação do desenho urbano, bem como situações específicas referentes à implantação dos imóveis por quadras, destacando-se problemas como empenas cegas, áreas ociosas, barreiras visuais e paisagens a destacar. A análise foi complementada pelo mapeamento da legislação em vigor cruzando-se, assim, informações oriundas de diferentes fontes de pesquisa. (IPP, 2001, p. 23).

Este levantamento permitiu identificar locais que deveriam ser tombados e

preservados, como a sede do 5º Batalhão de Policia Militar, na antiga praça da

Harmonia. “Com o resultado da identificação do que deve ser mantido, do que é difícil

alterar e do que promover como espaço público, foram definidas as quadras e terrenos

onde a renovação construtiva e de uso poderia ocorrer sem comprometer a

personalidade da área”. (IPP, 2001, p. 23).

Os estudos preliminares identificaram no zoneamento de uso do solo a principal

dificuldade para refuncionalizar a área. O fato é o enquadramento legal da área prevê o

uso de atividades industriais e portuárias não permitindo construções para habitação.

Nesse sentido, se faz necessário “decretar uma nova Área de Especial Interesse

Urbanístico, nos mesmos moldes das anteriormente propostas para o Centro e Cidade

Nova” (IPP, 2001, p. 24,).

Sob o aspecto do desenvolvimento da atividade turística, o plano apresenta

intenções de criar espaços de lazer, facilitar a conexão com o Corredor Cultural e criar

uma estrutura cultural de grandes dimensões no Píer Mauá. Entretanto, não houve um

levantamento mais especifico quanto as propostas turísticas em outros pontos da Zona

Portuária. Muito embora os fixos e a função da ESMAPA configurem a área da Zona

Portuária como uma área gravitacional para as propostas turísticas, a recuperação do

Page 85: BARROSO_Turistificação de lugares

83

conjunto arquitetônico, o tombamento de imóveis e viabilização de comércio permitiriam

a expansão de turistas para outros pontos da Zona Portuária.

Figura 23 – Potencial de renovação. Fonte: IPP, 2001, p. 25.

A figura 23 indica que o projeto prevê a recuperação das áreas retro-portuárias

que são os espaços em que se percebe o maior abandono, pois tinha dependência do

uso industrial e do comércio internacional. Junto às encostas e nas áreas do projeto

SAGAS existe movimento de pessoas e serviços com alguns núcleos comerciais,

Page 86: BARROSO_Turistificação de lugares

84

principalmente ao longo da Rua Sacadura Cabral, local em que há usos consolidados

como do Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro.

É preciso destacar a falta de articulação entre os elementos do poder público

municipal, uma vez que a Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (RioTur)

quando foi consultada sobre o projeto de revitalização da Zona Portuária, informou não

ter conhecimento do plano e que caso a Secretária Municipal de Urbanismo, entendo

ser necessário, encaminharia o projeto para a apreciação.

O projeto de revitalização é uma realidade que, cedo ou tarde, irá transformar o

espaço da Zona Portuária. Porém, para o interesse deste trabalho, devem-se

considerar dois elementos que contribuíram para que o ambiente oferecesse uma

oportunidade para ocorrer turistificação na Zona Portuária do Rio de Janeiro. Essa

contribuição realiza-se no sentido de que mostra através de dispositivos legais como os

usos do espaço são alterados com as ações do poder público. O primeiro item trata de

uma alteração na legislação nacional que interfere no uso local. O segundo item refere-

se a um programa do poder público municipal que altera a legislação de parte da região

central para criar o Corredor Cultural.

3.2.1 A Lei de Cabotagem

A revisão da lei de Cabotagem é importante para este estudo, pois ela marca

historicamente o momento em que a Zona Portuária passa a ter a função de ponto focal

para as propostas de planejamento turístico. Isto se deve ao funcionamento da

ESMAPA.

Porém é necessário ressaltar que o Terminal Rodoviário Novo Rio também é um

ponto focal, mesmo estando na borda oriental do local de estudo e vinculado ao acesso

da avenida Francisco Bicalho e, portanto, não contribuindo para concentrar turistas na

Zona Portuária. No sentido do espaço turistico, deve-se considerar o elevado da

perimetral como roteiro de traslado, como acesso do Aeroporto Internacional até a área

gravitacional com meios de hospedagem. Assim, independentemente da ESMAPA

Page 87: BARROSO_Turistificação de lugares

85

como ponto focal, a Zona Portuária já se configurava como parte da área gravitacional

do espaço turístico real do Rio de Janeiro, entretanto sem concentrar turistas na área

de estudo.

A importância resultante da ação federal consiste no fato de que com a Lei de

Cabotagem há uma oportunidade nova no ambiente externo para modificações no

espaço da Zona Portuária. O que se explica pelos novos fluxos de turistas que

passaram a circular pelo corredor de traslado. Isto configura a Zona Portuária como um

espaço que concentra principalmente turistas internacionais. Entretanto, está

concentração vem acontecendo de forma sem uso do território pelos turistas, que

passam por pontos da Zona Portuária, usando o sistema de circulação como corredor

de translado.

Anteriormente à Lei de Cabotagem, os cruzeiros marítimos que vinham ao Brasil

aportavam em um destino específico, o que tornava onerosa para as empresas

armadoras tal atividade, pois não eram permitidas escalas entre os portos da costa

brasileira. Com a Lei de Cabotagem, o quadro mudou, uma vez que passou a ser

permitido aos navios de bandeira estrangeira navegarem na costa nacional, garantido

acessos a diversos portos do país.

Assim passou a ser possível para as empresas armadoras, além de oferecer um

produto a turistas internacionais com variados destinos, promover o turismo interno,

uma vez que pacotes são vendidos para pequenas viagens ao longo da costa brasileira.

Para acontecer a alteração do ambiente, foi necessário que o poder público

alterasse a legislação existente. A Lei de Cabotagem foi permitida pela Emenda

Constitucional nº 7 de 15 de Agosto de 1995 que alterou a redação do Artigo 178 da

Constituição Federal, determinando a observância do principio da reciprocidade para

regular o transporte internacional em águas brasileiras, conforme segue o texto na

integra:

Art. 1º O art. 178 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade”.

Page 88: BARROSO_Turistificação de lugares

86

Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, a lei estabelecerá as condições em que o transporte de mercadorias na cabotagem e a navegação interior poderão ser feitos por embarcações estrangeiras" (CASA CIVIL – SUBCHEFIA PARA ASSUNTOS JURIDICOS, 1995).

A alteração na redação constitucional ficou conhecida como Lei de Cabotagem,

que na prática permitiu navios internacionais em viagens de longo curso navegar junto

a consta brasileira com permissão de ancorar nos portos nacionais, respeitada a

reciprocidade adotada pelo país de origem do navio estrangeiro.

3.2.2 O Projeto do Corredor Cultural do Rio de Janeiro

Como observado anteriormente, a Zona Portuária e o Centro Histórico integram a

área central do Rio de Janeiro e possuem uma proximidade tanto geográfica quanto

histórica. Sob este aspecto o entendimento do Corredor Cultural se faz relevante para o

presente estudo uma vez que influencia diretamente no potencial turístico do lugar.

O Corredor Cultural do Rio de Janeiro foi criado pela Lei Municipal 506 de 17 de

janeiro de 198430, estabelecendo uma Zona Especial do Corredor Cultural com o

objetivo de preservar o ambiente e a paisagem do centro da cidade do Rio de Janeiro.

Esse instrumento legal determinou que vigorassem, na área do Corredor Cultural,

condições para preservação, reconstituição e renovação das edificações incluindo

também os espaços de lazer e recreação.

A preservação visou manter as características arquitetônicas, artísticas e

decorativas da região central, prevendo que todas as modificações devam ser

previamente aprovadas pela prefeitura. Isto demonstra como a política pública pode

agir diretamente nas formas e funções do espaço.

De acordo com Pinheiro (2001), a área delimitada para o projeto do Corredor

Cultural se baseou no conteúdo histórico, sendo a área do projeto similar a da cidade

30 Disponível em http://www.rio.rj.gov.br/sedrepahc/ Acesso em 05 jun 2008.

Page 89: BARROSO_Turistificação de lugares

87

do Rio de Janeiro no inicio do século XIX. Estes espaços selecionados podem ser

resumidos em Praça XV de Novembro, Cinelândia, Lapa e Saara.

Grande parte do sucesso do Corredor Cultural está ligada à iniciativa privada que

aderiu ao projeto devido às concessões de benefícios e incentivos fiscais. No projeto

inicial eram 1600 imóveis e atualmente cerca de 10.000 edificações estão inseridas no

programa de incentivos fiscais do Corredor Cultural (PINHEIRO, 2001).

O corredor cultural representou um esforço do poder público municipal em

preservar a memória e história, e pode ser considerado como um marco para a

caracterização do Rio de Janeiro como um destino turístico cultural. Por conseqüência,

proporciona uma conjuntura que aliada à Lei de Cabotagem, é capaz de influenciar a

execução do Plano de Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de

Janeiro, potencializado a possibilidade de turistificação deste espaço.

3.3 O PATRIMÔNIO TURÍSTICO LOCAL

O espaço da Zona Portuária do Rio de Janeiro apresenta um vasto conteúdo

histórico como foi visto, pois seu desenvolvimento urbano permitiu que diversas formas

fossem conservadas, propiciando a manutenção de um patrimônio e possibilitando que

alguns setores mantivessem uma homogeneidade arquitetônica.

Por se constituir em um espaço totalmente urbano, os atrativos turísticos

existentes e potenciais são classificados na categoria de culturais, conforme

metodologia adotada que classifica os atrativos turísticos em categorias e, dentro das

categorias, os tipos que são na verdade subclasses. Desta forma, foi possível

sistematizar e agrupar os dados coletados em campo. (FRATUCCI, 2005).

É necessário observar que a Zona Portuária do Rio de Janeiro é parte da cidade

do Rio de Janeiro que configura um centro turístico. Assim, a Zona Portuária se insere

neste contexto, na condição de área gravitacional, recebendo parte dos fluxos turísticos

da cidade, principalmente no movimento entre os logradouros que servem de ponto

focal e roteiros de traslado.

Page 90: BARROSO_Turistificação de lugares

88

Estes logradouros são o Terminal Rodoviário Novo Rio e a ESMAPA situados

dentro do espaço portuário. Além do movimento originado dos terminais localizados na

Zona Portuária, o elevado da perimetral atua como trecho do roteiro opcional para

traslado entre o Aeroporto Internacional Tom Jobim e o centro hoteleiro do Rio de

Janeiro.

Por este motivo, a Zona Portuária não apresenta equipamentos e serviços

turísticos próprios. Entretanto, o trabalho em campo identificou que existem

estabelecimentos de alimentação na localidade, mas estes ainda não registram um uso

freqüente por parte de turistas.

Na retroária, que inclui os espaços imediatamente adjacentes ao porto e se

configura pelo uso do solo legalizado para atividades industriais e portuárias, não há

nenhum tipo de estabelecimento de alimentação. A exceção são os restaurantes e

lanchonetes que funcionam no interior dos terminais de embarque e desembarque de

passageiros, e em dois postos de combustíveis localizados ao longo da avenida

Rodrigues Alves. Na área residencial há o predomínio de pequenos bares que servem

bebidas no balcão.

A figura 24 indica os estabelecimentos de alimentação com estrutura capaz de

receber pequeno fluxo adicional de clientes.

Nome Localização

Sacadura Cultura e Gastronômia Rua Sacadura Cabral 147, Saúde Porto Saúde Gastronômia Rua Sacadura Cabral 228, Gamboa Restaurante Santos Nascimento Rua Argemiro Bulcão 33, Saúde Figura 24 – Restaurantes Fonte: Elaboração própria.

Os meios de hospedagem presentes na local de estudo não apresentam

condições para absorver a demanda turística, uma vez que, em geral, prestam serviços

de alojamento por poucas horas. Outros equipamentos como agências de viagens,

casas de cambio e transportadoras turísticas possuem presença na área de estudo.

Durante o auge da movimentação comercial do porto do Rio de Janeiro, a área

próxima à praça Mauá recebia um grande número de marujos estrangeiros o que

propiciou a atividade da prostituição e de casas noturnas. Entretanto, com a estagnação

do lugar, atualmente dois estabelecimentos funcionam ligados à prostituição, as Boites

Page 91: BARROSO_Turistificação de lugares

89

Flórida e Scandinavia. O Cabaret Kalesa e restaurante Sacadura Cultura e

Gastronomia funcionam regularmente a noite como danceteria.

O Armazém Rio se enquadra como estabelecimento noturno, entretanto, pode

ser considerado como espaço para eventos, pois com uma área de 3.500m² costuma

organizar eventos que duram mais de uma noite. O espaço do Píer Mauá é também

utilizado para importantes eventos musicais.

Na borda ocidental da Zona Portuária, junto à avenida Francisco Bicalho

funciona o Clube dos Portuários que cede seu ginásio para ensaios do Grêmio

Recreativo Escola de Samba Unidos da Tijuca. No Santo Cristo encontra-se o local em

que foi criada a Escola de Samba Vizinha Faladeira, uma das raízes das escolas de

samba.

A Cidade do Samba oferece espaços próprios para eventos ligados a atividades

dentro da temática carnavalesca, entretanto, fica fechada por três meses, após o

carnaval. O Centro Cultural Ação Cidadania oferece espaço amplo e pitoresco para

eventos de porte considerável.

Com potencial para sediar eventos dos mais diversos tipos, os armazéns da

Zona Portuária podem ser aproveitados. A figura 25 permite uma noção da amplitude

de atividades que podem ser realizada nos armazéns. A Vila Olímpica da Gambôa

oferece espaço que pode ser adaptado para grandes eventos culturais, além de sua

característica funcional que permite eventos esportivos.

Para eventos de negócios ou científicos o único espaço adequado é localizado

na praça Mauá, no edifico RB 1, que possui um centro de convenções com infra

estrutura moderna e adequada para eventos de pequeno, médio e grande porte.

Oferece ainda serviços de banquete e estacionamento.

Quanto à Infra-estrutura de apoio turístico é necessário ressaltar que a

metodologia é modelada para inventariar um município integralmente, tendo sido

adaptada para uma subdivisão do município. Portanto, tais elementos componentes do

apoio ou foram anteriormente especificados junto a caracterização da Zona Portuária

ou não se fazem relevantes para os objetivos deste estudo.

Page 92: BARROSO_Turistificação de lugares

90

Figura 25 – Zona Portuária - Armazéns. Fonte: IPP – Memória da Cidade, Banco de Imagens, 2008.

Deve-se ressaltar que áreas imediatamente adjacentes podem suprir as

necessidades de serviços urbanos sem, contudo, haver um limite legal e ou distância

como ocorreria entre dois municípios. Por exemplo, no sistema de segurança, uma

delegacia policial pode não estar instalada na área de estudo, mas ter jurisdição sobre

o local em analise.

Os atrativos turísticos devido às características de conjunto foram agrupados e

consolidados em sítios históricos. Com maior vulto e possibilidades de integrar-se ao

Corredor Cultural há o conjunto do Morro da Conceição, localizado na Saúde, próximo á

praça Mauá, compreendendo uma área de aproximadamente 200.000m², com

construções desde o século XVI, que deixam suas marcas no Morro da Conceição,

predominando o estilo colonial.

Em 1988, a Zona Portuária teve grande parte de seu patrimônio cultural

protegido. A Lei Municipal 7351, projeto SAGAS, preservou cerca de 2.000 edificações

históricas localizadas principalmente nos morros da Conceição, Saúde, Livramento,

Gamboa e Pinto. A elas se somam, ainda, tombadas pelo Instituto do Patrimônio

Artístico Nacional (Iphan), a fortaleza de N.S. da Conceição conforme processo número

Page 93: BARROSO_Turistificação de lugares

91

0155-T-38; o palácio Arquiepiscopal processo número 0155-T-38; a igreja de São

Francisco da Prainha processo número 0022-T-38 e pelo Instituto Estadual do

Patrimônio Cultural (Inepac) a Pedra do Sal, de acordo com o processo E-

18/300.048/84.

Figura 26 – Imagem do Morro da Conceição Satélite Ikonos II, 2002. Fonte:.Sensora Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto Ltda.

É no Morro da Conceição que estão instalados a Fortaleza da Conceição e o

Palácio Episcopal que hoje é sede da 5ª Divisão de Levantamento do Exército Brasileiro

e onde funciona o Museu Cartográfico do Serviço Geográfico do Exército Brasileiro,

com um acervo de mapas, fotografias e instrumentos utilizados em levantamentos

topográficos.

O Observatório do Valongo também está instalado no sítio do Morro da

Conceição. É sede do Departamento de Astronomia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro e fornece infra-estrutura para o desenvolvimento de suas atividades de ensino,

de pesquisa e de extensão. Durante o período da lua crescente, o observatório é aberto

Page 94: BARROSO_Turistificação de lugares

92

à comunidade para observar o satélite. Não conta com serviço estruturado para visitas

diárias, mas o acesso as instalações e ao jardim é permitido.

Figura 27 – Mosaico de fotos do Morro da Conceição. Fonte: IPP – Memória da Cidade, Banco de Imagens, 2008.

Figura 28 – Praça Mauá. Fonte: IPP – Memória da Cidade, Banco de Imagens, 2008.

Outro conjunto que foi identificado é o da praça Mauá, com uma área de

aproximadamente 60.000m² em que se localiza o Píer Mauá, o edifício “A Noite” em art-

déco, o edifico RB 1 em estilo pós-moderno, o edifício Príncipe D. João, em destaque

Page 95: BARROSO_Turistificação de lugares

93

na figura 28, construído em 1912 em estilo clássico. O conjunto da praça Mauá chama

a atenção pela multiplicade de estilos arquitetônicos ali preservados.

No Morro da Providência há o projeto do Museu a Céu Aberto que teve origem

durante a aplicação do Programa Favela-Bairro da Prefeitura do Rio de Janeiro. A

favela mais antiga da cidade passou por um programa da prefeitura que canalizou a

rede de esgoto e pavimentou as vielas. Não possui trânsito de veículos e, embora tenha

serviço comunitário de limpeza, o lixo toma conta de vários pontos do que é

considerado o Museu a Céu Aberto.

O local continua com obras, desta vez do Programa de Aceleração do

Crescimento (PAC) do Governo Federal e está ocupado pelas tropas do Exército em

razão da questão do trafico de drogas. Apesar do empenho da prefeitura, o projeto do

Museu a Céu Aberto até o momento não apresenta fluxos regulares ou mesmo retorno

satisfatório para a comunidade. (figura 29).

Figura 29 – Morro da Providencia. Fonte: IPP – Memória da Cidade, Banco de Imagens, 2008.

Na encosta do Morro da Providência localiza-se o Cemitério dos Ingleses,

ambientado por árvores frondosas em meio a caminhos tortuosos que acompanham o

declive do terreno. A maioria das campas baixas é coberta por vegetação rasteira,

assinaladas por simples lápide de mármore vertical. Os monumentos funerários são

poucos e mais recentes. A singela capela mortuária é a única edificação no terreno. O

cemitério é cercado pela Favela do Morro da Providência. A sua frente foi construída a

Page 96: BARROSO_Turistificação de lugares

94

cidade do Samba o que gerou pavimentação dos acessos próximos e aumento no fluxo

de veículos.

A Cidade do Samba recuperou uma enorme área que pertencia a Rede

Ferroviária Federal. Está situada ao lado da Vila Olímpica da Gambôa e possui acesso

próximo à Central do Brasil através do Túnel João Ricardo. As ruas que circundam o

atrativo foram ampliadas e receberam nova pavimentação. Dentre os atrativos da Zona

Portuária é o único que tem fluxos de turistas regulares.

Na antiga praça da Harmonia, hoje praça Coronel Assunção, está a sede o 5ª

Batalhão de Policia Militar construção que data de 1814, sendo preservado pelo

patrimônio histórico é um exemplar de arquitetura militar do inicio do século XX.

Figura 30 – Antiga praça da Harmonia e Moinho Fluminense. Fonte: IPP – Memória da Cidade, Banco de Imagens, 2008.

Do outro lado da praça, indo desde a encosta do Morro do Livramento até a

avenida Rodrigues Alves, as instalações do Moinho Fluminese ocupam três quadras. O

Moinho Fluminense possui atividades industriais e, a exemplo do 5ª Batalhão, não

recebe visitas. Entretanto é um exemplar sem igual no que tange a arquitetura

industrial.

Outro elemento presente no espaço da Zona Portuária com características de

arquitetura industrial é a Fabrica de Chocolate Bhering, situada na rua Orestes no

Santo Cristo, próxima ao Terminal Rodoviário Novo Rio. Com uma área de 15.000m²

foi inaugurado em 1934 em um edifício com 4 pavimentos e um térreo. A estrutura

Page 97: BARROSO_Turistificação de lugares

95

metálica foi trazida da Alemanha. Ao redor da fábrica, que fica na encosta do Morro do

Pinto, as casas tomaram todo o terreno, as ruas são estreitas e não suportam o trânsito

de veículos pesados.

Na avenida Barão de Tefé um atrativo com potencial é o Centro Cultural Ação e

Cidadania. Sediado em um antigo armazém com 14.000 m² foi construído por André

Rebouças em 1871 e recuperado pelo arquiteto Hélio Pellegrino. A reforma deixou a

edificação com um estilo rústico, com tijolos crus e ferro, mas com toques diferentes

como luminárias que dão um ar de requinte. Na área externa, a Rua Barão de Tefé é

bem larga e possui trâfego pesado, enquanto na rua Coelho e Castro, ao lado, há

pouco movimento sendo usada como estacionamento pelos trabalhadores das

imediações. Não existem edifícios de porte maior que o Centro Cultural dos lados do

prédio permitindo uma boa visibilidade.

Na Gambôa, situado à rua Pedro Ernesto, número 80, chama atenção o Centro

Cultural Municipal José Bonifácio que é dedicado à cultura afro-brasileira, incluindo uma

biblioteca especializada com um acervo de mais de 750 títulos sobre o tema da cultura

afro-brasileira. O Centro Cultural Municipal José Bonifácio funciona como sede do

Centro de Referência da Cultura Afro-brasileira, único no gênero na América Latina, em

um prédio tombado estilo renascentista, erguido em homenagem ao patriarca da

Independência José Bonifácio, realiza atividades cotidianas de oficinas, cursos,

espetáculos e exposições, todas gratuitas.

Próximo ao Centro Cultural Municipal José Bonifácio foram encontrados em 1996

fragmentos de crânios e ossos humanos entre artefatos de cerâmica, vidros, metais e

outras evidências arqueológicas, em um sítio arqueológico denominado Cemitério dos

Pretos Novos. Dentre os 5.563 fragmentos encontrados nas escavações do sítio

arqueológico Cemitério dos Pretos Novos, a análise antropológica e biológica dos ossos

não cremados, apesar das condições precárias nas quais foi feito o salvamento,

permitiu identificar 28 corpos, em sua maioria de jovens do sexo masculino, com idades

entre 18 e 25 anos. Hoje no local funciona um Centro Cultural com Exposições sobre a

cultura afro-brasileira e de artefatos encontrados nas escavações.

Complementam os elementos identificados como turísticos ou com potencial

turístico as igrejas de Nossa Senhora da Saúde e do Santo Cristo dos Milagres. A Igreja

Page 98: BARROSO_Turistificação de lugares

96

do Santo Cristo dos Milagres foi erguida em 1879 e fica na praça do Santo Cristo local

de tráfego intenso em direção ao centro e a zona sul.

A Igreja de Nossa Senhora da Saúde fica próxima à antiga praça da Harmonia

na Gambôa. Situada atualmente junto ao Cais do Porto, construído por aterro no início

do século XX, o local de sua implantação ficou prejudicado pelo afastamento do mar.

Um conjunto de edificações foi construído em seu entorno prejudicando

consideravelmente a ambiência da igreja. Na rua Silvino Montenegro que serve de

acesso à igreja funciona a Polinter, órgão da Secretária Estadual de Segurança. Esta

rua necessita de limpeza e recuperação. Chamam atenção suas características

construtivas estilo rococó, com tendências ao neoclássico, que pode ser identificado

também nas diversas talhas que adornam o templo. O frontispício da Igreja é dominado

por uma singela portada de granito, com verga arqueada, a torre sineira está colocada

ao lado da epístola, e possui arremate bulboso. A talha da capela-mor apresenta

algumas imagens antigas. Sua nave única é revestida de azulejos da segunda metade

dos setecentos, narrando a vida de José do Egito. Coro e púlpito são arrematados por

trabalho em talha de madeira. Na sacristia disposta lateralmente existe um lavabo de

azulejos e louça da Companhia das Índias.

Cabe mencionar que a Igreja de São Francisco da Prainha foi incluída no sitio

histórico do Morro da Conceição. Outras igrejas da Zona Portuária não foram

inventariadas por não apresentarem características turísticas relevantes, tendo em vista

apresentarem construções de épocas próximas ou mesmo se localizar muito distante

dos pontos focais e área gravitacional.

De uma forma geral, o levantamento da oferta turística permite identificar os

principais elementos fixos componentes do espaço da Zona Portuária que podem ser

trabalhados pelo planejamento turístico e por políticas publicas. Na figura 31 é possível

identificar a posição dos principais atrativos e de logradouros presentes no espaço da

Zona Portuária e no Centro Histórico.

Page 99: BARROSO_Turistificação de lugares

97

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Page 100: BARROSO_Turistificação de lugares

98

3.4 A EXPERIÊNCIA DE VICTORIA E ALFRED NA CIDADE DO CABO

Para ressaltar a condição que se apresenta no ambiente externo e que leva

cidades distintas a revitalizarem sua Zona Portuária foi realizado uma análise do

programa adotado para a enseada de Victoria e Alfred (V&A) na Cidade do Cabo, África

do Sul. A enseada de V&A localiza-se na Baía de Mesa e. desde 1488, tem sido porto

de escala, e exemplo do Porto do Rio de Janeiro.

O complexo portuário local é composto por um conjunto de docas nas margens

da Baía de Mesa, sendo a doca V&A a ocupação inicial. Com novas embarcações

exigindo maior profundidade ocorreu um rearranjo no espaço da Baía de Mesa,

privilegiando a atividade portuária nas docas mais modernas, o que levou a doca de

V&A a perder capacidade e competitiva (KILIAN, D. e DODSON, B. J, 2001).

Entretanto a doca de V&A continuou com atividades voltadas para barcos

pesqueiros que se expandiram a partir dos anos 70. Em meados dos anos 80 crises na

economia mundial levaram a uma redução ainda maior no movimento de navios na

Baía de Mesa, quando então foi tomada a decisão de privatizar e desenvolver

comercialmente a doca de V&A. Esta decisão foi influenciada por processos

semelhantes que ocorriam em portos de outras cidades e ainda por pressão de

segmentos da sociedade local interessados na revitalização da doca de V&A.

Em 1987 foi formulado um relatório com propostas para iniciar o processo de

revitalização incluindo “a restauração das edificações portuárias históricas , além da

criação de restaurantes, um mercado de peixes, um centro de exibições, lojas,

escritórios, hotéis e de uma marina de barcos de lazer” (KILIAN; DODSON, 2001, p.

199). A formula adotada foi similar a de outros projetos, com investimento inicial do

poder público na intenção de atrair investimentos privados.

Para convergir o poder público e instituições privadas foi criado um comitê de

ligação que inicialmente atraiu e posteriormente permitiu alianças entre os setores

interessados. Por parte do governo local foram realizadas intervenções na legislação

para permitir as alterações no espaço, além de instrumentos capazes de permitir a

flexibilidade do capital.

Page 101: BARROSO_Turistificação de lugares

99

O modelo de planejamento adotado buscou inspiração na abordagem flexível,

agrupada em “pacotes de planos” e adotada nos Estados Unidos, sendo um projeto

pós-moderno voltado para a multifuncionalidade de uso do espaço. O slogan adotado

pela companhia responsável era ‘fazer do porto histórico um lugar muito especial para

habitantes e visitantes da Cidade do Cabo” (V&AW COMPANY, 198931 apud KILIAN;

DODSON, 2001, p. 207), o que comprova a intenção de passar uma imagem de que a

doca viria a ser para o uso da população local.

No processo de revitalização como estratégia buscou-se recuperar o passado da

doca V&A e o simbolismo contido na historia do porto. Injetando recursos nos atributos

estéticos, históricos e culturais, a companhia consolidou um capital simbólico, atraindo

visitantes e principalmente investimentos privados o que possibilitou construir em 1992,

um complexo comercial de 26.500 Km². Na visão de Kilian e Dodson (2001) a V&A

revitalizada é muito semelhante a Baltimor’s Harbour Place.

Este modelo adotado é comum a várias partes do mundo e obteve o sucesso

esperado, atuando em dois mercados, no campo internacional se configura como um

centro turístico pós-moderno e atende a demanda interna, oferecendo lazer e comércio.

Portanto, atuando em dois mercados e com funções múltiplas no uso e organização do

espaço.

Esse duplo mercado não é coincidência - na verdade, reflete a posição do waterfront como uma ponte entre o local e o global; um lugar onde o local está globalizado; e o local, globalizando. O Victoria & Alfred Waterfront, como tantas outras área portuárias ao redor do mundo, foi remodelado em um ambiente de passeios, pavilhões, centro de compras e comodidades de lazer, satisfazendo o gosto do estilo de vida das novas classes médias. (KILIAN, D. e DODSON, B. J. 2001, p. 212).

Isto permite inferir que o modelo adotado para a revitalização da V&A é

integrado com os processos de turistificação e globalização, planejando e ordenando o

território.

O uso do espaço por habitantes e turistas foi comprovado por pesquisas

desenvolvidas para identificar os consumidores que freqüentavam V&A. sendo o

31 V&AW COMPANY, Development framework report III. Cidade do Cabo. MLH. 1989.

Page 102: BARROSO_Turistificação de lugares

100

principal motivo da visita a diversidade de ofertas de experiências. Outro item que

chamou a atenção foi o crescimento no movimento com a implementação do complexo

comercial (KILIAN; DODSON, 2001).

Mas a trajetória da doca de V&A não foi marcada apenas por sucessos. Houve

conflitos territoriais para a implementação das propostas. Muitos dos fomentadores do

projeto pretendiam que as funções portuárias continuassem. Além disto, a expansão

experimentada progrediu para espaços que tinham uso regular, ameaçando a atividade

pesqueira que foi mantida, devido acordos de coexistência (KILIAN; DODSON, 2001).

Outro conflito surgiu do sucesso obtido e a conseqüente queda no movimento

comercial de outras áreas da Cidade do Cabo. Também ocorreram questões raciais

desde a preparação do projeto. A alegação era que a doca seria exclusivista para

brancos, o que se justificaria pelo conteúdo histórico projetado para a imagem do novo

espaço e pelos preços praticados. Diante destas tensões segmentos da comunidade da

Cidade do Cabo, como os muçulmanos, têm realizado movimentos de oposição à V&A

(KILIAN, D. e DODSON, B. J 2001).

Com estas observações a respeito da experiência da Cidade do Cabo é possível

verificar que o projeto em implantação no Rio de Janeiro necessita de uma atuação

mais efetiva por parte do poder público. Este modelo implantado em V&A, pelo exposto

acima, obteve sucessos além do esperado como fruto do empenho do governo local.

A cidade do Rio de Janeiro, de fato, possui uma área central que sofreu

intervenções em seu espaço com intenção de revitalizá-lo produzindo resultados

positivos. Como seqüência da revitalização da área central foi proposto o Plano de

Revitalização da Região Portuária, porém, os resultados após sete anos não

demonstram que os objetivos estejam sendo alcançados como esperado. Portanto, é

necessário que o poder público local ajuste o seu modelo de estratégias aos objetivos

esperados. Assim é necessário rever o atual projeto e investir maciçamente no porto e

na retroárea, que são os espaços com condições de alterar os usos internos e externos,

sem necessidades de alterar ou descaracterizar as formas externas, criando fluxo de

pessoas, residentes, visitantes e de capital privado.

Page 103: BARROSO_Turistificação de lugares

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos novos comportamentos da sociedade, uma gama de produtos

turísticos pode ser criado para atender aos desejos cada vez mais específicos do turista

e criação de produtos passa a provocar alterações no destino turístico. De acordo com

a forma de ação da sociedade sobre o espaço este território vai se envolver de

maneiras distintas com o turista. Logo, a intervenção pode gerar territórios turísticos e

turismo sem território, Knafou (1999) esclarece que a diferença entre ambos consiste no

grau de relação do visitante com o lugar de destino.

A turistificação pode ocorrer partindo de três agentes, os turistas, o estado e o

mercado. Estes agentes podem atuar de forma distinta ou simultânea. A interferência

no espaço pode ser organizada e planejada ou desorganizada. A turistificação sem o

devido controle pode causar conseqüências catastróficas no uso indiscriminado do

território possibilitando o declínio do destino turístico. Entretanto, esta situação pode ser

também alvo de intervenções para tentar reorganizar o espaço.

A partir da experiência de V&A foi possível identificar como a ocorrência de um

processo ordenado e planejado foi implementado na zona portuária da Cidade do Cabo

criando dois mercados, um internacional voltado para a atrair turistas e projetar a

imagem da Cidade do Cabo e outro para dinamizar a oferta de lazer e comercio para os

habitantes.

Neste caso, o agente vetor da turistificação foi o estado que investiu na

valorização e recuperação do conteúdo histórico, cultural e estético, angariando

investimentos do mercado e após relativo sucesso, novos investimentos da iniciativa

privada possibilitaram ampliar o projeto além as expectativas.

Page 104: BARROSO_Turistificação de lugares

102

O processo ocorrido na Cidade do Cabo foi originado por condições similares as

que se projetam para incentivar a revitalização da Zona Portuária do Rio de Janeiro.

Estas condições se caracterizam por pressões políticas e econômicas através do

mercado mundial. Este mercado exige cidades com estrutura e estética que projetem

uma imagem capaz de captar fluxos de pessoas e capitais. O exemplo dos processos

ocorridos em outras cidades, como foi visto, pode servir de orientação para o

planejamento de intervenções em seu espaço. Assim, o sistema externo influência o

sistema interno de um país, levando-o a se posicionar no mercado mundial.

Esse posicionamento a nível mundial trata de uma política macroeconômica que

leva o governo nas três esferas de poder a tomar decisões. Estas decisões vão

alimentar o ambiente interno com o objetivo de produzir para o ambiente externo. Ao

interferir no ambiente interno para atender a demanda externa o poder público altera a

estrutura do espaço incentivando determinadas atividades o que baliza os caminhos da

microeconomia. Como os exemplos que foram apresentados neste estudo, cita-se a Lei

de Cabotagem que foi revista pelo Governo Federal, e pelo Governo Municipal foi

criado o Corredor Cultural e o Plano de Revitalização da Zona Portuária.

Entretanto, mesmo sendo a Zona Portuária uma área gravitacional, de acordo

com a proposta metodológica adotada por Boullón (2002), o Plano existente não prevê

uma estratégia definida para sua turistificação. Na concepção do projeto, o enfoque

turístico limitou-se à área do Píer Mauá, local que hoje tem função de ponto focal como

Estação Marítima de Passageiros.

O plano em andamento não considerou importantes aspectos históricos e

arquitetônicos para segmentos turísticos específicos e para a prática do turismo urbano.

Isto pode ser explicado pela inexistência de sinergia entre os órgãos do poder publico

municipal. A autarquia responsável pelo planejamento e desenvolvimento do turismo

na cidade, RIOTUR, não possui um plano estratégico para o desenvolvimento do

turismo na cidade. O órgão realiza ações pontuais, notadamente, ligadas ao carnaval e

sem interação com outros órgãos do poder público municipal. Ressalte-se que o projeto

da Cidade do Samba ocorreu de ações diretas do governo executivo local, na figura do

prefeito, em conjunto com a Liga Independente das Escolas de Samba (LIESA).

Page 105: BARROSO_Turistificação de lugares

103

Em relação a cidade do Samba, verifica-se que ela gerou uma significativa

mudança em seu entorno, entretanto até o momento, a iniciativa privada não seguiu o

caminho proposto pelo poder público e na área externa a Cidade do Samba não há

sinal de investimentos ou ações do mercado. A Cidade do Samba, embora instalada na

Zona portuária, com argumentos vinculados a origem do samba, vem propiciando a

pratica de um turismo sem território, em relação à zona portuária, o turista permanece

cercado nos muros da “cidadela feudal do carnaval carioca”.

Seguindo a metodologia do inventário da oferta turística foi possível identificar

que os galpões da área retroportuária apresentam espaços excelentes que podem

sofrer interferências para receber novos usos. Esses espaços podem ser voltados para

a atividade turística bem como para outras atividades que dinamizem o comércio,

serviços, lazer e entretenimento para a população do Rio de Janeiro, pois podem ser

organizados de forma a incentivar fluxo de pessoas por diferentes motivos.

É no trecho da retroária que o abandono da região é mais percebido. Ao

caminhar pela avenida Rodrigues Alves, a sensação é de estar em um deserto. Com o

declínio das atividades portuárias e queda na remuneração e dinâmica econômica do

lugar, os moradores da zona portuária viram seus rendimentos caírem. Na zona

residencial, preservada pelo projeto SAGAS, existem núcleos de comercio típico de

áreas periféricas e na proximidade da praça Mauá, há maior concentração de empresas

e prédios usados principalmente pelo governo federal e pela administração portuária.

Os atrativos turísticos existentes na zona portuária não possuem características

que permitam competir com os já tradicionais componentes do espaço turístico carioca,

como o Pão de Açúcar, Cristo Redentor, Maracanã e Corredor Cultural. Entretanto, é

neste último que vigora a principal potencialidade da zona portuária por meio de uma

expansão do Corredor Cultural até o Morro da Conceição.

O levantamento da oferta turística proporcionou identificar que havendo um

trabalho coerente, planejado e integrado aos produtos turísticos já existentes na cidade

do Rio de Janeiro, a Zona Portuária pode receber fluxos turísticos, tornando-se assim

um espaço turístico, um território turistificado. A região portuária não possui um produto

turístico em seu conjunto histórico-cultural, ressalva feita à Cidade do Samba. Assim,

Page 106: BARROSO_Turistificação de lugares

104

necessita de um trabalho que viabilize equipamentos que tornem viável o uso dos

atrativos turísticos locais.

Porém, as questões de segurança da cidade do Rio de Janeiro representam uma

possibilidade inibidora da atividade turística, como se constata no Museu a Céu Aberto

do Morro da Providência. Funcionando desde 2006, foi necessária a atuação da

Prefeitura para que operadoras incluíssem em seus produtos a visita à favela.

Entretanto, não se estabeleceu um fluxo regular de turistas, pois a qualquer momento o

acesso ao local pode ser impedido. O que se compreende pelas características do

produto turístico que é vendido antecipadamente e os horários pré-programados, sendo

o serviço consumido no momento da produção junto ao atrativo.

Contudo o plano de revitalização da Zona Portuária continua sendo

implementado, mas como todo processo de planejamento está sujeito a revisões e

correções. Cabe, portanto, inserir uma proposta para incluir a atividade turística em

conjunto com outras atividades, formando sobre o espaço uma sobreposição de fluxos.

Assim o Plano de Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro

pode ser revisto de forma que seja implementado simultaneamente ao processo de

turistificação da zona portuária.

Porém a decisão de rever o atual Plano de Revitalização depende do poder

público local. Ele é quem decide as ações que vão interferir no espaço de sua cidade,

assim como os fixos e os fluxos32 que vão se sobrepor sobre o espaço em nós e redes

determinando a dinâmica interna atual de sua cidade, e estabelecendo as relações com

o mercado mundial. Neste sentido, o poder público elege áreas em que os

investimentos incentivadores de fluxos serão concentrados.

Assim se constata que a questão que hora vigora e impede a evolução do projeto

na Zona Portuária trata de posicionamento político. O que de certa forma reflete a

tradicional característica da forma de fazer política dos governantes. Isto é, privilegiam

suas intenções pessoais e de compromissos com investidores da campanha eleitoral.

Dessa tradicional política podem ser ressaltados dois exemplos. O primeiro trata

dos jogos Pan Americanos Rio 2007. No RioCentro houve a adaptação de estruturas

para instalações esportivas nos pavilhões, o que poderia ter sido construído nos

32 Sinteticamente fixos são objetos e fluxos são ações.

Page 107: BARROSO_Turistificação de lugares

105

armazéns da Zona Portuária. Varias intervenções foram realizadas em um ambiente

com ecossistema muito sensível, na região da baixada de Jacarepaguá, contribuindo

para a aceleração da urbanização local ao passo que, na Zona Portuária há uma área

com estrutura urbana subutilizada. Essa área poderia ter sido recuperada e os

investimentos que prometiam deixar um legado para a cidade, seriam percebidos, a

exemplo da estratégia adotada por Sidney e Barcelona.

Já o segundo exemplo permite uma melhor comparação com o Plano de

Revitalização da Zona Portuária. Na Barra da Tijuca está sendo construída a Cidade da

Música. O objetivo é que fique pronta antes do término do governo do atual prefeito. A

Barra da Tijuca conta com ampla oferta de serviços, comércio, lazer e entretenimento

além de equipamentos urbanos modernos e mantidos em boas condições pelo poder

público municipal. A Zona Portuária possui um conjunto de objetos fixos inteiros

necessitando de recuperação, carece de equipamentos urbanos; fluxos de serviços,

comércio, lazer e entretenimento. Assim, a cidade da música poderia ser implantada

nos galpões da Zona Portuária.

Assim, a turistificação e a revitalização simultâneas na Zona Portuária poderia

ocorrer privilegiando o conjunto de diversas atividades tanto voltadas para a população

local como para os visitantes.

A área de estudo pode ser dividida em duas regiões distintas, o que está de

acordo com a delimitação do uso do solo. A primeira região trata do Porto e da

retroárea que tem as formas, atualmente, voltadas para a função industrial. A segunda

região é caracterizada por uma ampla variedade de sobrados protegidos pelo projeto

SAGAS. Esta segunda região é entrecortada por alguns grandes lotes, mas que em sua

maioria continuam com uso consolidado.

Logo, visualizam-se duas possibilidades de transformar a Zona Portuária em

lugar turístico. A primeira está ligada a ação direta junto ao espaço decadente do porto

e retroárea. Como os fixos possuem grandes proporções, podem ser aproveitados para

criar espaços para eventos, centros de convenções, centros de compras, centros de

lazer sem, contudo, descaracterizar a construção do imóvel. Simultaneamente abrir

todo o trecho do porto junto a Av. Rodrigues Alves, transferindo as atividades portuárias

para o cais do Caju. Este é o modelo que vem sendo aplicado em várias cidades do

Page 108: BARROSO_Turistificação de lugares

106

mundo em que o atrativo turístico é criado e produzido tal como é desejado, como foi

visto, capaz de receber grandes fluxos de visitantes e residentes.

A segunda região, inicialmente deve sofrer uma intervenção menos brusca que a

anterior, inclusive pelas características dos atrativos que implicam em um turismo mais

segmentado, especifico, e assim um lugar turístico em que o turista se relaciona com as

peculiaridades do território. No segundo caso, será necessário viabilizar investimentos

de equipamentos e infra-estrutura que valorizem o uso diário e a visitação, criando,

assim um território turístico e uma região revitalizada.

Logo, por tudo que foi analisado, se constata o potencial da Zona Portuária para

se tornar um território preparado para a atividade turística. Mais que isto, um espaço

pensado, planejado, organizado para melhor atender a população local fornecendo

serviços, lazer e entretenimento elevando o padrão de vida. A revitalização é

justamente trazer vida ao local, atividades, como a atividade turística. Assim a

turistificação simultânea a outros processos contribuirá para a aproximação do equilíbrio

sócio-espacial, ou seja, uma relação mais harmoniosa possível do homem com o meio.

Por fim, se faz necessário ressaltar que este é um trabalho inicial que reuniu um

amplo conjunto de temas, sintetizados nas considerações finais, deixando indagações

que levarão ao aprofundamento e a continuidade desta pesquisa.

Page 109: BARROSO_Turistificação de lugares

107

REFERÊNCIAS ABREU, Mauricio A. Evolução urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IPLANRIO, 1997. ANDRADE, José V. Turismo - fundamentos e dimensões. 5 ed. São Paulo: Atica, 1998. BENEVIDES, Ireleno. O amálgama componente dos destinos turísticos como construção viabilizadora dessa prática sócio-espacial. GEOUSP – Espaço e Tempo. São Paulo. n 21, p. 85 – 101, 2007. Disponível em < > acesso em 24 mai 2008. BOULLÓN, Roberto, Planejamento do espaço turístico. Bauru-SP: Edusc, 2002. CASA CIVIL – SUBCHEFIA PARA ASSUNTOS JURIDICOS. Disponível em <

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Page 110: BARROSO_Turistificação de lugares

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Page 112: BARROSO_Turistificação de lugares

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Page 113: BARROSO_Turistificação de lugares

111

APENDICE A – Formulários da oferta turística33

Praça Mauá

Morro da Conceição

Museu Cartográfico

Observatório do Valongo

Museu a Céu Aberto do Morro da Providência

Complexo fabril do Moinho Fluminense

Igreja de Nossa Senhora da Saúde

Igreja de Santo Cristo dos Milagres

Cidade do Samba

Centro Cultural Municipal José Bonifácio

Centro Cultural Ação Cidadania

Sitio Arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos

Cemitério dos Ingleses

Edificação da fabrica de chocolate Bhering

Edificação do 5ª Batalhão de Policia Militar

33 Pesquisa realizada pelo autor durante o mês de junho de 2008.

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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro

FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS

CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais

TIPO Sitio Histórico

IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Praça Mauá

LOCALIZAÇÃO: entre o bairro da Saúde e o centro do Rio de Janeiro. No inicio da Av. Rio Branco e Rodrigues Alves.

( x ) EM ÁREA URBANA

( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:

( ) Propriedade privada ( x ) Propriedade pública

Página na Internet/Endereço eletrônico www.rio.rj.gov.br

ADMINISTRAÇÃO: Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro.

ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário

( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo

( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre

ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário

TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 220, 225, 222, 127. Freqüências: De 3 a 5 minutos no horário de pico.

( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?

PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO NÃO SE APLICA /HORÁRIOS: NÃO SE APLICA ( x ) Permanente ( ) Temporário:

Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS: ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito

CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL

ORIGENS DOS VISITANTES ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)

( - ) Estado do Rio (-) Municípios Vizinhos ( x ) Local

SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares

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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( x ) Locais para alimentação ( x ) Sinalização interna ( - ) Sanitários Masc. e Fem. ( x ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza

( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( x ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:

ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( - ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas .

( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Lei Municipal 7351, projeto SAGAS

CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: De um lado um grande edifício pós-moderno o R1B no inicio da avenida Rio Branco, em outro lado da Praça Mauá o edifício “A Noite” um elegante prédio em estilo art-déco foi, por muitos anos, o maior arranha-céu do Rio de Janeiro e é, ainda hoje, um dos mais bonitos. Foi projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire, com cálculo estrutural do engenheiro Emílio Baumgart. Com 23 andares, era dotado de restaurante e pérgula na cobertura, sendo por muitos anos uma das principais atrações da cidade a ascensão ao último pavimento. Foi construído entre 1929 e 1930. A conclusão de cada pavimento era, à época, motivo de festa nacional. Nele funcionou por muitos anos o Jornal “A Noite”. Este jornal, de índole governista, caiu no desagrado popular durante a Revolução de 1930, sendo o prédio invadido pela população enfurecida e depredado. Na Era Vargas, foi ocupado por diversas instituições federais, inclusive o Departamento de Imprensa Nacional, bem como a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que chegou a contar, já em fins dos anos cinqüenta, com mais de 130 atores, atrizes e artistas em seu “cast”. Perfilaram seus microfones nomes capitais como Carmem Miranda, Ary Barroso, Lamartine Babo, Francisco Alves, Emilinha Borba, Marlene, e o popularíssimo programa “César de Alencar”, dentre outros. Adquirido em grande parte na década de sessenta pelo Ministério da Indústria e Comércio, passou por grandes obras, tendo sediado aquele órgão até sua transferência para Brasília. Ainda hoje é ocupado comercialmente por muitas empresas e autarquias, tendo sido tombado pela municipalidade. Na outra extremidade o Píer Mauá Estação Terminal de Passageiros do porto, um curioso e pequeno edifício com uma torre em estilo medievalista e belos vitrais no interior. Na praça também se localiza o imponente edifício Príncipe D. João, construído cerca de 1912 em estilo clássico, com um corpo central dotado de cúpula afrancesada.. O centro da praça é ocupado por uma estátua de bronze de Irineu Evangelista de Souza, Barão de Mauá, industrial pioneiro do Brasil. A estátua, colocada sobre uma coluna, é obra do escultor Rodolfo Bernardelli e foi inaugurada em 1910, por iniciativa do Clube de Engenharia. Na Praça Mauá se localizam a sede do INPI, da Polícia Federal do Rio de Janeiro, o Arsenal da Marinha e o Terminal Rodoviário Mariano Procópio. A Praça Mauá tem trafico intenso de veiculos que saem do centro seguem em direção ao viaduto da perimetral para alcaçar a Avenida Brasil e Ponte Rio Niterói. ÁREA: 60.000m² REFERÊNCIAS CRONOLOGICAS E OU HISTÓRICAS: Construção do Porto entre 1904 e 1910. Em 1912 construção do edifício Príncipe D. João em estilo clássico. Em 1930 construido o edifício “A Noite” . CARACTERISTICAS TIPOLOGICAS: Edificio em estilo art-decó, clássico e pós moderno. ASPECTOS NOTAVÉIS DO CONJUNTO: Edifício A Noite, Edifício Príncipe D. João, Estação Marítima de Passageiros. LOCAIS E PRECUSRSO DE INTERESSE PARA VISITAÇÃO: Píer Mauá. ATIVIDADES REGULARES: Área comercial.

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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA

MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS

CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais

TIPO Sitio Histórico

IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME Morro da Conceição e imediações.

LOCALIZAÇÃO: Centro da cidade do Rio de Janeiro, no Bairro da Saúde com acessos pela Rua Sacadura Cabral, Praça Mauá, Rua Acre e Ladeira do Valongo pela Barão de Tefé.

( x ) EM ÁREA URBANA

( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:

( ) Propriedade privada ( x ) Propriedade pública

Página na Internet/Endereço eletrônico www.rio.rj.gov.br/

ADMINISTRAÇÃO Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro.

ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário

( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo

( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre

ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário

TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 128, 222, 220, 225. Freqüências: Em média 5 minutos no horário de pico

( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?

PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: NÃO SE APLICA HORÁRIOS: NÃO SE APLICA ( x ) Permanente ( ) Temporário:

Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS: NÃO SE APLICA ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito

CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL

ORIGENS DOS VISITANTES ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)

( - ) Estado do Rio ( - ) Municípios Vizinhos ( x ) Local

SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares

Page 117: BARROSO_Turistificação de lugares

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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

( - ) Locais para alimentação ( x ) Sinalização interna ( - ) Sanitários Masc. e Fem. ( x ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza

( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( x ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:

ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( x ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas

( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Proteção do Patrimônio: Em 1988, a região portuária teve grande parte de seu patrimônio cultural protegido. A Lei 7351 preservou cerca de 2.000 edificações históricas localizadas principalmente nos morros da Conceição, Saúde, Livramento, Gamboa e Pinto. A elas se somam, ainda, a fortaleza de N.S. da Conceição - Nº Processo:0155-T-38 Iphan 24/05/38., o palácio Arquiepiscopal - Nº Processo:0155-T-38. A igreja de São Francisco da Prainha - Nº Processo:0022-T-38, A Pedra do Sal é tombada pelo Inepac processo: E-18/300.048/84.

CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: Sua ocupação inicial data do século XVI. Seu modo de vida particular, semelhante aos tradicionais bairros portugueses, se manteve apesar das profundas transformações urbanas ao seu redor, o Morro da Conceição permanece como lugar de moradia, rodeado de prédios que o esconde dos que passam. Várias construções ergidas sobre o Morro da Conceição possuem inestimável valor histórico. As moradias são tipicamente sobrados centenários. Em suas ruas há pouco transito, as ruas são estreitas e calçadas com pedras portuguesas. O maior fluxo de movimento de veiculos e principais acessos ficam ao longo da Rua Sacadura Cabral. ÁREA: 200.000m² REFERÊNCIAS CRONOLOGICAS E OU HISTÓRICAS: A ocupação do Morro da Conceição teve inicio ainda no século XVI e um dos primeiros moradores do morro da Conceição foi o padre Antônio Martins, que, por possuir horta de salsa nas faldas de suas terras, era apelidado de “Padre Salsa”. Anos depois, foi o morro vendido ao português Paulo Caieiro, sendo por seu nome conhecido o morrote até 1634. Em 1634, o casal Miguel Carvalho e esposa ergueram uma capela dedicada à N. Sra. Da Conceição em terras que possuíam no morro. Em 1655, Da. Maria Dantas, viúva de Miguel, doou a capela à Ordem do Carmo, que não a quis. Foi em 1699 doada aos capuchinhos franceses, que construíram um hospício ao lado para repouso de missionários. Expulsos do Brasil em 1701 por motivos políticos. O antigo Palácio Episcopal, hoje sede da 5a. Divisão de Levantamento do Serviço Geográfico do Exército, foi ocupado pelo cabido de 1702 a 1912, sendo vendido ao Exército em 1923. Tombado pelo SPHAN em 1938 e restaurado entre 1943/49. Vê-se ainda na cobertura do prédio, a projeção da antiga capela da Conceição, hoje biblioteca militar. Na parte de trás se localiza a rua do “Jogo da Bola”, assim denominada porque nela se praticava um esporte antepassado do boliche, a “bocha”. Existe uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, fundada em 1892 e atualmente muito alterada. Logo atrás do velho palácio, na praça Major Valô, existe a fachada imponente da Fortaleza da Conceição. Fortaleza da Conceição, foi erguida entre 1713/19 pelo engenheiro francês Jean Masset. Objetivava impedir futuros ataques inimigos à cidade, haja vista o fato do morro ter sido ocupado em 1711 pelo corsário francês René Duguay Trouin. Nunca funcionou como tal, haja vista a vizinhança do Palácio Episcopal, que impedia a utilização dos canhões sem danos ao dito palácio. Foi depois de 1769 fábrica de armas e presídio político, sendo ali recolhidos alguns conjurados mineiros de 1789 e cariocas de 1794. A Casa de Armas da Fortaleza da Conceição, erguida em 1765 por ordem do Vice-Rei Conde da Cunha é um sólido prédio logo à entrada. Em seus subterrâneos estiveram presos de 1789 a 92 os conjurados poeta Thomaz Antônio Gonzaga, José Alves Maciel e Domingos Vidal. Depois abrigou o poeta Manuel Inácio da Silva

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Alvarenga e o filósofo Mariano José Pereira da Fonseca, futuro Marquês de Maricá. Hoje, ainda é uma repartição do Serviço Geográfico do Exército, abrigando equipamentos de aerofotos. Em frente à porta da Fortaleza da Conceição, começa uma ladeira denominada João Homem, assim conhecida devido ao seu mais folclórico morador, o capitão de Milícias João Homem da Costa, que foi punido pelo Vice-Rei Conde da Cunha, em 1763, por apresentar-se a ele de camisolão de dormir, sendo obrigado a servir com essa indumentária nas obras de calçamento da rua. Atrás do morro, ao final da rua do Jogo da Bola, próximo à Rua Sacadura Cabral, existe a famosa “pedra do sal”, enorme pedregulho com degraus talhados, onde perto existe curioso bar, local de encontro de sambistas e boêmios (João da Bahiana, Heitor dos Prazeres, Pixinguinha, Lecy Brandão, Martinho da Vila, etc). Foi um antigo porto onde se desembarcava o sal para a cidade, então gênero dos mais raros entre nós. Subindo a ladeira do Sereno (onde morou Lecy Brandão), chega-se à pitoresca igreja de São Francisco da Prainha, com seu adro colonial, cercado de casas antigas. A Capela de São Francisco da Prainha, no adro de S. Francisco, foi erguida em 1696, foi arrasada em 1710 pelas tropas do invasor francês René Duguay Trouin. Reconstruída em 1738 e reformada em 1910, ainda mantém seu estilo colonial. Está situada em pitoresco sítio no morro, próximo à Praça Mauá, outrora defronte ao mar, hoje está dele afastada devido aos aterros na região. Próximo está o largo de São Francisco da Prainha, com arquitetura eclética datando da virada do século XX, e onde no século XVIII e princípio do XIX era montada a fôrca. Ali foram justiçados os heróis pernambucanos da Confederação do Equador. Subindo-se pela Rua Gago Coutinho, chega-se ao antigo Largo Municipal. A Coluna monumental em pedra, erguida em 1853 pelo arquiteto Francisco Joaquim Bethencourt da Silva no antigo largo Municipal, no Valongo, foi uma homenagem ao desembarque naquele local, em 1843, da Imperatriz Da. Teresa Cristina Maria, esposa de D. Pedro II. Foi o entorno remodelado na ocasião pelo arquiteto Grandjean de Montigny. Hoje, cercada de modernos prédios, sobrevive a coluna apenas como testemunho de uma época. Subindo-se pela rua Camerino, indo no encontro da rua Barão de São Félix, existe o famoso Jardim do Valongo, um curiosíssimo logradouro constituindo-se de um jardim suspenso na falda do morro, criado em 1905 pelo Prefeito Pereira Passos, e hoje muito arruinado, se bem que ainda impressionante em sua concepção. Do alto de suas muralhas, pode-se admirar o largo dos Estivadores, com seu casario da época Imperial, bem como o morro do Livramento, onde, em 1839, nasceu o futuro escritor Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), glória das letras nacionais. CARACTERISTICAS TIPOLOGICAS: Construções desde o século XVI deixam suas marcas no Morro da Conceição predominando o estilo colonial. ASPECTOS NOTAVÉIS DO CONJUNTO: A ambiência colonial e tranqüila tão próxima ao centro da cidade. Mistura diferentes remanescentes da historia do Rio de Janeiro ainda vivos. Destacam-se as grandes construções da Fortaleza da Conceição e o Palácio Episcopal. LOCAIS E PERCUSRSO DE INTERESSE PARA VISITAÇÃO: Um roteiro possível é iniciar no Largo de São Francisco da Prainha e seguir até o Largo do João Bahiana onde fica a Pedra do Sal, então subir pela Rua do Jogo da Bola e seguir até a Fortaleza da Conceição e descer por um trecho da Ladeira do João Homem e entrar a esquerda até o adro de São Francisco terminando o passeio. ATIVIDADES REGULARES: Atividade residencial.

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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro

FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS

CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais

TIPO Museus

IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Museu Cartográfico do Serviço Geográfico do Éxercito.

LOCALIZAÇÃO: Rua Major Daemon, 81 - Morro da Conceição – Centro, Tel.: (21) 2223-2177 Fax: (21) 2263-9035

( x ) EM ÁREA URBANA

( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:

( ) Propriedade privada ( x ) Propriedade pública

Página na Internet/Endereço eletrônico: www.5dl.eb.mil.br

ADMINISTRAÇÃO: Exercito Brasileiro.

ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( X ) Bom ( ) Regular ( ) Precário

( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo

( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre

ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário

TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( - ) ônibus urbanos locais Linhas: Freqüências:

( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?

PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO 2º a 5º Feira: das 08:00 às 12:00 h e das 13:30 às 16:00 h; 6º Feira, das 08:00 às 12:00 h ( x ) Permanente ( ) Temporário:

Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( x ) Sim : Agendadas ( ) Não Idiomas: ( X ) Port. ( - ) Ing. ( - ) Esp. ( - ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito

CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL

ORIGENS DOS VISITANTES ( x ) Internacional ( x ) Nacional ( x ) Regional (SP/MG/ES)

( x ) Estado do Rio ( x ) Municípios Vizinhos ( x ) Local

SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares

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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( x ) Locais para alimentação ( ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( x ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza

( x ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( x ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:

ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( x ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas

( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE O museu não possui. Funciona no o palácio Arquiepiscopal que é tombado pelo Iphan - Nº Processo:0155-T-38.

CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: O museu ocupa duas salas de um prédio histórico que abrigou de 1702 a 1905 a residência do bispo do Rio de Janeiro recebendo o nome de Palácio Episcopal da Conceição e adquirido da Mitra pelo Ministério da Guerra em 1923. Está inserido no conjunto de construções que compõem a Fortaleza da Conceição. A rua Major Daemon é acesso ao Morro da Conceição pela Rua do Acre, útil para quem vêm do centro da cidade. É o melhor acesso para veículos motorizados mas devido as dimensões da região o trafico é muito pequeno. ACERVO: Estão à mostra, mapas, fotografias e instrumentos utilizados em levantamentos topográficos tais como: Bússolas, lunetas, teodolitos que compõem a evolução da cartografia no Brasil. Por ser o berço da cartografia, o exército possui documentos históricos do maior interesse com destaque para um raríssimo mapa do Brasil do século XVIII. São apenas dois exemplares no mundo, esse e outro que se encontra guardado no Torre do Tombo de Lisboa, Portugal. COLEÇÕES, PEÇAS: Bússolas, lunetas, teodolitos, cartas topográficas. ATIVIDADES REGULARES: Visitação agendada ao acervo.

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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro

FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS

CATEGORIA: Realizações Técnicas e Cientificas Contemporâneas

TIPO Centro Científicos e Técnicos

IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Observatório do Valongo, Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza - Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. LOCALIZAÇÃO: Ladeira Pedro Antônio 43, Morro da Conceição, Saúde. Cep: 20080-090 // Telefone: 21 2263-0685.

( x ) EM ÁREA URBANA ( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:

( ) Propriedade privada ( x ) Propriedade pública

Página na Internet/Endereço eletrônico: www.ov.ufrj.br/apresentacao.htm

ADMINISTRAÇÃO Universidade Federal do Rio de Janeiro.

ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário

( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo

( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre

ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário

TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente () Não existente ( - ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS (- ) ônibus urbanos locais Linhas: Freqüências:

( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?

PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO SEG. A SEXTA HORÁRIOS: 08:00 ÀS 17:00 HORAS ( x ) Permanente ( ) Temporário:

Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito

CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL

ORIGENS DOS VISITANTES ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)

( - ) Estado do Rio ( - ) Municípios Vizinhos ( x ) Local

SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares

EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

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( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( x ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza

( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:

ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( x ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas

( - ) Prática de esportes. Citar (- ) Outras atividades. Citar:

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Em dezembro de 2003 foi aprovado o projeto de Preservação da Memória do Observatório do Valongo pelo CNPq, através do edital CT-INFRA/MCT/CNPq - 003/2003, "Seleção Pública de Projetos de apoio à Infra-estrutura de Preservação e Pesquisa da Memória Científica e Tecnológica Brasileira". Processo: 400777/2003-7.

CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: Em 1921, antes da derrubada do Morro de Santo Antônio, todos os equipamentos existentes no Observatório foram levados para a Chácara do Valongo, no Morro da Conceição, local onde, antes da Abolição da Escravatura em 1888, eram deixados os escravos para serem vendidos e, em 1924, foi inaugurado o Observatório do Valongo na sua localização atual. Incorporado à UFRJ após a Reforma Universitária de 1968, com a criação do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), o Observatório do Valongo passou a ser a sede do Departamento de Astronomia e vem fornecendo, desde então, infra-estrutura para o desenvolvimento de suas atividades de ensino, de pesquisa e de extensão. Hoje o Observatório do Valongo no topo do Morro da Conceição possui algumas casas ao lado da entrada e sua vista da cidade é prejudicada por prédios que cresceram ao longo da Rua Acre e Marechal Floriano no lado voltado para o centro. Chama atenção em seu jardim o relógio de sol em granito de construção recente. O acesso é através de uma ladeira íngreme e com calçamento irregular, conta com espaço reduzido para estacionamento. COLEÇÕES E OU ESPÉCIES PRINCIPAIS: instrumentos científicos construídos entre 1880 e 1920, além de fotos e documentos desde a criação do Observatório da Escola Politécnica, predecessor do atual OV, em 1881. ATIVIDADES REGULARES DA INSTITUIÇÃO: - Oferece os cursos de Graduação e Pós-graduação em Astronomia da UFRJ, realiza pesquisa em Astronomia e Astrofísica e desenvolve projetos de Extensão. - Campus do curso de Astronomia. Possui Visita de extensão, aberta a comunidade mensalmente à época da lua crescente, para observação do satélite.

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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro

FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS

CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais

TIPO Museu

IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Museu a Céu Aberto do Morro da Providência.

LOCALIZAÇÃO: Morro da Providencia, Bairro do Santo Cristo.

( x ) EM ÁREA URBANA

( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:

( ) Propriedade privada ( x ) Propriedade pública

Página na Internet/Endereço eletrônico Não possui

ADMINISTRAÇÃO: Acessória do Prefeito. Contato no local, Éron César, na Igreja de N. Sra. da Penha. 21 2516-0239

ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( ) Bom ( x ) Regular ( ) Precário

( - ) Ferroviário ( -) Aéreo

( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre

ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário

TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( - ) ônibus urbanos locais Linhas: Freqüências:

( x ) Taxis ( x ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?

PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO SEG. A SEG. HORÁRIOS: 08:00 ÀS 17:00 HORAS ( x ) Permanente ( ) Temporário:

Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( x ) Sim ( ) Não Idiomas: ( x ) Port. ( - ) Ing. ( - ) Esp. ( - ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito

CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL

ORIGENS DOS VISITANTES ( x ) Internacional ( x ) Nacional ( x) Regional (SP/MG/ES)

( x ) Estado do Rio ( x ) Municípios Vizinhos ( x ) Local

SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares

Page 124: BARROSO_Turistificação de lugares

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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( x ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza

( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:

ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( X ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas

( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Não possui.

CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: A favela mais antiga da cidade passou por uma programa da prefeitura que canalizou a rede de esgoto e cimentou as vielas. Como sinalização dos pontos a serem visitados foi marcado com uma barra de ferro no chão o caminho. Não possui transito de veículos e embora tenha serviço comunitário de limpeza o lixo toma conta de vários pontos do que é considerado o Museu a Céu Aberto. O local continua com obras, desta vez do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal e por este motivo ocupado pelas tropas do Exército em razão da questão do trafico de drogas. Apesar do empenho da prefeitura o projeto do Museu a Céu Aberto até o momento não apresenta fluxos regulares ou mesmo retorno satisfatório para a comunidade. ACERVO: Conjunto que originou as favelas cariocas. LOCAIS E PRECUSRSO DE INTERESSE PARA VISITAÇÃO: O ponto de início é na Praça Brum, no Portal do Museu, na encosta do Morro do Livramento, um bairro do século XIX, totalmente tombado pelo patrimônio histórico, que se limita com a favela situada na parte alta. O trajeto do museu é indicado por uma linha traçada no chão. Ao percorrê-la, é possível descobrir um pouco da história do local, percebendo quais monumentos já estão sendo aproveitados pelo projeto e quais obras não foram terminadas. Favela com quase 110 anos, a Providência tem um papel fundamental na cultura da cidade. Muito do que começou lá se replicou na formação das outras favelas, seja do ponto de vista arquitetônico, quanto na forma de ocupação, além de aspectos comuns nos movimentos de resistência às remoções. Foi na Providência que nasceu Machado de Assis, o nosso maior escritor. É também lá que surgiu, na década de 30, a Agremiação Recreativista Escola de Samba Vizinha Faladeira, que ganhou fama como a mais rica e inovadora escola de samba, e cujo poder financeiro e criatividade revolucionou os desfiles. Depois de subir os 155 degraus de uma antiga escadaria de granito construída por escravos no século XIX, chega-se ao Corredor Histórico, onde o visitante poderá encontrar a igreja Nossa Senhora da Penha. Alguns metros adiante, chega-se no antigo reservatório de água, rebatizado "reservatório de lembranças". Datado de 1913, é uma construção em forma octogonal decorada com afrescos, ladrilhos de época e rosáceas. Foi, segundo moradores, um importante ponto de encontro e referência na favela. Suas paredes se mantém bastante sólidas, apesar dos longos anos de abandono. A idéia original era transformar o local numa instalação acústico-visual onde fosse possível ouvir depoimentos de moradores e ler a história da favela. Mas a obra ainda não foi completada. Outros pontos fortes do Museu a céu aberto incluem a Capela do Cruzeiro – datada de 1865 -, marco do processo de ocupação do morro, o Oratório, e a casa de Dodô da Portela, a porta-bandeira campeã do primeiro desfile oficial, em 1937. Também foram incluídos três mirantes em pontos estratégicos do morro, com vistas para a região da Central do Brasil, o Sambódromo, o Cais do Porto, o Pão de açúcar e a Baía de Guanabara. No topo da favela, há ainda um oratório, que guarda no seu interior uma cruz trazida pelos soldados republicanos do sertão baiano. ATIVIDADES REGULARES: Não possui

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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro

FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS

CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais

TIPO Arquitetura Industrial

IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Complexo Fabril do Moinho Fluminense

LOCALIZAÇÃO: Ruas Sacadura Cabral , Praça Coronel Assunção. Rua Antônio Lages, Rua Venezuela até a Avenida Rodrigues Alves, Bairro da Gamboa.

( x ) EM ÁREA URBANA ( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:

( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública

Página na Internet/Endereço eletrônico: http://www.fundacaobunge.org.br/port/memoria/cmbunge.asp?id=47

ADMINISTRAÇÃO Grupo Bunge

ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário

( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo

( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre

ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário.

TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 222, 127, 128. Freqüências: Média de 15 minutos

( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?

PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: NÃO SE APLICA /HORÁRIOS: NÃO SE APLICA ( x ) Permanente ( ) Temporário:

Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS: NÃO SE APLICA ( - ) Pago R$ ( - ) Gratuito

CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL

ORIGENS DOS VISITANTES: Não se aplica ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)

( - ) Estado do Rio ( - ) Municípios Vizinhos ( - ) Local

SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares

Page 126: BARROSO_Turistificação de lugares

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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( - ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( - ) Serviço de limpeza

( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( -) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar: Não se aplica.

ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos (- ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas

( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar: Não se aplica.

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Bem tombado pelo patrimônio histórico do Rio de Janeiro em 1986. Lei 7351 de 1988.

CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES

SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: A altura da antiga Praça da Harmonia, hoje Praça Coronel Assunção, um ar de Rio Colonial o que é complementado pela arquitetura militar do 5ª Batalhão de Policia Militar. Ocupa duas quadras inteiras. Ao redor do moinho há transito de veículos pesados com a carga da produção do moinho. Na Avenida Venezuela circulam ônibus e outros veículos em direção ao centro da cidade. ÉPOCA DE CONSTRUÇÃO: 1887 CARACTERISTICAS CONSTRUTIVAS: COMPOSIÇÃO, ESTILO OU TÉCNICA: Arquitetura industrial. MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS INCORPORADAS AO ATRATIVO: Não possui. UTILIZAÇÃO ATUAL: Produção industrial de farinha de trigo. ATIVIDADES REGULARES. Produção industrial de farinha de trigo.

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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro

FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS

CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais

TIPO Arquitetura religiosa

IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Igreja de Nossa Senhora da Saúde

LOCALIZAÇÃO: Rua Silvino Montenegro, 52, Saúde

( x ) EM ÁREA URBANA

( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:

( ) Propriedade privada ( x ) Propriedade pública

Página na Internet/Endereço eletrônico: Não possui.

ADMINISTRAÇÃO: Mitra arquiepiscopal.

ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x) Bom ( ) Regular ( ) Precário

( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo

( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre

ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário.

TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 180, C10 Freqüências: 20 minutos

( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?

PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: DOMINGOS HORÁRIOS: 07:00 HORAS ( x ) Permanente ( ) Temporário:

Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito

CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL

ORIGENS DOS VISITANTES ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)

( - ) Estado do Rio ( - ) Municípios Vizinhos ( x ) Local

SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares

Page 128: BARROSO_Turistificação de lugares

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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza

( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:

ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( - ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas

( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Nº Processo:0036-T-38 de 02/08/38. Observações:O tombamento inclui todo o seu acervo, de acordo com a Resolução do Conselho Consultivo da SPHAN, de 13/08/85, referente ao Processo Administrativo nº 13/85/SPHAN.

CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: Reformada em 2007 paralela a uma rampa de acesso toda em pé-de-moleque, foi executada uma escada para facilitar a subida. Foram construídos dois banheiros em local discreto do pátio, sendo um para portadores de deficiência. Os muros externos tiveram o revestimento de argamassa totalmente substituído. Situada atualmente junto ao Cais do Porto, construído por aterro no início do século XX, o local de sua implantação ficou prejudicado pelo afastamento do mar. ÉPOCA DE CONSTRUÇÃO: A construção, a princípio, foi de uma capela, entre os anos de 1742 e 1750. Em 1898 foi fundada a Irmandade de Nossa Senhora da Saúde para administrá-la, mas somente em 1900 a Igreja passou aos cuidados da Confraria. CARACTERISTICAS CONSTRUTIVAS: Estilo rococó, com tendências ao neoclássico, que pode ser identificado também nas diversas talhas que adornam o templo. O frontispício da Igreja é dominado por uma singela portada de granito, com verga arqueada, a torre sineira está colocada ao lado da epístola, e possui arremate bulboso. A talha da capela-mor apresenta algumas imagens antigas. Sua nave única é revestida de azulejos da segunda metade dos setecentos, narrando a vida de José do Egito. Coro e púlpito são arrematados por trabalho em talha de madeira. Na sacristia disposta lateralmente existe um lavabo com embrechados de azulejos e louça da Companhia das Índias. MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS INCORPORADAS AO ATRATIVO: Painéis de azulejo que contam a história de José do Egito. UTILIZAÇÃO ATUAL: Atividades religiosas. ATIVIDADES REGULARES: Missas e atividades paroquiais.

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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro

FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS

CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais

TIPO: Arquitetura Religiosa

IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Igreja de Santo Cristo dos Milagres

LOCALIZAÇÃO: Pça Santo Cristo s/n. Santo Cristo.

( x ) EM ÁREA URBANA

( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:

( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública

Página na Internet/Endereço eletrônico: Não possui.

ADMINISTRAÇÃO: Mitra arquiepiscopal.

ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x) Bom ( ) Regular ( ) Precário

( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo

( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre

ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário.

TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 110, 127, 128. Freqüências: 15 minutos

( x) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?

PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: 2ª A SAB. HORÁRIOS 08 ÀS 12 E 14 AS 18 HORAS. ( x ) Permanente ( ) Temporário: Domingo as 07 e 18Horas.

Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito

CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL

ORIGENS DOS VISITANTES ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)

( - ) Estado do Rio (-) Municípios Vizinhos ( x ) Local

SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares

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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( x ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza

( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:

ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( - ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas

( - ) Prática de esportes. Citar ( x ) Outras atividades. Citar: Festas juninas.

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Não possui.

CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: A Igreja do Santo Cristo dos Milagres foi erguida em 1873 e fica na

praça do Santo Cristo local de trafico intenso em direção ao centro e a zona sul.

ÉPOCA DE CONSTRUÇÃO: construída em 1879. CARACTERISTICAS CONSTRUTIVAS: Não disponível. MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS INCORPORADAS AO ATRATIVO: a sua frente um belo chafariz de ferro fundido do artista Henri Frederic Iselin, peça fabricada no Val d’ Osne - França . UTILIZAÇÃO ATUAL: Cultos religiosos. ATIVIDADES REGULARES Grupos de oração, catequese.

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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro

FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS

CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais

TIPO Centro Cultural

IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Cidade do Samba.

LOCALIZAÇÃO Rua Rivadávia Corrêa, 60, Gamboa, Cep: 20220-290// Telefone: 2213-2503

( x ) EM ÁREA URBANA

( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:

( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública

Página na Internet/Endereço eletrônico www.cidadedosambarj.com.br

ADMINISTRAÇÃO Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro

ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário

( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo

( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre

ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário

TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 127 Freqüências: 20 minutos

( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?

PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: TERÇA A SABADO HORÁRIOS 10 ÀS 17:00 HORAS. ( ) Permanente ( x ) Temporário: é fechada por três meses após o Carnaval.

Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( x ) Sim ( ) Não Idiomas: ( x ) Port. ( x ) Ing. ( x ) Esp. ( - ) Outros. Citar INGRESSOS ( x ) Pago R$ 10,00 Inteira, 5,00 meia-entrada ( ) Gratuito

CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL

ORIGENS DOS VISITANTES ( x ) Internacional ( x ) Nacional ( x ) Regional (SP/MG/ES)

( x ) Estado do Rio ( x ) Municípios Vizinhos ( x ) Local

SAZONALIDADE Meses de alta: Out - Mar Meses de Baixa Mar - Jun Meses de média Jul - Set ( - ) Atrativo sem fluxos regulares

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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( x ) Locais para alimentação ( x ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( x ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza

( x ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( x ) Serviço de Segurança ( x ) Outros. Citar: Loja com souvenir.

ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( x ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas

( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Não possui.

CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: O projeto Cidade do Samba é uma iniciativa conjunta da Prefeitura do Rio de Janeiro e a LIESA. Faz parte do conjunto de obras de recuperação e revitalização da Zona Portuária. Cria um novo e definitivo espaço para o Carnaval Carioca, concentrando as principais atividades de produção artística das Escolas de Samba e, conseqüentemente, oferecendo uma nova opção para o turismo. Considera-se o local em que foi construída a Cidade do Samba como um “solo sagrado onde nasceu o samba carioca. O triângulo formado por Saúde, Santo Cristo e Gamboa concentra grande tradição da cultura popular da Cidade, notadamente de personagens e entidades ligadas ao Carnaval Carioca. O desenho da Cidade do Samba forma uma figura geométrica, com as fábricas circundando a praça central. Parecem partes de um grupo de mãos dadas, formando uma grande roda. É como se o mundo do samba estivesse abraçando os seus ancestrais que estiveram por aqui nos séculos XVII e XVIII, trazendo a arte da dança e da música africanos,hoje incorporada às tradições culturais brasileiras. Situado numa área de 92 mil m2 – equivalente a dez campos oficiais de futebol. Reúne 14 barracões (cada um com um prédio de três pavimentos), um prédio administrativo, uma praça central equipada com duas lonas – uma para espetáculos, cobrindo uma área de 2.550 m2 e outra para exposições, quatro lanchonetes com cinco banheiros, dois módulos sanitários públicos e 186 vagas de estacionamento. ACERVO: Fantasias e alegorias das escolas de samba do grupo especial. COLEÇÕES PRINCIPAIS: Não possui ATIVIDADES REGULARES: A Programação Cultural da Cidade do Samba é variável. Para mais informações entrar em contato pelos tels.:(21)2213-2503 ou(21)2213-2546 www.cidadedosambarj.com.br

Page 133: BARROSO_Turistificação de lugares

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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA

MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS

CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais

TIPO Centro Cultural

IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME Centro Cultural Municipal José Bonifácio

LOCALIZAÇÃO Rua Pedro Ernesto, 80 Gamboa, Tel: 2253-6255

( x ) EM ÁREA URBANA

( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:

( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública

Página na Internet/Endereço eletrônico www.rio.rj.gov.br/culturas/culturais_bonifacio.shtm

ADMINISTRAÇÃO Prefeitura do Rio: Secretária Municipal de Culturas.

ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário

( -- ) Ferroviário ( - ) Aéreo

( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre

ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário

TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: C10, 128, 172, 178, 180. Freqüências: 10 minutos

( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?

PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: SEG. A SAB HORÁRIOS: 09 ÀS 18:00 HORAS. ( x ) Permanente ( ) Temporário:

Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito

CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL

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ORIGENS DOS VISITANTES ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)

( x ) Estado do Rio ( x ) Municípios Vizinhos ( x ) Local

SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares

EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( x ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza

( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( x ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:

ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( x ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas

( - ) Prática de esportes. Citar ( x ) Outras atividades. Citar: Cursos, Seminários.

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Projeto SAGAS - Decreto Municipal 7.351/88. Bem tombado municipal em 14/11/1983.

CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: O prédio foi construído para abrigar uma das primeiras escolas públicas da cidade, atendendo a uma solicitação de D. Pedro II. O ginásio foi posteriormente extinto e o prédio permaneceu desocupado até março de 1977, quando a Biblioteca Popular Municipal da Gamboa foi instalada no palacete histórico. Em 1994, passou por uma grande reforma. Foram instaladas esculturas de inspiração africana e as diversas unidades do centro receberam nomes de personalidades-símbolos da cultura afro-brasileira. O espaço dispõe de infra-estrutura que contempla cinco galerias para exposição, uma sala de teatro com capacidade para receber 100 pessoas, um auditório para 50 pessoas, uma quadra aberta para eventos externos para 300 pessoas, cinco salas para atividades diversas e uma outra sala exclusivamente dedicada à dança. Na área externa a rua Pedro Ernesto embora estreita e sem espaço para estacionamento possui transito intenso.

ACERVO: O centro cultural tem uma biblioteca especializada com um acervo de mais de 750 títulos sobre o tema da cultura afro-brasileira

COLEÇÕES E PEÇAS PRINCIPAIS: Peças da Cultura Afro-brasileira.

ATIVIDADES REGULAES DA INSTITUIÇÃO: O Centro Cultural Municipal José Bonifácio funciona como sede do Centro de Referência da Cultura Afro-brasileira, único no gênero na América Latina, num prédio tombado renascentista, erguido em homenagem ao patriarca da Independência José Bonifácio, na Zona Portuária do Rio de Janeiro e realiza atividades cotidianas de oficinas, cursos, espetáculos e exposições, todas gratuita.

Page 135: BARROSO_Turistificação de lugares

133

INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro

FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS

CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais

TIPO Centros Culturais/Casas de cultura

IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME Centro Cultural Ação Cidadania

LOCALIZAÇÃO Rua Barão de Tefé 75, Cep: 20220-460 Gamboá, Rio de Janeiro. Telefone: 21 2233-7460.

( x ) EM ÁREA URBANA

( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:

( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública

Página na Internet/Endereço eletrônico www.acaodacidadania.com.br

ADMINISTRAÇÃO Associação Comitê Rio Ação da Cidadania

ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário

( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo

( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre

ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário

TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 350 Freqüências: 15 minutos.

( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?

PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: SEGUNDA A SEXTA /HORÁRIOS: 09:00 ÀS 18:00 HORAS ( x ) Permanente ( ) Temporário:

Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito

CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL

ORIGENS DOS VISITANTES ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)

( - ) Estado do Rio ( - ) Municípios Vizinhos ( x ) Local

SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares

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134

EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( x ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza

( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:

ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos (x) Eventos culturais ( - ) Caminhadas

( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Lei Estadual de Incentivo a Cultura e Lei Federal Rouanet.

CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: Sediado em um antigo armazém com 14.000 m², construído por André Rebouças em 1871 e recuperado pelo arquiteto Hélio Pellegrino. A reforma deixou a edificação com um estilo rústico, com tijolos crus e ferro mas com toques diferentes como luminárias que dão um ar de requinte. Na área externa a Rua Barão de Tefé é bem larga e possui trafico pesado e na rua Coelho e Castro, ao lado, há pouco movimento sendo usada como estacionamento pelos trabalhadores das imediações. Não existem edifícios de porte maior que o Centro Cultura dos lados do prédio permitindo uma boa visibilidade. ACERVO: Não possui. COLEÇÕES E PEÇAS PRINCIPAIS: Não possui. ATIVIDADES REGULARES DA INSTITUIÇÃO: Atualmente projetos culturais voltados para a comunidade. Como o leitura em ação que realiza a leitura de textos e poemas com o objetivo de incentivar à comunidade o habito da leitura. O Centro Cultural Ação Cidadania projeta em seu amplo espaço atividades musicais, teatrais e exposições diversas além de um espaço para dedicado à gastronomia.

Page 137: BARROSO_Turistificação de lugares

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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro

FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS

CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais

TIPO Sitio arqueológico.

IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Cemitério dos Pretos Novos.

LOCALIZAÇÃO: Rua Pedro Erndesto 36, Gamboa CEP: 20220-350 Telefone: (21) 2516-7089

( x ) EM ÁREA URBANA

( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:

( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública

Página na Internet/Endereço eletrônico: www.pretosnovos.com.br

ADMINISTRAÇÃO: ONG Instituto de pesquisa e memória pretos novos.

ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário

( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo

( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre

ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário

TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: C10, 180, 172, 128 Freqüências: 10 minutos

( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?

PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO SEG. A SEX HORÁRIOS: 09:00 ÀS 18:00 HORAS. ( x ) Permanente ( ) Temporário:

Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( x ) Sim: Agendadas ( ) Não Idiomas: ( X ) Port. ( - ) Ing. ( - ) Esp. ( - ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito

CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL

ORIGENS DOS VISITANTES ( x ) Internacional ( x ) Nacional ( x ) Regional (SP/MG/ES)

( x ) Estado do Rio ( x ) Municípios Vizinhos ( x ) Local

SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x) Atrativo sem fluxos regulares

Page 138: BARROSO_Turistificação de lugares

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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza

( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:

ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( x ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas

( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Solo tombado. Não encontrado o registro no Arquivo Noronha Santos.

CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: Em uma casa construída no início do século XVIII, na Rua Pedro Ernesto, 36, na Gamboa, seus donos, Merced e Petruccio, resolveram realizar reformas. Durante as escavações, no ano de 1996, eles acharam um verdadeiro sítio arqueológico enterrado as seus pés. Embaixo da estrutura do prédio havia um cemitério secular de negros vindos da África, que não resistiam à viagem e morriam antes de serem comercializados - o então desconhecido, Cemitério dos Pretos Novos. Junto aos entulhos, foram encontrados fragmentos de crânios e ossos humanos dentre artefatos de cerâmica, vidros, metais e outras evidências arqueológicas. Ao comunicar o achado ao Centro Cultural José Bonifácio, situado na redondeza, o assunto foi diretamente transmitido ao Departamento Geral de Patrimônio Cultural, órgão da Secretaria de Cultura, que logo mandou uma equipe de profissionais da Prefeitura e do Instituto de Arqueologia Brasileira para confirmar o potencial histórico. O local foi transformado em sítio arqueológico e, mais tarde, em Centro Cultural, visando manter viva não só a história da cidade do Rio de Janeiro, como também a do Brasil e da África. A Rua Pedro Ernesto embora estrita tem trafico pesado e não possui espaço para estacionamento. Todo o entorno é formado em sua maioria por sobrados. ÁREA: Cerca de 1.200m², aberta a visitação 400m². REFERÊNCIAS CRONOLOGICAS E OU HISTÓRICAS: Mais de 10 milhões de cativos foram retirados do continente africano de 1500 a 1850 e quase metade deles desembarcou no Brasil. O tráfico negreiro foi um costume introduzido pelo povo europeu. A descoberta de ouro e diamantes na região das Minas Gerais e a necessidade de mão-de-obra barata estabeleceu um crescente comércio de escravos entre os continentes americano e africano. Foi então que a miscigenação dos negros com o “povo brasileiro” (brancos e índios) começou. O porto do Rio de Janeiro tornou-se um ponto estratégico para o desembarque dos navios e o principal local era a atual Praça Quinze. Nesta época, o lucro de uma viagem negreira era muito superior à receita anual de um grande engenho. O mercado negreiro passou a ser controlado por empresas estabelecidas na cidade, onde havia a maior concentração de população escrava em área urbana existente, e cerca de 15 traficantes conduziam a maior parte do comércio entre o Brasil e Angola. Esta posição central se consolidou quando, em 1763, o Rio tornou-se capital do país. Ao chegarem da África, os negros eram amontoados em galpões e depois expostos para venda. Cerca de 40% dos escravos que desembarcavam no Rio, neste período, morriam antes de 4 anos.Em virtude da aglomeração dessas atividades comerciais, portuárias e negreiras, no final do século XVIII, as regiões do Morro da Conceição e do Morro do Livramento apresentavam-se bastante densas. Esses fatores contribuíram para a mudança do mercado de escravos para um local menos incômodo, mais arejado, com hortas e chácaras. Foi escolhida, então, a região do Valongo, que compreendia Gamboa, Saúde e Santo Cristo. Isto estimulou o crescimento urbano do interior, com a criação de armazéns e trapiches, loteamento de áreas, abertura de ruas e aterramentos de pântanos. Com a chegada da família real em 1808 e a abertura dos portos em

Page 139: BARROSO_Turistificação de lugares

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1815, a intensificação do movimento comercial acabou por provocar a ocupação populacional das encostas e morros do Rio. Para se ter uma idéia de como o crescimento da população na cidade foi estrondosa neste período, o índice de aumento habitacional entre os anos de 1808 e 1821 foi de 88%. Tal incremento levou a construção de residências em áreas antes ocupadas pelos cemitérios e à conseqüente transferência do Cemitério dos Pretos Novos para o antigo Caminho da Gamboa. CARACTERISTICAS TIPOLOGICAS: Artefatos do século XVIII e XIX. ASPECTOS NOTAVÉIS DO CONJUNTO: Dentre os 5.563 fragmentos encontrados nas escavações do sítio arqueológico Cemitério dos Pretos Novos, a análise antropológica e biológica dos ossos não cremados, apesar das condições precárias nas quais foi feito o salvamento, permitiu identificar 28 corpos, em sua maioria de jovens do sexo masculino, com idades entre 18 e 25 anos. Mais da metade apresentava marcas de cremação - fator curioso que determina mudanças nos aspectos da coloração, da textura das superfícies e da morfologia dos ossos. Este processo era feito para agilizar os sepultamentos, já que eles ficavam muito tempo expostos, esperando o enterro. Estudos mais detalhados estão sendo realizados objetivando conhecer melhor os processos de cremação dessa época e a maneira como eram efetuadas. Outra importante descoberta foi a presença de entalhes nos dentes da arcada superior dos crânios encontrados, o que indicava a procedência africana dos indivíduos ali enterrados. Esta prática era efetuada em jovens entre 14 e 20 anos, ainda em vida, que modificavam intencionalmente a forma de seus dentes para cumprirem ritos cerimoniais de iniciação, identificação tribal ou por puro embelezamento. É possível afirmar que as lesões ósseas das amostras foram provocadas por fraturas, infecções, anemias e algumas degenerações. A exemplo de um caso raro de um indivíduo adulto que apresentava deformações nos dedos dos pés, comprovou-se que, enquanto vivo, manteve-se de joelhos longos períodos. Pode-se especular a hipótese de se tratar de um muçulmano. Do ponto de vista dentário, foi constatado também que a população presente na amostragem possuía boa dentição, com baixa incidência de cáries. A cultura negra vinda da África trouxe consigo diversas técnicas artesanais e agrícolas fundamentais para a vida cotidiana da população local. Os africanos confeccionavam à mão uma grande quantidade de peças para consumo doméstico, dentre elas tigelas, vasilhas, pratos, panelas e talhas de cerâmica. De barro, eles produziam cachimbos, pesos de rede e rodelas de fuso. Decoravam estes utensílios com apliques e incisões de linhas. Os fragmentos achados no sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos foram de fundamental importância para as tradições tecnológicas das sociedades coloniais. Esta cerâmica neo-brasileira sobrevive até hoje com o nome de "cerâmica regional". Junto a ela foram encontrados, também, fragmentos de peças de uso diário da produção local e itens importados advindos da colonização européia. Ouro, marfim e especiarias, além de ornamentos de metais e contas de vidro, marcaram a moda e os costumes africanos da época - reflexos do fluxo de mercadorias na África introduzidos pelos colonizadores. LOCAIS E PRECUSRSO DE INTERESSE PARA VISITAÇÃO: Centro cultural cemitério dos pretos novos. ATIVIDADES REGULARES: Exposições sobre a cultura afro-brasileira e de artefatos encontrados nas escavações.

Page 140: BARROSO_Turistificação de lugares

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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro

FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS

CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais

TIPO Arquitetura Funerária

IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Cemitério dos Ingleses.

LOCALIZAÇÃO: Rua da Gamboa 181, Gamboa.

( x ) EM ÁREA URBANA

( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:

( X ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública

Página na Internet/Endereço eletrônico: Não possui.

ADMINISTRAÇÃO: Igreja Anglicana

ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário

( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo

( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre

ACESSO MAIS UTILIZADO

TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente (x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 127 Freqüências: 15 minutos

( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?

PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO 2ª A 6ª HORÁRIOS: 08:00 ÀS 16:00 HORAS. ( x ) Permanente ( ) Temporário:

Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito

CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL

ORIGENS DOS VISITANTES ( x ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)

( - ) Estado do Rio ( - ) Municípios Vizinhos ( x ) Local

SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares

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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( x ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( x ) Serviço de limpeza

( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar:

ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( - ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas

( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar:

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Tombado pelo Inepac: E-18/300.627/84 Tombamento definitivo em 17/05/88.

CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: O ambiente silencioso é ambientado por árvores frondosas que ensombream alguns recantos. Caminhos tortuosos acompanham o declive do terreno. O cemitério é cercado pela Favela do Morro da Providência. E em frente foi construída a cidade do Samba o que gerou pavimentação dos acessos próximos e aumento no fluxo de veículos. ÉPOCA DE CONSTUÇÃO: Com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, após a promulgação do Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas (1808), no ano seguinte (1809) permitia-se à comunidade britânica no Rio de Janeiro, o estabelecimento de um cemitério e de uma igreja anglicana, uma vez que a religião oficial do Estado Português era a católica e que a comunidade britânica (comercial, diplomática e militar) se ampliava e adquiria importância cada vez maior nesta cidade, transformada em sede da monarquia portuguesa. O British Burial Ground foi inaugurado em 1809, nas terras doadas por d. João VI ao ministro inglês, lord Stranford, para que ali se instalasse um cemitério a fim de atender à crescente comunidade protestante inglesa do Rio de Janeiro. O cemitério dispunha originalmente de um cais de desembarque para o sepultamento dos ingleses que faleciam a bordo durante a travessia do oceano. CARACTERISTICAS CONSTRUTIVAS: A maioria das campas baixas é coberta por vegetação rasteira, assinaladas por simples lápide de mármore vertical.em destaque. Os monumentos funerários são poucos e mais recentes. A singela capela mortuária é a única edificação no terreno. MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS INCORPORADAS AO ATRATIVO: Não possui. UTILIZAÇÃO ATUAL: Cemitério. ATIVIDADES REGULARES: Não possui.

Page 142: BARROSO_Turistificação de lugares

140

INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA

MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS

CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais

TIPO Arquitetura Industrial

IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: Fábrica de chocolate Bhering.

LOCALIZAÇÃO: Rua Orestes 28 Santo Cristo.

( x ) EM ÁREA URBANA

( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:

( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública

Página na Internet/Endereço eletrônico: http://www.cafeglobo.com

ADMINISTRAÇÃO: Bhering Produtos Alimentícios

ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário

( - ) Ferroviário ( - ) Aéreo

( - ) Hidroviário ( - ) Marítimo ( - ) Fluvial/Lacustre

ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário.

TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 127, 128. Freqüências: Média de 10 minutos

( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?

PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: NÃO SE APLICA /HORÁRIOS: NÃO SE APLICA ( x ) Permanente ( ) Temporário:

Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS: NÃO SE APLICA ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito

CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL

ORIGENS DOS VISITANTES: Não se aplica ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)

( ) Estado do Rio ( ) Municípios Vizinhos ( ) Local

SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares

EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

Page 143: BARROSO_Turistificação de lugares

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( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( - ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( - ) Serviço de limpeza

( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar: Não se aplica.

ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( - ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas

( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar: Não se aplica.

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Não possui.

CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: Com uma área de 15.000m² foi inaugurado em 1934 um edifício com 4 pavimentos e um térreo. A estrutura metálica foi trazida da Alemanha. Ao redor da fábrica que fica na encosta do Morro do Pinto as casas tomaram todo o terreno, as ruas são estreitas e não suportam o transito de veículos pesados. ÉPOCA DE CONSTRUÇÃO: 1887 CARACTERISTICAS CONSTRUTIVAS: COMPOSIÇÃO, ESTILO OU TÉCNICA: Arquitetura industrial. MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS INCORPORADAS AO ATRATIVO: Não possui. UTILIZAÇÃO ATUAL: Locação ATIVIDADES REGULARES. O espaço é locado para filmagens.

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INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA MUNICÍPIO: Zona Portuária do Rio de Janeiro

FORMULÁRIO I - ATRATIVOS TURÍSTICOS

CATEGORIA Atrativo Histórico Culturais

TIPO Arquitetura Militar

IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NOME: 5ª Batalhão de Policia Militar – Batalhão Coronel Assunção

LOCALIZAÇÃO: Praça Coronel Assunção, Gambôa.

( x ) EM ÁREA URBANA

( ) FORA DA ÁREA URBANA Localidade mais próxima: Distância:

( x ) Propriedade privada ( ) Propriedade pública

Página na Internet/Endereço eletrônico: Não possui.

ADMINISTRAÇÃO Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro.

ACESSIBILIDADE AO ATRATIVO TIPOS DE ACESSOS POSSÍVEIS ATÉ O ATRATIVO ( x ) Rodoviário ( x ) Pavim. ( ) Não pavim. ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário

( ) Ferroviário ( ) Aéreo

( ) Hidroviário ( ) Marítimo ( ) Fluvial/Lacustre

ACESSO MAIS UTILIZADO: Rodoviário.

TRANSPORTES URBANOS REGULARES ATÉ O ATRATIVO ( x ) Existente ( ) Não existente ( x ) Bom ( ) Regular ( ) Precário TIPOS ( x ) ônibus urbanos locais Linhas: 222, 127, 128. Freqüências: Média de 15 minutos

( x ) Taxis ( - ) Vans/Kombi ( - ) Barcos ( - ) Outros. Qual?

PERÍODOS DE FUNCIONAMENTO: NÃO SE APLICA /HORÁRIOS: NÃO SE APLICA ( x ) Permanente ( ) Temporário:

Meses: ( ) jan ( ) fev ( ) mar ( ) abr ( ) mai ( ) jun ( ) jul ( ) ago ( ) set ( ) out ( ) nov ( ) dez VISITAS GUIADAS: ( ) Sim ( x ) Não Idiomas: ( ) Port. ( ) Ing. ( ) Esp. ( ) Outros. Citar INGRESSOS: NÃO SE APLICA ( ) Pago R$ ( x ) Gratuito

CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA DE VISITANTES ATUAL

ORIGENS DOS VISITANTES: Não se aplica ( - ) Internacional ( - ) Nacional ( - ) Regional (SP/MG/ES)

( - ) Estado do Rio ( - ) Municípios Vizinhos ( - ) Local

SAZONALIDADE Meses de alta Meses de Baixa Meses de média ( x ) Atrativo sem fluxos regulares

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EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

( - ) Locais para alimentação ( - ) Sinalização interna ( - ) Sanitários Masc. e Fem. ( - ) Estacionamento ( - ) Serviço de limpeza

( - ) Guias/monitores especializados ( - ) Equip. para prática de esportes ( - ) Serviço de Segurança ( - ) Outros. Citar: Não se aplica.

ATIVIDADES REGULARMENTE OCORRENTES NO ATRATIVO ( - ) Eventos esportivos ( - ) Eventos culturais ( - ) Caminhadas

( - ) Prática de esportes. Citar ( - ) Outras atividades. Citar: Não se aplica.

LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO VIGENTE Bem preservado pelo projeto SAGAS, Decreto Municipal 7.351/88.

CARACTERÍSTICAS TURÍSTICAS RELEVANTES SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA: A altura da antiga Praça da Harmonia, hoje Praça Coronel Assunção, um ar de Rio Colonial o que é complementado pela arquitetura militar do 5ª Batalhão de Policia Militar. Ocupa duas quadras inteiras. Ao redor do moinho há transito de veículos pesados com a carga da produção do moinho. Na Avenida Venezuela circulam ônibus e outros veículos em direção ao centro da cidade. ÉPOCA DE CONSTRUÇÃO: de 1908 até 1914. CARACTERISTICAS CONSTRUTIVAS: COMPOSIÇÃO, ESTILO OU TÉCNICA: Arquitetura Militar do inicio do século XX. MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS INCORPORADAS AO ATRATIVO: Não possui. UTILIZAÇÃO ATUAL: Quartel do 5ª Bpm ATIVIDADES REGULARES. Atividades militares.