Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

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Curso de Fisioterapia Renata Barboza Carlos Magno BASES REABILITATIVAS DE FISIOTERAPIA NO CÂNCER DE MAMA Rio de Janeiro 2009

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Curso de Fisioterapia

Renata Barboza Carlos Magno

BASES REABILITATIVAS DE FISIOTERAPIA NO CÂNCER DE MAMA

Rio de Janeiro 2009

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Renata Barboza Carlos Magno

BASES REABILITATIVAS DE FISIOTERAPIA NO CÂNCER DE MAMA

Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito para obtenção do bacharelado de Fisioterapeuta. Orientador: Profº: Silmar Silva Teixeira

Rio de Janeiro 2009

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Renata Barboza Carlos Magno

BASES REABILITATIVAS DE FISIOTERAPIA NO CÂNCER DE MAMA

Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito para obtenção do Bacharelado de Fisioterapeuta.

Aprovada em: ____/____/2009. BANCA EXAMINADORA Prof. Silmar Silva Teixeira Universidade Veiga de Almeida - Presidente da Banca Examinadora. Prof. Adriana Aiex Universidade Veiga de Almeida - Membro da Banca Examinadora. Prof. Marcos de Souza Alves Universidade Veiga de Almeida - Membro da Banca Examinadora.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais por terem me apoiado nas decisões que tive que tomar, por estarem do meu lado nos momentos mais difíceis e por me orientarem nas horas de maior necessidade.

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AGRADECIMENTOS

Na elaboração deste trabalho devo meus agradecimentos a:

Aos meus pais por me darem oportunidade de um curso de nível superior, por estarem do meu lado em todos os momentos, de alegria e de dificuldade, por me aconselharem nos momentos de indecisão. A todos os meus verdadeiros amigos que compreenderam meus momentos de ausência. As minhas grandes amigas Sabrina Oliveira e Raquel Macedo por terem me ajudado na execução deste trabalho. Meus professores do curso de Fisioterapia por darem todo apoio para os alunos do curso. Ao professor Silmar quem me orientou diante do assunto escolhido, por todo o suporte oferecido por ele e por esclarecer todas as minhas dúvidas. À todas as pessoas que me apoiaram com palavras de incentivo, e as que também me ajudaram em oração nessa fase tão especial e importante da minha vida. AGRADECIMENTO ESPECIAL Á Deus, criador e mantenedor de todas as coisas, que me deu a oportunidade de participar neste momento da vida com uma obra tão digna e cheia de significado que é compartilhar, ensinar e aprender com pessoas especiais como os que sofreram perdas irreparáveis no passado com a poliomielite e, ainda, sofrem pelas limitações físicas, preconceitos e medo.

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RESUMO

O câncer de mama é a neoplasia de maior ocorrência entre as mulheres. O Brasil está entre os

países com mais elevada taxa de incidência, sendo a principal causa de morte por neoplasia

entre a população feminina. Atualmente, o câncer de mama é considerado um grave problema

de saúde pública, conseqüentemente é uma das mais importantes causas de morbidade e

mortalidade na mulher. As condutas terapêuticas para o tratamento são diversas; contudo, as

cirurgias prevalecem e a técnica escolhida depende da gravidade do quadro. Com a evolução do

tratamento, observou-se a necessidade de uma abordagem multidisciplinar, visando prevenir e

minimizar complicações cirúrgicas que possam interferir no bem estar físico e psicológicos das

pacientes submetidas ao tratamento cirúrgico. Este trabalho tem como objetivo principal propor

um protocolo de tratamento fisioterapêutico baseada nas principais alterações físico-funcionais

encontradas em mulheres que foram submetidas à tratamento cirúrgico. A fisioterapia precoce

tem os objetivos de prevenir complicações, promover adequada recuperação funcional e,

conseqüentemente, proporcionar melhor qualidade de vida às mulheres submetidas à cirurgia

para tratamento de câncer de mama. Entretanto, questiona-se qual a melhor maneira de realizar

esses exercícios e qual a sua influência nas complicações pós-operatórias. Concluímos então que

a intervenção precoce da fisioterapia, aplicada ainda no ambiente hospitalar, não só ajuda a

prevenir as complicações pós-cirúrgicas, como também reabilita as pacientes mais cedo para as

atividades da vida diária (AVDs).

Palavras-chave: Reabilitação, fisioterapia, câncer de mama, cirurgia.

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ABSTRACT

Breast cancer is the neoplasia of highest incident among women. Brazil is among countries with

the most elevated incident rate, being the main cause of death by neoplasia in woman

population. At present breast cancer is considered a serious public health problem, consequently

it is one of the most important causes of woman morbidity and mortality. Therapeutic conducts

for the treatment are various; however, surgeries prevail and the chosen technique depends on

how severe the case is. With the treatment development, it is observed the necessity of a

multidisciplinary approach aiming to prevent and minimize surgical problems that may interfere

in physical and psychological fitness of patients undergoing surgical treatment. This study has

as main objective to propose a physicaltherapic treatment an educative book based on main

physic-functional alterations found in the women submitted to surgical treatment. Physiotherapy

early goals is to prevent complications, promote adequate functional recovery and,

consequently, provide better quality of life for women subjected to surgical treatment of breast

cancer. However, questions are how best to achieve these exercises and that its influence on

postoperative complications. Then conclude that the early intervention of physiotherapy, applied

also in the hospital environment, not only helps prevent post-surgical complications, but also

rehabilitate the patients early to the activities of daily living (AVDs).

Key -Words: breast cancer, life quality, physicaltherapy

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Anatomia da mama .................................................................................................. 12

Figura 02: Arquitetura da Mama ............................................................................................... 14

Figura 03: Proliferação de Cela Tumoral .................................................................................. 23

Figura 04: Divisão da Mama em Quadrantes ............................................................................ 27

Figura 05: Auto-exame Primeira Etapa ..................................................................................... 36

Figura 06: Auto Exame Segunda Etapa ..................................................................................... 36

Figura 07: Auto exame Terceira etapa ...................................................................................... 37

Figura 08: Cirurgia Radical e Conservadora ............................................................................. 42

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SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................08 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................10

CAPÍTULO I

1.1 A MAMA ............................................................................................................................. 12 1.2 Arquitetura da Mama ........................................................................................................ 14 1.3 Inervação ............................................................................................................................ 16 1.4 Vascularização .................................................................................................................... 16 1.5 Tecido Muscular ................................................................................................................. 18 1.6 Cavidade Axilar .................................................................................................................. 19

CAPITULO II

2 CÂNCER DE MAMA ........................................................................................................... 20

2.1 Oncogênese .......................................................................................................................... 20

2.2 Epidemiologia e estatística para 2009 ............................................................................... 22

2.3 Patogenia e fatores de risco ................................................................................................ 24

2.4 Classificação ........................................................................................................................ 27

2.5 Estadiamento ....................................................................................................................... 30

2.6 Diagnóstico .......................................................................................................................... 34

2.7 Auto-exame das mamas ...................................................................................................... 34

2.8 - Sinais e sintomas ............................................................................................................... 38

2.9 Prevenção ............................................................................................................................ 38

2.10 Prognostico ........................................................................................................................ 38

2.11 Fatores de risco ................................................................................................................. 39

2.11.1 Fatores ambientais ........................................................................................................... 39

2.11.2 Herança genética .............................................................................................................. 39

CAPITULO III

3 FISIOTERAPIA NO CANCER DE MAMA ....................................................................... 40

3 .1 Tratamento clinico do câncer de mama ........................................................................... 40

3.2 Modalidades terapêuticas ................................................................................................... 40

3.3 Tratamento cirúrgico do câncer de mama ....................................................................... 41

3.4 A fisioterapia aplicada a oncologia em geral .................................................................... 42

3.5 A fisioterapia aplicada ao tratamento do câncer de mama ............................................ 45

3.6 Atuação fisioterapeutica no pre- operatório .................................................................... 46

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3.7 A atuação fisioterapeutica no pos – operatório ................................................................ 47

3.8 Posicionamento no leito ...................................................................................................... 48

3.9 Mobilização do segmento superior .................................................................................... 48

3.10 Controle de sintomas algicos ............................................................................................ 48

3.10.1 Prevenção de problemas psturais ..................................................................................... 48

3.11 Prevenção e tratamento do linfedema do segmento superior ....................................... 49

3.12 Recursos fisioterapeuticos aplicados no câncer de mama ............................................. 50

METODOLOGIA ..................................................................................................................... 54

DISCURSSAO ........................................................................................................................... 55

CONCLUSAO ........................................................................................................................... 61

REFERENCIAS ........................................................................................................................ 62

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INTRODUÇÃO

No Brasil, o câncer de mama representa a segunda maior incidência de neoplasia maligna

primária (49.400/ 100.000) e a primeira causa de óbitos (9.335/ 100.000) entre as mulheres. As

taxas de mortalidade são elevadas, certamente porque a doença ainda é diagnosticada nos

estágios mais avançados, levando também a tratamentos mais radicais (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2008).

Muitos tumores de mama não dão qualquer sintoma, por este motivo, é importante a

mulher estar familiarizada com a aparência, sensações, formas e texturas de suas próprias mamas

para detectar qualquer alteração. A mulher deve procurar por alterações da coloração, superfície

ou textura na pele da mama, ou do mamilo; descarga (saída de secreção) através do mamilo e

aparecimento de nódulos novos. Se tiver dor persistente, apresar de não ser um sintoma

relacionado ao câncer, ela deve procurar o médico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

As recomendações do Instituto Nacional do Câncer: em novembro de 2003, foi realizada a

“Oficina de Trabalho para Elaboração de Recomendações ao Programa Nacional de Controle de

câncer de Mama”, organizada pelo Ministério da Saúde, através do Instituto Nacional de Câncer

e da Área Técnica da Saúde da Mulher, o apoio das Sociedades Científicas afins e participação de

gestores estaduais, ONG's e OG's.

A partir dessa Oficina foi desenvolvido um Documento de Consenso para Controle do

Câncer de Mama, publicado em 2004, que contém as principais recomendações técnicas

referentes à detecção precoce, ao tratamento e aos cuidados paliativos em câncer de mama, no

Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

Durante o tratamento do câncer, várias complicações são relatadas na literatura, sendo

assim, a fisioterapia desempenha um importante papel na prevenção, minimização e tratamento

dos efeitos adversos do tratamento do câncer da mama. A implantação da rotina de atendimento

fisioterapêutico para pacientes submetidas a tratamento para câncer da mama tem como objetivo

principal a prevenção de complicações através de condutas e orientações domiciliares, e o

diagnóstico e intervenção precoce, visando melhorar a qualidade de vida e a redução dos custos

pessoais e hospitalares (JACQUES e BASTOS, 2005).

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Na população brasileira, a maioria dos diagnósticos de câncer de mama é realizada em

estádios tumorais mais avançados, onde se faz necessário instituir tratamentos mais radicais, com

aumento significativo da morbidade e pior qualidade de vida. O linfedema de membro superior é

a principal complicação decorrente do tratamento do câncer de mama, sendo definido como um

acúmulo de linfa nos espaços intersticiais, causado pela destruição dos canais de drenagem axilar,

provocados pela cirurgia e/ou radioterapia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

O presente trabalho tem como objetivos, demonstrar as principais desordens causadas

pelo câncer e pelo seu tratamento, avaliar a contribuição da fisioterapia para a recuperação de

pacientes acometidas pelo câncer de mama, especialmente com relação à recuperação dos

movimentos, aumentando as chances de retorno às atividades diárias, melhorando a auto-estima

e, conseqüentemente o convívio social, além de demonstrar a importância da Fisioterapia em uma

equipe multidisciplinar na oncologia.

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CAPÍTULO I

REVISÃO DE LITERATURA

1.1- A MAMA

A mama está localizada entre as camadas superficial e profunda da tela subcutânea,

superiormente na parede torácica, na qual está ventralmente situada aos músculos peitoral maior,

serrátil anterior e oblíquo externo do abdome. Elas se estendem verticalmente da segunda até a

sexta costela, e transversalmente do esterno a linha axilar média (DUMARD, 2005).

Ainda, segundo o autor, as glândulas mamárias são formadas de dúctulos e seu

agrupamento origina os lobos ou lóbulos. Cada glândula mamária é composta por cerca de 15 a

20 lobos, as unidades funcionais do parênquima mamário, ou seja, os produtores do leite. Dos

lobos partem os ductos terminais, que irão para os ductos segmentares. Os ductos terminais e

segmentares fazem parte dos ductos lactíferos, que são os canais responsáveis pela condução do

leite. Esses ductos são envolvidos por uma membrana basal contínua, e esta membrana é de alta

importância para a diferenciação do câncer de mama in situ do invasivo, no caso de câncer de

mama ductal. Quando esta membrana não possui interrupções em sua continuidade, o tumor é

não invasivo. Quando o tumor infiltra-se nesta membrana ele é chamado de invasivo (op cit,

2005).

Fig.1 Anatomia da mama. Fonte: <www.tre-se.gov.br/sams/exame_mama>

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Segundo INCA (1996), as glândulas mamárias, que têm como principal função a secreção

do leite, estão situadas na parede anterior do tórax e se compõem de:

Ácino - menor parte da glândula, responsável pela produção do leite durante a lactação;

Lóbulo mamário - conjunto de ácinos;

Lobo mamário - conjunto de lóbulos que se liga à papila através de um ducto;

Ductos mamários - em número de 15 a 20 canais, conduzem o leite à papila;

Tecido glandular - conjunto de lobos e ductos;

Papila - protuberância elástica onde desembocam os ductos mamários;

Aréola - estrutura central da mama onde se projeta a papila;

Tecido adiposo - todo o restante da mama é preenchido por tecido adiposo, cuja

quantidade varia com a característica física, o estado nutricional e idade da mulher.

Segundo Dumard (2005), a mama é uma estrutura que tem inervação originada do ramo

cutâneo, anterior e lateral do quarto, quinto e sexto nervos torácicos. Os nervos intercostais

enviam fibras sensitivas para a pele da mama e ramos autônomos para os músculos lisos e vasos

sanguíneos e, a vascularização da mama se origina de diversos grandes vasos. A artéria axilar

emite um ramo que é a artéria torácica lateral, que corre ao longo da borda lateral do músculo

peitoral menor, que por sua vez emite novos ramos chamados de ramos mamários laterais que

irão nutrir a mama.

A drenagem linfática da mama e dos membros superiores está diretamente relacionada

com os linfonodos da cadeia axilar. O sistema de vasos linfáticos da mama se origina em um

plexo entre os lóbulos e das paredes dos ductos lactíferos. Estes linfonodos se encontram ao

longo da borda lateral do músculo peitoral menor, e medialmente em relação a artéria torácica

lateral e são os responsáveis pela drenagem da pele e dos músculos da parede torácica (op cit,

2005).

Entre as duas mamas existem vias que são denominadas de vias para a mama oposta ou

para a mama contra lateral, que também são vias de disseminação tumoral. Elas podem fazer com

que as células cancerosas atinjam a outra mama, ocasionando um câncer bi-lateral. Através disto

percebe-se que a maior parte dos vasos linfáticos da mama, os linfáticos do membro superior e os

ramos cutâneos que drenam a parede torácica acima da cicatriz umbilical, drenam para os

gânglios linfáticos da região axilar (DUMARD, 2005).

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A mama passa por diversas alterações ao longo da vida, assim a amamentação, a época do

ciclo menstrual e a idade da mulher são responsáveis por modificações no tamanho, consistência

e forma do seio. Além disso, a comparação das mamas pode mostrar uma pequena diferença entre

elas, pois geralmente não são simétricas. As mulheres mais jovens apresentam mamas com maior

quantidade de tecido glandular, o que torna esses órgãos mais densos e firmes. Ao se aproximar

da menopausa, o tecido mamário vai-se atrofiando e sendo substituído progressivamente por

tecido gorduroso, até se constituir, quase que exclusivamente, de gordura e resquícios de tecido

glandular na fase pós-menopausa (INCA,1996).

Essas mudanças de características promovem uma nítida diferença entre as densidades

radiológicas das mamas da mulher jovem e da mulher na pós-menopausa. As alterações na mama

são decorrentes de influência hormonal como os níveis de estrogênio e progesterona que ocorrem

desde a fase intra-útero até a menopausa. Além desses outros hormônios também estão

envolvidos no desenvolvimento, alterações variáveis e involução do tecido mamário (op

cit,1996).

1.2 ARQUITETURA DA MAMA

A arquitetura da mama, ilustrada nA figura abaixo, é constituída de um parênquima (que é

o tecido glandular propriamente dito), estroma (tecido conjuntivo que envolve o parênquima) e a

pele, dotada de glândulas sebáceas e sudoríparas (DANGELO e FATTINI, 1998).

Figura 02: Arquitetura da mama Fonte: http://www2.uol.com.Br/menopausa/mama

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O tecido glandular é um parênquima epitelial formado por dois sistemas: o lobular e o

ductal, envolvidos pelo tecido conjuntivo fibroso e adiposo, vasos sanguíneos, linfáticos e nervos.

O sistema lobular é composto pelos lobos mamários que são a unidade anatomo-funcional

da mama, em número de 10 a 20, que são constituídos pelo agrupamento inúmeros lóbulos, que

por sua vez é composto por pequenas formações saculares – alvéolos ou ácinos – reunidos em

número de 10 a 100. Já o sistema ductal é constituído por um ducto principal e suas ramificações

intra e extralobulares, também conhecido como ductos galactóforos. É comprovada a existência

de prolongamentos do sistema ductal para diversas regiões, principalmente a axila, e mais

raramente para a região epigástrica, esternal e clavicular (CAMARGO e MARX, 2000; BIÁZUS

et al, 2001).

O alvéolo mamário envolve o ducto galactóforo, e ao redor da luz do ducto encontramse

as células lactóforas, que são verdadeiras usinas produtoras de leite. É no interior destas células

que o leite é produzido, passando através da membrana para dentro do ducto. Também localizada

aqui está à célula mioepitelial, que é uma célula muscular, cuja função é contrair-se e espremer a

célula galactófora, fazendo com que a produção do leite aumente. O leite produzido acumula-se

nas ampolas lactóforas, que nada mais é que uma dilatação dos ductos principais próximos ao

mamilo (FILHO, [s.d.]).

A superfície cutânea que reveste a mama é fina, elástica e mais clara, podendo ser

dividida em região periférica, areolar e papilar. A aréola é centralizada, pouco rugosa, rósea ou

acastanhada, devido à existência de células ricas em pigmentos melânicos com tamanho variável

entre 3 a 6cm. Na aréola encontram-se glândulas sebáceas, sudoríparas e areolares acessórias;

estas glândulas sebáceas produzem saliências na superfície, constituindo os tubérculos de

Morgagni, já as glândulas areolares acessórias aumentam de volume durante a gestação e passam

a ser conhecidas como tubérculos de Montgomery. A papila esta localizada no centro da aréola,

de tamanho variável, revestida por um epitélio escamoso estratificado queratinizado, recoberta

por um tecido cutâneo espesso e rugoso, onde desembocam os ductos principais. Já a região

periférica é constituída basicamente por tecido cutâneo, com anexos como pêlos, glândulas

sebáceas e sudoríparas (FERRARI et al, 2002; MOORE, 1994).

Enquanto a extremidade da papila contém inúmeras terminações nervosas sensoriais livres

e corpúsculos de Meissner nas papilas dérmica, a aréola contém um pequeno número destas

estruturas. Também são encontrados plexos neuronais ao redor dos folículos pilosos da pele que

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rodeia a aréola e corpúsculos de Pacini. Esta rica inervação sensorial, principalmente da aréola e

da papila, constitui uma grande importância funcional, já que o ato de sucção desencadeia uma

série de mecanismos nneuro-humorais e nervosos que levam a liberação de leite e é essencial

para a continuidade da lactação (CAMARGO e MARX, 2000).

A glândula mamária encontra-se envolvida por uma fáscia mamária, composta por uma

cápsula superficial e outra profunda, sendo que dentre estas existem várias projeções de tecido

fibroso orientadas perpendicularmente à pele, definidas como ligamentos suspensores da mama

ou ligamentos de Cooper (FERRARI et al, 2002; MOORE, 1994).

1.3 INERVAÇÃO

A mama é inervada pelos ramos da porção anterior dos nervos intercostais (do segundo ao

sexto), ramos do plexo cervical e do nervo intercostobraquial. A inervação deriva primariamente

dos quarto, quinto e sexto nervos intercostais na região superior da mama. Parte da pele na

metade superior da mama é inervada pelos terceiro e quarto ramos do plexo cervical,

especificamente dos ramos anterior e medial do nervo supraclavicular. O ramo lateral do segundo

nervo intercostal, que é o intercostobraquial, tem uma importância significativa para a

anatomia cirúrgica, já que passa através da fáscia do assoalho a axila e pode alcançar o nervo

cutâneo medial do braço (FERRARI et al, 2002).

1.4 VASCULARIZAÇÃO

A mama é extremamente irrigada, principalmente pelas artérias originadas da artéria

torácica interna via ramos perfurantes intercostais, que atravessam do segundo ao quarto

espaçointercostal, vascularizando o músculo grande peitoral e a parte medial da glândula.

Também recebem vários ramos da artéria axilar, principalmente dos ramos torácico lateral e

toracoacromial, e ramos cutâneos anteriores e laterais das artérias intercostais, do terceiro

aoquinto espaço intercostal, irrigando a porção superior da mama (MOORE, 1994; BIÁZUS,

2001).

As artérias intercostais, ramos da aorta e da subclávia também atravessam o grande

peitoral e irrigam a face profunda da mama; por isso, durante processo cirúrgico a secção

destaspode provocar importante hemorragia. A artéria torácica externa, com origem na região da

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axila, irriga a metade externa da mama. Como também irriga os linfonodos da axila, músculo

serrátil maior, peitorais e subescapular (CAMARGO e MARX, 2000).

O retorno venoso é representado por três grupos de veias profundas: ramos perfurantes

que alcançam a veia mamária interna, ramos que chegam diretamente à veia axilar e ramos que

alcançam as veias intercostais tributárias da veia áziga e do sistema das veias vertebrais. Em

geral, o retorno venoso acompanha a arquitetura do sistema arterial. É essencial o conhecimento

deste sistema, já que esta envolvida com o processo de transporte de células neoplásicas e

conseqüentemente, a formação de metástase, principalmente as veias intercostais que podem

levar celulas neoplásicas para pulmões, ossos, cérebro, fígados, etc. (CAMARGO e MARX,

2000; MOORE, 1994).

O sistema linfático é uma via secundária de acesso, por onde líquidos, proteínas e celulas

pequenas são devolvidos ao sistema venoso. Desempenha um papel primordial de absorção e

transporte do líquido em excesso, de grandes moléculas de proteínas e pequenas células, graças à

altíssima permeabilidade da membrana dos capilares linfáticos, tendo importante função da

manutenção da homeostase do corpo (CAMARGO e MARX, 2000).

A extensa rede linfática inicia-se pelos capilares, prosseguindo através dos pré-coletores e

coletores até chegar aos dois principais coletores: canal linfático direito e ducto torácico, que

desembocam na junção das veias subclávia e jugular interna, onde encontram-se nódulos

linfáticos. Estes nódulos possuem a função de defesa do organismo, e a de formação da memória

imunológica (CAMARGO e MARX, 2000).

A drenagem linfática da mama ocorre pelos plexos superficiais e profundos. O plexo

superficial é composto pelo plexo areolar e o plexo subareolar. Já o plexo profundo é mais

complexo, composto por linfáticos mamários externos, linfáticos mamários externos, linfáticos

inferiores ou submamários, do tronco e do membro superior.

Pode-se afirmar que a maior parte da drenagem linfática, cerca de 75%, faz-se para os

linfonodos axilares, como também que a maioria dos linfáticos seguem um curso semelhante ao

do sistema venoso. Os linfonodos axilares estão localizados ao longo da borda inferior do

músculo peitoral menor, que fica situado profundamente ao peitoral maior. Estes linfonodos são

divididos em relação ao músculo peitoral menor em três partes, conforme a classificação de Berg:

a primeira esta localizada lateralmente a margem externa do peitoral menor, a segunda sob este

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mesmo músculo e o terceiro medialmente à borda interna do peitoral menor (MOORE, 1994;

FERRARI

et al, 2002).

Entretanto, a maioria dos anatomistas definem cinco grupos de linfonodos axilares: grupo

braquial lateral ou da veia axilar, dispostos na face interna da veia axilar; grupo mamário externo

ou torácico ou axilar anterior, localizado sobre a parede interna da axila acompanhando o trajeto

da artéria mamária externa; grupo subescapular, situado sobre a parede posterior da axila, ao

longo dos vasos escapulares inferiores e da borda externa da escápula; grupo central ou

intermédio, imersos no tecido adiposo axilar, geralmente atrás dos músculo peitoral menor; e,

grupo subclavicular ou apical, localizado por baixo da clavícula, sobre a primeira e segunda

costelas, internamente à veia axilar (CAMARGO e MARX, 2000).

As redes de vasos linfáticos intramamários seguem primariamente para o plexo

retroareolar ou plexo subreolar, para então ir em direção aos linfonodos. Da região profunda da

mama, os linfáticos atravessam o músculo peitoral maior e desembocam no grupo apical de

linfonodos axilares, já a face medial é drenada para os linfonodos paraesternais, situados no

interior do tórax ao longos dos vasos torácicos internos. A pele é drenada tanto para a parede

abdominal quanto para a mama oposta (MOORE, 1994; FERRARI et al, 2002).

O conhecimento da anatomia e funcionamento do sistema linfático e do sistema venoso é

essencial por dois motivos, primeiro por ser uma via de disseminação das células neoplásica;

segundo, por que a sua manipulação durante o tratamento cirúrgico pode gerar complicações

como o linfedema (CAMARGO e MARX, 2000).

1.5 TECIDO MUSCULAR

A mama apresenta uma íntima relação com a parede torácica e com a cintura escapular.

Os músculos e os elementos ósseos das cinturas escapulares e membros superiores recobrem

grande parte da parede torácica anterior lateral e posterior. Conseqüentemente, qualquer

abordagem na mama irá repercutir funcionalmente sobre a cintura escapular e no membro

superior homolateral. A parede torácica é composta por 12 vértebras torácicas, 12 costelas com

suas cartilagens costais e o esterno. Os espaços entre as costelas são preenchidos pelos músculos

intercostais externos e internos. Tem-se ainda a clavícula que articula-se com o esterno e a

primeira costela medialmente, o acrômio lateralmente, além de ser local de inserção dos

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músculos subclávio e grande peitoral. A escápula situa-se posteriormente, e é um ponto

importante de fixação dos músculos subescapular na face anterior; na borda medial insere-se o

músculo serrátil maior; na apófise coracobraquial, insere-se a porção curta do bíceps e o peitoral

menor. A escápula articula-se com o úmero pela cavidade glenóide, recebendo a inserção de

vários músculos (subescapular, bíceps, redondo maior, grande peitoral, grande do dorsal,

supraespinhoso, infraespinhoso e redondo menor) (MOORE, 1994).

Outros músculos situados na região da mama são os músculos intercostais, que estão

localizados aos pares, internos e externos, entre as costelas com função respiratória. Os últimos

três músculos citados na tabela anterior (músculo oblíquo externo do abdômen, reto anterior do

abdômen e o grande dorsal) são de grande importância nas cirurgias de reconstrução mamária

(CAMARGO e MARX, 2000; GUIRRO e GUIRRO, 2002).

1.6 CAVIDADE AXILAR

A cavidade axilar une a região cervical, região torácica e membro superior, tendo uma

função importante sobre os movimentos da articulação do ombro. Uma outra função da cavidade

axilar é a proteção do feixe vasculonervoso axilar que é limitado anteriormente pela parede

musculoaponeurótica anterior (superficialmente esta em contato com o músculo peitoral maior, e

profundamente com os músculos subclávio e peitoral menor, entre estas camadas forma-se um

espaço de deslizamento ocupado por vasos e nervos), pelo gradil costal internamente (no qual

fixa-se o músculo serrátil e sua aponeurose) e externamente pelo músculo subescapular, grande

dorsal e redondo maior (CAMARGO e MARX, 2000).

Na base da cavidade axilar encontra-se o ligamento suspensório da axila, formado pela

aponeurose axilar que envolve o feixe vasculonervoso, os coletores linfáticos e nódulos, como

também a lâmina celuloadiposa. Esta lâmina celuloadiposa, também conhecida como bolsa

serosa, é a unidade funcional da articulação do ombro, pois permite o deslizamento

interescapulotorácico. Consiste em uma simples bolsa gordurosa que faz com que todas as

estruturas da axila deslizem entre sim permitindo os movimentos do ombro (CAMARGO e

MARX, 2000).

Page 21: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

20

CAPITULO II

CÂNCER DE MAMA

2 – CÂNCER DE MAMA

Segundo estatísticas, o Câncer de mama é a neoplasia maligna mais freqüentemente

encontrada na mulher brasileira, ocorrendo preferencialmente após os 40 anos de idade, embora

nos últimos anos tenha se observado um fenômeno inverso, ainda inexplicado e a nível mundial,

que é um aumento sensível da incidência em mulheres mais jovens (BIÁZUS et al, 2001).

O termo neoplasia, empregado para descrever o câncer de mama, segundo a literatura

significa “crescimento novo”, que é sinônimo de tumor. As neoplasias ou tumores são estudadas

em uma área médica específica denominada de oncologia. Dentro da oncologia, a palavra câncer

é o termo comum utilizado para se referir a todos os tumores malignos (COLLINS, COTRAN e

KUMAR, 2000).

O câncer é uma doença crônica degenerativa, que apresenta uma evolução prolongada e

progressiva, que pode ser às vezes interrompida. É uma doença relacionada a debilidades e

mutilações devido ao seu poder de propagação, o que ocasiona danos significativos quanto aos

aspectos físicos, psicológicos e estéticos (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

A Organização Mundial da Saúde estima que, por ano, ocorram mais de 1.050.000 casos

novos de câncer de mama em todo o mundo, o que o torna o câncer mais comum entre as

mulheres. O câncer de mama apresenta-se como um grave problema de saúde pública em todo o

mundo e no Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

2.1 ONCOGÊNESE

O comportamento de todas as células é controlado por genes, localizados no núcleo destas

células. Cada núcleo celular contém aproximadamente 100 mil genes. Estes genes são pacotes

minúsculos com alta concentração de informações e instruções estocadas em forma de códigos

(código genético) em uma molécula química complexa conhecida como DNA (ALMEIDA et al,

2003; HEGG, 1998).

Existem genes específicos conhecidos como oncogenes, presentes em células normais

onde podem ser tanto dominantes quanto desempenhar uma função no controle do

comportamento e divisão celular. Danos no DNA, causados por fumo, luz ultravioleta e alguns

Page 22: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

21

vírus por exemplo, podem desencadear certas anormalidades ou mutações, resultando em

atividade aumentada e anormal. Isto pode levar a célula comportar-se de maneira “anti-social” e

tornar-se cancerosa. Além dos oncogenes, cada célula contém genes supressores de tumor, cuja

função é frear a divisão, danos nestas células também podem levar a desenvolver o câncer

(ALMEIDA et al, 2003; HEGG, 1998).

Em termos mais científicos, o processo de oncogênese é conseqüência da mutação das

células normais, incluindo componentes celulares como lisossomos, RNAm e DNA, determinada

por fatores etiológicos, físicos, químicos e biológicos (RAMOS, 1974).

As células normais de todo o organismo coexistem em um estado harmônico de função e

de crescimento, ocorrendo uma modulação perfeita no seu estado reprodutivo e de crescimento,

funções próprias e correlação funcional, sendo tudo determinado pelo próprio código genético.

Portanto, todas as células apresentam uma modulação histológica e funcional (RAMOS,

1974).

Essa modulação citológica, histológica e funcional é determinada para todas as células do

organismo, cada uma com as suas próprias características morfológicas e funcionais

predeterminadas pelos seus próprios códigos genéticos, porém todas com uma função útil para a

manutenção da vida normal do organismo. Substâncias intracitoplasmáticas controlam o contato

entre uma célula e outra, evitando crescimento desproporcionado de uma ou outra célula com a

mesma função. Estas células são renovadas constantemente, quando ocorre a remoção parcial de

um tecido ou órgão, a velocidade desta remoção é muito grande até que a massa celular

anatomicamente e fisiologicamente seja retornada ao normal (RAMOS, 1974).

Na oncogênese a modulação da coexistência morfológica e funcional se altera, como

também ocorrem nas infecções, inflamações e degenerações, porém, apresenta um caráter

reprodutivo alterado permanente, e com uma ação antibiológica já que o código genético da

célula normal se altera, sendo, portanto considerada uma célula neoplásica (RAMOS, 1974).

Autores trazem que os agentes carcinogênicos aumentam a permeabilidade da membrana

lisossômica, permitindo a liberação de enzimas que dará início as modificações do material

genético da célula normal. Ao final deste processo, essas modificações tornam-se permanentes e

as células possuem um novo código genético. Sendo que o crescimento dos cânceres é

acompanhado de infiltração progressiva, invasão e destruição do tecido circundante. Estas células

neoplásicas apresentam a capacidade de invadir o tecido normal e de se disseminar para outros

Page 23: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

22

tecidos distantes, sendo que os órgãos mais afetados por essas disseminações são os linfonodos

regionais, pele, osso, fígado, pulmão e cérebro (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000).

Essa disseminação de células neoplásicas do tumor primário para órgãos distantes e o

desenvolvimento das metástases é um evento muito temido e devastador (GUIRRO e GUIRRO,

2002). Segundo Camargo e Marx (2000), os tumores malignos disseminam-se por duas vias:

- Por extensão direta: onde o tumor se desenvolve dentro da tecido de origem, podendo se

estender além dos limites do órgão, envolvendo tecidos adjacentes.

- Por disseminação metastática: onde o tumor se dissemina pela via linfática e por via

venosa.

2.2 – EPDEMIOLOGIA E ESTATISTICAS PARA 2009

O número de casos novos de câncer de mama esperados para o Brasil em 2009 é de

49.400, com um risco estimado de 51 casos a cada 100 mil mulheres.

Na região Sudeste, o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres, com um risco

estimado de 68 casos novos por 100 mil mulheres. Sem considerar os tumores de pele, este tipo

de câncer também é o mais freqüente nas mulheres da região Sul (67/100.000), Centro-Oeste

(38/100.000) e Nordeste (28/100.000). Na região Norte é o segundo tumor mais incidente

(16/100.000), muito provavelmente porque a doença ainda seja diagnosticada em estágios

avançados (INCA, 2008).

As células cancerígenas, por definição, proliferam de forma oposta às normais e são

capazes de invadir e colonizar os tecidos circunjacentes. A célula sofre uma mutação inicial no

material genético, sendo necessário, diversas mutações adicionais para que se desenvolva uma

neoplasia. A aceleração deste processo resulta da ação de agentes mutagênicos (iniciadores

tumorais), que afetam a expressão do gene, estimula a proliferação celular, e altera o equilíbrio

entre as células mutantes e não mutantes. Sendo assim, vários fatores contribuem para o

desenvolvimento de um determinado câncer, e visto que alguns desses fatores podem ser

removidos do meio ambiente, uma proporção de cânceres pode ser, a princípio, prevenida

(Alberts, 1994 apud BERGMAN, 2000).

Page 24: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

23

Fig. 3 Proliferação de cela tumoral.

Fonte: <www.tre-se.gov.br/.../ sams/exame_mama/>

Segundo Camargo e Marx (2000), o carcinoma mamário, popularmente conhecido como

câncer de mama deve ser conceituado como uma doença complexa e heterogênea, com formas de

evolução lenta ou rapidamente progressivas, dependendo do tempo de duplicação celular.

As células dos diversos órgãos do nosso corpo estão constantemente se reproduzindo, e

por este processo, chamado mitose, vai havendo o crescimento e a reavivação das células durante

os anos. A mitose é realizada controladamente dentro das necessidades do organismo. Porém, em

determinadas ocasiões, certas células reproduzem-se com uma velocidade maior, desencadeando

o aparecimento de massas celulares denominadas neoplasias ou, mais comumente, tumores

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Nas neoplasias malignas o crescimento é mais rápido, desordenado e infiltrativo, as

células não guardam semelhança com as que lhes deram origem e têm capacidade de se

desenvolver em outras partes do corpo, fenômeno este denominado metástase, que é a

característica principal dos tumores malignos (op cit, 2002).

Todo câncer é formado por células que, ao sofrerem modificações no seu material

genético, passam a apresentar crescimento e multiplicação desordenado.

Estas células deixam de responder aos mecanismos de controle do organismo para criar os

tumores. Todos os órgãos do corpo são formados por células, e cada uma delas apresenta

características adequadas à função que desempenha. Isto é o câncer: um grupo de células,

crescendo descontroladamente, capazes de invadir estruturas próximas e, ainda, espalhar-se para

diversas regiões do organismo (FERRARI & HERZBERG, 2003).

Page 25: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

24

2.3 PATOGENIA E FATORES DE RISCOS

Nas últimas décadas têm ocorrido em todo o mundo, significativo aumento da incidência

do câncer de mama e conseqüentemente da mortalidade associada à neoplasia. Ao que tudo

indica, o câncer de mama é o resultado da interação de fatores genéticos com estilo de vida,

hábitos reprodutivos e o meio ambiente, conhecidos como fatores de risco (BARBOSA,

BARROS e GEBRIN, 2001).

A etiologia do câncer de mama ainda não foi definida, mas numerosos fatores que

aumentam o risco para a doença já foram descritos. Porém, estes fatores de risco só serão

considerados perigosos quando em conjunto. Estes pacientes de risco devem fazer um

acompanhamento rigoroso, começando com a quantificação do risco e orientação adequada,

exame clínico semestral, auto-exame mensal, mamografia anual e recomendações dietéticas

(BIÁZUS et al, 2001).

A incidência de câncer de mama aumenta significativamente com o envelhecimento.

Autores trazem que menos de 1% de todos os cânceres de mama ocorre em mulheres com menos

de 25 anos de idade, tendo maior risco a partir dos 40 anos de idade (BIÁZUS et al, 2001).

Todos os cânceres de mama têm origem genética. Acredita-se que 90%-95% deles sejam

esporádicos (não-familiares) e decorram de mutações somáticas que se verificam durante a vida,

e que 5%-10% sejam hereditários (familiares) devido à herança de uma mutação germinativa ao

nascimento, que confere a estas mulheres suscetibilidade ao câncer de mama (BARBOSA,

BARROS E GEBRIN, 2001).

Qualquer história familiar (parente de primeiro grau, como mãe e irmã) especialmente

bilateral e na pré-menopausa aumenta o risco geral de ocorrência. Esse risco não é aumentado em

mulheres cujas mães ou irmãs tiveram câncer de mama após a menopausa. Caso a história

familiar de neoplasia na mama seja bilateral pré-menopausa o risco chega a 40-50%, se a mãe ou

irmã teve câncer unilateral o risco é de aproximadamente 30% (MUSS, 2001; BIÁZUS et al,

2001; COLLINS, CONTRAN e KUMAR, 2000).

Conforme descrito por Assunção et al em 2002, os genes BRCA1 e BRCA2 são genes

supressores de tumor. Indivíduos com histórico familiar da doença herdam mutações nestes genes

em todas as células do corpo, em um dos dois alelos do gene. Com o passar do tempo, uma outra

alteração molecular ocorre no alelo funcionante, e o fenótipo neoplásico se estabelece no órgão

que apresentou esta nova alteração. Ou seja, a predisposição genética ocorre devido a herança de

Page 26: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

25

um alelo alterado, enquanto que o câncer só se estabelece devido a alteração nos dois alelos do

gene. As mulheres que nascem com mutações em BRCA1 apresenta um risco bastante

aumentado de desenvolver câncer de mama para cada idade. Já as mutações em BRCA2 estào

associadas a um risco aumentado para o câncer de mama masculino.

Em relação aos hábitos alimentares, revisões sistemáticas de estudos de cortes, seguidos

de meta-análise, não encontraram evidências entre o consumo de gordura de origem animal e o

risco de desenvolver a doença; como também não mostrou diferenças na mortalidade por câncer

de mama entre vegetarianos e não-vegetarianos. Dados disponíveis sugerem que o risco não é

afetado diretamente pela ingestão de gordura saturada na dieta ou pelo consumo das vitaminas A,

C e E. Os estudos sobre o consumo de frutas e verduras e a relação com a diminuição do risco de

ocorrência da doença são controversos, porém a maioria não encontrou uma relação significante

(ASSUNÇÃO et al, 2002). Entretanto, a dieta nutricional é importante. Estudos mostram que

populações com alto consumo de proteínas de soja, rica em fontes de compostos

estrogêniossímiles, apresentam taxas menores de câncer relacionados a hormônios, como o

câncer de mama e endometrial (MUSS, 2001; BIÁZUS, 2001).

Quanto ao consumo de álcool, estudos observaram que o risco relativo cresce linearmente

com o aumento do consumo de álcool. O risco atingiu 1.41 para a faixa de consumo entre 30 e 60

gramas de álcool por dia comparado com a ausência de consumo. Em uma revisão sistemática,

seguida de meta-análise, avaliando o risco de ocorrência para seis tipos de câncer relacionado

com o consumo de álcool, entrou uma associação estatisticamente significante entre o consumo

de 25 gramas diárias, o que corresponde a apenas duas doses de bebida destilada ou copos de

vinho, e o câncer de mama em 23 trabalhos específicos sobre a mama publicados entre 1966 e

1998 (ASSUNÇÃO et al, 2002).

Fatores reprodutivos e hormonais são considerados importantes fatores de risco para o

desenvolvimento da neoplasia mamária. Quanto maior a fase reprodutiva de uma mulher, maior

será o risco de câncer de mama. Uma menarca precoce (menor que 11 anos) e uma menopausa

tardia (maior que 55 anos) são medidas indiretas do número de ciclos menstruais que uma mulher

tem durante a vida. O aumento do número de ciclos pode predispor as mulheres à lesão do DNA

no tecido ductal em proliferação na mama, gerando um maior índice de mutações celulares. Vale

ressaltar que não há nenhuma associação comprovada entre o risco de câncer de mama e a

irregularidade menstrual ou a duração da menstruação (MUSS, 2001; GIULIANO, 1998).

Page 27: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

26

Mulheres com primeira gestação em idade avançada (maior que 30 anos) possuem uma

maior incidência do que as mulheres primigrávidas mais jovens. Mulheres nulíparas ou que

nunca engravidaram apresentam risco maior quando comparada com as multíparas (MUSS, 2001;

GIULIANO, 1998).

Já a lactação não aumenta o risco de incidência de câncer de mama, ao contrário, leva a

uma redução significativa do risco. Uma revisão sistemática de estudos, seguida de meta-análise,

comparando mulheres que amamentaram contra mulheres que não amamentaram e o tempo total

de aleitamento materno, encontraram uma redução significativa do risco para as mulheres que

haviam amamentado. Segundo uma outra meta-análise o aleitamento materno reduz o risco de

câncer de mama em 4.3% a cada 12 meses de aleitamento, assim como a paridade, com redução

de 7.0% a cada parto (ASSUNÇÃO et al, 2002).

Segundo estudos realizados em centros para Controle e Prevenção de Doenças, o uso de

contraceptivos orais não aumenta o risco, independente da duração do uso, histórico familiar ou

coexistência de doença mamária benigna (MUSS, 2001; GIULIANO, 1998). Confirmado pelo

resultado de uma revisão sistemática, seguida de meta-análise, que não encontrou aumento do

risco de câncer de mama para mulheres que já haviam utilizado alguma vez anticoncepcional

hormonal oral. No entanto, uma outra análise encontrou risco significante e elevado na

prémenopausa em mulheres que fizeram uso prolongado de contraceptivo por pelo menos quatro

anos antes da primeira gestação a termo. Estudos mais recentes afirmam que este risco

desaparece após 10 anos de interrupção (ASSUNÇÃO et al, 2002).

A terapia de reposição hormonal por cinco ou mais anos após a menopausa aumenta em

cerca de uma vez e meia o risco de câncer de mama, quando comparado em mulheres que não

utilizam essa terapia (MUSS, 2001; GIULIANO, 1998).

Em 1997 a Collaborative Group on Hormonal Factors in Breast Câncer publicou uma

revisão sistemática, seguida de meta-análise, incluindo 51 estudos epidemiológicos, na qual

encontrou aumento do risco para as mulheres que realizam terapia de reposição hormonal, com

risco relativo de 1.02 por ano, atingindo 1.35 após cinco anos de uso (cinco anos após a

interrupção da medicação o risco desaparece). Em um ensaio clínico com mulheres entre 50 a 79

anos, planejado para durar oito anos e meio e que foi interrompido após cinco anos devido aos

resultados, encontrou-se um aumento de 26% no risco de câncer de mama para mulheres

utilizando 0.625 mg de estrógenos conjugados com 2.5 mg de acetato de medroxiprogesterona ao

Page 28: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

27

dia por cinco anos, comparados ao grupo placebo (ASSUNÇÃO et al, 2002).

A influência geográfica relacionada com o estilo de vida pode predispor ao

desenvolvimento do câncer. O estilo de vida ocidental, como o norte-americano, pode predispor

as mulheres devido ao aumento da freqüência de certos fatores de risco. Esta cultura caracterizase

por apresentar uma menarca mais precoce e menopausa mais tardia, mulheres que tem filhos em

dade mais avançada ou são nulíparas, obesidade aumentada, sedentarismo e uso de terapia

hormonal (MUSS, 2001; COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000).

2.4 CLASSIFICAÇÃO

As lesões cancerígenas na mama podem surgir em qualquer uma de suas estruturas:

epiderme, mesênquima e epitélio glandular. Curiosamente, o carcinoma de mama é mais

freqüentemente encontrado na mama esquerda do que na direita, e aproximadamente 4% dos

cânceres são bilaterais ou seqüências na mesma mama. Cerca de 50% surgem no quadrante

superior externo da mama, 10% em cada outro quadrante (superior interno, inferior externo e

inferior interno) e 20% na região central (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; BIÁZUS et al,

2001).

Figura 04: Divisão da Mama em Quadrantes

Fonte: http//www.cirurgist.com/revisões

Os carcinomas são classificados em carcinoma não invasivo ou in situ e carcinomas

invasivos com suas variações, conforme a histologia.

Page 29: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

28

Alguns autores trazem outras classificações, para os carcinomas invasivo: Ca adenóide

cístico, Ca secretor, Ca apócrino, Ca com metaplasia, Doença de Paget, Ca inflamatório, Ca

oculto com metástase axilar, Tu filóide maligno e Ca de mama no homem (CAMARGO e

MARX 2000; BIÁZUS et al, 2001).

O carcinoma ductal in situ é um achado pouco freqüente, mais comum na pósmenopausa,

entretanto nos últimos anos o número de casos aumentou rapidamente. Em resumo, a lesão

consiste de células malignas incapazes de produzir metástases distantes, porém pode se

disseminar através de um sistema ductal e produzir lesões extensas por um setor da mama.

Devido ao seu comportamento biológico pode ser dividido em dois grupos: tipo comendo

e tipo não-comendo (micropapilar, cribiforme e misto). Baseados em estudos, atualmente

acredita-se que muitos casos deste carcinoma podem progredir para o carcinoma invasivo,

reforçando a importância do diagnóstico correto e da terapia apropriada (COLLINS, COTRAN e

KUMAR, 2000; GIULIANO, 1998).

O carcinoma lobular in situ manifesta-se pela proliferação em um ou mais ductos

terminais ou ácinos. Para muitos autores, este carcinoma não possui caráter de malignidade e é

um indicador biológico de risco. Já outros autores, contestam esse caráter de risco e atribuem

uma atividade precursora. A maioria das mulheres com neoplasias malignas lobulares estão na

pré-menopausa (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; GIULIANO, 1998).

Dentro da classificação dos carcinomas invasivos, o carcinoma ductal invasivo, conforme

demonstrado na tabela, é o de maior ocorrência (cerca de 79% dos casos). Em geral, apresenta

aumento de tecido fibroso denso no estroma, dando ao tumor uma consistência dura.

Esse crescimento apresenta-se na forma de nódulos, que a palpação podem revelar uma

aderência às estruturas adjacentes, com fixação à parede torácica, enrugamento da pele e retração

de mamilo, o que distorce a estrutura glandular. As dimensões deste tumor são inversamente

proporcionais ao prognóstico, e de relação linear com a probabilidade de metástase axilar

(COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; GIULIANO, 1998; BIÁZUS et al, 2001).

O segundo de maior ocorrência (5 a 10%) é o carcinoma lobular invasivo que tendem a

ser encontrado multicêntrico e bilateralmente, com maior freqüência do que os outros tipos.

Facilmente é encontrado metástase para o líquido cefaloraquidiano, superfícies serosas,

ovário, útero e medula óssea quando comparado com os outros cânceres de mama. Em relação ao

prognóstico e ao comprometimento axilar apresenta um comportamento semelhante ao carcinoma

Page 30: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

29

ductal invasivo (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; BIÁZUS et al, 2001).

Antes da triagem com a mamografia, os carcinomas tubulares representavam apenas 2%

de todos os carcinomas de mama, porém sua freqüência aumentou. Em geral, são detectados

através de mamografia como massas irregulares multifocais e às vezes bilaterais, sendo muitas

vezes confundidos com uma lesão esclerosante benigna; mais comum em mulheres mais jovens

do que a idade média, desenvolvendo-se a partir da quarta década de vida (COLLINS, COTRAN

e KUMAR, 2000; BIÁZUS et al, 2001).

O carcinoma colóide, também denominado de mucinoso, é bastante incomum e com uma

maior incidência em mulheres com idade avançada, com um crescimento lento. O tumor em si

apresenta uma consistência extremamente mole e aspecto de gelatina. A taxa de sobrevida é

ligeiramente maior do que nos outros carcinomas, ocorrendo metástase para linfonodos em

menos de 20% dos pacientes (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; BIÁZUS et al, 2001).

Ao contrário do carcinoma colóide, o carcinoma medular ocorre em mulheres mais jovens

do que a média, apresentando um prognóstico bom em comparação ao carcinoma ductal

infiltrante. Este tumor é bem circunscrito, possuindo uma consistência mole e carnosa

(COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; BIÁZUS et al, 2001).

O carcinoma papilífero, denominado por outros autores como carcinoma papilar invasivo,

são raros e devido a sua histologia apresenta dificuldades diagnósticas. Atinge geralmente a

região central da mama, e frequentemente é acompanhado de derrame papilar. Ocorre

preferencialmente na pós-menopausa e apresenta um bom prognóstico conforme o estádio clínico

(COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; BIÁZUS et al, 2001).

A doença de Paget ou carcinoma de Paget apresenta-se semelhante a uma lesão

eczematóide no complexo aréolo-mamilar. As características mais evidentes dessa lesão

comprometem a pele do mamilo e da aréola, freqüentemente fissurada, ulcerada e com

exsudação; a pecularidade histológica deste câncer é o comprometimento da epiderme por células

malignas. É sempre necessário realizar o diagnóstico diferencial com o eczema areolar, que é um

processo atópico e/ou inflamatório de fácil resolução. É uma forma de carcinoma ductal invasivo.

O prognóstico geral depende da neoplasia maligna subjacente, quando diagnosticado

precocemente apresenta bom prognóstico, já que o prognóstico é dependente da extensão do

carcinoma. Após a infiltração do estroma e a formação do tumor, seu comportamento passa a ser

Page 31: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

30

igual ao carcinoma comum (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; BIÁZUS et al, 2001;

GIULIANO, 1998).

O carcinoma inflamatório inicialmente parece ser uma inflamação aguda com eritema e

edema, raramente diagnosticado, apresentando um prognóstico obscuro, independentemente do

tratamento realizado. A sobrevida pós diagnóstico dificilmente ultrapassa cinco anos. No

momento do diagnóstico, todos os casos apresentam disseminação da doença. O tratamento passa

então a ser paliativo e agressivo, combinando quimioterapia convencional ou em altas doses

associadas à radioterapia e, eventualmente, cirurgia para controle local da doença. Este

manifesta-se pela presença de sinais inflamatórios, como edema de pele com aspecto de casca de

laranja, endurecimento da mama e eritema cutâneo. É fundamental não confundi-lo com mastite

infecciosa ou traumática, já que os sinais sistêmicos do processo infeccioso estão ausentes e a

incidência do carcinoma ocorre em uma faixa etária mais elevada (COLLINS, COTRAN e

KUMAR, 2000; BIÁZUS et al, 2001; GIULIANO, 1998).

2.5 ESTADIAMENTO

O estadiamento nada mais é que a avaliação da extensão anatômica da doença e dos

órgãos acometidos pelo carcinoma. O estádio da doença na ocasião do diagnóstico pode refletir a

taxa de crescimento e extensão da doença (envolvimento da mama, linfonodos axilares e

metástases distantes), como também o tipo do tumor e a relação tumor-hospedeiro tão essencial

(MUSS, 2001; CAMARGO e MARX, 2000).

Entre os anos de 1943 e 1952, foi desenvolvido pelo American Joint Committe on Câncer

um sistema de estadiamento denominado de TNM. A partir daí foi adotado um sistema único de

padronização e regras de classificação para o estadiamento, o que permite alcançar precisamente

o registro da extensão da doença para cada local anatômico, proporcionando um planejamento

melhor do tratamento, prognóstico, avaliação dos resultados de tratamento, contribuição para

pesquisas, entre outros (MUSS, 2001; CAMARGO e MARX, 2000).

Segundo a União Internacional contra o Câncer (1998), no sistema TNM cada região

anatômica é descrita de forma singular, conforme mostrado a seguir:

- Regras para classificação, com procedimentos para avaliar as categorias T, N e M.

- Sub-regiões anatômicas.

- Definição dos linfonodos regionais.

Page 32: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

31

- TNM – Classificação Clínica.

- pTNM – Classificação Patológica

- G – Graduação Histopatológica

- Classificação R

- Grupamento por estádios

- Resumo esquemático

O sistema TNM baseia-se na pesquisa de três componentes, sendo que T é a extensão do

tumor primário; N a ausência ou presença de metástase em linfonodos regionais e, M a ausência

ou presença de metástase a distância. Para a avaliação destas categorias são utilizados os

procedimentos de exame físico e o diagnóstico por imagem (UNIÃO INTERNACIONAL

CONTRA O CÂNCER, 1998; CAMARGO e MARX, 2000).

Existem duas classificações para o local anatômico: uma classificação clínica e outra

histopatológica. A classificação clínica é realizada pré-tratamento, sendo designada TNM ou

cTNM, essencial para determinar a terapêutica, baseada em achados clínico, diagnóstico por

imagem, biópsia, etc...Opostamente, a classificação histopatológica é realizada após a cirurgia

sendo designada pTNM, essencial para definir o prognóstico, baseada nas informações pré

tratamento complementadas por informações pós cirúrgicas e exame histopatológicos. Além

disso, anatomicamente a mama é dividida em sub-regiões: mamilo (C50.0), porção central

(C50.1), quadrante supero interno (C50.2), quadrante ínfero interno (C50.3), quadrante supero

externo (C50.4), quadrante ínfero externo (C50.5) e, prolongamento axilar (C50.6) (UNIÃO

INTERNACIONAL CONTRA O CÂNCER, 1998; CAMARGO e MARX, 2000).

Os linfonodos regionais que serão avaliados são linfonodos axilares e os linfonodos

mamários internos, conforme descrito por Camargo e Marx (2000):

• Axilares homolaterais e interpeitorais – localizados ao longo da veia axilar e suas

tributárias, divididos nos seguintes níveis:

- Nível I ou axilares inferiores: linfonodos localizados externamente a borda lateral do músculo

peitoral menor.

- Nível II ou axilares médios: linfonodos situados entre as bordas medial e lateral do músculo

peitoral menor e os linfonodos interpeitorias ou de Rotter.

- Nível III ou axilares superiores: linfonodos localizados dentro da borda medial do músculo

peitoral menor, incluindo os gânglios denominados subclaviculares, infraclaviculares ou apicais.

Page 33: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

32

• Mamários internos (homolaterais): são os linfonodos localizados nos espaços intercostais ao

longo da borda do esterno na fáscia endotorácica.

Lembrando que qualquer outra metástase em linfonodo é classificada como metástase à

distância (M1), incluindo gânglios supraclaviculares, cervical ou linfonodos mamários internos

contralaterias (CAMARGO e MARX, 2000).

A avaliação dos glânglios linfáticos regionais é realizada da seguinte forma:

- NX: linfonodos regionais não podem ser avaliados.

- N0: ausência de metástase em linfonodos regionais.

- N1: metástase em linfonodo axilar, homolateral, móvel.

- N2: metástase em linfonodos axilares fixos uns aos outros ou a outras estruturas.

- N3: metástase em linfonodo da cadeia mamária interna homolateral.

De forma geral, para a classificação sistemática dos tumores da mama são utilizadas as

seguintes definições:

- TX: tumor primário não pode ser avaliado.

- T0: não há evidências de tumor primário.

- Tis: carcinoma in situ ( Ca intraductal ou Ca lobular in situ, ou doença de Paget do mamilo sem

tumor).

- T1: tumor maior ou igual a 2 cm em sua maior dimensão.

- T1a: menor ou igual a 0.5cm em sua maior dimensão.

- T1b: maior que 0.5cm e menor que 1cm em sua maior dimensão.

- T1c: maior que 1cm e menor que 2cm em sua maior dimensão.

- T2: tumor maior que 2cm e menor que 5cm em sua maior dimensão.

- T3: tumor maior que 5cm em sua maior dimensão.

- T4: tumor de qualquer tamanho com extensão direta à parede torácica ou à pele.

- T4a: extensão à parede torácica.

Page 34: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

33

- T4b: edema, ou ulceração da pele da mama, ou presença de nódulos cutâneos satélites

confinados à mesma mama.

- T4c: T4a e T4b conjuntamente.

- T4d: carcinoma inflamatório.

Outra definição utilizada e fundamental para o sistema TNM é a notificação de metástase:

- MX: presença de metástase à distância não pode ser avaliada.

- M0: ausência de metástase à distância.

- M1 metástase à distância.

A categoria M1 pode ser adicionalmente especificada de acordo com as seguintes

anotações:

- Pulmonar: PUL.

- Óssea: OSS.

- Hepática: HEP.

- Cerebral: CER.

- Linfonodal: LIN.

- Medula óssea: MO.

- Pleural: PLE.

- Peritoneal: PER.

- Supra-renal: ADR.

- Pele: CUT.

- Outras: OUT.

Page 35: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

34

2.6 – DIAGNÓSTICO É de fundamental importância à realização do diagnóstico precoce de câncer de mama

visando um melhor prognóstico. O câncer de mama é definido com precoce quando

diagnosticado nos estádios clínico I e II, possibilitando a realização do tratamento conservador da

mama e alcançando resultados de cura em 75% nas pacientes que não apresentam

comprometimento dos linfonodos axilares. Para a detectação precoce é necessário realizar o

autoexame das mamas, exame clínico das mamas e o rastreamento mamográfico. Todos estes

métodos se complementam na etapa de diagnóstico, ou seja, nenhum isoladamente é capaz de

identificar as mulheres acometidas por esta doença (ELIAS et al, 2002).

O exame físico das mamas deve ser feito de forma cuidadosa e sistemática, por meio da

inspeção e palpação, observando tamanho, forma, limites, consistência e mobilidade. Este exame

deve ser estendido para as regiões areolar, supraclavicular e axilar. Geralmente, o câncer de

mama, é detectado como uma massa palpável ou pela presença de anormalidades no exame da

mamografia, mas também pode manifestar-se através de sintomas como secreção mamilar

(segundo sinal mais comum), alterações na pele da mama ou dor localizada. Essas massas

mamárias continuam a ser a manifestação mais comum da doença e são descobertas com maior

freqüência pela paciente do que pelo médico durante o exame de rotina e da mama. Lembrando

que o câncer de mama origina-se com maior freqüência no quadrante supero externo da mama, já

que é o local que possui maior quantidade de tecido mamário (GIULIANO, 1998; MUSS, 2001).

A secreção mamilar é um importante indicativo diferenciado pela coloração do líquido

expelido. Quando a secreção é sanguinolenta ou aquoso expelido espontaneamente pelo mamilo é

associada a processo maligno na mama. Ao contrário, a secreção leitosa geralmente esta

associada a etiologia benigna. Serão submetidas a exame da mama e a mamografia todas as

mulheres que apresentarem secreção clara ou sanguinolenta. A dor na mama é também um

sintoma bastante comum, aproximadamente 10% das pacientes com câncer de mama apresentam

este sintoma (MUSS, 2001).

2.7 AUTO-EXAME DAS MAMAS

O auto-exame da mama consiste em um método no qual a própria paciente estará

realizando a inspeção e a palpação das mamas, na tentativa de encontrar qualquer anormalidade

que seja um indicativo patológico. Este método deve ser incentivado devido ao seu custo

desprezível e sua abrangência, fazendo parte integrante do processo de conscientização feminina

Page 36: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

35

sobre a importância do câncer da mama.

Vários métodos empregados para o diagnóstico precoce do câncer de mama, como a

mamografia e ultra-sonografia, apresentam um alto custo. Dessa forma, o auto-exame da mama

juntamente com o exame clínico passou a ser o método preferido. Isto justifica o número

crescente de estudos científicos em torno deste assunto.

Diversos estudos científicos já comprovaram os benefícios do auto-exame. Embora

existam evidências de que o auto-exame gera excesso de condutas indevidas e preocupações

descabidas em mulheres de países desenvolvidos em que o acesso aos serviços médicos está

garantido a todas as mulheres, questiona-se se o auto-exame não deveria ser mais preconizado em

termos de saúde pública,, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, no qual o

acesso aos serviços de saúde é precário (ELIAS et al, 2002).

As pesquisas indicaram o impacto significativo do auto-exame da mama na detecção

precoce do câncer, registrando-se tumores primários menores e menor número de linfonodos

axilares invadidos por células neoplásicas nas mulheres que fazem o exame regularmente, além

de haver também detecção de pequenas mudanças nas propriedades físicas das mamas,

diminuindo assim a probabilidade de metástase e aumentando a sobrevida. Estudos demonstram

que a sobrevida em cinco anos tem sido de 75% entre as praticantes do auto-exame contra 57%

entre as não-praticantes (ELIAS et al, 2002).

O auto-exame deve ser realizado mensalmente, a melhor época é após a menstruação ou

para as mulheres que por algum motivo não menstruam, o auto-exame deve ser feito num

mesmodia todos os meses. É indicado que a partir dos 20 anos de idade todas as mulheres

realizem o auto-exame conforme descrito por Camargo & Marx (2000):

- Diante do espelho, com os braços levantados, observar a presença de anormalidades como

deformações ou alterações no formato e contorno das mamas; abaulamentos ou retrações;

alterações na pele, etc.

Page 37: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

36

Figura 05: Auto-Exame Primeira Etapa

Fonte: http://www.cancerdemama.com.br

- Durante o banho com a pele ensaboada ou umedecida, deslizar suavemente uma das mãos sobre

a mama oposta em direção à axila procurando sentir caroços ou nódulos. Sendo que o braço

homolateral a mama palpada deve ser elevado

Figura 06: Auto-Exame Segunda Etapa

Fonte: http://www.cancerdemama.com.br - Em decúbito dorsal sobre a cama, com uma das mãos sob a cabeça, com os dedos da mão

oposta, pressionar suavemente a mama contralateral com movimentos circulares que vão desde a

periferia até o mamilo. Para terminar o auto-exame da mama, o mamilo deve ser pressionado

evemente, entre o polegar e o indicador, para a verificar se a extravasamento de líquido.

Page 38: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

37

Figura 06: Auto-Exame Terceira Etapa

Fonte: http://www.cancerdemama.com.br

Em um estudo realizado com 505 mulheres atendidas no centro de saúde escola-Marco e

no anexo Unidade Materno-Infantil por meio de questionários referente ao conhecimento e

prática do auto-exame e possíveis fatores associados, tinha por objetivo estudar a freqüência do

conhecimento e prática do auto-exame de mama, caracterizando alguns fatores que influenciam

sua prática. Nos resultados encontrados 96% das mulheres entrevistadas conheciam o autoexame,

sendo que apenas 21.8% das mulheres o realizavam mensalmente. Dentre as que conheciam o

exame, 37.5% relataram que o meio que proporcionou a prática mais correta foi a orientação

médica. Um resultado encontrado, bastante preocupante, é que em 58.7% dos casos, o

ginecologista não incentivava a prática (ARRAES et al, 2003).

Os autores do trabalho concluíram que o auto-exame é conhecido por praticamente todas

as entrevistadas, embora algumas não o realizem. Sendo que o meio de comunicação mais eficaz

para orientações e com melhor qualidade foi através dos médicos, apesar de atingir um pequeno

número de pacientes. Foi constatado que o grau de escolaridade influencia na prática do

autoexame, mulheres com melhor nível educacional são as que têm maior acesso ao

conhecimento da técnica, e conseqüentemente as que mais praticam; também constataram que a

faixa etária interfere diretamente nos resultados: as mulheres que mais realizaram o exame de

forma correta e sistematizada estão entre 35 a 49 anos, faixa etária em que há maior incidência da

Page 39: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

38

doença, o que proporciona um diagnóstico precoce e indispensável, já que estão em um período

economicamente ativa e constituindo família (ARRAES et al, 2003).

2.8 –SINAIS E SINTOMAS

A dor mamária é o sintoma mais freqüentemente referido pelas mulheres. Além disso,

podem ser observados nódulos mamários, descarga papilar ou alterações cutâneas (CAMARGO

& MARX, 2000).

As dores são sensações desagradáveis, que variam desde desconforto leve a insuportável,

associada a um processo destrutivo atual ou potencial dos tecidos que se expressam através de

uma reação orgânica. Porém existe outro tipo de dor mais potente, a dor emocional, aquela que

sentimos devido ao fato de a adrenalina circular muito rápido pelo sangue, atingindo os nervos

(MINISTERIO DA SAÚDE, 2000).

2.9 - PREVENÇÃO

Não existem medidas específicas para a prevenção primária do câncer de mama,

aplicáveis à população em geral. Geralmente é aconselhável a mulher estar familiarizada com seu

corpo e fazer sempre o auto-exame da mama chamado de Exame de Toque. Alguns fatores de

risco devem ser alvo de ações de promoção à saúde, dirigidas ao controle das doenças crônicas

não transmissíveis em geral. Mulheres que apresentam um risco elevado de desenvolver câncer

de mama devem ser submetidas a mamografia anualmente, a partir dos 35 anos de idade. Neste

grupo estão incluídas as mulheres com história familiar de parente de primeiro grau mãe, irmã ou

filha com diagnóstico de câncer de mama bilateral em qualquer idade ou de câncer unilateral

antes dos 50 anos de idade ou câncer de ovário (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

2.10 - PROGNÓSTICO

O prognóstico da paciente e a abordagem terapêutica a ser empregada dependem do

estadiamento da doença, que é baseado na classificação dos Tumores Malignos TNM, proposta

pela União Internacional Contra o Câncer (UICC), onde T é a dimensão do tumor, N é a presença

de metástases para linfonodos regionais e M é a presença ou não de metástases à distância

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Page 40: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

39

2.11 – FATORES DE RISCO

O desenvolvimento do câncer de mama é decorrente de vários fatores inter-relacionados,

sendo estes fatores biológicos e ambientais. A questão familiar tem sido freqüentemente

estudada, uma vez que o risco de vir a ter câncer de mama entre mulheres, já com história de mãe

ou irmã com câncer de mama anteriormente diagnosticada, é mais elevado, quando comparado

com a população geral. Os riscos observados entre os familiares com câncer de mama são

compatíveis com o modelo genético, sendo mais observado em histórias de câncer de mama em

parentes de primeiro grau (BERGMAN, 2000).

2.11.1 - FATORES AMBIENTAIS

Do ponto de vista prático, as doenças malignas devem ser entendidas como resultantes da

exposição do organismo a agentes cancerígenos que criam condições para o desenvolvimento do

câncer. A sensibilidade individual determina o maior ou menor risco da pessoa ser afetada

(FERRARI e HERZBERG, 2003).

Agente carcinogênico é todo o causador de modificações no DNA de uma célula capaz de

levá-la a uma proliferação desordenada dando origem ao câncer. São agentes cancerígenos:

produtos químicos, radiações e microorganismos. Um exemplo de agente cancerígeno do tipo

radiação são os raios ultra violeta que são responsáveis pela grande maioria dos cânceres de pele.

Agentes cancerígenos químicos são encontrados no fumo, que representa o maior risco conhecido

ao desenvolvimento de doenças malignas no ser humano (op cit, 2003).

2.11.2 – HERANÇA GENÉTICA

Toda doença surge da interação do organismo com o meio ambiente. Uma doença

infecciosa não se desenvolve sem o agente invasor, mas sua evolução varia muito de acordo com

a reação do organismo. O câncer não é diferente, cada pessoa apresenta sensibilidade própria aos

diversos agentes causadores do câncer, definida pelo seu patrimônio genético. Enquanto que em

certos indivíduos quantidades mínimas de uma substância química promovem o desenvolvimento

de um determinado tumor maligno, para outros isto só ocorre com doses muito elevadas

(FERRARI & HERZBERG, 2003).

Page 41: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

40

CAPITULO III

FISIOTERAPIA NO CANCER DE MAMA

3.1 – TRATAMENTO CLÍNICO DO CÂNCER DE MAMA

O câncer de mama deve ser abordado por uma equipe multidisciplinar visando o

tratamento integral da paciente.As modalidades terapêuticas disponíveis atualmente são a

cirúrgica e a radioterápica para o tratamento locoregional, e a hormonioterapia e a quimioterapia

para o tratamento sistêmico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

O tratamento para câncer de mama é sempre individual, avaliando a doença do paciente e

sua situação pessoal. Mas existem alguns passos comuns no tratamento da doença. Em primeiro

lugar, na doença em estágios precoces o objetivo inicial é eliminar todo o tumor visível. Assim,

os oncologistas recomendam cirurgia para a remoção do tumor (INCA, 1996).

3.2 – MODALIDADES TERAPÊUTICAS

CIRURGIA. É o mais antigo e mais definitivo, quando o tumor é localizado, em

circunstâncias anatômicas favoráveis. Em geral é o tratamento mais importante, e que influencia

mais na cura do paciente. Para alguns tipos de câncer, no entanto, apenas a cirurgia não é

suficiente, devido à disseminação de células cancerosas local ou difusamente.

RADIOTERAPIA. É o mais utilizado para tumores localizados que não podem ser

ressecados totalmente, ou para tumores que costumam recidivar localmente após a cirurgia. Pode

causar efeitos colaterais localizados, principalmente por lesão de tecidos normais adjacentes ao

tumor. A quantidade de radiação utilizada depende do tipo de tumor, e é medida em rads.

QUIMIOTERAPIA. É o tratamento sistêmico para o câncer. Pode ser de aplicação

endovenosa, oral ou intraarterial, mais raramente. Consiste na utilização de medicamentos que

tem ação citotóxica (causa danos às células). Podem ser utilizadas combinações de vários

medicamentos diferentes, pois nos tumores há freqüentemente subpopulações de células com

sensibilidade diferente às drogas antineoplásicas. Os mecanismos de ação das drogas são

diferentes, mas em geral acabam em lesão de DNA celular. A toxicidade contra células normais é

a causa da maioria dos efeitos colaterais (náuseas, vômitos, anemia, mielossupressão). Pode ser

usada como tratamento principal (leucemias, linfomas, câncer de testículo), mas normalmente é

Page 42: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

41

adjuvante, após tratamento cirúrgico ou radioterápico, ou paliativo, em doenças mais avançadas

(SASSE, 2004).

3.3 TRATAMENTO CIRÚRGICO DO CÂNCER DE MAMA

O tratamento para o câncer de mama vem sofrendo mudanças bastante significativas.

Inicialmente, o tratamento cirúrgico realizado era a mastectomia radical preconizada por Halsted,

que representava a tentativa cirúrgica de curar o câncer pela remoção da glândula mamária, dos

músculos peitorais e dos linfonodos axilares e algumas vezes dos supraclaviculares e da mamária

interna. Nos últimos 40 anos, surgiram inúmeras propostas relacionadas ao tratamento cirúrgico,

objetivando a preservação dos músculos peitorais, a conservação da mama e a minimização do

esvaziamento axilar. A radioterapia, então, passou a ser utilizada como adjuvante no tratamento

locoregional do câncer de mama (Chaves, 1999 apud Bergman, 2000).

De uma maneira geral, quanto menor o tumor mais opções cirúrgicas a paciente possui.

Os tipos de cirurgia incluem os seguintes:

• Lumpectomia remove o nódulo de tumor e uma margem limpa, "livre de doença". A

radioterapia é necessária, após a retirada do tumor, para complementar o tratamento.

• Mastectomia parcial remove o tumor, uma área de tecido normal e parte da camada

acima do músculo onde o tumor estava. Esta cirurgia também é chamada de

quadrantectomia e necessita de complementação com radioterapia.

Ambas as técnicas cirúrgicas acima preservam boa parte de tecido mamário e é importante

que o cirurgião tenha certeza que ela não se espalhou. Assim o cirurgião também avaliará o

comprometimento dos linfonodos axilares para se certificar que não possuem tumor. Com isso, o

cirurgião pode fazer uma dissecção dos linfonodos axilares, retirando um número de linfonodos e

encaminhado-os para exame microscópico realizado pelo patologista.

• Mastectomia Total remove toda a mama, os músculos peitorais, todos os linfonodos

axilares, tecido gorduroso e pele. Apesar de ser uma técnica bastante agressiva, esta

técnica já salvou e ainda salva a vida de milhares de mulheres.

• Mastectomia Radical Modificada remove a mama, alguns dos linfonodos axilares e o

tecido que recobre o músculo peitoral (SARSE, 2004).

Page 43: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

42

Fig 7. Cirurgia radical e conservadora. FONTE: Revista ISTOÉ - Guia da Saúde Familiar - Volume 14 - 02/2002

3.4 A FISIOTERAPIA APLICADA À ONCOLOGIA EM GERAL

A grande população de indivíduos que sobrevivem ao câncer aponta para a necessidade de

opções contínuas de reabilitação nessa importante área da medicina. A maioria dos pacientes com

câncer e que sobreviveram a ele enfrenta a perda de massa corporal e a perda de estado funcional

como conseqüência. A perda de estado funcional inclui a dificuldade de percorrer um ou mais

quarteirões e a fadiga intensa, que limita a realização até mesmo das atividades caseiras mais

simples (MARZULLO, 2000).

Segundo Jacques e Bastos (2005), neste novo contexto, o fisioterapeuta oncológico surge

como uma peça fundamental na equipe multidisciplinar, tanto no processo de prevenção quanto

de reabilitação, tornando-se indispensável numa abordagem multidisciplinar, tendo em vista não

unicamente a recuperação do câncer, mas também a reabilitação total nos campos físicos,

psicológicos, profissional e social.

O fisioterapeuta deve ter uma preocupação global com o paciente oncológico, podendo

atuar nas três fases de prevenção. Na prevenção primária, tem o papel de conscientizar, orientar e

prevenir o surgimento do câncer, através de ações que impeçam os fatores ambientais de agirem

Page 44: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

43

prejudicialmente sobre o indivíduo. Na prevenção secundária, que se caracteriza pela instalação

da doença, o fisioterapeuta atua com um caráter mais curativo e tenta evitar as complicações

decorrentes da doença, e os efeitos colaterais do tratamento do câncer. Na prevenção terciária, a

ação consta de evitar contraturas e deformidades, maximizar as habilidades funcionais

remanescentes, controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente, visando a sua

reinserção na vida domiciliar, social e laboral (FERRARI & HERZBERG, 2003).

A fadiga é uma queixa comum entre pacientes com câncer, chegando a afetar

aproximadamente 75% dos pacientes durante quimioterapia e radioterapia. Existem relatos de

que a deterioração da condição física pode persistir durante anos após o término do tratamento

em até 30% dos pacientes que sobrevivem ao câncer. A origem da fadiga é multifatorial, estando

envolvidos aspectos psicológicos, nutricionais e físicos, que em geral estão associados com perda

de peso, diminuição na força muscular e resistência cardiovascular, levando à deterioração da

performance física (MARZULLO, 2000).

Há alguns anos, a grande preocupação da equipe médica em relação ao câncer era a

sobrevivência dos pacientes. Atualmente, o foco do tratamento mudou, ou seja, a preocupação

passou a ser também a qualidade de vida que ele vai ter durante e após o tratamento oncológico.

A fisioterapia oncológica é um dos procedimentos que estão sendo adotados nesse sentido, tanto

após uma cirurgia de câncer como também durante todo o tratamento. Esse recurso pode ser

utilizado em todos os casos, como nos de câncer de mama, tumores de cabeça e pescoço, além

dos cânceres relacionados ao sistema músculo-esquelético (OLIVEIRA, 2000).

A fisioterapia tem uma atuação fundamental dentro da oncologia. A preocupação da

mulher não é focal, mas sistêmica. Ou seja, não se preocupa apenas com o local afetado pelo

câncer, mas com a repercussão do problema em todo o organismo da pessoa, além da auto-estima

e qualidade de vida. A principal meta da fisioterapia oncológica é mostrar ao paciente a

necessidade de retomar as atividades diárias e oferecer a ele condições para isso (op cit, 2000).

O fisioterapeuta oncológico deve estar apto para desenvolver suas atividades com

pacientes infantis, adolescentes, adultos jovens e idosos, em situações que vão desde a cura aos

casos em que ela é irreversível, e desenvolver seus programas de tratamento dentro deste

contexto. O profissional dessa área deve saber lidar com as seqüelas próprias do tratamento

oncológico, atuando de forma preventiva para minimizá-las (INCA, 1996).

Page 45: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

44

Segundo Marzullo (2000), a atividade física regular ajuda o paciente com câncer a ter

uma boa recuperação e a reassumir um estilo de vida normal, aprimorando a qualidade de vida

graças ao aumento na independência física e no nível de função.

Os programas de atividades físicas também melhoram os estados depressivos de humor, pois

pacientes com melhor performance física apresentam melhor equilíbrio emocional. Por outro

lado, pacientes depressivos e ansiosos tendem a reduzir suas atividades permanecendo maior

tempo em casa, adotando uma atitude mais passiva, o que contribui para diminuir o

condicionamento muscular e a performance física.

A prescrição do exercício deve ser progressiva, limitada pelos sintomas e individualizada.

Destina-se a motivar a deambulação se o paciente não possui contra-indicações inespecíficas para

o exercício. A prescrição deve incluir também exercícios de amplitude de movimento e de

flexibilidade, assim como outros exercícios capazes de aprimorar a força muscular e a mobilidade

global. Na maioria dos casos, são preferíveis, exercícios de baixo nível, por curtos períodos de

tempo, realizados várias vezes ao dia. A progressão e intensidade do exercício são

individualizadas (op cit.).

No caso de cirurgias, a assistência fisioterapêutica ao paciente oncológico tem início no

pré-operatório, visando o preparo para o procedimento e redução de complicações. Durante o

período de internação o enfoque é global, prevenindo, minimizando e tratando complicações

respiratórias, motoras e circulatórias. A dor é uma das principais e mais freqüentes queixas do

paciente oncológico, devendo por isto ser valorizada, controlada e tratada em todas as etapas da

doença. As diversas técnicas para analgesia são um ponto forte da Fisioterapia em Oncologia

(INCA,1996).

O objetivo global da reabilitação oncológica consiste em melhorar o nível de função do

paciente, permitindo que ele retorne ao trabalho, quando for o caso, e participe de atividades

sociais e recreativas normais (MARZULLO, 2000).

Quanto ao aspecto bioético da assistência ao paciente oncológico, o fisioterapeuta

necessita refletir sobre sua conduta, principalmente quanto à abordagem adotada com os

pacientes em processos longos, muitas vezes associados com dores e sofrimentos, os quais

envolvem também a aproximação da morte. É importante saber qual é o seu limite de atuação,

assim como é necessário saber até onde ir com a conduta quando se trata de um doente em fase

Page 46: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

45

terminal, sem que isto o prejudique ou lhe dê falsas esperanças (FERRARI & HERZBERG,

1997).

3.5 A FISIOTERAPIA APLICADA AO TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA

É importante realizar o tratamento fisioterapêutico, logo após o diagnóstico do câncer de

mama, na tentativa de minimizar as seqüelas e evitar a acentuação de problemas físicos, além de

prevenir a instalação de novas complicações, que cada paciente poderá vir a apresentar durante

todas as fases do tratamento e, que podem gerar a diminuição na qualidade de vida das pacientes.

O programa de fisioterapia deve ser realizado em todas as fases do câncer da mama: pré-

tratamento (diagnóstico e avaliação); durante o tratamento (quimioterapia, radioterapia, cirurgia,

e hormônioterapia); após o tratamento (período de seguimento); na recorrência da doença e nos

cuidados paliativos. Em cada uma dessas fases, é necessário conhecer e identificar as

necessidades do paciente, os sintomas e suas causas, e o impacto desses nas atividades de vida

diária (BERGMANN et al, 2004).

O tratamento adjuvante seja ele radioterápico, quimioterápico ou hormonioterápico, se

sobrepõe às seqüelas cirúrgicas, aumentando os riscos de complicações. A fisioterapia, quando

iniciada precocemente, desempenha um importante papel na busca da prevenção das

complicações advindas do tratamento do câncer da mama, favorecendo o retorno às atividades de

vida diária, e melhor qualidade de vida (op cit, 2004).

A atuação do fisioterapeuta deve ser iniciada no pré-operatório, objetivando conhecer as

alterações preexistentes e identificar os possíveis fatores de risco para as complicações pós-

operatórias. Quando necessário, deve ser instituído tratamento fisioterapêutico já nesta etapa,

visando minimizar e prevenir as possíveis seqüelas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

Como as cirurgias radicais e radicais modificadas são as modalidades mais utilizadas para

o tratamento do câncer de mama, a mulher que se submete a elas está sujeita a uma série de

complicações físicas, imediatas ou tardiamente, especialmente devido à complexidade de

músculos e cadeias ganglionares que são extirpadas. Dentre as complicações destacam-se a

hemorragia do movimento, o linfedema do segmento homolateral à cirurgia, sendo esta, a

principal seqüela dos procedimentos para o tratamento do câncer de mama.

Uma vez instalado o linfedema, o seu tratamento

tem como objetivo melhorar a absorção e o transporte de líquidos intersticiais, de uma área em

Page 47: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

46

congestão para áreas onde os linfáticos apresentam melhores condições (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2004).

Para Chaves et al (1999 apud Bergmann, 2000), muitos são os objetivos da fisioterapia,

que irão depender da necessidade de cada paciente, dentre eles são:

• Prevenir ou diminuir as complicações respiratórias.

• Prevenir complicações osteomioarticulares.

• Evitar aderências cicatriciais, seroma e deiscência.

• Manutenção ou aumento da amplitude de movimento articular.

• Manutenção ou aumento da força muscular.

• Prevenção do linfedema.

• Diminuir algias.

• Reeducação postural.

• Melhorar a movimentação global e incentivar a auto-estima, devolvendo a paciente à

sociedade sem limitações funcionais.

• Prevenir alguns problemas comuns como as prováveis lesões neurológicas, alteração de

sensibilidade, infecções e escápula alada.

3.6- ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PRÉ-OPERATÓRIO

A avaliação Fisioterapêutica no pré-operatório é essencial para o acompanhamento geral

das conseqüências provenientes da cirurgia, à elaboração do prognóstico de recuperação e

conscientização da paciente sobre a importância dos procedimentos da Fisioterapia no pós –

operatório, além de esclarecer sobre a cirurgia. É extremamente necessário que o fisioterapeuta

esteja informado de todos os aspectos relevantes sobre a paciente a ser tratada, sendo feita a

coleta dos dados, sinais vitais, ausculta ulmonar, avaliação das ADMs globais e força muscular,

postura, presença de deformidades e, não menos importante que todas essas informações,

devemos estar atentos ao estado emocional da paciente, que poderá interferir diretamente na

evolução do tratamento pós-cirúrgico, na melhora do quadro e na realização das condutas

(ORNELLAS, 2000. apud JACQUES & BASTOS, 2005).

Page 48: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

47

3.7 - A ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PÓS-OPERATÓRIO

O profissional da fisioterapia passou a desempenhar um papel fundamental nessa nova

etapa da vida da paciente operada. O tratamento do câncer de mama sofreu expressiva mudança

nos últimos 20 anos, as cirurgias tornaram-se menos radicais e a quimioterapia e a radioterapia

procuraram estabelecer uma relação equilibrada e apropriada entre a dosagem, efeitos

secundários e eficiência do tratamento. Juntamente com a evolução do tratamento médico de

câncer de mama, tornou-se indispensável à abordagem multidisciplinar e a fisioterapia em

pacientes e ex-pacientes com câncer tem como objetivo melhorar ou manter sua condição física,

estando ou não em tratamento quimioterápico e/ou radioterápico (JACQUES & BASTOS, 2005).

A reabilitação da mulher pós mastectomia necessita de uma assistência multiprofissional

para um ajustamento saudável à nova condição de saúde. A abordagem fisioterapêutica,

representa recursos capazes de intervir precocemente na recuperação funcional da cintura

escapular, do membro superior envolvido até a profilaxia de seqüelas como retração, aderência

cicatricial e complicações como fibrose e linfedema (op. cit.).

O protocolo fisioterapêutico não atua somente no âmbito curativo e reabilitativo, mas

principalmente na prevenção de complicações e seqüelas do tratamento, a fim de proporcionar

uma melhor qualidade de sobrevida a estas mulheres (op. cit.).

Espera-se que a intervenção da fisioterapia favoreça a recuperação da amplitude de

movimento funcional do ombro, que não haja perda da função muscular do membro superior e

cintura escapular, e que ocorra uma neovascularização linfática homolateral à cirurgia ( INCA,

2006).

A fisioterapia precoce tem como objetivos prevenir complicações, promover adequada

recuperação funcional e, conseqüentemente, propiciar melhor qualidade de vida às mulheres

submetidas à cirurgia para tratamento de câncer de mama. Entretanto, questiona-se qual a melhor

maneira de realizar esses exercícios e qual a sua influência nas complicações pós-operatórias

(BERGMANN et al, 2007).

Page 49: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

48

3.8 – POSICIONAMENTO NO LEITO

O posicionamento adotado no pós-operatório imediato deverá ser o mais confortável

possível; o membro superior homolateral à cirurgia pode ser elevado a +- 30º utilizando apoio de

travesseiros, não havendo necessidade de mantê-lo em posição de drenagem constante. As

mudanças de decúbito são orientadas a serem realizadas em decúbito lateral (DL) oposto. Para as

pacientes submetidas à reconstrução com retalho miocutâneo do músculo reto abdominal, o

posicionamento adequado é com a cabeceira elevada e semi-flexão de joelhos (BERGMANN et

al, 2005).

3.9 - MOBILIZAÇÃO DO SEGMENTO SUPERIOR

A aderência dos retalhos cutâneos e a cicatrização da ferida operatória são prejudicadas

pelas forças tensionais provocadas pelas incursões respiratórias e movimentos do ombro. A

imobilização total do MS favorece a aderência das bordas cirúrgicas, a retrações importantes,

limitando a ADM, aumentando risco de outras complicações. Visando prevenir complicações

relacionadas à restrição articular e linfedema, sem aumentar o risco da formação do seroma, a

mobilização do braço deve ser iniciada no primeiro dia após a cirurgia, limitada a 90º de flexão,

abdução e rotação externa do ombro homolateral à cirurgia, respeitando o limite de tolerância da

paciente, após a retirada dos pontos e do dreno (BERGMANN et al, 2005).

3.10. – CONTROLE DE SINTOMAS ÁLGICOS

As pacientes devem ser encorajadas a iniciar os movimentos ativos de membro superior

(limitado a 90º até a retirada dos pontos), relaxamento cervical e mobilização escapular desde o

pós-operatório. Se houver presença de parestesia em região inervada pelo intercostobraquial, a

dessensibilização com diferentes texturas pode ser realizada. Pode-se ainda fazer uso da TENS,

corrente interferencial e diadinâmica, crioterapia, e drenagem linfática manual (DLM) para

melhora dos sintomas (BERGMANN et al, 2005).

3.10.1 - PREVENÇÃO DE PROBLEMAS POSTURAIS

As pacientes devem ser orientadas a andar com a coluna ereta, cabeça na linha do

horizonte, e braços pendentes ao lado do corpo. Para as pacientes submetidas à mastectomia, a

prótese mamária de silicone externa deve ser adaptada após a alta do curativo. As mulheres

Page 50: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

49

submetidas à cirurgia conservadora podem requerer uso de prótese parcial, a fim de proporcionar

simetria mamária. As diversas técnicas e condutas fisioterapêuticas aplicadas para melhora da

postura (RPG, Pilates, antiginástica, cinesioterapia etc.) podem ser empregadas, evitando-se peso

do corpo sobre o braço, movimentos rápidos e de repetição e atividades com carga e/ou

resistência (BERGMANN et al, 2005).

3.11 - PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO LINFEDEMA DO SEGMENTO SUPERIOR

Segundo Camargo & Marx (2000), o principal objetivo da fisioterapia é restabelecer o

mais rapidamente possível a função do membro superior homolateral a mama operada, bem como

atuar no fator preventivo das incapacidades e limitações funcionais bem como na formação de

cicatrizes hipertróficas e aderentes e das disfunções linfáticas que possam se estabelecer como o

linfedema do segmento superior.

A limitação de movimentos é uma das condições que mais se observa em uma paciente

em pós-cirúrgico. A limitação articular é resultado direto da cirurgia, devido à retirada de

músculos, mas também é resultado de outras complicações da cirurgia. Estas limitações irão

decorrer principalmente devido ao linfedema e as retrações cicatriciais (JACQUES & BASTOS,

2005).

O linfedema é o excesso de fluído linfático acumulado fora do vaso linfático, ocorre

geralmente em mulheres mastectomizadas, gerando uma série de complicações, onde a

fisioterapia poderá intervir. O tratamento consiste de medicação adequada, fisioterapia

especializada, com técnicas como a drenagem linfática, e atividade física regular, e um programa

personalizado de fisioterapia (op cit, 2005).

Ainda, segundo os autores (BERGMANN et al,2005), a linfoterapia (drenagem linfática)

é a técnica mais empregada e, atualmente, é a que obtém melhores resultados no tratamento e

prevenção do linfedema. Baseada essencialmente na fisiopatologia do sistema e acrescentando as

experiências e conhecimentos mundiais mais atualizados em Linfologia, utiliza vários recursos

fisioterapêuticos como: linfodrenagem manual, enfaixamento compressivo funcional,

cinesioterapia específica, cuidados com a pele, auto-massagem linfática e uso de contentação

elástica.

A drenagem linfática manual como recurso fisioterapêutico tem como objetivos melhorar

a absorção e o transporte de líquidos intersticiais, de uma área em congestão, para áreas onde os

Page 51: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

50

linfáticos apresentam melhores condições. As primeiras manobras começam no quadrante do

tronco contra lateral ao edema, ou seja, no quadrante livre de edema com a finalidade de

aumentar a atividade linfocinética. A descongestão linfática do quadrante homolateral ao

linfedema permite que a linfa do membro edemaciado, passe através dos canais linfáticos para o

quadrante normal. Isto promoverá uma descongestão linfática que se inicia centralmente e chega

mais tarde até o membro edemaciado, este passo é denominado evacuação (FÖLDI et al, 1990

apud Jacques & Bastos, 2005).

Segundo Sampaio et al (2005), é comum um comprometimento gradual do

condicionamento físico, da força muscular, da flexibilidade e da capacidade aeróbica,

predispondo o paciente ao desenvolvimento da síndrome de imobilização que uma vez instalada,

pode trazer prejuízos para a saúde do paciente, como o aparecimento das retrações tendíneas e

redução da amplitude do movimento articular. É importante orientar os doentes quanto aos

efeitos nocivos da inatividade para que entendam a necessidade da manutenção da flexibilidade,

da força muscular e do condicionamento cardiovascular e respiratório.

3.12 - RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS APLICADOS NO CÂNCER DE MAMA

Segundo Marin (2006), dentre os procedimentos fisioterapêuticos que podem ser

empregados na fisioterapia oncológica no câncer de mama, destacam-se: a drenagem linfática

manual, exercícios ativos, passivos, alongamentos e exercícios respiratórios para melhor função

diafragmática, pulmonar e retirada de secreções, treino de marcha, equilíbrio e para outras

disfunções neurológicas, reeducação postural (método de cadeias musculares), readaptação

domiciliar com o intuito de facilitar o deslocamento, readaptação ocupacional, caso haja

necessidade.

A massoterapia é uma técnica utilizada como terapia complementar nos pacientes com

câncer, produzindo estimulação mecânica dos tecidos, através da aplicação rítmica de pressão e

estiramento. A pressão comprime os tecidos moles e estimula os receptores sensoriais,

produzindo sensação de prazer e bem-estar. A manobra de estiramento reduz a tensão nos

músculos e produz relaxamento muscular já que, observa-se nos pacientes com câncer um

aumento da tensão muscular causada pela presença da dor. A massoterapia pode ser utilizada com

o objetivo de induzir relaxamento muscular, alívio da dor, redução do stress, dos níveis de

Page 52: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

51

ansiedade, redução dos efeitos colaterais da medicação, além da melhora da qualidade do sono e

da qualidade de vida (SAMPAIO et al, 2005).

A cinesioterapia permite restaurar ou melhorar o desempenho funcional dos segmentos

corporais comprometidos. Os programas de atividade física objetivam desenvolver a força e o

trofismo muscular, o senso de propriocepção do movimento, resgatar a amplitude do movimento

articular e prevenir a imobilidade no leito. Diferentes tipos de exercícios físicos como os

exercícios passivos, ativos, ativos assistidos e ativos resistidos, estão disponíveis para serem

utilizados em pacientes com câncer, de acordo com a gravidade do déficit funcional. O estímulo à

marcha e o condicionamento dos aparelhos cardiovascular e respiratório são também

instrumentos que podem contribuir para melhorar o processo de reabilitação das pacientes

(SAMPAIO et al, 2005).

O Instituto Nacional de Câncer apóia que 70% dos pacientes com dor crônica respondem

ao TENS, e verificou que o uso de TENS diminui em até 47% o uso de morfina, sendo também

eficaz na diminuição da tensão muscular gerada pela dor.

A crioterapia tem um histórico expressivo como tratamento de dor, com eficácia

comprovada, baixo custo e fácil aplicação. No entanto, talvez por sua simplicidade, deixou de ser

utilizada com rigor e seu uso ficou reduzido a torções e contusões. Não há estudos conclusivos

sobre a diminuição de dor oncológica através de crioterapia, mas sua aplicação pode útil para

dores músculo-esqueléticas, sendo realizada por panquecas de gelo ou imersão em água gelada 2

a 3 vezes ao dia durante 15 a 20 minutos (MARUCCI, 2005).

O uso do calor não é recomendável para pacientes com câncer, em especial no local do

tumor, pois aumenta a irrigação sangüínea local (op cit, 2005).

Segundo Bergman et al (2005), o tratamento do linfedema está baseado em técnicas

aceitas e descritas na literatura mundial, conhecida como CPT - Complex Physical Therapy,

sendo que no Brasil é chamada de TFC - Terapia Física Complexa ou Linfoterapia. Esse

tratamento consiste da combinação de quatro técnicas que atuam conjuntamente, dependendo da

fase em que se encontra o linfedema, incluindo: cuidados com a pele, drenagem linfática manual,

contenção na forma de enfaixamento e cinesioterapia específica. O tratamento é dividido em duas

fases, sendo que na primeira o objetivo é a redução do volume do membro, tendo a duração de 2

a 6 semanas, e a segunda é a fase de manutenção e controle do linfedema.

Page 53: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

52

Uma das modalidades utilizadas na TFC, é a orientação da paciente em relação aos

cuidados com a pele, como: manter a pele hidratada e limpa usando produtos com PH neutro e

óleos minerais. Evitar cortes, queimaduras, picadas de insetos, cutilar unhas, assim como

cuidados com o manuseio de produtos químicos, com o segmento afetado (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2002).

A paciente é orientada ainda, quanto ao uso de malhas compressivas durante viagens

aéreas, luvas de proteção durante a realização de atividades domésticas, em relação a não fazer

utilização de saunas e banheiras quentes, não carregar objetos pesados no lado da cirurgia, estar

atenta ao mínimo sinal de infecção no braço, como inchaço, rubor, calor local e, em evitar apertar

o braço do lado operado, com blusas, anéis e pulseiras apertadas (CAMARGO & MARX, 2002).

Segundo Madruga (2005), o enfaixamento compressivo é um recurso de primordial

importância, pois ele não só mantém, como incrementa a melhora da absorção e fluxo linfáticos

conseguidos com a linfodrenagem prévia. Deve ser funcional, de modo a permitir a realização de

todos os movimentos diários. A pressão exercida pelo enfaixamento é maior na região distal,

diminuindo à medida que se aproxima da raiz do segmento.

Os principais efeitos do enfaixamento compressivo são o aumento da pressão tecidual,

pressão intersticial, com redução da infiltração e conseqüente diminuição da pressão capilar

sanguínea e aumento da pressão venosa e linfática; aumento da eficácia do bombeamento

muscular e articular, pois a pele insuficientemente elástica dos membros edemaciados deixa de

oferecer resistência adequada à musculatura em contração sem enfaixamento compressivo,

ocasionando aumento do fluxo venoso e linfático (op cit, 2000).

Os exercícios específicos constituem o quarto recurso fisioterapêutico da TFC. As

contrações mais indicadas são as isodinâmicas, os movimentos ativos repetidos na máxima

amplitude possível, principalmente se forem realizadas associadas com o enfaixamento

compressivo, porque aumentam significativamente a reabsorção do edema (BERGMANN, 2004).

Os exercícios devem ser feitos de forma global para segmentos superiores, ou seja, deve-

se fazer exercícios para a cintura escapular com flexão, extensão, abdução, adução, rotação

externa e interna para ambos os ombros; movimentos de flexão, extensão e prono-supínação para

o cotovelo e movimentos amplos para punhos e mãos (CAMARGO & MARX, 2004).

Segundo orientação do INCA, o programa de exercícios deve ser iniciado com

alongamentos suaves para os segmentos superiores e seguir com movimentos globais. Pode se

Page 54: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

53

fazer exercícios ativos-assistidos com uso de bastões, theraband de fraca e média compressão,

polias sem carga e o uso de bolas, como meio de facilitação muscular e articular proprioceptiva.

Os exercícios contra indicados para o tratamento do linfedema são os que utilizam fortes e

rápidas contrações musculares, uso de carga, e exercícios que sobrecarreguem o segmento

afetado, ocasionando o aumento do linfedema (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Page 55: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

54

METODOLOGIA

Foram pesquisados artigos de autores de publicações e periódicos da área da saúde e bibliografias

com o título de fisioterapia aplicada a oncologia, ao tratamento do câncer de mama onde é

abordado o tema, Bases reabilitativas de fisioterapia no câncer de mama e o tratamento

fisioterápico citados no texto. Com o intuito de analisar aspectos psicossociais de cada paciente e

bioéticos que envolvem o tratamento do câncer de mama e tratamento abordado pelas equipes

multidisciplinares buscando o bem estar das portadoras de câncer de mama e o tratamento ideal.

Foram utilizados os sites de busca do Google, scielo e do pesquisas no instituto do cancer, com as

palavras Câncer de Mama, Oncologia, Fisioterapia no câncer de mama.

Page 56: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

55

DISCUSSÃO

Podemos observar que as pacientes possuíam vários fatores de risco para o

desenvolvimento do câncer de mama, como multiparidade, faixa etária, sedentarismo, tabagismo,

e alguns históricos de câncer na família, conforme descrito por vários autores (ASSUNÇÃO et al,

2002; BIÁZUS, 2001; GIULIANO, 1998; MUSS, 2001). Uma situação observada na maioria das

mulheres avaliadas é a prática do auto-exame da mama.

Acredita-se que esta prática tenha favorecido o diagnóstico precoce da doença o que

possibilitou um tratamento mais conservador (quadrantectomia associada a esvaziamento axilar),

tendo um impacto significativo no aumento da sobrevida destas pacientes (ELIAS et al, 2002).

Outro fator importante observado é que todas as pacientes foram submetidas a

mamografia, e mais de 80% souberam relatar que foram submetidas à biópsia. A realização

destes exames sugere uma diminuição no diagnóstico tardio e a probabilidade destas mulheres

morrerem por câncer (MUSS, 2001). Ou seja, quanto mais precoce o diagnóstico, melhores serão

condições de tratamento (conservador e não mutilante) e maior a sobrevida das mulheres

acometidas.

Dentre a sintomatologia relatada, observou-se que a parestesia em região tricipital foi a

mais referida, sendo encontrada em 91.67% dos casos. Esta parestesia em região tricipital, como

também em região axilar (33,33%) e a dor em região tricipital (50%) são problemas sensitivos

e/ou motores secundários a lesões causadas pelo procedimento cirúrgico. Um dos nervos mais

freqüentemente traumatizado é o nervo intercostobraquial, que quando lesionado desencadeia

parestesia cutânea na parte média superior do braço (MONTEIRO, 2002).

Já a hiperestesia em região cirúrgica e a dor em região axilar, são conseqüência da própria

incisão cirúrgica (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Segundo Colby e Kisner (1998), a pele suturada,

tanto sobre a área mamária como também na região axilar, parecem tensas ao longo da incisão,

assim qualquer movimento do braço homolateral tracionam as incisões desencadeando um sinal

de desconforto. Conforme descrito por Camargo e Marx (2000), no período pósoperatório

imediato é comum o aparecimento de dor do tipo nevrálgico associada a hipoestesia na base

axilar e na face interna do braço, em conseqüência do próprio ato cirúrgico; estudos trazem uma

prevalência de 27% de algias na cicatriz cirúrgica dentre as mulheres avaliadas (BERGAMANN

et al, 2000).

Page 57: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

56

Entretanto, o principal fator limitante é a modificação da cavidade axilar, que tem um

importante desempenho na função articular. Sugden et al (apud Cabello et al, 2004), relatam que

metade das mulheres submetidas à linfadenectomia associada a mastectomia ou quadrantectomia

por carcinoma de mama apresentam limitação de pelo menos um movimento do ombro 18 meses

após a cirurgia. Por outro lado, Nagel et al. (apud Cabelo, et al. 2004), descrevem uma restrição

do movimento do ombro em apenas 24% das mulheres submetidas à linfadenectomia axilar. No

estudo referente à morbidez física e psicológica após dissecção de nódulo linfático axilar

decorrente de câncer de mama, a amplitude de movimento de ombro foi comprometida em 73%

das mulheres, sendo um dos fatores prejudiciais associados significativamente à qualidade de

vida e saúde mental (BARAÚNA et al, 2004).

Atualmente a literatura discute o tipo de movimentação ideal, ou seja, o melhor momento

para que os exercícios com o ombro sejam realizados e a necessidade ou não de serem

supervisionados. A fisioterapia iniciada nos primeiros dias após a cirurgia poderia trazer

inúmeras vantagens, como prevenção de linfedema, retrações e disfunção do ombro. Porém,

alguns estudos randomizados mostraram que o início muito precoce dos exercícios poderia

aumentar a freqüência de seromas e isto poderia retardar o retorno na mobilidade normal do

ombro (CABELLO et al, 2004).

Devido a isto, Cabello e seus colaboradores (2004), realizaram um estudo para avaliar a

eficácia de um protocolo de exercícios pré-estabelecidos na recuperação da amplitude de

movimento do ombro em mulheres submetidas a esvaziamento axilar associado a

quadrantectomia ou mastectomia. Avaliaram a recuperação do movimento, assim como a

presença de deiscência e seroma, seis semanas após a cirurgia, comparando um grupo de

mulheres que praticaram os exercícios com amplitude livre com um grupo que praticaram os

mesmos exercícios, porém com amplitude restrita a 90º. Concluíram que, as mulheres que

realizaram os exercícios ativos e de alongamento, com amplitude livre desde o primeiro dia de

pós-operatório, alcançaram uma boa recuperação da capacidade funcional do ombro sem

aumentar a incidência de seroma e deiscência.

Baseado nisto, os exercícios propostos neste trabalho foram limitados até 90º apenas na

fase hospitalar. Isto se deve ao fato do risco de descolamento das bordas cirúrgicas caso a

amplitude seja forçada. Como as pacientes foram orientadas a repetir os exercícios durante o dia

sem a supervisão da fisioterapeuta, a limitação tornou-se necessária. A partir do momento em que

Page 58: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

57

as pacientes receberem alta hospitalar, e retornarem ao ambulatório da fisioterapia, será exigido

amplitude máxima do movimento nos exercícios.

Para alguns autores, quanto mais agressiva à cirurgia for, maior será a redução da força

ativa do membro homolateral à cirurgia. Nesta pesquisa verificou-se uma perda maior de força

nos músculos abdutores do ombro. Conseqüentemente, acredita-se que esta diminuição da força

muscular, freqüentemente encontrada, comprometa ainda mais a biomecânica do ombro devido

ao uso de movimentos compensatórios (GUIRRO e GUIRRO, 2002; COLBY e KISNER, 1998;

GALVAN, MOREIRA e POLCE, 1996).

Na avaliação subjetiva em relação à presença de fraqueza muscular no membro superior

acometido pela cirurgia, pouco menos da metade das pacientes (41.67%) responderam apresentar

uma sensação de fraqueza. Vale ressaltar que os resultados obtidos através da avaliação subjetiva

são muito importantes, visto que refletem também o aspecto psicossocial da paciente.

Estes dados evidenciam que no momento da avaliação todas as pacientes relataram algias

no membro superior, cintura escapular e/ou no local da cirurgia. Durante a avaliação subjetiva da

dor, onde era questionada a presença de algias durante o período pós-operatório até o momento

da avaliação, 83.34% relataram a presença de dor. No trabalho de Bergmann e seus colaboradores

(2000), observoram uma prevalência de algias no membro superior de 40.5% das pacientes

avaliadas. Esta presença de dor no período pós-operatório, além de ser uma complicação do

tratamento, pode ter levado a um grau maior de imobilidade, que prejudicou ainda mais a

biomecânica do ombro.

Constatou-se que as restrições funcionais ocorreram em todas as pacientes do estudo.

Quando questionadas sobre atividades funcionais, observou-se uma acentuada perda funcional do

membro superior após o tratamento cirúrgico. As pacientes referiram grandes dificuldades para

realizar atividades diárias como tomar banho (91.67%), vestir uma calça ou uma blusa (83.33%),

pentear ou prender o cabelo (50%), arrumar a cama (50%), amarrar o sapato (41.67%), pegar um

objeto no alto (41.67%), entre outras dificuldades menos relatadas. Rietman et al (apud

CABELLO et al, 2004), em um artigo de revisão sistemática da literatura, observaram que após

cirurgia por câncer da mama as mulheres apresentavam dificuldade em realizar suas atividades da

ida diária. Um quinto das mulheres referiam dificuldade em vestir roupa pela cabeça, 18% não

conseguiam amarrar o sutiã, 72% não eram capazes de fechar um zipper quando nas costas de sua

Page 59: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

58

roupa, 16% não conseguiam colocar as mãos sobre a cabeça e 29% tinham dificuldade em

levantar peso.

Este déficit funcional esta diretamente associado com a alteração biomecânica do ombro

observado nas mulheres avaliadas, devido à limitação do arco de movimento do ombro. Cabello

et al (2004), afirmam que qualquer limitação acima de 30º tanto na flexão como na abdução do

ombro é incompatível com as tarefas diárias e básicas a serem realizadas por uma mulher, como

pentear os cabelos e abotoar o sutiã.

Este resultado foi semelhante ao encontrado no estudo que comparou os efeitos colaterais

e interferência na vida diária de mulheres mastectomizadas, onde a limitação da amplitude de

movimento de ombro interferiu significativamente na qualidade de vida apenas após um mês de

cirurgia, sendo que a amplitude de movimento normal foi alcançada no período de 6 a 12 meses

pós-mastectomia. (BARAÚNA, 2004).

Através do presente estudo observou-se que as pacientes sofrem uma variedade dedéficits

funcionais que impedem de realizar suas atividades de vida diária. Das mulheres avaliadas

91.67% relataram estar, de alguma forma, limitadas em fazer os seus trabalhos ou atividades do

dia. Alguns autores constataram em seus estudos que as restrições funcionais ocorreram em todas

as pacientes, mas com a intervenção fisioterapêutica precoce, elas retornaram mais rapidamente

às atividades cotidianas e ocupacionais (BOTTARRO et al, 2003; BRAZ, COSTA e

MARCELINO, 2003).

Ao se estudar as conseqüências psicológicas causadas pelo câncer de mama é importante

ressaltar que quanto maior a mutilação, mais traumático será o seu efeito. Venâncio (2004)

descreve que a mulher mastectomizadas sofre seqüelas maiores, já que vivencia alterações

significativas em sua imagem corporal. Conforme descrito no estudo um medo muito freqüente

entre as pacientes mastectomizadas é o de não ser mais atraente sexualmente. Todas as pacientes

desta pesquisa foram submetidas a quadrantectomia, uma opção conservadora.

Conseqüentemente quando questionada sobre sentirem-se envergonhada em relação a sua

aparência física, 66.67% responderam que de modo algum, já o restante das entrevistadas

demonstraram uma pequena preocupação com a estética.

Essa nova realidade que impera faz com que a paciente em seus familiares assumam

papéis que não foram escolhidos e sim impostos pela fatalidade do adoecimento, interrompendo

planos, ideais e perspectivas futuras. Tornado-se necessárias constantes adaptações às mudanças

Page 60: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

59

ocorridas (VENÂNCIO, 2004). Todas as pacientes relataram ter uma estrutura familiar bastante

sólida e adaptada a nova realidade, podendo contar com o apoio indispensável de todos os

familiares e amigos. Exceto uma entrevistada que confessou que a sua condição física interferiu

em suas atividades em família e/ou sociais, como também surgiram alguns problemas em seus

relacionamentos pessoais.

Os dados demonstraram ainda que a presença do companheiro na reestruturação da

integridade é fundamental. Porém, percebe-se que certas mulheres se afastam dos seus parceiros

nesse momento, passando até a evitar contatos sexuais. Em um único caso deste estudo, o câncer

de mama passou a ser um desafio para a relação homem-mulher. Para Venâncio (2004), não

apenas as mulheres que realizam o tratamento cirúrgico vivenciam a baixa da auto-estima. O

próprio fato de estar com câncer, uma doença repleta de estigmas, já altera a percepção de si

mesma, como mulher.

Quando solicitado que as pacientes auto-avaliassem a sua saúde durante as duas semanas

que antecederam a avaliação, apenas uma paciente classificou a saúde como ruim. Neste

momento da entrevista, evidenciamos vários relatos de fé e crença na religião, que eram vistas

como um ponto de apoio e salvação. Isto demonstra a esperança que existe em cada paciente, à

vontade de vencer a doença e a fé em sua religião. Concordando com Laban (1994), que afirma

em seu trabalho que a maioria destas pacientes nunca perdem a esperança.

A paciente que sobrevive ao câncer de mama não luta somente pela vida, sua expectativa

é de que a vida seja o mínimo possível alterada pela doença e pelo tratamento. Sabe-se que as

pacientes sofrem uma variedade de déficits funcionais que a impedem de realizar atividades de

vida diária. Estas expectativas muitas vezes se voltam para o fisioterapeuta devido as

proximidade terapeuta-paciente (BOTARRO et al, 2003).

O tratamento fisioterapêutico deve ser iniciado nos primeiros dias após a cirurgia, devido

às inúmeras vantagens que proporciona, como prevenção de linfedema, retrações e disfunção do

ombro, e do próprio encorajamento da paciente em reassumir as atividades normais, de uma

forma controlada para evitar maiores complicações. Dentro do protocolo de reabilitação

fisioterapêutico deve ser enfatizado a recuperação da amplitude de movimento, força muscular e

a dessensibilização da área, visando que a paciente retorne o mais breve possível as suas

atividades funcionais. Deverá constar também de exercícios que promovam um bem estar geral e

um relaxamento global da paciente.

Page 61: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

60

Cabello et al (2004), referem que a mulher submetida ao exercício supervisionado do

ombro tem recuperação significativamente maior da amplitude do movimento quando comparada

com mulheres que não se submetem a um programa de fisioterapia. Observou-se que as médias

de flexão e abdução do ombro foram próximas de 150º após seis semanas de exercícios. Estes

autores acreditam que permitir a movimentação livre após a cirurgia de câncer de mama poderá

possibilitar maior bem estar à mulher operada, menos medo de movimentar o ombro

espontaneamente, promoção do retorno mais rápido às atividades funcionais, respeitando seus

limites de dor, e maior rapidez na sua integração social.

Os programas de reabilitação que utilizam exercícios têm mudado ao longo dos anos e

deixaram de ter apenas uma postura "curativa/reabilitativa", para se preocupar principalmente

com a prevenção de complicações. Baseado nos resultados obtidos com a pesquisa foi

desenvolvido uma cartilha educativa para as pacientes, com orientações para o dia-a-dia e

exercícios domiciliares que devem ser realizados diariamente.

Mamede e Panabianco (2002), observaram que as mulheres com câncer de mama relatam

um limitado apoio ao exercício fisco, por parte dos médicos e do pessoal da enfermagem. Alegam

ainda, que os profissionais da área da saúde não são bem informados no que diz respeito aos

benefícios e exercícios adequados à mulher com câncer de mama. Este fato também estimulou e

influenciou o desenvolvimento da cartilha. Sugere-se ainda que quando o serviço de fisioterapia

for implantado nas instituições que tratam o câncer de mama, os funcionários devem ser

submetidos a aulas ministradas pelo serviço de fisioterapia, com o objetivo de esclarecer e

orientar os funcionários quanto ao processo de reabilitação destas pacientes. Assim, estará

montada uma equipe multidisciplinar que atuará constantemente na reabilitação das pacientes

submetidas a tratamento cirúrgico para a retirada do câncer de mama.

Page 62: Bases Reabilitativas de Fisioterapia no Câncer de Mama

61

CONCLUSÃO

A intervenção precoce da fisioterapia, aplicada ainda no ambiente hospitalar, não só ajuda

a prevenir as complicações pós-cirúrgicas, como também reabilita as pacientes mais cedo para as

atividades da vida diária (AVD), e ainda, permite a elas que possam se valer da colaboração e do

incentivo da equipe médica para o tratamento.

O câncer de mama é considerado um problema de saúde pública por apresentar altíssimas

taxas de incidência e mortalidade entre as neoplasias que acometem as mulheres brasileiras.

Ainda hoje, o câncer é uma doença que fragiliza e amedronta o ser humano. Este trauma

devastador afeta não somente aquele que é acometido por ela, mas também os membros da

família e amigos, influenciando-os não apenas em relação às questões físicas e orgânicas, mas

também em relação às questões sociais, psicológicas, afetivas e emocionais.

Há alguns anos, a grande preocupação da equipe médica em relação ao câncer era a

sobrevivência dos pacientes. Atualmente, o foco do tratamento mudou, ou seja, a preocupação

passou a ser também a qualidade de vida que o paciente vai ter durante e após o tratamento

oncológico, neste sentido, a fisioterapia vem sendo adotada, em todos os tipos de cânceres, a

partir do diagnóstico, no pré-operatório, no pós-cirúrgico, como também durante todo o

tratamento.

A auto-estima da mulher, passa por uma verdadeira prova de fogo, já que inúmeras são as

situações constrangedoras vivenciadas pelas pacientes em tratamento do câncer de mama, como

queda do cabelo, oscilações de peso, perda da mama, instalação do linfedema no segmento

superior, e tantas outras que causam impacto e dificuldades de aceitação.

A fisioterapia contribuiu para a prevenção e minimização da morbidez do tratamento para

o câncer de mama, proporcionando uma melhor qualidade de sobrevida ao doente. Novos estudos

serão necessários sobre a técnica de aplicação dos exercícios, bem como a padronização

metodológica sobre os exercícios nos serviços de reabilitação e na literatura de maneira geral,

uma vez que foi possível perceber a sua influência nos resultados obtidos. O importante é adaptar

a reabilitação física para que se possa alcançar resultados mais eficientes para as mulheres no

pós-operatório de câncer de mama.

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