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Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy” UNIGRANRIO Ana Beatriz Nascimento Ayres Investigação sobre a utilização do Programa GESPÚBLICA em instituição voltada para ciência, tecnologia e saúde: um estudo de caso na Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro 2012

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Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy”

UNIGRANRIO

Ana Beatriz Nascimento Ayres

Investigação sobre a utilização do Programa GESPÚBLICA em instituição voltada

para ciência, tecnologia e saúde: um estudo de caso na Fundação Oswaldo Cruz

Rio de Janeiro

2012

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Ana Beatriz Nascimento Ayres

Investigação sobre a utilização do Programa GESPÚBLICA em instituição

voltada para ciência, tecnologia e saúde: um estudo de caso na Fundação

Oswaldo Cruz

Dissertação apresentada à Pró-reitoria de

Pós-graduação e Pesquisa (PROPEP)

para a obtenção do grau de mestre.

Área de concentração: Estudos

Organizacionais

Orientador: Luis Fernando Filardi Ferreira

Rio de Janeiro

2012

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FICHA CATALOGRÁFICA

A985i Ayres, Ana Beatriz Nascimento. Investigação sobre a utilização do Programa

GESPÚBLICA em instituição voltada para ciência, tecnologia e saúde: um estudo de caso na Fundação Oswaldo Cruz / Ana Beatriz Nascimento Ayres; Fernando Filardi – 2012.

147 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Administração de Empresas) – Universidade do Grande Rio “ Prof. José de Souza Herdy”, Escola de Ciências Sociais Aplicadas , 2012.

“Orientador: Prof. Luis Fernando Filardi Ferreira”. Bibliografia: f. 114-121. 1. Administração de Empresas. 2. Administração

Pública.3. Excelência.4.Administração Pública – Controle de Qualidade. I. Ferreira, Luis Fernando Filardi. II. Universidade do Grande Rio “ Prof. José de Souza Herdy”.

III. Título. CDD - 658

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Ana Beatriz Nascimento Ayres

Investigação sobre a utilização do Programa GESPÚBLICA em instituição

voltada para ciência, tecnologia e saúde: um estudo de caso na Fundação

Oswaldo Cruz

Dissertação apresentada à Pró-reitoria de

Pós-graduação e Pesquisa (PROPEP)

para a obtenção do grau de mestre.

Área de concentração: Estudos

Organizacionais

Aprovada em 27 de junho de 2012.

Banca Examinadora:

Professor Luis Fernando Filardi Ferreira

Unigranrio

Professor Alexandre Mendes Nicolini

Unigranrio

Professor Mônica de Maria Santos Fornitani

Pinhanez

Fundação Getúlio Vargas

Rio de Janeiro

2012

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus e aos meus pais que plantaram os frutos de

perseverança, determinação e paciência que colho a cada dia.

À Fundação Oswaldo Cruz, que me permitiu a oportunidade de realizar esta

pesquisa.

À Miriam Cohen, que subsidiou e norteou este trabalho, na fase de realização desta

pesquisa.

A todos os professores, em especial Alexandre Nicolini e Rejane Prevot e demais

integrantes do corpo docente e discente que contribuíram para a construção do

conhecimento.

Aos colegas de curso, em especial a Julio Loureiro, Luciano Pereira e Luciene Capra

pela amizade e companheirismo em diversos momentos.

Aos meus amigos de todas as horas por uma vida juntos.

Aos funcionários da UNIGRANRIO que, com seu trabalho e dedicação, superam as

dificuldades, proporcionando um serviço de alta qualidade.

Agradeço ao meu orientador, Professor Doutor Luis Fernando Filardi Ferreira , pelo

cuidado, apoio, paciência e pela confiança em mim depositada.

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RESUMO

Ao longo dos anos, as organizações, para sua sobrevivência e crescimento, devem

reconhecer os desafios organizacionais para desvendar novas oportunidades e ter a

resposta administrativa adequada para as mudanças necessárias. No cerne dessa

discussão, um foco especial tem sido dado à excelência dos serviços públicos

prestados ao cidadão. Diante das demandas sociais, a administração pública busca

aprimorar os serviços de servidores públicos para desenvolver novos modelos e

práticas de gestão. Buscou-se uma fundamentação teórico-metodológica para

compreender como evoluiu a gestão pública no Brasil, pois esta ainda transita pelos

modelos patrimonialista, burocrático e, por último, gerencial, voltando para a

qualidade do serviço público e a implementação de um modelo de Excelência para

ele. Buscaram-se, neste sentido, os conceitos que desenvolveram um conjunto de

variáveis já padronizadas para a pesquisa.

Este trabalho buscou identificar e analisar os resultados da aplicação do Modelo de

Excelência na Gestão Pública (MEGP) na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),

conforme o Programa Nacional de Gestão Pública (GESPÚBLICA) do MPOG, vis a

vis às diretrizes organizacionais, bem como investigar as motivações e inibições

para adesão ao mesmo. O estudo de caso foi realizado no período de 2003 a 2011.

A instituição pesquisada foi escolhida por empreender esforços para aperfeiçoar e

profissionalizar a gestão em busca da melhoria dos serviços prestados à sociedade.

A técnica de análise dos dados utilizada foi a análise de conteúdo sob e perspectiva

de Bardin, com o objetivo de compreender as informações e estabelecer os

conceitos e fundamentações teóricas da pesquisa. Os resultados da pesquisa

apontam para o cumprimento parcial dos objetivos do programa na instituição, pois

se verificam melhorias decorrentes de sua implantação, porém, eles só serão

cumpridos quando as práticas de excelência forem introduzidas na rotina e cultura e

o foco em resultados for consolidado.

Palavras-chave: Gestão Pública,Excelência, Qualidade na Administração Pública.

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ABSTRACT

Over the years, for their survival and growth, organizations must recognize the

organizational challenges to uncover new opportunities and take the appropriate

management response to the necessary changes. At the heart of this discussion, a

special focus has been given to the excellence of public services to citizens. In the

face of social demands, public administration seeks to improve services and civil

servants to develop new models and management practices. It was chosen a

theoretical-methodological basis to understand how governance evolved in Brazil,

starting on the patrimonial, bureaucratic, managerial models, and finally returning to

the quality of public services and the implementation of an excellence model for

public service. Therefore, the concepts that have developed a set of variables

already standardized for research have been used.

This study sought to identify and analyze the results of applying the Excellence

Model in Public Management (MEGP) at Oswaldo Cruz Foundation (Fiocruz),

according to the National Public Management (Gespública) MOP, vis a vis the

organizational guidelines, and investigate the motivations and inhibitions to adhere to

it. The case study was conducted from 2003 to 2011. The researched institution was

chosen because it undertakes efforts to improve and professionalize the

management in pursuit of improved services to society. The data analysis technique

used was content analysis under Bardin’s perspective, in order to understand the

information and establish the theoretical foundations of research concepts. The

survey results indicate that the institution leads to the partial fulfillment of the

program’s goals, because it was possible to verify improvements resulting from its

implementation, but it can only fulfill its objectives completely if the best practices are

introduced in its routine and culture and the focus on results is consolidated.

Keywords: Excellence, Quality in Public Administration.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Diagrama de gestão de práticas..............................................................44

Figura 2 – Evolução do GESPÚBLICA................................................................... 57

Figura 3 – Estrutura de Funcionamento do GESPÚBLICA......................................60

Figura 4 – Modelo de Excelência em Gestão Pública..............................................62

Figura 5 – Dimensões do GESPÚBLICA..................................................................65

Figura 6 – Fundamentos da Excelência em Gestão Pública.................................. 68

Figura 7 – Organograma da Fundação Oswaldo Cruz........................................... 75

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LISTA DE QUADROS

Quadro1 – Evolução dos Cidadãos - Usuários da Fiocruz 2003-2011.....................77

Quadro 2 – Evolução dos Cidadãos - Usuários da Fiocruz 2008-2009....................78

Quadro 3 – Evolução dos Cidadãos - Usuários da Fiocruz 2010-2011....................79

Quadro 4 – Evolução dos produtos e serviços..........................................................82

Quadro 5 – Adesão e adequação ao Gespública......................................................92

Quadro 6 – Fundamentos em excelência em gestão.................................................94

Quadro 7 – Resistências, barreiras e dificuldades.....................................................97

Quadro 8 – Impactos............................................................................................... .99

Quadro 9 – Comprometimento................................................................................ 101

Quadro 10 – Indicadores e planejamento da melhoria da gestão........................... 103

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

GESPÚBLICA Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização

FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz

MARE Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado

MEG Modelo de Excelência em Gestão

MEGP Modelo de Excelência em Gestão Pública

MPOG Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

PQGF Prêmio Nacional de Gestão Pública

PQSP Programa de Qualidade no Serviço Público

UTCs Unidades Técnico-científicas da Fundação Oswaldo Cruz

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SUMÁRIO

1- Introdução............................................................................................................ 15

1.2 - Objetivo principal............................................................................................... 19

1.3 - Objetivos secundários....................................................................................... 20

1.4 - Delimitação do estudo....................................................................................... 21

1.5 - Relevância do estudo........................................................................................ 23

2 - Referencial Teórico............................................................................................ 24

2.1 - Gestão Pública no Brasil .................................................................................. 25

2.1.1 - Origens da Administração Pública no Brasil.................................................. 25

2.1.2 - Gestão Pública e Trajetórias Reformistas...................................................... 28

2.1.3 - New Public Management e Administração Gerencial.................................... 33

2.1.4 - Um modelo de gestão em crise...................................................................... 36

2.2 - Gestão pública por resultados........................................................................ 37

2.3 - Qualidade na gestão pública.......................................................................... 38

2.5.6 - A Avaliação.................................................................................................... 41

2.5.7 - A Autoavaliação como instrumento de mudança........................................... 42

3 - Metodologia........................................................................................................ 46

3.1 - Tipo de pesquisa.............................................................................................. 47

3.2 - Universo e Amostra.......................................................................................... 48

3.3 - Coleta de dados............................................................................................... 49

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3.4 - Tratamento dos dados..................................................................................... 51

3.5 - Limitações do método...................................................................................... 52

3.6 - Análise dos dados............................................................................................ 53

3.6.1 - Gespública - Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização. 54

3.6.2 - Desburocratização........................................................................................ 54

3.6.3 - Objetivos e características............................................................................ 56

3.6.4 - Estrutura do Programa................................................................................... 60

3.6.5 - Dimensões Estratégicas................................................................................ 65

3.6.6 - O Modelo de Excelência em Gestão Pública................................................ 67

3.6.7 - Contexto da Organização.............................................................................. 73

3.6.8 - Fiocruz, Programas de Qualidade e Gespública........................................... 89

3.7 - Análises de conteúdo das entrevistas........................................................... 92

3.8 - Considerações finais da análise de conteúdo das entrevistas.................... 106

4 - Conclusão........................................................................................................ 107

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 114

APÊNDICE 1........................................................................................................... 122

ANEXO 1 (DECRETO Nº 4.725, DE 9 DE JUNHO DE 2003) ... ........................ 124

ANEXO 2 (ESTATUTO DA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ - FIOCRUZ)............. 126

ANEXO 3 (DECRETO Nº 5.378 DE 23 DE FEVEREIRO DE 2005)............... 147

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1 Introdução

A administração pública brasileira cresceu sobre o molde patrimonialista, com

práticas comuns como nepotismo e corrupção. Após o governo Vargas, as primeiras

reformas começaram a surgir com a implantação de uma burocracia profissional

seguindo o modelo de Weber, numa tentativa de profissionalizar o serviço público,

estabelecendo práticas cujo objetivo era a prestação de serviços públicos voltados

para o cumprimento das políticas públicas já estabelecidas.

Ao longo dos anos, as organizações, para sua sobrevivência e crescimento,

dependem, atualmente, cada vez mais das habilidades de seus administradores

para reconhecer os desafios organizacionais que enfrentam, desvendar novas

oportunidades e escolher a resposta administrativa correta para programar as

mudanças necessárias. É preciso saber como os administradores podem intervir ou

prevenir os problemas e, ao mesmo tempo, buscar novas oportunidades. A resposta

a esta colocação está baseada na formulação de modelos e ferramentas

organizacionais que busquem soluções de problemas, captação de oportunidades e

crescente melhoria dos processos. Assim, a administração pública, diante das

demandas sociais, buscou aprimorar os servidores públicos para desenvolverem

novos modelos e práticas de gestão tendo em vista que o modelo em que foi criada

não atenderia a estas necessidades.

Nos anos 1960, com diagnósticos sobre a necessidade de eliminação de alguns

aspectos da burocracia, cujo objetivo era modernizar a gestão pública, foi elaborado

projeto de descentralização por meio do decreto-lei 200 em 1967, com diretrizes

voltadas para os princípios do planejamento, coordenação, controle,

descentralização e delegação de competência, passo importante rumo à

Administração Pública Gerencial (TEIXEIRA; SANTANA, 1995).

Em 1979, com o Programa Nacional de Desburocratização, criado por Hélio Beltrão,

o estado reconhece que proteger os cidadãos contra o excesso de burocracia é fator

fundamental para que os serviços sejam prestados de forma mais ágil e

transparente.

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A globalização e a crise no Estado, nos anos 1980, resultaram em ações e debates

sobre a redefinição do Estado, com o objetivo de fortalecer a governança que seria a

capacidade de implementação de políticas pelo Estado. Considerava-se o modelo

administrativo vigente ultrapassado, e este foi substituído por um modelo de gestão

pública saindo de um paradigma burocrático para adoção de práticas voltadas para

o mercado.

Para Bresser Pereira (2005:50), a reforma da gestão pública “é uma nova forma de

organizar e administrar o Estado, que se opõe à administração pública burocrática, a

qual pretende substituir”. Dois são os aspectos relevantes que a caracterizam: a

autonomia (empowerment) e a responsabilização (accountability) dos gestores, em

contraponto à gestão burocrática, em que há excesso de normas, regulamentos e

controle.

No Brasil, o maior desafio do setor público era que as questões gerenciais

necessitavam de um modelo cujo objetivo seria a melhora da qualidade dos serviços

públicos, amenizando a rigidez burocrática e compatibilizando-a com as mudanças

aceleradas e as demandas da sociedade. Assim, nos anos 1990, a gestão pública

agrega características voltadas para o aumento da participação dos cidadãos,

flexibilidade, a adoção de práticas de qualidade e métodos de gestão mais

eficientes, ou seja, a utilização de práticas gerenciais mais modernas, mais não

deixando de lado a função da gestão que é pública.

Baseado nas diretrizes New Public Management e com o objetivo de aprofundar a

simplificação dos processos aliados à necessidade de o país aumentar sua

competitividade das instituições públicas, foi criado e desenvolvido pelo Ministério do

Orçamento e Gestão (MPOG) , em 1995, o Programa Nacional de Gestão Pública

(GESPÚBLICA), que, apoiado nos critérios de excelência, tem por objetivo promover

o processo de autoavaliação, instrumentalizando uma gestão pública por resultados.

A aplicação deste modelo, para programar estratégias de melhoria de gestão em

instituições que possuem uma cultura forte, como as instituições voltadas para a

saúde pública que podem ser consideradas inovadoras, complexas e burocráticas,

faz-se necessária uma análise da cultura corporativa, das resistências existentes e

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nós críticos, de seus elementos estruturantes e de sua capacidade de aprendizagem

transformadora.

Para a efetividade na implantação de um programa de gestão em instituições

públicas, faz-se necessário o estudo de fatores voltados para a mudança

organizacional e aprendizagem, para que estes modelos se adaptem aos mais

diversos tipos de organização.

O Instituto Soroterápico Federal, criado por ato do Poder legislativo em 25 de maio

de 1900, tinha por objetivo fornecer gratuitamente aos estados e municípios soros e

vacinas para atender à população, quando solicitado. Deste Instituto, originou-se a

Fundação Oswaldo Cruz – criada pelo Decreto Nº 66.624 de 22 de maio de 1970,

como personalidade jurídica de direito público – vinculada ao Ministério da Saúde.

Inicialmente, tinha por finalidade desenvolver atividades no campo da saúde, da

educação e do desenvolvimento científico e tecnológico. Hoje, sua missão é muito

mais ampla, conferindo-lhe respeitável papel na saúde pública nacional e

internacional, como aqui se observa:

Produzir, disseminar e compartilhar conhecimentos e tecnologias voltados para o fortalecimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e que contribuam para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira, para a redução das desigualdades sociais e para a dinâmica nacional de inovação, tendo a defesa do direito à saúde e da cidadania ampla como valores centrais. (relatório final, 2010:21).

Há mais de um século, a Fundação Oswaldo Cruz contribui para a evolução dos

conhecimentos sobre os seres vivos e da luta contra numerosas doenças

infecciosas e parasitárias e é reconhecida como sede de diversos centros de

referência da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do próprio Ministério da

Saúde (MS). Com isso, sua atualização e a busca pela excelência em seu

desempenho organizacional tornam-se fatores de extrema relevância, já que

necessita atender às mais diversas demandas voltadas para a sociedade, o que faz

com que a instituição passe frequentemente por inúmeras transformações,

sobretudo nos últimos anos, tanto estruturais como funcionais, buscando atender ao

acelerado desenvolvimento tecnológico e científico, demandas sociais e

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econômicas, bem como atender e investir em inovações propostas por um mercado

em constante evolução.

Na Fiocruz, a adoção dos critérios de excelência da gestão pública foi formalizada

pela Portaria 313/2007 de 13/07/2007, que cria o Comitê Subsetorial GESPÚBLICA

Fiocruz, com representação de todas as unidades da Fiocruz e coordenação da

Diretoria de Planejamento.

Sua adoção visa direcionar a Fiocruz em sua transformação gerencial e, ao mesmo

tempo, permitir avaliações comparativas de desempenho com organizações públicas

brasileiras e estrangeiras. A sua importância está no processo de melhoria contínua

da gestão na Fiocruz, com impacto na qualidade de seus produtos (FIOCRUZ,

2009).

Ao se estudar como se dá a implantação do Gespública na Fiocruz, buscou-se

levantar a relação entre uma gestão pública voltada para resultados, quais as

práticas que a estruturam e como se dá a sua continuidade, já que este é o grande

desafio para a busca da excelência. Assim, a questão da pesquisa despertada é :

Quais os resultados da adesão ao Programa Nacional de Gestão Pública (

GESPÚBLICA) na Fundacão Oswaldo Cruz e se estes estão alinhados as suas

diretrizes organizacionais?

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1.2 Objetivo principal

Identificar e analisar os resultados da aplicação do Modelo de Excelência na gestão

Pública (MEGP) na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), conforme o Programa

Nacional de Gestão Pública (GESPÚBLICA) do MPOG, vis a vis às diretrizes

organizacionais.

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1.3 Objetivos secundários

Analisar a compatibilidade do MEGP - GESPÚBLICA aos modelos

organizacionais da Fiocruz (Instituição democrática x modelos de gestão);

Identificar os Planos de Melhoria da Gestão decorrentes de processos de

Avaliação da Gestão, analisando os problemas recorrentes.

Identificar quais fundamentos da gestão pública são os mais arraigados na

organização;

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1.4 Delimitação do estudo

Não se pretende, aqui, esgotar o assunto sobre a experiência e os primeiros

resultados da implantação do GESPÚBLICA na Fundação Oswaldo Cruz, sua

adequação a sua missão institucional e seus impactos gerados. Temos como foco

os gestores e usuários participantes deste modelo, cujo objetivo é o fortalecimento

das ações voltadas para a gestão dentro de uma instituição cuja missão é de grande

complexidade. Tal missão abrange atividades voltadas para: pesquisas realizadas;

desenvolvimento tecnológico; comunicação em saúde; disseminação científica;

produção de vacinas, reagentes, diagnósticos e biofármacos; manutenção e

funcionamento de farmácias populares do governo federal; formação de recursos

humanos; preservação do patrimônio científico, cultural e histórico.

Tampouco é nosso objetivo modificar características ou modos de agir da instituição

em relação à gestão, mas observar, descrever e explorar aspectos de um

determinado período, resultando na caracterização abrangente dos dados e na

perpetração de uma análise aprofundada de uma realidade.

Os estudos organizacionais no Brasil, associados à administração pública, segundo

Misoczky (2004:1) “[...] recaem na adequação do ideário generalista, para o campo

da administração pública e abordagens positivistas [...]”. Assim, este estudo

compreende a literatura sobre os estudos da administração pública brasileira até a

administração pública gerencial, sendo esta não um novo modelo, mais sim uma

nova forma de as instituições brasileiras redefinirem suas estratégias e sua forma de

atuação.

Estudamos o GESPÚBLICA – modelo implantado para avaliar e melhorar a gestão

pública – bem como sua aplicação na instituição no período de 2003 até 2011. A

escolha do período em questão recai, primeiro, sobre a instituição do Programa

Nacional de Gestão Pública e, em segundo lugar, pois neste período a instituição

começa a adotar os critérios de excelência da gestão Pública, formalizados pela

Portaria 313/2007. O principal foco de análise, a Fundação Oswaldo Cruz, foi

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escolhida por ser uma instituição que, nos últimos anos, vem empreendendo

esforços para aperfeiçoar e profissionalizar a gestão em busca da melhoria dos

serviços prestados à sociedade.

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1.5 Relevância do estudo

Secchi ressalta que:

Desde os anos 1980, as administrações públicas em todo o mundo realizaram mudanças substanciais nas políticas de gestão pública e no desenho de organizações programáticas. Essas reformas administrativas consolidam novos discursos e práticas derivadas do setor privado e os usam como benchmarks para organizações públicas em todas as esferas do governo. (2009:348)

Observar as transformações em vários setores da vida, processados de maneira

acelerada e associadas, não só no que diz respeito ao desenvolvimento tecnológico,

mas também no que concerne à mudança de postura da sociedade, faz com que a

administração pública responda a essas demandas de forma mais eficaz, assumindo

uma postura de renovação, efetivando estruturas e formas de gestão que

incorporem prescrições para a melhoria da efetividade da gestão das organizações

públicas. No Brasil, as instituições de pesquisa têm papel fundamental neste

processo, pois, segundo Mello & Filho:

Implementam estruturas e formas de gestão que criem condições de estabelecer ligação mais próxima com o setor produtivo e assim responder, mais efetivamente, por inovações tecnológicas de relevância social (2010:614)

A relevância do estudo se justifica, conforme destaca Mello e Filho, tendo em vista a

necessidade de se inovar para alcançar resultados, tornando-se fator preponderante

para a busca da melhoria contínua da gestão. Assim, o estudo irá corroborar ou

refutar os preceitos/indicadores/resultados que o Programa Nacional de Gestão

Pública e Desburocratização (GESPÚBLICA) trouxe para a Fundação Oswaldo Cruz

e quais seus impactos.

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2. Referencial teórico

Este capítulo tem por objetivo fornecer uma base teórica para melhor compreensão

do problema a ser abordado nesta pesquisa. Seguindo este sentido, serão

abordados: Um breve histórico da gestão pública no Brasil, Gestão pública e

redemocratização, New Public Management e Administração Gerencial, O modelo

de gestão em crise, gestão pública por resultados, Qualidade na gestão pública,A

avaliação e autoavaliação como instrumento de mudança..

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2.1 Gestão Pública no Brasil

2.1.1Origens da Administração Pública no Brasil

A administração Pública Brasileira nasceu junto com a independência do país, com

duas grandes formas de comando, uma de viés centralizado com controle regulado

e com o objetivo de garantir uma igualdade no processo de colonização. Outra forma

de comando era baseada em fatores descentralizados do poder. Esta mistura,

extremamente reguladora e pouco efetiva, resume o modelo de administração

colonial.

A situação muda em meados do século XVIII com as reformas Pombalinas, que

tinham o poder de intervir nos assuntos da Colônia. Com a chegada da família real

portuguesa, criaram-se as instituições que serviram de base ao estado nacional em

1822. Marques de Pombal foi o grande incentivador ao criar ações que procuravam

formar lideranças político-administrativo, conforme destaca Loureiro Et al (2010: 30)

“[...] inicia-se aí uma história em que a alta burocracia fará parte de vários momentos

estratégicos do país, tendo, no geral, um ambíguo papel modernizador [...]”.

Este grupo, centrado no estado, foi quem planejou a independência e atuou em prol

da unidade nacional, mais não rompeu com a escravidão e, assim, inaugurou uma

forma muito centralizada de o estado fazer reformas. Com um estado em

turbulência, a alta burocracia é estabelecida como modelo político e também definiu

as principais diretrizes para o país, exercendo funções burocráticas, em que os

funcionários públicos exerciam seus cargos por sua experiência política e

extremamente positivista, já que eram baseadas em suas visões de mundo.

Segundo Abrucio (1997: 31), “essa alta burocracia era, no geral, baseada num saber

generalista”, ou seja, meritocracia e relacionamentos pessoais faziam parte da

seleção e promoção de funcionários.

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A burocracia imperial foi fator preponderante na construção da nação brasileira, já

que existiam grupos de base patrimonialista que enfraqueciam o estado perante a

sociedade, ou seja, esta alta burocracia não era controlada publicamente, nem em

sentido liberal, nem em termos democráticos.(Bresser, 2008). Ao mesmo tempo, as

administrações públicas pelo mundo passavam pelo mesmo processo, ou seja,

fortes traços patrimonialistas, representadas pelas elites que se alternavam no

poder, nepotismo e a não separação do patrimônio Público do privado, a rede fiscal

se confundia com a apropriação de renda, monopólios e concessões. Assim, no fim

do século XIX, com as primeiras reformas Weberianas no Brasil, temos o

enfraquecimento do Estado, principalmente nas estatais, uma vez que prevaleceu o

modelo estadualista, incluindo aí a política do coronelismo, em que eleitores eram

aliciados para legitimar um processo eleitoral, neste caso marcado pelas fraudes,

conforme Abrucio (1997). Já para Marques(2008), a corrupção e o nepotismo são

inerentes a este tipo de administração.

A primeira República surge marcada por um paradoxo, de acordo com Loureiro ET

Al (2010: 34):

No que se refere ao aparato burocrático: ao mesmo tempo em que ela enfraqueceu o estado e reforçou o modelo patrimonial, também foi nesse período que se formaram as duas burocracias profissionais, preconizado pelo estado Varguista, os diplomatas e as forças armadas.

Os diplomatas, que possuíam um modelo de meritocracia, serviram de inspiração

para o DASP ( Departamento Administrativo do Serviço Público), criado em 1938,

para ser o braço administrativo do governo Getúlio Vargas – com a racionalização e

no treinamento técnico sua grande orientação. Para cumprir o estabelecido, o DASP

inicia um movimento de profissionalização do funcionalismo público implantando um

processo competitivo e critérios de promoção por merecimento, conforme o Relatório

de Pesquisa EAESP/FGV/NPP (1995: 7). Getúlio Vargas em seu governo cria um

novo modelo de administração pública, onde seria feita a expansão do poder do

estado, com um projeto de modernização nacional desenvolvimentista, construindo

um estado nacional voltado para a industrialização, a urbanização e o

desenvolvimento econômico do país, uma administração pública competente e com

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bons quadros, requisitos necessários para implantar e conduzir as diretrizes de

modernização econômica e desenvolvimento desejados. Outro ponto importante do

governo Vargas seria a construção de uma estrutura institucional de meritocracia, ou

seja, as instituições valiam mais do que os burocratas e seus laços sociais. Neste

período o estado passa a ser nacional desenvolvimentista já que a classe dirigente

é formada pela aliança entre a burguesia industrial e a burocracia pública. (Bresser ,

2008)

A criação de uma burocracia, que seria o motor desenvolvimentista do Estado,

sendo esta profissional, meritocrática e universalista, tornou-se a primeira estrutura

burocrática Weberiana, voltada a produção de políticas públicas com grande alcance

social. Se por um lado esta reforma buscava modernizar a gestão pública com

princípios Weberianos, como, por exemplo, a criação da Comissão permanente de

Compras, centralizando o processo de aquisição de materiais e a proposição dos

concursos públicos na constituição de 1934 e a criação das autarquias, por outro,

esta se tornava centralizadora e autoritária com influências do patrimonialismo. Seu

enfraquecimento deu-se com a queda do Estado Novo. Buscava-se assim melhorar

as relações entre o Estado e sociedade por meio da simplificação de procedimentos

na prestação de serviços públicos.(Silva, 2007;Amaral, 2007,p.10)

O decreto- Lei nº 200, segunda maior reforma administrativa do país, aperfeiçoou a

administração pública em alguns aspectos, como o fortalecimento das carreiras de

estado com a fundação de novos órgãos e entidades, a construção de um Plano

Nacional de Desenvolvimento (PNDs) e a busca pelo aperfeiçoamento de

informações sobre o país,Bresser (1997). Mesmo sob um regime militar onde

algumas informações foram sonegadas e restritas, criam-se órgãos como o IPEA

com o objetivo de se planejar políticas públicas. A administração indireta neste

período foi a marca da expansão do Estado brasileiro, sendo o aparelho do Estado

dotado de maior poder decisório, flexibilidade gerencial e agilidade para sua

expansão. Alguns problemas foram identificados, como o não funcionamento dos

sistemas de controle e não se dar o mesmo valor à administração direta, o que

causou a baixa acreditação do serviço público, dificultando a gestão de pessoas.

Outro problema foi a fragmentação da administração pública.

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2.1.2 Gestão Pública e as trajetórias reformistas

Ao fim do período militar, algumas reformas surgiram, atacando diretamente os

problemas da burocracia brasileira, encontrando soluções para que a máquina

administrativa se tornasse mais ágil. Ao fim da década de 1980, o desenho da

estatal brasileira sofre alterações, como a criação do Sistema do Tesouro Nacional

para coordenação das contas públicas (Abrucio, 1997). Além da reforma financeira,

foi criada também a Escola Nacional de Administração Pública, com o objetivo de

capacitar os servidores públicos, trazendo a modernização da gestão pública. A

ENAP sofreu com a instabilidade gerencial, trazendo, assim, a demora em

resultados palpáveis. Esta nova fase da democracia brasileira também trouxe

instabilidade política, pois a burocracia brasileira era composta por diversos grupos

que apoiaram a transição, dificultando a governabilidade.

Nesse período, há a extinção do DASP e outro problema premente foi a falta de um

diagnóstico sobre a situação do estado brasileiro, conforme infere Loureiro (2010):

Sabia-se que era preciso combater o descontrole financeiro, democratizar a

gestão pública e revalorizar o servidor público, porém, não havia

consciência de que o modelo administrativo erigido no período nacional

desenvolvimentista seria incapaz de resolver os dilemas do país.

Com a constituição de 1988, começaram a surgir mudanças, principalmente

referentes à gestão pública, com pontos de grande relevância como, por exemplo, a

profissionalização meritocrática, com a instauração dos princípios para recrutamento

de novos funcionários por meio de concurso público universalizado, a criação dos

tribunais de conta, avançando no controle dos governantes, ratificando de vez a

burocracia Weberiana.

Nos anos 1990, com um estado em crescente crise fiscal e um cenário

administrativo inflado, há um crescimento da corrupção e também do corporativismo.

No governo Itamar, há um diagnóstico sobre a situação da administração pública

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brasileira, mas sem reformas. Já no governo Fernando Henrique Cardoso, há a

criação do Ministério da Administração e Reforma de Estado (MARE), comandado

pelo ministro Bresser-Pereira, que percebeu que a administração pública mundial

passava por crescentes transformações e que as mesmas poderiam ser adaptadas

ao Brasil.

Com uma grande reorganização administrativa, como a melhoria nas informações

administrativas, o fortalecimento das carreiras de estado e a elaboração de um novo

modelo de gestão em que as parcerias público-privadas estabeleciam um espaço

não estatal, criou-se um novo paradigma administrativo para o país, delimitando o

núcleo estratégico em poucas funções governamentais, ligadas a diplomacia,

finanças públicas, área jurídica e carreira de gestores governamentais (Bresser

Pereira, 1998).

Após a extinção de MARE, algumas ações inovadoras avançaram com o objetivo de

dar transparência e agilidade à gestão pública brasileira, como a aprovação da Lei

de Responsabilidade Fiscal, que trouxe ganhos relacionados à economicidade e

eficiência; no campo das políticas públicas, temos uma administração mais

participativa; inovações nas políticas públicas e controle social; um PPA voltado para

programas e projetos e a criação do governo eletrônico com uso da tecnologia da

informação voltada para a redução de custos e aumento da transparência.

Os estudos voltados para a Administração Pública Brasileira, sistematizaram vários

temas , dimensões , paradigmas de análise e também eixos , práticas e políticas de

gestão , onde os estudiosos sobre o tema não conseguiram aninda, vislumbrar a

integração das diversas dimensões de análises em um corpo teórico capas de

compreender os principais fenômenos existentes na administração pública no país (

SOUZA, 2004; FADUL e SOUZA, 2005 e 2006; PÓ e PRADO, 2006).

A produção científica contemporânea na Administração Pública Brasileira possui

alguns trabalhos considerados clássicos e que têem auxiliado na consecução da

trajetória dos estudos e pesquisas que visam ampliar e aprimorar o campo da

administração pública brasileira (MACHADO-DA-SILVA, AMBONI E CUNHA, 1989;

FISCHER, 1984, 1993; KEINERT e LAPORTA, 1994; KEINERT e VAZ, 1994 e

SOUZA, 1998). Souza e Araújo (2003), mapearam autores vinculando às suas

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temáticas pesquisadas , sistematizando um balanço da literatura do campo da

gestão pública dentro da dimensão focus, utilizado por Keinert (2000). São cinco:

um primeiro focus pós-burocrático, detalhando os principais aspectos das

novações e das novas práticas de gestão, juntamente com o movimento

gerencialista, entendido como uma vertente pós-burocrática. Enfatiza-se que,

em parte, esta vertente pós-burocrática assume alguns pressupostos e focus

da ciência política, que vem sendo, destacadamente, preconizado por autores

como Barzelay (1994), Abrúcio (1997, 1998), Bresser Pereria (1996a e

1996b), dentre outros;

o segundo focus, aborda os impactos da globalização no aparelho do

estado Brasileiro e em alguns países, aqueles que fizeram as chamadas

reformas estruturais, do Estado e da administração pública. Este analisa e

avalia os principais impactos da globalização econômica na capacidade

gerencial dos governos preconizando a ampliação da governança e das

capacidades institucionais sugerindo e propondo políticas e programas de

desregulamentação, privatização do Estado através da privatização e

flexibilização das organizações públicas (KOUZMIN, 1998; FARMER, 1998;

HAQUE, 1998; e outros).

o terceiro focus aborda os condicionantes da ordem política, econômica e

social, onde se faz uma crítica ao tipo de inserção do Brasil na economia

mundial globalizada, sem considerar aspectos regionais e locais, somando-se

a importação de modelos econômicos e práticas de gestão privadas,

desconectados da realidade social brasileira.

o quarto focus se refere as novas tendências no ciclo de políticas

públicas. Cada vez mais, se enfatiza a questão das políticas públicas, em

especial, no Brasil, como importante instrumento para distribuição de rendas

e de reinserção social para os segmentos mais pobres. neste focus, tem-se

observado uma relevância de estudos mais neo-institucionalistas explorando

o papel, a natureza e a importância das instituições e das relações Estado-

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sociedade, políticos e burocratas, cidadãos e governo e estado-administração

pública. O mais importante eixo deste focus é a questão da relação entre a

economia e a administração públic onde o governo necessita, urgentemente,

definir uma política de gestão que, para além das questões econômicas,

consiga articular desenvolvimento e crescimento econômico com

democratização e transparência das ações estatais, com controle social sobre

a administração pública. Mello (2002) é um autor importante neste campo;

o quinto focus tem uma preocupação com a gestão da políticas sociais no

Brasil e no continente latinoamericano. Com o aumento da probreza em

nosso continente e, especialmente, no Brasil, incluindo às relações

trabalhistas precárias e a falta de qualificação profissional dos trabalhadores,

acaba obrigando os governos a priorizarem a formulação e implementação de

políticas sociais mais emancipatórias e redistributivas de renda. Autores como

Dowbor (1998), Fleury (2002) dentre outros, são destacadamente alguns dos

pesquisadores mais importantes na gestão das políticas sociais no Brasil.

Segundo Keinert ( 1994 a e 2000), é possível afirmar a existência de três grandes

etapas na Administração Pública do país. A primeira público estatal compreendida

no período 1930-1979, com o “público” como centro das atenções, com o

entendimento da administração como “ de todos para todos” referindo-se a coisa

pública , ou ao interesse público ( conforme BRESSER PEREIRA, 1996 a, 1996 e

demais anos).

A segunda etapa segundo SOUZA (2003), e conhecida como a crise dos anos 80

ou a crise do Estado, levando o setor público a experimentar diversos fracassos ou

como argumenta Keinert (2000) as organizações públicas não responderam as

demandas sociais, institucionais e organizacionais. Neste período de crises

econômicas e financeiras do Estado Brasileiro , não se conseguiu levar a frente uma

política de gestão pública ( MARTINS , 2003).

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A terceira etapa , segundo Keinert (2000) é a voltada para o “interesse público”.

Aqui, a sociedade passa a fazer parte da agenda governamental . Gerou-se então

Assim, geraram-se dois enfoques: uma matriz sócio-cêntrica, caracterizada pelo

surgimento de novos atores sociais e políticos, ocupando novos espaços na

formulação e implementação de políticas públicas; e a matriz pós-burocrática, que

se caracteriza pela adoção de modernas ferramentas de gestão, descentralização e

a organização do setor público de forma participativa e com controle social ( SOUZA,

2003).

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2.1.3 New Public Management e Administração Gerencial

O NPM teve sua origem no fim dos anos 1970, no governo Thatcher, tendo em vista

a insatisfação do cidadão inglês com a qualidade dos serviços públicos e também

em países da Europa continental até chegar no continente latinoamericano.

Christensen e Laergreid (1998), após um interessante estudo sobre os vários países

que adotaram a NPM como alternativa de gestão, concluem que esta vertente do

gerencialismo resultou na diminuição do controle do governo com relação a alguns

setores e agências governamentais. Para além destas, segundo os autores, a NPM

fomentou trocas de práticas de gestão do tipo incentivos institucionais “internos” na

gestão burocrática por incentivos materiais “externos”, típicos do gerencialismo.

Este processo tem como pressuposto unir práticas com origem no setor privado

adaptadas para o setor público, buscando criarem-se instrumentos que tenham o

objetivo de melhorar o desempenho dos organismos públicos a fim de obter

melhores resultados e satisfação dos cidadãos, chamados de clientes. Este governo

se colocou contra a burocracia tradicional na medida em que essa possuía uma

organização rígida e centralizada, voltada para se cumprir regulamentos e processos

administrativos em que o desempenho é avaliado apenas com referência às

observâncias das normas legais e éticas. Assim, segundo Abrucio (1997), três

visões da administração pública surgiram entre as décadas de 1980 e 1990:

gerencialismo, com o conceito de produtividade que buscava a diminuição e

otimização dos gastos públicos sob o contexto da eficiência;

consumerism, voltado para a efetividade e qualidade cujo público alvo eram

os clientes. Aqui, se introduziu a perspectiva da qualidade como uma

estratégia para a satisfação do consumidor por meio de um serviço público

mais leve, ágil e competitivo;

public service orientation, que seria a conjugação entre a accountability e o

binômio justiça e equidade.

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Nos Estados Unidos, o movimento reinventando o governo representou o resultado

do transporte do movimento gerencialista e da cultura do management do setor

privado para o setor público.

No Brasil, ao se implantar em 1995 o plano diretor para Reforma do Aparelho do

Estado, tinha-se uma visão de uma reforma gerencial com o objetivo de aplacar as

crises nacional-desenvolvimentistas e as críticas do patrimonialismo e autoritarismo

do estado brasileiro, estimulando um consenso de caráter liberal e combinando

estratégias de desenvolvimento, estratégias administrativas e estratégias de

estabilização econômica.( Brasil, 2007)

Nesse contexto, a nova administração pública surgiu sendo um modelo ideal para

gerenciamento de um estado reformado.

Segundo Bresser-Pereira (2008), além de reorganizar o aparelho do Estado e

fortalecer seu núcleo estratégico, a reforma também deveria transformar o modelo

de administração pública vigente, considerando também a cultura, transformando a

cultura burocrática em cultura gerencial e disseminando novas práticas gerenciais

para o exercício de um serviço público de qualidade, buscando a satisfação dos

cidadãos e gestão com a utilização de ferramentas geralmente utilizadas no setor

privado, como a reengenharia, programas de qualidade, entre outras, direcionadas

para a implantação da administração pública gerencial.

As diferenças básicas entre a nova administração pública e a burocrática é a

aplicação do gerencialismo com os objetivos pautados segundo De Paula (2005):

Melhorar as decisões estratégicas do governo e da burocracia, garantir a propriedade e o contrato, promovendo um bom funcionamento dos mercados, garantir a autonomia e capacitação gerencial do administrador público, assegurar a democracia através da prestação dos serviços orientados para o cidadão-cliente e controlados pela sociedade.

Para atingir estes objetivos, a administração pública deve promover um governo

mais eficaz, eficiente e com responsabilidade, buscando a profissionalização e

incluindo atividades de mensuração do desempenho. O New Public Management e

outros programas de reforma têm como diferença das reformas anteriores, pois

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promovem o foco em serviço ao cliente, gestão orientada por resultados e a

responsabilidade pelos resultados com a preocupação constante em economizar

dinheiro, inovação e eficiência na produção e alocação de recursos.

Para Bresser-Pereira (2009) a Administração Pública Gerencial envolve uma

mudança na estratégia de gerência que deve ser colocada em prática em uma

estrutura administrativa reformada.

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2.1.4 Um modelo de gestão em crise

Para Rocha (2001), a bibliografia elaborada sobre o NPM ressalta a ideia de que se

trata de uma abordagem interdisciplinar, preocupada fundamentalmente com a

implementação das políticas públicas de forma eficiente. Outros autores, como Hood

(1991), ressaltam que o NPM não tem qualquer conteúdo teórico, é uma roupagem

vazia e tem como grande consequência um aumento dos controladores

orçamentários e de desempenho, sem que isso seja traduzido como uma melhora

do serviço público, servindo a interesses particulares. Além disso, é um modelo cuja

matriz é Britânica, difícil de adaptar a outras estruturas e culturas administrativas.

Com relação às críticas de que o setor público é ineficiente em detrimento do

privado é um comparativo errôneo, já que sempre são comparadas as melhores

empresas aos piores serviços públicos.

O conceito de NPM não é novo e sim uma adaptação da gestão pública de

processos por uma gestão de resultados, ou seja, introduz fundamentos da gestão

empresarial. Assim, princípios como accountability, empowerment, qualidade na

prestação dos serviços, ênfase nos resultados e medição desses (indicadores de

desempenho e planejamento estratégico) são vistos como importantes, já que é uma

tentativa de implementar mudanças na gestão pública de forma que esta seja

preparada para assumir desafio do aumento da demanda da sociedade por meio da

prestação de serviços com responsabilidade e transparência.

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2.2 Gestão pública por resultados

Para a mensuração do desempenho organizacional, na administração pública

gerencial, o enfoque foi deslocado dos processos para os resultados, o que leva à

necessidade de uma mudança na cultura do setor público para uma voltada mais

para a sociedade, criando uma estrutura flexível e de liberdade para que os objetivos

sejam alcançados. O resultado é um produto direto do processo e diz respeito a

produtos e serviços que devem ocorrer externamente ao processo.

Para Favero (2010), a gestão por resultados tem o propósito de estimular a

avaliação de desempenho, vinculados à remuneração, ou a progressão, vinculada a

resultados individuais ou organizacionais.

Teixeira e Santana (1995) ressaltam que o processo de modernização da gestão

pública com preocupação nos resultados instaurou uma nova dinâmica no setor

público, com a aplicação de sistemas de indicadores que facilitam a identificação

dos objetivos e metas a serem perseguidas. Assim, a avaliação de desempenho é

uma ferramenta de legitimação e racionalização da gestão de modo a se ter um

acompanhamento e avaliação pela sociedade.

Num sistema ideal de avaliação de desempenho, a complexidade das informações

– dos dados como recursos e materiais até os resultados e impactos – seria utilizada

pelos gestores públicos dentro de uma lógica na qual a vinculação entre o

monitoramento do desempenho (de processos, eficiência e produção) e a avaliação

do desempenho (dos resultados e impactos) seria utilizada para orientar o

planejamento estratégico de um programa e aprimorar seu desempenho no futuro.

(Favero, 2010)

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2.3 Qualidade na gestão pública

A palavra qualidade é definida de diversas formas e possui diversos significados. O

nosso enfoque aqui será a qualidade aplicada à administração pública. Radaelli

(2004) coloca que alguns especialistas veem a qualidade como sinônimo de

eficiência. Já os burocratas a definem como um conjunto de procedimentos a serem

seguidos e que são apropriados a determinado fim. A empresa busca a qualidade

como procedimentos alinhados para minimizar custos e aferir lucro.

Já o cidadão utiliza-se da qualidade como a proteção efetiva em relação aos riscos

envolvidos. Com relação ao setor público, existem percepções diferentes deste

processo, pois existem diferentes tipos de clientes com expectativas divergentes e

conflitantes resultando em diferentes níveis de satisfação (Velasques, 2006).

A gestão pública de qualidade está diretamente ligada ao fazer e fazer bem feito

dentro do que lhe é proposto. Assim, a adoção de ferramentas de gestão pela

qualidade no setor público permite a realização de diagnósticos das rotinas afetadas

aos produtos e serviços ofertados à população com acesso a todos os seus

destinatários ou usuários. Sob a perspectiva do setor público, Carr e Littman (1992)

argumentam:

[...] a qualidade deve estar presente em todas as áreas onde se possa agregar valor ao cliente, inclusive nos serviços públicos, sob a forma tanto de qualidade física, quanto de produtividade, eficiência, ética, moral e utilização racional dos recursos, que neste caso são públicos [...].

Já para Gomes (1997: p.51-52), a Gestão da Qualidade no setor público "pode ser

vista como um amplo processo de mudança cultural cujo principal objetivo é

modificar as relações institucionais, transformando chefes e subordinados em

parceiros que busquem atingir as metas da organização." Para que isso ocorra, faz-

se necessário:

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engajar a estrutura hierárquica a partir do nível decisório até as chefias

setorizadas, em efeito cascata, na busca pela mudança;

modificar a estrutura administrativa, tornando-a mais ágil e flexível e reduzir

os erros e repetições do mesmo trabalho, diminuindo os custos de produção;

mudar o posicionamento dos funcionários, que passariam a encarar suas

tarefas com perspectivas mais globalizadas e a ver o contribuinte como um

cliente que tem necessidades e precisa vê-las satisfeitas;

mudar a perspectiva dos gerentes, que passariam a agir com seus

subordinados em regime de parceria, na busca por melhorias nos modos de

produção, em vez de obstruir o sistema de informações na busca de

legitimidade e poder.

Paladini (2009), ao analisar alguns elementos básicos da consolidação da qualidade

no governo norte-americano, salienta as especificidades deste setor no Brasil, como

a cultura da estabilidade do servidor público, monopólio da prestação da quase

totalidade de serviços em áreas específicas, baixos salários, falta de qualificação de

pessoal e cultura tradicional de descaso à coisa pública. Assim, ele propõe alguns

princípios para guiar o modelo de gestão pública da qualidade, que são:

1. o funcionário público é a mola propulsora para geração da qualidade;

2. a motivação deve ser o elemento básico para o envolvimento e

comprometimento do funcionário;

3. a propriedade que caracteriza a qualidade no serviço público é a

transitividade: o funcionário repassa para a sociedade os benefícios de sua

satisfação com o trabalho e com base em suas relações com o empregador,

neste caso o Estado;

4. O programa deve envolver objetivos de curto, médio e longo prazos.

Para Oliveira (2008), deve-se relacionar à qualidade dos serviços públicos o

conceito de efetividade, já que este produz a noção de que a missão primordial do

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governo é prestar serviços de qualidade, estando esta incorporada em seu modelo

gerencial.

Assim para o setor público, existem percepções diferentes acerca dos diferentes

tipos de clientes, pois estes geram expectativas e diferentes níveis de satisfação,

sua motivação deve ser encontrada no fornecimento de um serviço que se adéqua

aos usuários, com o objetivo de melhorar a eficiência e qualidade dos serviços

prestados pelo Estado e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida do

cidadão (Brasil, 1997).

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2.5.6 A Avaliação

A avaliação da administração pública brasileira, hoje, se encontra institucionalizada

basicamente na função do controle, com ênfase no cumprimento dos requisitos

legais, principalmente, os ligados aos recursos financeiros, que é limitado já que

transita no curto caminho entre o previsto e realizado, ela é válida e necessária, mas

não considera resultados em longo prazo, caminho que deveria percorrer. Além

disso, conforme atesta Camilo (2003), "há uma prática de avaliação, ainda rara na

administração pública brasileira: a avaliação do sistema de gestão”. Essa forma de

avaliar procura medir a capacidade do sistema de gestão de produzir e manter bons

resultados. Estes são entendidos como “efeito final proveniente de decisão

estratégica e dos processos operacionais”.

Para o Gespública, avaliar é comparar o sistema de gestão de um órgão ou entidade

pública com o Modelo de Excelência em gestão pública (Lima, 2007). Ou seja,

verificar a aderência de suas práticas gerenciais a este modelo. Estas práticas são

as unidades celulares da avaliação. A prática de gestão é uma atividade com o

objetivo de “condução das funções de uma organização”, como infere Camilo (2003).

Cada prática que responde plenamente a um ou mais requisitos, ou parte de um,

corresponde a um ponto forte do sistema de gestão. Qualquer variação pode

configurar oportunidade de melhoria.

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42

2.5.7 A Autoavaliação como instrumento de mudança

Pode ser configurada como um evento interno da organização, sistematizado e

compartilhado com todos os servidores. É uma reflexão da organização sobre si

mesma, num primeiro momento com participação externa objetivando capacitação

dos facilitadores. Nos primeiros ciclos, é comum num processo de autoavaliação

que os servidores no enquadramento das práticas de gestão cometam equívocos

pelo não conhecimento dos requisitos do instrumento de avaliação. Outra tendência

dos avaliadores da organização é supervalorizar práticas e resultados ou, ao

contrário, causando distorções. Em ciclos contínuos, isso é corrigido. A função da

avaliação não é transformar nem produzir qualidade, mas, sim, em caso de

comparação, sinalizar para a melhoria da gestão. Infere Lima (2007): “O diferencial

de qualidade da avaliação está no tipo de mudança que ela promove e na maneira

como essa mudança acontece”.

Melhorar um sistema de gestão é continuamente aprimorar um conjunto de práticas

de forma a produzir aprendizado e mudança de hábito. É um processo complexo,

lento e não se limita a recursos burocráticos relativos às normas e, sim, a recursos

mais simples de métodos e ferramentas, mudança de organograma, entre outros. A

avaliação também implica em refletir sobre como as práticas são realizadas.

A autoavaliação compreende a avaliação das práticas de gestão e resultados da

organização. O equilíbrio da qualidade das práticas é distribuído nos seis critérios de

avaliação – Liderança; Estratégias e Planos; Cidadão e Sociedade; Informação e

Comunicação; e Pessoas e Processos. Ele pressupõe sinal de qualidade do sistema

de gestão pela evidência ou não de serem os resultados consequência direta destas

práticas.(MPOG,2010)

O instrumento para avaliação da gestão pública está estruturado em ou critérios, 25

itens e 111 alíneas. Cada item é composto de alíneas que representam os requisitos

do item. Realiza-se a avaliação da gestão da organização com base em duas

dimensões: processos gerenciais, voltados para as práticas de gestão empregadas

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pela organização para atender aos requisitos dos critérios para avaliação da gestão

pública com relação à aplicação destas pelas principais áreas, processos, serviços e

produtos e pelas partes interessadas. Os itens de resultados voltam-se para a

apresentação das consequências objetivas da implementação das práticas de

gestão descritas nos itens de processos gerenciais.

O Gespública possui um sistema de pontuação com o objetivo de determinar o grau

de maturidade da gestão da organização nas dimensões de processos gerenciais e

resultados. Na primeira dimensão, são avaliados conforme MPOG (2010):

1. O enfoque refere-se ao grau em que as práticas da organização se apresentam:

Adequabilidade: expressa pelo grau de compatibilidade de uma determinada

prática de gestão com um ou mais requisitos de avaliação e com o perfil (sua

natureza jurídica, sua missão, seus processos finalísticos) do órgão ou

entidade, objeto da avaliação;

Proatividade: é a capacidade da prática de gestão de fornecer sinais ao

gerente de que algum fenômeno – positivo ou negativo – entrou no espaço

possível da organização;

2. O fator aplicação refere-se ao grau em que as práticas de gestão da

organização apresentam:

Disseminação: uma prática de gestão está disseminada quando as áreas ou

processos da organização compatíveis com uma determinada prática a

adotam.

Continuidade: seria a utilização periódica e ininterrupta das práticas de

gestão, considerando, pelo menos, um ciclo completo realizado.

3. O fator aprendizado refere-se ao grau em que as práticas de gestão da

organização apresentam:

Refinamento: não é uma característica intrínseca das práticas de gestão, mas

um atributo delas que evidencia estar esta prática submetida ao ciclo de

aprendizado preconizado pelo Gespública;

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4. O fator integração refere-se ao grau em que as práticas de gestão da organização

apresentam:

Coerência: Práticas de gestão alinhadas com as estratégias e os objetivos da

organização;

Inter-relacionamento: implementação de modo complementar com outras

práticas de gestão da organização, quando apropriado;

Cooperação: colaboração entre as áreas da organização e entre a

organização e as suas partes interessadas, quando pertinente, na

implementação das práticas de gestão.

Figura 1 – Diagrama de gestão de práticas

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Fonte: Programa de Qualidade do Serviço Público, Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão-2010

Já na dimensão de Resultados Organizacionais, são avaliados os fatores

“Relevância”, “Tendência” e “Nível atual”, conforme descrito:

O fator “Relevância” – refere-se à importância do resultado para determinação

do alcance dos objetivos estratégicos e principais objetivos operacionais da

organização.

O fator “Tendência” – refere-se ao comportamento dos resultados ao longo do

tempo.

O fator “Nível atual” – refere-se ao grau em que os resultados organizacionais

apresentam atendimento aos requisitos das partes interessadas e

comparação com o desempenho de outras organizações consideradas como

referenciais pertinentes.

O aprendizado é uma característica fundamental do modelo de Excelência em

Gestão Pública, sendo traduzido em requisito transversal a todos os critérios e

práticas. Controlar no sentido de corrigir erros e melhorar no sentido de inovar e

refinar são componentes fundamentais para fazer dos órgãos ou entidades

organizações de aprendizagem. Ao avaliar suas praticas de maneira sistêmica, as

organizações têm uma maior capacidade de produzir e de sustentar resultados cada

vez melhores para a organização, e esta tem a capacidade de aprender.

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46

3 Metodologia

Este capítulo tem por objetivo apresentar o tipo de pesquisa, os instrumentos

utilizados para a coleta de dados, definindo também os sujeitos pesquisados. As

limitações do método também serão apresentadas nesta seção.

Ao apresentar a metodologia que compõe a pesquisa, busca-se apresentar o

caminho do pensamento e a prática exercida para a realidade que se encontra

diretamente constituída pela visão social de mundo veiculada pela teoria da qual o

pesquisador se vale. O processo de apreensão e compreensão da realidade inclui

concepções teóricas e o conjunto de técnicas definido pelo pesquisador para

alcançar a resposta ao objeto do estudo proposto. É a metodologia que explicita as

opções teóricas fundamentais e expõe as implicações do caminho escolhido para

compreender determinada realidade e o homem em relação a ela (Minayo, 2001:22).

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3.1 Tipo de pesquisa

A pesquisa de campo desenvolvida foi um estudo de caso na Fundação Oswaldo

Cruz, analisando informações internas dos anos de 2003 até 2011. Gil salienta:

O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir conhecimentos amplos e detalhados dos mesmos, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamento considerados. (1999:37)

Quanto aos fins, a pesquisa foi Descritivo-Explicativa, já que teve o propósito de

“identificar os fatores que determinam ou contribuem para ocorrências de

fenômenos” (Gil, 2010:28). Aqui, se procuraram os conceitos fundamentais de uma

administração pública gerencial e o conteúdo do Programa Gespública para

estabelecer as variáveis que influenciaram a implantação deste na Fiocruz e seus

reflexos e impactos na melhoria da gestão, analisando sua compatibilidade. A inter-

relação destas variáveis visa construir a compreensão ampla da forma como a

organização propõe melhorias em sua gestão a partir de uma análise de seus

resultados, considerando sua natureza.

Quanto aos meios, a pesquisa foi bibliográfica, realizada por intermédio de livros,

revistas, teses, dissertações, atas, bem como material disponibilizado pela internet.

A pesquisa deu-se também em bibliotecas e bases de dados da Fundação Oswaldo

Cruz, da Universidade do Grande Rio e Fundação Getúlio Vargas.

A Pesquisa documental também realizada valeu-se de toda a sorte de documentos,

elaborados com finalidades diversas. Foram consultados documentos internos, de

uso restrito ou não, relatórios redigidos pela Fiocruz, atas, relatórios, Leis,

regulamentações, portarias, normas do Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão e pelo próprio governo, no que tange as diretrizes a serem propostas para a

instituição, com o objetivo de compreender a implantação deste modelo.

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48

3.2 Universo e Amostra

Como o objetivo é identificar e analisar os produtos e resultados da aplicação do

Modelo de Excelência na Gestão Pública (MEGP) na Fundação Oswaldo Cruz

(FIOCRUZ), conforme o Programa Nacional de Gestão Pública (GESPÚBLICA) do

MPOG, vis a vis às diretrizes organizacionais, o universo é composto pelos

profissionais que compõem o Grupo Executivo Gespública desta instituição e

dirigentes.

O estudo tem por objetivo analisar uma específica instituição, no que se refere à

melhoria de sua gestão sob a perspectiva de um modelo de excelência, neste caso,

do programa Gespública. A amostra selecionada foi definida pelo critério da

acessibilidade. O universo desta seleção parte de uma portaria instaurada no ano de

2007, pela Fundação Oswaldo Cruz, na qual são definidos os atores que fazem

parte do comitê sub-setorial do Gespública, assim, os entrevistados serão:

02 Dirigentes da instituição no período de 2009 a 2012, que realizaram, nesse

período os primeiros autodiagnósticos institucionais voltados para plano de

melhoria da gestão, pautados nas diretrizes do Modelo de Excelência em

Gestão propostos pelo Ministério do Planejamento. Nesse período, também

se deu a adesão corporativa e foi criado o comitê gestor para o Gespública;

Coordenadora atual do Comitê gestor para a qualidade;

Os sete membros do comitê gestor para a qualidade, com cargos de gerência

em diferentes setores estratégicos.

A seleção para a realização das entrevistas obedeceu ao critério da

representatividade e acessibilidade, já que serão selecionados os sujeitos que

possuam características que respondam aos elementos que compõem questões

relacionadas à pesquisa e também que possuem ou possuíram participação ativa no

processo.

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3.3 Coleta de dados

Os dados foram coletados em campo, na organização pesquisada, por meio de

entrevistas. Esse procedimento foi escolhido, pois, enquanto técnica de coleta de

dados, é adequado

[...] para a obtenção de informação sobre o que a pessoa sabe, crê ou espera, sente ou deseja, pretende fazer, faz ou fez, bem como a respeito de suas explicações ou razões para qualquer das coisas pertencentes. (SELLTIZ et. al, 1967, p.273)

A entrevista, segundo Gil (1987, p.117), “apresenta certo grau de estruturação, já

que se guia por uma relação de pontos de interesse que o entrevistador vai

explorando ao longo de seu curso”. Nesta pesquisa, o roteiro utilizado foi o

semiestruturado, buscando contar com um instrumento de coleta de dados mais

flexível, como corrobora Mattos (2005, p.823), “que permitisse aos entrevistados

decidirem a forma de construir a resposta, mas sem deixar de focalizar o assunto de

interesse deste trabalho”. Com este tipo de entrevista, procurou-se dar mais

liberdade ao entrevistador, para que buscasse elementos nem sempre expressos

claramente, mais que são importantes. As entrevistas foram gravadas e

posteriormente transcritas. Os principais pontos de interesse das entrevistas,

norteadas pelos princípios e fundamentos do MEPG e embasadas pelos dados

teóricos e que compõe o roteiro, são:

1) O que levou a adesão ao Gespública?

2) Quais foram as resistências, barreiras e dificuldades na implantação do

programa?

3) Quais os impactos de implantação do Gespública na organização?

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4) Os requisitos do Modelo de Excelência em Gestão e os instrumentos de

gestão preconizados pelo Gespública são adequados e compatíveis com

os modelos de gestão da Fiocruz?

5) Como a Fiocruz estimula e cria um comprometimento de todos com a

cultura de excelência na instituição? Destaque as principais ações.

6) Dentro das 04 categorias de indicadores de avaliação da gestão Pública

(eficiência, eficácia, excelência e economicidade), destaque quais

possuíram avanços e quais são estes? Há uma estratégia traçada para

ampliar ou manter estes padrões?

7) Como são identificadas e avaliadas as principais práticas de gestão,

seguindo as dimensões de excelência, e como é formulado o

planejamento da melhoria da gestão?

A coleta de dados também incluiu a análise de documentos, tais como os relatórios

de autoavaliação de gestão dos períodos de 2003, 2008-2009, 2010-2011, que

foram disponibilizados pela instituição pesquisada.

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3.4 Tratamento dos dados

Nesta etapa, o tratamento dos dados foi realizado com o objetivo de compreender as

informações e estabelecer os conceitos e as fundamentações teóricas da pesquisa,

buscando as relações e características mais importantes no que diz respeito às

questões da pesquisa. Inicialmente, os dados coletados nas pesquisas documental,

bibliográfica e de campo tiveram como objetivo identificar os aspectos de relevância

para o estudo. O passo seguinte foi a realização de uma análise criteriosa, com o

objetivo de identificar e descrever a características da organização pesquisada, bem

como traçar um percurso e eliminar possíveis falhas e erros na coleta de dados.

Para o tratamento dos dados, a técnica da análise de conteúdo foi utilizada e, de

acordo com Bardin (1977, p.42), resume-se ao seguinte objetivo:

É um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Os indicadores que foram avaliados,foram classificadas em 05 categorias de acordo

com a interpretação da fala dos entrevistados, são elas: Implantação e Adequação

do Gespública, Impactos e resistências a esta implantação, comprometimento e

fundamentos de relevância, resultados e melhorias. Esta análise percorreu vários

caminhos, como documentos e relatórios oficiais, além das entrevistas realizadas. O

material foi explorado e codificado de forma a agregar um conjunto de

características pertinentes ao conteúdo. As informações obtidas nas entrevistas

froam descritas separadamente e posteriormente analisadas de forma comparativa,

buscando semelhanças e diferenças entre os entrevistados. Assim, o pesquisador

que trabalha seus dados a partir da perspectiva da análise de conteúdo está sempre

procurando texto atrás de outro texto, texto este não aparente já na primeira leitura e

que precisa de uma metodologia para ser desvendado.

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3.5 Limitações do Método

Os estudos de cunho qualitativo trazem restrições quanto à generalização das

conclusões deste estudo e, desta forma, esta é uma das limitações apresentadas

para o método. Porém, esta limitação não invalida o estudo, pois este fornece

outros subsídios que não provêm da generalização.

Outra limitação deste estudo foi a não ampliação deste para todas as unidades da

instituição pesquisada, já que o programa está em fase de implantação e, na fase de

coleta de dados, nem todos os entrevistados conheciam os critérios de avaliação e o

próprio programa com profundidade. Apesar disso, a comparação de dados com

outra instituição dentro da mesma área de atuação seria de suma importância.

Com relação ao tratamento dos dados, as limitações consistem da subjetividade

envolvida e que faz parte do pesquisador, ou seja, existe a possibilidade e a

tendência do pesquisador de modelar os dados, levando em conta sua experiência e

as opções teóricas seguidas.

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3.6 Análise dos dados

Este Capítulo tem por objetivo apresentar o Programa Nacional de Gestão Pública –

GESPÚBLICA e a organização pesquisada, abordar o roteiro utilizado nas

entrevistas e apresentar o resultado e a análise das entrevistas.

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3.6.1 Gespública - Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização

3.6.2 Desburocratização

No Brasil, o relacionamento do Estado com os cidadãos em geral e o excesso de

burocracia reduz a confiança nos serviços prestados pela administração à população

e impõe dificuldades às suas vidas quotidianas, ao exercício dos seus direitos e ao

cumprimento das suas obrigações. Com isso, uma mudança comportamental e

cultural da administração pública é urgente tendo em vista a busca de um

relacionamento equilibrado entre os cidadãos e o Estado. Administrativamente, o

Estado deve estar, de fato, a serviço dos cidadãos, com a prestação de serviços de

qualidade e a eliminação de excessos burocráticos que comprometem a agilidade

dos serviços prestados à sociedade.

A desburocratização é constituída por ações de simplificação e de

desregulamentação, em que as ações da primeira têm por objetivo excluir os

entraves burocráticos de processos, procedimentos, rotinas ou atividades, que

geram fluxos desconexos na tramitação de documentos e que não agregam valor ao

serviço prestado pela Administração Pública. Já a desregulamentação está voltada

para uma diminuição da burocracia colocada pela legislação e que possui

interferência nas relações entre o Estado e os cidadãos.

Conforme Corrêa (1980):

O estudo da desburocratização tem um sentido mais amplo e variado, envolvendo: a preocupação com a imagem recíproca de clientes e burocratas; mecanismos de defesa de que se cercam os funcionários quando pressionados para ir além do que lhes impõe a regra burocrática; o comportamento burocrático afetado por atitudes preconceituosas, relativamente a clientes supostamente infringentes de norma; e a insatisfação crônica dos clientes de serviços públicos.

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Uma das principais dificuldades enfrentadas no processo de desburocratização está

centrada nos atores políticos, já que estes não estão sensibilizados para a inclusão

– com prioridade – de uma agenda da desburocratização e da desregulamentação

com o governo, de forma a aportar recursos suficientes, tanto políticos quanto

orçamentários, para a sustentabilidade das ações neste campo.

Dentro deste contexto, e numa tentativa de diminuir o excesso de burocracia e

buscando uma melhor fluidez na gestão, o Ministério do Planejamento Orçamento e

Gestão instituiu o Programa Gespública.

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3.6.3 Objetivos e características

Com acrescente necessidade de promover a simplificação dos processos

administrativos em curso somando-se à necessidade do país de aumentar sua

competitividade, em 2005, surgiu o Programa Nacional de Gestão Pública e

Desburocratização (Gespública), quinze anos após o início da reforma do Estado,

como resultado de um avanço já elaborado em forma de lei, formatando um novo

modelo de gestão para a administração pública brasileira.

O Gespública, instituído pelo Decreto Nº 5.378 de 23 de fevereiro de 2005, é a fusão

do Programa de Qualidade do Serviço Público com o Programa Nacional de

Desburocratização, visando “contribuir para a qualidade dos serviços públicos

prestados ao cidadão e para o aumento da competitividade do país” (MPOG-

SEGES, 2005). O Artigo 2º desse Decreto já dá sinais de inovação, colocando a

máquina pública direcionada para um movimento sinérgico voltado para resultados

que são de interesses do cidadão. Diz o artigo:

O GESPÚBLICA deverá contemplar a formulação e implementação de medidas integradas em agenda de transformações da gestão, necessárias à promoção dos resultados preconizados no plano plurianual, à consolidação da administração pública profissional voltada ao interesse do cidadão e à aplicação de instrumentos e abordagens gerenciais, que objetivem:

I - eliminar o déficit institucional, visando ao integral atendimento das competências constitucionais do Poder Executivo Federal;

II - promover a governança, aumentando a capacidade de formulação, implementação e avaliação das políticas públicas;

III - promover a eficiência, por meio de melhor aproveitamento dos recursos, relativamente aos resultados da ação pública;

IV - assegurar a eficácia e efetividade da ação governamental, promovendo a adequação entre meios, ações, impactos e resultados; e

V - promover a gestão democrática, participativa, transparente e ética.

Este programa, principal instrumento de mudança na gestão – que ao longo dos

anos tem passado de burocrática a gerencial – tem se aprimorado e evoluído,

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buscando formular e implementar medidas integradas para as transformações da

gestão, necessárias para o alcance dos resultados propostos no plano plurianual,

com a consolidação da Administração Pública profissional voltada ao interesse do

cidadão e à aplicação de melhores práticas de gestão. Sua evolução deu-se

partindo, de um processo altamente burocrático e voltado para processos e para a

avaliação voltada para resultados com a fusão dos Programas de Qualidade do

Serviço Público e Nacional de Desburocratização e Gestão conforme demonstra a

figura 2 ( Brasil, 2006):

Figura 2 – Evolução do GESPÚBLICA

Fonte: BRASIL (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão 2006 b)

Entre os programas de qualidade total e a excelência em gestão, quinze anos se

passaram para se construir uma estratégia de mudança da gestão pública brasileira

superior às reformas administrativas em que dois traços são os diferenciais nesta

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trajetória, o objeto, em que os valores e atitudes são objeto da ação transformadora,

e o espaço de realização da ação, em que o cidadão é considerado usuário dos

serviços, contribuinte e destinatário de uma ação decorrente do poder do Estado.

Em 1990, o Governo criou o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade –

PBQP com a finalidade de sensibilizar e mobilizar o setor produtivo nacional para o

desafio de um mundo em mudança com maior competitividade. O foco da qualidade

na administração pública neste período foi na mobilização dos servidores públicos e

na análise das melhorias de processos, com o uso das ferramentas de qualidade.

Segundo Lima (2007), “este foi um programa que atuou para si mesmo, não

instrumentalizou nada”. Este foi extinto em fins de 2001.

De 1995 a 1998, a gestão de qualidade no serviço público passa por momentos de

implantação de novas diretrizes para uma reforma da administração pública

estabelecida no Plano Diretor da Reforma do Aparelho de Estado (1995), com o

objetivo de “aumentar a governança do Estado, ou seja, sua capacidade

administrativa de governar com efetividade e eficiência, voltando à ação dos

serviços do Estado para o atendimento dos cidadãos (Plano Diretor, 1995)”.

Assim, a reforma do aparelho de Estado seria realizada em três dimensões:

institucional-legal, cultural e gerencial. A primeira não difere muito das reformas

administrativas anteriores, nada acrescentando em termos de transformação, pois

esta ratificou a burocracia e o legalismo. A cultural e gerencial tinham por objetivo

transformar atitudes e estabelecer novos referenciais da boa gestão pública, como o

resultado e a satisfação do cidadão. “Um dos programas estabelecidos para a

reforma foi o Programa da Qualidade e Participação na Administração Pública,

voltado para o servidor público de nível operacional com o objetivo de fazê-lo

atender bem as pessoas que buscavam as organizações públicas ( Bresser, 2001)”.

De 1999 a 2004, em meio a transformações nos processos de mudança, o

Programa de Qualidade no Serviço Público se apresenta como um poderoso

instrumento de cidadania, voltado para uma administração pública participativa,

transparente, orientada para resultados e preparada para responder às demandas

sociais. (Brasil, 1997).

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Em 2005, surge o Gespública, que foi desenvolvido para que os órgãos públicos

busquem novas formas de gestão, aprimorando a qualidade; eliminando o déficit

institucional; promovendo a governança, para o aumento da capacidade de

formulação e avaliação das políticas públicas, da eficiência, com o objetivo de

melhor aproveitar os recursos de acordo com os resultados apresentados, da

eficácia e efetividade da ação governamental, promovendo adequação entre meios,

ações, impactos e resultados; e promover a gestão democrática, participativa,

transparente e ética.

O programa também possui características em consonância com os parâmetros da

New Public Management( Lima 2007):

É um plano essencialmente público, orientado ao cidadão, respeitando os

princípios constitucionais da impessoalidade, legalidade, moralidade,

publicidade e eficiência;

É contemporâneo, alinhado ao estado da arte da gestão;

Está voltado para a disposição de resultados para a sociedade, com impactos

na melhoria da qualidade de vida e na geração do bem comum;

É federativo, pois é aplicado a toda a administração pública, em todos os

poderes e esferas.

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3.6.4 Estrutura do Programa

Para sua implementação, foram mobilizadas ações para adesão de governos e

órgãos, para a criação de valores positivos voltados para o setor público. Sua

estrutura, representada na Figura 3, é vinculada ao Ministério do Planejamento,

Orçamento e Gestão, com abrangência e participação de órgãos setoriais estaduais

e municipais que formam a Rede Nacional de Gestão Pública ( 2006):

Figura 3 – Estrutura de Funcionamento do GESPÚBLICA

Fonte: BRASIL (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão 2006 b)

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Desta maneira, o GESPÚBLICA tem como missão primordial promover a excelência

da gestão pública mediante uma avaliação contínua das práticas de gestão e dos

resultados das organizações, sempre em busca de melhorias constantes de seus

níveis de gestão, por meio de um pacto para a excelência da gestão pública,

envolvendo planejamento, gerenciamento e orçamento.

O Modelo de Excelência em Gestão Pública (MEGP, 2006), conforme figura 4,

propõe diretrizes expressas em critérios, tais como:

excelência gerencial – liderança, estratégias e planos, cidadãos,

sociedade, informação e conhecimento, pessoas, processos e resultados;

técnicas e tecnologias para sua aplicação (carta de serviços ao cidadão, o

instrumento padrão de pesquisa de satisfação, o guia de gestão de

processos, o guia de simplificação administrativa e o instrumento de

avaliação de gestão);

práticas de gestão implantadas com sucesso;

ações contínuas de inovação do modelo, de sua comunicação e da

garantia de sustentabilidade.

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Figura 4 – Modelo de Excelência em Gestão Pública

Fonte: BRASIL (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão 2006 c)

Assim, o programa reflete os preceitos acima, já que é um sistema gerencial

constituído de sete elementos integrados, com enfoque sistêmico, e objetiva adotar

as práticas de excelência em gestão. Este esquema está separado em quatro

blocos, sendo: O primeiro bloco (liderança, estratégias e planos, cidadão e

sociedade) voltado para a organização onde há o processamento das atividades

para atender um conjunto de necessidades com os recursos disponíveis, levando

sempre aos anseios do cidadão, alcançando as metas estabelecidas.

O segundo bloco é formado por pessoas e processos e busca concretizar a ação

após a execução do planejamento; o terceiro bloco é formado por resultados

voltados para a monitoração, em que a organização compara os resultados

alcançados com os pretendidos. Neste processo, a organização, precisa encontrar

formas de conhecer e perceber a população de forma que esta avalie sua atuação.

Por fim, o quarto bloco diz o quanto a organização lida com a informação recebida e

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a utiliza para alterar os processos estabelecidos visando o aumento de grau de

satisfação dos usuários. Cada critério possui requisitos, são eles:

Liderança: Aborda a estrutura e o sistema de liderança e governança da

organização e como esta dissemina a cultura e valores e como é feita sua avaliação

de desempenho organizacional;

Estratégias e Planos: aborda a organização com sua visão de futuro, capta

informação dos ambientes internos e externos, formulando estratégias e objetivos e

os desdobram em planos de ação de curto e longo prazo.

Cidadãos: Aqui são examinados como a organização, no cumprimento das suas

competências institucionais, identifica os usuários, as necessidades e expectativas e

como mede a satisfação e atua para aproximar o relacionamento com os cidadãos.

Sociedade: aborda as responsabilidades, perante a sociedade e comunidades

afetadas e como a organização lida com as políticas públicas afins, além de verificar

como a sociedade exerce controle social sobre as atividades organizacionais.

Informações e conhecimento: voltadas para a avaliação de como a organização

gerencia informação, inclusive comparando-as e como é realizada a gestão do

conhecimento.

Pessoas: voltado para o sistema de trabalho da organização e sua estrutura, bem

como se a organização promove a qualidade de vida dentro e fora do trabalho.

Processos: aborda como a organização se estrutura, gerencia e melhora os seus

processos.

Resultados: avalia as práticas de gestão, observando seus desdobramentos e

comparações pertinentes a outras organizações.

O modo de participação dá-se de modo voluntário, por parte dos representantes de

instituições públicas, desenvolvendo conceitos e soluções para gestão com núcleos

setoriais e regionais em toda a federação, realizando avaliações do nível de gestão

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das organizações por meio de autoavaliações em ciclos anuais do Prêmio Nacional

de Gestão Pública.

Para este programa, melhorar a administração pública significa atuar nas questões

estruturais e de governança, bem como na dimensão da gestão das organizações

públicas. Os fundamentos de gerência pública de excelência são os valores

fundamentais que a caracterizam como sendo de excelência. Ao contrario da

administração burocrática, não são leis, normas ou técnicas, e sim valores culturais

que precisam ser internalizados até se tornarem definidores da gestão de uma

organização ( Lima, 2007).

A implantação do Gespública é um processo de mudança organizacional, pois

depende de uma intervenção na cultura organizacional já existente; tais mudanças

são de grande complexidade e, na maioria das vezes, compostas por resistências

por parte dos servidores ( MPOG, 2006).

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3.6.4 Dimensões Estratégicas

O programa possui dimensões estratégicas, conforme mostra a figura 5, em que sua

missão, visão, estratégia, implementação e foco no programa são desdobrados em

processos de pesquisa e de desenvolvimento, como o de políticas e diretrizes da

gestão; de avaliação da gestão; de administração do atendimento e

desburocratização, segundo MPOG (2006 c):

figura 3:Dimensões do Gespública

Fonte BRASIL (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão 2006 c)

Figura 5 – Dimensões do GESPÚBLICA

Fonte: BRASIL (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão 2006 c)

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As dimensões estratégicas acima, constituídas por elementos integrados, são

orientadas para a adoção de práticas de excelência em gestão, com a finalidade de

levar as organizações públicas brasileiras a adotarem um sistema de administração

que busque a eficiência, a eficácia e a efetividade de suas estratégias e ações

implementadas. Princípios constitucionais e gerenciais contemporâneos são os

fundamentos que ratificam a natureza pública das organizações, diferenciado-as das

organizações de natureza privada, formando o Modelo de Excelência em Gestão

Pública.

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3.6.5 Fundamentos de Excelência em Gestão Pública

Com o objetivo de modernizar a máquina estatal, que tem como foco o melhor

atendimento à sociedade, o governo federal lançou o Modelo de Excelência em

Gestão Pública – MEGP, do Programa Nacional de Gestão Pública e

Desburocratização – Gespública. A necessidade de desenvolvimento de um modelo

de gestão aplicado às organizações públicas, partindo da premissa de que é preciso

ser excelente sem deixar de ser público, e possui fundamentos de gestão

alicerçados aos princípios constitucionais que, em conjunto, devem ser

internalizados na cultura organizacional. A elaboração deste modelo de gestão vem

ao encontro das necessidades tanto do cidadão, quanto do governo, que deve suprir

as demandas da sociedade e poder ajudar as organizações estatais a gerirem

recursos, estabelecer indicadores de desempenho, identificar boas práticas de

gestão, identificar e empreender melhorias na gestão e prestar contas a sociedade.

São quinze os fundamentos, conforme demonstra a figura 6, norteados pelos cinco

princípios constitucionais voltados para administração pública (artigo 37 e emenda

19 da Constituição Federal) segundo Lima (2007):

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Figura 6 – Fundamentos da Excelência em Gestão Pública

Fonte: Programa de Qualidade do Serviço Público, Ministério do Planejamento,

Orçamento e Gestão (2008).

1) Legalidade, que é a estrita aplicação da lei. Atualmente, diante das

demandas sociais, este princípio não é dissociado da realidade social;

2) Impessoalidade, em que os atos realizados pela Administração Pública, ou

por ela delegados, serão sempre imputados ao ente ou órgão em nome do qual se

realiza, com sua destinação voltada para a coletividade, sem privilégio. A cortesia, a

rapidez no atendimento, a confiabilidade em conjunto são requisitos de um serviço

público de qualidade comum a todos os usuários sem distinção;

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3) Moralidade, em que não cabe apenas ao administrador público cumprir os

estritos termos da lei, mas estes devem estar adequados aos padrões éticos de

conduta que balizam seus atos;

4) Publicidade, relacionada à transparência administrativa com o objetivo de

permitir o conhecimento e controle pelos órgãos competentes e pela sociedade;

5) Eficiência, que orienta a atividade administrativa no sentido de conseguir

os melhores resultados com qualidade, mesmo com os meios escassos de que

dispõe, e a menor custo.

Além dos princípios constitucionais que norteiam esses valores, acrescentam-se

atributos gerenciais que devem ser arraigados junto à cultura organizacional. São

eles:

Pensamento sistêmico: Busca o entendimento de interdependência entre

os diversos componentes de uma organização junto ao ambiente interno e

externo, com foco na sociedade. Na prática, tem por objetivo o

entendimento entre todos os elementos que compõem a organização,

sendo esta um organismo vivo, integrante de ecossistemas complexos que

devem interagir com o meio e se adaptar, com um sistema de gestão

dinâmico, alinhando seus componentes sistêmicos a objetivos, planos,

processos e ações.

Aprendizado organizacional: Tem por objetivo a busca contínua e o

alcance de novos patamares de conhecimento, individuais e coletivos, por

meio da percepção, reflexão, avaliação e compartilhamento de

informações e experiências. Assim, as organizações aperfeiçoam seu

funcionamento a partir do momento em que podem aprender. Estudiosos

afirmam que a capacidade e rapidez da organização para aprender podem

garantir seu futuro, pois empresas aprendem tanto formalmente quanto na

prática. Nicollini (2007) infere “A aprendizagem e o conhecimento

desempenham um papel central na dinâmica, na política e na vida

organizacional”.

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A aprendizagem organizacional descreve certos tipos de atividades que acontecem

na organização. Neste tipo de organização, a aprendizagem se dá de forma eficaz e

deve ser internalizada na cultura organizacional, tornando-se parte da rotina do

trabalho, relacionando-se à constante busca de novos conhecimentos individuais e

coletivos por meio da reflexão, avaliação e compartilhamento de informações e

experiências;

Excelência dirigida ao cidadão: Direcionamento das ações públicas para

atender aos indivíduos e à sociedade como prioridade, sendo estes, na

condição de receptores dos serviços públicos, os agentes e destinatários das

ações do Estado. Na prática, admite-se que as organizações públicas tenham

obrigação de atender, com qualidade e presteza, às necessidades dos

cidadãos usuários e da sociedade de forma regular e contínua, devendo, para

tal, alinhar as suas ações e resultados às necessidades e expectativas e ter a

capacidade de antecipação às necessidades futuras, estabelecendo um

compromisso com a sociedade, para cumprir sua missão institucional

considerando o interesse público.

Controle social: Criação dos canais voltados para a participação

pública dos cidadãos, de forma que avaliem os serviços, bem como

participem das partes interessadas no planejamento, acompanhamento e

avaliação das atividades da administração pública na execução de políticas e

programas públicos. A administração deve garantir a visibilidade de seus atos

e ações e implementar mecanismos de participação social.

Gestão baseada em processos e informações: Planejamento,

desenvolvimento e execução das suas atividades, incluindo avaliação, análise

e melhoria dos processos, na procura de um melhor desempenho para a

organização. Deve-se ter uma postura proativa relacionada à antecipação e

respostas rápidas às mudanças de ambiente, com o objetivo de evitar

problemas e/ou aproveitar oportunidades. Esta orientação por processos

permite planejar e executar melhor as atividades pela definição adequada de

responsabilidades, uso dos recursos de modo mais eficiente, realização de

prevenção e solução de problemas, para aumento da produtividade.

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Os atos, fatos e dados gerados nestes processos transformam-se em

informações que subsidiam a tomada de decisão e alimentam a produção de

conhecimentos. As informações dão a organização alta capacidade para agir

e poder para inovar.

Gestão participativa: Relacionada à cooperação entre as pessoas em

busca da sinergia do trabalho.

Foco em resultado: Avaliação e mensuração dos resultados por meio de

indicadores reais, na busca por resultados consistentes, buscando enfatizar o

acompanhamento dos resultados em relação às suas finalidades e metas, a

comparação destes com referenciais pertinentes e o monitoramento de

satisfação das partes interessadas.

Valorização das pessoas: Autonomia às pessoas para atingir metas,

criação de oportunidades de aprendizado, desenvolvimento de

potencialidades e reconhecimento pelo bom desempenho estabelecendo

relações com as pessoas e criando condições de melhoria da qualidade no

trabalho, para que elas se realizem na esfera profissional e humana, por meio

do comprometimento, de oportunidade de aprendizado e desenvolvimento de

competências, criando práticas flexíveis e produtivas, com o objetivo de

manter um clima organizacional participativo.

Cultura da inovação: Objetiva a promoção de um ambiente favorável à

criatividade, à experimentação e à implementação de novas ideias, passando

a gerar um diferencial para atuação da organização. Na prática, busca a

melhoria dos processos, serviços e produtos da organização, criando novos

valores, levando a organização a novas dimensões de desempenho,

incorporando, a seus processos, produtos, serviços e relacionamentos e

rompendo as barreiras do serviço público antiquado e burocrático, visando

otimizar recursos e produzir resultados para a sociedade.

Agilidade: Antecipação às mudanças do ambiente;

Visão de futuro: Indica o futuro da organização, em que a

constância de propósitos a mantém no rumo desejado. Estabelece um estado

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de futuro desejado, coerente com a política e com as diretrizes da

organização, antecipando as necessidades que possam surgir, indicando o

rumo que a organização vai tomar e a sua capacidade de manter a coerência

no processo decisório, preparando a organização às necessidades e

demandas da sociedade.

Na prática, planejar, pensar e aprender estrategicamente, obtendo resultados de alto

desempenho e sustentáveis, fazem parte desta visão já que se dá por meio da

formulação de estratégias sistematicamente monitoradas para se readequar e

redirecionar quando necessário de forma alinhada aos valores centrais da

organização.

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3.6.7 Contexto da Organização

Desde a sua criação a FIOCRUZ viveu um processo reiterado de transição. Hoje,

destacada instituição de ciência e tecnologia em saúde, atende também como

instituição não universitária, voltada para a formação e qualificação de recursos

humanos para o Sistema Único de Saúde e para a área de saúde pública de modo

geral no Brasil. Sua finalidade, segundo o Decreto nº 4.725, de 09 de junho de 2003,

é:

(...) tem por finalidade desenvolver atividades no campo da saúde, da educação e do desenvolvimento científico e tecnológico, devendo, em especial:

I - participar da formulação e da execução da Política Nacional de Saúde, da Política Nacional de Ciência e Tecnologia e da Política Nacional de Educação, as duas últimas na área da saúde;

II - promover e realizar pesquisas básicas e aplicadas para as finalidades a que se refere o caput, assim como propor critérios e mecanismos para o desenvolvimento das atividades de pesquisa e tecnologia para a saúde;

III - formar e capacitar recursos humanos para a saúde e ciência e tecnologia;

IV - desenvolver tecnologias de produção, produtos e processos e outras tecnologias de interesse para a saúde;

V - desenvolver atividades de referência para a vigilância e o controle da qualidade em saúde;

VI - fabricar produtos biológicos, profiláticos, medicamentos, fármacos e outros produtos de interesse para a saúde;

VIl - desenvolver atividades assistenciais de referência, em apoio ao Sistema Único de Saúde, ao desenvolvimento científico e tecnológico e aos projetos de pesquisa;

VIII - desenvolver atividades de produção, captação e armazenamento, análise e difusão da informação para a Saúde, Ciência e Tecnologia;

IX - desenvolver atividades de prestação de serviços e cooperação técnica no campo da saúde, ciência e tecnologia;

X - preservar, valorizar e divulgar o patrimônio histórico, cultural e científico da FIOCRUZ e contribuir para a preservação da memória da saúde e das ciências biomédicas; e

XI - promover atividades de pesquisa, ensino, desenvolvimento tecnológico e cooperação técnica voltada para preservação do meio ambiente e da biodiversidade.

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Já o seu principal órgão de deliberação, o Congresso Interno, definiu sua missão

como:

Produzir, disseminar e compartilhar conhecimentos e tecnologias voltados para o fortalecimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e que contribuam para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira, para a redução das desigualdades sociais e para a dinâmica nacional de inovação, tendo a defesa do direito à saúde e da cidadania ampla como valores centrais. (Missão da Fiocruz –, Relatório Final IV Congresso Interno, 2010)

No momento de sua criação, sua estrutura para atender a uma necessidade

específica de crise de saúde pública – a ameaça da Peste Bubônica – e “à finalidade

limitada de inovar e solucionar um problema específico: substituir a importação do

soro e da vacina contra a doença” (Benchimol, 1990).

O modelo de gestão participativa assumido pela Fiocruz é uma reconhecida

ferramenta de assimilação e de surgimentos de novas lideranças, identificadas

principalmente em seu processo eleitoral e nos fóruns colegiados, onde os

profissionais que possuem o reconhecimento de seus pares, por sua liderança,

saber, ética e compromisso institucional, são legitimados a exercerem funções

gerenciais (Prêmio Nacional de Gestão Pública, Anexo I, Formulário para Inscrição

da Candidatura - Ciclo 2008-2009).

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Figura 7 – Organograma da Fundação Oswaldo Cruz

Fonte: (WWW.fiocruz.br).

Hoje, a Fiocruz possui dezesseis unidades técnicas científicas (incluindo Fiocruz

África) e quatro unidades técnico-administrativas. Estas unidades executam

processos, utilizando equipamentos e tecnologias em saúde laboratoriais,

educacionais, de informática e de produção de insumos para a saúde de todas as

formas. Nos últimos três anos, dentro de seu processo de expansão e consolidação

nacional, nova unidade foi incorporada, o Instituto Carlos Chagas, no Paraná. Além

disso, quatro escritórios técnicos foram instalados, no Ceará, Mato Grosso do Sul,

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Piauí e Rondônia, que estão em fase de planejamento para a formação de futuras

unidades. Além disso, possui instalações fora do seu campus inicial, mas que não

são formalmente unidades: Centro de Referência Professor Hélio Fraga, Campus

Mata Atlântica, Instituto Nacional de Endemias Rurais e Palácio de Itaborahy em

Petrópolis.

O modelo segundo o qual vem sendo construído, nos últimos anos, se baseia em

instâncias deliberativas e consultivas estruturadas em formato de colegiado de

gestão participativa, com descentralização administrativa na maioria das Unidades

Técnicas, instâncias deliberativas como o Congresso Interno; o Conselho

deliberativo, com a atribuição de formular e conduzir as políticas de desenvolvimento

institucional; as Câmaras Técnicas, instrumento de interligação, com o papel de

integração institucional e de assessoramento entre a administração central e o

conselho deliberativo, e o Coletivo de Dirigentes, espaço de reflexão e discussão

das decisões políticas da FIOCRUZ. Segundo Fonseca:

[...] Ocorreram, de fato, resistências internas, produto da influência dos fatores situacionais associados à abertura democrática na gestão pública brasileira: desativação do planejamento centralizado; planejamento estratégico intramuros; descentralização administrativa; contrato de gestão; Reforma do Estado; avaliação por resultados; ênfase na eficiência; socialização da informação; objetivo orientado por missões; e prestação de contas. “Pôr em prática, hoje se sabe, é a razão de ser do desenvolvimento tecnológico e econômico: a junção da pesquisa, do ensino e da aplicação em termos de produção. Tínhamos nas mãos elementos para fazer isso na fundação [...] (2001:22).

Suas ações são direcionadas para o atendimento de instituições e sistemas públicos

voltados para a ciência e tecnologia em saúde, do mesmo modo que seus serviços

são voltados para a população com atuação na área de comunicação em saúde e

atividades assistenciais. Seus principais usuários são: Ministério da Saúde, seus

órgãos e programas; Ministério da Educação; Ministério da Ciência e Tecnologia;

Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde de todo o Brasil; Agências e

organismos internacionais e também estudantes e profissionais da área de saúde.

Os quadros a seguir demonstram a evolução dos usuários cidadãos nos períodos de

2003, 2008-2009 e 2010-2011:

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Quadro1: Evolução dos Cidadãos - Usuários da Fiocruz - 2003

Fonte: Autorrelatório de gestão 2003

Todos os usuários da Fiocruz se beneficiam das atividades de gestão da

qualidade mediante a garantia da confiabilidade dos resultados e serviços.

Além dos trabalhadores e fornecedores, os visitantes, em geral, e as

comunidades vizinhas são beneficiários diretos da gestão ambiental e de

O principal usuário da Fiocruz é o Sistema Único de Saúde - SUS, desta

forma, os usuários do SUS, isto é, a população em geral, são usuários

atuais ou potenciais da Organização.

Profissionais e pesquisadores no campo da saúde e da ciência e

tecnologia em saúde, tanto no Brasil quanto no mundo, e os gestores do

SUS.

Os usuários diretos e imediatos da produção de vacinas, medicamentos e

conjuntos diagnósticos são os programas nacionais de imunização,

assistência farmacêutica e de vigilância em saúde.

Os serviços laboratoriais de referência têm como usuários diretos os

programas de vigilância em saúde do SUS nas áreas da vigilância

epidemiológica, sanitária e ambiental e, indiretamente, os pacientes,

produtos ou ambientes cujas amostras são submetidas a exame na

Fiocruz.

A população demandante de assistência de referência em alta

complexidade, nos campos da saúde materno-infantil e do adolescente e

das doenças infectocontagiosas.

O Programa de Ensino da Fiocruz destina-se à população de nível superior

e médio. A maioria dos usuários, no nível de pós-graduação “lato senso”

está vinculada ao SUS. Também são usuários do ensino da Fiocruz

acadêmicos nacionais e estrangeiros, servidores públicos estrangeiros e,

no nível técnico profissionalizante, a população do Rio de Janeiro, em

geral.

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biossegurança.

Gestores do SUS em forma indireta (como possíveis beneficiários dos

conhecimentos gerados); Gestores de saúde de outros países em forma

indireta (como possíveis beneficiários dos conhecimentos gerados);

Gestores do SUS em forma direta, quando a pesquisa é realizada sob

demanda específica (unidades do MS, particularmente SCTIE, SVS e SAS).

A Sociedade como um todo, em momentos presentes ou futuros, é

beneficiária dos avanços da ciência e da tecnologia.

Pesquisadores e estudantes de ciências e arquitetura. Sociedade em

geral. Gerações futuras.

Gestores do SUS nas três esferas de governo. Outras unidades do SUS

(filantrópicas); Universidades, outras instituições de ensino e pesquisa.

Redes colaborativas de ensino (RET-SUS, RORHES, rede de Escolas do

Governo, REGESUS); Laboratórios de produção de insumos estratégicos

de saúde pública e privada.

Ministério das Relações Exteriores -MRE; AISA/MS; Ministérios de Saúde

de diversos países de América Latina; África, principalmente da CPLP;

Europa; Ásia e EUA; Organismos internacionais; Agências internacionais

de cooperação técnica e financeira: OMS, OPAS, UNESCO, UNICEF,

UNAIDS. Redes internacionais de pesquisa; Outras redes colaborativas;

Universidades.

Gestores do SUS nas três esferas de governo, incluindo o Conselho

Nacional de Saúde e conselhos das outras instâncias Pesquisadores,

estudantes e profissionais da saúde. População do Brasil, em geral.

Gestores de saúde de outros países. Organismos internacionais.

MS (SVS/CGLAB), SES (Laboratórios Centrais de Saúde Pública -

LACENs) SMS, Laboratórios municipais de saúde pública. Laboratórios

regionais de referência. OMS (Centros Colaboradores do IOC).

MS/ ANVISA SES, LACENs Unidades hospitalares (hemodiálise). Indústrias

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de medicamentos.

MS: Programas de Assistência Farmacêutica e Nacional de Imunizações

(SVS, SCTIE, SAS, SE) Secretarias Estaduais (SES) e Municipais (SMS)

de Saúde; Organismos internacionais (UNICEF, UNAIDS, OMS e OPAS).

Portadores de agravos específicos (infectocontagiosos e mulheres,

crianças e adolescentes portadores de patologias de alta complexidade)

referenciados por unidades de saúde e suas famílias. População em risco

de contrair agravos vinculados à gestação e ao parto e outros agravos

vinculados às áreas de atuação da Fiocruz. Moradores da AP

3.1/Município do RJ (AB).

Gestores e outros profissionais do SUS; Profissionais da saúde não

pertencentes ao SUS; Pesquisadores e profissionais da ciência e

tecnologia. Alunos do Ensino Médio, da Educação Profissional e do Ensino

Superior. Profissionais de saúde e de ciência e tecnologia em saúde de

outros países.

Quadro 2: Evolução dos Cidadãos - Usuários da Fiocruz 2008-2009

Fonte: Autorrelatório de Gestão 2008-2009

Gestores e profissionais da Fiocruz (servidores; terceirizados e

bolsistas; visitantes das unidades; fornecedores).

Usuários com agravos de saúde (pacientes) e suas famílias;

usuários de grupos populacionais vulneráveis; gestores de

saúde das três esferas de governo; Secretaria de Atenção à

Saúde; Rede e serviços do SUS local.

Gestores do SUS nas três esferas de governo; Conselho

Nacional de Saúde e Conselheiros de outras instâncias;

Profissionais de Saúde, de C&T, de Educação; Pesquisadores,

estudantes; usuários com agravos de saúde (pacientes) e suas

famílias; fornecedores.

Gerencias internacionais de cooperação técnica e financeira:

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OMS, OPAS, UNESCO, UNICEF, UNAIDS; Ministério das

Relações Exteriores; Ministério da Saúde de outros países.

Gestores do SUS nas três esferas de governo / Conselho

Nacional de Saúde e Conselhos Estaduais e Municipais;

Agências de Fomento Nacionais: CNPQ CAPES, FAPERJ,

FAPESB, FACEPE e FAPEAM; Ministério da Saúde ;

Secretarias; áreas técnicas: PNI, DST-AIDS e CGLAB; ANVISA,

LACEN, Instituições de Ensino e Pesquisa.

Ministério da Saúde/Secretarias/Áreas Técnicas: Secretaria de

Desenvolvimento Tecnológico; Sistema de Ciência e Tecnologia

– MCT / CNPq e Secretarias Estaduais de C & T; FUNASA;

Gestores do SUS das três esferas de governo como

demandantes; Laboratórios Farmacêuticos públicos e privados;

Instituições de Ensino e Pesquisa.

Alunos do Ensino Médio, Superior e de Pós-graduação;

profissionais por demanda das instituições de saúde e C&T;

Ministério da Educação – MEC; Ministério da

Saúde/Secretarias/Áreas Técnicas: Secretaria de Gestão do

Trabalho e Ensino na Saúde (SEGETES); Gestores e

Profissionais de Saúde, C&T e Educação.

Gestores e profissionais da Fiocruz (servidores; terceirizados e

bolsistas); Instituições de preservação do Patrimônio Histórico

Nacional (preservação de prédios tombados e acervos

documentais e museológicos): IPHAN; Ministério da Cultura;

Profissionais e estudantes de Instituições de Ensino e Pesquisa

externas à Fiocruz; Ministério da educação/MEC.

Moradores do entorno dos Campi da Fiocruz; Comunidades

adjacentes; Trabalhadores da Fiocruz de todos os vínculos;

Usuários de todas as unidades da Fiocruz; Cooperativas de

reciclagem e concessionárias (CEPEL, ELETROBRAS, CEDAE

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e CEG); Visitantes.

Todos os usuários das outras ações, compreendendo que a

gestão da qualidade implica na garantia de desempenho;

Diretores, Gestores e Planejadores das Unidades.

Trabalhadores da Fiocruz e usuários das unidades de

referência. Familiares dos trabalhadores da Fiocruz e dos

usuários das Unidades de referência.

Sistema de vigilância sanitária: ANVISA e VISA estaduais,

LACENs; Unidades de monitoramento da Qualidade de Produtos

do país; Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde;

Hemocentros.

Ministério da Saúde/Secretarias/Áreas Técnicas: SAS, SVS;

SCTIE e ANVISA; Sistema de Ciência e Tecnologia – MCT /

CNPq e Secretarias Estaduais de C & T; Instituições de Ensino e

Pesquisa; Profissionais de Saúde.

Ministério da Saúde/Secretarias/Áreas Técnicas: SCTIE e SAS;

ANVISA; Farmácia popular.

Ministério da Saúde/Secretarias/Áreas Técnicas SVS / CGLAB –

Coordenação Geral dos Laboratórios.

Ministério da Saúde / Secretarias / Áreas Técnicas: SVS e

SCTIE, Agências internacionais de cooperação técnica e

financeira: OMS / OPAS / UNICEF; ANVISA; Gestores de saúde

de outros países.

Moradores do Complexo de Manguinhos; Moradores das 25

comunidades pertencentes à Rede Social de Jacarepaguá;

Moradores de comunidades de baixa renda localizadas no

Centro do Rio, Copacabana e Santa Tereza; Moradores de

comunidades carentes de Belo Horizonte e Salvador; Portadores

de Deficiências; Profissionais do PSF/Agentes Comunitários de

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82

saúde; Familiares de pacientes.

Quadro 3: Evolução dos Cidadãos - Usuários da Fiocruz 2010-2011

Fonte:Autorrelatório de gestão 2010-2011

Conforme se pode observar, ao longo dos três ciclos, houve um incremento no

número ao ano de usuários cidadãos. Isso se deu tendo em vista que, no ano de

2008, houve uma segmentação dos usuários de acordo com características como:

geografia, epidemiologia, gênero, idade, profissão, formação e situação

socioeconômica. Outro ponto importante foi a melhor especificidade de seus

produtos finalísticos. Abaixo, a evolução dos produtos e serviços:

2003 2009 2011

Programa de Pesquisa e

Desenvolvimento

Tecnológico (PQ);

Programa de Ensino em

Saúde e Ciência e

Tecnologia (ES);

Programa de Produção

de Bens e Insumos para

a Saúde (PB);

Programa de Serviços de

Referência em Saúde

(SR);

Pesquisas Clínicas,

Epidemiológicas e em Ciências

Biológicas, Humanas e Sociais

Aplicadas à saúde;

Desenvolvimento Tecnológico e

Inovação em Saúde;

Disseminação de Informação de

Ciência e tecnologia em Saúde;

Manutenção da Rede de

Bibliotecas em Saúde;

Pesquisas Clínicas,

epidemiológicas e em

Ciências Biológicas,

Humanas e Sociais Aplicadas

à Saúde;

Desenvolvimento tecnológico

e Inovação em Saúde;

Disseminação de Informação

de Ciência e Tecnologia em

Saúde;

Manutenção da Rede de

Bibliotecas em Saúde;

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Programa de Informação

e Comunicação em

Saúde e Ciência e

Tecnologia (IC)

Programa de

Desenvolvimento e

Gestão Institucional (DI)

Produção de Vacinas,

Reagentes para Diagnóstico e

Biofármacos;

Produção de Fármacos,

Medicamentos e Fitoterápicos;

Manutenção e Funcionamento

de Farmácias Populares;

Formação de RH em Educação

Profissional e de Pós-graduação

Stricto e Lato Sensu em Saúde;

Preservação do Patrimônio

Científico, Cultural e Histórico

na Saúde;

Serviços Laboratoriais de

Referência Internacional,

Nacional e Regional para saúde

ambiental e para diagnóstico de

Doenças Transmissíveis;

Produção de Vacinas,

Reagentes para Diagnóstico

e Biofármacos;

Produção de Fármacos,

Medicamentos e

Fitoterápicos;

Manutenção e

Funcionamento de Farmácias

Populares;

Formação de RH em

Educação Profissional e de

Pós-graduação Stricto e Lato

Sensu em Saúde;

Preservação do Patrimônio

Científico, Cultural e Histórico

na Saúde;

Serviços Laboratoriais de

Referência para saúde

ambiental e diagnóstico de

Doenças Transmissíveis;

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Atenção de Referência à

Mulher, à Gestante de Alto

Risco, às Crianças e

Adolescentes com Patologias

de Alta Complexidade e aos

Portadores de Doenças

Infecciosas;

Análise Técnico-Laboratorial da

Qualidade de Produtos

Ofertados à

População;

Produção, Manutenção e

Distribuição de Animais de

Laboratório;

Atenção de Referência à

Mulher, à Gestante de Alto

Risco, às Crianças e

Adolescentes com Patologias

de Alta Complexidade e aos

Portadores de Doenças

Infecciosas;

Análise Técnico-Laboratorial

da Qualidade de Produtos

Ofertados à População;

Produção, Manutenção e

Distribuição de Animais de

Laboratório;

Quadro 4: Evolução dos produtos e serviços

Fonte: Relatório de Autoavaliação Fiocruz 2003, 2008-2009, 2010-2011

Seus serviços voltam-se para: produção, pesquisa e desenvolvimento tecnológicos

nas áreas das ciências biológicas, da epidemiologia, das ciências sociais aplicadas à

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85

saúde; informação e comunicação em saúde; produção de insumos estratégicos em

saúde, como medicamentos, vacinas e reagentes; criação de animais para

laboratório; serviços laboratoriais de referência; atenção especializada na saúde

materno-infantil e de portadores de doenças infecciosas; cooperação nacional e

internacional, entre outras ações. Assim, a instituição possui cinco objetivos

estratégicos que coadunam com estes serviços e processos finalísticos, que são:

Gerar inovações tecnológicas (serviços e produtos) em saúde e disseminá-

las, com vistas a garantir o acesso da população a insumos estratégicos e a

ampliar a autonomia do Estado na provisão destes insumos;

Desenvolver, experimentar e avaliar modelos de atenção à saúde na

perspectiva de redes integradas de serviços, centrados na integralidade de

atenção e na qualidade do cuidado.

Gerar e dar acesso a informações e conhecimentos estratégicos em saúde,

com vistas a dar suporte ao processo de formulação e implantação de

políticas públicas que impactem nos determinantes e condicionantes sociais

da saúde.

Colaborar para ampliar a capacidade nacional de vigilância em saúde, por

meio da produção de conhecimentos, metodologias e modelos de intervenção

e mediante parcerias nacionais e internacionais;

Intensificar a formação de quadros estratégicos para o SUS, em escala

nacional, mobilizando a rede instalada de instituições formadoras,

Contribuir para a redução dos riscos à saúde, aos quais estão expostas as

populações mais vulneráveis do país, incluindo populações urbanas e rurais

marginalizadas, populações indígenas e quilombolas e população de fronteira

e acampados.

A Fiocruz evoluiu seu modo de gestão efetivando um modelo focado em resultados,

buscando reconhecimento pela sociedade brasileira e de outros países, pela sua

capacidade de colocar a ciência, a tecnologia, a inovação, a educação e a produção

tecnológica de insumos e serviços para a promoção da saúde da população, a

redução das desigualdades e iniquidades sociais. Suas atividades na área de

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86

Ciência, Tecnologia e Inovação vêm sendo reorganizadas na busca de maior

competitividade do setor produtivo nacional.

Seus valores configuram as doutrinas centrais da organização, a Fiocruz, no que

concerne à forma e experiência acumulada no seu modelo de gestão, tem destaque

no âmbito da administração pública brasileira pelos princípios, estruturas e práticas

participativas e democráticas incorporadas e tem seus valores alicerçados, conforme

destaca o relatório final do seu VI Congresso Interno:

Compromisso institucional com o caráter público e estatal: A Fiocruz é

uma organização pública e estatal a serviço das necessidades da população

brasileira no enfrentamento dos desafios nacionais nos campos da saúde, da

ciência e tecnologia e da inovação. Busca garantir a integralidade institucional

e a gestão democrática submetida ao controle social, para a otimização e

eficácia da utilização dos recursos públicos.

Ciência e inovação como base do desenvolvimento socioeconômico e

da promoção da saúde: A Fiocruz busca continuamente a qualidade e a

excelência nas pesquisas e a apropriação dos seus resultados pela

sociedade, com a perspectiva de contribuir para o desenvolvimento

sustentável e a redução das desigualdades e iniquidades no Brasil.

Ética e transparência: O compromisso com a ética e a transparência é

orientador das ações da Fiocruz e de suas relações com a sociedade.

Cooperação e integração: A Fiocruz busca maximizar a colaboração e a

promoção de sinergias entre equipes, áreas e unidades, assegurando a

integração de ações e decisões, e construindo redes de cooperação e

parcerias em níveis nacionais e internacionais.

Diversidade étnica, de gênero e sociocultural: A Fiocruz valoriza a

diversidade nas relações com pessoas e instituições e a diversidade de ações

e compromissos com os múltiplos temas e saberes que constroem a saúde.

Garante os princípios do respeito às diferenças, da não discriminação e da

igualdade social.

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87

Valorização dos trabalhadores, alunos e colaboradores: As pessoas são o

diferencial da Fiocruz, que se apoia nas suas competências, desempenho,

desenvolvimento, comprometimento e bem estar para a busca da excelência

institucional em suas diversas dimensões, pautando suas ações com a

sociedade com base no respeito aos direitos de cidadania.

Qualidade e excelência: A Fiocruz busca continuamente melhores

resultados, com respeito aos recursos públicos investidos e com gestão

responsável.

Redução das iniquidades: A política da Fiocruz tem como foco a redução

das profundas iniquidades nas condições de vida e de saúde existentes no

Brasil, visando contribuir para a formação de uma nação mais justa e

igualitária.

Compromisso com as principais metas de transformação social do

Estado brasileiro: A Fiocruz considera essencial o alinhamento das suas

atividades e metas às necessidades reais, de médio e longo prazo, de

desenvolvimento social da população, com redução das desigualdades e

iniquidades sociais.

Compromisso socioambiental: A Fiocruz tem compromisso socioambiental

com a sociedade, utilizando mecanismos efetivos de controle de seus atos e

assumindo permanente desenvolvimento organizacional, assim como

continuada mudança de postura para o maior valor socioambiental.

Democracia participativa: A Fiocruz tem compromisso inabalável com o

respeito à democracia, valorizando instâncias representativas e permanentes

de consulta e participação dos trabalhadores e da sociedade.

Democratização do conhecimento: A Fiocruz tem o compromisso com a

democratização do conhecimento e considera o acesso público à informação

um valor estratégico para reforçar as relações entre ciência, saúde e

sociedade.

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Educação como processo emancipatório: A Fiocruz considera a educação

uma dimensão essencial para a cidadania e o pleno exercício democrático,

incluindo a redução das desigualdades e iniquidades sociais.

Como se pode observar, a Fiocruz possui, dentre seus valores, questões

relacionadas à qualidade e excelência, com o objetivo de buscar a melhoria

continuada de todas as suas ações, baseada nos princípios da administração

pública, focada para resultados e voltada para a prestação de serviços de qualidade

que atendam às demandas da sociedade.

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89

3.6.8 Fiocruz, Programas de Qualidade e Gespública

O incentivo institucional para o desenvolvimento da Fiocruz vem a ser a

implementação de infraestrutura adequada e uma mudança de cultura. Em especial,

faz-se necessário aproximar as atividades de pesquisa e de produção, consolidar

programas de desenvolvimento tecnológicos voltados para as estratégias

institucionais, preservando outros programas de incentivo a pesquisas, sem

comprometer os recursos alocados nas demais atividades estratégicas da Fiocruz.

Em seu coletivo de dirigentes, no ano de 1995, a Fiocruz efetivou os elementos

formadores de uma cultura de excelência deliberando “planejamento, bem como as

demais fases da implantação, orientados por especialistas da área de qualidade com

experiência em projetos no serviço público, tendo como metodologia a geração de

difusão e aplicação dos conhecimentos e ferramentas de qualidade” (Prêmio

Nacional de Gestão Pública, Anexo I, Formulário para Inscrição da Candidatura -

Ciclo 2008-2009). A comunidade da Fiocruz deve ser subsidiada sobre os conceitos,

extensão e possíveis consequências de tal plano na vida institucional.

Em 2003, a Presidência da Fiocruz aderiu ao programa de Gestão pública do

MPOG, sendo umas das primeiras organizações do serviço público federal a realizar

sua primeira autoavaliação da gestão, objetivando buscar um modelo de

gerenciamento público focado em resultados e orientado para o cidadão, atentando

para a excelência de serviços e produtos, impulsionando sua transformação

gerencial. Sua prática consolidada de gestão democrática e participativa foi

reconhecida como um dos seus principais pontos fortes e uma de suas principais

oportunidades de melhoria, foi destacada e priorizada a adequação de sua estrutura

organizacional como mecanismo para corrigir carências nas suas práticas de gestão,

bem como para flexibilizar e agilizar processos decisórios.

Um dos sintomas e, ao mesmo tempo, causa desta carência é refletido na relativa

fraqueza das estruturas de gestão, tanto no campo da gestão estratégica e

tecnológica, quanto no que diz respeito às funções administrativas. Aqui a instituição

iniciou a prática de fazer projeções sobre os referenciais comparativos de forma

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corporativa, adotando como referência instituições de reconhecida excelência da

Gestão Pública ou reconhecido destaque na área. Segundo o relatório de

Autoavaliação Ciclo 2008-2009, as fontes utilizadas são:

Órgãos Fomentadores, Organismos Internacionais, Relatórios de Gestão das Instituições identificadas pela adesão aos critérios de excelência em Gestão Pública ou por reconhecido destaque na área. Dada a especificidade de algumas ações, a Fundação tem optado pela realização de benchmarking interno, de acordo com a missão da unidade.

Como resultado desta autoavaliação, um plano de melhoria da gestão no período de

2004 a 2006 começou a ser executado. Durante o ano de 2004, foi realizada uma

profunda revisão do alinhamento de seu plano institucional, com o objetivo de

facilitar a indicação dos principais eixos estratégicos da Fiocruz incorporados aos

programas já existentes no plano Plurianual (PPA). Além disso, no período investiu-

se na padronização de processos, criação e aprimoramento de sistemas de

informações, certificação e acreditação de seus processos; vê-se, por exemplo, o

programa Fiocruz saudável, voltado para a sustentabilidade; o programa Gestão

Viva, e o processo de revisão da estrutura organizacional da Fiocruz. Outro avanço

importante a ser destacado é a prioridade acerca da sustentabilidade social e

ambiental.

Em 2006, a Fiocruz aderiu, voluntariamente, ao Comitê Setorial da Saúde do

Gespública no âmbito da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, iniciando um

novo processo de autoavaliação, envolvendo todas as unidades num trabalho

integrado e disseminado por toda a organização. Em 2007, é instituído o comitê sub

setorial Gespública Fiocruz pela portaria 313/2007 – PR (13/07/2007), agregando

representantes de todas as unidades da Fiocruz. Há, neste momento, a construção

de um autodiagnóstico, utilizando-se o instrumento dos 500 pontos do Programa

Nacional de Gestão Pública e Desburocratização, no qual alcançou 419 pontos,

nível de gestão alto – 4, com representantes das unidades da Fiocruz.

Ainda em 2007, fruto do relatório de autoavaliação foi estabelecido um plano de

melhoria, contemplando 12 ações, que são acompanhadas pelos comitês do

Gespública nas unidades com profissionais multidisciplinares de acordo com a área

e melhoria a ser desenvolvida. Os principais destaques estão relacionados a:

Segmentação de usuários/Pesquisa de satisfação; Gestão do conhecimento;

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91

Capacitação profissional; Comunicação interna; Responsabilidade socioambiental;

Ciclo de PDCA; Mapeamento de processos; Premiação institucional e Plano

Plurianual de Ação – PPA.

A incorporação dos princípios do Gespública, adotando-o como modelo de gestão e

utilizando seus critérios de excelência, faz com que a Fiocruz adote a gestão de

qualidade como estratégia de garantia de seus produtos, padronizando processos

finalísticos. Para incentivar esta cultura de excelência dentro da instituição, há o

incentivo de participação de suas unidades em processo de adesão aos princípios

do programa, instâncias como o Comitê Subsetorial do Gespública Fiocruz e a

Coordenação de Qualidade foram criadas objetivando disseminar o modelo definido

a todas as unidades da instituição. Assim, foram criados Manuais e POPs de gestão

por processo dentro de uma orientação corporativa. Com isso, aderiu-se, dentro do

ciclo 2008-2009, ao Prêmio da Qualidade do Governo Federal (PQGF) e, como

resultado, a instituição recebeu Faixa – troféu Bronze e nova atualização de seu

plano de melhoria.

Procurou-se, nesta pesquisa, verificar, na percepção dos participantes do comitê

gestor do Gespública na instituição, já que estes promovem e articulam a

autoavaliação, quais objetivos foram alcançados com este modelo de gestão.

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92

3.7 Análises de conteúdo das entrevistas

Na próxima seção deste capítulo, serão expostos os resultados desta pesquisa, a

partir da metodologia citada anteriormente. Primeiro, serão descritas e analisadas a

implantação e adequação ao programa, em seguida, serão analisadas Resistências,

Barreiras e dificuldades na organização e seus impactos sobre a gestão e, por fim, o

comprometimento da organização e seus resultados. Na elaboração do roteiro de

entrevistas, houve a preocupação de serem formuladas perguntas abertas e

semiestruturadas (Apêndice 1) , a fim de coletar dados para investigar a implantação

do projeto de excelência da gestão pública (Gespública) na Fiocruz, buscando-se

levantar a relação entre uma gestão pública voltada para resultados, quais as

práticas que a estruturam e como se dá a sua continuidade, já que este é o grande

desafio para a busca da excelência identificando seus fundamentos.

Implantação e adequação ao Gespública

Esta questão tem como categoria principal de análise, a motivação para adesão

programa e sua adequabilidade. Geraram-se outras subcategorias e palavras-chave

que apareceram com maior frequência nas respostas, como mostrado no quadro 5.

Ressalta-se que essas palavras-chave não foram pré-estabelecidas, e sim

emergiram a partir dos próprios resultados.

Pergunta(s) Categoria principal de análise Principais aspectos citados pelos

entrevistados

1 e 4 Adesão e adequação ao

Gespública em seus critérios

de excelência

- Adaptação

- Avaliação

- Benchmarking

-Desburocratização

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- Eficácia

- Excelência

- Gestão da qualidade

Quadro 5: Adesão e adequação ao Gespública

De uma forma geral, ainda há muitos pontos será serem aprimorados e desafios a

serem enfrentados com o modelo em fase de consolidação e institucionalização,

conforme demonstra o documento de referência do VI Congresso interno:

Aprimoramento do projeto de excelência da gestão pública (Gespública) da Fiocruz por meio de iniciativas corporativas e/ou individualizadas (via candidatura ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão/MPOG por unidade), compreendendo modelagem de processos estratégicos, gestão da rede de benchmarking de excelência, instituição de modelo gerencial de aprendizagem, elaboração do plano de risco organizacional e consolidação da pesquisa de satisfação de usuários, para fins de alcance de resultados paradigmáticos na gestão da operação.

Observa-se que há por parte da organização uma intrínseca filosofia pela prestação

de serviços à sociedade com qualidade. Neste aspecto, identificamos na pesquisa,

na fase de análise dos documentos internos, a vocação da instituição para:

Excelência dirigida ao cidadão, com direcionamento de suas ações para

atendimento às expectativas da sociedade os receptores dos serviços

públicos de forma regular e contínua;

Aprendizado organizacional , com a busca de novos conhecimentos por meio

da percepção, reflexão e avaliação e compartilhamento das informações de

forma a desempenhar um papel central “na dinâmica, política e na vida

organizacional” (Nicolini, 2007);

Visão de futuro, visando um estado desejado e antecipando a organização às

necessidades e demandas da sociedade.

Categorias Principais aspectos Aspectos citados

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principais de análise identificados (Relatório de autoavaliação

2008-2009/ 2010-2011)

Fundamentos da

excelência em gestão

pública

Excelência dirigida ao

cidadão

Visão de futuro

Aprendizado

organizacional

“O incentivo ao comprometimento de todos com a cultura da excelência na Fiocruz, originalmente marcado pelas boas práticas de gestão que evoluem na Instituição, é reforçado pela adesão formal da instituição aos critérios de excelência da gestão pública dede 2003, com aderência aos princípios do Programa de Qualidade na Gestão Pública.”

Horizonte para 2022. Ser instituição pública e estratégica de saúde, reconhecida pela sociedade brasileira e de outros países por sua capacidade de colocar a ciência, a tecnologia, a inovação, a educação e a produção tecnológica de serviços e insumos estratégicos para a promoção da saúde da população, a redução das desigualdades e iniquidades sociais, a consolidação e o fortalecimento do SUS, a elaboração e o aperfeiçoamento de políticas públicas de saúde” (Autoavaliação de gestão 2010-2011)

“...Em relação à cultura da excelência, profissionais da Fiocruz foram qualificados no campo da gestão da qualidade e no Modelo de Excelência da Gestão Pública, assim como para realização de avaliação da gestão e de disseminação dos valores da organização, com a participação de cerca de 400 profissionais por ano...”

“...O modelo de Governança democrática participativa é o principal método de desenvolvimento do aprendizado organizacional na Fiocruz que utiliza práticas de gestão promotoras do intercâmbio e da

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aprendizagem, por meio das suas Câmaras Técnicas e Fóruns Temáticos, bem com a realização de Congressos, Seminários, Oficinas, Grupos de Estudo, Sessões Científicas, e participação em redes nacionais e internacionais no campo das suas diversas ações, incluindo a área de gestão...”

Quadro 6: Fundamentos em excelência em gestão

Estes fatos são corroborados nas entrevistas e estes aspectos também aparecem

nas respostas dos entrevistados.

A organização acredita que o Programa já cumpre alguns de seus objetivos, tendo

em vista duas avaliações já realizadas, em dois ciclos, com levantamento de

oportunidades/ melhorias e elaboração de plano de Ação. Assim, ao aderir ao

programa, a organização tem como objetivo ter sua gestão voltada de atender às

necessidades dos cidadãos-usuários, conforme exemplo que segue:

[...] os trabalhadores, os gestores da Fiocruz, fechamos todo o ciclo de

avaliação..., na época foi a avaliação em 2007, ficamos com 419 pontos,

que dava pra gente, isso com instrumentos de 500 pontos..., que era uma

pontuação boa, excelente, pra gente começar com instrumentos de 1000

pontos, porque quando passa..., depois a Fiocruz elaborou o plano de

melhoria e teve o desafio de fazer acontecer na primeira gestão [...]

(Entrevistado 7 – informação verbal)

Conforme resultado da pesquisa, o Programa, de uma forma geral, vem promovendo

a eficiência e eficácia, por meio do melhor aproveitamento de recursos na

organização, com o aprimoramento de algumas práticas:

[...] Gespública trouxe essa clareza pra gente, hoje eu consigo produzir indicadores que são eficiência, eficácia, mas a gente produz indicadores de produtividade, então, todo ano as áreas têm que ter essa consciência [...] (Entrevistado 1 – informação verbal)

A gestão da qualidade é destacada, com amplitude de percepções, fato corroborado

no referencial teórico, conforme Velasques (2006): “com relação ao setor público,

existem percepções diferentes deste processo, pois existem diferentes tipos de

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clientes com expectativas divergentes e conflitantes resultando em diferentes níveis

de satisfação”. Este fator, para a implementação do Gespública, é de grande

relevância:

[...] e o campo da qualidade se agente pudesse defini-lo, envolve obviamente tudo aquilo que a gente faz na nossa organização, ela não deixa de ser um processo enriquecedor de todas as nossas atividades qual seja como fazer mais e melhor aquilo que estamos designados para fazer melhor no sentido da busca eficiência, da busca da qualidade do que a gente pode sintetizar como entregar mais valor, mais qualidade a sociedade seja ela representada por um individuo cidadão a porta nossos serviços de saúde seja o a instituição ministério da saúde [...] (Entrevistado 3 – informação verbal)

A adequabilidade ao programa é destacada, segundo os entrevistados, por avaliar

quesitos em que a organização se encontra alicerçada, como a liderança e

sociedade, fatores preponderantes para o MEPG, conforme demonstrado na figura

3. Algumas dificuldades podem ocorrer já que são normais em qualquer mudança ou

fase de adaptação:

[...] porque ele coloca nos seus grandes critérios a liderança e a própria sociedade, acho que os critérios são interessantes, eles batem em pontos, eles abordam pontos que são interessantes numa instituição pública, mas eles precisam sempre ser adaptados [...] (Entrevistado 2 – informação verbal)

[...] porque é uma das únicas coisas a que eu tive acesso, ele se adequou em bastante coisas, me serviu pra conversar sobre resultados com o meu pessoal, e não é só conversar, você mostrar um referencial comparativo, ele me serviu para indicar benchmarking [...] (Entrevistado 1 – informação verbal)

[...] a maioria das unidades aqui não tem nada..., então, na realidade, não tem muito que adequar e implantar mesmo, eu acho que se adapta bem [...] (Entrevistado 6 – informação verbal)

[...] o que nós procuramos fazer foi integrar a lógica da divisão do projeto Gespública em áreas de conhecimento, no campo da informação e organização [...] (Entrevistado 10 – informação verbal)

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Resistências, barreiras e dificuldades na implantação do programa

Nesta categoria, segundo resultados da pesquisa, foram encontradas resistências

na implantação do Programa, visto que há uma diferença latente entre aspectos da

burocracia e a aplicação dos gerencialismo, já que, de acordo com De Paula (2005),

“melhorar as decisões estratégias do governo e da burocracia, promovendo um bom

funcionamento para garantir a autonomia, à capacitação gerencial do administrador

público”.

Pergunta(s) Categoria principal de

análise

Principais aspectos citados pelos

entrevistados

2 Resistências, barreiras e

dificuldades

-Cultura

- Práticas

-Descontinuidade política

- Burocracia

Quadro 7: Resistências, barreiras e dificuldades

Os aspectos citados foram: a capacitação dos agentes disseminadores de

conhecimentos relacionados ao programa, descontinuidade política, resistência de

integrantes, burocracia, o não cumprimento de prazos e metas para ações

relacionadas à implementação do modelo de gestão pela excelência. Observa-se

que os entrevistados consideram a excelência como fruto de um planejamento

estratégico em nível institucional e de modo individual por unidades.

[...] nas unidades da... a gente avançou, mas ainda não temos os procedimentos para as iniciativas uniformizadas e disseminadas, o que dificulta a implementação do programa [...] (Entrevistado 1 – informação verbal)

[...] no momento em que você tem uma mudança, precisa conseguir um movimento rápido pra que esse movimento de ensino venha com a mesma

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sensibilização, pactue algumas metas, eu acho que demora um pouco, até o movimento interno das unidades fica prejudicado, porque você tem outra prioridade, outro apontamento, fica retomando, e é sempre o mesmo tema, uma dificuldade [...] (Entrevistado 9 – informação verbal)

[...] colocou também a descontinuidade política, o processo democrático, aí quando mudam os gestores, eles não foram treinados, então você tem uma parada aí, até eles entrarem na cultura [...] (Entrevistado 9 – informação verbal)

A pesquisa verificou também que a burocracia permanece um entrave, já que ainda

muito se tem a melhorar em suas práticas no que se refere aos seus processos

principais e secundários:

[...] porque a Fiocruz tem esse modelo híbrido e o modelo de autonomia forte das unidades, principalmente de produção, que são unidades até que já têm acreditação, têm iniciativas de qualidade abordada, mas que na área de gestão de processos de apoio continuam talvez com os mesmos processos de apoio de décadas atrás, totalmente burocratizados [...] (Entrevistado 1 – informação verbal)

Outro aspecto da administração pública foi destacado, a cultura, pois esta ainda se

alicerça em traços, conforme destacado por Pires e Macedo (2006), como a “luta de

forças se manifesta entre o novo e o velho, ante uma dinâmica e uma burocracia

arraigada”, ou seja, a existência de uma cultura excessivamente burocrática nas

organizações públicas, fato que naturalmente gera a resistência a mudança,

conforme destacado por um dos entrevistados:

[...] “velhas praticas, velhos poderes, novas práticas, nem sempre novos poderes", essa frase ficou pra mim marcante durante uma entrevista de mestrado, e acho que isso revela um pouco o que eu quero dizer, falando diretamente sobre cultura organizacional, mas as pessoas sempre têm uma forma de fazer as coisas, quando você pretende mudar, mudar de forma coletiva como o Gespública está propondo, vem a resistência [...] (Entrevistado 2 – informação verbal)

[...] porque está mexendo com cultura, e a Fiocruz, em minha opinião, é uma instituição muito, a despeito de estar trabalhando nas fronteiras das ciências em muitas áreas, do ponto de vista de gestão ela é muito conservadora [.] (Entrevistado 6 – informação verbal)

[...] com certeza, primeiro a questão cultural mesmo, a Gespública exige..., as pessoas trabalham numa ótica de avaliar as práticas..., os instrumentos

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que se avaliam evidenciam suas melhorias, e isso é uma cultura que é difícil para algumas pessoas, avaliam que não vai dar em nada, tem aquela resistência, é uma resistência, um tipo de conformismo [...] (Entrevistado 7 – informação verbal)

Impactos

Os impactos relacionam-se às ações diretas realizadas para a busca da excelência,

de acordo com os valores institucionais da organização, buscando a qualidade e

melhoria nos seus processos, cumprimento de prazos e melhorias na organização

em termos de gestão e infraestrutura:

Pergunta(s) Categoria principal de

análise

Principais aspectos citados pelos

entrevistados

3 Impactos

-Aprendizado

-Avaliação

- Mapeamento de processos

- Indicadores de resultados

Quadro 8: Impactos

O primeiro aspecto citado ressalta a importância da metodologia do programa, já

que este agrega valor e faz com que o programa aconteça na prática:

[...] a própria metodologia do Gespública já era um impacto de maior integração, discussão, foco em plano de melhorias, discussão de nós críticos, integração da área técnico-administrativo com a técnico-científica, reconhecimento institucional, que não poderíamos deixar de dizer [...] (Entrevistado 2 – informação verbal)

[...] hoje eu acho que nós estamos com maior maturidade na Fiocruz de entender que o mapeamento de processo é uma camada basal, estruturante, pra melhoria da gestão, e integrado, ele é basal e estruturante, ou seja, eu teria um quadro com convicção clara que sem bons projetos de mapeamento de processos nós não melhoraríamos nada na organização, o nosso grande requisito quando a gente vai discutir, e eu acho que é isso que a Gespública traz [...] (Entrevistado 10 – informação verbal)

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[...] a gestão vem melhorando, pulou do nível, que a gente estava na última premiação, 2008-2009, pro nível 6 agora em 2011, um salto enorme, então isso mostra impacto que a gente teve que é melhoria do nível de gestão da Fiocruz, uma gestão muito mais pautada na avaliação, no aprendizado, com indicadores de gestão mais trabalho, mais instruída [...] (Entrevistado 7 – informação verbal)

Outro aspecto citado refere-se ao aprendizado organizacional, já que há um esforço

e investimento na capacitação de seus servidores e colaboradores, fato corroborado

em seu relatório de autoavaliação Fiocruz – ciclo 2010/2011:

O modelo de Governança democrática participativa é o principal método de desenvolvimento do aprendizado organizacional na Fiocruz, que utiliza práticas de gestão promotoras do intercâmbio e da aprendizagem, por meio das suas Câmaras Técnicas e Fóruns Temáticos, bem com a realização de Congressos, Seminários, Oficinas, Grupos de Estudo, Sessões Científicas.

O entrevistado 1 infere que o aprendizado tem que ser continuado e disseminado:

[...] mas eu tento fazer, deixar escrito e deixar com as pessoas o aprendizado, porque não adianta também credenciar se ficou aquele clubinho e voltou tudo o que era antes, então continua, porque o credenciamento passa por isso [...] (Entrevistado 1 – informação verbal)

A busca por um Sistema Integrado de Aprendizagem deve se constante, com o

objetivo de incentivar a inovação para área de gestão, conforme coloca o

entrevistado 7:

[...] instruir um aprendizado onde as decisões da organização sejam baseadas em evidências, onde a gente tenha o nosso modelo de governança institucional realmente embasado em gestão e conhecimento, que é o que gente busca para uma inovação gerencial [...]

Destaca-se também a aplicação de índices de resultados, conforme atesta o

entrevistado 1:

[...] tenho minha estimativa para o final do ano e sei que no final do ano eu quero entregar um bom resultado de produção, quantos por centro eu abri quantos empenhos eu emiti, mas a gente também agora, e já vem também de um tempo, pensando nos indicadores de resultados, qual o impacto do meu trabalho nas outras áreas [...]

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Outro impacto importante foi a aferição de resultados, um fator importante para a

construção da carta de serviços, conforme destaca o entrevistado 7:

[...] os resultados, os relatórios de avaliação, os instrumentos do Gespública passaram a ser incorporados nas instâncias de planejamento, nas instâncias corporativas da organização, por exemplo, vou dar um exemplo concreto que fica mais fácil, a carta de serviço [...]

[...] tratamos de realizar uma autoavaliação já num ciclo mais avançado em relação ao ciclo anterior 2008-2009 e que apresentou um resultado mais bastante interessante em relação ao caminho percorrido mais que em ambos os casos seja na carta de serviços, seja no Gespública para destacar duas frentes do programa de política de qualidade da Fiocruz, também identificamos o quanto temos que procurar aprimorar estas frentes de melhoria e perseguir a chamada melhoria contínua, neste caso específico, que envolve o conjunto de gestão da Fiocruz [...] (Entrevistado 5 – informação verbal)

Comprometimento com a gestão pública por resultados

A alta direção da organização participa efetivamente e respalda a implementação do

programa de gestão conforme destaca o documento de referência do VI Congresso

interno:

Assume-se por princípio que a necessidade de aprimoramento do modelo de gestão deve ser permanente, sendo inclusive objetivo da própria gestão, independentemente do modelo jurídico que venha a ser proposto e alcançado, considerando-se as diversas áreas de trabalho institucional, sejam de caráter administrativo geral ou técnico específicos e finalísticos. O desafio de enriquecer a cadeia de valor da instituição é permanente, condição para respostas à sociedade em melhores padrões de eficiência e qualidade.

Pergunta(s) Categoria principal de

análise

Principais aspectos citados pelos

entrevistados

5 Comprometimento

- Inovação da gestão

-Integração

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-Capacitação

- valorização das pessoas

Quadro 9: comprometimento

Seus destaques vão de encontro aos valores institucionais da organização, levando

em consideração a disseminação da cultura de excelência como valor cultural

intrínseco da organização, ou seja, esses valores são internalizados e ressaltados

pelos entrevistados, como o comprometimento da alta direção para o

desenvolvimento de atividades:

[...] o programa ganha um fortalecimento muito grande da alta direção e ganha também apoio financeiro, com um projeto específico... de gestão..., que permite que a gente possa estar fazendo esse trabalho aqui [...] (Entrevistado 7 – informação verbal)

[...] a disseminação hoje está tanto no nível tático operacional como está na política estratégica da organização, mas pra que seja disseminado totalmente na organização ele precisa estar mais fortalecido na própria cultura [...] (Entrevistado 5 – informação verbal)

A integração, a partir da participação de pessoas nos fóruns de discussão, torna as

decisões mais institucionalizadas com o objetivo de minar as resistências, um

exemplo disso é a aproximação entre áreas técnicas e de gestão, conforme relata o

entrevistado 2:

[...] certamente, há essa divisão técnico-administrativa, técnico-científica, mas a gente procura cada vez mais diminuir a distância entre elas, mas ainda existe muita coisa pra ser feita, mas hoje quando você coloca dentro de uma sala, nas oficinas da Gespública, vocês de unidades técnico-científicas e de várias áreas pra discutir modelos, formas de gestão, aprimoramento, etc., você está gerando ou impacto já direto da integração que o Gespública pode e vem promovendo na discussão sobre as práticas de gestão da organização [...]

Outro destaque diz respeito à valorização de pessoas e mapeamento de suas

competências, apontamento gerado no Plano de Melhorias:

[...] mas então você tem essas pessoas, a partir deu um banco de talentos, digamos assim, sendo alocado de forma mais direcionada, pra prestar

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melhores serviços, poder ter a apropriação de suas competências de forma mais adequada, isso está relacionado com excelência, está relacionado com melhoria dos processos, isso não era feito antes [...] (Entrevistado 2 – informação verbal)

A capacitação é fator determinante para a qualidade e sucesso do programa e para

a organização como um todo, onde se percebeu uma maior valorização de

treinamento e qualificação:

[...] um programa mais efetivo de capacitação, para as próprias pessoas entenderem a qualidade no seu trabalho [...] (Entrevistado 1 – informação verbal)

[...] que permite que a gente possa estar fazendo esse trabalho aqui, de capacitação, 400/ano na gestão da qualidade [...] (Entrevistado 7 – informação verbal

Indicadores e planejamento da melhoria da gestão

O desenvolvimento de atividades, segundo os entrevistados, seria aperfeiçoado com

uma maior definição de procedimentos e implementação efetiva dos mesmos. O

acompanhamento é realizado por sistemas de informações que contemplam

informações de diversos assuntos e setores e a busca do compartilhamento das

informações constitui aspecto de suma importância.

Pergunta(s) Categoria principal de

análise

Principais aspectos citados pelos

entrevistados

6,7 Indicadores e

planejamento da

melhoria da gestão

- carta de serviços

- falta de monitoramento

-mapeamento de indicadores

-necessidade de aprimoramento

-necessidade de formalização

Quadro10: Indicadores e planejamento da melhoria da gestão

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104

A carta de serviços é um instrumento eficiente pra Fiocruz, já que sintetiza seus

serviços, porém, a multidisciplinaridade da Fiocruz tornou o trabalho complexo e

pode ser mais aprimorado buscando assumir seus compromissos com a sociedade:

[...] a Fiocruz está conhecendo mais recentemente o que é carta de serviços, ainda não interiorizou muito que significa carta de serviço, que é um compromisso com a sociedade, como a Fiocruz avança, pensa os processos, como é que ele finaliza as melhorias, como é que ela finaliza o seu posicionamento de respeito à sociedade, a partir de certos princípios e práticas, acho que a gente ainda não está muito ligado, porque é mais um instrumento [...] (Entrevistado 2 – informação verbal)

Porém, esta carta de serviços, de acordo com os entrevistados, ainda carece de

aprimoramento de o que a instituição pode oferecer a sociedade, visto que é um

instrumento de compromisso de oferta de serviços ao cidadão e, por isso, deve

buscar novas relações de melhorias contínuas em todos os aspectos.

Considerando seus procedimentos, percebe-se que a maioria das respostas dos

entrevistados convergiu para uma necessidade de maior acompanhamento dos

processos, adesão de melhores práticas e acompanhamento e controle de seu

desempenho em conformidade de forma a garantir o cumprimento de prazos e

exigências legais, bem como normas institucionais e demandas internas ou

externas:

[...] a gente começou a mapear também a evolução de economias, o indicador de economias ainda não é um dos mais aperfeiçoados, melhores, mas ele existe [...] (Entrevistado 1 – informação verbal)

[...] a gente não tem manual de indicadores, mas está sendo construído, a questão de melhoria até então foi feita uma linha intuitiva, mas não será assim, a gente está trabalhando já no manual, na construção de uma manual, dos indicadores, na realidade estão passando pelo processo de mapeamento, mas é o primeiro movimento, está bem-sucedido [...] (Entrevistado 4 – informação verbal)

[...] são indicadores que são pactuados com as práticas, com o setor regulado, com as várias áreas, então, os indicadores que a gente presta conta ao ministério do planejamento, ministério da saúde, da ciência e tecnologia, todos os indicadores estão pactuados, como metas pactuadas, a gente incorporada, porque a gente precisa responder em conformidade com

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as metas pactuadas com esses órgãos [...] (Entrevistado 7 – informação verbal)

Outro fator citado sob a perspectiva do planejamento coloca que houve uma

unanimidade nas respostas, citando este mais corporativo e destacando a

dificuldade em realizá-lo.

[...] a gente avançou no planejamento corporativo, no sentido, não é a palavra que eu queria usar, um planejamento mais formal, enfim,... você vai entender o que eu quero dizer, um planejamento estratégico, a Fiocruz ainda tem muitas dificuldades de repetir as escolhas de caminhos, porque quando você faz escolhas está dizendo sim pra alguém e não pra outro alguém... talvez por conta da missão dela. Aí vai abrindo, vai abrindo e não para nunca, e você com isso tem certa dificuldade de priorizar [...] (Entrevistado 6 – informação verbal)

[...] mobilizamos um congresso que pela primeira vez procurou formular um planejamento para a fundação para um período mais longo, por um longo prazo fazer esta formulação significa dizer que estamos assumindo compromissos de grande envergadura, e que possuem prazo de maturação a uma distância maior em relação do tempo nosso do dia de já [...] (Entrevistado 5 – informação verbal)

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106

3.8 Considerações finais da análise de conteúdo das entrevistas

Na análise dos dados, percebe-se a repetição das palavras-chave em diferentes

categorias, conforme citado pelos entrevistados, o que demonstra a integração

sobre os temas, por isso, os aspectos citados foram agrupados de acordo com a

similaridade do tema pesquisado. Algumas repetições referem-se a aspectos

identificados como necessários e pouco desenvolvidos, como a formalização de

processos, de planos, controles e avaliações de resultados, e o Gespública,

enquanto instrumento de gestão, propõe uma identificação pormenorizada de cada

elemento não percebido por parte da organização e que pode necessitar de ações

de melhorias e de acordo com a expectativa deste.

Os aspectos bem desenvolvidos são o papel da alta administração no que diz

respeito ao comprometimento e responsabilidades acerca de suas demandas

institucionais, na qualificação de pessoas, ao atendimento de seus compromissos

legais e de integração.

Cabe salientar que Integração, Inovação, Gestão Baseada em Processos, Controle

Social e Gestão Participativa foram aspectos citados por todos os entrevistados nas

diferentes questões, o que demonstra a percepção dos entrevistados acerca dos

Fundamentos da Excelência em Gestão Pública, em que a integração se volta da

visão ou pensamento sistêmico, fator preponderante nos critérios de excelência, já

que esta vislumbra a organização e como seus processos de trabalho são

realizados, a inovação da gestão e de seus processos, a gestão baseada em

processos como um agente de transformação da organização, o controle social com

canais voltados, como a Ouvidoria para a participação pública dos cidadãos e a

gestão participativa como em seus processos, valorizando instâncias representativas

e permanentes de consulta e participação dos trabalhadores e da sociedade.

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107

4 Conclusão

O objetivo da pesquisa foi identificar e analisar os resultados da aplicação do Modelo

de Excelência na gestão Pública (MEGP) na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),

conforme o Programa Nacional de Gestão Pública (GESPÚBLICA) do MPOG, vis a

vis às diretrizes organizacionais. Esta Fundação, com mais de um século desde sua

criação, hoje é uma destacada e premiada instituição de ciência e tecnologia em

saúde, cuja missão, conforme destaca seu relatório final do VI Congresso Interno,

agrega ensino, pesquisa e produção voltados para o fortalecimento e a consolidação

do Sistema Único de Saúde (SUS). Seus valores centrais definem o cidadão-usuário

em todas as suas manifestações como seu maior cliente, já que a defesa do direito à

saúde e da cidadania ampla são suas premissas fundamentais.

Ao se analisar os aspectos relacionados à aplicação do Modelo de Excelência em

Gestão Pública (MPEG), buscou-se verificar como se dá o encaminhamento para a

consolidação de um processo mais sólido voltado para o aprimoramento e melhoria

contínua e qual o nível de adequação para que este se institucionalize.

A pesquisa buscou identificar na Administração Pública Brasileira quais aspectos

são importantes em sua evolução, bem como o percurso escolhido até o advento da

administração pública gerencial voltada para resultados, em que o cumprimento dos

princípios constitucionais legalidade, eficiência, publicidade, impessoalidade e

moralidade são elementos que alicerçam e que devem ser internalizados na cultura

das organizações públicas.

Uma clareza e eficiência acerca de suas ações perante a sociedade é crescente, já

que os governos são pressionados a prestar um serviço público de maior qualidade

com a busca de instrumentos que melhorem o desempenho das organizações para

a obtenção de melhores resultados e satisfação dos cidadãos, hoje chamados

clientes. Nos anos 1990, foram implantadas as reformas de estado e a reforma da

administração pública, segundo Bresser Pereira (2008), “além de reorganizar o

aparelho do estado e fortalecer seu núcleo estratégico, a reforma também deveria

transformar o modelo da administração pública, transformando a cultura burocrática

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em cultura gerencial disseminando novas práticas gerenciais”. Assim, a mudança

comportamental da Administração Pública é premente para sua modernização e a

obtenção de um relacionamento entre os cidadãos usuários e o Estado.

Qualquer estratégia de implementação de um processo de modernização da gestão

deve levar em conta o convencimento e comprometimento dos funcionários públicos

e da população. Os primeiros por apresentarem resistências às mudanças, se não

apresentados corretamente às novas regras, e a população deve estar convencida

de que a administração pública deve estar a serviços dos cidadãos, assegurando a

qualidade ao eliminar os excessos burocráticos que comprometem a agilidade dos

serviços prestados a sociedade.

A gestão pública deve ser ética, participativa, transparente, com controle social e

orientado para o cidadão com o objetivo de se obter a eficiência. Assim, faz-se

necessária uma ampla transformação nas práticas gerenciais, de forma a

aperfeiçoar o desempenho das organizações públicas, para atender melhor às

necessidades de todos os interessados.

Ao passar de uma administração burocrática para uma administração gerencial,

enormes desafios são apontados e uma nova dinâmica surge no setor público cujo

ponto forte é a responsabilização pelo cumprimento das regras e legislações e como

pela obtenção de resultados. Assim, a avaliação de desempenho é uma ferramenta

de legitimação e racionalização da gestão de modo a se ter um acompanhamento e

avaliação pela sociedade .

Dentro desse caminho, foi elaborado pelo MPOG o Programa Nacional de Gestão

Pública e desburocratização, com o objetivo de contribuir para a melhoria da

qualidade da gestão pública, visando contribuir para a melhoria da qualidade de vida

do cidadão, instrumentalizando sua gestão por meio da autoavaliação, de modo a

assegurar a obtenção de lucros sociais, decorrentes de bons produtos e serviços. A

necessidade de desenvolvimento de um modelo de gestão aplicado às organizações

públicas partiu da premissa de que é preciso ser excelente sem ser público, também

se percebe que este modelo de excelência surge a partir da evolução do tema

gestão da qualidade.

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109

A pesquisa identificou que o conceito proposto pelo Gespública define-se pela

concepção de mudança esta como um hábito, já que pressupõe a transformação

das pessoas e instituições. Independentemente da mudança organizacional que se

queira fazer, para garantir bons resultados, é essencial considerar o papel dos

agentes na condição de facilitadores ou de destinatários ou objeto desta mudança.

Faz-se necessário que estes agentes (pessoas) cumpram as leis e as normas e se

apropriem de novos valores, tornando reais as instituições idealizadas, e procedam

em conformidade com as novas práticas estabelecidas. O envolvimento das pessoas

deve ser realizado antes de se concluir a formulação da mudança e seu propósito.

A qualidade na gestão pública é fator preponderante e é ratificada somente se os

elementos que compõem as organizações atuarem de forma participativa, integrada

e harmônica. Nesse processo, é imprescindível o envolvimento de todos de forma a

viabilizar o alcance de objetivos comuns e para obter cooperação das pessoas que

integram esta organização. Cabe ressaltar que o comprometimento constitui fator de

grande relevância e que para ser ratificado deve estar presente em elementos da

cultura organizacional, como compartilhamento de informações, ambiente propício a

criatividade, liderança e clima organizacional favorável a mudanças.

Ao se questionar no estudo o porquê da adesão ao Gespública,verificou-se que a

excelência dirigida ao cidadão é fator intrínseco e preponderante para o alcance de

metas estabelecidas. Na organização, o programa foi adotado de forma voluntária, o

que é considerado vital para o seu êxito. Verificou-se que os fundamentos da gestão

pública, elencados na figura 4 deste estudo com suas conceituações, confrontados

com a análise de conteúdos de entrevistas, representam fatores importantes para

verificação de gestão de uma instituição pública que, aderindo ao programa, pode

desenvolvê-los de forma a alcançar todos os critérios de excelência preconizados

pelo MEPG na seção 2.5.3. Com base nas informações coletadas, responde-se aos

objetivos da pesquisa conforme relacionamos abaixo:

Que o programa já cumpre parcialmente seus objetivos, porque já que se

verificam melhorias decorrentes de sua implantação, porém, ele só poderá

cumprir seus objetivos quando as práticas de excelência forem introduzidas e

internalizadas na rotina e cultura e o foco em resultados for consolidado.

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110

Comprovou-se que os entrevistados têm as suas percepções sobre

qualidade, buscam resultados e desenvolvem atividades no sentido de

aprimorar suas práticas. Existem também ações que convergem e se alinham

nesta perspectiva e que estão sendo aperfeiçoadas e desenvolvidas

continuamente. Dentro deste contexto, visualizou-se, neste estudo de caso,

sob a perspectiva do Gespública, que o ator fundamental para seu sucesso é

a participação das lideranças da organização, institucionalizando-o de forma

que, no caso de troca das lideranças, não se percam os recursos necessários

para dar continuidade ao mesmo.

Verificou-se também nesta pesquisa a importância das pessoas enquanto

participantes do processo e de aspectos como comprometimento e

engajamento, quebrando as resistências, para que o MEPG seja incorporado

aos sistemas de gestão, criando um refinamento nos processos gerenciais,

tanto nas práticas de apoio como nas finalísticas.

No critério de autoavaliação relacionada a pessoas, o processo de melhoria

na prática das avaliações de desempenho, o mapeamento de competências e

a formação de gestores são destacados como resultado indicado no plano de

melhoria.

A carta de serviços, citada por entrevistados é instrumento fundamental para

expressar os compromissos, produtos e serviços e destaca-se como um

produto fundamental para assumir seus compromissos com a sociedade.

O processo de autoavaliação faz com que a organização, de acordo com os

valores preconizados pelo MEPG, receba uma pontuação consensuada entre

o grupo do comitê executivo do Gespública da Fiocruz e avaliadores externos

indicados pela rede nacional do Gespública/MPOG. Esta pontuação faz com

que a organização, a cada ciclo, se desafie para que seus resultados

alcancem um nível de gestão cada vez mais alto. Em contrapartida, esta

autoavaliação destaca as melhores práticas e as oportunidades de melhoria

gerando como resultado um plano de melhoria. Ela é um instrumento de

mudança, uma reflexão da organização com si mesma.

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111

A Gestão pela Qualidade na organização evidencia a dicotomia entre

qualidade da gestão e gestão pela qualidade, com implicações entre as

práticas gerenciais e finalísticas, aproximando-as para um melhor

desenvolvimento institucional. Assim, conforme demonstra a seção 2.3, o

engajamento da alta direção, somado à melhoria contínua de seus processos

gerenciais e finalísticos, tem por objetivo alcançar os melhores resultados no

atendimento aos seus cidadãos-usuários. O compromisso da alta direção

explicita-se em investimentos voltados para a cultura da excelência com suas

estratégias e planos formuladas a partir de um processo de avaliação

construído de forma participativa.

A pesquisa com usuários da instituição, no caso específico, secretarias

municipais e estaduais de saúde, citada por entrevistado clasiffica-se como

principal segmento de estreitar o relacionamento com este grupo.

O ponto de partida desta pesquisa foi respondido, uma vez que a instituição está

alinhada à sua missão e aos seus valores com a gestão de excelência, com

aspectos relevantes como a liderança que avança, desenvolvendo práticas de

gestão participativa e democrática, que deliberam sobre as estratégias institucionais,

em um comportamento emergente, horizontalizado, dos menores níveis da

organização até os de maior complexidade, possuindo valores e plano estratégico

alinhados ao Gespública, com a indicação de ferramentas de qualidade ou

excelência que direcionam de forma efetiva a instituição para seus propósitos

estratégicos, fato corroborado na análise das entrevistas.

Em contrapartida, na análise das entrevistas, aspectos pouco desenvolvidos são

destacados:

A necessidade de formulação de processos, de planos, de controle e

avaliações de resultados e consequente padronização. Assim, sob a

perspectiva do MEPG, estes aspectos são pormenorizados para posteriores

ações práticas de melhorias.

A priorização de sistemas e pactuação de metas para a sensibilização do

corpo de servidores e colaboradores.

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112

A cultura burocrática é identificada como uma barreira na adesão ao

programa corporativamente, pois a instituição possui unidades autônomas

com desenvolvimento maior ou menor em detrimento da outra, dificultando a

integração dos processos de gestão.

O feedback em relação ao Plano de Melhoria com o objetivo de se ter

iniciativas uniformizadas para se de se mapear os processos e criar

oportunidades de melhoria.

Por fim, observa-se que o modelo de excelência estudado se torna um importante

instrumento para as organizações públicas que desejem qualificar seus serviços,

não sendo um pré-requisito o alinhamento com o modelo, como se verificou neste

estudo, pois que as organizações podem se adaptar de acordo com seu escopo e

especificidades. Os ciclos de autoavaliação constituem um condicionante inicial para

posterior desenvolvimento de práticas e melhorias contínuas.

Recomendações podem ser destacadas com base nesta pesquisa:

1. Estudar a relação entre a adoção deste programa de gestão e o aumento da

eficiência da organização na qualidade dos serviços prestados à sociedade,

de forma corporativa.

2. A capacitação de agentes disseminadores de conhecimento relacionados ao

programa deve atingir o nível tático da organização.

3. Dada a amplitude de atuação da organização, faz-se necessário criar

mecanismos que potencializem e integrem os resultados de sua prática de

gestão.

4. A ferramenta “Carta de Serviços”, proposta pelo Gespública, que expressa os

principais compromissos da instituição no atendimento a seus serviços e

facilitador no acesso a serviços e produtos, deve ser ampliada e revisada, de

acordo com os entrevistados, buscando a participação de toda a comunidade

da instituição.

Como agenda para futuras pesquisas, sugere-se uma ampliação desta análise

confrontando instituições com sucesso que receberam premiações do MPOG, para

estabelecer uma relação entre a adoção deste programa e o aumento da eficiência

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113

das organizações da Administração Pública na qualidade dos serviços prestados à

sociedade com o objetivo de aprimorar a gestão pública no país.

A outra se refere a identificar as resistências culturais existentes às que adotaram o

Programa Gespública, verificando o cumprimento dos objetivos e identificando as

possíveis medidas para seu aprimoramento, de modo a institucionalizar a gestão de

forma disseminada a outras instituições públicas do país.

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122

APÊNDICE 1

ROTEIRO DE ENTREVISTAS

Este questionário foi construído a partir do Modelo de Excelência em

Gestão Pública. Nossa intenção é identificar aspectos relacionados a este

modelo na organização, identificar e analisar quais os resultados da

implantação do Programa Nacional de Gestão Pública (GESPÚBLICA) na

Fundação Oswaldo Cruz e seu reflexo na melhoria da gestão.

1. Nome do entrevistado:

2. Cargo:

1) O que levou a adesão ao Gespública?

2) Quais foram as resistências, barreiras e dificuldades na implantação do

programa?

3) Quais os impactos de implantação do Gespública na organização?

4) Os requisitos do Modelo de Excelência em Gestão e os instrumentos de

gestão preconizados pelo Gespública são adequados e compatíveis com

os modelos de gestão da Fiocruz?

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123

5) Como a Fiocruz estimula e cria um comprometimento de todos com a

cultura de excelência na instituição? Destaque as principais ações.

6) Dentro das 04 categorias de indicadores de avaliação da gestão Pública

(eficiência, eficácia, excelência e economicidade), destaque quais

possuíram avanços e quais são estes? Há uma estratégia traçada para

ampliar ou manter estes padrões?

7) Como são identificadas e avaliadas as principais práticas de gestão,

seguindo as dimensões de excelência, e como é formulado o

planejamento da melhoria da gestão?

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124

ANEXO 1

DECRETO Nº 4.725, DE 9 DE JUNHO DE 2003.

Aprova o Estatuto e o Quadro

Demonstrativo dos Cargos em Comissão

e das Funções Gratificadas da Fundação

Oswaldo Cruz - FIOCRUZ, e dá outras

providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art.

84, incisos IV e VI, alínea "a" da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 50

da Lei n° 10.683 de 28 de maio de 2003,

DECRETA:

Art. 1º Ficam aprovados o Estatuto e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em

Comissão e das Funções Gratificadas da Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ, na

forma dos Anexos I e II a este Decreto.

Art. 2º Em decorrência do disposto no art. 1º, ficam remanejados, na forma do

Anexo III a este Decreto, os seguintes cargos em comissão do Grupo-Direção e

Assessoramento Superiores – DAS e Funções Gratificadas – FG:

I - da FIOCRUZ para a Secretaria de Gestão, do Ministério do Planejamento,

Orçamento e Gestão: um DAS 101.4; dez DAS 102.1; oito FG-1; cinco FG-2; e vinte

e quatro FG-3; e

II - da Secretaria de Gestão, do Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão, para a FIOCRUZ: oito DAS 101.1.

Art. 3º Os apostilamentos decorrentes da aprovação do Estatuto de que trata o

art. 1º deverão ocorrer no prazo de vinte dias, contado da data de publicação deste

Decreto.

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125

Parágrafo único. Após os apostilamentos previstos no caput, o Presidente da

FIOCRUZ fará publicar, no Diário Oficial da União, no prazo de trinta dias, contado

da data de publicação deste Decreto, relação nominal dos titulares dos cargos em

comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, a que se refere o

Anexo II, indicando, inclusive, o número de cargos vagos, sua denominação e

respectivo nível.

Art. 4º O regimento interno da FIOCRUZ será aprovado pelo Ministro de

Estado da Saúde e publicado no Diário Oficial da União, no prazo de noventa dias,

contado da data de publicação deste Decreto.

Art. 5º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 6º Ficam revogados os Decretos n° 77.481, de 23 de abril de 1976, 84.775,

de 9 de junho de 1980, e o Anexo LXXIII ao Decreto nº 1.351, de 28 de dezembro de

1994.

Brasília, 9 de junho de 2003; 182º da Independência e 115º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Humberto Sérgio Costa Lima

Guido Mantega

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 10.6.2003

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126

ANEXO 2

ESTATUTO DA

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ - FIOCRUZ

CAPÍTULO I

DA NATUREZA, SEDE E FINALIDADE

Art. 1º A Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ, criada pelo Decreto nº 66.624,

de 22 de maio de 1970, dotada de personalidade jurídica de direito público,

vinculada ao Ministério da Saúde, com sede na cidade do Rio de Janeiro, com prazo

de duração indeterminado, tem por finalidade desenvolver atividades no campo da

saúde, da educação e do desenvolvimento científico e tecnológico, devendo, em

especial:

I - participar da formulação e da execução da Política Nacional de Saúde, da

Política Nacional de Ciência e Tecnologia e da Política Nacional de Educação, as

duas últimas na área da saúde;

II - promover e realizar pesquisas básicas e aplicadas para as finalidades a que

se refere o caput, assim como propor critérios e mecanismos para o

desenvolvimento das atividades de pesquisa e tecnologia para a saúde;

III - formar e capacitar recursos humanos para a saúde e ciência e tecnologia;

IV - desenvolver tecnologias de produção, produtos e processos e outras

tecnologias de interesse para a saúde;

V - desenvolver atividades de referência para a vigilância e o controle da

qualidade em saúde;

VI - fabricar produtos biológicos, profiláticos, medicamentos, fármacos e outros

produtos de interesse para a saúde;

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VIl - desenvolver atividades assistenciais de referência, em apoio ao Sistema

Único de Saúde, ao desenvolvimento científico e tecnológico e aos projetos de

pesquisa;

VIII - desenvolver atividades de produção, captação e armazenamento, análise

e difusão da informação para a Saúde, Ciência e Tecnologia;

IX - desenvolver atividades de prestação de serviços e cooperação técnica no

campo da saúde, ciência e tecnologia;

X - preservar, valorizar e divulgar o patrimônio histórico, cultural e científico da

FIOCRUZ e contribuir para a preservação da memória da saúde e das ciências

biomédicas; e

XI - promover atividades de pesquisa, ensino, desenvolvimento tecnológico e

cooperação técnica voltada para preservação do meio ambiente e da biodiversidade.

Art. 2º Para a consecução de sua finalidade, a FIOCRUZ poderá:

I - celebrar convênios, contratos, acordos e ajustes com entidades nacionais,

estrangeiras e internacionais, públicas, filantrópicas ou privadas;

II - propor a constituição ou a participação em sociedades civis e empresas; e

III - estabelecer relações de parceria com entidades públicas e privadas, desde

que evidenciados o interesse e objetivos comuns.

CAPÍTULO II

DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

Art. 3º A FIOCRUZ tem a seguinte estrutura organizacional:

I - órgãos colegiados:

a) Conselho Superior;

b) Congresso Interno; e

c) Conselho Deliberativo;

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128

II - órgãos de assistência direta e imediata ao Presidente:

a) Gabinete;

b) Diretoria Regional de Brasília; e

c) Procuradoria Federal;

III - órgão seccional: Auditoria Interna;

IV - unidades técnico-administrativas:

a) Diretoria de Planejamento Estratégico;

b) Diretoria de Administração

c) Diretoria de Recursos Humanos; e

d) Diretoria de Administração do Campus;

V - unidades técnicas de apoio:

a) Centro de Criação de Animais de Laboratório; e

b) Centro de Informações Científicas e Tecnológicas;

VI - unidades técnico-científicas:

a) Instituto Oswaldo Cruz;

b) Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães;

c) Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz;

d) Centro de Pesquisa Renê Rachou;

e) Centro de Pesquisa Leônidas e Maria Deane;

f) Casa de Oswaldo Cruz;

g) Escola Nacional de Saúde Pública;

h) Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio;

i) Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos de Manguinhos;

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129

j) Instituto de Tecnologia em Fármacos de Manguinhos;

l) Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde;

m) Instituto Fernandes Figueira; e

n) Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas.

m) Instituto Fernando Figueira; (Redação dada pelo Decreto nº 6.860, de 2009)

n) Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas; e (Redação dada pelo Decreto

nº 6.860, de 2009)

o) Centro de Referência Professor Hélio Fraga. (Incluído pelo Decreto nº 6.860,

de 2009) (Revogado pelo Decreto nº 7.171, de 2010)

CAPÍTULO III

Da Nomeação

Art. 4º O Presidente e os Vice-Presidentes serão nomeados pelo Presidente da

República, mediante indicação do Ministro de Estado da Saúde, sendo o primeiro

escolhido em lista tríplice, indicada pela comunidade de servidores da FIOCRUZ, de

acordo com o regimento interno da FIOCRUZ.

§ 1º O mandato do Presidente da FIOCRUZ será de quatro anos, admitida sua

recondução por um período consecutivo, na forma deste Estatuto, em consonância

com o § 2º do art. 207 da Constituição.

§ 2º Os Vice-Presidentes serão indicados pelo Presidente da FIOCRUZ ao

Ministro de Estado da Saúde, após homologação do Conselho Deliberativo.

§ 3º O Procurador-Chefe será nomeado por indicação do Advogado-Geral da

União.

§ 4º A nomeação e a exoneração do Auditor-Chefe serão submetidas, pelo

Presidente da FIOCRUZ, à aprovação da Controladoria Geral da União.

§ 5º Os demais cargos em comissão e funções gratificadas serão indicados de

acordo com o regimento interno da FIOCRUZ e nomeados em consonância com as

normas da legislação vigente.

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CAPÍTULO IV

DA COMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS

Seção I

Dos Órgãos Colegiados

Art. 5º Ao Conselho Superior, como órgão de controle social e composto por

representantes da sociedade civil, compete:

I - apreciar o Plano de Desenvolvimento Estratégico e de Objetivos e Metas,

proposto pelo Conselho Deliberativo, sugerir modificações àquele Conselho e emitir

parecer final ao Ministério da Saúde;

II - recomendar a adoção das providências que julgar convenientes, com vistas

a adequação das atividades técnicas e científicas da FIOCRUZ para consecução

dos seus objetivos;

III - acompanhar a execução dos Planos de Objetivos e Metas e avaliar os

resultados, emitindo parecer ao Ministério da Saúde, contemplando eventuais

sanções aos dirigentes da FIOCRUZ no caso de descumprimento não justificado das

diretrizes políticas e dos objetivos e metas propostas; e

IV - propor o afastamento do Presidente da FIOCRUZ pelo não cumprimento

das diretrizes político-institucionais emanadas do Congresso Interno e do Conselho

Deliberativo, por insuficiência de desempenho ou falta grave ao Estatuto da

FIOCRUZ ou ao Código de Ética do servidor.

Parágrafo único. Os critérios para composição e funcionamento do Conselho

Superior serão determinados no regimento interno da FIOCRUZ.

Art. 6º Ao Congresso Interno, órgão máximo de representação da comunidade

da FIOCRUZ, compete:

I - deliberar sobre assuntos estratégicos referentes ao macroprojeto

institucional da FIOCRUZ;

II - deliberar sobre regimento interno e propostas de alteração do Estatuto da

FIOCRUZ; e

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III - apreciar matérias que sejam de importância estratégica para os rumos da

FIOCRUZ.

Parágrafo único. O Congresso Interno será presidido pelo Presidente da

FIOCRUZ e os critérios para sua composição e funcionamento serão determinados

no regimento interno da FIOCRUZ.

Art. 7º Ao Conselho Deliberativo, composto pelo Presidente, Vice-Presidentes,

Chefe de Gabinete, por um representante da Associação dos Servidores e pelos

dirigentes máximos das unidades técnico-científicas, técnicas de apoio e técnico-

administrativas referidas no art. 3º deste Decreto, compete:

I - deliberar sobre:

a) a política de desenvolvimento institucional da FIOCRUZ;

b) a programação de atividades e a proposta orçamentária anual definidas no

Plano de Objetivos e Metas da Instituição;

c) a política de pessoal; e

d) a destituição de Diretor de Unidade por descumprimento das diretrizes

políticas e operacionais emanadas do Conselho Superior e do próprio Conselho

Deliberativo, por insuficiência de desempenho, por falta grave devidamente apurada

e comprovada ao projeto institucional, ao regimento interno e ao Estatuto da

FIOCRUZ ou ao Código de Ética do Servidor, garantindo-se amplo direito de defesa;

II - aprovar as normas de funcionamento e organização que constam do

regimento das unidades da FIOCRUZ;

III - acompanhar e avaliar o desempenho das Unidades Técnico-Científicas,

Técnico-Administrativas e Técnicas de Apoio e os programas desenvolvidos pela

FIOCRUZ;

IV - recomendar a adoção das providências que julgar convenientes, com vistas

a estruturação e ao funcionamento da FIOCRUZ;

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V - pronunciar-se sobre a celebração de convênios, contratos, acordos e

ajustes com entidades públicas, privadas, filantrópicas, nacionais, internacionais e

estrangeiras; e

VI - convocar novo processo para indicação do Presidente, no prazo de

noventa dias, em caso de impedimento definitivo.

Parágrafo único. O Conselho Deliberativo será presidido pelo Presidente da

FIOCRUZ e os critérios para seu funcionamento serão determinados no regimento

interno da Fundação.

Seção II

Dos Órgãos de Assistência Direta e Imediata ao Presidente

Art. 8º Ao Gabinete compete:

I - assistir ao Presidente em sua representação política e social;

II - articular-se com as demais áreas da FIOCRUZ; e

III - executar outras atividades que lhe forem cometidas pelo Presidente.

Art. 9º À Diretoria Regional de Brasília compete:

I - representar a FIOCRUZ, nas suas áreas de competência, junto aos órgãos e

instituições públicas do Poder Executivo e Legislativo e entidades privadas sediadas

em Brasília;

II - estabelecer parcerias com instituições de ensino, pesquisa e saúde,

articulando a rede de atuação da FIOCRUZ na Região Centro-Oeste do País;

III - prestar assessoria técnica nas áreas de expertise da FIOCRUZ, com

ênfase no desenvolvimento de políticas voltadas para a ciência, tecnologia e

informação em saúde;

IV - apoiar as ações de interiorização das atividades da FIOCRUZ na Região

Centro-Oeste;

V - divulgar os produtos e serviços da FIOCRUZ em âmbito local, regional e

nacional;

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VI - assistir ao Presidente e demais autoridades da FIOCRUZ em Brasília; e

VII - prestar suporte gerencial e administrativo de interesse da FIOCRUZ.

Art. 10. À Procuradoria Federal, na qualidade de órgão executor da

Procuradoria-Geral Federal, compete:

I - exercer atividades de consultoria e assessoramento jurídico no âmbito da

FIOCRUZ, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 11 da Lei Complementar

nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e

II - apurar a liquidez e a certeza dos créditos, de qualquer natureza, inerentes

às atividades da FIOCRUZ, inscrevendo-os em dívida ativa para fins de cobrança

amigável ou judicial.

Seção III

Do Órgão Seccional

Art. 11. À Auditoria Interna compete:

I - acompanhar e fiscalizar a gestão das políticas públicas a cargo da

FIOCRUZ;

II - verificar a legalidade e avaliar os resultados da gestão orçamentária,

financeira e patrimonial da FIOCRUZ;

III - atuar de forma preventiva, de modo a minimizar ou erradicar o cometimento

de falhas e impropriedades na gestão da FIOCRUZ; e

IV - representar a FIOCRUZ junto aos órgãos de controle externo, bem como

cooperar com eles no exercício de sua missão institucional.

Seção IV

Das Unidades Técnico-Administrativas

Art. 12. À Diretoria de Planejamento Estratégico compete planejar, coordenar,

supervisionar e executar as ações inerentes às atividades de planejamento e de

elaboração da proposta orçamentária, bem como:

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I - coordenar ações nas áreas de desenvolvimento institucional e modernização

administrativa;

II - promover e acompanhar a articulação interinstitucional da FIOCRUZ,

envolvendo a cooperação técnica e financeira;

III - elaborar a programação física e orçamentária das atividades, acompanhar

e avaliar sua execução; e

IV - realizar estudos no campo da gestão estratégica e fornecer subsídio ao

processo decisório da FIOCRUZ.

Art. 13. À Diretoria de Administração, unidade integrante dos Sistemas de

Serviços Gerais - SISG, de Administração Financeira Federal e de Contabilidade

Federal, compete planejar, coordenar, supervisionar e executar as atividades

relativas a:

I - operações comerciais nacionais e internacionais;

II - gestão econômica, financeira, contábil e dos bens móveis;

III - informações gerenciais na área administrativa; e

IV - suporte administrativo às unidades da FIOCRUZ.

Art. 14. À Diretoria de Recursos Humanos, unidade técnico-administrativa

integrante do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal – SIPEC, compete

planejar, coordenar, supervisionar e executar as atividades relativas a:

I - política de recrutamento, seleção, treinamento e avaliação de desempenho

dos recursos humanos da Fiocruz;

II - política de desenvolvimento de recursos humanos da FIOCRUZ;

III - desenvolvimento de atividades inerentes à classificação de cargos e

salários, benefícios, pagamento e controle de pessoal da FIOCRUZ;

IV - política de atenção à saúde do trabalhador da FIOCRUZ e das suas

condições de trabalho; e

V - informações gerenciais na área de recursos humanos da FIOCRUZ.

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Art. 15. À Diretoria de Administração do Campus compete planejar, coordenar,

supervisionar e executar atividades relativas a:

I - obras e reformas da FIOCRUZ;

II - manutenção preventiva e corretiva de equipamentos;

III - funcionamento da infraestrutura da FIOCRUZ; e

IV - prestação de serviços de apoio operacional.

Seção V

Das Unidades Técnicas de Apoio

Art. 16. Ao Centro de Criação de Animais de Laboratório compete planejar,

coordenar, supervisionar e executar atividades relativas a:

I - criação, produção e controle de qualidade de animais de laboratório em

apoio às atividades finalísticas da FIOCRUZ;

II - capacitação de recursos humanos em suas áreas de competência para o

sistema de saúde e de ciência e tecnologia do País;

III - desenvolvimento de pesquisas no campo da biotecnologia aplicada a

animais de laboratório; e

IV - assessoria técnica às instituições com atuação na área do bioterismo.

Art. 17. Ao Centro de Informações Científicas e Tecnológicas compete

planejar, coordenar, supervisionar e executar atividades relativas a:

I - promoção e desenvolvimento de atividades de coleta, tratamento, análise,

disseminação e preservação da informação científica e tecnológica em saúde;

II - desenvolvimento de sistemas integrados de informação em sua área de

competência;

III - desenvolvimento de estudos e pesquisas e capacitação de profissionais em

suas áreas de competência para o sistema de saúde e de ciência e tecnologia do

País; e

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IV - assessoria técnica às instâncias do Sistema Único de Saúde e demais

instituições que atuam na área de informação e comunicação em saúde.

Seção VI

Das Unidades Técnico-Científicas

Art. 18. Ao Instituto Oswaldo Cruz compete planejar, coordenar, supervisionar

e executar atividades no campo das doenças infecciosas e parasitárias, entre outras,

relativas a:

I - realização de pesquisas científicas nas áreas biológica, biomédica, de

medicina tropical e de saúde pública, bem como em outras áreas correlatas;

II - desenvolvimento do ensino e formação de recursos humanos em suas

áreas de competência para o sistema de saúde e de ciência e tecnologia do País;

III - manutenção da frequência do periódico Memórias do Instituto Oswaldo

Cruz, com vistas à publicação de artigos científicos de nível internacional;

IV - apoio técnico de referência aos laboratórios de saúde pública; e

V - assessoria técnico-científica ao Sistema Único de Saúde e colaboração com

organizações nacionais e internacionais em sua área de atuação.

Art. 19. Ao Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães compete planejar,

coordenar, supervisionar e executar atividades no campo da filariose, da peste

bubônica, cólera, epidemiologia ambiental, controle biológico de vetores, sistemas

de informação georeferenciados, entre outras, relativas a:

I - realização de pesquisas científicas nas áreas biológica, biomédica, de

doenças infecciosas e parasitárias, de medicina tropical e de saúde pública, bem

como em outras áreas correlatas;

II - desenvolvimento do ensino e formação de recursos humanos em suas

áreas de competência para o sistema de saúde e de ciência e tecnologia do País;

III - desenvolvimento de atividades para a melhoria da situação sócio-sanitária

regional;

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IV - apoio técnico de referência aos laboratórios de saúde pública; e

V - assessoria técnico-científica ao Sistema Único de Saúde e colaboração com

organizações nacionais e internacionais em sua área de atuação.

Art. 20. Ao Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz compete planejar, coordenar,

supervisionar e executar atividades no campo da epidemiologia molecular,

imunopatologia, protozoários, retrovírus, doenças bacterianas e virais, anemia

falciforme, câncer de colo do útero, mama e próstata, entre outras, relativas a:

I - realização de pesquisas científicas nas áreas biológica, biomédica, de

doenças infecciosas e parasitárias, de medicina tropical e de saúde pública, bem

como em outras áreas correlatas;

II - desenvolvimento do ensino e formação de recursos humanos em suas

áreas de competência para o sistema de saúde e de ciência e tecnologia do País;

III - desenvolvimento de atividades para a melhoria da situação sócio-sanitária

regional;

IV - apoio técnico de referência aos laboratórios de saúde pública; e

V - assessoria técnico-científica ao Sistema Único de Saúde e colaboração com

organizações nacionais e internacionais em sua área de atuação.

Art. 21. Ao Centro de Pesquisa Renê Rachou compete planejar, coordenar,

supervisionar e executar atividades no campo da esquistossomose, doença de

chagas, leishmaniose, malária, helmintoses intestinais, doenças crônico-

degenerativas, entre outras, relativas a:

I - realização de pesquisas científicas nas áreas biológica, biomédica, de

doenças infecciosas e parasitárias, de medicina tropical e de saúde pública, bem

como em outras áreas correlatas;

II - desenvolvimento do ensino e formação de recursos humanos em suas

áreas de competência para o sistema de saúde e de ciência e tecnologia do País;

III - desenvolvimento de atividades para a melhoria da situação sócio-sanitária

regional;

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IV - apoio técnico de referência aos laboratórios de saúde pública; e

V - assessoria técnico-científica ao Sistema Único de Saúde e colaboração com

organizações nacionais e internacionais em sua área de atuação.

Art. 22. Ao Centro de Pesquisa Leônidas e Maria Deane compete planejar,

coordenar, supervisionar e executar atividades no campo da sócio e biodiversidade

da região amazônica, entre outras, relativas a:

I - realização de pesquisas científicas nas áreas da medicina tropical, da

biologia pura e aplicada, da saúde pública e da sócio e biodiversidade, bem como

em outras ciências correlatas;

II - desenvolvimento do ensino e formação de recursos humanos em suas

áreas de competência para o sistema de saúde e de ciência e tecnologia do País;

III - desenvolvimento de atividades para a melhoria da situação sócio-sanitária

regional;

IV - apoio técnico de referência aos laboratórios de saúde pública; e

V - assessoria técnico-científica ao Sistema Único de Saúde e colaboração com

organizações nacionais e internacionais em sua área de atuação.

Art. 23. À Casa de Oswaldo Cruz compete planejar, coordenar, supervisionar e

executar atividades relativas a:

I - preservação e valorização da memória das ciências biomédicas e da saúde

pública e do patrimônio arquitetônico da FIOCRUZ;

II - desenvolvimento de estudos e pesquisas relacionados à história da saúde,

da ciência e da tecnologia, assim como a outros campos correlatos;

III - divulgação e educação em ciência, tecnologia e saúde;

IV - sistematização e disseminação de informações relativas a sua área de

atuação; e

V - ensino e capacitação profissional em suas áreas de competência para o

sistema de saúde e de ciência e tecnologia do País.

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Art. 24. À Escola Nacional de Saúde Pública compete planejar, coordenar,

supervisionar e executar atividades relativas a:

I - capacitação de recursos humanos e ensino nas áreas de saúde coletiva,

ciências biológicas, serviços e gestão em saúde, bem como em outras áreas

correlatas do campo da saúde, em suporte às necessidades do Sistema Único de

Saúde e de ciência e tecnologia do País;

II - realização de pesquisas científicas e tecnológicas nas suas áreas de

atuação;

I - capacitação de recursos humanos e ensino nas áreas de saúde coletiva,

ciências biológicas, serviços e gestão em saúde, vigilância, prevenção e controle da

tuberculose e de outras pneumopatias de interesse em saúde pública, bem como em

outras áreas correlatas do campo da saúde, em suporte às necessidades do

Sistema Único de Saúde e de ciência e tecnologia do País; (Redação dada pelo

Decreto nº 7.171, de 2010)

II - realização de estudos e pesquisas científicas e tecnológicas nas suas áreas

de atuação; (Redação dada pelo Decreto nº 7.171, de 2010)

III - prestação de serviços assistenciais especializados, apoiando o Sistema

Único de Saúde em sua área programática; e

IV - assessoria técnica ao Sistema Único de Saúde e às instituições com

atuação na área de saúde.

V - atuação, por meio do Centro de Referência Hélio Fraga, como laboratório

de referência nacional de apoio ao diagnóstico e controle da tuberculose; (Incluído

pelo Decreto nº 7.171, de 2010)

VI - coordenação, por meio do Centro de Referência Hélio Fraga, da produção

e do fornecimento de insumos biológicos para o diagnóstico laboratorial em apoio às

demandas da Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública, em sua área de

competência; e (Incluído pelo Decreto nº 7.171, de 2010)

VII - disseminação da produção do conhecimento técnico e

científico para subsidiar as ações de vigilância em saúde. (Incluído

pelo Decreto nº 7.171, de 2010)

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Art. 25. À Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio compete planejar,

coordenar, supervisionar e executar atividades relativas a:

I - capacitação de recursos humanos e ensino em nível técnico e

profissionalizante nas áreas de saúde e de ciência e tecnologia, em suporte às

necessidades do Sistema Único de Saúde;

II - realização de pesquisas científicas e tecnológicas nas áreas de educação e

de saúde; e

III - assessoria técnica ao Sistema Único de Saúde e às instituições com

atuação na área de saúde.

Art. 26. Ao Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos de Manguinhos

compete planejar, coordenar, supervisionar e executar atividades relativas a:

I - produção de imunobiológicos, reativos para diagnóstico e outros produtos

correlatos, necessários para atender às necessidades de saúde do País,

especialmente às do Sistema Único de Saúde;

II - pesquisa, desenvolvimento, transferência e adaptação de tecnologias nas

áreas de imunobiológicos e reativos para diagnóstico de doenças infecciosas;

III - capacitação de profissionais em sua área de competência para o sistema

de saúde e de ciência e tecnologia do País; e

IV - assessoramento técnico a instituições públicas e privadas em sua área de

competência.

Art. 27. Ao Instituto de Tecnologia em Fármacos de Manguinhos compete

planejar, coordenar, supervisionar e executar atividades relativas a:

I - produção de medicamentos e outros insumos para atender aos programas

de saúde;

II - pesquisa, desenvolvimento, transferência e adaptação de tecnologias nas

áreas de fármacos, medicamentos e produtos naturais;

III - capacitação de profissionais em sua área de competência para o sistema

de saúde e de ciência e tecnologia do País;

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IV - assessoramento técnico a instituições públicas e privadas em sua área de

competência; e

V - promoção de ações regulatórias em parceria com o Ministério da Saúde.

Art. 28. Ao Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde compete

planejar, coordenar, supervisionar e executar atividades de:

I - controle da qualidade de produtos para consumo humano, compreendendo

alimentos, medicamentos, sangue e hemoderivados, imunobiológicos, cosméticos,

domissanitários, reativos para diagnóstico, equipamentos e artigos de saúde em

geral;

II - estabelecimento de normas e metodologias de controle da qualidade para a

rede de laboratórios do Sistema Único de Saúde;

III - capacitação de profissionais em sua área de competência para o sistema

de saúde e de ciência e tecnologia do País;

IV - promoção de ações regulatórias em parceria com o órgão de vigilância

sanitária; e

V - assessoria técnica, como unidade de referência, à rede nacional de

laboratórios de controle de qualidade em saúde.

Art. 29. Ao Instituto Fernandes Figueira compete planejar, coordenar,

supervisionar e executar atividades relativas a:

I - assistência de referência no âmbito da saúde da mulher, da criança e do

adolescente, apoiando o Sistema Único de Saúde;

II - desenvolvimento de pesquisas nas áreas da saúde da mulher, da criança e

do adolescente;

III - capacitação de recursos humanos e ensino em sua área de competência

para o sistema de saúde e de ciência e tecnologia do País;

IV - avaliação, desenvolvimento e validação de novas tecnologias e modelos

gerenciais de atenção à saúde; e

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V - assessoria técnica, como unidade de referência, ao Sistema Único de

Saúde e outras instituições afins.

Art. 30. Ao Centro de Pesquisa Clínica Evandro Chagas compete planejar,

coordenar, supervisionar e executar atividades de:

I - desenvolvimento de pesquisas clínicas no campo das doenças infecciosas;

II - assistência de referência em sua área de competência, apoiando o Sistema

Único de Saúde;

III - capacitação de recursos humanos e ensino em sua área de competência

para o sistema de saúde e de ciência e tecnologia do País;

IV - avaliação, desenvolvimento e validação de novas tecnologias e modelos

gerenciais de atenção à saúde; e

V - assessoria técnica, como unidade de referência, ao Sistema Único de

Saúde e outras instituições afins.

Art. 30-A. Ao Centro de Referência Professor Hélio Fraga compete: (Incluído

pelo Decreto nº 6.860, de 2009) (Revogado pelo Decreto nº 7.171, de 2010)

I - planejar, coordenar e executar atividades relativas a estudos, pesquisas,

capacitação e desenvolvimento de inovações tecnológicas nas áreas de vigilância,

prevenção e controle da tuberculose e de outras pneumopatias de interesse em

saúde pública; (Incluído pelo Decreto nº 6.860, de 2009) (Revogado pelo Decreto nº

7.171, de 2010)

II - realizar e apoiar estudos para identificar poluentes ambientais e fatores de

riscos relacionados ao sistema respiratório; (Incluído pelo Decreto nº 6.860, de

2009) (Revogado pelo Decreto nº 7.171, de 2010)

III - planejar e executar administrativamente todas as atividades necessárias ao

desenvolvimento técnico-científico institucional; (Incluído pelo Decreto nº 6.860, de

2009) (Revogado pelo Decreto nº 7.171, de 2010)

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IV - atuar como laboratório de referência nacional de apoio ao diagnóstico e

controle da tuberculose; (Incluído pelo Decreto nº 6.860, de 2009) (Revogado pelo

Decreto nº 7.171, de 2010)

V - disseminar a produção do conhecimento técnico e científico para subsidiar

as ações de vigilância em saúde; e (Incluído pelo Decreto nº 6.860, de 2009)

(Revogado pelo Decreto nº 7.171, de 2010)

VI - coordenar a produção e o fornecimento de insumos biológicos para o

diagnóstico laboratorial em apoio às demandas da Rede Nacional de Laboratórios

de Saúde Pública, em sua área de competência. (Incluído pelo Decreto nº 6.860, de

2009) (Revogado pelo Decreto nº 7.171, de 2010)

CAPÍTULO V

DAS ATRIBUIÇÕES DOS DIRIGENTES

Seção I

Do Presidente

Art. 31. Ao Presidente incumbe:

I - dirigir a FIOCRUZ, em conformidade com este Estatuto, coordenando a

formulação e a implementação das políticas institucionais, em consonância com as

diretrizes do Conselho Superior, do Congresso Interno e do Conselho Deliberativo;

II - representar a FIOCRUZ em juízo ou fora dele, podendo constituir

mandatários para este fim;

III - indicar os dirigentes das Unidades, na forma da legislação vigente;

IV - convocar e presidir o Conselho Deliberativo;

V - submeter o Plano de Objetivos e Metas à apreciação do Conselho Superior;

VI - submeter o orçamento ao Conselho Superior, após aprovação do Conselho

Deliberativo;

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VII - aprovar normas regulamentares e praticar os demais atos pertinentes à

estruturação e ao funcionamento da FIOCRUZ, ouvidos, no que couber, o Conselho

Deliberativo e o Conselho Superior, de acordo com a legislação vigente;

VIII - autorizar operações financeiras e o movimento de recursos, na forma da

legislação vigente;

IX - implementar a política de pessoal, segundo critérios fixados pelo Conselho

Deliberativo, de acordo com a legislação vigente;

X - celebrar convênios, contratos e acordos com entidades nacionais,

internacionais e estrangeiras, ouvido, no que couber, o Conselho Deliberativo;

XI - praticar todos os atos pertinentes à administração orçamentária, financeira,

contábil, de patrimônio, de material e de serviços gerais, na forma da legislação em

vigor, e determinar auditorias e verificações periódicas nessas áreas; e

XII - adotar outras medidas que lhe sejam atribuídas ou delegadas pela

legislação ou ato superior.

Parágrafo único. Os critérios para a substituição dos dirigentes da FIOCRUZ

serão indicados no seu regimento interno ou, no caso de omissão, designados pelo

seu Presidente, em consonância com as orientações do Conselho Deliberativo, e

assumirão, automática e cumulativamente, o exercício do cargo ou função de

direção nos afastamentos ou impedimentos legais ou regulamentares do titular e na

vacância do cargo.

Seção II

Dos Vice-Presidentes

Art. 32. Aos Vice-Presidentes incumbe:

I - representar o Presidente da FIOCRUZ ou, por designação deste, substituí-lo;

II - assessorar o Presidente na administração da FIOCRUZ; e

III - coordenar, implementar e avaliar programas horizontais de pesquisa,

desenvolvimento tecnológico, ensino, serviços, produção, informação em saúde e

desenvolvimento institucional.

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Seção III

Dos demais Dirigentes

Art. 33. Ao Chefe de Gabinete, ao Procurador-Chefe, ao Auditor-Chefe, aos

Diretores e aos demais dirigentes incumbe planejar, dirigir, coordenar e orientar a

execução das atividades das respectivas unidades e exercer outras atribuições que

lhes forem cometidas em suas áreas de competência.

CAPÍTULO VI

DO PATRIMÔNIO E DA RECEITA

Art. 34. O patrimônio da FIOCRUZ é constituído:

I - pelos bens móveis e imóveis adquiridos ou que vierem a ser adquiridos;

II - por doações, legados e auxílios, recebidos de pessoas físicas ou jurídicas,

de direito público ou privado, filantrópicos, nacionais, internacionais e estrangeiros; e

III - pelos demais bens e direitos que haja adquirido, produzido ou que venha a

produzir.

Art. 35. Constituem receitas da FIOCRUZ:

I - dotações consignadas no Orçamento Geral da União;

II - receitas provenientes da exploração econômica dos seus bens e serviços,

bem como de operações técnicas e financeiras que realizar;

III - receitas originárias de convênios, acordos, ajustes, contratos, doações,

legados e auxílios;

IV - saldo de cada exercício financeiro;

V - resultados obtidos com alienações patrimoniais; e

VI - outras receitas de qualquer natureza.

CAPÍTULO VII

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

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Art. 36. Em caso de extinção da FIOCRUZ, seus bens e direitos reverterão ao

patrimônio da União, devendo garantir-se a preservação do patrimônio histórico-

científico e cultural.

Art. 37. As normas de organização e funcionamento das unidades integrantes

da Estrutura Organizacional da FIOCRUZ serão estabelecidas em regimento interno,

homologado por seu Presidente, após apreciação do Conselho Deliberativo.

Art. 38. Os casos omissos e as dúvidas suscitadas na aplicação do presente

Estatuto serão dirimidos pelo Presidente da FIOCRUZ , ad referendum do Ministro

de Estado da Saúde.

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ANEXO 3

Legislação - DECRETO Nº 5.378 DE 23 DE FEVEREIRO DE 2005.

Institui o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização –

GESPÚBLICA – e o Comitê Gestor do Programa Nacional de Gestão Pública e

Desburocratização, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o

art. 84, inciso VI, alínea "a", da Constituição,

DECRETA:

Art. 1o Fica instituído o Programa Nacional de Gestão Pública e

Desburocratização – GESPÚBLICA, com a finalidade de contribuir para a melhoria

da qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos e para o aumento da

competitividade do País.

Art. 2o O GESPÚBLICA deverá contemplar a formulação e implementação de

medidas integradas em agenda de transformações da gestão, necessárias à

promoção dos resultados preconizados no plano plurianual, à consolidação da

administração pública profissional voltada ao interesse do cidadão e à aplicação de

instrumentos e abordagens gerenciais, que objetivem:

I - eliminar o déficit institucional, visando ao integral atendimento das

competências constitucionais do Poder Executivo Federal;

II - promover a governança, aumentando a capacidade de formulação,

implementação e avaliação das políticas públicas;

III - promover a eficiência, por meio de melhor aproveitamento dos recursos,

relativamente aos resultados da ação pública;

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IV - assegurar a eficácia e efetividade da ação governamental, promovendo a

adequação entre meios, ações, impactos e resultados; e

V - promover a gestão democrática, participativa, transparente e ética.

Art. 3o Para consecução do disposto nos arte. 1o e 2o, o GESPÚBLICA, por

meio do Comitê Gestor de que trata o art. 7o, deverá:

I - mobilizar os órgãos e entidades da administração pública para a melhoria

da gestão e para a desburocratização;

II - apoiar tecnicamente os órgãos e entidades da administração pública na

melhoria do atendimento ao cidadão e na simplificação de procedimentos e normas;

III - orientar e capacitar os órgãos e entidades da administração pública para

a implantação de ciclos contínuos de avaliação e de melhoria da gestão; e

IV - desenvolver modelo de excelência em gestão pública, fixando parâmetros

e critérios para a avaliação e melhoria da qualidade da gestão pública, da

capacidade de atendimento ao cidadão e da eficiência e eficácia dos atos da

administração pública federal.

Art. 4o Os critérios para avaliação da gestão de que trata este Decreto serão

estabelecidos em consonância com o modelo de excelência em gestão pública.

Art. 5o A participação dos órgãos e entidades da administração pública no

GESPÚBLICA dar-se-á mediante adesão ou convocação.

§ 1o Considera-se adesão para os efeitos deste Decreto o engajamento

voluntário do órgão ou entidade da administração pública no alcance da finalidade

do GESPÚBLICA, que, por meio da autoavaliação contínua, obtenha validação dos

resultados da sua gestão.

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§ 2o Considera-se convocação a assinatura por órgão ou entidade da

administração pública direta, autárquica ou fundacional, em decorrência da

legislação aplicável, de contrato de gestão ou desempenho, ou o engajamento no

GESPÚBLICA, por solicitação do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e

Gestão, em decorrência do exercício de competências vinculadas a programas

prioritários, definidos pelo Presidente da República.

Art. 6o Poderão participar, voluntariamente, das ações do GESPÚBLICA,

pessoas e organizações, públicas ou privadas.

Parágrafo único. A atuação voluntária das pessoas é considerada serviço

público relevante, não remunerado.

Art. 7o Fica instituído o Comitê Gestor do Programa Nacional de Gestão

Pública e Desburocratização, no âmbito do Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão, com o objetivo de formular o planejamento das ações do GESPÚBLICA,

bem como coordenar e avaliar a execução dessas ações.

Art. 8o O Comitê Gestor terá a seguinte composição:

I - um representante do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,

que o coordenará; e

II - um representante da Casa Civil da Presidência da República.

§ 1o O Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão indicará

quinze órgãos ou entidades da administração pública, com notório engajamento em

ações ligadas à qualidade da gestão e à desburocratização, cujos representantes

integrarão o Comitê Gestor.

§ 2o Os membros a que se referem o caput e o § 1o, titulares e suplentes,

serão indicados pelos dirigentes dos órgãos ou entidades representados e

designados pelo Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão.

§ 3o O mandato dos membros do Comitê Gestor será de dois anos, permitida

a recondução.

III - representantes de órgãos e entidades da administração pública, assim

como de entidades privadas com notório engajamento em ações ligadas à

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qualidade da gestão e à desburocratização, conforme estabelecido pelo Ministro

de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão. (Incluído pelo Decreto nº

6.944, de 2009).

§ 1o Os membros a que se referem o caput, titulares e suplentes, serão

indicados pelos dirigentes dos órgãos ou entidades representados e designados

pelo Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão. (Redação dada pelo

Decreto nº 6.944, de 2009).

§ 2o O mandato dos membros do Comitê Gestor será de dois anos, permitida

a recondução. (Redação dada pelo Decreto nº 6.944, de 2009).

Art. 9o Ao Comitê Gestor compete:

I - propor ao Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão o

planejamento estratégico do GESPÚBLICA;

II - articular-se para a identificação de mecanismos que possibilitem a

obtenção de recursos e demais meios para a execução das ações do GESPÚBLICA;

III - constituir comissões setoriais e regionais, com a finalidade de

descentralizar a gestão do GESPÚBLICA;

IV - monitorar, avaliar e divulgar os resultados do GESPÚBLICA;

V - certificar a validação dos resultados da autoavaliação dos órgãos e

entidades participantes do GESPÚBLICA; e

VI - reconhecer e premiar os órgãos e entidades da administração pública,

participantes do GESPÚBLICA, que demonstrem qualidade em gestão, medida

pelos resultados institucionais obtidos.

Art. 10. Ao Coordenador do Comitê Gestor compete:

I - cumprir e fazer cumprir este Decreto e as decisões do Colegiado;

II - constituir grupos de trabalho temáticos temporários;

III - convocar e coordenar as reuniões do Comitê; e

IV - exercer o voto de qualidade no caso de empate nas deliberações.

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Art. 11. A participação nas atividades do Comitê Gestor, das comissões e dos

grupos de trabalho será considerada serviço público relevante, não remunerado.

Art. 12. A Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão exercerá as funções de Secretaria-Executiva do Comitê Gestor.

Art. 13. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 14. Ficam revogados os Decretos nos 83.740, de 18 de julho de 1979, e

3.335, de 11 de janeiro de 2000.

Brasília, 23 de fevereiro de 2005; 184o da Independência e 117o da

República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

NELSON MACHADO

JOSÉ DIRCEU DE OLIVEIRA E SILVA