Berman Apresentação

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Aula anterior: Como o sujeito passou a ter ciência de si mesmo? liberdade de escolher e ser responsabilizado por seus atos. Descartes: o “eu” surge como algo “fora do mundo”, sem as limitações físicas proporcionando um “conhecimento objetivo do mundo” (mente: versão secularizada da alma, o homem é o seu pensamento). Razão....René Descartes propôs o dualismo das substâncias (que seriam uma entre duas coisas: res cogitans ou res extensa). Para ele o espírito e o corpo seriam nitidamente distintos. Espírito e matéria constituiriam dois mundos irredutíveis, assim não seriam nunca uma substância só, mas sempre duas substâncias distintas. Espírito seria do mundo do pensamento, da liberdade e da atividade; e matéria seria do mundo da extensão, do determinismo e da passividade. A “autonomia” seria a meta do “esforço ético” através da “razão. Pessoa com características autocontidos sem ter mediações (interiorização psique). ???? Tragedia: noção de que a modernidade eh uma grande encenação trágica...destino determinado pelas divindades INTRODUÇÃO: Renascimento, Renascença ou Renascentismo (entre fins do século XIV e início do século XVII ). Teo para o antropo Revolução Francesa (em francês: Révolution Française, 1789- 1799). Iluminismo (sec. XVIII): criticou a “onipotência do eu, da razão universal e do metodo seguro” do séc. XVII. Ideologia liberal: “os homens são iguais em capacidades assim devem ser iguais em direitos (“iguais com interesses diferentes”; “fraternidade utópica” une).

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trabalho sobre o cap. tudo que é solido se desmancha

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Aula anterior:

Como o sujeito passou a ter ciência de si mesmo? liberdade de escolher e ser responsabilizado por seus atos.

Descartes: o “eu” surge como algo “fora do mundo”, sem as limitações físicas proporcionando um “conhecimento objetivo do mundo” (mente: versão secularizada da alma, o homem é o seu pensamento).

Razão....René Descartes propôs o dualismo das substâncias (que seriam uma entre duas coisas: res cogitans ou res extensa). Para ele o espírito e o corpo seriam nitidamente distintos. Espírito e matéria constituiriam dois mundos irredutíveis, assim não seriam nunca uma substância só, mas sempre duas substâncias distintas. Espírito seria do mundo do pensamento, da liberdade e da atividade; e matéria seria do mundo da extensão, do determinismo e da passividade.

A “autonomia” seria a meta do “esforço ético” através da “razão. Pessoa com características autocontidos sem ter mediações (interiorização psique). ????

Tragedia: noção de que a modernidade eh uma grande encenação trágica...destino determinado pelas divindades

INTRODUÇÃO:

Renascimento, Renascença ou Renascentismo (entre fins do século XIV e início do século XVII). Teo para o antropo

Revolução Francesa (em francês: Révolution Française, 1789-1799).

Iluminismo (sec. XVIII): criticou a “onipotência do eu, da razão universal e do metodo seguro” do séc. XVII.

Ideologia liberal: “os homens são iguais em capacidades assim devem ser iguais em direitos (“iguais com interesses diferentes”; “fraternidade utópica” une).

Romantismo: artes “homem como ser passional e sensível”. “potencia dos impulsos e forças da natureza” em oposição a “civilização” e suas formas de controle do sujeito. Perda de referenciais

Culmina na revolução industrial: do 18 para o 19 modernização: cria um novo tipo de vida que transforma a relação entre os sujeitos, assim emerge a modernidade (ideal cultural). Antes disso existiam processos de modernização...modernismo reflete sobre a modernidade de forma estética.

Ideia de modernismo:

Primeira metade do século XIX, guarda relação com o movimento romantico focado na experiência individual subjetiva, na supremacia da Natureza como um tema padrão na arte, meios de expressão revolucionários ou radicais e na liberdade

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do indivíduo. Reconhece-se a diferença entre os sujeitos, por isso a “liberdade” se manifesta no “ser diferente” (todos são diferentes, mas espera-se voltar a um estado de comunhão maior; sentimentos unem). Pensamento romântico: redescoberta de sentimentos (vida emocional) domesticados pela sociedade geram o poder para a transformação social que estava estagnada (“importância do projeto romântico de liberação psíquica no processo histórico da modernização”).

“Invenção do psicológico”: Renascimento como “perda de referencias”. Abertura para um mundo pós idade média lançou o homem em uma “condição de desamparo”, que era suprida anteriormente pela crença no pertencimento a uma ordem superior, comunhão, “ponto seguro de apoio”. Contato entre culturas permitiu a troca de conhecimentos. Deus perde espaço nas explicações, o homem deixa de contemplar e começa a questionar e busca entender o funcionamento real do mundo, controle e previsão dos fenômenos naturais. (do teo para o antropocentrismo).

Revolução industrial (conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX). Movimento do campo para a cidade. A massificação e industrialização da sociedade criam cada vez mais a crise de singularidade do sujeito moderno (produção em serie, todos iguais; colapso das ideologias liberais e românticas). “Necessidade de reajustamento do espírito”.

Marx: impulso dialético (burguesia proletariado), constante mudança, “tudo que é solido se desmancha no ar”.

Séc. XIX:

Nietzsche coloca que idéias de “sujeito e eu” são “ficções”, tudo tomado como “fundamento absoluto ou causa primeira” foi criado em algum momento (critica a filosofia ocidental). Como tudo é uma invenção não há porque buscar esses valores supremos, como a moral. O problema é que a “ilusão não pode ser substituída por nada melhor”. O humanismo e os projetos científicos buscam, contudo manter o “projeto do eu” vivo.

FAUSTO DE GOETHE: A TRAGÉDIA DO DESENVOLVIMENTO

Imagem criada pela influencia de Fausto: “intelectual não conformista, um marginal e um caráter suspeito” (p. 38) Sujeito que nunca se conforma com o conhecimento adquirido, sempre quer mais aprimoramento.

Característica de Fausto: perda do “controle” sobre suas “energias mentais”, o que faz com que elas ganhem “vida própria” com dinamismo e de uma forma explosiva (imaginário que versa sobre “irresponsabilidade política e indiferença a vida”; “controle da mente”).

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O “autoconhecimento moderno” em Fausto dentro de sua época traz aspectos muito além como “em imaginação moral, em inteligência política, em sensibilidade e percepção psicológica” (p. 39). Dramas vividos pela sociedade da época.

“Pensamento e sensibilidade modernos”: a obra se situa num período com “condições materiais e sociais” ainda medievais, e se encerra em meio à “conturbações espirituais e materiais” acionadas pela revolução industrial. (ponto de apoio se desfaz)

Fausto: (preso em um mundo interno) inicialmente um intelectual isolado no quarto com o pensamento abstrato – passa a viver em um mundo de “produção e trocas” constantes. A transformação se da com o personagem e com o mundo (o pensamento é criado e ajuda a criar o mundo moderno, “desejo de desenvolvimento”).

O desejo de Fausto pelos bens (“dinheiro, sexo, poder sobre outros, fama e glória”) não pelo que “eles representam em si mesmos”, mas pela autodesenvolvimento que eles proporcionam, mesmo que isso signifique a “destruição do próprio eu”. Esse aspecto demonstraria segundo o autor uma “afinidade entre o ideal cultural do autodesenvolvimento e o efetivo movimento social na direção do desenvolvimento econômico” (p. 41). Mudar a si mesmo leva a uma modificação “radical” em “todo o mundo físico, moral e social”.

Liberalismo econômico (Adam Smith séc. XVIII; mão invisível): indivíduos buscando seu próprio interesse poderiam ajudar outros indivíduos mesmo sem intenção alguma. Segundo Berman, a afinidade entre o ideal cultural de auto desenvolvimento e o efetivo movimento social na direção do desenvolvimento econômico é uma das ideias mais originais e frutíferas do Fausto do Goethe. Analise weberiana afinidade entre esferas culturais: ideal cultural de autodesenvolvimento e o desenvolvimento econômico (Goethe tinha noção dessa afinidade) (outros autores tinham visto um ou outro) desenvolvimento do sujeito e o econômico como duas coisas ligadas.

Weber tira a idéia de Goethe (instrumento analítico, mas berman viu esse movimento dentro do contexto de Goethe (como isso aparece na obra), que ruptura precisou ocorrer para o surgimento desse novo sujeito (noção de pessoa humana que esta em continuo desenvolvimento)

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PRIMEIRA METAMORFOSE: Fausto o sonhador

Dialética Interior para o exterior. Referencial estável do sujeito pessoa crista para instáve desenvolvimento econômico leva ao autodesenv...liberação psiquica

Fausto no quarto: se sentindo trapaceado e preso; fala consigo mesmo da sua situação de contemplamento do mundo fora do quarto; Fausto é bem sucedido intelectualmente (“vida espiritual bem sucedida”), porem questiona se realmente já “chegou a viver”. Tudo é passageiro.

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Aprendeu tudo que podia, experienciou sua “capacidade de pensar sentir e ver”, mas seu “humanista” somente pelo conhecimento adquirido pelos livros (fracas relações com o mundo relacional) (“expectador passivo”). “Seus poderes mentais, interiorizando-se, voltaram-se contra ele e se tornaram sua prisão” (p. 42). Questões: crise do fausto (intelectual frustrado o conhecimento contemplativo dele o afastou dos outros, o conhecimento não é mais para ilustração é para transformação).

Como expressar a “vida interior” no “mundo exterior”? O “espírito da terra” ri de suas aspirações, por estas serem de uma magnitude desconhecida pela antiga percepção da época. Conceito de “super-homem”: segundo Goethe a “luta titânica” do homem estaria apenas “mal colocada”, a questão seria como “se tornar um autentico ser humano” (p. 43).

Reforma, Renascença e Revolução industrial: divisão do trabalho e o aumento de “produtores de cultura e idéias, relativamente independentes” (especialistas em diversas áreas do conhecimento), gerando dinamismo na “cultura moderna”. Ultrapassa as “fronteiras clássicas e medievais. Divisão entre “vida interior” e “vida exterior”. Contato entre diferentes sociedades e povos gerou o questionamento dos antigos modelos pelo compartilhamento de novos conhecimentos.

“Cisão faustica”: rompimento com o isolamento, “visões, ações e criações revolucionárias.

Fausto refletindo sobre si mesmo resolve se matar, sua autonegação pro considera-se um “espaço vazio interior”, uma busca no interior de si trás a memória da infância (“dimensão perdida em seu próprio ser”, mundo antigo e novo), então sentimentos e sentidos se mesclam e causam embate com sua vontade de se matar. A autoreflexão gera energia para enfrentar o mundo exterior. “Culpa”: interiorização de acontecimentos negativos que geram crises... luta interna consigo mesmo. Fixidez mas logo se desfaz

“Comunidade concreta” X “revolução cultural e intelectual em sua mente”; como conciliar a vida mental em desenvolvimento constante com o mundo: poderes ocultos. A necessidade de “forças ocultas”: o diabo é uma apropriação da figura religiosa, mas que representa a imagem do autodesenvolvimento, algo que pode perder o controle e causar grandes mudanças catastróficas.

Mephistofeles como mestre dos paradoxos que vai ajudar a fazer a síntese entre esses pontos contrários: “estrutura para a psique moderna”. Mephistofeles dimensão psíquica (interior do sujeito, Fausto discute com ele, consigo mesmo) as ambigüidades que estavam fora agora estão dentro (os fins justificam os meios: nova ética). Razão pratica: livre arbítrio. Questiona uma cosnciencia moral fixa. Deus deixa de nortear as ações humanas. Sem freio das convenções...certo errado bem e mal

Insatisfação com o conhecimento: Deus palavra X Deus ação: Parecia impossível acreditar que a palavra tinha tanto valor (atitude teoretica como verdadeira atitude humana x pratica seria “imunda judia”) criação pela destruição, trabalhando com o mal se cria o bem... dialetica do mundo moderno e de suas instituições. O juízo deriva da

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ação. Ação: aplicação do conhecimento (valorização do conhecimento aplicado). Deus do antigo testamento (causou muitas destruições para criar as coisas na bíblia) - Para criar algo novo vc precisa destruir o velho isso é o movimento da modernidade. O sistema necessita de sujeitos que não tenham freio...etica dos meios e não dos fins...o conhecimento que tem valor é o que muda o mundo...super homem homem que ocupa o lugar de deus...a antiga noçãod e pessoa limitava as energias do mundo moderno...

Quando rica a bíblia traz para si a atividade criadora

Dimensão trágica: pra criar você tem que destruir sem ter abalo moral...se realiza como criador

Fausto busca interiorizar em si a humanidade, e o movimento externo das mudanças se torna então interno o que pode levar ao autodesenvolvimento, mas não sem as crises que ocorrem nos cenários. Crescimento psíquico junto ao crescimento material e econômico. Ele precisa toma para si a característica da “velocidade” do modelo capitalista que busca desenvolvimento constante. Impelindo a si mesmo se impele o desenvolvimento do mundo e vice versa. Nunca parar para não perder nenhuma oportunidade no acordo feito com o mephisto. Deus esta dentro dele a assim pode agir por meio dele “transformar o mal em bem” (densidade psíquica comoparticularidade do sujeito...aura sexual: da potencia

Nos movimentamos com a modernidade. Jamais fomos modernos (Latour) porque estamos sempre mudando. Experiência de liberdade é o movimento.

SEGUNDA METAMORFOSE: O AMANTE (O amante: transformações no nivel das emoções e afetividade).

Nova forma de ser no mundo (nova concepção de pessoa humana) Relacionamentos afetivos: os afetos no mundo moderno (visão não romântica)...a auto desenvolvimento é o motor das relações (entra-se num relacionamento para se autodesenvolver)...questão: autoconfiança (seria desqualificador não ter confiança), poder sedutor desse elemento...ao olhar no espelho a parceira de fausto entra no jogo...problema se desperta um apetite que não pode ser saciado...vencer barreiras e limites do que é permitido (algo interior não exterior)...como se manter relacionamentos afetivos sendo dessa forma? Cada experiência é desafiar sua própria consciência culpada...o caminho do desenvolvimento tem altos custos mas foi construída uma sensibilidade que garante ao sujeito que vale a pena pagar o custo (o movimento é necessário para dar sentido)...movimento interior (autodesenvolvimento, não tem uma consciência para refrear como Deus) movimento exterior (sist. Econômico)...o caminho do autodesenvolvimento passa por milhares de experiências (lidar com a consciência: processos de racionalização) (sujeito livre, nada é condenado de antemão)...forma da subjetividade no mundo moderno...ambição

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Gretchen usou fausto para o autodesenvolvimento e vice versa, depois de esgotado as possibilidades não podiam mais ficar juntos.