Bião, Alfredo - Obatala & Oduduwa - A gênese yoruba

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    Obtl & Oddw

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    Sumrio

    y Prefcio - pg. 3y Agradecimentos - pg. 6y Introduo - pg. 8y Definies - pg. 11y

    O Mito - pg. 12

    y Primeiro captulo A Criao - pg. 17y Segundo captulo A Concepo - pg. 43y Terceiro captulo A Sntese - pg. 52y Quarto captulo O Homem - pg. 60y Mensagem Poema Zen - pg. 88y Dados Bibliogrficos - pg. 89y Glossrio - pg. 92

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    Prefcio

    Joana Elbein dos Santos, no livro Os Ng e a Morte, em sua tese de

    Doutorado em Etnologia na Universidade de Sorbonne, em Paris,traduzida pela Universidade Federal da Bahia, forneceu-me os dadosnecessrios sobre os dois princpios responsveis pela Gnese do Universo,- Obtl e Oddw, que disputam o ttulo de rs da Criao,revelando-me que houve um embate pela supremacia entre estes doisprincpios; sendo assim, um fator constante em todos os mitos e textoslitrgicos Ng. Segundo ela, em alguns mitos, Oddw, tambmchamado Oda, a representao deificada das Iy-mi, a representao

    coletiva das mes ancestrais e princpio feminino onde tudo se origina.Assim, Od corresponde a Obtl ou rsl, que o princpio criativomasculino.Desejo, atravs deste trabalho, mostrar o significado dos rs-funfun naGnese do Universo, no seu Cosmo-Gnese, como tambm, o seusignificado psicolgico e humano, atravs do tn gb-nd i, reveladopelo Od-If trpn-wnrn; assim como, demonstrar que os mitoscosmognicos no descrevem o incio absoluto do mundo, mas, osurgimento da conscincia como segunda criao. Observem queningum percebe que sem uma mente reflexiva no h mundo, e que, porconseguinte, a conscincia um segundo criador do mundo. Carl G.Jung.O fato de ter feito analogias com textos bblicos cristos, taostas, budistas,teosficos, esotricos, exotricos e psicolgicos para decodificar amensagem mtica deste tn teve por finalidade esclarecer aos leitores, comos seus acervos culturais, psicolgicos e religiosos, que todos os vasos sode ouro puro, como dizem os mestres budistas. Ou seja, a Verdade Una,

    chegou para todos de forma diferenciada, apenas na sua forma, - conformea sua cultura.Observei que a cosmo viso religiosa do Candombl fortementeinfluenciada pela concepo de mundo na tradio Yorub, e que essatradio possui uma grande complexidade devido falta de uniformidade,permitindo assim um grande nmero de conceitos e interpretaes por

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    no ter nenhuma instncia que sirva de referncia e medida para o todo.Em compensao, h uma viso unitria bsica da existncia que compartilhada pelos filhos de santo. A concepo Yorub de mundoexiste em dois nveis denominados doubl, iy e Orn, que no so

    locais separados existencialmente, mas, formas e possibilidadesdiferenciadas entre si, que no se ope uma a outra, existindo de formaparalela apenas. Logo, o iy no um nvel de existncia fora do Orn,mas, um tero que o fecunda e manifesta toda a sua criatividade ilimitada,gerando um equilbrio. Um no subsiste sem o outro, e desta harmoniadepende todo universo e suas formas de vida. A manuteno desteequilbrio harmnico na natureza e no ser o objetivo do Candomblatravs de suas atividades religiosas.AGnese Ng Yorub retrata atravs

    do mito Igb-Od a luta travada entre os princpios responsveis pelaCriao, Obtl e Oddw para o restabelecimento dessa harmonia partir do conflito gerado por suas polaridades complementares. Obtl oelemento criativo idealizador, Oddw, o elemento gestor de toda aexistncia material, fsica e humana. A mensagem deste belssimo Itn tema finalidade de nos mostrar que s atravs da individuao e integralidadedos opostos possvel gerarmos algo criativo com sucesso e harmonia.Algumas pessoas no decorrer deste trabalho, no discerniram comfacilidade o termo individuao criado por Carl Gustav Jung, por isso,tentarei esclarec-lo para uma melhor compreenso.H uma enorme diferena entre individuao e individualismo, pois, aindividuao respeita as normas coletivas de uma sociedade e, oindividualismo as combate. A individuao um processo no qual o egovisa tornar-se diferenciado da coletividade com tendncias inconscientes,apesar de nela viver e ainda assim, ampliar as suas relaes sociais. J oindividualismo, cede tendncias egocntricas e narcisistas, identificando-se com papis coletivos inconscientes. A individuao integra o ser

    levando-o realizao espiritual e ao Self ou Eu superior, ao invs dasatisfao egtica. Este processo porm, s alcanado atravs de umagrande resistncia e defesa do ego, que gera assim, um grande conflito.Muitas vezes, sonhamos com figuras que tendem a demonstrar anecessidade de uma integralidade com a polarizao oposta nossaconscincia. Precisamos a partir da saber de forma consciente o recado que

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    o nosso inconsciente nos d, integralizando-nos, acabando assim com oconflito que bloqueia o crescimento espiritual exigido. Como exemplo,darei o sonho Bblico de Jac, em Gnesis 28:10 onde o mesmo, depois deuma cansativa viagem pelo deserto, deita-se e recosta sua cabea sobre

    uma pedra para dormir. Depara-se em sonho com a imagem de umagrande escada que se apia na terra e chega aos cus. Os anjos do Senhorsobem e descem os seus degraus... Este sonho arquetpico nos revela aajuda que o Self nos d atravs de imagens onricas que intermediam essajornada de crescimento e integralidade, vencendo em primeira instncia ascontendas do inconsciente pessoal para depois ir para o coletivo, sua novaetapa, aquela que Deus escolhera para ele. Observe, que Jac ao acordardeduz assustado: Na verdade o Senhor est neste lugar, e eu no o sabia!

    O local deste encontro Bblico sombrio e terrvel, como relata Jac,porm, s a a casa de Deus, - o inconsciente, onde o sonho a porta doscus! Portanto, sede vs perfeitos como perfeito o vosso Pai Celeste.Esta a proposta de Jesus em Matheus 5:48, uma meta que deve seraspirada por todos os seres para a sua evoluo espiritual, trocando oconceito de bem e mal por algo que lhe convm ou no para a suaevoluo. Essa perfeio fruto de um consenso de conceitos espirituaisentre os seres humanos a partir da Graa que o Consolador intermedia-nos.

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    Agradecimentos

    Agradeo, em memria, ao pai CludioAlexandrino dos Santos, de gun,

    a minha iniciao e feitura para sl no Ketu em 16 de Maro de 1989,assim como, ao pai Benedito de sl, a me Menininha de gun, minhamadrinha; a me Xica de sl, matriarca do As, em Edson Passos, naAvenida Nicia. Especial lembrana em memria, a Meneses de smr,arteso de jias de prata da Praa General Osrio, que me apresentou aoprofessor Agenor Miranda da Rocha. Ao pai Agenor, em memria, queolhou e confirmou os meus rs, aconselhando-me a assentar o CabocloFlexeiro em primeiro lugar. Uma experincia nica para um abi.

    me Gisele Bion Crossard, Omindarew, por ter com ela realizado umaobrigao trs anos aps, j que o meu pai j estava adoentado; assimcomo, ter recebido de Yemanj, em sua casa, um cargo anos depois, nafesta das Yabs. Zezito da sun, patriarca do Ijes no Rio de Janeiro, abnegado edevocional zelador, dos poucos que representam o Candombl da Bahiacom fidelidade. Quem o conhece, sabe bem o que estou dizendo, umpequeno grande homem, dedicado exclusivamente ao rs. Aos pais:Alcir de sl e Nelson da sun, filhos de santo de Zezito; peloincentivo dado minha iniciativa de fazer esta pesquiza. Ao pai Jorge F.Santanna, por ajudar-me atravs dos seus sbios questionamentos, quealm de prestimoso amigo, tem a qualidade rara da dedicao devocionals entidades e, aos rs. Um exemplo de ser humano a ser seguido. Aoapoio e estmulo que a amiga Conceio da sun me deu para a finalizaodesta obra de pesquisa literria. Juana Elbein dos Santos, Descoredes Maximiliano dos Santos, PierreVerger, Roger Bastide, Jos Beniste, Jlio Braga, Lydia Cabrera, Zeca

    Ligiero, Muniz Sodr, Raul Lody, Altair Togun, Reginaldo Prandi, NeyLopes, Clo Martins, Adilson de sl, Maria das Graas de SantanaRodrigu e, a Gisele Crossard, pelos belssimos trabalhos literrios quefizeram, divulgando a cultura religiosa Yorub, que me serviram de basepara a pesquisa e realizao deste trabalho.

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    Ao esclarecedor psiclogo Junguiano, Robert A. Jonson, moderno eprofundo conhecedor da alma humana.Ao acervo analtico e teraputico deixado por C. G. Jung que me levou aexpandir o escopo do meu trabalho, e me serviu para avaliar que a nossa

    cultura ocidental pode estar de certa forma pronta para receber umasegunda viso sobre a tradio religiosa Yorub, que tanto sentido e luztrouxeram minha viagem chamada vida.

    O autor

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    Introduo

    H sempre a oportunidade de fazermos uma oferenda para a qualidade

    momento que estamos vivenciando.O mito Ng Yorub, Igb-Od, uma Gnese que retrata esse sbioconselho, necessrio ao nosso desenvolvimento pessoal e uma antevisodo caminho a ser percorrido. Juana Elbein dos Santos.A religio Nag Yorub rica em contos mticos, fazendo-senecessrio lembrar que o mito uma entidade viva que existe dentro dens, como um arqutipo ancestral coletivo do nosso inconsciente. Se oimaginarmos como um espiral, girando de baixo para cima, como

    principio dinmico de evoluo no nosso interior, seremos ns capazesde captar a sua verdadeira forma e sentir como ele est vivo dentro dens. Juana Elbein dos Santos.Quando apresentamos um mito como este, existe para a pessoa que ovivencia, um efeito curativo; devido sua participao enquadrado nelaum arqutipo de comportamento e, desse modo pode chegarpessoalmente integralidade. Se esses arqutipos, fatos pr-existentes epr-formadores da nossa psique forem considerados como simplesinstintos, como demnios ou deuses, em nada altera o fato de suapresena atuante em ns. Mas far certamente uma grande diferena, sens os desvalorizarmos com simples instintos, os reprimindo comodemnios, ou os supervalorizarmos como deuses. Carl G. Jung.Espero que esse conto mtico produza insights compreensveis ao nossomeio, - o povo do santo do Candombl, como tambm a todos quebuscam uma integrao com o grupo como caminho de individuao ecrescimento espiritual.Os mitos, assim como toda cultura Yorub religiosa, no foram criados

    por um indivduo, so experincias e produtos da imaginao de umpovo em todas as suas geraes. medida que so contados, recontadose vividos, vo agregando novas experincias e aperfeioando-se de formalapidar. Dessa forma, expressam as imagens do inconsciente coletivo detoda uma cultura e descrevem nveis de realidade que exprimem omundo, sua manifestao exterior, racional e consciente, assim como, os

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    mundos interiores, inconscientes, pouco compreensveis por ns.Quero crer que sentimentos fortes iro aflorar quando alcanarmos oinsight psicolgico que os mitos nos trazem. Por serem imagens arcaicase distanciadas da nossa realidade, primeira vista, no nos so

    compreensveis, porm, iro aflorando conscincia e sero discernidosprazerosamente, ajudando assim a nos integrarmos.Existem segundo recentes pesquisas, diferentes enfoques e verses sobre

    a Criao do Mundo no conceito Yorub. As mais conhecidas so as deJuana Elbein dos Santos, esposa de Mestre Didi; o belssimo trabalho doFatumbi, - Pierre Verger, com alguns renomados nomes, comoseguidores; o de Ney Lopes, profundo conhecedor e pesquisador dacultura negra e africana; o esclarecedor trabalho de Adilson de sl,

    apresentando-o de forma acessvel para os menos esclarecidos; o dodedicado e profundo conhecedor, - o pesquisador Jos Beniste, a quemhoje o Candombl deve a sua divulgao e profunda pesquisa, e, o maisatual, o de Gisele Omndarew Crossard, AW.Me Gisele, relatou-me que em suas viagens constantes ao continenteafricano, em suas pesquisas de campo com babalas africanos, queObtl criou o mundo com a ajuda de Yeyemowo, sua esposa, e, que oprimeiro ser criado por ele chamava-se Lamurudu, fundador da cidade deIf. Que, no se dando bem por l, foi badalar pelo mundo. Nas suasandanas, teve um filho a quem deu o nome de Oddw. Antes demorrer, Lamurudu aconselhou seu filho Oddw a ir at f, o que elefez prontamente. Oddw, em If teve um filho chamado Okambi eesse teve sete filhos, que a partir deles criaram outros reinos no pasYorub. Disse-me ela, que na Nigria, as escolas ensinam para as crianasnos livros, que Oddw o fundador de If e considerado umancestral divinizado.Continuando o seu relato, conta-me ela, que encontrou em Cotonu,

    cidade africana, uma mocinha feita para Oddw. Disse-me tambmque ao se aprofundar nos fundamentos Yorubs, mais perplexa ficouevitando por isso construir uma tese como esta, sobre a dualidademasculino-feminina de Obtl, na Gnese da Criao.Agradeo a ela o incentivo dado ao ler em primeira mo, via e-mail, estetrabalho aqui apresentado, como tambm, a sua elegncia e humildade

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    em consider-lo. Por que ento escolhi a pesquisa de campo de JoanaElbein dos Santos como referncia? Para mim, em se tratando de umaGnese, suponho que nada antes existia de forma manifesta e material,logo, no devo confundir o dedo que aponta para a luz, com a luz.

    OAutor

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    Definies

    Os mitos foram primeira expresso da eterna busca de compreenso do

    homem acerca do mundo e de si mesmo. Diferentes da cincia, quebusca o como, os mitos explicam porque as coisas so assim. , porisso, a forma mais concreta da verdade.Alan Watts (escritor e conferencista).

    O mito encarna a abordagem mais prxima da verdade absoluta quepode ser expressa em palavras.Ananda Coomacaswamy (1877-1947) Filsofo indiano.

    O mito o estgio intermedirio natural e indispensvel entre acognio inconsciente e a consciente. Compreendi subitamente o quesignifica viver com um mito e o que significa viver sem ele. Portanto, ohomem que pensa que pode viver sem o mito, ou fora dele, umaexceo. como uma pessoa desenraizada, sem um verdadeiro vnculocom o passado, com a vida ancestral dentro dela, ou com a vidacontempornea.

    Carl Gustav Jung (Psicanalista).

    Criar um mito, isto , aventurar-se por traz da realidade dos sentidoscom o intuito de encontrar uma realidade superior, o sinal maismanifesto da grandeza da alma humana e a prova de sua capacidade deinfinito crescimento e desenvolvimento.LouisAuguste Sabatier (1839 1901) Telogo protestante francs.

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    O Mito

    Esta histria-mtica (tn), sobre a criao do mundo encontra-se

    revelada no livro Os Ng e a Morte, de Juana Elbein dos Santos e, fazparte do conjunto de textos oraculares de If, segundo ela.Representando um dos duzentos e cinqenta e seis signos, denominadosOd. Segundo Juana, este tan pertence ao od-If trpn-wnrn,sendo apenas uma verso resumida devido ao tamanho do seu texto e ariqueza de dados.

    Tento aqui apenas ilustrar ao leitor a origem, assim comomostrar a beleza dos seus fundamentos que me serviram de base para

    uma viagem arquetpica com os seus personagens mticos.tn gb-nd iy: Quando Olrun decidiu criar a terra, chamouObtl e entregou-lhe o saco da existncia, p-iw, e deu-lhe ainstruo necessria para a realizao da magna tarefa. Obtl reuniutodos os rs e preparou-se sem perda de tempo. De sada, encontrou-se com Oda que lhe disse que s o acompanharia aps realizar suasobrigaes rituais. J no na-run, - caminho, Obtl passou diantepor s, este, grande controlador e transportador de sacrifcios, quedomina os caminhos, perguntou-lhe se ele j tinha feito as oferendaspropiciatrias. Sem se deter, Obtl respondeu-lhe que no tinha feitonada e seguiu o seu caminho sem dar mais importncia questo. E foiassim que s sentenciou que nada do que ele se propunha empreenderseria realizado.Com efeito, enquanto Obtl seguia seu caminho, comeou a ter sedepassou perto de um rio, mas no parou. Passou por uma aldeia onde lheofereceram leite, mas ele no aceitou. Continuou andando. Sua sede

    aumentava e era insuportvel. De repente, viu diante de s uma palmeiraIg-pe e, sem se poder conter, plantou no tronco da arvore o seucajado ritual, o p-sr, e bebeu a seiva (vinho de palmeira). Bebeuinsaciavelmente at que suas foras o abandonaram, at perder ossentidos e ficou estendido no meio do caminho. Nesse meio tempo,Oda, que foi consultar If, fazia suas oferendas a s. Seguindo os

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    conselhos dos babalwo, ela trouxera cinco galinhas, das que tem cincodedos em cada pata, cinco pombos, um camaleo, dois mil elos de cadeiae todos os outros elementos que acompanham o sacrifcio. sapanhou estes ltimos e uma pena da cabea de cada ave e devolveu a

    Oda a cadeia, as aves e o camaleo vivos. Oda consultou outra vez osbabalwo que lhe indicaram ser necessrio, agora, efetuar um ebo, isto ,um sacrifcio, aos ps de Olrun, de duzentos gbin, - os caracis quecontm sangue branco, a gua que apazigua, - omi-r.Quando Oda levou o cesto com os gbin, lrun aborreceu-se vendoque Oda ainda no tinha partido com os outros. Oda no perdeu asua calma e explicou que estava obedecendo ordem de If.Foi assim que lrun decidiu aceitar a oferenda, e ao abrir o seu pre-

    od - espcie de grande almofada onde geralmente Ele est sentado,para colocar a gua dos gbin, viu, com surpresa, que no havia colocadono p-w - bolsa da existncia - entregue a Obtl, um pequeno sacocontendo a terra. Ele entregou a terra nas mos de Oda, para que elapor sua vez a remetesse a Obtl.Oda partiu para alcanar Obtl. Ela o encontrou inanimado ao p da

    palmeira, contornado por todos os rs que no sabiam que fazer.Depois de tentar em vo acord-lo, ela apanhou o p-w que estavano cho e voltou para entreg-lo a Olrun. Este decidiu, ento,encarregar Oda da criao da Terra. Na volta de Oda, Obtl aindadormia; ela reuniu todos Ors e, explicou-lhes o que fora delegado porOlrun e eles, dirigiram-se todos juntos para o run ks por ondedeviam passar para assim alcanar o lugar determinado por lrun para acriao da terra. s, gn, ssi e ja conheciam o caminho que levas guas onde iam caar e pescar. gn ofereceu-se para mostrar ocaminho e converteu-se no Asiwaj e no Olln aquele que est navanguarda e aquele que desbrava os caminhos. Chegando diante do

    p-run-on-iy, o pilar que une o run ao mundo, elescolocaram a cadeia ao longo da qual Oda deslizou at o lugar indicadopor cima das guas. Ela lanou a terra e enviou Eyel, a pomba, paraesparram-la. Eyel trabalhou muito tempo. Para apressar a tarefa, Odaenviou as cinco galinhas de cinco dedos em cada pata. Estas removerame espalharam a terra imediatamente em todas as direes, direita,

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    esquerda e ao centro, a perder de vista. Elas continuaram durante algumtempo. Oda quis saber se a terra estava firme. Enviou o camaleo que,com muita precauo, colocou primeiro a pata, tateando, apoiando-sesobre esta pata, colocou a outra e assim sucessivamente at que sentiu a

    terra firme sob suas as patas.Ole? Kole?

    Ela esta firme? Ela no est firme?

    Quando o camaleo pisou por todos os lados, Oda tentou por sua vez.Oda foi a primeira entidade a pisar na terra, marcando-a com suaprimeira pegada. Essa marca chamada es ntaiy Oddw.Atrs de Oda, vieram todos os outros rs colocando-se sob sua

    autoridade. Comearam a instalar-se. Todos os dias rnml patrodo orculo consultava If para Oda. Nesse meio tempo Obtlacordou e vendo-se s sem o p-w, retornou a lrun, lamentando-se de ter sido despojado do p.lrun tentou apazigu-lo e em compensao transmitiu-lhe o saberprofundo e o poder que lhe permitia criar todos os tipos de seres queiriam povoar a terra.A narrao diz textualmente:Is jlo y nni seda, ti fi mo seda won nyn ti orsirsi ohungbogbo t m de iy un ti igi gbogbo, tkn, koriko, eranko,eie, eja, ati won nyn.Os trabalhos transcendentais de criao permitir-lhe-iam criar todos os

    seres humanos e as mltiplas variedades de espcies que povoariam osespaos do mundo: todas as rvores, plantas, ervas, animais, aves,pssaros, peixes, e todos os tipos de humanos.Foi assim que Obtl aprendeu e foi delegado para executar essesimportantes trabalhos. Ento, ele se preparou para chegar a terra. Reuniu

    os rs que esperavam por ele, Olfn, Eteko, Olorogbo, Olwofin,gyn e o resto dos rs-funfun.No dia em que estavam para chegar, rnml, que estava consultandoIf para Oda, anunciou-lhe o acontecimento. Obtl, ele mesmo, eseu squito vinham dos espaos do rn. rnml, fez com que Odasoubesse que se ela quizesse que a terra fosse firmemente estabelecida e

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    que a existncia se desenvolvesse e crescesse como ela havia projetado,ela devia receber Obtl com reverncia e todos deveriam consider-locomo seu pai.No dia de sua chegada, rsnl, foi recebido e saudado com grande

    respeito:

    1. Oba-l o k b!2. Oba nl m w d oo!3. Ok rn!4. Er w dj.5. Er w dj6. Olw iy wny .

    1. Oba-l, seja bem-vindo!2. Oba nl (o grande rei) acaba de chegar!3. Saudaes por ocasio da viagem que acaba de fazer!4. Os escravos vieram servir seu mestre.5. Os escravos vieram servir seu mestre.6. Oh! Senhor dos habitantes do mundo!

    Oda e Obtl ficaram sentados face a face, at o momento em que

    Obtl decidiu que iria instalar-se com sua gente e ocupariam um lugarchamado dta. Construram uma cidade e rodearam-na de vigias.Segue-se um longo texto, segundo o qual os dois grupos seinterrogavam a fim de saber quem realmente devia reinar. Se Obtl poderoso, Oddw chegou primeiro e criou a terra sobre as guas,onde todos moram. Mas tambm foi Obtl quem criou as espcies etodos os seres. Os grupos no chegavam a um acordo e as divergncias eatritos se fizeram cada vez mais srios at terminar em escaramuas.

    As opinies no eram constantes e os partidrios de um ou de outrotanto aumentavam ou diminuam de acordo com o que parecia ser maispoderoso, at que explodiu uma verdadeira guerra, colocando em perigotoda a criao. rnml interveio e um novo Od, wor-gbr,trouxe a soluo. Esse signo apareceu no dia em que rnmlconsultou If a fim de que solucionasse a luta entre rsnl e Oda.

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    rnml usou de toda sua sabedoria para fazer Oda e Obtl virem aOropo, onde conseguiu sent-los face a face, assinalando a importnciada tarefa de cada um deles; reconfortou Obtl, dizendo que ele era omais velho, que Oda havia criado a terra em seu lugar e que ele tinha

    vindo para ajudar e para consolidar a criao e no era justo que elebotasse tudo a perder. Depois, convenceu Oda a ser amvel comObtl: no tinha sido ela quem havia criado a terra? Por acaso Obtlno tinha vindo do rn para que convivessem juntos? Por acaso, todasas criaturas, rvores, animais e seres humanos no sabiam que a terra lhepertencia?In Oda ro,In Orixal naa a si ro.

    Oda apazigou-se, Obtl tambm se apazigou.Foi assim que ele fez Oda sentar-se sua esquerda e Obtl suadireita e colocando-se no centro, realizou os sacrifcios prescritos paraselar o acordo. a partir desse acontecimento, que celebramanualmente os sacrifcios e o festival com repasto (ododn sise), querene os dois grupos que cultuam Oddw e Obtl, revivendo eritualizando a relao harmoniosa entre o poder feminino e o podermasculino, entre o iy e o rn, o que permitir a sobrevivncia douniverso e a continuao da existncia nos dois nveis.O feminino e o masculino complementando-se para poder conter oselementos-signo que permitem a procriao e a continuidade daexistncia.

    Juana Elbein dos Santos

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    Primeiro Captulo

    A Criao

    Nosso tn towdw, - conto dos tempos imemoriais, comeacomo todos os outros: Era uma vez um reino... E, como sempre, existeum reino que o incio de tudo.Em termos prticos, esse reino significa a nossa vida interior, pois nessetn se expressa um conhecimento imediato da nossa alma, por assimdizer, um conhecimento que ela trouxe consigo, pois o mais velhodo mundo, simblico, uma parbola para o caminho do ser humano no

    reino interior, que no desse mundo...Como sempre, nesse reino h um rei, aqui chamado Oldmar,conhecido como jlrn e lrun, Senhor ou Rei do rn, oAlblxe - Senhor que tem o poder de sugerir e realizar; a Fora Vitale o Universo; ou seja, um Ob arinn-rde, - Senhor que concentraem si mesmo tudo o que interior e exterior, tudo o que oculto e oque manifesto. Assim, lrun criou Obtl, Oddw, If e Ltp;criando assim, o principio masculino criativo e o principio feminino receptivo, o conhecimento e sabedoria e, o princpio dinmico -catalisador.Vivia Ele na companhia de muitos filhos, estes, por um lado,

    expressavam as suas manifestaes, os seus atributos e obedeciam a umahierarquia de funes. Dividiam-se, a princpio, em dois gruposprincipais: rs e bora.O filho que ocupa a mais alta funo hierrquica neste panteo

    Adjgunal ou rnml, como mais conhecido; outro funfun, que originrio da fuso de duas energias femininas, Tor e Geg, - o

    Sacerdote do Reino, o Gbiy-gbrun, aquele que vive tanto no Cucomo na Terra, aquele que representa a sabedoria expressa do paiOldmar, o princpio do conhecimento expresso; o Elrpn -testemunha do destino, ou Altnxe iy, - aquele que coloca omundo em ordem. Seu nome significa: o Cu conhece a salvao.

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    quem estabelece os desgnios atravs do orculo, chamado If,depositrio do princpio de conhecimento e sabedoria de lrun,sistema que nos deixou como legado atravs dos tempos.O princpio no qual se baseia o sistema If, com o seu opl, ou o

    rindilogum, chamado jogo de bzios, que se encontraaparentemente em profunda contradio com a concepo do mundoocidental, cientfica e tecnolgica; apesar de ser arcaico tem um sistemabinrio, onde seus 16 Omo-Od consultam-se com os 16 Od principais,totalizando assim, 256 combinaes; igual ao conceito do computadorde hoje. Em outras palavras, arrisco dizer, proibido, uma vez que incompreensvel e, foge ao nosso juzo racional. O sistema If no sebaseia no princpio da causalidade, e sim, num princpio que Carl Gustav

    Jung denominou de princpio de sincronicidade; pois existemmanifestaes paralelas e comuns entre si que no se relacionamabsolutamente de modo causal. Tal conexo baseia-se essencialmente nasimultaneidade de eventos. Ou seja, tudo o que acontece no iysimultaneamente ocorre no rn, pois l a matriz espiritual do que semanifesta no iy. Longe de ser uma abstrao, o tempo apresenta-secomo continuidade concreta, contendo qualidades e condies bsicasque se manifestam em locais diferentes com simultaneidade, numparalelismo que no se explica de forma causal. Sendo assim apresentadono conceito Yorub de dobl, - o assim na terra como no cu,ocidental e cristo.Se considerarmos a existncia dos diagnsticos do orculo If corretos,estes sem dvida, no se baseiam nas influncias dos Od, mas, nashipotticas qualidades-momento do tempo, que os representa. Ou seja,o que nasce ou criado num dado momento, adquire as qualidadesdeste momento. Jung. Esta a frmula bsica do orculo If, atravs dernml, ou, o rndilogum, onde o patrono s.

    s leva como mensageiro para rnml o problema, e, sun revela-o, atravs do quadro de Od a soluo, ao manifest-lo na cada dosbzios. Sabe-se que o conhecimento do Od o que reproduz aqualidade do momento e, que obtido atravs da manipulaopuramente causal do opel ou dos bzios. Os bzios caem conforme seapresenta qualidade-momento dobl. A qualidade oculta do

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    momento expressa e revelada atravs do signo smbolo do Od If,tornando-se ento legvel atravs do seu tn, - estria arquetpica, quenos mostra o caminho e a soluo, atravs da sua mensagem metafricae, do ritual propiciatrio, - ebo.

    O nascimento de uma situao corresponde configurao dos bzioscados, o signo-smbolo-od e, a qualidade-momento ao tn, - contomtico que o apresenta como um caminho indicado pelo Od If. Esselegado oracular que hoje em dia usado pelas tradicionais casas, denominado Sistema Bmgbs.Todavia, essa sabedoria fica imobilizada sem o princpio dinmico -

    s, o filho mais irreverente e poderoso do panteo africano, pois nadapode existir sem a sua participao e colaborao, o que bvio. Alm

    disso, para ns ocidentais, to racionalistas, necessrio ter f paraaceitar os desgnios de um orculo, ou de um sonho com umamensagem arquetpica.Para elucidar melhor o conceito de sincronicidade acima descrito, darei

    como exemplo a estria que Shree Braghavan Rascheneesh Osho, quenos relata em um dos seus livros.Havia um rabino chamado Eisik filho do rabino Yekel, da cidade de

    Cracvia. Assim comea o relato:O rabino Eisik era um homem muito pobre e, h trs dias, estava tendo

    um sonho que relatava para ele haver na cidade de Praga, um tesouroenterrado embaixo de uma ponte que liga a cidade ao castelo do rei.Eisik resolveu ento viajar durante trs dias e trs noites at a referidacapital. L chegando, descobriu que a ponte que dava acesso ao casteloera bem guardada pelos guardas do rei. Dia e noite, estava ele rondando aponte para ver a possibilidade de descer at as suas bases e cavar. Seis diasse passaram, no stimo, foi repentinamente abordado pelo capito daguarda local, que j o observava h dias. O capito, dirigindo-se a ele

    gentilmente, perguntou-lhe se esperava algum ou se procurava algumacoisa ali, naquele lugar.Eisik contou-lhe o sonho que tivera h seis dias. O capito riu-se dele,dizendo: amigo, voc ainda acredita em sonhos, a ponto de gastar osseus sapatos e ter que viajar uma distncia to longa, s para ver se o seusonho verdadeiro? Imagine, pois eu tive a mesma experincia que

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    voc, h seis dias. Sonhei que havia um tesouro enterrado em baixo deum fogo na casa de um rabino chamado Eisik, filho de Yekel da cidadede Cracvia. Agora, observe bem, disse sorrindo, se eu acreditasse emsonhos, teria que ir at Cracvia, onde a metade dos judeus chama-se

    Eisik e a outra metade Yekel.O rabino Eisik ao ouvir o capito da guarda, agradeceu fazendo umareverncia, saindo de volta sua casa na cidade de Cracvia.Trs dias depois, cansado da viagem, cavou em baixo do seu fogo eachou ento o seu tesouro enterrado. Construiu ento uma bela casa deoraes com o nome: O Shul do rabino Eisik.Ambos tiveram o mesmo sonho arquetpico, porm um s acreditou epartiu para a sua realizao. O pressgio foi o mesmo, a diferena quem

    fez foi f. O mesmo se d quando um quadro de Od se configuranuma cada e um ebo estabelecido; precisamos agir sem demora,doravante.Bem, voltando ao nosso tn: Diz o mito Yorub, que lrun noestava satisfeito com tanta perfeio sua volta, tudo era eterno no seumundo inconsciente e, com isso, a ociosidade era reinante. Algoprecisava ser feito urgentemente para reverter esse quadro. Foi quandoteve uma grande idia, que seria sem dvida alguma, o fim daquelasituao. Cogitou ento, criar um mundo diferente do seu, mas, quefosse tambm uma extenso deste. Seria habitado por seres mortais,passveis de erros e com nveis de discernimento diferentes. Iria criar ummundo consciente, manifesto e cclico, - algo bem dinmico!Convoca lrun, para esclarecer detalhes e estabelecer critrios, os rs

    e bora no seu projeto, pois, cada um deles possua uma caractersticasua, assim como um atributo e um princpio seu.Segundo o conto mtico, lrun escolheu ento Obtl, seu filho

    mais velho, que significa: o rei da pureza tica, que reunia seu princpio

    ativo-masculino e criativo, assim como, o princpio passivo-femininoOddw, sua contraparte e irmo. Possua, ele, Obtl, uma naturezaandrgina por excelncia, pois continha essa fuso do estadoprimordial. Reservou-lhe ento lrun, por suas qualidades intrnsecas,a grande misso de criar um mundo manifesto e consciente, assimcomo, comandar todos os outros rs nesta importante empreitada.

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    Observem que doravante nem sempre tudo caminhar s mil maravilhas, compreensvel; especialmente, se ns considerarmos a ancestralidadedos responsveis por essa misso e, que os problemas quefundamentaram essa Criao j estavam nos planos de lrun: a idia de

    livre arbtrio e estgios de evoluo espiritual.Os rs possuem uma hierarquia maior que os bora, por seremprincpios comuns a toda existncia, o princpio criativo-masculino e, oprincpio receptivo-feminino que, em maior ou menor grau, estopresentes em toda manifestao. So denominados rs funfum, porserem ligados ao branco e, nossos pais celestiais, pois personificam oestado original: masculino e feminino, no mbito celeste, ou seja, nomundo das idias e sentimentos; so, pois, a expresso de dois princpios

    primordiais, que se tornam unos quando justapostos.Devo esclarecer que aqui, a justaposio, tem a ver com integralidade etotalidade, no com perfeio conceitual. J os bora so os atributospresentes em toda manifestao, envolvendo assim, a qualidade daenergia, a personalidade e o tipo fsico. So os nossos pais terrenos.Ficando entendido, serem ambos considerados os nossos genitoresmticose terrenos.Obtl, o mais velho, reunia em si todos os princpios necessrios misso de criar um mundo dinmico chamado Aiy e habit-lo. Tinhaele a capacidade de tornar visvel o contedo do mundo interior,dando-lhe forma, plasmando-o. Alm de possuir os princpiosmasculino-criativo e feminino-receptivo, possua tambm o Iw,princpio de existncia genrica, o se, princpio de realizao, e o b,princpio que induz um sentido, um objetivo e uma direo. Ele,Obtl, a qualidade da configurao energtica que antecede ocontexto dinmico de cada situao. O contexto dinmico provm des, e sua configurao e manifestao, de Oddw. Um, idealiza, o

    outro germina e, o outro cria.Faltava a ele, entretanto, para concretizar a sua importante misso,considerar o princpio mais importante para que a Criao pudesse setornar possvel: s Latop, - o elemento catalisador, que mobiliza,desenvolve, transforma, comunica, faz crescer e coloca todos os outrosprincpios manifestos em ao; sendo gerador de s Sigidi, s Barb e

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    s Yangi - protomatria do Universo, responsvel por todos os outross provenientes do Big-Bang. Por estar correlacionados, virem deuma mesma origem, e, a partir da exploso, separados; continuam co-relacionados entre si nas nove moradas, - como princpio dinmico do

    Universo.lrun, seu pai, rene-os, e passa para ele Obtl, o p-w, saco daexistncia, que continha o material mtico e simblico, necessrio para acriao do iy, a Terra e, dos ra-aiy; ou seja: de seus habitantes.Nas suas precisas instrues, observou ao seu filho Obtl, seremnecessrios certos preceitos para a realizao da grande misso; sendo oprimeiro deles, a proibio de beber da seiva da palmeira do dendezeiroIgu-pe, chamado vinho de palma, que o elemento-atributo e

    genitor da prpria constituio de Obtl, que representa o sanguebranco vegetal.Veremos mais tarde, o porqu dessa proibio e suas conseqncias,quando no observada com a devida considerao. A segunda instruo Obtl buscar os fundamentos necessrios Criao com rnml, osacerdote, que detm o princpio do conhecimento, pois ele representa aVontade do Pai, revelada atravs do sistema f.Logo aps as recomendaes do seu Pai, Obtl foi procura de

    rnml Bb If para saber os desgnios da sua misso, mas, ao passarpor Oddw, seu irmo, no lhe deu a menor ateno, ignorando-o.Ele sentindo a sua indiferena, avisou a Obtal que s o acompanhariaaps ele realizar suas obrigaes rituais a s, conforme o que o orculoIf estabelecesse.Aqui, Obtl ao tomar conscincia de sua importncia e da suaimportante misso, torna-se soberbo e vaidoso. Sua avaliao agora apenas intelectual, desconsiderando a sua contraparte feminina esentimental em Oddw.

    Precisamos saber que, em Obtl, sua contraparte, - sua alma, precisa deum momento de considerao, reconhecimento, recolhimento eavaliao interna, isto , contatando-se internamente, verificando osseus verdadeiros desejos, e sentimentos. Ou seja, Obtl precisavanaquele momento considerar e resgatar a sua polaridade feminina, toimportante para que a sua misso desse certo. Assim, perderia a angstia

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    de estar separado de si mesmo, tornando-se assim, silencioso,meditativo, consciente do seu rico interior e aberto vida.Obtl inteiramente Criativo, enquanto o rumo do destino natural seencaminha para sua meia-noite, as suas foras ativas e criativas insistem

    em permanecer despertas, entretanto. A luta com Oddw representao destino de mutaes inevitveis, e, o consciente do ego de Obtltende a permanecer vivo e definido apesar das circunstncias.

    Depois de muito tempo destinado aos preparativos da consultaao orculo If, rnml abre a mesa de jogo com o signo Od-Ifresponsvel pela qualidade-momento daquela misso, - j Ogb, o Odda vida, que simboliza o princpio masculino, rege o sol, o dia e aabbada celeste. Foi aquele que recebeu a incumbncia de administrar

    uma parte do Universo, o Oriente. responsvel pelo movimento derotao da Terra. Ele controla os rios, as chuvas e os mares, a cabeahumana e as dos animais, o pssaro Ieklek consagrado a sl, oelefante, o co, a rvore Irko e as montanhas. A Terra e o Marpertencem a este signo; assim como todas as coisas brancas pertencem aele. Rege o sistema respiratrio e tem tambm, sob suas ordens, a colunavertebral, todos os vasos sangineos, apezar do sangue pertencer a OsMej.Para que tudo desse certo, segundo o orculo If, Obtl deveria fazerum sacrifcio-oferenda a s Elgbra, o princpio dinmico que faltavae que era necessrio misso da Gnese.Tudo parecia favorvel, caso o consulente Obtl tivesse considerado arecomendao do sacerdote, fazendo a oferenda recomendada a sElgbra, Senhor do Poder do Corpo, filho de rnml e Yebru e,companheiro inseparvel de gn.Ao ouvir a recomendao do seu sacerdote, Obtl ficou indignado!Ter que fazer oferendas sagradas para s era para ele uma humilhao.

    No via a menor necessidade de fazer os sacrifcios propiciatriosrecomendados para que a sua misso tivesse xito. Era como se tivesseque renunciar aos seus poderes e direitos, e agora, tivesse de reconheceros dele.Ora, s o princpio da existncia diferenciada, em conseqncia de

    sua funo de elemento dinmico e catalisador, que o leva a

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    propulsionar, desenvolver, mobilizar, crescer, transformar e comunicar;tudo o que era necessrio Criao de um mundo manifesto e cclico,segundo a Vontade de lrun.De acordo com o mito, rnml ou Adjgunal, seu conselheiro, o

    advertiu dizendo que o orculo no se equivocava e, que cabia agora aele, Obtl, cumprir o veredicto, ou manter a postura precipitada quetinha tomado, arcando naturalmente com as conseqncias...Ora, sabemos que o ritual nosso instrumento para fazer uma sntese

    das polaridades da realidade humana. a arte que consegue unir nossasduas metades. O espiritual precisa ser unido nossa natureza terrenamtica e ancestral. O esprito masculino que est to abstrado na teoriaprecisa ser ancorado na feminina alma terrena, para poder se manifestar e

    tornar sagrado o que sagrado.Quem poderia imaginar que Obtl fosse ficar inflado e cheio de si,a ponto de no considerar a sua alma mtica e contraparte Odduw, e,ao no querer fazer as oferendas propiciatrias e sagradas a s?Sabemos agora, de antemo, que Obtl criou dois problemas antes de

    partir: primeiro o de no ter levado em considerao a sua almafeminina, sua contraparte, a participar da sua misso numa posio dedestaque, considerando-a sagrada e especial, para fazer germinar o seupoder criativo masculino. Como conseqncia, foi seduzido pelacarncia dela, pois ficou mal-humorado, sentindo-se desprestigiado aoter que considerar s. Em segundo lugar, isolou o ego em relao aoinconsciente ao no consider-lo, pois, em cada ser, masculino oufeminino, este princpio dinmico est presente, e sua funo de atuarcomo um psicopompo, - aquele que guia o ego ao mundo interior, eque serve de mensageiro e mediador entre o inconsciente e o ego.Esse isolamento do inconsciente sinnimo do isolamento da sua almairm Oddw, da vida do esprito. Deveria saber, que qualquer

    elemento seu interior, deve ser reconhecido, honrado e vivenciado emum nvel apropriado. Sentia-se supervalorizado com a escolha feita porseu Pai entre os demais, o que j uma possesso psicolgica perigosa.Quando agimos com um nico lado da nossa polaridade, enveredamos

    pelo caminho errado. Para gerarmos um ato criativo psicologicamentesaudvel e produtivo temos que solicitar a aprovao dos opostos. A

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    cabea precisa do consentimento do corao, o ego do Self, o espiritualdo fsico, a anima do animus. Atos desequilibrados trazem sempredesastre em seu rastro, como conseqncia.Temos sempre que enfrentar problemas como este, focalizando a nossa

    energia psicolgica atravs de um ritual, um trabalho interior ritualizado.Como no conhecemos o problema, ainda conscientemente, precisamospersonific-lo no smbolo materialmente, trazendo mente as imagense conversando com elas com seriedade.Personificar o problema , atravs do ritual da consulta ao orculo,procurar no Od com o seu signo, o tan, e, o seu caminho - es, quevai represent-lo no smbolo; procurando saber quem so, e o quequerem, deixando fluir os sentimentos ao conversar com essas

    personalidades interiores. Depois, faa o ritual de oferenda: Oferea umsacrifcio causa do problema, pretenso, depresso, ou a qualquerideal. Isso, ritualmente, o que Obtl deveria ter feito: Despachars. Isto , dar atendimento prioritrio e consciente ao idealimaginado e desejado, atravs de um ritual fsico e propiciatrio,representado fisicamente no smbolo.Em Josu 6, um texto bblico do Antigo Testamento, esta experinciaest explicita, quando Jhav orienta ao fiel Josu a fazer um ritualsistemtico, durante sete dias, para que as muralhas de Jeric viessem aruir e, ela ser tomada de assalto. S, que dentro dessa muralha havia umaprostituta de nome Raabe que no poderia ser morta, pois ajudara aosmensageiros de Josu. Como podemos ver, Deus nos recomenda darvoltas em torno do problema, consultar nossas personalidades interiorespedindo sua ajuda, sem preconceitos morais, at aparecer uma soluo,ao invs de ficarmos dando voltas em torno de Deus porque temos umproblema...Obtl o hermafrodita dos tempos imemoriais. Podemos assim

    definir esse ser a partir da criao dos seres. Como um smbolo daenergia psquico-primitiva e indiferenciada, to logo essa energia assumeuma identidade egtica, comea a criar o seu prprio mundo.O ego vem do seu background psquico anterior mais amplo, sua alma,manifesta em Oddw, princpio feminino, mas, logo se volta contra oseu irmo e, arrogantemente, declara a sua independncia em relao

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    ao mistrio inconsciente do qual ele surgiu. agora um ego alienado,definido pelo seu prprio sentido de identidade. Essa entidade psquicaafasta-se da sabedoria de Oddw, que representa a sua alma femininacontida no inconsciente, e, se declara criador e regente por direito, de

    forma unilateral. Ele o seu plo oposto, um princpio receptivo, adisposio de se deixar conduzir, de esperar o momento certo, a formaadequada para poder reagir ao impulso do seu irmo Obtl. Com ele,as coisas possuem uma forma e um espao para acontecerem.Ele a voz interior de Obtl que d a forma digna de confiana:

    quando, onde, e como ele deve agir. Ele no separa nem avalia, que nemseu irmo Obtl, porm sabe que s com a unio dos dois, resultano todo, que a Vontade do Pai revelada.

    Sabemos, entretanto, que Obtl no teve a menor considerao comesse importantssimo detalhe...Um psiclogo junguiano chamado Edward Edinger descreve assim esse

    fenmeno: Todo tipo de motivao, de poder, sintoma de inflao.Sempre que algum age movido pelo poder, a onipotncia est implcita;mas a onipotncia um atributo apenas de Deus. A rigidez intelectualque tenta equacionar sua prpria verdade ou opinio com a verdadeuniversal, tambm inflao. a presuno de oniscincia... Tododesejo que d sua prpria satisfao, um valor central que transcendeos limites da realidade do ego e, em conseqncia, assume os atributosdos poderes transpessoais.Obtl no desejava partilhar com ningum esse direito e essa escolha,

    reduzindo-se ao no se integrar sua contraparte Oddw, atravs des. Com isso, perde a sua unidade original encontrando em si sunilateralidade, em vez de clareza. Sem saber, mata a sua ltimaoportunidade de realizao; pois ao lutar contra s, que aqui representao seu instinto de preservao e mobilizao acaba transportando uma

    quantidade maior dessa energia para si prprio, como ego.Deveria saber que esse ego tem que estar a servio do seu Pai, seu EuSuperior - Oldmar, e que no devia reprimir s, pois, assim ele setornar agressivo e descontrolado, passando agora a ser sua sombra, -por ser o lado negado e negligenciado.

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    Ao desconsiderar sua alma Oddw, Obtl usou apenas o intelecto,pois, pensou sobre a importncia que passara a ter, fez uma apreciaointelectual a respeito, no considerando a falta de um sentido dejulgamento, no sendo ento conferido por ele Obtl, um valor real.

    Com isso, no houve um envolvimento total em si.Sabe-se, que o ato de pensar bem diferente do de sentir, que darvalor a um sentimento. No soube manter um relacionamentosatisfatrio com sua alma, Oddw, com os seus sentimentos; tantoque, segundo o conto mtico, Oddw queixa-se com o seu paiOldmar por no ter dado a ele uma participao honrosa na presentemisso. Acredito que tenha sido proposital.Caso Obtl tivesse feito a oferenda a s, teria usado esse poder

    masculino para abrir caminho no mundo adulto, tornando-se vitorioso,fazendo-o forte o suficiente para no ser vencido pela ira e pelaarrogncia. Agora, tudo o que Obtl deixou acontecer interiormente,acontecer exteriormente, em contrapartida a essa sua atitude decarncia e arrogncia.O que o mito nos mostra que, tanto a genialidade quanto acriatividade, so manifestaes da sua alma, Oddw, que lhe d acapacidade de dar a luz. A sua masculinidade permitir-lhe- propiciarapenas a forma ao que faz nascer de si, no mundo exterior e manifesto.

    Obstinado, Obtl resolveu assim mesmo, preparar a comitiva de rs-funfum para essa jornada; como se fosse um jovem que descobre eimpe a sua masculinidade a qualquer preo.Ornml j sabia o que iria acontecer, pois conhecia o poder do seu

    filho s Elgbra, assim como, sabia que no podia intervir naquilo queOldmr, seu pai, chamava de livre arbtrio e estgios de evoluo.Segundo o nosso tn, Obtl salvou o jogo, isto : retribuiu com umpagamento o que recebera como aviso e pressgio para a realizao da

    sua misso, sem dar considerao alguma s recomendaes recebidas,saindo imediatamente para preparar e reunir a sua comitiva, pois tinhaele muitas tarefas para cuidar.O caminho, na-rn, era longo, rido e desconhecido dele, como

    no podia deixar de ser, o sol era inclemente... OOd j Ogb tem osol como regente principal, logo, sabe-se o que se podia esperar...

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    Os rs no esto acostumados ao sol e ao calor, e tinham no seucomando, o teimoso Obtl, que os liderava com todo o af. Todos, jno aguentavam com tanto sol, calor e sede e, j pensavam em desistirem virtude de tanto sofrimento e desconforto.

    s, enquanto isso, j tramava uma retaliao, pois o momento seapresentava o mais propcio possvel para pr em prtica o plano quebolara com Oddw.Pegou o seu cajado chamado ogo, que tinha o poder de bi-locao, e

    colocou-o a girar acima da sua cabea, com a finalidade de colocar-se frente da comitiva de Obtl. Isso foi logo realizado, para que no passoseguinte, fsse criar uma frondosa palmeira chamada Ig-pe, umaqualidade de dendezeiro bem frondoso e bonito.

    A estratgia de s era chamar a ateno de Obtl de que havia umosis, e, como consequncia natural, a gua estaria presente para matar asede dos rs-fumfum.Dito e feito, logo Obtl o avistou e, tratou de correr com o grupo

    naquela direo. S que ao chegar ao local, percebeu que estavaenganado, pois no havia o menor indcio de gua naquele lugar, tudono passara de uma projeo sua, uma miragem, j que estavaobstinado e desesperado de sede.Irado e frustrado, no pensou duas vezes, cravou o seu cajado, opsn,

    com toda a sua fora no tronco da palmeira, quando a percebeu quelogo correu um lquido incolor pelo furo que fizera. Pegou a sua cabaa,e comeou a aparar o precioso e oportuno lquido, tratando de beber ataplacar a sua sede. Acabara de cometer o segundo desatino, que tantoseu Pai recomendara evitar.Sabe-se que esse lquido tem grande poder alcolico e efeito imediato.

    uma bebida chamada em, um vinho de palma muito forte, que foraproibido por seu Pai de ser ingerido como recomendao, antes de

    iniciar a jornada, pois representa um atributo da sua prpria constituio,ou seja, estava proibido de beber de si, ficar ensimesmado, ou cheiode si.Obtl estava agora embriagado completamente e, impossibilitado de

    prosseguir viagem, inviabilizando assim, a sua misso.

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    Tentou, mas foi logo vencido por aquela embriagus, deitando-se emtotal abandono e sono profundo. Todos, no comeo, tentaram em voacord-lo, mas a carraspana foi daquelas...Logo, os seus seguidores comearam a regressar, deixando-o s e cado.

    Ao seu lado, o precioso saco da existncia jazia cado e abandonado.Oddw vendo quela cena ridcula que ele e s provocaram,aproveitou para pegar o saco da existncia e retornar ao rn. Estavamagora vingados da desconsiderao infligida por Obtl.Note-se, que h muito que se aprender com o Ig-pe, rvore do

    conhecimento, smbolo da Gnese Nag Yorub:Na busca de realizao e, vivenciando uma experincia nova, Obtl

    prova algo da sua natureza ingnua no seu ntimo, sendo seu processo

    de conscientizao e, caminho de encontro consigo mesmo, depois dasua queda.Ao ser, no entanto impossibilitado por ele, cai embriagado;como conseqncia, - conscientizou-se.Quebrou a unidade primordial da sua inconscincia original. ComoAdo, no Jardim do den, aprendeu a se ver como unidade distinta dosdemais, e do mundo sua volta.Agora, aprender a dividir o mundo em categorias e a classific-lo. Dessaforma, chegou a um sentido de si prprio como indivduo desgarrado dorebanho.Mas, ao ter provado do em, saciado a sua sede e provado o seu sabor,

    jamais esquecer essa experincia, que mais tarde ser a sua redeno;mas, que a princpio causou-lhe um impedimento e uma humilhao. Oprimeiro lampejo ao acordar, ser uma tomada de conscincia sob formade queda e de perda. Mas, se assim no fosse, como conseguiria terconscincia?A viagem desse nosso heri o padro arquetpico de um proceder, quefoi tecido e engendrado com essas imagens primordiais e, que foi

    herdado por ns.Interessante notar que Obtl no comea como um ser dotado detoda a sabedoria, porm, ele amadurecer e tomar na sua volta umapostura simples e modesta, entretanto sbia. o processo decrescimento e conscientizao.

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    A princpio um tolo ingnuo, que tenta o novo sem consideraes,pois tem como objetivo a alegria de viver, de juntar experincias... Comisso corre o risco de agregar mal entendidos por sua insensatez...Obtl ter agora que vivenciar um processo, - a evoluo da

    inconscincia pura e ingnua, total conscincia de si mesmo, - o cairem si.Potencialmente tudo isso foi necessrio, segundo a Vontade do PaiOldmar, para o desenvolvimento dos trs estgios psicolgicos dohomem que Obtl iria criar: agora, tinha de passar da perfeioinconsciente que antes se encontrava, de ovelha arrebanhada,inocente e pura, para a imperfeio consciente que agora se encontra.Mais tarde, Obtl ir atingir a perfeio consciente, indo ao encontro

    do seu Pai para servi-lo, resgatando assim a sua unidade. Eu e o Paisomos Um!... Caminhou da plenitude da pureza do mundo interior eexterior, ainda unidos, para um estgio em que se d a separao dessesdois mundos, denotando a a dualidade da vida; para depois, encontrar-se e atingir a iluminao, que nada mais , que uma sntese harmoniosado exterior com o interior. o que os meus ilustres amigos cristoschamam de caminho da conscincia Crstica e, o que os meusamados mestres taostas chamam de caminho do Tao.Infelizmente a sociedade ocidental no entendeu a mensagem de Jesus,pois alcanamos um ponto no qual tentamos prosseguir sem o menorreconhecimento da vida interior, a nossa alma. H um exemplo Bblicoem que Pedro, juntamente com os outros discpulos, aps a ceia,reuniu-se com Jesus, pois o mestre pretendia orient-los sobre a formacomo deveriam dar a boa nova. Dizia ele, que ao falarem aos outros,em seu nome, deveriam ser o menor de todos, ou seja, - humildes!Pedro, de pronto concordou com ele; porm, o mestre que conhecia aPedro, apanhou uma vasilha, colocou gua e foi lavar os seus ps. Pedro

    ao ver aquela atitude de Jesus, afastou com rapidez o p para que o seurabi no se humilhasse diante dele. Jesus chamou sua ateno a respeitodo que acabara de orient-lo, pois, apesar de concordar intelectualmentecom o seu mestre, no tinha na sua alma a mesma concordncia.Tornara-se apenas conceitual a sua apreciao...

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    Agimos como Obtl no incio da sua jornada, como se no houvesseo reino da alma, a sua anima, na morada do Pai, o inconsciente.Como se pudssemos viver vidas completas, fixando-nos totalmente nomundo exterior, conceitual, material, intelectual e doutrinrio apenas.

    Deveramos discernir melhor quando Ele nos diz: meu reino no dessemundo. Acabaremos por descobrir que o mundo interior umarealidade e que teremos de enfrent-lo, apesar de tardiamente, no finaldos tempos, ou quem sabe, quando Ele voltar... Se que pr alguns, jvoltou!...No sabemos ainda o suficiente. O isolamento do inconsciente sinnimo do isolamento da alma e morada do esprito.A perda da nossa verdadeira vida religiosa resultado dessa separao.

    Com isso, o mundo, que a est o testemunho visvel das neuroses edos conflitos interiores que no pode ser harmonizado apenas com ointelecto.Aqui estamos testemunhando atravs da mitologia Yorub, o primeirodesenvolvimento desse estgio, o primeiro passo do ser ao sair do denespiritual e entrar no mundo da dualidade.Obtl, aqui comea a ser agora algum por si prprio ao ter que

    assumir essa conscientizao, ter agora que superar a sua queda,sofrimento e alienao. Observe que aqui, antes da fundao do mundo,houve um sacrifcio, e que Obtl foi a oferenda de sacrifcio para queo processo da Criao pudesse vir a se estabelecer.O processo aqui no se completou, est longe de ser completado; seu

    relacionamento com o grupo, agora est destrudo e ele ainda no setornou um indivduo para que possa relacionar-se bem com a vida.Sente-se s, culpado e alienado a princpio, e essa alienao queexprime bem essa situao. Ele no considerou as advertncias doorculo If, atravs de rnml, sacerdote de Oldmar. Obtl usou

    sua contra parte, Odduw, sua Anima, na forma de maus humores,queixosa, vaidosa e orgulhosa. Enfrentou tambm s, de formasombria, agressiva e arrogante, que para ser dominado, precisa primeiroser reconhecido e considerado e, a sim, controlado. Foi derrotado pors, psicologicamente no seu interior.

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    Agora, ao acordar com o seu ego prostrado, descobrir que foi vencidopor s e Oddw para a sua surpresa... No devia t-los reprimido edesconsiderado. J que o leite foi derramado, agora no adiantaqueixar-se; ter agora que tornar o seu ego forte o bastante para no ser

    vencido pela ira, arrogncia e mau humor.Os mestres taostas chineses recomendam-nos que, ao invs de tentar

    matar essa virtude energtica, deveramos acrescent-la ao ego de formacriativa, para a realizao dos nossos objetivos. Interessante que areligio Yorub tambm adota, de forma simblica, esse mesmoprincpio, ao despachar s, em primeiro lugar, dando adim aosnossos ideais.Com o saco da existncia s costas, Oddw sabe que parte da sua

    trama com s tinha se concretizado; afinal, algo precisava ser feito paraequilibrar o inflado ego de Obtl.Tinha como desculpa, a negligncia e a desconsiderao s

    determinaes dadas por rnml, atravs do sistema If. A leiprecisava se cumprir e ele Oddw, dela fazia parte.Oldmar, ento parte para a segunda fase da sua idia: chamaOddw, para que d prosseguimento misso que dera a Obtl, e,manda reunir o seu grupo, que era composto de bora, o mais rpidopossvel.

    Oddw pede permisso para consultar If antes de partir com o grupo,pois ele precisava saber qual a gide do Od-If, responsvel pela suamisso.rnml, - Elr pn testemunha dos destinos, fez os ors deabertura e joga o opel sobre a esteira, Oyku Mj! Od-f ligado Morte, noite, e ao ponto cardeal oeste, o poente. a contrapartecomplementar do primeiro signo Od-If, j-Ogb. o ocidente, amorte, o fim de um ciclo, o esgotamento de todas as possibilidades.

    J que as trevas existiam antes que fosse criada a luz, considerado maisvelho que j-Ogb, perdendo, porm o lugar para este, passando entoa ser sua complementao. Oyku Mj introduziu a morte, dependendodele o chamamento das almas e suas reencarnaes. quem comanda eparticipa dos rituais fnebres. quem comanda a abbada celeste

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    durante a noite e o crepsculo. Tem uma influncia direta sobre aagricultura e a terra em oposio a j-Ogb, que comanda o cu.rnml joga ainda duas vezes mais e alegremente revela a Oddw

    que o caminho que o Od o conduz, o mesmo de Ik, o rs da

    Morte, ou seja, ele iria criar um mundo material, perecvel e cclico.Aonde, tudo o que vier a existir ter corpos materiais, com maior oumenor densidade, porm feitos da mesma essncia. A k caber o ritode passagem, de devolver a terra os corpos antes animados pelo Espritodo Pai, o Ipr.Recomendou ainda, que ele vestisse roupas negras, em considerao ak e ao iy, o mundo manifesto que ele iria criar. Deu conhecimentoa Oddw para que sua misso chegasse a um bom termo, deveria ele

    dar uma oferenda a s Elgbra.Depois de prescrito o b, Oddw saudou o sacerdote rnml, esalvou a previso do orculo com 16 bzios, como pagamento.Quero aqui esclarecer, que Oddw ao ouvir as consideraes doorculo If, no acredita literalmente nos textos, porm, sente overdadeiro sentido por traz de tudo o que dito. Em outro livrofamoso a histria se repete: Assim como Maria, me de Jesus, que aoavisar ao filho que o vinho acabara, ouve o seu amado filho dizer:Mulher, que tenho eu contigo? Ainda no chegou minha hora. Suame, porm diz aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser. Ela afonte da inspirao profunda, que brota mais viva, quando decresce aconscincia cheia de critrios, por isso, no considera e nem d ouvidosao seu conceito racionalista naquele momento. Quem sabe como ela nontimo, - faz a hora...O que se seguiu, ns j sabemos... O primeiro milagre realizou-se. Ele,

    no interferiu, cumprindo assim o seu destino, escolhido por seu Pai,realizado de incio com a ajuda de sua me. Assim, concluo que no

    possvel libertar-se do destino atravs das energias do destino.Sob as bnos de lrun, Oddw chama s para partilhar de tudo,juntamente com gun, conhecedor dos caminhos, o grande Asiwaj eOllon aquele que est na vanguarda e aquele que desbrava ocaminho. Sabia ela, que sem eles nada se consegue levar a cabo...

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    Segundo o mito, os rs e os bora ficaram escandalizados quandoviram Oddw vestido de preto, com vestes masculinas, chegar ao ptiopara conduzi-los nessa grande misso.Quanta simbologia interessante a ser observada! A Criao comea no

    smbolo do renascimento, pois houve sacrifcios de morte antes...Os primeiros passos no caminho de crescimento, porm evocam fortes

    resistncias do ego tirnico.O desenvolvimento espiritual nunca ocorre sem uma luta gerada pelaarrogncia e desejo de poder do ego. Assim, quando s, enviado porOdduw, esconde-se primeiro em Obtal, finalmente se separa dele etorna-se exterior, em forma de uma palmeira, que o representa. agorasua projeo egtica. Odduw, como uma puno interior,

    permanece como instrutora e inspirao em Obtl...Uma analogia psicolgica aparece na importncia do valor da alma, noapenas, enquanto reconhecida dentro da psiqu masculina de Obtl,mas tambm, quando projetada e aparecendo sobreposta em algomaterial, como a rvore gu-pe. Ela no fsica, um ser etreo e,ainda assim, suas pegadas podero ser vistas, tanto na queda deObtl, quanto na concepo do mundo manifesto, o iy. Ela temsubstncia, o poder que d ao mundo sagrado matria do smbolo.Ela tira o sagrado do nvel da teoria, do abstrato e da figura de retrica.Ela o torna acessvel no aqui-e-agora para ser tocado, sentido evivenciado.O mundo de Obtl s se far instantneo e palpvel atravs da

    experincia simblica e sagrada, que antes ele rejeitara.Algo feito sagrado, no apenas porque o em si mesmo, mas, tambmpela nossa atitude com relao a ele. Ao reconhec-lo e trat-lo comotal, incorporamos seu poder genitor e criativo.

    Esse tn maravilhoso nos mostra que a evoluo do cosmo feita de

    parceria entre Obtl e Oddw, entre Deus e a humanidade, entre oesprito e a alma; o sagrado sempre est presente, o mais prximopossvel, mas ele s tem o poder de dar significado e valor a nossa vida,quando nos inclinamos humildemente com reverncia e respeito.

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    O mistrio revelado a nossa conscincia, o nosso ato dereconhecimento; pois, ele tem o poder de fazer com que as coisas sejamo que so e, de tornar sagrado o que sagrado.A maioria das pessoas no mundo ocidental moderno aprendeu desde

    criana que nada sagrado, nada merece ser reverenciado, que tudo podeser reduzido posse fsica, sexual, intelectualizada e conceitual. Resta-meperguntar essas pessoas: Como possvel construir a imortalidade daalma atravs das referncias de um corpo mortal?Os pensamentos de Obtl foram considerados pecados pelo pailrun, porque ele foi posto frente a frente com o que espiritual,sagrado, transpessoal, e, tentou trat-lo como se fosse algo conceitual,racional, fsico e pessoal. Tentou reduzir Oddw e s a um acessrio

    para o mundo do seu ego inflado.Agora ele ir gastar tempo e energiaaprendendo a vivenciar suas personalidades interiores, que semanifestam por rituais simblicos, como realidades interiores delemesmo.Vejamos agora, Obtl com o seu lado masculino e criativo, perde a

    oportunidade de comear o processo da Criao, cedendo o lugar aoprincpio feminino e irmo, Oddw.O signo Od-If, j-Ogb, smbolo da vida, d lugar a Oyk-Mj,

    smbolo da morte, para que a Criao possa ter incio. a transformaodo ego, que ao penetrar no reino do inconsciente, encontra-se com aalma e se integra a ela, desistindo do seu minsculo domnio, para viverna vastido de um imprio muito maior. E a morte do ego.Observe, que desde os tempos primordiais, a morte foi concebida como

    um visto de sada da dimenso limitada do tempo e espao, para umuniverso ilimitado e imensurvel do esprito na eternidade. Estaliberao do fsico para o inconsciente um smbolo mais sutil: aliberao do ego dos limites do seu mundo pequeno e dos seus pontos

    de vista mesquinhos, para um universo interior livre e ilimitado.Sem as vises restritas do ego, que a associa com o fim, a morte umsmbolo de transformaes.A Morte aqui simboliza um limiar. Ela representa mudana profunda,graas ao fato da conscincia no mais ser dominada por um ego carentee sedento de poder.

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    O eu agora se torna humilde e entrega a direo a uma instnciasuperior, o Si mesmo Oldmar.A nica e verdadeira soluo quem d Oldmar, com uma mudanade conscincia e valores, - com a morte do ego, ou seja, com o

    sacrifcio de Obtl, do seu velho ponto de vista, e, suas velhas atitudesenraizadas. Para nos libertar das energias krmicas da priso do destino,no podemos ter uma conscincia apoiada nas energias das polaridades,pois, todas essas referncias so apoiadas sobre o corpo mortal eimpermanente.Naturalmente o verdadeiro potencial criativo est na profundidade, no

    reino interior; naquele que Obtl no olhou antes e nem considerou.O que se encontra na superfcie j foi assimilado pelo ego, agora,

    somente os conhecimentos intuitivos do reino inconsciente, evitado ato momento, rompero as estruturas existentes e possibilitaro novasperspectivas, novas esperanas e novos horizontes. Dentro da filosofiamstica chinesa Taosta: OTudo Um, e o Zero a me do Um. Ogrande desafio transformar o Um em Zero; para isso, necessrio quese mergulhe no imenso mar do Absoluto, quando o Um deixar de serele prprio e passar a ser o Zero que abraa o Um.O Zero oAbsoluto; o Vazio a me da Onipotncia.Antes de tudo,o Zero j estava presente; depois de tudo, o Zero continuar presente.O Um a Onipotncia, o pai de todas as coisas. Na existncia humana,muitos buscam o encontro com esse pai do poder. Durante a existnciade todas as coisas, o Zero e o Um coexistem no se chocando, mas secompletando. Que analogia interessante! Observe que semelhana entreObtl e Oddw, onde o elemento masculino e criativo precisamergulhar no elemento feminino e receptivo para poder gerar atransformao sntese exigida, - o elemento procriado, - o iy e osara-iy.

    Por fim, Oddw, rs funfum do branco, e, princpio feminino, temque se vestir de homem e de preto para poder chefiar os bora, quepassam agora frente dos rs no processo da Criao.O princpio feminino e receptivo Oddw traz o sublime sucesso,propiciado atravs da perseverana devocional. Se ele empreender algo e

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    tentar dirigir, se desviar; porm, se ele seguir o criativo Obtl,encontrar orientao.O branco agora est oculto no interior, representando o esprito

    imortal e genitor espiritual, o preto, representando a natureza manifesta

    no exterior, mortal e cclica. A roupa masculina representaexteriormente Oddw, o ser masculino manifesto, o agenteimprescindvel Criao.A viagem do autoconhecimento no foi interrompida, apenas tomouuma direo diferente, o aprendizado agora ser feito atravs dasexperincias vivenciadas no mundo manifesto. Interessante essamudana, pois, agora o caminho para a Iluminao no mais pelasnuvens, pelas idias ou ideais. Agora, ter que estar expresso na

    realidade simblica da encarnao, atravs da conscincia. E, essaencarnao nos fala do paradoxo de duas naturezas: divina e terrena.Outro smbolo de renascimento aparece, quando Obtl fura a rvoreg-pe com o seu cajado, o psn, uma vara lisa, com apenas unssininhos na sua extremidade, que representa os mundos ainda unidos, eque se transforma agora em outro smbolo mais complexo, o p-sr- cajado que a representao simblica de diferenciao entre o rn eo iy e, que estabelece os diferentes nveis de evoluo entre estes doismundos de existncia. A sua extremidade agora representada por umpombo branco, - Obtl, elemento Criador, smbolo da manifestaodo Esprito, que possui agora mais trs pratos metlicos abaixo,espaados entre si, que representam outros mundos habitados, comgraus de densidade material e de evoluo diferentes, a casa do Pai temmuitas moradas.... Representa tambm, morte e renascimento real,ritualstico e simblico. A Terra, onde o cajado se apia, o quintoprato, tendo ainda, mais quatro abaixo dela, - rn nsal mrrin,com nveis nferos de espiritualidade, onde habitam as y-m e os

    Aparok. Totalizam-se assim nove rn, rn msn, ou seja, novemoradas.Para ns ocidentais, o grande smbolo dessas duas naturezas emintegrao, Jesus, o Cristo, pois nela dito que Deus veio habitar omundo fsico e o redimiu, tornando-se humano.

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    Simbolicamente, representam que este mundo fsico, este corpo fsico eesta vida mundana que levamos na terra, tambm so sagrados. Significaque os demais seres humanos tm o seu prprio valor intrnseco: elesno esto aqui meramente para que possamos perceber refletida neles a

    nossa fantasia de um mundo mais perfeito, transportando assim asnossas projees de alma.Os mundos fsicos, mundanos e comuns tm sua prpria beleza, sua

    validade prpria e suas leis para serem observadas. o da a Cezar o que de Cezar, e a Deus o que de Deus.Acho uma inflao descomunal do ego humano, julgar a criaomaterial de Deus, como sendo algo cado que possa ser melhorado apartir de ns mesmos.

    Agora, que a alma de Obtl est oportunamente reconsiderada,significa a personificao do seu mundo interior, portanto, tenhocerteza que ela nos levar a uma jornada por esse mundo, pois ela queexpressa o reino mtico e terreno.Observem que os animais sacrificados a Obtl so sempre do sexo

    feminino, e que a galinha dangola a representao sntese de Obtle Oddw, pois possui o branco e o preto em suas penas e, participouefetivamente da criao do iy.Os elementos signos-smbolo de oferenda estabelecida pelo orculo as foram: cinco galinhas dangola, com cinco dedos em cada pata,cinco pombos, um camaleo e uma corrente de 2.000 elos para s,alm de 200 caracis igbim, que contm sangue branco, a gua queapazigua - om-r, que seriam sacrificados aos ps de Oldmar.Segundo o relato mtico, Oddw fez as oferendas a s, que ento lhedevolveu uma galinha, uma pomba e o camaleo, retirando apenas umelo da corrente para us-la como adorno. Recomendou ento s, queOddw soltasse os bichos na metade do caminho e, a levar consigo a

    corrente, pois todos seriam muito teis na misso.Oddw toma um banho de amac, ervas frescas, e vai ao encontro doseu pai lrun, levando os 200 caracis igbin para serem sacrificadospor determinao do Sistema If, - orculo de rnml.Feita a recomendao, seu pai lrun lhe devolve um igbin, abrindo opre-od, almofada na qual se sentava e coloca o restante dentro.

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    Neste exato momento, descobre que havia uma pequena cabaa quecontinha o elemento terra, que estava faltando no saco da existncia, -o p-w; entregando-o ento a Oddw, para que ele pudesse agoraconcretizar o projeto de seu Pai.

    Interessante notar que, no relato acima, s, ao receber uma oferenda,restitui de tudo o que comeu para restabelecer a harmonia fecundante,fator de expanso, crescimento e transmisso do agbra -, fora que sepropaga de forma inesgotvel, tendo como signo-smbolo o d-ran,uma cabaa de pescoo bem longo. Este poder foi delegado a sElgbra por seu pai Oldmar.Essa uma etapa importante, porque ajuda a integrar a experincia delrun no inconsciente, na vida consciente e desperta de Obtl,

    atravs da sua alma irm Oddw. Foi chegada a hora de fazer algumacoisa fsica, um ritual que traga para a realidade do cotidiano de formapoderosa, o significado da Vontade do Pai, que vive no inconsciente.O ritual uma representao fsica do princpio dinmico - s, da

    mudana de atitude interior, que o inconsciente est solicitando. Este o nvel de mudana que est sendo requisitado por Oldmar. saconselha tambm Oddw a no falar a ningum sobre o desejo deseu pai lrun, e, sobre o ritual prescrito, ou seja, no uma boa idiarevelarmos o nosso inconsciente e o ritual, pois o falar tende a pr todaexperincia por gua abaixo, em um nvel abstrato.Voc acaba estragando tudo, pelo desejo de se apresentar sob melhor

    ngulo, em vez de uma experincia vivida e ntima, termina-se em umbate-papo amorfo e coletivo.O ritual tira o entendimento do nvel puramente abstrato doinconsciente e lhe confere uma realidade imediata e concreta, umaforma de colocar o inconsciente e seus contedos, no aqui e agora davida fsica, - no smbolo. So atos simblicos que estabelecem uma

    conexo entre o consciente e o inconsciente e, ele nos fornecer ummeio de tirar os princpios do inconsciente e os imprimir luz, na menteconsciente. O princpio dinmico s o veculo e mensageiro entreesses dois nveis.

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    Deveramos sobrepujar os preconceitos culturais para melhor nosaproximarmos do inconsciente - Oldmar e respeitarmos os rituais,nos desligando de certos preconceitos arraigados e racionalistas.Acreditam algumas pessoas que os rituais nada mais so que

    remanescentes de um passado supersticioso, ou de crenas religiosasprofanas ou fora de moda. Com isso, ficamos empobrecidos aoabandonarmos aquilo que nossos ancestrais tinham como parte naturalde sua vida espiritual cotidiana.O psiclogo junguiano Robert A. Johnson assim diz: Nossa nsiainstintiva para o ritual expressivo permanece nos dias de hoje, mesmotendo perdido o senso do seu papel psicolgico e espiritual em nossavida.

    Oddw, ento reuniu o grupo de bora liderados por s, gn ess, que j conheciam o caminho para o rn ks, lugar ondelrum determinara para a criao do iy, mundo manifesto.Juntamente com todos os outros bora: syn, Omolu, sumr,Nana, rk, sun, Ymj, Ynsn, Sng, Oba, Iyewa, Lgun de, Ibjie egun Elbaj, dirigiu-se para o lugar onde havia um pilar de ligao,chamado p-rm-on-iy.Oddw parou e viu que era exatamente ali o local indicado, onde, porObra e Graa do seu Pai, tudo comearia...Enquanto tudo isso ia tomando forma, s e rnml conversavamsobre os grandes fundamentos que estavam por trs de todo aqueletrabalho, que ora se realizava atravs de Oddw.

    rnml fazia chegar ao conhecimento de s, a qualidade dos doissignos-smbolo ods, que se apresentaram mesa do orculo, quandoOddw foi se consultar. Dizia ele para s, que logo aps Oyku Mjter apresentado os seus desgnios, jogara mais duas vezes, sendo que, oprimeiro Od a se apresentar fora d Mj, que corresponde posio

    Norte dos pontos cardeais, representa o aprisionamento do esprito matria para que a vida possa se tornar manifesta e surgir no mundo oque estava sendo criado.Com isso, os rs teriam tambm que abdicar de viverem para sempre

    no rn. Agora, nesta primeira fase, viveriam de forma espiritual comoainda se encontram, mas que, aps a concluso dela, iriam tambm

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    possuir um corpo material, denominado Ar, desta mesma matria queOddw estava usando na confeco do mundo e, sujeitando-se s suasnecessidades inerentes.Explicava rnml a s, que uma vez presos a corpos materiais, no

    havia meios de regressarem ao rn, a no ser que o seu tempo estivesseterminado no iy. Explicou tambm, que os rs, por representaremuma fora universal, seriam os genitores divinos, e, os bora, matria deorigem dos seres humanos, quando Iy-nl, a Terra acabasse de sercriada.Sobre o segundo Od que se apresentou mesa do jogo, - wr Mj:representa o ponto cardeal Sul, fala dos caminhos do esprito, e quemdetermina sua liberao do jugo da matria, podendo o esprito agora

    voltar ao rn, desligando-se assim dos corpos que iro compor essesseres, chamados humanos.Esses corpos, segundo o tn, so quatro: fsico, emocional, mental eespiritual, que o pnr -, partcula divina e imortal que pertence ao pailrun. E, que os outros corpos:Ar (corpo fsico), Ojj (emocional), epor fim m (mental), criados em co-participao com a terra, atravs dalama, eerpe - matria prima que ku, o rs da Morte retirou para aconfeco do ser humano, entregando-a a Oldmar, para que rsl,Olgama e Bab Ajl, o modelem segundo: Nossa Imagem,conforme a Nossa Semelhana... Depois ento, sopraria o Seu hlitodivino, o em, sopro de Oldmar, - o ar da vida.Explicou ainda, o sbio sacerdote a s: que todos tero um corpo quese chamar ar e, o que daria vida a esse corpo seria o em; que aindividualidade seria dada por or, a cabea, que a qualidade-momentodo nascimento determinaria o od.Quando o ser humano morresse, eles retornariam sua origem, - axex.O corpo voltaria para y-nl, donde foi tirado juntamente com o

    emocional, o ar, voltaria para a atmosfera, - smm e, que Or retornariaao Ok pr, lugar de origem do seu as individual, seu genitor divino,rs. Ornml, conta tambm a s, que esses primeiros seres, jancios, - gb, ao morrerem, seus espritos passariam a ser Ok-run,ancestrais, ou Irnmal-ancestre. Os seus descendentes-filhos, Irnmal-Omo ancestre, seriam chamados egun, explicando assim, o conceito de

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    tnwa, de muitas reencarnaes, que retrata na verdade, acontinuidade da vida atravs dos seus descendentes, ancestres familiares.Alguns desses Irnmal Omo-ancestres, gns, depois de muitas vidaspor diferentes corpos, se revoltariam e criariam uma confraria

    denominada Egb rn Abiku, pois no estariam dispostos a passarprovaes espirituais aqui na terra, provocando assim a sua prpria morteprematuramente. s estava interessadssimo com o relato feito pelo seusacerdote, quando todos interromperam a conversa deles.Acho importante, mais a frente, explicar melhor o conceito yorub,atnw, pois existe uma grande confuso a respeito. Muito diferente detransmigrao budista e reencarnao esprita Kardecista, ainda assim, considerada semelhante, - o que um grande engano.

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    Segundo Captulo

    A Concepo

    Todos os bora dirigidos por Oddw dirigiram-se para o rn ks,lugar onde estariam diante do p-run-on-iy, pilar de ligaoentre o rn e o espao, onde o iy ia ser criado.Os bora ficaram aterrorizados com o que viam... eram trevas eescurido absolutas!Em sinal de profundo respeito e reverncia, ao lado misterioso edesconhecido do pai Oldmar, prostraram-se ao solo humildemente.

    Oddw levantou-se e comeou a dar incio ao projeto do seu Pai.rnml, ento explica para s as funes desses espaos criados:Aktl, dimenso e orientao; Orsunr, noo de tempo;Olmtutu, a essncia da gua e sua umidade eAgbnid, a energia dofogo, essncia de Oy. Gisle Omindarew Crossard.Segundo o tn, ele chamou snyn e Aroni, o ano perneta, para que

    achassem para ele uma cabaa bem grande, cortassem ao meio e acolocassem sua disposio.Observem que a cabaa teria agora que ser cortada, smbolo da

    separao e da dualidade do mundo que estava sendo criado.Logo, que o smbolo do Igb-Od, - uma cabaa, com os seus doisgomos, foram cortados ao meio por syn e Aroni, separando o ladosuperior do inferior. De agora em diante, ao unirmos as suas duasmetades, uma linha divisria aparece, dividindo o espao no acima,superior e espiritual; no abaixo, inferior e terreno. Essa linha, ao seposicionar na manifestao, surge como resultado, a dualidade polar.Separado est tambm o principio masculino do princpio feminino.

    Simbolicamente esse momento tambm representa o conceito denecessidade, pois o sol no Od j-Ogb estava no nascente oriental e,viajou para o poente, no horizonte ocidental, um quadro de mudana daluz para o plo escuro, at agora negligenciado pelo princpio masculinoObtl, com relao sua contraparte Oddw; como tambm, omomento da mudana que o sol tem inevitavelmente de realizar.

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    Tambm, necessrias so as experincias nesta qualidade-momento decaminho.Simbolicamente, o que separa, corresponde ao princpio masculino e o

    que une ao feminino. Igualmente, o trecho do caminho masculino de

    Obtl, nos separa da origem, ao passo que agora o trecho do caminho feminino em Oddw, por critrio de escolha feita, pelo paiOldmar, para nos reconduzir origem.O pensamento masculino separador, diferenciador, analtico e sempre

    estabelece novos limites, com isso, determina diferenas cada vez maissutis, ao passo que o pensamento feminino, anlogo, integral,reconhece e acentua as coisas em comum e, extingue os limitesanteriormente estabelecidos.

    Obtl considera Oddw ambguo, porm, ele sabe que a realidade complexa demais para se submeter clareza de uma nica frmulainequvoca.Se o caminho de Obtl nos levou para fora da unidade de origem, paraa multiplicidade, em que o ego desperto, em desenvolvimento e, emconstante esforo pela clareza, se tornou unilateral; assim, o incio dotrecho deste caminho nossa frente, muitas vezes ambguo, nos levarem Oddw aos conhecimentos paradoxais, para finalmente nos levar unidade total e conciliatria. Essa mudana de direo estabelecida por

    Oldmar, que se torna manifesta e necessria, no agrada nem umpouco ao ego de Obtl. Com a maior m vontade, ele tem que desistirde tentar esclarecer e determinar tudo de forma to inequvoca. Agoraem Oddw, sua contraparte, ele estar sempre sendo esclarecidoatravs do orculo If por rnml, quais as determinaes do seu Pai,quanto tarefa da Criao.Agora, ter que se deixar ser conduzido.Aqui, Obtl desenvolver a compreenso das suas necessidades e, comisso, compreender que o caminho o obriga ao desenvolvimento e ao

    crescimento. Agora, ele ser confrontado com experincias palpveis eambguas que dever assimilar para poder amadurecer com sabedoria. Aqualidade arquetpica deste caminho a previso do orculo, suadisposio ntima em aceit-lo, a vivncia e as experincias quepermitem a cura e o renascimento. Agora, o ego precisa estar forte eamadurecer nos primeiros trechos deste caminho. Ele tem de estar

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    solidamente enraizado na realidade exterior e ser capaz de dialogar comas foras do inconsciente, a fim de poder ficar firme no encontro que irse realizar.Para se manter no longo caminho de realizaes materiais, a conscincia

    precisa encontrar a posio correta diante do inconsciente. Obtl terde aprender a se deixar conduzir confiantemente por sua contraparteOddw e, sobretudo, no prosseguir em quaisquer objetivos egostasou gananciosos do eu. Se o ego de Obtl, recusar esse exerccio dehumildade e, em vez disso, tentar roubar a fora mgica doinconsciente, - sua contraparte Oddw, por meio de truques, a fim dese apoderar desse poder; ele perde o que verdadeiro e torna-se vtimada sua fantasia de poder, fracassando em sua jornada de volta, aps a

    sua queda.A Bblia nos conta que o rei Nabucodonosor, ao receber um aviso emsonho, se enalteceu vaidosamente no telhado do seu palcio: No estaa grandiosa Babilnia que edifiquei para a capital do meu reino, com afora do meu poder, para minha honra e glria? Daniel 4:27.Essas palavras ainda estavam ecoando quando se transformou numanimal e deram-lhe grama para comer, como aos bois Daniel 5:21.Quando Oddw assume agora a direo, mostra-nos o que Obtlter de abandonar aos poucos: todos os smbolos de poder masculinosque foram penosamente colocados prova nos trechos anteriores docaminho. O ego, agora, fortalecido ir amadurecendo, mas sedento depoder, tem que reconhecer seus limites e se tornar outra vez humilde emodesto. Antes, precisava fazer experincias, mas agora o desafio ficarsinceramente aberto s experincias.Agora, nada acontece quando e porque o eu quer, mas quando e por que o seu Pai quer e, o caminho exige.A segunda metade do caminho que se inicia aqui, s pode levar Obtl viso superior, porm, somente quando tiver dominado as exigncias

    negligenciadas da primeira metade do caminho, - suas sombras.Novamente o desconhecido est diante dele.Muita apreenso, medo, h de vir nesta fase do caminho. A soma dassuas possibilidades no vividas e, na maioria das vezes, no amadas seragora o seu lado sombra. o encontro pela primeira vez com o seu

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    lado feminino Oddw, at ento oculto em sua alma, espritoencarnado.Quanto mais fraco for o seu ego, tanto mais ter ele medo de fracassar

    na misso e, tanto mais ser tentado em mostrar-se duro para

    compensar sua fragilidade. Em vez de desenvolver uma firmeza interior,ele demonstrar uma dureza exterior, por trs da qual escondeinstabilidade e sensibilidade de uma flor.Ter que reverter situao, sendo firme interiormente e flexvelexteriormente, domesticando assim o seu lado instintivo.H pouco, ele acreditava que tudo estava em ordem e sob seu controle...E, agora isso!Jung nos leva a refletir quando diz: No podemos viver tarde da vida

    com o mesmo programa com que vivemos a manh, pois o que poucopela manh, noite ser muito.O Criativo conhece os grandes comeos e o Receptivo, completa ascoisas concludo-as.O princpio criativo Obtl produz as sementes invisveis de todo o vir aser. Estas sementes so a princpio, puramente espirituais; por isso, sobreelas no possvel se exercer qualquer ao ou procedimento; nessembito, o conhecimento que age de forma criadora.Enquanto o Criativo Obtl atua no mundo do invisvel, tendo como

    campo o esprito e o tempo, o Receptivo Odduw, sua contraparte eirmo opera sobre a matria distribuda no espao e completa as coisasconcludas e concretizadas.Aqui, acompanha-se o processo de gerao eprocriao at as suas ltimas profundezas metafsicas.O Criativo Obtl em sua essncia, movimento lento e sem esforo;atravs desse seu movimento, ele consegue unir o que est dividido, poiso Criativo Obtl age atravs do fcil, enquanto a sua contraparte, oReceptivo Odduw, age atravs do simples.

    Como a direo do movimento, - o ba, determinado ainda no seuestado germinal do vir a ser, tudo o mais se desenvolve com facilidade,de forma espontnea, segundo as leis de sua prpria natureza.O Criativo Obtl, cuja tendncia almeja dirigir-se frente, o tempo;porm Odduw no se movimenta externamente, pois seu movimento interno, o espao. Seu gesto deve ser concebido como uma

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    autodiviso e o estado de repouso devem ser entendidos como umfechar-se em si mesmo; por isso no se trata de um movimentoorientado para um objeto, para fora. Esta a oposio fundamental queexiste no mundo: entre o princpio Criativo Obtl, - a Criao, e o

    princpio Receptivo Odduw, - a Concepo.Perfeito, em verdade, a condio sublime do Receptivo Oddw, pois

    todos lhe devem seu nascimento; pois ele recebe e acolhe o elementocelestial com devoo, pois, assim perfeito aquilo que atinge o ideal.Isso significa que Oddw depende do Criativo Obtl. Enquanto oCriativo o princpio gerador masculino, ao qual, todos devem os seuscomeos, o princpio Receptivo e feminino, o que parteja e acolhe emsi a semente do Criativo Obtl e d aos seres forma corprea,

    tornando-os omo-Oddw - filhos de Oddw. Em sua riqueza, ele portador de todas as coisas, sua essncia est em harmonia com oilimitado. Em sua amplitude, abrange todas as coisas e em sua grandeza,a tudo ilumina e manifesta. Atravs dele, todos alcanam o sucesso.Enquanto o Criativo Obtl protege do alto as coisas e os seres,cobrindo-as com o seu Al, ar divino, furuf, que separa os doisnveis de existncia; o Receptivo Oddw quem os carrega, comofundamento que sempre subsiste. A sua essncia o ilimitado acordocom o Criativo Obtl. Esta a causa do seu sucesso. Enquanto omovimento lento do Criativo dirige-se para adiante, em linha reta, e seuestado de repouso a imobilidade; o repouso do Receptivo Oddw o fechar-se, e, seu movimento, - o abrir-se. No estado fechado, abrangetodas as coisas, como um grande seio materno. No estado aberto demovimento, ele d entrada luz do Criativo, com a qual tudo ilumina.Esta a fonte do seu sucesso na Criao, pois manifesta a realizao dosseres. No smbolo, o Criativo Obtl representado por uma pombabranca que permeia o rn; j, o Receptivo Oddw, na manifestao

    do iy, representado pela galinha dangola, pintada de preto e branco.Um, o poder e o ideal etreo; o outro a forma e a condiomanifesta.Goethe o chamaria de Deus e Natureza, o nosso tn, d-nos uma idiamais generalizada para designar este par de o