Biblia e Misterios

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Bíblia e Mistérios Comentários bíblicos com chaves místicas Mariano Soltys

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  • Bblia e Mistrios Comentrios bblicos com chaves msticas

    Mariano Soltys

  • Bblia e Mistrios

    2

    Catalogao

    SOLTYS, Mariano. Bblia e Mistrios: comentrios bblicos com chaves msticas. So Paulo: AG Book, 2013.

  • Bblia e Mistrios

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    Prefcio

    impressionante como a mesma Bblia pode se prestar a interpretaes vrias, desde a literal donde brotam os desafios hermenuticos pelas contradies, at a mais espraiada cuja meta redimensionar a contradio para lhe minar a oposio interna. Soltys vai para linhas hermticas e exotricas de modo que aquilo que figurado torne-se ainda mais figurado. Uma coisa certa: na Palavra de Deus a mensagem tudo. Tudo pensado e escrito de modo a calcular de antemo a impresso do leitor. No interessa o que foi ou o que aconteceu, mas como as coisas devem ser moral e espiritualmente concebidas. Os personagens equivalem a conceitos de uma teoria, ou para usar um termo mais genrico, peas de uma metanarrativa. Enquanto que o simblico tem um significado, Soltys agrega o simblico ao simblico, interpretando o smbolo por ele mesmo. Em Soltys interpretaes gnsticas e de uma espiritualidade superior so manejadas sem trair a mensagem original do texto bblico. Cabala, metfora, cdigos e chaves, nmeros e figura, tudo isso aparece em Soltys. Ele esse filsofo mstico que nos brinda com a mensagem do verso e do reverso do texto, mostrando que o texto tem vida prpria e sempre diz infinitamente mais do que pretendeu dizer. Obrigado, Mariano, por nos honrar com tamanha comenda. Deus que sempre foi, continue sendo sua fora.

    Clverson Israel Minikovsky, autor com a 22 obra em curso

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    Prefcio do autor

    Continuando o trabalho feito em Bblia e Misticismo, essa obra coroa uma srie de interpretaes avanadas do Evangelho, em especial naquelas passagens que muitas vezes vemos obscuras em outros livros. Muitas vezes falo com as pessoas que trabalham com a Bblia, seja em sua corrente religiosa, ou por outra obra, e percebo que mesmo elas no compreendem muitas das passagens, em especial aquelas que carregam certa mstica. Como esses textos so judaicos, percebi que j muito foi estudado dos mesmos, e que existem escritos msticos como o Zohar, o Sepher Yetzirah, o Tanya, Pistis Sophia e outros, que nos do a chave de muitos dos mistrios ocultos em passagens como os presentes no livro do Gnese ou mesmo de Ezequiel, bem como de Joo, que so cheios de simbologias. A teosofia colabora tambm em algumas descobertas pela interpretao. O livro possui uma linguagem leve, sem defesas teolgicas ou crticas cientficas, uma vez que aqui respeitamos mais uma vez o livro dos livros, acima de tudo. Esse livro contm tambm informaes de escritos que do a dimenso histrica e arqueolgica de certas passagens, mostrando as obras que resultaram da f. Outrossim, trago a contribuio dos evangelhos apcrifos, especialmente os descobertos por arquelogos em Qunram, no Egito. Descubra os mistrios mais profundos da Bblia. O livro te deixar estupefato com as interpretaes. Boa leitura.

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    Sumrio

    BBLIA E MISTRIOS ..................................................7

    Tempos pr-admicos e pr-diluvianos ...................8

    Ado criado do p de Marte .....................................12

    Moiss, sua vara, Mar Vermelho e Pscoa ...............15

    Interpretao referente a animais na Bblia .............18

    Ciro, arqueologia e messianismo ..............................22

    Bblia e mitologia ......................................................25

    A mstica da Bblia segundo Swedenborg ................32

    Bblia e Alcoro .........................................................35

    O nome do salvador ..................................................39

    O cristianismo mrtir e a simulao teolgica .........42

    Jesus segundo Talmud .............................................46

    Multiplicao dos pes e cabala ...............................50

    Cristologia alta ..........................................................42

    O significado mstico da Pscoa ...............................56

    Nascimento para o alto .............................................59

    Purgatrio, testemunho e livro dos Macabeus .........61

    Anjos criados, arcanjos, querubins e cabala ............64

  • Bblia e Mistrios

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    Templo cristo e comrcio ........................................67

    Os essnios e conexo Jos e Asafe ..........................70

    Acrscimos no Evangelho .........................................76

    COMENTRIOS A EZEQUIEL .....................................76

    COMENTRIOS AO EVANGELHO DE JOO ...........94

    BBLIA E MISTRIOS ..................................................121

    TEOSOFIA E EVANGELHO .........................................128

  • Bblia e Mistrios

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    Bblia e Mistrios

  • Bblia e Mistrios

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    Tempos prTempos prTempos prTempos pr----admicos e pradmicos e pradmicos e pradmicos e pr----diluvianos diluvianos diluvianos diluvianos

    Naqueles dias estavam os nefilins (gigantes) na terra, e tambm depois, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos. Esses nefilins eram os valentes, os homens de renome, que houve na antigidade. (Gen. 6:4)

    Porque se Deus no poupou a anjos quando pecaram, mas lanou-os no inferno, e os entregou aos abismos da escurido, reservando-os para o juzo. (2 Ped. 2:4)

    Lendo a Bblia de Estudo Dake, percebi j de

    incio bons estudos e comentrios, talvez os

    melhores, e dando importncia ao tema dos

    gigantes, de Lcifer no tempo pr-admico e do

    dilvio de Lcifer (diferente do de No...). Assim os

    anjos que se rebelaram, gigantes e outros, parece

    que receberam seu juzo. Samael (ou Lcifer) se

    ops as leis csmicas e naturais, e assim contrariou

    a Deus e a Sua providncia. Mas com pouca

    informao na prpria Bblia, como podemos saber

    dessas coisas antes de Ado?

    Mesmo na Bblia h muita informao,

    apesar de velada. Em Isaias se fala no rei de Tiro, e

    assim vemos l a figura de Lcifer. Na serpente, e

    mesmo no Apocalipse h muito desses mistrios.

    Mas os gigantes viveram at o tempo de No, ou

    seus descendentes depois, ainda (cananeus,

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    filisteus etc). Vemos que alm dos livros cannicos,

    que alguns apcrifos do-nos respostas, como o

    livro de Enoc, que fala das lies a que nos deram

    esses anjos ou gigantes. Tambm a tradio oral

    judaica e seus escritos de sbios, como Talmude,

    Zohar e Mishnas do muitas respostas sobre

    Samael e os anjos.

    Mas sem um estudo maior no se pode ir

    alm nessa hermenutica da Bblia. Vemos assim

    em estudo de religies comparadas s respostas as

    lacunas que encontramos sobre esse tempo pr-

    admico e mesmo pr-diluviano. Vrias tradies

    falam da guerra dos gigantes contra os filhos dos

    deuses e isso est quase literal na Bblia tambm,

    podendo-se traduzir o termo Elohim por deuses.

    Tambm que o mundo ou universo teria sido criado

    perfeito, e se tornado imperfeito (queda). Mesmo no

    hermetismo se entende que Deus (o Todo) criou

    primeiro em Sua mente, para depois manifestar no

    material, pois toda a criao mental. Tais gigantes

    tambm na tradio hindu, vdica e purnica, no

    so tidos como maus, mas com uma misso no

    desenvolvimento do homem, sendo que esses anjos

    eram espritos ainda, e por isso de tamanho

    descomunal.

    Ademais, alm de que os anjos habitavam

    outros mundos antes da rebelio de Lcifer-

    Samael, como Marte e Vnus, vemos que o prprio

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    termo Lcifer se pode traduzir por Vnus, a estrela

    da manh. Essa guerra de gigantes e filhos dos

    deuses se deu porque os primeiros pecaram por

    demasia, e que usavam de magia negra e toda sorte

    de confuses e guerras. Assim estes eram os

    Atlantes, e por isso ainda do livro do Gnese colocar

    em seguida o dilvio, pois foi por meio deste que se

    destruiu a Atlntida, a terra dos gigantes. A relao

    das guas com o ter do universo tambm feita

    por esoteristas e vemos assim que houve um dilvio

    do universo, com destruio de planetas (por

    meteoros... Sodoma e Gomorra?) e que ainda houve

    um dilvio no mundo, retratado em mais de 100

    culturas, com seus Nos construindo barcos, arcas,

    jangadas, cabanas etc.

    Vale ressaltar que a tradio bblica se

    assenta em algo que est retratado por outras

    religies, e que representa alguma verdade, seno

    literal, por certo csmica e mstica. E tais gigantes

    podem ter existido tanto no astral como no real, e

    que houve por certo alguma experincia gentica

    entre homens e anjos, simplificada nas Escrituras

    sagradas. Tambm que outros mundos existiram e

    que coisas muito misteriosas mesmo em nosso

    mundo existem, como pirmides e coisas que no

    poderiam ser construdas com a tecnologia de

    homens do passado. A Bblia assim tambm um

    livro de cincia oculta, e vai muito alm do mero

  • Bblia e Mistrios

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    sentido literal, necessitando de dilogo inter-

    religioso e de tradies orais para sua

    compreenso.

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    Ado criado do p de Marte

    Observei a terra, e eis que era (seria) sem forma e vazia; tambm os cus, e no tinham a sua luz. Observei os montes, e eis que estavam tremendo; e todos os outeiros estremeciam. Observei e eis que no havia homem algum, e todas as aves do cu tinham fugido. Vi tambm que a terra frtil era um deserto, e todas as suas cidades estavam derrubadas diante do Senhor, diante do furor da sua ira. (Jeremias 4: 23-26)

    A terra era (seria) sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Esprito de Deus pairava sobre a face das guas (Gnesis: 1:2)

    Pesquisando autores judeus e msticos sobre

    a Bblia, eis que encontrei um brasileiro chamado

    MishaEl Yehud, que muito me impressionou com

    suas teorias e jogos de palavras feitas na Bblia,

    cdigos e descobertas. Sobre essas passagens ele

    diz que a Terra no foi criada imperfeita, e que o

    verbo est no futuro e no no passado, na

    passagem do Gnese. Com base na gematria,

    clculo feito com passagens da Bblia e mais

    comentrios de sbios, como o caso do Zohar, ele

    desvenda uma srie de passagens antes nebulosas.

    Primeiro que Ado no era humano, no no

    sentido de ser igual a ns corporalmente. Ele tinha

    um corpo de queratina, segundo esse autor, e ainda

    antes tinha um corpo de espcie de luz, uma veste

    bio-luminescente que possibilitava viagens pelo

  • Bblia e Mistrios

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    universo, sem necessidade de avies ou foguetes.

    Foi assim Ado o primeiro astronauta. Na queda

    teria assim perdido essa vestimenta e se escondido

    dentro da rvore das Vidas, que na verdade era a

    Lua (Yesod). Mas esse Ado no foi feito do p da

    Terra, mas sim de marte, pois esse planeta se

    chama Adamah.

    Sobre a passagem em Jeremias, se fala de um

    planeta habitado pelos anjos, pois eles foram

    criados no 5 dia e alguns se rebelaram, seguindo

    Samael, que no outro que aquele que ns

    cristos chamamos de Lcifer. Esse anjo e outros

    habitavam planetas, e entre um deles estaria

    Astera, e outro Marte, que teria sido este sim

    banido e se tornado um deserto, conforme

    Jeremias. Pela queda de asterides assim havia

    ocorrido, e apenas restando s pirmides

    construdas pelos anjos, pois so sua marca

    arquitetnica (homens no construram imensas

    pirmides). Alguns desses seres habitam o centro

    desses planetas, sendo que o Jardim do Eden

    estaria no centro do nosso.

    Vemos assim que esse autor segue uma

    tendncia atual que usar de misticismo

    tradicional, como no caso do Zohar e da Gematria,

    bem como a astronomia e astrofsica combinados a

    ufologia. E que os anjos so mais reais que muitos

    imaginam. Mas Ado teria assim em sua queda

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    habitado o corpo de homens pr-histricos e

    comido o po com suor do seu rosto. Antes dessa

    teoria, pra mim parecia estranho um homem de

    terra vermelha, uma vez que aqui no vemos muito

    desse solo. E de onde teria cado? De Marte parece

    ser uma resposta mais recente com nossos

    conhecimentos. O que vale que a Bblia possui

    toda a cincia, inclusive a fsica quntica, e que as

    descobertas humanas apenas vo confirmando os

    saberes de msticos judeus e outros, como Einstein.

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    Moiss, sua vara, Mar Vermelho, rocha e

    Pscoa

    Falou, pois, o Senhor a Moiss e Aro: Quando Fara vos disser: Apresentai da vossa parte algum milagre; dirs a Aro: Toma a tua vara, e lana-a diante de Fara, para que se torne em serpente. (Ex. 7:8)

    Falou, pois, o Senhor a Moiss e Aro: Quando Fara vos disser: Apresentai da vossa parte algum milagre; dirs a Aro: Toma a tua vara, e lana-a diante de Fara, para que se torne em crocodilo (a Septuaginta e outras tradues falam em monstro de gua e terreno, que era tal animal. Por equvoco traduzido por serpente.)

    E tu, levanta a tua vara, e estende a mo sobre o mar e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco. (Ex. 14:16)

    Ento disse o Senhor a Moiss: Passa adiante do povo, e leva contigo alguns dos ancios de Israel; toma na mo a tua vara, com que feriste o rio, e vai-te. (Ex. 17:5)

    Moiss surgiu de um grande rio, e assim

    partilhava de uma Providncia que o ligava a esse

    elemento gua. Teve vrios milagres e sinais em seu

    ministrio. Irmo de Aro, este assim possua uma

    vara ou cajado, de propriedades mgicas. Esse

    cajado no outro que no a Cabala, a tradio

    dada nos mistrios hebreus, que comeou com

    Melki Sedec, ensino relativo propriedade mgica

    das letras hebraicas, atravs dos 72 Nomes de

    Deus.

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    A vara mgica simboliza a Vontade do mago.

    Moiss praticamente a usou em todos os seus

    milagres Tambm segundo um mstico judeu o Mar

    Vermelho o Mar Infinito, e se refere a todas as

    guas do mundo, que nesse dia inverteram seu

    curso e congelaram. As guas se congelaram e

    ficaram em muralhas, no meramente flutuando,

    como mostra o cinema. Vale que a criana no tero

    materno est nas guas e j recebe os

    mandamentos de Deus. Tambm o sbio recebe j

    nas guas a revelao de que veio de um dos

    Patriarcas, profetas ou outros, pelo mistrio da

    reencarnao. Muitos profetas da Bblia so os

    mesmos em pessoas diferentes.

    E Moiss veio de um cesto (tero), levado nas

    guas. A rocha ferida pelo cajado tinha formato

    cbico, era de granito e media 4,5 metros de

    largura por 3,5 de altura. Possua espcie de

    mecanismo e podia fornecer gua a 6 milhes de

    pessoas. As 10 pragas do Egito se referem a ataque

    a seus deuses, tambm, como a Belzebu das

    moscas, Serpis dos gafanhotos e assim por diante.

    A Pscoa se refere a esse xodo, sendo que ainda h

    a festividade dos pes sem fermento, por sete dias.

    O po celestial foi usado por 40 anos, tendo

    propriedades meio que especiais, como derreter

    rpido (se no era congelado ou refrigerado...).

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    O mar infinito se dividiu em 12, e assim

    vemos as doze tribos de Israel. Aqui o simbolismo

    nos leva a 12 constelaes e aos 12 apstolos do

    Senhor Yeheshua (Jesus). Todos passamos pelo

    Mar do Infinito e encontramos a vida, ainda pelo

    cesto que nos leva. Partilhamos do mundo profano

    ou de trevas e nos encaminhamos para a terra

    prometida, que o paraso. Cana tem leite e mel.

    Assim o que doce nos est reservado e no Messias

    ou Yeheshua isso se v cumprido, pela conscincia

    messinica. Os crocodilos dos instintos so

    controlados e os inimigos vencidos, pela vara da

    Vontade. Moiss nos deu essa lio, sendo a Pscoa

    da morte e ressurreio de Jesus a prova final de

    tal Providncia Divina.

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    Interpretao referente aos

    animais na Bblia

    Se a oferta de algum for sacrifcio pacfico: se a fizer de gado vacum, seja macho ou fmea, oferec-la- sem defeito diante do Senhor; por a mo sobre a cabea da sua oferta e a imolar porta da tenda da revelao; e os filhos de Aro, os sacerdotes, espargiro o sangue sobre o altar em redor. (Lev. 3:1-2)

    E disse Deus: Produzam as guas cardumes de seres viventes; e voem as aves acima da terra no firmamento do cu. (Gn 1:20)

    Ao cabo de quarenta dias, abriu No a janela que havia feito na arca; soltou um corvo que, saindo, ia e voltava at que as guas se secaram de sobre a terra. (Gn 8:6-7)

    Batizado que foi Jesus, saiu logo da gua; e eis que se lhe abriram os cus, e viu o Esprito Santo de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele (Mat. 3:16)

    No dia seguinte Joo viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. (Joo 1:29)

    Os animais presentes na Bblia so sinais de

    uma grande sabedoria. Sua presena vai muito

    alm de descries de fbulas de povos primitivos e

    cultura de pastoreio. Tambm vai muito alm da

    descrio de costumes hebreus. Tambm quando se

    refere ao sacrifcio animal, segundo alguns sbios

    de Israel, significa que o sacrifcio do animal que

    est dentro do homem, e no fora, se referindo a

    sua alma animalesca (sefer har), onde esto as

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    qlifot ou demnios, que se manifestam pela treva,

    vcios e coisas que afastam da luz do Criador. Mas

    a simbologia vai ainda mais alm, sendo mais uma

    forma de alegoria astronmica e angelologia.

    Muito da chave de interpretaes desses

    animais sob ponto de vista mstico est na cabala,

    mais especificamente no seu livro principal, o

    Zohar, que um vasto comentrio sobre a Tor ou

    Antigo Testamento da Bblia. L se dedica muito ao

    livro do Bereshit (Gnesis), e j no presente se trata

    os animais como seres viventes, que uma

    referncia clara aos anjos. Quando se fala em aves

    do cu no versculo vinte do primeiro captulo, em

    verdade se fala em anjos, e no pssaros ou aves.

    Tambm em outras passagens referentes a animais,

    ou viventes, a interpretao anjos. Esses anjos

    so os mesmos que puxam o carro de Deus

    descrito em Ezequiel (Merkabah), que so bois, ou

    melhor, querubs (querubins). E os mesmos que

    guardam a entrada do den. Esto assim no

    firmamento porque so estrelas, astros e corpos

    celestes, e tm influncia direta em nossa realidade

    por sua energia, sendo assim os 12 animais do

    zodaco, ou constelaes da astronomia antiga. Da

    que as 12 tribos de Israel uma referncia a todos

    os povos da Terra e do universo, no apenas a uma

    raa ou povo. A serpente uma referncia a

    constelao de escorpio (povos do oriente viam a

    semelhana da constelao com forma de

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    serpente...), sendo uma influncia negativa do cu,

    logo ligada ao mal e ao adversrio.

    Por outro lado, em relao a No, quando vem

    aquele corvo, fica clara uma alegoria astronmica

    com Saturno, ou aquele que se relaciona a morte,

    barreira (Shatan) e toda a simbologia que envolve o

    anjo ou deus do tempo. Povos antigos o chamavam

    de Cronus. Saturno um planeta ligado a

    capricrnio ou o bode, assim a Sat (que foi

    representado com chifres e tem caractersticas de

    dificultar a vida do cristo...). Assim percebemos

    que o fim de um tempo ou era anunciava um novo

    tempo, de mais justia e equilbrio. No segundo o

    livro de Enoque era um filho de gigante, e esses

    gigantes no eram outros que os anjos que tiveram

    filhos com as mulheres humanas. Ento o corvo

    apenas uma barreira momentnea que vem antes

    da grande conquista. Antes da bno acaba vindo

    um deserto. O dilvio tambm universal,

    ocorrendo nas guas do firmamento, ou seja, no

    cu e nos astros. O perigo de extino no era

    apenas da Terra, mas do universo todo.

    Nesse sentido esto a pomba do Esprito

    Santo e o cordeiro de Deus, ou Cristo. No

    cristianismo primitivo no existia a figura de um

    homem pregado numa cruz, mas sim a de um

    cordeiro. Assim vemos uma analogia com o que os

    antigos tinham na astronomia como ries, sendo

    que esse smbolo era do Sol crucificado em ries,

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    por isso da pscoa em maro. A pomba do Esprito

    Santo muitas vezes entendida como meramente

    paz, porm o animal desde todos os tempos antigos

    foi uma referncia a Vnus, que rege em grande

    parte o sentimento do amor. Joo disse que Deus

    amor. Ento Jesus foi batizado nesse aspecto, e o

    fogo do batismo do Esprito Santo pode ser a chama

    do fnix, que era uma ave lendria que

    ressuscitava.

    Assim vemos que os animais presentes na

    Bblia representam grandes verdades, e que sob

    aspecto mstico nos revelam segredos elevados,

    como caractersticas de anjos, que ainda se

    relacionavam aos planetas e estrelas do cu. Assim

    por traz da simbologia mora um aspecto bem

    profundo e geralmente no interpretado, vendo

    aspectos biolgicos e histricos, em um livro que

    era escrito em um tempo em que a viso mais

    importante era a espiritual, mesmo que por uma

    linguagem simples e pastoreia. E os sbios sempre

    observaram isso do modo que vemos no Zohar,

    sendo que guarda a Bblia grandes verdades para

    todos os tempos.

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    Ciro, arqueologia e o

    Messianismo

    Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mo direita, para abater naes diante de sua face, e descingir os lombos dos reis; para abrir diante dele as portas, e as portas no se

    fecharo; eu irei adiante de ti, e tornarei planos os lugares escabrosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaarei os ferrolhos de ferro. (Isa. 45:1)

    Que digo de Ciro: Ele meu pastor, e cumprira tudo o que me apraz; de modo que ele tambm diga de Jerusalm: Ela ser edificada, e o fundamento do templo ser lanado (Isa. 44:28).

    Assim diz Ciro, rei da Prsia: O Senhor Deus do cu me deu todos

    os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalm, que em Jud. Quem h entre vs de todo o seu povo suba, e o Senhor seu Deus seja com ele. (Tor, II Cro. 36:23)

    No livro de Isaas vemos a referncia e esse

    iluminado que venceu o poder de Babilnia, que

    havia dominado anteriormente Jud. Esse rei da

    Prsia aparentemente em uma hermenutica

    muito mais que o mero sujeito que viveu ao seu

    tempo, sendo que a compreenso muito mais que

    histrica e moral. Apesar da existncia do Cilindro

    de Ciro, tesouro de arqueologia bblica, onde se

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    fala dessa conquista. Fato que se revela grande

    saber na arte da guerra, e por consequncia, na

    libertao do povo judeu do jugo babilnico.

    Mas o messianismo judeu j de longa data

    uma referncia de elevada hermenutica ou

    interpretao das Escrituras. Vemos que com o

    cristianismo se dobrou o livro de Isaas para ver em

    todas as referncias a pessoa de Jesus Cristo,

    quando em muitas vezes falava mais em Ciro, ou

    em Emmanuel, que era tambm outro homem.

    Apesar que isso nada modifica, porque Cristo

    mais que um homem, sendo Homem-Deus. J nos

    escritos de Saint Martin e Jacob Behme vemos

    bem a dimenso divina do Salvador. Assim o Cristo

    pode estar junto a rei Ciro, como a qualquer rei

    onde se faa um com o Pai, ou com Jeov (IHVH). O

    que revela uma universalidade do messias, que

    Ciro um gentio. Desta forma, vemos que o povo

    escolhido tambm democrtico, e que em Jesus

    isso se ampliaria, com auxlio de seu tutor Joo (o

    filsofo), bem como em Pedro, Bartolomeu, Mateus,

    Paulo e outros que nem sempre eram

    circuncidados. Jesus sendo um cabalista (da ordem

    de Melquizedeque e essnio), abria a outras naes

    a salvao. Unger fala que Ciro modelo de

    messias. E Ciro estava profetizado em vrias

    passagens, e teve importncia para Jerusalm e o

    templo, conforme Josefo. Fala que o templo de

    Jerusalm l era dedicado ao culto ao Sol.

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    Mas Ciro, sendo herdeiro desse reino de

    Nabucodonosor, tambm suspeito. Tambm h a

    coincidncia de vrios povos terem cultos parecidos

    ao de Israel, como a dualidade entre um deus bom

    e outro inimigo, as leis morais (como no matar,

    roubar, etc, conforme Livro dos Mortos), mesmo

    pelo zoroastrismo e certos nomes. Babilnia no

    significa como apenas alguns veem, confuso, terra

    de pecado e perdio, mas cidade de Deus, e no

    mais extremo, portal para o Sol. Em apocalipse

    vemos uma analogia com a prostituta ali descrita,

    montada na Besta, o que tem bem esse conjunto de

    significados. Escavaes de Laquis, os manuscritos

    do Mar Morto, escavaes em Ras Shanra,

    cermicas descobertas, escritos cuneiformes,

    poliedro de Senaqueribe, pedras escritas em

    alfabeto aparentemente semtico, e uma srie de

    descobertas esto revelando fatos histricos que

    complementam as Escrituras.

    Quando em crnicas se diz que a Ciro, Deus

    deu todos os reinos da terra, nos leva mais a

    pensar em Satans, do que em Jesus. Porm a

    conscincia messinica acabar por governar todas

    as coisas, pelo reino de amor, perdo, e uma

    fraternidade real. Isso vem aos poucos sendo

    semeado por diversas pessoas que encontram

    Deus, em Deus do seu corao. Assim Ciro estava

    com Cristo em seu corao, pois cumpria com a

    misso de libertar um povo, e bem como de abrir

  • Bblia e Mistrios

    25

    caminho para o ministrio de Jesus. Ciro II

    importante para a reconstruo do templo, bem

    como com auxlio do general Dario. Especial Deus

    usar de quem no esperado para a Sua obra.

    Vimos tambm nos evangelhos apcrifos,

    descobertos e que vm com a arqueologia no geral

    revelando coisas, que existe sintonia dos povos, e

    que o brao de Deus est por todos o universo.

    Mesmo Ciro prefigurando Cristo, no foi o ideal de

    Isaias, e o Mashiah (Messias) teria de assim ser

    algum de uma obra mais espiritual. Outros

    escritos, como o Zohar, veem em muito uma

    semelhana do Messias com o Anjo da Face,

    Metatron.

    Assim vemos que a conscincia messinica, e

    Cristo mesmo h de governar as naes, no por

    uma figura histrica, mas pela presena de seu

    Esprito Santo em todos aqueles que buscam a

    salvao espiritual. E Ciro em muito revela um

    ungido, abenoado a abrir a porta para esse

    caminho, justamente em Babilnia (o portal, cidade

    de Deus etc), com o desvio do rio Eufrates e a

    embriagus dos inimigos em seu auxlio.

  • Bblia e Mistrios

    26

    Bblia e Mitologia

    D ser serpente junto ao caminho, uma vbora junto vereda, que morde os calcanhares do cavalo, de modo que caia o seu cavaleiro para trs. (Gn. 49:17)

    Como caste do cu, estrela da manh, filha da alva! como foste lanado por terra tu que prostravas as naes! (Isa. 14:12)

    Eis que a virgem conceber e dar luz um filho, o qual ser chamado EMANUEL, que traduzido : Deus conosco (Mat. 1:23)

    Vemos quase sempre a referncia a

    mitologias sob um enfoque frio e sem devida

    valorizao da simbologia. Por outro lado, vemos a

    utilidade da mesma pela psicanlise, com

    explicao de comportamentos humanos. Tambm

    vemos que o conhecimento antigo de astronomia

    estava tambm nessas mitologias antigas. Porm

    percebemos que tambm na Bblia h muito de

    herana dessas mitologias, e que um Herdoto,

    Ovdio e outros tambm tiveram sua parcela de

    inspirao pelo Esprito Santo. No necessria

    muita reflexo para se ver em vrios personagens,

    como Prometeus, Dmeter, Hrcules e tantos

    outros, como semelhantes a aqueles que

  • Bblia e Mistrios

    27

    presenciamos na Bblia. No difcil ver a

    semelhana entre Davi e Golias e Hrcules, ou

    mesmo entre Lcifer e o tit Prometeus.

    Desde que vi uma passagem em Gnesis com

    Jac e seus doze filhos, j pude notar da alegoria

    astronmica e da sabedoria superior que isso

    revelava, muito alm de mera histria de famlia.

    Claro que tambm podemos ver as 12 tribos de

    Israel, mas no foroso pensar nas 12

    constelaes que eram conhecidas dos antigos.

    Corine Heline disse: Mitologicamente, Sagitrio se

    v na esquina da corrente de estrelas que aponta,

    atravs de sua nvoa de luz, a grande estrela

    vermelha Antares, que brilha no corao de

    Escorpio. Ovdio disse: 'O arqueiro aponta

    escorpio com seu arco'. No Gnesis, 49:17, quando

    Jac est bendizendo a seus doze filhos, diz com

    relao a Escorpio: D ser serpente junto ao

    caminho, uma vbora junto vereda, que morde os

    calcanhares do cavalo, de modo que caia o seu

    cavaleiro para trs. (Mitologia e Bblia). O cavalo e

    o cavaleiro se refere a sagitrio, a essa constelao

    e a serpente se refere a escorpio. Assim a

    referncia a serpente muito o lado do ego que se

    afasta da luz do Criador, de modo a ser mal vista

    pelos hebreus. Porm tambm Cristo prefigurado

    na serpente do posto, feita por Moiss para salvar

  • Bblia e Mistrios

    28

    os homens do veneno das vboras. Mas a referncia

    principal uma alegoria astronmica da Bblia.

    J Lcifer foi citado por Isaas, ou pelo menos

    uma referncia a estrela Vnus ou alguma

    assemelhada. Mas vemos nessa Lcifer descrito

    pela tradio crist como algo muito parecido ao

    Prometeus, o tit que teria roubado o fogo dos cus

    e dado ao homem, sendo mesmo o criador do

    homem. A bblia ainda relaciona, ou alguns de seus

    intrpretes, com a serpente, o que nos leva a ideia

    de escorpio (no oriente a astrologia assim

    representa...), de modo que a analogia vai com o

    fruto proibido (fogo dos cus?) e com a rvore

    (sagrada?), de cujo se retira o fruto. O pecado seria

    dar o conhecimento ou distino, de modo que o

    homem teria alguma parcela divina, o que no

    deveria ter, nesse ponto de vista. Em Isaas muitos

    falam que o mesmo se referia ao rei Ciro, pesar de

    que este tem papel positivo na libertao do povo

    hebreu, o que nos leva a certa reflexo. O smbolo

    porm atravessa vrias religies e mitologias,

    estando presente tambm na Bblia. Lcifer, o

    portador de luz, passou a ter assim significado

    negativo com a tradio, mas nem sempre foi

    assim. Corine Heline disse: Prometeus o titan,

    criador da Humanidade, de acordo com o lado

    formal da natureza, Lcifer da lenda hebraica.

    Vulcano, como Prometeus, um deus de fogo, outro

  • Bblia e Mistrios

    29

    cado e essa queda representa outra faceta de

    Lcifer, brilhante como una gema. Vulcano era

    ferreiro, um trabalhador do metal, um construtor.

    Foi sua mo que confeccionou o palcio de Apolo

    (...) a amvel forma de Pandora sobre o monte

    Olimpo, todas las belas e brilhantes moradas de

    deuses e deusas. Essas moradas que, em sua

    totalidade, constituem o universo visvel (Mitologia

    e Bblia). E O cado Vulcano Hiram Abif da lenda

    manica, que construiu o templo de Salomo (o

    sistema solar) (idem). Assim observamos que o

    construtor e o ferreiro ganham grande importncia,

    uma vez que as artes de ofcios teriam sido

    ensinadas pelos anjos, e assim relata ainda o livro

    de Enoque. Ademais, as guerras dos cus e dos

    gigantes anuncia isso e da vemos o dilvio, que

    envolveu mais que meramente o pecado humano,

    porm algo que tambm se referia aos gigantes ou

    anjos. E Cristo o construtor ou carpinteiro

    central na obra do Universo.

    Vemos que h muita semelhana entre essas

    que vieram da mitologia e Maria, e que tudo sempre

    est anunciado a todas as naes. No se deve por

    isso apenas julgar na dicotomia dolos/Deus

    verdadeiro, uma vez que Deus est acima dos dolos

    e esses tiveram ou tm utilidade. Contudo as

    grandes verdades esto presentes, e a mitologia no

    se afasta na mensagem do Evangelho, partilhando

  • Bblia e Mistrios

    30

    ambos do mesmo mistrio. Corine disse sobre

    Maria: Astrea a Virgem Celestial. A Virgem Me

    Terrenal Ceres ou Demter, e Virgo se identifica

    com ela e tambm com a egpcia sis. Os Sbios

    compreenderam que a suprema me de cada

    religio, la Madona o Virgem Me do Salvador do

    Mundo - Isis, Istar, Ceres, Mirra, Maria - foi

    instalada nos Mistrios da Virgem ou Ritos de

    Madona, na hierarquia de Virgo. A ascenso de

    Maria demonstra esta consecuo por ela(idem).

    Para tanto, sabemos que h uma verdade

    maior nisso tudo. Quando Annie Besant escreveu

    sua obra Cristianismo esotrico, donde dedica

    captulo ao Cristo mtico, claro fica que existem

    vrias dimenses alm da histrica e moral nas

    escrituras, e que isso faz da Bblia um livro que

    atravessa os tempos e que tolerada e aceita por

    diferentes naes. Muitos cticos e mesmo ateus

    usam desse argumento para desvalorizar a Bblia,

    mas se equivocam por no perceber a dimenso

    mstica, que aquela que perdura e sustenta algo

    maior que a religio social. A espiritualidade

    muito maior do que entendem os cientistas

    ortodoxos, cticos e ateus. E tanto nos antigos

    mistrios, quanto no atual de Cristo, vemos que a

    verdade maior impera, e que isso no deve nunca

    ser visto apenas com racionalidade fria a calculista,

    mas se deve ver com a intuio maior, que requer a

  • Bblia e Mistrios

    31

    humildade de lavar os ps dos outros, antes de

    apenas julgar.

  • Bblia e Mistrios

    32

    A mstica na Bblia segundo

    Swedenborg

    Emanuel Swedenborg foi o primeiro mdium

    da idade moderna, ficando famoso por prever um

    incndio que ocorreria a 400 km de onde estava.

    Tambm sabia 8 idiomas e era contra a leitura

    literal da Bblia, o que eu tambm tentei fazer nesse

    site que agora divulgo presente artigo. Ele

    acreditava que a salvao do homem no vinha por

    reencarnao, mas sim por regenerao, e que

    Jesus Cristo Deus. E para a regenerao

    necessrio o intelecto. E sua doutrina est em

    sintonia com o Verbo, aparentando espcie de

    cabala. Afirma que conviveu e dialogou com

    espritos, e os diferencia dos anjos.

    Obre interessante desse autor Arcana

    Clestia, onde comenta o texto do Gnesis. No livro

    que pesquisei, h tambm o Apocalipsis Revelata,

    onde comenta o livro da Revelao. Fato que sua

    hermenutica gira em torno do Verbo e da

    regenerao do homem, pelo que ensinou Cristo.

    Tambm o que interessa pra ele a Igreja Nova, em

    contraste a Igreja Antiga, o que seria simbolizado

    pela Nova Jerusalm.

  • Bblia e Mistrios

    33

    Sobre o Apocalipse, Swedenborg claro que

    nada tem a ver com coisas e governos do mundo,

    mas se refere ao cu e assuntos espirituais. Ento

    contrasta bem com doutrinas que vemos divulgadas

    em igrejas norteamericanas e mesmo com linha

    protestante, apesar do autor ser praticamente uma

    grande influncia junto com Lutero, para essa

    linha. Para ele as Bestas no so mais que

    doutrinas mal interpretadas do cristianismo, como

    as heresias e mesmo seitas. A simbologia toda gira

    em torno da velha Igreja e da nova, e do homem

    pecador e do regenerado. Seria o que martinistas

    chamam de o Novo Homem. Ento, aps a queda o

    homem estaria salvo pela Igreja de Cristo. O drago

    a Igreja anterior a Cristo.

    J no que se refere ao Gnesis, fica claro que

    o autor entende os 6 dias da Criao como uma

    regenerao do homem pelo Novo Ado, que

    Jesus, e assim o homem no atingiu ainda esses

    seis graus de seu desenvolvimento. Os segredos do

    desenvolvimento seriam o amor, a f e a caridade.

    De certo modo traduz bem o modus operandi

    cristo. A diferena de espritos e anjos, que

    espritos fazem a comunicao com mundo

    espiritual, e anjos fazem a comunicao com o cu.

    E anjos seguem quase que exclusivamente a

    vontade de Deus, atravs de suas leis.

    Cabe por fim observar que esse mstico,

    telogo, cientista e inventor, isso sem falar em seus

  • Bblia e Mistrios

    34

    cargos acadmicos, foi grande expoente do

    pensamento e que por algum esquecimento no

    trazido com tanta relevncia histria. Lutero ficou

    com todo o mrito. Livre pensador e mstico da

    experincia, se diferencia de meros interpretadores

    da Bblia, uma vez que tinha contato com espritos

    e anjos, isso sem falar na cultura de sua poca,

    muito mais voltada para a espiritualidade que a

    atual. Sua hermenutica deve ser lembrada, e

    parece que em muito influiu no pensamento

    cristo, seja de linha protestante, ou at mesmo

    diversas outras.

  • Bblia e Mistrios

    35

    Bblia e Alcoro

    Deus justo e misericordioso. Ao crente Ele

    reservar o Paraso, enquanto que ao incrdulo ele

    reserva o Geena ou Inferno, onde haver fogo ou

    gua fervente para beber. Isso algum dir que est

    escrito na Bblia, mas aqui lembrei de um livro

    pouco conhecido entre cristos e ocidentais, que o

    Alcoro. Mensagem de Deus revelada a Mohamed,

    pelo anjo Gabriel (ou Esprito Santo por ele). H

    narraes bblicas de Ado e Eva, Jos, No, Jesus,

    e especialmente Moiss e Abrao. Tambm, no Livro

    se tem a forma de superar erros de judeus e

    cristos, descrenas, e assim reatar a aliana,

    buscando-se ser justo e crente em Deus ou Al. H

    um certo respeito tambm a esses povos do Livro,

    pois sustentam, o mesmo monotesmo. Assim

    algumas citaes do Alcoro devem ser lembradas,

    onde se fala inclusive de Jesus:

    E Deus Quem envia os ventos, que movem

    as nuvens (que produzem chuva). Ns as

    impulsionamos at a uma terra rida e, mediante

    elas, reavivamo-la, depois de haver sido inerte;

    assim a ressurreio! (Alcoro, 35a Surata,

    Versculo 9)

  • Bblia e Mistrios

    36

    Aqui nesse se v a crena na ressurreio.

    As ossaduras secas (Ez 37:1-10) e a

    reconstruo do templo (Neemeias 1;12-20) e

    muitas outras lendas judaicas, referem-se no s a

    ressurreio do indivduo, mas da nao.

    E ele ser um Mensageiro para os israelitas,

    (e lhes dir); Apresento-vos um sinal de vosso

    Senhor: plasmarei de barro a figura de um pssaro,

    qual darei vida, e a figura ser um pssaro, com

    beneplcito de Deus, curarei o cego de nascena e o

    leproso; ressussitarei os mortos, com anuncia de

    Deus, e vos revelarei o que consumis o que

    entesourais em vossa casas. Nisso h um sinal

    para vs, se sois fiis. (Alcoro, 3a Surata,

    versculo 49)

    Aqui se confirma o evangelho apcrifo onde

    Jesus na infncia traz vida a pssaros que molda

    do barro.

    E quando os anjos disseram: Maria, por

    certo que Deus te anuncia o Seu Verbo, cujo nome

    ser o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste

    mundo e no outro, e que se contar entre os diletos

    de Deus (Alcoro, 3a Surata, Versculo 45)

    Aqui falando sobre Jesus, que entendem como

    justo profeta.

    E de quando os discpulos disseram:

    Jesus, filho de Maria, poder o teu Senhor fazer-

    nos descer do cu uma mesa servida? Disseste:

    Temei a Deus, se sois fiis!

  • Bblia e Mistrios

    37

    E disse Deus: F-la-ei descer; porm, quem

    de vs, depois disso, continuar descrendo, saiba

    que o castigarei to severamente como jamais

    castiguei ningum na humanidade. (Alcoro, 5a

    Surata, Versculos 112-115)

    Falar aos homens, ainda no bero, bem

    como na maturidade, e se contar entre os

    virtuosos (Alcoro, 3a Surata, Versculo 46)

    Aqui tambm uma relao com evangelho

    apcrifo, onde Jesus teria falado desde beb.

    Vemos ao longo do Alcoro uma grande

    lembrana entusiasta de eventos vividos por

    profetas, por No, por Moiss superando

    perseguio de Egpcios, bem como regras mais

    prticas, como a respeito do divrcio. Ento o

    Alcoro no apenas tem regras severas contra

    mulheres, mas tambm algumas realistas, como

    essa do divrcio:

    Ele foi quem criou os humanos da gua,

    aproximando-os, atravs da linhagem e do

    casamento (25 Surata, verso 54).

    A reconciliao recomendada, mas se eles

    realmente optam pela separao, injusto mant-

    los ligados indefinidamente. O divrcio o nico

    expediente justo e equitativo, embora, como o

    mensageiro declarou, de todas as coisas permitidas,

    o divrcio seja a coisa mais odiosa aos olhos de

    Deus (114 Surata, verso 96).

  • Bblia e Mistrios

    38

    E sobre isso, apesar de muitos ocidentais

    pensarem em poligamia, e muitas esposas, o

    costume islmico mais atual de se ter uma esposa

    apenas. E segundo ele o casamento metade da

    religio.

    H tambm um misticismo islmico, que se

    chama sufismo, com grandes lies. Sufi significa

    l, e por os seus se vestirem assim, forma de tal

    modo chamados. Alm de preces, invocaes e

    meditaes, os msticos sufis tm uma dana

    especial. A doutrina sufi parece uma gnose

    islmica. Assim pensamento elevado e cheio de

    espiritualidade, distante de meras regras de

    costumes, que fizeram alguns se afastarem da

    religio. E uma conciliao entre sunitas e xiitas.

    Mas de todo o modo, vemos que a Bblia no se

    afasta do Alcoro, e que apenas so culturas

    diferentes, porm com mesmo Deus. Fato que j

    So Francisco a seu tempo foi contra cruzadas

    contra muulmanos e disse que devemos muito

    amar esses nossos irmos. Um dito sufi diz: No

    ataques nem judeus, nem cristos, nem

    muulmanos, mas golpeia a tua prpria alma e no

    cesse de golpe-la at que ela morra (Xeque

    Darqawi).

  • Bblia e Mistrios

    39

    O nome do Salvador

    Disse Joo: Porque j muitos enganadores saram pelo mundo, os quais no confessam que Jesus Cristo veio em carne. Tal o enganador e o anticristo (verso Joo Ferreira de Almeida).

    Transliterado

    Em 1 Yaohukhnam (mudado para Joo) 4:3 diz que: e todo esprito que no confessa a Yaohshua no procede de Yohuh Ul; pelo contrrio, este o esprito do Anti-Mehushkhay (anti-Ungido), a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, j est no mundo.

    Vemos que com o imperador Constantino o nome Yeoushua foi substitudo por Jesus, e assim como outros nomes divinos e poderosos da Bblia, houve uma perda de poder e de autenticidade. Isso foi feito por uma falsa traduo da septuaginta, usada at hoje, como base a outras

    Bblias. Logo um cego conduz a outro cego.

    Algumas tradies msticas, como a de Martinistas,

    ou mesmo a de judeus messinicos percebem isso,

    ao entrar diretamente com o hebraico. O nome

    Jesus tem outro significado, no tanto de ungido,

    mas mais de cavalo (Ye=Deus, Sus=cavalo),

    tristemente. E isso muda totalmente o sentido do

    Nome, uma vez que falamos no Filho de Deus, na

    parte da Trindade. Fato que tanto a Igreja

  • Bblia e Mistrios

    40

    romana, hoje passando pela transformao de

    procurar um novo Papa, tanto pelas que surgiram

    do sistema luterano, se veem com tradues e

    tradues do nome Yesus, que por si est bem

    longe do Yeoushua, original. Ora, se Deus fala que

    Ele tem um nome, seria obra de Sat alterar esse

    nome. Tal mudana se deu da traduo do grego

    para o latin. O nome de Yeshua, por outro lado,

    guarda dentro de si o nome de Deus, IHVH, que

    resulta em 72. Yesus no um dos 72, e nem

    outros Nomes sagrados presentes na Tor/Bblia.

    Um nome mudado em sua traduo pode ter outro

    significado, e em se pensando tambm em Joo,

    alguns podem refletir no Joo do p de feijo e

    outros contos profanos. O que sagrado no pode

    ser modificado, e vemos que cada vez mais no

    apenas em nomes, mas em tradues se mudam

    inclusive dogmas cristos, a fim de se defender a

    viso de determinada seita. O primeiro captulo de

    Yaohukhnam (Joo) prova isso, onde se fala na

    Palavra e acaba-se por modificar a fim de inserir a

    figura do homem Jesus dentro dela, o que no

    ocorre no original. Querendo se facilitar, faz com

    que se perca o sentido original. O mesmo se faz

    com verbos que estavam no passado, dizendo

    cumpridas as profecias, e os transformar para

    futuro, a se cumprir. Assim alguns colocam no livro

    de Isaias e em passagens do livro referente a rei de

    Tiro, como se fosse Jesus e assim por diante. O

  • Bblia e Mistrios

    41

    sbado mudado para domingo e uma srie de

    alteraes mais grosseiras foram feitas, e vemos

    toda a sorte de Bblias ao gosto de cada um e da

    sua seita (a Igreja uma s...). O noivo um s e a

    esposa uma s, e quando se coloca muitas

    esposas, se cria adultrio espiritual. Cuidar dos

    nomes sagrados necessrio, e mesmo do sentido

    usado ao tempo de Yeoushua. A m traduo pode no apenas mudar o significado, mas invert-lo.

  • Bblia e Mistrios

    42

    O cristianismo mrtir dos msticos e a

    simulao teolgica

    Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas.(Mat. 10:16 e Apcrifo de Tom, parte 39)

    Na verdade, entre os perfeitos falamos sabedoria, no porm a sabedoria deste mundo, nem dos prncipes deste mundo, que esto sendo reduzidos a nada (1 Cor 2:6)

    H um lado profundo e mstico na Bblia.

    Portanto, esta no deve ser lida do ponto de vista

    literal e histrico, mas sim simblico. Isso parecia

    absurdo, mas com a descoberta dos manuscritos do

    Mar Morto, vimos que h muito do cristianismo que

    foi escondido pelas igrejas. O cristianismo original

    teria sido gnstico e simblico, e estes gnsticos

    teriam sido perseguidos e seus escritos destrudos,

    os quais teriam a doutrina dos mistrios cristos,

    seu ensinamento filosfico original, adulterado

    pelas igrejas ortodoxas, que se fundiram em

    conclios. Jesus teria nascido, vivido e morrido no

    sculo 1 antes do incio de nosso calendrio. Sua

    escola era chamada de ofita, e seus discpulos eram

    em nmero controlado, de modo algum se

    estendendo a multido, se assemelhando a escola

  • Bblia e Mistrios

    43

    pitagrica e tantas outras de iniciao, com trs

    graus, o terceiro citado na Bblia, chamado os

    perfeitos. Vivia e ensinava em Qunran, e assim

    com relao a essnios e depois resultando em

    maniqueus e outros. Seu discpulo principal seria

    Joo (nunca Pedro, que nem estava no crculo

    interno de sua escola...), e tambm Jesus teria

    passado pelo Egito, em lugares como Helipolis,

    Alexandria e tantos outros em busca do

    conhecimento e na sua difuso. Era um filsofo que

    foi transformado em milagreiro, e seu simbolismo e

    rito de mistrio metafsico foi transformado em

    histria. Sua cruz de luz, simblica e que se

    referia a Esprito Divino, o Logos, foi transformado

    em cruz de madeira, a doutrina no se referindo a

    cruz de madeira, segundo escritos achados no Mar

    Morto ou Nag Hamadi. Logo o cristianismo foi

    esotrico para os discpulos, e uma forma de

    parbola para a populao de crculos externos.

    Com as igrejas foi um pouco mantida dessa

    dimenso de sua escola ofita, e na maior parte

    excludos os ensinamentos do mistrios, que no se

    fundavam em poltica territorial ou econmica, mas

    sim em encontro com Cristos, uma poro interna

    desse Logos solar. Pois a escola de Qunran e que se

    envolvia Jesus e Joo, bem como Bartolomeu,

    Simo, Felipe, Maria Madalena, Maia me de Jesus

    e outros discpulos, estudava a filosofia grega. Por

    isso do uso de termos como Mnada e Logos por

  • Bblia e Mistrios

    44

    Joo. Jamais foi seita religiosa ortodoxa em busca

    de poder e dominao temporal. Nem foi um centro

    de milagres, apesar de que as curas eram

    essenciais, haja vista essnios terem hospitais, e

    pelo fato de terem continuado atravs dos

    terapeutas. Assim eram os discpulos da escola de

    Jesus, espcie de grupo interno, prudentes como

    serpentes, conforme testou Mateus, no porque

    seguiam Satans, mas porque as serpentes dos

    antigos eram os sbios iniciados, para tanto, os de

    Jesus eram iniciados nesses mistrios. Isso nunca

    se referiu ao povo geral, aos de fora, pro-fanos, mas

    sim a seus discpulos que se relacionavam com

    seus Cristos. Logo aps a morte do mestre, os ofitas

    e outros gnsticos foram os verdadeiros mrtires,

    que perseguidos e mortos por guardarem a

    doutrina crist original, e sobrou assim uma

    simulao teolgica, onde esses ensinamentos de

    ritos msticos e metafsicos foram transformados

    em histria, o que em muito no teria ocorrido. A

    prpria idade de 33 anos simblica, afirmando

    Irineu que Jesus teria vivido 45 anos. Jesus era

    tambm nazareno pela sua filosfica, pois no

    existia nenhuma regio chamada Nazar. Pois os

    Nazarenos se tornaram os Essnios. E a cruz de luz

    referida por Jesus em seu hino, que teria dito

    antes da morte e ressurreio. Refere-se a uma

    cruz que vai da terra ao cu, sendo a ascenso da

  • Bblia e Mistrios

    45

    alma humana at uma Jerusalm Celestial, onde

    no haveria mais o corpo.

  • Bblia e Mistrios

    46

    Jesus segundo as tradies judaicas do

    Talmud, Toldoth, Mishna, Gemara,

    Tosephta e outros

    Quase sempre o que sabemos a respeito de

    Jesus o que est no novo Evangelho, e assim

    temos informaes limitadas a respeito de sua vida.

    Progresso foi o encontro dos manuscritos do Mar

    Morto, apesar de que j havia algo judaico antes, no

    muitos comentrios dos sbios judeus. Fora os

    ataques por motivo de competio dogmtica e

    doutrinria, resta que alguns detalhes e fatos

    devem ser verdadeiros, a respeito do Jesus

    histrico, que muitas vezes diferente do Jesus

    mstico, presente em muitos fatos sobrenaturais e

    que envolvem mais f que cincia. Fato que lendo

    mesmo o Novo Evangelho, percebe-se que Jesus

    sabia muito mais que a simples Tor e Profetas,

    bem como simples escritos do Antigo Testamento,

    mas que era versado nesses estudos e comentrios

    de sbios rabinos, como os Talmudes e outros

    escritos assemelhados. Parece que Jesus teve um

    tutor que lhe ensinou a tradio talmdica.

    Vemos que Jesus (Jeschu ben Pandera) teria

    nascido por essas tradies como filho ilegtimo de

    Mirian (Maria), de Joseph ben Pandera, um vizinho

  • Bblia e Mistrios

    47

    com que teria tido relacionamento, haja vista ser

    esposa de Jochanan, e este no estar em casa.

    Assim Jesus teria j aos 12 anos sido caluniado

    quanto a sua origem (chamado bastardo...) e assim

    discutiu conhecimentos talmdicos com os

    doutores da Lei, em especfico a distino entre o

    que vem de Moiss e de Jetro, de quem mais

    sbio entre eles e assim por diante. Maria/Mirian

    seria uma cabeleireira e sobre ela no muito dito,

    mas que teve filho em separao de seu marido.

    Outros dizem que ela era um mulher separada

    quando teve Jesus. Bem diferente que uma mulher

    que teve filho ainda casta e de forma milagrosa.

    Mas o prprio Jesus desde criana falava que era o

    Messias e sua me era virgem quando o teve,

    mesmo nessas tradies judaicas.

    Jesus era tratado como um feiticeiro pelos

    romanos, e mesmo muitos judeus de seu tempo o

    acusaram de tal arte oculta, haja vista as

    maravilhas que operava. Interessante que essas

    curas e milagres no so negados, o que nos leva a

    crer na veracidade da tradio crist e histrica dos

    milagres. H escritos que dizem ter Jesus

    aprendido magia no Egito, e utilizado do nome de

    Deus (Shem) para operar fatos extraordinrios. A

    sua tcnica seria segundo eles um modo de marcar

    a pele, espcie de tatuagem onde essas letras

    hebraicas ou hieroglifos teriam sido assim feitos.

    No de todo impossvel, haja vista haver relatos

  • Bblia e Mistrios

    48

    de que Jesus teria passado no apenas no Egito,

    mas tambm na ndia, o que lhe daria possibilidade

    de aprender artes extraordinrias de magia e

    faquirismo.

    Outra comparao que fazem de Jesus com

    Balao, aquele que era espcie de adivinho e

    feiticeiro. A principal comparao com a idade da

    morte, que seria para eles a metade da vida, 33

    anos, pois escrevem que os homens sedentos de

    sangue e enganosos no deveriam viver a metade

    de seus dias, sendo ele talvez classificado de

    enganoso, e assim colocando ele no inferno

    (Gehena) mais baixo. Seu crime seria o desprezo

    das palavras dos doutores da Lei. Teria tambm

    Balao feito o mesmo e vivido em torno de 33 anos,

    e da a analogia talmdica. Tambm sobre a morte

    de Jesus, dito que ele teria sido apedrejado, haja

    vista a prtica de feitiaria, e seu corpo exposto

    para servir de exemplo.

    Fato que sendo eu mstico, no duvido dos

    feitos de Jesus, nem me importo muito com o que

    teria ocorrido em sua famlia, uma vez que seres

    humanos erram e seria estranho mesmo todos

    serem perfeitos. Fato que seus milagres ou feitos

    no so negados, e que divergncias de doutrinas

    no devem ser grandes crimes, haja vista que entre

    prprios sbios judeus e nos Talmudes vemos toda

    a sorte de interpretaes das Escrituras Sagradas e

    da Tor. Das pesquisas que vi, feitas pelo tesofo

  • Bblia e Mistrios

    49

    G.R.S. Mead sobre o cristianismo, conclu que cabe

    sempre a distino feita por Annie Besant entre o

    Jesus histrico e o Mstico, e que temos f em algo

    maior que um filho de mulher. Ele mesmo teria dito

    ser filho de Deus, e mesmo um com o Pai. Ento

    cabe apenas arrumar lacunas dos Evangelhos, o

    que tambm podemos fazer com os apcrifos, e

    assim ampliar nossa compreenso de quem foi

    Jesus e quem so as pessoas que conviviam com

    ele. Mesmo porque hoje existem Judeus que

    aceitam Jesus, e messinicos, missionrios, da

    Nova Aliana etc, onde vemos uma sntese muito

    positiva na compreenso e tolerncia mtua,

    mesmo unio dessa tradio, que parece ser uma

    s. A paz deve por fim reinar, Shalom.

  • Bblia e Mistrios

    50

    Multiplicao dos pes e cabala

    Chegada tarde, aproximaram-se dele os discpulos,

    dizendo: O lugar deserto, e a hora j passada; despede as

    multides, para que vo s aldeias, e comprem o que

    comer.Jesus, porm, lhes disse: No precisam ir embora; dai-

    lhes vs de comer. Ento eles lhe disseram: No temos aqui

    seno cinco pes e dois peixes. E ele disse: trazei-mos aqui.

    Tendo mandado s multides que se reclinassem sobre a

    relva, tomou os cinco pes e os dois peixes e, erguendo os

    olhos ao cu, os abenoou; e partindo os pes, deu-os aos

    discpulos, e os discpulos s multides. Todos comeram e se

    fartaram; e dos pedaos que sobejaram levantaram doze

    cestos cheios.Ora, os que comeram foram cerca de cinco mil

    homens, alm de mulheres e crianas. (Mat: 14, 15-20)

    Sempre que vemos nmeros nas Escrituras,

    sabemos que ali h um ensinamento de tradio

    oral, e que a mesma chama-se cabala. Jesus

    difundia esse saber porque disse que era sacerdote

    segundo a ordem de Melquisedeque, que significa

    essa tradio mstica dada pelos anjos. Restam

    ainda livros especficos sobre essa tradio, como o

    Zohar e Sepher Yetsir, este ltimo falando mais

    sobre os nmeros. O setor da cabala que lida com

    nmeros se chama gematria, que reflete sobre

    soma, reduo, smbolos, permutaes etc dos

  • Bblia e Mistrios

    51

    mesmos. Mas na passagem referente

    multiplicao dos pes, fora o milagre, e que alguns

    autores atribuem ter sido apenas encenao, resta

    os nmeros que nos revelam profundos segredos e

    mistrios.

    Fala-se em 5 pes e 2 peixes. Simples soma

    revela o segredo, 5+2=7, e assim temos o nmero

    espiritual por excelncia. O nmero 5000 se refere

    aos fariseus e sua hierarquia (50 em 50 e 100 em

    100) e os 12 cestos so as tribos de Israel. Vemos

    que o 7 o nmero de braos da menor,

    candelabro judeu e que isso ainda tem referncias

    no Apocalipse, nas vrias hptadas e bestas que

    so l citadas.

    Por outro lado, mesmo outros povos e vises

    espirituais sempre olharam o 7 como nmero de

    planetas ou deuses, e resta os nossos dias da

    semana com nome e tudo a esse respeito. O 12

    referido como as constelaes do cu, o zodaco e

    tambm de grande interesse de cabalistas,

    estando no Zohar uma srie de analogias com a

    ordem do Malaquin, anjos que so as rodas e tm

    relao com a merkabah, o trono de Deus. Talvez

    seja a energia dessas estrelas e constelaes que

    mostrem a glria do Altssimo. E mesmo o smbolo

    do peixe se refere ao tempo que passavam, Era de

    peixes.

    No Sepher Yetzirah se fala em 7 letras

    hebraicas simples e doze duplas. E essas letras so

  • Bblia e Mistrios

    52

    tambm sons. E Deus grava seu Nome no que

    nmero, o que numera e o numerado. As 7 duplas

    so (b B Beth, - g G Ghimel - d D Daleth - k CH Caph

    - p PH Ph - r R Resh - t T Thau) e as 12 simples so

    (- h E He- w V Vau- z Z Zain - j H Cheth - f T Teth - y I

    Iod - l L Lamed - n N Nun - s S Samech - u GH Hain -

    x TS Tsade - q K Cuph). As 12 simples so os

    sentidos, mais sono, locomoo, clera, riso etc. J

    as 7 duplas so relacionadas vida, paz, cincia,

    riqueza etc.

    Para tanto, Cristo o po da vida e o messias

    salvador. Tanto na santa ceia, quanto na

    multiplicao dos pes passou o smbolo da vida

    eterna, que de um po do Seu corpo. Tambm

    mostrou atravs dessa sabedoria dos anjos que

    foras csmicas participam disso, e que podemos

    contemplar esse segredo nos nmeros, que

    parecem revelar essncias. Jesus teria respeitado

    isso na escolha dos 12 seguidores, e tambm no

    livro do Apocalipse/Revelao.

  • Bblia e Mistrios

    53

    Cristologia Alta

    Ao que perguntaram todos: Logo, tu s o Filho de Deus? Respondeu-lhes: Vs dizeis que eu sou. (Luc 22:70)

    Hoje acordei e via na TV o programa no canal

    catlico Rede Vida, chamado Pginas difceis da

    Bblia, onde se falava de cristologia alta, que se

    refere a estudo de ttulos, nomes que so dados a

    Jesus, ou que ele mesmo se d, que relacionam

    este a Deus, nos levando assim a Trindade. A

    cristologia baixa seria um modo de ligar Jesus a

    um profeta, mas no necessariamente a sua

    divindade.

    Na cristologia alta o principal nome ou ttulo

    (ou mote) que Yeshuah ou Jesus se d est em

    Joo e outros evangelistas, que EU SOU. Isso

    ocorre vrias vezes, como em frases: Eu Sou o

    caminho, a verdade e a vida, Eu Sou a

    ressurreio e assim por diante, nos levando a

    sara ardente de Moiss, onde o Senhor disse Eu

    Sou Aquele que Sou, ou seja, ao prprio Deus. J

    a cristologia baixa, poderamos ver Jesus designado

    como Filho do Homem, O Profeta, Emanuel, Filho

    de Deus, Galileu, Nazareno e assim por diante.

  • Bblia e Mistrios

    54

    Esse Eu Sou nada mais que mistrio do

    Verbo, ou do Logos/Pneuma, ou Sopro, o que nos

    aproxima da presena do prprio Deus, e de Sua

    Palavra. Pois Deus se manifestava em coluna de

    fumaa, sara ardente, nuvem, etc, atravs de Sua

    Voz, pois no era dado ao homem v-Lo face a face.

    Logo Jesus nesse seu mote, que nome inicitico,

    assim como o nome Yeshuah, nos mostra aquele

    que o Homem-Deus, j sendo tema dedicado de

    Martinistas, entre Willermoz, Saint Martin e

    Behme. Nos leva assim a cristologia alta a uma

    mstica, onde superamos o homem carnal Jesus,

    sem neg-lo, e assim adentramos na esfera do

    esprito que vivifica, em nveis superiores de

    hermenutica.

    Tambm nos leva a relao com o Esprito

    (Santo), com pneuma. Assim a Trindade pode nos

    revelar a lei do tringulo, j presente em outras

    vises sobre o divino, ao longo do mundo. O Jesus

    Cristo tambm nos leva a pensar na personalidade

    de Deus, como veem os hindus para o seu Krishna.

    A cristologia alta ento faz do EU SOU uma

    personalidade de Deus, o prprio Deus, sem

    contudo negar que h distino entre o Pai e o

    Filho. Vemos mesmo que o poder de cura e

    transformao mesmo divino, e que o poder do

    Verbo algo que supera a mera carnalidade,

    ligando-se muito a palavras de poder, e

    pensamentos, como demonstra o maon Jorge

  • Bblia e Mistrios

    55

    Adoum em suas obras. E Martinistas veem Jesus

    como O Grande Arquiteto. Nesse passo, um mstico

    Rosacruz chamado Vicente Velado (criador do

    quadro acima retratado) diz que Cristo regente do

    sistema solar, chamando-o de Cristus Rex. Por tudo

    isso, vemos que a tradio mesmo, e at o Credo

    Catlico, que soma tradies orais a escritos

    evanglicos, afirma que Jesus se trata do homem-

    Deus, nos ratificando uma cristologia alta.

  • Bblia e Mistrios

    56

    O significado Mstico da Pscoa

    A ressurreio de Cristo a manuteno da

    vida da Natureza, de forma que anualmente esse

    Verbo renova o que parecia morrer, pois tem no

    Csmico sua influncia de germinao, que

    representamos pelo ovo, origem da vida, pois o

    Cristo a origem da vida, O Vivo. Assim

    tambm o po do cu e a fuga das trevas do Egito,

    da escravido, nos levam errantes e transeuntes no

    rumo liberdade, que apenas se encontra na terra

    de leite e mel (no Reino dos Cus). Ento esse po

    do cu na verdade a Tor-Bblia (Lei), que

    entregue pelo Altssimo encaminha o homem para a

    alimentao de seu esprito, verdadeira

    alimentao. As 4 letras do Nome Santo assim

    esto unidas e o homem santo (tsadik) est na

    presena de Deus (Shekinah), e um Cristo em

    formao, para por fim ter se libertado da sua cruz

    pessoal (matria que aprisiona).

    Nessa poca, no hemisfrio norte as sementes

    germinam e aparecem tambm os frutos, e assim a

    vida que Cristo Csmico difunde no mundo, revela

    o seu sacrifcio, o sacrifcio do Logos na matria,

    que assim vive e revive. E o ovo est em vrias

  • Bblia e Mistrios

    57

    cosmogonias, desde a escandinava, a hindu, egpcia

    e outras, revelando a origem do Universo, que hoje

    a cincia coloca sabiamente no ovo anterior ao Big

    Bang. Esse ovo claramente smbolo alm da vida,

    do ciclo e do retorno a vida aps a transformao,

    que entendemos por morte. Um ciclo revelado, e

    isso supera a velha linha reta, que apenas est com

    relao a ressurreio, mas que antes exige a

    reencarnao para sua devida evoluo. E o ovo

    chocado pela serpente, no por satans, mas pela

    serpente que est na estaca (ou cruz) de Moiss, na

    serpente de bronze, que prefigurava Cristo.

    E o homem encontrar esse mistrio no

    Juzo Final, na segunda morte, onde seu veculo

    grosseiro e animal dissolvido para dar lugar ao

    santo veculo de conscincia, pois assim est

    escrito que no herda o Reino a carne. Ento por

    isso no mais haver esposos e esposas, nem

    mesmo ser necessria a morte. A ressurreio

    estar assim presente quando encontradas as 7

    igrejas e tambm abertos os 7 selos, pois antes

    desse tempo, ou daquele tempo no poder ter

    revelado esse mistrio. Cristo morreu por todos os

    vivos, e ressuscita em toda a vida que evolui,

    fazendo si mesmo a presena atravs do Esprito

    Santo. E a espada (do Verbo) vem para esse tempo,

    somente podendo ouvir quem tiver ouvidos para

    ouvir, pois do contrrio no sero reconhecidos.

  • Bblia e Mistrios

    58

    Morte no plano material nascimento no plano

    espiritual, e vice-versa. Cristo rompeu o ciclo,

    quebrou o ovo, e assim teremos ns um dia que

    fazer.

  • Bblia e Mistrios

    59

    Nascimento para o alto

    E como Moiss levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele cr tenha a vida eterna. (Joo 3: 14-15)

    Jesus Cristo provou o nascimento para o alto

    a que fala Joo quando morreu e ressuscitou. O

    cristo tambm trilha esse caminho at Cristo, de

    modo que se inicia no batismo e que um dia se

    efetiva pelo Esprito Santo. Isso estava prefigurado

    na serpente que subia, a que Moiss criou para se

    proteger do veneno de cobras, quando no deserto.

    Essa serpente smbolo do fogo serpentino que

    sobe na medida em que as pessoas buscam a

    castidade, ou pelo menos sacrificam um pouco de

    seus instintos, em obra destinada para seu Senhor.

    Quando se serve ao demnio, h o servio a

    serpente da tentao e do pecado, por outro lado. E

    no apenas o batismo de gua garante essa subida,

    mas h de ser necessrio um batismo de fogo, que

    dado por Cristo e pelo Esprito Santo. Logo, a

    semente deve germinar em terra frtil, no em

    espinhos ou rocha. Desse modo pode subir at o

    Pai, Senhor da Sabedoria (hockmah), provando

    fruto maduro da rvore da vida. Esse o novo

  • Bblia e Mistrios

    60

    nascimento, o que no mais encontra barreira na

    carne e nem depende da concupiscncia. S assim

    pode conhecer as 7 igrejas a que fala o Apocalipse,

    e tambm abrir os 7 selos, a fim de mostrar a veste

    branca com o sangue de Cristo, que partilhou.

  • Bblia e Mistrios

    61

    Purgatrio, testemunho e livro dos

    Macabeus

    O nobre Judas falou multido, exortando-a a evitar qualquer transgresso, vendo diante dos olhos o mal que havia sucedido aos que foram mortos por causa dos pecados. Em seguida fez uma coleta, enviando a Jerusalm cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifcio pelos pecados: belo e santo modo de agir, decorrente de sua crena na ressurreio, porque, se ele no julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vo e suprfluo rezar por eles. (Mac II, 12: 42-45)

    Recentemente entrei em contato com um livro

    de testemunho cristo de uma senhora venezuelana

    (Glria Polo), chamado O Livro da Vida: da iluso

    verdade, que um relato de quem esteve no outro

    lado da vida e voltou, tendo ela a experincia do

    purgatrio, e retornando a vida, aps ser atingida

    por um raio e estar em coma. Pelos relatos at fiz

    uma ponte ao que outras religies falam, e nos leva

    a crer que existe sim no post mortem algo que

    evidencie a veracidade de antigas teologias. Mas h

    quem diga que o purgatrio foi uma inveno,

    quando no v que na sua Bblia h o livro dos

    Macabeus, no seu segundo livro, captulo XII,

    versculos 38-46, e por isso talvez retirado por

    reformadores, a gosto de Martinho Lutero (Martin

  • Bblia e Mistrios

    62

    Luther), que nos gera uma lacuna, acusando certos

    livros de apcrifos.

    Vemos que em outras doutrinas, religies,

    seitas e tudo mais, esse relato de Glria no est

    sem sentido, e que sim, os pecados geram efeitos.

    Ela arrependeu-se tardiamente, mas entende estar

    em misso ao ter retornado do outro lado da vida, e

    l sofreu pelo que cometeu, estando entre almas

    igualmente perdidas (a que chamou de demnios), e

    buscando auxlio em Deus e em Maria. Ela mesmo

    descreve uma vida mundana e cheia de modas que

    seguia, alm de ter praticado abortos e toda a sorte

    de pecados, mas que no se diferencia muito da

    vida de qualquer pessoa. Tambm h o relato da

    necessidade da busca e do respeito da doutrina

    crist, no caso dela Catlica, mas que podemos

    entender e estender a outros segmentos.

    Mesmo lendo obras espritas como Libertao e

    Ao e reao, do Chico, que parecem obras de

    cristianismo esprita, vemos que os relatos de

    Glria encontram ratificao no que foi descrito

    pelo esprito que a ele descreveu esse mundo post

    mortem, que antecipa o cu ou o inferno. Tambm

    doutrinas msticas como de Swedemborg e mesmo

    Max heindel, relatam o outro lado e at o que vem a

    ser o purgatrio ou faixas exteriores ao nosso

    mundo carnal. Mesmo Dante em sua Divina

    Comdia d informaes que no so de todo

    inverdicas, e podemos ali encontrar verdades sobre

  • Bblia e Mistrios

    63

    os planos do astral. Sabemos que mesmo Cristo

    teria descido ao inferno e voltado.

    Todas essas informaes nos alertam para

    que a Justia Divina e o Juzo Final no so

    invenes, e que mesmo doutrinas como a do

    Gehena judaico tm sim uma experincia espiritual

    por trs. a lei da conscincia que opera, e

    ningum pode fugir dela. So leis automticas que

    nos levam mesmo na imortalidade a compreender

    que sem a converso real, no estamos livres

    daqueles atos ruins ou pecados que cometemos.

    Desde j fica seguro o arrependimento e a

    converso, e na imitao de Cristo as pessoas tm

    mais segurana que seguindo modas de consumo e

    iluses passageiras. Gloria Polo d um testemunho

    mstico moderno sobre isso. E o livro dos Macabeus

    guarda sua importncia na Bblia. E tambm nos

    ensina que vale orar pelas almas, para que

    encontrem a ressurreio, mesmo que tenham

    cometido erros em vida.

  • Bblia e Mistrios

    64

    Anjos criados, arcanjos, querubins e

    cabala

    Pela cabala, os anjos tm estreita relao com

    a palavra amm. Assim Malach com Amemn, sendo

    o cdigo de nmero 91. Anjos em seus nomes so

    diferentes nomes de Deus, ou aspectos diferentes

    da mesma fora, sendo essa fora nica, da o

    monotesmo. O nmero 91 se refere a unio do

    esprito e do fsico, tendo assim os anjos certa

    realidade, inclusive em nosso mundo (Assiah). De

    certo modo, esto muito ligados as emoes, ou as

    esferas abaixo da trindade Kether-Hokm e Bin, de

    natureza intelectual. Tais anjos so energias, e

    podem inclusive ser criados. Tal criao feita por

    seres humanos so criadas pelas aes e tambm

    por formas-pensamento, realizando vontade. Os

    Querubins, ou aqueles que guardam o den (Gan-

    Eden), so semelhantes a esfinges, e a palavra

    querub significa boi. Eles guardam a esfera do rosto

    de Deus, e assim a centelha de fogo, do elemento

    fogo espiritual, e da de o homem no poder entrar

    l, sem ser consumido (seu veculo no evoluiu

    para tanto, a no ser quando encontrar Logos-

    Cristo...).

  • Bblia e Mistrios

    65

    Com relao s emoes, tambm h

    demnios, que esto em muito na rvore do

    conhecimento do bem e do mal, e da da esfera que

    no esfera da rvore da vida, Daat, ser o

    conhecimento. Esse conhecimento o fruto

    proibido (nenhuma ma..), e por isso que falei que

    o pecado maior foi conhecer e se relacionar com

    daimons dessa classe, e no outro pecado.

    Cabalistas dizem que temos 4 vidas, porque

    vivemos atravs das encarnaes (Gigul) pelas

    dimenses atravs dos 4 mundos ou elementos. Os

    anjos e demnios esto nas duas colunas que nos

    sugerem pensamentos, e se assemelham a doutrina

    de Agostinho dos dois anjos, um bom e outro mau.

    Temos assim de encontrar a coluna central da

    rvore da vida cabalstica, e em especial a esfera

    central (Tipharet-Cristo-Sol), para que assim

    possamos equilibrar toda a rvore e qualidades

    divinas. A alma regressa at em bisneto, e por isso

    que em xodo 20 se fala que os pecados alcanam

    at 3 e 4 gerao. Os anjos tm papel importante

    nisso, e mesmo os arcanjos (serpentes de fogo), bem

    como outras ordens, so essenciais. Elohim se

    refere a anjos, e foi traduzido em Gnesis como

    Deus. Podemos assim alm de criar anjos, os

    julgar, conforme carta aos Corntios de Paulo.

    Ademais, alguns anjos encarnam em seres

    humanos. Fato que quem deve julgar as anjos

    somente o iniciado e mago (um microcosmo

  • Bblia e Mistrios

    66

    controlado), e no qualquer pessoa. E que imagem

    e semelhana de Deus se refere a Adao Kadmon, ou

    o Universo, com suas esferas, e no a um simples

    homem feito de carne e osso. Pois a carne no

    herda reino dos cus. Yeshua Jesus tratado por

    certas vertentes como o mesmo de arcanjo Miguel.

    Fato que em cristianismo primitivo se entendia

    Jesus como um anjo, e no muito como homem.

    Nas a alma est segura e no deve nada temer o

    homem. A rvore da vida a ferramenta para se

    salvar em meio a isso tudo, pela meditao (antes

    do efeito) e pelo controle (antes do castigo). Pois

    assim como se semeia se colhe. E os anjos tm

    papel relevante nessa ajuda, sejam os fiis ou

    cados, pois nada h de intil no universo. Fato

    que o que se recebe deve se dar e multiplicar, e isso

    se faz com a sabedoria dada pelos anjos, a cabala.

  • Bblia e Mistrios

    67

    Templo cristo e comrcio

    Se vs destruirdes o templo, eu reconstruirei

    em trs dias. Aqui Jesus fala do templo cristo,

    que seu corpo, que seria muito mais que um

    templo de pedra em Jerusalm. Na ocasio da sua

    revolta contra o lucro e o comrcio no templo,

    templo este que empregava em torno de 20% de

    populao de Jerusalm, bem como centro da alta

    hierarquia sacerdotal judaica, no sem motivo que

    o mestre Jesus teria de perturbar e mover

    estruturas j edificadas, mesmo que no muito

    morais. O Salvador vindo de uma cidade rural, de

    Nazar, e sendo ainda da Galilia, outra cidade de

    campo, talvez tenha se decepcionado com aquele

    templo to sonhado de cidade evoluda e que na

    realidade estava sendo usado de forma maldosa

    pelos homens, ao invs de destinado ao Senhor

    Deus. No apenas daquele tempo a decepo com

    administradores do culto, e vemos mesmo em dias

    presentes o comrcio do templo e uma srie de

    outras intenes sobre casa do Senhor. Na

    verdade o cristo templo do Esprito Santo, e no

    moradas de pedra. Em que pese a Igreja ser

    essencial, haja vista propagao do evangelho,

    sempre est atual a crtica envolta no comrcio a

  • Bblia e Mistrios

    68

    que se exerce nesse meio, com teologias de

    prosperidade e venda de milagres, como

    presenciamos em segmentos mais recentes. O

    comrcio tem suas prprias regras, e pelo contrrio,

    o cristo que mais deve aquele que se torna mais

    amado por Jesus. O lucro antes espiritual que

    material, e buscar ao Senhor em primeiro lugar, e

    depois se preocupar com o que vestir ou comer.

    Vemos a inverso desses ensinamentos de Jesus

    cada vez mais acentuada, e se volta ao bezerro de

    ouro, no mais possuindo hoje os raios de Moiss

    para tragar essas mazelas. De qualquer forma,

    resta o templo espiritual que reconstrudo em 3

    dias, e na Trindade vemos ainda esse sinal oculto, e

    dar a Csar o que de Csar, e ao Senhor o que

    do Senhor. E o cristo o verdadeiro templo.

  • Bblia e Mistrios

    69

    Os essnios e a conexo Jos e

    Asafe

    Ora, vendo Pedro a este, perguntou a Jesus: Senhor, e deste

    que ser? Respondeu-lhe Jesus: Se eu quiser que ele fique at que eu venha, que tens tu com isso? Segue-me tu. Divulgou-

    se, pois, entre os irmos este dito, que aquele discpulo no havia de morrer. Jesus, porm, no disse que no morreria, mas: se eu quiser que ele fique at que eu venha, que tens tu

    com isso? (Joo 21:21-23)

    Tu pois, deveras reinars sobre ns? Tu deveras ters

    domnio sobre ns? Por isso ainda mais o odiavam por causa dos seus sonhos e das suas palavras (Gen. 37:8)

    E o rei Ezequias e os prncipes ordenaram aos levitas que louvassem ao Senhor com as palavras de Davi, e de Asafe, o

    vidente. E eles cantaram louvores com alegria, e se inclinaram e adoraram. II Cro. 29:30

    Com a descoberta dos manuscritos do Mar

    Morto, bem como com uma srie de escritos de algumas sociedades de estudos msticos, vemos que

    os Essnios tomaram um lugar especial, ainda mais por sua doutrina ser bem assemelhada quela ensinada pelo cristianismo. O fato dos essnios

    serem espcie de terapeutas, cuidarem dos

    enfermos, se batizarem em gua, doar todos os bens aos pobres e ter uma ceia que em muito se

  • Bblia e Mistrios

    70

    assemelha a santa ceia de Jesus, faz desta seita

    quase secreta, um ponto focal na vida de dois mestres: o prprio Jesus e o outro, no menos

    sbio, Joo.

    Os essnios defendiam um ponto central que

    aproxima do cristianismo: que a vinda do Messias

    (Mashiah), do salvador, constituindo verdadeiro messianismo. Tambm esse herdeiro de Davi

    parecia muito com um lder entre os essnios: o Mestre da Retido. Caractersticas do mesmo se

    encontraram em vrios grandes homens da Bblia,

    como Jos egpcio, o Jos pai de Jesus, bem como

    em Asafe, cantor de Davi, e, que teria de ser herdeiro da linhagem de Sem, filho de No, que

    seria a origem da medicina entre eles, um mestre

    na arte. Esse Asafe teria escritos os Salmos 50, 73

    e 83.

    Fato importante na doutrina do messias que eles so 2: o messias sacerdotal e o messias

    real. Um assim seria identificado com Joo, e outro com Jesus. Jesus teria ficado com a fama e recebido toda a glria, e Joo teria sido esquecido.

    Mas com equvoco. Joo nasceu e foi j enquanto beb perseguido de morte por Herodes, e assim sua

    me Elizabete fugiu para o deserto. Tambm quem teria nascido na manjedoura teria sido Joo. Certa tradio teria colocado o nascimento de Jesus em

    uma caverna dos essnios, espcie de hospital, de

    modo quase todo esperado. Tambm os trs magos

  • Bblia e Mistrios

    71

    teriam visitado Joo quando de seu nascimento.

    Ambos seguiam a linha de um grande mestre essnio, o Mestre da Retido, que teria vivido 200

    anos antes de Cristo.

    Jesus teve vrios discursos que atestam a

    caracterstica de Jos-Asafe ou do Mestre da

    Retido, como a afirmativa de ser transeunte. O

    Mestre da Retido era um transeunte, ele passava

    de cidade a cidade, sem ter local certo de morada. Tambm Jesus fala que os pssaros tm ninho,

    mas o Filho do Homem no tem onde repousar.

    Parece que os essnios se infiltraram entre os

    judeus e comearam o cristianismo, e que mantiveram suas caractersticas. Jos foi odiado

    pelos irmos e jogado em um poo. Jesus tambm

    se dizia que um profeta estrangeiro. Vrias

    passagens do Evangelho comeam a mostrar a

    linha dessa tradio. E Asafe era uma espcie de sbio, vidente, mago e astrnomo, e aqueles que aps curados em Nome de Jesus, eram chamados

    de Asafe. Um dos construtores do templo de Salomo era de nome Asafe, e o prprio Salomo

    usava vestes brancas (semelhante a essnio...), segundo uma obra de Josefo. Tambm vemos uma certa semelhana entre nazireus e essnios.

    Tambm Jos de Arimatria teria cuidado de Jesus no momento da morte deste e ressurreio, e depois viajado muito (um transeunte...), sem nao certa

    para ficar, de acordo com tradies islmicas.

  • Bblia e Mistrios

    72

    O que parece muito clara uma conexo com

    tradies islmicas, e de judeus cristianizados ou no, que vieram do oriente, por contato com os

    Cruzados, os quais traziam consigo esses tesouros de sabedoria. Jos e Asafe eram por l muito

    respeitados, e em muito se assemelhavam ao

    comportamento essnio e do Mestre da Retido.

    Alguns se chamavam de Jesus, o que acabou se

    tornando boato de Jesus chegando at a ndia e perambulando entre as naes. Fato que o

    conhecimento viajou, e que o nome Jos muito

    comum, sendo depois provavelmente o de Jesus

    Cristo tambm, de modo que surgindo profetas com o mesmo apelido, acabou-se por ver neles os

    originais, conservando tumbas que ainda so

    mostradas por arquelogos.

    Em muito parece que os essnios

    continuaram numa seita chamada de terapeutas, e que depois podem seus ensinamentos terem sido conservados pelos Templrios. Por isso de ordens

    de cavalaria crists terem como patrono Joo, porque ele era talvez tido secretamente tambm

    como um messias. Tambm h escritos que falam de um ssia sendo crucificado, e que um desses dois messias teria sobrevivido. Fato que pelo

    ferimento da lana no se sobreviveria a crucifixo, apesar de alguns dizerem que os essnios possuam alguns remdios milagrosos. Cuidando

    medicamente daquele que teria ressuscitado, eles

    teriam de fugir, restando em Qunran aqueles vasos

  • Bblia e Mistrios

    73

    que foram achados com pergaminhos e tradies

    que viram Jesus em outras naes do oriente, em especial em locais islmicos, na Caxemira e at na

    ndia, aps a morte. Muitas vezes, isso ocorreu com o personagem proftico se chamando Jos, ou

    mesmo Jesus Cristo ou Asafe, em muito

    semelhante ao Mestre da Retido dos essnios. E

    Jos deveria ficar vivo at o retorno de Jesus,

    segundo Joo 21:21. Assim se tornou o eterno transeunte.

  • Bblia e Mistrios

    74

    Acrscimos no Evangelho

    Telogos falam sobre certo acrscimo no

    Evangelho, em especial uma passagem que me

    trouxe a ateno: Joo 3:3 Perguntou-lhe

    Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo

    velho? porventura pode tornar a entrar no ventre de

    sua me, e nascer? 5 Jesus respondeu: Em

    verdade, em verdade te digo que se algum no

    nascer da gua e do Esprito, no pode entrar no

    reino de Deus. 6 O que nascido da carne carne,

    e o que nascido do Esprito esprito.. Aqui fica

    claro que a palavra gua foi acrescentada. S resta

    saber por quem. Se foram por tradutores

    eclesisticos a fim de defender doutrina de batismo

    ou outro motivo. Retirando a palavra gua no se

    perde, nessa passagem. H o que nasce pela carne

    e h o que nasce pelo esprito, um da Terra e outro

    do Cu. A carne no herda o Reino dos Cus. Nessa

    aluso sacramentaria a gua deve estar em muitas

    passagens, e a fim de defender algum dogmatismo

    se acrescentou, talvez novamente pelo Esprito

    Santo que inspirava. Fato que nascer pelo

    Esprito diferente do nascimento carnal, e que se

  • Bblia e Mistrios

    75

    tornar crianinha e isso nos leva at uma doutrina

    de reencarnao se pensarmos literalmente, sendo

    prato cheio a espritas. Fato que o convertido

    renasce em Cristo e isso constitui um nascimento

    tanto ou mais importante que aquele provindo da

    carne. Os redatores possivelmente tinham a

    limitao da lngua e uma srie de lacunas, uma

    vez que a doutrina em grande parte era secreta.

    Mas aos poucos tudo vai sendo revelado, e com

    gua ou sem, percebemos a espada da verdade e da

    palavra de Deus.

  • Bblia e Mistrios

    76

    Comentrios a Ezequiel Comentrios com chaves ocultas e cabalsticas

  • Bblia e Mistrios

    77

    CAPTULO 1

    1 Ora aconteceu no trigsimo ano, no quarto ms, no dia

    quinto do ms, que estando eu no meio dos cativos, junto ao rio Quebar, se abriram os cus, e eu tive vises de Deus.

    Comentrio: Aconteceu segundo alguns, em um

    Shabat, sbado, que dia especial a estudo da Tor. Abrir os cus uma experincia mstica.

    2 No quinto dia do ms, j no quinto ano do cativeiro do rei

    Joaquim, 3 veio expressamente a palavra do Senhor a Ezequiel, filho de

    Buzi, o sacerdote, na terra dos caldeus, junto ao rio Quebar; e ali esteve sobre ele a mo do Senhor.

    Comentrio: Joaquim significa, em hebraico, Jeov tem estabelecido ou levantado. Refere-se ao quinto ano, dos trinta de cativeiro. Quebar significa em

    hebraico, abundante. Quinto ms Thamus.

    4 Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, uma

    grande nuvem, com um fogo que emitia de contnuo labaredas, e um resplendor ao redor dela; e do meio do fogo

    saa uma coisa como o brilho de mbar. 5 E do meio dela saa a semelhana de quatro seres viventes.

    E esta era a sua aparncia: tinham a semelhana de homem;

  • Bblia e Mistrios

    78

    6 cada um tinha quatro rostos, como tambm cada um deles quatro asas.

    7 E as suas pernas eram retas; e as plantas dos seus ps como a planta do p dum bezerro; e luziam como o brilho de

    bronze polido. 8 E tinham mos de homem debaixo das suas asas, aos

    quatro lados; e todos quatro tinham seus rostos e suas asas assim:

    9 Uniam-se as suas asas uma outra; eles no se viravam quando andavam; cada qual andava para adiante de si;

    10 e a semelhana dos seus rostos era como o rosto de homem; e mo direita todos os quatro tinham o rosto de

    leo, e mo esquerda todos os quatro tinham o rosto d boi; e tambm tinham todos os quatro o rosto de guia;

    11 assim eram os seus rostos. As suas asas estavam estendidas em cima; cada qual tinha duas asas que tocavam

    s de outro; e duas cobriam os corpos deles.

    Comentrio: a experincia mst