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BIBLIOGRAFIA BASE PARA A AULA SOBRE A INSTALAÇÃO DA CORTE NO RIO DE JANEIRO. Apostila 20: Da independência ao Segundo Reinado. Capítulo 1: A Independência da América Portuguesa.

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BIBLIOGRAFIA BASE PARA A AULA SOBRE A INSTALAÇÃO DA CORTE NO RIO DE JANEIRO.

Apostila 20: Da independência ao Segundo Reinado.

Capítulo 1: A Independência da América Portuguesa.

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• Uma vez identificados os benfeitores da monarquia, faltava estabelecer as vias de mão dupla que ligavam a praça do comércio ao paço imperial; porque, se os “homens bons” seguraram a bolsa do rei, não o fizeram por bondade, mas impedidos por uma mentalidade arcaica, própria do Antigo Regime, a mesma que explica o desvio de grandes domas das atividades produtivas para outras rentistas, ou, como foram chamadas, “bens de prestígio”. Os grandes que socorreram o rei buscavam e receberam distinção, honra, prestígio social, em forma de nobilitações, títulos, privilégios, isenções, liberdades e franquias, mas igualmente favores com retorno material, como os postos na administração e na arrematação de impostos.

• MALERBA, Jurandir. A corte no exílio. Civilização e poder no Brasil às vésperas da Independência (1808 a 1821). São Paulo: Companhia das Letras. p. 232.

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REFLEXÃO TEÓRICA SOBRE O SIGNIFICADO DO PRESTÍGIO DE PERTENCER À CORTE

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Editora Perspectiva.

1974.

• pp. 68-69 – Na sociedade cortês essas “bagatelas” são na realidade a expressão da existência social, do lugar que cada uma ocupa na hierarquia em vigor. Subir ou descer na escala hierárquica tinha o mesmo significado para o homem de corte que perder ou ganhar dinheiro para o homem de negócios.

• pp. 75-76 – A opinião social, que é a matéria de que é feito o prestígio de cada um, exprimiu-se segundo regras bem determinadas, pelo comportamento de pessoa a pessoa, no quadro de um comportamento coletivo.

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• Habitação para 15 mil pessoas não se encontraria da noite para o dia numa cidade cuja população se estimava em 60 mil “almas”, incluso os pretos, dois terços desse número. Instituiu o príncipe regente o famigerado sistema das “aposentadorias”, que muito contribuiu para desgastar os laços de amizade entre os dois gêneros de portugueses: os recém-chegados e os “brasileiros”. Enquanto vigorou, propiciou aos nobres lusos certo conforto no usufruto dos melhores edifícios da cidade, de que estiveram privados dos seus legítimos donos até 1818, quando el-rei o extinguiu. Muito depois disso ainda se desdobravam contendas em torno do assunto.

• MALERBA, Jurandir. A corte no exílio. Civilização e poder no Brasil às vésperas da Independência (1808 a 1821). São Paulo: Companhia das Letras. p. 234.

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Reflexão sobre as condições econômicas do Rio de Janeiro durante a estadia da

corte.

• Por que houve carestia de alimentos no Rio de Janeiro?

• Por que a carestia de alimentos provocou a inflação sobre os gêneros alimentícios?

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FONTES DE RECEITA PARA MANUTENÇÃO DA CORTE NO RIO DE JANEIRO.

• Gastos incalculáveis, somas astronômicas despendeu dom João durante sua permanência no Brasil [...] Tendo chegado ao Brasil na bancarrota, a pergunta que se levanta é a seguinte: donde provinham seus fundos? Achará uma boa porcentagem da resposta quem a procurar no lugar certo, por exemplo, nas inúmeras listas de socorros que circularam na corte para salvar ora as despesas do Estado, ora a casa real, o que daria na mesma coisa. As chamadas “subscrições voluntárias” angariaram dos fiéis vassalos fluminenses e portugueses aqui instalados verdadeiras fortunas, oferecidas generosamente aos cofres públicos. Tratando-se de uma sociedade na qual valores como honra e prestígio predominavam, talvez fizesse bem ao espíritos dos subscritores ver seus nomes publicados em folhetos pela secretaria dos negócios do reino ou na Gazeta [...]

• MALERBA, Jurandir. A corte no exílio. Civilização e poder no Brasil às vésperas da Independência (1808 a 1821). São Paulo: Companhia das Letras. p. 246.

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• Os intercâmbios mais que simbólicos entre o soberanos e os “homens bons” da terra começaram já por ocasião do desembarque da família real [...] [Os primeiros intercâmbios de] Elias Antônio Lopes, negociante de grosso trato estabelecido na praça do Rio de Janeiro, da Quinta da Boa Vista em São Cristovão, que passou a ser a residência oficial de dom João e seu retiro preferido. Diz-se que, quando nela entrou pela primeira vez, S. A. R. confidenciou ao negociante que o acompanhava: “Eis aqui huma varanda Real, Eu não tinha em Portugal cousa assim”. Não se sabe se de fato disse semelhante frase o príncipe regente, nem se, tendo dito, se expressasse sinceramente. Mas consta que “[...] S. A. R. querendo gratificar a Elias Antônio tão generosamente offerta, que os mesmos fidalgos avaliam em 400 $ cruzados, houve por bem nomeallo Comendador da Ordem de Christo, Fidalgo da casa real, e administrador da mesma Quinta”.

– MALERBA, Jurandir. A corte no exílio. Civilização e poder no Brasil às vésperas da Independência (1808 a 1821). São Paulo: Companhia das Letras. pp. 258-259.

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Reflexões sobre generosidade e reciprocidade?

• A generosidade está inerente ao conceito de reciprocidade. Para Polanyi, “a descoberta mais importante nas recentes pesquisas históricas e antropológicas é que a economia do homem, como regra, está submersa em suas relações sociais.(...) ele age assim para salvaguardar sua situação social, suas exigências sociais, seu patrimônio social. Ele valoriza os bens materiais na medida em que eles servem a seus propósitos.” (POLANYI, 1980, 61)

• POLANYI, Karl. A Grande Transformação. As origens de nossa época. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2000.

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Conclusão:

• Não eram iguais todos os vassalos diante do príncipe, o que é muito plausível em uma sociedade do Antigo Regime como a corte joanina. Mas as diferenciações iam além das divisas e também não se resumiam à procedência. A própria lógica de corte, onde o rei administra os conflitos mantendo os interesses em equilíbrio instável, reproduzia o permanente conflito entre os súditos, que se acotovelavam em busca de um lugar mais próximo do trono não por mero interesse pecuniário, se assim se pode dizer, mas antes por uma outra lógica, guiada no “ser aristocrático” pela honra – e aqui, nos “novos nobres”, muito pela vaidade. De qualquer modo, o fato é que foram se avolumando os descontentes.

– MALERBA, Jurandir. A corte no exílio. Civilização e poder no Brasil às vésperas da Independência (1808 a 1821). São Paulo: Companhia das Letras. pp. 281-282.