BIBLIOTECA ESCOLAR E FORMAÇÃO DO LEITOR NA ESCOLA ......maluquinha para usar óculos, já nasceu...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LATO SENSU EM DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA TELMA LUZIA RUSSO MIRANDA BIBLIOTECA ESCOLAR E FORMAÇÃO DO LEITOR NA ESCOLA MUNICIPAL MÁRIO MOURÃO FILHO BELO HORIZONTE 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LATO SENSU EM DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO

BÁSICA

TELMA LUZIA RUSSO MIRANDA

BIBLIOTECA ESCOLAR E FORMAÇÃO DO LEITOR NA ESCOLA

MUNICIPAL MÁRIO MOURÃO FILHO

BELO HORIZONTE

2019

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Telma Luzia Russo Miranda

BIBLIOTECA ESCOLAR E FORMAÇÃO DO LEITOR NA ESCOLA MUNICIPAL

MÁRIO MOURÃO FILHO

Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao Curso de

Especialização em Formação de Educadores para

Educação Básica da Faculdade de Educação da

Universidade Federal de Minas Gerais como requisito

parcial para obtenção do título de Especialista em

Múltiplas Linguagens na Educação Infantil.

Orientadora: Tânia Aretuza Ambrizi Gebara

Belo Horizonte

2019

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFMG

Miranda, Telma Luzia Russo Miranda BIBLIOTECA ESCOLAR E FORMAÇÃO DO LEITOR NA ESCOLA MUNICIPAL MÁRIO MOURÃO FILHO [manuscrito] / Telma Luzia Russo Miranda Miranda. - 2019. 42 p. : il. Orientadora: Tânia Aretuza Ambrizi Gebara Gebara. Monografia apresentada ao curso de Especialização em Formação de Educadores Para a Educação Básica - Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação, para obtenção do título de Especialista em Múltiplas Linguagens na Educação Infantil. 1.Biblioteca escolar. . 2.Formação de crianças leitoras.. 3. Ação pedagógica.. 4. Leitura.. I.Gebara, Tânia Aretuza Ambrizi Gebara. II.Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Educação. III.Título.

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AGRADECIMENTOS

À professora Tânia Aretuza Ambrizi Gebara, que teve paciência se manteve atenta,

respeitosa e generosa. Aos diálogos sempre precisos e preciosos, às contribuições mais que

necessárias, enriquecedoras do texto e da experiência acadêmica. Agradeço-lhe não só as

orientações, mas, sobretudo, ao contato acolhedor, as lições de respeito e atenção que extrapolam o

convívio acadêmico e o cuidado paciente, principalmente comigo e com meu trabalho.

Aos meus professores de outros tempos – de colégio e de faculdade, mestres de outras

épocas, minha gratidão por terem contribuído, cada um a seu modo, para meu percurso.

Aos meus colegas da escola Mario Mourão Filho que tornam o meu dia a dia na biblioteca

mais gratificante e enriquecedor, compartilhando comigo seus saberes e fazeres pedagógicos com

os educandos.

Aos amigos dessa jornada, caminhos e percursos que muitas vezes foi desgastante, sim, mas

sempre prazerosos: Meninas, ah...menino também, muito obrigada por me ensinarem que é sempre

possível ir além e ser melhor, aprendi muito com todos vocês.

À Bárbara, amiga querida, exemplo acadêmico, abraço sempre pronto a me acolher, minha

irmã de alma, incentivadora, pesquisadora ímpar, sempre pronta para compartilhar o seu saber.

Aos meus pais (in memoriam), responsáveis pelas primeiras leituras fruição, pelo exemplo e

pela vontade de fazer dessa aprendizagem algo maior e compartilhar essa alegria. Gratidão pelo

exemplo inesquecível e pela semente que culminou na pessoa que sou.

Às minhas irmãs que respeitaram meu tempo de distância, agradeço pelas palavras de

carinho, confiança e apoio.

Aos meus filhos, Ítalo e Raul, pelo amor desmedido que me acalma e me coloca no rumo,

por compreender e aceitar minha ausência nesse período. Esse trabalho só foi possível pelo apoio

que me deram, pela fé que sempre demonstraram por mim.

Ao Alencar, minha paz, meu companheiro de vida, meu leitor particular, que me incentivou

com força, leituras, livros e palavras tantas, mas que, me faltam para dizer tudo que você se tornou

em minha vida. Esse trabalho deve muito a seu exemplo de professor e de leitor, mas devo mais

ainda à sua presença indelével na minha vida.

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E especialmente às crianças que convivo na rotina de trabalho da biblioteca, que sabem dar

brilho as coisas simples e transmitem esperança aos meus olhos enquanto escutam as histórias ou

caminham entre os livros. Não obstante, agradeço a Deus, que certamente me auxilia em todo

percurso de minha vida e me concedeu a oportunidade de concluir este trabalho.

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O narrador conta o que ele extrai da experiência, sua

própria ou aquela contada por outros. E, de volta, ele a

torna experiência daqueles que ouvem a sua história.

Nunca se passaram tantas coisas, mas a experiência é

cada vez mais rara.

Walter Benjamin (1994)

A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o

que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece,

ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas,

porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece.

Jorge Larossa (2002)

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RESUMO

Este trabalho aborda o uso pedagógico da Biblioteca Escolar visando a formação dos educandos

leitores no início da escolarização. A pesquisa tem uma natureza qualitativa de caráter

bibliográfico, buscando ressaltar a importância da leitura na formação do educando e sua relação

pedagógica com a Biblioteca Escolar. Apresenta a história da Biblioteca no mundo e,

posteriormente, seus avanços históricos no Brasil, chegando à formação da rede de bibliotecas no

município de Belo Horizonte, bem como sua relação com as leis disponíveis para a biblioteca, seu

uso nas escolas, os profissionais e sua atuação. O estudo faz uma reflexão sobre a relação

pedagógica existente entre biblioteca e escola, apresentando documentos oficiais, como os

Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa, as Diretrizes Curriculares Nacionais, o

Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), entre outros, mostrando que o papel da leitura

vai além da decodificação, busca a formação de um cidadão com senso crítico. Demonstra a

importância do acesso aos livros e das fontes de informações, disponíveis principalmente na

Biblioteca Escolar, visando que professores e bibliotecários possam planejar atividades

pedagógicas em conjunto, o que pode trazer benefícios inestimáveis para formar o educando tanto

no aspecto intelectual, emocional quanto social. Como resultado da investigação considera-se os

apontamentos sobre uma das principais estratégias de aproximação da leitura, na fase inicial da

escolarização do educando, com a atividade de contação de histórias, uma das estratégias mais

usadas no espaço da Biblioteca. O estudo salienta outras formas do educando se apropriar desse

espaço, tais como: conhecer o acervo da biblioteca, saber como se dá a organização do mesmo e

assim apreender a localizar o material de seu interesse. Foram utilizados uma gama de referenciais

teóricos, destaca-se aqui alguns deles: Kuhlthau, 2013; Campello, 2012; Côrte, Bandeira, 2011;

Lajolo, 1993.

Palavras-chave: Biblioteca escolar. Formação de crianças leitoras. Ação pedagógica. Leitura.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAE – Assistente Administrativo Educacional

CEB – Câmara de Educação Básica

CNE – Conselho Nacional de Educação

DCNEI - Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil

EMEI – Escolas Municipais de Educação Infantil

EMMMF – Escola Municipal Mario Mourão Filho

GERBI – Gerência de Bibliotecas

IFLA - Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias

MEC – Ministério da Educação

PNAIC – Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa,

PNBE – Programa Nacional Biblioteca na Escola

PNE – Plano Nacional de Educação

RMEBH – Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte

SGE – Sistema de gestão Escolar

SMED – Secretaria Municipal de Belo Horizonte

UMEI – Unidades Municipais de Educação Infantil

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

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APRESENTAÇÃO

“Da criança que fui a Bibliotecária que sou”

A criança que eu fui era muito introvertida, muito imaginativa, a oitava filha dentre os onze

filhos de um casal tipicamente interiorano mineiro, cujo pai administrador de fazenda e queijeiro e

a mãe educada para formar e criar a família se mudam para a capital, Belo Horizonte após a

falência financeira da família que até então tinha uma vida abastada.

Tudo isso acontecendo e eu até então não tenho registro de nada pois quanto mudamos para

Belo Horizonte tinha apenas dois anos de idade. Detalhe nasci no ano da falência da fábrica do meu

pai, então vida abastada não conheci, porém não me faltava carinho e companhia, com tantos

irmãos estávamos sempre rodeados dos melhores companheiros de vida que pode haver.

A criança que eu fui não tinha medo de comer nada diferente, mas chorava quando tinha

temor da altura e o risco de cair, era bem medrosa. A criança que eu fui tinha uma irmã que, vendo

aquele choro, buscava-a com um abraço, que tinha forma de salvação. E o choro virava uma

briguinha qualquer, só porque a criança que eu fui nunca admitia ter medo.

A criança que eu fui era estudiosa, caprichosa e se gabava disso e tinha orgulho de ter o seu

caderno elogiado pela professora, Dona Salomé, a mais gentil e das criaturas, típica mãezona.

A criança que eu fui, temia quando alguém lhe dissesse “menina inteligente não faz isso,

não”, pois sabia exatamente o que iria ser quando crescer: uma mulher forte, uma médica, talvez,

que enfrentaria todos os problemas porque era realmente uma mulher forte que não dependeria de

ninguém, que não seria sombra de ninguém e que também não daria sombra pra minguem, mas que

certamente teria um companheiro para caminharem lado a lado. Uma mulher a ser admirada.

A criança que eu fui, acima de tudo, não perdia a esperança por nada. Fazia mil promessas

pra São Judas Tadeu e sabia que, no final, ela tinha sido agraciada. Se o desejo não se realizava,

não tinha nenhum problema, pois tinha fé que nada lhe aconteceria de mal e sempre ficava em

dúvida se aquilo que aconteceu não era mesmo o que ela tinha pedido. Andei fazendo pedidos pra

São Judas Tadeu, pra Zeus, pra N. Sr ª Desatadora de Nós, para os anjos da guarda, as fadas ou

qualquer entidade que pudesse me trazer força. E força ela descobriu nos livros, objetos mágicos

que a leva para onde quer que ela quisesse ir.

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Hoje pensando na criança que eu fui e acho que ela se orgulharia de mim, está é a mulher

que ela um dia vai ser. Acho que ela ia sorrir com cara de satisfação quando eu contasse “sou

Bibliotecária”. Afinal, a criança, aquela timidazinha, de cabelos sempre arrumadinhos e

maluquinha para usar óculos, já nasceu assim, com mania de organização e metódica. Ela se

irritaria se eu dissesse que o temperamento difícil e a teimosia não melhorariam com a idade. Daria

de ombros quando eu lhe contasse que o medo de altura não melhora, mas que as irmãs, essas sim,

continuariam salvando-a dos problemas, como uma superliga de heroínas de ficção que, desde

criança e até hoje, tem sido seu gênero literário favorito. Olha, criança, às vezes eu vou te

decepcionar. Às vezes meu lado heroína se esvai e eu fraquejo. E eu choro, me sentindo fraca, mas

só as vezes.

Continuo comendo de tudo, às vezes com um apetite voraz aí respiro fundo e busco a calma

que me falta. Nessas épocas, vez ou outra, olho no espelho e não estou tão certa se aquilo que

reflete é o que eu chamo de eu. Daí eu lembro de você, pequena sonhadora e sempre apaixonada

pela vida e pela família. Olho pra mim e vejo você. Arrumo o cabelo, como a gente sempre fez,

passo o batom vermelho, gosto que cultivo desde novinha, e lembro que eu não cresci nesse mundo

pra te decepcionar. Nem a mim. Mas para sermos, você criança e eu uma quase velhinha,

irremediavelmente felizes. Busca lá o livro, que eu ainda tô contando a nossa história. Você sabe

bem como funciona a organização e quais são as regras da biblioteca, afinal fomos nós que a

organizamos

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Sumário

1. INTRODUÇÃO 12

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 13

3. A INFLUÊNCIA DA BIBLIOTECA ESCOLAR NA FORMAÇÃO DO LEITOR 15

3.1. SURGIMENTO DA BIBLIOTECA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE 15

3.2. BIBLIOTECAS ESCOLARES NO BRASIL: UM BREVE HISTÓRICO 16

3.3. A BIBLIOTECA ESCOLAR 17

3.4. O PNBE E LEIS PARA A BIBLIOTECA ESCOLAR NO BRASIL 18

3.5. A BIBLIOTECA ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE 20

4. A RELAÇÃO PEDAGÓGICA ENTRE BIBLIOTECA E ESCOLA 22

4.1. A INSERÇÃO DA BIBLIOTECA NO COTIDIANO DA ESCOLA 23

5. A BIBLIOTECA ESCOLAR NA FORMAÇÃO DA CRIANÇA LEITORA 26

5.1. O EDUCANDO NO INÍCIO DA ESCOLARIZAÇÃO 26

5.2. FORMAÇÃO DA CRIANÇA LEITORA: ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS E FORMAÇÃO DO LEITOR NA

ESCOLA 27

5.2.1. O Contador de Histórias e sua Ação Pedagógica 31

5.3. UTILIZAÇÃO PEDAGÓGICA DA BIBLIOTECA 33

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 36

7. REFERÊNCIAS 38

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1. INTRODUÇÃO

O tema pesquisado tem como interesse a compreensão da relação pedagógica da biblioteca

escolar e sua ação na formação do leitor dos anos iniciais da escolarização.

Essa relação da biblioteca escolar com o educando deve ser observada não num contexto

autoritário, e nem somente pela busca de informações especificas, e sim pelo seu uso livre para

atividades, conhecimento de livros, pesquisa com intenção de promover a formação de leitores com

autonomia e reflexões sobre a biblioteca da escola como um elemento que contribui para uma

melhora na aprendizagem do educando.

Assim sendo, a questão norteadora deste trabalho de pesquisa refere-se a: Como se procede

a relação pedagógica entre a Biblioteca Escolar e a formação do leitor nos Anos Iniciais?

Apresentaremos primeiramente informações sobre o surgimento da biblioteca na história da

humanidade, que até o século XVII tinha como função ser o local para o armazenamento de

registros do conhecimento da humanidade. Com o passar do tempo ampliou-se o seu papel

passando a ser um local de livre acesso para todos, e assim é introduzida no ambiente escolar.

Também faremos um relato da história da Biblioteca Escolar no Brasil, assim como da biblioteca

da rede municipal de educação de Belo Horizonte – MG.

Na sequência analisaremos a relação entre a biblioteca e a escola, destacando a importância

da união de esforços e objetivos em conjunto entre a sala de aula e a biblioteca escolar, para que

haja uma efetiva apropriação do saber pelo educando. A biblioteca escolar contempla duas funções:

a primeira educativa que promove o reforço do educando e do professor, a segunda é a função

cultural, que detém múltiplas possibilidades de leitura.

Finalizando apresentaremos as contribuições da Biblioteca Escolar na formação do

educando leitor, sendo caracterizado o desenvolvimento do educando nos primeiros anos de

escolarização, que inicialmente são dependentes, mas que, pouco a pouco, tornam-se mais

autônomos. As transformações e o desenvolvimento ocorrem devido estratégias de ensino,

atividades e aproximação da criança com a Biblioteca Escolar. De forma que a principal atividade a

ser realizada para essa faixa etária é a contação de histórias que estimula a imaginação e desperta o

desejo de ser leitor e após o letramento, deve-se deixar que as crianças escolham seus próprios

livros, para tornarem-se leitores autônomos.

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2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa foi realizada a partir de uma abordagem qualitativa, que segundo Flick

(2009), o método qualitativo oferece um processo contínuo de propagação, com o surgimento de

novas abordagens e novos métodos. “Cada método baseia-se em uma compreensão específica de

seu objeto”, certo disso, o pesquisador qualitativo tende a ficar mais tranquilo, porque, de certa

maneira, ele pode lançar mão de um, dois ou mais métodos para atender as diferentes etapas do

processo de pesquisa que, muitas vezes, se exigem na pesquisa em educação. Como lembra May

(2004), o pesquisador qualitativo considera necessário vivenciar pessoalmente o evento ou o

relacionamento a que se faz referência para analisá-lo ou entendê-lo.

Dito de outra forma, recorremos a Minayo (2001) que coloca que a pesquisa qualitativa

responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de

realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados,

motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das

relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de

variáveis.

Além disso, destaca-se que este estudo também tem uma natureza de pesquisa bibliográfica,

conforme Lima, Mioto (2007), a pesquisa bibliográfica possibilita um amplo alcance de

informações, além de permitir a utilização de dados dispersos em inúmeras publicações, auxiliando

também na construção, ou na melhor definição do quadro conceitual que envolve o objeto a ser

estudado. Portando, justifica-se sua indicação para esse estudo, pois assim possibilita a

aproximação com o objeto de estudo a partir das fontes bibliográficas.

Esta ação foi realizada durante os anos de 2018 e 2019. Ela foi feita através de análises de

artigos, documentos e leis que abordam o tema referente as relações entre a biblioteca e a escola;

mesmo sendo pequena a quantidade de material que contempla diretamente este tema, ou seja, a

relação pedagógica da biblioteca escolar e a sala de aula.

Foi feito um estudo documental relacionado ao surgimento da biblioteca e seu

desenvolvimento na história da humanidade, até chegar a implantação da rede de bibliotecas

escolares da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte MG, tendo como objetivo conhecer

as políticas e proposições do município para a formação de educandos leitores e como é a

participação de biblioteca escolar na formação desse educando leitor.

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Durante a análise documental, além dos documentos citados, consideramos os registros

disponíveis na biblioteca da Escola Municipal Mario Mourão Filho, tais como: planilhas de

empréstimo, estatísticas semestrais referentes a usabilidade da biblioteca e empréstimo domiciliar á

comunidade da instituição escolar.

Foram também utilizados como registros as fotos disponíveis no acervo da escola com as

quais foi possível além de ilustrar o trabalho dialogar com os dados encontrados ao longo do

estudo.

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3. A INFLUÊNCIA DA BIBLIOTECA ESCOLAR NA FORMAÇÃO DO LEITOR

3.1. Surgimento da Biblioteca na História da Humanidade

Historicamente a escrita e as formas de registro do conhecimento humano, caminha junto

com a história das bibliotecas, assim sendo, a memória foi registrada através da escrita em livros,

que contribuíram para com difusão de ideias e ampliação do conhecimento, Barbosa (1990, p. 35)

considera que o passo decisivo para o completo desenvolvimento da escrita foi dado pelos

sumérios de maneira que: o primeiro registro que conhece é uma pequena lápide, encontrada nos

alicerces de um templo em Al Ubaid. O construtor do templo escreveu nela o nome de rei. Esse rei

pertenceu a uma dinastia entre 3150 e 3000 a.C. (BARBOSA, 1990, p.35).

Percebendo esse desenvolvimento como um processo de adaptação do homem em relação à

criação dos signos, essa evolução se faz necessária para compreender a importância da língua

escrita, de maneira a relacionar a língua falada, a criação dos livros e surgimento das bibliotecas no

mundo. Como por exemplo, uma das bibliotecas da Antiguidade, a Biblioteca de Alexandria:

Entretanto, a mais famosa de todas as bibliotecas egípcias, e com certeza a mais famosa de toda a Antiguidade, foi a de Alexandria, em que se diz terem existido mais de setecentos mil volumes. A biblioteca de Alexandria era dividida em duas partes: quatrocentos mil volumes foram depositados num bairro da cidade chamado Buchium, as novas aquisições, que subiram, como foi dito, a trezentos outros mil volumes, formaram a biblioteca suplementar, num outro bairro, chamado Serápio (MARTINS, 1996, p.74-75).

Ainda conforme Martins (1996) o período em que o livro passa a ser produzido de

eminentemente monástica compreende a Idade Média, sendo mais que um simples trabalho de

ordem material, assumindo foros de exercício espiritual. Sendo que a biblioteca foi assim, desde os

seus primeiros dias até aos fins da Idade Média, o que seu nome etimologicamente, isto é, um

depósito de livros, e mais o lugar onde se esconde o livro do que o lugar onde se procura fazê-lo

circulá-lo ou perpetuá-lo.

Na Renascença, o livro tem uma maior visibilidade, tornando a biblioteca mais conhecida,

todavia ainda seria um erudito ou um escritor que cuidava destes acervos, já que bibliotecas,

museus e locais para guardar arquivos e documentos eram somente um local.

Com o surgimento do livro impresso, a biblioteca também ganha uma existência própria. A partir do século XVII, surgiram as primeiras bibliotecas públicas, patrocinadas por mecenas (pessoas que patrocinavam artistas e escritores para obter prestígio). A abertura maciça das instituições, até então restritas ao grande público, como museus e bibliotecas, deu-se a partir

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da Revolução Francesa, que também foi o estopim para os ideais de uma educação pública laica e gratuita. A figura do bibliotecário começou a ganhar uma visibilidade social e a biblioteca passou a não ser mais o local do saber e conhecimento restrito, mas sim o local que deveria ser organizado de modo que todos pudessem ter acesso aos conteúdos que ela disponibilizasse (SÃO PAULO, 2007, p. 02)

A biblioteca começa a ser pensada como um ambiente para todos, cuja finalidade, propõe o

repasse de informações e não é mais considerada como fonte de poder, sendo caracterizada como:

“um espaço de estudo e construção do conhecimento, coopera com a dinâmica da escola, desperta o

interesse intelectual, favorece o enriquecimento cultural e incentiva a formação do hábito e da

leitura.” (CÔRTE; BANDEIRA, 2011, p .8).

Desta forma, a biblioteca escolar vai aparecendo e ganhando espaço nas escolas, de maneira

que a comunidade escolar percebe o valor da biblioteca escolar que atenda aos objetivos descritos

acima.

3.2. Bibliotecas Escolares no Brasil: um breve histórico

No Brasil, a discussão envolvendo a necessidade de uma biblioteca, cuja coleção de livros,

seja indicada para a comunidade escolar, começa, segundo Silva (2011), nos colégios religiosos.

Observa-se, então que o início da formação da biblioteca escolar ela esteve associada diretamente a

instituição igreja.

No final do século XIX e começo do século XX surgiu uma nova organização das

bibliotecas, grande parte em colégios privados. Segundo VÁLIO (1990, p.18), “...começou a

acontecer no país com a fundação das escolas normais. A primeira a ser criada foi a Biblioteca da

Escola Normal Caetano de Campos, São Paulo, em 30 de junho de 1880...”

A biblioteca escolar, necessitava de mudanças para que seus principais objetivos

instrucionais fossem atingidos e sofreu reformas, sendo que Silva (2011, p. 495) considera que

“...nas décadas de 30 e 40 do século XX está incluída no processo de reformas educacionais da

época, principalmente construindo uma valorização educativa e de estímulo ao processo de ensino-

aprendizagem, tendo como finalidade prioritária a intensificação e o gosto pela leitura.

Assim, cabe à biblioteca escolar incentivar a leitura dos estudantes, aprimorando o uso das

informações ali presentes e em outros meios de comunicação de massa, organizando atividades

dinamizadas e integradas ao currículo da escola.

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3.3. A Biblioteca Escolar

O Dicionário Escolar da Língua Portuguesa define biblioteca como “uma coleção de livros,

dispostos ordenadamente para estudo e consulta. Edifício onde instalam grandes coleções de livros,

para uso público e particular” (BUENO, 2000, p. 199). Nos apropriamos deste conceito que

sinaliza para a importância da ordenação, organização e do espaço destinado a biblioteca, para

realizarmos a seguir a descrição dos espaços destinados à leitura nas escolas.

Visando o desenvolvimento da Biblioteca Escolar de qualidade a UNESCO (Organização

das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em conjunto com a IFLA (Federação

Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias) propuseram diretrizes para o progresso

da biblioteca escolar, com o intuito de dar suporte e orientação à comunidade bibliotecária, de

forma que no Manifesto da UNESCO para as bibliotecas públicas fica claro que a biblioteca

escolar é “...agente essencial para a promoção da paz e do bem-estar espiritual através do

pensamento dos homens e mulheres. Assim, a UNESCO encoraja as autoridades nacionais e locais

a apoiar ativamente e a comprometerem-se no desenvolvimento das bibliotecas públicas

(UNESCO, 1994).

Segundo as diretrizes da IFLA a Biblioteca Escolar deve ser um ambiente estruturado e que

promova uma trajetória de conquistas para os alunos, envolvendo a realidade destes e os objetivos

da escola. “...para sermos bem-sucedidos na sociedade atual, baseada na informação e no

conhecimento. A biblioteca escolar desenvolve nos estudantes competências para a aprendizagem

ao longo da vida e desenvolve a imaginação, permitindo-lhes tornarem-se cidadãos responsáveis.”

(MACEDO; OLIVEIRA, 2005, p.04).

A Biblioteca Escolar compreende um espaço intercultural, ou seja, com livros de romance,

pesquisa, revistas, contos, poesias, entre outros, pois congrega várias áreas do conhecimento e seu

acervo está disponível a todos os alunos e comunidade escolar o que caracteriza as diferentes

personalidades e necessidades dos indivíduos que frequentam este espaço, carecendo de um acervo

amplo e equilibrado a usuários de todas as idades.

De maneira a desenvolver a imaginação e a criticidade do pensamento humano e o interesse

das crianças em ler um livro, a biblioteca escolar necessita da participação coletiva de todos os

envolvidos para a formulação de objetivos e metas, bem como para garantir um bom

aproveitamento do acervo que é disponibilizado à comunidade escolar.

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Para Macedo e Oliveira (2005, p.06) “a biblioteca escolar deve ter recursos financeiros

adequados, uma equipe treinada, materiais, tecnologias e instalações (apropriadas), e o acesso aos

serviços deve ser gratuito”.

Conforme Amato e Garcia (1989, p.13) o estereótipo de que a “biblioteca é vista muitas

vezes como um lugar em que são armazenados livros para leitura; um lugar destinado a alunos

considerados indisciplinados” deve ser modificado, para que a ida à biblioteca por parte dos

educandos seja agradável e não como algo repetitivo e forçado. Assim, é necessário que as crianças

tenham a percepção da diversidade cultural existente nas prateleiras, e que a leitura desenvolve

múltiplas capacidades cognitivas, como a escrita e a interpretação.

3.4. O PNBE e Leis para a Biblioteca Escolar no Brasil

O Plano Nacional para a Biblioteca Escolar (PNBE) surge para promover melhorias

qualitativas nas bibliotecas escolares com foco no acesso à cultura e informação, de forma que em

1997 foi instituído, pelo MEC, o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), com o objetivo

de democratizar o acesso de alunos e professores à cultura, à informação e aos conhecimentos

socialmente produzidos ao longo da história da humanidade.

Juntamente com a distribuição seria preciso estabelecer programas de formação profissional

para professores, pois sua atuação é essencial para desenvolver aptidões de leitura, interpretação e

criticidade a serem interiorizadas pelo aluno, mas ao contrário O PNBE manteve-se apenas como

um grande programa de distribuição de livros, como se a existência de acervos (de qualidade) fosse

o caminho natural de formação de leitores nas escolas públicas brasileiras, sem prever apoio algum

a projetos de formação continuada de professores como foco na leitura literária (PAIVA;

BERENBLUM; 2009,174).

A distribuição dos livros tem foco no desenvolvimento e incremento do código escrito, bem

como nas relações de interpretação e compreensão do mesmo, o que caracteriza que o projeto visa

à diminuição e erradicação do analfabetismo, de forma que “a apropriação e o domínio do código

escrito contribuem significativamente para o desenvolvimento das competências e habilidades

importantes para que os indivíduos possam transmitir com autonomia a cultura letrada” (BRASIL,

Ministério da Educação).

Em 24 de maio de 2010 foi sancionada a Lei 12.244 pelo ex-presidente da República Luiz

Inácio Lula da Silva, onde discorre a respeito das modificações das bibliotecas escolares

Art. 1º As instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de ensino do País contarão com bibliotecas, nos termos desta Lei.

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Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se biblioteca escolar a coleção de livros, materiais videográficos e documentos registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa, estudo ou leitura. Parágrafo único. Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado, cabendo ao respectivo sistema de ensino determinar a ampliação deste acervo conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas escolares. Brasília, 24 de maio de 2010; 189º da Independência e 122º da República.

Desta forma, a obrigatoriedade de bibliotecas nas escolas garante ao aluno um acervo na

busca de conceitos para pesquisas escolares, de literatura, de notícias referentes ao presente e

passado, além de um ambiente afável para a leitura e realização de atividades, seja escolar ou

apenas para exercer o hábito de ler.

Todavia para que as leis sejam realmente efetivadas e a escola passe a ter uma biblioteca

ativa que ofereça condições para a apropriação da leitura na vida do aluno, faz-se necessário a

criação de métodos e incentivos que auxiliem no processo de adaptação das instituições, pois

mesmo sendo um prazo dez anos, sem propostas para se realizar o processo, será muitos difícil de

concretizar as metas.

A partir dos dados coletados nesta pesquisa, verificou-se também que as bibliotecas

escolares não estavam em pleno funcionamento, além de não contar com a estrutura necessária para

atender os alunos e a dúvida de professores em considerar a sala de leitura como biblioteca.

Quando os entrevistados se referiam à biblioteca, percebia-se que expressavam a ideia de depósito

de livros para empréstimo, de espaço físico para leitura, de local de pesquisas solicitadas pelos

professores como tarefas escolares e, até mesmo, como lugar de castigo (AVALIAÇÃO DAS

BIBLIOTECAS ESCOLARES NO BRASIL, 2011, p.63).

Assim, os objetivos da biblioteca escolar são perdidos, pois um ambiente propício para

aprendizagem deve ser agradável e possuir regras, mas não criar aversão aos alunos, de forma que

se os professores apenas utilizarem a biblioteca escolar como local de tarefas escolares ou castigo

por determinadas atitudes dos alunos, os mesmos não terão interesse em frequentar este espaço que

possibilita o desenvolvimento de potencialidades.

Através da consciência de alternativas que busquem promover o desenvolvimento da

biblioteca escolar e a concretização por meio dos órgãos competentes, cada vez mais a biblioteca

irá ser de maior qualidade para a comunidade escolar.

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3.5. A biblioteca escolar na Rede Municipal de Belo Horizonte

Criado no ano de 1997 com a implantação da Escola Plural (1997), o Programa de

Bibliotecas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte - RMEBH - tinha como objetivo

revitalizar as bibliotecas da rede, que apresentavam espaço físico e equipamentos inadequados,

acervo insuficiente em quantitativo e pluralidade de obras e profissionais desqualificados.

Os primeiros bibliotecários e auxiliares de biblioteca assumiram seus respectivos cargos no

mesmo ano. Em 1997 eram 22 bibliotecários, em 2001 eram 36 e em 2013 eram 43. Bibliotecas

escolares com lotação do bibliotecário são denominadas bibliotecas polo (estas realizam

empréstimos também para a comunidade). Através de visitas regulares, bibliotecários direcionam

os trabalhos de outras 4 bibliotecas chamadas coordenadas.

O objetivo é que, em acordo com a Lei no 12.244 de 24 de maio de 2010 que dispõe da

universalização das bibliotecas, todas as escolas da RMEBH tenham bibliotecário. O edital para

oferta das vagas não foi divulgado até a data desta pesquisa.

Com relação aos Assistentes Administrativos Educacionais (AAE), no ano de 2013 eram

450. Após a reorganização destes profissionais, com a Lei no 11.132, de 18 de setembro de 2018,

atualmente os 1750 AAE são distribuídos entre os espaços da biblioteca e da secretaria de forma

que haja no mínimo um assistente na biblioteca durante o horário de letivo.

No ano de 2001, foi garantida às bibliotecas uma verba própria de 10% das subvenções

enviadas para as escolas, para aquisição de materiais bibliográficos e materiais especiais, conforme

artigo 163 da Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte.

Desde 2004, as escolas recebem dois kits literários (um afro e outro diversificado) da

Prefeitura para enriquecer o acervo. Com o mesmo intuito, o MEC através do Programa Nacional

Biblioteca na Escola também envia livros literários, de referência e de formação às bibliotecas

escolares.

O sistema de empréstimo de livros ainda é manual. Em 2007 iniciou-se o Projeto Piloto de

Automação das Bibliotecas da RMEBH realizando testes para implantação do software Gnuteca.

Após 4 anos de investimento no desenvolvimento do programa, a nova versão do software exigia

outras atualizações dos dados já inseridos e o mesmo foi encerrado. Atualmente a SMED tenta a

automação das bibliotecas com software privado Pergamum. No Centro de Referência da

Biblioteca Escolar dentro da Gerência de Bibliotecas na SMED, dois grupos de bibliotecários

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trabalham no Projeto Piloto. Um grupo fixo realiza o teste do software, realizando a catalogação

dos livros e repassando para a empresa fabricante os erros para reajuste. O outro grupo realiza

atividades de apoio com um bibliotecário referência em cada regional. A catalogação teve início

com as obras dos kits literários por serem de memória institucional. Desde o início de 2019, os 31

bibliotecários da RMEBH estão em formação para a segunda etapa do projeto quando o acervo de

suas bibliotecas de lotação serão inseridos no programa.

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4. A RELAÇÃO PEDAGÓGICA ENTRE BIBLIOTECA E ESCOLA

A biblioteca escolar necessita ter pessoas qualificadas e preparadas, tendo em vista a

garantia de uma ação educacional de qualidade e que vise atingir o objetivo de instrumento de

apoio ao processo educacional. “A biblioteca escolar não é uma instituição independente. Ela existe

para atender às necessidades de informação de uma comunidade escolar, onde convivem

professores, alunos, pessoal administrativo e técnico” (CÔRTE; BANDEIRA. 2011, p. 8).

Destaca-se segundo a visão de SILVA, BORTOLIN, (2006) da necessidade implementar

uma pratica pedagógica na relação entre escola e biblioteca visando incentivar o interesse do aluno

na leitura, para isto não envolve tão somente conter uma sala repleta de livros, de forma que o

professor e equipe escolar devem mediar situações de interação com a leitura, até mesmo no início

da escolarização, onde o objetivo primordial é o contato com a linguagem escrita e oral nesse

momento é imprescindível que os educadores (professores, bibliotecários, atendentes de

biblioteca...) tenham a percepção da função e importância da biblioteca para o ensino, buscando a

integração e propondo ações efetivas na manutenção de espaços de leitura e formação de leitores

Reiterando a importância da biblioteca escolar na formação da criança, e sua relação

pedagógica com a escola, considerando estas duas instâncias essenciais para o desenvolvimento da

criança, sendo importante destacar que a biblioteca escolar é uma necessidade, pois não constitui

uma entidade independente, mas um complemento da escola.

Ao associar a relação entre professores, alunos, bibliotecários, equipe pedagógica e todos os

envolvidos que fazem uso externo e interno da biblioteca escolar verificam-se duas funções que

refletem sua necessidade de existir efetivamente nas instituições escolares, sendo estas a função

educativa e função cultural.

Para OLIVEIRA et al (2005, p. 04) a função educativa representa

[...] um reforço à ação do aluno e do professor. Quanto ao primeiro, desenvolvendo habilidades de estudo independente, agindo como instrumento de autoeducação, motivando a uma busca do conhecimento, incrementando o gosto pela leitura e ainda auxiliando na formação de hábitos e atitudes de manuseio, consulta e utilização do livro, da biblioteca e da informação. Quanto à atuação do educador e da instituição, a biblioteca complementa as informações básicas e oferece seus recursos e serviços à comunidade escolar de maneira a atender as necessidades do planejamento curricular.

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Enquanto função cultural, esta sugere que “a biblioteca de uma escola se torna

complemento da educação formal, ao oferecer múltiplas possibilidades de leitura” (OLIVEIRA et

al, 2005, p. 04).

Nesta perspectiva, a biblioteca escolar pode inserir no aluno atitudes positivas além de dar

suporte para todas as inquietações dos frequentadores desta, sejam frente pesquisas escolares,

planejamentos pedagógicos e/ou busca pela leitura por simples prazer, e com o dever assim, de

estar em conexão com o plano pedagógico da escola. “A biblioteca escolar é uma extensão do

aprendizado em sala de aula. Desta forma o professor em parceria com a biblioteca poderá oferecer

atividades e trabalhos que possam desenvolver o hábito e o gosto de frequentar a biblioteca”

(OLIVEIRA et al, 2005, p. 08).

Com relação, ao hábito e gosto de frequentar a biblioteca é necessário destacar que esta não

tem apenas o objetivo de auxiliar em pesquisas escolares, ou seja, também incutir no aluno a busca

pelo conhecimento científico por si mesmo, na construção de sua cidadania crítica, dando acesso à

cultura letrada, de forma que “como fonte de prazer e de sabedoria, a leitura não esgota seu poder

de sedução nos estreitos círculos da escola” (LAJOLO,1993, p.07).

A escola deve propiciar um ambiente de liberdade, “a leitura, portanto, precisa ser

constantemente estimulada; é necessário criar o hábito de ler, o prazer de ler, o gosto pela leitura”

(CAMPELLO, 2003, p.03). É importante frisar também que a prática de leitura patrocinada pela

escola precisa ocorrer num espaço de maior liberdade possível. Para (LAJOLO, 1993, p.108-109)

“a leitura só se torna livre quando se respeita, ao menos a aversão de cada leitor em relação a cada

livro. Ou seja, quando não se obriga toda uma classe à leitura de um mesmo livro, com a

justificativa que tal livro é apropriado para a faixa etária daqueles alunos”, assim salienta-se a

importância da liberdade de escolha para se formar leitores.

4.1. A Inserção da Biblioteca no Cotidiano da Escola

A biblioteca escolar, no intuito de promoção do desenvolvimento da leitura deve estar

vinculada ao Projeto Político Pedagógico (PPP) e com a rotina dos alunos, não sendo considerados

como espaços distintos entre escola e biblioteca, mas sim “perceber essas duas células como

facilitadoras do ato de ler e da produção do conhecimento” (SILVA, BORTOLIN, 2006, p.13).

O ato de planejar sugere a percepção de programar as atividades que serão realizadas no

decorrer do dia, sendo descritos neste os objetivos que se deseja alcançar, sejam estes gerais ou

específicos.

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Uma característica importante a ser pensada no valor da Biblioteca Escolar, no cotidiano do

educando no início de sua escolarização, é a percepção de que está é uma das principais vias de

acesso ao mundo da leitura. Para Campello (2003), na vida escolar, é onde o leitor consegue

aprimorar suas experiências com a leitura, na concepção de Larossa (2002), experiência tem

relação com o que nos passa, com a forma como nos toca, nos sensibiliza, nos emociona, como nos

relacionamos com algo e somos transformados por ele. A leitura nos proporciona diversas

oportunidades de experiência que podem ser positivas ou negativas conforme a relação entre o

leitor e o livro. Sendo assim a escola deve propiciar um ambiente adequado para que o educando

venha aprimorar suas leituras e possa ter diversas oportunidades de experiencias literárias.

A Biblioteca Escolar subsidia uma série de benefícios para os alunos, explicitando a

capacidade de “contribuir no desenvolvimento de habilidades de localizar, selecionar, interpretar e

comunicar informação de maneira crítica e responsável” (CAMPELLO, 2003, p.22), contudo, para

esse resultado satisfatório é preciso perceber que “ter biblioteca (espaço e acervo) não garante que

a leitura estará sendo assegurada na escola, pois é necessário que existam objetivos bem delineados

para a consecução do projeto pedagógico de mediação da leitura” (SILVA, 2010, p. 180).

Silva (2006) aponta sugestões para a mediação da leitura, bem como para o

desenvolvimento de um projeto pedagógico com relação ao que a escola deve considerar sobre à

biblioteca, sendo as seguintes questões:

• O que entende por leitura?

• Por que promovê-la?

• A Biblioteca Escolar estará entre as estratégias que a escola utilizará para tornar-se

ponte entre os alunos e a leitura?

• Que materiais estão disponíveis para os alunos?

• Que espaço, temporal e espacial, será destinado à leitura na escola?

• Qual o papel que a escola desempenhará nesse contexto?

Apontamentos como estes possibilitam a reflexão para o estabelecimento de estratégias que

viabilizem ingresso e permanência da criança no meio cultural letrado e da leitura, de forma que

“formar leitores requer, além de bibliotecas, um mediador, ou seja, aquele que “está no meio” do

processo, entre a escola e a biblioteca, entre o aluno e o acesso à leitura” (SILVA, BORTOLIN,

2006, p.14).

É indiscutível a importância da atuação do professor mediador na formação de leitores na biblioteca da escola, mas para isso, alguns requisitos são necessários, tais como: ter consciência de uma concepção de leitura e literatura que proporcionem à criança o conhecimento de si própria e o encontro com outras maneiras de ver o mundo; concepção de biblioteca escolar como um espaço onde se compartilhe informação e lazer, ter clareza de que a função a ser exercida exige que o mediador seja leitor (SILVA, 2010, p. 183).

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Nesse contexto de veiculação de estratégias impulsionadas pela escola, permanecendo a

interação entre o corpo docente e tendo profissionais capacitados para o trabalho na biblioteca

escolar, fica válido sua responsabilidade em “proporcionar aos estudantes a base para a leitura”

(SILVA, BORTOLIN, 2006, p.12), bem como no alcance deste objetivo.

Pesquisas atuais revelam que as bibliotecas escolares em outros países cumprem com a

função que ultrapassa a ideia de local que apenas promove a leitura, são espaços de intensa

aprendizagem, ideia abordada por Campello (2012); segundo a autora há uma mudança de

entendimento que revela que esse ambiente possui várias possibilidades de aprendizagem que

contribuem para o desenvolvimento cognitivo. Para que isso ocorra é necessária uma mudança

significativa na forma de entender a biblioteca, na sua organização, na sua função e nas suas

relações com toda a comunidade escolar.

Nessa perspectiva de biblioteca escolar como espaço de aprendizagem, faz-se necessário

um entrelaçamento desta no projeto de ensino defendido na instituição. Não como um espaço para

armazenar livros, mas estabelecendo estreita relação com os propósitos da escola e o cotidiano da

sala de aula e, desta forma, construindo uma conexão profícua com o corpo docente e discente.

Vale destacar que o profissional responsável pela biblioteca não pode ser desconsiderado,

pois é ele que pode dar vida a esse espaço fazendo a mediação de todo o material de consulta

disponível com os alunos e os professores, um trabalho articulado com os objetivos educacionais

defendidos pela escola como um todo.

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5. A BIBLIOTECA ESCOLAR NA FORMAÇÃO DA CRIANÇA LEITORA

5.1. O educando no início da escolarização

As percepções que a criança tem do mundo são diferentes dos adultos e seu

desenvolvimento cognitivo está em processo de evolução, dessa maneira “o desenvolvimento é

concebido como um fluxo contínuo de modo cumulativo, em que cada nova etapa é construída

sobre as etapas anteriores, integrando-se as elas” (WADSWORTH, 1996, p.18).

Também a imaginação pode favorecer aprendizados, se está se der por meio de atividades

pedagógicas que façam sentido para a criança e através das relações externas que promovem a

socialização.

O cotidiano dos anos iniciais pressupõe um campo de possibilidades onde ocorrem as práticas educacionais, que ganham forma e personalidade como expressão de concepções de aprendizagem, de valores políticos e culturais, de vivências e de imagens adquiridas ao longo da vida (de professores, de alunos, de funcionários, de famílias e de pessoas da comunidade), de conhecimento cientificamente legitimados e de saberes diversos. Constitui-se, o cotidiano dos anos iniciais, em um ambiente de interações sociais e coletivas com o objetivo de ensinar para as novas gerações currículos explícitos e, de modo talvez nem tão implícito, formas de ser e estar em nossa sociedade (LATERMAN, 2010, p.06).

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental o objetivo

geral do ensino fundamental é “utilizar diferentes linguagens – verbal, matemática, gráfica,

plástica, corporal – como meio para expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das

produções de cultura” (1997, p. 43).

Nesse contexto, Kuhlthau afirma que: “Lemos para descobrir significados. Escrevemos para

transmitir ideias” (KUHLTHAU, 2013, p.19), ou seja, a criança sente a necessidade de

compreender o sinal gráfico para que ao descobrir decodificar os signos, ela também o possa

transmitir, sendo assim uma necessidade de comunicação por meio da escrita.

Decorrente dessa necessidade intrínseca entre descobrir significados e transmitir ideias, se

valida à associação entre os objetivos da escola, num todo, com os objetivos da biblioteca escolar

que devem projetar ações para apropriação do saber acumulado. Portanto, a escola, enquanto um

local de estudo e trabalho, deve quebrar a cadeia de dependências que a tem caracterizado,

mobilizando a coletividade e facilitando-lhe a aquisição de conhecimentos e dos instrumentos

necessários para o seu auto controle; e a biblioteca escolar é um espaço democrático, conquistado

através do “fazer” coletivo (alunos, professores e demais grupos sociais) – sua função básica é a

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transmissão cultural às novas gerações de modo que elas tenham condições de reapropriar-se do

passado, enfrentar os desafios do presente e projetar-se no futuro (SILVA, 1986, p. 141).

De forma a potencializar o papel da biblioteca escolar na formação de leitores, é importante

destacar algumas características que são específicas em crianças dos primeiros anos de

escolarização, ou seja, apreender as principais propriedades deste ciclo para a promoção de

atividades cabíveis na busca da formação de leitores, o que consiste em perceber a relevância que

“é um período importante na vida escolar da criança, pois caracteriza a fase que a criança entra

bastante dependente no ambiente escolar e, ano a ano, se tornará mais independente, autônoma”

(SILVA, 2012.p.159).

Ao detectar as transformações e o desenvolvimento da criança em relação à sua percepção

de mundo, verifica-se a real necessidade de inserção da biblioteca escolar em seu cotidiano, assim

que se adentra uma escola, suas apropriações e afinidades com o mundo da leitura, servirão de base

para suas representações cognitivas.

Assim sendo, professor e a biblioteca escolar se fazem extremamente indispensáveis para o

contato com as letras, os livros e a leitura propriamente dita, bem como para que os alunos possam

desenvolver suas qualidades potenciais. Antes que possam ler sozinhas as crianças devem escutar

histórias, a fim de desenvolver o interesse pelos livros e conscientizar-se da variedade de livros

disponíveis. Quando estão aprendendo a ler, a escuta de histórias funciona como uma influência,

um modelo que estimula o gosto pela leitura. Essa atividade possibilita a experiência com o fluxo

das palavras para formar os significados. As crianças vivenciam o prazer e os sentimentos criados

pela leitura (KUHLTHAU, 2013).

KUHLTHAU, (2013, p.28) afirma que a principal atividade a ser executada para crianças

nessa etapa é a Hora do Conto, sendo está “uma experiência agradável, tanto para elas como para o

bibliotecário”. Vale ressaltar, que também, o professor, deve realizar de maneira contínua esta

atividade para as crianças, na Biblioteca Escolar e também em sala de aula.

5.2. Formação da criança leitora: estratégias pedagógicas e formação do leitor na escola

Para atividades na biblioteca escolar, em sala de aula, pelo professor ou bibliotecário a

leitura em voz alta, realizada através contação de histórias, contempla benefícios, sendo que “um

dos resultados mais agradáveis e produtivos da leitura em da história em voz alta para o grupo é

poder compartilhar as reações de cada um” (KUHLTHAU, 2013, p.30), e pode despertar, na

criança, o desejo de ser leitor.

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Para o desenvolvimento de habilidades de compreensão e interpretação, a esta faixa etária,

fica incumbido à participação das crianças na forma de expressão oral de forma que “expressar-se

oralmente algo que requer confiança em si mesmo, e isso é conquistado em ambientes favoráveis à

manifestação dos pensamentos, sentimentos e emoções” (KUHLTHAU, 2013, p.31), ou seja,

ambientes em que todas as crianças podem falar sem repressões, sem medos, além disso, onde

todas são convidadas a participarem da discussão de uma história e/ou texto sem excluir qualquer

que seja o aluno.

A característica egocêntrica dos educandos no início da escolarização pode ocasionar numa

discussão, sobre um livro lido, euforia em relação ao que as crianças vão dizer, ou seja, vão querer

todas falar juntas e, às vezes, o que vão dizer estará fora do objetivo proposto. Mais uma vez, fica

claro que atividades planejadas e criativas visam favorecer habilidades de compreensão e de

desenvolvimento da linguagem.

Outro aspecto que merece atenção dos professores de educandos no início da escolarização,

diz respeito à necessidade de se deixar claro o objetivo das atividades e como elas deverão ser

realizadas, ou seja, como as crianças devem proceder para realizá-las.

Dessa forma, se faz necessária a utilização da rotina, bem como atividades e estratégias que

agucem a curiosidade da criança.

Estabelecer uma rotina para criar um ambiente de escuta atenta é a uma forma efetiva de prepará-las para ouvirem uma história. Para isso, pode-se utilizar atividades tais como: canções, fantoches, marionetes ou, mesmo, exercícios físicos [...] é necessário que o professor ou bibliotecário demonstre interesse na leitura, criando um ambiente agradável e convidativo (KUHLTHAU, 2013, p.29).

O envolvimento da criança nas atividades busca a socialização entre a classe e professor

e/ou bibliotecário, a estimular imaginação e vontade de descobrir o conteúdo do texto, de forma a

aprimorar a atenção e o anseio em compreender os signos. Não somente a leitura oral pelo

professor é suficiente para a garantia do entrosamento de toda a turma. Portanto, atividades de

apropriação do tema se fazem necessárias, além da mediação do professor, na busca de entender os

significados que a história tem a oferecer.

Primordialmente, cada faixa etária subdivide interesses diferenciados. O quadro abaixo

promove essa visualização de indicadores:

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Faixa etária e Interesses:

Pré-escolares

Até 03 anos: fase pré- mágica 3 a 6 anos: fase mágica

Histórias de bichinhos, brinquedos, objetos, seres da natureza (humanizados) Histórias de crianças Histórias de repetição e acumulativas (Dona Baratinha, A formiguinha e a neve, etc.) Histórias de fadas

Escolares

7 anos Histórias de crianças, animais e encantamento Aventuras no ambiente próximo; família, comunidade Histórias de fadas

8 anos Histórias de fadas com enredo mais elaborado Histórias humorísticas

9 anos Histórias de fadas Histórias vinculadas à realidade

10 anos em diante

Aventuras, narrativas de viagens, explorações, invenções Fábulas, mitos e lendas

Fonte: Coelho (1995)

Então, como já dito anteriormente, crianças de zero a seis anos se envolvem de forma mais

significativa com histórias que envolvam o imaginário. É importante ponderar que, atualmente, 6

anos já se considera na categoria escolar. As crianças em idade escolar evoluem seus enredos não

de forma abrupta, mais através de processos de interpretação consistentes.

Nessa fase, deve o aluno caracterizando-se aqui o ouvinte escolar estar suficientemente motivado para as longas narrativas, para os livros de conteúdo mais extenso. O professor orientará as leituras, contará os episódios mais interessantes, oferecendo-lhe oportunidade de conhecer o gênero fascinante das viagens e aventuras, que correspondem aos anseios naturais do pré-adolescente, inquieto e sonhador (COELHO, 1995, p. 19).

Conhecer o gênero para cada idade, não significa aspereza para a escolha do livro a ser

apresentado à turma, ou seja, “as histórias indicadas para uma classe podem, perfeitamente, ser

adaptadas para a classe seguinte” (COELHO, 1995, p. 19),assim como, se o aluno desejar apreciar

um livro com conteúdo não condizente com sua faixa etária deve ser motivado a realizar essa

leitura e não barrado desta tentativa que promove a formação do leitor.

Por volta dos sete anos as crianças já estão familiarizadas com a rotina e conseguem manter

maior dedicação em determinada atividade, ou seja, “têm mais capacidade de atenção e podem se

concentrar em de talhes mais sutis. Têm imaginação vívida, senso de humor exagerado e percepção

aguçada do certo e do errado” (KUHLTHAU, 2013, p.76).

Portanto, “é importante que as crianças nessa idade tenham contato com muitos livros

interessantes, variados e de alta qualidade, que são lidos pelo professor ou bibliotecário e que elas

próprias começarão a ler” (KUHLTHAU, 2013, p.29).

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Diferentemente das idades já citadas e seu aproveitamento da biblioteca escolar por meio de

histórias infantis, por volta dos oito anos as crianças já estão aptas a conhecerem todo o acervo da

biblioteca escolar, e compreender, de forma simplificada o sistema de classificação. Para além

destas, esta etapa deve ter, em um de seus objetivos, o esclarecimento sobre histórias de ficção e

não ficção.

As crianças, que até então utilizavam apenas os livros infantis, passam gradualmente a usar toda a biblioteca. Durante esse período, elas se movimentam livremente nos diferentes setores da biblioteca, usando materiais de vários níveis de dificuldade e interesse. A criança se realiza sabendo que pode escolher tantos materiais da coleção de ficção com livros de não ficção (KUHLTHAU, 2013, p. 105).

Ainda com destaque em crianças de oito anos, mas também, referenciar as características da

faixa etária de crianças até os onze anos de idade, vale ressaltar que dos 8 aos 9 anos – Domínio do

mecanismo de leitura de textos, com maior interesse pelo conhecimento de coisas novas. Há maior

atração pelos desafios da vida, com questionamentos sobre a natureza.

A presença do adulto ainda é importante para motivar a leitura. Dos 10 aos 11 anos – Fase

da consolidação do mecanismo da leitura e da compreensão do mundo expressa no livro. A leitura

estimula a reflexão, com maior capacidade de concentração e engajamento na experiência narrada

(UNICEF, 2006, p. 14).

Assim, a aproximação do educando nos Anos Iniciais com a biblioteca, estimula sua

capacidade para a leitura, bem como sua compreensão de mundo. Sendo assim, a disponibilização

do acervo bibliotecário para o educando, ainda permitirá o desenvolvimento de sua autonomia em

suas buscas, seja em pesquisas escolares, seja em buscas por seus próprios interesses e objetivos ou

mesmo para fruição e deleite.

Dito de outra forma recorremos a Campello (2010), que ressalta o caráter essencial das

bibliotecas escolares como espaços de aprendizagem que propiciam e estimulam conexões entre os

diversos tipos de conhecimento e saberes; que são laboratórios, não de equipamentos e acessórios,

mas sim de ideias.

Concordante com este entendimento, Campello (2002) afirma que A biblioteca escolar, mais

do que um estoque de informações, pode constituir-se em um espaço de aprendizagem na escola.

Além dos alunos, a biblioteca escolar também precisa desenvolver um papel de centro de

aprendizagem e conhecimento sem fronteiras para professores, funcionários, pais enfim para toda

comunidade escolar, possibilitando um acesso permanente ao seu conteúdo. Nesta perspectiva, a

biblioteca escolar é mais do que uma sala com livros e serviços: é uma função da escola.

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5.2.1. O Contador de Histórias e sua Ação Pedagógica

A biblioteca escolar, para estimular a apreciação da leitura, deve conter um acervo disponível para

o trabalho de professores e também para os alunos, além de ser, um local de encontro, contação de

histórias e mediação do professor, para favorecer o contato com os livros e com a leitura.

Fonte: Acervo da escola (2019) As atividades devem ser realizadas de forma criativa que busque chamar a atenção e

concentração dos educandos, onde o professor deve também providenciar um planejamento, assim

como todas as outras situações pedagógicas dentro de sala de aula ou na biblioteca escolar.

Portanto, a escolha da história é primordial, visando sempre o público alvo, sua faixa etária

e o interesse da turma, etapa, esta, que deve ser estudada para que posteriormente não haja

arrependimentos, por exemplo, “a linguagem deve ser correta [...]. Os recursos onomatopaicos e as

repetições contribuem para tornar a história mais interessante e dão mais força às expressões”

(COELHO, 1995, p. 14).

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Com relação à importância da leitura para crianças, bem como seus benefícios, Farias e

Rubio (2012) descrevem

As histórias fornecem um contexto com o qual podemos trabalhar de diversas maneiras, fazendo com que as crianças sejam convidadas a criarem. As crianças adoram ouvir histórias e querem sempre ouvir mais e mais, isso se dá pelo prazer que elas têm de ouvir histórias e também, pela situação de aconchego que estas representam. As histórias são excelentes veículos para a transmissão de valores, porque dão contexto a fatos abstratos, difíceis de serem transmitidos isoladamente. Como por exemplo, a valorização da esperteza, que mentir não é a melhor solução (p. 05).

A escolha da história e o fato de estudar a história são duas características primordiais para

que o professor se sinta apto a realizar a leitura desta para toda a turma. Uma boa leitura, com

entonação, que estimule a curiosidade poderá fazer com que os alunos busquem o livro novamente

e façam uma nova leitura, ou escolham um livro do mesmo autor.

Nesse contexto, as formas de apresentação da história também devem ser refletidas e

analisadas pelo contador da história. Sugere-se então a simples narrativa ou a utilização de recursos

para dinamizar a história. Para Coelho (1995, p. 31), a simples narrativa é sem dúvida, a mais

fascinante de todas as formas, a mais antiga, tradicional e autêntica expressão do contador de

histórias. Não requer nenhum acessório e se processa por meio da voz do narrador, de sua postura.

Este por sua vez, com as mãos livres, concentra toda sua força na expressão corporal.

Os recursos pedagógicos para a contação de histórias são inumeráveis de forma que seu uso

varia de acordo com a criatividade do professor, bem como em sua capacidade oral. O que deve

ficar claro é que “o contador precisa estar consciente de que a história que é importante. Ele é

apenas o transmissor, conta o que aconteceu – e o faz com naturalidade, sem afetação, deixando as

palavras fluírem” (COELHO, 1995, p. 50).

Fonte: Acervo da escola (2019)

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Consciente dos objetivos que se espera atingir em relação à história a ser lida acrescido do

preparo do professor, seja por meio da narrativa oral ou com recursos pedagógicos, a hora do conto

é agradável para as educando, pois estimula a fantasia, compara o mundo real com o mundo do

imaginário, mostrando a ela que os livros oferecem essa oportunidade, mas que também são

grandes portadores de informações socialmente acumuladas. Ou seja, o uso pedagógico da

biblioteca através de aulas, atividades rotineiras e direcionadas pelo professor, mas também

estimular o uso livre pelos alunos na busca de autonomia e reconhecimento dos variados recursos

de informações ali disponíveis. Nesse contexto, a biblioteca escolar possui um espaço no qual é

favorável e adequado para incentivar o hábito da leitura, dentro da escola ela é um local diferente,

pois ela promove a interação entre professor, aluno e o bibliotecário, ligado a um grande número de

informações, tornando-se como um laboratório de autoaprendizagem.

Assim, o acervo da biblioteca é capaz de sanar muitas dúvidas específicas de conteúdos

escolares e, para além, provocar o desejo pela leitura livre de fruição e deleite.

Fonte: Acervo da escola (2018)

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5.3. Utilização Pedagógica da Biblioteca

Os educandos no início de sua escolarização, sabem da existência da Biblioteca Escolar,

porém por ter horário pré-estabelecido para utilização da mesma, este espaço perde seu verdadeiro

objetivo, pois muitos não a frequentam, além desse horário. Deixando de frequentá-lo em outros

momentos, inclusive no intervalo.

Na convivência com a leitura, cabe à escola oportunizar ao seu aluno momentos orientados pelo adulto de forma sistemática e momentos livres em que o aluno busque a leitura espontaneamente, sem a tutela do professor, ou bibliotecário escolar. Aliado a tudo isso, a biblioteca escolar deve ser acessível, com acervo e mediação disponíveis para todos (SILVA, p. 01/02, 2014).

Nesse contexto, Silva (2012, p. 162) descreve que “a possibilidade de a criança escolher [...]

ir para a biblioteca num dia, ir à quadra jogar bola no outro, conversar com os amigos livremente,

forma um cidadão crítico capaz de fazer escolhas”.

Para uma aproximação dos educandos com a Biblioteca Escolar Kuhlthau, (2013) descreve

em seu livro um programa de atividades na busca de estimular “como usar a biblioteca da escola”,

separando assim por fases, as atividades para os anos iniciais:

A FASE I – Preparando a criança para usar a biblioteca – que compreende o período inicial de escolarização da criança até sua alfabetização, ou seja, dos quatro aos sete anos. Subdivide-se em duas etapas: A 1ª Etapa – Conhecendo a biblioteca – é aquela que precede a alfabetização e destina-se a crianças de quatro a seis anos. Neste momento, o programa consiste de atividades que irão, predominantemente, procurar desenvolver na criança uma atitude positiva em relação à biblioteca e aos recursos informacionais, especialmente os livros. Ela se familiariza com os espaços da biblioteca e começa a se interessar pelos livros do acervo. A 2ª Etapa – envolvendo as crianças com livros e narração de histórias – destinadas as crianças de seis e sete anos, ocorre durante um período de alfabetização e nesse momento a criança vai se envolver mais profundamente com os livros, principalmente através da escuta de histórias. FASE II – Aprendendo a usar recursos informacionais – abrange séries iniciais do ensino fundamental (1ª a 4ª), ou seja, destina-se a alunos de sete a 10 anos e consiste, basicamente, de atividades que irão propiciar habilidades para usar os recursos informacionais disponíveis na escola (KUHLTHAU, 2013 p. 16-17).

O contato com a biblioteca escolar deve familiarizar a criança com os livros, com atividades

orientadas que busquem a conscientização sobre o cuidado com os livros e com os materiais

disponíveis. O desenvolvimento e aproximação do acervo resultam de atividades de contação de

histórias e também pelo uso livre que as crianças detêm na biblioteca.

Na sequência além da estimulação da imaginação por meio de atividades de leitura, buscam

promover o conhecimento sobre os diversos recursos informacionais existentes na biblioteca

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escolar, ou seja, por meio de atividades que desenvolvam habilidades de localização (para que

consigam encontrar um livro de forma independente) e habilidades de interpretação (para que

saibam identificar as diversas fontes de informação, saber interpretá-las e utilizá-las de forma

criteriosa e de acordo com o que necessitam).

Os quadros abaixo suscitam as principais habilidades de localização e de interpretação a

serem apreendidas na biblioteca escolar

HABILIDADES DE LOCALIZAÇÃO Arranjo da coleção Revistas e jornais Material e equipamentos audiovisuais Coleção de referência Ficção e não ficção Sistema de classificação Fontes biográficas Índices Internet

HABILIDADES DE INTERPRETAÇÃO Técnicas de avaliação e seleção Ver, ouvir e interagir Apreciação literária Elementos do livro Pesquisa e produção de texto

Fonte: Kuhlthau (2013)

Para isso, a habilidade de localização deve ser instigada de forma que o educando tenha

autonomia e consiga realizar suas buscas pelo livro e/ou conteúdo desejado.

Habilidade de localização sobre o arranjo da coleção é apenas uma das muitas que a

biblioteca escolar pode e deve promover no desenvolvimento dos alunos, através de atividades

específicas para cada habilidade e para cada faixa etária.

Para além, busca-se desenvolver no educando habilidades de interpretação que os ajudam a

entender e usar os materiais disponíveis no acervo, compreender os elementos do livro, estimular a

escuta de histórias bem como sua interação numa discussão posterior. Assim, é importante o

educando aprender a usar os materiais disponíveis no acervo, tanto para entretenimento como na

busca de informações.

Dessa forma, o papel do professor compreende em mediar essa relação pedagógica existente

nas atividades propostas no espaço da Biblioteca Escolar por meio de ações que promovam o

desenvolvimento das capacidades do educando. Existe muitas possibilidades de estratégias na ação

mediadora para leitura com os educandos. Cabe ao profissional conhecer tanto o acervo da

biblioteca quanto as peculiaridades dos educandos que participaram da leitura para elaborar de

maneira assertiva os percursos que possibilitarão a conexão da criança com a leitura literária e

construção crítica e independente do sujeito leitor.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve o intuito de proporcionar aos professores e profissionais da

educação uma reflexão sobre o devido papel que a Biblioteca Escolar deve ocupar na escola,

principalmente no início da escolarização, pois esse período é favorável à aproximação do

educando com o mundo da leitura.

No Brasil, o processo de construção do significado da Biblioteca Escolar como espaço de

construção de conhecimento, de apoio pedagógico, didático e cultural que envolve educandos e

professores vem desde a chegada dos Jesuítas que, inicialmente, tinha perspectivas de cunho

religioso, a biblioteca estava vinculada aos colégios por eles fundados, ou seja, era para poucos.

É a partir do fim do século XIX e início do século XX que a biblioteca começa a ter nova

configuração. Por meio de ações da UNESCO em conjunto com a IFLA em 1994 resulta-se o

Manifesto com diretrizes pertinentes à Biblioteca, ou seja, constituindo um local estruturado, que

envolva a realidade e os objetivos da escola. No Brasil tem o PNBE e a lei 12.244/2010 de

universalização da Biblioteca Escolar que visam à melhoria no acesso a cultura, na informação e a

construção de bibliotecas em todas as escolas do país.

Nesse contexto, é notável os avanços nas leis em prol da Biblioteca Escola, embora ainda

sejam necessárias ações concretas para a efetivação da relação pedagógica entre processo de ensino

e a Biblioteca Escolar, de modo a abranger os objetivos da escola, para a formação do educando

leitor.

Assim sendo, os avanços com relação à Biblioteca Escolar são crescentes, contudo, ainda é

uma demanda que professores, bibliotecários e todos os profissionais da escola realizarem

atividades vinculadas à biblioteca, de forma que este local não proporcione apenas a busca por

materiais específicos em atividades dispersas, ou seja, professor e educando devem estar em

contato com o acervo de forma dinâmica e na busca da construção de conhecimento. Vale ressaltar,

também, que é importante o uso de atividades de livre acesso aos educandos onde estes possam

observar, folhear e pegar emprestado o livro que lhes despertar maior atenção, com o intuito de

formar leitores com autonomia e criticidade, abrindo espaço para a fruição e o deleite.

A análise realizada, no presente estudo, com relação as atividades que cativam o educando

para a busca de livros e da leitura propriamente ditam, no início da escolarização, resultou na

atividade pedagógica que promove a leitura no espaço escolar, ou seja, o contar histórias.

Atividades dessa natureza, podem ser realizadas pelo professor ou bibliotecário, tanto na biblioteca

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escolar quanto na sala de aula, pois é estímulo à imaginação e curiosidade do educando, para que

este busque novos livros, novas leituras.

Dessa forma, a soma entre atividades conjuntas entre sala de aula e Biblioteca Escolar, ao

visar à participação efetiva dos educandos, suas características especificas e buscar livros que

estimulam a imaginação, com atividades lúdicas e com a interação da turma, irá proporcionar a

formação do educando autônomo, que terá a Biblioteca Escolar como um espaço de conhecimento,

aprendizagem e lazer.

Através da elaboração deste trabalho procurei demonstrar o verdadeiro significado da

Biblioteca Escolar, buscando encontrar as lacunas pedagógicas que os bibliotecários e docentes

devem superar visando a formação dos educandos no início de sua escolarização com o propósito

de vincular atividades cotidianas com a amplitude pedagógica da Biblioteca Escolar, além de

ministrar contações de histórias e mediar as leituras na busca de cativar novos leitores

Está investigação suscitou novas indagações que deixa para que futuros trabalhos sejam

propostos com a presente temática, são elas: Como será relação entre biblioteca escolar e escola

com o crescente uso de novas tecnologias na educação?; Existe perda nas relações enquanto o

cotidiano é automatizado?; As simplificações das formas de leituras estão dificultando ou

facilitando as didáticas?; As facilidades de acesso remoto aproximam ou distanciam os educandos

da biblioteca escolar? Com essas indagações constata-se que pesquisas envolvendo a biblioteca

escolar sejam fundamentais para contribuir com esse contexto e inserir as bibliotecas cada vez mais

nas discussões pedagógicas e no cotidiano da comunidade escolar.

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Escolar, os cargos públicos de Bibliotecário Escolar e de Assistente Administrativo Educacional e dá outras providências. Belo Horizonte, MG,2018. ____________. Lei no 12.244 de 24 de maio de 2010. Dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País. Brasília, DF, 2010 ___________. Lei no 13.257, de 8 de março de 2016. Dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância e altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, a Lei no 11.770, de 9 de setembro de 2008, e a Lei no 12.662, de 5 de junho de 2012. Brasília, DF, 2016. ____________. Portaria no 826, de 7 de julho de 2017. Dispõe sobre o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa -PNAIC, suas ações, diretrizes gerais e a ação de formação no âmbito do Programa Novo Mais Educação-PNME. Brasília, DF, 2017. ___________. Resolução CME/BH no 001/2018. Estabelece diretrizes operacionais complementares para a matrícula inicial de crianças nas instituições de educação infantil do sistema municipal de ensino de belo horizonte (SMED/BH) e no ensino fundamental da rede pública municipal. Belo Horizonte, MG, 2018. ___________. Resolução no 2, de 9 de outubro de 2018. Define diretrizes operacionais complementares para a matrícula inicial de crianças na educação infantil e no ensino fundamental, respectivamente, aos 4 (quatro) e aos 6 (seis) anos de idade. Brasília, DF, 2018. ___________ Resolução no 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de dezembro de 2009, Seção 1, p. 18. ,2009. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Curricular Comum. Disponível em <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/12/BNCC_19dez2018_site.pdf> Acesso em 12 de janeiro de 2019. BRASIL, Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. Brasília, 2000. Disponível em http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/pne.pdf. Acesso em 07 fevereiro 2019. BRASIL, Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. Disponível em http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf. Acesso em 02 de fevereiro de 2019. BRASIL, Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. Brasília, 2010. Disponível em http://fne.mec.gov.br/.../notas_tecnicas_pne_2011_2010-1.pdf. Acesso em 09 janeiro 2019. BRASIL, Ministério da Educação. A Política de Formação de Leitores e o PNBE - Programa Nacional Biblioteca da Escola, 2009. Disponível em Sítio SEB. Acesso em 20 janeiro 2019. BRASIL, Ministério da Educação. PNBE na escola: literatura fora da caixa Guia 1: Educação infantil. Ministério da Educação. Elaborada pelo Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da

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