Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

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EVANIR LEITE DA SILVA Rio de Janeiro RJ Março de 2001 BIODANZA - um caminho para o desenvolvimento da AUTO-ESTIMA

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EVANIR LEITE DA SILVA

Rio de Janeiro – RJ Março de 2001

BIODANZA - um caminho para o desenvolvimento da AUTO-ESTIMA

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INTERNATIONAL BIOCENTRIC FOUNDATION ASSOCIAÇÃO ESCOLA DE BIODANZA ROLANDO TORO DO RIO DE JANEIRO

CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES

BIODANZA – UM CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO DA AUTO-ESTIMA

EVANIR LEITE DA SILVA

RIO DE JANEIRO – RJ

2001

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BIODANZA – UM CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO DA AUTO-ESTIMA

EVANIR LEITE DA SILVA

MONOGRAFIA APRESENTADA À

ASSOCIAÇÃO ESCOLA DE BIODANZA

ROLANDO TORO DO RIO DE JANEIRO,

PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE

PROFESSOR TITULAR DE BIODANZA

ORIENTADOR: ANTONIO JOSÉ SARPE

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AGRADECIMENTOS

ROLANDO TORO ARANEDA

Que com sua genialidade, criou a Biodanza.

ECY FERREIRA COSTA

Que me ensinou a dar os primeiros passos na Biodanza.

MARIA LÚCIA PESSOA SANTOS

Que me iniciou no enfrentamento dos meus medos.

MARIA ADELA CREMONA MARTINS IRIGOYEN

Que facilitou a minha vivência de viver de forma criativa e feliz.

ANTONIO JOSÉ SARPE

Que me ajudou a enfrentar os desafios da vida, com muita sabedoria.

GLADYS TRINDADE DE ARAÚJO

Que me ajudou a concretizar um projeto da vida.

INÊS PACÍFICO

Que me deu muita força para a elaboração desta monografia.

NÉLIDA PEREZ

Que contribuiu com informações importantes para a elaboração desta monografia.

ANTONIO PÚPERI

Pelo carinho de me enviar uma cópia da sua monografia.

MEUS COMPANHEIROS DE FORMAÇÃO

Pela cumplicidade e coesão.

MEUS COMPANHEIROS DO GRUPO REGULAR

Que contribuíram para a elevação da minha auto-estima.

MEUS ALUNOS DE BIODANZA

Que me impulsionaram a seguir em frente.

MINHA MÃE

Pelo apoio e incentivo para a realização de um sonho.

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Chamamento

Somos la memoria del mundo.

Sólo debemos recordar lo que

Está en nuestras células.

Los frutos del verano.

El amor voluptuoso.

La capacidad de ponerse en el lugar

del otro.

El contacto.

El coraje de innovar.

El abrazo, el adiós y el encuentro.

El mar en nuestra piel.

La música de la vida.

La danza de la vida.

Biodanza nos devuelve

La memoria ancestral

La posibilidad absoluta de amor.

Rolando Toro Araneda

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................6

2. IMPORTÂNCIA DA AUTO-ESTIMA............................................................................7

3. O QUE É AUTO-ESTIMA...............................................................................................9

3.1 Características da Pessoa com Auto-Estima Elevada

3.2 Características da Pessoa com Auto-Estima Baixa

3.3 Características da Pessoa com Auto-Estima Mediana

4. AUTO-ESTIMA, AFETO E APRENDIZAGEM...........................................................13

5. AUTO-ESTIMA E AMOR.............................................................................................14

6. AUTO-ESTIMA E O BRINCAR...................................................................................15

7. AUTO-IMAGEM E A QUESTÃO DA CULPA............................................................16

8. ESTRUTURAÇÃO DA AUTO-ESTIMA......................................................................17

8.1 Princípios Básicos da Auto-Estima

8.2 Crítica a NATHANIEL BRANDEN

9. BIODANZA E AUTO-ESTIMA...................................................................................20

9.1 Componentes do Esquema Dinâmico da Identidade

9.2 Desenvolvimento dos Potenciais Genéticos

9.3 Biodanza e Auto-Estima

9.4 Definição de Biodanza

9.5 Inteligência Afetiva

9.6 Processo de Crescimento

9.7 Contato e Carícias

9.8 Efeito das Carícias a Nível Orgânico e Existencial

9.9 Efeito das Carícias sobre as Emoções e os Sentimentos

9.10 Efeito das Carícias sobre a Percepção e a Consciência

9.11 Efeito das Carícias sobre a Existência

9.12 Ação Terapêutica do Contato e da Carícia

9.13 Integração

10. CONCLUSÃO................................................................................................................31

10.1 Quanto à Auto-Estima

10.2 Quanto ao Potencial Genético

10.3 Quanto à Biodanza

11. ANEXO...........................................................................................................................33

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................35

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1.INTRODUÇÃO

Sempre dediquei uma atenção especial à auto-estima. Mesmo antes de

entrar para a Biodanza, li muitos textos que não me satisfizeram, dado à

superficialidade com que foram tratados.

Quando entrei para o Grupo Regular de Biodanza, comecei a vivenciar

a transformação da minha auto-estima. À medida que eu ia caminhando no

meu processo de crescimento, aumentava ainda mais o meu interesse pelo

tema.

Ao me iniciar no Curso de Formação de Facilitadores de Biodanza,

decidi que a minha monografia seria sobre a auto-estima. Estava certa disso,

tanto que compartilhei esta decisão a todos que me cercavam. Comecei a ter

sensações de medo e coragem. Confiava nas conquistas que eu obtivera com a

Biodanza e, por isso mesmo, acreditava que poderia vencer as dificuldades e

embarcar nesta aventura maravilhosa.

Pesquisando a bibliografia da Biodanza, verifiquei que a auto-estima era

muito pouco trabalhada. Ao reler os textos sobre Identidade, constatei que lá

estava tudo o que procurava, com a profundidade e seriedade tão peculiar de

ROLANDO TORO ARANEDA, criador do Sistema Biodanza.

A auto-estima é o componente básico da Identidade. Começa a se

desenvolver a partir das protovivências (sensações orgânicas que o bebê

experimenta nos primeiros meses de vida) e, se expressa através das

potencialidades vitais, afetivas, criativas, sexuais e transcendentes.

A Biodanza está centrada na Identidade e, consequentemente, na auto-

estima. Adota a metodologia vivencial num contexto grupal, favorecendo o

desenvolvimento da auto-estima.

Este trabalho evidencia a maneira pela qual chegamos á Biodanza.

Apresenta os recursos para que a pessoa possa se desenvolver, dar o salto

evolutivo. Destaca como ponto central a “ atuação da Biodanza no

desenvolvimento da auto-estima do adulto”.

O meu grande desafio e a minha grande ousadia estão espalhados nesta

monografia.

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2. IMPORTÂNCIA DA AUTO-ESTIMA1

Nos idos de 1970/1980 não existia uma teoria geral da auto-estima, nem

sequer uma definição consensual sobre o termo. Os autores diziam coisas

diferentes, o que acarretava medição de fenômenos diversos e, às vezes, um

conjunto de dados invalidava outros. O campo era uma Torre de Babel. Ainda

hoje não há uma definição de auto-estima que seja aceita por todos.

Há nos Estados Unidos um Conselho Nacional da Auto-Estima com

escritórios instalados em diversas cidades. Quase toda semana em algum lugar

do país, há uma conferência na qual as discussões sobre auto-estima têm um

papel de destaque.

O interesse na auto-estima não se limita aos Estados Unidos. Vem se

espalhando pelo mundo, como por exemplo Oslo(Noruega), Grã-Bretanha,

vários países da Europa, inclusive a antiga União Soviética. Lamentavelmente

não encontramos nenhuma menção a ROLANDO TORO ARANEDA, criador

do Sistema Biodanza, que na minha opinião é o mais adequado para o

desenvolvimento da auto-estima.

Hoje em dia auto-estima se tornou moda. Está na boca de todos, não

significando um melhor entendimento, correndo o risco de ser trivializada.

O impacto da auto-estima em nossa vida não necessita do nosso

entendimento, nem do nosso conhecimento. Ela faz o seu trabalho dentro de

nós, saibamos disso ou não. Somos livres para tentar apreender a dinâmica da

auto-estima ou, para permanecer inconsciente a respeito dela. Nesse caso

continuaremos sendo um mistério para nós mesmos e, teremos que arcar com

as conseqüências.

A auto-estima é formada por fatores internos quanto externos. Fatores

internos são os que residem dentro do indivíduo ou que são gerados por ele,

tais como idéias ou crenças, práticas ou comportamentos. Fatores externos são

os oriundos do meio ambiente, tais como mensagens verbais ou não verbais,

fruto da convivência com pais, pessoas significativas, professores, membros

de uma organização ou, até mesmo os que nos são transmitidos pela cultura.

A auto-estima não substitui um teto nem a comida, mas aumenta a

probabilidade da pessoa satisfazer essas necessidades. A auto-estima não

substitui o conhecimento e habilidades necessários para se agir com eficiência

no mundo, mas aumenta a probabilidade de serem adquiridos.

1 Nathaniel Branden, Auto-Estima e os Seus Seis Pilares, 1996

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As pessoas com auto-estima elevada, certamente, podem ser derrubadas

por um excesso de problemas, mas são rápidas em recuperar-se. Daí se pensar

na auto-estima como o sistema imunológico da consciência, provedor de

resistência, força e capacidade de regeneração.

Queremos enfatizar que a auto-estima saudável relaciona mais com uma

maior flexibilidade na vida, ao invés de impermeabilidade ao sofrimento.

A auto-estima tem uma participação essencial no processo da vida; é

indispensável ao desenvolvimento normal e saudável. A auto-estima é a base e

o realce da vida.

Vivemos numa economia global caracterizada por mudanças rápidas,

aceleradas inovações científicas e por um nível de competitividade sem

precedentes.

A turbulência de nossa época exige indivíduos fortes, com claro senso

de identidade, competência e valor.

Para acompanharmos o desenvolvimento a que estamos submetidos,

precisamos saber quem somos e nos centrarmos em nós mesmos. Temos que

saber o que é importante para nós, caso contrário, será fácil sermos jogados de

um lado para o outro, tragados por valores estranhos a nós, perseguindo

valores que não dizem respeito a quem de fato somos. Precisamos aprender a

pensar por nós mesmos, a cultivar nossos próprios recursos e assumir a

responsabilidade pelas escolhas, pelos valores e pelas ações que dão forma à

nossa vida.

A estabilidade que não podemos encontrar no mundo terá que ser criada

dentro de cada um de nós.

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3. O QUE É AUTO-ESTIMA2

Neste item apresentaremos os conceitos de NATHANIEL BRANDEN,

Psicólogo Teórico, Psicoterapeuta do Branden Institute for Self-Esteen em

Los Angeles. Há mais de vinte e cinco anos ele introduziu um novo e

revolucionário conceito de auto-estima. É autor de treze livros sobre o

tema.

“Auto-estima é a disposição que a pessoa tem para experimentar a si

mesmo como alguém competente para lidar com os desafios básicos da

vida (entender e dominar os problemas) e ter acesso à felicidade (respeitar

os próprios interesses e necessidades). É o sistema imunológico da

consciência. É a saúde da mente” (NATHANIEL BRANDEN).

Segundo NATHANIEL BRANDEN os dois pilares da auto-estima são a

autoconfiança e o auto-respeito. Estas são as características definidoras e

fundamentais da auto-estima. Representam a essência da auto-estima.

Autoconfiança é sentir-se seguro, sendo capaz de fazer escolhas diante

dos desafios da vida.

Auto-respeito é a certeza de ter valor como pessoa. É ter um sentimento

de valor intrínseco.

O auto-respeito é uma atitude de afirmação do direito de viver e de ser

feliz; é sentir-se confortável ao expressar, de maneira apropriada, idéias,

vontades e necessidades; é a sensação de que o prazer e a satisfação são

direitos naturais. É ter a expectativa da amizade, do amor e da felicidade,

como consequência natural de quem somos e do que fazemos.

A capacidade de desenvolver autoconfiança e auto-respeito saudáveis é

inerente à nossa natureza, pois o fato de estarmos vivos, alimentados por

uma fonte cenestésica profunda, é o que torna consciente nossa identidade.

Autoconceito ou Auto-imagem é o que pensamos a nosso próprio

respeito, seja na forma qualificadora ou desqualificadora.

Auto-aceitação3 significa aceitar a si mesmo e estar do seu próprio lado,

a seu favor, sem negar ou evitar o fato em sí. É a recusa em manter um

relacionamento antagônico consigo mesmo.

A auto-aceitação exige que enfoquemos nossa experiência como uma

atitude, que torne irrelevante os conceitos de aprovação ou desaprovação.

Porém, a auto-aceitação não implica numa ausência de vontade de mudar

ou evoluir. A verdade é que ela é uma precondição de mudança. Se

aceitarmos, de fato, o que sentimos e o que somos, nos tornaremos mais

2 Nathaniel Branden, Auto-Estima e os Seus Seis Pilares, 1996

3 Nathaniel Branden, O Poder da Auto-Estima, 1996

Nathaniel Branden, Auto-Estima e os Seus Seis Pilares, 1996

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responsáveis por nossas escolhas e atos e, dessa forma, nosso

desenvolvimento não será bloqueado. Aceitar não significa,

necessariamente, gostar; não significa que não possamos imaginar ou

desejar mudanças e melhoras. Aceitar é respeitar a realidade; significa

vivenciar, sem negação, que um fato é um fato.

Somos sempre mais fortes quando não tentamos lutar contra a realidade.

Se pudermos nos abrir para a nossa experiência e lembrar que somos

maiores do que uma única emoção, poderemos, no mínimo, começar a

transceder os sentimentos indesejáveis e, muitas vezes, dispensá-los.

A aceitação plena e sincera tende, com o tempo, a dissolver a raiva, a

inveja ou o medo.

A aceitação é essencial para uma mudança positiva. Se eu me recuso a

aceitar o fato de que muitas vezes vivo inconscientemente, como vou

aprender a viver mais conscientemente? Se me recuso a aceitar o fato de

que muitas vezes vivo de forma irresponsável, como vou aprender a viver

com mais responsabilidade? Se eu me recuso a aceitar o fato de que muitas

vezes vivo de modo passivo, como vou aprender a viver de maneira mais

ativa?

Não posso superar um medo cuja realidade nego. Não posso resolver

um problema cuja existência não admito. Não posso curar uma dor que me

recuso a reconhecer como minha. Não posso modificar traços de caráter

que insisto em não ter. Não posso me desculpar por um ato que não

reconheço ter cometido.

Aceitar a nós mesmos é aceitar o fato de que as coisas que pensamos,

sentimos e fazemos são todas expressões do nosso ser, no momento em que

ocorrem.

O problema da falta de aceitação não está, de maneira alguma, restrito a

negativas. Podemos ter medo de nossos pontos positivos, tanto quanto de

nossas fraquezas. Por exemplo, ter medo de nossa genialidade, de nossa

ambição, de nosso arrebatamento, de nossa beleza, assim como de nosso

vazio, de nossa passividade, de nossa depressão, ou de nossa feiúra.

Nossos pontos negativos se relacionam com o problema da

inadequação; nossos pontos positivos, com o desafio da responsabilidade.

Quanto mais estivermos prontos para vivenciar e aceitar quem somos,

maiores se tornarão os nossos recursos interiores. Nos sentiremos mais

adequados perante os desafios e as oportunidades da vida. É também mais

provável que encontremos ou criemos um estilo de vida que se adapte às

nossas necessidades individuais.

A auto-aceitação também se refere à coragem para gostarmos de nós

mesmos, com ou sem defeitos.

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A auto-aceitação, em última análise, refere-se a uma atitude de

autovalorização e de compromisso, que deriva, fundamentalmente, do fato

de estarmos vivos e conscientes da nossa existência.

3.1 Características da Pessoa com Auto-Estima Elevada4

Percepção ampliada do seu entorno, intuição, criatividade, autonomia,

flexibilidade, habilidade para lidar com mudanças, disponibilidade para

admitir/corrigir erros, benevolência e cooperação.

Capacidade para lidar com os problemas que surgem na vida pessoal e

profissional, erguendo-se com maior rapidez após um tombo e, com mais

energia para recomeçar.

Ser ambicioso, não necessariamente no sentido profissional ou financeiro,

mas em termos do que se espera experimentar na vida emocional,

intelectual, criativa e espiritual.

Capacidade de se expressar com clareza, com comunicações mais abertas,

honestas e adequadas, refletindo a riqueza interior.

Capacidade para manter relacionamentos nutritivos, ao invés de tóxicos.

Capacidade para tratar os outros com respeito, benevolência, boa vontade e

equanimidade, por não percebê-los como ameaça.

Sentir-se em ressonância com os sistemas viventes, com autonomia e

prazer de vincular-se.

Tendência a avaliar suas capacidades de maneira realista.

Capacidade de persistir diante das dificuldades.

Capacidade de persistir nas tarefas por um tempo, significamente, maior do

que as pessoas com auto-estima baixa.

Capacidade de perseverar, mantendo-se conectado com os desejos mais

íntimos , sem sucumbir diante das frustrações inevitáveis da vida.

Capacidade de buscar o desafio e o estímulo para metas exigentes e

valiosas.

3.2 Características da Pessoa com Auto-Estima Baixa5

Pouca ressonância com o seu entorno afetivo, dificuldade para perceber os

acontecimentos de forma clara, rigidez, medo do novo e não-familiar,

conformismo ou rebeldia impróprios, postura defensiva, comportamento

por demais submisso ou supercontrolador, medo dos outros ou hostilidade

em relação a eles.

4

Nathaniel Branden, Auto-Estima e os Seus Seis Pilares, 1996 5

Nathaniel Branden, Auto-Estima e os Seus Seis Pilares, 1996

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Sentir-se inadequado à vida, com sensação de culpa, vergonha ou

inferioridade e, uma clara ausência de auto-aceitação, autoconfiança e

amor por si mesmo.

Perceber os outros como inferiores.

Desistir ou fazer o que tem de ser feito, sem dar, de fato, o melhor de si.

Buscar a segurança naquilo que é conhecido e pouco exigente.

Necessidade de provar o que é ou, de esquecer de si próprio, vivendo de

modo mecânico e inconsciente.

Comunicações nebulosas, evasivas e impróprias, devido à incerteza quanto

a seus próprios pensamentos e sentimentos e/ou, à ansiedade diante da

reação do outro.

Buscar a auto-estima baixa nos outros, não de maneira consciente, mas

pela lógica de que isso os faça sentir que encontrou a alma gêmea.

Diminuir a resistência frente às advertências da vida.

Viver mais para evitar o sofrimento, do que para experimentar o prazer,

advindo daí o comportamento social supercontrolador.

Ter medo da intimidade, da felicidade e da plenitude.

3.3 Características da Pessoa com Auto-estima Mediana6

Ter a capacidade de flutuar entre sentir-se adequado ou inadequado, certo

ou errado, manifestando essa inconsistência no comportamento e,

reforçando a incerteza.

Agir, às vezes, com sabedoria e, outras vezes como um tolo.

6 Nathaniel Branden, Auto-estima e os seus Seis Pilares, 1996

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4. AUTO-ESTIMA, AFETO E APRENDIZAGEM7

(Adaptação do texto “Auto-Estima”, MARIA DO ROSÁRIO SILVA SOUZA

– Psicopedagoga – Campinas – SP – VIA INTERNET)

A auto-imagem se desenvolve muito cedo na relação da criança com os

pais/outras pessoas significativas, que atuam como espelhos, desenvolvendo

determinadas imagens à criança.

O afeto é muito parecido com o espelho. Quando demonstramos

afetividade por alguém, essa pessoa torna-se nosso espelho e nós nos tornamos

o dela, refletindo um no sentimento de afeto do outro. É assim que se

desenvolve o vínculo do amor, essência humana. É nessa interação afetiva que

desenvolvemos nossos sentimentos positivos ou negativos e, construímos

nossa auto-imagem.

Se os pais/outras pessoas significativas sempre opinarem de forma

negativa, sempre taxarem de inútil e incapaz, ou fizerem zombarias e ironias a

respeito do comportamento da criança, estarão contribuindo para que ela

forme uma imagem inadequada sobre o seu valor como pessoa. Se com os

amigos, na rua e na escola se repetirem as mesmas relações, teremos uma

pessoa com baixa auto-estima e auto-imagem negativa.

Se a criança for incentivada e elogiada naquilo que fizer, sentirá que sua

família lhe quer bem e a respeita. Se sentirá importante, saberá que pode

aprender e conseguirá. E, quanto mais acreditar que pode fazer, mais

conseguirá realizar. Com isso, começará a confiar nas suas capacidades.

É importante ensinar à criança que ela poderá fazer algumas coisas bem,

e que poderá ter problemas com outras. Mas, esperamos que ela faça o melhor

que puder. Com isso estaremos contribuindo para que a criança desenvolva a

atitude da auto-aceitação. É também de grande ajuda que os pais/pessoas

significativas admitam seus próprios erros ou fracassos perante à criança. Ela

precisa saber que as outras pessoas também não são perfeitas. Errar e aceitar,

faz parte da vida de todos nós.

Quando a criança sentir que não tem condições de realizar algo, teremos

que estimulá-la. Talvez tenhamos de dizer-lhe: “Claro que você pode. Vamos

lhe ajudar”.

O mais importante é estabelecer metas realistas e adequadas em

conformidade com a idade da criança, dando-lhe oportunidade de se

desenvolver, sem super protegê-la ou pressioná-la, nem compará-la com

outras crianças. Dessa forma, a criança poderá formar uma auto-imagem

positiva de si mesma, elevando a sua auto-estima.

7Maria do Rosário Silva Souza, Texto: Auto-Estima, via INTERNET

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5. AUTO-ESTIMA E AMOR8

Não é difícil perceber a importância da auto-estima para o sucesso no

âmbito dos relacionamentos íntimos. Não existe barreira maior para a

felicidade romântica do que o medo de não ser merecedor de amor e de estar

fadado ao sofrimento. Medos como esses dão origem a profecias que acabam

por se cumprir.

Se a pessoa tem uma sensação fundamental de valor intrínseco e se

sente capaz de ser amada, terá uma base para apreciar e amar os outros. O

relacionamento amoroso será natural. A felicidade não a deixará ansiosa.

Confiar na sua competência e no seu valor e, na capacidade do outro para

reconhecê-los e apreciá-los, também dá origem a profecias que terminam por

se realizar.

Se porém faltarem o respeito e o prazer pelo que se é, a pessoa terá

pouco a dar, exceto suas necessidades insatisfeitas. Na sua pobreza emocional,

tenderá a ver as pessoas, essencialmente, como fontes de aprovação ou

desaprovação. Não as apreciará pelo que são e têm o direito de ser. Verá

apenas o que elas poderão ou não fazer por ela. Não estará buscando pessoas a

quem admirar e com as quais compartilhar a excitação e a aventura da vida.

Estará buscando quem não a condene e, talvez se impressione com sua pessoa,

com a face que apresenta ao mundo. Sua capacidade de amar continua

subdesenvolvida, porque a auto-estima necessária para manter o amor está

ausente.

Mesmo que em nível consciente a pessoa repudie seu sentimento de não

ser capaz de ser amado, mesmo que insista em ser “maravilhoso”, a auto-

imagem precária vai permanecer no fundo, minando tentativas dela se

relacionar. Sem querer transforma-se num sabotador do amor.

A pessoa tenta amar, mas as bases da segurança interior não existem.

Pelo contrário, o que há é o medo secreto de que esteja fadada, apenas, ao

sofrimento. Por isso escolhe alguém que, inevitavelmente, irá lhe rejeitar ou

lhe abandonar. Ou, então, escolhe alguém com quem a felicidade seria

possível, subverte o relacionamento com excessivas exigências de segurança,

dando vazão a uma possessividade irracional, transformando pequenos atritos

em catástrofes, buscando controlar através da subserviência ou dá dominação,

dando um jeito de rejeitar seu parceiro antes que ele a rejeite.

8 Nathaniel Branden, Auto-Estima e os Seus Seis Pilares, 1996

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6. AUTO-ESTIMA E O BRINCAR9

(Adaptação do texto “O brincar e o desenvolvimento da auto-estima”,

CLOVES AMORIM – Departamento de Psicologia – PUC/PR – VIA

INTERNET)

A infância é o período essencial para o desenvolvimento saudável. Sofre

a influência da auto-estima e da auto-imagem, que são variáveis que

interferem, modelam, modulam e alteram o curso desejado e esperado para o

existir pleno de uma criança.

A auto-estima, componente básico da identidade, é uma das condições

do desenvolvimento integrado da identidade. Tem sua gênese na infância, nos

processos de interação social na família ou na escola.

Alterações da auto-estima na infância acarretam transtornos de

aprendizagem, transtornos de comunicação verbal, falta de atenção, enurese,

fobia social, transtorno de identidade sexual e outros.

Uma baixa auto-estima está correlacionada com altos níveis de

ansiedade, insegurança, pouca estabilidade emocional, passividade, hiper

sensibilidade à crítica e baixo rendimento escolar/profissional. Por outro lado,

uma criança com auto-estima alta tem maior probalidade de um bom e

adequado ajuste psicológico, de apresentar condutas de cooperação, segurança

e bom humor.

A auto-estima pode modificar-se significativamente, e ser fortalecida,

através de experiências emocionais/cognitivas, que o brincar oferece. Crianças

e adultos podem obter benefícios para seu crescimento pessoal, no ato de

brincar. Nesta perspectiva, o brincar pode ser encarado como prevenção, no

seu sentido mais amplo que, além de reduzir a incidência de patologia física e

psicológica, significa a manutenção do bem-estar.

Através do brincar e das brincadeiras, a criança é capaz de manejar

situações psicológicas aversivas, restabelecer seu controle interior, sua auto-

estima e, desenvolver relações de confiança consigo mesma e com os outros.

É brincando que a criança mergulha na vida, podendo ajustar-se às

expectativas sociais e familiares. Portanto, é no brincar que a criança tem a

oportunidade de interagir com pessoas e objetos, liberar sua criatividade,

explorar seus limites e adquirir repertórios comportamentais/afetivos de forma

reforçadora e prazerosa.

O lúdico reforça a auto-estima, alterando o ciclo do conhecimento, ou

seja, uma pessoa com auto-estima elevada, muda a imagem que tem de si

mesma, para uma forma mais saudável.

9Cloves Amorim, Texto: O brincar e o desenvolvimento da auto-estima, via

INTERNET

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7. AUTO-IMAGEM E A QUESTÃO DA CULPA10

A nossa meta é possuir uma auto-imagem forte e positiva, mantendo-a

independente da nossa competência ou da falta dela, da aprovação ou da

desaprovação de qualquer outra pessoa.

A maneira como pensamos a respeito do nosso comportamento é de

vital importância, em especial nos momentos em que sentimos uma tendência

à autocondenação por sermos culpados. A culpa, obviamente, subverte a auto-

estima.

A chamada culpa que encontramos nas pessoas, está relacionada com a

desaprovação ou com a condenação de pessoas importantes, tais como pais ou

pessoas significativas. As pessoas têm medo de serem criticadas, repudiadas,

condenadas. Ficam muitas vezes intimidadas com os valores e as preferências

dos outros, à custa de suas próprias necessidades, percepções e auto-estima.

Muitas vezes as pessoas não vêem seu ato como algo errado e, neste

caso, o que sentem não é literalmente culpa, é uma pseudo culpa. Portanto, a

solução para essa categoria de culpa é ouvir a autêntica voz do ser, respeitar o

seu próprio julgamento acima das crenças dos outros e, com as quais não

compartilha de verdade, embora possa fingir fazê-lo.

Um dos piores erros que podemos cometer é dizer a nós mesmos que o

sentimento de culpa representa, necessariamente, algum tipo de virtude. A

rigidez intransigente conosco não é motivo de orgulho. Ela nos deixa passivos

e impotentes. Não inspira mudança, paralisa.

Sofrer é talvez a mais simples das atividades humanas; ser feliz é talvez

a mais difícil. A felicidade não requer rendição à culpa, mas a emancipação

dela.

É preciso ter muita coragem, tanto para ser honesto a respeito das

nossas virtudes, como dos nossos defeitos. Portanto, é preciso coragem para

trabalhar na libertação da nossa culpa. É preciso honestidade, perseverança e

um compromisso com a independência, bem como viver ativamente, de forma

consciente, com autenticidade e com responsabilidade.

Se pudermos olhar para o nosso contexto pessoal com benevolência e

vontade de entender, sem negar o erro; se pudermos ser para nós mesmos um

bom amigo, então poderemos nos curar; poderemos sentir remorso ou

arrependimento, nunca autocondenação. A conseqüência desta atitude será a

mudança. Aprenderemos que existem modos melhores de viver e de modificar

a visão que temos de nós mesmos e do mundo.

10 Nathaniel Branden, Auto-Estima e os Seus Seis Pilares, 1996

Nathaniel Branden, Auto-Estima: Como Aprender a Gostar de Si Mesmo, 1997

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8. ESTRUTURAÇÃO DA AUTO-ESTIMA11

A auto-estima é um rico e inesgotável campo de estudos. Tem função

vital na vida humana.

A vida da criança principia numa condição de total dependência dos

pais, enquanto que a vida e o bem-estar do adulto dependem da sua

capacidade de pensar, sentir e agir.

Devemos valorizar as experiências infantis que incentivam e nutrem o

raciocínio, a autoconfiança e a autonomia da criança.

Nas famílias nas quais a realidade é com freqüência negada e a

consciência geralmente punida, erguem-se obstáculos devastadores à auto-

estima; cria-se um mundo dantesco no qual a criança pode achar que pensar é

inútil e perigoso.

Se uma criança cresce num ambiente familiar estimulante e apropriado,

ela tem mais probabilidade de aprender as ações que sustentam sua auto-

estima, embora não haja garantia disso.

As pesquisas apontam que uma das melhores maneiras de se ter auto-

estima elevada, é contar com pais que a tenham e sirvam de modelo.

Se os pais educarem as crianças com amor e respeito; se permitirem que

elas experimentem uma aceitação consistente e benevolente; se derem a elas

uma estrutura de apoio coerente e amorosa; se não as assaltarem com

contradições; se não as expuserem ao ridículo; à humilhação e aos maus tratos

físicos, como meios de os controlar; se projetarem sua crença na competência

e bondade delas, teremos uma boa chance de que elas possam internalizar

todas essas atitudes e, em conseqüência, assentar as bases para a construção de

uma auto-estima saudável. Mas nenhuma pesquisa jamais provou que esse

resultado seja inevitável. Há pessoas que parecem ter sido soberbamente

educadas pelos padrões já indicados e, que se tornaram adultos inseguros e

com dúvidas sobre si mesmos. Há pessoas que vêm de ambientes terríveis, que

foram educadas por adultos que fizeram tudo errado e, ainda assim vão bem

na escola, criam relacionamentos estáveis e satisfatórios, têm um senso

poderoso de valor e de dignidade e, na vida adulta satisfazem todos os

critérios de uma auto-estima desenvolvida. Esses indivíduos souberam,

quando crianças, extrair os benefícios do ambiente em que viveram e, que

outras pessoas achariam insuportáveis. Essas pessoas encontraram água, onde

outras só veriam o deserto.

11 Nathaniel Branden, Auto-Estima e os Seus Seis Pilares, 1996

Page 19: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

18

A forma como nos sentimos acerca de nós mesmos é algo que afeta

crucialmente todos os aspectos da nossa experiência. Nossas reações aos

acontecimentos do cotidiano são determinadas por quem e pelo que pensamos

que somos. Os dramas da nossa vida são reflexos das visões mais íntimas que

temos de nós mesmos.

A auto-estima é a chave para o sucesso ou para o fracasso. É também a

chave para entendermos a nós mesmos e aos outros.

Auto-estima significa acreditar e confiar em nós mesmos, para

sentirmos mais confiantes a respeito de quem somos.

8.1 Princípios Básicos da Auto-Estima

Confiar nas próprias idéias e saber-se merecedor da felicidade. Essa é a

essência da auto-estima. O poder dessa convicção, a respeito de si mesmo,

está no fato de tratar-se de mais que um julgamento ou sentimento. É um

fator motivacional. Inspira o comportamento. Está diretamente afetado pela

maneira como agimos. A relação causal flui em ambas as direções. Há um

contínuo fluxo de efeitos recíprocos entre nossas ações no mundo e a nossa

auto-estima. O nível da nossa auto-estima influencia os nossos atos e, a

maneira como agimos influencia o nível da nossa auto-estima. O valor da

auto-estima não está apenas no fato dela permitir que nos sintamos melhor,

mas dela permitir que vivamos melhor, respondendo aos desafios e às

oportunidades de maneira mais rica e mais apropriada.

Viver com autoconfiaça, auto-respeito e auto-aceitação, que são as atitudes

básicas para a manutenção da auto-estima.

Autoconfiança significa a confiança que se tem na capacidade para

entender os fatos da realidade, que pertencem à esfera dos interesses e

necessidades, ancorados pela segurança pessoal.

Auto-respeito significa o respeito por si próprio, face à certeza de

reconhecer o seu valor como pessoa.

Auto-aceitação é a aceitação de si mesmo e a determinação de evoluir a

partir daí, com as mudanças que se fizerem necessárias.

Manter uma atitude, envolvendo a disciplina de agir de uma certa maneira,

muitas vezes seguida, consistentemente. Não se trata de uma ação

impulsiva ou impetuosa, nem de uma resposta apropriada a uma crise. Pelo

contrário, trata-se de uma maneira de operar no dia-a-dia, nas grandes e

pequenas questões; é um modo de se comportar que também é um modo de

ser.

Page 20: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

19

À medida que a pessoa avançar na escala evolutiva, passar a praticar mais

as ações que mantêm a auto-estima. O que determina o nível da auto-

estima é o que o indivíduo faz, representado por sua ação no mundo.

Ao trabalhar com a auto-estima, estar atento a dois perigos. Um deles é

simplificar demais o que a auto-estima exige, satisfazendo a ânsia das

pessoas por arranjos rápidos e soluções fáceis. O outro é render-se a uma

espécie de fatalismo ou determinismo, que de fato presume que os

indivíduos têm ou não têm auto-estima. Que o destino de todos está traçado

para sempre, desde os primeiros anos de vida, e que não há muito que se

possa fazer em relação a isso. Essas visões encorajam a passividade e

obstruem a visão do que é possível.

Não subestimar seu poder de mudar e crescer. A maioria das pessoas

acredita, de forma implícita, que o padrão de ontem tem de ser o de

amanhã. Não vêem as opções que, objetivamente, existem. É raro saberem

o quanto pode fazer por si mesmas, se suas metas forem um crescimento

genuíno e uma auto-estima elevada se estiverem dispostas a assumir a

responsabilidade pela própria vida. Não se dá conta de que a crença de que

são importantes, torna-se uma profecia com capacidade de auto-realização.

8.2 Crítica a NATHANIEL BRANDEN

NATHANIEL BRANDEN é o autor que me deu vários subsídios. Ele

tem uma linguagem e uma orientação mais cognitiva. Se detém mais no que se

pensa. Por outro lado, o enfoque da Biodanza recupera a fonte íntima e

profunda da auto-estima, que brota das intensas sensações de sentir-se vivo e

de ser uma fonte de prazer. A autovaloração se desenvolve num mundo de

sensações.

Agora vamos ampliar esses conceitos com a Biodanza, que possibilita

desenvolver a auto-estima, a partir da corporeidade vivida.

Page 21: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

20

9. BIODANZA E AUTO-ESTIMA

Não há como se desenvolver a auto-estima num contexto isolado e, fora

de um processo grupal. Ela é de fundamental importância, dentro do Esquema

Dinâmico da Identidade.

“ O ego é antes de tudo, um ego corporal” (FREUD).

Através da Biodanza resgatamos a corporeidade vivida, que é o

alimento fundamental para o desenvolvimento da auto-estima.

Vou apresentar-lhes o Esquema Dinâmico da Identidade, que está

diretamente relacionado com a auto-estima.

A expressão e a integração da identidade é o objetivo maior da

Biodanza. Toda riqueza dos potenciais humanos necessitam do elo afetivo

para manifestar-se e, em meio a esse campo vital a auto-estima encontra o seu

lugar de destaque.

Page 22: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

21

Encanto - Identidad Afectiva - Identidad Sexual

Creatividad - Adaptación

AUTORREALIZACIÓN

AUTOCREACIÓN

EXISTENCIAL

POTENCIAL

GENETICO

ESQUEMA DINAMICO DE LA IDENTIDAD

TROFOTROPICO

(Restauraciõn)

ERGOTROPICO

(Lucha – fuga)

BIODANZA

SENSACION

DE VIDA

(Endógena) 1ª

noción de

ser diferente

Pensarse

a si mismo

Autoimagem

Decisión

Para actuar Padrones

De

respuesta

Selectividad

(saber lo que se quiere)

AUTOESTIMA

CONCIENCIA

DE SI

noción del

cuerpo

Sentirse

a si

mismo

Cuerpo

fuente de

placer o dolor

Page 23: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

22

9.1 Componentes do Esquema Dinâmico da Identidade12

Identidade

IDENTIDADE é a comovedora e intensa sensação de estar vivo,

gerando a si mesmo. É o que cada pessoa é, frente a qualquer outro sistema de

realidade.

A Identidade Psicológica é a capacidade de experimentar a si mesmo,

como entidade e como centro de percepção do mundo, a partir de uma

ineludível e comovedora vivência corporal.

A identidade é biológica, tem suas raízes na estrutura genética, se

manifesta a nível celular, visceral e psicológico-existencial. Mantém estreita

relação entre percepção corporal e percepção de si mesmo.

Nos primeiros anos de vida se inicia a expressão psicológica da

identidade, que dura a vida toda. Ela está em permanente mudança. Se

expressa a partir do potencial genético, através do desenvolvimento das cinco

linhas de vivência.

Auto-Estima

AUTO-ESTIMA é a vivência do próprio valor e da auto-aceitação,

proveniente da intensa sensação de estar vivo, de sentir a si mesmo, de sentir-

se como fonte de prazer e de saber o que se quer.

A auto-estima tem raiz vivencial e mística. Se estrutura na base da

qualificação afetiva dos pais e outras pessoas próximas.

A auto-estima tem sua origem nas protovivências, sensações orgânicas

que o bebê experimenta no primeiro ano de vida. Quando as protovivências

são bem estimuladas na primeira infância, geram vivências integradoras

durante o desenvolvimento; quando são negativas, produzem graves

transtornos na personalidade.

A auto-estima se desenvolve nas cinco linhas de vivência.

Auto-Imagem

AUTO-IMAGEM é a imagem mental (interna e externa) que se tem de

si mesmo.

A auto-imagem tem um caráter mais conceitual e formal. Se estrutura

na confrontação com o espelho, que mostra a aparência e os riscos pessoais,

porém também se combina com certas análises introspectivas sobre o que se

representa para os demais e para si mesmo.

12 Rolando Toro Araneda, Identidad e Integracion, 2000

Page 24: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

23

Vivência de Estar Vivo

A vivência de estar vivo está afetada constantemente pelo humor

corporal e pelos estímulos externos. Porém, sua gênese é visceral.

Viver na alegria de “ser com o outro” significa “conviver”, adquirir a

capacidade de vínculo afetivo.

A vivência de si surge durante a “convivência”.

Dançar em grupos, descobrindo progressivamente os rituais de

aproximação, permite a integração da identidade. “Nossa identidade se revela

na presença do outro”.

Consciência de Si Mesmo

A consciência de si mesmo se organiza por um duplo caminho:

consciência do próprio corpo/consciência de ser diferente.

Primeiras Noções sobre o Próprio Corpo

A percepção do próprio corpo evolui através das experiências

cotidianas: o corpo como fonte de prazer; o corpo como fonte de dor,

sofrimento ou mal-estar.

O corpo como fonte de prazer ou dor desenvolve uma estrutura de

seletividade bastante estável, que permite ao indivíduo saber o que quer e

buscar sua auto-realização, a autocriação existencial.

Primeiras Noções de Ser Diferente

A consciência de ser diferente se dá no contato com o grupo, onde a

identidade se torna perceptível no espelho com outras identidades. Este

processo vai nos levar à consciência da própria singularidade (ser único) e, ao

ato de pensar sobre si mesmo frente ao mundo, configurando a auto-imagem.

9.2 Desenvolvimento dos Potenciais Genéticos13

Se encontrarmos, através das protovivências, as condições favoráveis à

expressão de nossos potenciais, sem que uma linha de vivências e sobreponha

à outra, teremos assegurada a integração necessária à expressão da identidade,

como também teremos as condições otimizadas para o desenvolvimento da

auto-estima.

O desenvolvimento evolutivo da cada indivíduo se cumpre, à medida

que os potenciais genéticos encontram oportunidade para expressar-se, através

da existência.

Os ecofatores (fatores ambientais) determinam a expressão do potencial

genético.

13 Rolando Toro Araneda, Definicion y Modelo Teórico de Biodanza, 2000

Page 25: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

24

A expressão genética se manifesta nas Cinco Linhas de Vivência, que

representam os cinco conjuntos do potencial humano:

Vitalidade

É o potencial do equilíbrio orgânico, homeostase (equilíbrio interno,

estabilidade dinâmica do organismo), ímpeto vital e harmonia biológica

(Inconsciente Vital).

Sexualidade

É a capacidade de fecundação, de sentir desejo sexual e prazer.

Criatividade

É o elemento de renovação que deve aplicar-se à própria vida: criar a si

mesmo, por criatividade em cada ato e realizar atividades artísticas.

Afetividade

É o amor indiscriminado pelos seres humanos e pela vida em geral. É o

útero afetivo que cada um tem, para dar continente aos demais.

Transcendência

É a capacidade de ir além ao Ego e integrar unidades cada vez maiores.

Implica na expansão da consciência e no êxtase místico.

9.3 Biodanza e Auto-Estima

Sendo o método de Biodanza vivencial, como veremos a seguir e, sendo

a auto-estima um sentimento que brota das raízes cenestésicas no

desenvolvimento do indivíduo, como vimos anteriormente, podemos afirmar

que o método Biodanza como um todo, em sua proposta de desenvolver os

potenciais, apresenta-se como um contínuo e eficaz recurso de alimentação da

auto-estima.

9.4 Definição de Biodanza14

“Biodanza é um sistema de integração afetiva, renovação orgânica e

reaprendizagem das funções originárias de vida, baseada em vivências

induzidas pela música, pela dança, pelo canto e por situações de encontro em

grupo” (ROLANDO TORO ARANEDA).

14

Rolando Toro Araneda, Definicion y Modelo Teorico de Biodanza, 2000

Page 26: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

25

Page 27: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

26

A proposta da Biodanza não consiste somente em dançar, senão em

ativar, mediante certas danças (dança vista como movimento vivencial),

potenciais afetivos e de comunicação que nos conectem com nós mesmos,

com o semelhante e com a natureza.

Biodanza emprega uma metologia vivencial, que dá ênfase à

experiência vivida, mais que a informação verbal, permitindo a transformação

interna, sem a intervenção dos processos mentais de repressão. Tem como

objetivo prioritário a superação das dissociações.

Os exercícios utilizados na Biodanza estimulam o Inconsciente Vital

(memória cósmica) e a expressão dos potenciais humanos, através da

deflagração de vivências, cuja indução freqüente de determinados tipos,

possibilitam a reorganização de respostas frente à vida.

O núcleo integrador da abordagem da Biodanza é a afetividade, sendo

de fundamental importância destacar o conceito de inteligência afetiva, criado

por ROLANDO TORO ARANEDA.

9.5 Inteligência Afetiva15

“Inteligência é a capacidade afetivo-motora de estabelecer conexões

com a vida e, de relacionar a identidade pessoal com a identidade do universo”

(ROLANDO TORO ARANEDA).

As expressões máximas da inteligência humana são o amor e a amizade.

O amor visto como uma interação sutil das identidades que pugnam por

alcançar uma só identidade com o outro; um impulso de fusão com outras

pessoas; sem contudo ser um estado momentâneo, mas um processo que

envolve a existência.

A afetividade é a base da comunicação autêntica. Gera inteligência

relacional, empatia, compaixão, solidariedade e consciência ética. Induz

sentimentos adaptativos de aceitação, compromisso e generosidade. Organiza

a percepção. E, através dela, podemos transcender o Ego. Se manifesta em

níveis profundos do inconsciente coletivo (memória da espécie) e do

inconsciente vital (memória cósmica).

Segundo ROLANDO TORO ARANEDA, inteligência afetiva é a

capacidade de resolver problemas da vida com a vida; é a unidade da mente

com o universo.

15 Rolando Toro Araneda, Inteligencia Afectiva, 2000

Page 28: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

27

É através da afetividade que chegamos à inteligência suprema, que

abrange: amor indiferenciado, consciência ética, inteligência social, empatia,

compaixão, inteligência da ação prática, seletividade, assertividade,

capacidade de programação, capacidade de decisão, capacidade de rechaço,

inteligência lógica, coerência com as afinidades, expansão da consciência

(percepção cósmica da unidade), percepção ampliada, percepção da totalidade,

inteligência sistêmica, inteligência matemática, inteligência operacional,

análise, síntese, inteligência criativa.

9.6 Processo de Crescimento16

Biodanza desenvolve um processo de mudança que envolve o corpo em

seus diversos níveis: neurológico, endócrino, imunológico e emocional. Onde

o grupo é essencial, por induzir novas formas de comunicação e vínculo

afetivo. O grupo é uma matriz de renascimento, no qual cada participante

encontra continente afetivo e permissão para a mudança. A presença do

semelhante modifica o funcionamento das pessoas, em todos os seus níveis

orgânicos e existenciais.

As pessoas chegam à Biodanza com dificuldade para estabelecer

vínculos profundos, como insegurança, estados depressivos, angústia,

desconfiança, hostilidade, egocentrismo, carência afetiva, falta de ímpeto vital,

problemas com stress, baixa auto-estima e ausência de motivação para viver.

A Biodanza ajuda a resolver uma diversidade de problemas e quadros

clínicos, atuando na ativação de funções gerais, ou seja, expressão da

identidade, comunicação afetiva e funções integrativas do organismo.

A Biodanza se utiliza da música, que é o instrumento de mediação entre

a emoção e o movimento corporal. Estimula a dança expressiva, a

comunicação afetiva e a vivência de si mesmo. Outro fator importante é que a

identidade é permeável à música e, por isso mesmo, pode expressar-se através

dela.

A Biodanza também se utiliza do contato e da carícia, que são

instrumentos fundamentais para o processo de crescimento.

16 Rolando Toro Araneda, Definicion y Modelo Teorico de Biodanza, 2000

Page 29: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

28

9.7 Contato e Carícias17

O contato é uma fonte de saúde. Permite o fluxo da informação e a

conexão da energia da vida.

No contato tátil, verbal ou visual se estabelece uma conexão que

transmite uma mensagem emocional, que vai da simples informação até a

comunicação afetuosa e telepática.

O contato tem efeito sobre a sexualidade, propiciando a revalorização

corporal e o aumento da auto-estima.

O contato deve alcançar a categoria de carícia, ou seja, o contato

corporal, cuja condição essencial é um balanço entre o desejo de dá-la ou

recebê-la.

A carícia é um ato de íntimo reconhecimento e de valorização da pessoa

como um todo. Tem dimensões orgânicas e existenciais.

A carícia desperta a fonte do desejo e expressa a identidade. Induz

mudanças funcionais a nível orgânico e existencial.

As motivações existenciais se enriquecem pela força do eros e pelo

desejo de amor. O desenvolvimento do erotismo é essencial no processo de

mudança.

Biodanza propõe o conceito de acariaciamento, ao invés de carícia.

A falta de carícias produz sérias distorções da imagem corporal.

A relação com o nosso corpo está condicionada pelo contato com o

outro. Vivemos nossa corporeidade quando acariciamos e somos acariciados.

Quando uma pessoa se sente acariciada e desejada por outra, reforça um

sentimento de auto-estima. Valoriza seu corpo como algo agradável, capaz de

despertar desejo e oferecer prazer. Simultaneamente, se desperta o desejo

sexual como resposta às carícias.

Todo corpo que não é acariciado, começa a morrer. O contato e a carícia

têm efeitos emocionais e viscerais sobre o nosso corpo.

“É através do contato e da carícia que nos valorizamos. Chegamos a ser

“sujeito” para o outro. A autovalorização se produz, na medida em que a

pessoa sente que o outro a busca, porque ela é agradável ao contato. Um corpo

acariciado torna-se “saboroso”, isto é, apetitoso. Acariciar e ser acariciado é o

íntimo reconhecimento do nosso valor como ser vivo, “único”. A carícia é a

chave do contato harmônico (SANDRA SALMAZO)”.

17 Rolando Toro Araneda, Contacto y Caricias, 2000

Page 30: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

29

9.8 Efeito das Carícias a Nível Orgânico e Existencial18

Os efeitos neurofisiológicos da carícia foram estudados por RENÉ

SPITZ em crianças hospitalizadas. As investigações de SPTIZ representam

uma evolução na Pediatria.

Novas investigações demonstraram que as carícias ativam o sistema

cárdio-respiratório, dissolvem as tensões motoras crônicas de defesa e

reforçam o sistema imunitário. Contribui também para a produção de

hormônios sexuais e para a manutenção da sexualidade.

“No aspecto psicológico, as carícias diminuem a repressão sexual e as

tendências ao autoritarismo (W.REICH)”.

Outros efeitos notáveis da carícia são a expressão da identidade e o

aumento da auto-estima.

9.9 Efeito das Carícias sobre as Emoções e os Sentimentos19

Aumento da auto-estima;

Revalorização e amor ao próprio corpo;

Integração afetivo-sexual;

Aumento da potência e da intensidade afetiva;

Respostas emocionais integradoras como a ternura, o amor e a alegria;

Capacidade para dar e receber afeto;

Ter amor comunitário e interesse por atividades que reforcem os padrões

de vínculo;

Abaixamento do nível de ansiedade, decorrente dos efeitos ansiolíticos;

Reconhecimento e assunção do “fetiche”.

9.10 Efeito das Carícias sobre a Percepção e a Consciência20

Percepção mais essencial do mundo e do semelhante;

Ampliação da consciência;

Elevação da consciência ecológica;

Reforçamento da identidade;

Percepção integrada de si mesmo;

Consciência comunitária.

18, 19 e 20Rolando Toro Araneda, Contacto y Caricias, 2000

Page 31: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

30

9.11 Efeito das Carícias sobre a Existência21

Prioridade do sentimento, no desenvolvimento do projeto existencial;

Introdução de fatores hedônicos (gozo ou prazer) no estilo de vida;

Ter sentimento de felicidade;

Não ficar alienado;

Manter o equilíbrio nos componentes do estilo de vida (Ergo, Trofo e

Gonadotrópico);

Ter sentimento de liberdade;

Aumentar a consistência existencial.

9.12 Ação Terapêutica do Contato e da Carícia22

A Biodanza considera o contato como a ação terapêutica mais

importante, na medida em que o contato corporal, e em especial a carícia,

ativa, mobiliza, transforma e reforça nossa identidade. Na sua prática, cria

possibilidades para que a pessoa possa reinscrever novos mandatos, que

possibilitarão o desenvolvimento evolutivo. São estes: “mova-te”, “expressa-

te”, “aproxima-te”, “toca e te deixa tocar”, “sente”. Estes mandatos induzem a

pessoa a viver na plenitude do ser.

9.13 Integração23

Biodanza gera, mediante exercícios e danças, campos específicos muito

concentrados, que estimulam o desenvolvimento integrado dos potenciais

genéticos. Uma sessão de Biodanza é um bombardeio de ecofatores positivos

sobre a função integradora-adaptativa-límbico-hipotalâmica. A estimulação

concentrada, proveniente do meio ambiente, permite mudanças discretas de

caráter evolutivo e uma constante reorganização biológica.

A integração adaptativa é o processo de crescimento, no qual os

potenciais genéticos, altamente diferenciados se expressam e se organizam em

sistemas cada vez mais amplos, a nível orgânico e emocional, criando uma

rede de interações que potenciam a identidade.

21 e 22 Rolando Toro Araneda, Contacto y Caricias, 2000

23 Rolando Toro Araneda, Definicion y Modelo Teorico de Biodanza, 2000

Page 32: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

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10. CONCLUSÃO

10.1 Quanto à Auto-Estima24

Negar a importância da auto-estima é um erro, mais atribuir-lhe valor

demasiado é outro.

A auto-estima não é uma panacéia de múltiplas finalidades. Uma noção

bem desenvolvida de si mesmo é uma condição necessária ao nosso bem-estar,

mas não é o suficiente. Sua presença não é garantia de satisfação, mas sua

falta garante uma certa medida de ansiedade, frustração e desespero.

Ressaltamos que a auto-estima interage com outras forças da identidade.

Assim como o sistema imunológico saudável não é garantia de que a

pessoa nunca fique doente, ele a torna menos vulnerável a doenças e mais bem

preparada para combatê-las. Da mesma forma, a auto-estima saudável não é

garantia de que a pessoa nunca sentirá ansiedade e depressão diante das

dificuldades da vida, mas a torna menos suscetível e mais bem equipada para

suportá-las, dar a volta por cima e superá-las.

10.2 Quanto ao Potencial Genético25

Investigações atuais sobre o Potencial Genético permitem concluir que

o número de potencialidades que o homem expressa através de sua vida é uma

parte do total contido dentro de sua dotação. Existem milhões de combinações

dentro da dupla espiral. A expressão dos genes está regulada por um

verdadeiro “relógio genético” e, alguns genes se expressam tardiamente,

enquanto outros o fazem em períodos prematuros da vida (ROLANDO TORO

ARANEDA).

Dentro das cadeias existem enormes segmentos silenciosos de

potencialidades inexpressadas e desconhecidas. É importante compreender

que o suporte genético, que antigamente se concebeu como uma estrutura

selada do destino, aporta milhares de potencialidades que somente esperam a

possibilidade de expressar-se (ROLANDO TORO ARANEDA).

A criação de novas opções mediante a concentração de ecofatores,

deflagram expressões genéticas imprevisíveis (ROLANDO TORO

ARANEDA).

Estas constatações sugerem a importância de se facilitar a expressão

genética nos primeiros anos de vida, como também a possibilidade de se dar

expressão às potencialidades, em idades avançadas da vida (ROLANDO

TORO ARANEDA).

24

Nathaniel Branden, Auto-Estima e os Seus Seis Pilares, 1996 25

Rolando Toro Araneda, Definicion y Modelo Teorico de Biodanza, 2000

Page 33: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

32

10.3 Quanto `a Biodanza26

Biodanza não é uma disciplina alternativa. É uma extensão das ciências

humanas. Integra o corpo, as vivências e o movimento em situações de grupo,

abrindo novos caminhos terapêuticos.

O objetivo da Biodanza é desenvolver os potenciais de saúde. Propõe a

mudança, a partir da parte sã, dentro de uma estrutura cenestésico-vivencial.

Tem um enfoque pedagógico e terapêutico. Se baseia no estudo do homem

como unidade. Visa a integração psicofísica, a profilaxia, a reabilitação

existencial, a reeducação da afetividade e o tratamento complementar das

enfermidades mentais e psicomotoras.

A estimulação da integração psicofísica (superação das dissociações) se

realiza, mediante a estrutura operativa: música-movimento-vivência. Seu

fundamento é Bios-Vida.

“Biodanza é um caminho para se reencontrar a alegria e o prazer de

viver. Um acesso a um novo modo de viver, despertando nossa sensibilidade

adormecida e, favorecendo a adoção de um novo estilo de vida” (ROLANDO

TORO ARANEDA).

Face a tudo o que foi explicitado até aqui; a constatação da maravilha,

da potência e da complexidade da Biodanza; as conquistas obtidas no meu

processo evolutivo, oriundas da minha experiência vivencial; a verificação de

que a Biodanza se centra na identidade, busca o desenvolvimento integral do

homem, trabalhando o tempo todo com a questão da auto-estima; não tenho a

menor dúvida e, é com muita convicção que eu afirmo: “Biodanza é um

caminho para o desenvolvimento da auto-estima”.

26

Rolando Toro Araneda, Definicion y Modelo Teorico de Biodanza, 2000

Page 34: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

33

11. ANEXO

Neste item apresentaremos os depoimentos de alguns alunos da Oficina:

ABRINDO AS PORTAS PARA O CRESCIMENTO, com duração de 16

horas. Esta foi uma experiência de BIODANZA EM EMPRESA, realizada na

EMBRATEL - Empresa Brasileira de Telecomunicações:

Entrei aqui com muitas tristezas e depressões. Hoje estou mais confiante

em mim (L.R.S.R., aposentada da EMBRATEL).

A Biodanza é ótima, fez mexer com as minhas emoções (A.M.V.,

aposentada da EMBRATEL).

A oficina veio numa hora importantíssima, em que eu precisava mudar

alguma coisa na minha vida, mesmo sem saber (C.A.P., aposentado da

EMBRATEL).

Uma lição de amor, companheirismo e afeto, que deveríamos não só

expressar em cinco dias, mas na nossa vida inteira (E.S.D., aposentada da

EMBRATEL).

Pretendo por em prática o exercício de viver melhor, sendo feliz e fazendo

feliz quem se aproximar de mim (M.Z., aposentada da EMBRATEL).

Mostrou novos caminhos para eu seguir em frente, com muita força e

perseverança, vivendo muito mais o presente (A.M.C.C., aposentada da

EMBRATEL).

Representou o encontro comigo mesma, a valorização da troca de energia

com as outras pessoas (M.A.S., aposentada da EMBRATEL).

Aprendi a gostar de mim, a ter mais flexibilidade na resolução de

problemas (S.R.A., aposentada da EMBRATEL).

Sinto-me mais solta e arrojada (N.B., empregada da EMBRATEL).

Percebi que sou uma pessoa única, que posso me aceitar e me valorizar

(V.L.C.N., empregada da EMBRATEL).

O amor é o único meio de mudar. É a mola propulsora da vida (M.G.C.,

empregada da EMBRATEL).

Page 35: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

34

Foi maravilhoso pelo crescimento pessoal e pelo compartilhamento com

outras pessoas (L.S.S., empregado da EMBRATEL).

Pude vivenciar a força da alegria, do movimento, da estima e do contato

afetivo comigo e com os outros (M.H., empregada da EMBRATEL).

Pude sentir a emoção de viver as mais simples coisas, com a certeza de

estar livre, sem amarras internas (A.K.B., empregado da EMBRATEL).

Foi importante o fato de perceber como se deve dar valor a pequenos

momentos de prazer e, a arte de viver o presente (S.S., empregada da

EMBRATEL).

Hoje estou com a auto-estima bem mais elevada (P.M.S., empregada da

EMBRATEL).

Page 36: Biodanza como um caminho para o desenvolvimento da auto-estima | Por Evanir Leite da Silva

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12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRANDEN, Nathaniel – O Poder da Auto-Estima. S. Paulo, Saraiva, 1996

__________ Auto-Estima e os Seus Seis Pilares. S. Paulo, Saraiva, 1996

__________ Auto-Estima: Como Aprender a Gostar de Si Mesmo.

S. Paulo, Saraiva, 1997

__________ Auto-Estima, Liberdade e Responsabilidade. S. Paulo,

Saraiva, 1997

__________ Auto-estima e Autodescoberta. S. Paulo, Saraiva, 1997

PÚPERI, Antonio – Biodanza e Auto-Estima. Monografia de Titulação do

Sistema Rolando Toro, 1999

TORO, Rolando – Apostila: Antecendentes Filosoficos Del Principio

Biocentrico. 1º Simposium de Altos Estudios para la Excelencia

Profesional de Biodanza, 2000

__________ Apostila: Contacto y Caricias – Curso de Formación Docente

de Biodanza, 2000

__________ Apostila: Definicion y Modelo Teorico de Biodanza. Curso de

Formación Docente de Biodanza, 2000

__________ Apostila: Identidad e Integracion. Curso de Formación

Docente de Biodanza, 2000

__________ Apostila: Inteligencia Afectiva, 2000