Biografia

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Biografia[editar | editar código-fonte] Nasceu em Tomar a 17 de Dezembro de 1906, cidade sobre a qual escreveria que é onde «o monumento completa a paisagem; a paisagem é o quadro digno do monumento; e a luz é o elemento transfigurador e glorificador da união quase consubstancial da Natureza com a Arte.» Apenas com 14 anos, começou a trabalhar como pianista no Cine-Teatro de Tomar, procedendo ele próprio aos "arranjos" dos trechos que interpretava, tocando peças de Debussy e de compositores russos contemporâneos. Na época, competiam em Tomar as duas bandas rivais: Gualdim Pais e a Nabantina. Em 1923, frequenta o Curso Superior do Conservatório de Lisboa, tendo como professores: Adriano Meira (Curso Superior de Piano), Tomás Borba (Composição) e Luís de Freitas Branco (Ciências Musicais); em 1927, frequenta a Classe de Virtuosidade, onde tem como professor : Mestre Vianna da Motta (antigo aluno de Liszt), considerado o maior pianista português de todos os tempos. [carece de fontes] Em 1928, frequentaria também o curso de Ciências Históricas e Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa, que viria a abandonar em 1931, em protesto contra a repressão a uma greve académica. Entretanto, funda em Tomar o semanário republicano "A Acção". Em 1931, no dia em que conclui, com a mais alta classificação, as provas de concurso para Professor de Solfejo e Piano do Conservatório Nacional, é preso pela polícia política, encerrado no Aljube e, a seguir, desterrado para Alpiarça. Em 1934 concorre a uma bolsa de estudo, na área da música, para Paris. Ganha o concurso mas a decisão do Júri é anulada por ordem da polícia política. Em Setembro de 1935 é de novo preso e enviado para o Forte de Caxias. Em 1937 é libertado e parte para França por conta própria, aproveitando para ampliar os seus conhecimentos musicais, estudando Composição e Orquestração com Koechlin. Em 1939 recusa a nacionalidade francesa, sendo forçado a regressar a Portugal. Em 1940 é-lhe proposto dirigir os Serviços de Música da Emissora Nacional. Não chega a tomar posse do cargo porque recusa assinar a declaração de "repúdio activo do comunismo e de todas as ideias subversivas" que, então, era exigida a todos os funcionários públicos. Em 1945 integra o Movimento de Unidade Democrática (MUD], do qual virá a ser dirigente. No âmbito das actividades do MUD, Fernando Lopes-Graça cria o Coro do Grupo Dramático Lisbonense, mais tarde Coro da Academia dos Amadores de Música, após a sua morte o coro foi renomeado Coro Lopes-Graça da Academia de Amadores de Música como forma de homenagem. 1 As Canções Regionais Portuguesas e as

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  • Biografia[editar | editar cdigo-fonte]

    Nasceu em Tomar a 17 de Dezembro de 1906, cidade sobre a qual escreveria que onde o monumento completa a paisagem; a paisagem o quadro digno do monumento; e a luz o elemento transfigurador e glorificador da unio quase consubstancial da Natureza com a Arte.

    Apenas com 14 anos, comeou a trabalhar como pianista no Cine-Teatro de Tomar, procedendo ele prprio aos "arranjos" dos trechos que interpretava, tocando peas de Debussy e de compositores russos contemporneos. Na poca, competiam em Tomar as duas bandas rivais: Gualdim Pais e a Nabantina.

    Em 1923, frequenta o Curso Superior do Conservatrio de Lisboa, tendo como professores: Adriano Meira (Curso Superior de Piano), Toms Borba (Composio) e Lus de Freitas Branco (Cincias Musicais); em 1927, frequenta a Classe de Virtuosidade, onde tem como professor : Mestre Vianna da Motta (antigo aluno de Liszt), considerado o maior pianista portugus de todos os tempos.[carece de fontes]

    Em 1928, frequentaria tambm o curso de Cincias Histricas e Filosficas na Faculdade de Letras de Lisboa, que viria a abandonar em 1931, em protesto contra a represso a uma greve acadmica.

    Entretanto, funda em Tomar o semanrio republicano "A Aco".

    Em 1931, no dia em que conclui, com a mais alta classificao, as provas de concurso para Professor de Solfejo e Piano do Conservatrio Nacional, preso pela polcia poltica, encerrado no Aljube e, a seguir, desterrado para Alpiara.

    Em 1934 concorre a uma bolsa de estudo, na rea da msica, para Paris. Ganha o concurso mas a deciso do Jri anulada por ordem da polcia poltica.

    Em Setembro de 1935 de novo preso e enviado para o Forte de Caxias.

    Em 1937 libertado e parte para Frana por conta prpria, aproveitando para ampliar os seus conhecimentos musicais, estudando Composio e Orquestrao com Koechlin.

    Em 1939 recusa a nacionalidade francesa, sendo forado a regressar a Portugal.

    Em 1940 -lhe proposto dirigir os Servios de Msica da Emissora Nacional. No chega a tomar posse do cargo porque recusa assinar a declarao de "repdio activo do comunismo e de todas as ideias subversivas" que, ento, era exigida a todos os funcionrios pblicos.

    Em 1945 integra o Movimento de Unidade Democrtica (MUD], do qual vir a ser dirigente. No mbito das actividades do MUD, Fernando Lopes-Graa cria o Coro do Grupo Dramtico Lisbonense, mais tarde Coro da Academia dos Amadores de Msica, aps a sua morte o coro foi renomeado Coro Lopes-Graa da Academia de Amadores de Msica como forma de homenagem.1 As Canes Regionais Portuguesas e as

  • Canes Hericas so cantadas pelo Coro por todo o pas. Por essa altura adere ao Partido Comunista Portugus.

    A represso por parte do regime fascista cresce e acentua-se: na dcada de cinquenta as orquestras nacionais so proibidas de interpretar obras de Fernando Lopes-Graa; os direitos de autor so-lhe roubados; -lhe anulado o diploma de professor do ensino particular; obrigado a abandonar a Academia dos Amadores de Msica, qual s regressa em 1972.

    autor de uma vasta obra literria incidente em reflexes sobre a msica portuguesa e a msica do seu tempo, mas maior ainda a sua obra musical, da qual so assinalveis os concertos para piano e orquestra, as inmeras obras corais de inspirao folclrica nacional, o Requiem pelas Vtimas do Fascismo (1979), o concertopara violoncelo encomendado e estreado por Rostropovich, e a vastssima obra para piano, nomeadamente as seis sonatas que constituem um marco na histria da msica pianstica portuguesa do sculo XX, et caetera.

    A 9 de Abril de 1981 feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 2 de Fevereiro de 1987 agraciado com a Gr-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.2

    Em 1988 recebeu um Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Aveiro3

    Obras Literrias[editar | editar cdigo-fonte]

    Disto e Daquilo A Msica Portuguesa e os seus Problemas Cartas com Alguma Moral A caa aos coelhos e outros escritos polmicos Ensaios Musicolgicos Dirio (quase) Reflexes sobre Msica Opsculos I, Opsculos II, Opsculos III Msica e Msicos Modernos Talia, Euterpe & Terpsicore A Cano Popular Portuguesa Musiclia No decurso de uma entrevista concedida em 1986, Lopes-Graa afirmou que a sua atuao enquanto artista era inseparvel dos compromissos que, como cidado, tinha com a Cidade e com a Grei. A sua inteno era esclarecer definitivamente, no significativo momento do seu 80 aniversrio, que no era nem um compositor poltico nem um poltico compositor. A posio de Lopes-Graa apresenta analogias com a de numerosos intelectuais portugueses, os quais, a partir de coordenadas diferentes, defenderam o papel da cultura como fundamento para a construo da sociedade civil. Este compromisso, no caso de Lopes-Graa, foi primeiramente um compromisso pessoal. Foi, ainda, um compromisso

  • pblico, alicerado numa conceo social da arte e na f no progresso da humanidade. Porm, decorridos cem anos desde o seu nascimento, Lopes-Graa merece ser principalmente recordado como compositor, como autor de uma vasta obra em que deu voz a uma forma interveniente e crtica de ser portugus.