Biografia de Inês de Castro

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Inês de Castro Inês Pires de Castro , mais conhecida por Inês de Castro, nasceu em 1320 ou 1325, sendo esta data ainda incerta, na Galiza. Era filha natural de Pedro Fernandes de Castro, mordomo-mor de D. Afonso IV e também um dos fidalgos mais poderosos do reino de Castela, pois era neto, por via ilegítima, de Sancho IV de Castela e de uma singela dama portuguesa, Aldonça Lourenço de Valadares. Esta figura histórica tornou-se conhecida nacional e internacionalmente pelo seu romance com D. Pedro I, filho de D. Afonso IV, rei de Portugal. No tempo de reis, em meados do século XIV, como sabemos, os príncipes não tinham poder de escolher a sua futura mulher, sendo esta decisão da responsabilidade do rei e D. Pedro não foi uma excepção, estando comprometido com Constança Manuel, filha de D. João Manuel de Castela, tutor de Afonso IV, príncipe de Vilhena e Escalona e duque de Penafiel. Juntamente com Constança, veio para Portugal Inês de Castro, uma das suas aias que capta, mais tarde, a atenção do príncipe. No entanto, a relação, que veio a evoluir ao longo dos tempos, não era bem aceite pelo povo, pela corte e, obviamente, pelo rei, que não só tinha medo da influência dos irmãos de Inês sobre o seu filho. Nem a distância conseguia superar a paixão, pois Pedro e Inês continuaram a corresponder-se com frequência. O Casamento de Pedro e Inês Certo dia, numa pequena capela lá estava à porta Pedro, o seu escudeiro, o bispo e uma madre abadessa que tinha sido obrigada a prometer sigilo. Inês chegou na companhia de D. Maria, a sua ama, e dos seus irmãos que nem acreditavam na sua sorte. Minutos depois, Pedro e Inês, de mãos juntas, confirmaram o seu amor diante do altar. Agora, o príncipe já havia dado a Inês e aos filhos um bom estatuto e tinha garantido a continuidade da dinastia! A morte de Inês

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Inês de Castro

Inês Pires de Castro, mais conhecida por Inês de

Castro, nasceu em 1320 ou 1325, sendo esta data

ainda incerta, na Galiza. Era filha natural de Pedro

Fernandes de Castro, mordomo-mor de D. Afonso

IV e também um dos fidalgos mais poderosos do

reino de Castela, pois era neto, por via ilegítima, de

Sancho IV de Castela e de uma singela dama

portuguesa, Aldonça Lourenço de Valadares.

Esta figura histórica tornou-se conhecida nacional

e internacionalmente pelo seu romance com D. Pedro I, filho de D. Afonso IV, rei de Portugal.

No tempo de reis, em meados do século XIV, como sabemos, os príncipes não tinham poder de

escolher a sua futura mulher, sendo esta decisão da responsabilidade do rei e D. Pedro não foi

uma excepção, estando comprometido com Constança Manuel, filha de D. João Manuel de

Castela, tutor de Afonso IV, príncipe de Vilhena e Escalona e duque de Penafiel. Juntamente

com Constança, veio para Portugal Inês de Castro, uma das suas aias que capta, mais tarde, a

atenção do príncipe.

No entanto, a relação, que veio a evoluir ao longo dos tempos, não era bem aceite pelo

povo, pela corte e, obviamente, pelo rei, que não só tinha medo da influência dos irmãos de

Inês sobre o seu filho. Nem a distância conseguia superar a paixão, pois Pedro e Inês

continuaram a corresponder-se com frequência.

O Casamento de Pedro e Inês

Certo dia, numa pequena capela lá estava à porta Pedro,

o seu escudeiro, o bispo e uma madre abadessa que tinha

sido obrigada a prometer sigilo. Inês chegou na

companhia de D. Maria, a sua ama, e dos seus irmãos que

nem acreditavam na sua sorte. Minutos depois, Pedro e

Inês, de mãos juntas, confirmaram o seu amor diante do

altar.

Agora, o príncipe já havia dado a Inês e aos filhos um

bom estatuto e tinha garantido a continuidade da

dinastia!

A morte de Inês

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D. Afonso IV ia concluindo que era impossível apagar Inês da vida de Pedro. Aquela situação

exigia medidas drásticas. Então, reuniu o seu Conselho em Montemor-o-Velho para analisar a

atitude a tomar. A reunião constituiu num julgamento em que a culpada não esteve presente.

No fim, decidiu-se pela execução de Inês de Castro. Estavam presentes Pedro Coelho, Diogo

Lopes Pacheco e Álvaro Gonçalves.

Na manhã de 7 de Janeiro de 1355 os três homens, aproveitando a ausência do príncipe para

as suas habituais caçadas, irromperam pelo Paço. Apresentaram-se como enviados de D.

Afonso IV. Entre ditos e ameaças, pediram a D. Inês de Castro que regressasse a Castela com

os seus, que levasse os filhos e que nem se despedisse de Pedro, pois ela constituía uma

enorme ameaça para o Reino e, os filhos uma ainda maior.

Nessa altura, João, filho de Inês, saiu

a correr em defesa da mãe. Então, um

dos homens esbofeteou-o, deixando-o a

sangrar. A mãe fez frente aos intrusos.

Pedro Coelho agarrou-a pelos pulsos e,

insultando-a, atirou-a ao chão e

desembainhou a espada.

Esta, respondeu:

«Podeis expulsar-me do País, podeis

despojar-me das riquezas, podeis até

matar-me. Mas nunca, ouvi-me bem, nunca podereis arrancar-me do coração do meu esposo!

Ele ama-me com um amor que está muito para além do bem e do mal, da vida e da morte.

Ficarei sempre, sempre, com ele. Viva ou como uma recordação. Não vou rogar por mim. Não

espero a vossa misericórdia. Mas vou fazê-lo, isso sim, pelos meus filhos. Cumpri a vossa

missão, mas salvai essas crianças. Não vos esqueçais que o sangue que lhes corre nas veias é

também o de D. Afonso IV, vosso Rei.»

Empunhando a espada, o homem acercou-se de D. Inês e descarregou a espada. Em

segundos, o seu vestido ficou vermelho e no seu pescoço desenhou-se uma ferida por onde a

vida se lhe escapou.

D. Pedro conseguiu capturar dois dos assassinos de Inês. Álvaro Gonçalves e Pedro Coelho

foram brutalmente mortos em Santarém, numa execução

pública.

Estava então cumprida a vingança! Em 1360, o Rei

convocou as Cortes para Cantanhede e aí, na presença de todos

os representantes do Reino, revelou o seu casamento secreto

com Inês, a continuidade da linhagem e lembrou a todos o seu

dever de honrar a memória da Rainha falecida.

A quinta das Lágrimas

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A Quinta das Lágrimas foi testemunha do grande amor entre o príncipe D. Pedro e Inês

de Castro. Foi na fonte dos amores que Inês de Castro morreu assassinada.

Diz a lenda que foi na Quinta das Lágrimas que D. Inês chorou pela última vez,

enquanto era trespassada pelos punhais dos fidalgos, a quem o rei Afonso IV ordenara a sua

morte. As lágrimas então derramadas inspiraram Luís de Camões a criar o nome de Fonte das

Lágrimas e Fonte dos Amores, e inspiraram muitos outros escritores a consagrar o amor eterno

de Pedro e Inês. Diz-se ainda que o sangue de Inês corre naquelas águas, pois elas têm uma

tonalidade avermelhada devido a certas algas que lá crescem.

Os túmulos

Os túmulos estão situados no Mosteiro dos Jerónimos ao lado um do outro. São de estilo

gótico e feitos em calcário, e não se sabe ao certo quem foi o seu autor.

Inês de Castro está representada com uma

expressão tranquila, rodeada por anjos e

coroada de rainha. A mão direita toca na ponta

do colar que lhe cai do peito e, a mão esquerda,

enluvada, segura a outra luva. Os temas que

estão representados neste túmulo são: a

infância e a paixão de Cristo, o calvário (lugar da

crucificação de Jesus) e o Juízo Final. Pensa-se

que D. Pedro, com a representação do Juízo

Final, queria mostrar a todos que ele e Inês

tinham um lugar no Paraíso.

D. Pedro I está também representado com uma

expressão tranquila, coroado e rodeado por anjos.

Segura o punho da espada na mão direita,

enquanto com a esquerda agarra a bainha.Os

temas que estão representados neste túmulo são:

a infância e o martírio de S. Bartolomeu, a Roda da

Vida, a Roda da Fortuna e ainda a Boa Morte de D.

Pedro.

Ana Rita 11/02/2012