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Biologia, ecologia e pesca desportiva da truta, Salmo trutta morpha fario L., no rio Vez Diogo Sottomayor Pires de Abreu Novais Dissertação de Mestrado em Ciências do Mar Recursos Marinhos Especialização em Aquacultura e Pescas 2012

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Biologia, ecologia e pesca desportiva da truta, Salmo

trutta morpha fario L., no rio Vez

Diogo Sottomayor Pires de Abreu Novais

Dissertação de Mestrado em Ciências do Mar – Recursos Marinhos

Especialização em Aquacultura e Pescas

2012

Diogo Sottomayor Pires de Abreu Novais

Biologia, ecologia e pesca desportiva da truta, Salmo trutta

morpha fario L., no rio Vez

Dissertação de Candidatura ao grau de Mestre

em Ciências do Mar – Recursos Marinhos

submetida ao Instituto de Ciências Biomédicas

de Abel Salazar da Universidade do Porto

Orientador – Professor Doutor José Carlos

Fernandes Antunes

Categoria – Professor Auxiliar

Afiliação – Escola Superior Gallaecia

Co-orientador – Professor Doutor António

Manuel dos Santos Afonso

Categoria – Professor Associado

Afiliação – Instituto de Ciências Biomédicas

Abel Salazar da Universidade do Porto

i

Agradecimentos

Ao Prof. Dr. Carlos Antunes por ter aceite ser orientador desta tese, por todo o

acompanhamento e indicações essenciais e por me ter proporcionado todas as

condições para a realização da mesma.

Ao Prof. Dr. António Afonso por ter aceite ser meu co-orientador, pelas observações e

conselhos fundamentais.

Ao Jorge Araújo pela disponibilidade para ajudar, em especial pelas respostas prontas às

minhas constantes perguntas e também pela colaboração na pesca eléctrica

À Catarina Braga por todo apoio essencial na estruturação da tese, na identificação de

conteúdos estomacais e também pela grande ajuda na pesca eléctrica.

À Micaela Mota pela grande ajuda na parte laboratorial.

Ao Rodrigo Lopez pelos mapas excelentes.

Ao Patrício Bouça pela ajuda nas pesquisas mais difíceis.

À Sílvia Marinho e à Catarina Antunes pela colaboração na pesca eléctrica.

À Cláudia Ferreira pela ajuda na estruturação da tese.

A todos os colaboradores do Aquamuseu pela forma como me acolheram e pelo

excelente ambiente de trabalho.

A todos os pescadores desportivos que gentilmente me forneceram informações e dados

relevantes, nomeadamente aos meus amigos Paulo Sampaio, José Carmo, Jorge

Gonzalez, Horácio Araújo e José Marinho.

Ao meu amigo Miguel Calhau que me acompanhou nestas e em muitas outras jornadas

de pesca.

À instituição Aquamuseu do rio Minho por todas as condições proporcionadas.

Aos pescadores dos Arcos de Valdevez, que me ensinaram a pescar.

ii

iii

Resumo

A truta fário (Salmo trutta morpha fario) é frequentemente usada como atracção turística

e é o alvo mais importante e popular da pesca desportiva na Europa.

Em Portugal o número de licenças de pesca desportiva emitidas nos últimos anos, para

pesca nas águas interiores, tem ultrapassado as 200 mil por ano. A pesca têm assim uma

elevada importância socio-económica e normalmente o benefício económico para as

regiões aumenta com o número de pescadores.

O rio Vez (rio da região norte de portugal) tem sido palco de alguns campeonatos do

mundo de pesca à truta e de várias provas de âmbito nacional. No rio existe uma zona de

pesca reservada (ZPR) com um regime de pesca específico e uma zona livre sujeita ao

regime geral da pesca.

Em cinco dias de seis meses diferentes, o rio apresentou parâmetros da água, na

generalidade, dentro dos limites recomendáveis apesar de algumas amostras mais a

jusante ultrapassarem os valores máximos admissíveis.

Em relação à truta, o período de postura numa zona do rio Vez parece ter ocorrido entre

5 de Dezembro de 2011 e pelo menos 16 de Janeiro de 2012, com temperaturas da água

a variar entre 7 e os 11,4 ºC . O aumento do número de trutas no local de postura ocorreu

em dias de precipitação em que o caudal do rio aumentou. Durante a migração para a

postura, a percentagem de saltos de trutas que tiveram sucesso, conseguindo as trutas

transpor uma represa que existe no troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de

Valdevez, foi de apenas 0,6 %.

Este estudo aborda fundamentalmente a pesca com isco artificial especificamente com

colher nº2 dourada. Nas jornadas de pesca desportiva capturou-se em média uma truta

por hora e em média a cada dois ataques ao isco apenas uma truta foi capturada.

A truta aparenta ser um peixe crepuscular com máxima actividade ao amanhecer e ao

anoitecer.

Nas jornadas de pesca com isco artificial existiu uma diferença significativa entre as

capturas por unidade de esforço (CPUE - truta/hora) na zona livre e as CPUE na zona de

pesca reservada do rio Vez. Igualmente foram significativas as diferenças entre as

capturas por unidade de esforço em dias de aguaceiros e em dias sem precipitação.

Pela análise dos resultados da pesca eléctrica, é significativa a diferença entre os pesos

e comprimentos entre as trutas da ZPR e da zona livre verificando-se um aumento do

comprimento e do peso médio das trutas de jusante para montante.

iv

O número de trutas nos locais amostrados por pesca eléctrica aumentou de jusante para

montante. O comprimento mínimo de captura parece determinar a estrutura da população

de trutas do rio Vez.

Palavras- chave: Truta, Salmo trutta, rio Vez, pesca desportiva

v

Abstract

The brown trout (Salmo trutta morpha fario) is often used as tourist attraction and is the

most important and popular target of recreational fishing in Europe.

In Portugal the number of licenses issued for fishing in recent years, for inland fishing has

exceed the 200.000 per year. Thus fishing has a high socio-economic importance and

generally the economic benefit to the regions increases with the number of fishermen.

The River Vez (River in Northern Portugal) has been the scene of some world and

national trout fishing championships. In the river there is a reserved fishing zone with

particular fishing rules and a free zone, subject to the general rules of fishing.

In five days of six months, the river had water parameters, in general, within the limits

recommended, although some samples further downstream exceed the maximum

permissible values.

The period of trout posture in an area of the River Vez seems to have occurred between

5 December 2011 and at least 16 January 2012, with water temperatures range between

7 and 11,4°C. The Increasing the number of trout in the site of posture occurred in days of

precipitation when flow increased. During migration to posture the percentage of jumps of

trout that managed to cross a dam that exists in the stretch of the river that runs through

village of Arcos de Valdevez was only 0,6%.

This study is essentially about fishing with artificial bait. In the days of sport fishing, trouts

were caught at an average of one trout per hour and, in average, in two attacks to the bait

just one trout was caught.

The trout seems to be a crepuscular fish with maximum activity at dawn and dusk.

In days of fishing with artificial bait, there was significant difference between the catch per

unit effort (trout/hour) in the free zone and in the reserved fishing zone of river Vez.

Equally significant were the differences between the catch per unit effort in days of

downpours and days without precipitation.

By analysis of the results of electric fishing there was a significant difference between the

weights and lengths between trout caught in the reserved fishing zone and in the free

zone, an increase in the length and weight of trout from downstream to upstream was

verify. The number of trout sampled clearly increased from downstream to upstream.

The minimum length of capture seems to determine the population structure of trout river

Vez.

Keywords: Trout, Salmo trutta, River Vez, fishing

vi

vii

Índice

Agradecimentos .................................................................................................................. i

Resumo ............................................................................................................................ iii

Abstract ............................................................................................................................. v

Índice ............................................................................................................................... vii

Índice de Abreviaturas ....................................................................................................... x

Índice de Tabelas ............................................................................................................. xi

Índice de Figuras ............................................................................................................. xii

1. Introdução geral ............................................................................................................ 1

1.1. Caracterização da área de estudo .......................................................................... 1

1.2. A truta .................................................................................................................... 3

1.2.1. Posição sistemática ......................................................................................... 3

1.2.2. Características gerais ...................................................................................... 3

1.2.3. Distribuição e habitat ....................................................................................... 5

1.2.4. Dinâmica populacional ..................................................................................... 6

1.2.5. Ecologia Alimentar ..........................................................................................11

1.2.6. Crescimento ....................................................................................................14

1.2.7. Estatuto e conservação da espécie.................................................................15

1.2.8. Determinação da idade de peixes em populações selvagens .........................16

1.2.9. Outros estudos................................................................................................17

1.3. Pesca desportiva/lúdica .........................................................................................19

1.3.1. Potencialidades da pesca desportiva em Portugal ..........................................20

1.3.2. Caracterização da pesca desportiva dirigida à truta ........................................21

1.3.3. Legislação .......................................................................................................23

1.3.4. Evolução da emissão de licenças em Portugal de 2007 a 2011 ......................24

1.3.5. Campeonatos .................................................................................................25

viii

1.3.6. Objectivo .........................................................................................................25

2. Material e Métodos ......................................................................................................26

2.1. Área de estudo ......................................................................................................26

2.1.2. Divisão dos troços ...........................................................................................27

2.2. Recolha de amostras e trabalho laboratorial .........................................................27

2.2.1. Temperaturas .................................................................................................27

2.2.2. Migração para montante - saltos .....................................................................28

2.2.3. Análises da água do rio Vez ...........................................................................29

2.2.4. Pesca desportiva ............................................................................................30

2.2.5. Pesca eléctrica................................................................................................31

2.2.6. Escamas e otólitos ..........................................................................................32

2.2.7. Conteúdo estomacal .......................................................................................33

2.2.8. Factor de condição K ......................................................................................34

2.2.9. Inquérito ..........................................................................................................35

2.3. Análise e tratamento de resultados .......................................................................35

3. Resultados e discussão ...............................................................................................36

3.1. Parâmetros fisico-químicos da água ......................................................................36

3.2. Análise de um local de postura (lp1) ......................................................................38

3.3. Análise da migração (saltos) numa represa do rio Vez ..........................................41

3.4. Pesca desportiva ...................................................................................................44

3.4.1. Jornadas de pesca .............................................................................................44

3.4.2. Dados das trutas capturadas nas jornadas de pesca e das trutas capturadas

por vários pescadores desportivos no rio Vez ...........................................................63

3.4.3. Pescadores desportivos ..................................................................................67

3.4.4. Análise de conteúdos estomacais ...................................................................68

3.4.5. Análise de idade .............................................................................................70

3.4.6. Otólitos ...........................................................................................................72

3.5. Pesca eléctrica ......................................................................................................72

3.5.1. Análise da idade .............................................................................................74

ix

3.6. Pesca eléctrica e pesca desportiva .......................................................................74

3.6.1. Capturas por unidade de esforço ....................................................................74

3.6.2. Comprimento médio ........................................................................................76

3.6.3. Peso médio .....................................................................................................81

3.6.4. Coeficiente de condição K ..............................................................................82

3.7. Relações peso vs comprimento .............................................................................84

3.8. Inquérito ................................................................................................................85

4. Considerações finais ....................................................................................................86

5. Conclusão ....................................................................................................................88

6. Bibliografia ...................................................................................................................91

Anexos .......................................................................................................................... 113

Anexo I .......................................................................................................................... 114

Anexo II ......................................................................................................................... 115

Anexo III ........................................................................................................................ 116

Anexo IV ........................................................................................................................ 117

Anexo V ......................................................................................................................... 123

Anexo VI ........................................................................................................................ 124

Anexo VII ....................................................................................................................... 127

x

Índice de Abreviaturas

LBE – Limite para consideração de um Bom Estado

VMR – Valor máximo recomendado

VMA – Valor máximo admissível

ZPR - Zona de pesca reservada

CPUE - Capturas por unidade de esforço

CMLC - Comprimento mínimo legal de captura

Comp – Comprimento

Lp1 – Local de postura

xi

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Qualidade de águas doces para fins aquícolas – águas piscícolas (águas de

salmonídeos). ..................................................................................................................29

Tabela 2 - Limiares máximos para os parâmetros físico-químicos gerais para o

estabelecimento do Bom Estado Ecológico em Rios. ......................................................29

Tabela 3 - Comparação entre dados de pesca da zona reservada (lotes) e da zona livre.

........................................................................................................................................50

Tabela 4 - Descrição geral do estado do rio e do tempo, apresentação do número de

horas de pesca, de trutas capturadas e CPUE (truta/hora) de 1 de Março até 21 de Julho

de 2012............................................................................................................................56

Tabela 5 - Percentagens de sucesso nas quatro zonas de pesca....................................57

Tabela 6 - Número de trutas, percentagem do total de capturas com CMLC e número de

trutas que, nestas jornadas, poderiam ser retidas ou que teriam de ser obrigatoriamente

libertadas, caso o comprimento mínimo legal de captura (CMLC) aumentasse ou

diminuísse. ......................................................................................................................61

Tabela 7 - Média do comprimento furcal e do peso de trutas do rio Vez e respectivo

desvio padrão, nos lotes e na zona livre. .........................................................................66

Tabela 8 - Pescadores observados em acção de pesca no rio Vez (50 dias). .................68

Tabela 9 - Abundância relativa e frequência de ocorrência de várias ordens e classes de

artrópodes e moluscos. ....................................................................................................69

Tabela 10 – Dados da pesca eléctrica .............................................................................73

Tabela 11 – Comprimento e peso médios das trutas, perante os tipos pesca. .................77

Tabela 12 - Quantidades e percentagens de trutas capturadas com recurso à pesca

eléctrica e nas jornadas de pesca desportiva. .................................................................78

Tabela 13 - Comprimento de amostragem e tempo de amostragem da pesca eléctrica e

desportiva. .......................................................................................................................80

Tabela 14 - Média e desvio padrão do coeficiente de condição K na pesca eléctrica e

desportiva. .......................................................................................................................83

Tabela 15- Comprimento e peso minimos e máximos da maior truta que capturada .... 118

xii

Índice de Figuras

Figura 1 - Troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez ............................ 1

Figura 2 - Localização do rio Vez. ..................................................................................... 2

Figura 3 - Diferença de cor entre truta juvenil e adulta, trutas capturadas no rio Vez. ....... 4

Figura 4 - Exemplo de coloração do flanco de uma truta fário. Truta nº 118, comp: 20,1

cm, peso: 98 g. ................................................................................................................. 4

Figura 5 - Número total de licenças (Nacionais + regionais + concelhias) e regionais para

a zona Norte emitidas por ano (Fonte: ICNF)...................................................................24

Figura 6 - Número de licenças nacionais, regionais e concelhias emitidas por ano (Fonte:

ICNF). ..............................................................................................................................24

Figura 7 - Número de licenças especias diárias emitidas para a zona reservada do rio Vez

(lotes) por ano (Fonte: ICNF). ..........................................................................................25

Figura 8 - Lote 8, local mais a montante atingido nas jornadas de pesca. .......................26

Figura 9 - Local de postura (lp1) (zona e/vila). .................................................................27

Figura 10 - Represa que existe na zona e/vila. ................................................................28

Figura 11 - Perfil da represa ............................................................................................28

Figura 12 - Amostras ou colheres utilizadas (marca mepps e mosca) .............................30

Figura 13 - Divisão das 20 zonas definidas para a pesca desportiva e eléctrica. .............32

Figura 14 - Valores de temperatura da água em 5 dias de 5 meses diferentes, em 3

locais, um na parte alta do rio (lote 6), outro na zona média (zona m) e outro perto de foz

(zona a). ..........................................................................................................................36

Figura 15 – Concentração de cloro livre...........................................................................37

Figura 16 – Concentração de amoníaco. .........................................................................37

Figura 17 - Concentração de nitritos. ...............................................................................37

Figura 18 - Concentração de nitrato. ................................................................................37

Figura 19 - Concentração de fosfatos. .............................................................................37

Figura 20 - Variação da temperatura do ar e da água no local de postura lp1 no rio Vez e

variação do número de trutas observadas no local lp1. ...................................................38

Figura 21 - Nivel hidrométrico instantâneo no pontilhão de celeiros (INAG 2012) (estação

de medição 3000 m a montante da zona de postura situada no limite entre a zona f e a

zona g: 41º52’06’’ N 8º25’13’’) e número de trutas observadas na zona de postura. .......39

Figura 22 - Truta a escavar o “ninho” no local de postura lp1, ano 2007. ........................40

Figura 23 - Trutas num "ninho" no local lp1, ano 2011. ...................................................41

xiii

Figura 24 - Trutas no local lp1, ano 2007. ........................................................................40

Figura 25 - Número de trutas presentes no local de postura e número de saltos, durante

15 minutos, numa represa 500 m a montante do local lp1. ..............................................41

Figura 26 - Número de saltos, sem sucesso, a cada meia hora ao longo de 4 dias. ........42

Figura 27 - Cardume de trutas em migração na base da represa (2011). ........................43

Figura 28 - Esquema da represa existente no troço do rio Vez que atravessa a vila de

Arcos de Valdevez. ..........................................................................................................43

Figura 29 - Locais onde foram capturadas trutas (n=209) no rio Vez, nas jornadas de

pesca e respectivo comprimento furcal (CF). ...................................................................45

Figura 30 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, e capturas por

unidade de esforço (CPUE) (± desvio padrão), por zona do rio Vez. ...............................46

Figura 31 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por

unidade de esforço (±desvio padrão), nos 4 troços. .........................................................47

Figura 32 - Truta nº 57, CF: 46 cm, peso: 820 g, local: zona j. .........................................48

Figura 33 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, capturas por

unidade de esforço, por mês, em todo o curso do rio Vez. ..............................................48

Figura 34 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, e capturas por

unidade de esforço, por mês, para todos lotes.................................................................49

Figura 35 – Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por

unidade de esforço, por mês, para a zona livre. ...............................................................49

Figura 36 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por

unidade de esforço (±erro padrão), de hora em hora, para todo o curso do rio Vez. ........51

Figura 37 – Dendrograma da percentagem de similaridade de CPUE entre intervalos de

tempo (hora) (nº de horas de pesca = 192). .....................................................................52

Figura 38 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por

unidade de esforço, de hora em hora, para o troço dos lotes. ..........................................52

Figura 39 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por

unidade de esforço, de hora em hora, para o troço a montante da vila. ...........................53

Figura 40 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por

unidade de esforço, de hora em hora, para a zona e/ vila. ...............................................54

Figura 41 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por

unidade de esforço, de hora em hora, para o troço a jusante da vila. ..............................54

Figura 42 - Número de horas de pesca, número de capturas e capturas por unidade de

esforço face a diferentes intervalos de temperatura do rio. ..............................................55

Figura 43 - Número de horas de pesca e número de capturas em cada troço face a

diferentes intervalos de temperatura. ...............................................................................56

xiv

Figura 44 - Número de ataques ao isco, com captura de truta e número de ataques ao

isco, sem captura de truta. ...............................................................................................57

Figura 45 - Número de capturas de truta em água parada e água corrente. ....................58

Figura 46 - Número de ataques ao isco, sem captura de truta, em águas paradas e

correntes. .........................................................................................................................59

Figura 47 - Percentagens de trutas capturadas com 1, 2 ou 3 anzois cravados, na zona

dos lotes (n=97). ..............................................................................................................59

Figura 48 - Percentagens de trutas capturadas com 1, 2 ou 3 anzois cravados, na zona

livre (n=112). ....................................................................................................................60

Figura 49 - Classes de comprimentos das trutas capturadas nos 4 troços amostrados por

pesca desportiva (n=209). ...............................................................................................60

Figura 50 - Média (± erro padrão) dos comprimentos das trutas nas várias zonas. .........63

Figura 51 - Média dos comprimentos (± erro padrão) das trutas nos quatro troços. .........64

Figura 52 – Média (± erro padrão) dos pesos das trutas capturadas nas várias zonas. ...65

Figura 53 – Média (± erro padrão) dos pesos das trutas nos quatro troços. ....................65

Figura 54 – Média do coeficientes de condição K (± desvio padrão) em cada zona. .......66

Figura 55 - Coeficientes k médios (± desvio padrão) em cada troço. ...............................67

Figura 56 - Conteúdo estomacal regurgitado por uma truta do lote 3, truta nº116, comp:

23 cm, peso: 132 g. .........................................................................................................68

Figura 57 - Número de trutas com idades 0+, 1+, 2+, 3+, 4+ e 5+ em cada classe de

comprimento (n=163), determinada pela análise de escamas. ........................................70

Figura 58 - Escama da truta nº 216, idade 1+, CF: 12,4 cm, peso: 22 g, local de captura:

lote1. ................................................................................................................................71

Figura 59 - Escama da truta nº 111, idade: 2+, CF: 18 cm, Peso: 73 g, local de captura:

lote 3. ...............................................................................................................................71

Figura 60 - Escama nº 129, idade 3+, CF: 18 cm, peso: 68 g, local de captura: lote 1. ....71

Figura 61– Escama da truta nº 150, idade 5+, CF: 26 cm, peso: 212 g, local de captura:

lote 2. ...............................................................................................................................71

Figura 62 -Otólito da truta nº90, idade 2+, CF: 19 cm, peso: 77 g, local de captura: zona

L.(Luz transmitida). ..........................................................................................................72

Figura 63 - Otólito da truta nº46, idade 3+, CF: 22,2 cm, peso: 114 g, local de captura:

zona d (Luz transmitida). .................................................................................................72

Figura 64 - Número de trutas capturadas por pesca eléctrica com idades de 0+, 1+, 2+,

3+, determinadas por leitura de escamas, para cada classe de comprimento (n= 25). ....74

Figura 65 - Número de capturas por unidade de esforço (truta/hora) da pesca eléctrica

(n=108) e nas jornadas de pesca desportiva (n=209), em 4 zonas. .................................75

xv

Figura 66 - Lote 6 (41º58’28’’N, 8º22´93’’ W). ..................................................................76

Figura 67 - Zona i (41º5’ 87’’N, 8º25’61’’ W). ...................................................................76

Figura 68 - Zona a (41º48’93’’ 8º24’57’’). .........................................................................76

Figura 69 - Comprimento médio (± erro padrão) das trutas capturadas por pesca eléctrica

(108) e por pesca desportiva (n=249), por zona. .............................................................77

Figura 70 - Classes de comprimento das trutas capturadas por pesca eléctrica em 4

zonas, de 3 troços. ..........................................................................................................78

Figura 71 - Percentagens de trutas de cada classe, capturadas nas jornadas de pesca

desportiva (n=209) e por pesca eléctrica (n=108). ...........................................................79

Figura 72 - Classes de comprimento das trutas capturadas pela pesca desportiva (249) e

na pesca eléctrica (108). ..................................................................................................81

Figura 73 - Média (± erro padrão) dos pesos das trutas capturadas por pesca eléctrica

(n=108) e por pesca desportiva (n=249), por zona. .........................................................82

Figura 74 - Coeficiente de condição K médio (± desvio padrão) das trutas capturadas por

pesca eléctrica e por pesca desportiva, por zona. ...........................................................83

Figura 75 - Relação comprimento furcal vs peso de 249 trutas capturadas por pesca

desportiva e 108 trutas capturadas com recurso a pesca eléctrica, no rio Vez. ...............84

Figura 76 - Relação comprimento total vs peso de 207 trutas capturadas por pesca

desportiva e 108 trutas capturadas com recurso a pesca eléctrica, no rio Vez. ...............85

Figura 77 - Juvenil de truta de pequenas dimensões capturado na zona e (2008) ...........87

Figura 78 - Truta nº 40, CF: 22,8 cm, peso: 124g ............................................................90

Figura 79 - Truta atacada (truta nº 42) comp: 17,4 cm, peso: 57 g, local: zona j. ........... 114

Figura 80 - Truta nº 162 comp: 22,4 peso:122 g local: lote 3. ....................................... 115

Figura 81 - Truta nº 123 comp: 20,9 peso 105 g local: lote 4. ........................................ 115

Figura 82 - Truta nº 73 comp:17,5 peso: 54 g local: zona a. .......................................... 115

Figura 83 - Truta nº 84 comp: 34,5 peso: 342 g local: zona i. ........................................ 115

Figura 84 - Troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez (zona e), local de

captura 41º50’91’’ N 8º25’16’’ W - Fotografia aérea da zona (Google Earth). ................ 116

Figura 85 - Salmão (Salmo salar) capturado no rio Vez no ano 2010. ........................... 116

Figura 86 - Categoria de idades dos pescadores inquiridos. .......................................... 117

Figura 87 - Residência dos pescadores inquiridos (percentagem). ................................ 117

Figura 88 - Técnicas de pesca praticadas pelos pescadores no rio Vez (percentagem).

...................................................................................................................................... 118

Figura 89 - Ano da maior captura de cada pescador (percentagem). ............................. 118

Figura 90 - Ano com maior número de capturas num dia (percentagem). ...................... 119

Figura 91 - Destino do peixe capturado (percentagem). ................................................ 119

xvi

Figura 92 - Concorda com o repovoamento do rio? ...................................................... 120

Figura 93 - Estaria disposto a pagar mais para ter melhores condições de pesca? ....... 120

Figura 94 - Que condições gostaria de ver melhoradas? ............................................... 121

Figura 95 - O que mudaria na Gestão do rio Vez? ......................................................... 122

Figura 96 - Costuma pescar nos lotes do rio Vez? ......................................................... 122

Figura 97 - Licença de pesca diária, notar que no verso existe uma declaração de

capturas por espécie de entrega obrigatória. ................................................................. 123

1

1. Introdução geral

A truta é um recurso importante das massas de água interiores do Centro-Norte do País,

alvo de pesca desportiva pela, qualidade da sua carne, combatividade, dificuldade de

captura e beleza. É um peixe que necessita de níveis de qualidade da água elevados.

Perante a crescente pressão de pesca, degradação da qualidade das águas dos rios e

possíveis alterações climáticas, o futuro da espécie pode ficar em risco. Torna-se assim

crucial a tomada de medidas que salvaguardem a espécie e que ao mesmo tempo vão de

encontro ao desejo dos pescadores desportivos que, têm um papel importante a

desempenhar e que cada vez mais se preocupam com a sua conservação.

1.1. Caracterização da área de estudo

O rio Vez é um afluente do rio Lima, é um rio amplo, destino de pesca de muitos

pescadores desportivos. Na freguesia de Vilela é atravessado por uma ponte medieval

que marca o limite jusante da zona de pesca reservada (ZPR), mais para jusante o rio

atravessa a vila de Arcos de Valdevez (figura 1).

Figura 1 - Troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez

2

Figura 2 - Localização do rio Vez.

Comprimento do rio Vez – 36 km

Nascente – Lamas do Vez, Serra do Soajo, nas proximidades do Santuário de N.

Senhora da Peneda.

Altitude da nascente – 1250 m

Foz – Milhundos - Souto (rio Lima)

Principais afluentes – Rio Ázere, rio Cabreiro, rio Frio, ribeira de S. Mamede e ribeira de

Frades

Área da bacia - 263,3 km2

3

1.2. A truta

1.2.1. Posição sistemática

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Subfilo: Vertebrata

Classe: Osteichthyes

Subclasse: Actinopterygii

Ordem: Salmoniformes

Subordem: Salmonoidei

Familia: Salmonidae

Género: Salmo

Espécie: Salmo trutta morpha fario L. 1758

Nomes vulgares: Truta fário, truta comum, truta-de-rio, truta dos regatos, truta sapeira,

truta pinta (Portugal)

Brown trout (Inglaterra)

Truite de rivière (França)

Trota fario ou trota di fiume (Itália)

1.2.2. Características gerais

A boca está armada com dentes cónicos e fortes, havendo dentes nos maxilares, sobre

os palatinos e no vómer. Os olhos são grandes e situados por cima do maxilar superior, a

íris é amarelada.

Barbatana: Dorsal - 12 a 14 raios ramificados.

Caudal - 18 a 21 raios.

Anal - 10 a 12 raios.

Ventrais - 9 raios.

Peitorais - 13 a 15 raios.

Adiposa – sem raios.

A barbatana caudal homocerca é chanfrada nos jovens, mas à medida que a idade

avança, a concavidade do bordo posterior da barbatana atenua-se, até se converter

4

numa linha recta ou mesmo arredondada. A barbatana adiposa é avermelhada ou

alaranjada e apresenta manchas negras.

A cor das trutas altera-se com a idade, qualidade da água, habitat e com a estação do

ano. O tipo de coloração mais usual das trutas adultas é o dorso castanho a cinzento

esverdeado, flancos acastanhados ou acinzentados (com manchas negras e vermelhas)

e ventre amarelado ou esbranquiçado (figura 3 e 4) (anexo II). As trutas pequenas jovens

são sempre mais escuras que as adultas (figura 3) (Pereira 1994).

Dependendo do seu habitat a truta de montanha pode atingir tamanhos de 20 cm, a de

rio 70 cm e a de lago 100 cm com pesos respectivamente de 200 g, 4 a 5 kg e 15 kg. Nas

nossas águas as dimensões mais frequentes situam-se entre os 20 e os 40 cm.

Embora já tenham sido capturadas trutas com 20 anos de idade a maioria vive menos

tempo. Em populações anádromas poucos peixes vivem mais que 10 anos (Jonsson

1991).

Figura 4 - Exemplo de coloração do flanco de uma truta fário. Truta nº 118, comp: 20,1 cm, peso: 98 g.

Figura 3 - Diferença de cor entre truta juvenil e adulta, trutas capturadas no rio Vez.

5

1.2.3. Distribuição e habitat

A truta fário (Salmo trutta morpha fario L. 1758) é indígena da Eurásia, sendo a sua

distribuição essencialmente restrita à Europa. A Este, estende-se até à Asia enquanto o

limite Sul são os Montes Atlas no Norte de Africa (Elliott 1994). O seu interesse social e

económico está no seu valor como alvo de pesca desportiva que incentivou a sua cultura

extensiva em muitos países europeus (Laikre et al. 1999). Consequentemente, a truta

fário também foi introduzida em pelo menos 24 paises fora da Europa, incluindo EUA,

Canadá e Austrália, bem como em vários países da América do Sul, Africa e Asia. A

maior parte destas introduções foram feitas no final no séc. XIX e primeira metade do

séc. XX, antes do conhecimento dos riscos biológicos da introdução de espécies exóticas

(MacCrimmon e Marshall 1968; MacCrimmon et al. 1970; Laikre et al. 1999). A truta fário

é exigente em termos de habitat e qualidade da água, como resultado este peixe é um

relevante bioindicador da qualidade das massas de água doce mundiais (Lagadic et al.

1998; Wood 2007).

Este salmonídeo está actualmente dividido em morfotipos de acordo com a sua presença

em diferentes ambientes. Assim, pode crescer, no mar e migrar para água doce para

reprodução (S. trutta morpha truta – truta marisca), viver em lagos (S. trutta morpha

lacustris) ou viver exclusivamente em água doce (S. trutta Morpha fario – truta fário)

(Laikre et al. 1999). Como resultado dessas capacidades de adaptação, a truta fário tem

colonizado com sucesso diversas massas de água (Elliott 1994; Klemetsen et al. 2003).

Existe controvérsia quanto à classificação taxonómica da espécie Salmo trutta tendo em

atenção os diferentes grupos morfológicos e genéticos identificados.

A truta é selectiva relativamente ao habitat que escolhe, essa preferência é

particularmente determinada pelas condições hidrodinâmicas. A ocupação do habitat

pelos peixes depende da sua espécie e tamanho. A truta prefere zonas com corrente e

profundas, áreas com corrente moderada a fraca e substratos rochosos. A profundidade

da água é considerada a variável de habitat mais importante para a truta (Heggenes

1996, 1999).

Com o aumento do tamanho a truta habita sucessivamente zonas de correntes mais

profundas que proporcionam áreas de melhor abrigo e espaço (Wesche et al. 1987)

existindo um forte correlação entre o tamanho da truta e o uso dessas zonas mas

profundas.

Trutas maiores em pequenas correntes evitam águas pouco profundas, grandes

gradientes de temperatura e correntes fortes (Heggenes 1996). Numa zona do rio mais

larga, é reportado que as trutas também são encontradas em zonas de corrente mais

6

forte (Kalstrõm 1977) este facto pode ser explicado por uma tendência de optimizar a

relação entre a profundidade e a velocidade da corrente (Shirvell e Dungey 1983).

A truta como peixe de águas vivas cansa-se por vezes da sua luta contínua contra a

corrente necessitando de um refúgio para se esconder, descansar ou escapar dos

predadores. O seu comportamento territorial predispõe-a a estabelecer um perímetro de

caça em redor do seu refúgio. Portanto o número de trutas num determinado trajecto será

proporcional à quantidade de alimento disponível e sobretudo à presença de refúgios

individuais.

1.2.4. Dinâmica populacional

O comportamento territorial é muitas vezes considerado como o principal mecanismo

que regula as populações de salmonídeos (Keeley 2001) sendo o tamanho do território o

factor que limita a sua abundância (Grant et al. 1998). Apesar de muitos factores como a

pressão de intrusos (Imre et al., 2004), abundância de alimento (Keeley 2000) ou o

isolamento visual (Imre et al. 2002), poderem afectar o tamanho do território dos

salmonídeos, estudos anteriores têm evidenciado que o tamanho é o melhor previsor

(Grant et al. 1989; Elliot 1990; Keeley e Grant 1995; Keeley e McPhail 1998).

As tácticas de vida da truta fário no rio Oir (Normandia, França) foram estudadas durante

5 gerações seguidas, 5900 indivíduos monitorizados entre 1995 e 2002. Os resultados

demonstraram que os traços dos ciclos de vida variam entre gerações, influenciados

principalmente pela variabilidade ambiental e pelo crescimento juvenil. Particularmente o

crescimento no segundo ano desempenha um importante papel na determinação do

ambiente de crescimento e as trutas apresentam um comportamento variável de

migração relacionado com a sua taxa de crescimento juvenil (Cucherousset et al. 2005).

1.2.4.1. Migrações

À semelhança de outras espécies de salmonídeos, a truta fário efectua migrações para

montante para a postura durante os seus ciclos reprodutivos, migrando para pequenos

afluentes ou para zonas mais a montante do rio principal (Libosvárský 1967, 1976; Ovidio

et al. 1998; Aarestrup e Jepsen 1998; Meyer 2001; Ovidio et al. 2004). O caudal do rio, a

temperatura, a luminosidade, a precipitação, em conjunto com as suas inter-relações, são

frequentemente citados como factores que actuam como mecanismos de

desencadeamento para ciclos de reprodução e que influenciam a duração das migrações

7

para a postura (Libosvárský 1974; Arnekleiv e Kraabol 1996; Jonsson 1991; Jonsson e

Jonsson 2002; Rustadbakken et al. 2004).

Na Finlândia as migrações para reprodução podem-se estender por centenas de

quilómetros. Muitos autores estudaram estas migrações usando radiotelemetria (Gerlier e

Roche 1998; Ovidio et al. 2002; Ovidio e Philippart 2002; Monet e Soares 2001; Aarestrup

et al. 2002; Knouft e Spolita 2002).

Nos rios a truta pode modificar as suas estratégias de movimento dependendo do

desenvolvimento ontogénico (Solomon e Templeton 1976; Elliott 1994) e como resposta

ao ambiente externo (Ovidio et al. 1998; Young 1999; Burrell et al. 2000). Movimentos

maiores (>200m) podem ser comuns em mudanças de zona de vida entre a Primavera e

o Outono (Clapp 1990) e é comum na reprodução (Solomon e Templeton 1976; Ovidio et

al. 1998; Burrell et al. 2000).

Na Noruega a migração para postura e o retorno ao local postura foi analisado usando

telemetria.Vinte e oito trutas grandes entre os 37 e 64 cm foram marcadas durante e após

a postura no Rio Nea. Foram observados dois comportamentos de migração, cerca de

metade (57 %) das trutas deslocaram-se muito pouco e permaneceram nas zonas mais

profundas do rio, a outra metade (43 %) das trutas migraram maiores distâncias (12,5-28

km) pelo rio acima antes de postura. Sendo presumido que estas últimas trutas

pertencem a uma população de trutas migrantes que usam a parte superior do rio para

postura. Neste estudo não foi detectada nenhuma diferença significativa entre o tamanho

das trutas que migram e as que permanecem no mesmo local e entre os machos e as

fêmeas das trutas que migram. Entre as trutas que migram não foi encontrada correlação

entre o tamanho e a distância percorrida (Arnekleiv et al. 2004). Pelo contrário noutros

estudos de salmonídeos a distância de migração está muitas vezes correlacionada com o

tamanho do peixe sendo que a distância percorrida aumenta com o tamanho (Shaffer e

Elson 1975; Scarnecchia 1983; L´Abée-Lund 1991).

Em 2003, 20 trutas fário foram rádio etiquetadas no rio Oulankajki na Finlândia na sua

migração para as zonas de postura para examinar os seus movimentos, habitat e a sua

zona de repouso no Inverno. A distância média mínima diária estimada antes da postura

foi de 348 m, durante a postura, em Setembro, foi de 208 m. No Inverno os peixes

estiveram menos moveis, a média mínima diária foi de 53 m. Durante a postura os peixes

eram frequentemente encontrados em zonas rápidas e em zonas de transição rápidas

dos poços. No Inverno as trutas encontravam-se quase totalmente em zonas mais fundas

das poças. Na Primavera os peixes migraram para jusante durante duas semanas,

deslocando-se uma média de 2062 m por dia (Saraniemi 2008).

8

Os custos energéticos da migração, postura e construção de ninhos são altos (Jonsson

et al. 1997; Hendry e Berg, 1999) e as actividades de postura aumentam a suscetibilidade

à predação (Carss et al., 1990).

Das espécies da família Salmonidae, S. trutta caracteriza-se por ser a que apresenta

maior diversidade ecológica, quer entre diferentes populações quer entre indivíduos da

mesma população (Elliot 1994).

1.2.4.2. Postura

A truta atinge a maturidade sexual entre 1 e os 10 anos (Klemetsen et al. 2003). Os

machos podem atingir a maturidade com menos de 10 cm e um ano de idade (Dellefors e

Faremo 1988). Em 17 rios da Noruega os comprimentos médios de machos (residentes)

maduros situaram-se entre os 16 e os 24 cm (Jonsson et al. 2001).

A diferença nas idades de maturação entre sexos parece ser genética e independente

da taxa de crescimento. Perante as mesmas condições artificiais machos e fêmeas

imaturos crescem á mesma taxa, mas as fêmeas maturam mais tarde (Jonsson 1989).

Para as mesmas condições ecológicas, o crescimento somático é maior normalmente

em pequenas densidades, o que pode influenciar tanto a mortalidade como a

fecundidade (Jenkins et al. 1999; Nordwall 2001).

Os factores que podem influenciar o sucesso reproductivo e a sobrevivência dos

salmonídeos são as características físicas dos habitats (substrato e temperatura), as

características hidrológicas (fluxo e velocidade), a competição intra e interespecífica e as

oportunidades de postura (Wootton 1990; Diana 2003; Klemetsen et al. 2003). Quando

existe competição pelos locais de postura esta pode impedir os indivíduos de

selecionarem os melhores locais e forçar alguns a utilizar áreas menos adequadas (Curry

e Noakes 1995). Na postura, as populações de truta de rio escolhem locais com

profundidades entre 6 e 82 cm, velocidades de corrente entre 6 e 80 cm.s-1, temperaturas

entre os 3 e os 11ºC e granulosidade do substrato entre 2 e 256 mm (Ottaway et al. 1981;

Shirvell e Dungey 1983; Witzel e MacCrimmon 1983; Crisp e Carling, 1989; Grost et al.

1990; Essington et al. 1998). De acordo com alguma literatura a truta efectua a postura

geralmente com a temperatura da água entre os 2 e os 6ºC (Elliot 1994), num estudo da

Finlândia a postura ocorreu entre os 9 e os 12ºc e num estudo em Portugal no rio

Estorãos (afluente do rio Lima) o período da postura ocorreu entre valores de

temperatura de 9 e 13ºC (Pires 2003). Nas trutas a fêmea efectua a postura durante 1 a 3

dias (Evans 1994). Cada fêmea constrói um ninho na gravilha contendo 2 a 5 lotes de

postura que são fertilizados pelo macho (Elliot 1984).

9

É largamente reconhecido que os salmonídeos modificam a composição da zona de

postura retirando sedimento fino do ninho durante a postura (Kondolf et al. 1993),

preferindo pequena gravilha para a reprodução (Kondolf e Wolman 1993). A truta enterra

os seus ovos numa depressão no leito do rio (Ottaway et al. 1981; Crisp e Carling 1989;

Grost et al. 1991). As cheias podem causar grandes perdas durante o período de

incubação arrastando os ovos da gravilha (McNeil 1966; Elliott 1976) ou impedindo a

sobrevivência dos alevins através do deslocamento corrente abaixo ou por mortalidade

directa (Heggenes e Traaen 1988). Quando a temperatura subitamente decresce o

número de peixes migrantes normalmente diminui estes migram outra vez após um

aumento rápido da temperatura (Libosvársky 1967, 1976).

Muitos rios no Sul da Inglaterra são importantes zonas de pesca aos salmonídeos, em

particular da truta fário. Vários laboratórios e experiências de campo têm demonstrado

que a presença de grandes quantidades de sedimentos finos nas gravilhas onde as trutas

desovam tem um efeito negativo na sobrevivência dos embriões incubados (Turnpenny e

Williams 1980; Olsson e Person 1988). A deposição destas pequenas partículas nas

zonas de postura como resultado das descargas provenientes de terras agrícolas é

apontada como uma das principais razões para o declínio dos salmonídeos no Reino

Unido (Acornley 1999).

Num estudo sobre a migração para postura da truta fário de uma barragem na Republica

Checa para o rio Moravka no Outono (Outubro-Novembro), mostrou as seguintes

características: demorou 22, 24 e 27 dias respectivamente nos anos 2002, 2003 e 2004.

Em 2002 foram capturadas 187 trutas enquanto em 2003 foram capturadas 447

espécimes e em 2004, 2230 trutas. Na postura, os machos eram significativamente

maiores que as fêmeas. Em 2002 migraram mais fêmeas que machos, a diferença de

sexos nas épocas seguintes não variou significativamente da proporção 1:1. A migração

começou nas condições de aumento do nível da água e de diminuição da temperatura

abaixo dos 8ºC na lagoa. O pico da postura, nas 3 épocas ocorreu entre 28 de Outubro e

3 de Novembro e a temperatura da água do rio variou entre 6 e os 8ºC. A postura em

2002 foi mais nocturna (entre 8:00 p.m. até 6:00 a.m.) do que diurna. Não se notou uma

diferença significativa entre a migração diurna e a migração nocturna em 2003, 2004

(Piecuch 2007).

Libosvársky (1967, 1974) monitorizou durante 3 anos a duração da postura da truta entre

Setembro e Dezembro, notando que o pico de postura ocorreu entre 20 de Outubro e 10

de Novembro.

Noutro estudo na Noruega o movimento de 34 trutas grandes (39-73 cm) foi

monitorizado usando telemetria durante 74 dias num pequeno rio Norueguês (Brumunda)

10

que desagua no lago Mjosa. A distância máxima percorrida no rio foi de 20 km. Nesse

estudo não foi encontrada nenhuma relação entre o movimento individual e o fluxo de

água. A postura ocorreu entre Setembro e Outubro e os indivíduos marcados estiveram

entre 2 e 51 dias nas zonas de postura (Rustadbakken 2004).

Tem sido demonstrado que a latitude está relacionada com diversos traços dos ciclos de

vida como o crescimento, a idade de maturação e a longevidade (Jonsson e L’Abée-Lund

1993). O factor mais importante, responsável por essas variações é provavelmente a

temperatura da água (Elliott 1982). Assim a latitude influencia o período de postura,

verificando-se mais cedo nas altas latitudes devido à temperatura mais baixa, seguindo-

se um período de incubação mais longo (Klemetsen et al. 2003).

O potencial reprodutivo das fêmeas é determinado pelo número e qualidade dos seus

ovos, ovos maiores produzem descendentes maiores, que crescem e competem melhor

pelos recursos alimentares (Elliot 1994). De entre os factores que influenciam o tamanho

dos ovos, o tamanho da fêmea é o mais importante, pois a quantidade de energia

disponível para a produção de ovos e a capacidade de acomodação da cavidade

abdominal aumentam (Jonsson e Jonsson 1997,1999)

1.2.4.2.1. Comportamento reprodutivo no local de postura

Descrição de uma sequência típica de acasalamento (Jones e Ball 1954):

A fêmea explora o sedimento, efectuando algumas escavações.

Alguns machos lutam, assumindo um a dominância, a fêmea é cortejada.

O macho repele outros machos ou fêmeas que se tentam introduzir no

local,enquanto a fêmea avalia o estado da depressão através da barbatana anal e

dasbarbatanas pélvicas.

Quando a depressão atinge aproximadamente 7 a 8 cm a fêmea coloca-se dentro

dela,o macho junta-se e ambos vibram para que os ovos e o esperma sejam

expulsos.

Em seguida a fêmea move-se para montante e executa rápidas escavações

deslocando o cascalho, que assim cobre os ovos.

O processo pode ser repetido várias vezes e cada ninho pode conter várias

posturas.

Os casais de salmonídeos raramente estão sozinhos nos locais de postura pelo que a

competição é intensa. Os machos disputam intensamente a possibilidade de fecundarem

uma postura e defendem o território de reprodução. Por outro lado as fêmeas competem

pelas áreas postura (Beall 1994, Petersson et al. 1999).

11

As fêmeas têm o tempo de reprodução limitado pela viabilidade dos ovos, enquanto que

os machos têm um período de reprodução mais prolongado. Este facto aliado à

dessincronização do tempo de maturação das fêmeas, origina muitas vezes uma

proporção desequilibrada entre géneros, existindo assim um grande número de machos

(Beal 1994). Os machos apresentam assim dois tipos de estratégia ou lutam pela

dominância ou tentam reproduzir-se sem ou outros darem por isso. Podemos distinguir

assim três tipos de machos (Beall 1994, Beall e de Gaudemar 1999):

Os machos dominantes – Estabelecem um território em redor da fêmea e

protegem-no.

Os machos satélites – Posicionam-se atrás do macho dominante, pondo por

vezes em causa a sua dominância, cortejando a fêmea e partilhando a postura

com o macho dominante (Jones e Ball 1954, Beall 1994).

Os machos furtivos – Geralmente de tamanho inferior, posicionam-se atrás dos

machos satélites, raramente participam na corte, mas podem participar na

fecundação, intrometendo-se dissimuladamente no ninho (Beall e de Gaudemar

1999).

O peso de uma truta residente que atingiu a maturidade pode variar entre os 75 a 100 g

enquanto que uma truta anádroma que regressa para a postura pode atingir os 5 kg

(Elliott 1994).

1.2.5. Ecologia Alimentar

A truta é um excelente organismo modelo para analisar factores que explicam hábitos

alimentares pois a sua ecologia foi extensivamente estudada em muitos locais. Estes

estudos reportam uma grande variação na composição da dieta entre populações (García

de Jalón e Barceló 1987; Kara e Alp 2005). Alguns estudos salientam a importância dos

organismos arrastados pela corrente na dieta da truta (Elliott 1967, 1970), enquanto

outros reportam a grande contribuição do macrobentos (Neveu 1980; García de Jalón e

Barceló 1987). Outra fonte de variação na dieta da truta está relacionada com o seu peso

individual (Neveu e Thibault 1977; López-Álvarez 1984). É usualmente aceite que a dieta

varia de acordo com o tamanho (Elliott 1967; López-Álvarez 1984; Steingrímsson e

Gíslason 2002; Kara e Alp 2005) embora alguns estudos defendam que a partir do

segundo ano de idade as diferenças na dieta sejam mínimas (Vollestad e Andersen

1985). A dieta da truta também varia sazonalmente (López-Álvarez 1984; Fochetti et al.

2003).

12

A alimentação oportunistica sobre um leque variado de invertebrados de vários

tamanhos e taxa é considerada a norma para a truta adulta em rios de corrente livre

(Elliott 1973; Ringler 1979; Bachman 1984). A truta em muitos sistemas aquáticos

necessita de ”inputs” externos de invertebrados terrestres, particularmente durante o

verão, para satisfazer as suas necessidades energéticas (Nakano et al. 1999; Kawaguchi

e Nakano 2001). Foi demonstrado que a truta fário piscívora tem um crescimento maior

que a truta não piscívora tanto em laboratório (Elliott e Hurley 2000) como em estudos de

campo (Grey 2001).

Os regimes de temperatura e fluxo dos rios exercem um grande controlo sobre a

distribuição e abundância dos invertebrados disponíveis para os salmonídeos (Waters

1969; Benke et al. 1988; Richardson 1993) bem como sobre o balanço energético dos

salmonídeos (Smith e Li 1983).

Pequenas trutas alimentam-se principalmente de larvas de insectos, quironomídeos

(Díptera) em particular mas também podem alimentar-se de outors artrópodes. Com o

aumento de peso estas alimentam-se gradualmente de presas maiores como larvas de

insectos pertencentes aos grupos Ephemeroptera, Plecoptera, Simuliidae e Trichoptera

(Jonsson e Gravem 1985; Haraldstad et al. 1987; Neveu 1999; Rincón e Lobón-Cerviá

1999; Steingrimsson e Gislason 2002).

Num estudo em dois rios do Nordeste de Portugal, durante o Verão, nos anos 2000,

2001 e 2002 as trutas do ano alimentaram-se predominantemente das presas aquáticas

mais disponíveis pertencentes às ordens Díptera e Ephemeroptera não sendo

encontrados insectos da ordem Trichoptera nos conteúdos estomacais (Teixeira 2006).

Num estudo em Espanha no rio Tormes as presas aquáticas constituíram 87,99 % do

total do conteúdo estomacal sendo 56,01 % da família Baetidae, 9,09 % Simuliidae, e

6,17 % Ephemeroptera. Por outro lado a selecção do alimento esteve mais relacionada

com a acessibilidade às presas do que com a abundância e tamanho do alimento no

meio (Hernández 2010).

Os hábitos alimentares e composição nutricional da dieta da truta fário nas zonas mais

altas dos rios Ceyhan e Euphrates na Turquia foram investigados durante um ano, pela

análise dos conteúdos estomacais de 611 espécimes. A análise das variações mensais

do conteúdo estomacal indicou que a actividade alimentar foi mais alta entre Fevereiro e

Junho do que entre a época de postura de Novembro a Janeiro. Um total de 42 taxa

foram identificados na dieta, sendo organismos representativos dos grupos de

Coleoptera, Trichoptera, Ephemeroptera, Plecoptera, Malacostraca, Díptera, Araneidae,

Odonata, Gastropoda, Acridae, Acarii, Heteroptera, peixes e ovos de peixe. O índice de

importância relativa revelou que 5 tipos de alimento em conjunto constituíram mais de 90

13

% da dieta, sendo as mais importantes Gammarus sp. (49,72%), Hydropsychidae

(14,61%), uma espécie não identificada de Díptera (9,21%), Nemoura sp. (8,98%) e

Isoperla sp. (6,90%) (Kara e Alp 2005).

Outros estudos sobre a dieta dos salmonídeos demonstraram que durante o Verão os

invertebrados terrestres podem constituir mais que 50% do total da biomassa da dieta

(Zadorina 1988; Bridcut e Giller 1995; Wipfli 1997; Nakano et al. 1999 a,b; Webster &

Hartman 2005).

Segundo alguns estudos, devido aos salmonídeos serem predominantemente

predadores visuais, estes detectam as presas melhor e têm taxas de consumo maiores

durante o dia do que durante a noite (Mcintosh e Townsend 1995; Fraser e Metcalfe

1997), assim espera-se que os salmonídeos sejam predominantemente activos durante o

dia no Verão (Bisson 1978; Allan 1981; Walsh et al. 1988; Angradi e Griffith 1990; Young

et al. 1997). Outros estudos têm demonstrado que os salmonídeos são crepusculares

(Eriksson 1978; Sagar e Glova 1988; Riehle e Griffith 1993) ou mesmo nocturnos no

Verão (Elliott 1973; Adams et al. 1988; Gries et al. 1997). Segundo Eriksson (1978) a

truta é um peixe crepuscular, com a máxima actividade ocorrendo ao amanhecer e ao

anoitecer. A atividade no crepúsculo é provavelmente benéfica em termos de

recompensa alimentar pois a densidade de deriva de insectos tipicamente aumenta neste

período do dia mantendo-se elevada durante a noite (Waters 1972; Brittain e Eikeland

1988).

A alimentação de trutas de idade 1+ num rio de terceira ordem no norte da Finlândia foi

geralmente maior no crepúsculo e nas horas à volta do meio-dia (Kreivi et al. 1999).

1.2.5.1. Tamanho das presas

Para peixes predadores de qualquer tamanho, uma tamanho óptimo de captura é

assumido existir, acima do qual as presas se tornam mais difíceis de capturar e abaixo do

qual a captura se torna menos rentável (Hart e Connelan 1984; Nilsson e Bronmark 2000;

Turesson et al., 2002; Dorner e Wagner 2003). O tamanho do peixe predador e o

tamanho da sua boca aberta estabelece o limite para o tamanho máximo das presas

(Wankowski 1979; Hambright et al. 1991), mas muitos predadores preferem presas

menores do que o tamanho máximo estabelecido pela abertura da boca (Damsgard 1995;

Olson 1996; Nilsson e Bronmark 2000) para maximizar a energia ingerida por unidade de

tempo (Wankowski e Thorpe 1979; Townsend e Winfield 1985; Turesson et al. 2002).

Keeley e Grant (2001) concluíram que 30 cm é tamanho a partir do qual as trutas se

tornam predominantemente piscívoras, e este facto não difere significativamente entre

14

habitats. Em pequenos rios e lagos (áreas<10 km2) a truta raramente atinge

comprimentos totais de 30 cm e são principalmente insectívoras (Hunt e Jones 1972;

Campbell 1979; L’Abee-Lund et al. 1992; Kreivi et al. 1999). Ao contrário, em grandes

áreas (500-1500 km2) na Escandinávia e na Russia as trutas podem atingir tamanhos

entre os 50 e os 90 cm (Toivonen 1972; Huusko et al. 1990; Vehanen 1995). Como a

truta piscivora é capaz de se alimentar de uma grande variedade de espécies de peixe

(Campbell et al. 1979; L’Abee-Lund 1992; Naesje et al. 1998) pode provavelmente mudar

a espécie alvo, quando a disponibilidade e estrutura de tamanhos das populações de

peixes alvo flutua.

1.2.6. Crescimento

Os salmonídeos demonstram uma grande variabilidade de crescimento e tamanhos

entre as populações, principalmente como resposta a diferentes condições ambientais

(L’Abée-Lund et al. 1989; Elliott 1994; Lobón-Cerviá 2000; Nislow 2001; Jonsson et al.

2001; Klemetsen et al. 2003; Nicola e Almodóvar 2004).

As condições de alimentação em rios podem mudar rapidamente devido a flutuações em

factores abióticos como o caudal, turbulência e luz, bem como devido a factores bióticos

como por exemplo a eclosão de invertebrados aquáticos ou terrestres (Sweeney e

Vannote 1982).

O crescimento de trutas pequenas é influenciado por muitos factores ambientais

incluindo o estatuto social (Elliott 1994). Estudos em laboratório sugerem que as

pequenas trutas dominantes têm acesso prioritário a recursos limitados (Johnsson et al.

2006). Na natureza estas pequenas trutas dominantes também demonstram crescer mais

que as subordinadas (Höjesjö et al. 2002).

A variação espacial de crescimento em trutas fário foi estudada em 13 populações de

1993 a 2004 em rios da baia do Golfo da Biscaia. A grande variabilidade no comprimento

furcal (CF) na área de estudo foi semelhante ao intervalo de tamanho encontrado em

toda a distribuição Europeia. O CF variou: para 0+ entre 57,4-100,7 mm; para 1+ entre

111,6-176,0 mm; para 2+ entre 155,6-248,4 mm e para 3+ entre 194,3-290,9 mm. A

média do CF por idade foi maior nos cursos principais e ribeiros mais a montante quando

comparado com pequenos afluentes e ribeiros mais a jusante. Modelos de regressão

mostraram que a temperatura da água e a altitude foram os factores mais determinantes

do CF por idade na área de estudo (Parra 2009).

A idade e o crescimento de 509 trutas fário foram analisados no rio Çoruh, na Turquia

entre Janeiro de 2001 e Dezembro 2001. A idade variou entre os 0 e os 7 anos e o ratio

15

macho:fêmea foi 1:1,05. O comprimento furcal e o peso das trutas variou entre 6,9 e 22,1

cm e entre 4,9 e 158,5 g para os machos, e entre 6,8 e 26,1 cm e entre 4,3 e 211,9 g

para as fêmeas, respectivamente. A maior taxa de crescimento específico ocorreu entre a

idade de 1 e 2 anos para ambos os sexos (Yilririm e Arslan 2007).

1.2.6.1.Temperatura

Uma variável fundamental do ciclo de vida da truta é a temperatura (Jonsson e Jonsson

2009) sendo consequentemente a truta um bioindicador das alterações climáticas. A

temperatura da água é considerada o factor ambiental mais relevante no crescimento da

truta (Elliott 1994) afectando tanto o crescimento como o período de tempo de cada fase

de vida (Webb e Mclay 1996).

Embora tenham sido feitas varias tentativas para estabelecer a temperatura óptima de

crescimento, os autores têm encontrado diversos valores para diversas latitudes (Elliott

1975a,b; Jensen 1990; Forseth e Jonsson 1994; Elliott et al. 1995). Igualmente a

amplitude térmica que permite o crescimento parece variar entre populações (Elliott et al.

1995; Ojanguren et al. 2001; Vøllestad et al. 2002). Para o crescimento a temperatura

mínima crítica situa-se entre os 3-6ºC e a temperatura máxima crítica está entre os 25-

26ºC. A temperatura óptima para crescimento está entre os 13 e os 18ºC aumentando

com o aumento da ingestão de alimento (Elliott e Hurley 2000; Ojanguren et al. 2001)

1.2.7. Estatuto e conservação da espécie

Barragens hidroelétricas e represas reduzem os fluxos de água nos rios, interrompendo

os movimentos longitudinais, verticais e transversais dos peixes e afectando

consequentemente a reprodução natural e as deslocações entre habitats (Jungwirth et al.

1998; Peter 1996; Kubecka et al. 1997; Rivinojaa et al. 2001). Nas trutas fário as

populações muitas vezes consistem em pequenas trutas residentes e indivíduos

migrantes maiores (Jonsson 1989; Hindar et al. 1991; Northcote 1992; Jonsson and

Jonsson 1993b). Se as áreas críticas (habitat de postura, habitat de Inverno, habitat de

alimentação) ficarem separadas por barreiras artificiais, as populações de peixe locais

podem diminuir rapidamente (Hauser et al. 1991; Hindar et al. 1991; Northcote 1992;

Peter 1996).

16

A decisão entre anadromismo e sedentarismo em água doce é um exemplo da

plasticidade fenotípica e comportamental e é influenciada por factores genéticos e

ambientais (Jonsson e Jonsson 1993b; Klemetsen et al. 2003).

Esta espécie é importante para a pesca desportiva em Espanha, e está atualmente

ameaçada pela poluição, destruição de habitats, introdução de espécies exóticas,

sobrepesca e introdução de genes não autóctones causada por repovoamentos (Elvira

1995; Almodóvar e Nicola 1998, 1999, 2004; Machordom et al. 1999; Almodóvar et al.

2001, 2002, 2006; Elvira e Almodóvar 2001).

A preocupação com a conservação e reabilitação de populações de salmonídeos está a

crescer (Dodoson et al 1998; Crivelli 2000; Hallerman 2003; Caudron 2006).

Truta marisca - Forma migradora anádroma, considerada em Portugal como

rara e pouco abundante apresentando um estatuto de conservação de

criticamente em perigo. Encontra-se em Portugal nas bacias hidrográficas do

Minho, Âncora e Lima.

Truta fário - É frequente em Portugal nas bacias hidrográficas dos Rios

Minho, Lima, Cávado, Ave, Douro, Vouga e Mondego e na região Noroeste

da bacia do rio Tejo. Apresenta um estatuto de conservação de pouco

preocupante (Cabral et al 2006, Aquariport 2007, AFN 2012).

1.2.8. Determinação da idade de peixes em populações selvagens

1.2.8.1. Escamas

As escamas são frequentemente usadas para estimar a idade de peixes (Jearld 1983;

Baglinière e Le Louarn 1987). Em espécies de salmão e truta, a leitura de escamas é

considerada um método fiável e útil para estimar a idade (Baglinière 1985; Richard e

Baglinière 1990). Num estudo em França a idade estimada através da análise das

escamas foi comparada com a idade real de peixes recapturados e etiquetados na idade

0+. Um total de 375 peixes foram analisados e a percentagem média de erro na análise

das escamas foi de 6,4 %. A taxa de erro subiu com o aumento da idade. Não foi

encontrada diferença estatística entre a idade real e a idade estimada através das

escamas, confirmando a fiabilidade da leitura de escamas para estimar a idade (Rifflart

2006).

As escamas são elementos de fácil obtenção, basta uma ligeira raspagem com um

bisturi e é possível retirarem-se escamas sem causar lesões no peixe. É conveniente a

colheita de um número suficiente destas estruturas porque, por vezes, muitas são de

17

regeneração. Estas últimas apresentam um núcleo amorfo, resultante dum rápido

crescimento pois vieram ocupar o lugar de outras escamas que por razões diversas

acabaram por soltar-se. As escamas devem ser obtidas ligeiramente acima da linha

lateral e próximo da região média do corpo.

A identificação da idade é feita através da observação de alguns aspectos:

1 - O método mais utilizado é o distinguir as zonas formadas por um conjunto de

estrias (circuli) mais próximas entre si, formando um anel de Inverno ou anel de

abrandamento de crescimento das zonas com círculos mais afastados devido a um

crescimento mais rápido (anel de Verão). No caso da truta, é importante ter em conta a

ocorrência dum erro frequente devido à pouca evidência do primeiro “annulus” que é

delimitado pelos primeiros 7 “circuli” (Abad 1982).

2 - Por vezes os “circuli” tornam-se descontínuos, fundem-se entre si ou

encontram-se erodidos. Como este tipo de “annulus” ocorre todos os anos, e é evidente

quando se observam as escamas, é pois um indicador da idade do peixe.

3 – A existência de um “annulus” pode ser evidenciada por deformações

específicas, como curvaturas, com características próprias de cada espécie, de algum ou

alguns “circuli” (Cortes e Ferreira 1993).

1.2.8.2. Otólitos

Os otólitos são estruturas calcificadas localizadas na cabeça, no interior do ouvido

interno que, embora envolvendo técnicas de preparação mais elaboradas, são também

utilizados para a determinação da idade. Dos três otólitos existentes em cada lado,

apenas o maior (geralmente o sagitta) é usado. Estas estruturas permitem a

determinação da idade por serem constituídas por sucessivas camadas de material

opaco (anéis), formados durante a época em que a temperatura é mais elevada,

separados por outras de material translúcido correspondente ao período do Inverno,

quando vistas com luz transmitida (Cortes e Ferreira 2003).

1.2.9. Outros estudos

1.2.9.1. Rio Lima

Todos os afluentes do rio Lima são considerados rios de salmonídeos. Como resultado

de pesca intensiva alguns dos afluentes estão sujeitos a regulamentação especial. Num

estudo as populações de 6 afluentes (Vade, Estorãos, Trovela, Labruja Tamente e

18

Froufe) foram caracterizadas. A partir Setembro de 1995 foram realizadas pescas

elétricas todos os 3 meses no rio Vade (4 locais), Estorãos (2 locais) e Trovela (1 local) e

uma amostra anual dos rios Labruja, Tamente e Froufe. A truta fário foi a única espécie

de peixe presente em todos os pontos de amostragem, representando mais de 50% do

total de capturas. As densidades de trutas variaram ao longo dos rios e entre os rios

amostrados. Os valores médios foram sempre superiores a 10 ind/100 m2 mas em alguns

locais densidades de 20 ind/100 m2 foram encontradas. A média da biomassa foi 285,5

gFW/100 m2 sendo a sua amplitude de 23,04 a 727,04 gFW/100 m2. A estrutura da

população encontrada foi na sua maioria de trutas 0+ e 1+, embora trutas 5+ a 7+ fossem

capturadas (Maia 1999).

A população de truta do rio Estorãos caracteriza-se por apresentar uma população com

densidades variáveis (Maia e Valente 2002), elevadas nas zonas a montante e muito

baixas nas zonas a jusante, e exibindo um crescimento geralmente fraco, principalmente

constituída por indivíduos de idades 0+, 1+, 2+ e 3+, sendo as duas primeiras classes de

idade mais representativas (Valente 1993, Maia e Valente 2002).

Noutro estudo sobre o rio Lima em 2001 e 2002 foi analisado o comportamento

reprodutor de trutas no rio Estorãos. O período reprodutor iniciou-se a 4 de Janeiro de

2002 e prolongou-se até 3 de Fevereiro. O aumento de caudal nos dias anteriores a 4 de

Janeiro parece ter sido o factor desencadeador das actividades reprodutoras (Pires

2003).

1.2.9.2. Rio Vez

O leito do rio Vez é constituído por substratos predominantemente grosseiros e nas

margens são comuns os amieiros, freixos e salgueiros.

Num estudo realizado em duas fases (Março e Abril, e Junho) no rio Vez foram

amostrados 16 troços do rio sendo feita pesca eléctrica para caracterização das

populações piscícolas. A truta fário (33,7 %), boga (20,6 %) e a enguia (18,6 %) foram as

espécies mais encontradas nos vários troços amostrados. Em relação ao factor de

condição K (médio), este valor aumentou em média da nascente até à foz. O índice K

médio calculado foi 0,845 (0.65/1,20), o valor do comprimento médio das trutas foi de

12,3 cm e o valor do peso médio foi 22,4 g. A truta apresentou uma ligeira falta de

robustez.

Das 253 trutas amostradas, 98 trutas tinham a idade 0+ (7,52 cm), 62 a idade 1+ (12,75

cm), 82 a idade 2+ (16,59 cm) e 9 trutas a idade 3+ (20,81 cm) (Vieira 2011)

19

1.3. Pesca desportiva/lúdica

A pesca de caracter recreativo constitui uma área importante de utilização de recursos

biológicos naturais e da gestão dos recursos aquáticos. Como utilizadores esclarecidos

destes recursos, os pescadores recreativos têm um papel preponderante na sua defesa e

conservação, desempenhando uma função importante na sensibilização de toda a

comunidade para a necessidade de protecção e utilização racional do património

aquícola. Como tal, devem adoptar códigos de conduta consistentes com uma ética de

conservação dos recursos, assumindo a educação um papel de grande importância, pois

actua como motor para mudança de atitudes (Ferreira 2010)

A importância socio-económica da pesca desportiva está bem documentada (Linlokken

1995; Peirson et al. 2001; Ross e Loomis 2001; Wedekind 2001; Arlinghaus e Mehner

2002; Cooke e Cowx 2006) e normalmente o benefício económico para as regiões locais

aumenta com o aumento do número de pescadores (Wedekind et al. 2001), mas este

aumento do esforço de pesca pode causar uma menor densidade de peixes ou

alterações na sua abundância. Nestas áreas sujeitas a pesca intensiva, a gestão da

pesca, especialmente o repovoamento tem um importante papel a desempenhar

(Arlinghaus et al. 2002). Contudo, o repovoamento também tem impacto em stocks

selvagens (Cowx 1994; Ham e Pearsons 2001).

A truta fário tem uma grande importância socio-económica, tanto na pesca comercial

?como na desportiva e é frequentemente usada como atracção turística (Aas et al. 2000;

Butler et al. 2009), sendo o alvo mais importante e popular da pesca desportiva na

Europa (Almodóvar e Nicola 1998).

Num estudo na Alemanha verificou-se que o esforço de pesca aumentou após o

repovoamento, aumentando assim o impacto da pesca desportiva nos stocks selvagens.

O repovoamento com trutas fário adultas só diminui o impacto da pesca sobre trutas

selvagens se o tempo despendido na pesca por todos os pescadores se mantiver estável

(Baer et al. 2007).

Em Espanha o número de licenças tem vindo gradualmente a aumentar de 27.000 em

1950 para 850.000 em 2004, aumentando cada vez mais a procura por mais peixe.

(Almodóvar e Nicola 1998; Almodóvar et al. 2002).

As populações de truta estudadas num estudo em Espanha apresentaram uma

dominância das idades entre os 0+ e o 2+ e um máximo de longevidade entre 4 e 5 anos.

As populações da truta fário estão sobre exploradas como resultado de actividades de

gestão ineficazes e a sua singularidade genética está ameaçada pela intromissão de

genes não autóctones devido ao repovoamento. A pesca desportiva intensa tem

20

diminuído a idade média, a diversidade de idades e o número de trutas que excedem o

tamanho mínimo de captura. Muitas áreas exploradas demonstram um decréscimo geral

na abundância e na produção bem como uma diminuição no stock produtivo e

fecundidade da população. O tamanho mínimo de captura reduz as hipóteses de sucesso

na postura de populações de crescimento rápido devido à suscetibilidade à pesca

desportiva. Os efeitos da gestão da pesca desportiva na dinâmica da população,

produção e características dos ciclos de vida exibem diferentes efeitos nos rios em

Espanha e parecem depender das características ambientais e biológicas das

populações. O actual declínio da truta fário pode ser reduzido com um regulamento

específico para cada rio e por normas de pesca alternativas (Almodóvar e Nicola 2004).

Muitos indícios têm sugerido que as populações de truta fário na Suíça estão em risco.

Os registos dos pescadores indicam uma diminuição das capturas em cerca de 50%

desde 1980 (Friedl 1999).

Estudos na Galiza apresentaram dados de densidade, biomassa e produtividade de

1182 trutas/ha; 68,3 kg/ha e 37,2 kg/ha.ano para zonas de pesca desportiva com

extracção e 3135,1 trutas/ha; 208,2 kg/ha; 144,2 kg/ha.ano para zonas vedadas à pesca

(Almodôvar 2001). Contudo estudos realizados noutros rios do Norte de Espanha não

detectaram uma redução na abundância nas populações devido ao efeito da pesca

desportiva (Brana et al 1992).

A pesca é designada desportiva ou lúdica quando é praticada como distração e

profissional quando é praticada com fins lucrativos (ARH 2012)

1.3.1. Potencialidades da pesca desportiva em Portugal

- Boas condições de pesca na maioria dos rios.

- Grande percentagem de rios salmonídeos ainda pouco poluídos.

- Existência de um grande número de Associações e Clubes.

- Crescente apetência dos agentes locais e regionais (públicos e privados) para um

melhor desenvolvimento do sector.

- Grande número de sucessos desportivos a nível de clubes e nações em provas

internacionais.

- Investimento económico em materiais de pesca desenvolvidos com recurso a novas

tecnologias.

- Integração de uma percentagem significativa de pescadores oriundos das zonas mais

urbanas da região em modelos de ordenamento piscícola.

- Aproveitamento de incentivos financeiros para investimento no sector.

21

- Progressiva formação e profissionalização de pescadores e agentes do sector.

- Maior participação na organização de eventos desportivos de alta competição nacionais

e internacionais estabelecendo ligações com outros sectores económicos.

1.3.2. Caracterização da pesca desportiva dirigida à truta

1.3.2.1. Pesca com iscos naturais

A utilização de iscos naturais na pesca aos salmonídeos é a mais praticada pelos

pescadores desportivos, apesar de nos últimos anos ter sido progressivamente

abandonada. Hoje em dia é principalmente utilizada por pescadores ribeirinhos. Nesta

técnica o isco mais utilizado é a minhoca de terra, nos meses mais frios, e os insectos

terrestres nos meses de maior calor. A pesca com minhocas tem maior eficácia no início

da temporada de pesca (Março a Junho) quando os rios estão turvos, logo após as

chuvas.

A legislação portuguesa proíbe a utilização de larvas naturais nas águas salmonídeas,

pois esta prática impede muitas vezes que as trutas pequenas sejam devolvidas à água

em boas condições de sobrevivência.

Os pescadores utilizam normalmente canas de dimensão variável que muitas vezes

chegam aos 4 ou 5 metros, utilizam uma ou mais minhocas no anzol e lastram a linha

com pequenos chumbos, em função da profundidade e velocidade da água. Deve-se

pescar perto do fundo com uma linha de 24/100, uma base de linha 16/100 e um anzol

nº5. Não se deve ferrar bruscamente, para não partir a base da linha, bem útil dada a

desconfiança da truta. Esta por vezes não atacará imediatamente mesmo se tiver visto

bem o isco: deve-se recomeçar a manobra, que consiste em deixar a minhoca descer a

corrente tantas vezes quantas as necessárias para a decidir.

1.3.2.2. Pesca com iscos artificiais

Um grande número de pescadores desportivos utiliza a técnica de pesca com iscos

artificiais. Esta forma de capturar trutas, pela sua aparente simplicidade, tem um grande

número de adeptos.

Nesta pesca são utilizadas colheres rotativas (amostras) ou imitações de pequenos

peixes (vulgarmente designadas por rapalas) nas quais são incorporadas uma ou duas

fateixas com o máximo de três anzóis. As colheres rotativas, com várias cores e brilhos,

ao serem recuperadas têm um movimento giratório bastante atractivo para as trutas.

22

Estas confundem a amostra com um peixe ou atacam-na simplesmente devido ao seu

instinto predador. A forma das colheres varia com o objectivo de produzir vibrações e

visualizações diferentes. As rapalas (imitações de peixes) são normalmente utilizadas

para capturar exemplares de maior dimensão.

As técnicas de pesca variam consoante o pescador, este tanto pode pescar a subir o rio

(mais comum) ou a descer o rio. Em locais com fraca corrente, pouco profundos ou em

pequenos rios, são utilizadas pequenas colheres. As canas são normalmente pequenas

(< 2,7 m) e leves, permitindo lançamentos precisos. Na linha, normalmente não é

colocado qualquer chumbo.

1.3.2.3. Pesca à pluma

Esta modalidade praticada em todo o mundo, tem vindo a ser praticada mais

regularmente em Portugal desde os anos 90. Considerada por muitos como a mais difícil

de praticar, visa sobretudo a captura de salmonídeos com imitações do seu alimento

natural. Para a montagem destas imitações utilizam-se vários materiais, como é o caso

de plumas de aves, pelos de mamíferos, materiais sintéticos e fios de todas as cores.

Muitas vezes é necessário ter conhecimentos de entomologia para obter bons resultados.

Muitos pescadores pensam que a pesca à pluma apenas pode ser praticada em rios

amplos e limpos de vegetação, mas esta pode ser aplicada em todos os locais

dependendo da técnica de lançamento utilizada.

As canas utilizadas são especiais (diferentes das convencionais) de modo a que se

consiga projectar a linha até à distância pretendida. As linhas utilizadas são feitas em

plástico ou seda, têm vários números em função do seu peso e podem ser flutuantes ou

afundantes. Na pesca à pluma não se coloca chumbo na linha.

A maioria das imitações utilizadas são de invertebrados aquáticos como é o caso dos

tricópteros, efemeropteros e plecópteros. As ninfas correspondem à primeira fase de

desenvolvimento do insecto aquático e as moscas secas ou afogadas imitam a fase

adulta do insecto. Os streamers, por outro lado, tem por objectivo a imitação de pequenos

peixes. Para além dos aspectos de protecção ambiental, em países ricos com rios

truteiros, esta actividade desportiva movimenta anualmente milhões de euros em viagens

e para essas regiões.

Alguns records de pesca para a truta fário:

Francês: 10,3 kg

Inglês: 11,5 kg

Americano: 17,7 kg

Mundial: 18,8 kg

23

1.3.3. Legislação

Para efeitos de aplicação de diplomas legais consideram-se:

Água de salmonídeos – as águas onde existem, ou com potencial ecológico para

suportar, espécies da família Salmonidae, nomeadamente truta fário.

Águas de ciprinídeos – as águas onde vivem ou poderão viver espécies piscícolas

da família Cyprinidae, como o barbo, a boga e o escalo, bem como outras

espécies não pertencentes à família Salmonidae.

Águas de transição – águas onde ocorrem simultaneamente salmonídeos e

ciprinídeos; para efeitos de fixação das normas de qualidade são consideradas

águas de salmonídeos.

Nas águas classificadas de salmonídeos, aplica-se o período de defeso da truta a todas

as espécies piscícolas. Durante a época em que é livre a pesca da truta, é também livre a

pesca de quaisquer outras espécies piscícolas nessas massas de água (Portaria nº

462/2001, de 8 de Maio).

A lei nº 2097, de 6 de junho de 1959, estabelece o regime para o exercício da pesca, nas

águas públicas interiores, classificando as águas em:

a) Águas livres – nestas zonas podem praticar-se as duas modalidades de pesca

(profissional e desportiva)

b) Zonas de pesca reservada (ZPR) – estas zonas estão sujeitas a regulamento

próprio, sendo apenas permitida a pesca desportiva. As condições para o

exercício da pesca são definidas por edital, nomeadamente o número diário de

pescadores, os períodos, processos e meios de pesca, as dimensões mínimas e o

número máximo de exemplares a capturar, bem como o tipo de licenças especiais

obrigatórias. Para estas zonas além da licença geral de pesca desportiva é ainda

necessária uma licença especial, cujos tipos e custos são definidos no respectivo

edital da zona (anexo V)

c) Concessões de pesca - correspondem a zonas geridas por uma entidade

concessionária (clubes, Câmaras Municipais), sujeitas a regulamento próprio,

onde apenas é permitida a pesca desportiva.

A zona de pesca reservada do rio Vez – Monção/Arcos de Valdevez, fica compreendida

entre a Capela de Santo António de Vale de Poldras, freguesia de Riba de Mouro,

concelho de Monção, a montante, e a Ponte de Aspra, freguesia de Vilela, concelho de

Arcos de Valdevez, a jusante. Neste troço o período de pesca fica compreendido entre

dia 15 de Abril e dia 31 de julho (anexo VI).

24

Para o rio Vez (zona livre) o período de pesca para a truta fário fica compreendido entre

o dia 1 de Março e 31 de Agosto inclusive (excepção ao calendário, Portaria nº 151/79,

de 5 de Abril). Comprimento mínimo legal de captura: 19 cm (ICNF).

1.3.4. Evolução da emissão de licenças em Portugal de 2007 a 2011

Nos últimos 3 anos o número total de licenças emitidas foi sempre superior a 200 mil

(figura 5).

Figura 5 - Número total de licenças (Nacionais + regionais + concelhias) e regionais para a zona Norte

emitidas por ano (Fonte: ICNF).

A partir de 2009 o número de licenças regionais emitidas aumentou substancialmente

enquanto que o número de licenças concelhias emitidas diminuiu, mantendo-se esta

têndencia até 2011 (figura 6).

Figura 6 - Número de licenças nacionais, regionais e concelhias emitidas por ano (Fonte: ICNF).

Para a ZPR do rio Vez podem ser emitidas no máximo 120 licenças para cada lote, por

ano (anexo VI). Como a ZPR é constituída por 8 lotes podem no máximo ser emitidas 960

licenças mas nos últimos 5 anos o valor nunca foi superior a 283 (2008) correspondendo

este valor a 29 % de ocupação máxima (figura 7). Em cada dia de pesca podem ser

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

2007 2008 2009 2010 2011

lice

nça

s

Ano

Total

Regionais (Zona Norte)

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

2007 2008 2009 2010 2011

lice

nça

s

Ano

Nacionais

Regionais

Concelhias

25

retidos até 6 exemplares de truta com um comprimento superior a 19 cm exceptuando no

lote 3 onde só é permitida a pesca sem morte.

Figura 7 - Número de licenças especias diárias emitidas para a zona reservada do rio Vez (lotes) por ano

(Fonte: ICNF).

1.3.5. Campeonatos

Portugal tem acolhido diversos Campeonatos do Mundo de Pesca ao longo dos últimos

anos, tendo em 2006 acolhido os II Jogos Mundiais de Pesca Desportiva (21

campeonatos do mundo, 5000 atletas de 50 países anexo). No rio Vez foram realizados

nesse ano dois Campeonatos do Mundo de pesca à truta, um com iscos naturais e outro

com iscos artificiais. No ano anterior já se tinha disputado um Campeonato do Mundo de

iscos artificiais (anexo – VII). Desde 2006 realizam-se neste rio provas do Campeonato

Nacional de Pesca à truta com iscos artificiais e com menos regularidade provas dos

Campeonatos de Pesca à truta com pluma, 1ª e 2ª divisões.

1.3.6. Objectivo

O objectivo deste trabalho foi analisar aspectos da biologia e ecologia da truta presente

no rio Vez. Dada a importância desta espécie no âmbito da pesca desportiva e lúdica

pretendeu-se relacionar aspectos ecológicos com esta prática e contribuir para a gestão

desta massa de água em termos piscícolas.

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2007 2008 2009 2010 2011

lice

nça

s

Ano

Especiais diárias emitidas para o rio Vez

26

2. Material e Métodos

2.1. Área de estudo

O rio Vez pertence à bacia hidrográfica do rio Lima e apresenta uma orientação Norte-

Sul (Vieira 2011). Este estudo desenvolveu-se em toda a extensão do rio desde a sua foz

até ao lote 8, mais concretamente até ao ponto 41º59’54’’ N 8º19’78’’ W (figura 8 e 29).

A divisão do rio adoptada para este trabalho, na ZPR, foi igual à divisão legal dos lotes.

Para o resto do rio a divisão por zonas (letras) foi estabelecida com base em vários

critérios, como a fácil identificação dos limites, o tamanho equivalente e o fácil acesso ao

início e final das zonas.

Comprimento de cada zona

Lote 8 – 7800 m*

Lote 7 – 1900 m

Lote 6 – 2500 m

Lote 5 – 1800 m

Lote 4 – 2600 m

Lote 3 – 2300 m

Lote 2 – 1100 m

Lote 1 – 1000 m

Zona m – 1000 m

Zona L – 1200 m

(Total 36,6 km) (figura 13)

Zona j - 1400 m

Zona i – 2000 m

Zona h – 600 m

Zona g – 1000 m

Zona f – 2000 m

Zona e – 2000 m

Zona d – 1100 m

Zona c – 1000 m

Zona b – 1200 m

Zona a - 1100 m

Figura 8 - Lote 8, local mais a montante atingido nas jornadas de pesca.

27

*não foi possível calcular a dimensão do lote, apresentou-se em alternativa a distância entre o

ínicio do lote 8 e a nascente do rio Vez.

Da zona “a” até ao lote 3 existem vários acessos ao rio e é relativamente simples

caminhar pelo rio ou pelas margens apesar da existência de muitos obstáculos à

passagem (vedações e vegetação densa). Do lote 3 ao lote 6, os caminhos de acesso ao

rio são poucos, o vale é muito pronunciado e é complicado andar pelas margens contudo

é possível caminhar pelo leito do rio devido à pouca profundidade.

Os lotes 7 e 8 situam-se em zonas mais montanhosas e isoladas, de difícil acesso, mas

que permitem a pesca se o pescador se deslocar pelo leito do rio.

2.1.2. Divisão dos troços

Troço dos lotes(ZPR) - lotes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 (21 Km,13,2 km sem contabilizar o lote 8)

Troço a montante da vila – zonas f, g, h, i, j, l, m (7,2 km)

Vila – zona “e” (2 Km)

Troço a jusante da vila – zonas a, b, c, d (6,4 Km)

2.2. Recolha de amostras e trabalho laboratorial

2.2.1. Temperaturas

Entre os dias 21 de Outubro de 2011 e 16 de Janeiro de 2012 foram efectuadas 71

medições da temperatura da água e do ar num local do rio Vez, que é artificializado, mas

onde é frequente a postura de trutas (Centro da vila de Arcos de Valdevez (vila),

lavadouros – lp1: 41º50’77’’ N, 8º24’99’’ W) (figura 9).

Figura 9 - Local de postura (lp1) (zona e/vila).

28

Estas medições foram realizadas diariamente entre as 11:15 e as 15:45 de cada dia

(cerca de metade das medições entre as 14:00 e as 15:00) com um termómetro digital.

Nesse troço de rio de aproximadamente 200 m de comprimento e 6 m de largura (1200

m2), também foram contabilizadas as trutas avistadas em cada dia. A partir do dia 9 de

Dezembro de 2011 as trutas visualizadas foram discriminadas por tamanhos em

pequenas (aproximadamente 25 cm), médias (aproximadamente 35 cm) e grandes

(aproximadamente 45 cm), esta avaliação embora tenha pouco rigor científico, dado o

valor ser calculado apenas com base na avaliação visual, pretendeu dar uma ideia geral

dos tamanhos das trutas observadas. O número de casais também foi contabilizado.

2.2.2. Migração para montante - saltos

Desde o dia 10 de Novembro de 2011 até ao dia 13 de Janeiro de 2012, entre as 11:25 e

as 15:45, foi contabilizado em 47 dias, durante 15 minutos diários, o número de saltos de

trutas que tentaram ultrapassar uma represa que existe no troço do rio Vez que atravessa

a vila de Arcos de Valdevez e que fica cerca de 500 m a montante da zona de postura

Foi anotada a hora de cada salto. Em três dias de três semanas consecutivas o tempo

de contagem, por dia, foi de 6 horas. A represa construída em betão de perfil côncavo de

60 m de comprimento e 1,2 m altura, tem três pilares que a dividem em quatro zonas

iguais, foi também anotada a zona onde cada truta saltou. Em cada salto as trutas além

de terem de transpor a altura da represa, tiveram de ultrapassar 3,5 m de represa

nadando por uma lâmina de água que escoava pelo obstáculo (figura 10 e 11).

Figura 10 - Represa que existe na zona e/vila.

Figura 11 - Perfil da represa

29

2.2.3. Análises da água do rio Vez

Uma vez por mês, entre Fevereiro e Julho foram feitas recolhas de amostras de água em

três locais do rio Vez:

Ponto 1 - Sistelo – Latitude 41º58’53’’N Longitude 8º22’41’’W (ponto mais a

montante).

Ponto 2 - Vilela – Latitude 41º55’03’’N Longitude 8º26’82’’W (ponto médio).

Ponto 3 - Ponte de Santar – Latitude 41º48’93’’N Longitude 8º24’57’’W (ponto

mais a jusante) (figura 13).

Através de um fotómetro (HANNA c200 Multiparameter Ion Specific Meter) foram

medidos os valores de pH, amoníaco, cloro livre, nitrato, nitrito e fosfato. Para calcular o

peso dos sólidos em suspensão foi também filtrado 1 litro de amostra de cada zona e

pesado o precipitado. A temperatura da água também foi medida.

Tabela 1 - Qualidade de águas doces para fins aquícolas – águas piscícolas (águas de salmonídeos).

Parâmetros VMR VMA Expressão de

resultados

Amoníaco 0,005 0,025 mg/l NH3

Nitritos 0,01 mg/ NO2

Cloro residual disponível 0,005 mg/l HOCl

Sólidos suspensos totais 25 mg/l

VMR – Valor máximo recomendado

VMA – Valor máximo admissível

(Decreto-Lei nº 236/98)

Tabela 2 - Limiares máximos para os parâmetros físico-químicos gerais para o estabelecimento do Bom

Estado Ecológico em Rios.

Parâmetros Limite para o Bom Estado

Agrupamento Norte

Oxigénio dissolvido > 5 mg O2/l

Taxa de saturação em oxigénio Entre 60 e 120 %

pH Entre 6 e 9

Azoto amoniacal < 1 mg NH4/l

Nitratos < 24 mg NO3/l

Fosforo total < 0,1 mg P/l

(INAG 2009)

30

2.2.4. Pesca desportiva

Entre os dias 1 de Março de 2012 e 21 de julho de 2012 foram realizadas 56 jornadas de

pesca (50 dias), a pesca foi mais intensa nos meses de Março, Abril e Maio (90 %),

desde a foz do rio Vez até ao lote 8, abrangendo a quase totalidade do comprimento do

rio Vez (3 passagens). A pesca foi efectuada tanto na zona livre como na zona de pesca

reservada quase sempre de jusante para montante. Foi utilizada uma cana de 2,70 m

(Michell Spin Premium 15-45g), um carreto (Shimano Exage 3000 MRB 6:2:1) duas linhas

de nylon (Spro Math) de espessura 0,14 mm e resistência até 2,8 Kg e 70 amostras nº 2

douradas com pintas pretas, das marcas mapso, mepps e mosca (5,6 × 1,5 cm e 5 × 1,3

cm) (figura 12).

Figura 12 - Amostras ou colheres utilizadas (marca mepps e mosca)

Em cada dia de pesca foi anotado: o número de pescadores observados; a hora de início

e fim da actividade; a temperatura da água; a transparência do rio (limpo, ligeiramente

turvo, turvo – observação visual); o estado do tempo (limpo, pouco nebulado, nebulado) e

a ocorrência de aguaceiros ou chuva. Foi anotado o comprimento de cada truta

capturada (comprimento furcal (CF) e total (CT)), o seu peso (balança digital Soehnle

e=1g), a hora da captura, o isco utilizado, as coordenadas GPS do local de captura, o

número de anzois cravados e apontado se o rio tinha corrente no local de captura

(observação visual). Quando no texto é referido comprimento este refere-se ao

comprimento furcal. Foi fotografado cada exemplar capturado e foram retiradas várias

escamas para posterior análise da idade. Ao longo de cada dia de pesca foram também

registadas as horas em que ocorriam ataques ao isco, se os ataques eram simples

“toques” ou se a truta chegava a ficar cravada num dos anzois por alguns segundos e se

estes ataques ocorriam em zonas de corrente ou em águas paradas (observação visual).

Para as jornadas de pesca desportiva o rio foi dividido em 20 zonas de pesca contiguas,

agrupadas em 4 troços (lotes, troço a montante da vila, vila e troço a jusante da vila). O

31

troço do rio mais a montante está sujeito a um regime especial, sendo uma zona de

pesca reservada (ZPR) que é constituída por 8 lotes. Adoptou-se as delimitações dos

lotes existentes e denominou-se este troço de “lotes”. Entre o lote 1 (último a contar de

montante) e a vila de Arcos de Valdevez foram consideradas 7 zonas (f, g, h, i, j, L, m),

troço denominado “troço a montante da vila”. Na vila foi considerada uma zona de pesca

que foi alvo de um grande esforço de pesca e que foi denominada “zona e/vila”. O troço

constituído pelas zonas mais a jusante (a,b,c,d) foi denominado “troço a jusante da vila”

(figura 13).

Na zona livre (zona “a” a “m”) foram dispendidos 3 dias de pesca em cada secção (zona)

à excepção da zona e/vila onde se pescou durante treze dias e da zona L onde só se

pescou durante 2 dias. Nos lotes os dias de pesca variaram entre 1 e 3 dias em cada

lote.

Nos lotes 5 a 8 devido ao seu isolamento, à perigosidade das suas margens e à

impossibilidade de comunicações móveis (risco em caso de emergência) apenas foi

possível pescar na companhia de outro pescador podendo este facto ser potenciador de

um menor número de capturas devido à pesca partilhada. Face a estas dificuldades o

número de horas de pesca foi menor nestes lotes.

Em relação à zona e/vila devido à facilidade de deslocação e ao maior número de

pescadores que frequentam o local, foi dispendido um maior esforço de pesca nesta zona

por forma a obter dados do número de capturas e dados dos espécimes capturados pelos

pescadores. O termo jornadas de pesca é referido quando a pesca foi efectuada por um

pescador utilizando a técnica de pesca com amostra artificial.

2.2.5. Pesca eléctrica

No dia 6 de Outubro foram feitas 4 amostragens com recurso a aparelhos de pesca

eléctrica nas zonas a, i, m e no lote 6. Foram utilizados 2 aparelhos um (EL62ll GI 400-

750 V Hans Grassel Gmbh) manuseado por dois operadores (zonas a, i e lote 6) e outro

aparelho individual portátil a bateria (corrente contínua [DC], 200-400 V; 1-3 A;

Electracatch International), utilizado na zona m devido à dificuldade de aproximação ao

rio. Nas 4 zonas o comprimento de amostragem foi de cerca de 50 m.

Foi utilizada uma balança digital AND EK 610 i (e=0,1g) para pesar as trutas e uma

sonda (YSI 6920 v2) para medir a temperatura, o oxigénio dissolvido e a condutividade.

32

2.2.6. Escamas e otólitos

Em laboratório as escamas das trutas obtidas, nas jornadas de pesca (209 amostras), de

exemplares capturados por outros pescadores desportivos (40 amostras) e de

exemplares capturados com recurso a pesca eléctrica (40 amostras), foram introduzidas

num frasco com hidróxido de potássio colocado de seguida num aparelho de ultrassons

(Elma Transsonic 700) durante cerca de 1 minuto, para limpeza. As escamas foram de

Figura 13 - Divisão das 20 zonas definidas para a pesca desportiva e eléctrica.

33

seguida lavadas em água destilada e as que apresentavam um melhor estado de

conservação e leitura foram colocadas entre duas lamelas para posterior análise.

As 289 preparações de escamas foram analisadas por dois observadores. Quando as

leituras do primeiro e do segundo observadores foram coincidentes adoptou-se essa

leitura como válida, quando as leituras não foram coincidentes ou existiu alguma dúvida

por parte de um dos observadores um terceiro observador fez outra leitura. Finalmente

estabeleceu-se como válidas as escamas com 2 ou 3 leituras coincidentes.

Os otólitos recolhidos de 15 exemplares de truta foram colados numa lâmina e depois

polidos com uma folha abrasiva (lixa). A mesma metodologia de leitura das escamas foi

aplicada na leitura da idade dos otólitos.

2.2.7. Conteúdo estomacal

De entre as trutas pescadas, 15 foram guardadas, uma de cada uma das 20 zonas do rio

Vez previamente estabelecidas (Não foi possível obter trutas de todas as zonas devido

ao tamanho mínimo de captura ser de 19 cm). O conteúdo estomacal e as gónadas

destas trutas foram analisados e o fígado foi pesado.

- A frequência de ocorrência (F) é a percentagem de ocorrência de uma presa na dieta

de uma espécie, calcula-se através do número de estômagos que contêm um ou mais

indivíduos da espécie presa em relação com o total de estômagos estudados ou em

relação ao total de estômagos cheios.

- A abundância relativa (Pi) é a percentagem do quociente entre o número de

determinadas presas (i) sobre o número de presas totais.

- O índice de enchimento do estomago é igual ao peso do conteúdo estomacal a dividir

pelo peso total do peixe*10000 (Kara e Alp 2005).

34

2.2.8. Factor de condição K

Em 1902, Fulton propôs o uso de uma fórmula matemática que quantifica a condição

física de um peixe:

K = (100 × W)/ L3

K – Factor de condição ou coeficiente de condição

W - Peso do peixe em gramas (g)

L - Comprimento do peixe em centimetros (cm), comprimento furcal

Para os salmonídeos os valores de K variam usualmente entre 0,8 e 2. O factor K é

influenciado pela idade do peixe, sexo, estação do ano, grau de maturação da gónada,

estado de replecção do estômago/intestino, tipo de alimento consumido, quantidade de

reservas de gordura e grau de desenvolvimento muscular (Froese 2006).

Com base na comparação dos valores de K com a aparência geral e reservas de gordura

as seguintes avaliações podem ser feitas:

Valor de K Observação

1.60 Excelente condição

1.40 Bom, peixe bem proporcionado

1.20 Normal

1,00 Peixe magro

0.80 Peixe muito magro

(Barman e Baxter 1998)

35

2.2.9. Inquérito

Entre o dia 19 de Maio de 2012 e o dia 17 de Junho de 2012 foi realizado um inquérito a

38 pescadores desportivos que se encontravam na zona do rio Vez que atravessa a vila

de Arcos de Valdevez (zona e).

Inquérito efectuado a pescadores desportivos:

Sexo, idade, residência

1 - Há quantos anos é pescador desportivo?

2 - Que técnica de pesca mais utiliza?

3 - Quantos dias pesca por ano?

3.1 – Quantos dias pesca por ano no rio Vez?

4 - Quantas trutas pesca por ano?

4.1 - Quantas trutas pesca por ano no rio Vez?

5 - Quantas trutas pescou este ano?

5.1 – Quantas trutas pescou no rio Vez?

6 – Que comprimento ou peso tinha a maior truta que capturou no rio Vez?

6.1 - Quando?

7 - Qual o número máximo de trutas capturadas num dia no rio Vez?

7.1 - Quando?

8 - Leva o peixe para casa ou devolve-o?

9 – Concorda com o repovoamento do rio?

10 - Estaria disposto a pagar mais para ter melhores condições de pesca?

10.1 - Se sim, Que condições gostaria de ver melhoradas?

11 - O que mudaria na Gestão do rio Vez?

12 - Costuma pescar nos lotes do rio Vez?

13 – Comentários

2.3. Análise e tratamento de resultados

A análise estatistica foi feita com o software Minitab Release 14 12 (Minitab Inc.

Pennsylvania State University, PA, USA) e software PRIMER 6. Foram efectuados os

testes Mann-Whitney e Kruskall-Wallis para dados não paramétricos e os testes t-test e

ANOVA para dados de distribuição normal. Consideraram-se diferenças significativas

quando p<0,05.

36

3. Resultados e discussão

3.1. Parâmetros fisico-químicos da água

O pH nos 3 locais de amostragem em todas as medições apresentou sempre valores

entre 6,5 e 6,6 apresentando valores dentro do intervalo de referência para a água doce.

não indiciando perturbação a este nível.

Em geral a temperatura da água aumentou, nas três zonas, de Fevereiro até Julho

apesar de se ter verificado uma descida (que pode ser pontual) da temperatura de Março

a Maio. Em todas as zonas a subida da temperatura foi semelhante e em seis meses a

temperatura subiu mais de 11 ºc em todos os locais (figura 14).

Figura 14 - Valores de temperatura da água em 5 dias de 5 meses diferentes, em 3 locais, um na parte alta

do rio (lote 6), outro na zona média (zona m) e outro perto de foz (zona a).

Em relação à concentração de amoníaco nas 15 amostras de água, 11 amostras

apresentaram valores abaixo do valor máximo recomendado (0,005 mg/l NH3), 3

amostras apresentavam valores abaixo do máximo admissível (0,025 mg/l NH3) enquanto

que uma das amostras na zona “a”, em Junho, apresentou um valor (0,146 mg/l NH3)

muito acima do máximo admissível (figura 16).

No que se refere à concentração de nitritos, em 14 amostras não se verificou a sua

presença mas uma amostra também da zona “a” revelou um nível muito acima do VMR

(figura 17).

A concentração de nitratos esteve sempre abaixo do valor máximo (24 mg/l) para

consideração de um bom estado do rio (figura 18).

Em todos os dias de análise da água do rio Vez esta apresentou poucos sólidos em

suspensão sendo o valor mais elevado de 1,5 mg/l, muito abaixo dos 25 mg/l (VMR).

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LBE – Limite para consideração de um Bom

Estado

VMR – Valor máximo recomendado

VMA – Valor máximo admissível

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Cloro livre

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[ N

H3]

(mg/

l)

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Amoníaco

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Zona m

Zona a

VMA

VMR

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0,03 0,035

[N

O2- ]

(m

g/l)

Data

Nitrito

Lote 6

Zona m

Zona a

VMR

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[NO

3- ] (

mg/

l)

Data

Nitrato

Lote 6

Zona m

Zona a

LBE

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1 1,5

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3 [P

O4

3-]

(mg/

l)

Data

Fosfato

Lote 6

Zona m

Zona a

Figura 17 - Concentração de nitritos.

Figura 16 – Concentração de amoníaco.

Figura 15 – Concentração de cloro livre. Figura 18 - Concentração de nitrato.

Figura 19 - Concentração de fosfatos.

38

3.2. Análise de um local de postura (lp1)

Do dia 2 ao dia 12 de Dezembro é visível na figura 20 um grande aumento no número de

trutas observadas no local de postura (lp1), esse aumento ocorreu durante um período

em que ocorreu precipitação durante alguns dias, é também visível que só a partir de dia

12 de Dezembro é que as temperaturas apresentaram valores abaixo dos 10ºC. Nos dias

de precipitação não foi possivel contabilizar as trutas presentes no local (lp1) devido ao

aumento de caudal e à consequente turbidez da água.

Figura 20 - Variação da temperatura do ar e da água no local de postura lp1 no rio Vez e variação do número

de trutas observadas no local lp1.

Na área assinalada na figura 21 foram geralmente observadas mais trutas no periodo em

que se verificou um aumento de caudal no rio Vez. No entanto o aumento progressivo do

cauda impossibilitou a observação de trutas dificultando o estabelecimento de uma

relação.

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ºC)

Data

Nº de trutas

Temperatura água

Tempertura ar

Dias de precipitação

39

Figura 21 - Nivel hidrométrico instantâneo no pontilhão de celeiros (INAG 2012) (estação de medição 3000 m

a montante da zona de postura situada no limite entre a zona f e a zona g: 41º52’06’’ N 8º25’13’’) e número

de trutas observadas na zona de postura.

É difícil estabelecer uma ligação directa individual de cada parametro físico que parece

desencadear as actividades de reprodução, pois esta é provavelmente desenqueada pela

conjugação de vários factores.

Em trabalhos de vários autores Libosvárský (1974), Trepanier (1996) Arnekleiv e Kraabol

(1996), Jonsson (1991), Jonsson e Jonsson (2002), Rustadbakken (2004), Piecuch

(2007) o caudal do rio, a temperatura e a precipitação foram factores apontados para o

desencadeamento do ciclo de reprodução. No trabalho de Pires (2003) no rio Estorãos é

referido que o aumento de caudal parece ter sido o factor desencadeador das actividades

reprodutoras.

Entre o dia 5 de Dezembro e o dia 25 de Dezembro o número de trutas presentes no

local de postura foi sempre elevado e superior a 14 trutas podendo este período

corresponder ao período de postura.

No dia 16 de Dezembro a chuva foi intensa, o nível da água aumentou inundando as

margens e a corrente ficou muito forte.

A partir do dia 9 de Dezembro as temperaturas do ar e da água apresentaram uma

tendência de descida mas não foi encontrada nenhuma relação entre o aumento do

número de trutas avistadas e a temperatura.

Desde o dia 13 de Novembro de 2011 até dia 16 de Janeiro de 2012 (48 dias de

contagem) foi contabilizado o número de trutas presentes no local de postura (n = 546,

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N

Niv

el h

idro

tric

o (

m)

Data

Trutas na zona de postura

Nivel hidrométrico instantâneo

40

contagem cumulativa). Em relação a este número apenas podemos afirmar, com certeza,

que no local estiveram pelo menos 35 trutas, valor máximo de avistamentos num dia

(12/12/2011). O número médio de trutas presentes no local por dia foi de 11 trutas.

No dia 14 de Novembro de 2011 foi avistada a primeira truta a escavar o “ninho” (truta

grande), no dia seguinte uma truta com as mesmas dimensões e mesma aparência foi

avistada a escavar o “ninho” noutro local, e no dia seguinte verificou-se o mesmo

fenómeno. Aparentemente a mesma truta escavou um “ninho” em três locais diferentes.

Entre os dias 9 de Dezembro de 2011 e 16 de Janeiro de 2012, em 24 dias, foram

contabilizadas 370 trutas das quais 83,5 % eram pequenas; 11,6 % eram médias e 4,9 %

grandes. Nesse mesmo período o número de casais contabilizados variou entre 0 e 4

casais sendo o número total de casais avistados de 34. Do número total de casais, 68 %

eram constituídos por trutas com sensivelmente o mesmo tamanho (com 65% casais

formados por trutas pequenas e 3% dos casais formados por trutas médias) por outro

lado 32 % dos casais eram formados por trutas com tamanhos substancialmente

diferentes, trutas de tamanho pequeno com trutas médias (24 %), trutas médias com

trutas grandes (3 %) e trutas pequenas e com trutas grandes (6%) (figura 24).

Num estudo no rio Estorãos, afluente do rio Lima (Pires 2003), o período de postura

situou-se entre dia 4 de Janeiro e dia 3 de Fevereiro de 2002 com os valores de

temperatura do rio a variar entre 9 a 13ºC. Se para o rio Vez analisarmos só o número de

trutas presentes no local, o período de postura parece ter decorrido entre 5 de Dezembro

e o dia 25 de Dezembro com temperaturas da água, às horas de medição, a variar entre

os 9,4 e os 11,8ºC. Se analisarmos o número de casais o período de postura parece ter

ocorrido entre dia 9 de Dezembro de 2011 e dia 16 de janeiro 2012 com temperaturas da

água a variar entre 7 e 11,4ºC, existindo apenas diferença substancial no dia do final da

época de postura.

Figura 22 - Truta a escavar o “ninho” no local de

postura lp1, ano 2007.

Figura 24 - Trutas no local lp1, ano 2007.

41

Figura 23 - Trutas num "ninho" no local lp1, ano

2011.

3.3. Análise da migração (saltos) numa represa do rio Vez

Há cerca de uma década foi construída uma represa no rio Vez que parece dificultar a

migração das trutas e de outras espécies de peixe. Apesar de existir uma passagem para

peixes (visível no canto esquerdo da figura 10), durante o final de 2011 e 2012 esta

esteve sempre semi-aberta não permitindo a passagem de peixes. A única forma de as

trutas ultrapassarem esta barreira foi saltando por cima da represa.

A contagem dos saltos foi feita dentro do possível o mais próximo das 14:00. Existiu uma

maior frequência de saltos entre dia 23 de Novembro e 12 de Dezembro, sendo que dia

30 de Novembro existiu um pico de saltos (30 saltos em 15 minutos) (figura 25).

Figura 25 - Número de trutas presentes no local de postura e número de saltos, durante 15 minutos, numa

represa 500 m a montante do local lp1.

0

5

10

15

20

25

30

35

0

5

10

15

20

25

30

35

40

de

sal

tos

de

tru

tas

Data

Trutas presentes na zona de postura

Saltos observados numa represa - 15 minutos diários

42

Durante os 47 dias de observações (32 horas) foram contabilizados 818 saltos (25

saltos/hora), dos quais apenas cinco (0,6 %) é que tiveram sucesso conseguindo as

trutas ultrapassar a barreira. Destas trutas, três eram pequenas, uma era média e outra

era grande.

Em relação ao tamanho das trutas que tentaram ultrapassar a barreira: 97,4 % dos

saltos foram de trutas pequenas; 2,1 % de trutas médias e 0,5 % de trutas grandes. Estes

factos poderão ser indício que as trutas médias e grandes têm maior facilidade em

transpor a represa logo não são vistas a saltar com tanta frequência, apesar da sua

aparente menor frequência na população. Por seu lado as trutas pequenas como na sua

grande maioria não conseguem ultrapassar a represa são mais contabilizadas nas suas

sucessivas tentativas. No que respeita ao número de saltos é necessário ter em atenção

que não foi possivel saber a quantas trutas correspondem exactamente esses saltos.

No dia 30 de Novembro o número de saltos na represa foi máximo e o número de trutas

observadas na zona de postura foi mínimo, nos dias em que os números de trutas

presentes na zona de postura foram mais elevados os números de saltos na represa

foram mínimos (figura 25). Pela análise dos dados podemos deduzir, embora com

reservas, que quando mais as trutas estão em migração menos se encontram nas zonas

de postura e quanto mais trutas estão na zona de postura menos trutas estão em

migração.

Para se saber se o número de saltos era constante ao longo do dia foi analisado o

número de saltos ao longo de 4 dias (figura 26).

Figura 26 - Número de saltos, sem sucesso, a cada meia hora ao longo de 4 dias.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

salt

os

Intervalo de tempo

10-11-2011

24-11-2011

01-12-2011

08-12-2011

43

No dia 10 de Novembro e dia 8 de Dezembro o número de saltos foi mais ou menos

constante ao longo do dia. No dia 1 de Dezembro o número de saltos manteve-se

sensivelmente constante de manhã e diminuiu à tarde e no dia 24 de Novembro não

ocorreram saltos de manhã e o número de saltos aumentou gradualmente à tarde. Não

existiu um padrão na frequência de saltos ao longo do dia apesar de os valores serem

mais constantes da parte da manhã. Perante estes resultados os dados do gráfico

anterior (figura 25) são menos fiáveis devido à variação diária. Os 15 minutos de

contagem podem assim não ser representativos da frequência de saltos do dia, contudo

devido ao número de dias de contagem (47) podem apresentar uma linha de tendência

verdadeira. No dia 24 de Novembro às 10:00 foram observadas cerca de 25 trutas na

base da represa.

Figura 27 - Cardume de trutas em migração na base da represa (2011).

Os pilares de uma ponte que existe sobre a represa, dividem-na em quatro zonas que

são aparentemente iguais, apenas parece existir uma pequena variação no fluxo de

água, entre elas. A zona 2 foi o local onde as trutas mais saltaram (61,8 %) seguida pela

zona 4 (27,4 %) pela zona 1 (6,2 %) e finalmente pela zona 3 (4,6 %) (figura 28). O leito

do rio na zona imediatamente abaixo da represa é artificializado e igual durante cerca de

5 metros.

Figura 28 - Esquema da represa existente no troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez.

44

Este local, durante o período de pesca, foi o local de todo o rio Vez onde foram

observados mais pescadores desportivos em acção de pesca, sendo relatados dias com

a presença de mais de 15 pescadores.

Como referem Jungwirth (1998), Peter (1996) Kubecka (1997) e Rivinojaa (2001) as

represas reduzem os fluxos de água nos rios, interrompendo os movimentos

longitudinais, verticais e transversais dos peixes e afectando consequentemente a

reprodução natural e as deslocações entre habitats.

A represa que pode ter influência no número de trutas que aparece todos os anos na

zona de postura situada 500 m a jusante.

3.4. Pesca desportiva

3.4.1. Jornadas de pesca

As capturas de trutas com comprimentos (CF) entre os 10 e os 20 cm ocorreram em todo

o percurso do rio Vez. Na zona mais a montante, a partir do lote 5, foi difícil a captura de

exemplares com mais de 20 cm, na zona média do rio foi onde se capturaram as trutas

de maior dimensão (> 30 cm) (figura 29).

45

Figura 29 - Locais onde foram capturadas trutas (n=209) no rio Vez, nas jornadas de pesca e respectivo

comprimento furcal (CF).

3.4.1.1. Análise de captura por zonas

Das trutas capturadas nas jornadas de pesca desportiva, 206 foram capturadas com o

mesmo tipo de colher (tamanho nº2, cor dourada com pintas pretas) duas foram

capturadas com anzol iscado com pão e uma com asticot.

46

Os resultados das capturas são apresentados em:

Capturas por unidade de esforço (CPUE) = número de indivíduos capturados / total de

horas de pesca.

Os lotes 1, 2 e 4 foram as zonas com mais capturas por unidade de esforço (truta/hora)

com valores acima de 2 trutas por hora. Para trutas com mais de 19 cm (tamanho mínimo

de captura) a captura por unidade de esforço foi maior no lote 2 (superior a 1,5

trutas/hora) e no lote 3 e nas zonas j e L (superior a 0,5 truta/hora) (figura 30). Contudo

as capturas no lote 2 têm menor valor estatístico pois correspondem apenas a um dia de

pesca. Do lote 5 ao lote 8 não foi capturada nenhuma truta com mais de 19 cm de

comprimento, mas também foram dispendidas poucas horas de pesca nestas zonas e a

pesca foi partilhada.

Figura 30 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, e capturas por unidade de esforço

(CPUE) (± desvio padrão), por zona do rio Vez.

A diferença entre as CPUE no troço dos lotes e na zona livre (troço a montante da vila +

zona e + troço a jusante) é muito significativa (ANOVA F[1,18] = 12,7; p = 0,003). Estes

resultados determinam que compensa pescar nos lotes pois capturam-se mais trutas por

unidade de esforço. Contudo não existiu diferença significativa entre as capturas com

mais de 19 cm nos lotes e na zona livre (ANOVA F[1,18] = 0,08; p = 0,782). Assim em

relação a trutas com o comprimento mínimo legal de captura (CMLC) a diferença já não é

significativa não compensando para este caso a pesca nos lotes.

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

0

10

20

30

40

50

60

Lote

8

Lote

7

Lote

6

Lote

5

Lote

4

Lote

3

Lote

2

Lote

1

Zon

a m

Zon

a L

Zon

a J

Zon

a i

Zon

a h

Zon

a g

Zon

a f

Zon

a e/

vila

Zon

a d

Zon

a c

Zon

a b

Zon

a a

Tru

ta/h

ora

N

Horas de pesca

Trutas capturadas CPUE

CPUE - Truta>19cm

Lotes Troço a montante Troço a jusante da vila

47

Os melhores locais para praticar pesca desportiva são então os lotes se o interesse for a

captura do maior número de exemplares de truta (2 trutas/hora). Se o interesse do

pescador for a pesca de exemplares com comprimentos superiores ao CMLC então os

lotes, podem não justificar a opção, devido ao pagamento da licença diária (3 ou 6 €) e à

não existência de diferenças significativas entre as CPUE para trutas com mais de 19 cm.

As duas CPUE (figura 31) diminuem de montante para jusante, o principal motivo das

diferenças pode ser a presença de mais trutas nas zonas mais a montante ou a melhor

eficiência do método de pesca (amostra) nestas zonas (zonas de maior corrente).

Figura 31 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço

(±desvio padrão), nos 4 troços.

Quando avaliadas as CPUE nos 4 troços, existem diferenças significativas (ANOVA F[3,16]

= 5,58 p = 0,008) nomeadamente entre as CPUE do troço dos lotes e do troço a jusante

da vila (Comparações emparelhadas de Tukey). Contudo não existiram diferenças

significativas entre as CPUE de trutas com mais de 19 cm, nos quatro troços (ANOVA

F[3,16] = 0,06 p = 0,981)(Comparações emparelhadas de Tukey).

Estes dados são o reflexo da pesca de um pescador, assim embora os resultados sejam

significativos matemáticamente podem eventualmente não se verifivar com outros

pescadores e outras técnicas.

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0

20

40

60

80

100

120

Lotes Troço a montante da

vila

Zona e/ vila Troço a jusante da vila

Tru

tas/

ho

ra

N

Local

Horas de pesca

Trutas capturadas

CPUE

CPUE - truta>19cm

48

Figura 32 - Truta nº 57, CF: 46 cm, peso: 820 g, local: zona j.

3.4.1.2. Análise das capturas ao longo dos meses

Nos meses de Junho e Julho, além do esforço de pesca ter sido baixo, a pesca foi

realizada quase na totalidade em lotes, pelo que o seu valor não foi considerado para

cálculo do melhor mês de pesca. Em termos gerais o melhor mês de pesca foi Abril

influenciado pela abertura dos lotes e diferenciando-se um pouco de Maio pelo número

de trutas, com mais de 19 cm, capturadas por hora (figura 33). Em termos de CPUE o

pior mês foi Março, salientando-se o facto de grande parte das jornadas de pesca ter-se

realizado na zona “e” /vila (zona com baixo valor de CPUE). A partir de Abril embora a

pesca tenha apresentado valores de CPUE sempre acima de uma truta por hora, a

captura de trutas com tamanhos superiores a 19 cm foi mais difícil.

Figura 33 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, capturas por unidade de esforço, por

mês, em todo o curso do rio Vez.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Março Abril Maio Junho Julho

Tru

ta/h

ora

N

Mês

Horas de pesca

Trutas pescadas

CPUE

CPUE truta>19cm

49

Para analisar melhor os dados analisou-se em separado a evolução da pesca ao longo

dos meses para o troço dos lotes e para a zona livre (troço a montante da vila + vila +

troço a jusante da vila).

No troço dos lotes nos meses de Abril, Maio e Junho obtiveram-se níveis de captura

bastante idênticos, acima de duas trutas por hora. No que respeita à pesca de

exemplares com mais de 19 cm ao longo dos meses foi cada vez mais difícil a sua

captura (figura 34).

Figura 34 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, e capturas por unidade de esforço, por

mês, para todos lotes.

Os melhores meses de pesca para a zona livre foram Abril e Maio com capturas acima

de um exemplar por hora. Para o mesmo número de horas, em Maio capturaram-se mais

trutas mas em Abril o número de capturas de trutas com mais de 19 cm foi maior (figura

35).

Figura 35 – Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, por

mês, para a zona livre.

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

0

10

20

30

40

50

60

Abril Maio Junho Julho

Tru

ta/h

ora

N

Mês

Horas de pesca

Trutas capturadas

CPUE

CPUE - truta>19cm

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Mar Abril Maio Junho

Tru

ta/h

ora

N

Mês

Horas de pesca

Trutas capturadas

CPUE

CPUE - truta>19 cm

50

Tabela 3 - Comparação entre dados de pesca da zona reservada (lotes) e da zona livre.

Nº horas Nº trutas Nº trutas >19 cm

CPUE

trutas/hora

CPUE

trutas com > 19 cm/hora

Comprimento

médio (cm)

Desvio padrão

(cm)

Lotes 48,5 97 24 2 0,49 17,45 5,24

Zona livre 143,5 112 43 0,78 0,23 17,8 5,39

Total 192 209 67 1,09 0,35 17,64 5,31

No total, nas jornadas de pesca capturaram-se 209 trutas com uma média de comprimentos de 17,6 cm, tendo-se capturado cerca de uma

truta por hora. A CPUE para os lotes foi aproximadamente o dobro da CPUE para a zona livre, tanto para as capturas totais como para trutas

com mais de 19 cm.

51

3.4.1.3. Análise das capturas ao longo do dia

Os intervalos de horas mais "produtivas” para pesca pareceram ser os intervalos das

[9:00-10:00[, das [10:00-11:00[ e das [19:00-20:00[ com CPUE de 1,5; 1,4 e 1,9

trutas/hora respectivamente. Para trutas com mais de 19 cm as CPUE mais elevadas

registaram-se aparentemente no intervalo de horas [8:00-11:00[ com valores acima de

0,5 trutas/hora (figura 36).

Figura 36 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço

(±erro padrão), de hora em hora, para todo o curso do rio Vez.

Contudo quanto efectuado o teste similaridade de Bray Curtis (transformação raiz

quadrada), no que respeita aos intervalos com maior CPUE, apenas se verificou uma

semelhança elevada (cerca de 90%) entre os intervalos [9:00-10:00[ e das [10:00-11:00[.

Das 15:00 às 19:00 a similaridade também foi elevada (figura 37).

Estes dados apresentam algum paralelismo com a observação de Eriksson (1978) que

refere que a truta é um peixe crepuscular, com a máxima actividade ocorrendo ao

amanhecer e ao anoitecer. Em outros estudos Sagar (1988) e Riehle (1993) também

salientaram que os salmonideos são crepusculares.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Tru

ta/h

ora

N

Intervalos de horas

Horas de pesca

Trutas capturadas

CPUE

CPUE - trutas>19 cm

52

Figura 37 – Dendrograma da percentagem de similaridade de CPUE entre intervalos de tempo (hora) (nº de

horas de pesca = 192).

Nos lotes, nos intervalos das [14:00-15:00[ e das [18:00-19:00[ registaram-se capturas

médias de 3 trutas/hora. Para trutas com mais de 19 cm verificaram-se mais capturas

entre no intervalo [8:00-9:00[ e no das [19:00-20:00[ com valores de 1,5 e 1 truta/hora

respectivamente (figura 38). Existe alguma semelhança com o estudo de Kreivi (1999)

que refere que a alimentação de trutas com idade 1+, num rio na Finlândia, foi

geralmente maior no crepúsculo e nas horas à volta do meio-dia.

Figura 38 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de

hora em hora, para o troço dos lotes.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

0

2

4

6

8

10

12

14

Tru

ta/h

ora

N

Intervalos de horas

Horas de pesca

Trutas capturadas

CPUE

CPUE - truta >19 cm

53

No troço a montante da vila capturaram-se mais trutas no intervalo das [9:00-10:00[ e no

intervalo das [19:00-20.00[, cerca de 2,5 trutas/hora. Para trutas maiores que o tamanho

mínimo de captura os melhores intervalos foram os das [9:00-10:00[ e das [18:00-19:00[

com capturas de 0,75 trutas/hora e 1 truta/hora respectivamente (figura 39).

Figura 39 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de

hora em hora, para o troço a montante da vila.

Na zona “e”/vila as CPUE apresentaram valores mais elevados nos intervalos [9:00-

10:00[ e [19:00-20:00[ com 1 truta/hora e 2 truta/hora respectivamente. O periodo das

[9:00-10:00[ revelou-se também um bom momento para captura de trutas com mais de 19

cm bem como o intervalo das [16:00-17:00[ com CPUE de 1 truta/hora e 0,5 truta/hora

respectivamente (figura 40).

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0

2

4

6

8

10

12

14

Tru

ta/h

ora

N

Intervalos dehoras

Horas de pesca

Trutas capturadas

CPUE

CPUE - truta >19 cm

54

Figura 40 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de

hora em hora, para a zona e/ vila.

Para o troço do rio Vez a jusante da vila, os melhores intervalos de pesca tanto para o

total de trutas como para as trutas com comprimentos superiores a 19 cm, foram os

intervalos das [16:00-17:00[ e das [19:00-20:00[ com CPUE de cerca de 0,6 e 1 truta/hora

respectivamente e para trutas com mais de 19 cm de cerca de 0,4 e 0,3 trutas/hora

respectivamente (figura 41).

Figura 41 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de

hora em hora, para o troço a jusante da vila.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0

2

4

6

8

10

12

Tru

ta/h

ora

N

Intervalos horas

Horas de pesca

Trutas capturadas

CPUE

CPUE - truta >19 cm

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Tru

ta/h

ora

N

Intervalos de horas

Horas de pesca

Trutas capturadas

CPUE

CPUE - truta >19 cm

55

Em geral, nos 4 troços as CPUE foram mais elevadas ao crepúsculo, nos lotes os

valores de CPUE também foram elevados durante o dia. Como referem Waters (1972),

Brittain e Eikeland (1988) a atividade no crepúsculo é provavelmente benéfica em termos

de recompensa alimentar pois a densidade de deriva de insectos tipicamente aumenta

neste período do dia.

3.4.1.4. Análise de capturas em relação à temperatura da água

A temperatura da água do rio está intimamente ligada tanto à divisão dos troços, ou seja,

quanto mais para montante menor foi a temperatura, como ao mês, ou seja, de Março a

Julho a temperatura média da água do rio aumentou (figura 14). Tendo em atenção este

aspecto é difícil estabelecer a temperatura óptima de captura pois esta depende de duas

variáveis zona e mês. Apesar deste facto o intervalo de temperatura da água do dos 8

aos 10ºC foi aquele que apresentou aparentemente mais capturas por unidade de

esforço, embora influenciado em grande parte pela pesca nos lotes (figura 42 e 43).

Figura 42 - Número de horas de pesca, número de capturas e capturas por unidade de esforço face a

diferentes intervalos de temperatura do rio.

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2

0

10

20

30

40

50

60

Tru

ta/h

ora

N

Intervalos de temperatura (ºC)

Horas de pesca

Trutas capturadas

CPUE

56

Figura 43 - Número de horas de pesca e número de capturas em cada troço face a diferentes intervalos de

temperatura.

3.4.1.5. Análise das capturas perante as condições climáticas

Tabela 4 - Descrição geral do estado do rio e do tempo, apresentação do número de horas de pesca, de

trutas capturadas e CPUE (truta/hora) de 1 de Março até 21 de Julho de 2012.

Estado do Rio Estado do tempo Nº Horas Nº Trutas CPUE

Limpo (cor amarelada) Pouco nebulado/aguaceiros 12 29 2,4

Limpo Pouco nebulado/aguaceiros 7,5 14 1,9

Limpo Nebulado/aguaceiros 16 23 1,4

Turvo Nebulado/chuva 2,5 3 1,2

Limpo Nebulado 18,5 21 1,1

Limpo (cor amarelada) Pouco nebulado 6,5 7 1,1

Limpo Limpo 6 6 1

Limpo Limpo 89,5 84 0,9

Limpo (cor amarelada) Nebulado 9,5 8 0,8

Limpo (cor amarelada) Limpo 2,5 2 0,8

Limpo Pouco nebulado 17,5 12 0,7

É significativa a diferença entre as CPUE em dias de aguaceiros/chuva e as CPUE em

dias sem precipitação (t-test t=3,85 p=0,0039). A pouca precipitação (aguaceiros)

influência positivamente a captura de trutas, contudo deve-se ressalvar que não foi

efectuada pesca em condições de elevada precipitação.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0

10

20

30

40

50

60

ho

ras

tru

tas

Intervalos de temperatura (ºC)

Trutas capturadas nos lotes

Trutas capturadas no troço a montante da vila

Trutas capturadas na zona da vila

Trutas capturadas no troço a jusante da vila

Horas de pesca

57

3.4.1.6. Ataques ao isco (colher)

Nas jornadas de pesca ocorreram 391 ataques ao isco, 53,5 % das trutas que atacaram

o isco foram capturadas (percentagem de sucesso igual à percentagem do quociente

entre o nº de capturas e o nº total de ataques); 8,4 % das trutas foram cravadas mas

fugiram em algum momento da recuperação e 38,1 % apenas atacaram o isco não

chegando a ficar cravadas em nenhum dos 3 anzois (figura 44).

Figura 44 - Número de ataques ao isco, com captura de truta e número de ataques ao isco, sem captura de

truta.

Extrapolando um pouco sobre a eficácia da colher, esta poderá estar relacionada com a

forma de ataque das trutas, com a sua desconfiança, com o tamanho das trutas (trutas

pequenas serão mais dificilmente cravadas devido ao tamanho proporcionalmente maior

dos anzois) ou com a forma de pescar do pescador (velocidade de recuperação da colher

e ângulo da cana em relação à linha no momento do ataque). Dada esta percentagem de

sucesso, existe uma margem substancial para o melhoramento técnico da amostra por

forma a maximixar as capturas por unidade de esforço.

Tabela 5 - Percentagens de sucesso nas quatro zonas de pesca.

Troço % sucesso

Lotes 61,0

Troço a montante da vila 54,4

Zona e/vila 37,3

Troço a jusante da vila 42,9

Total 53,5

Nos lotes, 61 % dos ataques resultaram na captura de uma truta enquanto que no troço

abaixo da vila apenas 43 % dos ataques deram origem à captura de uma truta. A zona

209 149

33 Nº de ataques ao isco, com captura de truta

Nº de ataques ao isco, sem captura

Nº de ataques ao isco com truta cravada, sem captura

58

livre (troço a montante da vila + vila + troço a jusante da vila) teve uma percentagem de

sucesso de 48 %.

A razão para a percentagem de sucesso nos lotes ser maior poderá estar relacionada

com: as trutas serem menos “desconfiadas” devido ao menor número de pescadores

diários (apenas 1 ou 2) e consequentemente ao menor esforço de pesca; à maior

voracidade devido à competição existente (muitas trutas) ou à melhor eficiência do isco

em zonas de corrente.

A percentagem de sucesso total revelou que cerca de metade dos ataques ao isco

resultou na captura de um exemplar, mas das trutas capturadas apenas 32 % (67 trutas)

é que podiam ter sido retidas pelo pescador pois superavam o comprimento mínimo de

captura.

Nos lotes e no troço a montante da vila a maior parte das capturas 67,7 % e 73,3 %

respectivamente, ocorreu em água corrente enquanto na vila e a jusante da vila o número

de capturas foi semelhante em águas paradas e em águas correntes. Em todo o curso do

rio 65,5 % das capturas ocorreu em locais de corrente enquanto 34,5 % das capturas

ocorreu em locais de água parada (figura 45).

Figura 45 - Número de capturas de truta em água parada e água corrente.

Nos dois troços mais a montante os ataques sem captura ocorreram mais em zonas de

corrente 75,9 e 60,5 % respectivamente, enquanto que nos dois troços mas a jusante os

ataques ocorreram mais em águas paradas 53,8 % e 66,7 %. Do total de ataques sem

capturas 63,2 % ocorreu em zonas de corrente e 36,8 % em locais de água parada

(figura 46).

0

20

40

60

80

100

120

Lotes Troço a montante

da vila

Zona e/vila

Troço a jusante da vila

tru

tas

Capturas em água corrente Capturas em água parada

59

Figura 46 - Número de ataques ao isco, sem captura de truta, em águas paradas e correntes.

Verifica-se assim um paralelismo entre valores e percentagens de captura de trutas e

entre valores e percentagens de ataques ao isco sem captura em águas paradas e

correntes. Estes resultados mostram que as trutas descravam-se igualmente da colher

em cada troço seja o local de corrente ou de água parada.

3.4.1.7. Número de anzois cravados

Nos lotes 40,7 % das trutas foram capturadas com somente um anzol cravado. A

percentagem de trutas capturadas com 3 anzois cravados foi de 25,9 % (figura 47).

Figura 47 - Percentagens de trutas capturadas com 1, 2 ou 3 anzois cravados, na zona dos lotes (n=97).

Contrariamente, na zona livre 28,1 % das trutas foi capturada com 1 anzol cravado

enquanto que 38,6 % das trutas foram capturadas com 3 anzois cravados (figura 48).

0 10 20 30 40 50 60 70

Lotes Troço a montante

da vila

Zona e/vila

Troço a jusante da vila

tru

tas

Ataques ao isco, sem captura, em água corrente

Ataques ao isco, sem captura, em água parada

40,7

33,3

25,9

% 1 anzol cravado

% 2 anzois cravados

% 3 anzois cravados

60

Figura 48 - Percentagens de trutas capturadas com 1, 2 ou 3 anzois cravados, na zona livre (n=112).

Analisando os dados de anzois cravados de todas as trutas em ambas as zonas as

percentagens são muito semelhantes: 35,5 % para um anzol cravado; 33,3 % para dois

anzois cravados e 31,2 % para três anzois cravados.

3.4.1.8. Comprimento médio das trutas capturadas nas jornadas de pesca

A classe de comprimentos com maior número de capturas foi a dos 10 aos 15 cm. Cerca

de 94 % das trutas pescadas apresentaram comprimentos entre os 10 e os 25 cm

enquanto que apenas 6 % apresentava comprimentos entre os 25 e os 50 cm. Como se

pode ver na figura 49 a maior parte das capturas foi feita no troço dos lotes e no troço a

montante da vila (82%) o que pode ser justificado pelo maior comprimento da soma

destes dois troços e pelo possivel maior número de trutas.

Figura 49 - Classes de comprimentos das trutas capturadas nos 4 troços amostrados por pesca desportiva

(n=209).

28,1

33,3

38,6

% 1 anzol cravado

% 2 anzois cravados

% 3 anzois cravados

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

N

Classe de comprimento (cm)

Trutas capturadas nos lotes

Trutas capturadas no troço a montante da vila

Trutas capturadas na zona da vila

Trutas capturadas no troço a jusante da vila

61

O facto de se capturarem poucas trutas com comprimentos superiores a 25 cm poderá

estar relacionado com a estrutura real da população, com a eficácia da colher para trutas

maiores ou com o comprimento mínimo legal de captura (CMLC). Como referem Keeley e

Grant (2001) o tamanho a partir do qual as trutas se tornam predominantemente

piscívoras é 30 cm (ver anexo I), logo a colher pode não ser uma boa imitação de um

peixe, sendo apenas um estimulador do instinto predatório da truta ou uma imitação de

um insecto. Quanto maior for o CMLC, em principio, mais protegida será a truta pois mais

exemplares terão mais oportunidades de reprodução. O CMLC parece determinar a

estrutura da população. Se visualizarmos a figura 49 foram capturadas cerca de 40 trutas

da classe [20-25[ mas o número decresceu muito para a classe seguinte (5 trutas). O

facto de existir um número relevante de trutas da classe [20-25[ poderá dever-se ao facto

de terem sido protegidas pelo CMLC no ano anterior, mas como a pesca desportiva

extrativa parece incidir predominantemente sobre esta classe no ano seguinte a classe

[25-30[ apresenta poucos indivíduos. Esta hipótese explicaria os poucos indivíduos

capturados das classes de comprimentos mais altas.

Como referem Almodóvar e Nicola (2004) a pesca desportiva intensa tem diminuído a

idade média, a diversidade de idades e o número de trutas que excedem o tamanho

mínimo de captura. O tamanho mínimo de captura reduz as hipóteses de sucesso na

postura de populações de crescimento rápido devido à suscetibilidade à pesca

desportiva. O actual declínio da truta fário pode ser reduzido com um regulamento

específico para cada rio e por normas de pesca alternativas

Tabela 6 - Número de trutas, percentagem do total de capturas com CMLC e número de trutas que, nestas

jornadas, poderiam ser retidas ou que teriam de ser obrigatoriamente libertadas, caso o comprimento mínimo

legal de captura (CMLC) aumentasse ou diminuísse.

CMLC

Nº trutas

com

CMLC

% de

capturas

com CMLC

Nº de trutas que poderiam ser

retidas (+) ou nº que teriam que

teriam de ser libertadas (-) caso

o CMLC fosse diferente

21 cm 38 18,2 - 27

20 cm 54 25,8 - 11

19 cm* 67 32,1 0

18 cm 83 39,7 + 18

17 cm 96 45,9 + 31

*CMLC em vigor

62

Com um do comprimento mínimo de captura maior ou com zonas de pesca sem morte o

número de trutas de classes de comprimento mais altas poderia teoricamente aumentar

apesar da maior predação e competição que existiria.

Estudos de Almodôvar (2001) na Galiza apresentaram dados de densidade, biomassa e

produtividade nas zonas de pesca desportiva inferiores aos valores das zonas vedadas à

pesca. Contudo estudos realizados por Braña (1992) noutros rios do Norte de Espanha

não detectaram uma redução na abundância nas populações devido ao efeito da pesca

desportiva.

Jonsson (2001) verificou em 17 rios da Noruega que os comprimentos médios de

machos (residentes) maduros situaram-se entre os 16 e os 24 cm, se em Portugal se

verificar um intervalo de maturidade semelhante quer dizer que algumas trutas podem ser

retidas sem terem efectuado a reprodução pelo menos uma vez, o que coloca a espécie

em risco.

3.4.1.9. Melhor zona de pesca

Para avaliar a melhor zona de pesca estabeleceram-se como 4 critérios de avaliação o

valor das CPUE (truta/hora e truta>19 cm/hora) e as médias dos comprimentos e pesos

das trutas capturadas. A cada critério atribuiu-se o peso de 25 pontos sendo assim a

pontuação máxima de 100 pontos. As melhores zonas para pesca foram o lote 2 (90,9

pontos), o lote 3 (75,8 pontos) e a zona j (64 pontos). Como já foi referido anteriormente,

no lote 2 só se pescou num dia, sendo este valor menos consistente.

3.4.1.10. Melhor troço de pesca

Para calcular o melhor troço de pesca, aplicaram-se os mesmos critérios do cálculo da

melhor zona. O melhor troço de pesca foi o troço dos lotes (95 pontos) seguido pelo troço

acima da vila (82 pontos) e pela zona da vila e troço abaixo da vila, ambos com 67

pontos.

63

3.4.2. Dados das trutas capturadas nas jornadas de pesca e das trutas

capturadas por vários pescadores desportivos no rio Vez

3.4.2.1. Comprimento médio das trutas capturadas

(n=209 + 40)

Tendo em atenção que a pesca desportiva é uma pesca selectiva a média dos

comprimentos para as várias zonas situou-se entre os 12,9 cm e os 20,9 cm. Em cinco

zonas as trutas apresentaram comprimentos médios de cerca de 20 cm (Zona c, d, g, lote

2 e lote 3) (figura 50). Em relação ao comprimento individual de cada truta os valores

variaram entre 10,5 e 46 cm.

Figura 50 - Média (± erro padrão) dos comprimentos das trutas nas várias zonas.

Nota: no lote 7 e 8 apenas foi capturada uma truta.

No troço dos lotes a média dos comprimentos foi de 17,5 cm (n=104), no troço a

montante da vila a média foi de 18 cm (n=78), na zona da vila a média foi de 19,1 cm

(n=48) e no troço a jusante da vila a média dos comprimentos foi de 19 cm (n=19) (figura

51).

10

12

14

16

18

20

22

24

26

Lote

8

Lote

7

Lote

6

Lote

5

Lote

4

Lote

3

Lote

2

Lote

1

Zon

a m

Zon

a l

Zon

a j

Zon

a i

Zon

a h

Zon

a g

Zon

a f

Zon

a e/

vila

Zon

a d

Zon

a c

Zon

a b

Zon

a a

Co

mp

rim

en

to m

éd

io (

cm)

Zona

64

Figura 51 - Média dos comprimentos (± erro padrão) das trutas nos quatro troços.

Não existiram diferenças significativas entre os comprimentos das trutas capturadas nos

4 troços (Kruskal-Wallis H (3, N=249) = 7,63 p=0,054) e também não existiram diferenças

significativas entre comprimentos das trutas nos lotes e na zona livre.

3.4.2.2. Peso médio das trutas capturadas

(n=249)

A média dos pesos em cada zona variou entre os 25 g (lote 6) e os 149 g (lote 3). O lote

3 (lote de pesca sem morte) apresentou uma média de pesos elevada influenciado pelo

dia de pesca na abertura do lote, em que se capturaram três trutas com pesos de 440 g,

721 g e 910 g. O lote 6 apresentou um valor de peso médio bastante baixo mas assente

apenas na média de pesos de 3 trutas. Em relação ao peso individual de cada truta os

valores variaram entre 12 e 910 g (figura 52).

10

12

14

16

18

20

22

Lotes Troço a montante da vila

Zona e/ vila Troço a jusante da vila

Co

mp

rim

en

to m

éd

io (

cm)

65

Figura 52 – Média (± erro padrão) dos pesos das trutas capturadas nas várias zonas.

A média do peso das trutas nos lotes foi de 80,2 g, na vila foi de 90 g e no troço a

jusante da vila a média so peso das trutas capturadas foi de 80,5g. Contudo não

existiram diferenças significativas entre os pesos das trutas nos 4 troços (Kruskal-Wallis

H (3, N=248) = 6,11 p = 0,106) e também não existiram diferenças significativas entre o

peso das trutas dos lotes e da zona livre (figura 53).

Figura 53 – Média (± erro padrão) dos pesos das trutas nos quatro troços.

0

25

50

75

100

125

150

175

200

225 P

eso

dio

(g)

Zona

60

65

70

75

80

85

90

95

100

105

110

Lotes Troço a montante da vila

Zona e/ vila Troço a jusante da vila

Pe

so m

éd

io (

g)

66

3.4.2.3. Comprimento e peso médios das trutas capturadas

(n=249)

Tabela 7 - Média do comprimento furcal e do peso de trutas do rio Vez e respectivo desvio padrão, nos lotes

e na zona livre.

Comprimento (cm) Peso (g)

Média Desvio padrão Média Desvio padrão

Lotes 17,45 5,244 80,23 118,13

Zona livre 18,46 5,80 85,11 95,9

Total 18,04 5,59 83,08 105,5

Existiu uma diferença de 1 cm entre a média dos comprimentos das trutas nas duas

zonas e uma diferença de cerca 5 g entre a média dos pesos.

3.4.2.4. Coeficientes de condição K médios das trutas capturadas

(n=249)

A média dos coeficientes de condição K para cada zona situou-se entre o valor 1,03

(zona g) e 1,19 (lote 5) (figura 54). Analisando os coeficientes individuais de todas as

trutas capturadas o coeficiente menor foi de 0,75 (peixe muito magro) e o coeficiente

maior foi de 1,41 (peixe bem proporcionado).

Figura 54 – Média do coeficientes de condição K (± desvio padrão) em cada zona.

0,8

0,85

0,9

0,95

1

1,05

1,1

1,15

1,2

1,25

1,3

Co

efi

cie

nte

de

co

nd

ição

K m

éd

io

Zona

67

O troço dos lotes foi aquele que apresentou um coeficiente de condição K médio maior

(1,16) enquanto que o troço mais a jusante da vila apresentou um coeficiente K médio

menor (1,07). A zona livre apresentou uma média do coeficiente K de 1,09.

A diferença entre os coeficientes de condição K entre os lotes e zona livre não foi

significativa (t-test t=1,46 p=0,12). Contudo pela análise ANOVA F[3,244] = 10,33 p<0,01 é

muito significativa a diferença entre o coeficiente de condição K médio nos lotes e cada

uma das outras 3 zonas (figura 55).

Figura 55 - Coeficientes k médios (± desvio padrão) em cada troço.

3.4.3. Pescadores desportivos

Durante as jornadas de pesca no rio Vez foram avistados 122 pescadores em açcão de

pesca, tendo em atenção que alguns pescadores foram vistos mais de que uma vez o

número total real de pescadores foi mais baixo. Desses pescadores, 57 foram inquiridos

(alguns mais de que uma vez) sobre o número de trutas capturadas no dia. Não foi

possível inquirir todos os pescadores porque alguns encontravam-se na margem

contrária ao observador. As respostas para o número de trutas capturadas por dia

variaram entre 0 e 15 trutas (n=125) sendo a média de 2,2 trutas/pescador.dia. De uma

amostra de 40 trutas pescadas pelos pescadores desportivos e cujos dados foram

analisados (Comprimento furcal e total, peso e isco utilizado) 17 foram capturadas com

colher, 15 com “asticot” e 8 com minhoca.

0,8

0,85

0,9

0,95

1

1,05

1,1

1,15

1,2

1,25

1,3

Lotes Troço a montante da

vila

Zona e/vila Troço a jusante da vila

coe

fici

en

te d

e c

on

diç

ão K

dio

Lotes

Troço a montante da vila Zona e/vila

Troço a jusante da vila

68

Tabela 8 - Pescadores observados em acção de pesca no rio Vez (50 dias).

Zona Nº pescadores Nº horas de observação

Lotes 6* 48,5

Troço a montante da vila 8 60

Zona e/vila 92 50,5

Troço a jusante da vila 16 33

Total 122 192

*Pescador que acompanhou as jornadas de pesca (6 vezes)

3.4.4. Análise de conteúdos estomacais

As trutas analisadas, pescadas em 15 zonas diferentes, foram capturadas entre Março e

Maio e apresentaram comprimentos entre os 12,5 (truta que morreu) e 26,5 cm e pesos

entre os 20 e os 172 g. Embora a amostra seja pequena, nestas trutas a proporção de

sexos encontrada foi de 1:1,3 (fêmea:macho)

As ordens mais abundantes nos conteúdos estomacais foram a Ephemeroptera e

Díptera tendo esta última uma frequência de ocorrência bastante mais elevada. A ordem

Trichoptera embora tenha apresentado uma abundância relativa baixa apresentou uma

frequência de ocorrência muito elevada (tabela 9). O índice de replecção dos estômagos

variou entre 36 e 327.

Figura 56 - Conteúdo estomacal regurgitado por uma truta do lote 3, truta nº116, comp:

23 cm, peso: 132 g.

69

Tabela 9 - Abundância relativa e frequência de ocorrência de várias ordens e classes de artrópodes e

moluscos.

Pi ≡Abundância relativa (%)

F ≡Frequência de ocorrência (%)

O número de identificações de organismos variou com o grau de digestão dos conteúdos

estomacais, podendo ser um factor de erro na análise das abundâncias e ocorrências.

Não foram encontrados estômagos vazios contudo numa das trutas não foi identificada

nenhuma ordem.

A partir de uma observação inicial considerou-se que cerca de metade das trutas

apresentava o estômago cheio e a outra metade apresentava o estômago pouco cheio,

posteriormente através do índice de replecção dos estômagos verificou-se que os

estômagos considerados cheios apresentavam os valores do índice mais elevados com

valores quase sempre acima de 100.

Estes dados sugerem que o ataque ao isco poderá não estar directamente ligado com a

necessidade alimentar das trutas.

No estudo de Teixeira (2006) nos rios Baceiro e Sabos as trutas do ano alimentaram-se

predominantemente das presas aquáticas mais disponíveis pertencentes às ordens

Díptera e Ephemeroptera não sendo encontrados insectos da ordem Trichoptera nos

conteúdos estomacais.

Ordem Pi F

Ephemeroptera 67,6 64,3

Díptera 20,4 92,9

Trichoptera 6,9 85,7

Coleoptera 2,2 35,7

Plecoptera 1,4 35,7

Hemiptera 0,2 14,3

Odonata 0,1 7,1

Lepidoptera 0,1 7,1

Isopoda 0,1 7,1

Classe

Arachnida 0,6 21,4

Gastropoda 0,1 7,1

70

3.4.5. Análise de idade

Para análise da idade, foram observadas 249 amostras de escamas de truta. Em 86

amostras não foi possível estimar a idade: por impossibilidade de leitura, por não existir

concordância entre as observações ou por existir dúvida numa ou em duas observações.

Para as restantes 163 amostras a idade das trutas foi estabelecida por maioria de

observações coincidentes. Como a análise dos otólitos estabelece mais fielmente a idade

das trutas, a idade estimada por observação de otólitos de 13 trutas foi comparada com a

idade estimada a partir da observação de escamas dos mesmos exemplares. Como a

concordância foi de apenas 38 % os dados obtidos são pouco esclarecedores e

afectados por um erro elevado.

Como refere Abad (1982) para a truta, é importante ter em conta a ocorrência dum erro

frequente devido à pouca evidência do primeiro “annulus” que é delimitado pelos

primeiros 7 “circuli”.

Figura 57 - Número de trutas com idades 0+, 1+, 2+, 3+, 4+ e 5+ em cada classe de comprimento (n=163),

determinada pela análise de escamas.

O facto de a pesca ter sido praticada durante 5 meses também pode ser um factor que

dificulta a atribuição de um intervalo de comprimentos para a idade, devido ao

crescimento de cada truta em cada mês.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

[10

-11

[ [1

1-1

2[

[12

-13

[ [1

3-1

4[

[14

-15

[ [1

5-1

6[

[16

-17

[ [1

7-1

8[

[18

-19

[ [1

9-2

0[

[20

-21

[ [2

1-2

2[

[22

-23

[ [2

3-2

4[

[24

-25

[ [2

5-2

6[

[26

-27

[ [2

7-2

8[

[28

-29

[ [2

9-3

0[

[30

-31

[ [3

1-3

2[

[32

-33

[ [3

3-3

4[

[34

-35

[ [3

5-3

6[

[36

-37

[ [3

7-3

8[

[38

-39

[ [3

9-4

0[

[41

-42

[ [4

2-4

3[

[43

-44

[ [4

4-4

5[

[45

-46

[ [4

6-4

7[

N

Classe de comprimento

Idade 0+

Idade 1+

Idade 2+

Idade 3+

Idade 4+

Idade 5+

71

Figura 58 - Escama da truta nº 216, idade 1+, CF:

12,4 cm, peso: 22 g, local de captura: lote1.

Figura 59 - Escama da truta nº 111, idade: 2+, CF:

18 cm, Peso: 73 g, local de captura: lote 3.

Figura 60 - Escama nº 129, idade 3+, CF: 18 cm,

peso: 68 g, local de captura: lote 1.

Figura 61– Escama da truta nº 150, idade 5+, CF:

26 cm, peso: 212 g, local de captura: lote 2.

Á medida que a idade dos peixes aumentou foi mais difícil a leitura das escamas, como

refere Rifflart (2006) a taxa de erro sobe com o aumento da idade, assim para cálculo de

idades mais elevadas existirá um maior erro associado.

Muitas das escamas recolhidas apresentavam o núcleo amorfo (escamas de

regeneração) e outras apresentavam-se um pouco degradadas.

1 ano

2anos

1 ano

72

3.4.6. Otólitos

Figura 62 -Otólito da truta nº90, idade 2+, CF:

19 cm, peso: 77 g, local de captura: zona

L.(Luz transmitida).

Figura 63 - Otólito da truta nº46, idade 3+, CF: 22,2 cm,

peso: 114 g, local de captura: zona d (Luz transmitida).

Nas figuras 62 e 63 são visíveis as bandas de crescimento para a idade 2+ e para a

idade 3+.

3.5. Pesca eléctrica

Este é o processo de captura mais usado em ribeiros para fins científicos, pois permite

frequentemente a obtenção de amostras da população estatisticamente significativas

num espaço de tempo limitado. A reacção dum peixe à corrente eléctrica deve-se ao

estímulo do seu sistema nervoso, e é traduzida por uma série de movimentos musculares

involuntários. Estes podem conduzir à saída do peixe de um abrigo e ao seu movimento

na direcção do eléctrodo transportado pelo operador, permitindo assim a sua fácil

captura.

Factores que afectam a eficiência da corrente eléctrica:

a) Tamanho do peixe – os indivíduos de dimensões superiores são mais

susceptíveis à corrente eléctrica.

b) Espécie – cada espécie possui para cada tipo de corrente um determinado tipo de

reacção.

c) Propriedades físicas da água e do habitat – as reacções do peixe à corrente

eléctrica dependem essencialmente da diferença de potencial entre a cabeça e a

barbatana caudal, sendo tanto maior quanto mais elevada for acondutividade

(Cortes e Ferreira 2003).

A abundância das espécies de peixe dos rios é calculada através de amostragens: uma

secção do rio é espacialmente delimitada, grupos de peixes são sucessivamente

73

removidos da secção por pesca elétrica e contados, e finalmente os peixes são libertados

todos juntos (Lobón-Cerviá 1991).

Neste trabalho, nas zonas mais a jusante devido à largura do rio foi mais dificil amostrar e

delimitar toda a área originando assim uma menor eficiência do método.

Tabela 10 – Dados da pesca eléctrica

Lote 6 Zona m Zona i Zona a

Condutividade (S/m) 0,021 0,048 0,033 0,046

Temperatura (ºC) 14,9 16,5 15,6 16

Oxigénio dissolvido (%) 95,5 81,6 95,2 90,9

Oxigénio (mg/l) 9,65 7,85 9,48 8,99

Comprimento de amostragem (m) 50 50 50 70

Largura (m) 20 15 30 30

Tempo de amostragem (min) 60 60 45 45

Trutas (n) 59 25 19 5

Barbos (n) 0 0 2 27

Panjorca (n) 10 2 23 26

Enguias (n) 7 6 6 7

Lampreias* (n) 0 0 0 2

*amocetes

Com a pesca eléctrica capturaram-se 307 peixes: 35,2 % trutas (salmo trutta); 26,4 %

bogas (Chondrostoma polylepis); 19,9 % panjorcas (Chondrostoma arcasii) ; 9,4 % barbos

(Barbus bocagei); 8,5 % enguias (Anguilla anguilla) e 0,7 % lampreias (Petromyzon

marinus). Estranhamente não se capturaram escalos. Estes dados apresentam

semelhantes com o estudo de Vieira (2011), especialmente na percentagem de trutas,

que obteve para as três espécies mais representativas percentagens de abundância de

para a truta fário de 33,7 %, para a boga de 20,6 % e para a enguia de 18,6 %. No estudo

de Maia (1999) em 6 afluentes do rio Lima (Vade, Estorãos, Trovela, Labruja, Tamente e

Froufe) a truta fário representou mais de 50 % das capturas.

74

3.5.1. Análise da idade

Figura 64 - Número de trutas capturadas por pesca eléctrica com idades de 0+, 1+, 2+, 3+, determinadas por

leitura de escamas, para cada classe de comprimento (n= 25).

Apesar do número de escamas analisadas ser pequeno (n=25) as trutas entre 7 e 9 cm

de comprimento apresentaram uma leitura de idade de 0+ e trutas entre os 13 e os 19 cm

apresentaram uma idade de 2+.

3.6. Pesca eléctrica e pesca desportiva

3.6.1. Capturas por unidade de esforço

Existiu uma grande diferença, na pesca eléctrica, entre o número de total de trutas

capturadas e o número de trutas com mais de 19 cm capturadas, por hora. Essa

diferença diminuiu de montante para jusante. Nas jornadas de pesca desportiva essa

diferença é muito menor. Pela análise das linhas de capturas por unidade de esforço, a

linha de CPUE por pesca eléctrica (verde claro) apresenta valores muito superiores às

outras linhas, demonstrando a eficiência do método pelo menos para trutas mais

pequenas e consequentemente a maior densidade de trutas no local (figura 65).

0

1

2

3

4

5

6

[6-7

[

[7-8

[

[8-9

[

[9-1

0[

[10

-11

[

[11

-12

[

[12

-13

[

[13

-14

[

[14

-15

[

[15

-16

[

[16

-17

[

[17

-18

[

[18

-19

[

[19

-20

[

[20

-21

[

[21

-22

[

[22

-23

[

[23

-24

[

[24

-25

[

[25

-26

[

[26

-27

[

[27

-28

[

N

Classe de comprimentos

Idade 0+

Idade 1+

Idade 2+

Idade 3+

75

Figura 65 - Número de capturas por unidade de esforço (truta/hora) da pesca eléctrica (n=108) e nas

jornadas de pesca desportiva (n=209), em 4 zonas.

Pela amostragem por pesca eléctrica o lote 6 demonstra ser o habitat de muito mais

trutas do que as zonas mais a jusante. As zonas m e i, que pertencem ao troço a

montante da vila, apresentaram valores de CPUE semelhantes para o total de trutas,

embora apresentem um valor aparentemente diferente no que se refere à captura de

trutas com mais de 19 cm. O número de trutas nos locais amostrados diminuiu

claramente de montante para jusante (figura 65).

Num estudo de Maia e Valente (2002) num afluente do rio Lima (rio Estorãos) a

população de trutas também apresentou uma densidade elevada nas zonas a montante e

muito baixa nas zonas a jusante.

O facto de a pesca eléctrica ter-se realizado em Outubro, após o período legal de pesca

desportiva, pode ter influenciado o número baixo de capturas de trutas com tamanhos

superiores ao comprimento mínimo de captura.

Dos quatro locais amostrados, um pertence ao troço dos lotes (6), dois pertencem ao

troço acima da vila (m e i) e o outro ao troço abaixo da vila (a).

0

10

20

30

40

50

60

70

Lote 6 Zona m Zona i Zona a

Tru

ta/h

ora

Zona

CPUE - pesca eléctrica

CPUE - pesca eléctrica - truta > 19 cm

CPUE - pesca desportiva

CPUE - pesca desportiva - truta > 19 cm

76

Locais onde foram realizadas as pescas eléctricas:

Figura 66 - Lote 6 (41º58’28’’N, 8º22´93’’ W).

Figura 67 - Zona i (41º5’ 87’’N, 8º25’61’’ W).

Figura 68 - Zona a (41º48’93’’ 8º24’57’’).

3.6.2. Comprimento médio

Exceptuando o lote 6, o comprimento médio das trutas capturadas por pesca desportiva

foi superior ao comprimento médio das trutas capturadas por pesca eléctrica confirmando

a selectividade do método. As capturas por pesca desportiva no lote 6 foram apenas 3,

facto que influencia a proximidade dos comprimentos médios de captura pelos dois tipos

de pesca (figura 69).

77

Figura 69 - Comprimento médio (± erro padrão) das trutas capturadas por pesca eléctrica (108) e por pesca

desportiva (n=249), por zona.

Existem diferenças significativas entre os comprimentos das trutas capturadas por

pesca eléctrica nos 3 troços (Kruskal-Wallis H (2, n=108) = 8,43 p=0,0148). A média dos

comprimentos das trutas no troço dos lotes foi de 13,6 (±3,7) cm, no troço a montante da

vila a média foi de 11,7(± 5,3) cm e no troço a jusante da vila a média foi de 10,2 (±2,4)

cm. Verificou-se assim um aumento do comprimento médio das trutas de jusante para

montante.

Existem também diferenças significativas entre os comprimentos das trutas capturadas

por pesca eléctrica nos lotes e na zona livre (Mann-Whitney U = 978 p = 0,0039). Como

já foi referido o comprimento médio das trutas capturadas nos lotes foi de 13,6 cm

enquanto que na zona livre o comprimento médio foi de 11,5 (±5,1) cm.

Tabela 11 – Comprimento e peso médios das trutas, perante os tipos pesca.

Média comprimento

(cm)

Desvio

padrão

(cm)

Média peso

(g)

Desvio

padrão (g)

Pesca eléctrica 12,66 4,46 33,33 40,19

Pesca desportiva (n=249) 18,04 5,59 83,08 105,5

Pesca pescadores (n=40) 20,782 6,07 113,4 95,34

Jornadas de pesca (n=209) 17,64 5,31 77,1 106,61

2 24 trutas com mais de 19 cm restantes trutas libertadas

Em relação à média do comprimento das trutas amostradas por pesca eléctrica o valor

foi semelhante ao valor do estudo de Vieira (12,3 cm) (2011), em relação ao peso médio

6

8

10

12

14

16

18

20

22

Co

mp

rim

en

to m

éd

io (

cm)

Amostragem por pesca eléctrica

Amostragem por pesca desportiva

Amostragem por pesca desportiva em todo o troço

78

(22,4 g) os valores foram um pouco diferentes, facto que poderá estar relacionado com a

diferença dos meses em que foram feitas as amostragens nesse estudo (Março, Abril e

Junho) e Outubro para este estudo (tabela 10).

À medida que a classe de comprimentos aumentou o número de exemplares capturados

foi diminuindo. A grande parte das capturas da classe [10-15] ocorreu no lote 6,

capturando-se poucas trutas desta classe nas outras zonas, facto que é um pouco

estranho. É de salientar que, em Outubro, não foi capturada nenhuma truta com menos

de 5 cm, dado o grande número de indivíduos de classes mais baixas, este facto aponta,

com grande probabilidade, para o comprimento de indivíduos de idade 0+ começar, para

este mês, por volta dos 5 cm (figura 70).

Figura 70 - Classes de comprimento das trutas capturadas por pesca eléctrica em 4 zonas, de 3 troços.

A pesca eléctrica é muito mais eficaz como método de captura, tendo-se neste trabalho

capturado cerca de 31 trutas/hora. No que se refere à captura de espécimes com mais de

19 cm a pesca elétrica também apresentou melhores resultados, embora a diferença seja

menor, 2 trutas/hora contra 0,35 trutas/hora de pesca desportiva (tabela 11).

Tabela 12 - Quantidades e percentagens de trutas capturadas com recurso à pesca eléctrica e nas jornadas

de pesca desportiva.

trutas

N º Trutas

> 19 cm

% trutas > 19

cm

CPUE

(trutas/hora)

Truta > 19

cm/hora

Pesca eléctrica 108 7 6,5 30,9 2

Jornadas de pesca 209 65 31,1 1,1 0,35

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

[5-10[ [10-15[ [15-20[ [20-25[ [25-30[

tru

tas

Classe de comprimento (cm)

Lote 6

Zona m

Zona i

Zona a

79

Como a pesca eléctrica foi realizada em Outubro, a pequena percentagem de captura de

espécimes com mais de 19 cm (6,5 %) poderá estar relacionada com: a estrutura real da

população; a menor quantidade de trutas com tamanho mínimo legal presentes no rio,

face ao grande esforço de pesca que tem lugar de Março a Agosto; as poucas

amostragens efectuadas; a dificuldade de aproximar o campo eléctrico às trutas de maior

dimensão que se encontram em zonas mais profundas ou mesmo devido ao

comportamento territorial das trutas, estas estarão mais distribuídas pelo rio não sendo

capturadas com comprimentos de amostragem tão curtos e não limitados por redes.

Wesche (1987) refere que com o aumento do tamanho a truta habita sucessivamente

zonas de correntes mais profundas e Keeley (2001) afirma que o comportamento

territorial é muitas vezes considerado como o principal mecanismo que regula as

populações de salmonídeos.

Figura 71 - Percentagens de trutas de cada classe, capturadas nas jornadas de pesca desportiva (n=209) e

por pesca eléctrica (n=108).

A figura 71 visa fornecer informação de modo a se poder compreender de que forma é

que a pesca eléctrica e a pesca desportiva com colher fazem a amostragem da

população e de como será a estrutura da população real. Na classe de comprimentos

[10-15[ a percentagem de trutas capturadas por pesca desportiva foi menor do que a

percentagem de trutas capturadas por pesca eléctrica. O tamanho do isco poderá ter

influenciado esta diferença pois trutas pequenas embora existam em maior quantidade

como têm uma boca pequena mais dificilmente são cravadas pelos anzóis.

0

10

20

30

40

50

60

Pe

rce

nta

gem

(%

)

Classe de comprimento (cm)

Pesca eléctrica sem a classe [5-10[

Jornadas de pesca desportiva

80

Existe uma diferença elevada, para a classe [20-25[, entre as duas percentagens, este

facto pode ter duas explicações: a classe foi sub-amostrada pela pesca eléctrica pelas

razões descritas anteriormente ou a pesca desportiva é muito eficaz para trutas dentro

desta classe de comprimentos limitando a população real nesta classe. A hipótese

abordada do capitulo 3.4.1.8 de o CMLC determinar a estrutura da população, parece ser

válida dado o decréscimo acentuado do número de indivíduos capturados a partir dos 20

cm.

Neste estudo, nas jornadas de pesca desportiva com amostra não se capturam trutas

com menos de 10 cm enquanto na pesca eléctrica foi possível capturar muitos

exemplares da classe [5-10[ (classe com mais capturas). No que se refere a trutas com

comprimentos superiores a 30 cm só foram capturadas trutas com estas dimensões com

recurso à pesca desportiva mas esta última também teve um comprimento de

amostragem e número de horas de pesca muito superiores (tabela 12).

Tabela 13 - Comprimento de amostragem e tempo de amostragem da pesca eléctrica e desportiva.

Comprimento de amostragem (km) Tempo de amostragem (h)

Pesca eléctrica ≈ 0,22 3,5

Pesca desportiva ≈30 (3 passagens) 192

O recurso à pesca eléctrica para definição da estrutura populacional das trutas parece

ser uma boa opção, mas é necessário ter em atenção que pode subestimar classes de

comprimentos maiores, quando os comprimentos de amostragem são curtos ou quando

as amostragens são poucas. Como a frequência de trutas maiores nesta população no rio

Vez parece ser baixa a probabilidade de em poucos metros capturar um destes

exemplares também é baixa (figura 72)

81

Figura 72 - Classes de comprimento das trutas capturadas pela pesca desportiva (249) e na pesca eléctrica

(108).

No trabalho de Vieira (2011) em Março, Abril e Junho, em 16 pontos de amostragem ao

longo de todo o troço do rio Vez com utilização de pesca eléctrica não foram capturadas

trutas com mais de 25 cm de comprimento.

3.6.3. Peso médio

Na pesca eléctica a média dos pesos variou ao longo das zonas, existindo diferença

significativa entre os pesos das capturas nos 3 troços (Kruskal-Wallis H (2, N=107) = 9,77

p=0,0148). A média dos pesos das trutas capturadas por pesca eléctrica nos lotes foi de

36,2 (±29) g, a média dos pesos no troço a montante da vila foi de 31,6 (±53,3) g, a

média dos pesos no troço a jusante da vila foi 14,4 (±11,9) g, enquanto que a média dos

pesos na zona livre foi de 29,8 (±50,8) g.

Existiram também diferenças significativas entre os pesos das trutas capturadas nos

lotes e na zona livre (Mann-Whitney U = 918,5 p = 0,0019). Pela análise dos dados de

pesca eléctica o peso médio das trutas aumentou signifivativamente de jusante para

montante (figura 73).

0

5

10

15

20

25

30

35 N

º tr

uta

s

Classe de comprimento

Pesca eléctrica

Pesca desportiva

82

Figura 73 - Média (± erro padrão) dos pesos das trutas capturadas por pesca eléctrica (n=108) e por pesca

desportiva (n=249), por zona.

3.6.4. Coeficiente de condição K

A diferença entre a média do factor de condição das trutas capturadas por pesca eléctica

nos lotes e na zona livre não foi significativa Kruskal-Wallis H (2, N=107) = 2,37 p=0,306).

Também não foi significativa a diferença entre a média do factor de condição nos 3 troços

(Mann-Whitney U=1170.5 p=0,12).

0

20

40

60

80

100

120 P

eso

dio

(g)

Amostragem por pesca eléctrica

Amostragem por pesca desportiva

Amostragem por pesca desportiva em todo o troço

83

Figura 74 - Coeficiente de condição K médio (± desvio padrão) das trutas capturadas por pesca eléctrica e

por pesca desportiva, por zona.

O coeficiente de condição K médio amostrado (Outubro) foi de 1,18 o que corresponde,

em média, a peixes com uma condição normal, este valor difere do estudo de Vieira

(2011) em que o valor referido foi de 0,85 esta diferença, como já foi referido, é

provávelmente resultado da diferença entre os meses em que foram realizadas as

amostragens por pesca eléctrica (tabela 13).

Tabela 14 - Média e desvio padrão do coeficiente de condição K na pesca eléctrica e desportiva.

Média do Coeficiente de condição K Desvio padrão

Pesca eléctrica 1,18 0,09

Pesca desportiva 1,12 0,1

0,8

0,9

1

1,1

1,2

1,3

1,4

Co

efi

cie

nte

de

co

nd

ição

K

Amostragem por pesca eléctrica

Amostragem por pesca desportiva

Amostragem por pesca desportiva em todo o troço

84

3.7. Relações peso vs comprimento

Com base em dados de 357 trutas, foram feitas duas relações entre o comprimento furcal

e o peso (figura 75).

Figura 75 - Relação comprimento furcal vs peso de 249 trutas capturadas por pesca desportiva e 108 trutas

capturadas com recurso a pesca eléctrica, no rio Vez.

As trutas capturadas por pesca desportiva apresentaram comprimentos (CF) entre os

10,5 e os 46 cm e comprimentos entre os 12 e os 910 g. A pesca eléctrica capturou trutas

com comprimentos entre os 6,3 e os 27,3 cm e pesos entre os 2,5 e os 260 g (figura 73)

Como na pesca desportiva para as primeiras 42 trutas pescadas não foi medido o

comprimento total, para a seguinte relação a amostra de trutas da pesca desportiva é de

207 trutas (figura 76)

y = 0,0183x2,8264 R² = 0,9886

y = 0,011x3,0266 R² = 0,995

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Pe

so (

g)

Comprimento (cm)

Pesca desportiva

Pesca eléctrica

Potencial (Pesca desportiva)

Potencial (Pesca eléctrica)

85

Figura 76 - Relação comprimento total vs peso de 207 trutas capturadas por pesca desportiva e 108 trutas

capturadas com recurso a pesca eléctrica, no rio Vez.

Na pesca elétrica, realizada em Outubro, as trutas como já foi referido anteriormente

apresentavam maior peso para o mesmo comprimento embora a diferença seja ligeira.

3.8. Inquérito

No que respeita ao inquérito efectuado na zona da vila dos Arcos de Valdevez a 38

pescadores desportivos, todos os inquiridos eram do sexo masculino.

A idade média dos pescadores abordados foi de 45 anos e em média estes praticavam

pesca desportiva há mais de 26 anos.

Dos inquiridos 71 % era residente no concelho de Arcos de Valdevez.

Em média cada pescador pratica este desporto cerca de 45 dias por ano em vários rios,

cerca de metade dos dias (22) pratica a pesca no rio Vez. O número médio de trutas

capturadas pelos pescadores, por ano, em todos os rios é de cerca de 100 exemplares,

no rio Vez é de cerca de 28 trutas. Estes dados resultam numa captura média geral de

2,2 trutas capturadas por dia em vários rios e de 1,3 trutas capturadas por dia no rio Vez.

À data do inquérito (Maio e Junho) o número médio de capturas, por pescador, no ano

corrente (2012) era de cerca de 28 exemplares para vários rios e 9 trutas para o rio Vez.

y = 0,0132x2,8915 R² = 0,987

y = 0,0085x3,0497 R² = 0,9938

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Pe

so (

g)

Comprimento (cm)

Pesca desportiva

Pesca eléctrica

Potencial (Pesca desportiva)

Potencial (Pesca eléctrica)

86

As maiores trutas capturadas pelos pescadores tinham em média 35 cm quando o

tamanho era o factor revelado e 1,6 kg de peso médio quando o peso era o factor

referenciado (aparentemente quando a truta é maior o pescador tem mais tendência a

revelar o seu peso) 36,4 % destas trutas maiores foram capturadas em 2012.

A média para o maior número de exemplares capturados num dia foi de 10 espécimes,

sendo que 50% desses dias com mais capturas ocorreram em 2012.

50 % dos pescadores pratica a técnica de pesca à boia.

58 % leva todo o peixe para casa.

82 % concorda com o repovoamento do rio.

66 % dos pescadores estaria disposto a pagar um valor de licença mais

elevado para ter melhores condições de pesca.

47 % dos pescadores elege as margens limpas como a condição que mais

queriam ver melhorada.

43% dos pescadores acabava com a zona de pesca reservada e cerca de 20

% não mudaria nada na gestão do rio Vez.

87 % dos pescadores não frequenta os lotes do rio Vez.

(ver resultados no anexo IV)

4. Considerações finais

Os dados das jornadas de pesca são resultado das capturas de uma pessoa, dado a

dificuldade de obter dados de pesca de outros pescadores desportivos só foi possível

acrescentar dados de 40 capturas de outros pescadores.

A pesca com asticot é proibida em águas salmonídeas, mas é utilizada por alguns

pescadores no rio Vez.

Um facto interessante, mas de certa maneira não surpreendente, foi que nas jornadas de

pesca embora só 32 % das trutas capturadas superavam o CMLC, estas representaram

64 % do peso total das capturas. No total capturaram-se 16 kg de trutas fário, subtraindo

o peso das trutas sem CMLC, podia-se ter retido 10,3 Kg de trutas. Somando os gastos

da licença concelhia (3€), das várias licenças diárias para os lotes (33€), das colheres

(120€), dos fios de pesca (12€) e das deslocações (70€) dá um preço de cerca 23€ por

kg de truta.

Uma truta com 18,9 cm capturada em Março terá obrigatoriamente de ser libertada mas

a mesma truta se for capturada em Julho terá provavelmente ultrapassado os 19 cm e

87

poderá ser retida, a protecção na primeira captura não a protegeu de modo a passar por

outra época de reprodução.

No rio Vez existe pontualmente alguma furtividade com artes ilegais e algum desrespeito

pelos tamanhos mínimos de captura. Embora cada vez mais pescadores desportivos

estejam mais dispertos para a questão da conservação e preservação da espécie.

Na zona de pesca reservada do rio Vez é possível capturar até 6 trutas por dia, mas é

virtualmente impossível a fiscalização de um pescador que capture 6 trutas de manhã e 6

trutas à tarde.

Em relação aos possíveis predadores naturais das trutas, durante as jornadas de pesca

desportiva foram avistadas duas lontras, uma na zona “a” na confluência do rio Vez com

o rio Lima e outra no lote 2. Foram também avistadas garças reais e corvos marinhos.

No que respeita ao possível ordenamento do rio Vez para implementa-lo é necessário

recompensar o pescador do valor investido na licença, por exemplo, na limpeza das

margens, no repovoamento e na fiscalização. Se as verbas não beneficiarem o rio, a truta

e indirectamente o pescador, parece pouco provável que a comunidade de pescadores

desportivos esteja receptiva a novas normas.

As regras do ordenamento do rio devem ser estabelecidas por instituições ou pessoas

que não sejam elas próprias partes interessadas no processo. Como parte interessada,

tentei apenas dar um contributo técnico/cientifico de apoio à decisão mostrando a

realidade menos conhecida, a pesca desportiva e o pescador. Parece-me essêncial que o

legislador tenha em conta o balanço entre a importância da preservação da espécie e a

importância que a pesca tem na vida e no lazer de uma parte significativa da comunidade

local.

Figura 77 - Juvenil de truta de pequenas dimensões capturado na zona e (2008)

88

5. Conclusão

Em geral, nos cinco dias de análise, os parâmetros da água do rio Vez, em três locais

apresentaram valores dentro dos limites recomendáveis mas na zona mais a jusante os

valores medidos ultrapassaram pontualmente os valores máximos admissíveis.

Em relação ao início do período de postura da truta (S. trutta) este parece ter–se iniciado

por volta do dia 5 de Dezembro prolongado-se pelo menos até dia 16 de Janeiro, pois

nesse período foram observados casais de trutas e um número elevado de espécimes

numa zona de postura situada no troço do rio vez que atravessa a vila de Arcos de

Valdevez. Durante esses dias a temperaturas na água do rio apresentou valores entre os

7 e 11,4ºC. O aumento do número de trutas presentes no local de postura teve lugar

durante um período em que ocorreu precipitação e consequente aumento de caudal.

Na migração das trutas para montante, numa represa situada cerca de 500 m a

montante da zona de postura ocorreu uma média de 25 saltos/hora mas apenas 0,6 %

dos saltos tiveram sucesso conseguindo os peixes ultrapassar o obstáculo. Esta barreira

influencia assim negativamente a migração das trutas e pode ter influência no número de

trutas que aparece todos os anos na zona de postura.

Nas jornadas de pesca desportiva, realizadas no rio Vez, com a utilização quase sempre

do mesmo isco artificial, colher dourada nº2 (99%), capturaram-se 209 trutas, à média de

cerca de uma truta por hora. Em relação a trutas com comprimento mínimo legal de

captura (CMLC) estas foram capturadas à média uma truta a cada três horas. Estes

valores são semelhantes à média de trutas capturadas por dia por pescadores

desportivos, no rio Vez, e confirmada no local (cerca de 2 capturas/dia) e relatada no

inquérito (cerca de 2 trutas/dia para vários os rios da região e de 1 truta/dia para o rio

Vez). A percentagem de sucesso foi de 54 % ou seja capturou-se em média uma truta em

cada dois ataques ao isco, existindo assim margem para melhoramento técnico da

colher. As trutas capturadas com colher, apresentaram uma média de comprimentos de

17,6 cm, cerca de mais 5 cm que a média das trutas capturadas por pesca eléctrica (12,6

cm). Devolveram-se ao rio 192 trutas em boas condições de sobrevivência.

Nas jornadas de pesca existiu uma diferença significativa entre as capturas por unidade

de esforço (CPUE - truta/hora) na zona livre do rio Vez e na zona de pesca reservada.

Capturou-se em média duas trutas por hora nos lotes e cerca de uma truta por hora na

zona livre. Em relação à CPUE para trutas que superavam CMLC não existiram

diferenças significativas entre as duas zonas. Nas trutas capturadas por pesca desportiva

existiram diferenças significativas entre a média do coeficiente de condição K nos lotes

89

(superior) e em de cada uma das outras 3 zonas contudo na pesca electrica essa

tendência não se verificou.

Na pesca desportiva com isco artificial os intervalos de horas do dia com mais capturas

por unidade de esforço foram os intervalos das [9:00-10:00[ e das [10:00-11:00[ estando

estes resultados de acordo com os estudos de outros autores que afirmam que a truta é

um peixe crepuscular com a máxima actividade ocorrendo ao amanhecer e anoitecer.

Quando ocorreram aguaceiros ou chuva os valores de capturas de trutas por unidade de

esforço foram significativamente superiores.

Foram capturadas mais trutas em zonas onde o rio tem corrente do que em zonas de

água parada.

Na pesca desportiva (16 % de dados de capturas de outros pescadores) não existiram

diferenças significativas entre o peso e o comprimento médio das trutas capturadas entre

a zona de pesca reservada (lotes) e a zona livre. Porém pela análise dos resultados da

pesca eléctrica é significativa a diferença entre os pesos e comprimentos nestas duas

zonas verificando-se um aumento do comprimento e do peso médio das trutas de jusante

para montante. O coeficiente de condição K médio amostrado pela pesca elétrica

(Outubro) foi de 1,18 o que corresponde a peixes com uma condição normal enquanto o

coefieciente de condição das trutas capturadas por pesca desportiva (Março a Julho) foi

de 1,12 (peixes magros a normais) esta diferença deve-se provavelmente à diferença

entre os meses de amostragem.

Com a pesca eléctrica verificou-se que o número de trutas nos locais amostrados

aumentou de jusante para montante.

Estes dados tornam a zona de pesca reservada do rio Vez num local aparentemente

interessante para a prática de pesca desportiva com isco artificial. Apesar deste facto as

taxas de ocupação nos últimos 5 anos têm rondado os 25 %. Para um pescador residente

no concelho o preço da licença diária para a ZPR é de 3 €, para um pescador de fora do

concelho o valor da licença é de 6 €. Comparando com o custo médio de uma colher (2 €)

o preço parece acessível mas comparando com o custo da licença para pescar, durante

um ano inteiro, em toda a zona Norte (3 €) ou em todo o território Nacional (6 €), o valor

parece muito elevado. Pela análise do inquérito efectuado, 87 % dos inquiridos não

frequenta os lotes do rio Vez e cerca de 43 % gostaria que a ZPR se tornasse numa zona

livre, contudo cerca de 66 % estaria disposto a pagar um valor de licença mais elevado

para ter melhores condições de pesca.

Com este trabalho foi possível verificar que nas jornadas de pesca desportiva com a

utilização de isco artificial (colher nº2) se podem capturar trutas com comprimentos entre

os 10,5 e os 46 cm. Dado o CMLC ser de 19 cm, e este isco ser selectivo em relação à

90

espécie e em relação ao tamanho (>10 cm) a utilização de colheres mais pequenas nº0 e

nº1 com anzois com barbela pode não se justificar. Mesmo com uma colher média (nº2) a

percentagem de trutas com tamanhos inferiores ao CMLC foi de 68 %. Assim, só deveria

ser permitida a utilização destas colheres mais pequenas ou mesmo de colheres médias

com anzois sem morte (sem barbela) de modo às trutas com comprimentos abaixo do

CMLC serem libertadas em boas condições de sobrevivência.

As ordens mais abundantes nos conteúdos estomacais de uma pequena amostra de

trutas do rio Vez, foram a Ephemeroptera e Díptera apresentando também estas ordens

uma frequência de ocorrência elevada. A ordem Trichoptera embora tenha apresentado

uma abundância relativa baixa apresentou uma frequência de ocorrência muito elevada.

O recurso à pesca eléctrica para determinação da estrutura populacional de trutas é um

método rápido e eficaz, mas é necessário ter em atenção que pode subestimar classes

de comprimentos maiores, quando os comprimentos de amostragem são curtos, quando

as amostragens são poucas ou quando os troços não são delimitados com redes.

O comprimento mínimo de captura parece determinar a estrutura da população de trutas

do rio Vez, trutas a partir dos 20 cm de comprimento e especialmente a partir dos 25 cm

são menos frequentes.

Se um pescador escolher para isco uma colher nº2, for pescar para a ZPR em zonas de

corrente, em Abril, no crepúsculo num dia de aguaceiros, provavelmente terá um bom dia

de pesca.

Vale a pena pescar nos lotes? Neste estudo não existiu diferença significatica para

captura de trutas com mais de 19 cm contudo a ZPR foi uma zona de pesca

significativamente melhor que a zona livre no que respeita ao total de trutas capturadas,

a decisão depende do valor teórico que cada pescador dá a esse acréscimo, se esse

valor teórico for superior ao valor monetário da licença diária, então vale a pena.

Figura 78 - Truta nº 40, CF: 22,8 cm, peso: 124g

91

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112

113

Anexos

114

Anexo I

Num dos dias de pesca ao recolher uma truta de 17,4 cm cravada na colher, ocorreu um

ataque ao isco/truta de uma truta de grandes dimensões. A truta maior ofereceu muita

resistência e acabou por largar a truta mais pequena ou simplesmente soltou-se do anzol.

Este comportamento é demonstrativo da voracidade deste peixe mesmo para com

indivíduos da mesma espécie.

Figura 79 - Truta atacada (truta nº 42) comp: 17,4 cm, peso: 57 g, local: zona j.

115

Anexo II

Figura 80 - Truta nº 162 comp: 22,4 peso:122 g local: lote 3.

Figura 81 - Truta nº 123 comp: 20,9 peso 105 g local: lote 4.

Figura 82 - Truta nº 73 comp:17,5 peso: 54 g local: zona a.

Figura 83 - Truta nº 84 comp: 34,5 peso: 342 g local: zona i.

Como é possivel constactar pela figuras 80 a 83 a Salmo trutta no rio Vez apresenta

diferente morfologias sendo dificil quer para os pescadores desportivos quer para um

investigador a distinção entre truta fário e truta marisca. Enquanto as figuras 80 e 81 são

claramente de Salmo trutta morpho fário as figuras 82 e 83 levantam algumas dúvidas.

116

Anexo III

Salmão (Salmo salar)

No rio Lima é consensual a existência de salmões e quase todos os anos são relatadas

capturas à linha. Este ano observei dois salmões provenientes do rio Lima, um de 91 cm

de comprimento e 4,6 kg de peso que um pescador desportivo encontrou morto na

margem do rio, no dia 22/1/2012 e outro de 81 cm de comprimento que foi capturado por

um pescador desportivo no dia 1/3/2012. Dado que não foi encontrada pelo autor

nenhuma referência científica à sua existência no rio Vez, embora tenham ocorrido

repovoamentos neste rio e apesar deste trabalho ser sobre a truta, achei relevante

apresentar uma prova do aparecimento de um exemplar no rio Vez capturado por um

pescador do concelho.

Figura 84 - Troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez (zona e), local de captura 41º50’91’’

N 8º25’16’’ W - Fotografia aérea da zona (Google Earth).

Data e hora da captura: 2/3/2010 cerca das 10:00 horas

Isco: Minhoca

Comprimento furcal: 59 cm

Peso: 1.3 Kg (Medido pelo pescador)

Figura 85 - Salmão (Salmo salar) capturado no rio Vez no ano 2010.

Local de captura

41 50,91

41 50,91 8 25,16 41 50,91 8 25,16

Represa

Zona de postura

117

Anexo IV

Dados do inquérito:

Figura 86 - Categoria de idades dos pescadores inquiridos.

Figura 87 - Residência dos pescadores inquiridos (percentagem).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

[20-30[ [30-40[ [40-50[ [50-60[ [60-70[ [70-80[

Nu

me

ro d

e in

div

idu

os

(n)

Categoria de idades

71,1

7,9

5,3

5,3

2,6 2,6 2,6 2,6

Arcos de Valdevez

Vila verde

Prado

Ponte da barca

Guimarães

Lisboa

Braga

Pico dos regalados

118

2)

Figura 88 - Técnicas de pesca praticadas pelos pescadores no rio Vez (percentagem).

6)

Tabela 15- Comprimento e peso minimos e máximos da maior truta que capturada

Mínimo Máximo

Comprimento (cm) 12 73

Peso (g) 200 3000

6.1)

Figura 89 - Ano da maior captura de cada pescador (percentagem).

28,9

13,1

13,1 5,3

5,3

5,3

5,3

5,3

5,3

5,3

2,6 2,6 2,6 Boia

Boia e fundo

Fundo

Minhoca

Tudo

Minhoca, pluma, gafanhoto Amostra

Boia e minhoca

Boia e s/ boia

3 3 3 3

3 3

3

3

6

3

3 6 3

9 9

37

1970

1977

1980

1990

1992

1995

2000

2001

2002

2004

2005

2006

2007

2010

2011

2012

119

7.1)

Figura 90 - Ano com maior número de capturas num dia (percentagem).

8)

Figura 91 - Destino do peixe capturado (percentagem).

5 5

5

5

5

5

5

5

10

50

1977

1980

1987

1992

2005

2006

2008

2009

2011

2012

57,9 18,4

7,9

7,9

2,6 2,6 2,6

Leva

Devolve

Leva e devolve

Leva para dar

Devolve ou dá

Leva as trutas

Leva trutas e enguias

120

9)

Figura 92 - Concorda com o repovoamento do rio?

10)

Figura 93 - Estaria disposto a pagar mais para ter melhores condições de pesca?

81,6

5,3

5,3

2,6 2,6 2,6

Sim

Não

Não sabe

Mais ou menos

Mais com preservação

Sim, com truta do rio

65,8

23,7

7,9

2,6

Sim

Não

Sim, se pouco

Talvez

121

10.1)

Figura 94 - Que condições gostaria de ver melhoradas?

39,3

10,7 7

7 3,6

3,6

3,6

3,6

3,6

3,6

3,6

3,6 3,6

3,6

Margens limpas

Mais peixe

Margens limpas e árvores podadas

Melhor qualidade da água

Repovoamentos

Repovoamentos/mais fiscalização/ zonas de pesca sem morte Poda das arvores

Mais fiscalização/ número limite de capturas dia Margens limpas e repovoamentos

Mais fiscalização

Repovoamento, mais ordenamento, pesca sem morte Margens e acessos ao rio

Maior facilidade de aquisição da licença

122

11)

Figura 95 - O que mudaria na Gestão do rio Vez?

12)

Figura 96 - Costuma pescar nos lotes do rio Vez?

30

16,7

6,7 6,7 3,3

3,3

3,3

3,3

3,3

3,3

3,3

3,3

3,3 3,3

3,3

3,3

Rio livre

Nada

Não conhece

Regulamento de águas ciprinideas

Parte do rio fechada durante x anos

Pesca sem morte entre as duas pontes da Vila

Pagar 5 ou 6 euros e ter todo o rio livre

Mais vigilância

Pesca todo o ano

Controlo da poluição

Mais fiscalização, entregar a parte da gestão a um clube, lotes não Proibia a pesca de Santar até uma zona acima da vila Regulamento de águas ciprinideas, mais fiscalização

Tirar o canoismo do rio, rio livre

Mais fiscalização, rio livre

Mais fiscalização, legislação mais apertada, nº limite de capturas por dia, pesca sem morte

86,5

8,1 5,4

Não

Sim

Pouco

123

Anexo V

Figura 97 - Licença de pesca diária, notar que no verso existe uma declaração de capturas por espécie de

entrega obrigatória.

124

Anexo VI

125

126

127

Anexo VII