BIOSSÍNTESE DE PRODUTOS NATURAIS
-
Upload
joao-roberto-beltramo -
Category
Documents
-
view
302 -
download
2
Transcript of BIOSSÍNTESE DE PRODUTOS NATURAIS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
ESCOLA DE ENFERMAGEM E FARMÁCIA
CURSO DE FARMÁCIA
BIOSSÍNTESE DE PRODUTOS NATURAIS
Profa Dra Sâmia A.S. da Silva
Disciplina: Farmacognosia
MACEIÓ
2009
IINTRODUÇÃO
Metabolismo pode ser definido como o conjunto de reações químicas que estão ocorrendo
continuamente nas células. O conjunto de determinadas reações direcionadas por enzimas
específicas pode ser chamado de rota metabólica. Em grande parte, as rotas metabólicas visam,
primariamente, a transformação de nutrientes para o aproveitamento celular, cumprindo as
exigências fundamentais para a sobrevivência da célula: produção de energia (derivada basicamente
de ATP), poder redutor (NADPH) e biossíntese das substâncias essenciais a sua sobrevivência, as
macromoléculas (carboidratos, proteínas, etc).
Entretanto, vegetais, microorganismos e, em menor escala os animais, apresentam todo um
arsenal metabólico (coenzimas, enzimas e organelas) utilizado para produzir, transformar e
acumular inúmeras outras substâncias necessárias, indiretamente, a vida do organismo produtor.
Nesse grupo, encontram-se substâncias cuja produção e acumulação estão restritas a um número
limitado de organismos, caracterizando-se como elementos de diferenciação e especialização. A
todo esse conjunto metabólico costuma-se definir como metabolismo secundário, cujos produtos,
embora não sejam necessariamente essenciais para o organismo produtor, garantem vantagens para
a sua sobrevivência e para a perpetuação de sua espécie, em seu ecossistema.
A origem de todos os metabólitos secundários pode ser resumida a partir do metabolismo da
glicose, oriunda da fixação do carbono realizada na fotossíntese. A glicose, por meio de uma
cascata metabólica origina gliceraldeído-3P, que posteriormente é transformado em
fosfoenolpiruvato que, na presença de uma piruvato cinase, origina o piruvato (-OOC-CO-CH3).
Este, na presença de NAD+ e HSCoA sofre descarboxilação oxidativa resultando em acetil-SCoA
(CH3-CO-SCoA). A glicose, na via das pentoses, fornece outro metabólito importante, a 4-fosfato
de eritrose. A biossíntese de todos os metabólitos secundários conhecidos é iniciada pela
combinação do fosfoenolpiruvato, acetil-SCoA e 4-fosfato de eritrose, entre si ou não (Figura 1).
Desta forma, podemos dividir o metabolismo secundário em três vias principais (Figura 2):
a) A via do ácido chiquímico
b) A via do acetato
c) A via mista, pela combinação das vias acetato e ácido chiquímico
Os derivados do acetato podem ser classificados segundo três vias:
a) Via do ácido cítrico
b) Via da condensação do acetato
c) Via do mevalonato ou do ácido mevalônico
O
OH
OH
OH
OHPO
PO
HO2C OH
OPHO2C
OHO2C
OCoAS
POO
OH
OH
METABÓLITOS
SECUNDÁRIOS
6-fosfato de glicose
via das pentoses
ácido fosfoglicérico
fosfoenolpiruvato (PEP)
ácido pirúvico
NADHSCoA
acetil-SCoA
4-fosfato de eritrose
Figura 1: Blocos de construção dos metabólitos secundários
Figura 2: Rotas biossintéticas para a produção de metabólitos secundários.
Ciclo
CO2 hv
H2O
fotossíntese
Glicose
Mono, oligo, poliosídeos
Glicosídeos
Eritrose 4-fosfato
Fosfoenolpiruvato
Chiquimato
Cinamatos, lignanas,
cumarinas, quinonas
piruvato
Acetil-CoA
Flavonóides, antocianidinas,
taninos...
Aminoácidos
Alcalóides
Poliacetatos
Fenóis, quinonas, poliacetilenos, macrolídeos,
ácidos graxos, lipídeos
Mevalonato
Terpenos e esteróides
Óleos essenciais, sesqui e diterpenos, saponinas,
carotenos
VIA DO CHIQUIMATO: produção de substâncias aromáticas
A rota do chiquimato é uma via alternativa para a produção de compostos aromáticos,
particularmente, os aminoácidos aromáticos L-fenilalanina, L-feniltirosina e L-triptofano. Esta
via é utilizada por microorganismos e plantas, mas não por animais e, os aminoácidos aromáticos
felinalanina e triptofano produzidos por ela, são essenciais à dieta humana e por isso devem ser
consumidos.
A formação do ácido chiquímico começa pela condensação aldólica do fosfoenol piruvato
com a D-eritrose-4P, resultando no ácido 3-deoxi-D-arabinoheptulosonico-7-fosfato (DAHP)
que, posteriormente, na presença de NAD+ sofre desfosforilação e uma reação aldólica interna
formando o ácido 3-deidroquínico. A redução deste, leva ao ácido quínico, que é facilmente
encontrado como produto livre, na forma esterificada ou em combinação com alcalóides como a
quinina. Entretanto, a desidratação do ácido 3-deidroquínico leva à formação do ácido 3-
deidrochiquímico que, por redução (NADPH) é transformado em ácido chiquímico, ou por
desidratação seguida de enolização, em ácido protocatecúico; ou ainda, por oxidação seguida de
enolização, em ácido gálico, precursor dos galotaninos. Uma vez formado, o ácido chiquímico
também pode ser metabolisado em ácido corísmico, pela incorporação de uma molécula de
fosfoenol piruvato seguida de uma eliminação do tipo 1,4 do grupo fosfato. A redução do corismato
e a incorporação de amônia conduzem a via do antranilato, que forma o aminoácido triptofano,
precursor dos alcalóides indólicos. Um rearranjo intramolecular do ácido corísmico produz o ácido
prefênico. A descarboxilação deste, seguida de aromatização e transaminação produz o aminoácido
fenilalanina. Uma rota alternativa, a partir do ácido prefênico, conduz à formação da tirosina. Esses
aminoácidos originam vários protoalcalóides. A fenilalanina pela ação da PAL (fenilalanina
amonialiase) perde uma molécula de amônia, originando o ácido cinâmico. A regulação desta
enzima é um fator crítico na produção dos metabólitos do chiquimato. Nas plantas, a atividade da
PAL está sob o controle de vários fatores internos e externos, tais como: hormônios, níveis de
nutrientes, luz, infecção por fungos e lesões. A infecção por fungos resulta na síntese de compostos
fenólicos por indução da produção de PAL.
Figura 3: Formação dos ácidos chiquímico e corísmico.
PO
COO
PEP
H
PO
HO
OH
O
eritrose-4-fosfato
PO
OH
OH
HO
COO
O
DAHP
O
OH
OH
HO COO
DAHP sintase
NAD+
3-deidroquinato sintase
3-deidroquinato
(3-deoxi-D-arabinoheptulosonato-7-fostato)
O
OH
OH
COO
3-deidrocinase
3-deidrochiquimato
HO
OH
OH
COO
chiquimato
chiquimato oxiredutase
NAD+PO
OH
OH
COO
chiquimato-3-fosfato
chiquimato cinase
ATP
PO
OH
O
COO
COO
5-enolpiruvilchiquimato-3-fosfato
EPSP
OH
O
COO
COO
corismato
corismato sintase
EPSP sintase
PEP
O
OH
COO
OOC
OH
OOC
COO
O
COO
O
COO
NH2
L-fenilalaninafenilpiruvato
prefenatocorismato
corismato mutase corismato mutase-
prefenato desidratase
fenilpiruvato
aminotransferase
COO
O
OH
COO
NH2
OH
L-tirosina4-hidrofenilpiruvato
prefenato desidrogenase
NAD+
COOH
NH2
O COO
COOH
NH2
N
CO2H
NH2
L-triptofanoácido antranílico
CO2H
OH
O COO
O
ácido isocorismico
CO2H
O
CO2H
ácido O-succinilbenzoico
CO2H
OH
ácido salicílico
Figura 4: Formação dos aminoácidos aromáticos.
CO2H
NH2
CO2H COH OH
L-Phe ácido cinâmicoaldeído cinâmico ácool cinamílico
PAL HSCoA
NADPH
NADPH
CO2H
NH2
OH
L-tirosina
CO2H
OH
CO2H
OH
HO
CO2H
OH
MeO
CO2H
OH
MeO OH
ácido p-cumáricoácido ferúlicoácido caféico
O2
NADPH
SAMO2
NADPH
NADPHO2
COH
OH
aldeído p-cumárico
COH
OH
MeO
aldeído ferúlico
CO2H
OH
MeO OMe
ácido sinápico
CH2OH
OH
MeO OMe
CH2OH
OH
MeO
CH2OH
OH
álcool ferúlico álcool sinapílicoácool p-cumaroil
SAM[H][H]
LIGNINASLIGNANAS
XnX2
Figura 5: Formação dos ácidos, aldeídos e álcoois C3C6
Os ácidos cinâmicos são os precursores da maioria dos compostos classificados como
fenilpropanóides (Ar-C3): compostos aromáticos com uma cadeia lateral de 3 átomos e carbono.
Grande parte desses metabólitos são ácidos ou derivados destes, como por exemplo: ácido p-
cumárico, ácido caféico, ácido ferúlico, ácido sinápico, coniferol, sinapol, álcool cinamílico, etc. A
redução da cadeia lateral dos ácidos cinâmicos pode levar a alil ou propenilfenóis, como o eugenol
e isoeugenol, respectivamente, a cadeia lateral pode perder átomos de carbono, originando
derivados Ar-C2 ou Ar-C1. Os ácidos cinâmicos também são as unidades formadoras de compostos
mais complexos como as lignanas e as ligninas. As lignanas são dímeros oxidativos de álcoois
cinamílicos entre si, ou destes com ácidos cinâmicos; as neolignanas são dímeros oxidativos de alil
e propenilfenóis entre si ou cruzados; as alolignanas são dímeros mistos de arilpropanóides, onde
um dos monômeros apresenta o carbono γ oxigenado (álcool ou ácido cinâmico) e o outro não (alil
ou propenilfenol); as norlignanas, serão quaisquer substâncias descritas anteriormente, como 1
átomo de carbono a menos, etc. a lignina, depois da celulose, é a substância orgânica mais
abundante nos vegetais. Quimicamente é um polímero de fenilpropanóides, altamente ramificado.
Os metabolitos com estrutura ArC1 são substâncias polifenólicas que ocorrem na natureza na
forma de ésteres ou de glicosídos. Exemplos dos primeiros são a vanilina, o ácido gentísico e a
salicina. Metabolitos ArC2 são raros provenientes do ácido chiquímico, sendo a maioria destes
metabolitos resultante de acetato e malonato, (ex. ácido 6-metilsalicílico). Cabe ainda referir que as
unidades ArC1 e ArC2 provenientes de chiquimato, se incluem na estrutura de metabolitos mais
complexos (ex. unidades ArC1 incorporam as estruturas de antibióticos macrocíclicos e unidades
ArC2 estão incluídas em grande número de alcalóides, sob a forma de ArCH2CH2N -
feniletilamina).
Os metabolitos ArC3(C2)n (flavonóides) possuem estrutura derivada em parte do ácido
xiquímico (ArC3) e em parte de cadeias de poliacetato (C2)n, pelo que são considerados resultantes
de biossíntese mista.
VIA DO ACETATO
O ácido acético – na sua forma ativada de acetil-SCoA – tem uma posição central na
biossíntese de um grande número de moléculas complexas: uma série de condensações de Claisen
entre duas unidades de dois carbonos resulta em cadeias policetometilênicas, que por redução levam
a ácido graxos, ou por ciclizações futuras, a muitas classes de compostos aromáticos. A variação,
caracterizada por uma condensação aldólica, leva, via ácido 3-hidroxi-3-metilglutárico e ácido
mevalônico, ao mundo dos terpenos.
De fato, a acetil-SCoA age como unidade iniciadora do processo, e é a malonil-SCoA que o
faz prosseguir: uma descarboxilação concomitante ocorre durante o ataque a carbonila do grupo
cetônico da acetil-SCoA, e a maloni-SCoA resultante é um nucleófilo forte. Esta adição de duas
unidades de carbono não é –como acontece na formação dos ácidos graxos – precedida de redução
das carbonilas: o resultado é um poli-β-cetotioéster, que é altamente reativo por causa da presença
concomitante de centro nucleofílicos (os grupos metilênicos) e de centros eletrofílicos (os grupos
carbonílicos).
A estrutura deste poli-β-cetotioéster por ser altamente reativa, favorece reações
intramoleculares:
- condensação aldólica interna levando a ácidos 2,4 – diidroxi-6-alquilbenzóicos (ácido orselínico e
seus homólogos);
- condensação de Claisen interna induzindo a formação de 1-acil-2,4,6-triidroxibenzenos
(floroacetofenona e seus homólogos, os acilfloroglucinóis);
-algumas vezes ciclizações intramoleculares ocorrem por lactonização, formando as pironas. Ao
mesmo tempo, condensações aldólicas podem acontecer, levando a formação de cromonas,
isocumarinas, e outros compostos.
A diversidade estrutural resulta diretamente do número de unidades de acetato no precursor,
o modo de ciclização, a identidade do grupo iniciador e as transformações secundárias: oxidações,
reduções, alquilações, rearranjos, clivagem de anéis, glicosilações, etc.
A formação de compostos aromáticos a partir de poli-β-cetotioéster é particularmente
comum em bactérias, liquens e fungos: toxinas e antibióticos são freqüentemente elaborados por um
processo deste tipo. Em plantas superiores, este caminho só é aplicado para um limitado número de
compostos, incluindo naftoquinonas, antraquinonas, cromonas e depsídeos. Por outro lado, é
comum a ocorrência de compostos oriundos da via mista que possuem uma parte vinda da via
acetato: flavonóides, xantonas, estilbenóides, terpenofenóis de Cannabis, certas antraquinonas, e
alguns alcalóides (por exemplo, tropânicos, armanos e tetraidroquinolinas de Cactaceae).
Figura 6: Esquema das vias que utilizam o acetato como bloco de construção.
Acetil-CoA
Policetídeos Ácidos graxos
Ácidos tricarboxílicos
Terpenóides
1
2 3
Compostos aromáticos energia
Aminoácidos alifáticos
Alcalóides
Esteróides e
saponinas
4 5
1: Condensação do acetato 2: Condensações de Claisen 3: Condensação de Claisen seguida de condensações aldólicas e reduções 4: Ciclo do ácido cítrico 5: Via do ácido mevalônico
a) Via do ácido cítrico
No ciclo do ácido cítrico, a acetil-SCoA vai levar a formação de ácido aspártico e ácido
glutâmico, que posteriormente, serão metabolizados a LISINA e ORNITINA, respectivamente,
importantes precursores de vários grupos de alcalóides. Os alcalóides pirrolidínicos, tropânicos e
pirrolizidínicos têm origem da ornitina; enquanto que, os alcalóides piridínicos e piperidínicos
podem ser originados de várias rotas, dentre as quais, uma que parte da lisina. Duas moléculas de
lisina originam o alcalóide lupinina, precursor dos demais alcalóides quinolizidínicos.
2-cetoglutarato
ácido oxolacético
CICLO DO ÁCIDOCÍTRICO
ácido glutâmico
ornitinaH2N NH2
COOH
AcetilCoA
N
H
N
NCH3
tropano
pirrolizidina
pirrol
ácido aspártico
NH2HOOC NH2
lisina
N
N
N
H
piperidina
piridina
quinolizidina
Figura 7: Esquema da via do ácido cítrico.
b) Via da condensação do acetato
Os policetídeos constituem uma grande classe de produtos naturais agrupados unicamente
por características biossintéticas. Suas estruturas diversas podem ser explicadas como sendo
derivadas de cadeias poli-β-cetônicas, formadas pela condensação de unidades de ácido acético
[nCH3CO2H → (CH2CO)n-], incluindo os ácidos graxos, poliacetilenos, prostaglandinas,
antibióticos macrolídeos e muitos compostos aromáticos (ex. antraquinonas e tetraciclinas).
A via que gera estes policetídeos e ácidos graxos é iniciada pela carboxilação de uma acetil-
SCoA formando assim a malonil-SCoA, esta reação envolve ATP, CO2 (como bicarbonato) e a
coenzima biotina como carreadora do CO2. a conversão de acetil-SCoA a malonil-SCoA aumenta
a acidez dos hidrogênios α, resultando em um nucleófilo melhor para a condensação de Claisen.
Posteriormente, ocorre a reação de Claisen entre uma unidade de acetil-SCoA e malonil-SCoA,
seguida da descarboxilação da malonil para formação da acetoacetil-SCoA. O processo de
alongamento da cadeia continua pela condensação de unidades de malonil-SCoA ao produto
formado (acetoacetil-SCoA) tantas vezes de façam necessárias, e sempre com a descarboxilação
da malonil-SCoA (Figura 8).
Para a biossíntese dos ácidos graxos, a acetil-SCoA e a malonil-SCoA são inicialmente
transformadas em tioésteres com uma proteína carreadora de grupo acila (ACP). O processo da
condensação de Claisen da acetil-ACP e malonil-ACP é semelhante a formação das cadeias poli-
β-cetônicas, entretanto, para os ácidos graxos, os grupos carbonilas são reduzidos antes do ataque
da próxima malonil_ACP. Os ácidos graxos insaturados geralmente são produzidos
posteriormente por desidrogenação dos ácidos saturados (Figura 8).
CH3 C
O
SCoA
acetil-SCoAClaisen
CH3COSCoA
CH3C CH2
O
C
O
SCoA
acetoacetil-CoA
Claisen CH3COSCoA
CH2COSCoAC
O
H2CH3CO
poli-β-ceto éster
CH3 C
O
SCoA
H2C C
O
SCoA
CO O H
malonil-SCoA
acetil-SCoA
CH3 C
O
SCoA
CH2 C SCoA
OCO2
Claisen
CH3C CH2
O
C
O
SCoA
acetoacetil-CoA
malonil-SCoA
CO2
n
CH2COSCoAC
O
H2CH3CO
poli-β-ceto éster
n
n x Claisen
Figura 8: Formação de cadeiras poli-β-cetônicas
SCoAOCH2C
CO2H
malonil-SCoA
proteína careadora de grupo acil (ACP)
SCH2C
CO2H
O
ACP
malonil-ACP
RH2C COCH2CO S ACPβ−ceto acil-APC
RH2C CH2O S ACP
OHH
R
β−hidróxi-acil-APC
- H2O
RH2CCO S ACPE
α,β−insaturado acil-APC
NADPH
NADPHCH2 CH2CH2COR S ACP
HSCoA H2O
CH2 CH2CH2COR SCoA CH2 CH2CH2CO2HR
ácido graxo
SCRH2C
O
ACP
acil-ACP
CH3CO SCoA
acetil-SCoA
Figura 9: Formação de ácidos graxos.
c) Via do ácido mevalônico
Os terpenóides e seus derivados (ex: saponinas e esteróides) são substâncias formadas pela
junção de moléculas de isopreno, derivado do ácido mevalônico. Este, por sua vez, é formado pela
condensação de Claisen de duas moléculas de acetil-SCoA, formando a acetoacetil-SCoA, seguida
de uma redução, dependente de NADPH. A conversão de ácido mevalônico em isopreno começa
com uma fosforilação dupla na hidroxila do C5, seguida de uma nova fosforilação na hidroxila
remanescente, que é transformada em um bom grupo abandonador. A eliminação desta será
acompanhada por uma descarboxilação, induzindo a formação do isopentenilpirofosfato (IPP), que
pode ser isomerizado a dimetilalilpirofosfato (DMAP). O DMAP é altamente reativo, sendo
susceptível ao ataque nucleofílico no C1, com saída simultânea do grupo pirofosfato. A
condensação do IPP com o DMAP, entre as extremidades inferior e superior, respectivamente
(cabeça-cauda), sob a influência de preniltransferases, dá origem ao pirofosfato de geranila (C10).
Este serve como substrato para as sínteses de vários dos monoterpenóides. O pirofosfato de
geranila (GPP) também pode sofrer alongamento com a adição seqüencial de IPP por conjugação
entre as extremidades superior e inferior (cabeça-cauda), produzindo pirofosfato de farnesila (C15) e
geranila (C20), através das prenilases correspondentes, e esses intermediários dão origem aos
sesquiterpenóides e aos diterpenóides, respectivamente. A formação de ttriterpenos implica na
condensação cabeça-cauda de duas unidades de pirofosfato de farnesila para a formação do
esqualeno. Os esteróides (C27), as saponininas e os glicosídeos cardiotôncos são metabólitos
resultantes de modificações estruturais em esqueletos triterpênicos. Já a ligação cabeça-cauda de
duas moléculas de pirofosfato de geranilgeranila levam a formação do fitoeno, precursor dos
carotenos (C40).
CH3 C
O
SCoA
H2C C
O
SCoA
CO O H
malonil-SCoA
acetil-SCoA
CH3 C
O
SCoA
CH2 C SCoA
OCO2
Claisen
CH3C CH2
O
C
O
SCoA
acetoacetil-CoA
SCoACO2H
O
OH
3-hidróxi-3-metilglutaril-CoAHMG
condensação aldólicaHMG-CoA sintase
CO2HHO
OH
(3R)-ácido mevalônico
HMG-CoA redutase
NADPHCO2HPPO
OH2ATP2ADP
*
OPPO O
OP
H
ATP
ADP
mevalonato5-difosfato
descarboxilase
PPOIPP
PPODMAPP
Figura 10: Formação do isopentenilpirofosfato (IPP) e difosfato dimetilalilpirofosfato (DMAPP)
OPP
DMAPP
OPP
IPP
+
DMAPP
OPP
H
OPP
-H
GPP
GPP sintase
Figura 11: Condensação de unidades de IPP e DMAPP.
Quadro 1: Precursores dos terpenóides.
Cn Classe Precursor sigla C5 Hemiterpenóide Isopentilpirofosfato IPP C10 Monoterpenos Geranilpirofosfato GPP C15 Sesquiterpenos Farnesilpirofosfato FPP C20 Diterpenos Geranilgeranilpirofosfato GGPP C25 Sesterpenos Geranilfarnesilpirofosfato GFPP
C30 Triterpenos e esteróides
Esqualeno 2 x FPP
C40 Carotenóides Fitoeno 2 x GGPP n =45 a 105 Poliisoprenóides Geranilgeranilpirofosfato n x GGPP
MONOTERPENOS (C10)
PPO
farnesilpirofosfato
geranilpirofosfato
SESQUITERPENOS (C15)
OPP
geranilgeranilpirofosfato
DITERPENOS (C20)
ESQUALENO
TRITERPENÓIDES ESTERÓIDES (C27)
SAPONINAS
IPP
IPP IPP
FPPIPP
(C30)
Figura 12: Precursores das classes terpênicas.
1a
2a3a
4a
5a
6a
7a
8a
9a
10a
11a
12a
13a
14a15a
1b2b
3b
4b
5b6b
7b
8b
9b
10b
11b
12b
13b
14b
15b
OPP1a2a
3a4a
5a
6a7a
8a
9a
10a
11a
12a
13a14a15aPPO 1b
2b3b
4b 5b
6b7b
8b 9b
10b 11b
12b
13b
14b
15b
X-Enz
R
H
OPP
R1
X-EnzH
1a2a
3a
13a 1b
2b
3b
13b
R1
H
R
OPP
1a
2a3a
13a
1b
2b
3b13b
R
R1
H
1a
2a3a
13a
1b 2b
3b
13b
H
H
H
1a
2a3a
13a 1b 2b
3b
13b
ESQUALENO
ESQUALENO
FAPP
FAPP
Figura 13: Biossïntese do esqualeno, precursor dos triterpenos.