BLENDED LEARNING APLICADO AO CURSO TÉCNICO … · VISÃO GERAL DO CURSO MSI E DISCIPLINA CRC ......

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BLENDED LEARNING APLICADO AO CURSO TÉCNICO PROFISSIONALIZANTE Frederico Nogueira Leite – [email protected] Humberto Abdalla Júnior [email protected] Universidade de Brasília (UnB) Universidade de Brasília - Departamento de Engenharia Elétrica Campus Darcy Ribeiro, Caixa Postal 04386 CEP: 70.910-900 – Brasília – DF Eduardo Shigueo Hoji - [email protected] Instituto Federal de São Paulo (IFSP) – campus Birigui Rua Pedro Cavalo, 709 Bairro: Residencial Portal da Pérola II - Birigui - SP CEP: 16201-407 – Birigui – SP Vilma Leal Batista– [email protected] Ana Maria Pereira Pinto – [email protected] Instituição Federal de Brasília (IFB) QNM 40, Área Especial nº 01, Taguatinga/DF CEP: 72.146-000 – Brasília – DF Resumo: Professores do ensino técnico profissionalizante tem um grande desafio: preparar o estudante para o mercado de trabalho. Nesse sentido, esse artigo tem o objetivo de descrever experiências usando o Blended Learning na disciplina Comunicação em Redes de Computadores (CRC), do curso técnico em Manutenção e Suporte em Informática (MSI) do Instituto Federal de Brasília (IFB). Os estudantes que participaram dessa pesquisa são alunos que estão cursando o terceiro, e último, módulo do curso. Nessa pesquisa adotou-se o aprendizado centrado no aluno, considerando o conceito: “learning by doing”. A disciplina foi estruturada baseada na metodologia Problem Based Learning (PBL) (GRAAFF, 2007) e o conteúdo programático dividido em quatro fases. Essa pesquisa teve início no primeiro semestre de 2013 (LEITE,2014) e vem gerando resultados satisfatórios e estimulantes. Alguns relatos e trabalhos desenvolvidos por alunos do curso, utilizando o método BL, serão apresentados e discutidos. Nesse artigo, não dar-se-á foco na construção da metodologia utilizada na disciplina, esse assunto será tratado superficialmente, haja vista que o objetivo é contextualizar o leitor sobre como o curso está estruturado e posteriormente mostrar alguns resultados da aplicação do método escolhido. Palavras-chave: Blended Learning, Problem Based Learning, Moodle, Redes de Computadores.

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BLENDED LEARNING APLICADO AO CURSO TÉCNICO

PROFISSIONALIZANTE

Frederico Nogueira Leite – [email protected] Humberto Abdalla Júnior – [email protected] Universidade de Brasília (UnB) Universidade de Brasília - Departamento de Engenharia Elétrica Campus Darcy Ribeiro, Caixa Postal 04386 CEP: 70.910-900 – Brasília – DF Eduardo Shigueo Hoji - [email protected] Instituto Federal de São Paulo (IFSP) – campus Birigui Rua Pedro Cavalo, 709 Bairro: Residencial Portal da Pérola II - Birigui - SP CEP: 16201-407 – Birigui – SP Vilma Leal Batista– [email protected] Ana Maria Pereira Pinto – [email protected] Instituição Federal de Brasília (IFB) QNM 40, Área Especial nº 01, Taguatinga/DF CEP: 72.146-000 – Brasília – DF

Resumo: Professores do ensino técnico profissionalizante tem um grande desafio: preparar o estudante para o mercado de trabalho. Nesse sentido, esse artigo tem o objetivo de descrever experiências usando o Blended Learning na disciplina Comunicação em Redes de Computadores (CRC), do curso técnico em Manutenção e Suporte em Informática (MSI) do Instituto Federal de Brasília (IFB). Os estudantes que participaram dessa pesquisa são alunos que estão cursando o terceiro, e último, módulo do curso. Nessa pesquisa adotou-se o aprendizado centrado no aluno, considerando o conceito: “learning by doing”. A disciplina foi estruturada baseada na metodologia Problem Based Learning (PBL) (GRAAFF, 2007) e o conteúdo programático dividido em quatro fases. Essa pesquisa teve início no primeiro semestre de 2013 (LEITE,2014) e vem gerando resultados satisfatórios e estimulantes. Alguns relatos e trabalhos desenvolvidos por alunos do curso, utilizando o método BL, serão apresentados e discutidos. Nesse artigo, não dar-se-á foco na construção da metodologia utilizada na disciplina, esse assunto será tratado superficialmente, haja vista que o objetivo é contextualizar o leitor sobre como o curso está estruturado e posteriormente mostrar alguns resultados da aplicação do método escolhido. Palavras-chave: Blended Learning, Problem Based Learning, Moodle, Redes de Computadores.

1. INTRODUÇÃO A expansão do ensino técnico no Brasil estabelece um novo cenário na educação profissional do Pais. No entanto, poucas estratégias pedagógicas são propostas neste nível de ensino e uma reflexão mais profunda sobre o uso de novas metodologias na educação profissional deve ser iniciada. (VIANNA, 2013) O modelo Blended Learning (BL) - como instrumento pedagógico - coloca o estudante como elemento ativo do processo de ensino/aprendizagem. A combinação de atividades presenciais e não presenciais contribui para um maior interesse dos estudantes ao conteúdo ministrado, permitindo a dinamização da relação/comunicação entre docentes e estudantes e gerando uma melhoria da qualidade de ensino. (SANTANA 2010) Neste sentido, este trabalho tem o objetivo de apresentar experiências com a utilização do BL na disciplina de Comunicação em Redes de Computadores (CRC) do curso Manutenção e Suporte em Informática (MSI) do Instituto Federal de Brasília (IFB). Neste artigo não será apresentado com detalhes o método BL adotado na disciplina CRC. O leitor que se interessar em aprofundar sobre a construção do método, leia Leite, 2014. Dessa maneira, o intuito é apresentar alguns resultados obtidos com a implementação do método e detalhar o desenvolvimento das atividades realizadas por um grupo de alunos, que foi escolhido aleatoriamente em uma determinada fase do modelo aplicado. O tema que o grupo escolheu foi tunelamento IPv6. 2. VISÃO GERAL DO CURSO MSI E DISCIPLINA CRC O curso MSI possui um total de 1.181 horas, do qual 160 horas está relacionada a carga horária mínima destinado à prática supervisionada (estágio obrigatório). O curso é dividido em três módulos, onde esses são ofertados semestralmente. Este foi criado no segundo semestre do ano de 2010 e o público alvo são estudantes egressos do ensino médio e, normalmente, de baixa renda familiar. A disciplina CRC possui carga horaria de 120 horas e é uma componente do último semestre do curso. Essa disciplina tem o objetivo de apresentar ao aluno assuntos relacionados, principalmente, a camada de rede e aplicação do modelo de referencia Open System Interconnection (OSI). O conteúdo programático da disciplina CRC é indispensável para o curso, haja vista que ele fornece aos alunos as habilidades necessárias para o desenvolvimento de atividades de manutenção em redes de computadores. Devido a disciplina possuir carga horária relativamente alta e englobar assuntos tão importantes para o curso, o professor necessita planejar aulas que sejam interessantes e motivadoras, caso contrário, os alunos certamente serão prejudicados, pois perderão o interesse pela disciplina e poderão perder ótimas oportunidades de emprego. Nesse sentido, o professor buscou inovar as aulas e trocar o método tradicional de ensino (MTE) por um que fosse mais eficaz e que permitisse ao aluno aplicar o conteúdo teórico na prática. A ideia de mudança surgiu porque após três semestres ministrando a mesma disciplina, utilizando o MTE, o professor percebeu que os estudantes apresentavam os seguintes pontos fracos:

- O professor era a única referência que os alunos tinham, dessa forma eles eram completamente dependentes do professor. Como resultado, os alunos se prendiam

apenas ao conteúdo ministrado em sala de aula. Os alunos, geralmente, replicavam - e dificilmente aprendiam com excelência - as atividades práticas apresentadas pelo docente; - Aspectos relacionados a interdisciplinaridade não eram exploradas, dessa forma, diversos assuntos eram ministrados repetidamente por professores do curso; - Os alunos não se sentiam motivos em buscar solução para os problemas que o professor apresentava, eles aguardavam sempre a resolução da atividade; - A maioria dos alunos não entendiam a relação entre o conteúdo ministrado e a prática profissional exigida pelo mercado; - As médias das notas eram baixas, normalmente eles buscavam apenas cumprir os créditos obrigatórios não se preocupando com o aprendizado.

3. HISTÓRICO DA DISCIPLINA CRC

As turmas da disciplina CRC, em média, são compostas por 17 alunos. No entanto, embora o número de alunos em cada classe não seja alto, a evolução do aprendizado normalmente é lenta. Esse estudo teve início no primeiro semestre de 2011, porém o professor utilizava, nesta época, o MTE. No primeiro semestre de 2013 o professor analisou os problemas apresentados pelas turmas, reestruturou a disciplina utilizando a metodologia PBL (DAHMS, 2014), ampliou o escopo das atividades propostas e trouxe para a sala de aula a realidade do mercado de trabalho. Com isso, o docente conseguiu a atenção dos alunos e resgatou o interesse deles pela disciplina. No semestre seguinte, o professor realizou modificações no modelo e adotou o método BL. Diante do exposto, o professor começou a se aprofundar nos modelos educacionais disponíveis e ajustou esses recursos a realidade das turmas. Os resultados dessas atividades foram progredindo gradativamente e os alunos demostravam-se cada vez mais interessados em aprender o conteúdo ministrado e tornaram-se mais assertivos na tomada de decisão. Os reflexos dessas evoluções foram significativas. Conforme podemos observar na tabela 1, a partir do primeiro semestre de 2013, a nota média dos alunos melhorou e o número de evadidos diminuiu com o decorrer do tempo. Além disso, o número de alunos que reprovaram na disciplina reduziu. Tabela1: Comparativo da evolução dos alunos na disciplina CRC

TÓPICOS A SEREM COMPARADOS

TURMAS

2011/2 (MTE)

2012/1 (MTE)

2012/2 (MTE)

2013/1 (PBL)

2013/2 (BL)

Estudante por turma 14 19 11 15 25

Média geral dos alunos 4,7 3,5 4.9 7.5 7,7

Número de estudantes evadidos/desistentes

3 8 4 2 4

Estudantes que reprovaram na disciplina 5 14 3 1 3

Além dos dados números, disponíveis na tabela 1, a evolução das turmas MTE comparado com os demais métodos, pode-se observar que os alunos que participaram do primeiro método não conseguiam desenvolver as atividades práticas utilizando equipamentos físicos e o aprendizado deles era muito lento e difícil. Mesmo as implementações em simuladores eram penosas e os alunos não conseguiam desenvolver as atividades sozinhos, precisavam sempre de ajuda do professor. A evolução dessas turmas foi significativa.

4. O CONCEITO BL APLICADO A DISCIPLINA CRC

Blended Learning é um conceito de educação caracterizado pelo uso de soluções mistas, onde uma variedade de métodos de aprendizagem ajudam a acelerar e promover o processo de desenvolvimento educacional do aluno. Garante a colaboração entre os participantes e permite a geração e intercâmbio de conhecimentos e experiências. (SCHINEIDER, 2013) Blended Learning utiliza a integração de diferentes métodos de ensino (estudo de caso, jogos, trabalhos em grupo), métodos de apresentação (áudio, groupware, TV interativa, chamada em conferência, sistemas de suporte de desempenho , multimidia) com métodos de distribuição (TV a cabo, CD-ROM, e-mail, Internet, Intranet, web), em resposta ao planejamento de ensino previamente estabelecido. (BULLEN, 2007) Nesse sentido, utilizou-se o BL na disciplina da seguinte maneira: o professor estruturou o curso baseando-se nos conceitos da metodologia Problem Based Learning (PBL) (GRAAFF, 2007). Criou um framework que envolveu ferramentas disponíveis no moodle tais como chats, fóruns, wikis, memoriais, glossário. No entanto, esses recursos não foram utilizados isoladamente. O professor buscou integrar a plataforma moodle com a interface Sharable Content Object Reference Model (SCORM), para mais detalhes sobre esse modelo consulte DUTRA, (2010). Além disso, o poder das ferramentas populares (WhatsApp , Facebook, Google apps, vídeos YouTube), também foram exploradas no desenvolvimento da comunicação entre os estudantes e na produção de documentos onde grupos de alunos podem realizar alterações, simultaneamente, em tempo real. Dessa forma, um modelo misto de aprendizado pode ser observado na figura 1.

 

Figure 1 – Metodologia PBL e o uso de ferramentas mistas no auxílio do processo de aprendizagem  

5. ESTRUTURA DA DISCIPLINA CRC BASEADO EM BL O elemento mais importante em um processo de mudança educacional do MTE para PBL é o desenvolvimento de um novo currículo que é centrada no aluno e se concentra no processo de aprendizagem dos estudantes (BARNEVELD, 2009). Portanto, para facilitar a aplicação da metodologia PBL, o professor dividiu a disciplina em quatro fases, conforme mostrado na Figura 4. Em cada fase, o professor divide a turma em pequenos grupos e esses são responsáveis por desenvolver as atividades previstas para aquela etapa.

Figura 2: Estrutura da disciplina CRC divida em fases.

No final de cada fase, o estudante deverá realizar uma verificações de aprendizagem (VA). Se um aluno falhar em uma determinada etapa, o professor encaminha-o para a monitoria, descreve as dificuldades que o aluno possui para o monitor e desenvolve um material que é postado no ambiente virtual para que ele consiga acompanhar a turma. As setas azuis significam que o estudante pode consultar, a qualquer momento, o professor ou o monitor para orientá-los sobre atividades referente a disciplina. Eles podem consultar também o ambiente virtual de aprendizado sempre que sentir necessidade, pois nesse local possui atividades, materiais didáticos, link de vídeos, glossário, palavras cruzadas, material didático construídos pelos grupos, entre outros recursos. As setas vermelhas indicam que o aluno não conseguiu aprovação naquela fase e as setas verdes implicam que o estudante conseguiu recuperar-se de assunto que ele não aprendeu com efetividade e está apto para continuar a fase seguinte. Nas ferramentas de aprendizado temos o LMS que está ligada aos recursos disponíveis no moodle; as interativas ao Facebook, whatsApp, SMS, entre outros; e a profissional refere-se aos simuladores de

redes e aos equipamentos físicos. Em cada fase o professor divide a turma em pequenos grupos (G1, G2, ..., GN), geralmente são 3 estudantes por grupo. Na fase 1, objetiva-se resgatar a memória dos alunos com relação a revisão bibliográfica e prepara-los para as próximas fases. Nas fases 2 e 3 os estudantes desenvolvem atividades práticas utilizando simuladores de redes de computadores e equipamentos físicos, tais como: Switches, Roteadores, Firewalls e Serviços de redes. Essa fase caracteriza-se pelo desenvolvimento prático das atividades. Na última fase, os estudantes precisam se reunir para desenvolver atividade prática que envolve assuntos interdisciplinares e conceitos avançados de redes. As atividades propostas em todas as fases foram desenvolvidas no próprio laboratório de informática, nesse ambiente existem diversos equipamentos de redes e dois servidores que os alunos precisam configurar durante a execução das fases. A imagem do laboratório pode ser observado na figura 3. As atividades que os alunos desenvolvem possuem nível de dificuldade elevado, comparado com o bagagem teórica que os alunos possuem. Portanto, muitos desses trabalhos precisaram ser realizados fora da sala de aula, ou seja, utilizando o ensino à distância.

Figura 3: Laboratório de redes do IFB

As 120 horas do curso foi dividida entre as fases. Na fase 2, alocou-se 32 horas (aproximadamente 6 encontros) para o desenvolvimento das atividades relacionadas a simulação de redes. Essa fase será objeto de estudo desse artigo. Nessa etapa os professor sugere temas – assuntos que os alunos não trabalharam durante o curso – e os grupos organizam-se para implementar essas atividades. Os temas são diversos, por exemplo: construção de Virtual Private Network (VPN), Implementação de Access List (ACL), desenvolvimento de uma aplicação Voz sobre IP (VOIP); Tunelamento IPv6, entre outros. Para que o grupo desenvolva os tema propostos, eles devem incialmente implementar um ambiente comum a todos os grupos. Eles devêm produzir nessa etapa: a criação um

empresa fictícia que utilize alguns serviços de redes, tais como Hypertext Transfer Protocol (HTTP), Domain Name Server (DNS), e File Transport Protocol (FTP). Implementar algoritmos de roteamento dinâmico, criar Virtual Lan (VLAN). Segue abaixo a figura 4 que representa essa estrutura comum.

Figura 4: Estrutura da rede proposta a todos os grupos de trabalho.

Para a conclusão da fase 2, os grupos necessitam produzir: Um artigo cientifico que apresente a implementação sugerida e os desafios enfrentados pelos grupos durante a implementação do tema proposto; um vídeo educativo demonstrando, passo a passo, o que eles desenvolveram e posteriormente posta-lo no youtube; e apresentar o trabalho para os demais estudantes da disciplina.

5.1. Descrição do Trabalho Realizado pelo Grupo de Estudantes O tema que o grupo (objeto de estudo) escolheu foi tunelamento utilizando o protocolo Internet Protocol Version 6 (IPv6). Esse é um assunto que exige bastante atenção do aluno, pois ele envolve diversos conceitos que os estudantes ainda não estudaram. Para a conclusão dessa atividade, o grupo precisa criar uma rede IPv4 e transmitir pacotes IPv6 por essa rede. Para mais detalhes sobre a apresentação da problemática, consulte o site: http://ipv6.br/cafe/ ou então o próprio vídeo que o grupo produziu: https://www.youtube.com/watch?v=XlYQPC_x7dI. O artigo que os alunos apresentaram possui a seguinte estrutura: introdução; revisão bibliográfica; descrição do problema proposto; resultados; e conclusão. O trabalho apresentado atendeu aos requisitos que o professor solicitou: não houve cópias de outros trabalhos e o tema foi amplamente explorado. Porém, devido a diversas deficiências que os

estudantes possuem em produzir textos - haja vista que a maioria desses alunos possuem sérias dificuldade em se expressar verbalmente, quanto mais formalmente - eles tiveram que realizar diversas alterações no documento. Após essas correções o trabalho ficou bom, mas ainda não estava pronto para ser enviado para um congresso relacionado a área em questão. Os alunos fizeram uma excelente apresentação, os demais alunos da turma avaliaram o trabalho positivamente e alguns desses se interessaram em se aprofundar sobre o assunto. Todos os membros do grupo participaram ativamente das etapas desse trabalho. Eles também exploraram os recursos disponíveis no ambiente virtual de aprendizado e compareceram nos atendimentos ao aluno e nas monitorias. O aprendizado desse trabalho rendeu ao grupo bom desempenho nas demais fases da disciplina. Atualmente, a líder desse grupo é monitora da disciplina CRC. 6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS O trabalho que os estudantes, membros do grupo estudado, realizaram tem papel fundamentos no desenvolvimento técnico desses futuros profissionais. Os grupos criados para a resolução das atividades propostas pelo professor necessitam buscar as informações sozinhos. Eles tem como ferramenta de pesquisa os livros, a internet, vídeos, manuais. Dessa maneira, quando eles conseguem resolver o problema, mesmo que parcialmente, eles desenvolvem habilidades transversais, tais como: liderança, trabalho em equipe, autoconfiança, que são imprescindíveis para o mercado de trabalho. Além disso, eles se sentem mais encorajados em buscar respostas para problemas desconhecidos e durante essa pesquisa eles demonstraram-se mais assertivos na tomada de decisão. Alguns alunos da disciplina relataram que eles precisaram alocar muitas horas, incluindo madrugas, para a implementação e resolução das atividades, mas que o resultado era gratificante. Eles descreveram também, em questionário aplicado durante a disciplina, que o método de ensino aplicado é eficaz, pois eles conseguiram fixar o conhecimento adquirido durante a execução das atividades. Alguns estudantes, relataram que, por diversas vezes, pensaram em desistir, mas que o apoio do professor e do monitor fizeram com que eles se sentissem motivados a continuar e perseverar. A descrição do trabalho desenvolvido pelo grupo apresentado nesse atrigo corrobora com os objetivos esperados dessa pesquisa. Eles abordaram a importância do desenvolvimento da atividade realizada na fase 2, apresentaram a maneira como eles se reuniram e utilizaram os recursos disponíveis para o desenvolvimento do trabalho e as dificuldades enfrentadas pelo grupo. Portanto, apresentar-se-á abaixo trechos retirado do artigo produzido pelos alunos: “A fase 2 da disciplina tem papel fundamental no desenvolvimento das habilidades técnicas dos alunos, haja vista que as atividades que eles desenvolvem estão relacionadas diretamente ao conhecimento prático que o mercado de trabalho exige desses profissionais. O trabalho que os alunos criam nessa etapa é muito importante para a realização da fase 3 e 4, haja vista que a configuração de equipamentos físicos exige cuidado e familiaridade com os comandos dos equipamentos e isso eles aprenderam a desenvolver nos simuladores.” “O desenvolvimento deste artigo foi desafiador. A falta de tempo foi a nossa maior inimiga, mas o grupo encarou as dificuldades e desenvolvemos este artigo com todos os nossos conhecimentos aliados a pesquisas em sites, livros e o apoio dos nossos orientadores: professor e monitor”.

“...Utilizamos algumas ferramentas para a comunicação entre os membros do grupo, por exemplo: o Skype e SMS. As mensagens de texto eram constantes e sempre que algum componente do grupo descobria algo novo ou conseguia utilizar algum comando no Cisco Packet Tracer, logo os outros membros eram informados. Além desses mecanismos de comunicação, assistimos várias vídeo aulas explicando sobre IPv6 e tunelamento, por exemplo: uma série de três vídeos - com cerca de uma hora cada - chamados de IPv6 no café da manhã, esses são vídeo aulas ministradas pelo site ipv6.br que estão disponíveis no próprio domínio ou no Youtube”. “O uso de algumas ferramentas da plataforma Moodle foram importantes para a realização desse trabalho. Utilizamos, com frequência, o recurso wiki, onde esse permitiu a criação, coletiva e colaborativa, de um manual prático que cotinha comandos utilizados na implementação do trabalho e incluímos ao glossário, que também é uma ferramenta, acrônimos que os membros do grupo não conheciam. A escrita do artigo foi realizada no Google Docs. Decidimos escolher essa ferramenta porque ela permite a interação em tempo real.” O método Blended Learning auxiliou o professor e os alunos no desenvolvimento das atividades previstas na disciplina. O uso da método BL apresentou-se eficaz. Com a adoção da metodologia PBL na disciplina CRC, os alunos sentiram-se responsáveis por um determinado problema e buscaram, com todas os recursos disponíveis, solucioná-lo. As ferramentas populares, o LMS e os simuladores tiveram papel importante na construção do conhecimento dos alunos. Esses, todos associados, permitiram que os alunos realizassem suas atividades com mais segurança, conforto e precisão. Os resultados obtidos foram satisfatórios e motivadores, haja vista que os alunos evoluíram consideravelmente e apresentaram interessados em continuar estudando rede de computadores mesmo após o término do curso (LEITE, 2014). Eles, em sua grande maioria, aprenderam que o conhecimento não está alocado no professor e que a fonte de pesquisa utilizada pelo seu orientador está disponível a todos, basta procurar e ter força de vontade para aprender. 7. CONCLUSÃO O uso do método Blended Learning no ensino técnico foi apresentado neste trabalho. Utilizou-se a metodologia PBL no desenvolvimento das atividades das fases 2, 3 e 4. O professor criou um framework prático e útil que integra o LMS (moodle), ferramentas populares e ferramentas profissionais. Além disso, os aspectos interdisciplinares ajudou os alunos a compreender como as disciplinas do curso MSI são interligadas. Após uma análise qualitativa, verificou-se que os estudantes se sentiam mais confiantes durante os processos de tomada de decisão. Neste cenário, o uso de ferramentas LMS teve um papel fundamental para estudantes e professores. Esse recurso permitiu a criação de atividades motivacionais. Os alunos exploraram diversas ferramentas na plataforma moodle (wiki , fórum, glossário, questionário, etc), porém, com a inclusão dos recursos SCORM, a aplicação tornou-se mais interativa e interessante. O uso de ferramentas populares auxiliou os alunos a desenvolver a comunicação entre os grupos e permitiu que as equipes criassem documentos que pudessem ser alterado em tempo real. O uso da simulação de rede (Packet Tracer) e equipamentos físicos de rede (switches, roteadores , firewalls e servidores) tiveram excelentes resultados no

desenvolvimento de habilidades técnicas e práticas dos alunos. A aplicação da metodologia PBL aguçou o interesse dos alunos em se aprofundarem sobre o assunto: redes de computadores, sobretudo: roteamento IP e gerenciamento de serviços de redes. O desenvolvimento da fase 2 foi prejudicada, incialmente, pela falta de conhecimento técnico dos alunos. Esses conhecimentos são pré-requisito para a matricula na disciplina CRC. Porém, os alunos que apresentaram tais deficiências foram orientados tanto pelo professor quanto pelo monitor e o conhecimento da turma foi nivelado durante a fase 1 e 2, contudo, necessitou-se alocar mais horas para a realização dessas fases. Por esses motivos apresentados, a duração de todas as fases necessitaram de ajustes, as duas primeiras recebeu alocação maior de tempo e as duas últimas reduziram a carga horária. No entanto, nenhum outro aspecto da metodologia foi afetado e o problema apresentado foi resolvido. A fase 2 tem papel fundamental no desenvolvimento intelectual e prático dos estudantes, haja vista que é nessa etapa que o aluno aproxima-se das atividades que o mercado de trabalhado exige desse profissional e eles têm contato com os comandos utilizados pelos principais equipamentos de interconexão de redes de computadores. Além disso, os conhecimentos obtidos nessa fase é de fundamental importância para as fases seguintes. Os trabalhos apresentados e os resultados obtidos foram satisfatórios e motivadores para o professor e alunos. A pesquisa continuará no primeiro semestre de 2014. Realizar-se-á algumas alterações na estrutura da disciplina com o intuito de intensificar, ainda mais, o uso da configuração e gerenciamento dos serviços de redes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARNEVELD, A.V.; STROBEL, J. Problem-Based Learning: Effectiveness Drivers, and Implementation Challenges. Research on PBL Practice in Engineering Education. Sense Publishers. p. 35-44, 2009. BULLEN, P. R; RUSSEL, M. A Blended Learning Approach to Teaching First Year Engineering Degree Students. Internetional Conference on Engineering Education, Coimbra, Portugal. p. 30-36, 2007. DAHMS, M.L. Problem Based Learning in Engineering Education. 12th Active Learning in Engineering Education Workshop, Caxias do Sul - RS, Brazil, p. 4-14, 2014. DUTRA, R. L. S.; TAROUCO, L.M.R.; PASSERINO, L. M. . Utilização de Objetos de Aprendizagem Abertos SCORM para dar suporte à Avaliação Formativa. Revista Brasileira de Informação na Educação, v. 18, p. 59-69, 2010. LEITE, N. L.; ABDALLA, H. J.; HOJI, E. S. Using Problem Based Learning (PBL) in Technical Education. 12th Active Learning in Engineering Education Workshop. Caxias do Sul - RS, p. 58-68, 2014. GRAAFF, E.; KOLMOS, A. Characteristics of Problem-Based Learning. International Journal of Engineering Education. v. 5, p. 657-662, 2007. SANTANA, A. C.; ABDALLA, H. J. TITO, D. J.; MOLINARO, L. F. Experience Implementing Project Based Learning in Engineering with Focus on Soft Skills Acquisition. IEEE multidisciplinary engineering education magazine, v. 5, p. 27-34, 2010. SCHINEIDER, E. I; SUHR, I. R.; ROLON, V. E.; ALMEIDA, C. M. Sala de Aula Invertida em EAD: uma proposta de Blended Learning. Revista Intersaberes, v. 8, n. 16, p. 68-81, 2013.

VIANNA, W. B.; HOJI, E. S.; LEITE, F. N. The teaching of logica as a tool to enhance mathematics learning in technical courses for workers, in IEEE Global Engineering Education Conference (Educon 2013) Belim, Germany, p. 100-106, 2013.