Bocage
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COLÉGIO GIORDANO BRUNO______________
Assunto:
Matéria: Literatura Professor: Sinei Sales
Trimestre: 1º Data: Ano/Série: 2ºEM
Nome:
Lá, quando em mim perder a humanidadeMais um daqueles que não fazem falta,Verbi-gratia o teólogo, o peralta,Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade;
Não quero funeral comunidade,Que engrole sub-venites em voz alta;Pingados gatarrões, gente de malta,Eu também vos dispenso a caridade;
Mas quando ferrugenta enxada idosaSepulcro me cavar em ermo outeiro,Lavre-me este epitáfio mão piedosa:
“Aqui dorme Bocage, o putanheiro;Passou vida folgada e milagrosa;Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro”.
(Bocage)
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Tu, Goa, in illo tempore cidade,Sempre tens habitantes de bom lote!Não receiam que a cor se lhes desbote,Privilégio da mista qualidade:
Nenhuma há, que não conte, e sem vaidade,Que seu primeiro avô, brutal Quixote,
Dera no padre Adão com um chicotePor lhe haver disputado a antiguidade:
Diz-nos esta república de loucosQue o cofre de Marata é ninharia,Que do grão-Turco os réditos são poucos:
Mas em casando as filhas, quem diriaQue o dote consistisse em quatro cocos,Um cafre, dez bajus, e a senhoria!
(Elmano Sadino)
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Já Bocage não sou!... À cova escuraMeu estro vai parar desfeito em vento...Eu aos Céus ultrajei! O meu tormentoLeve me torne sempre a terra dura:
Conheço agora já quão vã figuraEm prosa e verso fez meu louco intento;Musa!... Tivera algum merecimentoSe um raio da razão seguisse pura!
Eu me arrependo; a língua quase friaBrade em alto pregão à mocidade,Que atrás do som fantástico corria:
Outro Aretino fui... A santidadeManchei!... Oh! Se me creste, gente impia,Rasga meus versos, crê na eternidade!
(Bocage)
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Meu ser evaporei na lida insanaDo tropel das paixões, que me arrastava;Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhavaEm mim quase imortal a essência humana:
De que inúmeros sóis a mente ufanaExistência falaz me não dourava!Mas eis sucumbe Natureza escravaAo mal, que a vida em sua orgia dana.
Prazeres, sócios meus, e meus tiranos!Esta alma, que sedenta em si não coube,No abismo vos sumiu dos desenganos:
Deus, oh Deus!... Quando a morte à luz me roubeGanhe um momento o que perderam anos,Saiba morrer o que viver não soube.
COLÉGIO GIORDANO BRUNO______________
Arreitada donzela em fofo leito,
Deixando erguer a virginal camisa,
Sobre as roliças coxas se divisa
Entre sombras sutis pachacho estreito:
De louro pêlo um círculo imperfeito
Os papudos beicinhos lhe matiza;
E a branca crica, nacarada e lisa,
Em pingos verte alvo licor desfeito:
A voraz porra as guelras encrespando
Arruma a focinheira, e entre gemidos
A moça treme, os olhos requebrados:
Como é inda boçal, perde os sentidos;
Porém vai com tal ânsia trabalhando,
Que os homens é que vêm a ser fodidos.
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É pau, é rei dos paus, não marmeleiro,
Bem que duas gamboas lhe lobrigo;
Dá leite, sem ser árvore de figo,
Da glande o fruto tem, sem se sobreiro:
Verga, e não quebra, como zambujeiro;
Oco, qual sabugueiro tem o umbigo;
Branco às vezes, qual vime, está consigo;
Outras vezes mais rijo que um pinheiro:
À roda da raiz produz carqueja;
Todo o resto do tronco é calvo e nu;
Nem cedro, nem pau-santo mais negreja!
Para carvalho ser falta-lhe um V;
Adivinhem agora que pau seja,
E quem adivinhar meta-o no cu.