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editorial B O L E T I M *25 setembro 2013 . boletim trimestral . ano 5 N este ano pastoral focamos a nossa atenção e ação na fé celebrada. Temos como objetivo redescobrir o lugar cen- tral da celebração litúrgica na vida da comunidade cristã. No entanto, não queremos separar a liturgia da vida e, por isso, pretendemos aprofundar a estreita relação que existe entre a ce- lebração da fé e a ação evangelizadora. O fruto esperado é uma liturgia simples e bela, sinal da comu- nhão entre Deus e os seres humanos. «Será uma ocasião propícia também para intensificar a celebração da fé na liturgia, particu- larmente na Eucaristia, que é ‘a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força’» (Porta Fidei, 9). A frase Bíblica escolhida para este ano, «Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt, 18, 20), recorda-nos aquilo que somos: uma Igreja reunida em nome e à volta de Jesus.

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BOLETIM 1

editorial

B O L E T I M *25setembro 2013 . boletim trimestral . ano 5

Neste ano pastoral focamos a nossa atenção e ação na fé celebrada. Temos como objetivo redescobrir o lugar cen-tral da celebração litúrgica na vida da comunidade cristã.

No entanto, não queremos separar a liturgia da vida e, por isso, pretendemos aprofundar a estreita relação que existe entre a ce-lebração da fé e a ação evangelizadora.

O fruto esperado é uma liturgia simples e bela, sinal da comu-nhão entre Deus e os seres humanos. «Será uma ocasião propícia também para intensificar a celebração da fé na liturgia, particu-larmente na Eucaristia, que é ‘a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força’» (Porta Fidei, 9).

A frase Bíblica escolhida para este ano, «Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt, 18, 20), recorda-nos aquilo que somos: uma Igreja reunida em nome e à volta de Jesus.

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BOLETIM 2

Secção OpInIãO

A Liturgia na educação da FéP.e Luís MigueL Figueiredo rodrigues

A Igreja, através da sua ação profética, procura anunciar a Palavra de Deus, não como uma teo-ria que há que aprender, mas como uma realida-

de que se experimenta. Dito de outra forma, ao anúncio da Palavra corresponde o devido acompanhamento que quem a recebe, para que possa dar o livre assen-timento da fé. O Concílio Ecuménico Vaticano II, na Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina di-lo deste modo: «A Deus que revela é devida a “obediência da fé”; pela fé, o homem entrega-se total e livremente a Deus oferecendo “a Deus revelador o obséquio pleno da inteligência e da vontade” e prestando voluntário assentimento à Sua revelação» (DV 5).

Este facto coloca à educação da fé algumas ques-tões que importa ter presente:

A primeira tem a ver com a evidência de que a educação acontece pela “obediência”, ou seja, pela escuta da Palavra. Esta não é um mero aglomerado de letras ou sons, mas uma Pessoa, Jesus Cristo. Es-cutar a Palavra é aceitar estar em intimidade com Je-sus Cristo, deixando-se transformar pelo que Ele diz e faz. Mas quais são as palavras e os gestos que nos transformam? Aqueles que são realizados pelas pes-soas por quem temos algum afeto, que amamos! A inteligência deixa-se iluminar pelo Amor e a vontade quer fazer aquilo desejamos, porque O amamos.

A segunda questão a ter presente tem a ver com o modo como se educa o afeto. Não me refiro às simples emoções, mas sim ao afeto como dimensão da pessoa que nos faz querer e desejar algo. O afe-to educa-se pela familiaridade: aprendemos a amar com o contacto assíduo e gozoso! Então, como have-mos de educar o afeto para que se aprenda a amar Cristo? Pelo convívio assíduo com Ele, ali onde Ele

está real e sacramentalmente presente, na Liturgia, sobretudo eucarística, pois «Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, eu estou no meio deles» (Mt 18, 20). A Liturgia desempenha, então, um papel central na educação da fé, pois é ela que per-mite que alguém se deixe enamorar por Cristo, ver a Sua beleza e querer aderir a ele.

Chegamos então ao terceiro aspeto, o da liber-dade. Esta nunca pode ser violentada nem ignorada, até porque a fé é a adesão com que cada pessoa se entrega a Deus... As palavras e ensinamentos serão “preceitos” distantes e frios, se não forem as palavras de Alguém que se dá a conhecer por amor. E o que é frio e distante não promove a adesão, antes afasta-mento e até desafeição. Os valores evangélicos que se procuram ajudar a descobrir na educação da fé também não serão acolhidos se antes não houver uma adesão afetiva com Cristo e o desejo de querer segui-Lo. Logo, a liberdade para aderir a Cristo pro-move-se e educa-se na ação litúrgica.

Concluindo, se a catequese deve educar para a participação litúrgica, deve também deixar-se edu-car pela liturgia. Aqui, a primazia é de Deus, não dos homens, os frutos surgem, não do mero empenho humano, mas da iniciativa divina que atua em cada pessoa. Porque «para prestar esta adesão da fé, são necessários a prévia e concomitante ajuda da gra-ça divina e os interiores auxílios do Espírito Santo, o qual move e converte a Deus o coração, abre os olhos do entendimento, e dá “a todos a suavidade em aceitar e crer a verdade”. Para que a compreensão da revelação seja sempre mais profunda, o mesmo Espírito Santo aperfeiçoa sem cessar a fé mediante os seus dons» (DV 5).

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BOLETIM 3

A Liturgia na educação da Fé

diversidade e Complementaridade

“Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: «Que vês, Jeremias»? Respondi: «Vejo um ramo de amendoeira» ”(Jer 1, 11).

Jeremias viveu num dos tempos mais difíceis da vida do povo de Israel. O fim do reino de Judá, a destruição de Jerusalém e o exilo da maior parte do povo na Babilónia. Foi neste contexto de destruição que Deus o questionou, perguntando-lhe o que via! Bem poderia ter-se lamentado, ter-se insurgido con-tra a ruína e o sofrimento de morte que era devasta-dor! Mas Jeremias viu uma das poucas plantas que dá fruto no inverno, um ramo de amendoeira, um ramo de esperança, uma luz da presença de Deus nas ruínas, um sinal de Deus onde não parece estar presente, uma filosofia de vida. Não um querer saber para dominar o presente, mas uma resposta para orientar a sua vida.

Esta passagem bíblica traz-me à memória a his-tória duma menina pequenina que, quando chega a casa, vinda da casa duma vizinha que acabara de perder uma filha de seis anos num trágico acidente, é questionada pelo seu pai:

– Que foste fazer à casa da vizinha?A menina responde ao pai:– Fui consolar a mãe.O pai ainda mais perplexo pela resposta retor-

quiu:– E que fizeste para a consolar?A menina simplesmente diz:– Sentei-me no seu colo e chorei com ela.Amigos e amigas, estas histórias contêm, para

mim, o segredo da igreja a que nos orgulhamos de pertencer - a igreja diocesana, onde todos somos diferentes e somos diferentes para e na complemen-taridade.

Formação (Filosofia) Cristã de Adultos – IIAntónio JoAquiM gALvão

O Vaticano II, no nº 41 da Constituição sobre a Li-turgia, diz-nos que a igreja local é “a mais alta mani-festação da Igreja de Deus, pela participação plena e ativa de todo o povo de Deus na mesma celebração litúrgica, sobretudo na mesma Eucaristia”.

O capítulo II da Constituição Lumen Gentium apresenta-nos a Igreja como ‘Povo de Deus’, de-finindo-a pelo sacerdócio comum dos fiéis e não pela hierarquia: “Todos me conhecerão desde o mais pequeno ao maior, diz o Senhor (Jer. 31, 31-34). Esta nova aliança instituiu-a Cristo, o novo testamento no Seu sangue (cfr. 1 Cor. 11,25), chamando o Seu povo de entre os judeus e os gentios, para formar um todo, não segundo a carne mas no Espírito e tornar-se o Povo de Deus. Com efeito, os que crêem em Cristo, regenerados não pela força de germe corruptível mas incorruptível por meio da Palavra de Deus vivo (cfr. 1 Ped. 1,23), não pela virtude da carne, mas pela água e pelo Espírito Santo (cfr. Jo. 3, 5-6), são final-mente constituídos em «raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo conquistado... que outrora não era povo, mas agora é povo de Deus» (1 Ped. 2, 9-10) (LG 9).

Desde as origens da Igreja que os leigos estive-ram presentes. Embora a palavra leigo, no sentido que hoje lhe damos, não apareça no Novo Testamen-to, era todo o povo de Deus. Eram os «santos, os «elei-tos» e os «irmãos», fossem ou não clérigos.

“Paulo, por vontade de Deus escolhido para Apóstolo de Jesus Cristo, e Sóstenes, nosso irmão à Igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Jesus Cristo, chamados à santidade, com todos os que, em qualquer lugar, invocam o nome de Je-sus Cristo Senhor deles e nosso” (1 Cor1, 1-2). “Paulo Apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, aos santos e fiéis, em Cristo Jesus, que estão em Éfeso” (Ef 1, 1); “Saúdam-vos as Igrejas da Ásia, Áquila e Prisca, juntamente com a assembleia que se reúne

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Secção OpInIãO

em sua casa (…) Saúdam-vos todos os irmãos” (1 Cor 16, 19-20).

O povo de Deus é o leigo consagrado pela unção do Espírito Santo, a nova criatura em Cristo que pelo Batismo e pela Eucaristia edifica o Seu Corpo que é a Igreja.

Imaginemos que carta S. Paulo escreveria hoje à nossa Igreja Arquidiocesana! Que começaria pela saudação «irmãos», quase de certeza e, prova-velmente entre tanta coisa, poderia repetir: “Cris-to, a uns constituiu Apóstolos, a outros profetas, a outros evangelistas e a outros pastores e mestres, para o aperfeiçoamento dos cristãos, em ordem ao trabalho do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo, até que cheguemos todos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem perfeito, à medida da estatura de Cristo na sua plenitude” (Ef 4, 11-13). Não duvido que se-ria um texto lindo, mas o texto, mesmo bonito, não muda a filosofia de vida, é preciso comprometer a família (povo) de Deus na Sua missão, que todos sintam que estão a contribuir para a vida da Igreja, que todos comuniquem, cada qual no seu estado de vida e em função do seu ministério, o patrimó-nio da fé vital para a vida pessoal, familiar e social em plenitude.

Todos ouvimos com frequência que os tempos são outros, que tudo mudou, que agora não há res-peito por Deus, pela Igreja… que tudo é crise! Cristo continua a revelar a Sua vontade em edificar a Igreja. E como dissemos, embora diferentes, todos recebe-mos dons espirituais para edificar a Igreja: apóstolos, profetas, pastores, evangelizadores e mestres para na complementaridade chegarmos à medida perfei-ta, à santidade que se alcança pela unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus.

Bento XVI justificou a celebração do Ano da Fé, que ainda estamos a viver, com a constatação de que no mundo atual «é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor de uma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencon-trar o entusiasmo de comunicar a fé» (Porta da Fé, 7).

Na Luz da Fé (1) diz-se que: “Luz Da Fé é a expres-são com que a tradição da Igreja designou o grande dom trazido por Jesus (…) «Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em mim não fique nas trevas» (Jo 12, 46).

O acento na unidade e em todo o povo de Deus parece estar em contraste com o mundo atu-al, onde cada qual tem que ser o melhor e vencer

sobretudo pelo dinheiro que pode auferir ao fim do mês, ser diferentes e apostar na indiferença e no individualismo. Na complementaridade, a pre-ocupação da diferença não é para distinguir, mas para mostrar a novidade cristã como alternativa ao mundo material que construímos. Com S. Paulo queremos ser diferentes, com diferentes ministé-rios em função dos carismas que possuímos. Na programação do ano pastoral 2012-13, dizia-se que o “primeiro fruto esperado [fé professada] — Uma adesão mais consciente e pessoal ao Evange-lho de Jesus Cristo”.

No Programa Pastoral 2013 – 2014 da Diocese pode ler-se: «Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles». (Mateus 18, 20):

“Neste ano pastoral, colocamos mais atenção na fé celebrada (liturgia). Temos como objectivo redes-cobrir o lugar central da celebração litúrgica na vida

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da comunidade cristã. No entanto, não queremos separar a liturgia da vida e, por isso, pretendemos aprofundar a estreita relação que existe entre a ce-lebração da fé e a acção evangelizadora. (…) Espe-ramos que o Segundo fruto esperado [fé celebrada] — Uma liturgia simples e bela, sinal da comunhão entre Deus e os seres humanos”.

É neste sentido de partilha e comunhão en-tre Deus e os seres humanos que subscreve-mos uma filosofia de vida e formação de leigos (Adultos) como «um ramo» cheio de esperan-ças. “Na Igreja-comunhão os estados de vida encontram-se de tal maneira interligados que são ordenados uns para os outros. O seu signi-ficado profundo é comum e único. Cada uma das modalidades é, ao mesmo tempo, diferente e complementar, (…) que se unem no mistério da comunhão da Igreja e que dinamicamente se coordenam na sua única missão” (João Paulo II,

A Vocação dos Leigos na Igreja e no Mundo, 55), não estando um ao serviço do outro, mas todos ao serviço de Cristo.

Se nas nossas paróquias, com todo o respeito e dignidade que merecem, continuamos a ter um Senhor Padre que só celebra a Eucaristia, o mais provável é só termos pessoas que vêm à Eucaris-tia! (Atenção não se entenda que está mal). Não achamos que o Senhor Padre tenha que ser um herói solitário, mas mostrar que, se com o Senhor Padre tivermos casais, pessoas singulares, jovens… um Conselho Económico e Pastoral Paroquial, de diferentes profissões e estados de vida, teremos outras formas de evangelizar! De comunicar a fé e em conjunto celebrarmos a liturgia a partir dos movimentos e organismos (ramos) da paróquia, sobretudo porque independentemente das pro-fissões que as pessoas têm na vida, celebram a mesma fé, ou seja, teremos a diversidade e a com-plementaridade e daremos muito fruto (Jo 15, 8).

Nesta missão é urgente a formação dos leigos (Adultos) porque, na realidade, o mundo hoje é dife-rente, a descristianização da vida atinge todas as cé-lulas da sociedade: a família, a escola, a universidade, a freguesia, etc. A vida desenvolve-se e norteia-se por uma cultura que poderíamos titular de - em nome da liberdade até se constrói uma ditadura democrática: mata-se por dinheiro, vende-se por avareza, entre-ga-se o orgulho e a liberdade a troco de riqueza e poder… etc, etc. Uma liberdade vazia de responsabi-lidade é individualista e utilitarista. Temos que recor-rer a outros meios de formação que compensem o deficit educativo da cultura que nos envolve.

D. António Marcelino diz-nos que os «novos se-minários» são as escolas de formação de leigos. A descoberta da vocação laical, Vaticano II, é específica e não pode ser substituída nem exercida pelo Sacer-dote Tal como o seminário nasceu para formar sa-cerdotes, exigem-se «seminários» para formar leigos que sejam luz do mundo nas suas diversas fronteiras: cultura, saúde, educação, economia, meio ambiente, etc..

Para tal, independentemente dos ministérios te-mos que nos educar num contínuo aprofundamento da fé.

É neste contexto de formação de Adultos que, no Arciprestado de Barcelos, ao longo do ano pastoral, ocorrerão em cada Zona Pastoral os Encontros (sete Encontros, um por mês) de «Fé Celebrada» a come-çar no dia 11 de Outubro às 21 h.

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Secção OpInIãO

CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA I

O LEITOR

João Paulo II, ao fazer pensar “o Ano da Euca-ristia como uma importante ocasião para as comunidades cristãs fazerem um exame” so-

breleitura dos textos bíblicos, fez uma proposta que cada comunidade deve considerar como um autêntico presente de Natal, um Advento do Ver-bo, que “fez-se homem”, faz-se Palavra nas pala-vras do leitor. Cristo fala, quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura (EDE, 9, 10, 11, 13); mas, para que a Palavra de Deus toque e ilumine a vida, os textos bíblicos, proclamados em língua compre-ensível, merecem (exigem) uma proclamação cuidada com preparação prévia, escuta devota, silêncio meditativo.

A proclamação cuidada inicia a assembleia ou-vinte a “viver liturgicamente, (a) tornar-se uma obra de arte viva diante de Deus, sem outro fim que estar e viver na presença de Deus (que é) executar, sob os olhos de Deus, em beleza, liberdade e santa alegria, o ‘jogo’ da liturgia” (R. Guardini). E “a Liturgia da Palavra é dirigida a Deus, fundindo-se com a Palavra verídica, que é o Logos de Deus e que nos envolve na verda-deira adoração” (J. Ratzinger). No Antigo Tes tamento tomar parte no culto significa apresentar-se diante de Javé (Deut 16, 16; Ex 23, 17), cumprir a lei é viver na sua presença. Por isso, a assembleia (Eucaristia), que se abre com a saudação “O Senhor esteja convosco” e encerra com as palavras “O Senhor vos acompanhe”, decorre qual viagem-imóvel na ‘presença’ do Senhor “no meio deles”, prometida “onde dois ou três estive-rem reunidos em seu nome…” (Mt 18, 20).

A Eucaristia, fonte e cume da vida cristã, é consti-tuída pela mesa da Palavra e mesa do Pão. A Palavra, proclamada, converte os ouvintes (muitos) numa convocação (ecclesia, assembleia) de crentes partici-pantes. Participantes na assembleia, uns, no exercício de seu ministério, outros na condição de assembleia reunida, oferecem-se (seu corpo) como sacrifício vivo,

M. M. CostA sAntos (dM. igreJA vivA, 29. 04. 2007, iii).

santo, agradável, (Ro 12, 1-2) como culto espiritual. O leitor serve à comunidade (ouvintes) da parte

do totalmente Outro (Cristo, presente na Palavra); ao ‘dar corpo’ à Palavra, que precisa de um espaço como eco do Outro, para o texto falar (Heidegger), envol-vido como “um verdadeiro actor imerso na palavra anunciada” (J. Tolentino), o leitor por uma ‘poética do corpo falante’ torna-se voz diferida da Palavra. Como é “o próprio Cristo que fala, quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura” (EDE, 10), as palavras do leitor devem fazer-se eco destas: “Sou eu que estou a falar contigo” (Jo 4, 26).

A leitura, como um ‘ver que se ouve’, oferece-se com a sua qualidade (excelência) para dispor á au-dição interior (Mt 11, 25-27), ser “instauradora” do sujeito ‘tocado’ pela ressonância da Palavra na sua voz diferida; então, ele ouve ‘um segredo destinado ao seu ouvido e a nenhum outro’, segundo um conto hebraico. M. Yourcenar refere que há “textos sagra-dos que se lêem mas nem sempre se ouvem”, talvez pela ausência da ‘poética do corpo falante’, que em-presta voz para o texto ecoar. E, se a ‘palavra de Deus não regressa sem ter produzido efeito’, se ela “cres-cia, multiplicava-se” (Act 12, 24; 19, 2O) e “o Senhor aumentava (…) o número dos que tinham entrado no caminho da salvação” (Act 2, 47; 2, 41; Act 6, 7), a proclamação da Palavra tem a sua parte, mesmo que mínima, na eficácia da Palavra.

O leitor toma a Bíblia como um ‘texto, a ler com competência, com aprumo literário para perceber que o Evangelho também é uma corporeidade’ (J. Tolentino), com uma consistência própria como o lugar do sentido. Como ler é “permitir que um cha-mamento afecte” o ‘legente’, este deve “apurar não apenas o olhar, mas o ouvido, para escutar essa espécie de textualidade submersa que atravessa a letra” e “o espírito se solte da letra para agarrar

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o sentido” (Alain), abandonar-se “à surpresa da visitação”, ao ‘extravio’ do texto, que é “substância narrando-se”, “lugar que viaja”, “rio que corre” (M. G. Llansol). Na atitude de anfitrião, com cortesia, no-breza de coração (G. Steiner), o leitor situa-se pe-rante o livro como “o pastor do ser” (M. Heidegger) para ‘jogar o jogo do texto’ (U. Eco). Situado, assim, e por um ‘diálogo e um eco vivificante’, o leitor sen-te que ‘compreender é compreender-se diante do Texto’, ser lido (G. Steiner); como resposta, “vai ‘re-ceber… um eu mais vasto” (P. Ricoeur), “proporcio-nal ao que consente expor de si próprio” (A-M. Pell-letier), porque o texto“abre-nos ao nosso próprio espaço e se torna o ar sem o qual não podemos respirar” (M. Certeau). Como um ver que se ouve, ler é ser responsável diante do texto (Steiner), da Palavra com “um silêncio vibrante e uma solidão povoada pela vida da palavra”.

O leitor ‘modelo’ cultiva a arte da lentidão (si-lêncio meditativo), como um ‘vaguear sem destino pelo bosque’, para permitir “passeios inferenciais” (U. Eco), para ponderar. A lecture bien faite colabora com o texto (C. Péguy), “para preen cher uma série de espaços vazios” e dar lugar ao ouvinte, que se deixa interpelar. O ritmo de ler como ver que se ouve, surpreendido e extraviado pelo novo, a pon-derar para “seguir” quem chama, permite ‘fazer a experiência do mistério trivial de uma presença real’ de natureza significante (G. Steiner). E, por-que “o Deus que nos reúne não passou por nós a correr” (J. A. Mourão), o “grau de lentidão é direc-tamente proporcional à intensidade da memória” (Milan Kundera) da história da salvação e da nossa história pessoal. O vagar, ao ler, “se inculca no pen-samento” como uma escuta lenta e silenciosa mas atravessada por “raptos” e fulgores, para reter “a auscultação da alma”, ao deixar a mediania frené-tica e apagada dos dias, “por uma lentidão incan-descente” (J. Barrento); numa metáfora dum pro-vérbio checo “a lentidão é o contemplar as janelas de Deus”. A lentidão torna-se necessária numa cul-tura em mudança, em que a supressão do tempo de maturação foi substituída pela velocidade de rotação da «actualidade». Em tempos de anoni-mato difuso e fanatismos agressivos, a lentidão é uma questão urgente para a identidade cristã; e a lentidão permite “imprimir forma na duração” (M. Fullan) do tempo da celebração, que é um lugar de trânsito, de conversão.

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Secção OpInIãO

Ler é um trabalho de linguagem numa resso-nância cheia de memória, com “um silêncio vibran-te e uma solidão povoada pela vida da palavra”, que reuniu muitas comunidades; ler ‘é ouvir e aceitar um apelo, reunir-se com a (inseparável) comunidade num lugar de chamamento’, identificação com a co-munidade (G. Steiner). E, porque a verdade revelada “possui vibrações, em si, e ressonâncias a cargo do leitor, como parte da leitura”, “uma respiração nar-rativa”, “o auditor / leitor, … sente-se um verdadeiro actor” (J. Tolentino). O leitor (ouvinte) torna-se “na-vegante das viagens do conhecimento” ao encontro dos ‘outros que são as nossas viagens’; o legente, que se transforma num corpo de afectos, disponível para a viagem de si para si no mundo com os outros, per-mite que “a palavra de Deus espalhava-se (…) o nú-mero dos discípulos aumentava” (Act 6, 7); a Palavra converte os ouvintes numa congregação (ecclesia) assembleia convocada, de crentes no mundo, ‘afec-tados’ pela ressonância da Palavra. A leitura contri-bui para que o ouvinte entre numa viagem i-móvel, conversão.

A assembleia (ecclesia) tem o tom sacramen-tal, simbólico, assembleia humano-divina, cren-te-pensante, aspectos a distinguir para melhor celebrar. A excelência, numa celebração, que deve cultivar a qualidade, convida os ouvin-tes para a atitude de discípulo, capaz de ouvir (ouvir-se), sendo o leitor o primeiro. O leitor, face à Assembleia, situa-se numa condição bi-polar: tem em comum o ser-com como ouvinte e de seu uma responsabilidade mais, ser-para. E, como a excelência é atractiva, pelo princípio da com-plexidade cada um (ministério) tem a ver com todos, inter-age. Um face a muitos, da dialéctica salvífica de Deus, mostra o leitor como aquele que pode ‘dispor’ outros a entrar nesta dialéctica com uma proclamação feita com ‘o cuidado, pre-paração prévia, escuta devota, silêncio meditati-vo … para que a Palavra de Deus toque a vida e a ilumine’.

A excelência, que é replicadora, partilhável, por-que é o “procurar os dons mais excelentes”, é condi-ção de “servos inúteis, (que) fizeram o que deviam” (Lc 12), e não de espectáculo. O leitor deve cultivar a excelência como quem ‘argumenta’ e discretamen-te quer dar razão da esperança (1 Ped 3, 15) como quem é útil para servir; servindo a Palavra (e a co-munidade) com a sua ferramenta que é a leitura, faz

do acto de ler o serviço à Palavra, que reúne a Igreja, como “sacrifício vivo, santo, agradável a Deus... ver-dadeiro culto, o espiritual” (Ro 12, 1), conforme ao Logos, Palavra.

M. Yourcenar escreve: “Que Aragon e Rimbaud nos ajudem a compreender Marcos ou João”. Mas, onde podemos encontrar verdadeiros leitores, des lecteurs qui sachent lire? G. Steiner diz que há necessidade de os treinar; e, se num tempo em que “treina-se muita coisa com mui to zelo, mui-ta persistência e renúncias, porque não se há-de treinar para Deus e o seu Reino?” (J. Ratzinger), para ler? Um dos nossos escritores escreve que a comunidade existe onde se luta pela comuni-dade (M. Torga); e o leitor, como um dos ministé-rios, tem também uma tarefa pela comunidade. A leitura pode levar a que “a pessoa, que entrou, não é a pessoa que se despede” (Isabel da Nóbre-ga) no fim da assembleia, pois, “perdendo-se, se encontra”; e como a samaritana, ela pode ouvir: “Sou eu que estou a falar contigo” (Jo 4, 26). O leitor ‘oferece-se’ na leitura e a comunidade deve reconhecer-se pela qualidade e excelência dos seus. O leitor é um, que inter-age, face a muitos; nas suas qualidades (excelência) ao serviço da comunidade, a competência no exercício, tam-bém, pode ser replicada por outros. Então, leitor e ouvintes se apercebem das palavras de Jesus à samaritana.

O envolvimento do leitor (e dos ouvintes) deve mover a estratégia pastoral e a comunidade para que a Igreja se redescubra e passe, partindo do Evangelho, de “comunidade narrada (a) comuni-dade narrante” (J. Tolentino) pela “palavra falada (que passa) a palavra falante” (C. Mesters). Então, a comunidade, de um anonimato difuso, e de pes-soas dispersas em si mesmas, pode passar a uma comunidade de chamados no Corpo de Cristo “em que cada um, pela sua parte, é um membro” (1 Cor 12,27).

O leitor sente-se “um verdadeiro actor imerso na palavra anunciada”, pois a Palavra de Jesus apresen-ta-se como o limiar de uma história aberta.

Durante uma viagem-imóvel na ‘presença’ do Senhor, na Eucaristia, a assembleia que se abriu com a saudação “O Senhor esteja convosco” des-pede-se com as palavras “Ide em paz e o Senhor vos acompanhe”, que são o eco destas outras “Eu estarei convosco”.

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A Igreja, na Eucaristia dominical, possivelmen-te, é a instituição, que reúne mais pessoas (A. Tofller). Já na celebração da Páscoa judaica o

filho mais novo pergunta ao pai: “O que é isto?” (Ex 13, 14; 12, 26). Depois do exame proposto por João Paulo II sobre a leitura e do “reconhecimento defici-tário preocupante da educação litúrgica de padres e leigos” (J. Ratzinger), devemos assumir-nos como comunidade aprendiz (B. Häring), ‘democracia’ par-ticipativa duma comunidade discente, aprendendo que “viver liturgicamente, (é) tornar-se uma obra de arte viva diante de Deus, sem outro fim que estar e viver na presença de Deus (e) executar, sob os olhos de Deus, em beleza, liberdade e santa alegria, o ‘jogo’ da liturgia” (R. Guardini), que deve “conduzir para o poder transformador de Deus, (que) quer transfor-mar os Ho mens e o Mundo” (J. Ratzinger). A liturgia, que “não é simplesmente uma acção (é) um pensa-mento... uma teologia escondida, discreta... (que) se resume nesta ideia: “A lei da oração é a lei da fé” (P. Ricoeur). A ‘democracia’ participativa duma comu-nidade discente constitui-se com os sujeitos que “todos somos responsáveis por tudo e por todos e eu mais que os outros” (F. Dostoiewski); dito de ou-tro modo: “o que quiserdes que os outros vos façam, fazei-lho vós também” (Lc 6, 30). A instituição desta comunidade discente apoia-se no reconhecimento duma “Igreja demasiado instituída e não Igreja de-masiado instituinte”, enquanto “a condição humana é viver instituindo o novo” (A. Rouet).

A educação litúrgica, que se esboça, permite a descoberta (fulguração) de constituirmos uma co-munidade discente (aprendiz), que, como treino para ‘ressuscitar’, não mais poderá acabar como “Igreja instituinte”.

A Assembleia (Eucaristia), que se abre com a sau-dação “O Senhor esteja convosco” e encerra com as palavras “O Senhor vos acompanhe”, decorre qual viagem-imóvel na ‘presença’ do Senhor “no meio”,

CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA II

A ASSEMBLEIAM. M. CostA sAntos

prometida “onde dois ou três estiverem reunidos em seu nome…” (Mt 18, 20).

A Assembleia (ecclesia) tem o tom sacramental, simbólico, como Assembleia humano-divina, crente-pensante, aspectos a distinguir para melhor celebrar. Uma celebração, que deve cultivar a qualidade, a ex-celência, em que “o que é digno de ser feito é digno de ser bem feito”, convida os participantes para a ati-tude de discípulo, capaz de ouvir (ouvir-se), deixar-se ‘envolver’, sendo o presidente e os ministérios em acção na Assembleia os primeiros. A celebração eucarística, sujeita às leis do agir humano, celebra o ‘excesso’, a beleza do amor de Deus, tal como o Ver-bo se fez Homem para dar a ‘conhecer’ Deus. Se de Jesus, “no auge do assombro diziam: ‘faz tudo bem feito’” (Lc 7, 37), a Eucaristia merece (pede) a cultura de qualidade total, a excelência e, como refere João Paulo II, uma celebração viva e sentida, marcada por profunda interioridade, caracterizada pelo respeito extremo (MND, 18, 29) para uma existência cristã transformada pelo amor.

Como a Eucaristia (Igreja) é uma congregação (assembleia) de fé no meio do mundo, ‘mundo’ de Deus no mundo do homem, a fé toma corpo no mundo para assinalar um ‘excesso’ (P. Gisel). A fé, como acto, pertence ao ser do homem no mundo, mas como acto de fé transcende-o, assumindo-o noutra interpretação da realidade: ‘mundo’ de Deus. Assim, crer é habitar o mundo como poeta, e viver poeticamente é ver a realidade em ‘potência’, como lugar para o ‘excesso’ de Deus, que ‘habitou entre nós’, e habitar o mundo do homem como ‘mundo’ de Deus (J. F. Malherbe). Por seu lado, o homem, ser cosmogónico, cria um mundo, como ser-com o outro pelo agir (M. Blondel, P. Freire); ele partilha o processo vital de “geração de (si) mesmo, vivendo no mundo como “processo de conhecimento”, em que “o nosso mundo é sempre o que construímos com os outros” e “só temos o mundo que criamos com os outros” (H. Maturana e F. Varela). Deste modo, a acção, “longa e

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BOLETIM 10

lenta”, da realização colectiva (M. Torga) da Assem-bleia associada à reflexão, evita que os membros se tornem “objecto” ou “massa de manobra” (P. Freire) e mostra que os homens “libertam-se em comunhão” duma anterior situação, “na sua vocação ontológica e histórica de melhor ser-com-outros, na reciprocida-de entre a vida finita e a transcendência no quotidia-no anónimo (K. Rahner).

A liturgia da fé alcança o quotidiano, ‘excedendo’ o acto cultual. O quotidiano deve tornar-se ‘litúrgico’, apto a ‘ressuscitar’; ao entrar na acção de Deus, para ‘inter-agir’ com Ele, o cristão inicia-se na liturgia que deve fazer-se ver no quotidiano. E, quando “treina-se muita coisa com mui to zelo, muita persistência e re-núncias, porque não se há-de treinar para Deus e o seu Reino? Tal treino deveria ser uma parte essencial do quotidiano, encontrando, contudo, o seu conte-údo interior dentro da Liturgia, na sua ‘orientação’ para Cristo ressuscitado”; este treino é “o exercício para aceitar o outro na sua diferença, para chegar ao amor, (que é) o exercí cio para aceitar aquele que é todo diferente, Deus, e admitir ser moldado e utiliza-do por Ele” (J. Ratzinger). A fé no quotidiano anónimo descobre Cristo na relação com os outros como amor do próximo (K. Rahner), iniciando uma circularidade recorrente entre o acto litúrgico e o quotidiano.

A Eucaristia, na comunidade local, é o lugar de nascimento permanente da “Igreja corpo de Cristo”, “quando vos reunisem assembleia…” (1 Cor 11, 18). E, neste ‘reunir-se’ (Zizioulas), “nós, … muitos, somos um só corpo, pois todos nós participamos de um só pão” (1 Cor 10,17) e, até, como o corpo “tem muitos membros, que… são um só corpo, assim também Cristo”(1 Cor 12,12); do reunir-se nasce a comunida-de, denominada ‘Cristo’(1 Cor 12,12), de quem se faz parte ao “ser baptizado (em Cristo)” (Rm 6,3; Gl 3,27), que como Cabeça cria uma “vida” partilhada (O’ Con-nor) (Gl 2,20; cf. 1,4; 2 Cor 8,9; Ef 4,11-16).

A participação ‘activa’ não é um acto geral, exte-rior, de todos em acção, mas remete para uma parti-cipação principal, fundante, de todos os membros da comunidade na actio central: a oração eucarística. A verdadeira ‘acção’, o núcleo da celebração, é a oratio, em que a acção do próprio Deus, envolvendo-nos, age e concretiza o essencial. Aos participantes com-pete orar, para que o sacrifício de Cristo se torne o nosso sacrifício, “a fim de nós próprios nos tornar-mos ‘conforme Logos’ e ver dadeiro Corpo de Cristo.

A aproximação oratória de participação, em que ‘não há diferença entre sacerdotes e leigos’, baseia-se em que ‘aquele que se une ao Senhor constitui, com Ele, um só espírito’ (1 Cor 6, 17). Este ‘nós’ participativo de todos tem como objectivo “que no fim seja abolida a diferença entre a actio de Cristo e a nossa, para que haja uma única actio, que seja simultaneamente a sua e a nossa”, e nossa por nos termos tornado ‘um corpo e um espírito’ com Ele”. E, se o essencial é o Deus que age, para os participantes apenas ‘a oratio é o essencial, por ser só ela que proporciona espa-ço para a actio de Deus’ (J. Ratzinger). Assim, “viver liturgicamente, é - levado pela Graça e conduzido pela Igreja - tornar-se uma obra de arte viva diante de Deus, sem outro fim que estar e viver na presença de Deus (que é) executar, sob os olhos de Deus, em beleza, liberdade e santa alegria, o jogo da liturgia” (R. Guardini).

A participação de todos traduz o conceito, que está na base da comunhão, em que cada um traba-lha para o bem de todos, partilhando, pois “quem não partilha alguma coisa neste reino imperfeito também não partilhará no Reino” (J. Zizioulas). A participação é a condição da nossa peregrinação, porque pertence à estrutura da mesma cidade para onde caminhamos. A comunhão por participação não é alheia ao homem, mas é o modo original de ser que tem o modelo em Deus-Trindade Santa. Como comunhão, orienta-se a Igreja para o futuro de Deus através de formas sempre novas de comunhão; aí, a aprendizagem torna-se exigência permanente e pode ser a tradução da conversão ao Reino. Aberta ao futuro de Deus, que é reino de possibilidades ain-da não realizadas e onde se participa do espírito cria-dor de Deus, torna-se a Igreja no que é: comunhão com Deus. E para a comunhão, “todos serão ensina-dos por Deus” (Jo 6, 45; Is 54, 13; Jer 31, 34).

A comunidade, na origem, como “reunir-se a Jesus” (Mc 6, 30), é “um processo de aprendizagem (conversão) de vida como um novo ser-uns-com-os-outros”: a ‘lição’ é “o Filho do Homem (que) tem de ser morto e ressuscitar “Mc 8, 31) e na experiência do abandono total da cruz (Mt 20, 28; Fil 2, 5-11) (J. Ratzinger), onde nada mais pode fazer, “entrega-se pela verdade de Deus” (P. Beauchamp). A comunida-de, nova família (Jo 19, 25-27) (G. Lohfink), que não é obra do homem, é criada por Deus com homens que dão a vida. A cruz, ao “reconciliar com Deus, num só corpo, matando assim a inimizade, (e assim) uns e outros, num só Espírito, temos acesso ao Pai” (Ef 2,

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14-18), exprime a realidade da Igreja, corpo de Cristo. Desta realidade, os cristãos participam pelo baptis-mo: “com Ele nos ressuscitou” (Ef 2, 5). A comunidade faz-se pelos membros, que ‘nascem’ pela ‘experiência’ de entregar-se à ‘verdade de Deus’ no mundo.

A celebração é um tempo como lugar de trânsi-to de si para si, viagem imóvel, conversão. A comu-nidade ‘nasce’ à volta da Palavra, que se faz Homem, que de Palavra, que chama, se faz Pão para muitos. Um único Senhor faz ‘girar’ todos e, apenas no que acontece entre-todos, se testemunha o Senhor; como o corpo “tem muitos membros, que… são um só corpo, assim também Cristo”(1 Cor 12,12). A Igre-ja, sendo assim, é “dádiva de Deus” (J. Ratzinger), que converte os muitos a uma nova existência em co-munidade. Mas, a beleza da dádiva, ao ser assim por acção de Cristo, responsabiliza, cultiva-se: o reunir-se, “a comunidade (convívio) que se trabalha como uma peça de ourivesaria, ... é uma lembrança descida do céu”. Olhando o âmbito da comunidade, Cristo, “a inteligência da comunidade (convívio) é muita inte-ligência, “céus da inteligência ampla” (M. G. Llansol): a inteligência da fé.

Como inteligência ampla, amar é ampliar o do-mínio cognitivo, um olhar mais abrangente, que

implica sempre uma experiência nova: o amor é o ‘fundamento biológico do fenómeno social’ e só ele permite ‘criar um mundo em comum’ com os outros (H. Varela e F. Maturana). Deste modo, o reunir-se (a comunhão) não é apenas um ‘somar’ indivíduos, mas um interagir reciprocamente, a “trabalhar como uma peça de ourivesaria”; e cada um (pessoa) face aos outros, em estado interactivo, pode permitir o ‘ainda nunca visto’: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles” (Mt 18, 20) (A. Jacquard).

A presença de Jesus depende do amor que “tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Cor 13,7). A ‘geração’ de si na relação com o outro ‘dispõe’ para a relação com Deus, onde a responsabilidade plena cabe a quem crê; e “a relação entre o outro e eu é assimétrica (e) a verdadeira correlação entre Deus e as pessoas depende da relação de pessoa a pessoa, assumindo cada um de nós a responsabilidade ple-na como se não houvesse Deus com que contar” (E. Levinas). Deste modo, a experiência da fé apresenta dois elementos complementares: um gesto e um lu-gar. O gesto, que é um partir, quotidiano, inacabado, é possível apenas num lugar, prática comunitária de partilha, instauração de um “fazer em conjunto” per-manente, em que ‘os outros são as nossas verdadei-ras viagens’ para o infinito (Certeau).

A comunidade existe onde se luta pela comuni-dade (M. Torga); e cada celebração, sendo uma dá-diva, é também uma tarefa pela comunidade, treino para ‘ressuscitar’. O envolvimento de todos como ‘democracia’ participativa de comunidade discente mostra o Povo de Deus peregrino no mundo ao “en-contro dos outros que são as nossas viagens”; e, para nós como “vivos navegantes das viagens do conheci-mento”, que devem “dar razão da sua esperança com mansidão e respeito”, a aprendizagem é a conversão ao Reino, para onde se caminha e em que “todos serão ensinados por Deus”. Então, esta comunidade discente pode criar uma estratégia pastoral na Igreja “comunidade narrante” (J. Tolentino) por uma pala-vra “falante” (C. Mesters), “sempre pronta a dar razão da sua esperança com mansidão e respeito”.

A Assembleia eucarística, durante uma viagem-imóvel na ‘presença’ do Senhor, despede-se com as palavras “o Senhor vos acompanhe”, que são o eco destas outras “Eu estarei convosco” no quotidiano anónimo no mundo.

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BOLETIM 12

Secção OpInIãO

A Igreja, a ecclesia, apresenta-se na sua densida-de máxima, na Eucaristia: segundo o adágio “a Eucaristia faz a Igreja e a Igreja faz a Eucaris-

tia”. O binómio do pensar universal e agir local leva a Igreja a haver-se com a realidade da Eucaristia, ‘alma dos diversos grupos apostólicos’, “quando vos reu-nis...”, localmente, na paróquia. A paróquia, “a Igreja que se encontra entre as casas dos homens” (CL 27), permite a cada fiel “fazer experiência concreta da sua pertença ao corpo de Cristo”; lugar de educação reli-giosa profundamente humana, lugar privilegiado de pastoral concreta da cultura centrada na escuta, no diálogo e na proximidade, ilustração inculturada da fé, a paróquia introduz na tradição e coloca os funda-mentos de um profundo ‘sentido de Igreja’. A Eucaris-tia faz a Igreja (paróquia), onde cada um se insere na tradição e descobre o sentido da Igreja.

Os binómios Eucaristia – Igreja (paróquia) e pen-sar universal - agir local, permitem-nos prestar aten-ção ao P. Manuel Antunes, no ensaio “O Pensamento e o Reino” sobre tempos anteriores ao II Concílio Va-ticano, que refere: “A fé, se se articulava com a vida, nem sempre se articulava com as exigências do pen-samento no seu devir histórico válido. Quando hoje se pensa na quantidade de energia dispendida em defender certas coisas indefensáveis, sente-se não apenas a melancolia das causas perdidas, porque não mereciam ser ganhas, mas também a mágoa pela ausência de um trabalho positivo que poderia ter sido realizado e não foi”. Seleccionar causas de-fensáveis para um trabalho positivo é uma questão urgente, uma mais valia, pois a Igreja é “capaz de comunicar com inúmeros milhões todos os domin-gos de manhã (e) pode reunir enormes rebanhos e alcançar, assim, uma audiência maciça” (A. Toffler), reconhecida como “um massmedium (que) ajuda a explicar muitas deslocações de poder recente”. A ur-

CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA II (b)

ASSEMBLEIA E O CAPITAL SOCIALM. M. CostA sAntos

gência de “estar conforme” à sua condição reconhe-cida, para inter-agir nos desafios, responder a proble-mas, diante dificuldades novas e para evitar atitudes dissonantes, saídas inviáveis, é uma tarefa.

Às dificuldades possíveis no combate à pobre-za, Muhammad Yunus, prémio Nobel da Paz, desta-ca a importância da pessoa. Usando o “conhece-te a ti mesmo”, “ajuda-te a ti mesmo”, “faz com que te ajudem”, Yunus encetou uma luta contra o conceito tradicional da pobreza (e da caridade) em três di-recções: acabar com a pobreza extrema, dar valor às mulheres e realçar a importância das relações huma-nas. Ao acreditar na pessoa do pobre, Yunus acentua a confiança que gera a cooperação: e ”acreditar é percorrer metade do caminho; quando acreditamos, fazemos”. Deste modo, o protagonismo, retirado ao capital económico, é transferido para o capital das relações humanas, sendo os bens relacionais resul-tantes da interacção das pessoas na confiança (Ma-nuela Silva). O capital social evita a guerra devida à extrema pobreza e cria uma rede de relações. Diante do problema da pobreza, económica, o capital social coloca-se como resposta em que a fé é como cami-nho já meio percorrido.

As parábolas partem de realidades conhecidas, para despertar para a realidade da Igreja. O exemplo de Yunus pode ajudar a perceber a urgência e a inte-ligência do êxodo do capital parado a capital social, na Igreja, na assembleia litúrgica, embora os meios de comparação sejam sempre inadequados.

Do mundo da economia para o mundo da psico-logia e da liturgia, pode usar-se a expressão capital parado, não operativo, como o “talento enterrado” e o capital social, as relações das pessoas entre si, ou a entrada do quotidiano na liturgia, que a credibiliza. Criar uma cultura litúrgica, por analogia, como “capi-

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tal social” (Robert Putnam) permite pela cooperação na comunidade uma liturgia melhor. E, se o capital social pode ajudar a sair da pobreza, como o prova Muhammad Yunus, prémio Nobel da Paz, o banquei-ro dos pobres, encarar a assembleia reunida sob este aspecto pode merecer a nossa atenção: criar capital social para vencer as dificuldades.

As mudanças (de capital parado para capital so-cial) não nascem do nada, mas ‘intuem-se’; semeiam-se, crescem lenta e progressivamente. A parábola dos talentos é elucidativa bem como a esperteza do administrador infiel: “já sei o que hei-de fazer...”. A Igreja é, também, dita construção e edifício, em que todos intervêm. O semeador (presidente) também cresce com a assembleia em processo progressivo e lento; e se o “grão de trigo não morrer, fica só...”, mas “ninguém liberta ninguém, e os homens libertam-se em comunhão” (P. Freire). O crescimento das pessoas acontece com o crescimento da comunidade, pois o cristão não é cristão sozinho: “se o homem é um ser social, o cristão é-o duplamente em virtude da sua criação e do seu Baptismo, que o introduz no Cristo vivo, para fazer corpo com Ele. A realidade de fé deve ser entretecida com realidade psicológica, para que se viva em equilíbrio natural e sobrenatural” (L. Sue-nens). A interacção de todos com todos no corpo, que a Igreja é, onde “cada um é membro na parte que lhe cabe”, é um princípio liminar, que a era da complexidade afirma. A comunhão pela relação das pessoas entre si é o essencial, a crescer lenta e pro-gressivamente; o capital parado é não reconhecer a sua responsabilidade com o desculpar-se que não é possível, não há gente capaz, que se é pobre. Mas se até o “deserto é fértil”, a ‘gente’ deve promover-se, estimular-se a partir de ‘minorias cognitivas’, que já habitam o tempo futuro do capital social. Passar de capital parado a capital social é dar-se conta que são as pessoas o melhor, o ‘capital’ sem que nada aconte-ce, ‘os agentes da sua mesma libertação’.

Um documento de João Paulo II, No início do Ter-ceiro Milénio (TMI), permite ver a comparação com o capital social. Da Eucaristia, epifania de comunhão, nas-ce uma ‘espiritualidade de comunhão’, que leva a sen-timentos de recíproca abertura, estima, compreensão e perdão” como comunhão fraterna cultivada, (MN, 21, NMI, 42. Esta comunhão é fruto e a expressão do amor fontal do Pai eterno, pelo Espírito de Jesus para fazer de todos “um só coração e uma só alma” (Act4,32). A

comunhão chama a Igreja a tornar-se casa e escola de comunhão nas comunidades eclesiais (EIE, 85). A comu-nhão diz o ser da Igreja e inspira o agir (a programação pastoral) (NMI, 42, 43). O ser Igreja realiza-se por via de uma espiritualidade da comunhão, a promover como princípio educativo. Este “princípio educativo” abrange “todos os lugares onde se plasma o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, os consagrados, os agentes pastorais, onde se constroem as famílias e as comunidades” (TMI, 43). Uma rede relacional emer-ge, em primeiro lugar, em “o olhar do coração voltado para o mistério da Trindade, que habita em nós e cuja luz há-de ser percebida também no rosto dos irmãos que estão ao nosso redor”; ela mostra-se na “capaci-dade de sentir o irmão de fé na unidade profunda do Corpo místico, isto é, como “um que faz parte de mim”, na partilha das suas alegrias e sofrimentos, e na oferta de uma verdadeira e profunda amizade; ela supõe “a capacidade de ver antes de mais nada o que há de po-sitivo no outro, para acolhê-lo e valorizá-lo como dom de Deus, “dom para mim”, como o é para o irmão que directamente o recebeu”; supõe, ainda, saber “criar es-paço” para o irmão, levando “ os fardos uns dos outros“ (Gal 6,2) e rejeitando as tentações egoístas que sempre nos insidiam e geram competição, arrivismo, suspeitas, ciúmes. “Não haja ilusões! Sem esta caminhada espiri-tual, de pouco servirão os instrumentos exteriores da comunhão. Revelar-se-iam mais como estruturas sem alma, máscaras de comunhão, do que como vias para a sua expressão e crescimento” (NMI, 43). Uma rede relacional a partir da Trindade Santa e da Eucaristia, a expressar nas comunidades eclesiais, é um património a descobrir em caminhada espiritual de “máscaras de comunhão, para vias de expressão e crescimento” da mesma. ”Acreditar é percorrer metade do caminho; quando acreditamos, fazemos”.

A metáfora, do capital, serve para fazer pensar a Igreja a partir de uma analogia conhecida, que dá que pensar. E no terreno da analogia trata-se de ver onde se pode investir com promessa de futuro e não de efemeridade ou de comodidade. Trata-se de fa-zer passar o capital parado, “máscara de comunhão”, que somos muitas vezes, quando nos reunimos em assembleia, para capital social, que nasce na e da assembleia, com a entrada do quotidiano na litur-gia, que a credibiliza; criar uma cultura litúrgica, por analogia, como “capital social” permite a cooperação pela confiança, para uma liturgia melhor, com conse-quências na “coerência eucarística”.

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BOLETIM 14

Secção OpInIãO

i – Crise de Fé

Um dos fenómenos hodiernos do mundo oci-dental é a atitude de descrença e de indife-rença em relação à religião. A literatura, os

meios de comunicação social, a arte, a política estão impregnadas pelo secularismo, pelo laicismo e pelo fenómeno da indiferença religiosa. A Constituição Dogmática Gaudium et Spes constatava que “… ao contrário do que sucedia em tempos passados, negar Deus ou a religião, ou prescindir deles já não é um fac-to individual e insólito: hoje, com efeito, isso é muitas vezes apresentado como exigência do progresso cien-tífico ou dum novo tipo de humanismo. Em muitas regiões, tudo isto não é apenas afirmado no meio filo-sófico, mas invade em larga escala a literatura, a arte, a interpretação das ciências do homem e da história e até as próprias leis civis; o que provoca a desorientação de muitos.” (7). Na realidade, em muitos setores da sociedade europeia de hoje, não entra Deus nem a religião. O homem descrente julga poder construir a sua vida” feliz e próspera” sem Deus.

Não menos preocupante que esta indiferença religiosa absoluta, é a atitude daqueles que, em tem-pos, receberam os sacramentos de iniciação cristã e que, hoje, vivem alheados da matriz e da prática que os fez nascer para a vida de relação com Deus. Nesta apatia de vivência cristã, a Igreja é “procurada” em momentos pontuais e imprescindíveis da vida, a maioria das vezes, por razões de mera ordem social. Nestes “cristãos”, Deus vai desaparecendo lentamen-te, acomodadamente, quase inconscientemente, dos horizontes da vida quotidiana. Bento XVI, na Carta Apostólica Porta Fidei, reconhece esta realidade ao afirmar: “ Enquanto, no passado, era possível reconhe-cer um tecido cultural unitário, amplamente comparti-lhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes sectores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas.” (PF 2) Da socie-dade, vão emergindo outros “valores” que, aos pou-cos, preenchem os anteriores e reais valores da vida

O DOMINGOJosé oLiveirA

e não deixam lugar e espaço para uma visão religiosa da existência. O desequilíbrio entre o compromisso batismal assumido (e praticado em tempos) e a vida atual não raro conduz a uma filosofia de vida “nova”, com menosprezo dos valores cristãos e dos valores humanos, como a honestidade, a fidelidade, a justiça, a dedicação e generosidade…

O Bispo de Coimbra reconhecia que: “Se há cris-tãos a professar e viver fielmente a fé recebida, muitos outros estão marcados por uma enorme indiferença ou foram tocados pela onda de laicismo largamente difundida. Se há comunidades cristãs vivas, unidas, a viver a comunhão com Deus, autenticamente missio-nárias e a testemunhar o amor de Deus ao mundo, outras há que perderam a capacidade de congregar os irmãos e o vigor da fé.” (Cf. Carta Pastoral do Bispo de Coimbra de 15/8/2012).

A lógica do mundo atual é a lógica do egocen-trismo e do endeusamento pessoal, do imediato e do materialismo, do prazer e do sensacionalismo. Neste ambiente, é difícil fazer-se ouvir a lógica do transcendente, da fraternidade, da justiça, da paz e do amor de Jesus.

Contudo, apesar do desenvolvimento científico e tecnológico, proporcionadores do bem-estar físico, o homem contemporâneo, esvaziado dos valores cris-tãos, não é feliz. É visível, sob muitas formas, o tédio, o isolamento, o esvaziamento da vida, o desespero, a violência, a cobiça… Só Deus é proporcionador da alegria, do conforto de alma, da leveza de espírito…

Deveremos dar graças a Deus por aqueles que se têm mantido fiéis ao compromisso batismal e à Palavra de Jesus. Por outro lado, não poderemos ficar indiferentes com a onda de laicismo e de indiferença religiosas que se vai avolumando principalmente na Europa.

ii – “Ano de Fé”Em obediência ao mandato recebido do Senhor,

como sucessor de Pedro e mandatário de Cristo na terra, tendo em conta o contexto em que caminha a

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BOLETIM 15

Igreja no nosso tempo, o Santo Padre Bento XVI, atra-vés da Carta Apostólica “PORTA FIDEI”, proclamou, para toda a Igreja o Ano da Fé.

“O Ano da Fé é convite para uma autêntica e reno-vada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. No mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou plenamente o Amor que salva e chama os homens à conversão de vida por meio da remissão dos pecados (cf.Act 5, 31)”. (Porta Fidei, 6)

O “Ano da Fé” é, por um lado, um convite, uma oportunidade para que aqueles que, vivendo como discípulos do Senhor, possam intensificar a sua vida de fé e dar um testemunho mais profundo da pre-sença de Cristo no mundo. Todos “os cristãos são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra de Verdade que o Senhor Jesus nos deixou” (Porta Fidei,2). O cristão à percentagem, de braços cruzados, acomodado, pré-programado, o cristão autoconvencido da sua perfeição de vida en-contrará, neste convite papal, um desafio de Jesus a uma maior perfeição e identificação com o Redentor. De fato, Cristo é a Perfeição, a Santidade. A missão do cristão é um trabalho de aproximação e identi-ficação com o Absoluto. Eis, a tarefa árdua, contínua, corajosa de todos os que, na vida, aspiram a ser “alter Christus”.

Aos que vivem na letargia da fé a Constituição Sacrosantum Concilium lembra a missão da igre-ja :”aos que creem, (a Igreja) tem o dever de pregar constantemente a fé e a penitência, de dispô-los aos Sacramentos, de ensiná-los a guardar tudo o que Cris-to mandou, de estimulá-los a tudo o que seja obra de caridade, de piedade e apostolado, onde os cristãos possam mostrar que são a luz do mundo, embora não sejam deste mundo, e que glorificam o Pai diante dos homens”. (SC,9)

Por outro lado, o Ano da Fé poderá ser a oca-sião propícia para que os indiferentes e ateus pos-sam encontrar, em Jesus, o caminho, a verdade e a vida. “Também o homem contemporâneo pode sen-tir de novo a necessidade de ir como a samaritana ao poço, para ouvir Jesus que convida a crer n’Ele e a beber na sua fonte, donde jorra água viva (cf.Jo 4, 14).” (Porta Fidei,3) E a Constituição Litúrgica Sa-crosantum Concílium, por sua vez, sublinha a ne-cessidade de, aos homens sem fé, ser feito o apelo à fé e à conversão: “ É por este motivo que a Igreja anuncia a mensagem de salvação aos que ainda não têm fé, para que todos os homens venham a conhecer o único Deus verdadeiro e o Seu enviado,

Jesus Cristo, e se convertam dos seus caminhos pela penitência”. (SC, 9)

Também se lembra que fé e ciência não são reali-dades exclusivas. A Constituição Pastoral Gaudium et Spes diz: “… a busca metódica, em todos os domínios do saber, se for conduzida de modo verdadeiramente científico e segundo as normas da moral, jamais estará em oposição à fé… (GS ,36) .

iii – Fé CelebradaO ano pastoral 2013/2014 será dedicado à “Fé

Celebrada”. Durante este ano, a Igreja, Povo de Deus, celebrará a fé de Cristo transmitida pelos Apóstolos. Celebrar liturgicamente a Fé é atualizar, “hic et nunc”, o Mistério de Cristo e, em particular, o Seu Mistério Pascal, que é o centro da obra da salvação. Cristo, morrendo e ressuscitando, destruiu a nossa morte e nos introduziu na vida nova. Através da celebração litúrgica, o crente é inserido nas realidades da sua salvação. “Pela liturgia, Cristo, nosso Redentor e Sumo-Sacerdote, continua na sua Igreja, com ela e por ela, a obra da nossa redenção… para que os fiéis exprimam na vida e manifestem aos outros o mistério de Cristo e a autêntica natureza da verdadeira Igreja” (CIC 1069, 1068)

O ser humano é naturalmente celebrativo. Por isso, celebrar é um ato profundamente humano e extensivo a qualquer cultura. Celebrar é quebrar a monotonia do dia-a-dia e agarrar um acontecimen-to importante da vida num ambiente festivo. Assim, celebramos aniversários, casamentos, dias nacionais, conclusão de um curso académico… Normalmente, celebrar algo importante ultrapassa o homem como ser individual e transforma-se num ato comunitário. Celebrar comunitariamente é festa.

Na vida de um crente, a celebração litúrgica da fé, como ato comunitário, adquire uma dimensão sim-bólica, muito importante. Representação simbólica das realidades da nossa salvação (não uma encena-ção) faz parte da vida cotidiana do crente em comu-nhão com a Igreja. “ Nela, mediante sinais sensíveis e no modo próprio de cada qual, significa-se e realiza-se a santificação dos homens e é exercido o culto público integral pelo corpo Místico de Jesus Cristo, isto é, pela cabeça e pelos membros. Portanto, qualquer celebra-ção litúrgica, enquanto obra de Cristo Sacerdote e do seu corpo que é a Igreja, é ação sagrada por excelên-cia e nenhuma outra ação da Igreja a iguala em eficá-cia com o mesmo título e no mesmo grau”(CIC 1070). Cristo é o centro de todas as celebrações litúrgicas.

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Nelas, o povo de Deus, reunido na fé, em comunhão com toda a Igreja, encontra-se para celebrar o Mis-tério Pascal – Morte e Ressurreição de Cristo. Jesus, presente na Assembleia, oferece-se ao Pai em culto perfeito. De fato, a presença de Jesus nas ações sa-cramentais é constante e real. Diz a Constituição Litúrgica Sacrosantum Concílium: “Cristo está sempre presente na sua igreja, especialmente nas ações litúrgi-cas. Está presente no sacrifício da Missa... Está presente com o seu dinamismo nos Sacramentos, de modo que, quando alguém batiza, é o próprio Cristo que batiza. Está presente na sua palavra, pois é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura. Está presente, enfim, quando a Igreja reza e canta, Ele que prometeu: «Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt. 18,20)”… (.SC,7)

iv – domingo: “este é o dia o senhor fez: exultemos e cantemos de alegria” sl 118, 24)Após a morte de Jesus, há uma vontade implí-

cita da parte do Senhor de consagrar um dia sema-nal como memorial da sua Morte e Ressurreição: O Domingo. De fato, no primeiro dia da semana, Jesus ressuscita de entre os mortos (Mc 16,2); no primeiro dia da semana, Jesus aparece aos Apóstolos (Jo 20, 19-29) e aos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35); ao domingo, o Espírito Santo desce sobre o Apóstolos (Act 2, 1-4). Os cristãos das primitivas comunidades, na madrugada de domingo, “eram assíduos ao ensi-no dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão, e às orações…” (Act 2, 42-47). A tradição cristã, até aos nossos dias, conserva o domingo, como dia privile-giado, para que o Povo de Deus, em igreja, celebre a vitória de Jesus sobre a morte. “Para os cristãos deve ser o primeiro de todos os dias, a primeira de todas as festas, o dia do Senhor…. o domingo.” (CIC, 2174). Por sua vez, S. Jerónimo dizia que “o domingo é o dia da ressurreição, o dia dos cristãos, nosso dia”. (cf. In die do-minica Paschae II, 52).

O Domingo é uma conquista cristã. Continuador do sábado moisaico, muito cedo passou a distinguir os seguidores da Nova Lei, os cristãos, daqueles que se mantiveram apegados exclusivamente ao Velho Testamento. Propriedade plena dos discípulos de Cristo ressuscitado, o dia alegre e glorioso da Res-surreição, o primeiro da semana, o autêntico Dia do Senhor, – dies dominica – o Domingo tornou-se marco fundamental, quer na contagem do tempo quer na vivência espiritual e sobrenatural do cris-tão. “É a Páscoa da semana, na qual se celebra a vitó-

ria de Cristo sobre o pecado e a morte, o cumprimento n’Ele da primeira criação e o início da «nova criação» (cf. 2 Cor5,17). É o dia da evocação adorante e grata do primeiro dia do mundo e, ao mesmo tempo, da prefi-guração, vivida na esperança, do «último dia», quando Cristo vier na glória (cf. Act 1,11; 1 Tes4,13-17) e renovar todas as coisas (cf. Ap 21,5).” (Carta Apostólica Dies Domini, 1)

O Domingo também pode ser consagrado ao re-creio e desenvolvimento cultural, ao relaxamento fí-sico e repouso psíquico, à oração e ao convívio frater-no. “A instituição do Dia do Senhor contribui para que todos gozem do tempo de descanso e lazer suficiente que lhes permita cultivar a vida familiar, cultural, social e religiosa (CIC 2184) “. Um dos aspetos importantes, esquecido hodiernamente, é a ação caritativa e ati-tude meditativa, sublinhada pelo CIC “…O domingo é tradicionalmente consagrado, pela piedade cristã, às boas obras e aos serviços humildes dos doentes, enfer-mos e pessoas de idade….O domingo é um tempo de reflexão, de silêncio, de cultura e meditação, que favo-recem o crescimento da vida interior” (CIC 2186).

O Domingo era denominado de modo vário, ex-primindo seu significado para os cristãos:

– Dia do Senhor. O primeiro testemunho desta designação encontra-se em Ap 1,10. Dia do Senhor é uma fórmula correlacionada à Ceia do Senhor. O Domingo é o dia que recorda o Senhor, sobretudo porque nele se celebra a Ceia do Senhor. Todos os cristãos devem celebrá-lo participando da celebra-ção eucarística. O domingo era quase exclusivamen-te o único dia da celebração eucarística, de modo que não se concebia um sem o outro.

– Oitavo Dia. Na semana de sete dias, o Oitavo é o dia sem fim, o dia escatológico, prenúncio do Dia eterno da vinda gloriosa de Cristo no final dos tempos, a Parusia. Assim, o Oitavo Dia transcende o tempo dos homens, transcende a semana e nos abre já um antegozo da eternidade. É, portanto, o Dia pro-metido pelos profetas, dia da plenitude do Espírito, da sua efusão sobre toda a carne. Portanto, dia do batismo.

– Primeiro Dia. João fala em “primeiro dia depois do sábado”. Sábado que significa a antiga criação, a antiga aliança, agora superadas pela nova realidade do Ressuscitado! A tradição judaica já chamava este dia de primeiro dia, dia da criação da luz, dia do sol.

Aos poucos, iniciou-se a tendência de fazer do domingo um sábado cristão! Este passo foi efetivado depois que Constantino Magno, em 321, proclamou

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o domingo como dia de repouso obrigatório em todo o Império. É interessante que, entre os cristãos, inicialmente continuou-se a trabalhar (cf. S. Jerô-nimo, Ep. 108,20,3; Paládio,História Lausíaca 59,2; S. Bento, Regra, 48,22s). No século VI, esta equiparação do domingo ao sábado já estava plenamente esta-belecida. Antes de Constantino, um tal passo não teria sido possível, seja porque não se conhecia um repouso dominical entre os cristãos, seja porque, so-bretudo, os cristãos não consideravam mais o man-damento do repouso sabático semanal como obri-gatório na Nova Aliança e, portanto, não tinha nada a ver com o domingo cristão.

Inicialmente a Eucaristia dominical era celebrada no contexto de uma ceia completa (cf. 1Cor 11,25; Didaqué 10,1; Plínio, o Jovem, Ep. X,96,7), possuindo sobretudo um caráter escatológico: o Senhor ressus-citado aí estava presente, de modo que a celebração era já antegozo da sua Parusia.

Além desta ceia, ao que parece, já muito cedo, havia também uma celebração antes da aurora, tes-temunhada pela primeira vez por Plínio, o jovem. Tal celebração era relacionada com o batismo. Quando a celebração vespertina foi abolida pelas restrições do Império, os cristãos passaram a celebrar a Eucaris-tia somente na madrugada, antes da aurora. É esta a situação testemunhada por Justino na sua Apologia.

v – eucaristia: “o sacramento eucarístico é o «mysterium fidei» por excelência”.(Carta Apostó-lica de João Paulo ii, Mnd 11)

“Fazei-o em minha memória’». (1 Cor 11, 25).Só teoricamente é possível dissociar o domin-

go da Eucaristia. A missa dominical é o coração do dia do Senhor, o centro de luz do tempo litúrgico, porque, nesse dia, “ Cristo torna-Se mistério de luz, mediante o qual o fiel é introduzido nas profundezas da vida divina” (João Paulo II, Carta Apostólica Mane Nobiscum Domine, 11). Dia da ressurreição de Cris-to, o domingo é o dia da Palavra e da Eucaristia, o dia por excelência da assembleia litúrgica, em que os fiéis se reúnem e participam da “Ceia do Senhor”. Por sua vez, a missa dominical deve ser o coração da vida cristã e a bússola da caminhada pascal das comunidades cristãs. Nela está condensada, em pa-lavras, gestos e ritos, toda a nossa fé. A partir dessa compreensão podemos afirmar, com convicção, que celebrar o Mistério Eucarístico é celebrar Cristo em nossa vida e a nossa vida em Cristo. (cf. Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB.).

Como no passado, a Igreja mantém até hoje o pre-ceito de participar na missa dominical. O Catecismo da Igreja Católica, citando S. João Crisóstomo afirma: “ No Domingo e nos outros dias festivos de preceito, os cristãos têm obrigação de participar na missa” (CIC 2180). Mais do que obrigatoriedade, na celebração eucarística, dever-se-ia acentuar a importância e a beleza da ação da vida eclesial como Corpo Místico de Cristo. Na realidade, a celebração da Eucaristia é um momento muito particular de evangelização: nela, temos anúncio da encarnação, morte e ressur-reição de Jesus e da definitiva e salvadora presença de Deus, na história humana. Na Eucaristia, pode-mos fazer a experiência viva de Deus feito homem, e realmente presente sob as espécies do pão e do vinho. A Ceia Dominical é convite a fazer a experiên-cia íntima dos dois discípulos de Emaús, que senti-ram “o coração a arder no peito”, quando, no caminho, tiveram a companhia velada de Jesus ressuscitado, explicando as Escrituras e revelando-se ao “partir do pão” (cf. Lc 24,32.35). O Beato João Paulo II , na Carta Apostólica Mane Nobiscum Domine, garante-nos que “Ao longo do caminho das nossas dúvidas, inquieta-ções e às vezes amargas desilusões, o divino Viajante continua a fazer-se nosso companheiro para nos intro-duzir, com a interpretação das Escrituras, na compre-ensão dos mistérios de Deus” ( MND ,2 ). “É o eco da ale-gria, ao princípio hesitante e depois incontida, que os Apóstolos experimentaram na tarde daquele mesmo dia, quando foram visitados por Jesus ressuscitado e receberam o dom da sua paz e do seu Espírito (cf. Jo 20, 1923)”(João Paulo II, Carta Apostólica Dies Domini, 2). A missa dominical é o momento eclesial máximo, no qual a Igreja espiritual se torna visível e concreta, como em nenhum outro momento.

Diante da dádiva de Deus no mistério sacramen-tal da Eucaristia não é fácil entender o porquê de tantos considerarem pouco significativa ou pouco necessária a participação na Eucaristia dominical. A Igreja de Jesus Cristo é aquela que vive da Eucaristia. Se nela temos o melhor de Deus para cada um de nós, porquê, então, desperdiçá-lo?

O Beato João Paulo, na carta Apostólica “Dies Domini” reconhece que“... Hoje … a evolução das con-dições socioeconómicas acabou por modificar...a fisio-nomia do domingo. Impôs-se amplamente o costume do «fim-de-semana»… entendido como momento se-manal de distensão … e participação em atividades culturais, políticas e desportivas, cuja realização coin-cide precisamente com os dias festivos... Infelizmente,

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quando o domingo perde o significado original e se reduz a puro «fim-de-semana», pode acontecer que o homem permaneça cerrado num horizonte tão restri-to, que não mais lhe permite ver o «céu “. (DD 4) “Na consciência de muitos fiéis parece enfraquecer não só o sentido da centralidade da Eucaristia, mas até mes-mo o sentido do dever de dar graças ao Senhor, rezan-do-Lhe unido com os demais no seio da comunidade eclesial”. (DD 5)

Outras possíveis causas poderão ser apontadas para justificar a ausência das pessoas nas missas do-minicais: falta de fé; preguiça; materialização da vida; animosidade contra a religião, a Igreja e os padres.

Vivemos num mundo em que grassa o ateísmo, a indiferença religiosa e a animosidade contra a Igreja. Para estes, qualquer celebração de um mistério da Fé deixa de ter sentido.

Cristãos há que, embora reconhecendo que a participação na Eucaristia é necessária para o forta-lecimento da sua vida espiritual, não conseguem, na prática, manifestar essa verdade e inventam mil des-culpas para se justificarem perante o compromisso que a fé pressupõe e exige, de participação na Santa Missa; não deixa de ser menos verdade que, na vida de muitas pessoas, os valores espirituais e os meios para os valorizar e fortalecer foram relegados para um plano bem secundário, pois o que de facto conta é o primado do ter. Ora o desejo imoderado de ter, de ter muito e ter cada vez mais conduz, inevitavelmente, ao endeusamento de certos comportamentos que não visam senão a satisfação dos sentidos. Aos cristãos é pedido que, apesar do contexto social nada favorável à vivência da fé, “ não confundam a celebração do do-mingo, que deve ser uma verdadeira santificação do dia Senhor, com o «fim-de-semana» entendido fundamen-talmente como tempo de mero repouso ou de diver-são…”. (João Paulo II, Carta Apostólica, DD 4)

Celebrar a fé envolve a totalidade do nosso ser. A nossa vida de relação com Deus não se pode reduzir a um conjunto de ideias sobre Jesus Cristo; enquan-to relação exige participação e vivência, empenho e envolvimento da pessoa, como ser individual e como membro da comunidade crente.

vi – eucaristia: “ide pelo Mundo inteiro e anun-ciai a Boa nova a toda a criatura…” (Mc 16,15)

A eucaristia, celebração da Palavra de Deus e convite à comunhão do “Corpo e Sangue do Senhor”, presente realmente nas espécies eucarísticas, termi-na com um mandato: “ide…”

ide para comunicar ao mundo o que acabais de ouvir… ide para manifestar a alegria da minha co-munhão convosco… ide para, no meio do mundo, testemunhar o amor divino que vos incuti no cora-ção … ide para que, no mundo sem luz e sem “sabor”, sejais “ luz e sal da terra”. ide… Então Eucaristia é vida, ação, movimento!..Ide…

A Eucaristia é um contínuo convite a fazer nossos os sentimentos que foram de Cristo durante a ceia pascal, e a transplantá-los para o nosso estilo de vida. O participante na Ceia Senhor começa por assumir, responsável e amorosamente, as tarefas e desafios do dia-a-dia, procurando, no mundo, testemunhar e edificar o Reino de Deus que Cristo pregou. O empe-nho diário no cumprimento dos deveres pessoais, fa-miliares, profissionais, sociais e políticos fazem parte do “caderno de encargos” do verdadeiro cristão. Ser fiel à participação na missa de domingo é manifes-tar e confessar a sua fé em Cristo, na Igreja e na Eu-caristia; é ter a esperança em alcançar a vida eterna pela misericórdia divina; é manifestar e confessar o desejo de corresponder ao amor de Deus e de viver vinculado ao Corpo Místico de Cristo; ter a vontade e a reta intenção de progredir no amadurecimento da fé, aceitando e valorizando os conselhos de Deus em ordem à santificação da vida.

O Beato João Paulo II na Encíclica Ecclesia de Eucharistia dizia que “Consequência significativa da tensão escatológica presente na Eucaristia é o estímulo que dá à nossa caminhada na história, lançando uma semente de ativa esperança na dedicação diária de cada um aos seus próprios deveres… (Os cristãos) têm o dever de contribuir com a luz do Evangelho para a edificação de um mundo à medida do homem e plena-mente conforme ao desígnio de Deus”(EE, 20).

São grandes os desafios sociais, religiosos, polí-ticos que o mundo atual lança ao Homem. O crente, que se alimenta da Palavra e do Corpo do Senhor, não poderá ficar alheio a esses desafios e problemas. Seria erróneo pensar que a participação na Eucaris-tia se destina apenas à santificação pessoal e à co-munhão fraterna com a Igreja.

A defesa da Verdade; a luta pelos reias direitos do Homem e da Vida; a dedicação ao serviço dos outros principalmente os mais pobres e marginalizados; o empenho na instauração da justiça e da paz; a pro-clamação do Evangelho são compromissos decor-rentes do Sacramento da Eucaristia.

Na Encíclica citada, o Santo Padre analisa a situação do mundo contemporâneo e aponta o

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caminho de missão para cada um: “Muitos são os problemas que obscurecem o horizonte do nosso tempo. Basta pensar quanto seja urgente trabalhar pela paz, colocar sólidas premissas de justiça e so-lidariedade nas relações entre os povos, defender a vida humana desde a conceção até ao seu termo natural. E também que dizer das mil contradições dum mundo ‘globalizado’, onde parece que os mais débeis, os menores e os mais pobres pouco podem esperar? É neste mundo que tem de brilhar a espe-rança cristã! Foi também para isto que o Senhor quis ficar connosco na Eucaristia, inserindo nesta sua presença sacrificial e comensal a promessa duma humanidade renovada pelo seu amor… Anunciar a morte do Senhor ‘até que Ele venha’ (1Cor 11,26) inclui, para os que participam na Eucaristia, o com-promisso de transformarem a vida, de tal forma que

esta se torne, de certo modo, toda eucarística.” (Ec-clesia de Eucharistia, 20).

Num mundo fechado sobre si mesmo, com uma visão puramente horizontal da vida, agarrado aos bens perecíveis da terra, desnorteado pela perda do sentido de Deus e do sagrado, cada vez mais se torna premente o mandato eucarístico: “Ide..” Só assim, se-gundo o Beato João Paulo II, na encíclica “Ecclesia de Eucharistia”, “a Eucaristia (será) verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre a terra; …um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso caminho”. (I, 19)

Alimentando-se da Eucaristia, os cristãos nutrem a sua vida de relação com Deus. Pela abundância da graça de Cristo “que vive em nós”, dão sabor à vida que sustenta o mundo, dando à vida do mundo, um sentido sacramental.

No meio das alegrias e das tristezas, da felici-dade e da miséria, não serão as flores, sem grandes rodeios, que melhor nos dizem que

a vida, apesar de tudo, vale a pena? Num ambiente marcado pelo materialismo, não serão ainda as flores que, de uma maneira subtil, nos falam da importân-cia do que é gratuito?

Mas que vale a vida sem as flores? Quando os sentimentos são demasiado profundos ou comple-xos, e as palavras ou mesmo os gestos não chegam, ou se mostram inábeis e inadequados, aí estão as flo-res. Manifestam a qualidade do coração, falam do es-sencial, daquilo que é invisível aos nossos olhos. Para falar a homens simples dos mistérios de Deus, Jesus serviu-se de parábolas, invocando o que, humilde-mente, os tocava; e os seus discípulos compreendem

P.e Jorge Agostinho esteves

AS FLORES AO SERVIÇO DA LITURGIA

o valor desses símbolos quando Ele se debruça so-bre as flores do campo, evoca a boa semente e o joio, admira o esplendor dos lírios. As flores representam a beleza efémera. Passam e murcham, como sinal vivo de tudo o que é passageiro e corruptível. Porém são, também, um sinal de vitória sobre o impossível: a semente que lança raiz, o rebento que brota, quer chova quer faça sol, um esplendor gratuito que sur-ge: a esperança de um fruto. São um símbolo, uma sinfonia de sentido: vitória da vida e caducidade, in-certeza frágil do amanhã e fecundidade do tempo. As flores ocupam um lugar de relevo quer nas ma-nifestações sociais quer religiosas: na mesa de festa, na homenagem às personalidades, aos artistas, aos vencedores, aos aniversariantes, nas expressões da afetividade dos esposos, dos namorados, da sauda-

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BOLETIM 20

Secção OpInIãO

de aos defuntos, são manifestação de fé do Povo de Deus que procura exprimir a beleza da Casa de Deus e a devoção à Santíssima Virgem e aos Santos. Não são usadas, pois, apenas numa dimensão ornamen-tal ou decorativa, mas sobretudo expressiva, como linguagem de fé, de amor, de festa.

Ficam, entretanto, algumas questões em aberto. Como usar as flores? Como colocá-las ao serviço do espaço litúrgico? Que relação têm as flores com os tempos litúrgicos e a celebração? Deve pensar-se numa arte floral ao serviço da Liturgia? Não se trata de “enfeitar altares” como se a Igreja fosse principal-mente ou apenas um espaço para meras devoções. A Igreja é, sobretudo, o lugar da assembleia litúrgi-ca convocada e congregada para participar na ação de Cristo. Mais que quantidade de flores importa a qualidade: as cores e as formas, de acordo com os espaços e com o sentido imposto pela Liturgia. O respeito da decoração originária da Igreja (arquite-tónica, escultórica ou pictórica) é de extrema impor-

tância. Estando ao serviço da participação litúrgica, o arranjo floral não pode constituir um obstáculo para o contacto com Deus. A arte floral deve respeitar a linguagem própria dos tempos litúrgicos: do jejum da Quaresma à exuberância da Páscoa, da austerida-de do Advento ao esplendor do Natal, mantendo no Tempo Comum uma decoração equilibrada.

Podemos, então, realçar um aspeto importante: a arte floral ao serviço da Liturgia nasce de um dom: de levar o homem a participar na Liturgia Divina e de ajudar, assim, este a acolher melhor o dom da Palavra e dos Sacramentos. No dizer do poeta, Jonas Caiero:

A flor não reza ...Eu completo o seu cântico ...Ela faz rezar.Ela reza se eu rezo ao contemplá-la.Sou eu que a faço rezar,Se reconheço nela o SerQue a vestiu tão bem e adornou.Eu acabo o seu cântico.

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BOLETIM 21

Secção pOnTES DOS ARCIpRESTADOS Esposende

DIA ARCIPRESTAL DO CATEQUISTA

No passado dia 13 de julho, cerca de centena e meia de catequistas do Arciprestado de Es-posende tiveram um encontro que assinalou

o encerramento do ano pastoral catequético. Teve lugar na paróquia de Vila Chã, mais precisamente no espaço envolvente à Capela de S. Lourenço.

Por volta das 9h30, depois do acolhimento, os catequistas das diferentes paróquias iniciaram a oração da manhã, orientada pelo Pe. José António, assistente da Equipa Arciprestal. Em seguida, e tal como constava do programa, a Equipa Arciprestal convidou os catequistas para uma visita ao Centro Interpretativo e ao Castro de S. Lourenço. Depois de dividir os catequistas por diferentes grupos, iniciou-se a visita guiada que pretendia dar a co-nhecer o património cultural e religioso daquele local.

Já no final da manhã decorreu a Celebração da Palavra, tendo vários catequistas de diferentes pa-róquias participado na representação do número 13 da Carta Apostólica do Ano da Fé Porta Fidei. Se-guidamente, o Pe. José António, depois da leitura do Evangelho, refletiu sobre o ano pastoral que findava e a missão dos catequistas. No final, os catequistas

presentes de cada paróquia rezaram preces de agra-decimento.

Por último, e antes do almoço partilhado, a Equi-pa Arciprestal entregou uma pequena lembrança e agradeceu os três últimos anos após ter assumido a responsabilidade de a integrar. Um agradecimento aos sacerdotes do arciprestado pela confiança; aos dois sacerdotes que assistiram a Equipa pela colabo-ração; e a todos os coordenadores e catequistas do arciprestado pela sua entrega e disponibilidade. Por seu turno, o Pe José António também agradeceu à Equipa Arciprestal e aos catequistas presentes pela sua disponibilidade e presença.

Vila do Conde

Póvoa de Varzim

Como vem sendo habitual, no primeiro sábado de julho, no passado dia 6 de julho, mais de uma centena de catequistas que integram o

arciprestado de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, reuniram-se, nas instalações do salão paroquial de S. Simão da Junqueira, concelho de Vila do Conde, num encontro que assinalou o encerramento de mais um ano catequético do arciprestado.

Mais do que um momento de convívio, este en-contro, subordinado ao tema “Ano da Fé”, revelou-se um verdadeiro momento de comunhão, alegria e

ENCONTRO DE CATEQUISTAS DO ARCIPRESTADO DE VILA DO CONDE / PÓVOA DE VARZIM

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BOLETIM 22

fecundidade, dando provas da permanente abertura da Igreja à ação do Espírito Santo.

De facto, após um breve momento de acolhi-mento, ocorrido por volta das 9.30h, os presentes foram “guiados pela mão” do Sr. D. António Moitei-ro, numa dissertação sobre a FÉ, que entusiasmou a assembleia, fazendo esquecer os trinta e muitos graus de temperatura que se faziam sentir nesse dia.

Após o almoço, com direito a caldo verde gentil-mente oferecido pela paróquia anfitriã, reuniram-

Secção pOnTES DOS ARCIpRESTADOS

se os “trabalhadores da vinha” para se deleitarem com a apresentação dos trabalhos preparados por algumas das paróquias presentes, com referência ao tema do encontro e que se revelaram verdadei-ros momentos de reflexão e de oração, proporcio-nados por catequistas “de sapatilhas e calças de ganga”, entusiastas em Cristo, que num ambien-te descontraído e alegre mostraram a todos os presentes que ser cristão é nada mais nada menos que aceitar a missão de ILUMINAR AS REALIDADES DO MUNDO COM A LUZ DA FÉ.

Vila Nova

de Famalicão

Tal como tem vindo a acontecer nos últimos anos, a Equipa Arciprestal de Catequese de V. N. Famalicão promoveu um encontro destinado

aos Catequistas Coordenadores Paroquiais de Cate-quese de todo Arciprestado, com vista à avaliação do Ano Pastoral 2012-2013, prestes a terminar.

Desta feita, este encontro teve lugar na pas-sada sexta-feira, dia 21 de Junho, pelas 21h30, no Centro Pastoral de V. N. de Famalicão e contou com inúmeros catequistas provenientes de várias pa-róquias do Arciprestado. Num primeiro momento, depois das habituais palavras de acolhimento e boas-vindas proferidas pelo P.e António Loureiro, Assistente da Equipa Arciprestal de Catequese, os catequistas coordenadores foram convidados a rezar a partir de uma breve reflexão sobre o Bap-tismo e o “Ano da Fé”.

Terminada a oração, foi o momento de recordar todos os objectivos propostos pelo Departamen-to Arquidiocesano da Catequese (DAC) para o Ano Pastoral 2012-2013. Assim, neste ano dedicado pela Arquidiocese de Braga ao tema da “Fé Professada”, o plano do DAC tinha como objectivo geral “Reavi-var a Fé”, desdobrando-se este em alguns objectivos específicos, como: tomar consciência da dimensão comunitária e dialogal da fé; potenciar o grupo de catequistas; potenciar laços com a família e grupos da comunidade.

CATEQUISTAS COORDENADORES DE V. N. FAMALICÃO REUNIDOS PARA AVALIAÇÃO DO ANO PASTORAL

Avaliada a concretização na prática destes ob-jectivos, foi feita uma primeira e breve apresenta-ção do plano do DAC para o próximo Ano Pastoral, 2013-2013, em que o objectivo geral passa agora por “Purificar a fé”, concretizável depois via objectivos es-pecíficos, tais como: tomar consciência da dimensão comunitária da celebração da fé; reconhecer a Euca-ristia como centro da vida.

Foram ainda apresentadas algumas datas impor-tantes para o próximo ano pastoral, destacando-se desde já o Dia Arquidiocesano do Catequista, a 14 de Setembro.

O encontro, fortemente marcado pelo diálogo e pelo espírito de partilha, onde todos tiveram opor-tunidades de colocar questões, esclarecer dúvidas e/ou apresentar sugestões para o futuro, terminou com um novo momento de oração.

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BOLETIM 23

ATIVIDADE RADICAL NO DIVERLANHOSO

Raramente se tem pensado em tempo de lazer, mas desta vez foi um arrojo.

Os Formadores Diocesanos ao serviço da Catequese e os membros das Equipas Arciprestais, no fim de uma reunião de trabalho, em junho pas-sado, consideraram que também há necessidade de momentos de diversão e convívio e decidiram em uníssono programar um encontro com essas carac-terísticas e com almoço partilhado. O local ficou logo decidido. Era só dar corpo ao projeto.

Aconteceu no sábado, dia 3 de agosto. À chegada do grande portão de entrada do Parque de Diversão Radical, na freguesia de Oliveira, concelho de Póvoa de Lanhoso, pelas nove horas, eram automóveis do oeste e do sul, em fila indiana, com Formadores Dio-cesanos de Catequese, membros das Equipas Arci-prestais e alguns familiares, para um convívio “muito ativo e radical”, não fossem radicais as opções de ser-viço à Igreja, como nos é característico…

Depois das primeiras informações à entrada, to-dos continuámos até ao espaço central, onde se pre-param e realizam as atividades, dispostos à radicali-dade total e à aventura. Éramos cerca de quarenta, e nenhum deu sinal de fraqueza.

Postos os instrumentos de segurança, correias e cordas, começou a caminhada por pontes e ponti-nhas, penedos e penedões, pranchas e cilindros, ora de pé, de gatas ou de passo largo e escorregadio… e finalmente, a prova final da manhã: voar no espaço, com capacete e com ou sem pára-quedas, conforme os casos.

Foram momentos agradáveis, de diversão arroja-da, mas de um encorajamento que era transmitido de viva voz e com alegria desmedida.

Chegou a hora de partilhar o almoço, que era va-riado e de boa presença. Partido e repartido, ainda sobejou. Prevaleceu sempre o bom humor e a ale-gria, e os sorrisos eram manifestação de comunhão e bem-estar.

A hora seguinte era de decisão: os que ficam mais algum tempo para ver os que se iam aventurar ao desporto mais radical, lançando-se de uma ponte ao rio, devidamente amordaçados, ou quem iria fa-zer viagem de regresso a suas casas. Houve de tudo, como é habitual nestas situações.

Valeu a pena toda a convivência e foram momen-tos únicos para expressão de todos os sentimentos

de arrojo, medo, aventura, radicalidade, confiança, apoio, alegria, solidariedade, coragem e outros mais íntimos e de difícil perceção.

Para o próximo ano, haverá locais bonitos a visi-tar e com partilha de almoço?

Lá estaremos!

Serviço de

Formação e

ECA’s

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BOLETIM 24

Uma liturgia simples e bela, sinal da comunhão entre Deus e os seres humanos. «Será uma oca-sião propícia também para intensificar a cele-

bração da fé na liturgia, particularmente na Eucaristia, que é ‘a meta para a qual se encaminha a acção da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força’»

in. Programa pastoral 2012+2017, Arquidiocese de Braga

Objetivos:· Realizar uma leitura crente da liturgia à luz da

Palavra de Deus.· Refletir sobre a constituição conciliar Sacrosanc-

tum Concilium. · Promover/fomentar encontros mensais de re-

flexão.

Ao longo de cinco anos, a Igreja de Braga reflecte sobre as várias dimensões da fé. Este ano pastoral, a arquidiocese reflecte sobre a fé celebrada, tendo “como objectivo redescobrir o lugar central da cele-bração litúrgica na vida da comunidade cristã”1.

O Concílio Vaticano II levou a Igreja toda a voltar às suas fontes e a descobrir a beleza da verdadeira liturgia Cristã. Os primeiros temas a serem tratados no concílio foram a celebração da eucaristia e da li-turgia em geral, que confluiu na Constituição sobre a Sagrada Liturgia – Sacrosanctum Concilium. “O docu-mento continha os princípios gerais que assistiriam a reforma geral do rito da Missa, que aliás continuaria intacto na sua essência, embora alterasse a forma.”2

A arquidiocese propõe que se estude a Constitui-ção Conciliar sobre a Sagrada Liturgia.

1 Programa Pastoral 2013+2014, Arquidiocese de Braga2 Paolo Sartor, ABC Para conhecer e celebrar a Eucaristia, Paulus,2007, p. 19

Secção FORMAÇãO

PROPOSTA DE REFLEXÃO DA CONSTITUIÇÃO SACROSANCTUM CONCILIUM SOBRE A SAGRADA LITURGIA (PARTE I)siMão Pedro

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BOLETIM 25

A proposta que segue, não é mais do que uma pista à leitura e reflexão sobre o documento, tendo por base a Palavra de Deus. Podemos enquadra-la em dois momentos: pessoal – rezar a Palavra de Deus, estilo Lectio Divina, estudo da Constituição e, se possível, da sugestão proposta no aprofundar; o segundo momento diz respeito ao encontro comu-nitário, para partilha e aprofundamento.

reforma litúrgica“Na Missa, que é a expressão central da liturgia

cristã, é representado o mistério pascal de Cristo para que os homens se tornem participantes da sal-vação através de sinais, gestos e palavras.”3

PalavraMateus 18, 19-20

Constituição: Sacrosanctum ConciliumCapitulo I, nn. 1 a 4

AprofundarLiturgia da Igreja, tradição viva e Vaticano II, PIER-

RE, Marie GY – BPL 78-80 (1995), pp. 35-43 (http://www.liturgia.pt/anodafe/Liturgia_da_igreja_tra-dicao_viva_e_vaticano_ii.pdf)

Reforma da liturgia e liturgia de amanhã, COR-DEIRO, José de Leão – BPL 44 (1986), pp. 3-10 (http://www.liturgia.pt/anodafe/reforma_da_liturgia_e_liturgia_de_amanha.pdf)

A liturgia na obra da salvação“No dia dito do Sol tanto os que vivem na ci-

dade como os que vivem nos campos se reúnem no mesmo local e faz-se a leitura das memórias dos apóstolos e dos escritos dos profetas, até que o tempo o permita. Quando o leitor termi-na, o presidente faz um discurso para admoestar e exortar À imitação destes bons exemplos. De-pois, todos nos levantamos e, juntos, elevamos as nossas preces: depois, vai-se buscar… pão, vinho e água e o chefe da comunidade dirige ao Senhor preces e ações de graças da mesma ma-neira, com todas as suas forças e o povo aclama, dizendo: Amem! A seguir faz-se a distribuição e a partilha com cada um dos alimentos consagra-

3 Paolo Sartor, ABC Para conhecer e celebrar a Eucaristia, Paulus,2007, p. 20

dos e, por meio dos diáconos, mandam-se tam-bém aos ausentes.”4

PalavraÊxodo 12, 15-20

Constituição: Sacrosanctum ConciliumCapitulo I, nn. 5 a 13

AprofundarA liturgia momento da história da salvação, RIBEI-

RO, Luís– Liturgia e Pastoral da Fé. Fátima: SNL (1986), pp. 29-43 (http://www.liturgia.pt/anodafe/RIBEI-RO_Luis_A_liturgia_momento_da_historia_da_sal-vacao.pdf )

Formação e reforma da sagrada Liturgia“Reunido o II Concílio do Vaticano, precisamente

com a finalidade de adaptar a Igreja às exigências do seu múnus apostólico em nossos dias, prestou funda-mental atenção, como já o fizera o de Trento, à índole didáctica e pastoral da sagrada Liturgia. E porque nin-guém, entre os católicos, negava a legitimidade e eficá-cia do rito sagrado celebrado em latim, o Concílio não teve dificuldade em admitir que “não raro pode ser de grande utilidade para o povo o uso da língua vernácula na Liturgia” e autorizou o seu uso. O entusiasmo com que por toda a parte foi recebida esta decisão conci-liar teve como resultado que, sob a égide dos Bispos e da própria Sé Apostólica, se passou a autorizar a língua vulgar em todas as celebrações litúrgicas com partici-pação do povo, a fim de permitir uma compreensão mais plena do mistério celebrado.”5

Palavra1 Coríntios 11, 23-26

Constituição: Sacrosanctum ConciliumCapitulo I, nn. 14 a 46

AprofundarA língua portuguesa e a reforma litúrgica do

Concílio Vaticano II, RAMOS, Aníbal – BPL 54 (1989), pp. 54-61 (http://liturgia.pt/anodafe/A_lingua_portuguesa_e_a_reforma_liturgica.pdf)

Falsini, Rinaldo, A liturgia. Paulus, 1999

4 Justino, Apologia I, 675 IGMR 12

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BOLETIM 26

Curso ACreditAr

Destina-se a todos os adultos, membros das co-munidades paroquiais.

Local: A realizar nas zonas inter-paroquiais, em articulação com o Serviço de Formação e de acordo com as solicitações (mínimo de 16 inscritos).

Horário: duas vezes por semana das 21h às 23h.Inscrições a partir de Setembro.

Curso de iniCiAÇão

Destina-se a adultos, confirmados na fé, que pre-tendam ser catequistas ou animadores de grupo, a realizar entre 30 de setembro e 14 de dezembro (ins-crições até 20 de setembro), ou entre 6 de janeiro e 29 de março (inscrições até dia 13 de dezembro) às segundas e quintas-feira das 21h às 23h.

Local: A realizar em todos CAFCA onde haja pelo menos 16 inscritos.

Curso gerAL

Destina-se a adultos com o Curso de Iniciação e organiza-se em quatro módulos:

introdução à Pastoral a realizar entre 26 de se-tembro e 13 de outubro, às quartas-feiras

Inscrições até 20 de setembro.Psicossociologia a realizar entre 8 de janeiro e

29 de março, às quartas-feiras.Inscrições até 20 de dezembro.Pedagogia da Fé e didática a realizar entre 9 de

abril e 27 de junho, às quartas-feiras.

Inscrições até 21 de março.Local: A realizar em todos os CAFCA onde haja

pelo menos 16 inscritos. espiritualidade a realizar-se de 16 a 18 de maio

em Braga.Inscrições até 2 de maio.

estÁgio de CAtequistAs

Destina-se a todos aqueles que já concluíram os módulos teóricos do Curso Geral.

Inicia a 27 de maio, nos 1º e 7º anos de catequese.Inscrições até 2 de maio.

Curso de CoordenAÇão PAroquiAL

Destina-se àqueles que, nas Comunidades, reali-zam ou vão realizar funções de coordenação pasto-ral, na área de Educação da Fé.

Inicia em janeiro Local: A realizar em todos CAFCA onde haja pelo

menos 16 inscritos.Inscrições até 20 de dezembro.

estÁgio de CoordenAdores PAroquiAis

Destina-se a todos aqueles que realizaram o Cur-so de Coordenação Paroquial.

Inicia a 27 de maio.Inscrições até 2 de maio.

Secção FORMAÇãO

SERVIÇO DE FORMAÇÃO 2013/2014

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BOLETIM 27

oBJetivo gerAL 2012/2017

Reavivar, purificar, confirmar e confessar a fé

oBJetivos esPeCíFiCos

LinhAs de AÇão 2013/2014

tomar consciência da dimensão comunitária da celebração da fé

Explicar os gestos, símbolos e lugares da liturgia;Capacitar para ajudar a celebrar o sacramento da penitência;Capacitar os catequistas para relacionarem os momentos do processo catequético com o ano Litúrgico.

reconhecer a eucaristia como centro da vida

Capacitar para a participação na liturgia semanal;Conseguir ler a vida a partir da Eucaristia;Refletir sobre a Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium

dAtAs A ter eM ContA 2013/2014

14.Set.2013 Dia Arquidiocesano do Catequista

7.Dez.2013 Dia de Formação para Coordenadores de Âmbito Diocesano

4.Jan.2014 Dia Arquidiocesano do Coordenador Paroquial

1.Mai.2014 Encontro das Equipas Arciprestais da Catequese

Secção AGEnDA

PLANO PARA A PASTORAL CATEQUÉTICA - 2013/2014

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BOLETIM 28

ProgrAMA CAtequese 2013/2014

seteMBro2 - Encontro mensal de catequistas coordenado-

res do Arciprestado de Fafe14 - Dia Arquidiocesano do Catequista 16 - Educação contínua para Formadores de

Agentes da Pastoral [a realizar no Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese, às 21h00]

21 - Reunião da Equipa Arciprestal da Catequese de Vieira do Minho

21 - Encontro de catequistas coordenadores do Arciprestado de Vila do Conde / Póvoa de Varzim

21 - Encontro de catequistas coordenadores do Arciprestado de Barcelos

30 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Fafe

outuBro4 - Reunião de Equipas de Coordenação Paro-

quial (ECP ) e Equipa da Catequese Arciprestal (ECA) da Póvoa de Lanhoso

5 - Encontro mensal de catequistas coordenado-res do Arciprestado de Vieira do Minho

11 - Formação Cristã de Adultos nas Zonas Pas-torais de Barcelos. - 1º Encontro: «Fé celebrada» - Baptismo

12 - Reunião do Conselho Arquidiocesano para a Pastoral Catequética

15 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Amares

21 - Encontro de catequistas coordenadores do Arciprestado de Vila Nova de Famalicão

21 - Educação contínua para Formadores de Agentes da Pastoral [a realizar no Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese, às 21h00]

26 - Encontro de formação permanente para ca-tequistas coordenadores do Arciprestado de Vila do Conde / Póvoa de Varzim

28 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Fafe

noveMBro1 - Encontro de catequistas coordenadores do

Arciprestado de Esposende2 - Encontro mensal de catequistas coordenado-

res do Arciprestado de Vieira do Minho

8 - Formação Cristã de Adultos nas Zonas Pastorais de Barcelos. - 2º Encontro: «Fé celebrada» - Crisma

9 - “A Palavra com sabor a café” encontro de cate-quistas no Baixo Concelho da Póvoa de Lanhoso

16 - Dia de recoleção para catequistas no Arci-prestado de Cabeceiras de Basto

16-17 - Retiro para catequistas organizado pela Equipa Arciprestal da Catequese de Celorico de Basto

18 - Educação contínua para Formadores de Agentes da Pastoral [a realizar no Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese, às 21h00]

19 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Amares

25 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Fafe

29 - Encontro de oração com catequista no Arci-prestado de Terras de Bouro

29 - Dia de recoleção para catequistas no Arci-prestado de Vila Nova de Famalicão

30 - Dia de recoleção para catequistas no Arci-prestado da Póvoa de Lanhoso

30 - Momento de oração com catequista no Arci-prestado de Barcelos (por Zonas)

deZeMBro4 - Encontro de catequistas coordenadores do

Arciprestado de Cabeceiras de Basto7 - Encontro mensal de catequistas coordenado-

res do Arciprestado de Vieira do Minho7 - Dia de formação para coordenadores de âm-

bito Diocesano 12 - Vigília de Oração para Catequistas em Amares13 - Formação Cristã de Adultos nas Zonas Pas-

torais de Barcelos - 3º Encontro: «Fé celebrada» - Eu-caristia

14 - Reunião de Equipas de Coordenação Paro-quial (ECP’s ) e Equipa da Catequese Arciprestal (ECA) da Póvoa de Lanhoso

17 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Amares

21 - Reunião da Equipa Arciprestal da Catequese de Vieira do Minho

30 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Fafe

Secção AGEnDA

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BOLETIM 29

JAneiro

3 - Encontro de catequistas coordenadores do Arciprestado de Esposende

4 - Dia Arquidiocesano do Coordenador paroquial10 - Formação Cristã de Adultos nas Zonas Pastorais

de Barcelos - 4º Encontro: «Fé celebrada» - Penitência14 - Encontro mensal de catequistas coordena-

dores do Arciprestado de Celorico de Basto20 - Educação contínua para Formadores de

Agentes da Pastoral [a realizar no Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese, às 21h00]

21 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Amares

25 - Dia Arciprestal do Catequista em Cabeceiras de Basto

27 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Fafe

s/d - Encontro de catequistas coordenadores do Arciprestado de Vila do Conde / Póvoa de Varzim

Fevereiro

1 - Dia Arciprestal do Catequista em Celorico de Basto

1 - Encontro mensal de catequistas coordenado-res do Arciprestado de Vieira do Minho

1 - Encontro Arciprestal de Catequista em Vila Nova de Famalicão

1 - Encontro descentralizado de formação per-manente para catequistas do Arciprestado de Vila do Conde / Póvoa de Varzim em Navais

5 - Encontro de catequistas coordenadores do Arciprestado de Cabeceiras de Basto

8 - Reunião do Conselho Arquidiocesano para a Pastoral Catequética

14 - Formação Cristã de Adultos nas Zonas Pasto-rais de Barcelos - 5º Encontro: «Fé celebrada» - Unção dos Enfermos

15 - “A Palavra com sabor a café” Encontro de ca-tequistas no Alto Concelho da Póvoa de Lanhoso

15 - Encontro descentralizado de formação per-manente para catequistas do Arciprestado de Vila do Conde / Póvoa de Varzim em Arcos

15 - Encontro de recoleção/formação para cate-quistas no Arciprestado de Barcelos

17 - Educação contínua para Formadores de Agentes da Pastoral [a realizar no Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese, às 21h00]

18 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Amares

22 - Tarde de recoleção/formação para catequis-tas no Arciprestado de Terras de Bouro

22 - Reunião de Equipas de Coordenação Paro-quial (ECP’s ) e Equipa da Catequese Arciprestal (ECA) da Póvoa de Lanhoso

24 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Fafe

MArÇo

1 - Encontro descentralizado de formação per-manente para catequistas do Arciprestado de Vila do Conde / Póvoa de Varzim em S. José

1 - Dia Arciprestal do catequista em Barcelos7 - Encontro de catequistas coordenadores do

Arciprestado de Esposende11 - Encontro mensal de catequistas coordena-

dores do Arciprestado de Celorico de Basto14 - Dia de recoleção para catequistas no Arci-

prestado de Vila Nova de Famalicão14 - Formação Cristã de Adultos nas Zonas Pas-

torais de Barcelos - 6º Encontro: «Fé celebrada» - Or-dem

15 - Reunião da Equipa Arciprestal da Catequese de Vieira do Minho

15 - Momento de oração com catequista no Arci-prestado de Barcelos por Zonas

17 - Educação contínua para Formadores de Agentes da Pastoral [a realizar no Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese, às 21h00]

18 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Amares

21 - Encontro de catequistas no Baixo Concelho de Póvoa de Lanhoso sobre o Sacramento da Peni-tência ou Reconciliação

21-23 - Retiro em tempo Quaresmal organizado pela Equipa Arciprestal da Catequese de Vila do Con-de / Póvoa de Varzim

22 - Dia Arciprestal do Catequista em Vieira do Minho

28 - Encontro de catequistas no Alto Concelho de Póvoa de Lanhoso sobre o Sacramento da Penitên-cia ou Reconciliação

29 - Dia de recoleção para catequistas no Arci-prestado de Amares

29 - Celebração penitencial para catequistas no Arciprestado de Cabeceiras de Basto

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BOLETIM 30

29 - Dia de recoleção para catequistas no Arci-prestado de Esposende

31 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Fafe

ABriL

5 - Celebração penitencial com catequistas no Arciprestado de Póvoa de Lanhoso

5 - Encontro mensal de catequistas coordenado-res do Arciprestado de Vieira do Minho

11 - Formação Cristã de Adultos nas Zonas Pas-torais de Barcelos - 7º Encontro: «Fé celebrada» - Ma-trimónio

15 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Amares

25 - Encontro de Equipas de Coordenação Paro-quial e párocos do Arciprestado de Póvoa de Lanho-so

25 - Dia Arciprestal do Catequista em Fafe28 - Encontro mensal de catequistas coordena-

dores do Arciprestado de Fafe29 - Via Lucis para catequistas no Arciprestado de

Celorico de Basto30 - Encontro de catequistas coordenadores do

Arciprestado de Cabeceiras de Bastos/d - Encontro de catequistas coordenadores do

Arciprestado de Vila do Conde / Póvoa de Varzim

MAio

1 - Encontro de Equipas Arciprestais da Catequese2 - Encontro de catequistas coordenadores do

Arciprestado de Esposende2 - Via Lucis para catequistas no Arciprestado de

Terras de Bouro10 - Reunião de Equipas de Coordenação Paro-

quial (ECP’s ) e Equipa da Catequese Arciprestal (ECA) de Póvoa de Lanhoso

16-18 - Retiro para catequistas organizado pela Equipa Arciprestal da Catequese de Vieira do Minho

18 - Peregrinação Arciprestal da Catequese em Póvoa de Lanhoso

18 - Encontro convívio da catequese no Arcipres-tado de Barcelos (Franqueira)

19 - Educação contínua para Formadores de Agentes da Pastoral [a realizar no Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese, às 21h00]

20 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Amares

20 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Celorico de Basto

26 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Fafe

Junho

4 - Encontro de catequistas coordenadores do Arciprestado de Cabeceiras de Basto

7 - Encontro mensal de catequistas coordenado-res do Arciprestado de Vieira do Minho

10 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Celorico de Basto

14 - Reunião do Conselho Arquidiocesano para a Pastoral Catequética

14 - Dia Arciprestal do catequista em Terras de Bouro

14 - Encontro de catequistas coordenadores do Arciprestado de Barcelos

16 - Encontro de avaliação de catequistas coorde-nadores do Arciprestado de Vila Nova de Famalicão

16 - Educação contínua para Formadores de Agentes da Pastoral [a realizar no Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese, às 21h00]

17 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Amares

21 - Reunião da Equipa Arciprestal da Catequese de Vieira do Minho

28 - Encontro Arciprestal da Catequese em Póvoa de Lanhoso

30 - Encontro mensal de catequistas coordena-dores do Arciprestado de Fafe

JuLho

5 - Encontro mensal de catequistas coordenado-res do Arciprestado de Vieira do Minho

5 - Dia Arciprestal do catequista em Vila do Con-de / Póvoa de Varzim

14 - Educação contínua para Formadores de Agentes da Pastoral [a realizar no Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese, às 21h00]

S/D - Dia Arciprestal do catequista em Esposende

Secção AGEnDA

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BOLETIM 31

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BOLETIM 32

centro cultural e pastoral da arquidioceserua de S. Domingos, 94 B • 4710-435 Braga • tel. 253 203 180 • fax 253 203 190 [email protected] • www.diocese-braga.pt/catequese

impressão: empresa do diário do minho, lda.

última página

oração

Chamaste-me, Senhor,Para que eu continue a tua obra de anúncio do ReinoQue Jesus, teu Filho e nosso irmão, inaugurou em nós.Com os profetas quero gritar-Te:Olha, Senhor, que sou apenas uma criançaQue não sabe falar.No entanto, estou aqui para cumprir a tua vontadeE anunciar a todos que és o Deus do amor.

Senhor, conheces muito bem toda a minha vidaAs minhas dúvidas, as minhas fragilidadesE os meus passos vacilantes.Por mim, Senhor, nada posso.Só quero que a minha vida esteja à tua disposiçãoComo esteve a de Maria, a crente simples, a boa Mãe.

Senhor, que eu saiba proclamar a tua mensagemNo meu grupo,Na comunidade cristã onde vivo,Para que a boa nova chegue a todosE haja um só rebanhoE Tu sejas o nosso único Pastor.Amen.

Álvaro Ginel (recolhido em http://luismiguel-digital.blogspot.pt)