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Boletim do Instituto Hidrográfico Hidromar N.º 89, II Série, Junho 2005 SUMÁRIO 2 No Livro de Honra do IH 3 VALORES – Cultura organizacional 4 A divisão de Geologia em entrevista 6 Para onde vai a DA 8 Nvos esquemas de separação de tráfego na costa portuguesa 10 Da Roca a Lagos: novas cartas 11 Prémio internacional para o IH Novo Manual de Hidrografia 12 O Projecto World Wind: informação espacial no computador pessoal 13 Azinheira: Prémio de Defesa e Ambiente 2004 14 Crónica de construção do edifício dos Laboratórios: o Projecto 16 IH elabora conta de gerência no novo modelo 18 «Nos Passos do D. Carlos I» Visita ao Palácio da Pena 19 Canyonning no rio Teixeira 20 Quando a literatura ultrapassa a ciência… ou quando a ciência ultrapassa a ficção! 22 Dia da Marinha 2005 25 Actividades das divisões e navios hidrográficos 26 Fellows americanos conhecem o trabalho do IH Nova Lista de Luzes 28 ECO/IMAGINE nas INAZ e BNL Hidromar n.º 89, Junho 2005 1 O Secretário de Estado da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar (SEDNAM), Dr. Manuel Lobo Antunes, e o Secretário de Estado da Ciên- cia, Tecnologia e Ensino Superior (SECTES), Professor Doutor Manuel Heitor, visitaram o Instituto Hidrográfico no dia 2 de Junho. Recebidos pelo Almirante Francisco António Torres Vidal Abreu, Chefe do Estado-Maior da Armada, e pelo Vice- Almirante Carlos Viegas Filipe, Director- Geral do Instituto Hidrográfico, as duas entidades assistiram a uma apresentação, no Auditório do Instituto Hidrográfico, sobre as perspectivas estratégicas e ope- racionais. Na visita participaram ainda a Dr.ª Paula Mascarenhas, Adjunta do Ministro da Defesa Nacional para a Polí- tica e Imprensa, e o Professor Doutor Jean Pierre Contzen, Assessor do Ministro Ciên- cia, Tecnologia e Ensino Superior. A comitiva visitou posteriormente os pólos museológicos, num percurso que con- fluiu nas divisões do Instituto Hidrográ- fico. A visita à Direcção técnica iniciou-se na divisão de Navegação, onde foram conhecidas as mais recentes Publicações Náuticas Oficiais, incluindo o Roteiro recentemente publicado. Seguiu-se o Cen- tro de Dados Técnico Científico, apresen- tado pelo TSC Fernando Gomes. Dada a deslocalização temporária das divisões de Química e Poluição e Geologia Marinha, a apresentação destas divisões decorreu na sala de reuniões da divisão de Hidro- grafia, respectivamente pela ASSP Pilar da Silva e pela INVAAurora Bizarro. Seguiu- se depois a visita à recentemente remo- delada divisão de Hidrografia, tendo a visita terminado na Oceanografia. Depois do almoço, as entidades assi- naram o Livro de Honra do Instituto Hidro- gráfico, onde agraciaram o Instituto e os funcionários com palavras de estímulo e consideração. Defesa e Ciência: Secretários de Estado visitam o IH Defesa e Ciência: Secretários de Estado visitam o IH

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B o l e t i m d o I n s t i t u t o H i d r o g r á f i c o

HidromarN.º 89, II Série, Junho 2005

S U M Á R I O2 No Livro de Honra do IH3 VALORES – Cultura organizacional4 A divisão de Geologia em entrevista6 Para onde vai a DA8 Nvos esquemas de separação de tráfego na costa

portuguesa10 Da Roca a Lagos: novas cartas11 Prémio internacional para o IH

Novo Manual de Hidrografia

12 O Projecto World Wind: informação espacial nocomputador pessoal

13 Azinheira: Prémio de Defesa e Ambiente 200414 Crónica de construção do edifício dos Laboratórios:

o Projecto16 IH elabora conta de gerência no novo modelo18 «Nos Passos do D. Carlos I» Visita ao Palácio da

Pena19 Canyonning no rio Teixeira

20 Quando a literatura ultrapassa a ciência… ou quando aciência ultrapassa a ficção!

22 Dia da Marinha 200525 Actividades das divisões e navios hidrográficos26 Fellows americanos conhecem o trabalho do IH

Nova Lista de Luzes28 ECO/IMAGINE nas INAZ e BNL

Hidromar n.º 89, Junho 2005 1

OSecretário de Estado da DefesaNacional e dos Assuntos do Mar(SEDNAM), Dr. Manuel Lobo

Antunes, e o Secretário de Estado da Ciên-cia, Tecnologia e Ensino Superior (SECTES),Professor Doutor Manuel Heitor, visitaramo Instituto Hidrográfico no dia 2 de Junho.

Recebidos pelo Almirante FranciscoAntónio Torres Vidal Abreu, Chefe doEstado-Maior da Armada, e pelo Vice-Almirante Carlos Viegas Filipe, Director-Geral do Instituto Hidrográfico, as duasentidades assistiram a uma apresentação,no Auditório do Instituto Hidrográfico,sobre as perspectivas estratégicas e ope-

racionais. Na visita participaram ainda aDr.ª Paula Mascarenhas, Adjunta doMinistro da Defesa Nacional para a Polí-tica e Imprensa, e o Professor Doutor JeanPierre Contzen, Assessor do Ministro Ciên-cia, Tecnologia e Ensino Superior.

A comitiva visitou posteriormente ospólos museológicos, num percurso que con-fluiu nas divisões do Instituto Hidrográ-fico. A visita à Direcção técnica iniciou-sena divisão de Navegação, onde foramconhecidas as mais recentes PublicaçõesNáuticas Oficiais, incluindo o Roteirorecentemente publicado. Seguiu-se o Cen-tro de Dados Técnico Científico, apresen-

tado pelo TSC Fernando Gomes. Dada adeslocalização temporária das divisões deQuímica e Poluição e Geologia Marinha,a apresentação destas divisões decorreuna sala de reuniões da divisão de Hidro-grafia, respectivamente pela ASSPPilar daSilva e pela INVAAurora Bizarro. Seguiu-se depois a visita à recentemente remo-delada divisão de Hidrografia, tendo a visitaterminado na Oceanografia.

Depois do almoço, as entidades assi-naram o Livro de Honra do Instituto Hidro-gráfico, onde agraciaram o Instituto e osfuncionários com palavras de estímulo econsideração.

Defesa e Ciência:Secretários de Estado visitam o IH

Defesa e Ciência:Secretários de Estado visitam o IH

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TÍTULO HIDROMAR – Boletim do Instituto Hidrográfico (IH)

NÚMERO 89, II Série, Junho 2005

REDACÇÃO E COORDENAÇÃO Raquel Patrício Gomes, TS1 email: [email protected]

FOTOGRAFIA Gabinete de Multimédia, morguefile.com, scx.hu, Gabinete CEMA,CTEN Mesquita Onofre

DESIGN GRÁFICO Jorge Tavares

COLABORAÇÃO AAP Ana Luísa Rodrigues

EXECUÇÃO GRÁFICA Serviço de Artes Gráficas

TIRAGEM 1000 exemplares

DEPÓSITO LEGAL 98579/96

ISSN 0873-3856

Boletim do Instituto Hidrográfico N.º 89, II Série, Junho 2005

MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL MARINHA

Hidromar

Hidromar n.º 89, Junho 20052

Mensagem do Secretário de Estado daDefesa Nacional e dos Assuntos do Mar

«Foi um prazer e uma honra visitaro Instituto Hidrográfico, herdeiro degrande tradição de conhecimento do marque sempre distinguiu Portugal e os Por-tugueses.

Actuando na área da defesa e do conhe-cimento científico e tecnológico, o Insti-tuto Hidrográfico faz uma excelente sín-tese de duas áreas que continuarão apermitir e assegurar o desenvolvimentoeconómico e a prosperidade social de Por-tugal.»

Mensagem do Secretário de Estado daCiência, Tecnologia e Ensino Superior

«Agradeço a oportunidade da visitae das reflexões apresentadas sobre os tra-balhos em curso, e expresso os mais sin-ceros votos para o desenvolvimento cien-tífico e tecnológico do Instituto, assimcomo para o seu papel para o desen-volvimento científico em Portugal numcontexto internacional.»

No Livro de Honra doInstituto Hidrográfico

Passagem pela divisão de Navegação

Recepção no gabinete do Director-Geral do IH

Apresentação do Director-Geral do IH no auditório

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HidromarNeste Hidromar, relatamos a visita dosSecretários de Estado da Defesa Nacio-nal e dos Assuntos do Mar e da Ciên-

cia, Tecnologia e Ensino Superior ao InstitutoHidrográfico, numa visita marcada pela impor-tância de reunir, na nossa casa, as tutelas ins-titucionais do Instituto Hidrográfico. Foi umavisita claramente vocacionada para divulgar aespecificidade do Instituto em fazer das apli-cações de Defesa um importante contributo paraa Ciência que se produz em Portugal. Na sendada apresentação das divisões do InstitutoHidrográfico, cabe neste número à DoutoraAurora Bizarro a entrevista sobre a divisão deGeologia Marinha que transmite, exactamente,o equilíbrio entre as actividades «dirigidas àMarinha» e a investigação e desenvolvimento. O Director dos serviços de Apoio, CFR PassosRamos, apresenta as «Amarras» daquela Direc-

ção, referindo o seu posicionamento no qua-dro da perspectiva estratégica de gestão do Ins-tituto Hidrográfico.No âmbito das publicações, foi lançada a 7.ªedição da Lista de Luzes. Dispõe também oInstituto Hidrográfico de novas cartas, quecobrem a zona da Roca a Lagos, que contamjá com os novos Esquemas de Separação deTráfego (EST). Sobre esta matéria, os coman-dantes Proença Mendes e Sardinha Monteiro,da divisão de Navegação, e Velho Gouveia, daDirecção-Geral de Autoridade Marítima, expli-cam o impacto destes novos EST. Por fim, é dereferir a participação do CTEN Freitas Arti-lheiro no novo Manual de Hidrografia da Orga-nização Hidrográfica Internacional.Dois prémios distinguiram o Instituto Hidro-gráfico recentemente; por um lado, o PrémioDefesa e Ambiente, promovido pelo Minsitério

da Defesa Nacional e atribuído ao projecto «Rea-bilitação das Instalações da Azinheira». Por outro,o poster Non-linear internal waves generated atNazaré canyon: observations over the W Por-tuguese inner shelf, do STEN Quaresma dosSantos, distinguido pela Assembleia da Euro-pean Geosciences Union (EGU). Representamambos importantes estímulos para este Instituto.Em Maio, e por ocasião do Dia da Marinha, oHidromar foi conhecer a Exposição de Activi-dades de Marinha, na Figueira da Foz; acom-panhámos uma turma do 3.º ano a bordo daAuriga, bem como a visita organizada dos fun-cionários àquela cidade. Dois grupos de fun-cionários do Instituto Hidrográfico tiveram aindaoportunidade de conhecer o Palácio da Pena,«Nos Passos de D. Carlos I», e as profundezesdo rio Teixeira – em mais uma actividade radi-cal organizada pela divisão de Oceanografia.

Hidromar n.º 89, Junho 2005 3

Os valores são ideias abstractas, queatribuem significado e orientamos seres humanos na sua inte-

racção no mundo social.O nosso comportamento no dia-a-dia

orienta-se segundo valores e normas quefomos construindo durante a nossa vida ecom os quais nos preocupamos em trans-mitir às gerações vindouras. As normas sãoas regras de comportamento que reflectemou incorporam os valores de uma cultura.

As normas e os valores determinamentre si a forma como os membros deuma determinada cultura se comportam.Em culturas que se valoriza grandementea aprendizagem, por exemplo, as normasculturais encorajam os alunos a despen-der grande energia nos estudos. Numacultura que valorize a hospitalidade, asnormas culturais podem estimular expec-tativas quanto á dádiva de presentes oucomportamento social.

As normas e valores variam muitís-simo entre culturas. Algumas valorizamgrandemente o individualismo, enquantooutras podem enfatizar as necessidadescolectivas. Mesmo no seio de uma socie-dade ou comunidade os valores podemser contraditórios: alguns grupos ou indi-víduos podem valorizar crenças religio-sas tradicionais, enquanto outros podemaprovar o progresso e ciência.

A nossa organização já possui os seusvalores próprios que têem emergido natu-ralmente na sua prestação como institui-ção de Marinha e no reconhecimento, por

parte da comunidade externa, como Labo-ratório do Estado. No entanto, uma refle-xão interna, conforme nos foi proposto,conduz sem dúvida para a consolidaçãodos nossos valores. É portanto altura derevermos os valores fundamentais da rea-lização individual e respeito pelos outros,de forma a podermos fazer com dedica-ção, fazer melhor e fazer diferente.

Cultura organizacional consiste, grosso

modo, no conjunto de convicções e valo-res com o qual a maioria dos membrosde uma organização se identifica. Numaorganização como o Instituto Hidrográ-fico, a ética, excelência e inovação, devemser os pilares da cultura em que a equipacomposta por todos nós, se revê, no cum-primento da missão que lhe foi atribuída.

ENG. PILAR PESTANA DA SILVACHEFE DA DIVISÃO DE QUÍMICA E POLUIÇÃO DO MEIO MARINHO

VALORES – Cultura organizacional

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Hidromar n.º 89, Junho 20054

Z É N I T EUma visão abrangente

Hidromar (H): A divisão de Geologiaé a mais recente das Divisões da DT,embora seja herdeira de um grande pas-sado nesta casa…

Doutora Aurora Bizarro (AB): A his-tória da Geologia Marinha efectivamenteremonta a um passado bastante distante,quando a necessidade de compreender

os fundos marinhos foi consideradacomo uma das vertentes da missão doInstituto Hidrográfico. Apesar do seu per-curso não ter sido sempre linear, estadivisão teve momentos de grande pro-jecção nacional, como o início do Pro-grama de Cartografia dos DepósitosSedimentares ou o acolhimento dos pri-meiros projectos de investigação (finan-ciados pela então Junta nacional deInvestigação Científica e Tecnológica –JNICT), dirigidos para a Geologia Mari-nha, numa altura em que esta disciplinaainda era desconhecida nas instituiçõesacadémicas nacionais. Estes projectosforam executados por equipas inteira-mente portuguesas e com os recursos exis-tentes no IH. Em 1996, a divisão foi extinta,fruto de uma redefinição organizacional.No início de 2002 foi tomada a decisãode reunir, novamente, os geólogos doInstituto Hidrográfico numa nova divi-são de Geologia Marinha, uma decisãoque me pareceu muito oportuna.

H: Quais são, assim, as áreas de acti-vidade da GM?

A divisão de Geologiaem entrevista

A chefe da divisão de Geologia Marinha (GM), Doutora Aurora Bizarro, fala aoHidromar sobre as actividades e objectivos da sua equipa

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Hidromar n.º 89, Junho 2005 5

AB: As áreas de actividade da GMforam definidas em 2002 e, tanto quantopossível, procuram responder às solici-tações e interesses que nos chegam dacomunidade técnico-científica e que têma forma de programas de Investigação eDesenvolvimento (I&D) internos, projec-tos de investigação nacionais e europeus,acções de cooperação com universidadesnacionais e prestações de serviços e soli-citações externas. Esta capacidade pres-supõe um conhecimento global e trans-versal dos diversos processos geológicosque caracterizam os níveis superiores damargem continental portuguesa. Assim,a GM possui os recursos necessários paraestudar e cartografar estruturas geológi-cas aflorantes e sub-aflorantes, inventa-riar a camada de sedimentos não conso-lidados (tanto a sua configuração, comoa sua composição textural e composicio-nal na primeira dezena de metros) e estu-dar e quantificar os processos de dinâ-mica sedimentar que afectam a camadade sedimentos de fundo e as partículasque se encontram em suspensão. Tam-bém se têm desenvolvido actividades espe-cíficas na área das bases de dados e apli-cações dedicadas aos sistemas deinformação geográfica, que procuramauxiliar na integração e análise dos dadose informação obtidos e na compreensãodos vastos processos geológicos marinhosestudados.

H: E a divisão tem vindo a crescer…em que sentido?

AB:AGM tem vindo a crescer... e aindabem! O número de projectos de investi-gação científica quadriplicou nestes últi-mos três anos, e a divisão tem sido requi-sitada a elaborar estudos cada vez maisdiversificados e complexos. Esta versati-lidade reflecte não só o investimento quehouve em recursos técnicos (equipa-mentos) – que impulsionaram o desen-volvimento de novas competências, per-mitindo à GM enfrentar os novos desafiosna área da Geologia Marinha mas, muitoparticularmente, a dinâmica associada aoreforço de técnicos superiores, verificadonestes últimos anos, os quais constituemos pilares da GM.

H: Quais os objectivos e a estratégiada divisão de GM?

AB: Os objectivos da divisão podemser sintetizados no desenvolvimento eimplementação de novas capacidades téc-nicas e científicas, tanto ao nível de recur-sos humanos, como de equipamentos cien-tíficos ou de infra-estruturas, quepermitam que o Instituto Hidrográfico,organismo da Marinha, seja reconhecidocomo um Laboratório de Estado, espe-

cialmente vocacionado para o estudo dageologia e dos processos geológicos quecaracterizam a margem portuguesa eoutras áreas de interesse nacional.

A estratégia é conseguir um equi-líbrio salutar entre as actividades deI&D e as solicitações que nos são diri-gidas, quer pela Marinha, quer pelacomunidade civil, que correspondemsobretudo a acções de apoio a opera-ções navais, acções relacionadas com oordenamento do território e o desen-volvimento económico e, por último, oauxílio à Protecção Civil em situaçõesde emergência nacional. É minha con-vicção que a investigação que se rea-liza no IH deve ser aplicada à resolu-ção de problemas concretos e à protecçãodo meio marinho, estando a estratégiada divisão de Geologia Marinha orien-tada, fundamentalmente, para estesobjectivos.

H: Qual o vosso contributo para amissão do Instituto Hidrográfico?

AB: A divisão de Geologia Marinhapossui recursos humanos com elevadograu de especialização e empenhamento,possui os meios técnicos adequados ereúne as condições necessárias para rea-lizar e interpretar levantamentos geoló-gicos do fundo e na coluna de água nolitoral, na plataforma e vertente conti-nentais. Constitui, por isso, uma área téc-

nico-científica importante e complemen-tar das restantes áreas desenvolvidas naDirecção Técnica, como a Hidrografia, aOceanografia ou a Química e Poluição domeio Marinho, contribuindo, entre outrasvalências, para o correcto estudo multi-disciplinar do meio marinho e para refor-çar o papel do Instituto Hidrográfico comoum Laboratório de Estado que se dedicaás ciências e tecnologias do mar.

H: Gostaria de acrescentar algumamensagem?

AB: A mensagem que deixo é o reco-nhecimento público dos técnicos queintegram a divisão de Geologia Marinha.Pode-se dizer que a projecção e o respeitoque a divisão têm, dentro e fora do IH,deve-se, mais do que aos investimentosque têm sido efectuados nesta área espe-cífica, ao espírito de missão que caracte-riza este conjunto de pessoas. São, na suamaioria, licenciados (alguns com forma-ção pós-graduada), auxiliados por um téc-nico especialista, três técnicas de labora-tório e duas praças, que despendemmuito do seu esforço e energia, com umadedicação e abnegação exemplares, aoestudo das Ciências do Mar. Com tal espí-rito, penso que este conjunto de técnicosainda vai contribuir, em muito, paramelhorar o conhecimento que temos dofundo do mar, e assim para o desenvol-vimento sustentado do País.

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Hidromar n.º 89, Junho 20056

A M A R R A SArtigos de opinião sobre projectosestruturantes no âmbito das Direc-ções do Instituto Hidrográfico

ADirecção dos Serviços de Apoio(DA) tem a sua existência «amar-rada» à solução de problemas que

se prendem com o apoio às direcções doInstituto Hidrográfico (IH), no que res-peita a manter actualizados e moderni-zados os meios de suporte às actividadesdo IH, quer em infra-estruturas, quer emmeios técnicos (manutenção) e recursoshumanos.

Para que tal seja possível, a DA temde dispor de um conjunto de serviços capazde garantir todo o apoio de que o IH neces-site. Com a provável ReestruturaçãoOrganizacional do IH (RO) as responsa-bilidades da DAvêem-se aumentadas coma inclusão de um Serviço de Artes Grá-ficas que, também ele, existe para apoiara actividade do Instituto Hidrográfico, exe-cutando ou coordenando os trabalhos deedição gráfica e impressão das publica-ções da responsabilidade do IH.

Numa perspectiva de modernidade,a DA quer-se capaz de contribuir para aimagem do IH, como Organismo daMarinha e Laboratório de Estado de qua-lidade, para que seja permanentementevisto como um pólo de excelência. Paratal, a DA tem que, para além da activi-dade inerente ao IH, contribuir para umaactualização e modernização técnica dosmeios instalados a bordo dos navios elanchas hidrográficas e para a conserva-ção desses meios, tendo como alvo os vec-tores estratégicos gerais, definidos pelaDirecção-geral do IH, e que abarcam desdeo incentivo à investigação científica e desen-volvimento tecnológico sistemáticos no âmbitodas ciências do mar, à modernização de infra--estruturas e sustentação logística, passandopela reestruturação organizacional e valori-zação dos recursos humanos.

Se, numa lógica interna do IH, a con-tribuição da DA para o incentivo à inves-tigação científica e desenvolvimento tecnoló-gico sistemáticos no âmbito das ciências domar passa por uma contribuição na cria-ção de boas condições de trabalho, emtermos de espaços e ergonomia dosmesmo, da manutenção de qualidade dasestruturas de apoio (como a manutençãode equipamento técnico e científico e oapoio informático), do acompanhamento

técnico em projectos de investigação téc-nica e cientifica e do recrutamento e ges-tão de recursos humanos que se queremde elevada qualidade, já noutros vecto-res, como a valorização dos recursos huma-nos e reestruturação organizacional o seupapel é fundamental, do ponto de vistalegislativo e organizacional. Assim, a DAterá de ter um papel preponderante emmatérias como:

•a implementação de sistema de gestãode documentação/escritório electrónico(capaz de dar resposta a necessidadesjá sentidas e/ou emergentes) e de con-tribuir para uma efectiva redução demeios humanos adstritos a tarefas deexpediente geral;

•a promoção da RO;•a garantia de formação equilibrada e

sustentada dos quadros do IH, comoforma de actualização profissional emotivação, que passa por caminhos con-correntes de formação teórica, internae/ou externa, e no contexto do traba-lho, na forma de estágios com acom-panhamento ou na forma de autofor-mação apoiada;

•a promoção da actividade e o conheci-mento científico e da criatividade e ino-vação;

•a promoção do bem-estar;•a valorização da Escola de Hidrografia

e Oceanografia (EHO).

Nenhuma das contribuições atrásapontadas se pode tornar efectivamentede valor se a DA não tiver sempre comometa a reestruturação e renovação do Qua-dro de Pessoal, em termos de efectivosmilitares e de pessoal civil.

Numa outra vertente, a da moderni-zação dos meios operacionais, o papel da DAtem um valor imprescindível em activi-dades como as que visam a contribuiçãopara conversão do NRP Almirante GagoCoutinho em navio hidro-oceanográfico,as que se destinam a promover a moder-nização das lanchas hidrográficas classeAndrómeda, UAM’s e restantes embar-cações e as que apontam para optimizara capacidade operacional do NRP D. Car-los I, bem como melhorar a infra-estru-tura científica e tecnológica. Contribuir

O CFR Passos Ramos, Director dos Serviços de Apoiodo Instituto Hidrográfico, apresenta os principaisdesafios e linhas orientadoras desta Direcção.

Para onde vai a DA

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para optimizar a capacidade operacionaldo NRPD. Carlos I, embora constitua tarefaessencialmente da responsabilidade daMarinha, através da Direcção de Navios,é também uma das metas da DA que,para tal, disponibiliza com frequência, den-tro das limitações existentes, técnicos comvalências em várias áreas para interven-cionar equipamento científico e/ou paraproceder à sua instalação e colocação emfuncionamento. A DA terá ainda de con-tribuir para garantir uma Rede de Moni-torização Ambiental capaz de dar respostaa problemas que surjam em locais, ondeoutros organismos públicos não têm capa-cidade para tal, como é o caso do mar ede toda a zona marítima costeira.

No que ao mercado se refere, a DAtem vontade de contribuir, e efectivamentecontribuirá, para a formulação de umapolítica comercial mais dinâmica, numalógica integrada com as restantes Direc-ções do IH.

Finalmente, há que referir as áreas ondea DA tem apostado, e continuará a apos-tar, fundamentais para que o IH se con-solide como um Laboratório de Estadode qualidade e um pólo de excelência sus-tentável: as suas infra-estruturas e, adi-cionalmente, a sustentação logística. Nestamatéria, é fundamental continuar com amodernização das infra-estruturas, querde base (edifícios e outras estruturas), quertécnicas (manutenção de equipamento téc-

nico e técnico-científico). No que se refereàs infra-estruturas fixas, considera-seurgente, pela sua contínua e avançadadegradação, melhorar as estruturas por-tuárias da Azinheira, incluindo os seusacessos pela água e por terra, assim comoefectuar acções de intervenção nos edifí-cios sede da Azinheira, para promover asua conservação e modernização. Igual-mente, no que respeita ao edifício sede,pugnar pela sua valorização enquantopatrimónio de interesse, e prosseguindoa modernização da suas infra-estruturas,adaptando-o funcionalmente aos servi-ços, e implementando, na sua envolvente,soluções adequadas às necessidades defuncionamento do IH, através de novasintervenções, correcção e melhoria dos edi-ficados existentes.

Na estrutura técnica, a DA promove,continuamente, a modernização dos meiostécnicos de apoio ao desempenho técnicoe científico, tendo por objectivo obter valên-cias técnicas e know how capazes de darum elevado grau de independência aoIH, em matérias de manutenção e/ou cali-bração de instrumentação técnico-cientí-fica. Para tal, é um objectivo permanenteda DA, através dos seus serviços técni-cos, efectuar a integração da manutençãode equipamentos técnico-científicos, o queexigirá uma comunicação interna hori-zontal, entre os serviços técnicos da DAe os serviços que exploram os equipa-

mentos e instrumentos, capaz de trazermais valias técnicas para os dois ladoscomo, por um lado, a transmissão deconhecimentos de operação aos técnicosde manutenção e, por outro, criar nos téc-nicos e pessoal que explora os equipa-mentos boas práticas de conservação emanutenção básica da instrumentação.

Na actividade regular da DA, são efec-tuados todos os esforços para garantir asegurança e integridade dos Sistemas deInformação (SI), numa perspectiva inte-grada com a política geral da Marinha.São ainda linhas orientadoras da DA acontribuição para os necessários estudose implementação de acções que condu-zam à certificação de processos, objecti-vamente voltados para uma produção egestão de dados de grande qualidade,bem como para a acreditação do IH comoprestador de serviços específicos certifi-cados (por exemplo a calibração instru-mental).

Torna-se claro que, o que a vontadeda DAdetermina só será conseguido numaorganização capaz de criar canais de comu-nicação ajustados aos seus mais nobresobjectivos, que permitam uma interacçãoeficaz entre os vários sectores do IH. Temosa forte convicção de que tal desideratovai ser conseguido.

CFR PASSOS RAMOSDIRECTOR DOS SERVIÇOS DE APOIO

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Hidromar n.º 89, Junho 20058

Como fazemos

Antecedentes

Com o aumento dastrocas comerciaispor via marítima e

com o número crescente deusos dados ao mar enquanto via de comu-nicação, local de experiências ou fonte derecursos, foi-se tornando necessário esta-belecer algumas normas para regular oaumento progressivo do tráfego marítimo.

A forma encontrada, a partir de iní-cios da década de 60 para disciplinar otráfego marítimo, consistiu na imple-mentação de Esquemas de Separação deTráfego (EST) – vulgo corredores de trá-fego – sobretudo nas áreas de grande con-vergência de navios, obrigando-os aseguir determinadas rotas pré-estabele-cidas e conhecidas por todos os restan-tes utentes do mar.

Desde essa altura, muitos Estados têmrecorrido à Organização Marítima Inter-nacional (OMI) – a quem compete apro-var os EST – no sentido de criar ou alte-rar corredores de tráfego, cujas regras deutilização constam no Regulamento Inter-nacional para Evitar Abalroamentos no Mar– 1972 (RIEAM-72). Relativamente aosnavios que utilizem um EST, as regras sãosimples, obrigando cada navio a «seguirno corredor apropriado, na direcção geraldo tráfego para esse corredor». Alémdisso, não se deve penetrar na zona deseparação ou cruzar a linha de separaçãoentre dois corredores, excepto em caso deemergência ou para pescar na zona de sepa-ração. Nas zonas de tráfego costeiro, só épermitida a navegação aos navios em fainade pesca e aos navios que sigam ou pro-venham «de um porto (…) ou qualqueroutro destino localizado dentro da zonade tráfego costeiro» e ainda aos navios quenecessitem de evitar um perigo imediato.

Esquemas de Separação deTráfego em Águas Portuguesas

As primeiras medidas para organizaro tráfego que cruza os espaços marítimosnacionais foram tomadas com a imple-mentação dos EST do Cabo da Roca e doCabo de S. Vicente, aprovados em 1968.No entanto, é de realçar que, nessa altura,Portugal não era membro da OMI (só ade-riu em 1976) pelo que os EST portuguesesforam aprovados sem a presença de qual-quer representante português. Natural-

mente, os interesses nacionais foram negli-genciados, tendo os EST portugueses ficadomuito junto à costa (ver Tabela 1).

Após a adesão, Portugal tomou medi-das para ultrapassar essa situação, tendosuprimido os EST a partir de 15 de Marçode 1978. Nessa altura, já tinha sido pre-parada uma proposta bastante bem sus-tentada e documentada para criar novosEST (nas Berlengas, no Cabo da Roca e

no Cabo de S. Vicente) mais afastadosde costa. Estes EST viriam a entrar emvigor em 1 de Janeiro de 1979.

No entanto, a continuação da ocor-rência de acidentes marítimos e o aumentoda sensibilidade mediática aos proble-mas daí decorrentes foram dando corpoà necessidade de afastar ainda mais osEST nacionais, particularmente o de S. Vicente, em cujo corredor ascendente

A partir de 1 de Julho

Novos esquemas de separaçãode tráfego na costa portuguesa

A partir de 1 de Julho

Novos esquemas de separaçãode tráfego na costa portuguesa

S O N A R

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os navios passam a pouco mais de 5 milhas(mi) da costa.

Assim, no rescaldo do afundamentodo «Prestige», considerou-se oportuno pro-por o afastamento dos EST nacionais.Como Portugal ainda não dispõe de umsistema de Vessel Traffic Service (VTS, nasigla inglesa) costeiro que permita gerire monitorizar o tráfego ao longo da costa,a proposta portuguesa sustentou-se ape-

nas na existência deuma rede de esta-ções GPS Diferen-cial/Differential GPS(DGPS, na siglainglesa) que permitehoje aos navios umpos ic ionamentorigoroso até cerca de200 milhas da costa.Embora o DGPS sejaum sistema total-mente distinto doVTS, é um contri-buto significativo noâmbito da melhoriada segurança marí-tima.

Proposta de afastamento de 2004

Aproposta portuguesa já foi aprovadaem sede da OMI e os novos EST entramem vigor em 1 de Julho de 2005. Em cadasentido passam a existir dois corredoresde tráfego: um mais afastado, em que cir-cularão os navios que transportem car-gas perigosas para o meio marinho, e outro

corredor interior para os restantes navios.Esta proposta baseou-se na necessidadede proteger os recursos costeiros e a bio-diversidade da interface litoral, permi-tindo, por outro lado, períodos de res-posta maiores no caso de ocorrer umacidente que envolva o derrame destassubstâncias nocivas para o meio marinho.

Além disso, optou-se por alinhar os cor-redores de tráfego do Cabo da Roca comos novos corredores aprovados para Finis-terra, de forma a permitir aos navios pra-ticarem proas Norte ou Sul entre os doissistemas de roteamento, o que facilita acondução da navegação, já que não obrigaa qualquer guinada entre os dois EST.

Nesta nova disposição, a parte maisinterior do EST do Cabo da Roca que seencontrava a cerca de 9 milhas de costapassou para 14 milhas de distância. Rela-tivamente ao EST do Cabo de S. Vicentefoi decidido usar como critério a adop-ção de uma distância mínima a costa igualà da Roca, ou seja 14 milhas. É impor-tante sublinhar que o anterior EST dis-tava apenas cerca de 5 milhas da costa,o que representa um afastamento parauma distância quase tripla da anterior.

S. Vicente Roca Berlengas

1968 1 mi 5 mi

1979 5,5 mi 9 mi 7 mi (Berlengas) 14 mi (Carvoeiro)

2005 14 mi 14 mi EST revogado; criada ATBA

Tabela 1 – Distância mínima a costa de cada ESTao longo dos tempos

Juntamente com os corredores de trá-fego, foi ainda proposta a criação de uma«área a evitar»/«Area To Be Avoided»(ATBA, na sigla inglesa) que ocupará aanterior zona de tráfego costeiro das Ber-lengas (ver esquema do EST do Cabo daRoca). As disposições desta nova medidaaplicar-se-ão a navios de comércio commais de 300 tons que não deverão cruzaresta área a menos que sejam autorizadosa tal pelo Estado português.

Estas medidas, ao obrigarem os navios(particularmente, os mais perigosos) a pas-sar mais afastados da costa, permitirão ummaior tempo de resposta na avaliação dasmedidas mais adequadas face a um aci-dente de onde possam resultar danos parao ambiente e prejuízos para o Estado por-tuguês. A implementação destas medidasé assim um importante contributo para apreservação do ambiente marinho nacio-nal e das zonas costeiras do Continente.

CTEN PROENÇA MENDES, DIVISÃO DE NAVEGAÇÃOCTEN SARDINHA MONTEIRO, DIVISÃO DE NAVEGAÇÃO

CTEN VELHO GOUVEIA (DIRECÇÃO-GERAL DA AUTORIDADE MARÍTIMA)

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Foram publicadas as 2.as Edições das Cartas Náu-ticas Oficiais (CNO) 24204 e 24P04, cujo título é«Cabo da Roca ao Cabo de Sines», e das CNO

24205 e 24P05, com o título «Cabo de Sines a Lagos»,referidas a Junho de 2005, as quais contêm a represen-tação dos novos Esquemas de Separação de Tráfego(EST) nacionais.

Com a aprovação da proposta portuguesa de afasta-mento dos EST pelo Comité de Segurança Marítima daOrganização Marítima Internacional em Dezembro de 2004,os novos EST nacionais serão implementados em 1 deJulho de 2005. Nesta data a distância mínima à costa doEST do Cabo da Roca passa de 9 para 14 milhas náuti-cas e a do EST do Cabo de S. Vicente de 5 para 14 milhasnáuticas. O EST das Berlengas será revogado, na mesmadata, sendo criada uma «área a evitar» na antiga zona detráfego costeiro.

As quatro CNO agora publicadas disponibilizam tam-bém nova informação hidrográfica nas áreas de Sines ea sul do Algarve, adquirida com recurso ao sondadormultifeixe, o qual permitiu a cobertura total do fundosubmarino. Encontra-se ainda representada nestas car-tas a Zona Marítima Particularmente Sensível da EuropaOcidental, a implementar também em 1 de Julho de 2005,que constitui um sistema de notificação obrigatória denavios à entrada nesta Zona, com o objectivo de iden-tificar atempadamente navios que possam constituir umaameaça para a segurança marítima ou para o meioambiente.

As CNO 24204 e 24205 são cartas de média escala epertencem à Série Costeira, a qual tem como objectivopossibilitar a navegação próxima ao longo da orla cos-teira nacional.

As CNO 24P04 e 24P05 pertencem à Série Pescas e

são dirigidas à comunidadepiscatória, foram planeadasem colaboração com o Insti-tuto Nacional de Investiga-ção Agrária e Pescas e cor-respondem às CNO da SérieCosteira acrescidas de infor-mação de apoio à pesca,nomeadamente sedimentossuperficiais e obstruções nofundo. Incluem também umaquadrícula auxiliar que faci-lita a marcação célere da posi-ção da embarcação semrecurso a compasso.

Para mais informações,consulte www.hidrografico.ptou o Depósito de Documen-tos Náuticos do InstitutoHidrográfico através do tele-fone 21 094 31 57 ou do e-mail [email protected].

Da Roca a Lagos: novas cartas

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Nos dias 24 a 29 deAbril de 2005, reali-zou-se em Viena,

Áustria, a Assembleia da EuropeanGeosciences Union (EGU) – 2005, aberta acientistas de todas as nações. O InstitutoHidrográfico esteve representado atravésde um poster elaborado pelo STEN TSNQuaresma dos Santos, no âmbito do pro-jecto EUROSTRATAFORM. A qualidadedo trabalho apresentado foi reconhecidapela maioria dos presentes durante os diasda conferência. Recentemente, chegou anotícia da atribuição de um prémio paraeste trabalho, destinado a jovens cientis-tas com menos de 35 anos, que muitoorgulha a Marinha e o Instituto Hidro-gráfico.

AEGU é actualmente a sociedade euro-peia mais importante no domínio das Geo-ciências. Organiza anualmente umaAssembleia-geral, onde milhares de cien-tistas apresentam os seus mais recentestrabalhos em diferentes domínios comoa Oceanografia, a Meteorologia, Hidro-

logia, Sismologia, Astrofísica e a Geofi-sica interna. O número de participantesé tão elevado que apenas são selecciona-dos para apresentarem oralmente o seutrabalho alguns investigadores, geral-mente seniores e de renome internacio-nal. Com o objectivo de fomentar e enco-rajar jovens cientistas a apresentarem osseus trabalhos em formato de poster, aEGU atribui anualmente o prémio deYoung Scientists'Outstanding Poster PaperAward (YSOPP), que visa premiar omelhor trabalho apresentado por cientistasdentro de cada um dos principais domí-nios de investigação.

O trabalho apresentado intitula-seNon-linear internal waves generated atNazaré canyon: observations over the WPortuguese inner shelf, resultante de uma

campanha efec-tuada a bordodo navio NRPAuriga, quecontemplou o fundeamento de instru-mentação oceanográfica e a realização delevantamentos hidrológicos. Teve porobjectivo localizar e caracterizar a pro-pagação de ondas internas não linearesna região adjacente ao canhão submarinoda Nazaré, tendo sido observadas pelaprimeira vez a propagação deste tipo deondas, geradas no canhão submarino.Estas correspondem a deformações não-lineares da termoclina geradas pela inte-racção da corrente de maré com a topo-grafia irregular do canhão. Registou-se apassagem periódica destas ondas sobrea região costeira a norte da Nazaré, assimcomo eventos de ressuspensão de sedi-mento associados a esta fenomenologia.

O Hidromar apresenta as suas felici-tações ao STEN Quaresma dos Santos,pelo trabalho desenvolvido, que muitonos prestigia.

Prémio internacional para o Instituto Hidrográfico

Site da EGU: http://www.copernicus.org/EGU/EGU.html

Decorrente de três anosde trabalho, foi recen-temente publicado o

primeiro Manual on Hydrography –Publicação M13 da Organização Hidro-gráfica Internacional – que conta com aparticipação do Instituto Hidrográficoatravés CTEN Freitas Arti-lheiro, chefe da divisão deHidrografia.

O novo manual, dispo-nível em www.iho.shom.frpara download, é fruto do tra-balho conjunto dos CMGMuhammad ZAFARYAB(Paquistão), CFR LambertoLAMBERTI (Itália), TEN Anto-nio DILIETO (Itália), CTENPaul LAWRENCE (ReinoUnido), CTEN FernandoARTILHEIRO (Portugal),CTEN Peter JOHNSON (Aus-trália), CFR Jerry MILLS (Esta-dos Unidos da América),Stephen GILL (Estados Uni-dos da América), Federico

MAYER (Argentina), Hector SALGADO(Argentina), CTEN Bob WILSON (ReinoUnido) e CTEN David WYATT (ReinoUnido).

Além de conter informação técnica rele-vante e específica da área da Hidrogra-fia, o manual possui ainda informação

relativa ao planeamento e execução delevantamentos hidrográficos.

Este manual, que poderá ser usado porprofissionais, académicos e alunos deHidrografia, está dividido em sete capí-tulos. Ao CTEN Freitas Artilheiro coubea responsabilidade de desenvolver o capí-

tulo 3, referente à medi-ção de profundidades.Nesse capítulo, tem o lei-tor a oportunidade derever os fundamentos deacústica submarinanecessários à compreen-são da determinação deprofundidade por méto-dos acústicos e obterinformação detalhadasobre os sistemas acústi-cos (feixe-simple, multi-feixe e sonares interfero-métricos) e sobre ossistemas não acústicos(lidar e sistemas de detec-ção remota) utilizados nadeterminação da pro-fundidade.

Capa do Manual (à esquerda) e Página do Manual onde se apresentam duas soluções de ins-talação dos transdutores, respectivamente as adoptadas no NRP D. Carlos I e na UAM Atlanta.

Novo Manual de Hidrografia

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Oprojecto World Wind é uma aplicação tecnológica devisualização e exploração de informação geográfica deacesso público desenvolvido pela National Aeronautics

and Space Administration (NASA) no âmbito do programa detecnologias para a aprendizagem promovida por esta organi-zação.

Esta aplicação permite a conjugação mapas de grande reso-lução espacial com imagens de satélite temáticas à escala glo-bal. A partir desta plataforma é possível visualizar a superfícieterrestre em três dimensões (3D), aceder a animações e cama-das de informação relativas a produtos dos satélites Landsat 7e MODIS, a catálogos toponímicos, aos limites de fronteiras ea informação ambiental.

As imagens do satélite Landsat 7 são das regiões do visívele do infravermelho, sendo referentes ao período 1999-2003 comuma resolução espacial de 15 metros. As imagens Landsat emconjunto com a informação relativa ao Shuttle Radar TopographyMission (SRTM) permitem a visualização da superfície terres-tre num ambiente 3D. Refira-se que a missão SRTM é um pro-jecto internacional patrocinado pela National Geospatial-Intelli-gence Agency (NGA) e pela NASA que tem como principaismissões adquirir dados de altimetria ao nível global e construira mais completa base de dados de dados altimétricos de altaresolução à escala global.

As imagens do satélite Moderate Resolution Imaging Spectro-radiometer (MODIS) correspondem a um conjunto de temas rela-cionados com a meteorologia, a actividade vulcânica, os fogosou as tempestades. A partir destes temas, o utilizador podeinterrogar o sistema e verificar visualmente os locais que, porexemplo, foram atingidos por cheias durante o último ano. A informação deste satélite tem uma resolução temporal de 24 horas e uma resolução espacial que pode variar entre 1000e 250 metros.

Esta aplicação disponibiliza também um catálogo toponí-mico que inclui os países, as cidades, as capitais e as cidadesmundiais, bem como as fronteiras políticas e um catálogo dereferências históricas.

Numa outra vertente é possível através de uma plataformaWeb Mapping Server (WMS) – tecnologia de comunicação entreo cliente e o servidor – visualizar animações temáticas relati-vas à atmosfera, biosfera, indicadores climáticos, hidrosfera,oceanos, entre outras. Exemplos deste tipo de animações são a

visualização da evolução ao longo do ano da temperatura dasuperfície do mar ou modelos de precipitação de uma deter-minada região.

Esta aplicação pode ser descarregada para o computadorpessoal a partir do website da NASA – World Wind em ou emalternativa pode ser requerida no Centro de Dados.

FERNANDO GOMESGEÓGRAFO – CENTRO DE DADOS TÉCNICO-CIENTÍFICOS

O Projecto World Wind: informação espacial no computador pessoal

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POSTO DE VIGIAOlhar para dentro

Azinheira:Prémio de Defesa e Ambiente 2004

Azinheira:Prémio de Defesa e Ambiente 2004

OPrémio Defesa Nacional eAmbiente foi criado em 1993, porDespacho Conjunto dos Minis-

tros da Defesa Nacional e do Ambientee dos Recursos Naturais, com o objectivode promover as boas práticas ambientaisnas Forças Armadas Portuguesas, afir-mando desta forma as suas preocupaçõespela preservação dos recursos naturaisdo nosso país.

Desde 1993, mais de cinquenta Uni-dades, Estabelecimentos e Órgãos dos trêsRamos das Forças Armadas concorrerama este Prémio, o que representa um claroempenho para a qualidade do ambienteem Portugal, através da salvaguarda dosrecursos naturais, na perspectiva daDefesa Nacional.

Foi nesta perspectiva que a Marinhapromoveu a candidatura do InstitutoHidrográfico intitulada «Reabilitação das

Instalações da Azinheira», um docu-mento que fica na história do InstitutoHidrográfico por sintetizar os esforçosenvidados para a reabilitação daquelasinfra-estruturas.

As Instala-ções da Azi-nheira (IA), loca-lizadas noConcelho do Sei-xal, foram recu-peradas peloInstituto Hidro-gráfico, entre1993 e 1994, atra-vés dos seus pró-prios recursos,com a finalidadede albergar ofi-cinas, depósitos de material e paióis – assu-mindo, hoje, um projecto de grande

envergadura de reabilitação da zonaestuarina do Tejo, que incluiu ainda a dra-gagem do canal que lhe dá acesso. O pri-meiro marco da reabilitação das infra-estruturas acontece em 27 de Junho de

1994, data de inaugura-ção das IA; o segundoremonta ao dia 22 deSetembro, Dia da Uni-dade de 1995, data emque terminaram as obrasda segunda fase de rea-bilitação.

Num espaço queoutrora albergou impor-tantes actividades deapoio logístico da Ar-mada, como os Armazénsda Azinheira, o Estaleiro

da Telha, os Fornos de Biscoito de Valedo Zebro e o fundeadouro, renasceu assimuma moderna área, permitindo ao Insti-tuto Hidrográfico expandir algumas dasinstalações e funcionalidades que antesestavam no edifício sede (Trinas) e nasinstalações da Amora.

Arecuperação das IAimplicou o desen-volvimento de soluções integradas paraa resolução de problemas relacionados como ambiente e qualidade de vida, de quesão exemplo:

• O plano de florestação e jardina-gem – as IA contabilizam mais de 400árvores e 5000m2 de jardins;

• A construção de uma Estação deTratamento de Águas Residuais (ETAR)

O Projecto «Reabilitação das Instalações da Azinheira» foi vencedor, ex-aequo com a Força Aérea – Campo deTiro de Alcochete, do Prémio Defesa e Ambiente 2004.Um reconhecimento da importância e do investimentofeito pelo Instituto Hidrográfico naquele que é o seu «pulmão».

CANDIDATURAS AO «PRÉMIO DEFESA NACIONAL E AMBIENTE – 2004

Ramo UUEEOO Descrição

MARINHA Instituto Hidrográfico Reabilitação das Instalações da Azinheira

EXÉRCITO Academia Militar O Campo Militar de Santa Margarida: Estudo do Impacte Ambiental após meio século de utilização

EXÉRCITO Regimento O Regimento de Guarnição n.º 3 na preservaçãode Guarnição N.º 3 do Parque Natural da Madeira. Intervenção na

floresta laurissilva – Património Mundial Naturalda UNESCO e no Parque Ecológico do Funchal

FORÇA AÉREA Campo de Tiro Actividades desenvolvidas no âmbito do Sistemade Alcochete de Gestão Ambiental

FORÇA AÉREA Hospital da Força AéreaGestão de Resíduos Hospitalares

Fonte: www:mdn.gov.pt

«Tal como os restantes sectores da socie-dade, as Forças Armadas deverão tambémelas, actuar em conformidade com a polí-tica de ambiente do Governo, evidenciando-se como uma referência na utilização exem-plar do meio em que operam, a terra, o mare o ar, contribuindo assim para a efectivapreservação do ambiente e para o desen-volvimento sustentável da sociedade.»

IN: A PROTECÇÃO AMBIENTAL NAS FORÇASARMADAS – DESPACHO N.º 77 /MDN/2001

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Crónica de construção do edifício dos Laboratórios: o Projecto

Fiscalização, controlo e planeamento

Em estrita colaboração com a Direc-ção de Infra-estruturas (DI), atenta as carac-terísticas da obra, optou-se por uma pres-tação de serviços a uma firma defiscalização e acompanhamento de obrapermanente.

Foi lançado concurso visando a «Pres-tação de Serviços de Fiscalização, Controlo,Planeamento e Coordenação de Segu-rança Higiene e Saúde para a empreitadade remodelação do edifício de Laborató-

rios da Química e Poluição do Meio Mari-nho e da Geologia Marinha (QP/GM)»,tendo sido adjudicados os trabalhos à GPA– Gestão e Promoção de Obras S.A.

Desde o início da obra, esta firma pos-

sui dois engenheiros civis residentes e empermanência no IH, num gabinete cedidopelo Serviço Geral, mantendo-se destaforma a colaboração das fases sucessivasda empreitada com o respectivo chefe doserviço na área de Infra-estruturas. Porseu turno, possuem um coordenador desegurança, um técnico fiscal de electro-mecânica e um director de coordenaçãode fiscalização (sénior licenciado emArquitectura).

Todas as terças-feiras, às 10.00H, noGabinete do Coordenador de obra, CMGHerlander Zambujo, reúne a comissão de

e Domésticas (através do processobiológico de arejamento prolon-gado) e de uma rede de condu-tas de recolha daquelas águas,num total de 500 metros;

• A construção de uma redeeléctrica e de comunicação dedados subterrânea, reduzindo oimpacto visual;

• A implementação de umplano de florestação e jardinagem;

• A recolha de óleos e sol-ventes, com o apoio da Valorpneu,Valorsul, Amarsul, Auto Vila e doCentro de Recolha da Direcção deAbastecimento da Marinha;

• A separação e recolha deóleos e gorduras domésticas;

• O tratamento e separaçãodo lixo, em contentores adequa-dos, em parceria com a CâmaraMunicipal do Seixal;

• A limpeza e construção dofuro (permitindo a poupança derecursos da rede pública de abas-tecimento);

• A utilização de lâmpadaseconomizadoras de energia e desistemas autónomos de comando,que permitem reduzir em 2% oconsumo de recursos energéticos;

• Arecuperação do Moinho de Vento,único exemplar no Concelho do Seixal;

• Arecolha de pilhas usadas, em par-ceria com a Ecopilhas;

• A filtragem de partículas resultan-tes de soldadura, por uma máquina de

filtragem de partículas sólidas evapores tóxicos;

• A montagem de um sis-tema de extracção com depósitoem contentor.

Estas medidas tiveram comoresultados directos a restauraçãoda qualidade paisagística, a cons-trução de espaços verdes, a eco-nomia de recursos, o aumentoda eficiência energética, a eli-minação das agressões nestaárea ambiental sensível, a eli-minação dos focos de poluiçãopara o Estuário do Tejo e a redu-ção da poluição visual e atmos-férica; na globalidade, a recu-peração das IA permitiramrestituir ao Concelho do Seixale à sua população uma zona agra-dável, que substitui assim umespaço degradado e vandali-zado, facto reconhecido na Notade Apreço do Presidente doMunicípio, em 2005: «As novasIA constituem actualmente umreferencial paisagístico e ambien-tal (…). Manifesto o meu apreçopelo trabalho realizado pelo Ins-tituto Hidrográfico».

O Hidromar felicita todos os funcio-nários que contribuíram para este pro-jecto fosse tornado público.

POSTO DE VIGIA

Na última edição do Hidromar, os CFR Passos Ramos, CTEN Pedro dos Santos eCTEN Ruivo da Silva apresentaram a Parte I desta crónica, intitulada «da política aoprojecto». Nesta edição, segue-se a «abordagem genérica do projecto», que antece-derá a próxima edição, dedicada aos «projectos a cargo do serviço de Electrotecnia».

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obra do IH com os elementos da fiscali-zação, do empreiteiro e do projectista, ondesão discutidos todos os assuntos relativosao percurso da empreitada, sendo no finalelaborada a respectiva acta de reunião.

O Projecto: arquitecturae especialidades

O projecto de arquitectura final reflec-tiu todas as alterações do ante-projectoelaborado pelo IH, tendo a virtude de serainda mais arrojado. O novo edifício daQP/GM, porque será praticamente umanova infra-estrutura, viu a sua áreaaumentada em cerca de um terço, expan-dindo-se para poente (aproximadamente5 metros) e ficando com mais um piso.

Baseou-se, por isso, num pressupostode dignificação de todo o conjunto ondeo edifício se insere, contribuindo para avalorização não só da imagem mas tam-bém da funcionalidade do próprio Insti-tuto Hidrográfico, dotando-o de melho-res e mais modernas instalações,devidamente integrados na construçãocontígua – a do Convento das Trinas.

Desta forma, possibilitou-se a recria-ção de um ambiente de prestígio passandopela qualidade aliada ao bom gosto, umavez que se trata de duas unidades labo-ratoriais de prestígio do IH. Nos interio-res foram criadas zonas francas de cir-culação que permitam o fácil acesso àsdiversas áreas específicas.

Os elementos estruturais de constru-ção – pilares e vigas – foram considera-dos como aliados quer no seu âmbito fun-

cional quer no sentido estético. Paramelhor conforto e aliado à eficácia de ilu-minação, atenderam-se aos critérios deiluminação natural, sendo as fachadascompostas por um conjunto vasto de jane-las envidraçadas.

A ampliação, já anteriormente refe-rida, proporciona a construção de um pisosobre o actual edifício, bem como o seuprolongamento até ao alinhamento comuma das paredes do Convento, com cercade 4,5 metros a mais, e o acréscimo demais quatro pisos. Os pisos serão servi-dos com um elevador.

Os trabalhos desenvolvidos assenta-ram nas seguintes plataformas de áreasde construção:

• Áreas a remodelar: 894,00 m2

• Áreas a ampliar: 482,00 m2

• Área bruta total de construção:1.376,00 m2

A execução total compreende a exe-cução do Projecto de Arquitectura e res-pectivas especialidades, designadamente:

• Projecto de estabilidade;• Projectos de águas, esgotos domés-

ticos e pluviais;• Projecto de AVAC (aquecimento,

ventilação e ar condicionado) e ven-tilação Específica;

• Projecto da rede de gases;• Projecto de Segurança;• Caderno de encargos (incluindo o

de aquisição dos mobiliários).

Por outro lado, ficou salvaguardadoque o projectista assegurava de forma per-

manente a coordenação dos vários pro-jectos de especialidades entre si bem comode outros a realizar pelo IH.

Face a alguns condicionalismos, estáem curso a aquisição do material eléc-trico e de cablagem estruturada, finan-ciado pelo EMGFA, cuja execução, deforma a não comprometer o avanço daobra de construção civil, será asseguradanuma primeira fase pelo SE.

Relativamente ao projecto de estabi-lidade, tendo em conta o parecer técnicoda DI, foi necessário contemplar um reforçoestrutural adicional com base em mate-riais da nova geração, de elevada resis-tência e baixo peso, de forma a permitir,consolidadamente, o derrube de algumasparedes interiores e a construção de maisum piso.

O projecto AVAC tem especificidadesque, se por um lado reflectem todas asexigências em espaços Laboratoriais, poroutro aumentaram significativamente acomplexidade do sistema em busca deuma solução integrada e funcional. Todoo edifício terá uma renovação de ar per-manente em paralelo com um sistema dear condicionado que garante a estabili-dade da temperatura. Só por aqui se podeobservar a complexidade de todo um sis-tema onde se pretende simultaneamente,para além do exposto, equipamento comalta eficiência energética e custos deexploração reduzidos.

Relativamente ao projecto de segu-rança, o edifício contemplará uma redede combate a incêndios, com bocas e car-retéis por piso.

O edifício fica inserido no sistema auto-mático de detecção de incêndios do IH,que tem uma cobertura total, sinalizaçõesde saída, de segurança e iluminação deemergência. Os materiais a aplicar con-templam uma resistência ao fogo.

Por fim, os Laboratórios serão equi-pados com mobiliários, apostando-senum conceito de mobiliário inteligente,com grande capacidade de transforma-ção possuindo os detalhes de design,funcionalidade, identidade e de perso-nalização necessárias aos ambientes labo-ratoriais de química. Por outro lado, terãocomo princípios básicos a máxima segu-rança, funcionalidade e flexibilidade nointerior dos laboratórios.

Toda a gama de produtos, sob o pontode vista de segurança, deverá obedecerà certificação TÜV/GS, segundo as nor-mas EN, DIN, DVGW e VDE.

CFR PASSOS RAMOS, DIRECTOR DOS SERVIÇOS DE APOIO

(À DATA DOS FACTOS, CHEFE DO SERVIÇO DE ELECTROTECNIA)

CTEN PEDRO DOS SANTOS, CHEFE DO SERVIÇO GERAL

CTEN RUIVO DA SILVA, CHEFE DO SERVIÇO DE ELECTROTECNIA

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Com a entrada em produtivo, em2004, da plataforma SAGe, quepermitiu a implementação do

POCP – Plano Oficial de ContabilidadePública, foi assumido pela Direcção dosServiços Administrativos e Financeiros odesafio de elaborar a conta de gerênciade 2004 de acordo com as novas instru-ções do Tribunal de Contas (Instruções n.º1/2004 – 2.ª Secção – Instruções para a orga-nização e documentação das contas abrangi-das pelo POCP e planos sectoriais).

O desafio foi vencido graças ao empe-nho e dedicação de todo o pessoal da Direc-ção Financeira, e em especial do Serviçode Finanças e Contabilidade e prestimosacolaboração do Serviço de Pessoal.

Uma referência à Comissão de Fisca-lização que graças à sua atenta análise e

conselhos formulados contribuíram aqualidade e credibilidade da prestaçãode contas.

Falando de números, importa desta-car alguns aspectos relativos à execuçãoorçamental e contabilidade patrimonialrelativos a 2004.

Na execução do orçamento privativo,no qual se incluem as verbas atribuídaspelo Programa de Investimentos e Des-

pesas de Desenvolvimento da Adminis-tração Central (PIDDAC), e corrigido dascativações previstas na Lei do Orçamentodo Estado, foi atingido um índice de rea-lização de 92,55%, correspondendo aomontante global de 5.597.322 euros.

A actividade do IH é ainda suportadapelo denominado «financiamento indi-recto da Marinha», que em 2004 ascen-deu a 5.570.471 euros, pelo que, o finan-ciamento global do Instituto importou novalor total de 11.167.792 euros.

O «financiamento indirecto da Mari-nha» complementa os meios financeirosdo Orçamento Privativo, viabilizandodessa forma o cabal desempenho da mis-são do IH. No financiamento indirectoincluem-se os custos destinados a supor-tar os encargos seguintes:a) Lei de Programação Militar (LPM);b) Programa de Investimentos dos Orga-

nismos de Marinha (PIOM); c) Plano de Obras e Construções (POCR);d) Vencimentos do pessoal militar em ser-

viço no IH;e) Despesas com a alimentação do pes-

soal militar em serviço no IH; f) Dotações em espécie atribuídas pelo

Instituto Hidrográfico elabora conta de gerência no novo modelo

Instituto Hidrográfico elabora conta de gerência no novo modelo

Financiamento Global (FG)11.167.792 €

Orçamento Privativo (OP)5.145.960 €

(50,12% de FG)

Financiamento Indirecto (FG)5.570.471 €

(49,88% de FG)

Orçamento de Funcionamento5.145.960 €

(91,94% de OP)

PIDDAC451.362 €(8,06% de OP)

Gráfico 1 – Estrutura de financiamento

O CTEN Nunes Amaral, chefe do Serviço de Finanças e Contabilidade (FC), a TS1 Gisela Correia e aTSP Margarida Melo, suas adjuntas, e o CFR Rodrigues Mavioso, Director dos Serviços Administrativos

e Financeiros

POSTO DE VIGIA

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Hidromar n.º 89, Junho 2005 17

organismo abastecedor da Marinha aoIH;

g) Despesas com a alimentação do pes-soal militar em serviço nos navios hidro-gráficos;

h) Despesas com abonos eventuais do pes-soal em serviço nos navios hidrográ-ficos.No âmbito do orçamento privativo,

despesas correntes, comprova-se a boataxa de execução orçamental, com valorpercentual de 92,04%, conforme discri-minado no quadro I.

Da leitura do quadro I, verifica-se queo único grupo de despesas cuja execuçãoficou aquém do valor máximo é respei-tante ao pessoal, demonstrando a exce-lente taxa de execução orçamental obtida.

No quadro II, as despesas correntessão desagregadas pelas orgânicas do IH.AVerba Comum, agrega o conjunto de des-pesas relativas a diferentes áreas de fun-cionamento, designadamente, os encar-gos com o pessoal (excepto ajudas decusto), os contratos de assistência técnicae os encargos gerais.

No âmbito do orçamento de receita,de funcionamento (neste caso exclui-se areceita proveniente do PIDDAC), o qua-dro III, resume a sua execução.

Ressalta do quadro III a menor reali-zação de receita de capital, pelo facto dastransferências previstas de 128.000 € aefectuar pela Fundação para a Ciência eTecnologia não se terem efectivado.

No tocante à contabilidade patrimo-nial, há a destacar o facto do exercício de2004 apresentar resultado líquido posi-tivo, no valor de 79.270,17 euros, a quecorresponde um acentuado decréscimorelativamente aos resultados apurados noano transacto (234.071 €).

Importa referir a solidez financeira do

IH, em que 72% do valor do activo encon-tra a sua contrapartida nos fundos pró-prios, representando o passivo apenas 28%do valor do activo líquido.

O IH procedeu em 2004 à regulariza-ção da realidade patrimonial relativa aoperíodo de 2000 a 2004. Assim, os bensadquiridos através do orçamento priva-tivo do IH e destinados aos navios hidro-gráficos foram transferidos para o patri-mónio da Marinha; e por outro lado, omaterial adquirido, no âmbito da LPM ePIOM, através do orçamento da Marinhae utilizados pelo IH na sua actividade nor-mal, foram inscritos no património do IH.

Encerrado este capítulo, que obrigouao estudo exaustivo dos processos de tra-balho e à sua reformulação, racionalizandoos meios existentes e aumentando a pro-dutividade, novos desafios se colocam e,a Direcção Financeira, de olhos postos nofuturo, abraçou já um novo projecto, aelaboração do Manual da Qualidade daDirecção dos Serviços Administrativos eFinanceiros, já iniciada, prevendo-se queem 2006 se comece a trabalhar no Manualde Auditoria Interna.

CTEN NUNES AMARALCHEFE DO SERVIÇO DE FINANÇAS E CONTABILIDADE

Quadro I – Execução orçamental das despesas correntes(em euros)

DESCRIÇÃO DOTAÇÃO CORRIGIDA EXECUÇÃO Tx. EXECUÇÃO

Despesas com pessoal 3.880.065 3.466.152 89,33%

Aquisição de bens e serviços 1.461.261 1.434.747 98,19%

Transferências correntes 48.900 48.328 98,83%

Outras transferências correntes 152.850 152.838 99,99%

TOTAIS 5.543.076 5.102.065 92,04%

Quadro III – Orçamento de funcionamento – Receitas(em euros)

DESCRIÇÃO PREVISÕES EXECUÇÃO Tx. EXECUÇÃO

Rendimentos da propriedade 160.000 144.853 90,53%

Transferências correntes 77.500 75.696 97,67%

Vendas de bens e serviços 5.372.300 4.904.716 91,30%

Receitas de capital 166.700 31.873 19,12%

TOTAIS 5.776.500 5.157.138 89,28%

Quadro II – Despesas correntes por orgânicas(em euros)

ORGÂNICAS DESPESA PCT

Direcção Geral 40.135 0,79%

Escola de Hidrografia e Oceanografia 9.345 0,18%

Direcção Técnica 524.084 10,27%

Direcção dos Serviços de Apoio* 400.283 7,85%

Direcção dos Serviços Administrativos e Financeiros 121.534 2,38%

Verba comum 4.006.684 78,53%

TOTAIS 5.102.065 100,00%* Engloba a execução da Direcção dos Serviços de Documentação

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Hidromar n.º 89, Junho 200518

Um grupo de 17 funcionários do Instituto

Hidrográfico visitou no passado dia 15 de

Junho o Palácio Nacional da Pena, mais um dos «Passos de D. Carlos I».

A visita, guiada no exterior do Palácio pela Dr.ª Teresa Antunes, permitiu

conhecer um dos palácios mais emblemáticos da monarquia portuguesa. Foi

pela mão do Príncipe D. Fernando que o Convento dos Frades Hieronimitas

foi ampliado de forma a construir um verdadeiro paço acastelado romântico,

residência de verão da família real portuguesa.

Nos Aposentos de D. Carlos, pôde o

grupo ver o seu atelier de pintura

com as telas inacabadas, a casa de

banho e a sala de duche e

massagens, imagens que

recriam o passado do

nosso Rei ocea-

nógrafo.

POSTO DE VIGIA

«Nos Passos do D. Carlos I»

Visita ao Palácio da Pena

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Hidromar n.º 89, Junho 2005 19

Foi no dia 4 de Junho que 24 fun-cionários, ex-funcionários e algunsfamiliares se deslocaram ao des-

lumbrante rio Teixeira, para realizar umaactividade de Canyonning, que permitiuconhecer uma parte do seu percurso ina-cessível de outra forma. O facto do per-curso ter sido feito pelo leito do rio, coma necessidade de transpor diversos obs-táculos e caminhar ao longo de 3 km,por entre diversas lagoas de água cris-

talina e pedras, fez desta actividade umverdadeiro desafio às capacidades detodos os participantes!

Em Portugal, a história do canyon-ning inicia-se no Gerês, em 1989. Umgrupo de montanhistas, atraídos pela ina-cessibilidade e beleza de alguns vales maisprofundos, muniram-se de equipamentode escalada e partiram à descoberta dealguns canyons. Estes vales profundosescavados por linhas de água selvagenseram então os últimos segredos das mara-vilhosas paisagens do Gerês. O queencontraram ultrapassou todas as suas

expectativas. As surpresas sucederam-se: piscinas naturais, cascatas e gargan-tas, ladeadas de impressionantes fragas.

Aexperiência foi compartilhada, sur-giu uma corrida à descoberta de novosrios selvagens repletos de cascatas e pis-cinas. Os olhos percorreram mapas topo-

gráficos à procura de indícios de rios comum bom declive e as descobertas suce-deram-se.

Hoje, a maioria dos percursos de can-yonning existentes no nosso país encon-tram-se descobertos, mas muitos aindanão estão divulgados devido a receiosde que a generalização desta actividadepossa influir negativamente no equilí-brio ecológico de alguns dos mais ricosambientes naturais do nosso país que,por vezes, representam o último habitatde espécies ameaçadas.

Eis que a aventura começa!

Após uma breve caminhada de 20minutos, chegámos à zona de entradado rio. A caminhada foi curta mas dura,

pois foi necessário chegar ao leito do rio,que se encontrava bem encaixado no vale.Como todos os participantes tinham ofato de neoprene vestido, o calor eraenorme e, na primeira lagoa, todos seatiraram à água para refrescar. Logo apósa entrada no rio, encontra-se o primeirorapel em duas linhas. Este, com cerca de25 metros, tinha diversas plataformas eera relativamente escorregadio, termi-nando numa piscina larga, só parcial-mente com pé. Após cerca de 15 minu-tos de caminhada ao longo de leito, comgrandes blocos e algumas piscinas, surgeo segundo ressalto que foi necessáriotranspor recorrendo a rapel de uma alturade cerca de 30 metros. Seguiu-se novaprogressão ao longo do leito até a umapiscina ampla e profunda onde foi neces-sário saltar de uma altura de 4 metros.

Após esta primeira parte, o rio entranuma zona mais estreita com bancadasde xisto, onde foi necessário realizar doissaltos, entre os 2 e os 5 metros. Para sairdo rio, caminhámos até uma pequenahidroeléctrica onde houve possibilidadede sair do leito profundo e repousar apóscerca de sete horas da actividade.

No final todos os participantes esta-vam satisfeitos por um dia bem passado,num local de rara beleza, só acessíveldesta forma. A próxima actividade estájá a ser planeada faltando definir o localda actividade. Será uma caminhada nomês de Outubro, para apreciar as mag-

níficas cores desta época do ano. Iremosem busca da folhagem dourada e dostapetes de folhas no chão. Mata da Mar-garaça ou Gerês são duas opções ondese pode apreciar as belezas do Outono.

CTEN MESQUITA ONOFREDIVISÃO DE OCEANOGRAFIA

Canyonning no rio TeixeiraCanyonning no rio Teixeira

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Hidromar n.º 89, Junho 200520

Muitos acreditam que aciência é um assuntosó para cientistas.

Grande engano! Aciência é umtema que pode render óptimashistórias. Júlio Verne que odiga! O escritor francês – quefaleceu no dia 24 de Março de1905 em Amiens – França, temsido lembrado em todo o mundoem 2005. É considerado o precursordo género da ficção científica, tendo feitoprevisões nos seus livros sobre o apare-cimento de novos avanços científicos, comoos submarinos, máquinas voadoras, pou-sos na Lua e muitos outros.

Nascido em 1828 na cidade portuá-ria de Nantes, em França, desde criançaque Júlio Verne gostava de observar osnavios, o mar e os viajantes. Aos vinteanos, foi estudar direito para Paris. Lácomeçou a sua carreira literária, com apublicação de algumas peças de teatro.Em 1963, um dos seus contos, Cinco sema-nas num balão, teve sucesso ao ser publi-cado. A partir daí, Júlio Verne passou adedicar-se exclusivamente à escrita.

Com histórias futuristas e muito reais,os livros de Verne tornaram-se popula-res em todo o mundo. O mais famoso,considerado a sua obra-prima, é o VinteMil Léguas Submarinas, que conta a his-tória do capitão Nemo e do seu subma-rino, Nautilus. Júlio Verne escreveu estahistória em 1873, quando não havia tec-nologia para construir os submarinos quehoje conhecemos! O primeiro veículo dessetipo só seria feito 25 anos após a publi-cação do texto.

Mas como é que um escritor poderia

saber tanto sobre ciência a pontode prever diversas invenções

que só viriam a concretizar-se no futuro? Sem a forma-ção de um cientista e sema experiência de um via-jante, Verne pesquisava bas-

tante antes de escrever assuas histórias.

Júlio Verne escreveu muitodurante toda a sua vida. Vinte Mil

Léguas Submarinas, Viagem ao Centro daTerra, A Volta ao Mundo em Oitenta Dias eViagem da Terra à Lua são considerados oslivros mais importantes da sua obra. Seainda não leu nenhum deles, procure jánas bibliotecas ou livrarias!

Previsões realizadas nos seus livros:

• Viagem de submarino: em Vinte milléguas submarinas, de 1870, Vernedescreve a viagem de umsubmarino em redor domundo. Somente em 1960um submarino nuclear ame-ricano conseguiu fazer a via-gem. Mas era um navio deguerra e não servia para pes-quisa.

• Ida do homem à Lua: noslivros Da Terra à Lua, de 1865, eAo Redor da Lua, de 1870, JúlioVerne imaginou que a primeiraexpedição ao satélite natural da Terra serialançada da cidade americana de Tampa,com três homens a bordo da nave. Elesdariam a volta à Lua e retornariam à Terracaindo no mar, sendo resgatados por umnavio de guerra. E foi assim que aconte-

ceu! Cento e três anos depois, a missãoApolo 8 partiu da cidade de Cabo Cana-veral, a apenas três quilómetros de Tampa,e fez o percurso que Verne imaginou!

• Metropolitano: no livro Paris noséculo 20, Júlio Verne descreveu como seriaa capital de França no futuro: uma cidademuito povoada, com o metropolitanocheio, disputadíssimo pela população. A obra foi escrita no mesmo ano da cons-trução do primeiro metropolitano domundo em Londres, na Inglaterra, e JúlioVerne acertou ao pensar que essa inven-ção ganharia o mundo e faria muitosucesso!

Além destas últimas três previsões,Verne escreveu sobre muitos outros inven-tos como a televisão, o helicóptero, o fax,o dirigível, o cinema falado, o gravador,a iluminação a néon, as escadas rolantes,

os diamantes sintéticos, o ar condi-cionado, os arranha-céus, os mís-seis teleguiados, os tanques deguerra, os telescópios gigantescos,os veículos anfíbios, os grandestransatlânticos, o avião, a caçasubmarina, o aproveitamentoda luz e da água do mar paragerar energia e o uso de gasescomo armas de guerra.

Júlio Verne é, sem som-bra de dúvida, um dos mais

imaginativos e populares escri-tores de todos os tempos, deixando comoherança para a humanidade a sua mag-nífica obra de cerca de 70 livros. É actual-mente o escritor cuja obra foi a mais tra-duzida em toda a história, convertida em148 línguas, de acordo com as estatísti-cas da Organização das Nações Unidaspara a Educação, a Ciência e a Cultura(UNESCO).

O que seria aqui pertinente é encon-trar Júlio Verne nas ciências do mar dehoje! Será que as semelhanças entre a ima-ginação de Verne e os equipamentos téc-nicos e os instrumentos que hoje usamossão pura coincidência?

• Nautilus – o submarino do Capi-tão Nemo e da sua guarnição, objecto dahistória Vinte Mil Léguas Submarinas. Tinha70 metros de comprimento, oito metrosde diâmetro e funcionava a energia eléc-trica.

O Nautilus imaginado por Verne é umveículo rápido e discreto, um verdadeiroinstrumento de exploração do fundo doReprodução da edição francesa original (1981), publicada por J. Hetzel et Cie (Paris).

Quando a literatura ultrapassa a ciência … ou quando a ciência ultrapassa a ficção!

POSTO DE VIGIA

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Hidromar n.º 89, Junho 2005 21

Mar. Nessa altura, alguns países ensaiavam osprimeiros submarinos, ainda que com capaci-dades aquém das engendradas pelo escritor. Ainspiração de Verne foi o submarino Plongeur,navio dotado à época de uma máquina de arcomprimido, testado em Rochefort, França, em1863. Na imaginação de Verne, o Nautilus, apósuma rápida travessia do Mediterrâneo, percorrea costa de Portugal até à Baía de Vigo. É gra-ças aos escafandros autónomos, ficcionais, queo Capitão Nemo vai explorar, nessa baía, ostesouros dos galeões espanhóis afundadosaquando da batalha contra a frota anglo-holan-desa, em 1702…

• Escafandro autónomo – um escafandrode autonomia limitada foi desenvolvido porFrenchmen Benoit Rouquayrol e Auguste Denay-rouse em 1865. O volume do tanque era de oitolitros e a pressão de 30 bares. Ciente desta ino-vação, Júlio Verne incluiu-a nas Vinte Mil LéguasSubmarinas, tendo-lhe atribuído uma autono-

mia que, na realidade, o equipamentonão tinha. O escafandro da ficção deVerne permitia uma autonomia de apro-ximadamente 10 horas, e permitia umadescida até aos 300 metros – impossí-vel, naquela época, quando aquelesequipamentos eram feitos de chumboe obrigatoriamente ligados à superfí-cie por um cabo, permitindo uma auto-

nomia de somente 30 minutos, estando assimindicados para trabalhos rápidos em águas poucoprofundas.

Olhe-se então hoje para tudo quanto os cien-tistas do Instituto Hidrográfico conseguemfazer com recurso à mais moderna tecnologia…

CTEN MESQUITA ONOFRE,DIVISÃO DE OCEANOGRAFIA

Sonda multiparâmetro Idronaut

Sonda multiparâmetro Idronautinstalado em sistema automático

de recolha de águas (Rosette)

Bóia ondógrafo direccional

ROV Sistema de comunicações de um navio da classe «Andrómeda»

Bóia de protecção

ROV Sonda multiparâmetro Neil Brown

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Hidromar n.º 89, Junho 200522

OInstituto Hidrográfico participou naExposição das Actividades de Mari-

nha com um stand expositor, preparadopelo Gabinete de Multimédia, onde foramapresentadas fotografias da costa de Por-tugal (em ecrã plasma), bem como car-tazes divulgando as actividades técnicas

e de investigação desenvolvidas pelo IHbem como os seus meios e infra-estrutu-ras, envolvendo assim, as áreas da Hidro-grafia, Navegação, Oceanografia, Geolo-gia Marinha, Química e Poluição do MeioMarinho e Centro de Dados; esteve aindapatente a impressão de parte da carta

Figueira da Foz (A2) in loco e foi possi-bilitada a consulta da Previsão de Agita-ção Marítima on-line.Temas apresentados no stand do Insti-tuto Hidrográfico:

• IH – Missão;• Meios Navais;• EHO;• HI – CNO Figueira da Foz (antiga/

/actual); Levantamento Multifeixe deuma área oceânica, Plataforma Conti-nental; CENO;

• BH;• NV – PNO – Volume I do Roteiro da

Costa de Portugal Continental; DGPS;• NV/CD – G.I.S. (imagens de modela-

ção de apoio aos projectos de assinala-mento marítimo);

• NV/GM – Segurança da Navegação(esquema – Perigo/imagens de SonarLateral);

• OC – Agitação Marítima; ModelaçãoOperacional;

• OC/QP – Monitorização Ambiental;• OC/GM – Estudos Oceanográficos.

Dia da Marinha 2005B Ú S S O L AEventos nacionais e internacionais

Exposição das Actividades de Marinha: presença do IH

Discurso do Almirante CEMA: «A MISSÃO DA MARINHA É ENORME»

«(…)A missão da Marinha é enorme. São páginas dedocumentos oficiais onde a missão, ou melhor, as mis-sões da Marinha, aparecem descritas. Mais páginas sur-gem para descrever as tarefas em que se desdobram. Mastudo pode ser tornado mais simples, se se disser apenasque a Missão da Marinha é estar no mar.

Estar no mar em apoio à política externa de Portu-gal. Estar no mar actuando no âmbito da defesa militar.Estar no mar fazendo exercer a autoridade do Estado.Estar no mar fazendo investigação científica, e apoiandoo desenvolvimento económico e cultural.

(…) [A Marinha] Está no mar em apoio à cartografianáutica e à segurança da navegação. Disso são prova, emsintonia com as comemorações do Dia da Marinha, apublicação de nova edição da carta náutica oficial daFigueira da Foz e do volume ‘Do Rio Minho ao CaboCarvoeiro’, do Roteiro da Costa de Portugal, o qual, natu-ralmente, inclui este porto.»

DISCURSO DO ALMIRANTE CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA ARMADA

DIA DA MARINHA 2005

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Hidromar n.º 89, Junho 2005 23

Funcionários do IH visitam a Exposição …

… e conta quem foi à Figueira

No âmbito das comemorações do Dia da Marinha naFigueira da Foz, a Direcção do Instituto Hidrográ-

fico organizou uma jornada para 25 funcionários do Ins-tituto Hidrográfico àquela cidade, no dia 19 de Maio, porocasião da inauguração da Exposição das Actividades deMarinha.

O grupo, acompanhado pelo Tenente Dionísio (da Bri-gada Hidrográfica), saiu de Lisboa de manhã, tendorumado à Figueira da Foz. Almoçou na Praia da Gala, tendoprosseguido com uma visita ao NRPDelfim e ao NRPSagres.

Ao final da tarde, os funcionários do Instituto Hidro-gráfico visitaram a Exposição das Actividades de Marinha,que recentemente tinha aberto as portas ao público.

«Gostámos de tudo, foi um dia muito bempassado. O almoço foi excepcional. Tudo foimuito bem pensado, gostaríamos que o IHnos proporcionasse mais iniciativas destas.Muito Obrigado.»

Fátima Serras, Teresa Teixeira, Irene Grácio e Fernanda Pio (Secretaria Central)

«Gostei bastante da viagem à Figueira da Foz,principalmente a visita ao NRP Delfim e aoNE Sagres, por ser a primeira vez que visi-tei um navio da Marinha Portuguesa. Pensopor isso que foi uma boa iniciativa (…).»

Eugénia Lérias (Secretaria da Direcção Financeira)

«Eu gostei muito, não só pelo o passeio,mas também pelo facto de poder estar emcontacto com outros colegas em ambienteinformal, despreocupado e divertido, assimcomo o facto de ter feito a minha primeiraexperiência de mergulho, que adorei:diverti-me e fiz divertir os colegas – e aindarecebi um diploma. Podem arranjar mais

passeios, para a próxima vez talvez … ForçaAérea para o baptismo de voo em heli-cóptero!»

Isabel Gaspar (Serviço de Artes Gráficas)

«Para mim, a viagem à Figueira foi extre-mamente positiva. O almoço delicioso, oambiente entre colegas divertidíssimo, aexposição (para além de ter o prazer derever antigos colegas) estava num espaçobastante aberto e de fácil acesso, com asvárias Unidades bem representadas. (…)

Senti-me especial nesse dia. Só tenho a agra-decer esse dia (…).»

Celeste Fernandes (Serviço de Controlo de Gestão)

«A viagem à Figueira da Foz foi para mimum dia diferente. Senti que os portuguesestêm vocação marítima, o que nos faz sen-tir orgulhosos pelo nosso passado ligado aomar que tanto nos fascina. A Marinha Por-tuguesa consegue assim aproximar os por-tugueses de norte a sul do país com as visi-tas aos navios que estavam em exposição aopúblico.»

Maria José Mesquita (Serviço Administrativo)

«Gostei do convívio, da exposição e das visi-tas ao NE Sagres e ao Submarino Delfim –embora a este último não tenha ido, compena; o receio foi mais forte… aos meus olhosachei-o tão estreito que se lhe pusesse os pésem cima, cairia ao mar! Mas adorei tudo,agradeço a todos que tiveram esta iniciativa.»

Helena Fernandes (divisão de Navegação)

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Hidromar n.º 89, Junho 200524

Durante as Comemorações do Dia daMarinha, a Auriga esteve de portas

abertas ao público na Figueira da Foz. Foina tarde do dia 20, Dia da Marinha, quefomos encontrar os alunos do 3.º ano do2.º Jardim-Escola João de Deus,acompanhados pela Professora MaraDavid, a visitar aquele navio e a ver comose faz ciência no mar.

«Agora vamos para a ponte, que é onde secomanda o navio. Mas têm de entrar um aum!». Coube ao Sargento MQ Pedro Águas,imediato da Auriga, acompanhar este grupo.«Estão a ver?», perguntou, olhando para aroda do leme. «É um volante, não é?...» –perguntou um dos alunos.«Isto é uma carta, que é feita no InstitutoHidrográfico; esta é a da Figueira da Foz»,referiu o Sargento Águas; «é como ummapa», referiu, «mas tem as estradas do mar,

para sabermos sempre onde estamos. Estáaqui a ponte, vêem? E a zona da praia».«Que coisa mais esquisita», diz a Mariana,muito atenta à explicação. «No mar hámontanhas?». «Sim, há montanhas e vales»,respondeu o Sargento Águas. «E hávulcões!», disse uma voz de palmo e meio.A Professora Mara David aproveita a deixae pergunta «o que é aquilo», apontando paraa carta; «é uma rosa-dos-ventos!», ouve-seem uníssono. «E quais são os pontoscardeais?», insiste a Professora. «Norte, Sul,Este, Oeste!», responderam. Foi então a vezdo Sargento Águas explicar os «graus darosa-dos-ventos», que servem para «marcara nossa posição».«Para que é isto?» pergunta o João, em tompróprio dos oito e nove anos e da emoçãode quem, pela primeira vez, entrou num«barco». «É um telefone», «é um barómetro»,«é um DGPS, um sistema que nos dá a nossa

posição no mar», «são sondas para vermosa profundidade». «E lá em baixo?» – 30 olhos curiososolhavam na mesma direcção – «são osquartos?». O Sargento Águas explica então:«É a nossa casa, quando passamos diasseguidos no mar; tem quartos, uma sala ecasas de banho».A fila para entrar na Auriga aumentava ehavia outros visitantes à espera. Os alunosdo João de Deus foram por fim ver o botepneumático. «Olha, um barco dentro deoutro barco! Podemos entrar?». Alinhadosdentro do bote, ouviram as últimasexplicações de quem anda no mar. Achaminé que é amarela, as «bandeiras»…No final, perguntámos do que mais tinhamgostado. «Do bote!», disseram a uma só voz.«E do mapa!». «É natural», referiu aProfessora, «acabaram de estudar na escolaos meios de transporte»…

Ciência de palmo e meio

BÚSSOLA

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Hidromar n.º 89, Junho 2005 25

Actividades das divisões e navios hidrográficosHIDROGRAFIA Compilação/Constru-ção de Colagens para as CNO: 21101;23202; 23203; 23204; 24201; 24202;24204; 24205; 24206; 24P04; 24P05;24P06; 25R05; 25R06; 25R07; 25R10;25R11.Vectorizações: CNO 23203; COSTAS25R11; COSTAS 25R09; CNO 105.Cartas Novas e Novas Edições: Conti-nuação da Compilação CNO 26404;CNO 26303; CNO 26304; CNO 24P04;CNO 24P05; Revisão das 2.as Ediçõesda CNO 24204 e CNO 24205.Reimpressões: continuação da compila-ção CNO 25R09.Correcção de Cartas: continuação intro-dução das correcções dos AN’s na BDe Cartas.Manutenção e carregamento do HDWLeccionação de Aulas na Escola de Hidro-grafia e Oceanografia e na Escola NavalContinuação da produção das seguintesCENO: PT221101; PT336201;PT426402; PT526309; P526311;PT526310; PT426404.Elaboração de updates às CENO.Preparação do 17.º CHRIS.Preparação de dados para carregar noHPD.

CENTRO DE DADOS O Cte. ReinoBaptista, no período de 29 Maio a 3 deJunho, participou na Reunião plenária doprojecto Sea-Search, em Brest, França.No mesmo local, mas em data diferente(de 1 a 3 Junho) o Cte. Bessa Pachecoapresentou uma comunicação na Confe-rência IMDIS.Nos dias 9 e 16 de Junho, o Cte. BessaPacheco participou na reunião semanaldo CDPM, na DGAM.

OCEANOGRAFIA No período de 30de Maio a 05 de Junho o 1TEN SilvaBarata, o 2TEN Pereira e o 2TEN Car-doso Jerónimo embarcaram no NRPAndrómeda, para fundeamento das amar-rações do projecto HERMES.No dia 31 de Maio de 2005 efectuou-se mais uma campanha de monitoriza-ção ambiental do emissário submarino

da guia no âmbito do projecto SANEST.No dia 8 de Junho, o Ten. Quaresmados Santos deslocou-se ao Porto para par-ticipar na Conferência EARSEL (GlobalDevelopments in Environmental EarthObservation from Space). Non-linearocean internal waves observed nearNazaré submarine canyon head.Nesse mesmo dia e no seguinte, reali-zou-se a bordo do NRP Auriga, uma cam-panha relacionada com o fundeamentode amarrações no âmbito do projectoHERMES.No período de 13 a 19 de Junho reali-zaram-se trabalhos de medição de cor-rentes de maré, no estuário do Sado.

GEOLOGIA MARINHA No dia 6 deJunho, esta divisão participou no Trai-ning Course subordinado ao tema «TheWaterfront Management and GI», noâmbito do Projecto Cientìfico Europeu ECO-IMAGINE (www.gisig.it/eco-imagine/).Este projecto é financiado pelo Sixth Fra-mework Programme e surgiu por inicia-tiva do Geographical Information SystemsInternational Group – GISIG (associaçãonão lucrativa cujo objectivo primordial éa promoção de desenvolvimento de pro-jectos europeus conjuntos em áreas temá-ticas relacionadas com a Gestão Inte-grada de Zonas Costeiras, políticas dedesenvolvimento regional e Sistemas deInformação Geográfica). Esta participa-ção traduziu-se no acolhimento dos par-ticipantes, durante este mesmo dia, emacções de divulgação prática das capa-

cidades, técnico-científicas do InstitutoHidrográfico na área dos levantamentosoceanográficos, geológicos e químicos.

NAVEGAÇÃO No dia 16 de Junho, oCte. Rafael da Silva efectuou uma Ins-pecção Técnica ao NTM Creoula. Nodia seguinte, reuniu com representantesda firma SKYSOFT sobre o projecto«ARMAS».

BRIGADA HIDROGRÁFICA Durantea semana de 30 de Maio a 5 de Junhofoi efectuado levantamento de Vila Realde Santo António, ao abrigo do proto-colo com o IPTM. No período compreendido entre 13 e 19de Junho foi efectuado o levantamentohidrográfico de Setúbal, ao abrigo doprotocolo com a APSS.

Agrupamento de Navios

NRP D. CARLOS I Depois de cumprirescala, para manutenção, na BNL, lar-gou a 2 de Junho para prosseguir mis-são PLATCONT.

NRP ALM. GAGO COUTINHO NoArsenal do Alfeite aguardando adapta-ção a navio hidrográfico.

NRP AURIGA No dia 31 de Maio,executou missão SANEST.Executou fundeamento de amarrações nocanhão da Nazaré, no âmbito do pro-jecto HERMES.Executa levantamentos geofísicos e reco-lha de sedimentos numa área a oeste dapraia da aguçadoura (situada a norte daPóvoa do Varzim), no âmbito do projectoENERSIS, até 26JUN.

NRP ANDRÓMEDA Executa fundea-mento de amarrações no canhão daNazaré, no âmbito do projecto HERMES,até 03 de Junho, estando desde entãoem reparação na BNL.

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Hidromar n.º 89, Junho 200526

Polícia dos Estabelecimentos

de Marinha

Um grupo de formadores e formandos do Centrode Instrução do Pessoal do Quadro da Polícia

dos Estabelecimentos de Marinha (PEM), visitou Ins-tituto Hidrográfico na tarde do dia 15 de Junho.

O grupo assistiu a curto briefing sobre as tarefasdo pessoal da PEM no Instituto Hidrográfico e visi-tou posteriormente as instalações das Trinas.

OTRIDENT é um pro-jecto europeu, com a

duração de 20 meses, concebido para enco-rajar a cooperação e o desenvolvimentode parcerias comerciais e para melhorara competitividade das empresas e das ins-tituições de investigação e desenvolvi-mento da fileira marítima na região doArco Atlântico Europeu.

As zonas do Arco Atlântico têm todasem comum uma relação tradicional como mar, que constitui um activo económicoa partir do qual muitas das suas activi-dades industriais se desenvolveram, peloque o objectivo do projecto é o desen-volvimento de laços de cooperação activaentre empresas, para o estabelecimentode redes de troca de informação sobre

boas práticas e para a constituição de par-cerias comerciais trans-nacionais.

O Projecto TRIDENT tem por finali-dade:• Promover e desenvol-

ver centros de excelên-cia no sector marítimo,nas zonas costeiras;

• Reforçar e promover acompetitividade do ArcoAtlântico, com base nospontos fortes já exis-tente;

• Reforçar o número deredes de investigação ede transferência de tec-nologia, através de maiorparidade de acesso;

• Basear-se nos recursos ecompetências para pro-mover actividades queconduzirão a um cresci-mento económico sus-tentável;

• Apoiar a herança cultural das zonas cos-teiras do Arco Atlântico e ajudar a sus-ter a redução da população economi-camente activa;

• Apoiar o crescimento competitivo emzonas com problemas estruturais.

Vários workshops foram já efectuadosnos outros Países parceiros; nos dias 1 e2 de Junho, coube a Portugal receber estegrupo, que discutiu os temas EngenhariaMarítima e Inovadora e Tecnologias Ambien-tais Relacionadas com o Mar. Foi neste con-texto que aos participantes do workshopfoi proporcionada uma visita ao InstitutoHidrográfico, no dia 1 de Junho, ao finalda tarde. Os participantes, acompanha-dos pelo 1TEN Duarte de Oliveira e pelaASP Laura Reis, assistiram a uma pales-tra proferida apelo CMG Lopes da Costa,Director Técnico do Instituto Hidrográ-fico, e visitaram as divisões da DirecçãoTécnica.

Âmbito sectorial:Energias renováveis do marBiotecnologia e compostos bio-activosTecnologias de informação marinha, incluindo sensores acústicose sistemas inteligentesServiços ambientais, incluindo gestão de resíduosTransformação de produtos da pesca e da aquaculturaEngenharia marítima inovadora

Ambito geográfico:Sudoeste de Inglaterra compreendendo Devon e Cornwall e IlhasScilly, as zonas costeiras da Irlanda, toda a Bretanha, as zonascosteiras de Portugal e as zonas costeiras do oetes da Galiza.

Parceiros do projecto TRIDENT: INGLATERRA BUSINESS LINK FOR DEVON & CORNWALLFRANÇA OIKOS ENVIRONNEMENT RESSOURCESIRLANDA MARINE INSTITUTEPORTUGAL AIRO – Associação INDUSTRIAL DA REGIÃO

OESTEESPANHA ACUICULTURA Y MEDIOAMBIENTE

Projecto TRIDENTvisita o Instituto Hidrográfico

BEM-VINDOA B O R D O

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Hidromar n.º 89, Junho 2005 27

Fellows americanos conhecem o trabalho do IH

No âmbito do Programa Marshall Memorial, os norte-americanos CoreyElemer, Lynnette Jackson, Peter Kezirian, Cheree Rumley-Miawama,

Susan Tufts e Elizabeth Wilner embarcaram no passado dia 16 de Junho noNRP Sagitário, acompanhados pelo Dr. Miguel Vaz, assessor da FundaçãoLuso-Americana para o Desenvolvimento, com o objectivo de conhecer azona ribeirinha lisboeta e de conhecerem o trabalho da Marinha no projectoda plataforma continental portuguesa. Num passeio entre a zona do Parquedas Nações e Belém, assistiram a bordo a uma apresentação feita pelo CTENSantos de Campos, da divisão de Hidrografia, sobre o projecto da plataformacontinental.

O Marshall Memorial Fellowship (MMF) con-siste num programa de cooperação diri-gido a cidadãos norte-americanos e euro-peus, que permite conhecer, numa viagemcom a duração de três a quatro semanas,instituições do outro lado do Atlântico.

Está publicada a 7.ª edição –2005, da Publicação NáuticaOficial AJUDAS À NAVEGA-

ÇÃO – LISTA DE LUZES, BÓIAS,BALIZAS E SINAIS DE NEVOEIRO,VOLUME I – PORTUGAL que can-cela e substitui a 6.ª Edição de 2003.

A Convenção Para a Salvaguardada Vida Humana no Mar estabeleceque os Estados devem produzir,entre outras publicações, as Listas deLuzes, contendo a descrição, carac-terísticas e posição das ajudas visuaisà navegação.

Esta publicação foi elaboradapelo Instituto Hidrográfico de acordocom as Resoluções Técnicas da Orga-nização Hidrográfica Internacional,com a regulamentação aplicável da

Associação Internacional de Segu-rança Marítima, e com a legislaçãonacional em vigor, e conta com oscontributos das autoridades maríti-mas, das autoridades portuárias eda Direcção de Faróis.

ALista de Luzes é actualizada atra-vés dos Avisos aos Navegantes con-tendo, esta edição, toda a informa-ção disponível publicada até aoGrupo Quinzenal de Avisos aosNavegantes n.º 7, datado de 1 de Abrilde 2005.

Para mais informações, consulteou o Depósito de Documentos Náu-ticos do Instituto Hidrográfico atra-vés do telefone 210943157 ou do e-mail [email protected].

Nova Lista de Luzes

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Hidromar n.º 89, Junho 200528

BEM-VINDOA BORDO

Realizou-se em Lisboa,de 1 a 6 de Junho de

2005, um curso de treino subordinado aotema The Waterfront Management and GI,no âmbito do 3.º evento do Projecto Científico Europeu ECO-IMAGINE(www.gisig.it/eco-imagine/).

Este Projecto iniciou-se em 2004, poriniciativa do Geographical InformationSystems International Group (GISIG), como intuito de incentivar e propiciar a inves-tigação, o desenvolvimento e a promo-ção de estudos e iniciativas diversas noâmbito da Gestão Integrada de Zonas Cos-teiras, dos Sistemas de Informação Geo-gráfica (SIG) e da Geo-Informação.

O facto do 3.º evento ECO-IMAGINEse ter realizado em Portugal, propicioua participação activa do Instituto Hidro-gráfico, que se associou a esta iniciativano dia 6 de Junho, através da divulgaçãodas suas competências técnico-científicasno âmbito das ciências do mar e na expo-sição das tecnologias existentes (equipa-mentos), para a aquisição de dados nazona costeira e respectivas técnicas de pro-cessamento e edição em Sistemas de Infor-mação Geográfica aplicados à Gestão Inte-

grada da Zona Costeira.Na exposição, que decorreu nas Ins-

talações Navais da Azinheira, bem comona Base Naval de Lisboa – a bordo do NRPAndrómeda e das UAM Fisália e Coral,estiveram presentes 40 técnicos e investi-gadores de diversos países maioritaria-mente europeus, nomeadamente, espa-nhóis, franceses, italianos, gregos, polacos,

malteses, irlandeses, albaneses e búlgaros.A exposição deu a conhecer aos par-

ticipantes, não só diferentes tipos deequipamentos utilizados em áreas tãodiversas como a Geologia Marinha, a Ocea-nografia e Química do Meio Mari-nho – através da demonstração do seufuncionamento e potencialidades – mastambém a divulgação da capacidade ope-racional, técnica e científica do IH na ela-boração de projectos e estudos sobre afaixa costeira e sua gestão integrada e nodesenvolvimento de projectos de cola-boração institucional no domínio das ciên-cias do mar, com organizações nacionaise internacionais. Neste sentido, foram esta-belecidos diversos contactos com os téc-nicos participantes, pertencentes a insti-tuições que se dedicam à realização deestudos nestas áreas e noutras comple-mentares a estas, em toda a Europa.

Outras entidades portuguesas parti-ciparam neste evento, nomeadamente, oLaboratório Nacional de Engenharia Civil(LNEC), o Parque das Nações e a CâmaraMunicipal de Oeiras.

TSC ALEXANDRA MORGADO,DIVISÃO DE GEOLOGIA MARINHA

ECO/IMAGINE nas INAZ e BNL

Aos leitores do HidromarO Hidromar em formato papel é distribuído a quem expressamente o desejar. No cumprimento de um esforço de con-

tenção de custos e de recursos, solicita-se aos leitores do IH que comuniquem, por escrito, a sua intenção de receber a

publicação em suporte papel, fazendo referência à sua identificação (nome, posto, serviço, funções e morada do local de

recepção). Esta informação deverá ser remetida a [email protected]. Como é já habitual, a versão digital em

formato PDF está acessível em www.hidrografico.pt.