BOLETIM DO LEITE - cepea.esalq.usp.br · dos de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS), o Índice de...

8
BOLETIM DO LEITE Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 24 nº 275 | Abril - 2018 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP ABRIL 2018

Transcript of BOLETIM DO LEITE - cepea.esalq.usp.br · dos de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS), o Índice de...

Page 1: BOLETIM DO LEITE - cepea.esalq.usp.br · dos de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS), o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) registrou que-da acumulada de 3,4% no primeiro bimestre de

BOLETIM DO

LEITEUma publicação do CEPEA - ESALQ/USPAno 24 nº 275 | Abril - 2018Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP ABRIL

2018

Page 2: BOLETIM DO LEITE - cepea.esalq.usp.br · dos de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS), o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) registrou que-da acumulada de 3,4% no primeiro bimestre de

2

BOLETIM DO LEITE | ABRIL DE 2018 - ANO 24 - Nº 275

CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

Com menor oferta no campo, a competi-ção entre empresas para garantir o for-necimento de matéria-prima se elevou

consideravelmente em março. Esse cenário deve impulsionar as cotações ao produtor em abril, que podem atingir patamares próximos aos verificados no mesmo período de 2016. Depois de um 2017 com excedente produtivo, o primeiro quadrimestre de 2018 está marcado pela oferta mais enxuta. Mes-mo em meses quando tipicamente a produção se eleva, neste ano, a situação foi diferente. A captação das cooperativas e laticínios vem decrescendo mês a mês, impactada, principal-mente, pela descapitalização de produtores. Os baixos preços recebidos no ano passado desestimularam a atividade e re-duziram os investimentos, limitando a refor-ma e manutenção de pastagens e também o preparo de silagem para o rebanho. Muitos produtores saíram da atividade e o abate de vacas aumentou. Além disso, o clima foi me-nos favorável à atividade – os baixos volumes de chuvas e as temperaturas amenas pre-judicaram a qualidade das pastagens. Ade-mais, a alta nos preços do concentrado nes-se período também desfavoreceu a atividade. Na “média Brasil” (que inclui os da-dos de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS), o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) registrou que-

da acumulada de 3,4% no primeiro bimestre de 2018. De acordo com pesquisas do Cepea ainda em andamento, a captação em março (referente ao preço pago em abril) deve apre-sentar novo recuo e em maior intensidade. A menor oferta de leite no campo se reflete nas negociações do leite UHT, o lácteo mais consumido no País. A pesquisa diária de preços realizada pelo Cepea com o apoio da OCB apontou valorização acumulada de 10,7% em março. Assim, a média mensal do derivado ficou 12,3% acima da de fevereiro (ver seção Derivados na página 5). Por conta da elevada correlação e cointegração dos preços do UHT com o leite ao produtor, a alta no primeiro deve se refletir na matéria-prima no próximo mês. Ainda assim, é importante salientar que o movimento de consecutivas valorizações di-árias no mercado do leite UHT perdeu o ritmo a partir da metade da segunda quinzena de março. Assim, maiores oscilações de preços fo-ram observadas e os agentes consultados pelo Cepea relataram necessidade de realizar pro-moções para assegurar liquidez. Durante a pri-meira quinzena de abril, a alta acumulada do UHT foi de apenas 0,9%. Segundo colaborado-res, o consumo ainda está se recuperando, evi-denciando a limitada capacidade de absorção das consecutivas elevações em pouco tempo.

Oferta restrita impulsiona preço ao produtor

Equipe Leite: Natália Salaro Grigol - Pesquisadora do Projeto Leite

Equipe de Apoio | Lucas Henrique Ribeiro, Caio Monteiro, Frederico Delle Ilenburg, Ana Carolina Vettorazzi e Munira Nasrrallah

Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto GrãosEquipe de Apoio | André Sanches, Débora Kelen Pereira da Silva, Isabela Rossi, Carolina Sales, Raphaela Spolidoro e Márcia Ferreira

EXPEDIENTE Editora Executiva: Natália Salaro GrigolPesquisadora do Projeto Leite

Jornalista Responsável: Alessandra da Paz - Mtb: 49.148

Editores Cientí� cos: Prof. Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros e Prof. Sergio De Zen

Revisão:Bruna Sampaio - Mtb: 79.466Nádia Zanirato - Mtb: 81.086Flávia Gutierrez - Mtb: 53.681

Contato:(19) 3429-8834 | [email protected]

Endereço para correspondência:Av. Centenário, 1080 | Cep: 13416-000 | Piracicaba/SP

O Boletim do Leite pertence ao CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USPA reprodução de conteúdos publicados neste informativo é permitida desde que citados os nomes dos autores, a fonte Boletim do Leite/Cepea e a devida data de publicação.

LEIT

E AO

PRO

DUTO

R

Por Natália Grigol

Page 3: BOLETIM DO LEITE - cepea.esalq.usp.br · dos de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS), o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) registrou que-da acumulada de 3,4% no primeiro bimestre de

3CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

BOLETIM DO LEITE | ABRIL DE 2018 - ANO 24 - Nº 275

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Grá� co 1 - ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite – FEVEREIRO/18 (Base 100=Junho/2004)

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Grá� co 2 - Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de março/18)

2015

2017Mar/181,0745

0,85

0,95

1,05

1,15

1,25

1,35

1,45

1,55

1,65

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

R$/L

itro

MÉDIA BRASIL PONDERADA LÍQUIDA (BA, GO, MG, SP, PR, SC, RS)VALORES REAIS - R$/LITRO (Deflacionados pelo IPCA de mar/18)

Média2005 a 2017

2014

2016

199,75

90

110

130

150

170

190

210

230

set/0

4

mar/0

5

set/0

5

mar/0

6

set/0

6

mar/0

7

set/0

7

mar/0

8

set/0

8

mar/0

9

set/0

9

mar/1

0

set/1

0

mar/1

1

set/1

1

mar/1

2

set/1

2

mar/1

3

set/1

3

mar/1

4

set/1

4

mar/1

5

set/1

5

mar/1

6

set/1

6

mar/1

7

set/1

7

mar/1

8

ICAP-L/CEPEA-Esalq/USP - Estadual PTL-IBGE

Patamar de fevereiro de 2017 (176)

Page 4: BOLETIM DO LEITE - cepea.esalq.usp.br · dos de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS), o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) registrou que-da acumulada de 3,4% no primeiro bimestre de

4

BOLETIM DO LEITE | ABRIL DE 2018 - ANO 24 - Nº 275

CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

LEITE AO PRO

DUTOR

Tabela 1 - Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquido) em MARÇO/18 referentes ao leite entregue em FEVEREIRO/18

Tabela 2 - Preços em estados que não estão incluídos na “média Brasil” – RJ, MS, ES e CE

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Preço BrutoInclusos frete e CESSR (ex-Funrural)

Preço LíquidoVar%Bruto

Var%Líquido

Mesorregião MÍnimo Médio Máximo Mínimo Médio Máximo % %

RSNoroeste 0,8867 1,1280 1,3717 0,8605 1,0150 1,2507 1,29% 1,30%

Centro-Oriental 0,8897 1,0764 1,1667 0,8037 0,9855 1,0558 -0,03% -0,04%

Média Estadual - RS 0,8680 1,0859 1,2980 0,8232 0,9823 1,1869 0,58% 0,54%

SC

Oeste Catarinense 0,9094 1,1449 1,3048 0,8225 1,0543 1,2117 3,92% 4,14%

Norte Catarinense/Vale do Itajaí 0,8413 1,0753 1,2214 0,7270 0,9844 1,1018 6,97% 9,38%

Média Estadual - SC 0,9191 1,1460 1,2969 0,8297 1,0544 1,2017 4,01% 4,30%

PR

Centro Oriental Paranaense 0,8405 1,2679 1,3713 0,7694 1,2194 1,2921 10,24% 8,05%

Oeste Paranaense 0,9905 1,1292 1,2235 0,9029 1,0477 1,1433 2,56% 3,13%

Norte Central Paranaense 0,9386 1,1750 1,3371 0,8429 1,0378 1,2355 5,12% 4,76%

Sudoeste Paranaense 0,9860 1,1656 1,3091 0,8822 1,0592 1,2005 7,86% 9,97%

Média Estadual - PR 0,9508 1,1613 1,2712 0,8599 1,0723 1,1782 5,47% 6,41%

SP

São José do Rio Preto 1,0053 1,3032 1,4570 0,9086 1,2021 1,3536 6,50% 6,96%

Campinas 1,1820 1,2951 1,3656 1,0921 1,1636 1,2951 1,97% 2,67%

Vale do Paraíba Paulista 1,1079 1,2340 1,3524 1,0531 1,1643 1,3056 0,21% 0,47%

Média Estadual - SP 1,0523 1,2426 1,3467 0,9631 1,1507 1,2634 4,94% 5,24%

MG

Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba 0,9990 1,2585 1,4417 0,9053 1,1646 1,3419 8,07% 8,63%

Sul/Sudoeste de Minas 0,9889 1,2340 1,3549 0,9054 1,1473 1,2684 7,10% 7,86%

Vale do Rio Doce 0,9979 1,1629 1,3543 0,9305 1,0718 1,2676 2,83% 5,87%

Metropolitana de Belo Horizonte 1,0091 1,2793 1,5431 0,9018 1,1680 1,4279 6,29% 6,29%

Zona da Mata 0,9866 1,0676 1,1997 0,8706 0,9657 1,1100 5,12% 4,20%

Média Estadual - MG 0,9948 1,2223 1,3951 0,8986 1,1235 1,2958 6,29% 6,81%

GOCentro Goiano 0,9906 1,1622 1,3704 0,8829 1,0560 1,2787 8,54% 10,31%

Sul Goiano 0,9484 1,2072 1,4157 0,8375 1,0963 1,2997 14,19% 14,97%

Média Estadual - GO 0,9615 1,1866 1,3748 0,8500 1,0756 1,2659 11,72% 13,06%

BACentro Sul Baiano 0,9284 1,1293 1,2324 0,8164 1,0143 1,1159 5,79% 6,41%

Sul Baiano 0,8003 1,1488 1,3858 0,6931 1,0340 1,2657 0,05% 0,01%

Média Estadual - BA 0,9404 1,1938 1,3576 0,7968 1,0455 1,2060 2,67% 1,34%

MÉDIA NACIONAL - Ponderada 0,9592 1,1751 1,3341 0,8689 1,0744 1,2327 4,93% 5,30%

RJSul Fluminense 0,9611 1,0748 1,3711 0,8899 1,0051 1,3188 13,25% 12,07%

Centro 1,1141 1,2159 1,2453 0,9515 1,0712 1,0808 10,81% 8,90%

Média Estadual - RJ 1,0068 1,1172 1,2473 0,9214 1,0337 1,1662 7,83% 7,39%

MSLeste 0,7595 0,8711 0,9828 0,6300 0,7400 0,8500 3,91% 4,74%

Sudoeste 1,0579 1,1172 1,2275 0,8509 0,9094 1,0181 8,29% 3,32%

Média Estadual - MS 0,9112 1,0239 1,1180 0,7566 0,8520 0,9604 4,91% 2,94%

ESSul Espírito-santense 1,0520 1,1276 1,1635 0,9606 1,0726 1,0798 12,11% 13,50%

Média Estadual - ES 1,0294 1,2359 1,3074 0,9076 1,1244 1,2266 8,93% 10,34%

CE

Sertões Cearenses 1,1449 1,2924 1,3908 1,1001 1,2454 1,3424 0,49% 1,79%

Metropolitana de Fortaleza 1,2027 1,3302 1,3711 1,1824 1,3080 1,3483 -0,50% -0,40%

Centro Sul Cearense 1,0718 1,1488 1,2756 1,0537 1,1295 1,2545 -0,57% -0,77%

Média Estadual - CE 1,1138 1,2361 1,3169 1,0683 1,1890 1,2761 1,82% 2,31%

Page 5: BOLETIM DO LEITE - cepea.esalq.usp.br · dos de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS), o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) registrou que-da acumulada de 3,4% no primeiro bimestre de

5CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

BOLETIM DO LEITE | ABRIL DE 2018 - ANO 24 - Nº 275

LEITE AO PRO

DUTOR

Os preços da maioria dos derivados lácteos acompanhados pelo Cepea registraram novas altas em março, com destaque para o leite UHT e o leite cru negociado entre as indústrias

(spot), com aumentos de 10,3% (média de R$ 2,26/litro) e de 8,7% (R$ 1,27/l), respectivamente, na média Brasil, em relação ao mês anterior. Segundo colaboradores do Cepea, a elevação está atrelada à redução da oferta de matéria-prima no campo. Os baixos preços pagos ao produtor nos últimos meses e as recentes valorizações de insumos utilizados na produção do leite desestimularam produtores. De acordo com a pesquisa diária de preços realiza-da pelo Cepea com o apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), no atacado de São Paulo (prin-cipal mercado consumidor), o avanço do preço médio do leite

UHT entre fevereiro e março foi ainda maior, de 12,3%, atin-gindo R$ 2,30/litro. No entanto, em relação ao mesmo período do ano anterior, esse valor é 13,55% menor. O levantamento aponta que a alta deve continuar em abril, mas em ritmo menor, visto que a demanda pelo produto ainda está em recuperação. O queijo muçarela também se valorizou no mesmo com-parativo, mas em menor intensidade. Em março, o preço médio nacional do produto foi de R$ 14,98kg, 4,6% maior que o do mesmo período do ano anterior; frente a fevereiro de 2017, no en-tanto, ainda esteve 3,69% abaixo. Segundo o levantamento diário da muçarela no atacado de São Paulo, até a primeira quinzena de abril, o preço médio da muçarela está oscilando, e agentes en-contram dificuldades em manter negociações a preços atrativos.

Menor oferta da matéria-prima mantém preços em alta

DERI

VADO

S

Por Lucas Ribeiro e Munira Nasrrallah

Fonte: Cepea-Esalq/USP e OCB.Nota: Médias mensais obtidas de cotações diárias.

Fonte: Cepea-Esalq/USPNota: Valores reais, deflacionados pelo IPCA de março/2018.

Variações em termos reais (de� acionados pelo IPCA de março/2018)Cotação diária - atacado do Estado de São Paulo

Média de preços em março/18

Variação (%) em relação amarço/17

Variação (%) em relação a fevereiro/18

Leite UHT R$ 2,3003/litro -13,55% 12,30%

Queijo muçarela R$ 14,9834/kg -3,69% 4,60%

Preços médios (R$/litro ou R$/kg) praticados no mercado atacadista e as variações no mês de março/18 em relação a fevereiro/18

ProdutoGO MG PR RS SP Média Brasil

Fev Mar % Fev Mar % Fev Mar % Fev Mar % Fev Mar % Fev Mar %

Leite pasteurizado 2,19 2,20 0,53% 1,95 1,97 1,21% 1,88 1,90 1,11% 2,59 2,34 -9,81% 2,21 2,18 -1,36% 2,10 2,12 0,74%

Leite UHT 2,15 2,32 8,18% 1,93 2,15 2,08 2,28 9,45% 2,06 2,29 11,48% 2,03 2,26 11,56% 2,07 2,26 9,05%

Queijo prato 16,45 17,13 4,14% 19,48 19,47 -0,07% 14,94 15,08 0,97% 14,97 15,70 4,89% 16,86 17,10 1,42% 16,24 16,90 4,06%

Leite em pó int.(400g) 15,25 14,30 -6,22% 15,64 15,60 -0,27% 17,22 16,06 -6,72% 17,34 16,62 -4,12% 14,87 13,64 -8,26% 15,84 15,24 -3,77%

Manteiga (200g) 24,29 24,44 0,61% 24,44 24,67 0,94% 22,19 22,47 1,26% 23,65 23,89 1,02% 23,70 24,64 3,95% 23,59 24,02 1,83%

Queijo muçarela 15,30 15,55 1,66% 16,71 17,09 2,26% 14,54 15,18 4,41% 14,57 15,12 3,75% 13,98 15,19 8,64% 14,99 15,63 4,27%

Page 6: BOLETIM DO LEITE - cepea.esalq.usp.br · dos de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS), o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) registrou que-da acumulada de 3,4% no primeiro bimestre de

6

BOLETIM DO LEITE | ABRIL DE 2018 - ANO 24 - Nº 275

CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

MERCADO

INTERN

ACION

AL

Dé� cit da balança comercial recua 46% no 1º tri em relação a 2017Por Lucas H. Ribeiro e Ana Carolina Vettorazzi

O saldo da balança comercial de lácteos em março foi negativo em 59 milhões de litros em equivalente leite, 21% abaixo do observado em fevereiro. Na comparação

entre os primeiros trimestres de 2017 e deste ano, o recuo é de 46% (Gráfico 1). Essa queda no déficit se deu, principal-mente, à diminuição das importações brasileiras, que caíram 47,6% nos três primeiros meses de 2018. A queda das com-pras, por sua vez, esteve atrelada à manutenção da demanda enfraquecida e ao baixo preço dos lácteos no mercado inter-no. O volume total de lácteos internalizado pelo Brasil foi de 64,3 milhões de litros em equivalente leite em março, baixas de 20,4% frente a fevereiro e de 44,7% na comparação com o terceiro mês de 2017. Os dados são da Secex. Os principais lácteos comprados pelo Brasil em mar-ço foram o leite em pó e os queijos, provenientes, majorita-riamente, da Argentina e do Uruguai. Os leites em pó tiveram participação de 63,2% nas importações em março, com 40,6 milhões de litros em equivalente leite. O volume comprado re-cuou 32,9% na comparação com o mês passado, e 55% frente

a março de 2017. No acumulado do primeiro trimestre, o total de leite em pó importado foi 54,9% menor que o do mesmo período do ano passado. Com relação aos queijos, o volume internalizado em março foi de 22,4 milhões de litros em equivalente leite, 20,8% maior do que em fevereiro. Apesar disso, comparando-se o pri-meiro trimestre de 2018 com o do ano passado, registrou-se recuo de 21,5% nas importações desse lácteo, devido, sobre-tudo, à elevação de 33,7% no preço em dólares por quilo no mesmo período. Quanto às exportações de lácteos, somaram 5,2 mi-lhões de litros em equivalente leite em março, com destaque para os queijos, com 55,2% de participação, seguidos do leite condensado, com 22,8%, e do leite fluido, com 17,9%. O total de queijos enviados ao mercado internacional em março foi de 2,9 milhões de litros em equivalente leite, que foram exporta-dos, principalmente, para o Chile (21,5%), Rússia (19,2%) e Argentina (19%). Considerando-se o acumulado do trimestre, o total enviado em 2018 foi 7,7% maior do que em 2017.

Notas: (2). Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite. Fonte: Secex / Elaboração: Cepea.

Notas: (1). Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros.Fonte: Secex / Elaboração: Cepea.

1 A categoria “leites em pó” considera os seguintes NCM definidos pela Secex: 4021010; 4022110; 4021090.² A categoria “queijos” considera os seguintes NCM definidos pela Secex: 04061010; 04061090; 04062000; 04063000; 04064000; 04069010; 04069020; 04069030; 04069090.

Tabela 1 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹ - MARÇO/18

Produto Volume (mil

litros de leite)

março/18 - fevereiro/18

Participação no total im-portado em março/18

março/18 – março/17

Total 64.285 -20,4% - -44,7%

Leite em pó (integral e desnatado)

40.652 -32,9% 63,2% -55,0%

Queijos 22.378 20,8% 34,8% -5,5%

Manteiga 1.034 22,9% 1,6% 7,5%

Leite modificado 13 -97,6% 0,02% -98,5%

Total acumulado jan-mar/2018 frente ao mesmo período de 2017: -47,6%

Tabela 2 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹ - MARÇO/18

Produto Volume (mil

litros de leite)

março/18 - fevereiro/18

Participação no total ex-portado em março/18

março/18 – março/17

Total 5.254 -19,5% - -63,9%

Leite em pó (integral e desnatado)

64 -21,1% 1,2% 387,2%

Leite condensado 1.196 -52,3% 22,8% -85,6%

Queijos 2.901 9,4% 55,2% 3,6%

Leite modificado 24 -96,2% 0,5% -99,2%

Leite fluido 942 58,5% 17,9% 58,6%

Total acumulado jan-mar/2018 frente ao mesmo período de 2017: -61,5%

CUST

OS

DE P

RODU

ÇÃO

Grá� co 1 - Importações, exportações e saldo da balança comercial de lácteos brasileira

-200

-150

-100

-50

0

50

100

150

200

jan

/17

mar

/17

mai

/17

jul/

17

set/

17

no

v/17

jan

/18

mar

/18

Milh

õe

s d

e li

tro

s e

m e

qu

ival

en

te l

eit

e

Total - Exportação Total - Importação Saldo Balança Comercial

-355 Mi Litros Eq-Leite

-192 Mi Litros Eq-Leite (-46% em rel. a 2017)

Page 7: BOLETIM DO LEITE - cepea.esalq.usp.br · dos de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS), o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) registrou que-da acumulada de 3,4% no primeiro bimestre de

7CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

BOLETIM DO LEITE | ABRIL DE 2018 - ANO 24 - Nº 275

MERCADO

INTERN

ACION

AL CUST

OS

DE P

RODU

ÇÃO

Alta no milho traz apreensão à atividade leiteira

Por Caio Monteiro

Março foi marcado pelo movimento de alta nos preços do milho e, consequen-temente, pela preocupação de parte dos

produtores com os custos do setor leiteiro. Com-parando-se as médias de fevereiro e de março deste ano, os preços do milho subiram 19,2%, em média, nos estados de GO, MG, PR, RS, SC e SP. Essa valorização influencia diretamente os de-sembolsos mensais da atividade leiteira e dificulta o fluxo de caixa das propriedades. Os gastos com o concentrado podem representar até 40% dos custos operacionais efetivos das propriedades. Na “média Brasil”, calculada pelo Ce-pea, que engloba BA, GO, MG, PR, RS, SC, e SP, houve piora significativa na relação de troca do leite frente ao concentrado com 22% de prote-ína bruta. Em março do ano passado, eram ne-cessários 41,12 litros de leite para adquirir uma saca de 40 kg do produto e, no mesmo mês deste ano, essa relação está em 49,45 litros. Por outro lado, com a recente recupera-ção no preço do leite pago ao produtor e a que-

da na cotação de alguns insumos, algumas rela-ções de troca ficaram mais favoráveis ao produtor. É o caso dos detergentes, usados para limpeza e manutenção dos equipamentos de ordenha. No primeiro trimestre de 2018, houve melhora na relação de troca entre o detergente e o leite em GO, MG, SP e RS. Outro exemplo é o arame liso: em janeiro/18, eram necessários 358 litros de lei-te para adquirir um rolo de 1.000 metros do in-sumo em MG; hoje, a relação está em 320 litros. ALIMENTAÇÃO – Com a aproximação da entressafra, período em que há menor produti-vidade das pastagens na região central do Brasil, o foco da maioria das propriedades leiteiras está na alimentação e na consequente manutenção da produtividade dos rebanhos. Nesse período, produtores costumam aumentar a suplementa-ção na dieta dos animais e iniciam o fornecimen-to da silagem produzida no verão. Vale ressaltar a importância da racionalidade na formulação e no fornecimento das dietas, a fim de se evitar desper-dícios e perdas, reduzindo os custos de produção.

Page 8: BOLETIM DO LEITE - cepea.esalq.usp.br · dos de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS), o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) registrou que-da acumulada de 3,4% no primeiro bimestre de

8

BOLETIM DO LEITE | ABRIL DE 2018 - ANO 24 - Nº 275

CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

PARA RECEBER O BOLETIM DO LEITE DIGITAL: Encaminhe-nos um e-mail para

[email protected] com os seguintes dados: nome, e-mail para cadastro, endereço completo e telefone

ENVIE SUAS DÚVIDAS E SUGESTÕES: Contato: [email protected]

Acompanhe mais informações sobre o mercado de leiteem nosso site: www.cepea.esalq.usp.br/leite

MILHO: Apesar de fraca demanda, preços seguem em alta

Os preços de milho continuam em elevação no mercado brasileiro em boa parte das regiões acompanhadas pelo Ce-pea. Na primeira quinzena de abril, produtores seguiram cautelosos, devido às preocupações quanto à oferta de milho nos próximos meses. Compradores, por sua vez, negociam apenas lotes pontuais, para se abastecer no curto prazo.

Assim, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores subiram 0,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 1,8% no de lotes (negociações entre empresas) no acumulado da primeira quinzena de abril. Esse cená-rio é reflexo da baixa disponibilidade de milho em regiões consumidoras, como Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Por outro lado, especificamente na região de Campinas (SP), região de referência para o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, o recuo foi de 1,1% na parcial do mês, fechando a R$ 39,92/sc da 60 kg no dia 13. A queda na primeira quinzena esteve atrelada à pressão da ponta compradora, que segue se limitando às aquisições de lotes pontuais. Em março, o Indicador teve média de R$ 41,37/sc de 60 kg, 19% maior que a de fevereiro. Nas principais regiões brasileiras, o clima está favorável para a colheita da tempora-da de verão e o semeio da segunda safra, que estão na fase final. No Paraná, a área do cereal colhi-do somou 73% até 9 de abril, segundo dados do Seab/Deral. Para a segunda safra, com toda a área já semeada, as boas condições seguem em 99% das lavouras. A preocupação até meados de abril foi o cli-ma seco em algumas regiões, visto que, caso esse cenário persista, a produtividade pode ser prejudicada. No Rio Grande do Sul, após o atraso por conta do excesso de chu-vas, a colheita foi intensificada, atingindo 85% da área até o dia 12, segundo a Emater/RS.

FARELO DE SOJA: Menor oferta na Argentina e demanda elevada mantêm preços elevados

Na primeira quinzena de abril, o prêmio de exportação e os preços domésticos de fa-

relo de soja foram impulsionados pela maior demanda, tanto interna quanto exter-

na. O cenário altista se deve também às expectativas de menor oferta na Argentina,

principal exportador mundial de farelo de soja e o terceiro maior produtor mundial do grão.

Com menor oferta interna, a Argentina terá, inclusive, que importar soja em

grão para processamento e cumprimento dos contratos de farelo e óleo já efetivados. O

USDA estima que a Argentina deve processar 41,2 milhões de toneladas da oleagino-

sa nesta temporada, redução de 4,8% sobre a anterior, resultando em apenas 31,6 mi-

lhões de toneladas de farelo. Se confirmada, será a menor produção das últimas três safras.

Com isso, as indústrias brasileiras têm expectativa de ganhar espaço nas comercializações

internacionais do derivado. Nesse cenário, o prêmio de exportação do farelo de soja em Paranaguá (PR),

para embarque em maio/18, teve vendedor a US$ 14/tonelada curta no dia 13 de abril, maior que os

-US$ 3/tonelada curta ofertados no último dia útil de março. Isso resultou em alta de 5,8% nos preços do

farelo de soja no mercado brasileiro, considerando-se a média das regiões acompanhadas pelo Cepea.

Por Carolina Camargo Nogueira Sales

MIL

HO E

FAR

ELO

DE

SOJA

jan/18 32,70

fev/18 34,76

mar/18 41,37

1ª quinzena de abril

40,69

(R$/sc de 60 kg)

jan/18 1.004,88

fev/18 1.115,87

mar/18 1.211,72

1ª quinzena de abril

1.265,16

(R$/tonelada)

Fonte: Cepea-Esalq/USP.

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Por Raphaela Spolidoro