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BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ANO VIII N° 02- MARÇO- ABRIL2015 EDITORIAL Adilson do Nascimento Existe um tema recorrente na mídia atual que você tan- to ouve no rádio, lê em jornais e revistas ou vê pela televisão: CORRUPÇÃO! Ao contrário de ÉTICA, conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na socie- dade, a corrupção abrange uma série de atos fraudulentos que vão desde o suborno, à propina, ao nepotismo, extorsão e trá- fico de influência, mantendo relação intrínseca com o desvio da função pública, em benefício do pessoal. Alguns entendidos consideram que a corrupção, no Brasil, seja o mal do século. Obviamente, não comungo dessa opinião. Como se sabe, a corrupção em nosso País é histórica e remonta à época da colonização, tendo início nos primeiros anos do século XVI. O primeiro registro de corrupção no Brasil tem data de 1º de maio de 1500, quando Pero Vaz de Caminha, em carta a D. Manuel, Rei de Portugal, dando-lhe detalhes da descoberta da nova terra, a seu modo de ver uma ilha, Ilha de Vera Cruz, também lhe rogava que fizesse retornar à corte o seu genro, Jorge Osório, que havia sido degredado em São Tomé, acusa- do de assalto à mão armada. Depois de aqui instalados alguns portugueses, a coroa deportava para cá, não só aqueles que haviam cometido na corte delitos como o adultério e cafetinagem, mas, também, indivíduos com crimes mais gra- ves como ladrões e homicidas. Portugal tinha necessidade de mandar mais e mais gente, para aqui exercer as mais diversas atividades. A caravana de Tomé de Souza, por exemplo, trou- xe quatrocentos degredados. Aqui eles ficavam soltos, obriga- dos a promover o próprio sustento. Para administrar a colônia, Portugal não encontrava entre os membros da coroa quem se dispusesse a viver além-mar. Portanto, para convencer um fi- dalgo a que atravessasse o oceano, concedia-se permissões, oferecia-se vantagens, inclusive para usar a terra a seu crité- rio, sem quaisquer vigilâncias e subordinações, unificando-se, assim, as pessoas ao poder. A criação das chamadas Capitani- as Hereditárias pelo Rei D. João III, em 1534, foi outro fator gerador de corrupção, quando os donatários, pessoas aquinhoadas e de confiança do Rei, tratavam as terras que pertenciam ao Estado como se fossem suas. Outro fato que fez eclodir a corrupção foi a escravidão, pois, a relação capital e trabalho era livre e sem obediência a qualquer órgão regula- dor, além do que o tráfico de escravos africanos era conside- rado normal, apesar de denúncias de autoridades internacio- nais. Na Inconfidência Mineira um caso conhecido de corrupção vem do inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, que trabalhava como ouvidor em Vila Rica – cargo abaixo apenas do gover- nador. Abusando da sua autoridade, manteve preso, sem julga- mento, por quatro anos, um desafeto, fraudou um balancete da Câmara Municipal para proteger o presidente, seu amigo Cláu- dio Manoel da Costa e promoveu farta distribuição de proprie- dades rurais. Com o fracasso do movimento e condenação de Tiradentes à forca, Tomás Gonzaga foi deportado para a África. Lá se tornou juiz interno da alfândega de Moçambique e aceitava suborno para facilitar o tráfico de escravos. Foi, porém, durante os governos republicanos que a corrupção se intensificou. Na República Velha (1889/1930), entre ou- tras formas, ela se mostrou evidente por meio das oligarqui- as e da prática da chamada “degola”. Se um candidato estranho ao grupo dos coronéis obtivesse vitória, sua posse era impedida e ainda que derrotado, outro assumia, por ser apadrinhado. Na Era Vargas (1930/1945), Getúlio foi derru- bado sob a acusação de ter criado um “mar de lama” no Catete, chegando ao fim da sua ditadura de quinze anos, acusado de corrupção, despotismo e desrespeito pela coisa pública. Na República Populista (1945/1964), de novo Ge- túlio fora novamente acusado, dessa vez, de favorecer o jornal Última Hora, com dinheiro público, resultando em pres- sões que o levaram ao suicídio. Juscelino Kubitschek, pela construção de Brasília, mudança da Capital, caso Panair do Brasil, entre outros. Nesses governos, a corrupção se mani- festava, ainda, por meio do voto de cabresto, uma prática desde a República Velha – quando os políticos eram eleitos por imposição dos coronéis, com as chamadas “marmitas” (um pacote de cédulas previamente preparadas pelos pode- rosos). Na Ditadura Militar (1964/1985) surgiram novos in- dícios como: governadores biônicos, Lutfalla, Camargo Corrêa, GE, Capemi, Coroa-Brastel, Itaipu. Na Nova Re- pública (1985 até hoje) a corrupção ganhou contornos incal- culáveis: governo Sarney (anões do orçamento, Ferrovia Norte-Sul), Fernando Collor (impeachment), FHC (privatizações, Sivam, Proer), Lula (mensalão) e Dilma Rousseff (petrolão). Um dos grandes males que conspira a favor da proliferação da corrupção é a cultura da impunida- de, associada à degradação dos costumes, embora, nos dias atuais, não se possa negar que a criação da CGU; a moder- nização e independência da Polícia Federal; o fortalecimen- to do Ministério Público, com o Procurador Geral da Repú- blica sendo escolhido pela própria categoria; o Portal de Transparência; a Lei de Acesso à Informação; a Super Receita; o COAF; o CADE e a imprensa livre vêm comba- tendo a corrupção de forma sistemática. Apesar disso sa- bemos que existe uma corrupção institucionalizada, quando os beneficiários dos desvios do dinheiro público, geralmente políticos graduados e empresários renomados, procuram por meio dos seus advogados, regiamente remunerados, se des- vencilharem das imputações, através de um único argumento: “não há prova”. Outra forte razão para que se prolifere a corrupção no Brasil é que a população, mais humilde, pade- cendo de analfabetismo político, não percebe que a corrupção inviabiliza o desenvolvimento do País, prejudicando a evolu- ção da segurança pública, da saúde e da educação, entre outros benefícios sociais.

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ANO VIII N° 02- MARÇO- ABRIL2015

EDITORIALAdilson do Nascimento

Existe um tema recorrente na mídia atual que você tan-to ouve no rádio, lê em jornais e revistas ou vê pela televisão:CORRUPÇÃO! Ao contrário de ÉTICA, conjunto de valoresmorais e princípios que norteiam a conduta humana na socie-dade, a corrupção abrange uma série de atos fraudulentos quevão desde o suborno, à propina, ao nepotismo, extorsão e trá-fico de influência, mantendo relação intrínseca com o desvioda função pública, em benefício do pessoal. Alguns entendidosconsideram que a corrupção, no Brasil, seja o mal do século.Obviamente, não comungo dessa opinião. Como se sabe, acorrupção em nosso País é histórica e remonta à época dacolonização, tendo início nos primeiros anos do século XVI. Oprimeiro registro de corrupção no Brasil tem data de 1º demaio de 1500, quando Pero Vaz de Caminha, em carta a D.Manuel, Rei de Portugal, dando-lhe detalhes da descoberta danova terra, a seu modo de ver uma ilha, Ilha de Vera Cruz,também lhe rogava que fizesse retornar à corte o seu genro,Jorge Osório, que havia sido degredado em São Tomé, acusa-do de assalto à mão armada. Depois de aqui instalados algunsportugueses, a coroa deportava para cá, não só aqueles quehaviam cometido na corte delitos como o adultério ecafetinagem, mas, também, indivíduos com crimes mais gra-ves como ladrões e homicidas. Portugal tinha necessidade demandar mais e mais gente, para aqui exercer as mais diversasatividades. A caravana de Tomé de Souza, por exemplo, trou-xe quatrocentos degredados. Aqui eles ficavam soltos, obriga-dos a promover o próprio sustento. Para administrar a colônia,Portugal não encontrava entre os membros da coroa quem sedispusesse a viver além-mar. Portanto, para convencer um fi-dalgo a que atravessasse o oceano, concedia-se permissões,oferecia-se vantagens, inclusive para usar a terra a seu crité-rio, sem quaisquer vigilâncias e subordinações, unificando-se,assim, as pessoas ao poder. A criação das chamadas Capitani-as Hereditárias pelo Rei D. João III, em 1534, foi outro fatorgerador de corrupção, quando os donatários, pessoasaquinhoadas e de confiança do Rei, tratavam as terras quepertenciam ao Estado como se fossem suas. Outro fato quefez eclodir a corrupção foi a escravidão, pois, a relação capitale trabalho era livre e sem obediência a qualquer órgão regula-dor, além do que o tráfico de escravos africanos era conside-rado normal, apesar de denúncias de autoridades internacio-nais. Na Inconfidência Mineira um caso conhecido de corrupçãovem do inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, que trabalhavacomo ouvidor em Vila Rica – cargo abaixo apenas do gover-nador. Abusando da sua autoridade, manteve preso, sem julga-mento, por quatro anos, um desafeto, fraudou um balancete daCâmara Municipal para proteger o presidente, seu amigo Cláu-dio Manoel da Costa e promoveu farta distribuição de proprie-dades rurais. Com o fracasso do movimento e condenação de

Tiradentes à forca, Tomás Gonzaga foi deportado para aÁfrica. Lá se tornou juiz interno da alfândega de Moçambiquee aceitava suborno para facilitar o tráfico de escravos. Foi,porém, durante os governos republicanos que a corrupçãose intensificou. Na República Velha (1889/1930), entre ou-tras formas, ela se mostrou evidente por meio das oligarqui-as e da prática da chamada “degola”. Se um candidatoestranho ao grupo dos coronéis obtivesse vitória, sua posseera impedida e ainda que derrotado, outro assumia, por serapadrinhado. Na Era Vargas (1930/1945), Getúlio foi derru-bado sob a acusação de ter criado um “mar de lama” noCatete, chegando ao fim da sua ditadura de quinze anos,acusado de corrupção, despotismo e desrespeito pela coisapública. Na República Populista (1945/1964), de novo Ge-túlio fora novamente acusado, dessa vez, de favorecer ojornal Última Hora, com dinheiro público, resultando em pres-sões que o levaram ao suicídio. Juscelino Kubitschek, pelaconstrução de Brasília, mudança da Capital, caso Panair doBrasil, entre outros. Nesses governos, a corrupção se mani-festava, ainda, por meio do voto de cabresto, uma práticadesde a República Velha – quando os políticos eram eleitospor imposição dos coronéis, com as chamadas “marmitas”(um pacote de cédulas previamente preparadas pelos pode-rosos). Na Ditadura Militar (1964/1985) surgiram novos in-dícios como: governadores biônicos, Lutfalla, CamargoCorrêa, GE, Capemi, Coroa-Brastel, Itaipu. Na Nova Re-pública (1985 até hoje) a corrupção ganhou contornos incal-culáveis: governo Sarney (anões do orçamento, FerroviaNorte-Sul), Fernando Collor (impeachment), FHC(privatizações, Sivam, Proer), Lula (mensalão) e DilmaRousseff (petrolão). Um dos grandes males que conspira afavor da proliferação da corrupção é a cultura da impunida-de, associada à degradação dos costumes, embora, nos diasatuais, não se possa negar que a criação da CGU; a moder-nização e independência da Polícia Federal; o fortalecimen-to do Ministério Público, com o Procurador Geral da Repú-blica sendo escolhido pela própria categoria; o Portal deTransparência; a Lei de Acesso à Informação; a SuperReceita; o COAF; o CADE e a imprensa livre vêm comba-tendo a corrupção de forma sistemática. Apesar disso sa-bemos que existe uma corrupção institucionalizada, quandoos beneficiários dos desvios do dinheiro público, geralmentepolíticos graduados e empresários renomados, procuram pormeio dos seus advogados, regiamente remunerados, se des-vencilharem das imputações, através de um único argumento:“não há prova”. Outra forte razão para que se prolifere acorrupção no Brasil é que a população, mais humilde, pade-cendo de analfabetismo político, não percebe que a corrupçãoinviabiliza o desenvolvimento do País, prejudicando a evolu-ção da segurança pública, da saúde e da educação, entreoutros benefícios sociais.

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Notícias & comentários

Aconteceu, acontecendovai acontecer...

Existem pessoas que deixam Gouveia parasempre. Nem querem se lembrar mais dela.Mas há pessoas que levam a memória deviver em Gouveia por onde andarem.É para estas pessoas que nosso Doutor Wal-dir sonhou a fundação da AFAGO - Associ-ação dos Filhos e Amigos de Gouveia. Nós,seus seguidores, honramos a mensagem doDoutor Waldir.Vejam nestas páginas a presença deGouveia.Convocamos também os jovens residentesem Belo Horizonte e adjacências a se asso-ciarem a nós. Todos temos muito a oferecere compartilhar com nossa amizade. Apoioao estudo, ao trabalho e à alegria

Vem ai a KobufestAtenção para a enquete que Afrânio Gomes está pro-movendo. Esperamos que esse evento anual seja me-lhorado sempre em proveito de nossa Gouveia comoa grande festa de clebração de nossa comunidade.Avaliações do Ministério da Cultura constatam queos municípios gastam mais do que ganham com a pro-moção desses eventos.

Semana Literária e V Prê-mio Afago de Literatura

Agradecimentos ao Paulo Vieira pela cobertura com-pleta da Semana Literária e do V Prêmio Afago deLiteratura.

Festa na Praça.

Chá Literário: Comissão da Festa

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Celebrando o Cobu e nossa história

Acolhida dos Anfitriões Gentileza e espontaneidade

Todos somos poetas

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Notícias & comentários

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V Prêmio Afago de Literatura

Distinto Público

Público Atencioso

Mesa composta para apreciação dos trabalhos

Número artístico: alunos do conservatório Lobo deMesquita

Comissão local de avaliação

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Trabalhos premiados.Foram encaminhados 69 textos para serem selecionadospara apresentação pública 18 - três de cada escola -. Otexto com melhor avaliação em cada estabelecimento re-cebeu o prêmio de R$1.000,00 e o que se sobressiu detodos mereceu dois prêmios do mesmo valor: um por ser omelhor da escola e outro por ter sido considerado desta-que.Foi a seguinte a contribuição de cada escola:Escola Estadual “Aurélio Pires” - 27 trabalhosEscola Estadual “Ciro Ribas” - 7 trabalhosEscola Estadual “Joviano de Aguiar” - 10 trabalhos

Escola Municipal “João Baiano” - 10 trabalhosEscola Estadual “Augusto Aires da Mata Machado” - 6trabalhosEscola Municipal “Zezé Ribas” - 9 trabalhosO prêmio maior foi a distribuição de um Certificado deParticipação no concurso conferido a cada aluno e a cadaprofessor orientador dos trabalhos assinado pela senhoraSecretária Municipal de Educação, Maísa de Fátima doNascimento Dória, e pelo senhor presidente da AFAGO,Adilson do Nascimento.A AFAGO vem estudando constantemente a possibilidadede tornar mais justa esta premição.

ESCOLA ESTADUAL CIRO RIBASAluna:Adriele Thais Pereira dos SantosSérie: 2º ano do Ensino MédioProfessora: Deysiane Maria Assis ZilleDrogasMuitas pessoas julgamQue a droga é uma brincadeiraOu talvez uma diversãoQuando ela é bem verdadeiraSão poucos os que não experimentamEssa obra de SatanásQuem não resistiu lá sabeO mal que essa porcaria fazComeça por ser uma agradável experiênciaMas é tudo ilusãoPerdemos o vazio e até a consciênciaE no fim o coraçãoPrometi a mim mesmaEsse caminho não tomarPor isso decidiQue contra a droga irei lutarDrogas digam nãoToma em sua vidaUma boa decisão.

Aluna: Jéssica Estéfane de Souza AlvesSérie: 2º ano do Ensino MédioProfessora: Deysiane Maria Assis ZilleLembranças EternasQuando o sol batia na janela e o galo cantava no terreiro, elejá estava de pé, o café já estava passado, bebia em um golesó. Tinha pressa, pois a lida começava cedo e durava o diainteiro.Pela estrada de chão ia, quem via achava que era o mesmomenino que um dia saiu da Bahia para Minas na esperançade mudar de vida. Suas mãos grossas, a pele de um morenobonito quase dourado, queimado pelo sol. Muito sofrido pelascoisas do tempo, mas seus olhos brilhavam como uma crian-ça pequena, sorrisos não, gargalhadas, era feliz vivendo as-sim na simplicidade. Nem sequer pensava em reclamar. Anoite chegava e com ela a vontade de voltar para casa, ondea esposa amorosa e seus filhos o esperavam na frente dacasinha de sapé.Quando ele apontava, as crianças corriam quase brigavamentre si.- Papai, papai! Gritava o mais novo puxando a barra da saiada mãe.Vencia o cansaço, tinha braços fortes, carregava a todos,brincava. Às vezes, raras e ótimas vezes, trazia no bolso ba-las, em um lindo papelzinho dourado que comprava em umavendinha na beira da estrada. Então caia a noite, antes dojantar agradecia o alimento que havia com fartura à mesa,homem de muita fé. Assim logo depois todos para a camasem pestanejar mandavam só de olhar, quando era precisoera autoritário.Sempre o último a dormir, mas o primeiro a levantar. Chefede família tem quetrabalhar, pois as contas sempre chegam no final do mês. Equando amanhecia sempre começava tudo outra vez.E por falar em tempo assim dizia a minha mãe, se o seu avôtivesse aqui ia falar que já era hora de criança dormir.As luzes se apagam, mas acendem as lembranças, memóri-as!!!Essas sempre serão eternas em meu coração.Saudades vovô!

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V Prêmio Afago de LiteraturaESCOLA ESTADUAL CIRO RIBASAluna: Priscila dos Santos PintoSérie: 9º ano do Ensino FundamentalProfessora: Mislaia Fernandes da Silva

Cabelos ao VentoNuma tarde escura,Com o barulho da chuvaE das folhas secas, eu me encontrei.Com aquele vento,Cada momento eu compartilheiMe senti sozinha, naquela tarde friaMas ao romper do dia, tudo mudou.Senti meus cabelos a voarem soltos.E o vazio tampouco se preencheuCabelos ao vento, cobriu meu pensamento,Naquela noite fria.Pensei se deixava-os soltos,A se espalharem aos poucos, ou se os prendiaMas deixei-os livres, para que com o vento forte,Consigo me levassem. Prêmio AFAGO

ESCOLA ESTADUAL JOVIANO DE AGUIARAluna: Natália CristinaAno/Turma: 3º ano 06Idade: 16 Anos

Redução da Maioridade Penal

Hoje no Brasil, vivemos um momento de extrema polêmica arespeito da diminuição da maioridade penal para 16 anos.Idade em que o jovem já pode votar, ou seja participar dofuturo do país. Opiniões diversas são formadas acerca dotema e são expressas no congresso, fato este normal em umpaís democrático. Crimes bárbaros devem sim ter punição,ninguém tem por obrigação ver o assassino do seu pai, ou oestuprador da sua irmã, livre como qualquer cidadão normal.Vivemos em um país que permite que um jovem de 16 anosvote, e comece a participar da vida política do país.Logicamente isso deixa explícito a opinião das autoridadesem relação à maturidade desse mesmo adolescente. É aíque vemos o contraste das leis, se um adolescente é maduropara votar, por conseguinte será também para arcar comseus feitos e ver o “sol nascer quadrado” como qualqueroutro criminoso. Crimes hediondos assolam o país, um jornalqualquer te faz ficar perplexo diante de tantas atrocidades.Não adianta nós iludirmos e pensarmos que como em umpasse de mágica a violência no Brasil terá fim!Alguma atitude, seja ela qual for tem que ser tomada, nãopodemos ser covardes a pode de ver a injustiça e o atrasoreinando no país e ficarmos calados, pois já diz o ditado “quem

cala consente”, e creio que ninguém quer consentir coma impunidade e a injustiça.Sou totalmente a favor da redução. Os jovens cometemcrimes e não pensam duas vezes, fato normal pois elesvivem em um país apto a defendê-los alegando que elesnão podem ir para a cadeira, pois ainda não têm noção doque fazem. Um atraso vergonhoso para o Brasil, vistoque em outros países esse problema já foi resolvido.“Reduz Brasil”, esse é o grito doloroso das mães queperderam seus filhos de forma bárbara, e viram osassassinos da pessoa que mais amavam soltas por aítirando proveito da sua linda e falsa liberdade.

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V Prêmio Afago de LiteraturaAluna: Larissa Estefany Vieira dos SantosAno/Turma : 2º Ano 09Idade: 15 Anos

Anjos da noite

Todas as vezes que passo por essa rua, não posso deixar deme emocionar. As lembranças retornam como se tudo esti-vesse acontecendo nesse exato instante.Era madrugada de sábado para domingo, por volta de umahora. Voltava do aniversário de um amigo e como estavamuito cansado decide pegar um atalho pelo beco da Glória.Quando me aproximava da entrada do beco, ouvi grunhidos egritos de pare e socorro.Corri para ver do que se tratava e me deparei com a cenamais horrível e inesquecível da minha vida. Três brutamontes,com casacos pretos e encapuzados, esmurrando e chutandouma dupla de rapazes, que estavam estirados e agonizandono chão.A adrenalina se espalhou pelo meu corpo. Eu estava prontopara correr. Mas a minha consciência me impedia de veruma situação como aquela e ignorar. Pesquei meu telefoneno bolso e leguei para a polícia, já correndo ao encontro dosbandidos.Com uma coragem e determinação desconhecidas. Avanceicom toda força sobre eles, que momentaneamente se assus-taram mas logo se dirigem a mim. Os três vieram em minhadireção. Então um deles, o mais esguio disse:-O que foi moleque? Veio defender as bichonas?O desprezo gotejava em sua voz ao terminar a sentença, oque só me impulsionava ainda mais a ir para cima deles. Masclaro, três contra um é uma luta drasticamente desigual. Co-mecei a sofres muitos danos, mas resisti por tempo suficien-te. Quando ouvi a sirene da viatura policial, aquilo foi comoouvir a melodia mais gloriosa de toda a terra. O policial anun-ciou:-Mãos ao alto! -E eles não tiveram como fugir, pois haviauma viatura em cada entrada do beco. Só então me deixeilevar e cede, indo em direção ao chão.Acordei algum tempo depois no hospital. Desmaiei e fiqueiinconsciente por quatro horas. Ao despertar, reconheci osdois jovens agredidos nos leitos ao meu lado. Estavam muitoferidos, mas segundo a enfermeira iriam se recuperar logo.Quando despertaram, sucumbiram às lagrimas e iniciaramum lamento constante em agradecimento:-Muito obrigado! Devemos nossas vidas a você!E então eu disse:-Não, não devem nada a mim. Só sou alguém que não supor-ta a intolerância, o preconceito. Só fiz minha parte. Agradeçaaos anjos, que ouviram meu chamado,aqueles que dão sua vida para proteger a nossa. Aos anjos danoite.

Aluna: Larissa Fagundes de Oliveira (6º ano)Professora: Desirê Adrienne de OliveiraCategoria: Poema

COISAS QUE ME DEIXAM FELIZ

Levantar cedinhoE tomar um cafezinhoOrganizar o materialOba! A semana será legal!Fim de semana,Ir ao sítio da vovóPegar laranja no pé,Fazer suco e depois picolé.Chuvinha caindo no telhado,Ligar a tevê e assistirDesenho animado.Aos domingos ensolaradosPedir o papai uns trocados,Sair com os amigosJogar pedrinhas nos telhados

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V Prêmio Afago de Literatura

ESCOLA ESTADUAL AURÉLIO PIRES

Aluno: Igor Alberdan dos Santos SilvaProfessora: Sumara Kênia Leão de Oliveira MarquesTurma: 9º ano 02

ONDE ESTÁS?Fico triste quando não estás pertoSaudade, sentimento que machucaHoras que não passamE você que não chega.A solidão, está me matandoSaudade, do seu jeito, do seu olharE do seu amor.Amor será eterno.Felicidades, às vezes sintoO que farei, estas tão longe!Nem uma carta, nem um e-mail e nemtelefonema.Onde estás que não responde?

Aluna: Anne Caroline PereiraProfessora: Andreia Aparecida de Almeida NascimentoTurma: 7 ano 01

ÁGUAAnoiteceu o céuVirou cachoeirasde estrelas cadentesao som da minhapoesia, ao sorriso de gente,a lágrimas de muitos.Os som da chuvagotinhas caindo no telhado ...aí eu penso; como a águaé um bem abençoado!Água doce, água suja, enxurradatodas elas devem ser utilizadasMas não é bem assimpor isso, ela pode ter fim.

Aluna: Lariene Pires de Souza Rocha SantosProfessora: Sumara Kênia Leão de oliveira Marques –Turma: 9º ano 01

AINDA SINTO SUA FALTA!!!A vida é feita de altos e baixos, vitórias e perdas, coisasboas e coisas ruis. Eu poderia contar sobre coisas boasque aconteceu na minha vida, mas prefiro contar sobre umfato muito triste que aconteceu, pois a vida não se baseiasomente em alegrias, mas também em tristezas.Eu tinha 9 anos quando perdi meu pai, isso para mim foichoque pois eu era muito apegada a ele. Eu passava maistempo com ele do que com minha mãe. A gente andava acavalo, viajava, brincava. Aquilo tudo para mim eramaravilhoso eu achava que não acabaria nunca. Mas otempo foi passando e as coisas foram mudando. Meu paifoi se tornando uma pessoa triste, calada, pensativa eracomo se ele sentisse que a morte estivesse perto. As vezeseu perguntava à ele o que tinha, então ele olhava para mime as lágrimas corriam no rosto, ele me dizia que sentia queia me deixar logo e me pedia que era para cuidar da minhamãe e da minha irmã. Eu não dava importância para o queele me dizia, talvez pelo fato dele estar ali vivo, eu achavaque, ele, não morreria nunca.

Com o passar do tempo eu vi que ele não estava bem.Minha mãe e ele viviam nos hospitais, ele ficava internadodiariamente. Eles gastavam muito dinheiro com remédios,exames, médicos, mas meu pai a cada dia ficava pior. Osmédicos sempre diziam que ele não tinha mais jeito, poisele tinha muitos problemas no coração, pedra na vesícula,falta de ar. Ele passava várias noites acordado e minha mãesempre ao lado dele fazendo chás. Eu via aquilo tudo e mecortava o coração, pois eu não podia fazer nada para ajudá-lo.Meu pai estava construindo uma casa em Gouveia e queriase mudar para lá, estva tão cheio de planos, projetos. Entãoele resolveu ir se internar no hospital para se tratar e assimque saísse pretendia terminar a casa e se mudar para lá. No dia 17 de Agosto de 2009 em uma segunda, ele resolveuir para o hospital, quando ele estava pegando o ônibus eleme abençoou, me abraçou e me disse que voltariam naquelemomento foi como se ele me dissesse uma coisa mas meumeu coração me contasse outra.Os dias que ele estava no hospital ele estava alegre e aospoucos ia se recuperando. Quando foi no dia 22 em umsábado. O dia amanheceu triste, ventando muito e a mulado meu pai começou a correr pelo pasto muito assustada a

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V Prêmio Afago de Literaturagente estranhou, pois aquilo nunca tinha acontecido. Quandode repente, o celular tocou e disseram que meu pai tinhafalecido, nessa hora eu fiquei sem chão e logo pensei noque ele havia me dito e percebi que ele não voltaria jamais.Apesar de fazer 6 anos que isso aconteceu, eu ainda nãome conformo, aliás ninguém se conforma com a morte. Odia dos pais chega mas eu não tenho meu pai para abraça-lo, beija-lo é muito difícil, então quem tem pai, mãe tem quevaloriza-los pois eles não são para sempre. Apesar de tudoisso eu agradeço a Deus por ele ter me concedido momentosinesquecíveis ao lado do meu pai. E hoje as pessoasperguntam se eu gostava muito dele e eu respondo que eunão gostava não, que eu sempre gostei e ainda gosto, poisele pode não estar aqui comigo mas o que eu sinto por elenão mudar nunca.

Prêmio Afago

Escola Municipal João BaianoProfessora: Geralda Eunice Moreira e RochaAluno: Danieli Wanessa RodrigueS 7º ano

A ÁGUA SEM DESPERDÍCIOEsqueci de fechar a torneiraDe pingo em pingo ela ia escapandoNão posso deixar isso acontecer,Para no futuro não me arrepender!Se achar um vazamentoTerei logo de consertarPois se esse desperdício continuarNo futuro a água poderá faltar.No banho serei rápidaE pouca água irei gastar.Assim estarei contribuindoE ajudando a economizar.Ainda é tempo de melhorarE nossas atitudes modificar.Precisamos nos conscientizarPara a água não faltar.

Aluna: Aline Pereira dos Santos 8º ano

ÁGUAA água é fonte de vidaSem ela não podemos viver,E se um dia ela acabarO que iremos fazer?Temos que preservar as nascentes,Os córregos e os rios também.Porque se a água acabarComo iremos viver?Temos que cercar as nascentesPara os animais não pisoteá-las.Temos que plantar árvoresPara proteger e sombreá-las!A nossa principal açãoDeve ser a conscientização.Porque sem elaToda ação será em vão!

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Aluna: Érica Guedes Pereira de Oliveira 9º ano

BEM PRECIOSO

Em tempos de racionamento paramos para refletir umpouco sobre nosso bem mais precioso, a água.Durante toda nossa vida devíamos ser educados e nos res-ponsabilizar pelos nossos atos. Com tanta água jorrando,acreditávamos que ela era inacabável, então, íamos des-truindo, desmatando, queimando as matas ciliares, polu-indo e assoreando margens de nascentes.Com tanta água ao nosso alcance tínhamos a falsa sensa-ção de que ela era um recurso inesgotável. Vivíamos comuma ideia de abundância que, hoje, passou a ser questio-nada, pois, com o mau uso esse bem natural está ameaça-do.É difícil imaginarmos um futuro seco, sem água mas, sa-bemos também que, com algumas ações diárias e mudan-ças de atitude podemos fazer a diferença. Se reflorestar-mos regiões próximas às nascentes; não jogarmos lixo emrios; lavarmos a calçada e o carro com o balde diminuir-mos o tempo no banho, podemos reverter esta situação.Hoje as palavras de ordem são: economizar, preservar econscientizar, mas sabermos também que a solução de-pende somente de nós.Sendo assim, devemos nos comprometer e estarmos dispos-tos e preparados para sanar esse panorama atual, exercendopapel de cidadão preocupado com a sustentabilidade do nos-so planeta.

Érica premiada pela terceira terceira vez.Eu me senti um doutor Raimundo Nonato

nessa hora

V Prêmio Afago de Literatura

Escola Municipal Professora Zezé RibasAluna: Erica Miliane da SilvaSerie: 8º anoProfessora: Marcileia de Jesus Oliveira Silva

A escassez da águaOs anos vão se passando,devemos nos prevenir,preservar a natureza eparar de destruir.A água é importante,sem ela não há vida,temos que cuidar dela,não temos outra saída.Poupar água: coisa urgente!clara, doce ou salgada,verde, azul ou transparente,sem água não há nada,nem floresta, nem nascente.Para a água não acabar,não podemos desperdiçar.Caso contrário, até a contano fim do mêsira se quadruplicar!

Aluno: Carlos Henrique LeãoSerie: 7º anoProfessora: Marcileia de Jesus Oliveira Silva

Volta ao passadoTodo dia acordo cedinhopara ver a natureza acordar,pelo cerrado vou subindo,vendo o sol tão belo a despertar.Todo dia acordo cedinho,para o ar puro respirar,sentir o perfume do Pau-de-Óleoque faz seu cheiro exalar.Todo dia acordo cedinho,um dia parei pra pensar,pensar que toda esta belezaum dia pode se acabar.Todo dia acordo cedinho,hoje resolvi relembrar,do dia em que em versos falei,da tristeza em que fiquei,ao ver o que temia, deixar de ser fantasia.Todo dia acordo cedinho,

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V Prêmio Afago de Literaturapara o passado relembrar,da agua que era farta,e hoje está em acabar.Todo dia acordo cedinho,no meu banquinho vou sonhar,sonhar que o mundo iria melhorarse os seres humanos voltassem a preservar.

Aluna: Cassiana Aparecida FerreiraSerie: 9º anoProfessora: Marcileia de Jesus Oliveira Silva

Relato de Tristeza

Oi, sou o cerrado!Vou contar a você uma história,falando de minhas belezas,e também de minhas tristezas.Um lado terrível da história.é que estou sendo destruído,a cada dia mais corro perigo.Vejo minha vegetação ser apagada,vejo somente o fogo se espalhar,No passado vivia bem a bicharada:o teiú e o tatu eram bem humorados,andavam para todo lado,agora sem casa para morar,vão para a cidade se refugiar.Meu amigo gato-do-mato,vivia bem animado para sair.Agora está triste,com medo de andar por ai,pois o fogo pra todo lado está.A pobre coãespalha seu triste canto:gente, tomem cuidado!Amanhã será tarde pra salvar,o que um dia foi o berço das aguas.Nada me coloca mais triste,

do que ver um animal a clamar,por ajuda para apagaro fogo que destrói sem pensar,sua casa, seu ninho, seu lar.O que fazerpara este problema resolve?A solução éo homem com a ganância acabar,e na preservação começar a pensar.

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ESCOLA ESTADUAL AUGUSTO AIRES DA MATA MACHADO

V Prêmio Afago de Literatura

Aluna: Ana Laura Miranda.Turma: 9º Ano Safira.

O FIMImagine uma rosa... Uma rosa com pétalas brilhantes. Agoraimagine que as pétalas são o céu, e o brilho são as estrelas.E você está deitado debaixo daquele céu, encantado pelobrilho exuberante das estrelas... Se tivesse a chance, roubariatodas elas para ti?Imagine se tivesse a chance de ter todas as rosas do mundo,para enfeitar seu jardim... Se pudesse ter todas as montanhaspara alegrar seus olhos, toda vez que abrisse a janela... Seconseguisse conquistar as águas para refrescar seu corpo,toda vez que o pegasse em chamas...Se pudesse ter o paraíso todinho só para satisfazer seusdesejos... Se pudesse controlar o clima só para fazer o quequer, na hora que quer... Se conseguisse apagar o sol sempreque quisesse dormir nas tardes de tédio...Faria tudo isso se fosse possível?Bom, se sim, é perda de tempo.As estrelas um dia perderão o brilho, assim como todas asrosas morrerão, as montanhas se desgastarão, a águaacabará e o sol se apagará... Tudo isso é só questão detempo...Não acredita no fim? Seja você mesmo o exemplo. Vocêviverá para sempre? Creio que não.Bom, acredite que pode ter o que quiser em suas mãos,mas não terá nada enquanto em ti reinar o egoísmo... Saibaque tudo aquilo conquista a felicidade, mas acabará, quandochegar o fim de tudo...Mas vem a pergunta: Onde eu quero chegar com tudo isso?Quero chegar à conclusão de que, o que conquista afelicidade é o amor verdadeiro, acompaixão, o caráter. Pois sem isso, o que seria de nós,humanos?

ALUNA: Ana Laura MirandaTURMA: 9º ANO SAFIRA.

PENSE...

Pense!... Onde há vida, há flores. E o que são flores?Nada mais, nada menos que a encarnação da delica-deza.Pense!... Onde há vida, há borboletas. E o que sãoborboletas? Representantes dos sonhos coloridos evoadores.Pense!... Onde há vida, há cores. E o que são cores?São o que fazem os olhos humanos brilharem.Pense!... Onde há vida, há espinhos. E o que são espi-nhos? São obstáculos do caminho da felicidade.Então pense!... No frio sem a nuvem de inverno, narosa sem a água, nas estrelas sem o brilho, os olhosno escuro, no arco-íris sem as cores, no coração semsentimentos, no sorriso sem alegria, no dia sem a noi-te, no homem sem a mulher.E verás que falta amor.Lembre-se, onde há vida, há amor. E o que é o amor?O amor é o plágio da vida; é o que te faz sorrir, quan-do tudo te faz chorar; é o mais lindo dos sentimentos;é o que te mantém vivo. O amor é a parte da felicida-de. Lembre-se: do amor nascemos, de amor morre-mos.

Premiada uma vez Premiada duas vezesBoletim Informativo da AFAGO página 12

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Aluno: Daniel Pablo A’vila Neves.Turma: 7º Ano Âmbar.

EU NÃO SEIIEu não sei quem me abandonouEu não sei quem me revoltouEu só sei que me atormentouIIEu não sei como me envolviEu só sei que preciso saíIIIEu não sei como aguentarEu não sei como suportarEu só sei que preciso superarIVEu não sei como caíEu não sei que rumo seguirEu só sei que preciso reagir

V Prêmio Afago de Literatura

Ana Laura: a festejada da noite

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ArtigosPrêmio AFAGO: um incentivoincompletoJosé Moreira de SouzaA proposta do Prêmio AFAGO foi amadurecida em umafloração temporã.Prezado leitor, você já viu a jabuticabeira de seu quintalflorir no mês de março? Ou a mangueira , nessa mesmaépoca; ou a laranjeira perfumar nossas ruas em agosto?Isto certamente acontece de vez em quando. A quaresmeirado campo floresce na quaresma, mas os laboratórios in-ventaram quaresmeiras que arborizam as ruas e florescemo ano inteiro sem atenção para a celebração da Paixão.Assim surgiu o Prêmio AFAGO. As frutas que resultam deflorações temporãs são escassas e nem sempre têm a mes-ma qualidade das de época. Acontece até mesmo que sur-gem flores que não vingam em frutos.A primeira floração de que brotou o Prêmio Afago surgiude algumas constatações: a primeira delas é de que o muni-cípio de Gouveia é muito maior do que o povoado deGouveia. Devemos essa revelação ao nosso professor dou-tor Raimundo Nonato de Miranda Chaves. Camilinho éGouveia – ele informa quase aos gritos. E continua, PedroPereira, Mandaçaia, Tigre, Riacho dos Ventos, Ribeirão deAreia, Cuiabá, Engenho – da Bilia e da Raquel -, Espinho,Barão do Guaicuí, Ribibiu, Alexandre Mascarenhas, Espi-nho, Caxambu, Rio Grande, Água Parada, Bucaina, Velu-do, Arrozal, Contagem do Galheiro, e até Tombadouro,Fazenda do Capitão Felizardo e Cemitério do Peixe com-põem a Grande Gouveia. A revelação da Grande Gouveiaé constantemente atualizada pelo empenho de nosso dou-tor Raimundo.Certamente, nosso presidente Adilson do Nascimento dirá:e você se esqueceu de São Roberto, a terra do “BiscoitoQueimado”. E Adilson vem atualizando a memória dosmoradores da vila da fábrica São Roberto.A esta constatação adicionou-se o acervo de estudos so-bre essa Grande Gouveia desenvolvidos como trabalhosde conclusão de cursos de graduação, especialização,mestrado e doutorado em cursos universitários.Sem nenhum levantamento sistemático, constatou-se exis-tirem 300 alunos matriculados em cursos universitários re-sidentes em Gouveia; não se fez menção aos que deixaramnossa cidade para estudarem em Belo Horizonte, por exem-plo. O resultado disso é a apresentação anual de algo pró-ximo de vinte estudos sobre Gouveia destacando, lídereslocais como Efigênio, Geraldo Bittencourt, Maria das Do-res Alves – Dôca -, Juscelino Pio Fernandes – CoronelSica -, empreendimentos como a Fábrica de São Roberto,Conferência de São Vicente de Paulo, Banda de Música eatividade musical, atenção à saúde e epidemias; estudossobre o meio ambiente como a formação do solo e do

subsolo; estudos sobre povoados como Cuiabá, Espinho eCemitério do Peixe.Esses trabalhos acadêmicos são praticamente desconheci-dos em Gouveia e isto é um mal. Com efeito, há monografiasdesenvolvidas por alunos que são apenas “deveres de casa”.Mas há muitas de elevada qualidade e que dizem de nóssem nosso conhecimento.Vamos imaginar alguns efeitos. Uma boa monografia não éapenas elogiada pelo professor que a orientou, nem ficarestrita à banca de arguição, nem é apenas do conhecimen-to dos colegas de curso. O fato de ela ser elogiada querdizer que faz parte de uma corrente de estudos que orien-tam ações políticas. Tais ações podem valorizar ou desva-lorizar decisões que serão tomadas tendo em vista o quefoi posto em destaque no estudo. Elas podem fundar cor-rentes de decisões para o bem ou para o mal de Gouveia.Exemplos. Em 1966, o escritório da ACAR – hoje Emater– de Diamantina foi escolhido para uma pesquisa coorde-nada pela Michigan State University EUA. O gerente desseescritório deveria indicar duas comunidades de sua área deatuação consideradas segundo o critério de ser a mais aco-lhedora e a menos acolhedora das orientações para práti-cas agrícolas. A ACAR indicou todas as duas no municípiode Gouveia: Gouveia – a melhor – e Cuiabá – a pior. Poracaso, antes de eu revelar isso, alguém sabia disso? Foibom para o Cuiabá ser considerada a pior comunidade paraatuação dos supervisores da ACAR?Pois bem, desses estudos de que nós nunca tomamos co-nhecimento surgiu em 1968 um programa apoiado peloMinistério da Agricultura e pela Secretaria de Estado daAgricultura com o objetivo de animar o plantio do Alho.Em Gouveia, era exatamente o Cuiabá o grande produtorde alho. Sobressaiam-se ainda Capim Branco e Amarantina– esse último, distrito de Ouro Preto.Foram feitas festas locais de alho até que Gouveia se tor-nou sede definitiva da Festa Estadual do Alho.Outro exemplo, ainda na administração do prefeito AlvimarLuiz de Miranda – nosso Boizinho como gostava de lhechamar o padre Luiz Barroso – aventou-se a conversão dopovoado do Espinho como comunidade quilombola. Dissoresultou que uma estudante residente no estado de Goiásse interessasse por Gouveia. De seus estudos resultou umlivro já publicado Espinho e distribuído em Gouveia e umatese de doutorado: Senhores e possuidores livres edesembargados: construção do sujeito negro proprietá-rio e uso solidário da terra em Espinho.Essas duas obras de Miriam Virgínia Ramos Rosa são con-tribuições importantíssimas, tanto para compreender as re-lações que Gouveia mantém com nosso povoado do Espi-nho e, antigamente, com os moradores do Espadeiro sur-gindo da Fazenda “Os Gomes” no século XVIII, quantopara uma discussão em nível nacional das políticas étnicas

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Artigos

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que resultam na criação de quilombos em lugares que nun-ca foram quilombos no sentido histórico.As flores temporãs tinham como objetivo premiar em pri-meiro lugar monografias que mereceriam fazer parte do ar-quivo histórico de Gouveia. No primeiro Edital de Convo-cação não compareceu nenhum monografia e o PrêmioAFAGO se tornou Prêmio AFAGO de Literatura. Reduzi-do a esse objetivo ele continua florindo fora do tempo. Ascríticas tem rendido uma melhora dos frutos, mas sempreresultantes de florações fora de época.Na primeira edição, foram premiados os trabalhos de alu-nos das escolas do povoado de Gouveia – escolas urbanas– a visão atenta do doutor Raimundo o fez expandir-se paratodas as escolas do município. Posteriormente, por suges-tão do presidente Adilson do Nascimento, cuidou-se depremiar o melhor trabalho de cada escola com destaquepara um que se sobressaísse sobre todos os demais inde-pendentemente da escola.Há que responder ainda a duas críticas: a primeira queenfatiza a promoção dos alunos que não são nem mesmoselecionados – são esses que precisam de maior atenção,lembra nosso Conselheiro Geraldo Fabiano Chaves -; asegunda, embora mais modesta, insiste que todos os traba-

lhos selecionados para apresentação pública devem mere-cer algum prêmio além do Certificado.Contudo, o prêmio somente será fruto de uma floração deépoca quando todas as famílias se tornarem participantesdo incentivo e orientação literária dos próprios filhos. Nes-sa oportunidade teremos que criar semanas de Ciência eda Cultura; Semanas de Economia Criativa, Semana doPequeno Inventor, Semanas de Artes Cênicas, Semanas deMúsica e Gouveia terá um ano inteiro de festas. O prêmioserá a Festa. Cabe até um espaço para a Kobufest essagrande sucessora da Festa Nacional do Alho.

Outras curiosidades: Carolina Dias de Oliveira Rocha. Iniciativas Locais e Alter-nativas de Desenvolvimento - Reflexões sobre Cuiabá e Es-pinho, Gouveia-MG. 2006.

Carolina Dias de Oliveira. As relações artesanais e o estimu-lo do desenvolvimento local no Brasil, Gouveia - MG e outrasdiferentes escalas. 2007. Dissertação (Mestrado em Geo-grafia) - Universidade Federal de Minas Gerais.

Exemplos de comunidades rurais pesquisadas em 1966a 1968 e que deram origem á Festa do Alho:Em Pedro Leopoldo: Pedro Leopoldo e Capim Branco; emItaúna: Córrego do Beija Flor; em Formiga: Albertos; emCordiburgo: Lajes e Periquito; em Divinópolis: Quilombo; emCorinto: Corinto e Curralinho de Dentro; em Sete Lagoas:Jequitibá e Inhaúma ; em Paraopeba: Picada; em Três Cora-ções: Serra das Abelhas e Japão; em Três Pontas: Quilombo;em Conceição do Rio Verde: Águas de Contendas; em Ubá:Córrego do Meio e Rodeiro.Outras: Novo Cruzeiro,Alvinópolis, Raul Soares, Cataguases, Tocantins, Elói Men-des, Rio Casca, Rio Novo, São João do Nepomuceno.

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Artigos

Do alto do conhecimento que tinha da vida sertaneja, seususos, costumes, suas crenças e danças, o escritor mineiroJoão Guimarães Rosa disse que o sertão das Minas Geraiscomeça em Sete Lagoas e segue rumo ao oeste. O sertão écaracterizado pelas terras de boa qualidade, árvores frondosas,pelos rios caudalosos, clima quente, excelente para cria eengorda do gado. Em certos aglomerados, o sertão é tambémum bom lugar para esconderijos de jagunços. Mas o que osertão é mesmo é uma terra de boas histórias pra se contar.E encantar! Vamos então a mais uma dessas histórias. Na região do sertão mineiro, chamada Chibata, fomosencontrar um ex-jagunço. Seu nome: Jeremias 84. Esse ho-mem, figura temida na região, não tinha família e era analfa-beto. Vivia de pequena aposentadoria. Mas houve um tempoem que ele vivia mesmo era às custas de um patuá. Pergun-tei a um morador a razão do nome Jeremias 84 e o chibatenseme informou que o sujeito tinha este nome porque já tinhamatado 84 pessoas na sua antiga profissão de jagunço. Inte-ressei-me logo pela figura e pedi ao chibatense que me con-tasse a história do patuá de Jeremias. O sertanejo me falou do amuleto, dizendo que Jeremias atri-buía a ele poderes mágicos em casos de partos difíceis. Aosque não conhecem o pátua, é necessário uma explicação:trata-se de uma espécie de amuleto que consiste em um sa-quinho de couro ou de pano contendo orações, ensalmos oupequenos objetos e que os crédulos trazem ao pescoço paraos livrar de malefícios. No caso do patuá de Jeremias, o mes-mo dizia ter lá dentro uma oração muito poderosa.Contou-me o chibatense que Jeremias afirmava tê-lo adqui-rido de uma senhora e que, segundo ela, o patuá resolviaqualquer problema de parto. Uma vez adquirido o objetomilagreiro, Jeremias divulgou sua importância e passou a usá-lo em casos de parto difíceis, num sertão desprovido das mí-nimas condições de assistência à saúde.O patuá, batizado de Bentinho, logo começou a fazer suces-so.Dentro de 4 meses, apareceu uma gestante em trabalho departo bastante difícil. A criança não nascia de jeito nenhum.Nossa Senhora do Bom Parto e todos os santos do céu játinham sido convocados e nada...A parturiente não tinha maisforças. O marido, já desesperado, resolveu chamar oJeremias. Nosso amigo veio logo, trazendo o Bentinho mila-groso que foi colocado no pescoço da gestante, com todo ocuidado que um ritual como esse exigia. Jeremias pediu àmulher que apenas tivesse fé e tudo se resolveria. Dito efeito: poucos minutos depois, a criança vinha ao mundo, ber-rando aos quatro ventos o milagre do patuá.E a notícia se espalhou sertão adentro, despertando a curiosi-dade dos sertanejos: que oração milagrosa seria aquela? “Tãobão se a gente pudesse ter uma na casa da gente...Pregadaali, na porta da sala...Pra rezá ela nas horas dos pirigo, dasperipécia do sertão...Era capaz dela curá a gente até mordi-da de cobra e livrá nós das bala dos jagunço...” Mas Jeremiasera categórico: ninguém podia abrir o patuá. Se abrissem, a

oração perderia seu valor. E isso ninguém queria que acon-tecesse! “Imagina, cumade, se uma mãe morre por farta dessepatuá! E nós tem que carregá essa curpa pro resto da vida!Deus livra nós disso, cumade”! E as comadres sertanejas sebenziam e guardavam no coração a vontade de abrir o patuáe se apoderarem da oração milagrosa.Dois meses se passaram e apareceu , num casebre do ser-tão, uma gestante,que,segundo a parteira, estava com a cri-ança atravessada na barriga e sentia muitas dores intensas .Novamente as rezas, promessas, choros e nada... A parteira, senhora de muita prática e fama no ofício, se deu por vencida.Aconselhou o pai a chamar Jeremias. E mais uma vez, repe-tiu-se o ritual: só que a colocação do patuá, desta vez foi nabarriga da gestante, já que o caso era mais complicado e nopescoço a oração poderia nem fazer o efeito desejado. Al-guns minutos depois e, num passe de mágica, ou melhor, depatuá, tudo foi resolvido. Alívio para todos! E mais umarecompensazinha no bolso do velho Jeremias. E novamentea vontade de abrir aquele patuá e “roubar” uma oração quede tão milagrosa devia ser partilhada com todo mundo!E outros e mais outros casos de partos difíceis, alguns atécom risco de morte da gestante, foram sendo resolvidos pelopatuá que se tinha revelado um autêntico parteiro-milagreironaquelas paragens.Até que um dia, Jeremias foi chamado para atender umagestante, marinheira de primeira viagem .Apresentava com-plicações, muitas dores e no parecer da parteira local e dafamília, só o patuá milagreiro poderia resolver. Jeremias foichamado. O caso era realmente sério! Nosso amigo pediusilêncio, fechou os olhos, ajoelhou-se e assim, ajoelhado, co-locou o patuá na barriga da pobre que gemia em dores terrí-veis. O dono do patuá saiu do quarto e foi esperar o milagrelá na sala, onde se achavam os familiares e amigos da ges-tante: mãe, irmãos, amigas, sogra, vizinhas e o velho avô,benzedor de primeira, desmoralizado ali, diante do patuá quefazia milagres.Passada uma meia hora, o choro da vida. Um bebê saudávele forte acabava de chegar para alívio de todos. Aconteceque o marido, jovem, já com “umas” na cachola, com a au-dácia que a bebida dá, entrou no quarto , pegou o patuá,abriu-o e de lá de dentro tirou o papel com a oração tãopoderosa que era um pecado não dividi-la com todos. E, emtom solene, ele leu o que lá estava escrito: SE PARIU,PARIIU. SE NÃO PARIU,VAI A P Q P!!!Dizem que algumas mulheres desmaiaram. Mas o que seouviu em meio à confusão e à fuga de Jeremias, foi a voz dovelho benzedor:-É... A fé remove montanhas! E é uma boa parteira também!TEXTO: Pércio Monteiro Prado.REVISÃO : Professora Maria Ivonete de Lima Ávila.

HISTÓRIA DO SERTÃO

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ArtigosOs Guido de Gouveia

José Moreira de Souza

Em memória de Guido Paixão (Guidinho)– Guido deMaria Raimunda e de Zé Mulambo (José RaimundoPaixão)

No ano de 1935, criou-se em Gouveia, com apoio dadiretora Consuelo de Jesus Falci do Grupo Escolar “Au-rélio Pires”, uma associação de crianças denominada“Cruzada Eucarística”. Esse movimento trouxe modifi-cações profundas na ação pedagógica nessa escola eem toda a Gouveia. Destacou-se disso a preocupaçãodo Clube Agrícola com o plantio do trigo, estudos so-bre alimentação saudável, cálculo da produtividade agrí-cola, valor do trabalho no campo e a relação estreitaentre a vida material e a espiritual.

Esses feitos foram celebrados com toda pompa no “Con-gresso Eucarístico Paroquial” imaginado e concretiza-do pelo pároco de Gouveia, Cônego Paulo Nicolau doPrado Franco, decorridos setenta anos de fundação daCruzada Eucarística.

Pois bem, essa associação religiosa destinada à pre-paração das crianças para a primeira comunhão colo-cava em destaque duas crianças exemplares. A primeirarepresentada na figura de São Tarcísio, um menino que,nos primórdios do cristianismo, levava às escondidasa hóstia consagrada aos cristãos e que foi apedrejadoe morto em razão de suafé. A segunda se confi-gurava em outra criançafalecida há cerca de dezanos na França comonze anos de idade eque comoveu o mundotornando-se o Apóstoloda Eucaristia.

Nome dessa criança:Guy Pierre deFontgalland, traduzidopara o italiano, o espa-nhol e o português comoGuido.

A Cruzada ao despertarnossa Gouveia para es-sas duas crianças incorporou nas famílias os nomes deTarcísio e Guido. Em minha sala de aula havia um

Tarcísio – Tarcísio de Cininha e José Cassimiro -, e umGuido: Guido Paixão – Guidinho.

Esses nomes se tornaram frequentes nas escolhas dospais e dos padrinhos na hora do batismo até o ano de1950. Menos frequentes foram os Tarcísio. Guido flo-resceram em muitas casas.

O primeiro Guido se chamava literalmente “Guido deFontgalland de Paula”, primeiro filho homem de DonaAntônia e Manuel de Paula. Haja história para contarsobre a importância da professora Dona Antônia emGouveia.

Em seguida comparecem os Guido nascidos após oano de 1940: Guido Araújo, nosso Diretor Secretárioda AFAGO, Guido de Floripes – falecido há pouco maisde um ano -, Guido de Pedro Martins – também faleci-do -, Guido “do Padre José”, assim conhecido porqueencontrou abrigo na casa desse sacerdote de quemera afilhado, nascido no Pedro Pereira. Esse Guidofaleceu ainda jovem em decorrência de um acidentede caminhão. Guido de Arminda Miranda, neto deQuintiliano Miranda – o mais novo de todos os Guido.

Há que perguntar pelo apreço a esse nome e o que ospais queriam para os filhos como modelo de vida.

Guido deFontgallandfaleceu no dia24 de janeirode 1925. Ti-nha então 11anos de ida-de. Era umacriança damais elevadasensibilidade.A gente diriaser dotado dopoder de pro-fecia, o quequer dizer queele sabia mer-gulhar nascorrentes das

mensagens divinas. Ele sentia Jesus e traduzia empalavras o que Jesus lhe dizia.

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ArtigosDiz-se que, ainda bebê, seu primeiro balbucio foi Zezus!Aos cinco anos já queria fazer a Primeira Comunhão ese preparou com tanto ardor que, no dia 22 de maio de1921, com sete anos, ao receber a hóstia consagradaouviu a mensagem de que aquele encontro se tornariareal em breve. Guido visualizava a morte apenas comabreviação do encontro com Deus. Isto era tão claropara ele que esta mensagem se tornou permanentepara todo o mundo:

“A palavra mais bela que se pode dizer aoSenhor Deusé sim a tudo quanto Ele exige de nós”.

Esta mensagem revela um traço de alta relevância para aeducação da criança: compreender o sacrifício. Com efei-to, naqueles tempos, acreditava-se que a criança ingressa-va na “Idade da Razão” aos sete anos de idade. Isto querdizer que se tornava responsável pelos seus atos com plenaciência de suas consequências. Ao fazer a Primeira Comu-nhão já sabia o que era a Graça e o Pecado. Saberia tam-bém controlar os próprios impulsos. Guido, ao se prepararpara esse grande dia, passou a examinar as coisas que maislhe davam prazer cuidando de controlá-las. Dizem que, emum mês, realizou 118 sacrifícios; coisas assim: “comer me-nos o de que aprecio, experimentar saborear o de que nãogosto, dar do dinheiro que recebia da mãe para os po-bres”. Atribui-se a ele uma frase exemplar: “O dinheiro quedou aos pobres é de minha mãe, mas o aperto de mão é

meu!” Vale lembrar que Guido nasceu numa família nobre.Nos dias de hoje ele seria compreendido com uma dessascriancinhas de classe média que os pais matriculam em es-colas privadas, levam de carro e buscam na porta da esco-la e ensinam a ter medo de tudo especialmente dos pivetes.Guido oferecia aos pivetes o “aperto de mão”.

Ao me referir a essa maioridade aos sete anos, estou mor-rendo de medo de algum deputado querer modificar o Es-tatuto da Criança e do Adolescente e, pior ainda, inventaruma nova PEC para punir nossas crianças a partir dos seteanos. Já imaginaram como ficariam nossas prisões?

Guido Fontgalland tornou-se o símbolo da criança para todomundo. O nome Guido se tornou comum. Em 1931, ini-ciou-se um processo para beatificação desse menino. Oepiscopado brasileiro se manifestou oficialmente pela cau-sa no dia da inauguração da estátua do Cristo Redentor.Surgiram colégios com seu nome, inúmeras instituições eaté um ministro do Governo Dilma foi batizado com essenome.

Gouveia respondeu à altura com sua Cruzada Eucarística enossos exemplares Guido.

Todos nossos Guido são revestidos de santidade e conser-vam mensagens proféticas. Profetizar é ter o poder de aus-cultar em águas profundas o tempo como sempre Presente.

Este é outro Guido, conhecido en-tre nós pelo “Mal de São Guido”.

Ele viveu na atual Bélgica no sécu-lo XIII e morreu de diarreia. O

“Mal de São Guido” é uma doença“dos nervos” que provoca gestos

involuntários nas pessoas portado-ras, conhecido como “Dança de

São Guido”

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Na mão de Deus

Guido Paixão

Faleceu em Belo Horizonte no dia 23 de maio.Guido cursou o Grupo Escolar “Aurélio Pires” de1948 a 1952, tendo como colegas alguns diretoresda AFAGO: Geraldo da Consolação Miranda,Geraldo Fabiano Chaves e José Moreira de Sou-za. É também primo de Geraldo Augusto Silva -diretor social.

Conceição Oliveira,

Faleceu no dia 26 de junho em Gouveia. Sãozinha deVicente de Agenor como era conhecida, era esposa deAdelmo de Oliveira - ADM.Sãozinha trouxe também contribuições importantes parao desenvolvimento de Gouveia no setor de confecções.

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REMETENTEAFAGO - Associação dos Filhose Amigos de GouveiaAvenida Amazonas 115 - sala1709

CEP: 30180 - 000 - BELO HORI-ZONTE - MG

IMPRESSO

Boletim da AFAGOÓrgão Informativo da Associação do Filhos e Amigosde GouveiaAno VIII – N ° 2 - Março- Abril 2015.www.afagouveia.org.br

Diretor Responsável – Adilson do NascimentoEditoração Gráfica: José Moreira de SouzaCrédito das Fotos: Paulo Vieira, Adélia Anis Raies deSouza e José Moreira de Souza

Diretoria da AFAGOPresidente de Honra: Waldir de Almeida Ribas inMemoriamPresidente: Adilson NascimentoSecretário: Guido de Oliveira AraújoTesoureiro: Raimundo Nonato de Miranda ChavesPatrocinadores:Diretores da AFAGOComissão EditorialGuido de Oliveira Araújo.José Moreira de SouzaRaimundo Nonato de Miranda Chaves

Novembro Rita Alves Ferreira - DonaRitinha - 1 Carolina Albuquerque Oliveira- 3Irene Vieira Policarpo - 4Claudinei Almeida Oliveira – 4 Marcus Vinícius de Miranda -5Bernardo Antônio de Miranda– 6Ivone de Lourdes de Oliveira -7 Maria Claudia Ribas – 9

Sempre agradecidos